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A Psicanálise afirma a existência de três estruturas clínicas: a neurose; a psicose e a

perversão. A neurose, de longe a mais comum, atua no sujeito através do recalque: há um


conflito com recalque. A psicose, com o mecanismo da forclusão, reconstrói, para o sujeito,
uma realidade delirante ou alucinatória. Já a perversão, mantida através da denegação ou
desmentido, faz com que o sujeito, ao mesmo tempo, aceite e negue a realidade, com uma
fixação na sexualidade infantil.
Sigmund Freud ergueu o edifício da Psicanálise em alguns pilares, sendo o Complexo
de Édipo talvez sua pedra angular. Como nascemos de um casal, formamos com ele um
triângulo. Nesta configuração, cada elemento exerce uma função específica. A mãe é o
primitivo objeto de amor. O pai, o representante da lei do desejo e responsável para que a lei
seja aplicada. A criança transitará entre um e outro, atravessando diversas fases em seu
desenvolvimento até que possa (ou não) constituir-se como sujeito desejante e de linguagem,
inserido na cultura.
As estruturas clínicas, portanto, irão depender da atuação das figuras parentais, sendo
que o pai, por sua presença ou ausência, por sua atuação ou omissão, terá um papel
predominante. É função paterna provar à criança que tem desejo e palavra, autoridade e
comunicação. Quando há falha na função paterna, as consequências sempre são devastadoras
para a prole. O que determina cada estrutura clínica é, pois, como o sujeito encena, apreende e
interpreta sua história diante das funções materna e paterna. Logicamente, podem estar
implicadas tendências genéticas ou hereditárias, mas o que faz com que seja escolhida esta ou
aquela estrutura é o modo como nossa história se desenrola diante de nossos olhos interiores.
Aquele (mas também pode ser aquela) que exerce a função paterna deve operar no filho
o que a Psicanálise chama de “castração”. A castração separa o filho da mãe na unidade
simbiótica primitiva. Sempre leva o sujeito à angústia da perda e da separação, mas também
abre o caminho para a linguagem, a cultura, o desejo, o amor, a vida em toda a sua plenitude.
Contra a angústia e o sofrimento causados por tal operação, a criança reagirá com mecanismos
de defesa variados. É a predominância do mecanismo utilizado que determinará sua estrutura.
Como apontado acima, os mecanismos são o recalque; a forclusão e a denegação ou
desmentido.
Freud, ao contrário de alguns psicanalistas mais modernos, acreditava na possibilidade
de mudança de estrutura a partir do tratamento. Embora possa haver polêmica em torno deste
assunto, o que se percebe, na clínica, é uma possível variação ou trânsito entre as neuroses, mas
nunca na psicose ou na perversão. Há abrandamentos ou a chegada a certo equilíbrio. A escolha
da estrutura, porém, não depende da vontade consciente do sujeito. O psicanalista francês
Jacques Lacan afirmará que a linguagem é que nos determina. Porque tudo dependerá de como
a criança integra os acontecimentos de linguagem que ocorrem à sua volta. Essa reação é
pessoal, subjetiva, intransferível e insondável, uma vez que inclui nossas fantasias
inconscientes desde o nascimento ou talvez até antes dele.
Dito de modo simplificado, a neurose é uma patologia cujos sintomas simbolizam um
conflito infantil recalcado. É uma maneira do sujeito se defender da castração a que foi
submetido, numa fixação edipiana. Pode ser através da histeria; da fobia ou da neurose
obsessivo-compulsiva. Na histeria, o conflito se mostra de modo dramático ou teatral, sob forma
de simbolização através de sintomas no corpo: ataques ou convulsões; paralisias ou contraturas;
cegueira ou outras conversões somáticas. Na fobia, que também pode ser vista como um
sintoma histérico, o sujeito traduz a angústia primitiva da castração num pânico imotivado,
frente a algo que, de fato, não oferece perigo. Difere, assim, do medo racional e objetivo. Já a
neurose obsessivo-compulsiva é caracterizada por um conflito infantil e por uma fixação da
libido na chamada fase anal do desenvolvimento.
O termo psicose, em Freud, designa uma reconstituição delirante ou alucinatória, por
parte do sujeito que não consegue chegar a simbolização e à linguagem. Freud sempre rejeitou
a organogênese da psiquiatria e tentou esclarecer as motivações inconscientes que levam a essa
estrutura. Podemos classificar as psicoses em: esquizofrenia; paranoia e psicose maníaco-
depressiva. Na primeira, há incoerência de pensamento, do afeto e da ação, o
“ensimesmamento” (ou autismo) e delírio/alucinação. Já a paranoia enfatiza um modo de
compreender a realidade equivocado, caracterizado por um delírio sistemático, completo e a
inexistência de deterioração intelectual. O maníaco-depressivo, hoje dito portador de
“transtorno bipolar”, alterna momentos de grande agitação maníaca e outros de extrema
melancolia, tristeza ou depressão.
O conceito de perversão sofreu modificações do início freudiano aos nossos dias. Não
devemos confundir a estrutura perversa psicanalítica com as perversões listadas pela psiquiatria
ou outras ciências e mesmo religiões. A perversão é, assim, uma renegação da castração, com
fixação na sexualidade infantil. O sujeito aceita a realidade da castração paterna, que, para ele,
é inegável; mas, ainda assim, diferente do neurótico, tenta desmenti-la e negá-la. Para Lacan, a
perversão será detectada no discurso de cada um. O perverso se dá o direito de transgredir a lei
e viver segundo seus próprios requisitos, enganando as pessoas. Numa linguagem popular, o
perverso é um mal-intencionado.
RESUMIDAMENTE:

