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Colectânea de textos Maçónicos

ARTE REAL – TRABALHOS


MAÇÓNICOS
https://focoartereal.blogspot.pt/

ANO 2016

(índices por trimestres)


Contents
SOMOS MAÇONS? 1

PAINEL DO APRENDIZ - DUAS COLUNAS 7

MODELOS DE MAÇONARIA 12

MAÇONARIA & TOLERÂNCIA RELIGIOSA 19

MAÇONS, "LIVRES-PENSADORES”... 23

DO PACTO E DA UNIÃO 27

O BODE NA MAÇONARIA 30

OS QUATRO ELEMENTOS 41

PARA SER UM VERDADEIRO MAÇOM 47

AS DUAS COLUNAS EXTERNAS DOS TEMPLOS 50

A VIRTUDE E A MAÇONARIA 53

SOIS MESMO MAÇOM? TENHO DÚVIDAS! 61

O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA 65

A FILOSOFIA DENTRO DA MAÇONARIA 69

O SIGNIFICADO DAS SIGLAS S.’.S.’.S.’. E S.’.F.’.U.’. 79


NA MAÇONARIA
MARAVILHAI-VOS IRMÃOS DE AMBAS AS 85
COLUNAS!

A MORTE INICIÁTICA, SÍMBOLO OU REALIDADE? 92

A ALAVANCA 101

ENTENDENDO OS TERMOS: MAÇONS ANTIGOS, 107


LIVRES E ACEITOS

A VISITA MAÇÔNICA 111

SALMO 133 - CONSAGRAÇÃO A DEUS 118

NÓS E A PALAVRA 128

REFLEXÕES SOBRE A CÂMARA DE REFLEXÕES 132

A FLOR DA VIDA E A GEOMETRIA SAGRADA 148

RELACIONAMENTO FRATERNO – PERDÃO - 156


RETIDÃO - INVEJA

QUE MISTÉRIOS TÊM A MAÇONARIA? 165

O LIMPO E PURO SE TORNA JUSTO E PERFEITO 174

O INEXATO TERMO ”EXALTAÇÃO” PARA O GRAU 183


DE MM.'.

O ÁGAPE NA MAÇONARIA NÃO É 188


CONFRATERNIZAÇÃO, É PARTE DO RITUAL
SEJAMOS MAÇONS SEMPRE! 197

SER PERFEITO E JUSTO 200

O TRABALHO FORA DE LOJA 208

REFLEXÕES DE UM FILHO DE HIRAM 211

SOMOS PÓ E EM PÓ NOS TORNAREMOS 214

TEMPLOS AS VIRTUDE E MASMORRAS AO VÍCIO 218

QUER SER MAÇOM? 231

OS FILHOS DA VIÚVA 243

CORDA DE 81 OU 12 NÓS. 250

SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE NA 253


MAÇONARIA

O VENERÁVEL MESTRE MAÇOM NÃO PODE SER 258


UM FROUXO

O TEMPLO DEVE SER RESPEITADO 267

SOMOS PEDRA 273

OS DEGRAUS DO TEMPLO MAÇÔNICO 276

O SIMBOLISMO NA MAÇONARIA E O TRABALHO 281


O RITO DE INICIAÇÃO: UMA ABORDAGEM 287
ANTROPOLÓGICA

O QUE É O SEGREDO MAÇÔNICO? 304

SER OU ESTAR MAÇOM 310

O TEMPLO MAÇÔNICO E SEUS SÍMBOLOS 316

REFLEXOS DA ÉTICA MAÇÔNICA 327


SOMOS MAÇONS?

January 03, 2016

A indagação que faço está intimamente ligada à atual condição


e situação da Maçonaria como um todo, pois, se temos uma
entidade que se intitula de Sublime Instituição, como sermos
maçons e, não apenas, estarmos maçons?

A pergunta tem fundamento na crise que, atualmente, impera


no mundo em geral, no Brasil com ênfase e na Maçonaria,
como consequência dessa disparidade de comportamentos
que existe.
A crise no mundo contemporâneo abrange a ética, a economia,
o direito das pessoas, dentre outras, pois, não se conhece
ausência de corrupção em nenhum lugar no mundo; na
economia vemos a concentração de renda e capital cada vez
mais nas mãos de poucos, em detrimento do todo e da Paz; e o

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direito das pessoas ao bem estar, à saúde, à liberdade, quer de
pensamento, quer de ações, tudo se encaminhando para um
confronto mundial de forças, com resultados os mais
escabrosos e desastrosos possíveis.
No Brasil, não há nem o que se comentar, pois, qualquer tema
que se busque, temos o negar de todas as boas qualidades do
ser humano, atualmente, desvirtuadas em razão do TER em
lugar do SER, como é sabido e como a grande mídia nos
passa, em total negação da boa convivência.
Será que a humanidade precisa disso?
Será que isso não é a negação de tudo o que os grandes
filósofos pregaram no que foram acompanhados por todos os
líderes religiosos do passado, que sempre nos deram muitos
exemplos de amor e fraternidade?
E na Maçonaria, o que ocorre nos dias atuais?
Nossa instituição atravessa, atualmente, uma fase
extremamente difícil e, até mesmo, perigosa, pois, a persistir
os sintomas de sua deterioração, irá se extinguir e, em futuro
não muito distante, será apenas um verbete de dicionário, cuja
significação será, aproximadamente, a seguinte: “Antiga
instituição que abrigava cidadãos proeminentes da sociedade,
que visava instaurar, no mundo, a trilogia Liberdade, Igualdade
e Fraternidade, que desapareceu por completo, por incúria de
seus adeptos”.
O que se assiste neste momento, em especial aqui no Brasil, é
que nossos irmãos convidam os homens com os quais têm
interesses econômicos ou políticos, em geral, não levando em
consideração tudo aquilo que consta como condição para o
ingresso daquela pessoa, como, por exemplo, ser livre e de

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bons costumes, ou seja, livre de quaisquer amarras a vícios e
extremismos, para que possa se modificar, construindo seu
templo interior, a fim de servir de bom exemplo no mundo
profano; homem dotado de boa convivência social, com
impoluta conduta no seio do grupo social onde exerce seu
mister e convive, pois, se tiver qualquer falha de conduta, não
irá buscar uma nova forma de vida, objeto maior de nossa
Maçonaria.
Por falar em objetivo maior de nossa Sublime Instituição,
gosto de lembrar a lição deixada pelo Octacilio Schüller
Sobrinho, no seu Desafio das Mudanças, de que “Maçonaria é
uma ESCOLA DO CONHECIMENTO e nada mais. Não é nunca
foi e nunca será um partido político. Não é, nunca foi e nunca
será uma instituição econômico financeira.” (P. 17), ou seja,
que nós devemos estar cientes e conscientes, ao
ingressarmos nas fileiras maçônicas, de que nossa meta maior
é o estudo, a reflexão e a conscientização, que leva ao
Conhecimento e este, à Sabedoria que, no meu entender
pessoal, é a aplicação do Conhecimento em prol de todos, não
visando receber nada em troca, a não ser a discussão dos
temas para a síntese, tão necessária.
Outro escritor maçom, Ubyrajara de Souza Filho, em recente
obra: Ensinamentos Maçônicos (Mitologia, Filsofia e Gnose
Aplicada à Maçonaria), nos traz lições que traduzem, com
maestria, minha opinião a respeito de sermos ou não maçons.
Diz ele, referindo-se à Cultura Maçônica:
“Na verdade o conceito de Cultura Maçônica deve congregar a
interpretação de seus Símbolos, a prática de tradições
maçônicas e suas lendas míticas; não somente aquelas que

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foram incorporadas dentro dos Rituais e são exemplificadas
em suas Cerimônias, mas também aquelas que, embora não
figurem nas Instruções das Lojas, foram transmitidas
oralmente como partes de sua história e enunciam em seu
cânone de Instrução verdades fundamentais e pensamentos
sobre a natureza humana, através do frequente uso de
arquétipos, sem se referir à veracidade dos relatos.

Assim sendo, o futuro da maçonaria está diretamente ligado ao


desenvolvimento cultural do Maçom. … o Maçom deve estar
consciente de que se cultura é informação, isto é, um conjunto
de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e
transmite aos contemporâneos e aos vindouros, a Cultura
Maçônica deverá ser o resultado da forma como os Maçons
receberam e transmitem seus ensinamentos; se cultura é
criação, é importante estar atento que ele não só receber a
cultura dos seus antepassados como também cria elementos
que a renovam; e se cultura é um fator de humanização, deve
compreender que esta transformação só ocorrerá porque ele é
parte de um grupo em constante aperfeiçoamento cultural. (P.
20/21).
Mais adiante, o mesmo autor afirma que “O desafio maior do
Maçom deve ser trabalhar incessante e incansavelmente no
difícil ofício de ser Maçom em tempo integral, não somente
dentro da Maçonaria.” (P. 23).
Na página 25 faz algumas afirmações, a meu ver,
imprescindíveis para nos conscientizarmos do que é ser
maçom:

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“ Ser Maçom é fazer prevalecer a igualdade entre os Irmãos,
para que as Lojas possam se tornar um catalisador de união e
harmonia e promover a prática de um legítimo sentimento de
Fraternidade entre os Irmãos para que, aprendendo a respeitar
o que é específico de cada um e entendendo essa diferença
como uma riqueza matizada que confere sentido à vida,
consiga criar e difundir profundos e sólidos laços de amizade.
Por fim, Ser Maçom é questionar o mundo que o rodeia. …”
Finaliza:
“Para que aconteça “Maçonaria” é indispensável que sejamos
Maçons o tempo inteiro, não somente dentro das Lojas ou em
ambientes maçônicos. É necessária a conscientização de que
devemos estar sempre comprometidos com os valores
maçônicos nesse grande desafio de sermos reconhecidos
como Homens Livres e de Bons Costumes.
”Como se pode perceber, ser Maçom não é, apenas, passar
pela cerimônia da Iniciação, galgando, posteriormente, os
outros graus, muitas vezes, até o ápice dos graus filosóficos,
se não permitirmos que a Maçonaria faça, de nós, homens
diferentes dos demais, para que nos destaquemos na
sociedade, servindo, com nosso exemplo, aos princípios
maiores da Moral e da Ética – a boa ética, pois, assim agindo,
estaremos cumprindo nosso papel de construtores de uma
nova sociedade.
O que devemos praticar, em Loja, é discutirmos os temas que
envolvem a Maçonaria, a fim de conhecer sua história, suas
realizações e, principalmente, o que ela ainda pode fazer pela
humanidade; discutir, ainda, temas candentes da sociedade,
como o que ocorre na política deste país ou nos conflitos do

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oriente médio, buscando saber o que pode ocorrer e quais as
consequências advindas da violência que por lá graça e atinge
as populações locais, onde há um enorme desprezo pela vida e
integridade humanas, dentre outros assuntos.
E qual a finalidade dessas discussões?
Buscar orientar nossos filhos e netos para que eles aprendam
o verdadeiro sentido da vida, nosso papel no mundo que nos
cerca, a fim de que possamos deixá-lo mais seguro e habitável
para as gerações futuras.
Fazer, da nossa Loja um centro de estudos e difusão do
conhecimento, a fim de nos prepararmos na luta pela vida
profana, atendendo aos princípios de Maçonaria, deixando de
lado nossas aspirações e sonhos pessoais, a fim de, efetiva e
realmente, contribuirmos, decisivamente, para um mundo
melhor, mais bonito e mais pacífico para a sobrevivência do
ser humano sobre o orbe em que vive a raça humana.
Bibliografia:
Schüler Sobrinho, Octacílio, O Desafio das Mudanças, Ed.
Maçônica “A Trolha”, julho de 2004.
Souza Fº., Ubyrajara, Ensinamentos Maçônicos (Mitologia,
Filosofia e Gnose Aplicada à Maçonaria), Ed. Maçônica “A
Trolha”, setembro de 2014.
Fonte: JB News

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PAINEL DO APRENDIZ - DUAS COLUNAS

January 05, 2016

Neste trabalho sobre o Painel de Aprendiz, apresentaremos


inicialmente o seu conceito simbólico e relacionaremos todos
os elementos que nele estão desenhados.
Então iremos comparar o desenho do Templo e as suas 2
Colunas, acrescidas das Romãs, Lírios, e Correntes, ao
Templo Maçônico e ao Templo de Salomão. Por fim,
apresentaremos breves informações sobre cada um dos
símbolos ali representados.
Por Painel entendemos o Quadro que a Loja apresenta por
ocasião da abertura dos trabalhos, existindo um por cada grau
da denominada Maçonaria Azul: o da Loja de Aprendiz, da Loja
de Companheiro, e da Loja Mestre. Nos graus filosóficos
normalmente não se usa a denominação Painel, mas sim,
Emblema ou Escudo.

No Painel estão desenhados todos os símbolos maçônicos,


necessários ao desenvolvimento dos trabalhos do respectivo

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grau.
A sua colocação na Loja indica que continua viva toda a
simbologia que orienta os trabalhos; indica também que
nenhum trabalho seja iniciado sem que antes tenha havido um
planejamento das atividades.
Por outro lado, todos os participantes, ao entrarem no Templo
e ao olharem para o Painel, estarão cientes do grau em que os
trabalhos estão a ser realizados.
No inicio, os símbolos hoje representados no Painel eram
desenhados com giz, no chão, de tal forma que pudessem ser
apagados no final dos trabalhos.

Posteriormente passaram a ser pintados ou bordados sobre


panos ou tapetes. Foi o maçom John Harris, quem desenhou
os Painéis em 1820 e que, salvo pequenas modificações, se
encontram em uso até hoje.

Todo o templo, incluindo o soalho, as paredes e o teto, é


contemplado no Painel, sendo composto por:
• Duas Colunas sobre as quais estão plantadas Romãs;

• A Porta do Templo, antecedida por três degraus;

• O Delta Luminoso, em cima da porta;

• O Pavimento Mosaico, representado pela Orla Dentada que


circunda o quadro; os Painéis antigos apresentavam, entre

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a porta e os degraus, um quadro mosaico em perspectiva
representando o Pavimento Mosaico.

• 3 Janelas fechadas com malha de arame;

• Uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica;

• Uma corda que emoldura o quadro, representando a corda


de 81 nós;

• O Sol e a Lua.

Os instrumentos de trabalho dos pedreiros também estão


representados:
• O Esquadro e o Compasso;

• O Prumo e o Nível;

• O Malho e o Cinzel;

• A Prancha de Traçar.

O TEMPLO DE SALOMÃO
O Templo de Salomão foi construído com pedra, madeira de
cedro e ouro.
A pedra representando a estabilidade; a madeira a vitalidade, e
o ouro a espiritualidade. Na Maçonaria, a Loja surge no
Templo.
O vocábulo sugere local de habitação e seria onde os
operários da construção descansavam e debatiam seus

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problemas sociais e espirituais. Na busca de uma definição
simbólica e perfeita para o Templo que cada um de nós tem em
si próprio, a Bíblia fornece aos Maçons.
O Templo de Salomão, símbolo de alcance magnífico. Como
simples confirmação disto, sabemos que o Templo foi
edificado com pedras lapidadas na pedreira, pois assim,
durante a construção da Casa de Deus, não seriam ouvidos
nem o som do martelo nem de qualquer outro instrumento de
ferro.
Ora, assim é o Templo do Aprendiz, onde a pedra bruta será
lapidada sem o barulho do martelo, somente no silêncio dos
estudos e das meditações.
AS DUAS COLUNAS (1º LIVRO DOS REIS, CAP.VII - BÍBLIA)
Para a construção do Templo, o Rei Salomão trouxe de Tiro,
um artesão de nome Hiran Abiff, israelita por parte de pai e
nephtali, por parte de mãe. Foi esse homem quem executou
todos os ornamentos do Templo de Salomão, incluindo as 2
colunas construídas em bronze, que simbolicamente
representavam as 2 colunas de homens que Moisés dirigiu
quando da fuga dos Hebreus do Egito.
No alto das duas colunas, Hiram colocou um capitel fundido
em forma de lírio. Ao redor deste, uma rede trançada de
palmas em bronze, que envolviam os lírios. Desta rede,
pendiam em 2 fileiras, 200 romãs. À coluna da direita foi dado
o nome de Jachin (Yakin) e à da esquerda, Booz.
Atribui-se à coluna Jachin a cor vermelha - ativo, Sol ; e à
coluna Booz a cor branca ou preta - passivo, Lua. O Vermelho
simboliza a inteligência, a força e a glória; o Branco simboliza
a beleza, a sabedoria e a vitória.

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Há quem suponha que as colunas se destinariam à guarda dos
instrumentos e ferramentas dos operários, e que junto a elas
estaria o local onde os operários recebiam os seus salários.
Nestas colunas, estariam guardadas ainda as espécies e o
ouro com que os operários seriam pagos. No entanto, pelo
tamanho das colunas fornecido pela Bíblia, seria impossível,
em tão pequeno espaço, caber todas as ferramentas e
instrumentos, além do ouro e espécies.
Essa suposição não é sequer suportada pela Bíblia, que em
nenhum momento cita as colunas como local possuidor de
portas ou armários.
Na tradução latina dos nomes, Yakin significa "Ele firmará" e
Booz, "nele está à força”, ou seja, "Ele firmará a força"; ou
ainda, "nele está à força que firmará", como quem quer dizer
que Nele, em Deus, está a força necessária à estabilidade, ao
sucesso.
Assim sendo, as 2 colunas simbolizam a presença do Senhor
no Templo.
Escrito por A Jorge
Fonte: Loja Maçônica Mestre Afonso Domingues

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MODELOS DE MAÇONARIA

January 07, 2016

Temos ouvido e analisado alguns conceitos de estudiosos da


Maçonaria através dos anos. Alguns deles merecem ser
citados.
Ouvimos de certa feita, que o modelo maçônico que nos
legaram nossos Irmãos do passado já não se adapta ao
homem atual. Está anacrônico.
Um irmão místico mencionou que a Maçonaria atual tornou-se
materialista, pois dentro de seus templos ainda existem
símbolos poderosos e mágicos, mas que os maçons atuais
não os respeitam como tais, pois não têm a noção de seus
significados. Por esta razão, a Maçonaria fragmentou-se,
perdeu a sua força e confundiu-se.
Outro irmão referia que o maior objetivo político que acalentou
e deu forças a inúmeras gerações de maçons do século
passado que era a República morreu com o nascimento desta,
ou seja, desde então os maçons não tiveram em termos de

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Brasil um objetivo prioritário para lutar por ele.
Não criaram outra motivação cívica, a Maçonaria
fragmentou-se em diversas Potências , cada qual com sua
orientação político social, sempre se autodenominando
representante de todas as opiniões da população maçônica e
de quando em vez, soltando na imprensa brasileira bisonhos
pronunciamentos políticos.
Entretanto, autores atuais afirmam que a Maçonaria visa
apenas o homem em si, como líder, como embrião, como uma
célula dentro da sociedade.
À Maçonaria caberia tão somente preparar este homem,
mostrando-lhe os caminhos de seu autoconhecimento, e
ensinando-o a ser um construtor social para que atue na
sociedade como um núcleo em torno do qual estariam os
demais segmentos dessa sociedade.
É provável que cada afirmação citada tenha a sua verdade.
Parece-nos que a última, sem menosprezar as demais, seria a
mais atual e mais apropriada ao nosso tempo.
Mas como andam as coisas na Ordem?
É claro que as nossas divagações não se aplicam a todos os
maçons, mas elas atingirão uma grande parte dos maçons
brasileiros, bem como a muitas Lojas.
Se nos atentarmos para a realidade, pelo que poderemos
observar no dia a dia, e, acreditamos que ocorra em todo o
país, tais são as semelhanças entre as estruturas das cidades
entre si, existem verdadeiros flagelos da Ordem, os quais
abordaremos apenas alguns, aleatoriamente.

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Falta de instrução e conscientização do que vem a ser
Maçonaria. As sessões duram de duas a três horas e o período
de estudos ou de instrução duram apenas quinze minutos, isto
quando algum irmão tem um trabalho a apresentar.
Quanto à conscientização, com frequência não são
respondidas as perguntas básicas que um Aprendiz faz a um
Mestre, porque geralmente este não sabe respondê-las.
Sempre existem as evasivas tradicionais, tais como: “Isso eu
não posso responder. Você chegará lá. Estude”.
Então como poderá um Irmão estar consciente do que é a
Maçonaria? Existem falhas severas desde o primeiro
aprendizado ao se entrar na Ordem. A maioria dos maçons
cresce na Ordem do ponto de vista de graus, sem saber ao
certo o que estão fazendo ou aprendendo.
A pressa de muitos Irmãos em sessão para que esta acabe
logo, para poderem nos chamados “fundões” das Lojas,
sorverem todo o tipo de pólvora que existe, e ao mesmo tempo
se alimenta exageradamente e neste estado de
empanturramento alimentar e de eflúvios etílicos tomarem
decisões importantes.
Veneráveis fracos que não têm personalidade, dominados
docilmente por verdadeiras eminências pardas dentro de sua
própria diretoria.
Carreirismo político maçônico, com falsa liderança.
Esvaziamento das Lojas por desmotivação.
Comportamento antimaçônico de Irmãos que são verdadeiros
profanos de avental, os quais querem, muitas das vezes, que
seus defeitos se tornem regras morais para os demais.

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Candidatos não gabaritados para tal, serem indicados para
serem Maçons. Os poderes dentro de uma Potência estão
desencontrados e comumente extrapolam seus direitos, não
respeitando, às vezes, o próprio Grão-Mestre, que é a maior
autoridade.
Várias Potências não se reconhecem entre si, mas se utilizam
do mesmo Rito, cada qual à sua maneira (vide Rito Escocês
Antigo e Aceito, no Brasil).
A respeitável denominação “Grande Arquiteto do Universo”
virou simplesmente “Gadú”. Esta é uma nova palavra, que foi
criada e muito pronunciada, por sinal.
Especialmente nas cidades de porte médio e grande, um
Templo de propriedade de uma Loja é usado por ela apenas
um dia da semana, quando naquele mesmo Templo poderiam
funcionar pelo menos mais quatro Lojas. Falta de patriotismo
com desconhecimento total da história do Brasil e participação
de maçons nos eventos.
Se quiséssemos, enumeraríamos mais de cinquenta itens
facilmente.
Citamos de passagem os Irmãos que não honram seus
compromissos, valendo-se da mal interpretada tolerância
maçônica.
A maioria dos maçons não lê sobre a Ordem.
Fácil será prever o futuro, caso não se tente mudar
imediatamente ou reciclar, quer no campo administrativo,
histórico, instrutivo, doutrinário ou moral. Precisamos ter a
ousadia e a coragem de citar os males que a assolam e a
prudência de sugerir alguma solução que possa melhorá-la.

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Entretanto, tudo vai bem na Ordem. Todos se chamam de
Irmãos, fala-se muito em tolerância, todo mundo é livre e de
bons costumes.
Uma boa parte dos maçons brasileiros acredita realmente que
tudo vai bem. São aqueles Irmãos puros, bem intencionados,
almas limpas. Nas Lojas, os famosos e prolixos oradores
continuam matraqueando desesperadamente, tecendo glórias
e louvores ao Grande Arquiteto do Universo e a todos os
maçons espalhados pela Terra.
Quando um Irmão se diz justo e perfeito, porém não é nada
disso, os outros justos e perfeitos fingem não saber do que se
trata, pois a Ordem é fraternal e tolerante.
Estamos exagerando? Poderão argumentar que o autor é um
pessimista, que os maçons de sua cidade são maus, que
Maçonaria não é bem isso, e que na sua Loja não é assim.
Mas, estas afirmações têm muito de verdade. É só ter a
coragem de enxergar as coisas como elas são, sem ter a
mente embaçada pelo conformismo.
Evidentemente o maior problema da Maçonaria é apenas uma
questão de cultura e falta de instrução racional. Se tivéssemos
três sessões mensais, onde além de se praticar uma boa
ritualística, houvesse debates, conferências, cursos, mesas
redondas, etc., a respeito da filosofia, ritualística e história da
Ordem, bem como da Política como ciência, o preparo do
Maçom seria outro.
Quanto às sessões administrativas, deveria haver apenas uma
por mês.
Cada Potência deveria manter Encontros Semestrais de
Aprendizes Companheiros e Mestres para toda a jurisdição,

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onde fossem apresentados trabalhos e estudos referentes a
tudo o que diz respeito à Ordem.
Os Altos Corpos de cada Potência, especialmente nas
simbólicas, deveriam manter severa vigilância com relação às
alterações que os responsáveis pela Liturgia e Ritualística de
cada Rito, costumam com frequência introduzir nos Rituais
vigentes, a maioria invenções, enxertos, “achismos” etc.
Este controle tem que ser constitucional, ou seja, deverá
constar na Constituição de cada Potência, e o “modificador”
terá que enfrentar estes altos poderes da Obediência e estes
aprovarem. Esta seria uma maneira de conter tanta alteração
que pulula nos Rituais da Maçonaria brasileira, em especial no
Rito Escocês Antigo e Aceito.
Como a unificação total da Maçonaria brasileira é uma utopia,
a união, entretanto, não é, e já está sendo realizada. As três
principais Potências não se reconhecem, mas nas Lojas-Bases
está havendo uma intervisitação sistemática, numa
camaradagem própria de Maçons que seguem o axioma “se
fomos Iniciados, logo somos Irmãos” e as Lojas, mesmo de
Potências diferentes, estão permitindo o direito de visitação, e
este contato entre Irmãos está trazendo resultados.
Os Grão-Mestres das principais Potências deveriam sentar-se
em torno de uma mesa e decidirem que, tratando-se de um
mesmo Rito, todas deveriam ter somente um Ritual, o qual
seria organizado por uma Comissão de Irmãos destas
Potências. Igualmente deveria haver apenas uma Palavra
Semestral e troca de correspondências a respeito dos
candidatos não desejáveis para serem Maçons.

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Nas cidades onde hajam Lojas das diversas Potências, deveria
haver um Conselho de Veneráveis com rodízio na
administração, o qual, paralelamente, tratasse de filantropia,
problemas sociais, políticos (não partidários) de abrangência
da comunidade.
Estas sugestões são fáceis e viáveis. Em algumas cidades já
estão sendo realidade, mas não foram sacramentadas pelas
cúpulas das respectivas Potências.
Não há perigo de desestabilização do poder de cada Potência.
Administrativamente, continuarão sendo o que são. O que é
necessário é que se deixe a vaidade de lado e se doe de
coração aberto à causa maçônica. É simples.
O Maçom brasileiro necessita com urgência encontrar uma
nova vocação, uma meta maior, um programa de alto alcance
que até possa parecer impossível, porém viável a longo prazo,
que pudesse unir todos os Maçons em torno de uma idéia, um
pensamento único.
As Potências deveriam se reunir através de seus mais
brilhantes Irmãos e, após estudarem todos os detalhes,
apresentarem um diagnóstico da Maçonaria brasileira. Este
diagnóstico terá que levar em conta o nosso passado,
analisando com muito cuidado o presente e estabelecendo
metas para o próximo século.
Este que está findando já o perdeu. Só não perdemos ainda o
nosso coração de Maçom e o amor à Ordem. Meditemos
Irmãos!
Autor: Ir.’. Hercule Spoladore – Londrina – PR

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MAÇONARIA & TOLERÂNCIA RELIGIOSA

January 11, 2016

A Maçonaria declara combater a intolerância, a ignorância e o


fanatismo.
Esses três males estão intrinsecamente relacionados. A
ignorância é, sem sombra de dúvidas, a origem e o cerne do
fanatismo e de toda a intolerância, em especial a religiosa.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
Essa máxima cristã ensina que o conhecimento, alcançado
pela busca da verdade, liberta o homem da ignorância. A
Maçonaria, em seus rituais, instruções e literatura, também é
extremamente rica em passagens que revelam essa sua
vocação. Além de sua história.
Como bem observado pelo pesquisador Antônio Gouvêa
Mendonça, a Maçonaria constituiu “um peso razoável na
balança a favor do protestantismo no momento de sua
inserção na sociedade brasileira”.
Isso ocorreu a partir da segunda metade do século XIX. Nessa
época, de hegemonia e poder católico no Brasil, os
protestantes eram a minoria, que sofria todo tipo de ataque
intolerante, fanático, preconceituoso. E a Maçonaria, original
defensora da liberdade religiosa, e em combate aos males já

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mencionados, muito colaborou para o ingresso e consolidação
das igrejas protestantes no país.
David Gueiros Vieira, em seu artigo sobre o tema, destaca que
a Maçonaria brasileira da segunda metade do século XIX, não
somente trabalhou em prol do protestantismo, como também
do liberalismo, da abolição da escravatura, do ensino laico, e
da proclamação da república, garantindo assim a separação da
Igreja-Estado, da qual todos usufruímos atualmente. Marcos
José Diniz Silva, inclusive, atentou para a guerra midiática
entre a Maçonaria e a Igreja Católica, a favor e contra o ensino
laico e a liberdade religiosa, por meio de seus jornais. Mas
foquemos aqui na questão religiosa.
Naquela época, os protestantes enfrentavam todo tipo de
boicote, desde aquisição de terrenos para igrejas, compra de
material de construção, mão de obra, até ameaças aos
sacerdotes e fiéis, e atos de vandalismo.
Há registro de casos de congregações religiosas que
funcionaram inicialmente nas dependências de Lojas
Maçônicas, que as ajudaram a construir seus próprios
edifícios. Há também registro de proteção maçônica a pastores
em suas pregações públicas em todo o interior do país.
As igrejas pentecostais e neopentecostais, que surgiram no
Brasil durante as décadas seguintes, usufruíram da base bem
fundamentada, construída pelos protestantes tradicionais
(históricos) com o auxílio dos maçons (muitos deles, também
protestantes).
No entanto, atualmente, o Brasil tem assistido outra crise de
ignorância, fanatismo e intolerância religiosa. Os noticiários
têm apresentado uma crescente onda de casos de intolerância

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contra, principalmente, religiões de origem africana.
Aqui mesmo, nas proximidades da Capital Federal, três
terreiros sofreram vandalismo e foram incendiados. Isso
mesmo: no entorno de Brasília, em pleno século XXI. Lojas de
artigos de umbanda também foram depredadas em Belo
Horizonte.
Isso sem contar os casos quase que diários de agressão física,
até mesmo a uma menina no Rio de Janeiro, apedrejada por
ser adepta do Candomblé, e outra em Curitiba, agredida dentro
de sala de aula pela mesma razão. Cada uma em um canto do
país. Ambas, vítimas do que é uma clara afronta aos Direitos
Humanos e à Constituição.
Infelizmente, alguns sacerdotes de certas vertentes
evangélicas, também tomados pela ignorância, vez ou outra
nos surpreende com discursos e propagandas antimaçônicas,
como já noticiado aqui no blog.
Suas memórias curtas ou, simplesmente, puro
desconhecimento (ignorância), levam-lhes ao erro de atacar a
Maçonaria, que tanto colaborou para a consolidação de suas
antecessoras e, consequentemente, de suas próprias igrejas
no país. É esse tipo de “ignorância sacerdotal” que incita a
intolerância, o fanatismo, levando indivíduos aprisionados a
suas fés cegas e má orientações espirituais a atos de
terrorismo como os mencionados.
Espero que nossas Obediências Maçônicas abracem
novamente a causa do combate à intolerância religiosa, como
fez há 150 anos. A reforma política já tem a atenção de grandes
instituições, como o MPF – Ministério Público Federal, e a
CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

21
As minorias religiosas discriminadas não. Essa conquista
maçônica do passado, chamada de liberdade religiosa, está
seriamente ameaçada e merece mais uma vez nossa atenção.
Não podemos esperar que as difamações contra a Maçonaria
se transformem em apedrejamento de maçons e incêndio a
Lojas Maçônicas para agir.
– See more at:
http://www.noesquadro.com.br/2015/10/maconaria-tolerancia-religios

22
MAÇONS, "LIVRES-PENSADORES”...

January 13, 2016

Aqui há uns tempos em conversa com um amigo sobre


determinado tema, disse-lhe eu isto: “eu apenas te mostro
o mapa, caberá a ti escolheres o caminho”. E de fato esta é a
realidade em que temos de viver. Ou seja, nós somos as
nossas “escolhas”, nós somos as “decisões” que tomamos e
as ações que decidimos praticar.
Por mais que uns nos digam para irmos para a “esquerda”,
outros para a “direita” e alguns inclusive nos digam para
seguir pelo “meio”, a decisão final sairá de nós próprios, da
nossa vontade, independentemente das indicações e dos
conselhos que recebamos e que possam nos auxiliar na
decisão a tomar.
Se decidirmos agir de certa maneira, coincidindo ou não com o
que a generalidade ou somente com o que alguns considerem
sobre tal, foi a nossa mente que o decidiu.
Assim, todos nós na nossa Vida somos - e seremos sempre -
responsáveis por aquilo que decidirmos, sejam ações ou
palavras e até mesmo pelos mais simples pensamentos.

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- Fomos nós que os criamos/produzimos, logo somos nós
responsáveis por eles, por inerência-.
Por mais influências que recebamos externamente, é o nosso
íntimo, o nosso “Soi”, que irá efetuar a escolha do que
concretamente iremos fazer.
Será a mais correta?!
Será a mais eficaz?!
Será a mais proveitosa?!
O que sabemos é que é a nossa decisão e apenas isso. Foi o
que optamos por decidir. E que tal decisão seja sempre
tomada em consciência com os princípios que advoguemos e
com os quais nos sintamos devidamente identificados.
-Sejamos honestos, íntegros e coerentes nas nossas
decisões!-
Os maçons, “livres-pensadores” como orgulhosamente se
assumem, devem ter bem a noção de tal. Não bastará assumir
algo ou determinada coisa para depois não se praticar isso na
realidade.
É sempre esperado que um maçom use o seu bom senso e os
seus bons costumes para decidir, se possível sempre, da
melhor forma possível face às situações que a vida lhe
apresenta.
-Tem o dever de agir dessa forma!-
O que poderá acontecer, e muitas vezes é inevitável tal, é que
nem sempre as decisões tomadas possam ser as melhores ou
mais corretas, uma vez que o maçom, tal como outro ser
humano qualquer, também erra, mas como maçom tem a

24
obrigação de aprender com esse erro e evitá-lo no seu futuro.
E aqui assumo que os maçons também erram, infelizmente
algumas vezes e talvez, digo eu, vezes demais. Mas como o
maçom é alguém que busca evoluir espiritualmente, ele
também estará susceptível de efetuar mudanças no seu
comportamento; logo também as suas decisões serão
influenciadas pelas mudanças/ “transformações” que sofrer e
as suas atitudes se revelarão melhor no seu comportamento e
caráter. Tudo isto em prol do seu auto-aperfeiçoamento
enquanto ser humano.
Isso será o tal “polimento”, o tal “burilamento da pedra bruta”
que na Maçonaria tanto se fala.
Os vícios ou erros comportamentais que possam ter existido
na sua conduta no passado, deverão ficar aí mesmo, no
passado. E “como de passado apenas vivem os museus”
(como é usual se afirmar), no momento da Iniciação, no
momento em que o recém neófito encontra a sua primeira
centelha da Luz, nasce como uma nova pessoa, um “novo
Homem”, e como tal terá acesso a “ferramentas sociais e
espirituais” que poderá utilizar para melhor atingir o seu
“nirvana”, por assim dizer.
O que interessa por vezes não é o mapa, mas o caminho que
se seguiu, mesmo para o nosso auto-aperfeiçoamento, o que
importa é que decidimos livremente as decisões que tomamos
e que escolhemos sempre, mediante o que a vida nos vai
apresentando e mediante as condições que temos, mas que
foram as melhores decisões que consideramos que podíamos
e/ou devíamos tomar ou ter tomado. Isso sim é o mais
importante nisto tudo.

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Este caminho que seguimos é feito sozinho(somos nós que o
temos que fazer), mas não é solitário (pois outros o fazem
também) e temos ter a consciência e a noção disto.

Se olharmos para o lado veremos alguém a viver as mesmas


situações ou outras, com decisões tomadas semelhantes ou
completamente diferentes daquelas que, se fosse conosco,
tomaríamos. A vida é isto mesmo, cheia de imponderáveis e é
essa uma das mais valias de viver, a cada passo dado, a cada
momento, nunca sabemos o que se seguirá, apenas o
podemos tentar prever e nada mais.
O que concluindo posso afirmar é que independentemente das
decisões e escolhas que tomemos, somos nós que o
deveremos fazer e não outrem. E por elas nos
responsabilizarmos. São estas decisões que nos definem
como pessoas!

A grande diferença que temos em relação aos restantes seres


vivos é a nossa “massa cinzenta” e que é devido a ela que
pudemos livremente pensar.

É altura de a começarmos a valorizar mais e principalmente em


começá-la a usar de uma forma correta e eficiente.
E posto isto, porque não… pensar?!
Do Blog: A Partir Pedra

26
DO PACTO E DA UNIÃO

January 16, 2016

O dicionário registra que Pacto é ajuste, contrato, convenção e


que União é junção, coesão, concórdia, harmonia, UNIDADE...

Para celebrar um PACTO é necessário entendimento; para


alcançar a UNIÃO basta o Amor...

O estado de tensão nascido da crise dos valores do final de


século XX leva o maçom a redimensionar seu papel na
sociedade.

Preocupado não apenas com a cidadania, urge ao homem


moderno defender e lutar pela preservação dos costumes e do
meio ambiente.

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Esta luta será, sem dúvida, um desafio para a maçonaria.
Unida, forte e progressista a maçonaria tem um vasto campo
de atuação visando ao progresso da humanidade, basta cada
maçom dedicar sua cota de participação, desprovido de
preconceitos e conservadorismo a serviço de sua Loja e da
Sociedade.

Num momento de contrastes e confrontos, é bom lembrar que


o Padre Antônio Vieira foi recolhido à prisão de 1665 a 1667.
Aquele grande orador sacro foi defensor do capitalismo
judaico e dos cristãos novos porque via no monopólio
comercial a saída para os pequenos comerciantes que
prosperariam na nova terra denominada Brasil.

Contra si teve o vociferar da burguesia cristã e não se


intimidou na defesa dos indígenas e pequenos colonos. Vieira
fez das matas o palco para sua pregação religiosa aos
indígenas e do púlpito tribuna para seus comentários políticos.

Neste início de século cabe-nos, como obreiros da arte real,


sedimentar a UNIÃO em prol do bem comum, assimilando a
lição e os exemplos do PREGADOR Antônio Vieira, que, um
dia, assim se expressou:

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A UNIÃO “As obras da natureza e as da arte todas se
conservam, e permanecem na união; e todas, na desunião, se
desfazem se destroem e se acabam. Uma união de pedras é
edifício; uma união de tábuas é navio; uma união de homens é
exército. E sem esta união tudo perde o nome, e mais o ser. O
edifício sem união é ruína; O navio sem união é naufrágio; o
exército sem união é despojo. Até o homem (cuja vida consiste
na união da alma e corpo) com união é homem; sem união é
cadáver.”

Geraldo Ribeiro da Fonseca MM. Centenária Loja Maçônica


Regeneração Barbacenense Barbacena - MG

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O BODE NA MAÇONARIA

January 19, 2016

“E não me chamem de bode, pois eu prezo por um bom


banho”
Dentro da maçonaria, muitos desconhecem o nosso apelido de
bode.
A maioria dos maçons desconhece totalmente sobre “O Bode”,
pelo contrário, quando ingressam na maçonaria, descobre que
não há bode nenhum. Daí, muitos não se interessam em saber
a origem dessa crendice.
Então de onde vem está historia de bode?
Os maçons por brincadeira alimentam essa fantasia, ou por
diversão, ou para manter longes pessoas indesejadas e muitas
vezes até mesmo para testar se o candidato a maçonaria se
deixa levar por essas brincadeiras.

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Também é comum, entre os próprios maçons, se referem a
outros maçons como bode.
Exemplo:
- “Essa festa está cheirando a bode!” – quer dizer – “Essa festa
está cheio de maçons”
- “Fui ao hospital, e o médico era bode.” – quer dizer – “Fui ao
hospital, e o médico era maçom.”
Outra brincadeira comum é uma expressão dita ao candidato
que está prestes a ingressar na ordem.
-”Estás preparado para sentar no bode?”
Realmente, parece assustador de primeira mão. Mas essa
expressão é usada para testar se o candidato se deixa levar
pelas crendices.
Na verdade quer dizer: “Estas preparado para ingressar na
maçonaria?”
Assim como em palavras o bode virou mania entre os maçons.
Adesivos de carro, chaveiros, camisas, bonés, bonecos e até
estatuetas são visto entre o meio maçônico. Hoje, o bode,
virou uma brincadeira
Sendo que, o povo ainda acredita nessa tolice. Então se não
fores maçom pensa bem no que acabara de ler, e não deixe
que fundamentalistas fanáticos induzam a sua visão contra a
Maçonaria.
Então de onde vem está história de bode?
É um tratamento que se dá; o que significa trabalhar em
segredo. Essa preocupação dos Maçons se dá em razão de
que no passado, as perseguições do Santo Ofício levavam à
tortura e ao sacrifício inúmeros Irmãos, no intento de

31
arrancar-lhes os segredos ou conhecimentos acerca daquilo
que protegiam com muita dor e coragem, podendo ser,
inclusive, assuntos conspiratórios contra a coroa, ou o
império, posto que o combate à tirania e ao obscurantismo
fazia parte da grande ocupação de que tratavam os “bodes” na
maioria dos Templos Maçons.
Assim, a figura do Bode, que ficou conhecida como símbolo
do segredo, do silêncio e da confidencialidade entre os Irmãos
de todas as Obediências e Ritos, fez com que adotassem a
enigmática caricatura desse animalzinho como uma
identificação e reconhecimento entre os membros da
fraternidade dos pedreiros livres, e que sobre esse costume
muitas brincadeiras se realizem nas iniciações ou nas
comunicações bem humoradas entre Irmãos.
No livro de Daniel (12: 4); o Senhor ordena que o profeta lacre
e guarde em segredo as palavras de uma mensagem expressa
em um determinado livro até o fim dos tempos.
Mais adiante, no mesmo capítulo, nos (vs. 9 – 10), diz o
Senhor: “Vai Daniel, porque estas palavras estão fechadas e
lacradas até o tempo do fim. Muitos serão purificados,
esbranquiçados e refinados, mas os transgressores
procederão iniquamente, e nenhum dos transgressores
entenderá, mas os sábios entenderão”. Fiel às instruções do
Senhor Deus, Daniel guardou e os de hoje prosseguem
guardando o segredo recomendado por Deus.
Embora guardar sigilo na Ordem Maçônica vem desde sua
origem; a notícia remonta do período dos apóstolos, por volta
do terceiro ano depois de Cristo quando eles se dirigiram a
várias localidades para pregar o evangelho. Os que foram para

32
a Palestina, ficaram surpresos com o costume do povo judaico
em falar ao ouvido de um bode, um animal muito presente na
cultura do povo judeu daquele período.
Os apóstolos de Cristo, ao buscarem saber as razões que
sustentavam aquela postura, os palestinos davam o silêncio
como resposta. Até que um Rabino de uma comunidade, em
atenção à indagação do apóstolo Paulo, respondeu-lhe que tal
procedimento era (e ainda é parte, até hoje em algumas aldeias
do território Israelense) de um cerimonial judaico para
expiação de pecados e erros, cujo povo tem o bode como
confidente.
Confessar erros e pecados ao um bode, junto ao seu ouvido,
segundo o mencionado ritual, assegura ao pecador de que, os
segredos de seus delitos confessados ficam guardados, tendo
em vista que bode não fala. O confessionário na Igreja Católica
foi instituído anos depois, cuja instituição garante ao pecador
o voto de silêncio por parte do sacerdote-confessor.
Perseguida pelo governo papal do Vaticano, por discordar
frontalmente das instituições oficiais do seu poderoso império,
com que a Igreja subjugou, humilhou e matou nas fogueiras da
Inquisição milhões de pessoas, muitos maçons foram presos e
submetidos aos inquisidores que a todo custo buscavam
arrancarem deles confissões sigilosas de domínio da Ordem
Maçônica, semelhantes as que o Senhor recomendou ao
profeta Daniel fechar e lacrar até o tempo do fim.
Um dos inquisidores Chasmadoiro Roncalli, um reconhecido
perverso dos quadros da Igreja, chegou a desabafar, com um
superior seu:

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“Senhor, este pessoal maçom parece bode, por mais grave que
eu torne o processo de flagelação a que lhes submeto, não
consigo arrancar de nenhum deles quaisquer palavras.”
Remonta desse período a alcunha de bode com que se faz
referência aos cidadãos maçons, em todo o mundo, como
aquele que sabe guardar segredo.
Muitos associam a figura do bode ao demônio com que
buscam acusar a Maçonaria de práticas satânicas, com
argumentações integralmente destituídas da expressão da
verdade.
O nosso mais célebre e saudoso escritor Maçônico
Brasileiro Ir.’. José Castellani (In Memoria) escreveu.
A origem desta denominação data do ano de 1808. Porém, para
saber do seu significado temos necessidade de voltarmos no
tempo. Por volta do III ano d.C. vários Apóstolos saíram para o
mundo a fim de divulgar o cristianismo. Alguns foram para o
lado judaico da Palestina. E lá, curiosamente, notaram que era
comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal
muito comum naquela região. Procurando saber o porquê
daquele monólogo foi difícil obter resposta.
Ninguém dava informação, com isso aumentava ainda mais a
curiosidade dos representantes cristãos, em relação àquele
fato. Até que Paulo, o Apóstolo, conversando com um Rabino
de uma aldeia, foi informado, de que aquele ritual era usado
para expiação dos erros. Fazia parte da cultura daquele povo
contar a alguém da sua confiança, quando cometia, mesmo
escondido, as suas faltas; ficaria mais aliviado junto à sua
consciência, pois estaria dividindo o sentimento ou problema.

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Mas por que bode? – Quis saber Paulo. É porque o bode é seu
confidente. Como o bode não fala o confesso fica ainda mais
seguro de que seus segredos serão mantidos, respondeu-lhe o
Rabino. A Igreja, trinta e seis anos mais tarde, introduziu, no
seu ritual, o confessionário, juntamente com o voto de silêncio
por parte do padre confessor – nesse ponto a história não
conta se foi o Apóstolo que levou a ideia aos seus superiores
da Igreja; o certo é que ela faz bem à humanidade, aliado ao
voto de silêncio. O povo passou a contar as suas faltas.
Voltemos a 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe
dos 18 Brumário, se apresentava como novo líder político
daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e
começou a perseguir todas as instituições que não governo ou
a Igreja.
Assim a Maçonaria, que era um fator pensante, teve seus
direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se
reunir. Porém, irmãos de fibra na clandestinidade, se reuniram,
tentando modificar a situação do país.
Neste período, vários Maçons foram presos pela Igreja e
submetidos a terríveis inquisições.
Porém, ela nunca encontrou um covarde ou delator entre os
Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizer a
seguinte frase a seu superior:
- “Senhor este pessoal (Maçons) parece “BODE”, por mais que
eu flagele não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra”.
Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os
inquisidores, esta denominação: “BODE” – aquele que não fala
o que sabe guardar segredo.

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Conta um historia; que um sargento após o jantar sentado no
alpendre de sua casa observava a loja maçônica do outro lado
da rua e o movimento dos maçons em uma noite de segunda
feira data de reunião semanal dos mesmos e resmunga para si
mesmo.
- “Os bodes já estão chegando, coisa ridícula esses ternos
pretos que eles usam, eles não devem fazer coisa boa lá
dentro, nem janelas esse prédio tem, isso é coisa do diabo…”
Era sempre assim, até que em uma segunda feira especial para
os maçons, o movimento estava fora do normal, com um
grande numero de visitantes de fora, e no meio deles o
sargento reconheceu o seu comandante de companhia da
Força Pública, pois, o sargento comandava a força policial da
cidade, um cabo e quatro soldados. Quando terminou o
movimento e todos os maçons adentraram ao templo, o
sargento permaneceu um pouco mais, mas todo movimento da
rua cessara, com mais alguns resmungos contra os maçons,
onde já se viu o seu comandante também era da maçonaria,
com certeza já vendera a alma pro diabo, por isso, chegou a
Comandante da Companhia.
Entrou na casa perguntando para a esposa.
- Cadê o garoto?
- Brincando com as crianças ai na pracinha.
- Eu já vou deitar daqui a pouco você vá chamá-lo, já está tarde
para criança ficar na rua, ainda mais com os bodes em reunião
ai na frente.
- Deixa de ser ranzinza homem, os maçons não são bodes,
todos os que nós conhecemos são gente boas, até o prefeito é
maçom.

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Por volta de uma hora da manhã, o sargento sua esposa e o
filho de oito anos acordaram com os berros de um bode, os
berros vinham da loja maçônica, a família saiu até a rua, o
mesmo fazendo os vizinhos do lado, e todos admirados com
os berros de bode que vinham de dentro da maçonaria, o
prédio estava às escuras, fato que indicava que a reunião dos
maçons já havia terminado.
O sargento aproveitou para descer o pau nos maçons, e
deixou claro que iria tomar providências, entrou colocou a
farda e se dirigiu ao CLUBE 1932 SÃO PAULO AINDA DE PÉ;
pois era lá que os maçons se dirigiam após os trabalhos da
loja, em jantar de confraternização.
Enquanto se dirigia para o clube social, percebeu seu filho
seguindo-o, sorriu era bom que o filho o visse em ação.
Na portaria do clube pediu para que chamassem o prefeito,
pois tinha novidades.
- O que aconteceu sargento, algum fato grave? Perguntou o
prefeito.
- Isso é o senhor que vai dizer Senhor prefeito.
- Eu, por quê?
- É que lá na sua loja.
- Que loja sargento, eu lá tenho loja, até onde sei eu sou um
latifundiário bem sucedido na produção de grãos.
- Eu estou falando da loja maçônica, tem um bode berrando lá
dentro e não deixa ninguém dormir no quarteirão inteiro.
- Ah, o bode está berrando muito?
- Ta e eu tenho que tomar uma providencia o senhor me dê à
chave da loja, e com sua permissão é claro, vou entrar pegar o

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bode e levá-lo para o destacamento, amanhã o senhor vê o que
faz com ele.
Nesta altura já eram diversos os maçons junto ao prefeito
atraídos pela conversa, e os sorrisos disfarçados entre eles
não foi percebidos pelo sargento, mas o filho percebeu e se
mantinha firme ao lado do pai, todo orgulhoso.
O prefeito pediu um minuto para o sargento e se afastou com
os outros maçons uns metros e confabularam entre si, em
seguida o prefeito voltou acompanhado dos outros e disse.
- Sinto muito sargento não vai dar para o senhor interferir
neste caso.
- Porque, por acaso vou ter que aguentar o bode berrando a
noite toda?
- Isso mesmo, amanhã logo cedo damos um jeito no bode.
- Isso nunca e como fica a minha autoridade, vou lá e pego
esse bode ainda hoje, e levo pro destacamento.
- Se o senhor insistir nessa sandice, eu e os meus irmãos de
maçonaria não nos responsabilizam por sua vida.
O sargento se espertigou na sua autoridade perguntando.
- O que tem de especial esse bode, que pode atentar contra
minha vida se eu for lá pega-lo?
- Isso não podemos falar é segredo maçônico. Disse o prefeito
e dando uma piscadela para o menino.
- Mas. Retrucou o sargento.
- Nem mais nem menos sargento, a não ser que o senhor não
dê valor a sua vida, neste caso aqui está à chave, e se o
senhor for que Deus tenha piedade de sua alma. E estendeu a
mão com a chave para o sargento.

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O sargento pensou, pensou, olhou para seu filho e depois para
o prefeito dizendo.
- Bem se é assim, não vejo razão para me arriscar, porque eu
não sei, ou melhor, ninguém sabe o que vocês fazem lá dentro,
mas amanhã vou comunicar o fato ao meu comandante de
companhia.
- Puxa, se o senhor tivesse chegado dez minutos mais cedo,
falaria pessoalmente com ele, pois ele participou da iniciação,
mas acabou de sair do clube.
O sargento despediu-se do prefeito e comentou com o filho
enquanto se dirigia para casa.
– Eu hem, sabe-se lá que tipo de bode é esse, pode ser até o
demo, mas que amanhã eles tiram esse bode de lá; lá isso
tiram.
Depois desse episódio o sargento passou a conviver com o
fato de que jamais saberia o segredo dos maçons, e muitas
segundas feiras se passaram através dos anos, ele sentado em
seu alpendre observando o entre e sai dos maçons no templo.
O filho cresceu se tornou homem, lançou-se em direção a
outras paragens, firmou-se profissionalmente, foi sondado e
convidado a ingressar na maçonaria, aceitou e tornou-se um
irmão.
Lembrou-se do pai velhinho, não mais um sargento e sim
subtenente por força das promoções, qual seria a sua reação
de ver o filho como um maçom. E a reação foi aquela que o
filho esperava.
- Pai o senhor é um homem honrado, e sinto-me tranquilo no
que lhe vou falar agora, o que tanto o senhor questiona, vou

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lhe revelar o segredo da maçonaria e o que eu e os meus
irmãos fazemos dentro de uma loja maçônica como aquela.
Disse o filho apontando para o templo maçônico no outro lado
da rua.
- Pai o que nós fazemos lá e o grande segredo, não…
(Autor desconhecido)

40
OS QUATRO ELEMENTOS

January 21, 2016

O estudo das forças ocultas da natureza presente nos quatro


elementos e seus elementais são comuns a todas as culturas
por tratar-se de uma necessidade latente do ser humano.
A Iniciação Hermética quase sempre têm início com base nos
quatro elementos grosseiros da natureza: ar, terra, fogo e
água. A partir de uma evolução interior, o iniciado passa a
estudar os quatro elementos em sua forma mais sutil, através
de uma analogia entre o material tangível e o abstrato,
psíquico ou espiritual.
Vejamos uma breve análise sobre cada um dos elementos,
elaborada por mim, tendo por base os estudos sobre
Hermetismo ao longo dos últimos anos. Tal síntese será
apresentada em uma sequência ordenada de tal forma, que
possa sintetizar da melhor maneira possível, a natureza dos
elementos de acordo com a ideologia espiritualista proposta
pelo nosso site.
Assim; poderemos obter uma visão mais ampla e maior
compreensão, acerca dos nossos processos criativos

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interiores em suas diversas fases:
AR
O ar representa o meio onde todas as ações e realizações
humanas têm seu início; o nosso mundo das idéias.
Espiritualmente falando, representa o éter ou plano astral que,
em linguagem mais moderna, pode muito bem ser chamado de
psique ou inconsciente.
É também o elemento representante da mente com suas
frequentes transformações. O elemento ar está dessa forma,
diretamente associado ao pensamento e, segundo diversas
correntes herméticas é governado por elementais
denominadas Fadas.
FOGO
O fogo representa o desejo, à vontade, a mudança, a
purificação, a transformação, a energia da ativação que em
termos estritamente espirituais, pode ser representado pelo
poder da fé. Segundo o hermetismo tradicional, esse elemento
é governado pelas Salamandras e tem um significado
espiritual muito forte por representar a Energia Divina.
Em quase todas as religiões que se utilizam de rituais, o fogo é
utilizado como forma de representação da Luz Divina. As
velas, as fogueiras são objetos que representam a força desse
elemento.
ÁGUA
A água, segundo a maioria das correntes herméticas, está
relacionada às emoções do inconsciente; emoções que nutrem
os nossos sonhos e ideais na vida; pode muito bem
representar no processo espiritual construtivo, a energia da

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esperança que alimenta e mantém ativa a fé ou a crença do
iniciado.
Elemento governado pelas Undinas e de caráter feminino em
sua essência. Ativa a intuição e a emoção. Os espelhos
mágicos dos ocultistas podem ser objetos que muito bem
representam esse elemento.
TERRA
A terra representa, hermeticamente falando, o lado visível da
vida ou a manifestação concreta de todas as sementes que
germinam no mundo das idéias, mediante a ação concreta do
Iniciado. Esse elemento ativa nossa energia interna para a
realização e para a ação de coisas concretas.
Representa ainda o nosso próprio organismo e tudo o mais
relacionado ao mundo material. Geralmente, em hermetismo,
esse elemento pode ser representado pelo símbolo da cruz
que alegoriza a materialização da essência divina. Os Gnomos
são elementais que governam o elemento terra, segundo os
ocultistas.
Simplificando:
Tudo começa com o elemento ar, no mundo das ideias, onde
predomina o caos de pensamentos e crenças variadas que
desprendem energia aleatoriamente e sem foco.
A partir de uma introspecção do Iniciado pelos recônditos
misteriosos do Ser, predomina o elemento fogo, representando
aqui a energia da vontade direcionada(a fé).
Em seguida deve predominar o elemento água, representativo
do sentimento de convicção que deve nascer do fogo secreto
da fé, transformando essa crença inicial em uma esperança

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constante, vital para a concretização do processo criativo.
Finalmente surge a predominância do elemento terra,
representando a materialização da vontade que surgiu dos
recônditos interiores do ser. Essa é a forma que escolhi para
representar o simbolismo dos quatro elementos em nosso
processo de criação de coisas psíquicas, espirituais e até
físicas.

Quem puder compreender; compreenda.


Para finalizar esta análise, vejamos a seguir um trecho extraído
do meu livro Alquimista por Acaso, que tão bem exemplifica a
natureza espiritual dos quatro elementos:
Naquela noite, ao cair na cama, simplesmente me apaguei em
um sono profundo. Não sei se devido à ansiedade latente da
minha busca frustrada, pouco antes do alvorecer, tive uma
série de sonhos, todos relacionados ao tesouro perdido.
Um deles, porém, chamou muito minha atenção. Aconteceu um
pouco antes do despertar. No sonho eu estava a escavar o
solo em um imenso buraco que já havia feito sob a árvore
quando, de repente, ouço uma voz ressonante de um homem
que estava à beira do buraco que, nesse momento já havia se
transformado em um túnel escuro, no qual eu estava imerso.
Paulo – dizia o homem misterioso, desista. O tesouro que
estás buscando é verdadeiramente encantado e só
conseguirás teu intento quando estiverdes apto a quebrar tal
encanto.

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-Como posso fazer isso? Perguntei.

