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Brasília, 23 a 27 de setembro de 1996 -

Nº 46
Data (páginas internas): 02 de outubro de
1996

Este Informativo, elaborado pela


Assessoria da Presidência do STF a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não
oficiais de decisões proferidas na semana pelo
Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao
conteúdo efetivo das decisões, embora seja
uma das metas perseguidas neste trabalho,
somente poderá ser aferida após a sua
publicação no Diário da Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
ADIn: Pertinência Temática
Auxílio Moradia e Regime Único
Cabimento de ADIn
Coação Irresistível: Júri
Competência Normativa - I, II e III
Competência para Julgamento de HC
Convenção 158 da OIT
Custas em Ação Penal Pública
Entidade de Previdência Privada
Fundo de Previdência e Direito Adquirido
Imunidade e Papel Fotográfico
IPI e ICMS: Base de Cálculo
Isenção e Anterioridade
Nulidade Inocorrente
Penas Acessórias
Utilização de Títulos no PND

PLENÁRIO
Auxílio Moradia e Regime Único
Indeferido mandado de segurança impetrado
por servidores do Banco Central contra ato do Tribunal
de Contas da União que determinara o cancelamento
de vantagem remuneratória consistente no pagamento
pela autarquia de parte do valor do aluguel dos
imóveis por eles ocupados. O Tribunal considerou tal
vantagem incompatível com o regime jurídico único a
que se submetem os servidores do Banco Central, por
força do disposto no art. 39 da CF (“A União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão
no âmbito de sua competência regime jurídico único e
planos de carreira para os servidores da
administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas”). Precedente citado: ADIn 449-
DF (Pleno, 29.08.96). Vencidos os Ministros Marco
Aurélio e Carlos Velloso. MS 21.852-DF, rel. Min.
Octavio Gallotti, 18.09.96. *

Fundo de Previdência e Direito Adquirido


A proibição imposta ao Município de Porto
Alegre, por lei local, de continuar contribuindo para o
Fundo de Previdência da respectiva câmara municipal,
não pode prejudicar o direito adquirido de ex-
vereadores e pensionistas que tenham preenchido os
requisitos para o gozo da aposentadoria ou pensão
antes do advento da referida lei. Com base nesse
entendimento, o Tribunal, julgando processo afetado
ao Plenário pela 1ª Turma (v. Informativo nº 41),
conheceu e deu provimento a recurso extraordinário
interposto por ex-vereadores aposentados e
pensionistas da mencionada câmara legislativa, a fim
de determinar que a fazenda municipal mantenha os
proventos e as pensões pagas aos recorrentes nos
níveis anteriores à citada proibição, extinguindo-se
essa obrigação na medida em que se extinguirem os
benefícios. RE 186.389-RS, rel. Min. Sydney Sanches,
25.09.96.

Convenção 158 da OIT


Iniciado o julgamento de medida cautelar
requerida em ação direta ajuizada pela Confederação
Nacional da Indústria e pela Confederação Nacional
dos Transportes contra o decreto-legislativo que
aprovou e o decreto-executivo que promulgou a
Convenção 158 da Organização Internacional do
Trabalho sobre o término da relação de trabalho por
iniciativa do empregador e proteção às relações de
emprego (Dec. Legislativo 68/92 e Decreto 1855, de
10.04.96). Após o voto do Min. Celso de Mello, relator
indeferindo a liminar sob o fundamento de que as
normas impugnadas aparentemente não introduzem no
ordenamento jurídico brasileiro disciplina com ele
conflitante, possuindo, em sua maioria, caráter
meramente programático , o julgamento foi suspenso
em virtude de pedido de vista do Min. Moreira Alves.
ADIn 1.480-DF, rel. Min. Celso de Mello, 25.09.96.

Utilização de Títulos no PND


Concluindo o julgamento de mandado de
segurança impetrado por consórcio de empresas
interessadas em participar do leilão de privatização da
Light contra ato do Presidente da República que
restringira a utilização de títulos emitidos pela União
na aquisição de ações dessa companhia, o Tribunal,
por maioria de votos, decidiu indeferir o writ.
Prevaleceu o entendimento de que o art. 16 da MP
1197, de 24.11.95 sob cuja vigência fora homologado
o acordo extrajudicial que previra a entrega dos
referidos títulos aos impetrantes e sua utilização no
Programa Nacional de Desestatização - PND ,
autorizava o Presidente da República “a definir os
meios de pagamento aceitos para aquisição de bens e
direitos no âmbito do PND”. Vencidos os Ministros
Marco Aurélio, relator originário, e Octavio Gallotti.
MS 22.493-DF, rel. p/ ac. Min. Maurício Corrêa,
26.09.96.

Imunidade e Papel Fotográfico


A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF
(“... é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: VI: instituir impostos
sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão.”) abrange o papel
fotográfico destinado à composição de livros, jornais e
periódicos. Com base nesse entendimento firmado por
seis votos contra cinco , o Tribunal afastou a cobrança
de ICMS na entrada de papel fotográfico importado do
exterior por empresa jornalística. RREE 174.476-SP e
190.761-SP, rel. orig. Min. Maurício Corrêa; rel. p/ ac.
Min. Francisco Rezek, 26.09.96.