PSICOSE

O mecanismo de defesa dessa estrutura é conhecido como Foraclusão ou Forclusão,


termo desenvolvido por Lacan. As psicoses subdividem-se em:
Paranóia — é uma psicose que se caracteriza por um delírio mais ou menos sistematizado,
articulado sobre um ou vários temas. Não existe deterioração da capacidade intelectual. Aqui
se incluem os delírios de perseguição, de grandeza.
Esquizofrenia — caracteriza-se por: afastamento da realidade —o indivíduo entra num
processo de centramento em si mesmo, no seu mundo interior, ficando, progressivamente,
entregue às próprias fantasias.
Mania e melancolia ou psicose maníaco-depressiva — caracteriza-se pela oscilação entre o
estado de extrema euforia (mania) e estados depressivos (melancolia). Nos estados de
depressão, o indivíduo pode negar-se ao contato com o outro, não se preocupa com cuidados
pessoais (higiene, apresentação pessoal) e pode mesmo, em casos mais graves, buscar o
suicídio. Na mania ocorre mania de grandeza e pode ocorrer delírios de ser uma pessoa de
sucesso.
O psicótico encontraria fora de si tudo que exclui de dentro. Nesse sentido, ele incluiria
para fora os elementos que poderiam ser internos. O problema para o psicótico está sempre no
outro, no externo, mas nunca em si. Na Paranoia, trata-se do outro que o persegue. No Autismo,
trata-se do outro que quase não existe. Já na esquizofrenia, o outro pode aparecer de inúmeras
formas. O outro é o surto, um estranho, um monstro ou qualquer outra coisa. No caso da
esquizofrenia, o que fica mais evidente é a dissociação psíquica. Outra característica da Psicose
é que, diferente do que acontece com indivíduos com outras estruturas mentais, a própria pessoa
acaba revelando, ainda que de forma distorcida, os seus sintomas e distúrbios.