-Poderás quebrá-lo somente de duas maneiras: pelo


sofrimento ou pelo conhecimento. Escolhendo o sofrimento
escavarás sem parar por toda a extensão dessa mata. Através
desse sacrifício desesperado poderás por sorte encontrar o
tesouro em alguns anos.
Se por outro lado, escolherdes o caminho do conhecimento,
deverás seguir fielmente as instruções e com sorte, no tempo
prometido, encontrarás o que buscas.
– Qual das opções, devo seguir? – perguntei já sabendo qual
seria a resposta.
– O caminho do conhecimento é mais suave e menos
doloroso – respondeu-me a voz. Pelo sofrimento levará anos
para encontrar o seu tesouro. Seguindo a senda do
conhecimento revelado pelas forças da natureza, ainda
poderás atingir o objetivo no prazo estipulado.
– Como posso fazer isso? – perguntei gritando a ele do fundo
do imenso buraco.
– Deves buscar a mistura dos quatro elementos na sua forma
sutil e não na forma grosseira – respondeu-me o homem.
– Como assim? – Insisti. Não entendo o que quer dizer.
– O ar, a terra, a água e o fogo, portanto, elementos superiores;
não os ordinários, respondeu-me ele.
– Continuo não entendendo o que significa isso – insisti.

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– Deves buscar os quatro elementos dentro de você –
respondeu.
– Como conseguir tal intento?
– Não posso dar mais detalhes porque você deve ser digno do
tesouro por seu próprio esforço. Apenas posso falar a respeito
do significado dos quatro elementos no homem: o fogo
representa um forte desejo, a água representa o sentimento
que o nutre e a terra representa a manifestação desse desejo
mediante a lei universal irrevogável de causa e efeito.
– E o elemento ar? – Perguntei-lhe.
– O ar representa o éter, meio onde tudo se manifesta. Buscai
e encontrareis a mistura dos elementos dentro de si. Esse é o
segredo para o seu tesouro. Agora saia desse buraco porque o
tesouro não está aí no escuro. Ele está na luz.
Estas foram as últimas palavras ditas pelo homem misterioso
em meu sonho antes do despertar. Quando pensei em fazer
mais algumas perguntas acordei assustado com a incrível
lucidez vivida naquele sonho. Parecia um fato real.
O buraco escuro do sonho mostrou um relevante contraste
mediante a luz que agredia meus olhos pelo vidro da janela.
Eram os primeiros raios do sol, anunciando o nascer de mais
um dia.
Do livro: Alquimista por Acaso

46
PARA SER UM VERDADEIRO MAÇOM

January 23, 2016

Maçom é dado logo perceber que há apenas uma loja


maçônica, o Cosmos, e um dos irmãos maçônicos Irmandade,
independentemente de ritos maçônicos, em graus ou
hierarquias, composto por todos aqueles lá e movimento
qualquer um dos planos da maçonaria, maçônico ou sem
regularidades.
Você sabe, além disso, que o lendário Templo de Salomão é
verdadeiramente o Ser Humano Solar: - Sol - interiorização Eu
então Superior, Rei do Universo interior, manifestando-se
através dos construtores primários.
Ele percebe que seu voto de irmandade e fraternidade
universal, e que minerais, plantas, animais e homens, estão
todos incluídos no verdadeiro maçônico fazer.
Seu dever como um grande construtor com todos os reinos da
natureza para a sua obra, a grande obra, a distingue como o

47
criador solar, que preferem morrer a perder seu grande
arquiteto obrigação.
Ele dedicou sua vida no altar da consciência purificada, e está
ansioso para servir ao menos através dos poderes recebidos
de uma hierarquia superior.
O místico, adquirindo olhos para ver além da escrita ritual,
Maçom reconhece a unidade maçônica, expressa através da
diversidade de formas.
A verdade mais profunda Maçom Maçonaria tem sempre do
lado esquerdo de seu culto de personalidade.
Com a sua penetração poderosa, ele percebeu que todas as
formas existentes e sua posição sobre assuntos materiais não
são importantes para ele em comparação com a vida que está
se desenvolvendo dentro de si mesmo.
Qualquer um que permite que as aparências ou manifestações
mundanas de entre as tarefas a si mesmo tenha sido atribuído
no decorrer da vida maçônica é um fracasso, porque a
Maçonaria é uma ciência abstrata, cujo objetivo final é o
desenvolvimento harmonioso de Ser.
A prosperidade material não é uma medida para a ampliação
de seu ser.
O verdadeiro Maçom percebe que por trás destas várias
formas, não é, ligado ao princípio da Eternidade: o esplendor
da criação, em todas as coisas vivas.
É esta vida que ele considerava quando se mede o valor de
seu irmão.
É esta vida para a qual ele apela para reconhecer a unidade
espiritual.

48
Ele entende que a descoberta dessa centelha de Deus é o que
ele um membro consciente da Grande Loja Cósmica faz.
Acima de tudo, você deve vir a entender que divino sol
centelha brilha tanto no corpo de um inimigo como no mais
querido irmão.
O verdadeiro Maçom aprendeu a ser eminentemente impessoal
em pensamento, ação e desejo.
Por: Raul Emilio Ruiz Figuerola

49
AS DUAS COLUNAS EXTERNAS DOS TEMPLOS

January 25, 2016

Desde as épocas mais remotas da Civilização, a mente humana


se volta para os “deuses” na procura de esclarecimentos e
auxílio divino para a vida cotidiana.

Temerosos e, consequentemente, devotos, os primitivos


ofertavam comidas, objetos e sacrifícios para aplacar a ira dos
“deuses” que se manifestava pela intempérie e animais
selvagens. O local onde eles faziam essas oferendas era “solo
sagrado”, provavelmente, num recanto sombrio de uma
floresta, e só os mais “esclarecidos” podiam fazê-las.

Com a evolução e certa estabilidade, o ser humano rudimentar


tornou-se observador do céu e do horizonte. E ele começou a

50
perceber que o Sol (sem dúvidas um dos deuses) nem sempre
sumia no horizonte no mesmo local.

Percebeu que o Sol se deslocava para a direita por um


determinado tempo. Parava por um período e retrocedia no
sentido contrário e parava novamente, agora no lado oposto. E
repetia tudo novamente.

Percebeu, também, que a claridade (horas de sol) variava com


esse deslocamento. E, mais importante, associou o tempo frio,
a neve, a alta temperatura, as chuvas, etc. com esse
deslocamento, e com a melhor época de plantio, de enchente
dos rios, etc.

Com isso, o “solo sagrado” foi deslocado para o cume de um


pequeno monte, onde o sacerdote podia observar o horizonte
e verificar onde o Sol estava se pondo e fazer seus presságios
dos sinais observados. Para melhor controle, os sacerdotes
colocaram nos dois extremos atingidos pelo Sol, duas estacas,
que posteriormente se transformaram em colunas.

O “solo sagrado”, agora fixo num determinado local, recebeu


para melhor proteção dos sacerdotes (augures) uma cobertura,
e posteriormente, paredes feitas de pedras, transformando-se

51
num Templo do passado.

Devo esclarecer que a palavra Templum vem do latim e era a


denominação dada a essa faixa do horizonte, entre as duas
colunas, onde as adivinhações eram feitas. O
Sacerdote contemplava aquela região e tirava as conclusões.

Com o passar dos tempos, os Templos, locais agora onde os


adoradores iam rezar e fazer suas oferendas mantinham na
frente, na parte externa, as duas colunas. Virou
tradição. Todos os Templos construídos, mesmo sem saber o
“por que” daquilo, tinham que ter as duas colunas.
Hoje nós sabemos que o deslocamento do Sol é aparente
(quem se desloca é a Terra) e os pontos assinalados pelas
estacas são os Solstícios (de Inverno e de Verão) e o meio
deles assinala o Equinócio.

Fonte e autor:
Alfério Di Giaimo Neto - MI

52
A VIRTUDE E A MAÇONARIA

January 26, 2016

“O que entendeis por virtude?” ( pergunta de Apolo aos


discípulos de Elêusis, Séc VI a.C.) 1- A virtude para os Gregos
Virtude na Grécia Clássica era a Areté, um termo que significa
a excelência, o máximo, o melhor, a força e o vigor, o
esplendor ou o sublime.

Ser virtuoso equivalia a ser o modelo ideal de cidadão no


contexto da pólis.

A vida boa, a vida digna e justa que os gregos deveriam


almejar e cultuar era a opção dos melhores, ou seja, dos
daqueles coroados pelas virtudes. Sócrates afirmava que
virtude era a prática da excelência. Já Aristóteles dizia que a
virtude são práticas ou hábitos que nos levam para o bem. A
dúvida que surge, nesta colocação, é como definir com clareza

53
o que seria uma vida boa.

Qual seria o perfil de homem que os gregos antigos


consideravam como exemplo a ser seguido? Os gregos
acreditavam que o mundo era perfeito. Tudo que existe teria
uma finalidade, um sentido e uma missão a cumprir. Isso
ocorreria para todos os entes e para os infinitos fenômenos da
natureza.

Como a chuva, os bodes e as acácias, cada elemento teria sua


razão de existir e comporia o universo regido por uma lógica,
que eles chamavam de logos, que seria uma espécie de
“princípio criador”.

Este ente original teria orquestrado um projeto arquitetônico


belo e harmônico, onde tudo obrigatoriamente deveria
funcionar de forma justa. O traçado do mundo, feito por este
arquiteto supremo, era uma obra de arte – e como toda obra de
arte não haveria um traço, uma letra, um tijolo ou pedra
colocada aleatoriamente na planta. Tudo tinha que estar onde
exatamente devia estar. Uma peça que não se encaixasse no
desenho da prancheta seria uma hybris, equivalente a um
simulacro ou uma aberração.

54
Assim, não há opção de vida alternativa – ou de alterar o seu
destino – aos fenômenos naturais, como um rio que flui para o
mar ou como um terremoto que abre a terra, ou para os
animais, como um bode que nasce-pasta-reproduz e morre.

Dentre todas as criações existentes, haveria apenas uma que


teria o potencial de viver fora de seu objetivo primordial
traçado a priori pelo arquiteto criador: o homem.

O ser humano teria condições de navegar contra a sua


natureza. Isto ocorre quando a pessoa desconhece seus
verdadeiros talentos, ou quando apesar de descobri-los não os
exerce na plenitude. Portanto, o primeiro degrau da escada
para a jornada em busca da vida virtuosa refere-se ao
emblemático processo denominado de autoconhecimento –
gnouti sauthon em grego.

Todos tem que se auto-analisar. Como afirmava Sócrates,


“uma vida não avaliada não merece ser vivida”. Os talentos
foram dados para que cada ser humano possa desempenhar
sua função no grande projeto arquitetônico do universo. Não
foram aptidões agregadas por acaso, dizia o mestre de Platão.

55
Para o ethos grego, portanto, a vida boa é aquela vivida de
acordo com o exercício pleno das aptidões naturais que o
logos concedeu a cada cidadão. Esta seria a forma virtuosa de
viver: descubra para que você veio ao mundo, e realize com
força e vigor o seu destino, seja ele qual for. Se um homem
não descobre para que serve, ou se apesar de saber não tem
força moral para exercer estes dons com excelência, estaria no
caminho do vício.

O vício, para os gregos, é a vida exercida fora do planejado.


Como exemplos desta condição não ideal, imagine Mozart
como um comerciante, Van Gogh como um pastor ou Pelé
como um funcionário público. Seriam casos exemplares de
hybris, ou de virtudes degeneradas.

O que chama a atenção nesta perspectiva grega da virtude é


que não importa o tipo de talentos que o indivíduo possui. Não
interessa se ele os usa para as chamadas boas ações ou para
ações nem tão boas assim, quando analisadas pelos critérios
de certo e errado dos inúmeros códigos de ética mais atuais.

Os virtuosos, devidamente funcionais na máquina universal,


Para os gregos somente os talentosos e que exercem suas
aptidões na plenitude poderiam dirigir com excelência os
destinos da polis. Assim, o ideal da vida grega ou a prática do
bem se refletiria na boa condução dos negócios das cidades,

56
condição esta exclusiva aos virtuosos.

A virtude para os Cristãos A virtude para os cristãos tem outro


significado. Agora a preocupação com a possibilidade de se
conquistar uma vida boa e digna se refere a ter acesso à
cidade de Deus. Os bons cristãos devem exercer alguns
hábitos e práticas formuladas por Deus que ficaram
conhecidas como virtudes teleológicas: fé, esperança e amor
(caridade).

Por este prisma os talentos individuais nada representam em


termos de se alcançar o ideal de vida. O que importa é a crença
em Deus, a esperança de perspectivas melhores no futuro e o
bem cuidar do próximo.

A virtude na Modernidade Em meados do século 18 uma nova


figura surgia no esplendor das luzes pós Renascença: o
homem moderno. A razão esclarecida passava a ser o
timoneiro dos pensamentos, dos atos e das omissões dos
doutos iluminados. Tudo que existia até então teria que passar
pelo crivo da capacidade questionadora das mentes livres e
conscientes. Este novo homem racional se reinventou
enquanto “ente-no-mundo”.

57
Uma vez que passara a questionar todo e qualquer
pensamento, este pensador exercia uma autonomia. Criou-se,
assim, o sujeito, o indivíduo, o “”eu-senhor-de-si ou o ego
condutor dos próprios destinos. Com imenso poder de
devastação sobre as concepções anteriores do que seria uma
postura virtuosa, a razão e o sujeito moderno ditavam quem
tinha ou quem não tinha o direito de gozar uma vida reta.

A virtude grega e cristã perdia fôlego – o modelo agora era a


vida calcada em uma espécie de virtude racional, exercida
através do mote “Cogito Ergo Sum” cartesiano.

O novo ethos representava uma libertação de todas as formas


de tutela ou de concepção metafísica: o homem como sujeito
seria o suficiente para gerar todo sentido e todos os
significados para a vida plena.

O homem, como figura subjetiva, não dependia mais de


nenhuma instância superior a si para explicar ou justificar o
universo, enquanto projeto arquitetônico ou enquanto obra
divina. Tudo se resumiria ao indivíduo, completamente livre e
por isso mesmo igual a todos que existem – os ideais de
liberdade e de igualdade surgem com o homem moderno.

58
A virtude na Contemporaneidade Já na pós-modernidade a
definição de virtude se altera. Com a derrocada dos valores
modernos, devido à crise moral da ciência e da razão enquanto
vertentes moduladoras da boa vida, algo novo aparece no
horizonte dos caminhos do homem.

Com a explosão dos meios de comunicação de massa,


somado ao incremento na industrialização e na produção de
bens de consumo (a revolução industrial começou no século
18, mas seu apogeu ocorreu logo depois da II grande guerra), e
tendo ainda a recente intensificação brutal da globalização de
informações e de pessoas pelas conexões da internet, ser
virtuoso na contemporaneidade equivale a ser um bom
consumidor dos produtos – tangíveis e intangíveis – que o
mercado oferece ininterruptamente.

Melhor explicando: o caminho da boa vida é o caminho do


consumo. Esta é uma consequência lógica do sistema
capitalista. E atrelado a este consumismo vem todo um estilo
de vida de alta rotatividade, de relações fluidas – ou líquidas,
como diz Bauman – de hedonismos fugazes e de aparentar
uma felicidade abstrata e plastificada. Independentemente da
forma como interpretamos o que seriam as virtudes ideais que
todo cidadão “de bem” deve respeitar e praticar trata-se de
um conjunto de valores que determinam um condicionamento
de comportamentos ou um adestramento das aptidões
individuais que ocorre com raridade entre os homens.

59
Mais que isso, são metas ou objetivos transcendentais que a
maioria das pessoas não vai conseguir atingir, por questões
de limitações pessoais ou morais.

Em outras palavras: todos querem ser e se dizem muitas vezes


virtuosos, mas na realidade isto não ocorre.

O ser humano, com raras exceções, exercem em sua vida


privada e pública apenas uma interpretação caricata e bufona
dos papéis virtuosos elencados ao longo das eras. Esta
máscara “de bonzinho” que é tão fartamente utilizada é
apelidada de “vício”.

O vício é a caricatura, o fake, o simulacro da virtude. A


sociedade nos diz “seja virtuoso”, mas se não for possível que
seja pelo menos aparentemente virtuoso.

(*) Irmão Carlos Alberto Carvalho Pires, M.M.


ARLS. Acácia de Jaú 308 – Or.’. de Jaú SP

60
SOIS MESMO MAÇOM? TENHO DÚVIDAS!

January 28, 2016

Ser um iniciado não significa ser um maçom, há quem passe


uma vida inteira na maçonaria sem conseguir ser um maçom.
Ser iniciado, na maçonaria, é assumir o dever de procurar
dimensionar e viver uma nova situação social mais humana e
progressista, que leve o planeta a uma melhor condição de
vida, ser justo e perfeito na condução desse dever, estando
todo o tempo voltado para sua lapidação interior e para o
melhor aperfeiçoamento do ser humano universal.
Estar na maçonaria, ser um iniciado, é de imediato absorver e
se adequar as seguintes condições básicas:
1. ser honesto
2. ser sincero
3. ser fiel
4. ser patriota
5. ser justo
6. ser trabalhador

61
7. ser organizado
8. ser estudioso
9. ser um líder
Isso é ser um iniciado, é condição primária para estar na
maçonaria. Ser maçom é outra coisa.
Ser maçom envolve, além disso, tudo, uma condição espiritual
e filosófica aonde ainda vem-se a somar:
10. ser fraterno
11. ser tolerante
12. ser apaziguador
13. ser caridoso
14. ser humilde
15. ser compreensivo
16. ser generoso
17. ser educado
18. ser justo
19. ser verdadeiro
20. ser um bom exemplo
Esses 20 ingredientes juntos, misturados em proporção social
adequada, é que formam a argamassa que molda os
verdadeiros maçons.
O maçom verdadeiro é um ser humano especial diferenciado
das outras pessoas, com o dever de melhorar e modificar a
humanidade através de seu bom exemplo.
O maçom verdadeiro tem que ser virtuoso e obstinado em sua
missão de melhorar o mundo através da melhoria do ser
humano e não deve nunca, por convicção, desistir ou se

62
afastar desse objetivo.
Vamos ver sobre você que me lê agora e que está como
membro integrante das hostes maçônicas. Farei algumas
perguntas terríveis a se responder, vamos lá:
- já mentiu de forma caluniosa sobre algum irmão?
- já quebrou a palavra empenhada a algum irmão?
- já conspirou contra algum irmão ou contra a sua Loja, seu
Oriente?
- já ajudou o irmão ou a Loja ou a maçonaria em interesse
próprio?
- já enganou algum irmão de forma matreira e/ou maliciosa?
- já boicotou o trabalho de algum irmão ou da sua Loja?
- já foi perdulário com seu irmão ou com sua Loja?
- já colocou a mão vazia no saco de beneficência tendo metais
na carteira?
- já prejulgou seu irmão, sua Loja ou seu Oriente?
- Já ficou de olho nos bens do irmão, de forma invejosa?
- Já ficou com desejos profanos nas cunhadas e sobrinhas?
- Já comentou algo sigiloso em Loja, para outros ouvidos
proibidos?
- Já deu golpes em irmãos, em nome da maçonaria?
- Já abraçou irmãos, de forma hipócrita e sem vontade?
- Já visitou uma Loja por obrigação e sem a maior vontade de
estar lá?
- Já deixou de perdoar um irmão, que errou e se retratou?
- Já mentiu para a cunhada, dizendo que iria à Loja e foi para
outros lugares?

63
- Já teve preconceito com outro irmão, devido a cor do avental
ou rito praticado?
- Já indicou profanos na Ordem, por interesse pessoal?
Se eu nominar mais coisas teremos "n" páginas. Ficamos com
essas por enquanto!
Maçom é mais que Iniciado, como já mencionei antes, maçom
é uma condição espiritual e filosófica, onde a pureza da sua
alma, das suas atitudes e dos seus sentimentos, são
condições primordiais para sua existência como maçom e para
a existência da verdadeira maçonaria. Maçonaria é código de
postura.
Após a leitura desse texto, reflita sobre o conteúdo de sua vida
maçônica: quem foi você esse tempo todo?
O que está sendo você nesse momento?
Tenho dito!
Denilson Forato

64
O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA

January 29, 2016

É correto dizer que o grande problema diante de nós é o da


pedagogia da Maçonaria. Isso significa que o ensino dos fatos
sobre um grande movimento histórico baseado na teoria de
que a verdadeira felicidade do homem só pode ser alcançada
pela união de todos em uma democracia alicerçada no espírito
da fraternidade, onde cada um não seja apenas o guardião de
seu irmão, mas também seu defensor, seu porto seguro, seu
auxílio, seu incentivador, seu ombro amigo, seu inspirador e
seu exemplo de amor ao próximo e a si mesmo.
Tudo isso se ensina através do imaginário e das alegorias da
Maçonaria, e de seu simbolismo místico. Não devemos nos
perder na busca por algo sombrio, em teorias abstratas
perdidas dentro de perspectivas obscuras, confusas,
nebulosas e insignificantes; devemos sim estar próximos e
nos dedicarmos aos verdadeiros valores humanos.
Princípios devem existir para estarem realmente inseridos nas
vidas das pessoas, se não for assim não farão diferença
alguma. Nosso estudo deve aliar teoria e prática, com o

65
estudante realmente utilizando-se de seu aprendizado e
compartilhando os valores adquiridos, senão nossos esforços
serão em vão.
Também não podemos deixar de mostrar que são os
pensamentos que importa que sejam eles que controlam a
conduta dos homens; que, se seus pensamentos não são
bons, o seu comportamento também não pode ser.
O que precisamos é fazer com que os pensamentos certos
sejam claramente formulados, imbuídos de amor, e
profundamente gravados no subconsciente, de modo que eles
irão inevitavelmente se expressar em nossos atos no dia-a-dia
de nossas vidas.
A meu ver, essa é a missão da Maçonaria: a construção
desses grandes pensamentos na mente dos homens,
transformando-os em atos cotidianos, com a certeza de que
eles devem predominar governar e prevalecer para os homens
viverem juntos em paz e harmonia, e desfrutarem da
verdadeira felicidade.
Como fazer isso é a grande questão. Como fazer a
Ordem sentir que essas ideias não são abstrações vazias, mas
reais, poderosas, vivas, atuais e sólidas – essa é a grande
tarefa a se realizar.
Precisamos compreender juntos os fatos sobre a Maçonaria: o
que ela realizou no passado que a faz viver até os dia de hoje
por seus próprios méritos?
Como ela tem, durante sua existência, auxiliado o homem?
Então precisamos colocá-los juntos em uma história de tal
forma que ela vá capturar a atenção e manter o interesse do
aluno. A capacidade de fazer coisas interessantes, para atiçar

66
uma busca por mais “luz”, é o segredo de todo ensino.
Você não pode abrir a cabeça de um estudante e colocar o
conhecimento ali dentro, mas você pode incentivá-lo a estudar
e aprender por si mesmo, e essa será sua vitória. Já temos a
vantagem do grande poder de atração de nossos “segredos” e
“mistérios”.
Temos de mostrar aos iniciados o quão pouco sabem, quantos
mistérios fascinantes ainda precisam ser explorados,
investigados, analisados e estudados, para enfim poderem ser
compreendidos.
Pergunte por que ele ainda permanece na Ordem. Ela o
ajudou? Em caso afirmativo, como e de que
maneira? Faça uma série de perguntas socráticas a ele;
faça-o pensar! Se ela o auxiliou em algo, de alguma forma, sem
dúvida, ela poderá fazer mais.
Há mais lá, se ele souber procurar: “buscai e achareis.” Não é
fácil ensinar os homens a observar o mundo ao seu redor,
muito menos é ensinar-lhes a arte do discernimento espiritual.
Mas é possível. Pode ser ensinado, pode ser desenvolvido,
pode-se fazer essa habilidade florescer.
Muito de nossa pedagogia moderna não é nada mais do que
um árido, mecânico e vazio processo. Nossas crianças são
instruídas a decorar, imitar, copiar, para seguir “o costume”, e
não são nunca preparadas para pensar.
Tal procedimento acaba por formar adultos incapazes de
formular pensamentos simples, mas originais, não sendo
capazes de fazer uma avaliação crítica do que ocorre ao seu
redor; e muitos são os que em loja praticam a ritualística de
forma errada, por que os Mestres “mais antigos” lhe

67
“ensinaram” que assim é “o uso e o costume” daquela oficina.
Devemos preparar nossos novos maçons, incentivando-os a
se dedicarem aos estudos e à pesquisa sobre a Ordem.
Devemos incentivá-los a trabalhar sua mente, a construir seu
templo espiritual, mas também o intelectual. Devemos
incentivá-los a serem originais.
Devemos incentivá-los a pensar!
Autor: Hon. Louis Block, Past Grand Master, Iowa.
Tradução: Luiz Marcelo Viegas
Fonte:
The Builder Magazine
Volume I, Número 4, abril-1915

68
A FILOSOFIA DENTRO DA MAÇONARIA

February 01, 2016

O que é isso tudo?

Essa foi uma pergunta que eu me fiz muitas vezes durante


minha iniciação.
É uma pergunta que você, sem dúvida, também fez a si
mesmo, e por ela todos somos moldados até o fim do Terceiro
Grau.

A linguagem do ritual, imponente e bonito como ele


geralmente é, é para a maioria de nós um discurso
“misterioso”; e as instruções e a ritualística são igualmente
confusas para o neófito. Por isso é que fazemos a pergunta, “O
que é isso tudo?”.

69
Depois de nos tornarmos familiarizados com o ritual e ter
aprendido alguma coisa de seu significado, descobrimos que a
própria Fraternidade, como um todo, e não apenas uma parte
ou detalhe mais misterioso, é algo quase demasiado complexo
para se entender.

Com o passar do tempo o maçom fica tão acostumado com o


ambiente da Loja que ele se esquece de sua primeira sensação
de estranheza, mas mesmo assim ele ouve de tempos em
tempos coisas sobre antiguidade, a universalidade e a
profundidade da Maçonaria; ouve conversas sobre o seu lugar
na história e no mundo, e isso o faz sentir que, apesar de toda
sua familiaridade com a Loja, ele pouco sabe sobre a
Fraternidade Maçônica na sua totalidade.

O que é a Maçonaria?
O que é que está tentando fazer?
Como veio a ser?
Quais são os seus ensinamentos centrais e permanentes?

É para responder a estas perguntas — e essas perguntas


passam pela mente de quase todos os Maçons, porém ele
pode ficar indiferente a elas — que a filosofia da Maçonaria

70
existe. Para entender “O que é isso tudo”, no seu conjunto, e
não em partes, devemos aprender sobre a filosofia de nossos
mistérios.

O indivíduo que ingressa na Maçonaria torna-se herdeiro de


uma rica tradição; a iniciação que lhe permite o acesso aos
mistérios não é algo que o capacitará em um dia, e ele vai
aprender pouco se nenhuma tentativa fizer de se aprofundar
em seus ensinamentos.

Ele deve aprender um pouco da história da Maçonaria; de suas


realizações nas grandes nações; dos seus professores
excelentes, e o que eles têm ensinado; de suas ideias,
princípios, espírito.

A Iniciação por si só não confere esse conhecimento (e não


poderia): o próprio iniciado deve se esforçar para compreender
as riquezas inesgotáveis da Ordem. Ele deve descobrir os
propósitos maiores da Fraternidade a que pertence.

Não há uma interpretação pronta para o que é Maçonaria. O


irmão recém-iniciado não encontra à sua espera um ritual
leia-e-aprenda. Ele deve pensar o que é a Maçonaria por si
mesmo.

71
Mas pensar o que é Maçonaria por si mesmo não é tarefa fácil.
Isso requer que o neófito a veja por suas próprias
perspectivas; que se conheçam os principais contornos da sua
história; que se saiba como ela realmente é, e o que está
fazendo; e entender como ela foi entendida pelos seus
próprios pelos seus membros em seus primórdios.

Não é fácil de fazer isso sem orientação e ajuda, e é para dar


esta orientação e ajuda que esta série foi escrita. Há ainda
outra razão para o estudo da filosofia, ou, como nós aqui
preferimos dizer, os ensinamentos da Maçonaria. Nossa
Fraternidade é uma organização mundial com Grandes Lojas
praticamente em todas as nações.

Para sustentar, gerenciar e promover tal sociedade custa ao


mundo somas incalculáveis de dinheiro e esforço humano.

Como pode a Maçonaria justificar sua existência?


O que fazer para reembolsar o mundo com seus próprios
recursos?

72
De uma forma ou de outra, essas perguntas são feitas a quase
todos os membros, e cada membro deve estar pronto para dar
uma resposta verdadeira e adequada. Mas para dar tal
resposta exige-se que ele tenha entendido os grandes
princípios e estar familiarizado com os contornos das
realizações do Craft, e isso novamente é um dos propósitos do
nosso filosofar sobre a Maçonaria.

Como podemos chegar a uma filosofia da Maçonaria?


Como podemos aprender a interpretação autêntica dos
ensinamentos da Maçonaria?
Qual é o método pelo qual aquele que não é nem um estudioso
geral, nem um especialista maçônico pode ganhar alguma
compreensão abrangente da Maçonaria como foi dito nos
parágrafos anteriores?
Em suma, como pode um homem “chegar a ela”?

Uma forma de “chegar a ela” é ler uma ou duas boas histórias


maçônicas. Não há necessidade de entrar em detalhes ou ler
sobre as várias questões colaterais de interesse meramente
histórico; isso é para o estudante profissional.

Essa leitura e apenas para obter a tendência geral da história e


para capturar os eventos pendentes; para saber o que a
Maçonaria tem realmente realizado no mundo e receber um

73
insight sobre seus propósitos e princípios; para, como
qualquer outra organização, ver revelado seu espírito através
de suas ações.

A partir de um conhecimento do que a Ordem tem sido e o que


ela fez no passado pode-se facilmente compreender a sua
própria natureza presente e princípios, e entender porque
Maçonaria nunca teve necessidade de romper com o seu
próprio passado!

A Maçonaria de hoje não nega a Maçonaria de ontem. Seu


caráter resulta claramente da sua própria história como uma
montanha se destaca acima de uma névoa; e que sempre tem
sido, pelo menos em um grande caminho – é agora, e sem
dúvida sempre será.

Esta mesma história constrói-se incessantemente, sempre


renovando e formando-se. Acontece no dia-a-dia, e o processo
mantém-se aberto a todos, pois, afinal de contas, não há muito
que se esconder sobre a vida rica e incansável da
Fraternidade; na verdade, esta vida está constantemente
revelando-se em todos os lugares.

74
Grandes Lojas publicam seus Anais; homens que exercem as
funções ativas de escritórios maçônicos fazem relatórios dos
seus funcionamentos; estudiosos do Craft escreverem artigos
e publicam livros; Oradores maçônicos entregar incontáveis
discursos; conferências maçônicas especiais, qualquer que
seja a sua natureza, publicam os temas discutidos; a maioria
dos eventos mais importantes está presente nos jornais
diários; há dezenas e dezenas de jornais maçônicos, boletins e
jornais, semanais, mensais e bimestrais, e há muitas
bibliotecas, clubes de estudo e de sociedades científicas em
todos os lugares se esforçando com zelo incansável para
tornar claro aos membros e profanos “o que é tudo isso.”

Assim, verifica-se que para aprender isso por si mesmo não é


necessário que uma definição de Maçonaria ouvida por um
irmão seja o fim da linha; ele pode (e deve) pesquisar sobre o
tema, ouvir outros irmãos, e ler um pouco, e, assim, formar
suas próprias conclusões.

Para saber quais são esses ensinamentos não é necessário


nenhum talento raro, nenhum “conhecimento interno”, mas
apenas um pouco de esforço, um pouco de tempo.
Para o neófito do mundo maçônico parece muito confuso, é
tudo tão multifacetado, tão longínquo, tão misterioso; mas
isso, afinal de contas, não precisa assustá-lo e impedi-lo de
uma tentativa de entender esse mundo com uma visão
abrangente, e perceber que toda a Maçonaria gira em torno de

75
algumas grandes ideias.

Compreender essas ideias por sua vez, é o que torna mais


familiar para um Maçom palavras tais como “Fraternidade”,
“Igualdade”, “Tolerância”, etc., etc., de modo que o mais jovem
Aprendiz não precisa ter nenhuma dificuldade no seu
entendimento.

Se ele chegar a elas, e se ele aprende a compreendê-las como


maçons devem entendê-las, elas vão ajudá-lo muito para
conquistar essa visão abrangente e inclusive do que
chamamos de filosofia da Maçonaria. Nada foi dito ainda dos
grandes mestres da Maçonaria.

No passado havia Anderson, Oliver, Preston, Hutchinson, etc .;


depois vieram os filósofos da meia-idade, Pyke, Krause,
Mackey, Drummond, Parvin, Gould, Speth, Crawley, e outros; e
em nossos dias Waite, Pound, Newton, etc., etc.

Nas obras desses homens a Maçonaria se tornara luminosa e


inteligível, de modo que podemos ler e compreender o que
dizem. Além disso, o maçom deve estudar as leituras e
instruções incorporadas ao ritual de todos os ritos e graus,
sendo estes instrumentos interpretativos uma parte do próprio

76
Craft.

Nenhum deles é infalível, mas mesmo quando se afastam do


significado original de nossos símbolos são sempre valiosos
em revelar as ideias e os ideais das pessoas de que se
originaram e que deles fizeram uso.

Isto é para mostrar por que devemos nos esforçar para fazer
da nossa própria mente uma filosofia da Maçonaria, e de
quantas maneiras pode-se chegar a essa filosofia.

Mas cuidado. O estudo da filosofia da Maçonaria não é o


estudo da filosofia maçônica; o estudante maçônico como tal,
pode vir a ter pouco interesse em Platão e Aristóteles, no
neoplatonismo, misticismo, Escolástica, racionalismo,
idealismo, pragmatismo, Naturalismo, etc.

Na Maçonaria há sinais de cada um desses e de outros


sistemas filosóficos principais, sem dúvida, mas não existe
essa coisa de filosofia maçônica, da mesma forma que não
existe religião maçônica.

77
Falamos de uma filosofia da Maçonaria no mesmo sentido que
falamos de uma filosofia de governo, ou da indústria, ou arte,
ou ciência.

Queremos dizer que se estuda a Maçonaria, da mesma forma


ampla, esclarecida, inclusiva e crítica, da mesma forma em que
um economista estuda a política de um governo ou um
astrônomo estuda as estrelas.

Seria uma coisa abençoada se um maior número de nossos


membros deixasse de lado os assuntos administrativos e,
muitas vezes mesquinhos de sua própria Loja, a fim de olhar
com mais frequência para esses princípios profundos e sábios
que estão para nossa Fraternidade assim como as leis da
natureza estão para o universo.

Autor: H. L. Haywood - Tradução: Luiz M Viegas


Fonte: http://www.deldebbio.com.br/grandes e simples ideias d

78
O SIGNIFICADO DAS SIGLAS S.’.S.’.S.’. E S.’.F.’.U.’. NA
MAÇONARIA

February 02, 2016

Duas siglas, com significações diferentes, que merecem um


estudo especial, diante das constantes demonstrações de
dúvidas, não apenas quanto às respectivas significações, mas
quanto ao uso correto de cada uma e, face à quantidade
crescente de informações sobre o tema, torna-se interessante
buscar-se um aprofundamento no assunto, visando, desta
forma, não expor-se a situações vexatórias diante daqueles
que dominam o conhecimento da origem e dos Ritos a que se
subordinam.
De conformidade com informações dadas por Maçons mais
antigos, grande parcela dos erros cometidos em relação a

79
estas Siglas ou formas abreviadas, é atribuída aos Secretários
das Lojas, alguns dos quais, durante a leitura do expediente,
das pranchas recebidas com essas abreviaturas, por
desconhecerem a sua exata significação, pronunciavam, de
forma rápida, em relação aos três “S” (S.’.S.’.S.’.), o seguinte:
*saúde, saúde, saúde*ou, ainda, *salve, salve, salve* formas
que causavam indignação àqueles que conheciam a
representação exata das ditas letras.
Segundo José Wilson Ferreira Sobrinho, em sua
obra Legislação Maçônica, publicada pela Editora Maçônica “A
TROLHA” Ltda., foge à lógica que algum Maçom possa
valer-se da repetição, por três vezes seguidas, de um mesmo
termo de significação repetitiva, em que pese como dizia o
saudoso Castellani, os modismos e achismos que se
instalaram na Maçonaria, para corresponder a uma saudação,
a um cumprimento relativo à maneira de intróitos vocativos
epistolares. Destarte, não há que se conceber válidas qualquer
das traduções supra destacadas, isto é; *saúde, saúde, saúde*
ou *salve, salve, salve* e, no entanto, há escritores e
dicionaristas maçônicos, que aprovam a tradução ou a
significação de *S.’.S.’.S.’.* como sendo *saúde, saúde, saúde*,
a exemplo de Joaquim Gervásio de Figueiredo, à p. 486,
do Dicionário de Maçonaria, editado em São Paulo, pela
Editora Pensamento.
Ainda, na conformidade com José Wilson Ferreira Sobrinho,
dedicando-se o devido respeito a essa opinião do dicionarista,
não é recomendável aceitar-se tal concepção, por não
corresponder a uma saudação epistolar maçônica,
mas simplesmente vulgar, e talvez criada por aqueles

80
secretários de que falamos, para encontrar satisfação, ainda
que aparente, da significação dos três “S”.
O dicionarista, no item 2 (dois), da explicação dicionaria,
refere-se ao grau 28 (vinte e oito) dos Graus Filosóficos, do
Cavaleiro do Sol, que é uma homenagem ao Sol, infundidor de
calor da alma e da luz da inteligência, imagem tangível da
divindade.
Esta imagem do Sol ocupa o centro de um triângulo inscrito
em um círculo, contendo em cada ângulo um “S”. Portanto,
três “S”. Estes “S”, significam, respectivamente, *Stella, Sedet
e Soli* e, também, *Sciencia, Sabedoria, Santidade* (idem,
ibidem) sendo que a primeira pode ser considerada pela
seguinte tradução: “Da terra, a estrela está sempre presente” e
maçonicamente ela pode ser interpretada como se enquanto o
homem permanece na realidade material (terra) deve alçar-se
na direção do espiritual (estrela) ou para referir que existe um
elo entre o homem, representando a terra e a esfera metafísica,
representando a estrela. Mas estes três “S”, nada tem, pois, a
ver com a forma abreviada S.’.S.’.S.’., já que estes são uma
saudação vocativa e não verbal, enquanto as três letras “S”
nos ângulos do triângulo, corresponde, uma delas, ao
verbo SEDERE, utilizado na forma verbal SEDET, que
inviabilizaria a saudação epistolar, por não ser vocativa e,
ainda, por ser uma importação dos altos Graus e que não se
compatibiliza com os Graus Simbólicos.
Infere-se, deste modo, que a significação das três letras “S”,
tem sido desviada, pela maioria dos Maçons, da sua verdadeira
significação. Nem é *saúde, saúde, saúde* e nem *salve, salve,
salve.* No julgamento de que a tradução das letras S.’.S.’.S.’.

81
tem sido, deturpada, desfigurada, modificada, deformada,
descaracterizada, etc., pela, pasmem vocês, maioria dos
Irmãos de todos os ritos que a usam, que as traduzem,
interpretam, manifestam e as exprimem por “saúde, saúde,
saúde” e outros que as demonstram, explanam, vertem e
entendem por “salve, salve, salve”, cumpre-nos referir que a
significação real, não corresponde a nem uma e nem outra das
formas acima apresentadas.
Estas três polêmicas (porque alguns assim as fazem) letrinhas,
significam abreviadamente, a princípio, as três colunas de
sustentação do Templo Maçônico, que assim se escreviam no
antigo e maravilhoso Latim, as quais, em ordem alfabética
teriam a seguinte disposição: *SALUS, SAPIENTIA,
STABILITAS.* Contudo, considerando a hierarquia a que as
colunas representativas dos sustentáculos da Loja estão
subordinadas, tais palavras da expressão latina, passaram a
ser traduzidas, na significação dos S.’.S.’.S.’.,
na seguinte ordem: *SAPIENTIA, SALUS, STABILITAS.*
*SABEDORIA, SAÚDE, ESTABILIDADE*. O que podemos
entender como correspondentes de cada uma dessas
palavras?:
Por SAPIENTIA, entendemos agnação, ciência, cognição,
compreensão, conhecença, conhecimento, consciência,
cultura, domínio, educação, entendimento, equilíbrio, erudição,
estudo, experiência, gnose, ilustração, informação, instrução,
luz, juízo, percepção, proficiência, razão, reflexão, saber e
sensatez e tantos outros vocábulos que traduzem a extensão
do quanto se espera daquele que representa a coluna da
Sabedoria, isto é: o Venerável Mestre.

82
Por SALUS, entendemos bem-estar, disposição, energia,
higidez, resistência, robustez, saúde, vitalidade e mais
algumas acepções que consubstanciam a Força, ou seja: o
Primeiro Vigilante.
Por STABILITAS, entendemos, no aspecto de moral, calma,
constância, continuidade, duração, equilíbrio, estabilidade,
firmeza, fixidez, harmonia, imobilidade, impassibilidade,
imperturbabilidade, imutabilidade, invariabilidade,
manutenção, permanência, preservação, segurança,
serenidade, solidez, subsistência e tranquilidade, requisitos
que caracterizam a Beleza, isto é: o Segundo Vigilante.
Daí, infere-se que em um Templo, inteira e adequadamente
composto, vemos, por essa razão, as três colunas de Minerva,
Hércules e Vênus, que correspondem, respectivamente à
Sabedoria, à Força e à Beleza, ou SAPIENTIA, SALUS e
STABILITAS e, finalmente, aos Venerável Mestre, Primeiro e
Segundo Vigilantes, representados por *S.’.S.’.S.’.*.
Como eu pratico o R.’.E.’.A.’.A.’., resta-me lembrar a todos os
Maçons que também o praticam, que estas palavras são
apostas no início dos Documentos Maçônicos e são
pronunciadas, com vigor, ao se encerrar a Cadeia de União,
respeitando, na Cadeia de União, a ordem Latina, isto é: Saúde
(SALUS), Sabedoria (SAPIENTIA) e Segurança (STABILITAS).

Registre-se, outrossim, ao contrário de muitos Maçons que por


desconhecerem os ritos existentes e suas origens, usam de
forma errônea as palavras *S.’.F.’.U.’.*, que significam SAÚDE,
FORÇA e UNIÃO, as quais nunca pertenceram e não pertencem

83
ao R.’.E.’.A.’.A.’. e sim ao Rito de Emulação (York) e, portanto,
jamais devem ser usadas e pronunciadas no Rito
Escocês Antigo e Aceito e os que assim o fazem, expõem-se
ao ridículo perante outros que têm o conhecimento da origem
e do rito a que elas pertencem.
Autor: Reinaldo Kazuo Shishido

84
MARAVILHAI-VOS IRMÃOS DE AMBAS AS COLUNAS!

February 03, 2016

Maravilhai-vos ante o milagre das vossas existências, como


obra do grande criador!

Maravilhai-vos porque no momento da concepção de vossas


vidas milhões de expectativas não tiveram o mesmo êxito.

Hoje deveis extasiar-vos não só pelo que conseguistes ser,


mas pela graça divina de vos encontrardes no proveito de
faculdades com as quais nem todos podem contar.

85
Com os vossos olhos podeis contemplar a natureza e a
imensidão do universo.

Podeis estender a mão para ajudar e não para serdes


ajudados. Podeis ouvir enquanto muitos nada ouvem.

Não vos atingem as deficiências e as limitações no falar, no


sentir, no andar, nem as perturbações mentais, que também
não são raras, que levam considerável parcela de vossos
semelhantes a padecer tanto e sem esperança de cura.

Tendes o dom da inteligência, a capacidade de discernimento


e a liberdade para agir, por isso sabeis como conseguir
realizar vossas aspirações e saciar vossas vontades. Estas
faculdades são dádivas de Deus. Maravilhai-vos, pois, de tudo
isso.

Regozijai-vos e rendei graças ao criador celestial pelos


prazeres temporais que vos são oferecidos sem exigência de
qualquer contrapartida ou sacrifício.

Se um dia lançardes o olhar na direção dos vossos destinos


nada vereis além do dia de hoje. Porém, não vos preocupeis.

86
Vossas existências são translúcidas aos raios da luz Divina
que as ordenou.

Maravilhai-vos então, a todo instante, pois, se existis é pela


graça de Deus e o valor das vossas vidas é tão relevante que a
nada se compara.

Não vos esqueçais também de que viveis num vale de


lágrimas, diante de inúmeras provações. Nele, sofrereis as
conseqüências dos vossos próprios erros se o caminho da luz
Divina for abandonado.

Ela é descomunal e incomparável.

É ela que, como sinal de um insondável mistério, vos convida


a terdes fé em um ente supremo e vem em vossa direção para
vos servir de guia na difícil travessia por entre os meandros
desta vida.

Essa chama viva de quem vos falo irradia das mãos liberais do
vosso grande Criador. Por isso não se assemelha nem mesmo
ao esplendor da alvorada, que também é belo, que nos fascina,
que todo dia ressurge com novas expectativas, mas somente a

87
luz Divina vos protege dos males e vos oferece incontáveis
oportunidades de progresso e felicidade espiritual.

Maravilhai-vos, por tudo o que foi posto em vosso destino, que


veio ao vosso encontro nascendo de ponto infinitamente
distante, muito além dos limites do Universo, das profundezas
do insondável.

Irmãos de ambas as colunas, tivestes a dádiva da vida, que


vos foi dada por Deus e em vossos caminhos o livre arbítrio.
Num gesto de gratidão àquele que à sua própria semelhança
vos criou, vossa escolha foi a do caminho do bem e, por ele,
vindes há tempos deixando a marca das vossas boas ações.

Tivestes ao vosso encalço as perturbações de forças


negativas, muitas vezes bem avizinhadas à vossa consciência,
mas até aqui, essas tenebrosas sombras do mal não
conseguiram sequer embaçar os vossos horizontes, pelas
vossas ilibadas condutas.

Assim vindes andando pelas searas da vida, permeando sem


parada os vossos diferentes caminhos e vos tornando, como
solitários viandantes, os únicos a decidirem sobre os vossos
próprios destinos.

88
Não vos esqueçais, no entanto, de que não sois vós apenas
átomos desse grande corpo que se chama humanidade. Sois
antes de tudo enviados do Criador. Ele é a fonte da vida e da
luz irradiante que vos iluminam vos guia e vos coloca diante
da insofismável realidade do livre arbítrio.

E isso vos recomenda a necessidade da oração e da vigilância


dos vossos próprios passos, diariamente, pois em todo o
curso das vossas existências terrenas estareis sempre diante
de duas influentes vertentes: a do bem e a outra, que a esta se
contrapõe, a do mal.

Não vos hesiteis mesmo sabendo que a melhor escolha seja a


mais difícil. Cumpri os vossos deveres e quando a recompensa
vier, alegrai-vos, pois ela será fruto dos vossos enlevados
estados de ânimo e daquilo que plantardes.

Perseverai na luta pela causa dos justos como até aqui vindes
fazendo. Quando alcançardes a felicidade, irmãos de ambas as
colunas, maravilhai-vos com ela! Mas lembrai-vos sempre, que
os momentos de alegria e prazer não são perenes.

89
Quando vos abaterdes a angústia e a aflição pela perda
inesperada de algum ente querido, sentireis inconsolados e
isto vos fará verter o pranto mais amargo.

Que choreis então! Mas não vos esqueçais de recolher, em


silencio, à morada de vossas almas para falar com o Criador e
a ele suplicar a indispensável ajuda. Ele vos consolará e vos
lembrará que só a fé pode nos fazer aceitar o inexplicável.

E no dia em que a morte rondar vossos passos não vos


amedronteis, nem lamenteis pelo que vos suceder.

Não temeis pelo que vos possa acontecer e lembrai que


“aquele que morre no cumprimento do dever vai com glória e
sob o resplendor da gratidão humana.”

Se o caminho da virtude foi o por vós escolhido, parti sem


tristeza, pois o saldo positivo de vossas boas ações vos
garantirá paz infinita no Oriente Eterno.

Aqui chegamos e daqui partimos como se fôssemos viajantes


das galáxias: do nascimento à vida, da vida à morte e da morte
à eternidade.

90
Anestor Porfírio da Silva M.I. - membro ativo da ARLS Adelino
Ferreira Machado Or. de Hidrolândia, Goiás Conselheiro do
GOB/GO

91
A MORTE INICIÁTICA, SÍMBOLO OU REALIDADE?

February 05, 2016

Os maçons referem-se à iniciação como um segundo


nascimento, como um renascimento após uma morte
indispensável que qualificam de simbólica. Mas, o que
significa “morte e renascimento”? É uma ideia poética que
nada tem a ver com a realidade ou um ato concreto? O que
deve morrer e renascer?
Um dia nascemos sem pedir a quem quer que seja.
Alimentam-nos com leite, depois comida cozida e finalmente
com alimentos sólidos para que nosso corpo cresça e passe
de bebê a criança e de criança a adulto. Ao mesmo tempo,
tentamos, com sucesso variável, alimentarmo-nos
intelectualmente enquanto juntamos inconscientemente
eventos aleatórios, uma nutrição emocional.
Em última análise, tornamo-nos o que somos: homens e
mulheres imersos em uma sociedade onde cada um está
lutando para não ser conduzido pelas ondas do nada.

92
Às vezes, percebemos que nossos desejos de mais poder,
riqueza e prazer realmente não nos satisfazem e deixam um
gosto amargo de ausência, de insatisfação, de
descontentamento que nos leva a desejar mais e mais, na
esperança, da próxima vez de ser saciados.
Mas nosso egoísmo, mesmo disfarçado de justiça ou ideal,
nos empobrece em comportamentos irresponsáveis que
renovamos para preencher a lacuna de nossos medos de
desaparecer sem afirmar nosso ser ali. Com poucas exceções,
ou em alguns raros momentos depois de um surto cheio de
premissas, nós fenecemos antes mesmo de florescer.
Tudo o que existe sobre a Terra está condenado a
desaparecer. A morte não é uma anomalia. A intrusão da morte
do corpo na vida é uma etapa normal, natural e irremediável.
Não se trata de um golpe divino, mas de um ciclo natural
inevitável. O estado de ser humano-animal nos condena à
morte.
Quando morrermos, a Terra nos esquecerá pouco a pouco até
a completa extinção das lembranças. Então não existiremos
mais em qualquer memória, qualquer coração, qualquer
consciência. Esse desaparecimento é característica de
minerais, plantas e animais, incluindo o homem que, no
entanto, tem a particularidade de saber que vai morrer.
RENASCIMENTO
O grande assunto do homem ao longo de sua vida não é
morrer, nem mesmo se preparar para morrer, mas viver, viver
de forma justa, de acordo com a origem de sua natureza
humana em porvir, para deixar a cena sem lamentos, com a
alegria de ter realizado sua humanidade.

93
O oposto da morte não é a vida, mas o nascimento. Morrer faz
parte do nosso nascimento. Não podemos razoavelmente
aceitar o nascimento de nosso corpo sem aceitar sua morte. A
recusa a morrer vem de outro lugar, de outra fonte, de outra
voz, de nossa profundidade, chama-nos a tender para o
aperfeiçoamento infinito como se a única finalidade da vida
fosse tornar-se mais humano, de completar o homem no
Homem. Essa é nossa liberdade.
A liberdade congênita do homem o torna responsável por suas
escolhas de vida: seja de viver de acordo com seu egoísmo
natural de animal humano, seja de superar e viver de acordo
com as leis do desenvolvimento do universo, do devir mais
humano.
Mais que a ausência do instinto animal, nossas liberdades nos
permitem atingir a maturidade de uma consciência interior
puramente humana de um Ser que nos obriga, por sua
natureza, a uma ética de amor e respeito.
Esse desenvolvimento humano se inicia em nossas
determinações diárias de não seguir nossos impulsos
automáticos para tornar nossa existência um lugar e um
espaço de experimentação, de exercício e de evolução de
nossa consciência do outro. Nós decidimos, voluntariamente e
livremente a não ser mais escravos de nossos impulsos que
influenciam nossos pensamentos, nossas visões, nossos
medos, toda a nossa vida.
Os rituais da Maçonaria traçam o caminho a seguir e marcam
as etapas. Ao nos aventurarmos no caminho do
autoconhecimento, o ser ordinário diminui de tamanho, se
imobiliza, sua expressão morre lentamente e deixa espaço livre

94
para o ser essencial. A morte do ser comum não é a
aniquilação do ego, ao contrário, com a morte de nossa
personalidade egoísta tornamo-nos mais nós mesmos.
Essa morte é chamada simbólica porque não se trata da morte
física, mas da morte do ego. A morte se torna uma imagem,
uma representação da realidade, porque de fato o próprio ego
não morre, ele está sempre lá dentro de nós, pronto para
ressurgir à menor fraqueza de atenção.
Os mecanismos egoístas não estão mortos, mas silenciados,
não são mais eles que dirigem a nossa vida, mas a inteligência
do Ser que se impõe diante da inteligência mecânica comum.
O homem é sempre um mamífero, um animal, mas não mais
uma besta. O nosso Ser se torna o treinador de nossa
bestialidade.
Se a morte não é morte, mas o domínio de uma parte de nós
mesmos, o renascimento, o segundo nascimento, também não
é aquele de nosso corpo nascido de uma vez por todas, mas o
nascimento do nosso Ser interior, dessa parte muito especial
de nós mesmos, que faz toda a diferença entre um
animal-humano e um humano-animal.
A supressão de uma parte de nossa vida, a morte simbólica do
sensível, a rejeição de nossas percepções elementares
egoístas, o desnudar-se para reencontrar a Luz que conduz a
outra região da vida que inclui a primeira, exige uma vigilância
diária que o ego não tem vontade de sustentar, porque ele
sabe que o resultado de tais esforços será sua morte
simbólica.
É preciso uma vontade rara para escolher a despossessão do
homem-animal primitivo em benefício do homem verdadeiro e

95
de sua paz na unidade. Essa vontade não nos pode ser
imposta de fora para dentro, mas vir somente de nós mesmos.
Essa é a nossa evolução que se trata e somos nós que
decidimos contra todas as nossas depravações e aquelas que
atribuímos aos outros.
CÂMARA DE REFLEXÃO
Mas, sabendo disso, o problema não é necessariamente
resolvido. Não é suficiente intelectualizar nossas vidas, abafar
nossos impulsos egoístas, moralizar nossas aparências para
perceber nossa humanidade espiritual, para passar de nossa
"mecanicidade" ao nosso Ser. Para voltar à essência, somente
conta a ação de retorno na direção oposta àquela do curso
normal e habitual de nossos pensamentos, de nossas
referências, de nossos desejos.
Devemos morrer para nós mesmos, para o que somos, para a
imagem que queremos dar a nós mesmos, aos nossos lugares,
à nossa sabedoria e ver todo o horror de nossa situação para
renunciar a identificar nossa existência unicamente aos
nossos movimentos naturais que nos lançam em direção às
honras e agitações das coisas da vida.
Precisamos de outro eixo, outra atenção a nós mesmos que
escute nossos pensamentos e nossas emoções. Precisamos
de outras referências diferentes daquelas que aprendemos até
agora.
O apego habitual de nossa vida comum aos nossos
pensamentos automáticos exclui de nossa consciência a
percepção de nossa própria existência enquanto Ser
independente possível e nos conduz unicamente à
instabilidade do mundo visível colorido por nossos

96
empréstimos passados.
Nossas vidas sem futuro natural mais humano perde o seu
significado essencial e procuramos incessantemente o
ilusório. Mesmo se compreendemos intelectualmente que
nossos desejos são frívolos em relação ao sentido da vida,
não é evidente os considerar no momento em que surgem e se
insinuam em nossa consciência.
Para manter a mente clara, precisamos de uma âncora
referencial mais sólida que o reflexo da imagem interior
devolvido pelas situações exteriores fluidas.
É por isso que a iniciação maçônica fala simbolicamente da
Câmara de Reflexão, um espaço livre e desconhecido dentro
da terra humana, onde deixa o iniciando. Ele se encontra ali,
fora de si mesmo enquanto ego, use entidade objetiva,
generosa, justa e protetora. Uma entidade que é o que ele
aspirava ser, que é sua natureza original em movimento, que é
o seu Ser, sua verdadeira humanidade superior ao seu ser
mamífero.
Caminho de evolução difícil! São nossas escolhas diárias pela
existência do ego e suas aparências ou nossos combates pelo
Ser que farão com que seremos somente homens condenados
à morte ou iniciados se tornando de uma humanidade real que
se abre para a eternidade.
Fora ou dentro de uma ordem iniciática maçônica, depende de
nós atingir o Humano que somos conclamados a nos
tornarmos por evolução natural.
O homem é essa coisa, esse animal, esse ser que pode se
compreender, se transcender ele mesmo e, em seguida,
perceber, além do conhecimento filosófico, as estruturas

97
religiosas e estados psicológicos, a experiência do Ser até a
revelação do Espírito original.
De morte em morte simbólica, dirigimos pouco a pouco nossas
energias para o inexprimível que ressoa dentro de nós.
CICLO DE VIDA
No entanto, chegará a hora da morte real do nosso corpo
animal. Ela é natural na ordem das coisas. A iniciação final não
é mais uma morte simbólica, mas a morte física. É a partir dela
que, talvez, saberemos a Verdade sobre o significado do
mundo e o sentido de nossas vidas.
Fundamentalmente, a morte física não é nem absurdo nem
contra a natureza. Ela é parte de um ciclo natural da vida, que
vai desde o nascimento até a morte.
Para vegetais e animais, esse ciclo se reproduz
inevitavelmente em todas as plantas, todos os insetos ou
mamíferos são programados para, durante suas vidas, ou
imediatamente antes de morrer, permitir o arranque de um
novo ciclo de vida.
O símbolo iniciático desse ciclo é o Ouroboros, a cobra
enrolada em roda que morde a ponta da cauda.
É o mesmo para a espécie humana que se reproduz de uma
geração para outra. Mas o iniciado tem não só uma
consciência cíclica própria de toda a natureza, mas também
uma consciência assintótica. Os ritos de iniciação maçônicos
desenvolvendo o Ser interior- humano durante o ciclo de vida
zoológico abre a porta para outra vida participante de um ciclo
em espiral que expande a consciência de uma visão que se
amplia gradualmente à medida que o iniciado se eleva em
direção ao cume.