Cabimento de ADIn
Não estando o STF vinculado, na ação direta de
inconstitucionalidade, à argumentação deduzida pelo
autor, a indicação como norma de parâmetro de
preceito constitucional revogado não impede o
conhecimento da ação, que pode vir a ser julgada
procedente por outro fundamento. Hipótese à qual não
se aplica a orientação jurisprudencial que não admite
ação direta de inconstitucionalidade fundada em norma
de constituição revogada. Com esse entendimento, o
Tribunal afastou, por unanimidade, a preliminar de não
conhecimento inicialmente suscitada pelo relator, no
julgamento de medida cautelar, afinal indeferida, em
ação direta movida pelo PMDB contra o art. 1º, I, “e”,
e § 2º, da LC 64/90, contestados em face do § 9º do
art. 14 da CF, na redação anterior à Emenda
Constitucional de Revisão nº 4/94. Na parte em que
sustentava a inconstitucionalidade das Súmulas 8 e 12
do TSE, a ação não foi conhecida, ao argumento de
que súmula de jurisprudência não possui caráter
normativo. Precedente citado: ADIn 594-DF (RTJ
151/20). ADIn 1.493-DF, rel. Min. Sydney Sanches,
26.09.96.

ADIn: Pertinência Temática


Por falta de pertinência temática, não se
conheceu de ação direta ajuizada pela Associação dos
Delegados de Polícia do Brasil - ADEPOL, contra lei
do Estado do Rio de Janeiro que proíbe aos servidores
das polícias civil e militar o exercício de atividade de
vigilância privada (antes permitida a título precário),
sem afetar, direta ou indiretamente, a situação dos
integrantes da classe funcional representada pela
autora. ADIn 1.464-RJ, rel. Min. Moreira Alves,
26.09.96.

PRIMEIRA TURMA
Coação Irresistível: Júri
Deferido habeas corpus impetrado contra
acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito
Santo que anulara decisão absolutória proferida pelo
Tribunal do Júri por julgar que a tese então acolhida
haver sido o crime praticado sob coação moral
irresistível exigiria a identificação do terceiro
responsável pela coação. A Turma entendeu que a falta
dessa identificação não enseja a nulidade dos quesitos
concernentes à referida excludente de culpabilidade.
Precedentes citados: HC 53508-PR (RTJ 76/435); HC
57374-SC (RTJ 93/1071). HC 73.080-ES, rel. Min.
Moreira Alves, 24.09.96.

Penas Acessórias
As penas acessórias previstas no § 2º do art.
1º do DL 201/67 (perda do cargo e inabilitação, pelo
prazo de 5 anos, para o exercício de cargo ou função
pública, eletivo ou de nomeação) não foram revogadas
pela nova parte geral do Código Penal (Lei 7204/84),
que aboliu as penas acessórias, transformando a
proibição do exercício de cargo, função ou atividade
pública e de mandato eletivo em pena substitutiva da
privativa de liberdade (CP, art. 44, c/c art. 47, I) e a
perda de cargo, função pública ou mandato eletivo em
efeito não automático da condenação (CP, art. 92, I, e
par. único). Cuidando-se de lei especial com disciplina
própria, aplica-se o disposto na parte final do art. 12 do
CP (“As regras gerais deste código aplicam-se aos
fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.”). HC 74.362-GO, rel. Min.
Moreira Alves, 24.09.96.

Competência Normativa - I
Examinando pela primeira vez o alcance do §
2º do art. 114 da CF (“Recusando-se qualquer das
partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos
respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo,
podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e
condições, respeitadas as disposições convencionais e
legais mínimas de proteção ao trabalho.”), a Turma
entendeu que a Justiça do Trabalho, no exercício dessa
competência, pode criar obrigações para as partes
envolvidas no dissídio, desde que atue no vazio
deixado pelo legislador e não se sobreponha ou
contrarie a legislação em vigor, sendo-lhe vedado
estabelecer normas ou condições vedadas pela
Constituição ou dispor sobre matéria cuja disciplina
seja reservada pela Constituição ao domínio da lei
formal.

Competência Normativa - II
Baseando-se em tais premissas, a Turma
declarou a invalidade das seguintes cláusulas,
constantes de sentença normativa confirmada pelo
TST:
a) piso salarial nunca inferior ao salário
mínimo acrescido de 20%. Entendeu-se que haveria,
aí, vinculação ao salário mínimo, vedada pelo art. 7º,
IV, da CF;
b) garantia de emprego por 90 dias a partir da
data de publicação da decisão proferida no dissídio.
Essa cláusula ofenderia o art. 7º, I e III, da CF, de cuja
interpretação se extrai que a estabilidade no emprego,
para os trabalhadores urbanos e rurais, está restrita,
desde a entrada em vigor da Carta de 1988, às
hipóteses previstas no art. 10, II, do ADCT;
c) 60 dias de aviso-prévio para todos os
demitidos sem justa causa. Essa matéria, tendo sido
colocada pelo art. 7º, XXI, da CF, sob reserva de lei
formal, não poderia ser objeto de disciplina baixada
pela Justiça do Trabalho (vencidos os Ministros Celso
de Mello e Ilmar Galvão); e
d) antecipação para o mês de junho do
pagamento da primeira parcela do 13º salário.
Entendeu-se que essa cláusula não poderia sobrepor-se
à previsão da Lei 4749/65, que faculta ao empregador
o pagamento dessa parcela até o mês de novembro
(vencido o Min. Ilmar Galvão).