NEUROSE

A neurose, por sua vez, divide-se em histeria e neurose obsessiva. Seu mecanismo de
defesa é o recalque ou repressão. Então, enquanto o psicótico encontra sempre fora de si o
problema, e acaba por revelar seus distúrbios, ainda que de forma distorcida, o neurótico age
da forma oposta. O conteúdo problemático é mantido em segredo. E não só para os outros, mas
para o próprio indivíduo que sente. O neurótico guarda dentro de si o problema externo. É disso
que se trata o recalque ou repressão.
Para que alguns conteúdos fiquem recalcados ou reprimidos, a neurose provoca no
indivíduo uma cisão da psique. Tudo o que é doloroso é recaldado e permanece obscuro,
causando sofrimentos que o indivíduo mal pode identificar – apenas sentir. Por não poder
identificá-los a pessoa passa a reclamar de outras coisas, de sintomas que sente (e não da causa).
No caso da histeria, o indivíduo permanece dando voltas em torno de um mesmo problema
insolúvel. É como se a pessoa nunca conseguisse encontrar a verdadeira causa de sua frustração,
por isso as constantes reclamações. É possível identifica ainda uma busca constante por um
objeto ou uma relação idealizada, na qual o indivíduo deposita aquela frustração recalcada. Isso,
logicamente, leva a mais frustrações.
Na Neurose Obsessiva o indivíduo permanece também dando voltas em torno dos
mesmos problemas. Nesse caso, no entanto, existe uma forte tendência em organizar tudo ao
seu redor. Essa necessidade de organização externa seria um mecanismo para evitar pensar nos
problemas reais recalcados em seu interior.
Neurose Obsessiva - Na neurose obsessiva o que notamos mais frequentemente é a tentativa
de organização, de organizar as coisas ao redor como evitar o contato com o que foi recalcado.
O contato com a verdade seu desejo e da sua falta. O sujeito que se estrutura na neurose
obsessiva tende a atender as demandas do outro, da escola, do trabalho, do parceiro de vida, de
forma a não ter que entrar em contato com seu próprio desejo, suas angustias e dificuldades
mais profundas na relação consigo e com os demais. Pode ocorrer sintomas
como: comportamentos compulsivos, como por exemplo, lavar a mão com frequência não usual
ou mania extrema com ordem/limpeza; ter ideias obsedantes, por exemplo, de que alguém pode
estar perseguindo-o e, ao mesmo tempo, ocorre uma luta contra esses pensamentos e dúvidas
quanto ao que faz ou fez.
Neurose Histérica – Notamos na pessoa que se estrutura dentro da neurose histérica uma
queixa e busca incessante concomitante a um desejo constantemente. O desejo tem como
referencial sempre o desejo do outro, estar. Quando há sintomatologia mais frequentemente o
conflito psíquico aparece nos sintomas corporais. Por exemplo, crise de choro com teatralidade,
ou sintomas que se apresentam de modo duradouro, como a paralisia de um membro, a úlcera
etc. Compreendendo a neurose como uma estrutura podemos compreender os diferentes graus
e manifestações dos comportamentos que trazem mais ou menos sofrimento para o indivíduo e
aqueles que o cercam dependendo da história infantil de cada um, os fatores de vida atual e o
contexto cultural que perpassa cada pessoa.
PERVERSÃO

O mecanismo de defesa específico da perversão é a denegação. Ele poder ser


compreendido através do fetichismo. Freud coloca que muitos indivíduos que faziam análise
com ele apresentavam fetiches como algo que os traria apenas prazer, algo até mesmo louvável.
Esses indivíduos nunca o procuravam para falar desse fetichismo, ele aprecia apenas como uma
descoberta subsidiária. Assim se dá a denegação: a recusa em reconhecer um fato, um problema,
um sintoma, uma dor.
As pessoas estruturalmente perversas não se relacionam com o outro como uma pessoa
inteira, percebendo a realidade psíquica desta outra pessoa. O perverso toma o outro como um
objeto ou parte deste torna-se objeto fetiche. A finalidade do perverso é sempre sua satisfação
sem considerar o outro. Importante dizer que um perverso não tortura necessariamente sua
vítima de forma física, mas pode subjugar sua visão de mundo. Em diferentes graus cometem
abusos de poder, coerção moral, chantagens e extorsões com muita facilidade. Abaixo algumas
características comuns:

 Traços impulsivos, agressivos, hostis, extrovertidos;


 São extremamente confiantes em si mesmos;
 Baixos teores de ansiedade;
 Ausência de sentimento de culpa ou remorso;
 Narcísicos e vaidosos;
 Atos e comportamentos antissociais;
 Criadores de intrigas e conflito no meio em que se encontram;
 Sexualmente ativos e pervertidos;
 Indiferentes ao afeto ou reação do outro (dificuldade marcada na capacidade de empatia).

Infelizmente na contemporaneidade traços perversos têm sido “valorizados” – onde o


esperto e o malandro que se dá bem é valorizado em detrimento do “certinho”, numa verdadeira
inversão de valores e queda do que chamamos função paterna de LEI. A falta de
compromisso com o outro, a ausência de empatia e culpa são erroneamente e romanticamente
confundidos como capacidade de liderança, pulso firme, poder e influência pessoal.

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