98
Assim, pode ser que o Ser nascido durante a vida terrena, que
adquiriu as qualidades e a força necessárias e que não tem
nada a ver com a natureza animal, continue sua trajetória em
um espaço-tempo eterno.
A vida (primeiro nascimento) permite o nascimento do Ser
(segundo nascimento) e permite assim a implantação do nosso
renascimento infinito.
Nascido no tempo, pelo processo evolutivo de sua energia, o
Ser pode retornar de seu exílio terrestre ao seu espaço
original, fora do tempo, em seu coração eterno e viver sua
permanência. Paradoxalmente, a morte [do corpo físico] abre
para a eternidade [do Ser].
Este é, talvez, o objetivo da energia criadora que flui através de
cada ser e continua a natureza humana para o seu pleno
florescimento na luz.
A iniciação maçônica no Rito Escocês Antigo e Aceito formula
essa ideia após os dois primeiros graus preparatórias no mito
do assassinato do mestre Hiram (o Ser interior) por maus
companheiros (os mecanismos egoístas).
Ela propõe exercícios rigorosos que independentemente de
qualquer crença, qualquer sistema de pensamento e de
qualquer teoria nos lançam progressivamente ao longo de 33
graus, lá onde não sabemos coisa alguma.
Estes exercícios nos colocam diante do infinito do
Conhecimento supremo. A experiência cara a cara, vivida
conscientemente nos fornecer a certeza da Verdade
inexprimível, ao mesmo tempo em que protege o espírito
crítico, interrogativo e rigoroso condizente com um verdadeiro
iniciado.

99
Autor: Alain Pozarnik
Ex Grão-Mestre da Grande Loja da França
Tradução: José Filardo

100
A ALAVANCA

February 10, 2016

‘’dêem-me um ponto de apoio e uma alavanca e moverei a


Terra. ’’
Arquimedes
De todas as ferramentas que o Companheiro dispõe na
elevação, a Alavanca nos remete a uma reflexão simbólica
magnífica.
A Alavanca é um instrumento simples constituído por uma
barra de ferro ou madeira resistente, que se emprega para
mover ou levantar algo.
Profanamente falando, é uma simples ferramenta usada desde
os tempos mais primórdios (como exemplo nas construções
das pirâmides), nesta época em ‘’ madeira ’’ tratada ou não até
os tempos de hoje, agora em ‘’aço’’.
As alavancas hoje fabricadas em aço, para aumentar sua
resistência, passam por alguns processos importantes em sua

101
produção. Citarei duas delas. Uma é o tratamento térmico
chamado ‘’cementação’’, onde a mesma sofre um processo
químico que aumenta sua dureza superficial, sem que seu
núcleo se altere tendo assim tenacidade tornando-a resistente
por fora e flexível por dentro.
O outro processo que pode ser usado na fabricação da
alavanca chama-se ‘’shot- peening’’. Este processo milenar,
segundo estudos, foi desenvolvido pelos árabes na confecção
de suas espadas, seguindo para a Ásia, aperfeiçoado pelos
samurais e depois para a Europa e usado pelos cavaleiros
medievais. Processo este que é malear ou amolar o aço
através de pancadas para que toda a impureza do aço se
manifeste a fim de torná-lo mais puro e resistente. Hoje este
processo é feito em máquinas com potentes jatos de granalhas
de esferas.
Estes dois importantes processos deixam a alavanca mais
pura na sua matéria prima, mais resistente e mais tenaz
(flexível).
Embora despercebida, a alavanca está presente no nosso dia a
dia como em nossas casas e automóveis.
A alavanca para que tenha eficiência no seu uso necessita de
mais dois fatores importantes: Força Potente + Ponto Fixo
(ponto de apoio) = Força Resistente.
O ponto de apoio deve ser tão ou mais resistente que a própria
alavanca para que não comprometa o processo.
Da mesma forma é de fundamental importância a Força
Potente, força esta que é exercida em uma das pontas da
alavanca para que a Força Resistente tenha resultado.

102
Maçonicamente falando, o que simboliza a Alavanca?
Desde o momento da Elevação ao Grau de Comp., ela torna-se
uma força fecunda, ao mesmo tempo cega e perigosa. Por isso
ela deverá ser controlada pelo Compasso, Régua e Nível
Maçônicos.
No que o Comp. usará a Alavanca?
Ela significa a direção, o transporte e a colocação dos
materiais usados e trabalhados. Juntamente com a Régua tem
papel importante na 3º viagem, que representa o 3º ano.

Em Maçonaria é o símbolo da potência, do esforço, da


perseverança e da vontade consciente dirigida para a meta de
atingir, que para o Maçom é o Conhecimento. É resistível da
vontade, secundada pela inteligência e pela bondade é o
símbolo da perfeição dos Iniciados, cujo emblema é a
Alavanca.
J. Boucher declara, por sua vez, que a Régua e a Alavanca são
análogas, sendo formadas, essencialmente, pela linha reta;
porém, a Régua corresponde ao Espírito, enquanto a Alavanca
é própria da Matéria.
A. Gédalge afirma, todavia, que a Régua deve sempre
acompanhar a Alavanca, pois toda ação, não submetida ao
dever e à retidão, seja nociva. Assim, sendo o símbolo da
força, ela representa, moralmente, a firmeza da alma e a
coragem inquebrantável do homem independente, bem como o

103
poder invencível que desenvolve o amor da liberdade nos
homens inteligentes.
No Ritual Escocês Antigo e aceito, a Alavanca, em lugar de
Compasso, é o emblema do Poder, que junto as nossas forças
individuais, acrescenta os conhecimentos necessários para o
que, sem seu auxilio, ser-nos-ia impossível executar.
Penso que todo Maçom tem muito a aprender com ela, pois
seu simbolismo é de grande significado.
Assim como a Alavanca, o maçom deve ser resistente e ao
mesmo tempo flexível.
Precisa ser resistente aos vícios, aos dogmas que escravizam
o homem e tenaz aos desafios que lhe são colocados a prova
no dia a dia da vida onde necessita exercer a flexibilidade na
prática contínua da Tolerância.
Muitas vezes assim como no processo do ‘’shot- pening’’,
somo metralhados, bombardeados pelas esferas da vida que
num primeiro momento parece que nos machucam, mas que,
com o decorrer do tempo, percebemos que nos deixam mais
puros, resistentes e mais polidos.
Simbolicamente falando da Força Potente, esta considero
nossos irmãos que sabiamente exercem a força necessária
para que na outra ponta da alavanca sejam elevadas na medida
certa as Forças Resistentes (neste caso específico, aqueles
que necessitam de ajuda mútua).
Deixo para falar por último no Ponto de Apoio, pois considero
este o mais importante dos três elementos.
Penso que o Ponto de Apoio, simbolicamente, é todo o
conhecimento maçônico ou outros, que o homem tem, sejam

104
eles, intelecto, espiritual e ou ritualístico, que precisamos
buscar continuamente, pois se ele não estiver alicerçado em
fundamentos, com base sólida, comprometerá o ‘’todo’’ na
execução do processo do uso da alavanca.

O resultado não está na força exercida, mas sim no conjunto


equilibrado com as ferramentas certas.
Como reflexão deixo algumas perguntas a serem respondidas
individualmente no íntimo de cada irmão:

- Que ‘’alavanca’’ tenho sido na elevação de outros irmão ou


profanos quando necessitam de ajuda?

- Tenho exercido a força correta sempre buscando a tolerância


e o equilíbrio?
E principalmente:
- Que conhecimentos literários ou práticos com fundamento,
tenho usado como base de apoio para ajudar o próximo?
Sob o ponto de vista intelectual, a Alavanca exprime a força do
raciocínio, a segurança da lógica. É a imagem da filosofia,
cujos princípios invariáveis não permitem fantasia nem
superstição.
Bibliografia:
Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia
de Nicola Aslan.

105
Ritual Companheiro Maçom Escocês Antigo e Aceito
Rudimar Panzoni Marques
CC Loja Duque de Caxias lll Milênio

106
ENTENDENDO OS TERMOS: MAÇONS ANTIGOS, LIVRES
E ACEITOS

February 12, 2016

O termo “Maçons Antigos, Livres & Aceitos” que, utilizando a


abreviação maçônica do REAA, fica “MM.AA.LL&AA” talvez
seja, depois de “GADU”, o termo mais usado na Maçonaria.
Apesar disso, parece que poucos são os maçons que sabem
seu verdadeiro significado e o que se vê são muitos maçons
experientes inventando significados mirabolantes e
profundamente filosóficos para um termo que teve caráter
político na história da Maçonaria.
O termo geralmente é utilizado após o nome da Obediência ou,
muitas vezes, faz oficialmente parte do nome. Em inglês a sigla
é AF&AM (Ancient, Free and Accepted Masons), cujo
significado é o mesmo do termo em português: Maçons
Antigos, Livres & Aceitos. Porém, os Irmãos também podem
em muitas Obediências se depararem com termo diferente,
sem o uso do “Antigo”, apenas: “Maçons Livres & Aceitos” ou

107
“F&AM – Free and Accepted Masons”.
Afinal de contas, o que significa esse termo e qual o motivo da
variação?
Em primeiro lugar, ao contrário do que muitos possam pensar,
o termo nada tem com o Rito Escocês. Pelo contrário, foram os
fundadores do Supremo Conselho do Rito Escocês em
Charleston que, influenciados pelo termo, resolveram pegar
emprestado o “Antigo” e o “Aceito”.
Na verdade, o termo e sua variável surgiram do nome oficial
das duas Grandes Lojas inglesas rivais, historicamente
conhecidas por “Antigos” e “Modernos”. O nome da 1ª Grande
Loja (1717) era “Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos da
Inglaterra”. Já sua rival (1751) foi fundada com o nome de
“Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos da Inglaterra de
acordo com as Antigas Constituições” e por isso costumava
ser chamada de “Antiga Grande Loja da Inglaterra”.
Dessa forma, a mais nova se proclamava “Antiga” e chamava a
primeira, que era mais velha, de “Moderna”. A partir daí, nos 60
anos de rivalidade entre essas duas Grandes Lojas, os maçons
da Grande Loja dos “Modernos” ou daquelas fundadas por
essa usavam o termo “Maçons Livres e Aceitos”, enquanto
que os da Grande Loja dos “Antigos” ou daquelas fundadas
por essa eram tidos como “Maçons Antigos, Livres e Aceitos”.
Nesse período, a Grande Loja da Irlanda (1725) e a Grande Loja
da Escócia (1736) se aproximaram dos “Antigos” e de certa
forma aderiram ao termo. As duas Grandes Lojas inglesas
resolveram se unir em 1813, porém, os termos permaneceram
nas Grandes Lojas constituídas por essas, que
consequentemente passaram àquelas que constituíram depois.

108
O maior reflexo dessa “rivalidade” e o uso dos termos que a
representam ocorreu nos EUA, que tiveram Grandes Lojas
fundadas pelos Modernos, pelos Antigos, e pelas Grandes
Lojas da Irlanda e da Escócia. Com isso, 26 Grandes Lojas
Estaduais usam o termo COM “Antigos” e outras 25 Grandes
Lojas usam SEM “Antigos”:
F&AM (Maçons Livres & Aceitos) = 25 GLs: Alabama, Alaska,
Arizona, Arkansas, Califórnia, DC, Flórida, Geórgia, Havaí,
Indiana, Kentucky, Louisiana, Michigan, Mississipi, Nevada,
New Hampshire, New Jersey, New York, Ohio, Rhode Island,
Tennesse, Utah, Vermont, Washington, Wisconsin.
AF&AM (Maçons Antigos, Livres & Aceitos) = 26 GLs:
Colorado, Connecticut, Delaware, Idaho, Illinois, Iowa, Kansas,
Maine, Maryland, Massachusetts, Minnesota, Missouri,
Montana, Nebraska, Novo México, Carolina do Norte, Dakota
do Norte, Oklahoma, Oregon, Carolina do Sul, Dakota do Sul,
Texas, Virgínia, West Virgínia, Wyoming, Pensilvânia.
Apesar de a rivalidade ter acabado no início do século XIX, os
termos permaneceram e podem ser vistos em várias outras
partes do mundo. Alguns exemplos:
COM “Antigos”: Bolívia, Chile, Cuba, Costa Rica, Equador,
Grécia, Guatemala, Honduras, Israel, Nicarágua, Panamá, Peru,
África do Sul, Espanha, Venezuela.
SEM “Antigos”: Argentina, China, Finlândia, Japão, Filipinas,
Porto Rico, Turquia.
Com o “Antigos” já desvendado, cabe aqui compreender a
expressão “Livres & Aceitos”:
“Livres” se refere aos maçons que tinham direito de se
retirarem de suas Guildas e viajarem para realizar trabalhos em

109
outras localidades, enquanto que os “Aceitos” seriam os
primeiros maçons especulativos que, apesar de não
praticarem o Ofício, ingressaram na Fraternidade.
Hoje, usar ou não o “Antigos” não faz mais tanta diferença. O
importante é que não esqueçamos que o “Livres & Aceitos” é
um elo, um registro histórico da transição entre a Maçonaria
Operativa e a Especulativa. Qualquer interpretação diferente é
tentar jogar nossa história fora.
Autor: Kennyo Ismail

110
A VISITA MAÇÔNICA

February 14, 2016

O termo visitar significa o ato de ir ver alguém em cortesia,


dever ou afeição. Na maçonaria, é um dever de todo maçom
visitar as Lojas coirmãs, estejam elas localizadas no mesmo
Oriente, perto ou longe dele.
É uma das grandes incumbências dadas a todo aquele que
iniciou na Arte Real, com a finalidade única de estreitar cada
vez mais, os laços de fraternidade que unem todos os maçons
espalhados pela superfície da terra.

De acordo com o que preceitua o Landmark XIV da Ordem


Maçônica, o direito de todo Maçom visitar e tomar assento em
qualquer Loja é um dos inquestionáveis Landmarks da Ordem.
É o consagrado “direito de visitação”, reconhecido e votado
universalmente a todos os Irmãos que viajam pelo orbe
terrestre.
É a consequência do modo de encarar as Lojas como meras
divisões da família maçônica. Conforme o Landmark XV

111
determina, nenhum irmão desconhecido dos irmãos da Loja
pode a ela ter acesso como visitante sem que primeiro seja
examinado, conforme os antigos costumes, e como tal
reconhecido. Este exame somente pode ser dispensado se o
irmão visitante for conhecido por algum irmão da Loja, que por
ele se responsabilizar.

A visita além de representar a exercitação da cortesia tem


ainda uma grande vantagem para aqueles que querem se
aperfeiçoar, se aprimorar na arte de se fazer a maçonaria nos
seus mais puros sentimentos. É uma forma daquele que a faz
estar sempre aprendendo, podendo fazer comparações sadias
quanto ao desenvolvimento dos rituais de cada Loja, da forma
de administração de cada Venerável e, de poder trocar ideias e
manter contatos com outros irmãos também ávidos para
conseguirem o tão almejado aperfeiçoamento.

Este tão salutar hábito, da costumeira visita, não deve ser


utilizado para comparações maldosas, com críticas que não
levam a nada e sim, para reavivar a cada dia este intercâmbio
onde esteja sempre presente a face da verdadeira amizade que
deve reinar sempre entre aqueles que estão conscientes dos
ideais maçônicos.

O irmão que sente prazer em visitar outras Lojas, também


deverá senti-lo em visitar hospitais onde estejam internados
irmãos ou seus familiares, levando a palavra amiga, o consolo
tão importante nestes momentos de aflição que, forçosamente,
todos passaremos um dia.

112
Como é bonito chegar a um quarto de hospital onde está um
irmão e lá encontrar outros levando o seu calor humano tão
benéfico e tão fraterno.
Além de ser um sentimento de um dever cumprido, representa
a crença em um ente superior que, com a sua força, faz com
que aquele que ali esteja em dificuldade, possa acreditar ser
possível sua plena recuperação e uma breve volta ao convívio
com daqueles que lhe são muito caros.

Conforme a palavra já define, a visita não deve nunca ser um


ato forçado, uma obrigação e sim, ser feita, de forma
espontânea, prazerosa e que, além de agradar àqueles que a
recebem, primeiramente fazer com que o que a faz, possa se
sentir realizado em poder praticá-la na sua essência. Como é
gostoso ao chegar a uma Loja, ver tantos rostos já conhecidos
e, em lá estando, receber os mais calorosos abraços daqueles
que muitas vezes, não vemos há longo tempo.

È muito agradável sairmos de nossas casas para visitar um


parente próximo, uma filha ou filho, um neto, uma neta que há
muito tempo não vemos e sabermos que eles sempre fazem
falta quando estiverem distantes de nós. O abraço na chegada
tem um valor inestimável para aquele que o oferece, como
também, para aquele que o retribui.
Assim deve ser e acontecer sempre que fizermos uma visita
aos irmãos de outra Loja Maçônica, qualquer que seja a sua
Obediência, pois, com certeza, todos que ali estiverem, são
irmãos que um dia foram iniciados nos nossos Augustos
Mistérios, apenas com pequenas diferenças ritualísticas e, que

113
por nós deverão ser eternamente respeitados e amados.

Muitas vezes ficamos preocupados e até decepcionados com


alguns irmãos que, querendo fazer do hábito da visita uma
obrigação sem limites, quando sabemos que ela deve partir
sempre daquele que tem a intenção de efetivá-la, até ofendem
outros irmãos quando querem impor os seus pontos de vistas,
tentando forçá-los a participarem de uma comitiva. Esse tipo
de comportamento para mim além de ser inteira e frontalmente
inadequado, não será nunca recomendável para que não se
fira o direito de liberdade individual, da igualdade de direitos e
da fraternidade própria dos irmãos mais sensíveis.

Na maçonaria aprendi uma coisa durante os meus quase trinta


anos de permanência na mesma Loja. Devemos sempre fazer
as coisas com satisfação, com prazer e com o mais nobre dos
nossos sentimentos, mas nunca obrigados, para satisfazer a
vaidade ou para atender a intempestividade de alguns irmãos
que considero despreparados para trajarem a nossa roupa
preta. Esses irmãos devem “visitar”, sim, com mais frequência
as nossas bibliotecas maçônicas e de lá retirarem os
conhecimentos necessários para que se priorize a convivência
sempre sadia entre todos nós.

Um fato que deixou profundas marcas de gratidão em meu


coração foi quando meu pai, irmão-maçom, já adormecido e
com 80 anos de idade, estava doente em nossa casa em Belo
Horizonte, e eu estando lá, chegaram alguns irmãos da sua
Loja-mãe, União Cosmopolita, do Oriente de Ponte Nova para

114
nos visitar. Embora, eu já acostumado com esses momentos,
percebi nos olhos e no tom de voz de cada um deles, brotar a
emoção.
O meu pai-irmão ficou paralisado ao vê-los entrando no seu
quarto e dirigindo-se a ele para o abraço cuidadoso que o
momento recomendava. Ali ficou vivamente caracterizada e
concretizada a importância da visita fraterna fora de Loja.

Mesmo sabendo que não se impõe o dever de se fazer visitas,


não comungo com inúmeros irmãos, que estando na
Maçonaria há muito tempo, nunca tiraram uma parte do seu
tempo para visitar uma Loja sequer e, raramente os vemos
num corredor de hospital visitando alguns dos nossos.
Maçonaria, a meu ver, não se faz desta maneira por sabermos
que sendo ela uma instituição iniciática, tem em todos os seus
símbolos, capacidade de mostrar que devemos ser tolerantes,
amigos sinceros que devem respeitar os laços muito estreitos
que nos unem em todos os momentos de nossas vidas.

Meus irmãos façamos como Chico Xavier quando disse,


“abençoemos aqueles que se preocupam conosco, que nos
amam, que nos atendem as necessidades… valorizemos o
amigo e o irmão que nos socorre que se interessa por nós, que
nos escreve que nos telefona para saber como estamos indo…
A amizade é uma dádiva de Deus… mais tarde haveremos de
sentir falta daqueles que não nos deixam experimentar a
solidão…

115
Partindo destes ensinamentos, podemos afirmar que a visita
maçônica não se efetiva somente com a presença física do
irmão, mas, e principalmente, com a sua presença espiritual.
O simples fato de nos manifestarmos da maneira que for, com
certeza, ali estaremos presentes levando o consolo, o apoio,
estendendo a mão amiga àquele que já não espera recebê-la,
terá as suas energias exauridas, novamente revigoradas e que
servirão de alento para os seus dias futuros.

Desta maneira meus irmãos, procurei em singelas palavras,


passar para vocês um pouco daquilo que penso ser ou
significar “a visita maçônica”, respeitando sempre o ponto de
vista daqueles que não gostam ou não querem cultivar tão
nobre comportamento, mas, pedindo para que revejam os seus
conceitos para obter as muitas satisfações que por meio delas,
com certeza, serão constantes e verdadeiras.

Para encerrar entendo como oportuno recordar um


ensinamento que recebemos todas as vezes que estamos em
uma Loja Maçônica e que tanto bem nos faz ouvir, sempre
enaltecido na voz do Orador: Oh! Quão bom e quão suave é
que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre
a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que
desce à orla de suas vestes; como o orvalho do Hermon, que
desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a
sua benção e a vida para sempre.
Em qualquer Loja que chegar, lembre-se de que outro grande e
profundo ensinamento estará à sua disposição: “pedi, e
dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á, pois

116
todo aquele que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem
bate abrir-se-lhe-á. Paremos meus irmãos para refletir sobre
estas duas grandes lições que estão e estarão sempre à nossa
disposição.

Ir\ Adalberto Rigueira Viana


JB News – Informativo nr. 1.855 – Florianópolis (SC) –
quinta-feira, 29 de outubro de 2015 Pág. 22/33

117
SALMO 133 - CONSAGRAÇÃO A DEUS

February 16, 2016

DAVI
Na tradição hebraica, a figura de DAVI, rei de Israel, tem duplo
significado; o de fundador do poder militar judaico e o de
símbolo da aliança entre Deus e seu povo. A história de Davi é
narrada na Bíblia, nos livros I e II de Samuel.
Nascido em Belém, na Judeia, entrou como harpista na corte
de Saul, primeiro rei de Israel. Na guerra contra os filisteus, o
jovem Davi, armado com uma funda, matou Golias, o
gigantesco campeão dos inimigos.
Essa vitória e outras que se seguiram despertaram o
entusiasmo do povo e, enciumado, o rei Saul resolveu
eliminá-lo, embora este tivesse se casado com sua filha Micol
e fosse amigo de Jônatas. Davi então fugiu da corte, vivendo
em seguida em vários lugares.
Depois da morte de Saul e Jônatas, Davi regressou à Judeia e
sua tribo o nomeou rei, ao mesmo tempo em que as tribos

118
restantes elegiam Isbaal, o outro filho de Saul. Na guerra que
se seguiu, Isbaal foi morto e Davi tornou-se rei de Israel,
fixando a capital em Jerusalém e, para lá transferiu a Arca da
Aliança, maior símbolo religioso dos israelitas.
Vários episódios dão á vida de Davi uma nota humana e
realista, sobretudo seu adultério com Betseba, mulher de
Urias, para cuja conquista final teve de liquidar, indiretamente,
o marido, que era seu general e dessa ligação nasceu
Salomão. Davi era também extraordinário poeta e músico, e a
ele se atribui boa parte dos poemas que compõem o Livro dos
Salmos.
Na hora da morte, ungiu como rei seu segundo filho, Salomão.
Seu corpo foi levado para Belém e ali sepultado. Na tradição
posterior, Davi foi apresentado como garantia da união entre
Deus e o povo.
O SALMO
“OH! COMO É BOM E AGRADÁVEL VIVEREM UNIDOS OS
IRMÃOS!
É COMO O ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA, A QUAL
DESCE PARA A BARBA, A BARBA DE AARÃO E DESCE PARA
A GOLA DE SUAS VESTES.
É COMO O ORVALHO DO HERMON, QUE DESCE SOBRE OS
MONTES DE SIÃO.
ALI ORDENA O SENHOR A SUA BENÇÃO E A VIDA PARA
SEMPRE.”
Este salmo tem sido atribuído ao Rei David. Há quem afirme
que é obra do período pós exílio; época que em forte clima
emocional, é retomado o culto a JAVEH em plena Jerusalém.

119
Importante é que o tempo não apagou nem alterou tão
profunda mensagem, tendo sido transmitida com o tradicional
zelo judaico através de gerações até chegar hoje, de forma
familiar, a todo maçom.
O Salmo encanta por sua singeleza, por sua mensagem direta,
profunda, e pelas objetivas analogias que encerra. Embora não
nos seja familiar a imagem do óleo descendo da cabeça até a
gola das vestes sacerdotais ou o cenário do orvalho que dos
montes (como o portentoso Hermon), desceu até os vales.
Para transmitir o que esta unidade fraternal em sua essência
significa, a poesia traz á consciência de cada um o paralelismo
com duas figuras bem familiares ao povo hebreu: A barba de
Aarão e o Monte Hermon.
AARÃO
Aarão é o primeiro nome lembrado toda vez que se falar em
religião judaica. A citação do seu nome evoca um paradigma
sacerdotal, a linhagem levita. É o irmão mais velho de Moisés e
seu principal colaborador.
A figura de Aarão possui um peso próprio na tradição bíblica,
devido ao seu caráter de patriarca e fundador da classe
sacerdotal dos judeus. Aarão, membro destacado da tribo de
Levi, viveu em torno do século XIV a.C. De acordo com a
descrição do Êxodo, era filho de Amram e Jocabed e três anos
mais velho que Moisés. Segundo a maioria dos biblicistas, se
Moisés encarnava a visão profética, Aarão simbolizava a
necessidade de um poderoso testamento sacerdotal.
Durante o êxodo do povo judeu, Aarão é o escolhido por Deus
para transmitir ao faraó e ao povo a sabedoria por ele
concedida a Moisés. Em Êxodo, 4: 16 – “Ele falará por ti ao

120
povo; ele será a tua boca, e tu serás para ele um deus.”
Do mesmo modo, Aarão ajudou Moisés a tirar seu povo do
Egito, atravessando o deserto. Enquanto Moisés se achava no
monte Sinai, onde recebeu Os Dez Mandamentos, Aarão
deixou de lado as recomendações do irmão e, ante as súplicas
do povo, mandou construir a imagem do Bezerro de Ouro.
Isso provocou a cólera divina e Aarão não teve permissão para
entrar na Terra Prometida. Apesar disso, Deus o consagrou
sumo sacerdote, fazendo com que de seu cajado brotassem
flores. Foi o primeiro sacerdote dos hebreus, o escolhido pelo
Senhor para o sacerdócio, introduzido no Tabernáculo ainda
no Egito.
Em Números 3: 5-10, temos a declaração explicita de Javeh:
“Disse o Senhor a Moisés: Faz chegar à tribo de Levi, e põe-na
diante de Aarão, o sacerdote para que o sirvam, e cumpram
seus deveres para com todo o povo, diante da tenda da
congregação, para ministrar no Tabernáculo. Terão cuidado de
todos os utensílios da tenda da congregação, e, cumprirão o
seu dever para com os filhos de Israel no ministrar no
Tabernáculo. Darás, pois os levitas a Aarão e a seus filhos;
dentre os filhos de Israel lhes são dados. Mas a Aarão e seus
filhos ordenarás que se dediquem só ao seu sacerdócio, o
estranho que se aproximar morrerá.”
Em Êxodo: 40: 13-15, encontramos o comando de Javeh a
Moisés de forma definitiva:
“Vestirás a Aarão das vestes sagradas, e o ungirás e o
consagrarás, para que me oficie como sacerdote…. e sua
unção lhes será por sacerdócio perpétuo durante as suas
gerações.”

121
UNÇÃO
É ato de ungir, sagrar alguém ou algo para uma função ou
atividade elevada. Na liturgia hebraica, a unção era atribuição
privativa dos sacerdotes e estes, até a época de Salomão,
eram exclusivamente da tribo de Levi.
Disse também o Senhor a Aarão:
“Na sua terra possessão nenhuma terás, e no meio deles
nenhuma parte terás, eu sou a tua parte e a tua herança. Os
Levitas administrarão o ministério da tenda da congregação, e
eles levarão sobre si a sua iniquidade; pelas vossas gerações
estatuto perpétuo será.”
Em Levítico: 8: 1-12, encontramos detalhes do ritual de sua
“INSTALAÇÃO” como sumo sacerdote, celebrada por Moisés,
conforme as instruções recebidas do Senhor. Na etapa final
desse que foi um dos mais solenes cerimoniais de
“instalação” descritos no Velho Testamento, o texto assinala:
“Então Moisés tomou o óleo da unção, e ungiu o Tabernáculo,
e tudo o que havia nele, e o consagrou; e dele espargiu o altar
e todos os seus utensílios, como também a bacia e o seu
suporte, para os consagrar. Depois derramou do óleo da unção
sobre a cabeça de Aarão, ungiu-o para consagrá-lo.”
TABERNÁCULO, OU TENDA DA CONGREGAÇÃO, era o templo
provisório, móvel, utilizado por todo o período anterior
à construção do Templo de Salomão, o que ocorreu por volta
do ano 968 a.C..
Por todo esse histórico, Aarão é personagem importante na
história do povo judeu. Como sacerdote, tinha o privilégio de
participar do oficio e cerimoniais no Tabernáculo,
apresentando diante de Deus as oferendas em nome do povo.

122
Na qualidade ainda de sumo sacerdote tinha também a
responsabilidade e suprema honra de ser o único a entrar uma
vez por ano no local “santíssimo” onde se encontrava a Arca
da Aliança.
Sua consagração como sacerdote foi feita pelo próprio Moisés
por meio do derramamento do óleo sobre sua cabeça. O óleo
que desceu sobre a sua barba até alcançar as suas vestes,
reveste-se de singular simbolismo no contexto.
O corpo envolto no óleo, simbolizando a consagração
sacerdotal, estaria capacitando Aarão a representar todo o
povo diante do Senhor. Era como se o povo judeu fosse,
unido, representado por um corpo – um corpo ungido –
perante o Altíssimo. É a esse óleo que o Salmo da
Fraternidade se refere como “precioso”. Sua composição,
transmitida pelo Senhor a Moisés, reúne apenas cinco
ingredientes, em porções bem definidas:
“Tu pois toma para ti das principais especiarias: da mais pura
Mirra quinhentos siclos[1], de Canela aromática a metade, a
saber, duzentos e cinquenta siclos; e, de Cálamo aromático,
duzentos e cinquenta siclos; e de Cassia quinhentos siclos e
de Azeite de Oliveiras um him.”
Cumpre ressaltar, a natureza santa desse óleo. O sentido do
termo Santo é separado, sagrado, consagrado. Não é comum,
profano ou vulgar, tanto que o próprio Deus adverte
explicitamente em Êxodo 30: 31-33:
“Este me será o azeite da santa unção nas vossas gerações.
Não se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro
semelhante conforme á sua composição: santo é, e será, Santo
para vós. O homem que compuser tal perfume como este, ou

123
que dele puser sobre um estranho, será extirpado dos seus
povos.”
De acordo com o livro dos Números, Aarão morreu no monte
Hor com 123 anos de idade. Outras fontes bíblicas, porém,
afirmam que ele morreu em Moserá.
MONTE HERMON
“É COMO O ORVALHO DO HERMON, QUE DESCE SOBRE OS
MONTES DE SIÃO.
ALI ORDENA O SENHOR A SUA BENÇÃO, E A VIDA PARA
SEMPRE.”
A outra figura lembrada pelo salmista nos transporta ao
portentoso e belo monte Hermon, e o orvalho que do seu topo
se precipita aos montes de Sião.
Reputado como local sagrado pelos habitantes originais
de Canaã, o monte Hermon situa-se na região norte da
Palestina hoje, na fronteira do Líbano com a Síria e, se eleva a
2.800 metros de altitude.
O cume do Hermon está permanentemente coberto de neve.
Aos seus pés tem origem o rio Jordão, responsável por tornar
fértil toda a região conhecida como vale do Jordão, que se
estende da cidade de Dã até a região de Edom, ao sul do Mar
Morto.
A fertilidade, isto é, a própria vida da região, é dádiva do monte
Hermon. Se não fora o orvalho de suas vertentes, não existiria
o Jordão. A região vizinha é inóspita e sem chuvas. As águas
cristalinas do Jordão asseguram a irrigação e com ela a vida
ao longo do vale verdejante. É possível dai se entender o
significado simbólico do “…orvalho do Hermon” e a paráfrase

124
da conclusão:
“Ali ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre.”
Duas figuras, o óleo que desce da cabeça de Aarão e o orvalho
do Hermon que também desce eis as analogias feitas pelo
poeta para comparar as benesses da vida em união. Tudo se
passando como se ele tivesse dizendo que viver em união é
como ter Aarão como sacerdote, em íntimo contato com o
Criador, interpretando nossas dores e alegrias e oferecendo os
sacrifícios. Ou então é como ter garantida a vida, que frui do
Hermon até aos montes de Sião, assegurando a fertilidade da
região de onde vem nosso sustento.
Com estas duas figuras entendemos o que o salmista nos traz.
Viver em união, como irmãos, é a superação de todos os
males. É sinônimo da máxima virtude humana. É quando os
homens ascendem ao clímax da felicidade. É a realização do
EU coletivo. Não o seremos “eus” mas “nós”. A felicidade da
vida em união é comparada com dois planos: o espiritual,
simbolizado pelo óleo sobre a cabeça ungindo Arão, que
permite o homem alcançar o plano do EU superior.
E material, representado alegoricamente pela água que
descendo do Hermon assegura a vida pela perene fertilidade
do solo. De um lado o espírito – o compasso – de outro o
corpo – o esquadro, e no meio o homem plenamente
harmonizado consigo mesmo, com os demais semelhantes,
com a natureza (a terra) e com o Principio Criador. O óleo, o
homem, o monte e a água formam os símbolos e alegorias, que
nos levam a entender o significado da real união entre homens
que se definem como irmãos.

125
O Salmo 133 consagra o puro e verdadeiro amor fraternal,
essência para a construção dos novos tempos. Ele retrata os
mistérios da felicidade interior dos que vivem em harmonia
com seus irmãos, tal como preconiza nossa ordem. Feliz
aqueles que compreendem o essencial deste poema, para
alguns oculto, e, muito mais do que isto, conseguem viver esta
experiência.
O objetivo primário da Maçonaria é unir os Irmãos de tal forma
que possam parecer um só corpo, uma só vontade, um só
espírito, formando um Templo coeso, compacto, de partes
heterogêneas formando um todo. Os Maçons, portanto,
quando unidos pela Cadeia de União, não estão absorvidos
nem diluídos, mas ligados através da soma das forças físicas e
mentais, existindo individualmente no todo.
“Segui a palavra de Davi, é a voz de Deus na Terra.”
Autor: Antônio José Rodrigues
Notas
[1] – Siclos: moeda dos hebreus, de prata pura que pesava seis
gramas
Referências Bibliográficas
1. Bíblia.
2. Revista A Verdade nº 381.
3. Enciclopédia Britânica ( Barsa).
4. Dicionário Aurélio Eletrônico.
5. Revista O Milênio.
6. Ritual da Magia Divina – Os Salmos de Davi e suas
Virtudes.
Apoio

126
§ Cleanto Pereira : ARLS Lealdade Paulistana
§ Jair Mendes Ferreira : ARLS Cidade de São Paulo nº 416

127
NÓS E A PALAVRA

February 17, 2016

A Maçonaria tem certas particularidades que a tornam única no


mundo porque nenhuma outra instituição alcança com
tamanha nitidez a alma humana na mais legítima expressão do
bem, construindo ao longo da sua história o verdadeiro
santuário em defesa do Amor, da Fraternidade, da
Solidariedade, que respeita a Família, defende a Pátria e cultua
a Bandeira como expressão do patriotismo que orgulha os
seus filhos e, principalmente, pela fraternidade universal
praticada pelos Maçons espalhados por todo orbe terrestre.
No que se refere a Deus e a religião, o Maçom não pode nunca
se esquecer de praticar a moral como forma de cumprir os
mandamentos do Grande Arquiteto do Universo, nunca
negando a sua existência ou a vida do amanhã, não se lhe
permitindo, jamais, ser ímpio, ateu ou agnóstico.
A Maçonaria é por excelência uma instituição eminentemente
filosófica, obsessivamente segura dos seus propósitos de
tornar feliz a humanidade pelo aperfeiçoamento dos costumes,
da propagação da ordem e da paz, principalmente, pela
preservação da família como elo da força invisível do espírito e

128
a própria existência do homem.
Mas, no conjunto da obra, o Maçom acredita nos postulados
da Ordem Maçônica e segue, passo a passo, o longo caminho
que o leva a atingir a perfeição do seu caráter, buscando na
felicidade do seu semelhante à riqueza de que precisa para
alcançar a sua própria felicidade.
Em sendo de cunho filosófico, nos ensina o Irmão Hipólito
Sérgio Ferreira, membro fundador da Academia Mineira
Maçônica de Letras, a Instituição Maçônica passa pelos
mesmos caminhos de outras instituições do mesmo gênero e
até mesmo da maioria das religiões existentes.
Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino são exemplos da
fundamentação filosófica da Maçonaria, iguais na teoria de que
não existe paradoxo irreconciliável entre aquilo que diz a
filosofia e a razão, porque a revelação da fé cristã e da verdade
são sinônimos paralelos.
A filosofia é nada mais, nada menos, do que uma forma de
pensar, tanto que a Maçonaria prima seu comportamento pelo
soberano princípio do livre pensamento, buscando no mundo
das ideias a inspiração para chegar à verdade.
A conciliação da doutrina maçônica com o seu compromisso
com a Humanidade está expressa no documento que os
Maçons conhecem como a Constituição de Anderson,
aprovada em 17 de janeiro de 1723, resultado de um trabalho
iniciado em 10 de setembro de 1721 que consistia no
encerramento num mesmo título dos antigos documentos,
livros de Lojas e as antigas disposições, “levando-se em conta
as mudanças do tempo e das circunstâncias”.

129
Agora, digo eu, que a Maçonaria demonstra não ser estática,
procura adequar-se ao tempo e aos costumes da época, porém
guarda incólume a tradição de se fazer conhecida através da
comunicação oral entre os seus membros, no que constitui
uma defesa natural contra os maledicentes da Ordem.
Aliás, segundo a escritora Ana Helena Goes, “a palavra é o
primeiro elemento transformador do mundo de que se vale o
ser humano. A partir da palavra o homem passa a organizar e
orientar-se por todo significativo, organizado o real, dando-lhe
significados, percepções e sensações, ganham significados, a
partir da palavra ganha um sentido recebendo uma
significação, um nome. A palavra passa a fazer parte do
mundo que é construído por nós, onde evitamos o caos, a
desordem e damos um caráter todo unificado, ordenado por
meio da linguagem.”
A origem da palavra remonta à criação do mundo quando
Deus, na sua infinita sabedoria, fez nascer a luz e iluminou a
terra para que todos os seres encantados do Éden pudessem
se ver mutuamente e aprender a dominar o tempo, a noite e o
dia para sua completa felicidade.
Na Maçonaria, mais do que em qualquer outra Ordem
Iniciática, tudo nos leva à palavra como forma de transmissão
oral da sua história e reconhecimento, seja nas sessões
ritualísticas, como também, representa a segurança de que
os meios e os fins que a fizeram traspassar os séculos estão a
salvo da curiosidade do mundo profano.
Por isto que é de suma importância na Instituição Maçônica
garantir a palavra ao Maçom nas assembleias de que
participar, não somente porque é a forma dele expressar a sua

130
verdade, mas, essencialmente a oportunidade que tem de ouvir
para aprender todas as razões encerradas no simbolismo
maçônico.
Tão certo quanto o dia e a noite que se encontram no milésimo
de segundo em cada ciclo equinocial e, simbolicamente,
representa a igualdade que deve existir entre os Irmãos
Maçons, sem brilhos ou sombras entre si mesmos, é de
fundamental importância que a utilização dos meios de
comunicação modernos, via internet, principalmente, se faça
com a mesma discrição que sempre pautou o comportamento
maçônico.
Por isto que os próprios Maçons têm o dever de policiarem a si
mesmos, de saberem conscientemente o limite para
publicarem os seus conceitos maçônicos, guardando o
costume da transmissão oral da palavra maçônica, sem risco
de, involuntariamente, abrirem as portas do imponderável para
conhecimento do mundo não maçônico.
Autor: José Alberto Pinto de Sá
Ex-Venerável Mestre da Loja Maçônica Inconfidência e
Liberdade I, Nº 106
Oriente de Ouro Branco
Grande Inspetor Geral, 33º
Juiz da Egrégia Câmara de Justiça da Grande Loja Maçônica
de MG
Membro Fundador da Loja de Pesquisas Maçônicas Quatuor
Conorati - Pedro Campos de Miranda
Membro Efetivo da Academia Mineira Maçônica de Letras

131
REFLEXÕES SOBRE A CÂMARA DE REFLEXÕES

February 19, 2016

I - INTRODUÇÃO:

A Câmara de Reflexões é a verdadeira chave da iniciação do


neófito na Ordem Maçônica, tendo ela uma enorme
importância para o Maçom futuramente, pois é justamente
nesse momento que o neófito reflete sobre toda a sua vida
profana e como deverá segui-la após adentrar na Maçonaria.

Em se tratando realmente do verdadeiro ponto crítico da


Iniciação, espera-se inspirar ao Candidato, dentro da Câmara
de Reflexões, sentimentos de profundo respeito que hão de
levá-lo a entregar-se a uma meditação profunda, através da
qual o seu espírito purificado será levado a compreender o
valor das coisas terrenas e o valor inestimável dos bens
espirituais. Sem essa meditação em lugar tão apropriado, a
verdadeira iniciação torna-se irrealizável.

Encontramos também um ambiente sombrio, adornado de

132
emblemas fúnebres, destacando frases marcantes, no qual o
profano faz o seu testamento, a fim de lembrar ao Candidato a
sua morte para o mundo profano e que, purificado e
regenerado, deverá começar uma nova vida.

Esse cenário decifra para muitos profanos, como também para


numerosos Maçons, que a Câmara de Reflexões pode ter o
objetivo de amedrontar o iniciante, provocando nele terror
físico, disso resultando, muitas vezes, situações
constrangedoras e não iniciáticas. Esta situação se agrava
ainda mais quando o profano não é devidamente instruído pelo
Ir:. Experto.

No entanto, devemos nos apegar ao fato da Câmara de


Reflexões possuir toda essa carregada simbologia, mas no
intuito de despertar a reflexão profunda ao profano.

Ao entrar no prédio da loja, com os olhos vendados, o


candidato é recolhido à Câmara, e essa simbologia
corresponde a Terra, a qual, por sua vez, representa a
materialidade.

II - FUNDAMENTOS DA CÂMARA

A Câmara de Reflexões é também o símbolo manifesto de um


estado de conseqüência equivalente, mas seu simbolismo não
para aí. É considerada como uma descida aos infernos, ou

133
seja, aos lugares inferiores, visto que, na Câmara de Reflexões
o neófito é obrigado a descer em si mesmo, entregando-se a
uma introspecção muito importante.

Trata-se, portanto de um recuo, de um retrocesso ou reflexão


em si mesmo. Isso levou o simbolista francês Presigout a
preferir dar a esse local a denominação de Câmara de
Reflexão, porque, diz ele, o profano não se entrega a reflexões,
mas opera sobre si mesmo uma reflexão, no sentido de
“inversão”, para poder nascer de novo.

E de fato, ao fazer passar o profano pela Câmara de Reflexão,


espera-se que o isolamento que ele vai se encontrar, a
atmosfera que nela existe e os objetos que nela se encontram,
hão de concorrer para levá-lo a novas descobertas e a
proporcionar-lhe ensinamentos novos. Isso, sem dúvida, há de
ajudá-lo a realizar esse recuo sobre si mesmo, assim como um
corpo muda de direção depois de chocar-se com outro.

O choque de espírito contra a superfície refletora da Câmara


há de levá-lo a examinar as suas idéias, a compará-las e, desse
processo, há de resultar certamente um pensamento novo.

Existe também a idéia de que esse simbolismo significa a


posição de feto no ventre e constitui o tempo da gestação que
precede o novo nascimento. Esse ventre é comparado à
Câmara de reflexão, aonde o embrião se desenvolve. E pelo
aspecto fúnebre entende-se como o significado da morte do
neófito na vida profana.

134
Pode-se entender, ainda, o aspecto de uma gruta ou de uma
caverna sombria, por simbolizar o centro da Terra, o seio da
natureza material, de onde vimos e para onde voltaremos, com
o nosso físico dissolvido e transformado em pó, o que é
lembrado ao iniciante pelos despojos humanos nela contidos.

Por seu isolamento e suas paredes negras, a Câmara de


reflexões representa um período de escuridão e maturação
silenciosa da alma, por meio da meditação e da concentração
em si mesmo, período que prepara o verdadeiro progresso,
efetivo e consciente, que se manifestará posteriormente à luz
do dia.

A finalidade da Câmara de reflexões não é infundir terror físico


aos iniciantes, como infelizmente ainda alguns supõem. Ao
contrário, pretende-se criar um estado de espírito
indispensável à compreensão dos ensinamentos decorrentes
do simbolismo e do esoterismo da Iniciação Maçônica. A
incompreensão dos elevados objetivos da Iniciação por parte
de muitos iniciadores faz, muitas vezes, abortar essa
necessária predisposição espiritual.

Ao fazer passar pela Câmara de reflexões o profano,


pretende-se mostrar que tinha chegado o momento de morrer
para o vicio, as paixões, os preconceitos e os maus costumes;
para fazer-lhe compreender que diante da morte desaparecem
o orgulho e a ambição humana, e que de nada valem o poder e
as riquezas do mundo.

135
A permanência do iniciante na Câmara de reflexões representa
o período de gestação do Maçom, pois, ao morrer para o
mundo profano, ele prepara a sua mente e o seu espírito para o
nascimento de uma nova vida.

É necessário que se conceda ao profano tempo suficiente para


meditação frente aos símbolos que se encontram na Câmara
de reflexões, tendo-se o cuidado para que nada venha
perturbá-lo durante aquele período. Deve-se evitar a todo custo
fazer entrar dois profanos ao mesmo tempo na Câmara, sob o
pretexto anti iniciático de se ganhar tempo.

Os profanos devem ser convidados a comparecerem com


antecedência suficiente para que cada um possa permanecer
pelo menos meia hora dentro da Câmara.

III - DESCRIÇÃO DA CÂMARA

A Câmara de Reflexões é um cubículo que não deve receber


luz do exterior, sendo iluminada apenas por uma vela ou uma
lamparina. As paredes, forradas e pintadas de preto, ostentam
várias inscrições e emblemas fúnebres formando um conjunto.
Em seu interior encontram-se uma mesa e um banco
pequenos, um esqueleto humano ou um crânio e ossos,
enxofre, e outra sal e mercúrio, um pedaço de pão, uma bilha
d’água, uma campainha, papel e caneta.

136
Muitas Lojas mais modestas, porém mais interessadas no
estudo da doutrina e do simbolismo maçônicos, representam
tais objetos sobre um simples painel. Sobre ele acham-se
pintados vários emblemas: no alto, a palavra V.I.T.R.I.O.L.
(Visita Interiora Terrae, Retificandoque, Invenies Occultum
Lapidem), que significa: “Visita o interior da terra e,
retificando, encontrarás a Pedra Oculta”.

Logo abaixo, um galo, uma bandeirola, na qual estão inscritas


as palavras Vigilância e Perseverança. No meio do quadro
vêem-se uma ampulheta, uma foice, um crânio com duas tíbias
cruzadas.

De cada lado, duas taças com os símbolos do enxofre e do sal


marinho. O do enxofre é um triângulo com vértice para cima e
uma pequena cruz grega embaixo; o do sal é um circulo
atravessado por uma diagonal horizontal.

O galo representa o Mercúrio e estarão pintados, por baixo de


duas taças, de um lado a bilha d’água e, do outro, o pão.

IV - AS CITAÇÕES DA CÂMARA DE REFLEXÕES

Sobre as paredes da Câmara de Reflexões há inscrições,


descritas abaixo, com a finalidade de levar o profano a encarar
o ato a que vai ser submetido, com a honestidade a que deve

137
fazer jus.

· SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ, RETIRA-TE


A Maçonaria não pode servir de campo experimental para
satisfação de uma simples curiosidade. Inteiramente dedicada
ao estudo de problemas fundamentais e de grandes
ensinamentos, todo elemento possuído por uma simples
curiosidade, longe de lhe ser útil, seria um perigo.

Sendo manifesto o desejo da Maçonaria de participar ao


mundo a sua utilidade por meio de sábios e discretos
ensinamentos e por elevados exemplos, ela reprime a louca
afeição ao superficial, ao fútil, engrandecendo no homem o
desejo de instruir-se através de estudos sadios, sérios e
proveitosos.

· SE TENS RECEIO DE QUE SE DESCUBRAM OS TEUS


DEFEITOS, NÃO ESTARÁS BEM ENTRE NÓS
O ensinamento que essa frase encerra é fundamentalmente
proveitoso. O homem não pode alcançar um grau de elevada
perfeição, senão pelo constante estudo de si mesmo e com o
conhecimento mais amplo de seus próprios defeitos, e, dessa
forma, a Maçonaria exige de seus adeptos uma recíproca
advertência sobre si mesmos.

O Maçom, para seguir o seu caminho de constante


aprendizado, precisa transparecer, sem receios, todos os seus

138
defeitos, por mais amargo que isso venha a ser, pois é através
desta exteriorização que se pode lapidar a verdadeira pedra
bruta.

· SE FORES DISSIMULADO, SERÁS DESCOBERTO


A hipocrisia é uma das causas principais que fazem progredir
o mal no mundo, devendo o Maçom fazer sempre o possível
para desmascará-la, combatendo-a por toda a parte onde ela
se encontre. Todo aquele que finge, aquele que oculta, cedo ou
tarde será desmascarado e seus vícios expostos à luz do sol, à
luz da verdade.

· SE ÉS APEGADO ÀS DISTINÇÕES MUNDANAS, RETIRA-TE;


NÓS AQUI, NÃO AS CONHECEMOS
A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo profano e as
distinções sociais exigidas pela ordem social. No entanto,
dentro de seus templos, isso é desprezado pelo princípio da
igualdade que deve reinar entre todos os seres, sem mais
distinções que as merecidas pela virtude, nobreza e talento; da
mesma forma em que os trabalhos dos Aprendizes Maçons
iniciam-se ao meio dia, fazendo com que os irmãos trabalhem
sem fazer sombra uns aos outros.

Esse sentimento de igualdade traz, por conseguinte, uma


evolução em conjunto muito mais forte e duradoura, fazendo
com que o sentimento de desprezo ou o próprio individualismo
não sejam bem quistos na Ordem Maçônica.

· SE TENS MEDO, NÃO VÁS ADIANTE

139
Embora a Maçonaria não pretenda despertar o terror ao
iniciante, essa inscrição existe para indicar que no momento
de perigo, o homem carente de fé e de valor, que se deixa
dominar pelo terror e a superstição, não consegue exteriorizar
a sua pedra bruta.

O sentimento de medo faz com que o homem bloqueie seu


caminho a ser triunfado, inibindo a sua coragem,
perseverança, auto-estima, valor e fé, que é justamente o que o
iniciante está precisando exteriorizar nesse momento.

· SE QUERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA


MORTE
Sendo a morte o fim de tudo, a sua aproximação será o castigo
ou a recompensa da vida, de acordo com o emprego que lhe
foi dado e a direção que lhe foi impressa. O homem deve
refletir sobre a morte para assim valorizar e lapidar a sua vida.
Sendo assim, o Maçom deve fazer de sua vida um caminho
laborioso, superando obstáculos, com a máxima valorização
intrínseca de si mesmo.

Pode-se entender, ainda, a morte, como sendo o fim da vida


profana e o nascimento na vida maçônica, na qual o iniciado
começa a glorificar a verdade e a justiça, levantando templos à
virtude e cavando masmorras ao vício.

V - O SIMBOLISMO DOS ELEMENTOS DA CÂMARA

A VELA

140
A Câmara de reflexões é iluminada apenas pela luz de uma
vela ou de uma lamparina. Há várias interpretações sobre este
símbolo. Pode ser a primeira luz da Maçonaria que o profano
recebe, de início fraca, para que o profano, através dos
pensamentos que o ambiente lhe sugere, possa acostumar a
sua visão espiritual à luz deslumbrante das verdades que lhe
serão reveladas.

A luz dessa vela é o reflexo e a representação da divindade no


plano terrestre. É ela o único asilo seguro contra as paixões e
perigos do mundo e que proporciona o repouso, o
discernimento e a luz da inspiração, quando a Ela se recorre.

Esse clarão simboliza então a lâmpada da razão, iluminando a


Câmara que não é outra coisa senão o interior do homem,
dando lhe assim a esperança de um mundo novo e diferente,
que se abre a sua frente, mundo do qual ele não pode fazer
uma ideia precisa, mas que na iniciação haverá de descobrir.

O GALO
O galo representa o Mercúrio, principio da Inteligência e da
Sabedoria. Essa ave é, também, um símbolo de Pureza.

O Galo é um gerador da esperança, o anunciador da


ressurreição, pois seu canto marca a hora sagrada do
alvorecer, ou seja, a do triunfo da Luz sobre as Trevas. A sua
presença na Câmara de Reflexões simboliza o alvorecer de
uma nova existência, visto que o iniciante vai morrer para a
vida profana e renascer para a vida maçônica, sendo ele o

141
signo esotérico da Luz que o Profano vai receber.

Também simboliza a Vigilância que o iniciado deve manter


relativamente ao papel que desempenha na sociedade.
Também simbolizado por forças adormecidas que a Iniciação
pretende realizar, esotericamente simbolizado pela “força
moral”, indestrutível, guiando os passos do Maçom dentro e
fora do Templo.

A BANDEIROLA
Colocada por baixo do Galo traz inscritas as palavras
Vigilância e Perseverança. Consideradas do ponto de vista
etimológico, essas palavras podem significar “vigiar
severamente”. Indicam ao Futuro Maçom que deve, a partir
daquele momento, prestar toda a atenção e investigar os
vários sentidos que podem oferecer os símbolos, os quais, só
conseguirá entender completamente através de uma paciente
Perseverança.

Assim como o dever moral, que o Maçom deve colocar em


prática dedicando-se a uma Vigilância constante. É também a
difícil tarefa de desbastar a Pedra Bruta que só alcança algum
sucesso, quando realizada com a mais firme Perseverança.

O CRÂNIO
A presença de um Crânio pode despertar no profano alguns
pensamentos, através dos quais ele poderá imaginar a
representação, pela caixa óssea, da inteligência e Sabedoria,

142
da qual ela é símbolo. A Sabedoria é tão importante para o
nosso cotidiano como o conjunto de nossa existência e para
as grandes decisões. Pode ser vista como a Razão governando
a prática pela teoria.

Assim como na Câmara, os ossos são um mero complemento


do Crânio como símbolos da Morte.

A AMPULHETA
Como é um instrumento para medir o tempo, é considerado na
Maçonaria, um símbolo que mostra, pelo escoamento da areia,
o rápido transcorrer do tempo, e recorda ao profano a
brevidade da existência humana, aonde têm um significado
esotérico com diversas interpretações.

O tempo passa e voa, e a vida sobre a terra é semelhante ao


cair da areia. Por isso é preciso saber aproveitá-la em coisas
úteis e proveitosas para si próprio e também para a
humanidade. Pois uma vida dedicada ao acumulo de riquezas
e ao gozo dos prazeres sensuais não contribui para a
felicidade de ninguém, é uma vida desperdiçada. O iniciante
deve lembrar que as pequenas porções do tempo juntam-se
umas as outras e terminam no seio da Eternidade.

A FOICE
Símbolo muitas vezes não utilizado, mas que representa o
símbolo da destruição e da morte, que em dado momento
perturba a vida de qualquer pessoa, sem distinção de classe
social. Pode ser interpretada como também, um símbolo do

143
tempo, mostrando-nos a curta duração de nossa existência
terrena e despertando-nos o medo.

O PÃO E A ÁGUA
Tende a assemelhar a Câmara de Reflexões a uma masmorra,
onde o profano deve ser recolhido. Mas o Pão simboliza o laço
de fraternidade entre os irmãos e a Água é o símbolo da
purificação. São emblemas da simplicidade que deverá reger a
vida do futuro iniciado, assim como alimentos do corpo e do
espírito, os quais são indispensáveis, mas que não devem ser
o único objetivo da vida.

Sendo assim, é o elemento indispensável à vida, e o pão,


provindo do trigo, simboliza a força moral e o alimento
espiritual.

O SAL
É o símbolo da mão estendida, representando a hospitalidade.
Os antigos Greco-Romanos o simbolizavam pela amizade,
finura e limpeza da alma e da alegria. Seria como se fosse
algum dizer de boas vindas ao iniciante, mostrando-lhe que ele
será acolhido alegremente, com todo o coração, e que ele há
de se sentir em “sua casa”. Assim, o profano, com o espirito
livre, se entregará inteiramente à conquista das verdades
prometidas.

O MERCÚRIO
Representado pelo Galo, é um símbolo não apenas de
Vigilância e Coragem, como também de Pureza. Princípio

144
fêmea, na alquimia, é considerado Hermeticamente como o
princípio da Inteligência e Sabedoria.

ENXOFRE
É considerado o princípio macho, na alquimia. É o símbolo do
espírito e por isso simboliza o ardor.

“ A pedra Filosofal é um Sal perfeitamente purificado, que


coagula o Mercúrio afim de fixá-lo em um Enxofre
extremamente ativo. Esta fórmula sintética resume a Grande
Obra em três Operações que são: a purificação do Sal, a
coagulação do Mercúrio e a fixação do Enxofre”. (In “O
Simbolismo Hermético” de Oswald Wirth)

TESTAMENTO
É o ato que geralmente, na vida Profana, é praticado a aqueles
que se encontram à beira da morte. Mas na Maçonaria é
considerado como um testamento “filosófico”, e não um
testamento “civil”, como o dos profanos.

No testamento o iniciado irá “testemunhar” por escrito as suas


intenções filosóficas, assumindo, dessa forma, uma obrigação
prévia.

Sua verdadeira finalidade não é somente responder as


perguntas, mas sim, fazer com que o iniciado expresse sua
opinião sobre elas e escreva as suas últimas vontades, como
se fosse mesmo morrer, no seu Testamento.

145
O profano expressará seus últimos pensamentos e suas
últimas disposições, pois é sob influência da Câmara de
Reflexões que ele dirá a verdade.

Assim, por esse documento, em que a sua mente só dirá a


verdade, a Loja terá um conhecimento quase perfeito dos
verdadeiros sentimentos do Profano.