Competência Normativa - III


Mantiveram-se, em contrapartida, as cláusulas
concernentes à construção de abrigos para proteção e
refeição dos trabalhadores, à remessa anual ao
sindicato da relação dos empregados pertencentes à
categoria e à criação de quadro para afixação de avisos
de interesse dos trabalhadores. Afastou-se, quanto a
essas cláusulas, a alegação de contrariedade ao art.
114, § 2º, da CF. RE 197.911-PE, rel. Min. Octavio
Gallotti, 24.09.96.

SEGUNDA TURMA
Competência para Julgamento de HC
No Estado do Rio de Janeiro, compete ao
Tribunal de Justiça o julgamento de habeas corpus
impetrado contra coação alegadamente exercida por
Promotor de Justiça. Entendimento que decorre tanto
da Constituição local (art. 158, IV, f ), quanto do
modelo adotado pela CF, na qual “o princípio reitor é
conferir a competência originária para o habeas
corpus ao Tribunal a que caiba julgar os crimes de
que seja acusada a autoridade coatora”. Precedente
citado: RE 141209-SP (RTJ 140/683). Recurso
extraordinário conhecido e provido, para que o
Tribunal a quo prossiga no julgamento do habeas
corpus. RE 187.725-RJ, rel. Min. Néri da Silveira,
27.09.96.

Custas em Ação Penal Pública


Tratando-se de ação penal pública, o
processamento dos recursos interpostos não depende
do pagamento de custas, somente exigível quando da
execução da sentença condenatória (CPP, art. 804).
Com base nesse entendimento, a Turma deferiu
habeas corpus impetrado contra decisão do Tribunal
de Justiça do Estado da Paraíba, que julgara deserta
apelação do paciente, aplicando analogicamente o art.
511 do CPC. Precedente citado: HC 61215-RJ (RTJ
109/536) HC 74.338-PB, rel. Min. Néri da Silveira,
27.09.96.

Nulidade Inocorrente
O réu que, estando preso, não comparece à
audiência de instrução por haver sido dispensado a
pedido de seu próprio defensor, não pode pretender
extrair desse fato qualquer nulidade processual, tendo
em vista o que estabelece o art. 565 do CPP
(“Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que
haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou
referente a formalidades cuja observância só à parte
contrária interesse.”). Precedente citado: HC 57938-
PE (RTJ 95/565). HC 74.288-SP, rel. Min. Néri da
Silveira, 27.09.96.

Isenção e Anterioridade
Revogada a isenção, o tributo volta a ser
imediatamente exigível, sendo impertinente a
invocação do princípio da anterioridade (CF, art. 150,
III, b). Precedentes citados: RMS 13947-SP (RTJ
39/64); RMS 14473-SP (RTJ 34/111); RMS 14174-SP
(RTJ 33/177; RE 57567-SP (RTJ 35/249); RE 97482-
RS (DJ de 17.02.82). RE 204.062-ES, rel. Min.
Carlos Velloso, 27.09.96.

Entidade de Previdência Privada


Na vigência da CF/69, as entidades de
previdência privada não desfrutavam da imunidade
prevista no art. 19, III, c, daquela Carta, que vedava a
instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda ou
os serviços “dos partidos políticos e de instituições de
educação ou de assistência social”. Com esse
fundamento, a Turma conheceu e deu provimento a
recurso extraordinário interposto contra acórdão do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que
afastara a incidência do Imposto de Transmissão de
Bens Imóveis em compra e venda realizada pela
Fundação de Seguridade Social dos Sistemas Embrapa
e Embrater - CERES. RE 127.584-SP, rel. Min. Carlos
Velloso, 27.09.96.

IPI e ICMS: Base de Cálculo


A regra do art. 155, § 2º, XI, da CF que exclui
da base de cálculo do ICMS o montante do imposto
sobre produtos industrializados, “quando a operação,
realizada entre contribuintes e relativa a produto
destinado à industrialização ou à comercialização,
configure fato gerador dos dois impostos” aplica-se às
operações realizadas por comerciante equiparado a
industrial pela legislação do IPI. Afirmando esse
entendimento, a Turma rejeitou a tese defendida pela
Fazenda estadual, no sentido de que, se fosse dado à
União equiparar por decreto comerciantes a industriais,
seria possível contornar a vedação a ela imposta pelo
art. 151, III, da CF (conceder isenções de tributos da
competência dos Estados), ampliando-se, via
equiparação, o universo de beneficiários do
mencionado inciso XI. Afastou-se, também, a alegação
de contrariedade ao art. 146, III, a, da CF, que reserva
à lei complementar a definição dos contribuintes dos
impostos previstos no Sistema Tributário Nacional. RE
170.412-SP, rel. Min. Carlos Velloso, 24.09.96.

* Estes julgamentos deveriam ter sido noticiados no Informativo


anterior.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 25.09.96 26.09.96 12


1ª Turma 24.09.96 ------- 13
2ª Turma 24.09.96 27.09.96 201

C L I P P I N G DO D J
27 de setembro de 1996

ADIn N. 791-2
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 147, § 3º, DA
CONSTITUIÇÃO DE RONDÔNIA, PELO QUAL FORAM
ASSEGURADAS AOS DELEGADOS DE POLÍCIA AS
GARANTIAS, VEDAÇÕES E VENCIMENTOS DOS MEMBROS
DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
Norma que se choca com a orientação assentada pelo STF,
na ADI nº 171-MG, acerca do correto sentido do art. 241, em
combinação com o art. 135, da Constituição Federal.
Incompatibilidade que, todavia, reside tão-somente na parte
do texto impugnado que se inicia pela expressão "...sendo que" e vai
até o final do dispositivo.
Ação direta julgada parcialmente procedente.
EXTRADICAO N. 573-1
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: EXTRADIÇÃO REQUERIDA PELA ITÁLIA.
SÚDITO ITALIANO COM ORDEM DE CUSTÓDIA CAUTELAR
EXPEDIDA POR JUIZ INSTRUTOR DO TRIBUNAL DE ROMA.
CRIMES DE ASSOCIAÇÃO EM QUADRILHA COM
FINALIDADE DE TRÁFICO E DUAS TENTATIVAS DE
IMPORTAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES PARA A
ITÁLIA: UMA DO BRASIL, ONDE A DROGA FOI
APREENDIDA, E OUTRA DA COLÔMBIA, COM APREENSÃO
OCORRIDA EM LONDRES.
Pedido devidamente formalizado.
Processo crime instaurado pela Justiça Brasileira
relativamente ao tráfico da cocaína aqui apreendida, circunstância
impeditiva da extradição (art. 77, V, da Lei nº 6.815/80).
Competência da Justiça italiana para o crime de associação
em quadrilha, verificado na Itália, e para o de tentativa de
importação da substância entorpecente apreendida na Inglaterra, em
relação aos quais inexistem persecuções penais instauradas no
Brasil.
Prescrição não verificada em relação aos demais crimes de
competência da Justiça italiana.
Extradição parcialmente deferida.

HC N. 72737-9
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Habeas corpus.
- Improcedência da alegação de erro quanto à capitulação
legal do crime. No caso, não há que se falar em ocorrência do
princípio da absorção pelo simples fato de que o ora paciente sequer
iniciou a execução de qualquer dos crimes tipificados nos incisos I e
II do artigo 50 da Lei 6.766/79. Interpretação desses dispositivos
legais.
- Os atos praticados pelo ora paciente - apresentação de
documentos falsos para registro em Cartório Imobiliário -
configuram apenas o crime capitulado no artigo 304 do Código
Penal (uso de documentos falsos), e por configurarem esse delito
não podem ser considerados, por causa da mera intenção do ora
paciente de praticar posteriormente crime previsto na Lei 6.766/79,
como simples atos insusceptíveis de punição, por serem
preparatórios deste.
- Afastada essa alegação, fica prejudicado o segundo
fundamento deste writ: o de que, acolhida a nulidade invocada,
ocorreria a prescrição da pretensão punitiva, em face da proibição da
reformatio in peius, a impedir a majoração da pena imposta ainda
que nula.
Habeas corpus indeferido.

HC N. 74017-1
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Habeas Corpus impetrado contra acórdão que,
em 13-12-95, sem pedir manifestação do Ministério Público sobre a
admissibilidade da suspensão do processo prevista no art. 89 da Lei
nº 9.099-95, em vigor desde 27-11-95, confirmou a sentença de 19-
6-95, que condenara o paciente a 15 dias de detenção e 50 dias
multa, por infringência do art. 330 do Código Penal.
Efeito retroativo das medidas despenalizadoras instituídas
pela citada Lei nº 9.099 (Precedente do Plenário: Inquérito nº 1.055,
D.J. de 24-5-96).
Pedido deferido para, anulados o acórdão e a sentença,
determinar-se a remessa dos autos da ação penal ao Tribunal
Especial Criminal, para a aplicação, no que for cabível, do disposto
nos artigos 76 e 89 da Lei nº 9.099-95.

HC N. 74132-1
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: (...)
1. Não compete originariamente, ao S.T.F., mas, sim, ao Juízo
de Execução Criminal, examinar pedidos de comutação de pena,
como, aliás, decorre do disposto no art. 66, III, "f", da Lei nº 7.210,
de 11.07.1984, e previsto está, ademais, no próprio Decreto
presidencial (1.645/95), ou seja, no § 6º de seu artigo 10.
2. Assim, a impetração só pode ser conhecida pelo S.T.F., no
ponto em que objetiva o afastamento dos efeitos concretos, para o
paciente, do disposto no inc. III do art. 7º do Decreto nº 1.645, de
1995, que exclui dos benefícios coletivos de indulto e da comutação
de pena "os condenados pelos crimes referidos na Lei nº 8.072, de
6.9.1994, ainda que cometidos anteriormente a sua vigência".
3. Mas, no ponto, em que conhecido, o pedido é de ser
indeferido.
4. Com efeito, precedentes do Plenário e das Turmas têm
proclamado que os Decretos com benefícios coletivos de indulto e
comutação podem favorecer os condenados por certos delitos e
excluir os condenados por outros.
5. Essa exclusão pode fazer-se com a simples referência aos
crimes que a lei classifica como hediondos (Lei nº 8.072, de 1990).
6. A alusão, no Decreto presidencial de indulto e comutação
de penas, aos crimes hediondos, assim considerados na Lei nº 8.072,
de 25.07.1990, modificada pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994, foi uma
forma simplificada de referir-se a cada um deles (inclusive o de
latrocínio), para excluí-los todos do benefício, o que, nem por isso,
significou aplicação retroativa desse diploma legal.
7. Precedentes.
8. "H.C." conhecido, em parte, mas, nessa parte, indeferido.