VI - CONCLUSÃO
Resumidamente, a Câmara de Reflexões nada mais é do que a
transição da vida profana para a vida Maçônica, que usa de
seus elementos e simbolismos para preparar o iniciante para
essa nova e frutífera vida.

A Câmara de reflexões leva o neófito ao mundo da


introspecção. Mais tarde, pelo V.’.M.’. fica sabendo: "Os
símbolos que ali existem vos levaram, certamente, a refletir
sobre a instabilidade da vida, lição trivial sempre ensinada, e
sempre desprezada".

Assim, constatamos que a Câmara de Reflexões tem como


fundamento maior fazer com que o iniciante consiga
exteriorizar, expor a sua pedra bruta, para que assim, a mesma
possa ser permanentemente lapidada, intuito este, inerente à
Maçonaria.

É neste local que o iniciante consegue se preparar para se

146
tornar um verdadeiro Aprendiz Maçom, resgatando o seu
verdadeiro eu interior e desprezando a sua parte infrutífera,
catalisando assim todos os elementos necessários para o
início dos trabalhos Maçônicos.

Essa fundamental preparação realizada pela Câmara no


candidato torna-se claramente necessária ao entender-se que
tal profano já está prestes a iniciar-se na Ordem.

A garimpagem de um irmão Maçom, o achado dessa nova


pedra bruta (o iniciante), já fez com que se trouxesse uma
grande expectativa de mais um irmão abrilhantando os
trabalhos em Loja. Mas sem dúvida esse momento de
garimpagem do próprio candidato, dentro da Câmara de
reflexões, é vital para sua completa preparação.

VII - Bibliografia

Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz – GOB;

ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual de Aprendiz – VADE


MÉCUM INICIÁTICO, Editora MAÇÔNICA, Rio de Janeiro;

WIRTH, Oswald – O Simbolismo Hermético -

147
A FLOR DA VIDA E A GEOMETRIA SAGRADA

February 20, 2016

Em todo o mundo há inúmeras construções de caráter


religioso que foram elaboradas segundo os princípios da
geometria sagrada. São igrejas, templos, monumentos, altares
e jardins destinados a transmitir de maneira visual
ensinamentos de natureza superior, já que tiveram sua
constituição determinada por formas e proporções
geométricas dotadas de especial significado místico.

Ao longo da história espiritual da humanidade, números e


formas geométricas sempre foram considerados entidades
especiais dotadas de um poder de criação e sustentação da
vida. Enquanto os números são mais abstratos e conceituais,
as figuras geométricas carregam maior apelo emocional, já

148
que podem ser vistas e usadas para a construção de objetos
no mundo físico.
Uma das formas geométricas mais interessantes, mais antigas
e que atualmente é muito usada em práticas místicas e para
facilitar a transmissão de ensinamentos de certos movimentos
espiritualistas é a chamada Flor da Vida.
Este é o nome moderno dado à uma figura geométrica
composta de vários círculos de igual diâmetro, sobrepostos de
maneira padronizada, formando uma estrutura semelhante à
uma flor composta, em seu núcleo, por seis pétalas simétricas.

Numa cadeia infinita de círculos que formam uma teia


harmoniosa dentro da qual emergem figuras geométricas
sagradas para muitas tradições espirituais antigas, o centro de
cada círculo está posicionado exatamente sobre a
circunferência dos seis círculos que o cercam.

Muitos consideram a Flor da Vida como um dos mais


importantes símbolos da geometria sagrada, pois dentro dela
estariam codificadas as formas fundamentais que constituem
aquilo que conhecemos como tempo e espaço. Estas formas
seriam as estruturas conhecidas como a Semente da Vida, o
Ovo da Vida, o Fruto da Vida e a Árvore da Vida.

149
Portanto, ela contém em si mesma as diversas etapas do
desenvolvimento da vida, desde o surgimento com a Semente,
sua expansão através do Ovo, sua proteção através do Fruto, a
manifestação de sua beleza através da Flor e sua expressão
final na Árvore, de onde nascerão as novas sementes,
retomando assim o ciclo natural de expansão da natureza.
A vida tem sua origem nas águas e toda a vida na Terra requer
a presença deste elemento para a sua manutenção. Ao
contemplarmos a forma da Flor da Vida, com seus raios que
partem do centro formando um hexágono, encontramos
outro aspecto simbólico que reforça a mensagem transmitida
por esta figura geométrica, pois sua forma básica é igual ao
modelo estrutural do floco de neve, a água cristalizada.

Por este motivo a Flor da Vida é reverenciada desde tempos


imemoriais, tendo servido como elemento de construção
simbólica para muitas culturas antigas e alguns dos mais
ilustres sábios da humanidade. Com muito pouca pesquisa é
possível encontrar a Flor da Vida em muitos templos, obras de
arte e manuscritos de culturas antigas espalhados por
diversas partes do mundo.

Ela está espalhada por Israel, no interior das antigas


sinagogas da Galileia e de Massada, e na região do Monte
Sinai. Foram encontradas em mesquitas no Oriente Médio, em
antigos sítios arqueológicos romanos localizados na Turquia,
bem como no Marrocos e em obras de arte italianas datadas

150
do século XIII.

Muitos templos japoneses e chineses, além da própria Cidade


Proibida, ostentam diversos exemplares da Flor da Vida. Na
Índia, ela pode ser vista no Harimandir Sahib, o Templo
Dourado, e nos templos localizados nas Grutas de Ajanta. Ela
também foi encontrada na Bulgária, na Hungria e na Áustria,
assim como no México e no Peru.

Por muito tempo se pensou que a representação mais antiga


da Flor da Vida havia sido gravada nas paredes do Templo de
Abidos, no Egito, um lugar sagrado dedicado à Osíris,
divindade crística que representa os ciclos de vida, morte e
ressurreição. Contudo, o exemplar mais antigo estava num dos
palácios do rei assírio Assurbanípal, e hoje pode ser
encontrado no Museu do Louvre, em Paris.

Mesmo assim muitos autores afirmam que os desenhos da


Flor da Vida no interior do Templo de Abidos possuem entre
6000 e 12000 anos de idade. Existem cinco Flores da Vida
desenhadas em cada uma das duas colunas que sustentam o
Templo de Osíris, todas desenhadas de forma muito precisa,
mas não gravadas na pedra, e tão apagadas que quase não se
pode notar sua presença.

151
Em regiões como a Polônia e outras culturas influenciadas
pelos eslavos era costume esculpir a Flor da Vida em diversos
tipos de arte feita com cerâmica. Além disso, foram
encontradas muitas representações esculpidas nos caibros de
madeira que serviam de sustentação para os telhados das
casas destes povos, como uma forma de proteção contra
relâmpagos.

Um dos maiores gênios da humanidade, o renascentista


italiano Leonardo da Vinci realizou estudos a respeito da Flor
da Vida e de suas propriedades matemáticas. Através da Flor
da Vida, Leonardo desenhou de próprio punho diverso de seus
componentes geométricos, como é o caso dos cinco sólidos
platônicos e da Semente da Vida.

Assim como toda flor, a Flor da Vida nasce de uma semente,


que neste caso é a Semente da Vida, uma figura geométrica
formada por sete círculos dispostos segundo uma simetria
hexagonal, formando um padrão composto por círculos e
lentes, e que serve como componente básico estrutural da Flor
da Vida.

Segundo algumas tradições judaicas e cristãs, os estágios de


construção da Semente da Vida correspondem aos seis dias
da Criação descritos no livro do Gênesis. E logo nas primeiras
etapas desta construção podem ser encontrados outros dois

152
símbolos religiosos antigos, que são a Vesica Piscis, símbolo
do eterno feminino, e os Anéis Borromeanos, correspondentes
à trindade divina.

Acrescentando seis círculos à estrutura básica da Semente da


Vida, temos a forma mais elementar da Flor da Vida. Esta, por
sua vez, pode ser convertida no Ovo da Vida, um símbolo
composto por sete círculos tomados do desenho da Flor. O
formato do Ovo da Vida é semelhante ao formato do embrião
nas primeiras horas de sua criação.

Por sua vez, o Ovo da Vida é o fundamento para a formação de


diversas outras figuras geométricas. Uma delas é o Cubo, um
dos cinco sólidos platônicos, e outra é o Tetraedro, outro
sólido platônico, um pouco mais complexo que o Cubo. De
extrema importância para a mística judaica é a Estrela de Davi,
outro símbolo que pode ser extraído do Ovo da Vida.

Ampliando um pouco mais o Ovo da Vida podemos extrair o


Fruto da Vida, que é formado por treze círculos tomados da
Flor da Vida. Muitos consideram o Fruto da Vida como a
própria planta arquitetônica do universo, pois conteria os
fundamentos para a estrutura de todo átomo, de toda molécula
e de toda forma de vida existente.

153
O Fruto da Vida contém a base geométrica do Cubo de
Metatron, desde o qual é possível extrair os cinco sólidos
platônicos. Se o centro de cada círculo for considerado um nó,
e cada nó for conectado ao outro por uma linha, haverá um
total de 78 linhas formando uma espécie de cubo, que é o
próprio Cubo de Metatron.

Seguindo o desenvolvimento natural da Semente, da Flor e do


Fruto da Vida, encontramos a Árvore da Vida, um conceito
presente em várias teologias e filosofias herméticas, e uma
metáfora muito importante para o conjunto de ensinamentos
místicos de origem judaica, conhecido como Cabala.

A ideia cabalista da Árvore da Vida é usada para compreender


a natureza de Deus e a forma como ele emana seus atributos
de forma a constituir todo o universo. Ela pode ser entendida
como um mapa da Criação e das energias presentes nos seres
humanos, e corresponde tanto biblicamente como
esotericamente à Árvore da Vida mencionada no livro do
Gênesis.

Na busca pela compreensão de natureza mística da origem da


vida, todos estes elementos geométricos derivados da Flor da
Vida podem servir como instrumento fundamental e completo.
Ela pode servir como amparo didático para o entendimento do
esoterismo dos números, do fluxo de desenvolvimento da

154
energia divina através do macrocosmo e do microcosmo, bem
como uma mandala através da qual certos estados míticos
elevados podem ser alcançados.
www.sgi.org.br

155
RELACIONAMENTO FRATERNO – PERDÃO - RETIDÃO -
INVEJA

February 22, 2016

Uma simples desatenção de nossa parte em relação a outrem -


mesmo que não intencional – pode, às vezes, gerar um
desafeto. De modo geral, os nossos inimigos são pessoas que
prejudicamos deliberadamente ou ainda cujos interesses
contrariamos através de nossa conduta.

Os inimigos nem sempre são claramente


identificáveis. Perdão - Perdoar aos que nos inspiram
indiferença, ódio e desprezo, não nos querem bem; aos que
nos ferem; aos que nos causam mal, que nos ultrajam e nos

156
perseguem é tarefa espinhosa; mas, é precisamente isso que
nos torna superiores a eles; se nós os odiarmos como nos
odeiam, não valeremos mais do que eles.

No evangelho de Mateus, Jesus inicia uma sessão de


ensinamentos com a seguinte frase: “Se o seu irmão pecar
contra você (...)”. Diante do que é colocado, Pedro levanta uma
palpitante questão: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a
meu irmão quando ele pecar contra mim?” O Mestre dos
Mestres responde de forma enigmática, dizendo que não
deveria fazê-lo somente sete vezes, mas sim, “setenta vezes
sete” (Mateus 18.21-22).

É interessante que a primeira preocupação que nos ocorre ao


lermos este trecho é qual seria o significado da frase ”setenta
vezes sete”.

Isso muitas vezes desvia a nossa atenção de alguns outros


elementos bem mais importantes no texto. Um deles é o fato
que este conjunto de ensinamentos trata dos desencontros
entre “Irmãos”.

No entanto, se ambicionamos crescer espiritualmente, não há


outro jeito. Devemos ter em mente que não é um feito
impossível, basicamente, compete-nos começar por honrar e
venerar o G.’.A.’.D.’.U.’. , confiando na Sua Justiça; melhorar o

157
nosso procedimento, praticando o bem de todas as formas ao
nosso alcance. Perdoar aos que nos tenham ofendido, pois
aquele que se recusa a perdoar, não somente não é maçom,
como não é nem mesmo cristão.

Orar pelos que nos vêem como inimigos. O sacrifício que nos
obriga a amar aqueles que nos ultrajam e nos perseguem é
penoso; mas, é precisamente isso que nos torna superiores a
eles; se nós os odiarmos como nos odeiam, não valeremos
mais do que eles.

Não se odeia quando se preza, odeia-se apenas aquele que


está à nossa altura ou superior a nós. Perdoar é experimentar
um pouco de Deus. Deus conhece os nossos méritos e sabe
medir nossos esforços e apenas Dele devemos esperar a
recompensa pelas nossas ações.

Que o Grande Arquiteto do Universo permita-nos, ao


recebermos palavras duras e malévolas, um insulto, injúria ou
injustiça, que voltemos os olhos para Ele e jamais que o nosso
braço se levante contra um Irmão para vingar o
agravo.
É admirável como a Sabedoria Divina transforma o ódio em
pura afetividade, unindo os maiores desafetos em laços de
genuína fraternidade através do trabalho regenerador e do
perdão. Somos protagonistas de grandes erros e enormes

158
males.

Admiramo-nos como podemos transportar conosco os


rancores por tempo indeterminado, protelando soluções
definitivas; como o ódio é força perniciosa que se volta
sempre sobre quem o alimenta, lesando-o de forma muito mais
grave do que o alvo de nossas intenções, devemos repudiá-lo
até mesmo por “malandragem” sabedoria.

Assim, ao confiarmos na justiça de Deus, cedo ou tarde vamos


encontrar a oportunidade para reparação do mal que
causamos. O Grande Arquiteto do Universo, em sua
magnanimidade, reúne os desafetos sob adequadas condições
para que o amor sublimado prevaleça, apagando todos os
vestígios de raiva, ódio e ressentimentos.

Em contrapartida, se nos pautamos pelo bem, mostramos aos


nossos inimigos e desafetos que estamos nos transformando
Por outro lado, é notório que não conseguimos atrair simpatia
para a nossa pessoa em todos os círculos. No presente
estágio em que a humanidade terrena se encontra, é
impossível agradar a todos os que nos cercam.

159
Como também é fato que nem todos com os quais convivemos
nos agradam ou se afinam conosco. No entanto, temos que
contribuir com o melhor das nossas possibilidades para o
equilíbrio da existência comum, e cumprimento de um
juramento solene. Retidão - O maçom tem por obrigação
demonstrar que é possuidor da virtude da Retidão necessária
para quem deseja vencer na ciência e na virtude.

Retidão significa que as ações dos maçons devem ser


retilíneas, sem contornos, subterfúgios e desvios.

O comportamento social e ético, esotérico e espiritual, deve


para o maçom ser “transparente”. Simbolicamente, o maçom
“transita” a sua jornada sobre a Régua das Vinte e Quatro
Polegadas, significando que durante todo o dia deve manter-se
correto.

A sinceridade, a coragem e a perseverança, deverão ser


companheiros inseparáveis do maçom. Cremos que algumas
medidas nos parecem indispensáveis para evitarmos granjear
desafetos gratuitos. São reflexões que nos conduzem a
conclusões relevantes e nos fazem calar todo impulso de
crueldade que ainda teima em dirigir-nos os atos e habitar-nos
as intenções. Entre elas sempre:

- honrarmos e venerarmos o Grande Arquiteto do Universo;

160
- tratarmos todos os homens, sem distinção de classe e de
raça, como nossos iguais e irmãos;
- praticarmos a Justiça recíproca, como verdadeira
salvaguarda dos direitos e dos interesses de todos. Agindo
com justiça e com compaixão estaremos certos em todas as
circunstâncias;
- tratarmos a todos que nos procuram com respeito e
consideração;
- irmos ao encontro dos deserdados da fortuna e dos aflitos,
praticarmos a Caridade e a Beneficência de modo sigiloso,
sem humilhar o necessitado, incentivando o Solidarismo, o
Mutualismo, o Cooperativismo e outros meios de Ação Social;
- ampliarmos a nossa disposição de ouvir o que os outros têm
a nos dizer;
- não ofendermos e muito menos humilharmos a quem quer
que seja;
- combatermos a ambição, o orgulho, o erro e os preconceitos,
que acarretam o obscurantismo;
- lutarmos contra a ignorância, a mentira, o fanatismo e a
superstição;
- dilatarmos a nossa capacidade de Paciência e Tolerância, que
deixa a cada um o direito de seguir sua religião e suas
opiniões, pois que cada um está situado num degrau de
evolução;
- demonstrarmos empatia pelas necessidades dos outros; e, se
necessário, extirparmos o mal que se aninha, mas sem
abdicarmos da generosidade;

161
- por fim, se possível, tentemos – ou pelo menos facilitemos - a
reconciliação com o inimigo. Se não for possível um
entendimento, deixemos ao desafeto o ônus do fracasso.
Por outro lado, não convém abrigarmos dentro de nós
sentimentos de inimizade contra quem quer que seja.

Compartilhar espaços com quem nos prejudicou ou tenta nos


prejudicar, reiteramos, não é tarefa fácil. Todavia, não devem
partir de nós atitudes inamistosas, sobretudo em Loja. Inveja –
A inveja não é propriamente um vício ou ato de maldade; ele
pode surgir e desaparecer em uma fração de segundo.

É a reação inesperada que alguém possa ter ao presenciar que


um conhecido seu, ou próprio irmão, receba um favor ou um
destaque. Obviamente, essa atitude é maléfica ao próprio
agente, que carreia para dentro de si uma porção de “veneno”.
A inveja, por sua vez, como excrescência da alma humana,
constitui um eficiente modo de construção de inimigos.

Corroído pelo importuno sentimento, seu infeliz portador só vê


demérito onde há mérito. Normalmente, o indivíduo invejoso
se sente incomodado com as conquistas, capacidades e
recursos alheios, entre outras coisas.

162
Infelizmente, as inimizades – sejam elas motivadas pela inveja
ou não – estão presentes em todos os agrupamentos
humanos. As organizações humanas são terreno fértil para
inimizades e inveja, inclusive nas Lojas maçônicas.

Dentro da Maçonaria, constatamos, infelizmente, a presença de


invejosos, que sofrem quando alguém é eleito para cargo
elevado, ou quando um autor do meio lança uma nova obra, ou
quando um irmão recebe uma condecoração, ou até mesmo
um simples elogio.

Irmãos sentem inveja da amizade, do relacionamento, da


capacidade intelectual, da oratória, da posição social
conquistada por outro e assim por diante. Sendo a inveja uma
reação negativa, ela deve ser eliminada prontamente; os atos
de desamor ferem a quem não ama; a inveja vem sempre
acompanhada por outro sentimento menor, como a cobiça, e
tudo que é negativo, a Maçonaria a repele e evita.

A reação contra o “pensamento invejoso” é o aplauso imediato


e o rejúbilo com o qual foi agraciado por algo que aspiraríamos
para nós. Essa atitude negativa não ocorre apenas dentro das
Lojas maçônicas, mas também no mundo
profano. Concluindo - Devemos ler, reler e meditar sobre a 4ª
Instrução. Ela realça nossos possíveis erros e defeitos
mostrando como repará-los.

163
Todos nós devemos colher os frutos de seus ensinamentos,
oportunidade de amizade saudável e relacionamento
fraterno. Aquilo que for semeado será colhido, semeai a boa
semente que seus frutos serão bons!

BIBLIOGRAFIA
Klebber S Nascimento
ARLS Cavaleiros do Templo nº 26
BIBLIOGRAFIA
Site

164
QUE MISTÉRIOS TÊM A MAÇONARIA?

February 24, 2016

O título deste artigo encerra em si uma dualidade proposital.


Por um lado, pode ser tomado como irônico, pois faz uma
alusão à forma sensacionalista como a maçonaria
repetidamente é tratada por grande parte dos meios de
comunicação de massa – como ‘misteriosa’, cheia de segredos
e símbolos estranhos. Entretanto, a maçonaria de fato encerra
em sua filosofia antigos mistérios, revelados apenas aos seus
membros.

Por incrível que pareça, em pleno ano de 2014 muita gente


ainda não faz ideia do que é a maçonaria, a despeito das
toneladas de informação sobre essa instituição que circulam
nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet.

165
Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora
funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e
tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como
qualquer outra organização. Outros acreditam em toda aquela
bobagem de satanismo, gerada por uma combinação perigosa
de falta de informação e intolerância.

A maçonaria segue então com seu estereótipo misterioso para


a maioria da população, atmosfera reforçada notadamente pelo
caráter privativo de suas reuniões, que acontecem literalmente
a portas fechadas.

Mas que mistérios serão esses que a maçonaria supostamente


esconde das massas?

Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão


mais profunda da palavra ‘mistérios’. O dicionário Michaelis
lista vários significados para este vocábulo. A maioria é
relacionada com ’segredo’ ou ‘algo de difícil compreensão’.

Outras conotações surgem dentro do escopo religioso,


especialmente o cristão. Mas a mera significação não é

166
suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico
deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à filosofia, em
particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de
muitos dos conceitos usados e estudados na maçonaria até
hoje.

No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução


onde candidatos que quisessem participar deveriam provar
seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo
para o acesso chamava-se iniciação, e os centros
chamavam-se escolas de mistérios.

O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta


do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego
nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que
fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em
um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas,
e versavam sobre ciências (matemática, astronomia, etc.),
artes, música e ainda religião e espiritualidade.

O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos –


os doze apóstolos – a quem ensinava sua doutrina com maior
profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava
uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para
facilitar o entendimento.

167
Disse Ele: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis
aos porcos as vossas pérolas” (Mateus 7:6), em uma clara
referência de que nem tudo é para todos.

Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos


continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais
ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas
das disciplinas comumente ministradas nos colégios e
universidades.

Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu


mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou a um
nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria
visto como, no mínimo, surpreendente – talvez até
inimaginável.

Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no


simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos,
repassados aos seus membros de forma tradicionalmente
inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios.

168
É certo que há uma corrente dentro da maçonaria que defende
que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em
sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de
comprovações históricas e a maioria dos autores modernos
tende a concordar que a maçonaria, na verdade, herdou o
método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.

Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples


assim, por que a maçonaria não permite então que qualquer
pessoa adentre seus templos e compartilhe desse
conhecimento?

Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos


desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus
membros?

A resposta é, novamente, a tradição. Os maçons formam um


grupo muito antigo, cuja origem histórica deu-se em uma
época tumultuada e confusa da humanidade – a idade média.
Nessa época, as monarquias, geralmente aliadas ao clero, não
estavam dispostas a dividir seu poder de influência com mais
ninguém.

169
Assim, a perseguição a grupos considerados subversivos
tornou-se uma obsessão, resultando no assassinato de
centenas de milhares de pessoas. A chamada ‘caça as bruxas’
era um mecanismo de controle pelo medo, e a religião, através
da manipulação dos conceitos das Sagradas Escrituras,
exercia um domínio da sociedade extremamente eficaz.

Some-se isso ao fato da maioria do povo não saber ler nem


escrever, e pronto: estava formado o panorama perfeito para a
instalação de uma tirania.

Os maçons e outros grupos de pensadores, como os


rosa-cruzes, tiveram que ocultar seus conhecimentos e manter
suas opiniões em segredo – nessa época, as ordens iniciáticas
eram mesmo sociedades secretas, cuja sobrevivência
dependia do grau de invisibilidade que eram capazes de
manter na sociedade dominada pelo poder virtualmente
ilimitado dos déspotas políticos e religiosos.

Hoje a maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas


atividades. Aliás, na grande maioria dos países que
substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os
maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais
mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma
instituição que preza muito por sua própria história, mantém
ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o

170
candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve
provar ser merecedor de tal aceitação.

Mas iniciação hoje adquiriu um caráter simbólico e já não


repete os penosos sacrifícios da antiguidade. Para se ter uma
ideia, na já mencionada Escola Pitagórica, o recém-admitido
não poderia proferir uma só palavra por cinco anos. Cinco
anos no mais absoluto silêncio!

Práticas como essa ficaram para trás, e a ordem nunca esteve


tão aberta como atualmente. Praticamente toda loja maçônica
conta com uma página na internet, onde divulga textos e fotos
de suas atividades. Muitos maçons fazem questão de salientar
sua condição, ostentando anéis, pingentes ou broches com
emblemas. E aquele que demonstrar interesse em entrar, tem
toda a liberdade de conversar com um maçom conhecido e
declarar seu propósito de fazer parte da ordem.

É válido ressaltar que, apesar de práticas mais radicais terem


sido deixadas de lado, o processo de admissão ainda é
bastante rigoroso, pelo simples fato de que, para a maçonaria,
o importante não é a quantidade de membros e sim a
qualidade destes.

171
Depois de uma conversa explicativa inicial, sindicâncias e
entrevistas são conduzidas por maçons experientes, no intuito
de avaliar o grau de interesse verdadeiro, bem como as
qualidades de um ‘homem livre e de bons costumes’, além da
crença em um Ser Supremo – prerrogativa obrigatória para a
concretização da afiliação.

Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de


instrução ao longo dos anos, a maçonaria tem mantido seu
caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de
ensinar e aprender através de alegorias é algo que, atualmente,
só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica.

A história da ordem e sua sabedoria está encerrada em seus


rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para
maçom, da maneira antiga – por via oral. No interior de
templos ornados com símbolos arcanos, homens que se
tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus
espíritos.

Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos


são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes
diárias com a argamassa do estudo diligente e da
perseverança no trabalho.

172
Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao
público, até mesmo propositalmente, para permitir que o
preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas.
Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa
frequência por não membros nas sessões públicas.

Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas.


Porém, ao contrário do que o senso comum imagina, elas não
estão escondidas por códigos, escritas em livros ou
desenhadas em símbolos; a descoberta do verdadeiro segredo
da maçonaria acontece mesmo é no silêncio do coração de
cada maçom, de acordo com sua própria evolução mental e
espiritual, com desdobramentos que influenciam sua vida e as
vidas das pessoas que o cercam – e isso é, verdadeiramente, o
grande mistério da ordem.

Texto: Ir.´. Eduardo Neves MM


Fonte: Adap.Vivência Maçônica 16

173
O LIMPO E PURO SE TORNA JUSTO E PERFEITO

February 24, 2016

Bondosos Irmãos me aconselharam a não pretender consertar


o mundo.
Agradeço o conselho, pois sei que eles desejam o meu bem e
prezam pela minha saúde. No fundo, eles sabem que muita
coisa tem que ser consertada. Todos eles, cada um à sua
maneira, estão trabalhando duro para consertar este que é o
melhor dos mundos.

Se desistíssemos de consertar o mundo não haveria


necessidade da Maçonaria: poderíamos fechar nossas portas e
irmos fazer o que boa parte dos profanos de avental anda
fazendo: nada. Dizem que o progresso é lento, não há o que
apressar; mas eu penso que temos que começar em algum
momento - já deveríamos ter começado - não importa se
vamos presenciar o mundo ideal.

174
Quando plantamos uma árvore, não temos de pensar se vamos
nos sentar à sua sombra; alguém no futuro irá colher esse
benefício. Este é o sentido da vida. Dito isso, vamos em frente
com esquadros, compassos, alavancas, níveis, prumos e
trolhas, maço, cinzel e espadas para consertar o mundo:
bastam uns ajustes aqui e ali. Quanto ao bem da Ordem em
geral, e das Lojas em particular, faríamos bem se
começássemos pelo início: as sindicâncias.

Todos os dias vejo novos artigos na internet sobre as


sindicâncias, sinal que o assunto preocupa muita gente e nada
tem sido feito, em termos de instrução, legislação e
regulamentos, para melhorá-las.

Começo minha dissertação pela certeza de que as Lojas não


são "hospitais", nem reformatórios morais, apesar de o nome
"oficina" sugerir uma lanternagem completa ou retífica de
motor em seres humanos completamente enguiçados.

A Maçonaria não existe para consertar ninguém, e sim para


aperfeiçoar o que já é bom.

175
Um candidato deve ser limpo e puro, isto é - isento de qualquer
sujidade, impureza ou mancha; deve ser livre de culpa, um
homem correto, apurado e não nocivo ao meio social. Puro
quer dizer claro, transparente como o cristal sem mancha ou
nódoa; imaculado, virtuoso e reto.

Ao se expressar em palavras, o candidato ideal deve dizer o


que pensa e sente com sinceridade e franqueza. Apalavra
candidato vem de "cândido", algo de grande alvura, muito
branco e puro.

Ouvi dizer que na remota antiguidade os candidatos às


iniciações compareciam vestidos de branco. Hoje, do jeito que
são feitas, nossas sindicâncias avaliam tudo isso? Claro que
não! Para começo de conversa, o papel aceita tudo: - Crê em
Deus? - Sim. - Crê na preexistência e imortalidade da alma? -
Sim (com essas duas respostas, resumidas em três letrinhas,
pretende-se avaliar os questionamentos mais relevantes da
humanidade e dos quais se ocuparam todos os filósofos
durante mais de trinta séculos!) - Faz uso de bebidas
alcoólicas? - Socialmente (e eu me pergunto o que é ingerir de
álcool socialmente...) costumeiras entrevistas não dizem nada
sobre a natureza íntima do candidato; podem, no máximo,
atestar suas habilidades, seu modo de falar, o nível social em
que vive e os bens que possui. Mas não revelam suas
predisposições e seu verdadeiro caráter.

176
Percebem como é difícil sondar o coração e a mente de quem
se diz limpo e puro? Indicar alguém "para a Maçonaria" é mais
do que selecioná-lo num grupo de amigos; poderá ser alguém
da melhor reputação, de refinada instrução e cultura, ostentar
vida familiar exemplar, ter sucesso na profissão e nos
negócios, mas... não possuir o PERFIL de maçom.

Como avaliar o perfil do candidato? - Isso só pode ser


garantido pelo maçom que o está indicando - o "padrinho"; ele
é a testemunha e avalista do conjunto de traços psicológicos
que tornam o candidato apto para assumir as
responsabilidades de homem livre em Loja.

Partem de quem apresenta um candidato às informações mais


concisas, pois há de se supor que o padrinho conheça o
candidato de longa data e intimamente. E mais: a Loja deverá
estar certa de que o tal "padrinho" tem sido excelente maçom
e obreiro dedicado.

De outra forma, sendo ele um maçom descompromissado,


haverá de indicar um sujeito que se lhe assemelhe
normalmente um bom piadista, excelente churrasqueiro,
mestre cervejeiro, e só. Disso já estamos bem servidos.

177
Uma vez sindicado e aprovado pela Loja, com base no que
está escrito e no julgamento subjetivo dos três sindicantes,
marca-se a data da Iniciação.

O candidato bate à porta do Templo sendo declarado livre e de


bons costumes. Daí em diante toca-se o ritual em frente com
os mesmo erros e gaguejos de sempre, pois todas as atenções
estão voltadas para os maçantes discursos no final e para o
ágape no salão de festas.

Por estas e outras razões, quando ouço anunciarem que


alguém foi indicado "para a Maçonaria", eu tremo... e costumo
assistir com certa apreensão à cerimônia de Iniciação, pois
não se pode dizer com certeza o que virá dali.

Tanta pureza e tanta inocência deveriam também ser levadas


em consideração na escolha de nossos representantes no
mundo político. A consciência de cada cidadão faz a
sindicância durante a campanha eleitoral.

Em seguida vem o escrutínio secreto nas urnas. Apurados os


votos e consagrado o homem público na cerimônia de posse,

178
todos correm para tirar fotos com ele. Porém, muito cuidado:
quem hoje posa do nosso lado em fotografias poderá amanhã
estar posando para fotos de frente e de perfil, com ficha
numerada e uniforme listrado, numa delegacia da polícia
federal... Acontece a mesma coisa com o candidato que
trazemos ao Portal do Templo Maçônico.

Só depois de muita convivência é que teremos alguma certeza


de seu verdadeiro perfil. Não me censurem por dizer isso, pois
os maiores problemas vividos pela Maçonaria foram e são
causados por maçons regularmente indicados, passaram por
sindicâncias, foram escrutinados e iniciados em Loja justa,
perfeita e regular.

Eu poderia citar uma centena de casos locais, mas prefiro me


ater ao escândalo internacional entre os anos 1966 e 1974,
provocado pela Loja italiana "Propaganda Due" (Propaganda
Dois ou P2) que foi declarada ilegal e expulsa do Grande
Oriente da Itália por acusações de participação em negócios
fraudulentos e envolvimento com a Opus Dei, membros
remanescentes do nazismo, gente da máfia, conspirações
neofascistas, o Banco do Vaticano e mortes misteriosas de
autoridades e políticos italianos.

Prefiro não entrar em detalhes; esse assunto é altamente


explosivo e polêmico. O que eu quero demonstrar é o caminho

179
que certos "iniciados" podem vir a tomar, como no caso do
Venerável Mestre daquela Loja "Propaganda Due", o
empresário Licio Gelli, condenado a 18 anos de prisão em
1992, pela falência fraudulenta no caso do Banco Ambrosiano,
e em 1994 por calúnia, delitos financeiros e por deter
documentos secretos. Permaneceu em prisão domiciliar, e
morreu em dezembro do ano passado em sua “villa” na
Toscana.

Quem quiser se aprofundar no assunto, basta perguntar ao


professor Google, ou ler o livro "Em Nome de Deus" do
jornalista britânico David Yallop que investigou a morte do
papa João Paulo I (Albino Luciani) em 1978.

Teoria da conspiração? fantasia? sensacionalismo? Vocês


decidem (mas não confundam o título com outro livro, de
Karen Armstrong, que trata do fundamentalismo religioso). E
se não quiserem ter muitos pesadelos, leiam o último livro de
Umberto Eco, "Número Zero", que mais verdades do que
ficção.

Para os preguiçosos, que não leem de jeito nenhum, há os


documentários no History Channel que podem ser
visualizados no youtube:
www.youtube.com/watch?v=QPjRBVtMJ88

180
O processo iniciático caracteriza-se pela passagem do homem
livre e de bons costumes para Homem Justo e Perfeito (releiam
esta frase e reflitam sobre seu significado... se julgarem
conveniente e possível levem essa reflexão para as Lojas).

Neste mundo, dominado pelo materialismo, já é difícil


encontrarmos um homem bom e justo, vocês sabem disso;
mas certificar-se de que ele é limpo, puro, livre e de bons
costumes é dificílimo. Diz à história que Diógenes, filósofo
grego que viveu por volta de 300 antes de Cristo, perambulava
pelas ruas com uma lamparina acesa, em plena luz do dia.

Perguntado por que, ele dizia que procurava por homens


verdadeiramente livres, autossuficientes e virtuosos. Diógenes
vivia seminu dentro de um barril e cercado pelos cães.

Desprezava a opinião comum e afirmava que a humanidade


vivia de maneira hipócrita. Aconselhava a seus
contemporâneos que observassem o comportamento dos cães
para maior proveito nas relações pessoais e na política.

181
Na época dele talvez não existissem Lojas como as de hoje;
mas se existissem ele seria o melhor dos sindicantes. Dizem
que Alexandre, o Grande, sabendo das buscas que ele
empreendia, foi procurá-lo para ser seu discípulo.

Encontrou Diógenes deitado no chão ao lado do barril,


tomando um banho de sol. Impressionado, Alexandre disse: -
Já conquistei todas as terras do mundo, mas desejo maiores
conhecimentos. Peça-me o que quiser e eu lhe darei -
honrarias, escravos e tesouros. Mas antes, como posso
também ajudá-lo a sair dessa miséria?”Diógenes abriu
preguiçosamente os olhos e respondeu:

- “Por favor, simplesmente afaste-se um pouco para a direita,


pois está tapando a luz do sol”. Alexandre retirou-se, pois ele
era apenas "o Grande", sem ser Justo e Perfeito. Quanto a
Diógenes, por ser um livre pensador e não bajular os chefes,
foi preso e vendido como escravo.

O Irmão José Maurício Guimarães é Venerável Mestre e


fundador da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Corona,
Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja
Maçônica de Minas Gerais.

182
O INEXATO TERMO ”EXALTAÇÃO” PARA O GRAU DE
MM.'.

February 25, 2016

Inicio o presente traçado lembrando-vos que geralmente é


conveniente “rejeitar dez verdades como sendo mentiras, do
que aceitar uma única mentira como sendo verdade.”
Antes de dissecarmos sobre o tema acima proposto, recorro
aos traçados do século XVII, através da pena do filósofo La
Rochefoucauld, plenamente adequados ao século XXI, para
reflexão daquele que como MM.’., deverá, ou melhor dizendo,
deveria ter domínio sobre si mesmo. Perdoamos facilmente a
nossos inimigos os defeitos que não nos incomodam. Não se
deve julgar os méritos dos homens por suas grandes

183
qualidades, mas pelo uso que delas sabe fazer.
As paixões mais violentas às vezes nos deixam em paz, mas a
vaidade nos agita sempre. Os velhos loucos são mais loucos
que os jovens. A conveniência é a menor de todas as leis, e a
mais seguida.
Ganharíamos mais em nos mostrar tais como somos que em
tentar parecer o que não somos. Estamos longe de saber tudo
o que nossas paixões nos induzem a fazer. A vaidade nos
induz a fazer mais coisas a contragosto do que a razão.
O termo EXALTAÇÃO é correspondente a Glorificar, tornar-se
alto, levar ao mais alto grau de intensidade ou energia,
elevar-se, portanto; totalmente inadequado ao conjunto da
Cerimônia erroneamente denominada “exaltação” ao Grau de
MM.’.
Baseado e alicerçado na História, recorro a tradição da Grande
Loja dos Antigos de 1751, bem como à Grande Loja dos
Modernos de 1717, que classifica de forma justa e perfeita
como CERIMÔNIA DE ELEVAÇÃO AO GRAU DE MM.’. A GLUI
manteve a lógica, permanecendo e fazendo uso do correto
termo ELEVAÇÃO.
A história sinaliza que o REAA, amplamente praticado na
América Latina, solidificado a partir da base do Rito de
Heredom, com o acréscimo de 8 Graus, perfazendo os
famosos 33 Graus, foi criado sem os graus simbólicos, ou
seja, sem os graus 1,2 e 3, para ser praticado e trabalhado nos
altos Graus.
A exceção dos povos de origem latina, raramente é trabalhado
no simbolismo, mantendo a sua tradição inicial. Após breve
exposição de fatos históricos, é fácil compreendermos várias

184
adaptações no simbolismo junto ao REAA., como por exemplo
a influência da Ordem Rosa + Cruz, e a inexata terminologia
EXALTAÇÃO ao contrário do correto termo ELEVAÇÃO.
No recebimento do Gr.’. de MM.’., o Comp. se depara em um
ambiente que o remete à morte. Posteriormente, vivencia a dor
e a consternação com a morte do nosso Grão Mestre H.’.A.’.
após ser elevado da esq. através dos 5 PPP. Após,
efetivamente passa ter consciência de que o M.’. está morto,
que a P.’. de M.’. se perdeu, e que o Templo está incompleto
com sua construção paralisada. Que houve a perda da P.’. de
M.’. com a quebra de uma das três Colunas de sustentação do
Templo. Que S.R.I e H.R.T. não poderiam formar novos
Mestres, impedindo por consequência, a difusão da Arte da
construção.
Após deparar-se com o fato acima, não há como persistir na
ilusão de que houve a decantada plenitude maçônica, muito ao
contrário. Se o VM.’. de uma Loja Simbólica tenha parado no
simbolismo, será incapaz de responder perguntas básicas, tais
como: - a palavra foi recuperada? Como ocorreu, e como foi
possível o término do Templo?
Queridos Mestres, devemos ter a humildade de observar que o
Grau 4 do REAA. é chamado Mestre Perfeito. Por lógica e
raciocínio, o Mestre de GR.`. 3 não é perfeito, porque
obviamente há respostas mais adiante que obviamente ainda
não sabe.
O magnífico Rito de York, não tão belo, pomposo e exotérico
como o REAA é sublime e magnâmico quando Exalta o Maçom
ao Mui Sublime Grau de Maçom do Real Arco. No Grau
anterior, como M.E.M (Mui Excelente Mestre), viu o término e a

185
dedicação do Templo. Exaltado, recuperou a palavra que se
perdeu, tendo a honra de reviver um dos nossos três antigos
Grãos Mestres, com a formação do triângulo vivo.
Compreenderá ainda o por que do uso da antiga fórmula: “O
VM.’. de minha Ofic.’. vos saúda por 3x3,” que geralmente é
repetida como um papagaio que repete palavras, sem nenhum
entendimento.
O Ritual de M.M. editado em janeiro de 2006 da EV.’. pela Mui
Respeitosa GLESP na página 34, traça de forma J.’. e P.’. a
correta terminologia que deveria adotar: “Pretendia Salomão
ao término da construção, elevar a Mestres os que realmente
merecessem.”
Outro absurdo e afronta à lógica numérica é o traçado
formulado pela GLUI, através do Tratado de União de 1813,
conforme segue; “A antiga pura Maçonaria consiste de três
graus e somente três, isto é, Aprendiz, Companheiro e Mestre,
incluindo o Sagrado Real Arco...” Para compreendermos o
porquê da aberração frente à aritmética devemos recorrer
novamente à História observando que o legítimo e irretocável
R.Y., praticado na sua totalidade de Graus pela Grande Loja
dos Antigos, permaneceu inalterado, graças ao GADU e a fatos
Históricos, na antiga colônia da Inglaterra, conhecido como
Estados Unidos da América, independente do julgo Inglês em
1776.
Recorro ao pai de todos os Ritos Maçônicos, o Rito de York,
devidamente patenteado em 1779 por Tomas Smith Web. “Meu
Ir., nessa humilde posição representais nada menos que o
nosso antigo GM. operativo H.A., que por sua integridade foi
assassinado pouco tempo antes que completasse o Templo.

186
Dizemos que seu corpo foi elevado pelo Tq. Subs. do MM.’.,
também chamado de GR. do Leão de Judá. Com o mesmo Tq.
Elevarei o vosso e, após elevar-vos, comunicarei a Pa. Subs.
Do MM.’. pelos 5 PPP.”
“Deus Todo poderoso, nosso Pai Celestial, que Tua sabedoria
permitiste que a morte fosse uma experiência inescapável da
humanidade, concede-nos que, nessa representação simbólica
deste encontro inevitável, não nos lembremos apenas da
incerteza e da brevidade da vida, mas também de sua
seriedade. Que nossos corações se elevem à esperança maior
e à fé mais sólida no Teu cuidado e amor constantes. Que ao
cruzar o portal da morte possamos adentrar nas Tuas Moradas
Eternas, Teu Sanctum Santorum acabado, onde possamos
continuar a Teu serviço e em Tua paz eterna. Amém.”
Que o presente trabalho apresentado nos conduza a busca de
mais Luz, fazendo com que abandonemos irracionais
pré-conceitos. Que façamos para tal, o uso do esquadro da
razão.

Paulo Santos
M.'. I.'. - A.'.R.'.L.'.S.'. Verdadeiros Amigos 3902, Oriente de São
Paulo (Brasil)
BIBLIOGRAFIA:
§ Lembranças das elevações ao Gr. de M.M. do REAA. e R.Y.,
além dos Graus de MEM., e MRA do legítimo R.Y.
§ Crédito e fonte consultada entre as devidas (“ “ ), indicando
à quem pertence o Trabalho.

187
O ÁGAPE NA MAÇONARIA NÃO É CONFRATERNIZAÇÃO,
É PARTE DO RITUAL

February 26, 2016

A espiritualidade é regida pelo princípio da temperança. O


caminho de Buda é o arcano XIIII do tarot. Nem muito, nem
pouco; o necessário. Quanto maior o conhecimento dos dois
lados mais justa e perfeita será a justa medida. Quanto maior o
anjo maior o demônio.
A busca espiritual é regida pela lei da dualidade e a dualidade
não é apenas o maniqueísmo entre o bem e o mal, mas
também o número 2. Todas as leis cósmicas estão em
harmonia e não existe lei cósmica alguma que possa ser
interpretada à sombra das outras.
As leis cósmicas são luzes e luzes se somam, não se anulam.
Assim como o 1 faz o 2 o 2 faz o 3. A dualidade do 2 gera a
trindade do 3 e o 3 é o caminho do meio. Os dois caminhos
opostos geram um terceiro: o caminho do meio. Sem o 2 não

188
há o 3.
É preciso passar pelo 2 para chegar ao 3. Quem se isola no 1
não alcança o 2 e quem não passa pelo 2 não chega ao 3 e o 3
é o objetivo. O 2 possui o 1 e o 3 possui o 2 e o 3. No 3 está a
lei dos ciclos, quando tendo completado a volta se
compreende o todo em harmonia alcançando-se uma nova
etapa de compreensão. O 3 é o objetivo e não se alcança um
objetivo sem percorrer as etapas necessárias.
É preciso compreender o 1 e o 2 para chegar ao 3. O 3
compreende o 2 e o 1 e o 2 compreende o 1.
Todo ensinamento exotérico da Igreja Católica Apostólica
Romana (ICAR) possui o seu equivalente esotérico e
vice-versa. Não há dogma da ICAR que vá de encontro à
Verdade, pois os dogmas da ICAR são as manifestações da
Verdade no 1.
O caminho do 1 é o exotérico, é o dogma. O caminho do 2 é o
esotérico; o esotérico existente no dogma no 1 e que acaba
sendo erroneamente interpretado pelas pessoas como uma
mera negativa ou antítese do dogma.
A ignorância do 2 resulta na ignorância do maniqueísmo de
seguir e negar cega e sumariamente todo dogma. O caminho
do 3 é a ciência do 1 e do 2; a compreensão da harmonia e da
unidade entre o exotérico e o esotérico.
O 3 é a percepção da visão de Deus da ponta de cima do
triângulo e de que Deus está além do bem e do mal porque
está acima. O maçom, como buscador da Verdade, não pode
ser escravo do maniqueísmo entre as pontas de baixo do
triângulo, pois seu objetivo é ser como Deus e Deus não está
nas pontas de baixo.

189
Tanto não cabe ao maçom ser escravo do dogma quanto não
lhe cabe ser escravo da absoluta e completa rejeição do
mesmo, pois então não seria livre. O maçom deve ser o 3 e o 3
é o equilíbrio, resultante da ciência do bem e do mal, entre o 1
e o 2.
O ágape na atual maçonaria especulativa não é uma
exclusividade da atual maçonaria especulativa. O ágape é tão
antigo quanto as escolas de mistérios no planeta Terra.
Se engana o maçom que pensa que o ágape foi inventado pela
maçonaria e que após as sessões ele faz algo jamais visto no
mundo. O ágape sempre fez parte das reuniões entre os
Iniciados, inclusive desde a antiguidade. Entretanto, o modo
como o ágape vem sendo conduzido pela atual maçonaria
especulativa está cada vez mais distante do verdadeiro sentido
do ágape para uma ordem iniciática como a maçonaria.
Cada vez mais o ágape vem sendo conduzido como uma mera
confraternização entre os irmãos após as sessões. Assim
como no mundo profano as pessoas se reúnem pelos mais
diversos motivos para comer e beber, os maçons têm
conduzido o ágape como uma mera reunião de comes e bebes
entre amigos, esquecendo-se do caráter sagrado do ágape que
deve haver na maçonaria, pois a maçonaria é sagrada e o
sagrado deve gerar o sagrado, assim como o profano gera o
profano.
O ágape na maçonaria não deve ser uma mera
confraternização entre irmãos, mas deve ser o que sempre foi
para os Iniciados: uma parte do ritual.
Quando uma pessoa recebe um comentário negativo de
alguém ela se coloca em uma posição de perfeição negando

190
sumariamente o comentário que recebeu e desqualifica seu
crítico para desqualificar o comentário recebido.
A pessoa criticada sequer chega a ponderar sobre o
comentário negativo que recebeu para avaliar o quanto aquilo
poderia estar correto. Muita baboseira é dita em relação à
maçonaria, mas algumas coisas acabam tendo sentido se
considerada a postura como a atual maçonaria especulativa
vem conduzindo a maçonaria.
Há quem diga que a maçonaria é uma mera reunião de homens
que se juntam para comer e beber. Em termos tal afirmação
não há de ser desqualificada, considerando que a atual
maçonaria especulativa vê o ágape como uma mera
confraternização entre os irmãos após as sessões para
estreitar os laços fraternos.
Se a maçonaria não concorda com a opinião dos que dizem
que ela é uma mera reunião de homens que se juntam para
comer e beber, a maçonaria deveria avaliar se o seu ágape não
se transformou em uma mera confraternização com comida e
bebida. A transformação da visão externa é de dentro para
fora, inclusive a maneira de como o mundo profano vê a
maçonaria.
O ágape sempre fez parte dos rituais dos Iniciados. Hoje o
acesso a um templo é fácil e cômodo. É possível encontrar
lojas maçônicas na esquina, no próprio bairro e a poucos
minutos de automóvel.
Na antiguidade o caminho até um templo era difícil para
muitos. Iniciados faziam verdadeiras peregrinações, até
mesmo de meses, para chegar a um templo.

191
Os templos ficavam até mesmo em lugares de difícil acesso
físico para que se ocultassem dos olhares profanos. Tudo era
mais difícil no plano material. O ágape na antiguidade era
também uma forma de satisfazer a necessidade fisiológica de
nutrição após todo o esforço físico para participar de um ritual.
Pessoas que tinham passado por grandes restrições físicas
para chegar ao templo e participar do ritual tinham então o
momento para se alimentar e se recompor. O Iniciado, mesmo
após todo o esforço físico para participar de um ritual, faminto,
diante da oportunidade de saciar sua fome e sem certezas
sobre o seu retorno, se portava de uma forma introspectiva e
contemplativa, pois o Iniciado sabe da importância da
introspecção e da contemplação.
A sabedoria vem pela introspecção e contemplação e não é à
toa que o mundo profano trabalha contra isto, inclusive
demonizando tais comportamentos.
Pessoas gostam de rezar ou orar antes de suas refeições
como uma forma de gratidão a Deus pelo alimento. Mas basta
que digam o “amém” para que comecem a comer feito porcos.
À mesa gritam, faltam alto, deixam a televisão e o aparelho de
som ligados da pior maneira possível, falam de assuntos
absurdamente tolos, inúteis e abomináveis, atacam
verbalmente os outros, presentes ou não, com indiretas ou
diretas, falam sobre as intimidades das relações sexuais,
inclusive sobre a vida sexual dos outros, e tratam o ritual de
alimentação como se estivessem defecando no banheiro.
É evidente que não adianta agradecer a Deus antes de comer e
depois comer com o Diabo, fazendo do ritual de alimentação
um banquete no inferno. A “gratidão” a Deus, essa “gratidão”

192
que virou moda falar para tudo quanto é coisa – “gratidão”
para cá, “gratidão” para lá -, não se dá por palavras, mas pela
conduta. Assim como o que importa em relação ao Amor não
são as palavras, mas a conduta.
A gratidão a Deus pelo alimento não vem pelas rezas e orações
ou por só comer verdurinhas, mas pelo respeito ao ato de se
alimentar, alimentando-se conscientemente durante todo o
ritual de alimentação, estando consciente do que aquilo
representa na Criação.
A maçonaria preza pela fraternidade não apenas entre os
irmãos, mas também com as cunhadas e os sobrinhos. Isto é
bom, mas a obrigação ritualística deve sempre ser obedecida e
estar acima dos interesses pessoais e transitórios.
Um dos objetivos do maçom como iniciado em uma ordem
iniciática é perpetuar a ordem através da obediência
incondicional às leis maçônicas e à ritualística. Da mesma
forma que as cunhadas e os sobrinhos não participam das
sessões fechadas também não devem participar do ágape,
pois o ágape faz parte do ritual.
A maçonaria dá às cunhadas e aos sobrinhos incontáveis
oportunidades de viverem a fraternidade maçônica, mas esta
confraternização não deve ser feita no ágape.
A função do ágape não é confraternizar. Quando um homem
ingressa na maçonaria, por mais que a ordem inclua a família
do maçom, este é o seu caminho. A evolução espiritual é
sempre um caminho individual.
Cada um evolui conforme seus próprios méritos. Todos
evoluem individualmente e se a maçonaria é o caminho do
maçom, as cunhadas e os sobrinhos também terão os seus

193
caminhos. O desejo de ser amigo de todo mundo não pode se
colocar acima da obediência à ritualística.
O caminho do 1 é o caminho do medo; o de se subjugar a Deus
por temer os efeitos da desobediência – a ira de Deus e o
sofrimento eterno da alma -. No caminho do 1 há o Deus que
criou o homem para adorá-lo e isto se traduz no temor a Deus
por ele ser todo poderoso.
Se no caminho do 1 há o temor a Deus pelo receio dos efeitos
da desobediência, no caminho incompreendido do 2 há o Deus
que não precisa ser temido, pois “Deus é amor”, e o temer a
Deus do 1 é apenas uma forma de opressão e controle.
No 1 há o temor a Deus e no 2 incompreendido –
compreendido no maniqueísmo e como antítese do 1 – nega-se
a necessidade de temer a Deus. O 3 mostra que pode haver
Amor no reconhecimento do poder de Deus.
O maçom só é maçom quando compreende o 3 e vive em paz
com o reconhecimento do poder supremo do Supremo
Arquiteto do Universo.
Para quem vive o 1 e não compreende o Amor de Deus, Deus
deve ser apenas temido; para quem vive o 2 e não compreende
o poder de Deus, Deus é apenas um bom camarada, mas quem
vive o 3 compreende que amar a Deus, ser amado por Deus e
estar sujeito ao seu poder supremo podem estar em harmonia.
Os dogmas da ICAR que ressaltam o poder de Deus fazem
parte do triângulo equilátero.
A compreensão do 3 pelo maçom resulta em seu respeito a
Deus e ao modo como Deus faz as coisas; o respeito que vem
não pelo medo, mas justamente por viver a harmonia entre
amar a Deus, ser amado por Deus e estar sujeito ao seu poder

194
supremo.
A alimentação é um dos modos de como Deus faz as coisas. O
processo de se alimentar é o sistema que Deus tem para o
homem se nutrir e se Deus tem este sistema ele deve ser
respeitado. O Iniciado respeita o ágape porque no ágape o
homem se alimenta e a alimentação é como Deus faz as
coisas.
Por isto a alimentação deve ser respeitada e ser feita com
consciência, na introspecção e contemplação natural que
acompanham todo Iniciado. Em todo o processo da
alimentação o Iniciado deve estar ciente de que este é o modo
como Deus faz as coisas e respeitar este ato é respeitar o
próprio Deus.
Os Iniciados da antiguidade realizavam o ágape como parte do
ritual pela consciência da importância da alimentação por ser a
alimentação o modo como Deus faz as coisas, não para
confraternizar. Os Iniciados tinham tanta consciência do
sagrado que tornavam tudo sagrado, inclusive o ato de se
alimentar. O Iniciado consagra, o profano profana. O ágape
deve ser consagrado, não profanado.
O ágape não é uma mera confraternização de pessoas que se
reúnem para comer e beber bem, mas é parte do ritual. Sendo
parte do ritual, o ágape deve ser conduzido e respeitado como
tal, assim como se conduz e se respeita o ritual dentro do
templo.
Em seu escopo de estreitar os laços da fraternidade o ágape
não é um fim, é um meio. Os maçons não devem ter o ágape
para comemorar a fraternidade, mas para estreitar os laços
que os levarão às coisas maiores em favor da humanidade.

195
A informalidade do ágape abre portas que não poderiam ser
abertas no ritual, mas as portas são muitas e cabe a cada
maçom escolher qual porta quer abrir, já que as chaves lhe
serão dadas. Há os que consideram a maçonaria como uma
associação de homens de negócios que se reúnem com o
intuito de estreitar as relações comerciais e utilizam o ágape
para estreitar tais relações, vendo o ágape como a
oportunidade para conversar sobre negócios e ganhar
dinheiro.
É na liberdade da informalidade do ágape que cada maçom irá
externalizar o que verdadeiramente espera da maçonaria. A
última ceia de Jesus Cristo foi um ágape e aqueles que Jesus
expulsou do templo foram aqueles que queriam se aproveitar
das escolas de mistérios para enriquecer.
Rudy Rafael

196
SEJAMOS MAÇONS SEMPRE!

February 29, 2016

Meus Queridos Irmãos, Desmistificar a Maçonaria fazendo a


sociedade comum conhecê-la como uma entidade
comprometida com a ética, a cidadania e a construção social
do País.

Desmistificar a Maçonaria desvinculando-a das opiniões que a


confundem com religiões e seitas secretas de caráter duvidoso
e ignóbil.

Despertar no Maçom o seu comprometimento para com a


nossa Instituição, fazendo-o compreender que não somos uma
associação de auxílio mútuo, um clube de serviço ou um
simples grupo de amigos.

197
Fazer compreender que somos membros de uma Instituição
que tem sua historicidade de 193 anos na Construção Social e
política do nosso País.

Compreender que somos membros de uma Instituição cujos


associados 100% são homens alfabetizados; muitos com nível
superior e quem não o possui certamente concluiu o diploma
da adversidade da vida; uma renda per capita significativa e
uma maravilhosa capilaridade que reúne diversos Irmãos em
vários seguimentos profissionais, políticos e culturais de
nossa Nação.

Precisamos fazer com que nossos Irmãos entendam que


Maçonaria não se faz em duas horas semanais na Loja e sim
nas 166 horas lá na sociedade em que foram pinçados,
fazendo a diferença, realizando seu papel de verdadeiro líder
social, cujo caráter, ética e retidão são o produto que a
Maçonaria põe à disposição para essa tão propalada
Construção Social.

É importante conscientizar a todos que o maior patrimônio da


Maçonaria é nossa fraternidade e cumpre-nos a manutenção
dessa, sob pena de sucumbir seus propósitos e natureza.

198
É preciso conscientizar que nossos inimigos estão “lá fora” e
não dentro de nossos Templos, no qual deve reinar a
fraternidade e a amizade pura e desinteressada.

Para aqueles que embora iniciados não entenderam o


significado de nossa missão e os princípios Sacrossantos de
nossa Instituição, que adormeçam em nossas Colunas.

“As calamidades do presente não vencidas, são o ônus terrível


do amanhã” e “é pelo ideal é só pelo ideal que nos
dedicamos”, assim, mais do que simples leitura de um ritual,
façamos dessas máximas o norte de desenvolvimento e
progresso de nossa Instituição, que continuará ser
imorredoura enquanto todos nós estamos apenas de
passagem, portanto, façamos o nosso melhor a favor dessa
Sublime Instituição que tanto amamos.

Sejamos maçons! Sempre Honremos nossos antepassados!


Vamos cumprir nossa missão de espargir paz, amor e
fraternidade neste mundo onde impera a ganância, a inveja e a
intolerância.

Benedito Marques Ballouk Filho Grão-Mestre Estadual do


Grande Oriente de São Paulo – GOSP

199
SER PERFEITO E JUSTO

March 01, 2016

Fala-se dos trabalhos justos e perfeitos que se esperam e se


exigem aos maçons. Aqui vai uma lista de itens que tornam um
maçom justo e perfeito, porque o fato de ser maçom, só por si
não torna ninguém justo e muito menos perfeito. É preciso
aceitar regras e dobrar a elas a nossa humana vontade.

Um maçom é Justo e perfeito quando:

1. Sobe a Escada de Jacó pelas Iniciações da Vida sem ferir os


Irmãos neste percurso.

2. Realiza o sonho de desbastar pelo pensamento e pelas


ações as arestas dos vícios e da insensatez

200
3. Socorre o Irmão nas dificuldades, chora com ele as suas
angústias e sabe comemorar a seu lado as suas vitórias.

4. Reconhece nas viúvas e nos órfãos a continuidade do Irmão


que partiu para o Oriente Eterno.

5. Vê na filha do Irmão a sua filha e na esposa do Irmão, uma


Irmã, Mãe ou Filha.

6. Combate o fanatismo e a superstição sem o açoite da


guerra, mas com a insistência da palavra sã.

7. É modelo da eterna e universal justiça para que todos


possam concorrer para a felicidade comum.

8. Sabe conservar o bom senso e a calma quando outros o


acusam e o caluniam.

9. É capaz de apostar na sua coragem para servir aqueles que


o ladeiam, mesmo que lhe falte o próprio sustento.

201
10. Sendo religioso e político respeita o direito da religião do
outro e da política oposta à sua.

11. Sabe falar ao povo com dignidade ou de estar com reis e


presidentes em palácios suntuosos e conservar-se o mesmo.

12. Permite e facilita o desenvolvimento pleno das


concorrências para que todos tenham as mesmas
oportunidades.

13. Sabe mostrar ao mundo que a nossa Ordem não é uma


Sociedade de Auxílios Mútuos, onde apenas se dá, com a
certeza de ir receber o dobro.

14. Dominado pelo princípio maior da TOLERÂNCIA suporta as


rivalidades sem participar de guerras.

15. Abre-se para si e permite que outros, vendo-o, sigam-no no


Caminho do Conhecimento e da Iniciação.

16. Conforma-se com as suas posses sem depositar inveja nos


mais abastados.

202
17. Absorve o sacerdócio do Iniciado pela fé no Criador, pela
esperança no melhoramento do homem e pela caridade que se
abrirá em cada coração.

18. Sente a realidade da vida nos Sagrados Símbolos da


Instituição.

19. Exalta tudo o que une e repudia tudo o que divide.

20. É Obreiro de paz e união, trabalhando com afinco para


manter o equilíbrio exato entre a razão e o coração.

21. Promove o bem e exercita a beneficência, sem


proclamar-se doador.

22. Luta pela FRATERNIDADE, pratica a TOLERÂNCIA e


cultiva-se integrado numa só família, cujos membros estejam
envoltos pelo AMOR.

203
23. Procura inteirar-se da verdade antes de arremeter-se com
ferocidade contra aqueles que julga opositores ou em erro.

24. Esquiva-se das falsidades, das mentiras grosseiras e das


bajulações humanas.

25. Propõe-se sempre a ajudar, amar, proteger, defender e


ensinar a todos os Irmãos que necessitem, sem procurar
inteirar-se do seu Rito, da sua Obediência, da sua Religião ou
do seu Partido Político.

26. É bom, leal, generoso e feliz, ama a Deus sem temor ao


castigo ou por interesse á recompensa.

27. .Mantém-se humilde no instante da doação e grandioso


quando necessitar receber.

28. Aprimora-se moralmente e aperfeiçoa o seu espírito para


poder unir-se aos seus semelhantes com laços fraternais.

29. Sabe ser aluno de uma Escola de Virtudes, de Amor, de


Lealdade, de Justiça, de Liberdade e de Tolerância.

204
30 Busca a Verdade onde ela se encontre e por mais dura que
possa parecer.

31. Permanece livre respeitando os limites que separam a


liberdade do outro.

32. Sabe usar a Lei na mão esquerda, a Espada na mão direita


e o Perdão à frente de ambas.

33. Procura amar o próximo, mesmo que ele esteja distante,


como se fosse a si mesmo.

Ser Maçom não é fácil, é um eterno aprendizado, é uma


vontade de ser justo, de ter a consciência do outro, de
entender o outro antes de entender a sua própria vontade e as
suas particulares verdades.

Ser Maçom é despir-se de vontades egoístas de um


egocentrismo que leve a pensar primeiro no "eu”, é deixar de
lado os caprichos, as vitimizações, e as verdades que
assentam nas nossas vontades, deixando de nos ver a nós

205
mesmos como o centro do mundo.

Aprender a deixar de querer que os outros entendam e


compreendam a nossa necessidade de satisfação pessoal e,
sobretudo aprender a colocarmo-nos no lugar dos outros, não
no lugar dos seus caprichos e mesquinhez, mas no lugar da
sua essência e dignidade.

E acima de tudo aprender a aproveitar o que nos é dado para


não corrermos o risco de perdermos o que temos, por
ambicionar no tempo errado aquilo a que um dia teremos
direito.

E aprender também a agradecer aquilo que os outros nos dão


de si mesmos, sem fazer regras ou exigências cimentadas
naquilo que na nossa mera visão humana achamos o certo.

Que não se gaste algo tão Divino e maravilhoso quanto à vida,


com birras inúteis, com medos absurdos ou com o desejo
imediato de coisas que só o tempo nos dará.

Antes de procurarmos conhecimentos utópicos, devemos


iniciar o nosso conhecimento por nós mesmos, pelo

206
conhecimento e submissão de nós mesmos e das nossas
vontades, quando elas assentam em desejos básicos e
pequenos.

Que todos saibamos crescer, primeiro dentro de nós mesmos


e só depois no espaço exterior.

A verdadeira senda do conhecimento inicia-se dentro de nós


mesmos.

207
O TRABALHO FORA DE LOJA

March 02, 2016

Em Maçonaria, é essencial o trabalho realizado em Loja: a


execução do ritual de abertura, através do qual todos os
presentes se concentram no espaço, tempo, lugar e trabalho
que vão efetuar, desligando-se das vicissitudes do mundo
exterior (o mundo profano), o despachar de toda a parte
burocrática e administrativa inerente ao funcionamento da
Loja, a participação na ordem do dia e o ritual de
encerramento, pelo qual os presentes se preparam para a
saída do espaço, tempo, lugar e trabalho comuns e conjuntos
e para o regresso ao mundo exterior (o mundo profano).
Mas mal andará qualquer Loja em que apenas se dê atenção ao
trabalho em sessão! Este não é possível, ou, pelo menos, não
é profícuo, nem sustentável, sem o trabalho que,
desejavelmente, todos os maçons efetuam, em si e perante os
que os rodeiam, no mundo e tempo profanos e particularmente
sem o trabalho, o esforço e a dedicação dos Oficiais da Loja
entre as sessões desta.

208
Para que os trabalhos de uma Loja decorram de forma
harmoniosa e profícua, muito tem de ser preparado, estudado,
trabalhado e concretizado fora de Loja. Desde as obrigações
legais que a Loja tem de assegurar, ao enquadramento
burocrático, passando pela aquisição, conservação e guarda
dos bens e materiais da Loja, não esquecendo a execução do
que se deliberou em sessão e a preparação dos assuntos a
serem postos à discussão e deliberação nas sessões
subsequentes, atendendo à detecção, prevenção e resolução
de problemas, diferentes entendimentos ou divergentes
interpretações e conflitos, reais ou potenciais, tudo tem de ser
assegurado e trabalhado pelos Oficiais do Quadro da Loja
entre as sessões desta.
Sem esse trabalho de triagem e preparação, tudo viria a recair
na Loja, transformando as sessões desta numa sucessão de
resolução de problemas, sem dar tempo, espaço e lugar ao
mais importante: a criação, fortalecimento e manutenção da
Cadeia de União entre os obreiros da Loja, pela qual e com a
qual cada um recolhe do grupo a energia, o incentivo, a
experiência, os conselhos, a solidariedade e a cooperação que
lhe são úteis para o seu próprio trabalho de aperfeiçoamento e,
por sua vez, dá ao grupo e a cada um dos seus integrantes a
sua contribuição.
É por isso que a eleição ou designação para Oficial do Quadro
de uma Loja maçônica deve ser por todos encarada antes do
mais como um encargo e só depois como uma honra ou o
reconhecimento de qualidades ou esforço do eleito ou
designado. O Oficial de uma Loja maçônica não é um
"graduado" que exerce autoridade sobre elementos de patente

209
inferior, os soldados ou praças. O Oficial de uma Loja
maçônica é assim designado porque lhe é confiado o exercício
de um ofício, de uma tarefa. O Oficial do Quadro da Loja serve
esta e os seus obreiros, através do cumprimento das
obrigações do seu ofício.
Todos os maçons com um mínimo de assiduidade às sessões
da sua Loja sabem quais são os deveres dos Oficiais durante
as respectivas sessões - porque participam nelas e assistem
ao respetivo exercício ou efetuam o exercício de um ofício.
Mas o conhecimento das tarefas que os vários Oficiais do
Quadro de uma Loja maçônica devem assegurar no intervalo
das sessões não é tão evidente assim. No entanto, essas
tarefas fora de sessão são indispensáveis para a
administração da Loja, a preparação e decurso das sessões
desta, o cumprimento dos objetivos de todos.
É, por isso indispensável que cada um, quando chegar a sua
vez de assumir funções de Oficial do Quadro da sua Loja,
tenha bem presente que as suas obrigações no exercício do
seu ofício vão muito para além do desempenho ritual em Loja,
pesam muitíssimo mais do que o colar de função que cada
Oficial coloca no início de cada sessão da Loja.
Basta que um ofício seja mal ou incompletamente exercido,
fora de Loja, para que o equilíbrio de todo o Quadro de Oficiais
seja afetado, para que a sessão da Loja seja menos produtiva
ou menos agradável do que poderia e deveria ser. O
desempenho do ofício fora de Loja é tão ou mais importante do
que é executado em sessão. Este é só mais visível...
Rui Bandeira

210
REFLEXÕES DE UM FILHO DE HIRAM

March 03, 2016

“A ciência dos símbolos constitui uma magia capaz de


despertar um impulso no coração, superior ao de qualquer
discurso, mesmo o mais eloquente. o olhar segue a direção
imposta pela forma, assim como a marcha segue o impulso
imposto pelo ritmo”

Sabedor que a Arte Real é um sistema de moral, velado por


alegorias e ilustrado por símbolos, além de progressista,
alicerçada sobre os Landmarks, e em respeito a todos os
Irmãos, e crenças religiosas, traço algumas linhas que me são
altamente reflexivas no Grau de Mestre Maçom.

O encerramento dos trabalhos da Loja, quando composta no


Grau I dar-se com a leitura do Salmo 133, vv 1, 2 e 3, inserido
no Livro da Lei.

O número inicial do Salmo (1) representa o princípio dos

211
números, assim como o início de nosso Grau quando Aprendiz
Maçom, representando ainda, a meu ver, o início e divisor de
um marco de tempo, aC (antes de Cristo), e dC (depois de
Cristo), além de ser a data do nascimento de Jesus.

O par de números (3) formam a idade da morte de Jesus,


sendo que em seu calvário havia 3 (três) cruzes sendo ele
pregado em uma delas por 3 (três) pregos, número que
simboliza também, a Idade Maçônica do Aprendiz.
Sua multiplicação pelo mesmo numeral (3x3), tem como
resultado o número 9 (nove), inerente a Bateria do Grau de
Mestre.

Baseando-me novamente na Bíblia, e em respeito aos demais


Livros da Lei, usados em outras Lojas e Ritos, a Bíblia
descreve que Maria, dá a luz a Jesus no ano I, sendo que fora
concebido pelo “Espírito Santo”, “sem pai biológico”, ela
como se fosse uma “viúva”.

Ele era “filho” de carpinteiro, livre e de bons costumes,


inclusive segundo relatos chegou a trabalhar no ofício do
“pai”, retratado recentemente no filme “A Última Paixão de
Cristo” direção de Mel Gibson, quando trabalhava na
construção de uma mesa, sendo que se protegia com um
avental de pele de carneiro.

Posteriormente foi chamado de Mestre, sendo que


costumeiramente reunia-se com 12 (doze) apóstolos para
pregações, e após, costumava cear fraternalmente com eles.

212
Quando pregado à cruz tinha 33 (trinta e três) anos, 33 é o
Grau máximo catalogado no R.'.E.'.A.'.A.'..

A acácia foi a planta usada para a confecção de sua coroa de


espinhos, quando de sua morte, como na morte simbólica de
nosso Mestre Hiram, de Osíris,e de Jacques de Molay sendo
que em todos os casos representam a renovação, um símbolo
da imortalidade.Também conhecida dos grandes líderes
religiosos, Maomé e Abrahão

Sábios e queridos filhos da viúva, quando me perguntado Sois


Mestre?. A resposta abrangeu-me um significado maior, que
sucintamente compilei no trabalho ora apresentado.

Fraternalmente, e que os irmãos permaneçam na paz do


G.'.A.'.D.'.U.'.

Ir.'.PAULO CESAR BREGA DOS SANTOS


GOB/GOSP – R.’.E.’.A.’.A.’.

213
SOMOS PÓ E EM PÓ NOS TORNAREMOS

March 04, 2016

Faz parte de nosso comportamento humano o apego,


quase irracional, aos bens materiais, principalmente àqueles
que envidamos maiores esforços e para os quais sofremos um
longo período de espera entre o desejo e a conquista.

Não é raro o mesmo comportamento nosso em relação às


conquistas pessoais, seja no campo profissional, social e até
mesmo financeiro; quando somos erigidos a qualquer
condição que desnivela-nos para cima em relação a outros,
por alguma distinção que nos coloque em patamares de
“superioridade” tendemos ao mesmo apego que sempre nos
norteou desde a infância, com relação às coisas materiais.

Somos impulsionados, por forças quase imperceptíveis, a


renegar pessoas e atitudes que outrora convivíamos e
comungávamos na mais perfeita coerência e harmonia.

214
O quase “complexo” de ascensão que as efêmeras bajulações
e as ilusórias vantagens nos oferecem ofuscam a nossa
verdadeira personalidade levando-nos, de forma vertiginosa, à
prática de atitudes incoerentes com aquilo que a nossa
verdadeira força humana gostaria de ver realizado.

Quando Santo Agostinho inspirou-se para deixar-nos o célebre


legado na sentença: “Eu prefiro os que me criticam porque me
elevam aos que me elogiam, porque me corrompe”, certamente
ele estava entrementes buscando explicação para este conflito
existencial frente a nossa irracionalidade e incoerência como
seres intitulados de humanos.

No tenso, atribulado e confuso dia de nossa iniciação na


ordem, nas preparações exordiais levam-nos à sala de
reflexões de nosso intra mundo, a qual de forma propositada e
estratégica situa-se um nível abaixo do prédio onde a beleza e
os adornos do luxo mundano nos serão apresentados horas
após.

Desvendados, atônitos e isolados, por mais que a ocasião e o


tumulto da data festiva nos tenham excitado a mente e a
vaidade por termos sido aceitos na grande ordem, naquele
momento somos concitados interiormente pelas reais forças
que deviam nos impulsionar invariavelmente; os símbolos e as
descrições que não só nos alertam e nos advertem para a
responsabilidade da missão que nos propusemos aceitar, mas
também nos fazem despertar a consciência de nossa

215
existência humana no contexto em que fomos inseridos na
jornada da vida.

“Tu és pó e em pó te tornarás”; embora esta frase não seja


recente e nem teve como signatário nenhum filósofo ou
pensador carente de perdão Divina, nós a renegamos ou pelo
menos não a abstraímos além de sua magnífica força
expressiva. Esta frase milenar está grafada e é exposta na Sala
de Reflexões, antes que façamos o nosso juramento de
aceitação e ingresso na Ordem Maçônica, exatamente pela
força que ela representa no ciclo nascimento vida e morte.

A expressão de que nós viemos do pó e a ele retornaremos


não pode ser interpretada como desvalorização do ser
humano, titular e ou detentor provisório daquela matéria, ao
contrário, tal assertiva tem o condão de nos alertar para que
não confundamos as glórias, as lisonjas, os cargos, as
posições sociais e financeiras e nem as eventuais belezas que
esta matéria esteja usufruindo ou exibindo, com a verdadeira
missão que temos como verbos animadores desta
personagem, no efêmero espetáculo de nossa representação
no teatro da vida.

Quando foi instituída a prática de inumar os restos materiais


daquele que teve a vida perecida, tal ato não foi em vão, pois
devemos ter alerta sempre a consciência de que a morte
terrena não representa o fim da vida e sim o renascimento,
razão que inspirou, na integração do homem com a natureza, a
inumação dos restos mortais como força simbólica de que a

216
semente, originária da planta que secou e sucumbiu renascerá
para nova vida.

Cabe-nos como maçons, rememorarmos sempre àquela


advertência escrita e por nós vislumbrada nos momentos que
antecederam nossa iniciação, para que tenhamos sempre
alerta a nossa consciência de que nos policiemos
diuturnamente em nossos atos e omissões e não nos
deixemos nos embriagar com a vaidade das insígnias e
distinções que a própria ordem nos oferece, nos desviando do
propósito maior que é a nossa construção interior para que
possamos verdadeiramente ser pedras uniformes na
edificação do grande templo da humanidade.

AUTOR: Fernando Alves Viali


Loja Ciência e Trabalho n.º 30
Or:. de Ituiutaba-MG

217
TEMPLOS AS VIRTUDE E MASMORRAS AO VÍCIO

March 07, 2016

Escolhi este tema de forma independente às orientações da 2.'.


Vig.'. para os trabalhos oficiais a minha postura como Ap.'.
M.'., pois, acredito que , enquanto Ap.'., cada passo dentro de
nossa Ordem , deve ser pesquisado, compreendido e
postulado aos queridos IIr.'. , e, contudo, em conjunto,
tentarmos consenso na interpretação destas duas palavras
que conotam uma das mais discutidas dualidades inversas de
nossa vida.

Outro motivo, que me pendi a este estudo/ pesquisa, foi o


impacto de duas perguntas que a mim foram proferidas
durante o Ritual de Iniciação, que, dentro de minha ignorância
momentânea, percebi que minhas respostas não foram claras
o suficiente, talvez pela emoção emanada do momento, ou até
mesmo, pelo fato do desconhecimento profundo e misterioso

218
que ambas as palavras nos submetem no dia a dia, na vida
social e maçônica.

Relembro neste momento as seguintes perguntas:


O que entendeis por Virtude?
O que Pensais ser o Vício?

Relembro também as seguintes Palavras do Ir.'. Orad.'. : Se


desejar tornar-vos um verdadeiro Maçom deveis primeiro
morrer para o vício, para os erros, para os preconceitos
vulgares e nascer de novo para a Virtude, para a honra e para a
Sabedoria.

Como Homens livres e de bons costumes, entendo que além


do sagrado dever de levantarmos templos a Virtude e
cavarmos masmorras aos Vícios, devemos saber interpretar
ambas as questões, para que no dia a dia, não sejamos
submetidos ao despertar de nossa ignorância quando
interpelado sobre seus significados. Daí, minhas conclusões
que disserto a seguir.

Comecemos com a Virtude, em suas definições Filosóficas,


que nos levam a discernir como um estado de Comportamento
do Homem:

219
O primeiro desses significados se refere às qualidades
materiais ou físicas de qualquer ser, inclusive do homem. São
as virtudes da água, do ar, ou como as virtudes naturais dos
seres vivos de respirar, reproduzir-se, ou do homem de
raciocinar, de ser bípede etc. Esse significado se refere às
qualidades não adquiridas, mas próprias da natureza de cada
ser, tanto em razão de sua composição química como em
razão de sua estrutura orgânica ou de sua evolução natural.
São as qualidades e as capacidades naturais que os seres em
geral manifestam, desde os átomos até os seres organizados
superiores.

O segundo significado diz respeito às habilidades próprias do


ser humano, como tocar um instrumento musical, saber usar
uma ferramenta, saber escrever, pintar, ler, raciocinar
logicamente etc. São, na verdade, destrezas, habilidades ou
capacidades de execução de alguma atividade, adquiridas
através de exercícios e experiências, tanto em nível corporal
como em nível mental. São as qualidades adquiridas pelo
aprendizado.

O terceiro sentido de virtude diz respeito ao comportamento


moral resultante do exercício do livre arbítrio e, portanto, diz
respeito exclusivamente ao homem. É exatamente desse
terceiro sentido, o comportamento moral, que nos interessa
como Maçons, pois somente ele diz respeito exclusivamente à
educação do espírito, uma tarefa extremamente valorizada

220
dentro da Maçonaria porque conduz ao comportamento moral,
ao amor e a generosidade.

Comportamento moral é a pratica da solidariedade humana em


todos os sentidos, e que pode ser manifestada de infinitas
maneiras, pois são infinitas as maneiras que nos podem
conduzir na pratica da solidariedade. Podemos, por exemplo,
trabalhar com dedicação para tirar o homem de sua ignorância,
podemos ajudar o nosso semelhante a superar suas
necessidades materiais, podemos nos colocar ao lado do
nosso semelhante em suas dores mais profundas, podemos
estar ao lado dele quando abatido em seus males corporais,
enfim há vários meios de praticar a solidariedade.

Para que um determinado comportamento moral possa ser


considerado uma virtude não é suficiente à prática de atos
morais esporádicos ou isolados. É necessário antes de tudo
haver uma continuidade, um hábito, um estado de espírito
sempre ativo e presente na consciência, a cada dia e a cada
momento.

Dentro do Comportamento Moral, podemos acrescentar o


próprio comportamento social que vivemos para fazermos
valer na tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde cujas
são por excelência, os elementos para construir em nosso
templo interior o verdadeiro espírito maçônico. E para tanto, ao
entender das pesquisas, temos que praticar constantemente
as virtudes que relacionamos a seguir:

221
A Virtude da Justiça: por justiça entende-se como virtude
moral, pela qual se atribui a cada indivíduo aquilo que lhe
compete no seio social: praticar a justiça. A justiça em nossa
Ordem é a verdade em ação, é a arma para as conquistas da
Liberdade.

A Virtude da Prudência: é a Virtude que nos auxilia a nossa


inteligência para distinguir a qualidade do ser humano que age
com comedimento, com cautela e moderação, enriquecendo
nossa igualdade, e respeito entre os irmãos, estendendo à
sociedade que vivemos em nossa vida profana.

A Virtude da Temperança: podemos relacionar diretamente a


virtude da Temperança com uma espícula extremamente dura
a ocupar uma das infinitas arestas da Pedra Bruta, pois é ela
que disciplina os impulsos, desejos e paixões humanas. Ela é
a moderação e barragem dos apetites e das paixões, sendo o
império sobre si mesmo. Com ela, estaremos deixando cada
vez mais forte e profunda as raízes da Fraternidade.

Faço destaque à Fraternidade, ora regida por nossas


temperanças, pois da importância do conjunto de nossa tríade,
considero-a a mais direcionada às nossas causas e conquistas
enquanto Maçons, pois ela é a diferença de nossa Ordem, ela
que serviu de arma forte e reluzente, que fez com que nossos
irmãos antepassados, entregando muitas vezes suas próprias

222
vidas a repugnância, resistindo às perseguições e se deixando
abater pela inquisição, pela própria rusga Cuibana não
deflagraram nossos segredos, nossos augustos mistérios, e
salvaram com os princípios fraternos a continuidade de nossa
Ordem durante séculos que se passaram.

A Fraternidade Maçônica sempre foi conseguida através de um


laço que se poderia chamar de cumplicidade maçônica. Essa
cumplicidade nasceu entre os irmãos a partir do
compartilhamento de diversos sigilos, como o aspecto secreto
das reuniões, os sinais de reconhecimento, o segredo dos
graus, os simbolismos etc., que começa a se formar a partir do
momento da iniciação.

É essa gama de atos e fatos ligados à estrutura básica da


Maçonaria que faz nascer essa ligação de cumplicidade que
gera a inconfundível fraternidade Maçônica. Este laço material
se reforça com a prática da Filosofia, das Virtudes e dos
Princípios Maçônicos, principalmente da Justiça, da
Prudência, do Amor, e da Generosidade.

Existem certamente momentos em que afloram os instintos, ou


seja, vícios ainda não convenientemente dominados, tal como
o egoísmo, provocando desentendimentos pessoais. Isso é
natural que aconteça mesmo depois de nos tornarmos
maçons, pois é sabido que mesmo após muitos anos o espírito
dentro de sua cavalgada na busca da perfeição não consegue
absorver o verdadeiro sentido do que é uma fraternidade. Não

223
conseguem deixar-se dominar pela cumplicidade maçônica.

Nesses momentos deve agir o sentimento de temperança dos


demais irmãos para serenar os ânimos e não deixar os
ressentimentos se avolumarem. O Importante é não deixar de
lutar pela fraternidade a cada dia e a cada instante, mas para
isso é preciso termos em primeiro lugar domínio sobre nossos
vícios, cujo também alvo desta peça, discuto a seguir, pois do
que vale pregar o bem, sem o entendimento do mal?

Percebi em minhas pesquisas, que pouco se fala sobre os


Vícios, até mesmo a própria Bíblia Sagrada, O Livro dos
Espíritos, Livros afins e várias peças de arquitetura que o
entendimento da palavra e do substantivo declarado Vício é de
forma singela e simploriamente declarada como o "O oposto
da Virtude", havendo logicamente mais espaços destinados ao
assunto "Virtude", o qual não sou contra, pois dentro dos
conceitos atuais de estruturalismo, é mais fácil corrigir o mal
com o reforço do ensino e prática do bem, tal como nosso
Ritual de Iniciação que o Ven.'. M.'. dita o seguinte discurso:

".'. É o oposto da Virtude. É o hábito desgraçado que nos


arrasta para o mal; e é para impormos um freio salutar a esta
impetuosa propensão, para nos elevarmos acima dos vis
interesses que atormentam o vulgo profano e acalmar o ardor
das paixões, que nos reunimos neste templo.'.".

224
O Vício pode ser interpretado como tudo quanto se opõe a
Natureza Humana e que é contrário a Ordem da Razão, um
hábito profundamente arraigado, que determina no individuo
um desejo quase que doentio de alguma coisa, que é ou pode
ser nocivo. Em síntese, tudo que é defeituoso e que se desvia
do caminho do Bem.

Do ponto de vista abstrato, podemos dizer também que tudo


que não for perfeito é Vício, mas do ponto de vista prático, é
um termo relativo que depende do grau de evolução do
Individuo em questão, pois o que seria um Vício para um
Homem cultivado, poderia ser uma virtude para um selvagem.

Na verdade, nenhum vicio poderá ser jamais uma desvantagem


absoluta, pois toda forma de expressão indica um
desenvolvimento de força. O que devemos realmente é
estabelecer e proclamar nossa guerra interna, conflitarmos
espiritualmente o combate às nossas imperfeições seja nessa
vida ou nas próximas que estamos por vir.

De todos os vícios que sofremos e estamos expostos no dia a


dia para com a sociedade, nosso templo, nosso ego, enfim,
aquele que podemos declarar como o Orientador a todos os
outros vícios é o egoísmo, e este vem assolando todas as
comunidades, todas as religiões, todas as irmandades, enfim,

225
todo o Mundo está submisso ao Egoísmo, e , na prática e
exercício deste de forma desequilibrada, teremos os demais
vícios aflorando facilmente e deflagrando em cada canto do
mundo, a discórdia,a intemperança, as guerras, o fanatismo, a
injustiça, a fome, as doenças, a infelicidade, enfim, as mortes
prematuras que assolam os ditos países não desenvolvidos.

Quando citei o exercício desequilibrado do egoísmo, quis


demonstrar que jamais um vício pode ser uma desvantagem
absoluta (dito a dois parágrafos anteriores) , pois como
exemplo, podemos citar que o Egoísmo de um PAI na proteção
de seu filho não pode ser tratado como um desequilíbrio
egoísta e sim uma reação que não podemos condenar desde
que para isso não tenha praticado o mal ao seu semelhante.

Assim como tudo na vida e em nossas ações estaremos


submetendo ao equilíbrio, os vícios também o são submetidos,
pois com certeza, nós homens nunca seremos perfeitos, a
imperfeição faz parte do Homem, e isto é lógico e notório,
partindo do principio que somos Espíritos tendo experiências
humanas na terra e não humanos tendo experiências
espirituais.

Nosso mundo nada mais é que uma grande escola espiritual e


que para conseguirmos nossa evolução, temos que ser
submetidos às vivências carnais tempo a tempo, até que
sejamos perfeitos, e isto ocorrendo não mais estaremos de
volta e sim estaremos ajudando em outro plano os demais que

226
assim se fizerem de coração aberto para os ensinamentos.

Outra citação que coloco, é a questão das Paixões, também


fruto do egoísmo, que dentro de uma estrutura hierárquica,
posso considerá-la como uma segunda posição depois do
Egoísmo. A Paixão está no excesso acrescentado à vontade, já
que este princípio foi dado ao homem para o bem, e suas
paixões podem levá-lo a realizar grandes coisas. É no seu
abuso que está a sua definição como um vício.

A Paixão é semelhante a um cavalo, que é útil quando


dominado e extremamente perigoso quando domina. Uma
paixão será por demais perigosas no momento em que deixar
de governá-la e resultar qualquer prejuízo para você ou aos
outros.

Sem dúvida grandes esforços são feitos para que a


Humanidade, e nós Maçons que fazemos parte dela, avance,
encoraje-se, honre-se os bons sentimentos mais do que em
qualquer outra época deste nosso mundo, entretanto a
desgraça roedora do egoísmo continua sendo sempre a nossa
chaga social. É um mau real que cai sobre todo o mundo, do
qual cada um é mais ou menos vítima.

É preciso combater os vícios, equilibrá-los, assim como se


combate uma doença epidêmica. Para isso, devemos proceder
como médicos: ir à origem. Que se procurem, então em todas

227
as partes de nossa organização social, desde as famílias até
nossa comunidade, desde os barracos de tábuas, até as
grandes Mansões, todas as causas, todas as influências
evidentes ou escondidas que excitam, mantêm e desenvolvem
o sentimento do egoísmo.

Uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si


mesmo. Restará somente combatê-las, senão todas de uma
vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será
eliminado. A cura poderá ser demorada, porque as causas
podem e são numerosas, mas não impossível. Isso só
acontecerá se o mal for atacado pela Raiz, ou seja, pela
educação, não a educação que tende a fazer homens
instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A
Educação, bem entendida é a chave para o progresso moral.

Quando conhecermos a arte de manejar o conjunto de


qualidades do homem, como se conhece a de manejar as
inteligências, será possível endireitá-los, como se endireitam
plantas novas, mas esta arte exige muito tato, muita
experiência e uma profunda habilidade de observação e
vigilância. É um grave erro acreditar que basta ter o
conhecimento da ciência, dos augustos mistérios de nossa
ordem para que exercemo-las com proveito.

Todo aquele que acompanha o filho do rico ou do pobre, desde


o nascimento e observa todas as influências más que atuam
sobre eles por conseqüência da fraqueza, do desleixo e da

228
ignorância daqueles que os dirigem, quando, frequentemente,
os meios que se utilizam para moralizá-lo falham não se pode
espantar em encontrar no mundo tantos defeitos. Que se faça
pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e se verá que,
se existem naturezas refratárias, que se recusam a aceitá-las,
há, mais do que se pensam, as que exigem apenas uma boa
cultura para produzir bons frutos.

O Homem, meus IIr.'., deseja ser feliz e esse sentimento é


natural, por isso trabalha sem parar para melhorar sua posição
neste mundo que vivemos. Ele procurará a causa real de seus
males a fim de remediá-los. Quando compreender que o
egoísmo é uma dessas causas, responsável pelo orgulho,
ambição, cobiça, inveja, ódio, ciúme, que o magoam a cada
instante, que provoca a perturbação e as desavenças em todas
as relações sociais e destrói a confiança que o obriga a manter
constantemente a defensiva, e que, enfim, do amigo faz um
inimigo, então compreenderá também que esse vício é
incompatível com sua própria felicidade e até mesmo com sua
própria segurança.

E quanto mais se sofre com isso, mais sentirá a necessidade


de combatê-lo, assim combate a peste, os animais nocivos e
os outros flagelos; ele será levado a agir assim por seu próprio
interesse.

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a


fraternidade é a fonte de todas as virtudes; destruir um e

229
desenvolver outro ( Levantar templos a Virtude e Cavar
masmorras aos Vícios ), esse deve ser o objetivo de todos os
esforços do homem, se quiser assegurar sua felicidade em
nosso mundo e no seu mundo espiritual.

"Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo, Quem é mau é


escravo, ainda que seja livre."
Santo Agostinho

Ir.’.Moacir José Outeiro Pinto, ARLS Razão 4 / Brasil

230
QUER SER MAÇOM?

March 08, 2016

Isso mesmo! Estão perguntando se você quer ser maçom (com


"n", sendo que os dicionários brasileiros registram maçom
com "m" no final).

Bela maneira de começar 2016... e aqui vou eu de novo, para a


alegria de muitos e desespero de alguns. Não que eu queira
mudar o mundo, pois já me convenceram de que o mundo vai
muito bem do jeito que está.

Todavia não posso ficar calado diante desta obra-prima do


humor brasileiro! Vejam as fotos que encontrei no facebook ■
uma requintada patuscada que desfila pelas ruas de
importante metrópole brasileira, fazendo propaganda de mais
uma "maçonaria", com telefone de contato, whatsApp e tudo
mais.

231
Recebi essa pérola com diversos panfletos que apregoam o
seguinte: · "Segredos jamais revelados - Loja Maçônica do Rei
Salomão, parcele em até 10 vezes no cartão... · "Inclusos
paramentos maçônicos + brindes... · "Estude e prepare-se para
um novo mundo... · "Compre hoje mesmo seu kit... · "Conteúdo
oficial top secret... · "Não seja refém das Lojas que cobram no
mínimo R$ 2.000,00 por cada grau..." E por aí afora.

Quanto ao kit anunciado, ("compre hoje mesmo seu kit") quero


crer que os iniciados nessa "maçonaria" recebem, junto com
os segredos, paramentos, e brindes o kit (quitte) placet, o que
já nos poupa de maiores aborrecimentos. Mas nem tudo está
perdido.

A propaganda tem um ponto positivo e muito louvável quando


afirmam: "estude e prepare-se para um novo mundo..." DE
UMA COISA ESSES PROFANOS SABEM: maçonaria exige
ESTUDO e preparação PARA UM NOVO MUNDO! Bingo!!!
Conversei no facebook com os Irmãos que denunciaram essas
fotos. Eles estavam indignados.

Eu já estou acostumado e acho é graça, ainda mais agora,


quando são os profanos a descobrirem que para se
descortinar um mundo novo através da Maçonaria é

232
necessário ESTUDAR! Ganhei meu dia! ■ já não posso mais
ser considerado um implicante diante do ridículo de tudo isso.

Quando teve início a chamada Maçonaria "moderna", em 1717,


na Inglaterra, as Lojas se reuniam nas tabernas (melhor
dizendo, em botequins) e, uma vez organizada a Grand Lodge
of England, predominaram sobre os pedreiros (operativos)
uma nova classe de maçons ■ os especulativos, entre eles
membros da Royal Society, notadamente Christopher Wren,
Robert Moray, John Wilkins, Robert Boyle, Alexander Bruce,
Elias Ashmole e outras celebridades.

A palavra "especulativo" vem do verbo "especular" [estudo


teórico, baseado predominantemente no raciocínio abstrato] ■
e, já que hoje são tantos os latinistas na Maçonaria, a origem é
'specularis', segunda pessoa do singular do verbo 'speculor'.

A palavra 'speculum' = o espelho, é (?) daquele indivíduo que


tem o hábito de questionar muito, que investiga, estuda,
raciocina, que reflete como um espelho, para si e para os
outros.

Não preciso dizer mais nada sobre o porquê de os estudiosos


incomodarem tanto.

233
Desde sua fundação, a Maçonaria caminhou das tabernas para
os estudos
acadêmicos. Do início do Século XX até os dias de hoje ela faz
o caminho inverso.

Foi por causa desse descuido e dos evidentes exageros (pois


nada há de mau ou um copo de cerveja) que o caráter iniciático
da Maçonaria foi se perdendo e sendo banalizado.

James Anderson, atento às masmorras do vício, foi taxativo


nas Constituições: "Poderão os Irmãos regozijar-se com
alegria inocente, mas evitando-se todo e qualquer excesso, ou
forçando qualquer Irmão a comer ou beber além de sua
inclinação; ou impedindo-o de retornar ao lar ou trabalho
quando suas obrigações o chamarem (...) Os Irmãos deverão
ser cautelosos com palavras e atitudes, pois os mais
perspicazes estranhos são capazes de descobrir ou perceber
particularidades nossas que não devem ser reveladas".

É preciso ser mais claro? Se passados trezentos anos dessas


advertências os maçons ainda derrapam em tais observâncias,
que futuro nos espera? Recente artigo que circula na web
aponta como os principais problemas das Lojas a deserção e a

234
baixa frequência de seus membros.

Mas esse assunto permanece como eterno tabu: existe, mas


não pode ser examinado à luz da razão nem discutido com
liberdade e isenção. Os interesses que predominam na
Maçonaria mascaram a escolha errada de candidatos; e as
sindicâncias são feitas para agradarem aos padrinhos; as
Iniciações são mal feitas e ■ diz o texto ■ a "pobreza didática
dos instrutores pela falta de leitura dos clássicos maçônicos".

Mas o cenário cor-de-rosa e as zonas de conforto e têm que


ser mantidos a qualquer custo enquanto o caráter discreto e
sigiloso das Lojas é degradado e descambado, após as
sessões, em pândegas espalhafatosas onde predominam os
faladores, os piadistas, os coscuvilheiros de sempre e outros
parasitas.

O maçom mal escolhido e mal instruído falta às reuniões da


Loja, mas não perde esses grotescos convescotes. Em pouco
tempo deixa a Maçonaria para criar sua própria "potência". É
assim que nascem as "maçonarias" que oferecem de tudo e
qualquer coisa, até "um kit completo". , Se existem "novas
maçonarias" vendendo conhecimento de goteira "em até 10
vezes no cartão", a responsabilidade é nossa dos maçons
regulares ■ pois permitimos que se profane o conhecimento
iniciático em constantes piadinhas, na frase de

235
reconhecimento ou telhamento cifrada em para lamas e
pára-brisas da vida; nos trocadilhos pictóricos gravados em
botons... e de forma imprópria a ostentação dos paramentos
em público.

Acima de tudo isso, o símbolo do Esquadro com o Compasso,


que transcende à análise racional, é transformado em mero
"escudinho" para lapelas ou decalque para automóveis. Ou
ainda, como temos visto com tristeza, em rótulo de cachaça.

Só o ESTUDO pode converter o maçom e fazê-lo reconhecer


que o Esquadro e o Compasso são REALIDADES interiores;
que se equivalem à Cruz com a Rosa no centro. Compasso,
Cruz, Esquadro e Rosa não são marcas nem logotipos de
empresas, nem sinais.

Quem estuda simbologia sabe a diferença entre símbolo, forma


significado, face do signo, conceito, significância,
representação mental e conteúdo(1). Como realidades
interiores, os conteúdos transpessoais do Esquadro com o
Compasso devem ser VENERADOS da mesma forma que os
rosa-cruzes veneram a Cruz dourada sobreposta pela Rosa
rubra.

236
Parece que nossos Irmãos do passado conheciam melhor
sobre "cobertura da Ordem", pois dissimulavam, às vezes até
da própria família, a existência desses detalhes em suas vidas.
Mas... quem poderá contra tais obras destinadas à banalização
e abjeção da Maçonaria? Se tais deslizes são inocentes entre
os neófitos, eles restam impensáveis para quem atingiu o
Mestrado.

Se o sentido íntimo dos Esquadros e do Compasso não


conserrado num bom que atingir-lhes a alma, de que adianta
serem de ouro e permanecerem nas lapelas? O mesmo se dá
com a Cruz de Lorena que a maioria ostenta sem conhecer o
significado e origem. Já dizia o antigo provérbio: "quem não
pode com a mandinga, não carregue o patuá".

Começam nesse tipo de profanação os processos "políticos"


dentro de nossas Oficinas que imitam os moldes da política
profana: copiam os erros da república, repetem os enganos
das monarquias e reproduzem os sussurros e mexericos dos
parlamentos. Não se iludam, pois há maçons que vivem disso.

Alguns não compreendem o fato de eu reiterar determinadas


questões e apontar tais equívocos. Não podem atinar com o
fato de outro maçom estar "na mídia" com outro interesse que
não seja o de se candidatar a alguma coisa. Contudo, volto a
tranquilizar esses imediatistas: não sou candidato a nada e

237
não vim à Maçonaria para fazer carreira. Sei bem a quem sirvo.

Evito abordar aspectos esotéricos na Maçonaria porque


conheço a extensão do esoterismo, por mais de quarenta anos
de estudo (condição essa que nunca alardeei e só uma
meia-dúzia de íntimos conhece). Mas não posso deixar de
abordar o conceito de egrégora, palavra criada a partir do
grego ■ "egregorien" ■ que significa o somatório das forças
físicas, mentais emocionais e espirituais formado numa
espécie de atmosfera psíquica sobre um grupo (no sentido de
velar e zelar).

A dessacralização da Maçonaria aconteceu na egrégora, e este


é o tamanho do problema (2).

A egrégora abarca o conjunto dos atos, fatos físicos e mentais


desenvolvidos por uma congregação de pessoas no tempo e
no espaço.

Por exemplo: um time de futebol ■ assunto que todo mundo


entende e gosta ■ tem "sua egrégora" construída pelos
jogadores, pela torcida organizada, pelo técnico e seus
auxiliares, a diretoria do clube, a sede física, as cores do
uniforme, o noticiário, a liderança do capitão do time, a história

238
do clube, a memória dos grandes nomes e jogadores que
passaram pelo time, etc.

Quanto mais unidos e solidificados forem cada um desses


elementos, mas forte será a egrégora. As religiões,
especialmente a Católica Romana, têm cada uma, sua própria
egrégora e, quanto mais antigas e coesas, maior ação têm
sobre seus seguidores, coletiva e individualmente.

A religiões africanas também são muito fortes nesse sentido,


ao ponto de garantirem a sobrevivência dos povos
escravizados nos continentes americanos por mais de
duzentos anos. As famílias têm egrégoras, mais fortes ou mais
fracas, assim como cada povo, cidade e nação.

Entretanto, da mesma forma que a egrégora tem poder sobre


os membros do grupo, esses haurem benefícios físicos e
mentais dessa atmosfera coletiva e enviam de volta para ela
suas idiossincrasias. É um delicado e perigoso caminho de
mão-dupla.

Vivemos às vésperas de um novo estado de alienação


decorrente desse intercâmbio psicossomático.

239
O fato que deu origem a este artigo ■ um carro a desfilar pelas
ruas fazendo propaganda de mais uma "maçonaria" ■ é o
resultado dessa perda do Sagrado em nosso próprio meio.
Poderemos nos transformar noutra coisa se permanecermos
negligenciando o sentido oculto das Iniciações e dos rituais.

Independente dos anos passados na Maçonaria, muitos não se


deram conta de que a Loja propicia ao indivíduo a experiência
de um relacionamento repleto de significado e com categorias
mentais de natureza transpessoal. Se a egrégora se encontra
numa condição estável, os indivíduos compartilham de um
"sentido vivo" e comum. Caso contrário, a Maçonaria
permanece apenas um rótulo, um botom ou um decalque
exterior.

Quando a egrégora entra numa condição instável, cada


personalidade desenvolve seu próprio processo: uns se
voltam para convicções mais primitivas e arraigadas
(religiosas, supersticiosas ou mágicas); outros tornam-se
alienados, isto é transferem sua capacidade de pensar e julgar
para o chefe ou líder do grupo, exatamente nas organizações
criadas para libertar o homem dessas amarras.

240
Na ausência da coesão nascida nas bases, surge o terreno
propício para os egos inflados cujos diques da mente foram
cruelmente arrombados pelo poder tempestuoso da egrégora
adulterada (3).

Toda problemática das atuais instituições iniciáticas consiste,


paradoxalmente, em escolher entre o momentâneo e o perene.
Adaptam-se à "modernidade" pela mutilação de suas
estruturas e a desintegração começa a acontecer.

O processo é lento e praticamente imperceptível. Durante essa


dissolvência, é cômodo para as mentes passivas continuarem
na esperança, desejando e sonhando, infladas de um poder
que já não possuem. Vamos aproveitar o início de um novo
ano para repensarmos o que estamos fazendo aqui e agora.

É um ano que promete ser difícil, pois o Brasil atravessa uma


crise econômica, social, política e cultural. Mas é exatamente
nesses momentos que acontece a oportunidade de rompermos
velhos paradigmas.

A Maçonaria é grande, "grande é o espírito da Maçonaria, ■ e


contamos com excelentes maçons em nossas Lojas capazes
de reverter as atuais expectativas. "Quem sabe, faz a hora; não

241
espera acontecer".

(1) A este propósito, consultar Ferdinand de Saussure (1857 -


1913) linguista e filósofo suíço.
(2) Não confundir egrégora com inconsciente coletivo.
(3) Refiro-me aqui ao conceito da psicologia analítica de
C.G.Jung e recomendo a leitura de "Ego e Arquétipo" de
Edward F. Edinger (Editora Cultrix, esgotado ■ porém existe
em e-book na internet).

Por Ir.’. José Maurício Guimarães


O Irmão José Maurício Guimarães é Venerável Mestre e
fundador da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Corona,
Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja
Maçônica de Minas Gerais

242
OS FILHOS DA VIÚVA

March 09, 2016

É como se autodenominam os maçons. Existem duas


explicações para a origem da expressão.

*A primeira é relacionada com a lenda de Osíris, mito solar


egípcio, decalcada em outras lendas mais antigas, como a do
deus agrário Dumuzi, dos sumerianos.

Foi Plutarco quem transmitiu, no primeiro século da era cristã,


a melhor versão da lenda de Osíris, confirmada,
posteriormente, pela tradução dos textos hieroglíficos.

243
A lenda é tipicamente decalcada nos mitos solares, pois, de
acordo com ela, Osíris foi assassinado no 17º dia do mês
Hator, que marcava o começo do inverno.

A lenda, assim, do ponto de visto místico, mostra o Sol (Osíris)


morto pelas forças das trevas (Set), deixando viúva a Ísis, para
renascer, posteriormente, completando um novo ciclo, também
representado pelas sucessivas mortes e renascimentos dos
vegetais, de acordo com a influência solar.

Os Maçons, identificando-se com Hórus, são os filhos da viúva


Ísis, a mãe-Terra, privada do poder fecundante do Sol (Osíris),
pelas forças das trevas. A segunda explicação para a origem
da expressão está ligada à lenda de Hiram, largamente
baseada na lenda de Osíris e em outros mitos da antiguidade.

O artífice fenício Hiram construtor do templo de Jerusalém,


segundo a lenda (mas, na realidade, um entalhador de metais,
responsável pela confecção das colunas e das bacias
necessárias ao culto), era filho de uma viúva da tribo de
Neftali. Knight e Lomas avançam a teoria de que Hiram Abiff
era, na realidade, Sequenere Tao II, o verdadeiro rei egípcio
que viveu em Thebas, cerca de 640 km a Sul de Hyksos, capital
de Avaris, perto dos limites do reino de Hyksos.

244
Sequenere era o "novo rei do Egito, que não conhecia José",
que foi vizir por volta de 1570 A.C. Apophis especula-se,
quereria conhecer os rituais secretos de Horus, que permitiam
aos faraós transformarem-se em Osíris na morte e viver
eternamente como uma estrela.

Apophis enviou homens a seu soldo para extrair a informação


de Sequenere, mas ele mais facilmente morreria com violentas
pancadas na cabeça antes de contar alguma coisa; na verdade,
foi o que aconteceu.

A identificação de Hiram Abiff como sendo Sequenere


baseia-se no crânio da múmia, o qual parece ter sido
esmagado por três golpes aguçados, como os que foram
deferidos em Hiram Abiff. E quanto aos assassinos descritos
no folclore maçônico como Judeus? Knight e Lomas sugerem
que estes serão dois dos irmãos expatriados de José, Simeon
e Levi, auxiliados por um jovem padre de Thebast. Como
prova, Knight e Lomas apontam a múmia encontrada ao lado
da de Sequenere.

O corpo não embalsamado pertencia a um jovem que morreu


com os órgãos genitais cortados, e com um estertor de agonia
no rosto. Teria ele sido enterrado vivo como castigo pelo seu

245
crime?

Os rituais maçônicos referem Hiram Abiff como o 'Filho da


Viúva'... na lenda egípcia, o primeiro Horus foi concebido após
a morte de seu pai, pelo que a mãe já era viúva mesmo antes
da concepção. Parece lógico que, todos os que, daí em diante,
se tornaram Horus, os reis do Egito, se apelidaram de “Filho
da Viúva".

A lenda do Mestre Construtor Hiram Abiff é a grande alegoria


maçônica. Na realidade, a sua história figurativa é baseada
numa personalidade das Sagradas Escrituras, mas os seus
antecedentes históricos são de acontecimentos e não da
essência; o significado reside na alegoria e não em qualquer
fato histórico que possa estar por detrás.

Para o construtor iniciado, o nome Hiram Abiff significa Meu


Pai, o Espírito Universal, uno em essência, três em aparência.
Ainda que o Mestre assassinado seja o estereotipo do Mártir
Cósmico – O Espírito crucificado do Bem, o Deus moribundo –
cujo Mistério é celebrado por todo o mundo.

Os esforços levados a cabo para descobrir a origem da lenda


de Hiram demonstram que, apesar da forma relativamente

246
moderna de representação da lenda, os seus princípios
fundamentais remontam a uma longínqua Antiguidade.

É habitualmente reconhecido pelos estudiosos maçônicos que


a história do martirizado Hiram é baseada em antigos rituais
egípcios do deus Osíris, cuja morte e ressurreição retratam a
morte espiritual do Homem e sua regeneração através da
iniciação nos Mistérios.

Hiram é também identificado com Hermes através da inscrição


na Placa de Esmeralda. Os "Filhos da Viúva" - Outros
entendimentos pode-se dizer, escreve Persigout, que os
Maçons eram os filhos da viúva, isto é, da Natureza sempre
virgem e fecunda. Dá-se esse nome aos franco-maçons, diz
Gédalge, em memória da viúva que foi mãe do arquiteto Hiram.
Mas Ísis, a "Grande Viúva" de Osíris, procurando os membros
esparsos de seu esposo, também é considerada a mãe dos
Franco-Maçons que, seguindo-lhe o exemplo, procuram o
corpo de seu Mestre Hiram, assassinado pelos três maus
Companheiros, que simbolizam os vícios capazes de aniquilar
o Ser: a Inércia, a Sensualidade e o Orgulho.

Quando, portanto, em dezembro, afirma Ragon, o sol hibernal


parece deixar nossos climas para ir reinar no hemisfério
inferior, parecendo, para nós, que ele desce ao túmulo, então a
natureza fica viúva de seu esposo, daquele de quem ela recebe

247
todos os anos, alegria e fecundidade.

Seus filhos ficam desolados; é, portanto, com muita razão que


os maçons, filhos da natureza, e que, no grau de Mestre,
revivem essa bela alegoria, se chamam filhos da viúva (ou da
Natureza); como no reaparecimento de deus, eles se tornam os
filhos da luz.

Segundo essa interpretação, acrescenta Ragon, devemos


concluir que Hiram, arquiteto do templo de Salomão, ao se
tornar o herói da lenda maçônica, é Osíris (o sol) da nova
iniciação; que Ísis, sua viúva, é a Loja, emblema da terra, e que
Órus, filho de Osíris (ou da luz) e filho da viúva, é o Maçom,
isto é, aquele que mora na loja terrestre.

Para outros autores, a Franco-Maçonaria é Viúva desde que


Jacques de Molay, grão-mestre dos Templários, foi queimado.
A palavra "viúva" vem do latim vidua, e significa propriamente
vazio, privado de. A palavra vazio tem o sentido de espaço e
não de vácuo.

Nessa acepção, a expressão os "Filhos da Viúva" significaria


os "Filhos do Espaço" e, como o Espaço é símbolo de
Liberdade, os Franco-Maçons seriam igualmente os "Filhos da

248
Liberdade. Mas a "Viúva" é caracterizada por um véu negro e
então simboliza as Trevas que, como dissemos acima, são
inerentes ao Espaço.

Esse é o motivo pelo qual os maçons são ao mesmo tempo os


"Filhos da Viúva" e os "Filhos da Luz". Eles são "Filhos do
Mundo das Trevas", mas, no seio do mundo, manifestam-se
como os "Filhos da Luz".

filhosdehiran.blogspot.com.br/2008/10/filhos-da-viva-filhos-da-luz-como-se

249
CORDA DE 81 OU 12 NÓS.

March 10, 2016

Maçônico, em sua parte superior. Sua ‘localização elevada’ lhe


dá uma conotação celestial, confirmada pelos doze nós que
aparecem em intervalos ao longo da corda e que simbolizam
os doze signos do zodíaco.

Estes nós também correspondem às doze colunas que, exceto


no lado leste, rodeiam o santuário interior de nossos templos
em sua totalidade. Cinco destas colunas estão situadas ao
norte, os outras cinco no Sul e as duas restantes, “Jaquim” e
“Boaz”, no Ocidente.”

A corda de 12 nós que forma um friso nas paredes dos


templos antigos da maçonaria escocesa simboliza a Cadeia de

250
União que une todos os maçons e foi inspirada na corda
mística “

Portanto, a corda de 12 nós usada nos templos maçônicos é


um laço místico, ornamento que representa uma escola
esotérica e sua literatura e simboliza o vínculo sagrado e
indissolúvel que se estabelece entre o maçom admitido e os
demais membros da Ordem.

Essa deve ser a leitura do simbolismo da corda de 81 nós


encontrada nos templos das Grandes Lojas brasileiras.

A corda de 81 nós corresponde à corda de 12 nós dos templos


originais onde foram praticados inicialmente os graus
simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito.

RITUAL DE 1804 DO REAA


As Lojas francesas que adotaram os primeiros rituais
organizados pela Grande Loja Geral Escocesa em 1804 para os
Graus de Aprendiz e Companheiro do Rito Escocês Antigo e
Aceito trabalharam nos templos ornamentados com a corda de
doze nós, a qual foi incorporada ao Rito a partir do simbolismo
do local que caracteriza a natureza no escocesismo.

251
A corda de 12 nós substituiu em alguns templos as 12 colunas
que representam as casas zodiacais. Também as Lojas filiadas
ao Grande Oriente de França praticaram nos templos com a
ornamentação aqui descrita os rituais de 1805 produzidos pelo
Grande Oriente para o mesmo Rito.

Fonte Ir. José Castelani:


O painel representativo dos instrumentos usados pelos
Pedreiros Livres. Uma das possíveis origens da corda de 81
nós é datada de 23 de agosto de 1773, por ocasião da
instituição da primeira palavra semestral em cadeia da união,
quando, na casa "Folie-Titon" em Paris, tomou posse Louis
Phillipe de Orleans, como Grão-Mestre da Ordem Maçônica na
França. Naquela solenidade estavam presentes 81 irmãos, e a
decoração da abóbada celeste apresentava 81 estrelas.

Avançando mais no tempo, encontramos na Sociedade dos


Construtores, embrião da Maçonaria atual, a herança da corda
com nós, não necessariamente 81, mas 3, 5, 7 ou 12, que era
desenhada no chão com giz ou carvão, alegoricamente
fazendo parte de um Painel representativo dos instrumentos
usados pelos Pedreiros Livres.

■Laquito Leães

252
SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE NA MAÇONARIA

March 14, 2016

À
GLORIA DO GADU

Ao sermos iniciados na Maçonaria, aprendemos que ela é uma


associação de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base
o GADU, e que tem como principio a LIBERDADE,
IGUALDADE E FRATERNIDADE.

Neste nosso trabalho, tentaremos falar alguma coisa sobre um


dos princípios da Maçonaria que é a FRATERNIDADE e
a SOLIDARIEDADE.

A palavra FRATERNIDADE pressupõe amor, abnegação,


desvelo, compreensão e tolerância, enquanto
a SOLIDARIEDADE seria um sentido moral que vincula o
individuo a vida, aos interesses e às responsabilidades de um
grupo social, nação ou da própria humanidade.

253
Nós, Maçons, temos conhecimento de que nosso dever é fazer
o bem, sem olhar a quem. Devemos verificar as necessidades
alheias e mesmo de nossos Irmãos para que cumpramos com
eficiência nossa obrigação do dever assumido.

A atitude solidária é à saída de si para se dar ao outro, quem


quer que ele seja. Ela não acontece apenas entre amigos, mas
se estende a todos. Ela é o olhar atento que capta a
necessidade do outro. A solidariedade revela o quanto uma
pessoa é verdadeiramente humana. Em outras palavras, a
pessoa “verdadeira” é aquela que é solidária ao outro nos
momentos de felicidade e nas situações de dor e de
sofrimento.

Em determinadas ocasiões será aquele que estará ao lado do


outro, silenciosamente, “colocando-se na sua pele”. A
solidariedade será num mundo marcado pelas desigualdades
e injustiças, o gesto de abraçar a causa de todos os que
vivem “à margem da vida”.

Vivemos hoje, num “sistema” que estimula as pessoas a


lutarem, freneticamente, por tudo aquilo que as desfigura em
sua própria essência: a ambição e a ganância sem limites, a
fome pelo poder que oprime os outros, o consumo
desenfreado, o narcisismo, a ostentação, o individualismo, a
inveja e a competição a qualquer preço. Só tem valor quem
possui quem domina e manipula o outro. Para “subir na vida,

254
vencem aqueles que são” espertos e aqueles que, “bajulam” e
que fazem “alianças estratégicas”.