SE N. 5066-9
RELATOR: MIN. MAURICIO CORREA
EMENTA: (...)
1. Casamento realizado no Brasil e aqui domiciliado o casal
desde antes da união até a presente data, e não tendo havido eleição
de foro estrangeiro, com a concordância de ambos, é incompetente
para decretar o divórcio perante as leis brasileiras o juiz norte-
americano, ainda que desta nacionalidade seja um dos cônjuges.
2. É nula a citação realizada no Brasil de acordo com as leis
norte-americanas, mediante notificação remetida por cartório de
registro de títulos e documentos, redigida em língua estrangeira.
3. Não se homologa sentença estrangeira sem
prova do seu trânsito em julgado: Súmula 420.
4. Homologação indeferida.

RMS N. 22470-7 (AgRg)


RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: (...)
- É de apenas três (3) dias o prazo de interposição, para o
Supremo Tribunal Federal, do recurso ordinário contra decisão
denegatória de mandado de segurança proferida pelo Tribunal
Superior Eleitoral em sede originária (Código Eleitoral, art. 281).
Para esse efeito, qualifica-se como decisão denegatória tanto
aquela que julga o fundo da controvérsia mandamental quanto a
que, deixando de apreciar o mérito da causa, limita-se a não
conhecer da ação de mandado de segurança. Precedentes. (...)
- Tem-se por satisfeita a exigência formal de audiência do Ministério
Público, quando - ensejando-se ao Parquet a possibilidade de
manifestar-se em sede de agravo regimental - vem ele, sem qualquer
oposição, a pronunciar-se sobre todas as questões suscitadas na
causa, suprindo, desse modo, a eventual ausência de sua prévia
intervenção. (...)
- A norma inscrita no art. 15, III, da Constituição reveste-se de auto-
aplicabilidade, independendo, para efeito de sua imediata
incidência, de qualquer ato de intermediação legislativa. Essa
circunstância legitima as decisões da Justiça Eleitoral que declaram
aplicável, nos casos de condenação penal irrecorrível - e enquanto
durarem os seus efeitos, como ocorre na vigência do período de
prova do sursis -, a sanção constitucional concernente à privação
de direitos políticos do sentenciado. Precedente: RE nº 179.502-SP
(Pleno), Rel. Min. MOREIRA ALVES. Doutrina.

RE N. 167787-2 (EDcl-EDiv-AgRg-EDcl)
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Recurso extraordinário. Embargos de
divergência. Embargos de declaração. 2. Inocorrência de omissão,
contradição ou dúvida. 3. Não cabem embargos de declaração, com
caráter infringente do julgado. 4. Já decidida a questão no acórdão
embargado, os embargos de declaração, que pretendem reiterá-la,
revestem-se de índole infringente e protelatória, o que não é de
admitir-se. 5. É necessário que as partes compreendam que o direito
de recorrer assegurado na ordem jurídica tem limite definido na lei;
além desse limite, não é possível pretender avançar, sob pena de
caracterizar-se postura não-civil. 6. Hipótese em que o Tribunal
rejeita os embargos de declaração e determina a imediata execução
do acórdão, fazendo-se as comunicações devidas à Justiça Eleitoral,
independentemente de publicação de acórdão.

RE N. 190289-2 (EDcl)
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: (...)
Em sede de recurso extraordinário não cabe a alegação de
insuficiência do traslado do agravo de instrumento, principalmente
quando se está diante de recurso cuja temporaneidade se encontra
devidamente comprovada pelos elementos dos autos.
O provimento do agravo de instrumento ou a determinação
para que subam os autos ao Supremo Tribunal Federal não impede o
Relator de examinar, no momento próprio, os requisitos pertinentes
à admissibilidade do recurso denegado, dentre os quais a
tempestividade (RI/STF, art. 316). (...)

RE N. 140195-8
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DE
SANTA CATARINA. PENA DE LICENCIAMENTO APLICADA
SUMARIAMENTE, SEM OPORTUNIDADE DO EXERCÍCIO DA
AMPLA DEFESA. ALEGADA AFRONTA AOS INCS. LIV E LV
DO ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO.
A Constituição vigente instituiu, em prol dos acusados em
geral, a garantia do contraditório e da plenitude de defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes. O ato administrativo punitivo
praticado com ofensa a essa garantia é visceralmente nulo.
Não-conhecimento do recurso.

RE N. 157017-2
RELATOR: MIN. MAURICIO CORREA
EMENTA: (...)
1. A jurisprudência da Corte é no sentido de que ao
conhecimento e julgamento do recurso extraordinário é
imprescindível a ciência da motivação do acórdão recorrido, salvo se
a ausência dela é o fundamento da irresignação extrema. Assim, se a
decisão recorrida apenas se reporta à fundamentação de precedente
do Tribunal "a quo", não se conhece do extraordinário se o
recorrente não opôs embargos de declaração nem fez prova do teor
do precedente invocado.
2. Portanto, duas são as oportunidades facultadas ao
recorrente para a juntada do inteiro teor do precedente citado no
julgado recorrido: a primeira, por meio da oposição de embargos
declaratórios perante o Tribunal de origem; a segunda, por ocasião
da interposição do recurso extraordinário, quando se faz a prova do
aresto plenário que declarou a inconstitucionalidade da norma, que é
fundamento do acórdão dissentido.
3. Decisão proferida pelo Plenário do Tribunal de origem, que
declarou a inconstitucionalidade da norma. Juntada do precedente a
que fez remissão o julgado, quando o recurso extraordinário já se
encontra nesta Corte. Impossibilidade. À parte recorrente competia
compelir ao Tribunal, via dos embargos de declaração, a suprir a
omissão quanto aos fundamentos da decisão impugnada, ou fazer a
prova do inteiro teor desse precedente, por ocasião da interposição
do extraordinário, sendo tardia a complementação do recurso quando
esse já se acha neste Tribunal.
4. Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 171888-9
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: ISS. ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 11 DO
DECRETO-LEI Nº 406/68.
Benefício fiscal que, no caso, por não haver sido
confirmado ou revogado, por lei municipal, encontrava-se, em face
da norma do art. 41, § 1º, do ADCT, em plena vigência quando do
lançamento fiscal impugnado pela recorrida, o qual, assim, é de ser
tido por indevido.
Precedentes das duas Turmas do Supremo Tribunal Federal.
Recurso Extraordinário não conhecido.

RE N. 181832-8
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: PIS. PRAZO DE RECOLHIMENTO.
ALTERAÇÃO PELA LEI Nº 8.218, DE 29.08.91. ALEGADA
CONTRARIEDADE AOS ARTS. 145, II E 195, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. (...)
Improcedência da alegação de que, nos termos do art. 195,
§ 6º, da Constituição, a lei em referência só teria aplicação sobre
fatos geradores ocorridos após o término do prazo estabelecido pela
norma. A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o
prazo de recolhimento da obrigação tributária, sem qualquer outra
repercussão, não se submete ao princípio da anterioridade.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 189736-8
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Aposentadoria dos titulares das serventias de
notas e registros. Aplicação a eles da aposentadoria compulsória
prevista no artigo 40, II, da Constituição Federal.
- Há pouco, o Plenário desta Corte, por maioria de votos, ao julgar o
RE 178.236, relator o Sr. Ministro Octavio Gallotti, decidiu que os
titulares das serventias de notas e registros estão sujeitos à
aposentadoria compulsória prevista no artigo 40, II, da Constituição
Federal. Entendeu a maioria deste Tribunal, em síntese, que o
sentido do artigo 236 da Carta Magna foi o de tolher, sem mesmo
reverter, a oficialização dos cartórios de notas e registros, em
contraste com a estatização estabelecida para as serventias do foro
judicial pelo art. 31 do ADCT; ademais, pelas características desses
serviços (inclusive pelo pagamento por emolumentos que são taxas)
e pelas exigências feitas pelo artigo 236 da Carta Magna (assim, o
concurso público de provas e títulos para provimento e o concurso
de remoção), os titulares dessas serventias são servidores públicos
em sentido amplo, aplicando-se-lhes o preceito constitucional
relativo à aposentadoria compulsória determinada pelo citado artigo
40, II, da Constituição Federal.
- Dessa decisão não diverge o acórdão recorrido.
Recurso extraordinário conhecido pela letra "c" do inciso III do
artigo 102 da Constituição, mas não provido.

RE N. 198904-1
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE PORTO
ALEGRE. TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE LOCALIZAÇÃO E
FUNCIONAMENTO. ESCRITÓRIO DE ADVOGADO.
CONSTITUCIONALIDADE.
O Supremo Tribunal Federal tem sistematicamente
reconhecido a legitimidade da exigência, anualmente renovável,
pelas Municipalidades, da taxa em referência, pelo exercício do
poder de polícia, não podendo o contribuinte furtar-se à sua
incidência sob alegação de que o ente público não exerce a
fiscalização devida, não dispondo sequer de órgão incumbido desse
mister.
Recurso extraordinário conhecido e provido.

RE N. 148867-1
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: PENHORA. IMÓVEL RESIDENCIAL. LEI Nº 8.009,
DE 29.03.90. APLICAÇÃO NO TEMPO. ART. 5º, INC. XXXVI,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
A incidência da Lei nº 8.009/90 às execuções em curso,
invalidando o ato executório constringente do imóvel residencial, ao
torná-lo impenhorável, não ofendeu direito adquirido do credor.
Direito dessa espécie é que não pode ser alcançado pela lei nova,
não aqueles que, por índole, são sujeitos às mutações, como o que,
para o exequente, resulta da penhora, que, verdade, é ato inicial da
execução, sujeito a modificações que podem resultar em sua
ampliação ou redução, mas também na substituição de seu objeto.
Precedentes do Plenário do Supremo Tribunal Federal.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 193569-3 (AgRg)
RELATOR: MIN. MAURICIO CORREA
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 32,
CONVERTIDA NA LEI 7.730/89. CADERNETA DE POUPANÇA.
DIREITO A SUPLEMENTAÇÃO DOS RENDIMENTOS.
Para dissentir do aresto proferido, que reconheceu o direito
a suplementação dos rendimentos de caderneta de poupança,
creditados a menor por força da MP 32 (Lei nº 7.730/89), tem-se,
antes, de examinar se a nova sistemática de cálculos dos
rendimentos atinge ou não os depósitos feitos anteriormente à edição
da norma, o que é inadmissível nesta instância recursal.
Agravo regimental improvido.