Não podemos esquecer que a Maçonaria também tem suas


regras, e cada Maçom tem suas obrigações individuais, como
por exemplo, o dever de freqüência, o de ser pontual com seus
compromissos, e principalmente reconhecer como Irmão todo
Maçom regular, ajudando-o, protegendo-o e defendendo-o,
sempre de forma justa, contra as injustiças do mundo profano,
se necessário for com riscos da própria vida.

Bem caríssimos IIrm.’. , levando-se em consideração que todo


Maçom deve ter uma conduta digna e reta pode-se concluir
como é difícil “ser Maçom de verdade”, não que se possa dizer
que a Maçonaria exija demais de nós, mas sim pela conduta
individual de muitos Maçons imperfeitos.

Estes Maçons imperfeitos são aqueles Irmãos que mesmo


tendo sido agraciados com a oportunidade de ingressar nesta
tão sublime ordem, o que lhes proporciona conviver com
princípios tão nobres, por vezes são conduzidos pela própria
vaidade, deixando escapar por entre os dedos à oportunidade
de tentarem se igualar a tantos verdadeiros Maçons.

Por isso, nós através da Fraternidade, devemos sempre


aprimorar nossas relações sociais com os irmãos, com

255
nossos familiares e com os profanos e ser também mais
Tolerantes, ou seja, mais calmos, ponderados e justos em
nossas decisões e menos agressivos, para podermos
desenvolver em nossos corações a CARIDADE e com ela
aliviar o sofrimento alheio, em vencer nossas próprias paixões
e más tendências e a amar ao próximo como nos amou o
G.ADU.

Para encerrar, gostaria de citar São Francisco de Assis, em


sua Oração, onde ele faz um relato da mais bela filosofia do
Amor ao Próximo:
“Senhor! Fazei de mim um instrumento da tua
Paz”,
Onde houver trevas, que eu leve a luz,
Onde houver ódio que eu leve o perdão,
Onde houver dúvida que eu leve a fé,
Onde houver desespero que eu leve esperança,
Onde houver discórdia que eu leve união,
Fazei-me antes, Senhor,
Amar que ser amado,
Perdoar que ser perdoado,
Pois é dando que se recebe,
Perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive, para a vida eterna ““.
BIBLIOGRAFIA:
- RITUAL DE APRENDIZ MAÇOM - RITO ESCOCÊS
ANTIGO E ACEITO (Grande Oriente Paulista)

256
- BOLETIM INFORMATIVO - O APRENDIZ
- EDITORA A TROLHA
- OPINIÕES PESSOAIS DOS INTEGRANTES DESTE
TRABALHO.
Trabalho efetuado pelos IIr:.
Jairo Bonifácio
Marcelo da Silva Marques
Ronaldo Nunes
Marcio Felipe Dutra

257
O VENERÁVEL MESTRE MAÇOM NÃO PODE SER UM
FROUXO

March 15, 2016

Uma pessoa jamais deve falar sobre aquilo que ignora e em


relação às instituições terrenas ligadas à espiritualidade a
maçonaria é a instituição onde isto é mais gritante.
A ciência sobre uma instituição terrena ligada à espiritualidade
que tornaria alguém apto a discorrer sobre ela não é
necessariamente decorrente da participação efetiva na mesma
– não é necessário ser ou ter sido de uma religião para falar
sobre ela -, mas em relação à maçonaria sim.
Quem não é um maçom de uma loja reconhecida pela Grande
Loja Unida da Inglaterra (GLUI) não tem condição alguma de
falar sobre a maçonaria, pois não fazendo parte da egrégora
espiritual maçônica que age no plano terreno não faz parte da
egrégora espiritual maçônica e assim não sabe o que é
maçonaria, pois, não recebe o influxo espiritual necessário
para tirar o véu.
Os conspiracionistas que propagam pelo mundo uma pretensa
trama de dominação global pela maçonaria não são maçons de
uma loja reconhecida pela GLUI e consequentemente não
sabem o que é a maçonaria para poder falar sobre o que ela é,

258
fez, faz e pretende.
Toda a ideia que os conspiracionistas têm sobre a maçonaria é
apenas produto de repetição cega e vazio e raso por sua falta
de essência.
Basta que uma pessoa tenha uma simples faísca da centelha
divina vibrando em seu coração para que, com tal consciência,
não se deixe levar pelas besteiras que dizem sobre a
maçonaria, principalmente sobre as pretensas tramas de
dominação global.
Enquanto os conspiracionistas acreditam que os maçons
passam o tempo tramando sobre a dominação do mundo os
maçons estão debatendo sobre comer peixe assado na brasa
ou churrasco de frango em um evento social.
Os conspiracionistas e todos aqueles que vêem na maçonaria
uma instituição com força e intenção voltada ao domínio do
mundo apenas superestimam a maçonaria vendo nela forças
que ela não tem. Tais pessoas, por não serem maçons de uma
loja reconhecida pela GLUI e não saberem o que é a maçonaria
imaginam que a maçonaria tem planos para o mundo inteiro
inclusive para as próximas décadas, enquanto que lojas
maçônicas penam para aprovar o calendário das sessões do
ano e imaginam que a maçonaria se infiltra na política para
aumentar a sua teia de poder, enquanto que a discussão
política é de fato proibida e a consciência política dos maçons
não é melhor do que a dos não maçons, pois impera o “todo
partido político é igual”.
Todo este superestimar que os não maçons têm em relação à
maçonaria não é aproveitado de forma instigativa pelos
maçons. Se os conspiracionistas e outras pessoas acreditam

259
que a maçonaria tem poder para controlar o mundo é isto que
a maçonaria deve fazer, pois, considerando o que é necessário
que um homem seja para ser maçom, não há pessoas
melhores para controlar o mundo do que os maçons.
O mundo atual, no atual estado de consciência da
humanidade, necessariamente é controlado por alguém e o
mundo deve escolher quem quer que o controle. Não adianta
as pessoas de bem se omitirem do controle do mundo, pois se
elas não tomarem as rédeas outras pessoas tomarão.
Desconsiderando a choradeira de que todo controle é
“opressão”, que “as coisas devem ser feitas por amor” e “por
consciência”, que “controle é coisa de gente do mal” e toda
uma infinidade de chororôs, o fato é que o mundo atual no
atual estado de evolução da humanidade terá controle por
alguém e se não for por uns será por outros.
Há pessoas que simplesmente não pretendem ver o mundo
sendo controlado por pessoas que são completamente
opostas aos ideais maçônicos, principalmente no que tange à
sua falta de moral e à sua falta de ética.
Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por
homens que não traiam suas esposas a homens que tenham
amantes e sejam sustentados por uma propaganda de que o
que importa são suas decisões políticas.
Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por
pessoas inteligentes, cultas e sábias a analfabetos funcionais
que louvem a própria ignorância e transformem sua ignorância
em virtude sendo sustentados por uma propaganda de que
pessoas ignorantes têm um coração mais puro.

260
Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por
pessoas que acreditam em Deus e o reconhecem como todo
poderoso submetendo-se a ele e às suas leis a pessoas que
não acreditam em Deus e por isto ignoram e rejeitam suas leis,
mas que são sustentadas pela propaganda de que uma pessoa
não é melhor que outra por não acreditar em Deus.
Há pessoas que preferem ver o mundo sendo controlado por
pessoas plenamente conscientes o tempo todo a pessoas
viciadas em maconha, cocaína, crack e outros entorpecentes,
mas que são sustentadas por propagandas insanas em defesa
do uso das drogas. O mundo atual em seu atual estado de
evolução coloca tais escolhas a todos.
O maçom não é perfeito, mas busca ser e este é o seu
trabalho. É através desta boa vontade, de reconhecer-se como
ser imperfeito e que necessita ser alguém melhor, que as
portas dos céus são abertas ao maçom. O maçom olha para
cima e vê Deus como um ser perfeito, por isto se reconhece
imperfeito.
O exemplo do maçom é Deus e é nele que o maçom se
espelha. Toda a consciência sobre Deus que a maçonaria
entrega aos maçons não adiantará se os maçons aceitarem ser
controlados por pessoas que não acreditam em Deus.
A geometria na vida do maçom deve ser aplicada em seu
pensamento e consequentemente em suas ações. Se o maçom
sabe o que está de um lado na busca por Deus deve também
saber o que está do outro lado onde há a negação e a rejeição
a Deus. Se o maçom sabe o que pode esperar de um homem
que maçom busca a perfeição do Supremo Arquiteto do
Universo deve também saber o que esperar de alguém que

261
nega e rejeita a Deus.
O maçom não pode ser egoísta e se ele quer Deus para si e
sua família deve querer também para os outros de forma a não
aceitar que os outros sejam controlados por quem nega e
rejeita a Deus. O maçom não pode aceitar que o mundo seja
controlado pelo oposto do que ele busca.
É incoerente que o maçom, que busca a igualdade, a liberdade
e a fraternidade entre os povos, que vive pela fé, a esperança e
a caridade, que sabe o que é ser maçom e sabe o que é a
maçonaria e o que a maçonaria quer para o mundo, aceite que
o mundo seja controlado por pessoas que são o oposto da
maçonaria e do ser maçom.
Se os conspiracionistas e outros acreditam que a maçonaria
tem poder para controlar o mundo é exatamente isto que a
maçonaria deve fazer; ou, quem os maçons querem ver
controlando o mundo?
Os que negam e rejeitam a Deus?
Os usuários de drogas?
Os que traem suas esposas?
Os analfabetos funcionais?
Os que no futuro vão querer casar com um pepino porque
sentem atração física por pepinos?
Os que clamam pela morte de fetos humanos?
Se a maçonaria não se importa que tais pessoas controlem o
mundo também não deve se preocupar em protestar contra os
resultados das ações de tais pessoas. Uma pessoa que vive
por e para Deus agirá neste sentido, enquanto que a que vive
contra Deus agirá contrariamente a Deus.

262
Um maçom verdadeiro sabe o que é a maçonaria e sabe quem
são seus irmãos e não precisa pensar muito para constatar o
que é melhor para o mundo.
Controle é poder, o poder é para ser usado e para ser usado é
preciso ter coragem. Muitas pessoas ambicionam o poder, mas
não têm força interior e poder de espírito para mandar o
cachorro fazer cocô fora de casa.
O cargo de venerável mestre maçom de uma loja é
ambicionado por muitos maçons, mas a maioria não têm pulso
para ser um venerável mestre maçom de uma loja. O ser que
existe foi criado para existir assim como o poder que foi
institucionalizado foi criado para ser usado.
Não adianta desejar ser venerável de uma loja e não ter
coragem de usar os poderes inerentes ao cargo de venerável.
Se alguém não tem coragem para exercer as atribuições
inerentes ao cargo que exerce deve deixar que outro o faça. A
sustentação espiritual de uma loja é o seu venerável e a
maçonaria a nível global se faz com a conduta – de ação ou
omissão – do venerável de sua loja.
O venerável faz a sua loja e a prepara para aquilo que ela fará
para o mundo maçônico e para o mundo profano. Não se trata
de “ego”, “escravidão” ou “opressão”, mas de cumprir a
função que se exerce.
O venerável deve ter coragem de ser venerável; não pode ter
medo de fazer o seu dever por medo de ferir os sentimentos de
um irmão ao contrariá-lo em sua opinião.
A maçonaria, à luz da Grande Obra de Deus, é piramidal e
consequentemente hierárquica. Quem não tem condições de
compreender e aceitar um sistema hierárquico e obedecer a

263
regras não pode ser maçom. Uma pessoa que leva para o lado
negativo – principalmente o da ofensa pessoal – uma decisão
hierárquica tomada por seu superior na mais completa e
absoluta imparcialidade e com lealdade e boa-fé não pode ser
maçom.
O venerável de uma loja deve confiar em seus irmãos a ponto
de ter a confiança de que suas decisões, tomadas quando
necessárias e para o bem da loja, não serão levadas para o
lado negativo, o lado do vitimismo.
O maçom, além de não poder ser vitimista, deve tanto ser
maduro para não levar a decisão do venerável como uma
afronta pessoal quanto deve confiar em seu irmão exercendo o
cargo de venerável. A vida é feita de fases e para alcançar uma
nova é preciso transcender a fase em que se encontra e se
uma loja não consegue aprovar o cardápio de um evento social
quanto mais conseguirá construir o seu próprio templo.
Quando as questões ordinárias e pequenas de uma loja
começam a procrastinar indefinidamente cabe ao venerável
usar o malhete para que a loja possa evoluir.
Fora da maçonaria existe um mundo que não para e enquanto
maçons perdem tempo discutindo se vão comer peixe ou
frango em um evento social existem pessoas moral e
eticamente abomináveis que trabalham constantemente para
controlar o mundo para fins abomináveis. A maçonaria deve
otimizar o seu tempo para que os maçons possam trabalhar
aquilo que realmente precisa ser feito no mundo e que diz
respeito não só à loja ou aos maçons, mas a todos.
As questões ordinárias e pequenas de uma loja devem ser
resolvidas, mas não se deve perder tempo com isto e cabe ao

264
venerável da loja fazer com que a loja resolva logo tais
questões sem deixar que coisas assim procrastinem-se
eternamente a ponto de comprometer o tempo dos maçons
dentro da maçonaria.
A maçonaria não está no mundo para perder tempo discutindo
cardápios, locais de festa, se a festa vai ter banda ou DJ e
coisas que não têm importância alguma à humanidade. Para
que a maçonaria cumpra o seu dever no mundo ela terá que ir
ao mundo e para isto ela terá que ter feito o seu dever de casa,
terá que ter resolvido as questões ordinárias e pequenas da
loja. É dever do venerável ser venerável ao ver que a loja
insiste em não seguir em frente.
Entre a maçonaria que controla o mundo e a maçonaria que
não consegue decidir se vai comer peixe ou frango certamente
o mundo precisa mais da maçonaria que controla o mundo,
mas para que a maçonaria controle o mundo é necessário que
já tenha decidido se vai comer peixe ou frango e quando os
maçons demoram mais que o necessário para decidir se vão
comer peixe ou frango cabe ao venerável mestre maçom da
loja agir como venerável mestre maçom da loja.
Para alcançar as grandes coisas é necessário transcender as
pequenas. Uma loja que não consegue resolver suas questões
ordinárias e pequenas não está pronta para sair ao mundo e
agir como maçonaria. O venerável mestre maçom não pode ser
um frouxo, não pode ter medo de usar o poder que lhe foi
investido, pois se não houvesse necessidade de ter tal poder
tal poder não lhe seria dado.
O venerável de uma loja é responsável pela loja e é seu dever
levá-la ao mundo, pois o mundo precisa disto. Atualmente a

265
maçonaria é superestimada e muitos pensam que a maçonaria
é muito mais do que é, mas poderá chegar o tempo em que ao
invés de os não maçons acreditarem que a maçonaria pode
tudo acreditarão que ela não pode coisa alguma.

Rudy Rafael

266
O TEMPLO DEVE SER RESPEITADO

March 16, 2016

Sinopse: Cada um se dá o valor que acha valer.


O templo não é local exclusivo para fazer ordem-unida,
marchar, bater continência, apresentar armas, formar fileira, ler
a ordem do dia e cumprir ritual de forma impecável. É local
sagrado! Sim! É o espaço tridimensional físico mais sagrado
que o maçom possui: ele mesmo! O templo é o local onde ele
se percebe em união com o Todo.
É inaceitável comportamento inadequado dentro do templo
que representa o homem símbolo no universo. Não se trata do
templo físico feito de cimento, areia e tijolos: isso é matéria. O
templo é outro. Feito de carne, ossos, nervos, e,
principalmente, intelecto e espírito.
A loja representa o homem. Feita para o homem.
Simbolicamente é um homem deitado de costas com a cabeça
no oriente. Adentrar ao templo significa que se está

267
penetrando o local mais recôndito de si mesmo: representação
viva do que cada um é.
O maçom esclarecido e espiritualizado entra no templo
consciente que está caminhando dentro em si mesmo. Local
onde prospecta por virtudes, valores e mudanças em todas as
dimensões.
É na aparência externa que o outro reconhece imediatamente
aquele que já se iniciou maçom. Uma coisa é iniciar alguém,
isso é simbólico, outra é iniciar a si mesmo, isso é sublime,
real!
A iniciação simbólica é trabalhada no grau de Aprendiz
Maçom; a iniciação real acontece depois, em surdina, no
íntimo de cada um. Inicialmente burila-se o lado externo da
pedra: mundo da aparência, da fantasia, dos sentidos, daquilo
que parece ser.
Subsequentemente trabalha-se o interior da pedra, da
realidade, daquilo que os outros não vêem: que representa o
maçom no universo. Este é o maçom de fato e em sentido lato.
Aquele que já se iluminou enxerga dentro de si mesmo, vê
dentro da pedra. O que passou pela cerimônia da iniciação
pode até camuflar sua aparência externa que os outros vêem,
mas é impossível camuflar de si o que ele é por dentro.
A transposição das colunas vestibulares separa dois
universos: macro e microcosmo; no macrocosmo está o
homem que parece ser: corresponde à sala dos passos
perdidos, átrio etc.; no microcosmo o homem real, que é: sua
essência, existência, realidade, consciência, alma, templo, etc.
Tudo no universo é energia. O homem é energia. O
pensamento é energia.

268
A Mecânica Quântica já caminha em direção da obtenção de
explicações razoáveis desta manifestação. Místicos
reportam-se a algo denominado por eles como Egrégora, uma
força coletiva que se manifesta em condições especiais de
colaboração e fusão espiritual. Até associam a manifestação
do espírito de pessoas mortas na criação desta manifestação
etérea.
Mesmo ao incrédulo da manifestação energética dos mortos
em tais ocasiões há de considerar, no mínimo, a presença das
pessoas vivas que colaboram com a criação de um campo
energético concentrado. É física! O homem já está quase lá!
Por ora apenas intuímos e percebemos tal possibilidade
sentida, mas em futuro próximo haverá comprovação científica
desta manifestação energética.
Isto dá sustentação para a necessidade de preparar o templo
material de pedra, de modo a tornar-se eficiente para
concentrar energias. Entrar no templo antes do que se definiu
por consenso, ritualística e regulamentação é uma forma de
conspurcar um local sagrado preparado para lidar com
variadas formas de energia.
Entrar antes de o ambiente estar preparado é desobediência,
rebeldia, brutalidade. Pode-se até entrar antes do permitido!
Quem impede ao embrutecido de fazer estragos? Apenas ele
mesmo! Desobedecer ao acordado a priori certamente altera o
espaço físico onde se formará o homem-símbolo espiritual que
cada um é; respeitar tal dispositivo no mínimo acata o direito
dos demais usuários do local.
A falta de respeito ao local sagrado altera a essência espiritual
coletiva dos irmãos reunidos em assembleia. Por empatia, com

269
sentimento fraterno deve-se reverenciar o sentimento dos
irmãos recolhidos dentro de si mesmos em presença do
Grande Arquiteto do Universo! Maçonaria não é religião, o
templo maçônico não é local de adoração, mas o mais sagrado
dos templos que cada um é.
Este local é sagrado, inefável, deve ser tratado com respeito
porque assim cada um respeita a si mesmo. O templo de pedra
é apenas a sua representação simbólica, mas quem o
desrespeita e o conspurca com sua presença ao entrar antes
da hora está desrespeitando primeiro a si próprio, depois a
todos os outros irmãos que compartilham do mesmo espaço.
Entrar no templo é entrar no lugar mais sagrado do Universo
para cada um: é adentrar em si mesmo. E nesta ocasião cada
um se dá o respeito que acha que deve; se dá a importância
que acha pertinente.
Cada um entra em seu local mais sagrado trajando-se interna e
externamente da forma em que se dá importância. Toda sessão
em loja é magna para aquele que se respeita. Certo seria
trajar-se sempre para evento de importante envergadura,
ocasião magna.
O ritual recomenda: terno, gravata, sapato, cinto, meias pretas
e camisa branca. Qualquer diferença é apenas aceitável,
tolerável, afinal cada um se dá o valor que acha possuir.
Como falar de amor com alguém que nunca foi amado?
Como poderá amar a si mesmo aquele que nunca foi amado?
O bruto que não respeita a si mesmo nunca foi amado.
Se o maçom em formação ainda não despertou e não se dá
valor, pode entrar de forma contumaz, com a indumentária

270
com que se sente melhor trajado para comparecer diante de si
mesmo, dentro de si mesmo, diante do universo, perante o
Grande Arquiteto do Universo: isto é pessoal, é intransferível.
Cada um se dá o valor que acha que deve.
O templo é lugar sagrado que recebe a cada um naquilo que é
em sentido lato, não tem como escamotear a própria
percepção de realidade de si mesmo, da sua consciência e
memória.
À glória do Grande Arquiteto do Universo, o templo deve ser
respeitado!

Charles Evaldo Boller


Bibliografia:
1. CAPRA, Fritjof, O Ponto de Mutação, A Ciência, a Sociedade
e a Cultura Emergente, título original: The Turning Point,
tradução: Álvaro Cabral, Newton Roberval Eichemberg,
primeira edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 448
páginas, São Paulo, 1982;

2. GOSWAMI, Amit, O Universo Autoconsciente, como a


Consciência Cria o Mundo Material, tradução: Ruy
Jungmann, ISBN 85-01-05184-5, segunda edição, Editora
Rosa dos Tempos, 358 páginas, Rio de Janeiro, 1993;

3. KEATING, Kathleen, A Terapia do Amor, título original: The


Love Therapy Book, tradução: Terezinha Batista dos
Santos, ISBN 85-315-0797-9, 11ª edição, Editora

271
Pensamento Cultrix Ltda., 98 páginas, São Paulo, 1999;

4. ZOHAR, Danah, O Ser Quântico, Uma Visão Revolucionária


da Natureza Humana e da Consciência, Baseada na Nova
Física, tradução: Maria Antônia van Acker, primeira edição,
Editora Best Seller, 186 páginas, 1990.

272
SOMOS PEDRA

March 18, 2016

Ademais a Maçonaria, construindo-se em um Centro de União,


bem se sabe, deixa aos cuidados de cada Ir.’., religião ou
filosofia. Contudo de modo genuinamente maçônico, sem sair
do campo bíblico, deve ser dito que melhor nos identificamos
com a pedra.
As corporações da Idade Média, que construíram as grandes
catedrais, de sua arte tiveram valores morais e espirituais que
ainda servem de fundamento a doutrina maçônica.
Análogas, a Arquitetura ( ou arte de construir ) e a nossa
sublime ORDEM. Construindo de modo Real; outra,
construindo simbolicamente de modo ideal, filosófico.
Os maçons de hoje não mais operários, mas sim aceitos ou
especulativos, propõem-se a erguer edifícios abstratos, quais
sejam templos a virtude.

273
Não nos negamos, aceitar significados mais espiritualizados,
como sermos participantes na construção de um Grande
Templo que existe projetado no interior do coração de cada
um.
A origem etimológica do vocábulo maçom, o substantivo
“makjo” do verbo “makòn” – “fazer ou preparar argila para a
construção”, deduz-se o de formas vocabulares sem
documentação, reconstituído pelo latim medieval “machio” e o
Frances “maçon” (com o final (N) no português onde
finalizamos com um (M) , maçonaria é a arte de construir do
pedreiro. Somos pedreiros.
A interpretação de símbolos nos permite dizer que o maçom
tanto é “pedreiro” como é “pedra”. No 2° livro de Reis; 6°
capítulo e narrado a construção do Templo de Jerusalém, tem
servidos de notáveis lições maçônicas desde a Idade Média.
Os operários de Salomão e os de Hiram seu aliado, Rei de Tiro,
e os Giblitas (da cidade fenícia de Gebal que os gregos
chamavam de Biblos) cortaram e prepararam as madeiras e as
pedras para a construção.
Registra a Bíblia: “O Templo foi construído com pedras já
talhadas; de modo que não se ouviu barulho de martelo, de
cinzel, nem qualquer outro instrumento de ferro no Templo,
durante sua construção. (II Reis 6.7). As pedras e madeiras são
lavradas. Aquelas pedras bem preparadas e levadas por
operários mais hábeis ao lugar devidamente projetado na
Grande Construção.
Este os destinos que tiveram mortes capazes de nos
ensinarem a viver.

274
Enfim somos pedras. Embora saibamos que o corpo físico
tornará ao pó e nos sentimos esmigalhados pela pedra de
mestres, prosseguimos no trabalho de preparar a pedra (que
somos nós mesmos), pois possuímos um Templo delineado
pelo S.A.D.U. em nossos corações.

Laquito Leães

275
OS DEGRAUS DO TEMPLO MAÇÔNICO

March 21, 2016

INTRODUÇÃO
Nos Templos onde as Lojas trabalham sob a égide do
REAA existem DEZ degraus que expressam uma hierarquia e,
nós maçons, devemos procurar entender o significado da sua
escalada, pois, eles nos conduzem a uma liderança e quando
galgado por irmãos não preparados levam a Loja à
desarmonia.

Por unanimidade dos autores da literatura maçônica os


degraus dos Vigilantes não têm nomes, os demais, segundo a
maioria dos autores, possuem nomes com seus respectivos
significativos.

DESENVOLVIMENTO

276
No Ocidente
Temos um degrau na mesa do segundo vigilante: e dois na do
primeiro vigilante significando, portanto, uma hierarquia
existente.
No Oriente
Temos separando o Ocidente do Oriente quatro degraus.

É o Oriente o lugar dos Mestres Instalados que ali chegaram


através de estudo, experiências e vivência maçônica.

O primeiro o da FORÇA corresponde a todo o Ocidente da Loja


e representa o conjunto da força física e espiritual dos irmãos,
em torno do Venerável, e, quanto mais unidos estiverem todos,
mais forte será esse degrau.

Seguem-se os três degraus seguintes entre as duas grades,


pelos quais subimos para o Oriente.

O segundo degrau é o do TRABALHO que corresponde


simbolicamente o desbastar pedra bruta, o desbastar das
nossas imperfeições no nosso caminho em busca da
evolução. Significa também trabalho de saber conduzir uma
Loja mantendo todos os obreiros em harmonia. Significa ainda
o exercício do honesto trabalho das oito horas diárias, para
garantia do sustento digno para a nossa família.

277
O terceiro degrau é o da CIÊNCIA, que se consegue através do
estudo. O aprendizado constante que leva à Sapiência ou à
Sabedoria. É o conhecimento das coisas e das causas, que
libera o nosso espírito para entender a filosofia que cultivamos
(combate incessante a Intolerância, a Ignorância e ao
Fanatismo).

É através da ciência que Deus se manifesta onde o homem é


seu instrumento.

O quarto degrau é o das VIRTUDES, que habita o Ocidente e os


quatro cantos da Loja, cuja prática é indispensável para a
subida da Escada de Jacó, essa noção emblemática da nossa
escola de Regeneração.

Nesse momento atingimos o Oriente e para chegarmos ao


Santo dos Santos, que está por baixo do dossel, necessitamos
ascender mais três degraus, antes de sentarmos na Cadeira de
Salomão.

O primeiro degrau é o da PUREZA de sentimentos e de


conduta diante do próximo, sem subterfúgios, calúnias, agindo

278
com sinceridade e transparência, em todos os momentos da
nossa vida. É o agir sem preconceitos e evitar a prática do
mal.

O segundo degrau é a LUZ, a nossa opção contra as TREVAS.


O caminho do bem, sempre pronto a combater o mal. A
compreensão da sua existência sobre a Terra. A abertura da
Inteligência a um nível mais alto. A iluminação do espírito e da
consciência, o momento esperado quando vemos a Estrela
Flamígera, apanágio de poucos.

A Luz que nos invade o corpo e nos enche de alegria que nós
conduz à presença do Criador.

O terceiro degrau é o da VERDADE, de onde julgaremos e onde


seremos julgados por todos, e se passarmos sem mácula, e
através de um procedimento justo, exemplar e reto, faremos a
Loja progredir e brilhar. Neste patamar da escalada evolutiva
mereceremos então receber o título de Venerável, aquele que
deve ser honrado por sua Loja.

CONCLUSÃO
Concluo refletindo que o Oriente DEVE ser constituído de
destacados e virtuoses Obreiros. Se a qualidade moral,

279
cultural e ética das pessoas que compõem a Loja é ruim, de
que adianta o mais sábio dos homens em sua presidência?

Quem faz uma Loja, quem dá luz ao espetáculo, quem brilha de


fato, não é o venerável, o Grão-Mestre, são todos os membros
Unidos na oficina e abençoados pelo Incriado. Aquele que
sobe o último degrau e já introjetou s filosofia dos demais
serve aos que estão em degraus inferiores.

Na ordem maçônica, o mestre maçom está empenhado em um


processo de melhoria interminável onde não deve ser visto o
poder pelo poder, mas pelo servir. Para obter sucesso o não
servir coloca em cheque o que os degraus nos orientam, e
quanto mais nós subirmos na hierarquia da Loja, mais se
empenhados deveremos ser em servir e isto nos
proporcionará verdadeiro e natural poder e Capacidade de
refletir a sabedoria gerada nos demais Quadrantes do Templo.

Autor: José Geraldo da Cruz Oliveira

280
O SIMBOLISMO NA MAÇONARIA E O TRABALHO

March 22, 2016

AS FUNÇÕES INTELECTUAL SUPERIOR E EMOCIONAL


SUPERIOR DO SISTEMA DE GURDJIEFF
A Maçonaria tem sido definida ao longo do tempo por vários
modos, entre eles como um “sistema de Moral, velado por
alegorias e ilustrado por símbolos”.
Nas instruções ministradas na Ordem, aspectos essenciais
deste sistema são expostos paulatinamente, a partir da
observância de rituais que remontam às “Escolas de Mistérios
da Antiguidade”.
Alguns autores que escrevem sobre a “Arte Real” ensinam que
“quando a Maçonaria Livre e Aceita começou a ter uma vida
própria, separada da Maçonaria Operativa, ela usava símbolos
e emblemas para lembrar a seus membros os princípios
morais e espirituais inerentes á sociedade. Ao longo do
período em que se deu esse desenvolvimento, (...) o uso geral

281
dos símbolos era uma prática comum e de uso cotidiano;
assim, a sua incorporação em qualquer instituição esmerada,
tal como a dos Maçons Especulativos, não seria nada
extraordinária”.
Esses são os sistemas que, no passado, eram chamados de
“Mistérios”, entre eles os do Egito, os da Pérsia, os de Elêusis,
na Grécia e outros na Babilônia, Roma e nos grandes centros
da alta antiguidade.
A esse respeito, na “Introdução sobre a Doutrina Esotérica”
que abre a grande obra do Sr. Èdouard Schuré em português
(“Os Grandes Iniciados”), enfatiza-se que “todas as religiões
têm uma história exterior e uma história interior; uma aparente,
outra oculta.
Por história exterior entendo os dogmas e os mitos ensinados
publicamente nos templos e nas escolas, reconhecidos no
culto, e as superstições populares.
Por história interior entendo a ciência profunda, a doutrina
secreta, a ação oculta dos grandes iniciados, profetas ou
reformadores que criaram, sustentaram, propagaram estas
mesmas religiões.
Esta é a “tradição esotérica ou doutrina dos mistérios, é
bastante difícil de discernir, pois ela se passa no fundo dos
templos, nas confrarias secretas, e seus dramas mais
surpreendentes se desenrolaram inteiramente no mais
profundo das almas dos grandes profetas, os quais não
confiaram suas crises supremas ou seus êxtases divinos a
nenhum pergaminho e também a nenhum de seus discípulos”.
Estes círculos exotéricos e esotéricos delimitam a fronteira
entre a humanidade mecânica e o trabalho isto é, entre a

282
"Torre de Babel" ou o "Reino da Confusão das Línguas" e a
busca através de "sofrimentos intencionais e esforços
conscientes" do conhecimento de si.
Podem ser visualizados nas esferas concêntricas que
demonstram as dimensões exotérica, mesotérica e esotérica
da vida. A passagem de uma a outra compreende uma fase
"transicional" de tomada de decisão, de rompimento da
dualidade e formação da tríade no ser humano, isto é, a
criação de uma linha contínua de resultados.
Com toda a sua sagacidade, o filósofo Greco-armênio,
Georges Ivanovitch Gurdjieff, expressava sua interpretação
das escolas de conhecimento e de mistérios como meios de
transmissão de verdades arcanas que não poderiam ser
traduzidas nos marcos da linguagem convencional. Segundo
ele deveria haver uma “ciência objetiva”, uma unidade de
todas as coisas e “procurava-se, pois, colocá-la em formas
capazes de assegurar sua transmissão adequada, sem risco de
deformá-las ou corrompê-las”.
Assim, “dando-se conta da imperfeição e da fraqueza da
linguagem usual, os homens que possuíam a ciência objetiva
tentaram exprimir a ideia da unidade sob a forma de ‘mitos’,
“símbolos” e ‘aforismos’ particulares que, tendo sido
transmitidos sem alteração, levaram essa ideia de uma escola
a outra, freqüentemente de uma época à outra”.
Estas ideias não atuavam sobre os estados convencionais,
normais de consciência do homem, mas sobre níveis
superiores, o que ele denominava “centro emocional superior”
e o “centro intelectual superior”. Ao primeiro, o “centro
emocional superior”, destinavam-se os mitos, ao segundo, o

283
“centro intelectual superior”, os símbolos.
A Maçonaria, portanto, elegeu como meio por excelência de
aprendizagem a simbologia herdada tradições do passado que
permeiam as instruções dos seus graus e seu Manual de
Ritualística. Resultante da confluência mais recente das velhas
Oficinas operativas de Roma e da Itália em seus albores, das
corporações de ofício medievais e das contribuições dos
filósofos herméticos e mestres da "Arte Real, esta nobre
Ordem é a guardiã no Ocidente de um corpo de verdades que
são incorporadas pelo Obr.'. através do trabalho consciente
em Loj.'.. Isso significa que na verdadeira Maçonaria, assim
como no "Trabalho", nenhuma transformação pode se operar
sem que haja uma "harmonização" do Templo interno e do
externo, do físico, do emocional e do intelectual. Tal como no
"Quarto Caminho" nada é possível sem que os centros sejam
harmonizados, tanto é que ao entrar no Temp.'. físico o cortejo
de MM.'. deve, conduzido pelo M.'. de Cer.'., entrar em um
"oceano de tranquilidade".
Na Maç.'., mais que em outras ordens, prerrogativas
fundamentais do trabalho estão presentes. Em primeiro lugar,
a necessidade de ser um bom "Chefe de Família", alguém que
tenha responsabilidades e as cumpra. Ao contrário das falsas
"ordens" de adolescentes (bruxaria, satanismo, simulacros da
"Golden Dawn" e Thelema e mesmo da "Rosa Cruz"
mercadológica) a Maçonaria exige que o M.'. seja trabalhador,
tenha renda e seja fiel às suas obrigações no casamento e com
a família.
Gurdjieff advertia que nenhum lunático ou vagabundo poderia
ingressar no trabalho. Nenhum lunático ou vagabundo pode

284
ser iniciado na Maçonaria.
Outras exigências da condição maçônica também são
similares às do Trabalho. É indispensável uma vida sexual
saudável e sem aberrações. Também é preciso tempo e
recursos para cumprir obrigações maçônicas e socorrer aos
homens.
È fundamental a humildade porque no trabalho das oficinas
todos os Obr.'. são iguais e regidos pelo nível. Em uma Loj.'.
mesmo o Ven.'. M.'., caso transgrida os rituais ou a Lei
Maçônica pode ser corrigido pelos IIr.'. O objetivo da
Maçonaria, assim como no Grupo do Quarto Caminho ou a
"Sangha" budista é escapar da "prisão do mundo material" e
esse ato não se executa sem ajuda mútua. Por isso,
equivocadamente, a Ordem foi confundida por tanto tempo
como uma Sociedade de Socorro Mútuo. De certa forma não
deixa de sê-lo.
Porém, ser Maçom não significa que se está no Trabalho Real..
No Trabalho Real de um Grupo Gurdjieff é preciso sempre
estar trabalhando não apenas exteriormente, mas, sobretudo
interiormente. Nas Loj.'. se diz um Ir.'. que está indisposto com
outro Ir.'. não deve comparecer a suas reuniões para não
comprometer a Egrégora.
Porém, nem sempre este mandamento é levado a sério na
prática. Em sentido amplo, no Trabalho, as coisas não são
vistas tão "formalmente" e o mestre de um Grupo pode tomar
decisões mais ou menos duras que soem como destempero ou
demasiadamente violentas.
Nesse sentido, o "Trabalho" transcende todo o resto e penetrar
nele, como diria Nicoll, é submeter-se a mais Leis ainda que o

285
comum dos mortais na Terra. É preciso estar ciente disso
antes de tomar qualquer decisão preliminar sobre ele.

Autor não identificado.

286
O RITO DE INICIAÇÃO: UMA ABORDAGEM
ANTROPOLÓGICA

March 23, 2016

O presente trabalho busca estabelecer alguns conceitos


antropológicos para se analisar, em seguida, o rito de iniciação
maçônico no R.’.E.’.A.’.A.’. como uma busca de apaziguamento
da ânsia do sagrado que a humanidade vem procurando nos
últimos tempos.

A Função Social do Rito


Um dos componentes fundamentais dos grupos e das
sociedades humanas é o processo ritual. Os ritos e as
cerimônias permeiam todo o grupamento social, desde as
sociedades primitivas até as modernas sociedades
pós-industriais.

287
Os antropólogos contemporâneos afirmam que temos um
comportamento ritual quando amamos e fuzilamos, quando
nascemos e morremos, quando noivamos ou casamos,
quando ordenamos e oramos.

Os rituais revelam os valores mais profundos do


comportamento humano e o estudo dos ritos tornou-se a
chave para compreender-se a constituição essencial das
sociedades humanas.

Se o processo ritual é tão remoto quanto a própria criação do


Homem, o estudo sistemático e científico dos ritos advém com
a formação da antropologia no século XIX.

Estudam-se hoje os ritos como um fenômeno social que


possui um espaço independente, isto é, como um objeto
dotado de uma autonomia relativa em termos de outros
domínios do mundo social, e não mais como um dado
secundário, uma espécie de apêndice ou agente específico e
nobre dos atos classificados como mágicos pelos estudiosos.

288
Essa autonomia relativa da antropologia foi conseguida a
duras penas no processo de formação da própria antropologia.
Os antropólogos ingleses, da época vitoriana, evolucionistas e
etnocêntricos, estudavam os fenômenos mágicos e
ritualísticos das sociedades primitivas como um meio, no
fundo, de provar a superioridade biológica e cultural do
europeu de então.

Para os estudiosos da época, o ritual não surgia como algo


socialmente relevante, pois nem mesmo o fato social existia
conceitualmente como algo socialmente independente, como
viria a ser descoberto pela sociologia de Durkheim
posteriormente.
Para os antropólogos vitorianos, por desconhecerem o fato
social, reduzia-se o mesmo às suas componentes biológica,
psicológica ou geográfica.

Para os reducionistas biológicos, os fenômenos sociais ou


antropológicos eram explicados como resultantes de tensões
e caracteres raciais. O social submergia no biológico do
mesmo modo que o diferente, o outro, desaparecia na sua
história natural.

Na outra vertente, a do reducionismo psicológico do século


XIX, o social se liquefaz na vontade dos agentes individuais,
vontade, depois projetada, por meio de um fiat obscuro para

289
toda a sociedade. Segundo o antropólogo brasileiro Roberto
da Matta, na apresentação do livro clássico de Van Gennep, Os
Ritos de Passagem, “Tylor é um excelente exemplo desta
posição (psicológica). Ele (Tylor) explica a origem da religião
como uma especulação na crença da alma, especulação que
nasce dos sonhos dos primitivos.

Sonhando com tudo e principalmente com os mortos, os


homens primitivos descobrem diz Tylor a noção de alma, de
imagem, de duplo e assim constroem o domínio do ‘outro
mundo’, o domínio do sagrado e do sobrenatural. Descobrem
também, segundo o mesmo estudioso, que pode haver uma
relação entre os dois domínios e procuram então controlar um
pelo outro.

Estaria agora fundada a estrutura mais elementar da religião: a


crença em espírito e em almas e a condição necessária a esta
crença, a divisão entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Daí,
como sabemos o nome ‘animismo’ para designar a
religiosidade básica e enganada do primitivo. Nesta
perspectiva psicológica, que engloba estudiosos de Tylor e
Frazer, o interesse é discutir o religioso em suas formas mais
primitivas, fazendo um corte evidente entre as religiões com
tradição escrita (do Ocidente e, às vezes, das grandes
civilizações) e a magia, forma de religiosidade vigente nos
grupos tribais, selvagens e primitivos” (pg. 13).

290
A terceira variante explicativa era a do reducionismo
geográfico ou ecológico. Reduzia-se, mais uma vez, o social à
dinâmica dos climas, dos solos, das vegetações, do regime de
chuvas e ventos. Presume-se que até mesmo o escritor
brasileiro Euclides da Cunha, em “Os Sertões”, sofreu este
reducionismo geográfico ao explicar o comportamento do
sertanejo.
Todos esses três reducionismos biológico, psicológico e
geográfico liquidam o social como um fenômeno específico de
estudo. Contudo, a tomada do fato social como um fenômeno
não explicável nem pela biologia, nem pela psicologia e muito
menos pela geografia, nasce da tradição francesa de Comte e,
sobretudo pela sociologia de Émile Durkheim.

Já não se trata aqui de subdividir o social para estudá-lo,


fazendo dele um fenômeno individualizado e redutível a uma
de suas partes, mas tomar o estudo da sociedade, partindo de
sua totalidade.

O social adquire então a sua feição contemporânea: são fatos


capazes de coagir e, sobretudo de não serem redutíveis a seus
componentes geográficos, psicológicos, etc.

Não se negam estes aspectos biológico, psicológico e


geográfico do fato social ou cultural, mas não é isso que os faz
socialmente significativos. Pela sociologia de Durkheim,

291
somente quando se tornam socialmente significativos é que
são levados em consideração.
O modelo a ser apresentado para a análise do ritual de
iniciação maçônico não será, contudo o de Durkheim, que
escreveu sobre a magia e a religião, por ser o seu foco
centrado na religião elementar, nas formas mais simples da
vida religiosa, como também por apresentar uma polaridade
rígida entre o sagrado e o profano.

O modelo escolhido será então o de Van Gennep, no seu


famoso “Ritos de Passagem”. Esse autor não toma mais o rito
como um apêndice do mundo mágico ou religioso, mas como
algo em si mesmo.

Como um fenômeno dotado de certos mecanismos recorrentes


(no tempo e no espaço) e também de certos conjuntos de
significados, o principal deles sendo o de realizar uma espécie
de costura entre posições e domínios sociais, pois a
sociedade é concebida em Van Gennep como uma totalidade
dividida internamente.
Se Durkheim percebe a sociedade composta de um sistema
coercitivo de regras, sobretudo as regras penais e religiosas,
com uma divisão interna entre o sagrado e o profano, Van
Gennep concebe o sistema social como estando
departamentalizado, como uma casa, com os rituais sempre
ajudando e demarcando os quartos e as salas, os corredores e
as varandas, por onde circulam as pessoas e os grupos na sua

292
trajetória social.
Concebendo a sociedade como internamente dividida, Van
Gennep introduz um dinamismo no mundo social que nem
vitorianos nem durkheimianos foram capazes de reconhecer.
Se a divisão clássica entre o sagrado e o profano é vista como
cerne e raiz do mundo social, Durkheim trabalha numa
perspectiva dualista do mundo, com um jogo do sagrado ao
profano, do mecânico ao orgânico, como domínios fixos e
mutuamente exclusivos. Em suma, Durkheim é um
evolucionista de sequências duais e também um sociólogo
dos pontos polares, jamais das margens e das posições mais
confusas, quando a totalidade social não se encontra nem no
pólo do sagrado nem do profano.
Em Van Gennep, o sagrado e o profano são totalmente
relativos, pois sempre haverá um lado mais sagrado dentro da
própria esfera tomada como sagrada, o mesmo sendo válido
para o profano. O sentido não estará equacionado a uma
essência do sagrado (ou profano), mas na sua posição relativa
dentro de um contexto de relações.
Van Gennep no seu “Ritos de Passagem” estuda diversos
ritos, tais como: da porta e da soleira, da hospitalidade, da
adoção, da gravidez e parto, do nascimento, da infância, da
puberdade, da iniciação (que nos interessará mais de perto),
da ordenação, do noivado, do casamento, dos funerais, das
estações, etc.
Ele separa antologicamente os ritos em três grandes
subdivisões: ritos de separação, ritos de margem e ritos de
agregação. Segundo Van Gennep (1978, pg.31) “essas três
categorias secundárias não são igualmente desenvolvidas em

293
uma mesma população nem em um mesmo conjunto
cerimonial.

Os ritos de separação são mais desenvolvidos nas cerimônias


dos funerais, os ritos de agregação nas do casamento. Quanto
aos ritos de margem, podem constituir uma seção importante,
na gravidez, no noivado, na iniciação, ou se reduziriam ao
mínimo na adoção, no segundo parto, no novo casamento, na
passagem da segunda para a terceira classe de idade etc.

Se, por conseguinte, o esquema completo dos ritos de


passagem admite em teoria ritos preliminares (separação),
liminares (margem), e pós liminares (agregação), na prática
estamos longe de encontrar a equivalência dos três grupos,
quer no que diz respeito à importância deles quer no grau de
elaboração que apresentam.

Além disso, em certos casos, o esquema se desdobra, o que


acontece quando a margem é bastante desenvolvida para
constituir uma etapa autônoma. Assim é que o noivado
constitui realmente um período de margem entre a
adolescência e o casamento.

294
Mas, a passagem da adolescência ao noivado comporta uma
série especial de ritos de separação, de margem e de
agregação à margem. A passagem do noivado ao casamento
supõe uma série de ritos de separação da margem, de margem
e de agregação ao casamento.

Esta mistura é também verificada no conjunto constituído


pelos ritos de gravidez, do parto e do nascimento. “Embora
procure agrupar todos esses ritos com maior clareza possível,
não escondo que, tratando-se de atividades, não se poderia
chegar nestas matérias a uma classificação tão rígida quanto a
dos botânicos, por exemplo”.
Antes de terminar esta parte teórica convém tecer algumas
considerações sobre o sagrado e o profano. Segundo ainda
Van Gennep (pg.25) “toda sociedade contem várias sociedades
especiais, que são tanto mais autônomas e possuem
contornos tanto mais definidos quanto menor o grau de
civilização em que se encontra a sociedade geral.

Em nossas sociedades modernas só há separação um pouco


nítida entre a sociedade leiga e a sociedade religiosa, entre o
profano e o sagrado... Entre o mundo profano e o sagrado há
incompatibilidade, a tal ponto que a passagem de um ao outro
não pode ser feita sem um estágio intermediário...

295
À medida que descemos na série das civilizações, sendo esta
palavra tomada no sentido mais amplo, constatamos a maior
predominância do mundo sagrado sobre o mundo profano, o
qual nas sociedades menos evoluídas que conhecemos,
engloba praticamente tudo. Nascer, parir, caçar etc. são então
atos que se prendem ao sagrado pela maioria de seus
aspectos...

Se em nossas sociedades a solidariedade sexual é reduzida ao


mínimo teórico, entre os semi-civilizados desempenha
considerável papel em consequência da separação dos sexos
nas questões econômicas, políticas, e sobretudo
mágico-religiosas... A vida individual, qualquer que seja o tipo
de sociedade, consiste em passar sucessivamente de uma
idade a outra e de uma ocupação a outra.

Nos lugares em que as idades são separadas, e também as


ocupações, esta passagem é acompanhada por atos especiais
que, por exemplo, constituem, para os nossos ofícios a
aprendizagem, e que entre os semi-civilizados consistem em
cerimônias, por que entre eles nenhum ato é absolutamente
independente do sagrado.

“Toda alteração na situação de um indivíduo implica ai ações e


reações entre o profano e o sagrado, ações e reações que
devem ser regulamentadas e vigiadas, afim de a sociedade

296
geral não sofrer nenhum constrangimento ou dano”.

Mircea Eliade (1958, pg.9), por sua vez, afirma que “a


originalidade do homem moderno, sua novidade com respeito
às sociedades tradicionais, está precisamente na vontade de
considerar-se como um ser unicamente histórico, no desejo de
viver em um Cosmos radicalmente dessacralizado...

Em certo sentido, podemos dizer que, para o homem das


sociedades arcaicas, a História está fechada, esgotadas em
uns quantos acontecimentos grandiosos do começo. Ao
revelar aos polinésios, in illo tempore, as modalidades da
pesca em alto mar, o herói mítico esgotou de uma só vez as
possíveis formas desta atividade■ desde então, cada vez que
vão pescar, os polinésios repetem o gesto exemplar do herói
mítico: imitam um modelo transumano”.

O homem moderno perdeu o contato com o sagrado em muitas


ações diárias. Frequentemente, viajamos dentro do país e ao
exterior como fatos absolutamente corriqueiros. Nas
sociedades arcaicas, as viagens eram raras, e antes de viajar
realizavam-se cerimônias de purificação (rito de separação)
para que o viandante não se poluísse ao entrar em contato
com o estrangeiro. Ao chegar ao destino, o viajor poderia ou
não ser recepcionado com um banquete (rito de agregação)
que significava o seu ingresso em outra dependência do

297
sagrado.
Contudo, por mais profanos que sejamos no mundo moderno,
ainda mantemos os rituais, na maioria das vezes de forma
inconsciente. Observe-se, por exemplo, as despedidas dos
astronautas em Cabo Kennedy, momentos antes de partir em
viagem de exploração. A cerimônia de despedida não deixa de
ser um rito de separação, o tensionamento da viagem está
inserido num rito de margem e quando a viagem é bem
sucedida o retorno triunfal se insere num rito de agregação.
Visto esta parte mais conceitual, tenta-se agora aplicar tais
conceitos vangennepianos ao rito de iniciação.
Análise do Rito de Iniciação
A ânsia do sagrado no mundo moderno também faz parte do
ideário do maçom que busca sair do profano em direção ao
sagrado.
Uma vez iniciado, o aprendiz evade-se um pouco de um mundo
essencialmente profano e ingressa numa área um pouco mais
sagrada, buscando alcançar o grau de companheiro, para
finalmente atingir a plenitude maçônica. A senda em busca de
apaziguar esta ânsia do sagrado prossegue nos altos graus e
por que não dizer só termina com a morte.

Todo este período, que vai da iniciação até a morte terrena,


pode ser chamado de um rito de margem ou de liminaridade,
pois o processo de aprendizagem e maturação só encontrará o
seu final, para efeito de análise, na morte terrena. Dentro desse
período de margem de longo prazo, assistir-se-á aos mais
diversos ritos de passagem de um grau para o outro.

298
Esta análise somente levará em conta o período de iniciação
propriamente dito. A cerimônia de iniciação será, assim, o rito
de passagem do mundo profano ao mundo sagrado.
Vejamos a introdução e a preparação do neófito. Denota-se já
aqui um rito de separação, pois o mesmo não é separado dos
metais, talvez simbolizando o despojamento de suas riquezas
do mundo profano? Nem nu nem vestido simbolizando o
desnudamento das vestes profanas, como num ritual de
separação, pedindo humildemente o ingresso no sagrado.
A venda dos olhos simboliza a morte de um órgão vital
estratégico que deverá renascer em um novo estágio de
consciência compatível com um recinto mais sacralizado. A
Câmara, o testamento, a prova da Terra seriam, mais uma vez,
a morte do profano para um renascimento mais consciente em
outra esfera do sagrado. Simbolicamente esta descida aos
infernos ou pelo menos às profundezas da terra, como nos
antigos mistérios greco orientais, seria rito de separação para
uma longa viagem.
As outras três provas, já no interior do templo, podem ser
vistas como ritos de aprofundamento de passagem, de
purificação crescente, agora defronte os altares da Beleza, da
Força e da Sabedoria. Podem ser analisadas como ritos de
margem neste vestibular espiritual para uma esfera mais
sagrada. Neste processo de alquimia mental e espiritual estaria
se matando, homeopaticamente, o profano para o renascer,
simbolicamente doloroso e ao mesmo tempo glorioso, do
aprendiz tateante.
E aqui nos socorremos de Mircea Eliade (1958, pg. 12) quando
diz que “a maior parte das provas iniciáticas implicam de

299
maneira mais ou menos transparente, uma morte ritual se
seguiria uma ressurreição ou novo nascimento. O momento
central de toda iniciação vem representado pela cerimônia que
simboliza a morte do neófito e sua volta ao mundo dos vivos.
Mas o que volta à vida é um homem novo, assumindo um
modo de ser distinto. A morte iniciática significa ao mesmo
tempo o fim da infância, da ignorância e da condição profana”.
O batismo de sangue significaria o começo de um ritual de
agregação, algo que na Igreja Católica se chama de Comunhão
dos Santos, isto é, o iniciante depois de purificado pelas
provas começaria a participar, a ser agregado simbolicamente
à comunhão de todos os maçons.
O juramento teria algo do rito de margem, pois o iniciante, já
agora menos poluído pelo profano e mais ciente do sagrado,
teria então os pré-requisitos mínimos para um juramento mais
consciente.
O nascimento o fiat lux pode ser analisado como o nascer
biológico do novo ser, um rito de agregação ao mundo da Luz
e da comunidade dos irmãos, que, em seguida, é batizado pelo
ritual de iniciação propriamente dito. Nasce-se e
imediatamente se é iniciado, sem perda de tempo, em suma,
um rito sumário de agregação, a culminância do processo
iniciático.
A passagem dos segredos de reconhecimento pode ser
entendida como um reforço do ritual de agregação, um modo e
um processo de comunicação rápido e instantâneo para
melhor agregar a comunidade dos eleitos. Os aventais seriam,
então, a nova vestimenta do sagrado para cobrir a nudez
simbólica do ex-profano.

300
E por último, mas não menos importante, o banquete, que não
fazendo parte direta da cerimônia do templo, insere-se num
contexto de um ritual de reagregação. Aqui, já se está de volta
ao mundo profano, mas como alguém que circulou pela esfera
do sagrado e volta ao mundo profano aureolado pela
sacralidade. É como uma espiral■ deu-se um giro de 360º, mas
num outro nível, outro patamar■ está-se no mundo profano
mas como um ser consagrado.
Conclusão
A sociedade moderna assiste, cada vez mais, ao crescimento
da onda avassaladora do profano em relação ao sagrado. Os
núcleos de sacralidade são como pequenas ilhas no imenso
oceano do profano. Tem razão Mircea Eliade (1958, pg. 9)
quando afirma que “uma das características do mundo
moderno é o desaparecimento da iniciação. De capital
importância nas sociedades tradicionais, a iniciação é
praticamente inexistente na sociedade ocidental de nossos
dias.

É bem verdade que as diferentes confissões cristãs


conservam, em diferentes graus, vestígios de um Mistério
iniciático. O batismo é essencialmente um rito iniciático■ o
sacerdócio implica uma iniciação.

Não se deve esquecer que o cristianismo triunfou


precisamente e chegou a ser uma religião universal senão por
ter se liberado dos Mistérios Greco orientais, proclamando ser

301
uma religião de salvação acessível a todos”.
Essa tendência secular de profanização da sociedade tem
encontrado, contudo, nos últimos tempos, uma busca, por
parte de alguns homens, de uma volta ao sagrado, ou um
revolta contra o monopólio do profano, o que talvez tenha
contribuído para que L. Kolakowski escrevesse o seu famoso
ensaio em 1973: “A Revanche do Sagrado na Cultura Profana”.
Talvez se assista, no limiar do século XXI, a uma revivescência
espiritual. As grandes religiões, que sempre foram matrizes de
moralidade exotérica, estão em crise neste final do milênio, e
estão sofrendo um processo crescente de profanização de sua
cultura religiosa.

A luta frenética de alguns fundamentalismos, principalmente


os de base muçulmana, para barrar o processo de
modernização, inevitável no mundo atual, é prova cabal.

Na faixa esotérica, considera-se a Maçonaria como uma das


mais poderosas alavancas do sagrado no mundo laico, que
avidamente necessita dos eternos valores maçônicos.

A resultante da crise deverá ser, não a negação das ciências e


das liberdades humanas mais fundamentais, não uma volta ao
passado preconceituoso, supersticioso e retrógrado, mas a
busca de uma nova moralidade, que incorpore as raízes

302
profundas da Verdadeira Tradição, compatibilizando-a com a
Liberdade e a Ciência.
E, neste momento, cremos profundamente que a maçonaria
terá um papel de escol a desempenhar.
Pelo Ven.’. Ir.'. William Almeida de Carvalho 33

Bibliografia
CASTELLANI, José, O Rito Escocês Antigo e Aceito, ed.
Trolha, Londrina, 1988.
COIL, Henry Wilson, Coil’s Masonic Encyclopedia, Macoy,
Virginia, 1995.
ELIADE, Mircea, Iniciaciones Misticas, ed. Taurus, Espanha,
1958.
ELIADE, Mircea, O Reencontro com o Sagrado, Ed. Nova
Acrópole, Lisboa, 1993.
FRAZER, James George, O Ramo de Ouro, Círculo do Livro –
Zahar, São Paulo, 1986.
LALANDE, André, Vocabulaire de la Philosophie, PUF, Paris,
1960.
Encyclopaedia Britannica, 30 vol., 1982
PIKE, Albert, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted
Scottish Rite of Freemasonry,
Charleston, 1871.
TURNER, Victor, O Processo Ritual, ed. Vozes, Petrópolis,
1974.
VAN GENNEP, Arnold, Os Ritos de Passagem, ed. Vozes,
Petrópolis, 1978.

303
O QUE É O SEGREDO MAÇÔNICO?

March 26, 2016

O "segredo maçônico" é daquelas coisas a que a curiosidade


da sociedade, certa comunicação social, e alguns setores mais
"aguerridos" não resistem.

A maçonaria é coisa de que só recentemente se fala às claras e


na praça pública: antes só merecia comentários em surdina,
meias palavras e olhares de desagrado, invariavelmente
acompanhados de desinformação, descontextualizados e
eivados de preconceito.

Uma boa parte da responsabilidade é dos próprios maçons.


Perseguidos anos a fio, mantiveram-se a partir de certo ponto
de tal modo "subterrâneos" e discretos que não se
preocupavam, sequer, com o que deles diziam - quanto mais
preocuparem-se com a refutação pública das inverdades, e
com a divulgação de informação correta sobre a maçonaria.

304
Os tempos têm mudado, os extremismos do passado têm-se
refreado, e a maçonaria começa a poder sair debaixo da pedra
onde se escondeu - e os maçons começam a querer desfazer
os equívocos resultantes de décadas de silêncio.