Acórdãos publicados: 257

T R A N S C R I Ç Õ E
S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores


do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal,
divulgamos neste espaço trechos de decisões que
tenham despertado ou possam despertar de modo
especial o interesse da comunidade jurídica.
Direito à Nomeação
RE 192.568-PI

Ministro Néri da Silveira (vencido) *

Voto: O julgamento foi convertido em diligência, na assentada


anterior, em virtude de proposta que fiz à Turma. O mandado de
segurança ataca decisão do Tribunal de Justiça, que indeferiu pedido
de prorrogação do prazo de vigência do concurso de Juiz de Direito,
em que aprovados os ora impetrantes, até então, não nomeados. A
diligência foi no sentido de saber os motivos pelos quais o Tribunal
havia indeferido a súplica.
Segundo informa o ilustre Ministro-Relator, o Tribunal
indeferiu o pedido, sem expressa motivação, por seis votos contra
cinco, em sessão administrativa.
Pois bem, consoante o nosso sistema e jurisprudência, não
há direito à nomeação de candidato aprovado em concurso, salvo se
preterido na ordem de classificação. De indagar-se é, aqui, porém, se
há direito a ver prorrogado o prazo de vigência do concurso por
parte dos candidatos remanescentes. É essa a quaestio juris a
dirimir-se.
A Constituição, no art. 37, incisos III e IV, estabelece:
“Art. 37. (...)
III - O prazo de validade do concurso público será de até
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV - Durante o prazo improrrogável previsto no edital de
convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com
prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira.”