No entanto, ao fazê-lo, deparam-se com uma primeira linha de


ideias feitas, de argumentos falaciosos, de cegueiras
voluntárias, em referências constantes às mesmas fontes já
mil vezes desmascaradas, na insistência em questões já
inúmeras vezes respondidas, e na recusa em mover-se um
milímetro para além dos pontos de vista anteriormente
adquiridos.

O que, de início, parece ser um desafio interessante, começa a


tornar-se numa desmoralizante e surda guerra de teimosias e
de cansaços. É que, depois de se responder à mesma pergunta
trinta vezes seguidas, de cada vez tentando encontrar uma
resposta mais certeira, mais facilmente inteligível, mais
passível de irradiar a dúvida, e perante a incessante repetição
da mesma pergunta, vezes sem conta, acabam-se as ideias,
exaure-se a imaginação, e esgota-se a paciência.

No que me concerne, tenho-me esforçado por encarar cada


pergunta como uma vontade honesta de chegar à verdade.

305
Mesmo aquelas que, colocadas de má fé, não pretendam senão
passar a proverbial rasteira merecem-me uma resposta tão
cândida quanto o consigo: afinal, as respostas ficam aqui, para
usufruto e benefício de quantos as quiserem ler, e pode ser
que aproveitem a alguém...

Quem está de fora não pode falar de maçonaria sem falar de


segredo. De fato, arrisco a dizer que o segredo é aquilo de que
mais se fala "de fora" quando se fala de maçonaria. E também
arrisco dizer que não se fala mais de segredo "de dentro"
porque é algo já tão interiorizado que (já) não merece
constante reparo. Deixem que repita uma vez mais: os
"segredos" da maçonaria não passam do conteúdo dos rituais,
dos meios de reconhecimento dos vários graus, da identidade
dos maçons e do que se passa nas sessões.

Os dois primeiros segredos são simbólicos e rituais. O


conteúdo dos rituais não tem nada de especial, e estou certo
de que quem os ler esperando encontrar alguma verdade
miraculosa ficará muito desapontado: simplesmente
determinam quem diz o quê, quando, e em que circunstâncias,
um pouco com uma peça de teatro.

Também os sinais de reconhecimento são meramente rituais, e


usados quase exclusivamente em loja ou à entrada de um
templo maçônico. Os maçons não andam aí pela rua a fazer

306
"sinalizas" uns aos outros...

Os outros dois segredos têm que ver com a reserva da


privacidade das pessoas. A identidade dos maçons só pode
ser revelada pelos próprios, uma vez que muita gente ainda vê
a maçonaria com maus olhos, e a revelação da condição de
maçom de alguém pode, por essa mesma razão, causar-lhe
dissabores profissionais, sociais ou religiosos.

Por outro lado, ao guardar-se segredo do que cada um diz em


loja confere-se aos participantes a liberdade de se exprimirem
sem reservas, com a certeza de que as posições que revelarem
as ideias que defenderem as atitudes que tomarem, ficarão ali.

Só errando se aprende, e a maçonaria é uma escola de


aprendizagem. Cada um é convidado a dar o melhor de si, sem
o medo de errar e sem temer a acusação dos demais. Longe
disso, aprende-se que o mais implacável juiz de um homem
deve ser ele mesmo, mas que para isso é preciso que os
demais se refreiem e lhe deem espaço e tempo para que isso
suceda sempre num ambiente de confiança e de entre ajuda.

Não esqueçamos que a maçonaria especulativa nasceu há


mais de três séculos em Inglaterra, e que era uma escola

307
de gentlemanship, vindo por isso bem embebida da cultura e
valores desse país e dessa época.

Umgentleman era na altura (e ainda hoje...) alguém de quem se


espera certa contenção, certa reserva no trato, uma dose de
circunspeção que evite a precipitação nas conclusões,
incessantes mudanças de opinião ou, até, a exteriorização de
mais asneiras do que as circunstâncias o permitam, podendo
fazê-lo cair em descrédito...

Diz-se, às vezes a brincar, que o grande segredo é que não há


segredo nenhum; é quase isso. Para além do enunciado, não
há mais "segredos" que possam servir seja para o que seja.
Não há ingredientes mágicos, fórmulas secretas ou passagens
ocultas; apenas o salientar de uma característica importante
num cidadão maduro.

É que aprender a calar-se é algo que demora tempo,


especialmente numa sociedade em que tudo é cada vez mais
transparente.

É, precisamente, para a aprendizagem do refrear-se, do não


dizer tudo o que nos passa pela cabeça, do guardar o que se
pretende dizer para o momento que seja mais apropriado, que

308
serve o "segredo".

Este não é mais do que mera ferramenta de trabalho, um


exercício de vontade, no sentido de levar os maçons a
aprender a guardar para si as - eventualmente injustas,
possivelmente erradas, certamente precipitadas - primeiras
impressões acerca do que quer que seja.
A/D

309
SER OU ESTAR MAÇOM

March 28, 2016

Atualmente podemos afirmar que "Ser ou Estar alguma coisa"


está se tornando uma expressão bastante difundida, que é
utilizada para identificar se uma pessoa assumiu ou não seu
posicionamento correto com respeito a qualquer organização
da qual participa, como por exemplo:

- Quando se desempenha um cargo público ou legislativo, tal


qual o de "Estar Ministro", entre outros exemplos, sendo
inclusive utilizado com personagens em programas
humorísticos. Absorvendo este conceito e aplicando-o no seio
de nossa Fraternidade percebemos que todos nós

"Estamos Maçons" ao procedermos nossa Iniciação. Estamos


Maçons ao frequentarmos a Loja e pagarmos as suas
mensalidades e taxas. Estamos Maçons quando participamos
de uma atividade organizada pela loja, uma atividade
filantrópica, uma palestra, uma visita a outra Loja. Ou até

310
mesmo Estamos Maçons quando meditamos sobre o nosso
papel e partimos em busca da meditação interior em busca da
verdade.

Mas o que é Ser Maçom?

O verbo SER não poderia ser considerado sinônimo do verbo


ESTAR.

A caracterização mais expressiva é de que estar é um verbo


que indica certo estado, portanto, há como que embutido em
seu conteúdo certa passividade, enquanto que o verbo ser é
ativo, representa ativação.

Ser Maçom é um estado de espírito que deve caracterizar o


membro presente a toda situação em que pode ajudar e
cooperar para que o mundo torne-se de alguma forma melhor.

Ser Maçom é compreender que por mais poderosas que sejam


as forças externas elas devem ser dominadas pela energia que
tem sede em sua própria personalidade.

311
Ser Maçom é ter consciência que sua presença discreta pode
dar apoio a novos projetos úteis à comunidade e constituir-se
num valoroso pilar de sustentação de valores mais nobres do
indivíduo.

Ser Maçom é ser o eterno estudante que busca o ensinamento


diário, tirando de cada situação uma lição, e aplica com êxito
os princípios estudados.

Desenvolve em toda oportunidade de sua intuição, sua força


de vontade, sua capacidade de ouvir e entender os outros.
Temos que considerar que o Ser Maçom deve, como livre
pensador, questionar o porquê de determinados
acontecimentos entendendo e vivenciando nos nosso
aprendizado que palmilhamos lentamente, com passos firmes
para não tropeçar nos erros e vícios do passado, mesmo que
em momentos saiamos da trajetória para poder compreender o
mundo com uma visão holística de suas nuances.

O Maçom que se limita a ler ou estudar as instruções dos


graus ou a literatura disponível e não procura aplicar em sua
vida diária os conceitos que lhe são transmitidos, na busca do
desbaste da Pedra Bruta, e em erigir o Templo Interno, perde
excelentes oportunidades de ampliar seus conhecimentos e de
verificar como o saber do aprendizado da Arte Real pode ser
útil para o seu bem-estar na busca de seu retorno ao Cósmico.

312
O Ser Maçom é aquele estado em que sem abandonar os
hábitos de disciplina racional, a mente busca uma abrangência
do universo, o conhecimento intrínseco dos fenômenos que
estão ocorrendo, procurando desenvolver a sensibilidade e a
compreensão das razões de estudo.

O Maçom que desenvolveu sua mente para estar atenta e


acompanhar a evolução dos fatos sabe como conhecer as
sutilezas que envolvem suas origens, é como um oleiro que dá
formas sutis ao barro bruto, enquanto que o Maçom modela
sua própria consciência num confronto com sua própria
personalidade.

Vivemos juntos e cruzamos com diferentes seres humanos


que pensam e agem de maneira diversa da nossa. Isto nos
propicia excelentes oportunidades de nos adaptarmos a estas
personalidades e, sobretudo, de aprimorarmos as formas de
inter-relacionamento.

A sabedoria do bem viver é despertada quando nos


conscientizamos dessas diferenças e procuramos
compreender o indivíduo através de suas particularidades.

313
Ser Maçom é despertar este sentido de compreensão do
indivíduo e estar preparado para assisti-lo nos momentos de
dificuldades. O exemplo de uma atitude mental moderada,
sincera e cooperativa caracteriza muito o Ser Maçom.

E todos notam que sob muitos aspectos, o Ser Maçom


diferencia-se como indivíduo entre todos os outros. No
aprendizado inicial aprendemos que além dos SS.'. TT.'. e PP.'.
o Maçom deve ser reconhecido pelos atos e posturas dentro
da sociedade e no meio onde vive, traduzindo de maneira
diuturna os nosso aprendizado e a filosofia dos postulados da
Arte Real. Sentimos que temos que desempenhar um papel
mais complexo na sociedade e dar uma contribuição positiva
para que ela se torne superior.

Ser Maçom implica em algumas renúncias, mas a


compensação que advém deste estado de espírito especial é
muito agradável. Sentimo-nos como se fôssemos os autores
da novela e não apenas os personagens passivos, criados
pelos mesmos.

Temos uma participação presente e atuante, embora que,


aparentemente o Maçom apresente-se um tanto reservado. Já
se disse que nos colocamos muito mais em evidência, quando
nos mantemos como observadores e damos a colaboração

314
somente quando é solicitada pelos outros, do que aqueles que
procuram apresentar-se como os donos da festa.

Considerem, sobretudo, que encontramos muitas pessoas


evoluídas e que podem ser consideradas possuídas de
elevado espírito Maçom. Têm uma expressiva vivência das
coisas do mundo e utilizam grande sabedoria em suas
decisões, mesmo se nunca se tornaram Maçons.
Nós estamos Maçom ao entrarmos na Ordem e Somos Maçom
quando o espírito dela entrar em nós. A diferença é muito
grande, mas facilmente perceptível. Irmãos unam-nos na trilha
que leva ao Templo ideal e tomemos o cuidado para não
Estarmos Maçons, para não trilharmos a Maçonaria
simplesmente cumprindo Rituais, envergando a mera condição
de um "Profano de Avental".

Desejo que todos avaliem como é bom SER MAÇOM!

BIBLIOGRAFIA

Texto extraído do site

315
O TEMPLO MAÇÔNICO E SEUS SÍMBOLOS

March 29, 2016

Daremos início a estas reflexões sobre o Simbolismo do


Templo, revisando previamente alguns conceitos, muitas
vezes mal interpretados pelos que pertence a esta Augusta
Ordem. Refiro-me aos termos LOJA e TEMPLO.

Ambos os termos analisaremos brevemente, desde o ponto de


vista EXOTÉRICO e desde o ponto de vista ESOTÉRICO.

LOJA MAÇÔNICA

A – EXOTÉRICO
É o conjunto de pessoas que integram a família maçônica. Tal
como a Igreja, que é simplesmente a congregação de seus

316
fiéis, a Loja não é um LUGAR FÍSICO, senão que a associação
ou somatório daquelas pessoas que realizam o trabalho
maçônico, quer dizer, a intenção de continuar o caminho que
empreenderam no momento da sua Iniciação Maçônica.

Única maneira – portanto – de alcançar a verdadeira iniciação,


pois é inegável que a cerimônia dedicada a este propósito,
está constituída somente por uma série de símbolos que se
oferecem ao Recipiendário, para que ele, com o trabalho tenaz
e ininterrupto, alcance a Iniciação Real.

B - ESOTÉRICO
A Loja é a congregação do exército de virtudes que se unem e
se dispõem a luta contra os instintos, os vícios e as paixões
que a escravizam e lhe roubaram o seu reino.

TEMPLO MAÇÔNICO

A – EXOTÉRICO
É o edifício, a estrutura física, na qual se reúnem os maçons
para avançar na senda até a perfeição.

B – ESOTÉRICO
Desde este ponto de vista, podemos assinalar que o Templo
Maçônico é o Corpo Humano, onde mora o SER, a Essência

317
Infinita, o Espírito de Deus. É chamado de Templo porque não
é outra coisa que o santuário que utiliza a Divindade (o homem
é a chispa divina com os mesmos atributos do Criador) para
manifestar-se neste universo físico.

DIFERENÇAS ENTRE LOJA E TEMPLO

Do ponto de vista EXOTÉRICO existe uma diferença palpável,


pois uma coisa é o conjunto de irmãos que se congregam para
crescer em sabedoria e virtude, e outra, muito diferente, é o
lugar onde se reúnem.

Todavia, quando observamos as coisas sob o ponto de vista


que está mais além das aparências (ESOTÉRICO), damo-nos
conta que não existem diferenças, pois assim como é em cima,
é embaixo, ou seja, que tanto as pessoas que se reúnem como
as paredes do Templo, no qual trabalham, não são outra coisa
que ENERGIA CONSCIENTE E INTELIGENTE. Todo este
universo é uma, e exclusivamente esta, Energia que mantém
cada coisa exatamente no lugar em que deve estar.

Cada Ser Humano cria seu próprio universo e o segue criando


até o dia em que decide partir, para logo voltar a criar outro
universo novo, na medida das suas necessidades espirituais.

O QUE CONTÉM UMA LOJA E O QUE CONTÉM O TEMPLO


MAÇÔNICO?

318
A Loja sendo a congregação dos irmãos, que não são outra
coisa que pequenos universos, contêm todas as virtudes e
todas as boas intenções de seus membros em sua luta para
alcançar a Maestria sobre si mesmos.

Ela é, então, o somatório das Luzes de todos e de cada um de


seus membros. Também na Loja se encontram simbolizadas
todas as manifestações do universo físico que, observadas
desde o ponto de vista esotérico, só refletem a imensidão
espiritual que se encontra no interior do Ser Humano.

O Templo, por sua parte, está pleno de Símbolos e Alegorias


que servem para recordar aos Irmãos sua origem celestial (por
dar-lhe um nome) e que dentro de seu próprio corpo há tantas
estrelas, ou mais, das que se encontram espargidas no espaço
infinito.

A estes Símbolos dedicaremos alguns minutos da nossa


exposição, não sem antes deixar bem assentado – bem claro –
que a palavra Templo implica o conceito de SAGRADO. Um
Templo pode se situar fora de nós mesmos ou pode se
encontrar em nossa interioridade, ficando sempre invariável
essa condição de SAGRADO.

O TEMPLO MAÇÔNICO, SEUS ESPAÇOS FÍSICOS

O Templo Maçônico (Exotérico), em geral está constituído por

319
uma série de espaços entre os quais podemos destacar os
seguintes:

1 – O QUARTO (CÃMARA) DAS REFLEXÕES

Representa o planeta Terra no qual nascemos, morremos e


encontramos o repouso eterno. O Q.: Ir.: Pedro Barboza de la
Torre, Grande Inspetor Geral da Ordem, em uma de suas
importantes obras, manifesta que este simboliza, em primeiro
lugar, a Matéria que é a base dos seres e que se oferece aos
sentidos em diferentes estados.

Representa, também, o centro da terra e a matriz da mãe, onde


o novo ser se forma e se prepara para nascer.

Ali morre o homem para os vícios e as paixões e nasce para


praticar a virtude, a sabedoria e o bem.

2 – SALÃO DE BANQUETES

Local destinado à celebração de reuniões do tipo social.

3 – CÂMARA DE MESTRE ou CÂMARA DO MEIO

Lugar onde os Mestres Maçons realizam seus trabalhos.

4 – SALA DE PASSOS PERDIDOS

320
Lugar onde se concentram os Irmãos antes de entrar no
Templo propriamente dito ou lugar de trabalho (Câmara). É o
lugar onde devem ser recebidos os Visitantes antes de serem
anunciados. É ali e não dentro do Templo onde se assina o
Livro de Presença e a Prancha Convocatória ou de Citação.
Também é ali onde os Irmãos devem colocar os Aventais,
Colares e demais condecorações.

5 – ÁTRIO
É a linha, ou espaço físico, que separa o mundo profano do
sagrado, pois é neste lugar que os maçons se recolhem e se
concentram, antes de entrar no Templo. É, segundo Juan
Carlos Daza, no Dicionário da Franco-Maçonaria, o “umbral do
Templo e simboliza o espaço de trânsito e de união, que
separa o exterior do interior, e é onde se espera, em
recolhimento, para ser acolhido ou introduzido”.

Para Lorenzo Frau Abrines - para citar outro autor -, é o espaço


ou sala que se acha diante da entrada ou porta do Templo
onde se celebram os trabalhos. Alguns autores o chamam
Parvis, que segundo eles, é a peça que precede ao Templo.

6 – TEMPLO OU CÂMARA – Seus Símbolos


O Templo é um lugar fechado onde se realizam os trabalhos
maçônicos no grau de Aprendiz, e que tem a forma de um
paralelogramo ou quadrado oblongo, estendido do Oriente ao
Ocidente, quer dizer, em direção à Luz; sua largura é de Norte
ao Sul, sua profundidade é da Superfície ao Centro da Terra e

321
sua altura do Zênite ao Nadir, porque a Maçonaria é,
simplesmente, Universal e o Mundo é uma Loja.

O Templo não tem janelas, por quanto não deve receber luz de
fora, senão que, exclusivamente, de dentro, e só uma porta de
entrada localizada no ocidente, pois o homem entre e sai deste
mundo por uma só porta.

O Templo Maçônico, nos diz Juan Carlos Daza, “é a matriz, é o


Athanor hermético, onde renasce a vida espiritual mediante a
correta utilização dos símbolos e das ciências, os quais
operam como portadores de uma mensagem que nos
regenera, quanto mais interiorizamos sua significação
espiritual e operam com utensílios ou ferramentas para edificar
nosso templo interior, o qual vive dentro da dialética do
movimento do mundo, de sua criação e de sua destruição”.

De sua parte, Orlando Solano Barcenas, faz uma interessante


descrição em sua obra “A Loja Universal”: “O Templo
maçônico não é a simples delimitação arquitetônica de um
espaço qualquer, senão a consagração simbólica de um
espaço considerado sagrado”.

“Por sagrado não deve entender-se religioso. A


respeitabilidade do templo ou sua sacralidade fazem com que
este lugar participe de uma série de valores culturais, éticos e

322
simbólicos que o convertem no reflexo de uma cosmovisão
própria do pensamento maçônico...”.

O Templo – antes que procedamos a entrar nele – “como lugar


respeitável permanece separado do nível da experiência
corrente, banal ou cotidiana. Em outros termos, permanece
separado do profano e das indiscrições do mundo exterior”.

Dentro do Templo, logicamente, não se deve fumar, comer nem


beber e sempre há que se penetrar nele com as insígnias do
grau devidamente colocadas, em silêncio e respeito, evitando
todo o tipo de conversação, por quanto é um lugar destino ao
trabalho interior.

A respeito, o Dr. Serge Raynaud de la Ferriere, no Livro Negro


da Franco-Maçonaria, destaca que “freqüentemente o Templo
não corresponde senão que a um simples nome, em vez de
possuir todas as suas qualidades; com efeito o Santuário deve
estar glorificado da presença do G.'. A.'. D.´. U.'. e, por tanto,
não é só o ritual parafraseado o necessário, senão que um
ambiente muito especial”.

Como assinalamos antes, o Templo Maçônico só tem um lugar


para ingressar, de maneira que vamos agora penetrar nele e,
para isso, falemos em primeiro lugar da Porta, que como seu
nome o indica é o lugar de entrada ou de saída de todo o
aposento fechado ou, também, o elemento arquitetônico que

323
facilita a passagem entre duas áreas separadas por algum tipo
de fecho. Do ponto de vista maçônico é a abertura que
comunica dois mundos, é dizer o mundo profano e o mundo
sagrado.

Juan Carlos Daza: “A porta da Loja é, por si mesma, um


Templo; suas duas colunas e a arquitrave representam o
ternário e o elemento fundamental de toda a construção”.

Este mesmo autor manifesta que “na cerimônia de iniciação, o


recipiendário trespassa a primeira porta, ao ser despojado dos
metais... Esta porta é muito baixa, não como sinal de
humildade, senão que para assinalar a dificuldade da
passagem a uma nova vida, como a criança que vem ao mundo
e começa a aprender a andar avançando primeiro de gatinhas”.

Jorge Adoum, em “As Chaves do Reino Interno”: “A porta do


Templo é a primeira estância da iniciação interna; para
aprender os mistérios do espírito, deve-se entrar no Templo
interior onde estão ocultos tesouros”.

Orlando Solano Barcenas, em “A Loja Universal”: “Sua forma,


sua situação e sua orientação, traduzem uma série de escolhas
de valores espirituais e culturais que, em seu simbolismo,
servem para diferenciar o espaço sagrado do Templo
Maçônico”. “Fixa a direita e a esquerda do Templo, direções
simbólicas que traduzem a base do triângulo que fixa a

324
hierarquia da Oficina. Representa a aurora, porque em seu
umbral, participa também da sacralidade ao separar e definir o
interno território sagrado, vedado aos intrusos, aos profanos”.

No Templo de Salomão, segundo está estabelecido no


Primeiro Livro de Reis, tal como na maioria dos templos ou
antigos santuários, cujas características eram similares, havia
um Pórtico ou Ulam de 20 côvados de largura, por 10 de
comprimento e 30 de altura, além do Lugar Santo ou Heijal ou,
ainda, Hekal e o Sancto Sanctorum ou Debir.

Diante do Pórtico havia duas grandes colunas de bronze, ou


revestidas dele, que constituíam a Porta do Templo, que não
tinham razão estrutural alguma e cuja intenção era
estritamente simbólica.

Da análise destes conceitos e os de muitos outros autores,


como Edgar Perramon, no “Breve Manual Maçônico”, que
expressa que “A entrada estavam duas colunas, B (a força) e J
(a beleza) sobre as quais se encontravam o Universo e uma
Romã ligeiramente aberta como símbolo da maturidade”.
Raymond Capt, no “Templo do Rei Salomão”; em “Meus Três
Passos”, de Pedro Camacho Roncal; e também Jorge Adoum,
em “O Aprendiz e seus Mistérios”, referem que “entre ambas
as colunas se achava a porta do Templo”.

325
Alec Melor, em sua obra “A Encruzilhada da Maçonaria”, Tomo
II, diz que “A porta da Loja se achava no Ocidente, quer dizer,
frente ao Oriente, entre duas Colunas, com capitéis ornados de
lírios e coroados de maças e romãs simbolizando a família”;
poderíamos então considerar que a Porta do Templo Maçônico
está constituída pelas duas Colunas (B e J) e que o espaço
entre a porta física e estas duas colunas poderia ser o Átrio.

Todavia, outra consideração nos poderia levar a pensar que as


duas colunas sejam colocadas uma a cada lado da porta.

A/D

326
REFLEXOS DA ÉTICA MAÇÔNICA

March 31, 2016

Sinopse: Objetivo da ética maçonicamente orientada.


O Rito Escocês Antigo e Aceito tem rica filosofia da qual o
maçom dispõe para sua autoconstrução. Este cabedal
filosófico reflete-se na sociedade na forma de mudanças que
promovem libertação do sistema humano que subjuga o
pensamento das pessoas. E todas as mudanças sociais e
políticas ocorrem antes na mente e depois se materializam na
forma de ações e produtos em constante evolução e graus de
complexidade.
A transformação é obtida aos saltos pelos que trabalham os
neurônios constantemente. Abruptamente, despertam,
fixam-se e mudam conceitos, verdades.
Ao longo da história humana os saltos intuitivos sempre foram
influenciados por fatores ambientais, genéticos e culturais. O
software da mente gravado no hardware do cérebro humano
só progride em resultado da troca de informações entre
indivíduos em debates, conversas ou leituras.
O método maçônico visa estes saltos intuitivos de seus
adeptos para encontrar a solução de problemas que se
refletem na sobrevivência pacífica da espécie humana.

327
O homem sempre usou dos pensamentos de seus
semelhantes para desenvolver máquinas, escrita, arte, ciência
e toda a cultura existente. O maçom usa seus companheiros
para deles extrair e desenvolver pensamentos que mudem sua
forma de pensar e agir no campo moral.
Da camaradagem desenvolvida nas reuniões brota a força que
muda intelecto, emoção e espiritualidade. É a energia
condicionadora que o grupo social exerce sobre o indivíduo.
E isto é realidade desde a época das cavernas, onde um ser
humano influiu na educação do outro, até acumular no
presente toda a vasta cultura política, metafísica, social e
tecnológica. O maçom é multiplicador da filosofia
político-social da Maçonaria.
Do conjunto de atividades do filosofar maçônico ele
desenvolve posturas que constituem o código de ética que
dirige seus passos e que se reflete no meio social.
E como ética e moral se confundem, pois é tênue a sua
diferença e profundo o seu alcance, convém esclarecer o que é
a ética maçonicamente orientada.
Na conceituação da Ética é possível identificar dois grandes
campos de concepções fundamentais: Na primeira concepção,
"o bem seria para onde se dirigiria o homem", e na segunda
concepção, "o bem seria uma realidade, embora não inscrita
na natureza, humana e alcançável" (Abbagnano, 1998, página
380 e 381).
A Ética, um ramo da Filosofia que busca os princípios ou
fundamentos da natureza das ações humanas, pode também
referir-se a princípios que fundamentam o pensar humano,
sem formular ações ou regras de conduta, precisas e

328
fechadas.
Ética, também chamada de Filosofia da Moral, é caracterizada
por ser um pensar reflexivo dos princípios ou fundamentos
que determinam os valores e as normas que governam a
conduta humana.
Nesta perspectiva, a Ética enquanto Filosofia da Moral mantém
ampliadas ligações de natureza prática com outras áreas do
conhecimento humano, dentre as quais, a biologia, a
antropologia, a economia, a sociologia, a teologia, a história e
a política. São áreas do conhecimento caracterizadas por
serem disciplinas regidas pela lógica cartesiana da
sistematização, com ordenamento racional e perda do caráter
sagrado, portanto ciências descritivas ou experimentais.
A Ética, enquanto Filosofia da Moral, ao contrário, busca a
determinação dos fundamentos ou princípios que justificam a
natureza de teorias normativas e estando determinados os
fundamentos ou princípios, aplica-os, se necessário, e quando
for o caso, aos dilemas morais.
Algumas áreas do conhecimento que eram objeto de estudo da
filosofia, em especial da Ética, após a revolução industrial e a
consequente profissionalização e especialização do
conhecimento, estabeleceram-se como disciplinas
independentes e científicas.
Assim, pôde a Ética ser definida como a área da filosofia que
estuda as normas morais nas sociedades humanas e que
pretende explicar e justificar os costumes de uma determinada
sociedade, bem como, solucionar dilemas a ela inseridos.
A Moral é um conjunto de normas e regras estabelecidas por
cada sociedade e aplicadas ao cotidiano de cada pessoa. A

329
moral ocorre em dois planos: o normativo e o factual. De um
lado, nela encontramos normas e regras que tendem a
regulamentar a conduta dos homens e, de outro lado, um
conjunto de atos humanos regulamentados por eles;
cumprindo assim a sua exigência de realização (Vásquez,
1998, página 51-64). A Moral, com suas normas e regras que
orientam e julgam as ações do indivíduo sobre o que é certo e
errado, bom e mau, moral e imoral. Um pensar sobre a
conduta.
A Ética investiga justamente o significado e propósito desses
adjetivos, tanto em relação à conduta humana, como em seu
sentido fundamental e supremo. Um pensar a partir de
princípios ou fundamentos. Um infindável pensar, refletir e
construir.
Noutra perspectiva, existe a Moral como primazia exclusiva,
defendida por um sistema filosófico, o Moralismo, que
fundamentou ideologias de intolerância, de preconceito e de
puritanismo.
Para alguns, a palavra Moral foi desqualificada por esta
associação a Moralismo e, deste modo, justificaram a
preferência em associar à palavra Ética, as regras e os valores
por eles consagrados. No campo das ideologias, não se pode
deixar de apontar a diferença que se estabeleceu entre a lógica
dos que associaram a palavra Ética às regras e valores por
eles consagrados e a lógica dos moralistas, onde a Moral
aparece como primazia exclusiva. Passou a referir-se a
julgamentos éticos, ou princípios éticos, quando seria mais
pertinente falar de juízos morais ou princípios morais.

330
Assim, existem pessoas que possuem um valor e por um
processo psicológico que legitimam as normas ou regras
decorrentes e pautam sua conduta por elas, sem controle
externo, só porque estão emocionalmente convictas de que,
essa regra representa um bem moral. Outras pessoas por
costume e por hábito validam certas condutas.
Há aquelas que consideram determinadas condutas como
boas, e assim, devem ser praticadas. Aqui o juízo de valor
como matriz para a legitimação das normas. São exemplos de
conduta Moral, de Moralidades.
Existem pessoas em que os processos inconscientes seriam
os determinantes da conduta moral, que são oriundos da sua
individualidade pessoal e social, responsável pela forma
habitual e constante de agir do caráter e da personalidade.
Este é um exemplo de Ética, enquanto Filosofia da Moral.
A partir do final do século XIX, da era dos sofistas e início do
século XX, observa-se na Ética ocidental três perguntas
constantes: seriam os juízos éticos reflexos dos desejos dos
que os criam ou verdades inseridas neste mundo; seria a ação
boa, fruto da racionalidade construída, introjetada ou
inculcada ou simplesmente ação vinculada ao interesse
próprio; e ainda, qual seria a natureza do certo, do errado e do
bem.
Desde o início do século XX estes temas desenvolveram-se
nas mais variadas formas, com ênfase na aplicação da Ética
para problemas práticos e descritos como Ética normativa,
Ética aplicada e Meta-ética. Esta última como estudo que,
diferente de prender-se à análise de teorias éticas ou
julgamentos morais, dedica-se à busca da natureza dos juízos

331
morais, se objetivos ou subjetivos.
Por óbvio, pode-se estar inserindo aqui a Ética Maçônica como
estudo contemporâneo e ajustado ao paradigma deste milênio,
quando ela busca ajudar os irmãos a legitimar intimamente
valores, pela introjeção de princípios ou fundamentos que os
farão conduzir-se coerentemente por normas e regras,
consagradas como boas e virtuosas. Abordam-se os princípios
ou fundamentos filosóficos que pretendem ser valores
intimamente legitimados pelos maçons e passem a ser sistema
de regras e normas que os norteiem e os qualifiquem nas
relações entre irmãos e sociedade.
Considera-se que o maçom aperfeiçoa-se gradativamente,
lentamente acordando dentro de si mesmo, pela
autoeducação, autoconhecimento e relações fraternas, esta
ética maçonicamente orientada, onde algumas etapas o levam
a evoluir como pessoa humana pertencente a um único corpo
vivo e interdependente ao qual se denomina humanidade.
E esta humanidade é o que o maçom desenvolve em si em sua
caminhada, em sua busca por religação ao divino e para
cumprir a especificação de projeto do Grande Arquiteto do
Universo.
A ética maçônica tem reflexos imediatos na vida do cidadão
formado nas colunas da Maçonaria.
O maçom que muda a si mesmo influencia o Universo inteiro e
não apenas a circunvizinhança. Isto é perceptível em sua vida
quando ao mudar paradigmas torna-se dono de seu próprio
futuro.
Charles Evaldo Boller e Carlos Alberto Peixoto Baptista
Rito: Rito Escocês Antigo e Aceito

332
Grau do Texto: Aprendiz Maçom.

333
Contents
VIVÊNCIA DO AMOR FRATERNO 1

OS SETE DEGRAUS E SUA IMPORTÂNCIA 6


SIMBÓLICA NO APRIMORAMENTO MAÇÔNICO

VIAGENS DO MAÇOM: JORNADA EM BUSCA DE 13


CONHECIMENTO

VENERÁVEL MESTRE E O TRONO DE SALOMÃO 19

A COLMEIA E A MAÇONARIA 26

SER MESTRE MAÇOM É... 28

O QUE SIGNIFICA LOJA MAÇÔNICA? 36

O CRESCIMENTO MAÇÔNICO NOS GRAUS 40


FILOSÓFICOS

O ORGULHO, A VAIDADE E A IRA NO "MEIO 46


MAÇÔNICO"

O USO DA PALAVRA EM LOJA 56

A ESCALADA INICIÁTICA 59

QUALIDADES MAÇÔNICAS 64

O MISTÉRIO DO SILÊNCIO 68

A ALQUIMIA DA PEDRA 71
A CATEDRAL E O APRENDIZ 75

A MAÇONARIA E A CELEBRAÇÃO DOS 81


SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS

A IMPORTÂNCIA DA MAÇONARIA NOS DIAS DE 89


HOJE

O PERIGO DA FALA E MENSAGENS NAS REDES 91


SOCIAIS

CÂMARA DE REFLEXÕES 95

TEMOS DE APRENDER A VIVER TODOS COMO 102


IRMÃOS...

A LUZ 106

TEMPLO MAÇÔNICO 111

SERÁ A MAÇONARIA PARA RICOS?!" 117

OS DOZE TRABALHOS HERCÚLEOS DO ORADOR 120

TEÍSMO, DEÍSMO E ATEÍSMO 123

A ENCRUZILHADA DA MAÇONARIA 129

AS ORIGENS DO TRONCO DE SOLIDARIEDADE OU 133


SACO DE BENEFICÊNCIA

O CAMINHO MAÇÔNICO DE COMPOSTELA 136


A PREVALÊNCIA DO ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA 142

ESQUADRO E COMPASSO 147

A COLUNA J 153

O ALFABETO MAÇÔNICO: MENSAGEM 157


CODIFICADA, O LEGADO DO QUADRADO MÁGICO
DO MUNDO ANTIGO

PELA ORDEM? OU QUESTÃO DE ORDEM? 160

A ESTRELA DE CINCO PONTAS 164

UMA INVESTIGAÇÃO CONSTANTE DA VERDADE 172

REVELANDO O MISTÉRIO DA MAÇONARIA 177

SALMO 133 181

O TRABALHO NA MAÇONARIA 186

A MAÇONARIA E A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA 195

TRABALHO SOBRE 2ª INSTRUÇÃO DE APRENDIZ 200


MAÇOM

A PREPARAÇÃO DO CANDIDATO 206

OS DETRATORES DA MAÇONARIA 210

MEDITAÇÃO DA VERDADE 220


MAÇONARIA E AS COLUNAS ZODIACAIS 225

SHCIBBOLETH E A DEUSA MINERVA 230

A JUSTA FRATERNIDADE 237

CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO E 240


MAÇONARIA

RESPONSABILIDADE MAÇÔNICA 247

A LENDA DO PELICANO 250

A FORMA DA LOJA 255

O TRABALHO FORA DE LOJA: SEGUNDO 260


VIGILANTE

O SIMBOLISMO DO TEMPLO MAÇÔNICO 268

''A MENSAGEM DO EVANGELHO NA LINGUAGEM 271


MAÇÔNICA''

O PRIMEIRO MAÇOM 277

O NÍVEL CULTURAL DA MAÇONARIA 284


VIVÊNCIA DO AMOR FRATERNO

April 01, 2016

A Maçonaria recebe novos membros por intermédio da


iniciação, o que a diferencia de sociedades profanas. Naquele
psicodrama é exigido do recipiendário o juramento de que
tudo fará para defender seu irmão na ocorrência de
infortúnios.

É algo muito diferente ao irmão de sangue, que nos é dado de


forma compulsiva. O irmão maçom é resultado de escolha
consciente e racional, daí as amizades resultantes serem
coladas com o cimento do amor fraterno.

Um sábio maçom, quando inquirido sobre sua interpretação do


significado de fraternidade, usou a seguinte parábola:
"Encontrava-me nas proximidades de uma colina coberta de
neve e observava dois garotos que se divertiam com um
pequeno trenó.

1
Quando os dois meninos chegavam embaixo da encosta,
depois de haverem escorregado, o rapaz mais velho colocava
o mais novo às costas e subia pelo aclive puxando o trenó por
uma corda.
O garoto mais velho chegava ao topo ofegante sob carga tão
grande. E isto se repetiu várias vezes, até que resolvi inquirir: -
Mas não é uma carga muito pesada esta que levas morro
acima? - O garoto mais velho respondeu sorrindo: - De forma
alguma! Esta carga é leve! Pois este é meu irmão!

Para o sábio irmão esta foi a definição exata de fraternidade.


Para ele, o amor fraternal exige espírito elevado, consta até de
sacrifícios, mas não o considera como tal, e sim algo natural, a
carga é transportada com alegria e sem reclamar - este sábio
maçom foi o presidente norte-americano Abraham Lincoln.

Na escolha de um profano a ser iniciado, procura-se estimar


no perfil emocional do proposto sua capacidade de
desenvolver a vivência do amor fraterno.

No questionário de sindicância existem perguntas assim: "o


profano vive em harmonia no lar?" "Qual sua reputação no
mundo profano?" "Entre colegas de trabalho?" "Demonstra
ser pessoa capaz de adaptar-se com facilidade ao meio e ter
bom convívio social?" Significa então que todo aquele que for
considerado limpo e puro, aprovado e iniciado, tem o amor

2
fraterno como característica. Ele tem a capacidade de superar
eventuais dificuldades de relacionamento interpessoal, isto já
faz parte dele.

E para melhorar mais ainda, esta qualidade distintiva


fundamental é depois sacramentada por juramento solene! A
conseqüência é o aquecimento do amor fraterno que reina
depois entre os irmãos em loja.
Na iniciação o recipiendário recebe um avental branco,
considerado seu ornamento máximo, e lhe é dito que deve
mantê-lo imaculado, limpo. Não se trata aqui de sujeira literal,
esta pode até ocorrer para o diligente obreiro. Mancha que
pode até sair com água, e basta lavar.

Aquele paramento do zeloso maçom deve ficar isento de


qualquer nódoa moral ou comportamental, que só a água do
amor fraterno limpa. Nenhum iniciado deve jamais usar seu
avental e adentrar numa loja, se lá houver irmão que esteja
odiando. Isto suja seu avental de forma indelével e afeta as
energias que envolvem a todos.

Deve considerar a dificuldade de resolver problema de


relacionamento interpessoal como se fosse o escalar de uma
encosta íngreme e coberta de neve, com aquele irmão às
costas. Não é fácil! Mas, mesmo ofegante, e sob carga tão
grande, deve fazê-lo sorrindo.

3
A razão deve suplantar a emoção, haja vista que isto já faz
parte dele como iniciado. Se inquirido do peso da carga, este
irmão deve exclamar: - Deforma alguma! Esta carga é leve!
Pois este é meu irmão!

Egoísmo e indiferença são sintomas de falta de amor, pois o


contrário de amor não é ódio, é a indiferença! Quando existem
situações de disputa ou mágoa, é importante que os
envolvidos resolvam as querelas fora das paredes do templo, e
só então coloquem seus aventais e adentrem.

Ao superarem suas diferenças, a benção do Grande Arquiteto


do Universo, a divindade dentro dos iniciados, lhes
proporcionará o aglutinante místico do amor fraterno que
cimentará de forma brilhante as duas pedras que ambos
representam na grande edificação da humanidade. Isto é
vivência real do amor fraterno, o aglutinante místico que
mantém unidos os irmãos numa loja.

Num agrupamento assim constituído é certa a presença do


Grande Arquiteto do Universo.
Poderá haver bem maior que um amor fraternal bem vivido?

4
O Grande Arquiteto do Universo certamente só está onde
existem pessoas que se tratam como verdadeiros irmãos
espirituais e onde cada um nutre profundo amor fraterno pelo
outro.

Todo irmão que passar por uma situação onde eventualmente


ocorre disputa ou ofensa, deve colocar aquele que considera
ser seu ofensor às costas e carregá-lo para o alto de seu
coração.

E, se inquirido do peso, deve exclamar: - De forma alguma!


Esta carga é leve! Pois este é meu irmão.

Charles Evaldo Boller

5
OS SETE DEGRAUS E SUA IMPORTÂNCIA SIMBÓLICA NO
APRIMORAMENTO MAÇÔNICO

April 03, 2016

A complexidade e a diversidade dos símbolos que nos são


apresentados na maçonaria são muitos e todos, sem exceção,
nos servem para uma profunda reflexão visando
principalmente o aprimoramento interior e a
conseqüentemente evolução do Homem Maçom.
Podemos classificar de uma forma geral este simbolismo
maçônico em duas classes bem definidas: os símbolos
materiais e as virtudes, ou idéias, que estes exprimem. Tal
complexidade se dá pelo fato da maçonaria ter herdado de
diversas escolas (sejam estas de cunho místico, esotérico,

6
religioso ou político), uma grande quantidade de símbolos,
sendo necessário ao Maçom um estudo constante e atencioso
do momento histórico da humanidade quando este ou aquele
símbolo foi introduzido em nossa Ordem.
O Templo maçônico é uma alegoria que nos remete a
construção do Templo do Rei Salomão, sendo o mesmo
dedicado a “morada” do Deus de Abraão, Isaac e Israel (Jacó),
sendo esta casa antes prometida em diversas passagens
bíblicas e efetivamente erguida por Salomão, filho de Davi.
Temos diversas referências da arquitetura deste Templo no
livro de Reis II, mas, ao observarmos seus utensílios não
conseguimos ver ornamentos e paramentos como corda de 81
nós, pavimento mosaico, Delta luminoso, Estrelas, etc. Este
fato nos atesta à influência que outras culturas deixaram ao
passarem seus adeptos pela Maçonaria. O REAA baseia-se,
fundamentalmente, nas origens israelita-salomônica, onde
herdamos ensinamentos de altíssimo esoterismo.
Vamos agora, após esta breve introdução, voltarmos nossos
esforços para o tema deste trabalho, qual seja, os sete degraus
que dão acesso ao Trono de Salomão e sua importância no
aprimoramento moral do Maçom.
Os quatro primeiros degraus estão situados no Ocidente e dão
acesso ao Oriente, entre a balaustrada que divide os dois
pontos cardeais no eixo da Loja.
O primeiro degrau representa a Força, virtude esta que está
relacionada com a vontade de empreender esforços ilimitados
para sairmos da inércia que nos aprisionam em um
determinado ponto que nos impede o progresso. É somente
através da Força que iremos efetivamente acessar ao segundo

7
degrau, que é o Trabalho.
O Trabalho aqui pode ser decifrado como o resultado da Força
antes empreendida, pois é através de seus resultados que
podemos afirmar que todo o tipo do mesmo enobrece o
Homem. O Trabalho aqui não é exclusivamente o que nos dá
“o pão nosso de cada dia”, mais também o Trabalho
incessante do Maçom, que está em desbastar constantemente
a sua Pedra Bruta em busca de seu aprimoramento.
Uma vez concluído este trabalho toma o Maçom conhecimento
da Ciência, que é o nosso terceiro degrau em ascensão ao
Trono da Sabedoria. Ciência é à base das Artes ou Ciências
Liberais, decomposta e, a saber: em trívio (Gramática, Retórica
e Dialética); e em quatrívio (Aritmética, Geometria, Astrologia e
Música), que formam à base do desenvolvimento e
consolidação do nosso atual sistema educacional.
Avançando-se no estudo e compreensão da Ciência podemos
então somá-la a Virtude, que em nossa concepção é um
montante de conceitos latentes no Ser Maçom. Diz-se que a
Virtude é o último degrau do Ocidente pelo fato de, somente
após a escalada dos demais, pode o Maçom, através da
introspecção, alimentar sua alma com os conceitos aprendidos
anteriormente.
Sem eles não teria como se ter princípio basilares para as
principais Virtudes, onde podemos destacar, dentre outras, a
Lealdade, a Fidelidade, a Honestidade, a Bondade, o Desapego
e o Amor, dentre outras tão necessárias para que os Irmãos
vivam em União Fraternal.
Acima deste “último degrau” do Ocidente observa-se uma
superfície plana, onde a denominamos como Oriente. Ao

8
analisarmos a linha que compreende entre o último degrau do
Ocidente e o primeiro degrau que dá acesso ao Trono de
Salomão temos, ao centro, o Altar dos Juramentos e, sobre
este, o Livro da Lei. Não foi por acaso que este foi ali
introduzido.
Sua disposição atual deve nos remeter a reflexão de que nada
terá real praticidade se não forem observados e cumpridos os
códigos morais estabelecidos no Livro da Lei. Este
cumprimento não deve aqui ser encarado como uma rigidez
dogmática e inflexível.
Devemos primeiro interpretar, já que a Bíblia é um livro
complexo, a mensagem cifrada contida em seus infinitos
ensinamentos. Há cerca de 2.000 anos, o mestre cabalista Rabi
Shimon bar Yochai disse que “quem aceita o Tanach
literalmente é um tolo”.
Um dos problemas mais conflitantes das religiões ditas cristãs
está justamente na forma como o líder destas interpretam as
leis contidas em seu Livro Sagrado e, a seu “bel prazer”,
conduzem o povo na ignorância e nas rédeas de um sistema
intimidador e penitencial onde “deus” (com letra minúscula
mesmo) castiga o homem que não dá seu dízimo em
detrimento de seu crescimento espiritual e, principalmente,
material.
Maçonaria é tarefa de Libertação e em nada se assemelha a
quaisquer sistemas escravocratas. O Livro da Lei nos serve
como referência das grandes conquistas e a libertação de um
povo em busca da Luz Permanente. E são estas lições e
passagens que irão preparar o Maçom a ascender ao Trono de
Salomão, ou o tão justamente denominado Trono da

9
Sabedoria.
No primeiro degrau do Oriente temos a Pureza, pelo qual
podemos associá-la a Fé. Só podemos cultuar a Fé quando
estamos puros de todas as influências malignas, pois a Fé é
um estado constante e divino de conexão com o GADU. Ser
puro é limparmos nossos corações antes de comungarmos
com o Criador nossas fraquezas e sucessos, pois “até o mais
puro Mel azeda em um recipiente sujo”, e é sobre estas
condições que subiremos ao segundo degrau.
Chegamos então na perspectiva da Luz, onde a Esperança nos
faz julgar que existe um mundo melhor que este em que nosso
corpo físico veste nossas almas. Ver a Luz é abrirmos nossas
mentes para um novo conceito, para uma nova fase, para um
verdadeiro renascimento; tendo em vista que devemos
sepultar o velho homem que vivia nas trevas da ignorância.
Na maçonaria a Luz nos é dada no momento de nossa
Iniciação. Mas esta só nos é revelada em um momento
oportuno. Estar na Luz é rasgar definitivamente o véu que
protege o Sanctum Sanctorum e ver, face a face, a Verdade.
Este último degrau, a Verdade, só poderá ser alcançado após
um longo período de aprimoramento interior. Todas as
escolhas deverão ser fruto de intensa meditação, para então
serem refinadas. A Verdade é o nossa maior conflito, posto
que existe em um único acontecimento três perspectivas da
mesma. Ou seja, a versão de um lado, a versão do outro e a
Verdade de fato. E é neste ponto, a Verdade absoluta, que
muito de nós se julgam mais sábios, mais conhecedores, mais
sagazes que os outros.

10
Como a Maçonaria está além do que os nossos cinco sentidos
possam conceber, podemos considerar que a mesma é dotada
de um “sistema de autodefesa”. Este dito “sistema” expurga
de seus quadros os excessos e posturas não condizentes com
seus princípios, sempre praticado por àquele que não se deixa
iniciar. Não adianta dissimular, pois o GADU nos conhece na
essência, forma etérea do Ser. Todos os nossos defeitos
podem ser mascarados, mas ninguém consegue ser o que não
é por muito tempo, e logo a Verdade vem à tona.
Deste aprendizado concluímos que a Caridade não é tão
somente o que efetivamente fazemos para com os menos
afortunados. A Caridade para com a Loja física também advém
da Loja Celestial. Não é a nossa Oficina quem, através de um
processo eleitoral, elege um irmão Mestre Maçom para o
veneralato.
Esta decisão não poderia ser unicamente através das falhas
mãos humana, já que a figura do Venerável Mestre transcende
as obrigações administrativas, tornando-se este também um
líder espiritual do grupo. Uma espécie de “célula matriz” na
formação do arquétipo da Loja, onde o sucesso e o fracasso
do grupo dependem de sua Força, seu Trabalho, sua Ciência e
sua Virtude, para que uma Sessão dedicada ao GADU seja
plena em Pureza, Luz e Verdade.
Finalizando, após discorrer sobre todos os aspectos ora
citados, podemos concluir que não é tão somente o tempo de
Ordem que determina se um Irmão Maçom tem os preceitos
para ser Venerável Mestre de Loja. Mais sim pelo fato do
mesmo ter atravessado um percurso árduo até, por
merecimento e experiência, tomar assento no Trono de

11
Salomão.
E o motivo para tal processo é louvável e necessário, pois uma
vez ali posto este irmão representará a Sabedoria de todos
nós. Deste processo dependeu, depende e sempre dependerá
a Maçonaria Universal e, neste Universo de símbolos que
estamos imersos, os sete degraus que estão em nosso Templo
representam o caminho que deverá ser seguido por todos nós,
com passos firmes, sempre para frente e para o alto.
Luis Henrique Miranda Griffo – M.’.M.’.

12
VIAGENS DO MAÇOM: JORNADA EM BUSCA DE
CONHECIMENTO

April 05, 2016

Segundo o Dicionário Michaelis On Line, VIAGEM, do Latim,


Viaticu tem por significado, entre outros, os termos: Caminho
que se percorre para chegar a outro lugar afastado; Percurso
extenso; Relação escrita dos acontecimentos ocorridos num
passeio, numa jornada etc.
No sentido primário da palavra então, viajar nada mais é do
que sair em busca de algo que se pode ou não saber onde se
encontra. Ir atrás do desconhecido.

O Homem, por sua natureza, vive em uma constante busca,


seja pela felicidade, pela conquista de um sonho, por
informações ou aprendizado.

13
Na antiguidade, quando se desejava obter conhecimento e
sabedoria, faziam-se viagens em torno do mundo, buscando
instrutores diversos, em diversas culturas.

Grandes filósofos, quando queriam compreender melhor a


humanidade e a si mesmos, faziam viagens interiores,
buscando dentro de si respostas a suas duvidas.

Para o M.’. essa busca não é diferente. Mas como inicia o


M.’.sua jornada? E em busca de que ele vai?

Conforme descrito na introdução desse trabalho, viajar tem um


sentido mais amplo do que aquele que se acredita. A própria
vida é uma viagem, que iniciamos ao nascer, passando de um
mundo conhecido (o útero materno) para o desconhecido (o
imenso universo que nos se apresenta).
Uma viagem de descobertas diversas, que vivenciamos a cada
dia, assimilando as informações diárias e condensando-as em
nossas mentes, formando então nossa personalidade e ser.

Para o M.’. a busca pelo conhecimento nada mais é do que


uma forma de viagem, que pode ser feita, indo-se de um ponto
a outro, ou dentro de si próprio. O M.’. da inicio a sua jornada,
quando passa por uma viagem interior já em sua primeira
estada no Templo, durante sua iniciação, e passa pela Câmera
de Reflexões.
Ali, estando a sós com seus pensamentos e lembranças ele
realiza uma viagem ao âmago de seu ser, a primeira busca pelo

14
conhecimento de si mesmo. Assim ele sai do útero materno
(viagem inicial) e acorda para um novo mundo (a verdadeira
luz) cheio de novidades. Novos conhecimentos que precisam
ser assimilados. Mas essas informações não lhe são
simplesmente entregues.
É preciso ir a busca deles, recomeçar sua jornada para
alcançar seu objetivo. Uma nova viagem se iniciando.

Para o M.’., cada novo dia é o reinicio dessa jornada. Usamos o


termo eterno aprendiz, não apenas para representar
humildemente nossa condição de mero participe de uma força
maior, mas também indicando o que parece óbvio, que
estamos em constante aprendizado e buscando nosso
crescimento interior.

O M.’. não viaja apenas do ocidente para o oriente, ou do


oriente ao ocidente. Ele viaja constantemente em cada nova
sessão em que se apresenta, obtendo novos conhecimentos e
também passando novos ensinamentos. Como o errante que
leva seu conhecimento de ponto a ponto, o M.’. vai de sessão
em sessão como se fosse o filósofo-viajante, ora aprendendo,
ora ensinando.

Evidentemente os diferentes graus evolutivos de cada ser


humano, promovem as diferentes formas de busca do
conhecimento conforme a necessidade de cada um. Algumas
pessoas efetuam essa viagem de forma física, indo a um
determinado local buscando o conhecimento que tanto
almejam.

15
Outras, diferentemente, aprofundam-se em livros, revistas e
outros compêndios com o mesmo intento. Há ainda aqueles
que realizam viagens interiores, meditando sobre o que
sentem, vêem ou pensam, tentando encontrar seu eu pessoal.

O saber é um dos maiores desejosos do ser humano.


Conhecimento move o mundo e sempre quando nascem
interrogações e anseios de conhecer mais, de saber mais, o
homem continua sua trajetória em busca disso. Sua viagem em
busca do conhecimento. É esse o sentido do M.’. em iniciar
uma nova viagem a cada duvida surgida, a cada necessidade
de saber mais, entender melhor e evoluir.

Cada Grau pelo qual passa o M.’. é como uma nova viagem que
ele empreende, que se inicia em um determinado ponto, o grau
onde se encontra, e culmina com a passagem para o novo
grau, se reiniciando, na continuidade de sua jornada, em busca
do conhecimento desejado.

Essa alusão entre Viagem e a Passagem pelos graus, se deve


ao fato de o M.’. percorrer um longo calminho pelos diversos
graus da Maçonaria, onde deverá assimilar os ensinamentos
recebidos e demonstrar isso, como o viajante que passa por
terras novas, encontrando novas culturas e enriquecendo seu
conhecimento, e volto renovado, com a mente completa, mas
pronta a receber mais.

O M.’. pratica também uma viagem interior, avaliativa, quando

16
assimila esse conhecimento. Ele passa a analisar seu ser, seu
intimo e o que está a sua volta, buscando informações dentro
de si mesmo sobre suas duvidas, buscando compor sua
essência, saber quem é e o que precisa melhor e como pode
contribuir com o mundo externo.

Essa viagem pelo âmago do ser humano é a mais solitária das


viagens e é tão interminável quanto à busca pelo
conhecimento externo, pois o interno é eternamente mutável e
a cada viagem, novos anseios e novas duvidas se formam em
seu intimo, levando-o a querer mais e buscar mais.

Cada nova experiência em sua viagem externa, alimenta a alma


do M.’., com novas perspectivas, novas realidades, novas
virtudes e sentimentos. Essa é a viagem mais importante do
Maçom, pois é com ela que ele determinará o caminho para as
demais que ainda fará pelo longo de sua vida.

Viajar é substituir um lugar por outro, trocar a sua realidade


por outra que agora se vivencia.

Para o M.’., viajar significa também, trocar sua concepção das


coisas, mudar a percepção do mundo e aumentar seu nível de
conhecimento, chegar a um novo mundo.
O Maçom realiza uma viagem interior, em busca do próprio
conhecimento, de quem ele é e com o que pode contribuir com
o mundo a sua volta. Nessa viajem, diferente das viagens
efetuadas em sua iniciação, elevação ou exaltação, o M.’. não

17
apenas vivencia atribulações e dificuldades que irão justificar
sua aceitação e ensinar nossos simbolismos, mas sim
descobre um novo mundo, quebra preconceitos e aprende a se
descobrir ao invés de apenas descobrir algo.

Essa viagem é sem fim, culminando apenas com a ultima


jornada do Maçom, para o Or.’. Eterno, pois a busca por
conhecimento é infinita.
A/D

18
VENERÁVEL MESTRE E O TRONO DE SALOMÃO

April 06, 2016

Ao estar no comando da Loja, além da observância contínua


do contido nos ordenamentos administrativos, ritualísticos e
jurídicos, em consonância legal com os poderes constituídos,
o Venerável Mestre terá que avaliar, juntamente com os
componentes da sua administração, o que é prioritário. O que
é prioridade hoje, talvez não seja amanhã. Cada administração
tem sua forma de agir, que deve estar em sintonia com a
legislação pertinente.

É comum que cada Venerável Mestre imprima sua maneira, seu


toque, denotando particularidades inerentes ao ser humano,
algo congênito, parte subjetiva caracterizada com uma marca
pessoal. Há os que se dedicam e dão ênfase à administração,
empreendimentos, ritualística, e ainda ao social (filantropia).

19
É valioso ressaltar que Venerável Mestre é um cargo de
enorme envergadura. Sem dúvida, o maior cargo na Maçonaria
Simbólica. Não confundir com grau. Venerável Mestre não é
grau. Trata-se de um cargo de muita responsabilidade, que tem
conotação mística pelo que representa no seio maçônico e no
mundo profano.
Diria por analogia, que o Venerável Mestre poderia ser
comparado, em termos, a um Capitão de embarcação,
daquelas que navegam pelos oceanos. Empreendendo uma
viagem onde poderão ocorrer tempestades, ondas agitadas,
levantes, motins, calmarias, bonança e por aí vai. Lógico que
para viajar é preciso planejamento prévio e, na viagem,
planejamento de manutenção, relativo ao que for possível para
pôr a embarcação em funcionamento.

Na condição de comandante terá que saber ouvir. Não se


deixar levar num primeiro instante. Poderá sofrer pressões
veladas ou ostensivas. Será o ponto de equilíbrio. Ocorrerão
erros, isso é normal. Só erra quem faz. Dos erros, extraem-se
as maiores lições. E somente acerta quem tem iniciativa,
coragem.
Ao cabo da viagem empreendida que levou um ou dois anos,
estando prestes a atracar no porto, num dia e hora
determinados; o comandante terá então realizado uma viagem
que, certamente, exigiu muito da sua pessoa e dos demais
membros co-responsáveis.
Mesmo experimentando incompreensões e dificuldades, o
Venerável Mestre é amigo de todos, como um sol que se
irradia a todos que o recebem.

20
Por mais que soframos de perfeccionismo, todos nós temos
defeitos. Afinal, somos seres humanos. O erro é não admiti-los
e, pior, não tentar corrigi-los.