Só cabe entender subsistente título à nomeação, enquanto o


concurso público tiver seu prazo de validade vigente. Cessa,
destarte, a eficácia do título de aprovação em concurso público, no
instante em que este caduca, pelo decurso do prazo de sua validade,
se não houver a prorrogação prevista na norma constitucional suso
transcrita (CF, art. 37, III). Tanto é assim que os impetrantes,
faltando pouco tempo para o término do prazo de vigência do
concurso, foram ao Tribunal, ora recorrido, e pediram prorrogação
da vigência do competitório. A Corte estadual, porém, indeferiu a
súplica.
Cumpre, desde logo, entretanto, perquirir sobre a natureza
do ato do Tribunal que defere a prorrogação. Certo está que, se não
for prorrogado o prazo de validade, cessa a eficácia do título a
pretender a nomeação, simplesmente, porque ocorreu o término do
prazo em que o concurso público podia produzir efeitos. Se for
prorrogado o prazo, entretanto, a eficácia dos títulos decorrentes da
aprovação no competitório prossegue.
Penso que a decisão do Tribunal do Piauí, ao indeferir, sem
motivação, o pedido de prorrogação do prazo de validade do
concurso público de Juiz de Direito Adjunto, efetivamente, é nula,
porque, de acordo com o art. 93, IX, da Constituição: (...)
Também, as decisões administrativas hão de possuir
fundamentação. Por que o Tribunal indeferiu a prorrogação da
vigência do concurso? Sendo nula a decisão, porque desmotivada,
cumpria se determinasse que a Corte julgasse, de novo, o pedido,
fundamentadamente.
Será, entretanto, que, - só pelo fato de ser nula a decisão em
foco, - se deu, automaticamente, a prorrogação pretendida? Com
efeito, à Administração é assegurado prorrogar ou não o prazo de
concurso. Reveste-se de eficácia constitutiva de direito a decisão que
prorroga a validade do competitório. A circunstância de ser nula a
decisão indeferitória da prorrogação, porque desmotivada, não
possui a virtude de criar qualquer efeito positivo, em favor dos
candidatos remanescentes, quanto à prorrogação de validade do
concurso. Decerto, pelo fato de ser nula essa decisão, não se lhes
assegurou prorrogação do prazo do concurso. E se não se lhes
assegurou a pretendida prorrogação, pergunto: como pode o
Supremo Tribunal Federal, hoje, conhecer deste recurso
extraordinário e o prover, para, pura e simplesmente, ordenar a
nomeação dos candidatos remanescentes? Houve recurso para o
Superior Tribunal de Justiça, contra o aresto do Tribunal local que,
julgando originariamente, denegou o writ. O colendo STJ, também,
não vendo direito certo e líquido dos impetrantes, negou provimento
ao recurso. É de anotar desde logo, que não havia provisão cautelar,
de qualquer efeito, em prol dos impetrantes. Então, indago: hoje,
tantos anos passados, desde a caducidade do concurso, pode o STF,
com base em nosso sistema, emprestar vida de novo a esse
competitório? Os candidatos remanescentes já estão sem título a
qualquer pretensão, em face da prejudicialidade automática
decorrente do fluxo integral do prazo da caducidade. Como admitir-
se se crie, a esta altura, título juris a ser presente perante o Tribunal
de Justiça do Estado, com força a assegurar-lhes nomeação?
Encontro, sob o ponto de vista jurídico, de imediato, essa
intransponível dificuldade. Não existe direito líquido e certo dos
impetrantes à prorrogação do prazo de validade do concurso. Sequer
houve provisão judicial, sob forma de cautelar, a manter subsistente,
até decisão final do mandado de segurança, o título resultante da
aprovação. O prazo de validade do concurso, previsto na
Constituição, fluiu inteiramente. O Tribunal, enquanto válido o
concurso, nomeou alguns dos candidatos e entendeu de não nomear
os demais. A seguir, o concurso caducou. Essa é a realidade. Esses
candidatos remanescentes não possuíam em seu favor qualquer
provisão cautelar, de modo a emprestar-lhes spes juris de nomeação,
se vitoriosos. Portanto, caducando o concurso, pelo fluxo inexorável
do prazo de validade, não há como deferir o mandado de segurança,
que impetraram contra a decisão de indeferimento da prorrogação do
prazo de vigência do concurso, tanto mais quanto é exato que não
possuíam direito certo e líquido a ver prorrogado a competitório. As
decisões, que precederam a vinda do feito ao STF em grau de
recurso, nada lhes asseguraram; ao contrário, reafirmaram doutrina
tradicional, em nosso sistema jurídico, qual seja, a inexistência de
direito do candidato aprovado à nomeação, se não houve preterição
por outro concorrente em situação classificatória inferior, bem como
não haver direito de candidato aprovado a exigir prorrogação de
prazo de validade de concurso. Não mais sendo eficaz o concurso,
por força da caducidade operada, não cabe, em conseqüência, ao
STF emprestar-lhe, ex novo, eficácia por via de uma decisão, tantos
anos já decorridos.
Data venia, em realidade, o que vai acontecer, em
conseqüência da decisão da Turma, que já está constituída, por sua
maioria, é que o Supremo Tribunal Federal fará eficaz um título
caduco, pelo decurso do prazo de validade do concurso e, em
ordenando a nomeação, estará, também, se substituindo ao Tribunal
de Piauí, no juízo de conveniência, quanto à nomeação de
candidatos aprovados em competitório, sem que haja ocorrido
qualquer preterição, e, em última análise, prorrogando, para isso,
validade de concurso caduco. (...)
O acima exposto, para mim, seria bastante, em ordem a não
conhecer do recurso extraordinário. Mas há um outro aspecto a
considerar. O recurso extraordinário foi interposto por alegação de
ofensa ao art. 37, inciso IV, da Constituição, que estabelece: (...)
A maioria da Turma está conhecendo do recurso
extraordinário dos impetrantes, por ofensa a esse dispositivo, e
provendo o apelo extremo para assegurar, desde logo, a nomeação
dos candidatos remanescentes e não apenas o direito de preferência
previsto no inciso IV do art. 37, da Constituição, objeto do pleito
recursal.
Essa matéria, concernente à imediata nomeação, ao que
depreendi do próprio memorial apresentado pelos recorrentes, não
estava sequer posta ao Tribunal, eis que não se pede no recurso
extraordinário, desde logo, ao STF, que determine a imediata
investidura dos impetrantes. O art. 37, IV, da Lei Magna, ademais,
não cuida de direito à nomeação; trata, sim, de direito à preferência,
prioridade sobre novos concursados, durante o “prazo
improrrogável” de validade do concurso anterior, o que quer dizer,
se o Tribunal entender de realizar novo concurso, ainda válido o
anterior, com candidatos aprovados e ainda não aproveitados, então
haveria de respeitar a preferência dos remanescentes do precedente
concurso, ou seja, dos ora impetrantes. Mas, para isso, inclusive,
mister seria que o concurso anterior ainda estivesse com validade,
pois a Constituição prevê tal preferência “durante o prazo
improrrogável” de eficácia do concurso.
Encontro, assim, mais essa dificuldade, na conclusão do
voto do eminente Ministro-Relator, em relação ao próprio pedido.
(...)
Não caberia, por último, sequer, limitar a provisão desta
Corte a outro ponto de menor extensão, qual seja, assegurar a
prioridade sobre novos concursados. Tal não seria também possível,
precisamente porque o concurso a que se submeteram os
impetrantes já caducou e assim se esvaziou de eficácia o título de
concursado que então obtiveram. Isso pressuporia ainda fluisse o
“prazo improrrogável” a que se refere o inciso IV do art. 37 da
Constituição. Dessa maneira não vejo, na decisão recorrida, ofensa
ao art. 37, inciso IV, da Constituição, que foi o fundamento do apelo
extremo. (...)
De todo o exposto, não conheço do recurso extraordinário.

O voto condutor deste acórdão, que ainda não transitou em julgado,


foi publicado no Informativo nº 45 (encarte do DJ de 25.09.96).
Assessor responsável pelo Informativo
Miguel Francisco Urbano Nagib
nagib@stf.gov.br

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