O cargo de Venerável é temporário e o exercício dignifica seu


ocupante, por ter sido escolhido entre seus pares para a
distinção de representá-los e conduzi-los à continuidade da
Loja, visto, pois, como iluminado para a direção dos trabalhos
e tudo fará com sabedoria precisa para a orientação dos
obreiros do quadro. Poderá até ser impecável no quesito
administrativo, mas deverá evitar esbarrar em problemas
como: falta de tato nas relações com os Obreiros;
acomodação; individualismo e até ausência de ética.
Na essência o Venerável Mestre é um coordenador, um
instrumento gerador de freqüência, de vibração, um modelo
organizador, mediador, aglutinador, preceptor e não um
mandante, decisor, chefe ou ditador, mesmo porque lhe cabe
manter a união do grupo, a harmonia do todo, o exemplo da
conduta maçônica.
Deve desenvolver uma visão de conjunto, assimilando as
atividades de forma mais ampla e realista. Aprendendo, acima
de tudo, a respeitar o outro.

O bom Venerável Mestre não é aquele que sempre resolve os


problemas que ocorrem em sua Loja, mas, sim, aquele cujos
problemas nunca ocorrem em sua Loja.
Sua posição embora a mais honrosa, é a mais difícil. Deve ser
absolutamente imparcial, não tomando partido nem deixando

21
perceber seus pontos de vista em relação às matérias objeto
de debates.

Os membros de uma Loja têm os mesmos direitos e deveres.


Ao Venerável cabe a difícil tarefa de manter esse equilíbrio.
Deve ater-se, em sua maneira de agir, a uma forma que todos
sintam seus direitos respeitados e cumpram seus deveres.
O Venerável não tem por missão impor normas; mas sim
fazê-las respeitadas sem que ninguém sinta. Sua missão é
sempre impessoal e ele não se impõe pela força. É apenas o
condutor dos trabalhos, equidistante das facções que no
plenário da Loja lutam pelas suas idéias.

Além das atribuições consignadas nos Landmarks, usos e


costumes, Rituais e tradições da Maçonaria Simbólica
Universal, compete ao Venerável, ao assumir o cargo, liderar
com inteligência, sabedoria e visão esclarecida para atingir
seu objetivo. Por isso é que uma Loja é, antes de tudo, o
retrato de seu próprio Venerável. Que a conduzirá bem ou mal,
segundo seu próprio modelo de vida.
O Venerável Mestre é uma figura que assume destaque e
proporções especiais. As suas atribuições definem-se em dois
planos: o administrativo e o esotérico.
PLANO ADMINISTRATIVO
No plano administrativo não há ainda um modelo de
administração, um vade-mecum (vai comigo) com esse
objetivo, ou seja, uma cartilha que ensine o “bê-á-bá”, a “cola”
para que o recém-empossado recorra quando em dúvida. Ele
haverá de interpretar, sistematizar por si mesmo.

22
O Venerável é o presidente da sociedade civil, que é a Loja. É o
seu administrador geral e o seu representante junto à Potência
ou Obediência a que a Loja se subordina. Sendo esta uma
organização à semelhança das empresas, não deve se
distanciar das teorias, métodos, técnicas e sistemas da
moderna administração, para atingir com segurança e eficácia
os resultados desejados.
PLANO ESOTÉRICO
No plano esotérico, o Venerável Mestre adquire a condição de
guia espiritual dos Obreiros, transformando-se num verdadeiro
sacerdote da Ordem.

O Venerável é especialmente quem deve “iluminar” a Loja com


sua Sabedoria e o reto julgamento que simbolicamente
representa, dirigindo construtivamente sua atividade. Como
presidente da Oficina, ele tem uma tarefa extremamente
pesada: é dele que dependem, em grande parte, a orientação
espiritual de sua Oficina e os trabalhos que aí são feitos.

O Venerável tem a sua disposição forças poderosas, sem fugir


do Rito e da liturgia. É preciso que elas sejam projetadas para
que se tornem edificantes, para que todos tenham a inabalável
certeza e sintam em seus corações toda a vibração e plenitude
do que é ser um verdadeiro Irmão.

Não se pode perder de vista a necessidade de nos


auto-examinarmos, com o devido cuidado para não sermos
severos com os outros e extremamente indulgentes conosco.

23
O Venerável que está de posse do Primeiro Malhete, não existe
para si mesmo, mas para os outros; esquece a si próprio para
servir aos outros.

Aquele que tem um cargo de comando deve estar ciente de


que comandar é a arte de “mandar com”; Para ser exercido
com sucesso nos ambientes maçônicos, onde o consenso
deverá sempre ser buscado. Para isso há de enfrentar
resistências, sobretudo aquelas existentes em seu próprio
coração.

Ao Venerável cabe interpretar os fatos, direcionar a ação,


tomar as decisões mais eficazes e fomentar a cooperação
entre todos. Se ninguém fizer nada (lei do menor esforço), tudo
continuará como está (lei da inércia) e acabará na desordem
(lei da entropia).
Sempre existirão diferentes formas de se compreender e
solucionar um problema ou melhorar alguma coisa. Basta
trilhar o caminho que conduz à Verdade e ao Bem, que não
faltarão os recursos necessários.
Não há lugar para ditaduras, submissão cega e veneração nos
ambientes maçônicos, onde o consenso será sempre buscado,
mesmo entre os Irmãos que possuam pontos de vista
diferentes.
O Venerável Mestre, sabendo o que tem a fazer, deverá tentar
fazê-lo de modo sensato, compreendendo que todos somos
Um, e que, portanto, só aquilo que o UNO quer, pode,
realmente, ser agradável a todos. Deve conduzir seu malhete
para que todos os Irmãos recebam alegria semelhante.

24
Denilson Forato M.'.I.'.

25
A COLMEIA E A MAÇONARIA

April 07, 2016

A Colmeia, e consequentemente a ação das abelhas, teve seu


aparecimento anteriormente no Egito, Roma antiga e no
mundo Cristão, antes de fazer parte do Simbolismo da Franco-
Maçonaria.

No antigo Egito, nos esclarece o Mestre Nicola Aslan, “a


Colmeia tinha interpretações místicas. Representava as leis da
natureza e princípios divinos. Lembrava que o homem devia
construir um lugar onde pudesse trabalhar, e isto era
representado pelo Templo. Dentro desse Templo todos
devemos estar ocupados numa produção cooperativa e
mútua”.

No século XVIII a Franco-Maçonaria adotou a Colmeia como


um símbolo do trabalho, ou seja, como símbolo da diligência,
assiduidade, esforço, da atividade constante.A Colmeia e suas

26
abelhas simbolizam também a Sabedoria, a Obediência e o
rejuvenescimento.

Desde então, este símbolo maçônico tem aparecido, e


antigamente com mais frequencia, nas ilustrações maçônicas.

Na “Enciclopédia da Franco maçonaria” de Albert G. Mackey, é


dito que os maçons devem “observar as abelhas e aprender
como são laboriosas e que notável trabalho elas produzem,
prevalecendo os valores da sabedoria, apesar de serem frágeis
e pequenas”.

Em outras literaturas, temos encontrado também que: “a


Colmeia é um emblema do trabalho assíduo, ensinando-nos
um comportamento racional e inteligente, laborioso e nunca
descansarmos enquanto tivermos ao nosso redor Irmãos
necessitados, aos quais podemos ajudar, sem prejuízo para
outros”.

E, para finalizar, podemos citar Ralph M. Lewis, na sua


interpretação mística desse Símbolo: “o homem deve modelar
suas ações e seu corpo físico de modo que possa conter e
preservar as riquezas, doçuras e frutos de seu trabalho e
experiências, não para um uso egoísta, mas para ajudar e
fortalecer aos outros”.

Alfério Di Giaimo Neto - MI

27
SER MESTRE MAÇOM É...

April 11, 2016

Mas do que uma chegada, uma nova partida, não um objetivo


atingido, mas um projeto sempre em execução.

A Exaltação à Mestria possibilita que o Obreiro atento o


entenda desde logo. Simplesmente, enquanto até aí o maçom
teve guias e apontadores de caminhos, quando a Loja concede
a um maçom a sua “carta” de Mestre, este se sente um pouco
como aquele que, após as suas lições e o seu exame de
condutor, recebe a sua carta de condução: está habilitado a
conduzir (a conduzir-se...), mas... inevitavelmente que sente
alguma ansiedade por estar por sua conta e risco, sem rede
que ampare suas quedas em possíveis erros.

28
Assim, apesar de serem as mais visíveis manifestações da
mudança de estado conferida pela Exaltação à Mestria, não
são o seu direito à palavra e o seu direito ao voto que são
importantes. Importante é a sua total capacidade de exercer o
seu verdadeiro e pleno direito ao seu caminho.

O direito a trilhar o seu caminho por si, só, se assim escolher


ou assim tiver que ser, ou acompanhado por quem quiser que
o acompanhe e que o queira acompanhar, se assim for de
vontade dos interessados, pelo tempo que quiser, por onde
quiser como quiser para o que quiser.

O direito ao seu caminho enquanto cidadão já o tinha desde


que atingiu a idade adulta e como adulto foi pela lei do Estado
considerado. O direito ao seu caminho enquanto maçom, ou
seja, o caminho do aperfeiçoamento, da busca da excelência,
da proximidade tão próxima quanto humanamente possível for,
da Perfeição, a ser trilhado por si só, como quiser, quando
quiser, pela forma que quiser, adquire-o o Maçom com a sua
Exaltação à Mestria, após o tempo de preparação que
necessário foi para que não seja em vão que esse direito lhe
seja conferido, para que efetivamente o exerça.

Porque é um direito que o Mestre Maçom deve exercer como


um dever, com a diligência do cumprimento de uma obrigação.

29
Ser Mestre Maçom é, assim, essencialmente cumprir o dever
de exercer o seu direito de escolher e percorrer o seu caminho
para a excelência. Para quem andou longo tempo a ser guiado,
não é fácil ver-se, de um momento para o outro, responsável
pelo seu caminho, sem ajuda, sem orientação, sem rede.

Responsável, porque livre, porque pronto, porque assim é o


destino do homem que busca o brilho da Luz, da sua Luz. Mas,
após uma pausa para ganhar orientação e pesar as suas
escolhas, todos os Mestres Maçons seguem o seu caminho –
porque para isso foram preparados, por isso são Maçons, com
isso são verdadeiramente Mestres.

O caminho que cada Mestre Maçom decide escolher tem em


conta a primacial pergunta que faz a si mesmo: Que fazer
como fazer, para ser melhor?

A essa pergunta cada Mestre Maçom vai obtendo a sua


resposta, pessoal, íntima, tão diferente das respostas de
outros quanto diferente dos demais ele é. E é na execução da
resposta que vai obtendo, no traçar do trabalho que essa
resposta propõe que o Mestre Maçom constrói, porque
construtor é, o seu percurso.

30
E a cada estação conquistada, novamente a mesma pergunta
de sempre se lhe coloca: que fazer como fazer agora para ser
de novo melhor?

E nova resposta e novo percurso e nova paragem, com nova e


sempre a mesma pergunta, com outra resposta e outro
percurso, incessantemente se apresentam.

Mas o Mestre Maçom não sabe apenas buscar a resposta à sua


pergunta. Sabe também que, embora cada um trilhe o seu
solitário caminho, os caminhos dos maçons têm muito de
comum e, sobretudo são postos por eles muito em comum.

O Mestre Maçom sabe assim que o que adquire o que ganha, o


que aprende, o que consegue, não é para ser avaramente
fruído apenas por si, antes é para ser posto em comum com a
Loja, pois também é do comum da Loja que recolhe
contributos, ajudas, meios, ferramentas, para melhor e mais
frutuosamente obter respostas às suas perguntas.

Ser Mestre Maçom é, assim, sempre, dar o seu contributo à


Loja, seja no que a Loja lhe pede e ele está em condições de
dar, seja no que ele próprio considera poder tomar a iniciativa
de proporcionar à Loja.

31
Porque ser Mestre Maçom é também saber que, quanto mais
der, mais receberá que a sua parte contribui para o todo, mas
também aumenta em função do aumento desse todo e que,
afinal, não é vão o dito de que “dar é receber”.

Ser Mestre Maçom é, portanto saber que o seu percurso


pessoal será mais bem e mais facilmente percorrido se o for
com a Loja, pela Loja, a bem da Loja. Porque o bem da Loja se
traduz em acrescido ganho para o maçom, que assim
consegue realizar o paradoxo de ser um individualista
gregário, porque integra e contribui para um grupo que é
gregário porque preza e impulsiona a individualidade dos que
o compõem.

Ser Mestre Maçom é descobrir que a melhor forma de aprender


é ensinar e assim escrupulosamente executar o egoísmo de
ensinar os mais novos, os que ainda estão a trilhar caminhos
que já trilhou, dando-lhes o valor das suas lições e assim
ganhando o valor acrescido do que aprende ensinando – e
sempre o homem atento aprende mais um pouco de cada vez
que ensina.

Ser Mestre Maçom é comparecer e trabalhar na Loja, mas,


sobretudo trabalhar muito mais fora da Loja. Porque o que se

32
faz em Loja não passa de “serviços mínimos” que apenas
permitem a sobrevivência da Loja e o nível mínimo de
subsistência do maçom.

O trabalho em Loja é apenas um princípio, uma partícula, uma


gota, uma pequena parte do trabalho que o Mestre Maçom
deve executar em cada um dos momentos da sua existência.

Ser Mestre Maçom é, portanto mais do que aguardar que algo


lhe seja pedido, antes tomar a iniciativa de fazer algo – não
para ser reconhecido pela Loja, mas essencialmente por si,
que é o que verdadeiramente interessa.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente fazer grandes


coisas, excelsos trabalhos, admiráveis construções. Mais
válido e produtivo é o Mestre Maçom que dedica apenas cinco
minutos do seu dia a fazer algo muito simples em prol da sua
Loja, da Maçonaria, afinal de si próprio, desde que o faça
efetivamente todos os dias, do que aquele outro que uma vez
na vida faz algo estentório, notado, em grande estilo, mas sem
continuidade. Porque a vida não se esgota num momento, nem
numa hora, nem num dia. A vida dura toda a vida e é para ser
vivida todos os dias de toda a vida.

33
Ser Mestre Maçom não é necessariamente ser brilhante, mas é
imprescindivelmente ser persistente E o Mestre Maçom que
persistentemente realize dia a dia, pouco a pouco, o seu
trabalho, pode porventura passar despercebido, não receber
méritos nem medalhas nem honrarias, mas tem seguramente o
maior mérito, a maior honra, a melhor medalha, o maior
reconhecimento a que deve aspirar: o de ele próprio
reconhecer que fez sempre o seu trabalho deu o seu melhor,
persistiu na sua tarefa e, de cada vez que olhou para si
próprio, viu-se um pouco, um poucochinho que seja melhor do
que se vira da vez anterior.

E assim sabe que, pouco a pouco, no íntimo do seu íntimo,


sem necessidade que outros o honrem por tal, ganhou um
pouco mais de brilho, está um passo mais próximo do seu
objetivo, continua frutuosamente percorrendo o seu caminho
para o que sabe ser inatingível e, no entanto, persiste em
procurar estar tão próximo de atingir quanto possível: a
Perfeição!

Em suma, ser Mestre Maçom define-se com o auxílio de uma


frase que li há algum tempo e que foi dita por alguém que creio
até que nem sequer foi maçom, Manuel António Pina,
jornalista, escritor, poeta, laureado com o Prêmio Camões em
2011, falecido em 19 de outubro de 2012: o Mestre Maçom é
aquele que aprendeu e que pratica que o mínimo que nos é
exigível é o máximo que podemos fazer.

34
Fonte: A PARTIR PEDRA( BLOGUE SOBRE MAÇONARIA
ESCRITO POR MESTRES DA LOJA MESTRE AFFONSO
DOMINGUES). Acesso
em http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2013/04/ser-mestre-macom-e

35
O QUE SIGNIFICA LOJA MAÇÔNICA?

April 12, 2016

Qual maçom nunca foi questionado por um profano do por que


do termo “LOJA”?
Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa
nas Lojas, para justificar o nome. Alguns, fanáticos e
ignorantes, chegam a ponto de indagar que é na Loja que os
maçons vendem suas almas!
Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que, só porque
“loja”, em português, denomina um estabelecimento
comercial, isso não significa que o mesmo termo em outras
línguas tem o mesmo significado. Vejamos:

“Loge”, palavra francesa, pode se referir à casa de um caseiro


ou porteiro, um estábulo, ou mesmo o camarote de um teatro.
Mas os termos franceses para um estabelecimento comercial
são “magasin”, “boutique” ou “commerce”.

36
Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”,
significa cabana, casa rústica, alojamento de funcionários ou a
casa de um caseiro, porteiro ou outro funcionário. Os termos
mais apropriados para um estabelecimento comercial em
inglês são “store” ou “shop”.
Já o termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno
cômodo, tenda, mas também pode designar galeria de arte ou
mesmo varanda. Os termos corretos para um estabelecimento
comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”.
Em espanhol, “logia”, derivada do termo italiano “loggia”,
denomina alpendre ou quarto de repouso. As palavras mais
adequadas para estabelecimento comercial são “tienda” e
“comercio”.
Por último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não
tem apenas a grafia em comum com o francês, mas também o
significado: um pequeno cômodo mobiliado para porteiro ou
caseiro, ou um camarote. Já os melhores termos para
estabelecimento comercial em alemão são “kaufhaus”,
“geschaft” ou “laden”.
Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas
nas línguas francesa, italiana, espanhola, alemã e inglesa,
pode-se compreender que as expressões referem-se a uma
edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, e não a
um estabelecimento comercial.
Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria
Operativa, em que os pedreiros costumavam e até hoje
costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de
obras, onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus
descansos.

37
Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas
ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge,
loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa,
italiana e espanhola.
A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse
significado não seria “loja” e sim “alojamento”. Nossas Lojas
Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de
construtores especulativos. Isso fica evidente ao se estudar a
história da Maçonaria em muitos países de língua espanhola,
que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em
substituição à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras
têm o mesmo significado.
À luz dos significados dos termos que designam as Lojas
Maçônicas em outras línguas, podemos observar que a teoria
amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra
“Loja” é herança das lojas onde os artesãos vendiam o
“handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho manual, além de
simplista, é furada. Se fosse assim, os termos utilizados nas
outras línguas citadas teriam significado similar ao de
estabelecimento comercial, se seria usado em substituição às
outras palavras que servem a esse fim.
Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de
obras e ver à margem aquela estrutura simples de madeira
compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis,
prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes
equipada também com um colchão para o pedreiro descansar
à noite, lembre-se que essa estrutura é a versão atual daquelas
que abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, e
que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.

38
Kennyo Smail
Fonte: porentreospilares.blogspot.com.br

39
O CRESCIMENTO MAÇÔNICO NOS GRAUS FILOSÓFICOS

April 13, 2016

A expressão Graus Filosóficos já se tornou corrente na


Maçonaria. Usa-se a mesma em contraposição a Graus
Simbólicos. Conquanto já faça parte de nossos usos &
costumes, inclusive sendo útil para diferenciar os graus
anteriores dos posteriores criados na história dos Ritos, essas
expressões objetivam conceitos extremamente inadequados
que nos servem de paradigmas inconscientes.

Quando nos referimos à Maçonaria, independentemente dos


graus dos quais estejamos falando, invariavelmente nos vem à
mente a ideia de uma "filosofia".

Não há como ser diferente, pois uma instituição que pretende a


construção de um determinado modelo de homem, almejando
com isso uma profunda transformação social, terá

40
obrigatoriamente uma "filosofia", que é permanentemente
atualizada em suas lendas, ritos, mitos, símbolos e doutrinas.

Mesmo se estiver de acordo com esse raciocínio, o leitor


atento provavelmente estará se perguntando a razão de
colocarmos "filosofia" entre aspas. Para diferenciá-la de
Filosofia, com "f" maiúsculo.

Desejamos defender aqui a tese de que, ao falarmos de


Maçonaria, existe uma diferença entre "filosofia" e Filosofia, e
que isso é fundamental para nossa práxis.

Estudar e conhecer Filosofia podem ser sinônimos de erudição


ou indicação de um status profissional. Erudito, segundo os
dicionários, é quem tem instrução vasta e variada, que é
sabedor de muitas coisas.

Um professor de Filosofia, um filósofo profissional ou alguém


com "amor à sabedoria" (que é o que significa o termo) podem
ser eruditos em Filosofia; conhecer autores e obras, sistemas
filosóficos e história da Filosofia. Isso não faz de nenhum
deles um filósofo, no sentido existencial.

41
Assim como conhecer profundamente Teologia não faz de
alguém um religioso.

Começa a aparecer a pedra de toque para fazer a distinção que


pretendemos. Dois parágrafos acima, falávamos de práxis.
Devemos diferenciar práxis de prática.

Prática se refere, ainda segundo o dicionário, ao ato ou efeito


de praticar; à experiência nascida da repetição dos atos.
Necessitamos prática para dirigir automóveis ou para realizar
uma cirurgia.

Já práxis é a totalidade nosso agir enquanto seres humanos.


Cada ação humana implica aspectos objetivos (como fazer,
falar, produzir) e aspectos subjetivos (como valores,
ideologias, condicionamentos de toda ordem e as atitudes
deles decorrentes).

Prática se refere ao que eu sei fazer; práxis se refere ao que eu


sou.

Paulo Freire, o notável pedagogo brasileiro, já nos ensinava


que a atividade essencialmente humana é a reflexão, e a práxis

42
humana deve ser composta de ação e reflexão; assim mesmo:
uma ação de mão dupla onde as partes são inseparáveis com
o perdão da redundância. Quando em nossa existência nosso
agir está dissociado da reflexão, nos alienamos.

Quando alienados, por mais ativos que sejamos não somos os


senhores de nossa história; não estamos na direção de nossas
vidas. Somos levados pelas circunstâncias.

Para desalienar-se é preciso "filosofar", perquirir, duvidar. Os


fatos nos são dados pela existência, e podem ser organizados
pela Economia, pela Sociologia, pela Antropologia, mas é
"filosofando" que os interpretamos que os julgamos e que os
transcendemos.

Nesse sentido de um compromisso consciente com a


existência é que devemos ser seres ativos e reflexivos, isto é,
adotar uma postura naturalmente filosófica. Essa postura
implica numa atitude inquiridora e cética, sem ser relativista ou
cínica.

Devemos ser filósofos no sentido do ideal marxiano de ser


pescador pela manhã, poeta à tarde e filósofo à noite, sem que
sejamos pescadores profissionais, poetas profissionais ou

43
filósofos profissionais.

A Filosofia nos será ferramenta de aprimoramento do olhar e


do raciocínio, e para isso é importante conhecer os filósofos e
seus pensamentos. "Filosofar", porém, será nossa atitude
constante.
Eis porque, meus Irmãos, conceber graus filosóficos e
não-filosóficos na Maçonaria é defender uma posição
maçonicamente contraditória, pois não pode haver Maçonaria
que não seja essencialmente filosófica.

E, consequentemente, não pode haver maçom que não seja


filósofo. Se fomos iniciados, então nos basta "saber" sinais,
toques e palavras; "conhecer" algumas instruções e
princípios.

Se somos iniciados, então sinais, toques e palavras servirão


para reconhecermos pessoas com as quais teremos uma
identidade de interesses, de convicções, de posturas sociais e
espirituais; viveremos nossos princípios, pois eles serão
coincidentemente compreendidos e livremente aceitos.

A Iniciação é uma conversão, uma metanóia. Os Irmãos que


nos acolhem numa Loja, dirigentes ou não, podem apenas nos
fazer o convite, nos mostrar o caminho e nos fornecer as
ferramentas.

44
O sim terá que ser nosso. A transformação de nossa atitude
perante nós mesmos e perante o mundo é tarefa
exclusivamente nossa. E responderemos solitariamente às
nossas consciências pela nossa decisão.

Se não realizarmos essa conversão, continuaremos


frequentando Lojas simbólicas, onde apenas repetiremos
enfadonhos gestos e palavras, e Lojas filosóficas, onde
apenas recordaremos o Cobridor e leremos os rituais.

E voltaremos à nossa vida real sem marcas, sem sinais, sem


toques e sem palavras.

BIBLIOGRAFIA
Francisco C. L. Pucci
M.'. M.'. - ARLS Profeta Elias, Grande Loja do Paraná, Brasil

45
O ORGULHO, A VAIDADE E A IRA NO "MEIO MAÇÔNICO"

April 14, 2016

O PECADO é uma atitude humana contrária às leis divinas


tendo sido definido pela Igreja Católica no final do século VI,
durante o papado de Gregório Magno que anunciou para o
mundo profano, os sete pecados capitais provenientes da
natureza humana: avareza, gula, ira, luxúria, preguiça, soberba
e vaidade.
Posteriormente, no século XIII, foram definitivamente
incorporados e firmados pelo teólogo São Thomas de Aquino.
Por questões práticas, no sentido de alcançar o nosso objetivo
relativamente ao tema destacado, trataremos apenas dos três
pecados capitais que permeiam com maior realce no nosso
meio.
Neste sentido, necessário se faz que definamos cada pecado
ou pelo menos identifiquemos suas principais características.
Usamos o termo meio maçônico, entre aspas, no título deste
artigo para destacar o antagonismo existente entre a postura
que deve ser adotada nesse meio e os pecados capitais ou
vícios de conduta citados, os quais, infelizmente, os
percebemos.

46
Um dos sete pecados capitais que se manifesta nas pessoas
na forma de ORGULHO e ARROGÂNCIA é a SOBERBA, termo
que provém do latim - superbia, é um sentimento negativo
caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as
demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de
arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou
variáveis reais.
As manifestações de soberba podem ser demonstradas de
forma individual ou em grupo. Nos casos de grupos,
escolhidos ou eleitos, se firma na crença de que é superior.
A manipulação da soberba, do orgulho e da pretensão de
superioridade de um grupo pode mobilizar conflitos sociais,
onde os sentimentos de uma massa humana pouco crítica
servem aos interesses políticos, econômicos, ideológicos de
seu líder.
O soberbo quer superar sempre os outros, mas quando é
superado, logo se deixa dominar pela inveja. Quando se sente
ameaçado, atingido, procura depreciar os outros e
vangloriar-se, sem que para isso se estruture para se superar
ou até fazer uma avaliação da vida, dando-se em determinado
momento por satisfeito.
O soberbo produz desarmonia na sociedade como estratégia
para manter a soberba e se colocar sempre em evidência. A
sociedade se tornando harmônica, com todos os indivíduos
sendo e vivendo de maneira igual, liberta e fraterna, não
propiciará espaço para a soberba.
Agindo com humildade se consegue combater a soberba nas
suas mais diversas formas, evitando a ostentação, contendo
as vaidades e fazendo com que o soberbo olhe o mundo não

47
apenas a partir de si, mas principalmente ao redor de si.
O orgulho como uma das formas de manifestação da soberba
se traduz pela satisfação incondicional do soberbo ou quando
seus próprios valores são superestimados, acreditando ser
melhor ou mais importante do que os outros, demonstrando
vaidade e ostentação que em limite extremo transforma-se em
arrogância.
A arrogância é outra forma de manifestação da soberba. É o
sentimento que caracteriza a falta de humildade. É comum
conotar a pessoa que apresenta este sentimento como alguém
que não deseja ouvir os outros, aprender algo de que não
saiba ou sentir-se ao mesmo nível do seu próximo.
O orgulho excessivo e a vaidade sem limites que se traduz na
arrogância, se mostra na forma de luta pelo poder econômico,
pela posição social e pela perpetuação no poder.
Quando chega a ocupar cargo eletivo ou de nomeação busca
impressionar os incautos, realçando o despotismo que trata
os súditos como escravos.
Diferentemente da ditadura ou da tirania, o despotismo não
depende de o governante ter condições de se sobrepor ao
povo, mas sim de o povo não ter condições de se expressar e
autogovernar, deixando o poder nas mãos de apenas um, por
medo e/ou por não saber o que fazer.
No Despotismo, segundo Montesquieu, apenas um só governa.
É como não houvesse leis e regras arrebata tudo sob a sua
vontade e seu capricho.
A VAIDADE humana, como um dos sete pecados capitais, se
manifesta nas pessoas pela preocupação excessiva com o
aspecto físico para conquistar a admiração dos outros, pela

48
posição social que busca ocupar na sociedade ou através de
ocupação de cargos.
Uma pessoa vaidosa pode ser gananciosa, por querer obter
algo valioso, mas é só para promover ostentação perante os
outros.
Um ser humano invejoso, por sua vez, identifica com bastante
facilidade um ser humano vaidoso, pois os dois vícios se
complementam, um é objeto do outro.
Nos Ensaios de Montaigne há um capítulo sobre vaidade. Um
escritor brasileiro, Flávio Gikovate, tem se dedicado a analisar
a influência da vaidade na vida das pessoas e seus impactos
na sociedade.
Uma das abordagens da vaidade na literatura é feita por Oscar
Wilde no livro “O Retrato de Dorian Gray”, onde o principal
tema é a vaidade do personagem Dorian, onde o jovem é ao
mesmo tempo velho, e o velho é ao mesmo tempo novo.
Por fim, trataremos da IRA como pecado capital.
A ira é uma atitude que às pessoas manifestam pelo
sentimento de vingança, de ódio, de raiva contra seus
semelhantes ou às vezes até contra objetos.
É uma emoção negativa que aniquila a capacidade de pensar e
de resolver os problemas que a originam.
Sempre que projetamos a ira a outro ser humano, produz-se a
derrubada de nossa própria imagem e isto nunca é
conveniente no mundo das inter-relações.
A ira combina-se com o orgulho, com a presunção e até com a
auto-suficiência. A frustração, o medo, a dúvida e a culpa
originam os processos da ira. A ira humana facilmente se torna

49
pecaminosa.
Quando começamos a defender nosso Ego, quando atacamos
alguém ao invés de atacar o erro dele, quando a chama da ira é
alimentada, ela se torna um fogo que destrói.
Feitas as devidas considerações sobre o conjunto de alguns
vícios da conduta humana ou pecados capitais, vamos nos
transportar para o meio maçônico e estabelecer uma relação
de homomorfismo para que possamos fazer uma reflexão
sobre algumas práticas que constatamos no nosso cotidiano.
O comportamento de um maçom, segundo os ditames da
nossa Sublime Ordem, deve ser irreparável.
Não se deve, nem se pode adotar ação alguma que realce
soberba, vaidade e ira, sobretudo quando essa ação é
praticada por irmão que é autoridade maçônica, que ocupa
cargo maçônico eletivo ou de nomeação.
Em caso de comportamento ou ação que comprometem a
imagem da nossa ordem e atentam contra os postulados
universais da Maçonaria.
Deve seu autor ser alertado por qualquer irmão que perceba o
desvirtuamento no sentido de que o mesmo possa proceder à
correção do seu comportamento ou ação.
O Irmão alertado deve receber a observação de forma natural
entendendo que o irmão que o alertou o fez no sentido de
promover a sua melhoria, o seu crescimento.
Nunca deve reagir com ira.
A excelência da Maçonaria se ergue sobre o suporte da
Fraternidade e não do Ódio.

50
O irmão deve ter humildade suficiente para compreender o
reparo. Não deve ser soberbo nem vaidoso e receber a crítica
como construtiva, principalmente pelo fato de ocupar cargo
maçônico.
Não há demérito para a autoridade maçônica quando é alertada
por um irmão hierarquicamente inferior. Em primeiro lugar está
o irmão maçom não a autoridade maçônica.
O Maçom tem por dever cavar masmorras aos vícios em todas
as suas formas, inclusive aos vícios de conduta aqui
anunciados, pois assim, estará levantando templos às virtudes
e, por conseguinte, fazendo novos progressos.
As atitudes que expressam, com clareza, esses pecados
capitais, esses sentimentos pífios e inconsequentes, que
levam ao desânimo àqueles maçons que podem afirmar com
toda propriedade “MEUS IRMÃOS COMO TAL ME
RECONHECEM”, devem ser banidas do nosso meio.
As autoridades Maçônicas constituídas têm que asseverar a
hierarquia sim, mas não cometer excessos.
Tem que conhecer, e conhecer bem a disciplina.
A disciplina e a hierarquia são sustentáculos da Maçonaria,
logo, o verdadeiro Maçom deve ser um homem disciplinado e
que respeita a hierarquia.
O Maçom disciplinado é instruído, não é propenso a soberba,
nem a vaidade e nem a ira.
O Maçom não tem orgulho, tem honra. O Maçom não tem
vaidade, tem felicidade. O Maçom não tem ira, tem
irresignação.

51
A disciplina se constitui de um conjunto de ações planejadas e
coordenadas que obedecem a regras, leis.
Portanto, para exercitar a disciplina precisamos nos deter aos
ensinamentos maçônicos contidos na Prancheta de Traçar, na
régua de 24 polegadas, no esquadro e no compasso.
Não podemos agir de forma desordenada, indisciplinada e
exigirmos que os outros façam de forma diferente. Os nossos
atos falam mais do que as nossas próprias palavras.
A Pior coisa que existe é o Maçom dar um bom conselho e em
seguida um mau exemplo.
Valendo-me das sábias palavras do meu pranteado pai, que
dizia: “meu filho se você quiser saber quem é a pessoa, não
preste atenção o que ela diz preste atenção o que ela faz”, pelo
direito hereditário que me assiste, vou plagiar a máxima do
meu velho e dizer: “meus irmãos se quiserem saber quem é o
maçom, não preste atenção ao que ele diz e escreve preste
atenção ao que ele faz”.
O verdadeiro maçom se faz ser reconhecido, não pelas suas
palavras, mas sim, pelos seus atos.
A maior autoridade é o exemplo. Quando recebemos críticas,
sobretudo críticas construtivas, precisamos ser disciplinados
para ouvi-las, processá-las, fazer uma auto-avaliação e uma
reflexão para melhorar nossos procedimentos, adequando-os
as regras do bom convívio.
Precisamos dar bons exemplos, principalmente, para
Aprendizes e Companheiros, eles precisam de bons
ensinamentos, eles precisam ser bem instruídos, eles
precisam de referência para defender a nossa Sublime
Instituição.

52
Um Maçom disciplinado, instruído, é um maçom humilde,
dedicado, útil, competente nos Augustos Mistérios.
Não é soberbo, não tem vaidade e não tem ira.
Nunca oportunista e inconsequente, nunca com
comportamento de desrespeito aos Irmãos e aos nossos
Templos Sagrados. Temos que fazer de nossos Templos, além
do natural relicário da Fraternidade, centros operativos de
Cultura e Civismo, na sustentação dos supremos fins de
Liberdade, Justiça e Paz.
Um Maçom disciplinado, instruído, dificilmente será
manipulado para se tornar massa de manobra e se deixar levar
por ofertas de medalhas, títulos, cargos e elogios.
Um Maçom disciplinado e instruído ao ocupar cargos
maçônicos jamais se transformará em um déspota.
Um Maçom disciplinado respeita às autoridades constituídas e
os seus irmãos outros por entender, na essência, o estado
democrático de direito, a importância administrativa e política
desses cargos e o papel de cada um desses irmãos no
processo de democratização da sociedade.
O maçom disciplinado entende que a livre expressão do
pensamento como direito fundamental do homem em qualquer
seguimento da sociedade moderna, sobretudo em uma
sociedade maçônica, deve ser exercido na sua plenitude para
transformação da sociedade na busca de melhores dias.
Um maçom disciplinado e instruído ver na autoridade
maçônica, primeiro um irmão, não um superior hierárquico, e
por este fato, exige comportamento maçônico deste.

53
As autoridades constituídas, mais que os demais irmãos
maçons que não ocupam cargos, tem por obrigação dar bons
exemplos.
A hierarquia e a disciplina, sobretudo a disciplina, têm levado a
nossa Sublime Ordem a obter a confiança e o respeito da
sociedade em todo orbi terrestre, contudo, é necessário que se
saiba que de quando em vez nos deparamos com alguns
irmãos que atropelam os limites e passam a claudicar no
exercício do seu desiderato, promovendo a desarmonia,
provocando a discórdia e, conseqüentemente, gerando a
indisciplina.
O maçom pode e deve discordar de uma autoridade maçônica
construída quando esta não desempenha o seu cargo com
dignidade, probidade, humildade e competência.
Logicamente, é preciso que seja feito dentro dos padrões de
civilidade e de urbanidade, sem ira, com contestações
fundamentadas e nunca levianas, uma contestação
responsável que exija dessa autoridade o fiel cumprimento dos
encargos que o cargo lhe impõe por estrita obrigação do
dever.
O respeito à hierarquia deve acontecer visando servir à
instituição e não às pessoas.
A nossa capacidade de opinar sobre a vida política e
administrativa da nossa Obediência obtém maior
expressividade no ato do voto, que é secreto, quando
elegemos nossos representantes, quando elegemos um irmão
para um cargo maçônico.
Lamentamos que os membros dos tribunais maçônicos, ainda,
não sejam eleitos pelo povo maçônico.

54
ORGULHO, VAIDADE e IRA, essa trilogia não é nossa.
Precisamos bani-la do nosso meio. Só depende de você, só
depende de nós.

Ir. Otacílio Batista de Almeida Filho* (33) – M.I


*Membro da ARLS Obreiros da Justiça n.º 3209, Oriente de
Campina Grande - PB

55
O USO DA PALAVRA EM LOJA

April 15, 2016

Quem fala muito atrapalha a reunião! Mas por que isso


acontece? Por dois motivos: vaidade e ingenuidade.
A vaidade é, facilmente, notada quando o locutor coloca os
verbos na primeira pessoa; suas manifestações parecem
testemunhos. Ele julga que, em todos os assuntos da Loja, os
Irmãos devem escutar sua opinião e tem a capacidade de
ocupar mais tempo do que o ritualizado para o Quarto de Hora
de Estudos.
A ingenuidade é aparente naqueles que saúdam as
autoridades, visitantes e, ainda, dão as conclusões sobre a
Sessão (funções do Orador). Também, sempre, manifestam-se
sobre as Instruções (função das Luzes ou daqueles que o
Venerável indicar); após a leitura do Balaústre, pedem a
palavra, saúdam, nominalmente, todos os presentes e
questionam o Secretário sobre qualquer questiúncula, o que
deveriam fazer após a Sessão.

56
Devemos entender que qualquer reunião, ultrapassando duas
horas, é cansativa e improdutiva; há Irmãos que trabalharam o
dia inteiro e desejam, à noite, encontrar o grupo para serenar
os ânimos e harmonizar-se com o Criador. Vivemos num
tempo onde o perigo é uma constante e a abertura da porta de
um lar após as 23h é um risco para toda a família.
Observemos que, quando o Irmão falador pede a palavra, toda
a Oficina “trava” e, assim, há uma quebra do Egrégora da
Sessão. Por outro lado, quando aquele Irmão, que pouco se
manifesta, pede a palavra, todos se voltam para ele com
atenção e respeito.
Devemos nos conscientizar de que, se quisermos contribuir
para a formação dos Irmãos, deveremos fazê-lo pelo Exemplo,
e não pela palavra! A verborreia é uma deficiência, um vício,
que avilta o homem!
Quando formos visitar uma Loja, estaremos lá para aprender, e
não para ensinar. O silêncio torna-se uma prece nas Sessões
Magnas, compreensivelmente mais longas e, sempre, com a
presença de outros visitantes; deixemos que o Orador nos
apresente e fiquemos com o Sinal de Ordem, para dizer a toda
a Oficina que somos o nominado e estamos de P∴ e à O∴.
Dar os parabéns pelos trabalhos só é necessário para os que
têm necessidade de lustro na vaidade. Se o Irmão quiser
ocupar mais de três minutos (tempo mais que salutar), pode
agendar com o Secretário sua participação no Quarto de Hora
de Estudos ou na Ordem do Dia.
No período, destinado à Palavra a Bem da Ordem em Geral e
do Quadro em Particular, devemos priorizar, trazendo notícias
dos Irmãos ausentes (não vale justificar a falta, pois deve ser

57
feito por escrito pelo mesmo, acompanhado obrigatoriamente
do óbolo) e louvando os feitos da Ordem.
O Livro da Lei nos ensina: “Pois o Reino de Deus não consiste
em palavras, mas na virtude” (I Coríntios: 4,20). Lembremo-nos
de que todos nós, independente do Grau ou de Cargos, somos
responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.
Autor: Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt, Nº25 – GLMMG

58
A ESCALADA INICIÁTICA

April 17, 2016

A Maçonaria como instituição iniciática observou e incorporou


conhecimentos das grandes escolas de pensamento da
antiguidade e as sintetizou em uma escala crescente, através
de graus como hoje conhecemos.

No Primeiro Grau, o Aprendiz Maçom simbolicamente é uma


criança, que não sabe falar, limitando-se a ouvir e aprender
tudo o que se passa em nossos trabalhos.

O Aprendiz se ocupa simbolicamente do trabalho material, no


desbastar da pedra bruta, informe, para transformá-la numa
pedra polida cúbica, tal qual era realizado nos canteiros de
obras medievais, já que o cubo é sólido geométrico

59
fundamental para as construções, pois é o único que, com os
outros iguais, se encaixa, perfeitamente, sem deixar espaços,
na elevação das paredes de um edifício.

Do ponto de vista místico, todavia, esse desbastamento


simboliza o aperfeiçoamento material, intelectual e espiritual
do Aprendiz.

O Companheiro é aquele que está colado no Segundo Grau da


Maçonaria Simbólica. Histórica e doutrinariamente, o Grau de
Companheiro é o mais importante da Maçonaria, já que ele
representava o ponto mais alto da escalada profissional, nas
antigas corporações de ofício que conhecemos como a Antiga
Maçonaria Operativa.

No início da Maçonaria Especulativa, só existiam os


Aprendizes e Companheiros. Mestre era o mestre de obras,
sempre escolhido entre os Companheiros mais experientes.
Historicamente ele é, portanto o mais legítimo Grau Maçônico,
por mostrar o obreiro já formado profissionalmente.

Os Mistérios de Elêusis possuíam um segundo grau, o dos


Epoptas, que recebiam mais profundas instruções sobre a
origem do universo e do homem, sobre o domínio da mente e
sobre a alta espiritualidade; o símbolo do grau era uma espiga
de trigo, que, além de representar a fartura, aludia, também, a
renovação sempre constante da natureza, através da morte e

60
ressurreição, como no ciclo imutável dos vegetais.

Evidentemente o Grau de Companheiro Maçom nada tem a ver


com os Epoptas, mas existem algumas influências esotéricas,
como a espiga de trigo, que também é um importante símbolo
desse grau maçônico.

Nas escolas pitagóricas, o segundo grau era o dos


Matemáticos, que, saídos da condição de ouvintes, já
colocavam em prática o cerne da doutrina pitagórica,
descobrindo as correspondências entre as ciências.

A palavra Companheiro é de origem latina, derivada da


expressão cum panis, onde cum é a preposição com e panis é
o substantivo masculino pão, significando então participantes
do mesmo pão.

Enquanto o Aprendiz se ocupa do trabalho material, o


Companheiro, mais aperfeiçoado, dedica-se ao trabalho
intelectual, para chegar à realização da pedra cúbica, assim
sendo, passa dos trabalhos materiais aos trabalhos
concernentes às forças astrais; aprende a manejar os
instrumentos que permitem a transformação da matéria sob o
efeito das forças físicas manejadas pela inteligência; aprende
também que além das forças físicas existem forças de uma
ordem mais elevada, representadas pelo resplandecer da
Estrela Flamejante, que sem nomeá-las, permite-se que ele
pressinta pela contemplação da mesma.

61
O sentimento de solidariedade ou companheirismo que nasce
de tão íntima comunhão, é, e deveria ser a característica
fundamental deste grau maçônico.

O Aprendiz, em virtude de seus conhecimentos ainda


rudimentares, e de sua incapacidade simbólica para uma obra
realmente eficiente, por não ter sido ainda provadas sua
perseverança e firmeza de propósitos, não pode sentir ainda
esta solidariedade que nasce do sentimento de igualdade com
os que praticam a arte; sendo que deve esforçar-se
constantemente para estar alinhado com os princípios, e poder
chegar assim em nível com aqueles que se nos estabeleceram
mesmos.

A igualdade deve ser a característica principal do


Companheiro que aspira elevar-se interiormente até o seu mais
elevado ideal e, em consequência, ao nível dos que se
esforçam no mesmo caminho e para as mesmas finalidades.

Sem dúvida, o aprendizado que o aspirante terminou


simbolicamente, ao ser admitido no Segundo Grau, ainda não
está concluído: onde quer que estejamos e em qualquer
condição, em qualquer grau maçônico não deixamos de ser
aprendizes, porque sempre temos algo a aprender. E este
desejo ou atitude para aprender é a condição permanente de
toda possibilidade de progresso interior.

62
A Maçonaria é, pois, uma ciência e uma arte que deve
constantemente ser aplicada na vida cotidiana, e esse é o
modo que deve ser compreendido pelo maçom de qualquer
grau. Assim levará nossa augusta instituição sua missão vital
para todo ser humano, e se converterá em meio poderoso de
progresso e elevação social.

Marcelo Antunes de Araujo – C.’.M.’.


ARFGBLM Amizade Fraternal Segunda nº 12
Oriente de Cabo Frio – RJ

63
QUALIDADES MAÇÔNICAS

April 18, 2016

Sempre que em maçonês se fala em "qualidades maçônicas",


não se está a abordar nenhum adjetivo em concreto, mas antes
funções e cargos ocupados por membros dos quadros de
obreiros das lojas maçônicas.
Para erigir e fazer funcionar uma Loja é necessária uma
determinada quantidade Mestres, para fundar uma Loja são
necessários 7 mestres e para o seu funcionamento pelo menos
5 mestres, sendo o ideal existir um mínimo de 7 mestres
presentes numa sessão maçônica.
Estes mestres ocuparão cargos e funções necessárias ao
normal e regular funcionamento de uma Loja. E dado que uma
loja maçônica é uma estrutura similar a qualquer associação,
necessita de ter quem a dirija e de quem se ocupe de outros
cargos que são necessários existirem para que esta
associação “Loja" funcione em pleno; ou seja, de forma justa e
perfeita.

64
Normalmente a quantidade de cargos a serem preenchidos
pelos obreiros de uma Loja (designados por Oficiais) depende
quase sempre do tipo de Rito executado nas sessões dessa
mesma Loja. E digo "quase sempre" porque a ocupação dos
cargos de uma Loja deve ser efetuada por Mestres, mas tal
nem sempre é possível por vários fatores, sejam o tamanho do
"Quadro da Loja" (número de obreiros) seja pela assiduidade
dos mesmos.
Existem funções que podem em caso de recurso extremo ser
ocupadas e executadas por Companheiros e/ou Aprendizes.
Estando vedado a estes membros qualquer cargo de "direção"
de Loja ou de certa ritualidade que os impeça de tal fazer.
No caso em concreto da Respeitável Loja Mestre Affonso
Domingues nº 5, o Rito executado sempre nas suas sessões é
o "Rito Escocês Antigo e Aceite", vulgo "REAA", e que conta
com sete oficiais "principais” - “obrigatórios"; a saber:
· Venerável Mestre: o Mestre que dirige a Loja.
· 1º Vigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável
pela formação de Companheiros e "Coluna do Sul".
· 2º Vigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável
pela formação dos Aprendizes e "Coluna do Norte".
· Secretário: Ocupa-se dos habituais "trabalhos
secretaria" (correspondência, registro de presenças,
elaboração de Atas...)
· Orador: Certifica-se que os trabalhos de Loja decorrem de
forma correta e regulamentar.
· Tesoureiro: Gere as "economias & finanças" da Loja.
· Mestre de Cerimônias: Cargo Ritual.

65
Os Ofícios acima designados são os que tornam uma
Loja justa e perfeita e que são necessários ao normal
funcionamento da Loja, mas existem outros que também têm a
sua relevância na estrutura da Loja, a saber:
· Experto: Cargo Ritual.
· “Hospitaleiro: Cargo Ritual e responsável pela gestão do
Tronco da Viúva”.
· Organista: Responsável pelas sonoridades ambientes e
rituais da Loja. É o chamado "DJ de serviço".
· Guarda Interno: Certifica-se da cobertura da Loja; isto é, pela
sua "segurança".
· Arquivista: Responsável pela gestão do Arquivo da Loja.
· Mestre Instalado: Mestres que ocuparam a direção de Loja no
passado. Pode-se considerar que são "conselheiros" do
Venerável Mestre, por assim dizer.

Alguns destes últimos ofícios não são de execução obrigatória


por Mestres apesar de preferencialmente serem efetuados por
esses membros da Loja.
No entanto, é natural que existam outras "qualidades" na
Maçonaria e que são referentes ao Grão-Mestrado
(ocupadas pelo governo da Obediência Maçônica), sendo esta
uma estrutura do tipo federativo, congregando o
Grão-Mestre, os Grandes Oficiais e os seus respectivos
Assistentes.
Contudo, algo que não pode nem deve ser confundido entre si
são os "Graus" e as "Qualidades", uma vez que executar um

66
cargo/ofício não é o mesmo que deter determinado grau.
Um "grau" é a posição/nível de conhecimento que um maçom
tem e que ocupa na "hierarquia" da Maçonaria; a "qualidade"
como referi anteriormente, são os cargos que se ocupam. E
para ocupar determinados Ofícios é necessário ter
sido atingido determinado grau, quase sempre o de Mestre
Maçom ou inclusive o de "Venerável Mestre".
Já para obter um Grau, o cargo desempenhado na Loja pouco
ou quase nada será relevante, pois o conhecimento ritual
obtido e a boa assiduidade geralmente é que são
determinantes para tal.
Espero que com esta pequena explicação, escrita de forma
simples e ligeira, possa ter retirado algumas das dúvidas que
alguns profanos têm acerca do funcionamento de uma Loja
Maçônica no que a "qualidades" (cargos) diz respeito.
Do Blog A Partir Pedra

67
O MISTÉRIO DO SILÊNCIO

April 20, 2016

Você já teve a sensação de estar em uma rua e sem querer se


perguntar que já conhece aquele lugar, mesmo sem nunca ter
passado?

Ou olhar para uma pessoa e por mais que lhe apresentem,


você ter a certeza que já a conhece e pior, ter pela pessoa a
mesma impressão?

Eu diria que são nossas lembranças de vidas anteriores e que


ainda estão escondidas lá nos fundos da memória, em alguma
curva do desconhecido.

Contudo, para os cientistas, esta sensação acende em nosso


cérebro por ser uma informação de nosso antecessor, inserido

68
em um traço de um dos nossos cromossomos e que se instala
em nosso DNA, gerando assim, diversas informações.
Na verdade, o ser humano é uma caixa de surpresa, caminha
muitas das vezes em filas indianas, sem saber o porquê está
caminhando e em maior parte, sem direção. É como se ele
mesmo perguntasse sem respostas: “Para que lado vou?”

Instaurado o conflito entre a pessoa e seu próprio Eu, quem


ganha espaço é o mistério do silêncio que se mantém intacto,
parado como um espectador, observando cada passo, cada
ato, cada gesto e sem ser incomodado.
Nos Templos Maçônicos, o exercício do despertar é constante
e os nossos testes não são para que os olhos vejam e sim o
que os corações sentem. Para nós que acreditamos na vida
pós-morte e fortalecidos pelos ensinamentos que recebemos,
o mistério do silêncio deixa de existir, passando a ser um
companheiro constante em nossas meditações, uma prática
para melhor responder ao nosso próximo, na confiança da
nossa tranquilidade interior.

Para nós, iniciados nas fileiras do Grande Templo, que após


acordarmos para uma vida melhor e em comunhão,
principalmente com nós mesmos, este mistério do silêncio
passa a ter nome, idade e tamanho e sem se preocupar com
cientistas, materialistas, enfim, com todos aqueles que
dormem na dúvida e acordam sem acreditar, que mesmo
vendo uma natureza perfeita e que não saiu de nenhum
cromossomo, com uma diversidade alucinante de bela e sem a

69
composição de nenhum DNA e mesmo assim, eles os
“grandes” em tudo, batem na tecla da dúvida, enviando
equipamentos para o espaço na tentativa de encontrar os
fundos da casa de nosso Mestre.
Para nós Maçons, não existe o acaso da rua ou da pessoa que
nunca vimos, até porque, temos a certeza que vimos e tudo
isto e o que iremos alcançar com os nossos aprendizados,
serão visões mais amplas para inserirmos em nossas
bagagens.

Yrapoan Machado
Obreiro da Cavaleiros do Templo nº 26

70
A ALQUIMIA DA PEDRA

April 21, 2016

Retirar pedras de lugar, e pedras grandes, não é fácil.

Maçons são como rochas.

A Ordem Maçônica surgiu como uma associação de


construtores de igrejas. Os maçons, simbolicamente, portanto,
são as pedras que sustentam o templo, o material que constrói
e dá solidez ao sagrado.

Por isso, ainda hoje lembram aquelas primeiras guildas que se


reuniam para comer e beber após um estafante dia de trabalho,
de trabalho físico não espiritual e muito menos intelectual.

71
Faço estas considerações para concluir que, fora honrosas
exceções como José Catelani e Nicola Aslan, e até Rizzardo
Del Camino, os maçons não foram feitos para a reflexão
filosófica.

Gostam de pensar que sim.

Gostam de se imaginar filósofos e pensadores.

Só que este não é o fato.


Não que isto os diminua que isto deponha contra a Maçonaria.
Não. Só que os nichos de ação de cada grupo devem ser
compreendidos para não cometermos equívocos e exigirmos
do arqueiro que domine a arte da espada, ou ao espadachim
que seja hábil no manejo da catapulta.

Cada um tem seu papel neste exército e o papel do maçom não


é refletir ou pensar. É agir.

Também não quer dizer que dentro de uma Loja Maçônica não
encontremos vários Irmãos que não queiram se dedicar a
reflexão filosófica ou ética.

Só que esta não é a natureza da Ordem Maçônica.

72
Embora como Rosa cruz eu ame a reflexão e a busca do Cálice
Sagrado dentro do meu coração, o “Hole Graal” da mitologia
britânica, como maçom reconheço que é necessário que algum
grupo cuide da construção do ambiente físico em que serão
feitas as preces que prepararão o espírito para este encontro
com o Sagrado.

Esta é a função da Maçonaria.

Mesmo assim, todos os Veneráveis mestres devem insistir em


propor aos seus Irmãos questões de caráter moral e ético, pois
a Maçonaria, como Ordem de construtores sociais, deve ser
uma escola de líderes, e líderes devem saber como liderar,
devem saber que para liderar primeiramente devem ser
capazes de liderar sua própria língua, devem ser capazes de
influenciar multidões com discursos que possuam valor moral,
com imagens claras, e antes de tudo isso, precisam ter o
desembaraço de manifestar com coragem e convicções suas
ideias e destacar-se em uma multidão apática e sem rumo
como pessoas seguras de seus pontos de vista, ao ponto de
poderem catalisar transformações importantes para este
grupo.

Na educação desses líderes maçons é preciso que exista um


currículo mínimo. O problema é que não existe consenso
sobre que currículo mínimo é este.

73
As lojas funcionam de modo mais ou menos improvisado
neste campo, com um protocolo formal rígido, mas sem a
mesma rigidez para o conteúdo educacional.

Trabalha-se pelo método de tentativa e erro,


experimentando-se aqui e ali maneiras de atingir o coração
desses Irmãos com alguma provocação que os mobilize que
os faça pedir a palavra e opinar com paixão e convicção.

Às vezes parece pura perda de tempo.

Paciência. Uma hora as pedras se encaixam.

É preciso polir e polir até que esse encaixe seja perfeito.

Trabalhemos com paciência e calma.

O que importa é que ao final tenhamos uma construção sólida.

Esta é a Alquimia da Pedra.

74
A CATEDRAL E O APRENDIZ

April 22, 2016

A construção de uma edificação é algo que envolve muito


trabalho, muito empenho, e, sobretudo o domínio de técnicas
precisas transmitidas por alguém, para quem o ofício já não
tenha segredos, para outro alguém ignorante no ofício no qual
se iniciou, e com um longo caminho na sua frente rumo à
perfeição.

O ofício, qualquer um, preciso não só de quem tenha


conhecimentos q.b. para nele atuar, mas também de certos
utensílios essenciais à realização das tarefas. A tarefa do
Aprendiz começa, desde logo, por ser, a identificação desses
utensílios: o que são, como se chamam, para que sirvam,
quando se utilizam e finalmente como se utilizam.
O Aprendiz, em regra, alguém que pensaria ter conseguido o
mais difícil, isto é, o ingresso no seio de uma comunidade
especial, porque diferente de outras, constata ter de se
empenhar, pela aprendizagem com uma entrega total, sob
pena de, não merecer a confiança nele depositada para aceder

75
ao conhecimento.

Estes quatro parágrafos são diretamente aplicáveis a qualquer


um, a qualquer sociedade organizada, seja ela de cariz
profissional, social, filantrópico, etc.

Na antiguidade, já os Romanos legislaram no sentido das


profissões serem hereditárias, impedindo-se, desse modo, a
extinção de algumas delas.

Na Idade Média as profissões organizaram-se em Corporações


ou ofícios, nos quais poucos tinham o ensejo de ingressar, tal
a necessidade de cada corporação guardar ciosamente os
seus segredos, os seus conhecimentos.

Tal aconteceu com os Pedreiros franceses, os Maçons, ou


Arquitetos, responsáveis pelas construções de Catedrais. Os
seus ensinamentos só eram transmitidos a Aprendizes, sendo
estes, homens de características especiais, a quem tinham
sido reconhecidas capacidades de integrar uma comunidade
tão eclética.

76
Essa comunidade era a Maçonaria operativa. Os Maçons eram
então autênticos edificadores, construtores ou arquitetos dos
mais belos monumentos que ainda hoje se podem admirar.
Construções sólidas, duradouras, quase intemporais,
encerrando em si um saber acumulado, só desvendado ou
acessível a muito poucos.

A Maçonaria já não é operativa, mas sim filosófica.

O Aprendiz Maçom tem, porém que percorrer o caminho da


sua iniciação, assim como percorreu o caminho que a
antecedeu, enquanto profano livre e de bons costumes.

O templo, também conhecido por loja, é o espaço físico onde


ele e os seus demais irmãos, uns Aprendizes, como ele, outros
já Companheiros, outros ainda Mestres, se reúnem
fraternalmente e em comunhão espiritual desenvolvem os seus
trabalhos.

Essa é, porventura, a catedral da comunidade iniciática a que


pertence. Aí é a fonte onde o Aprendiz saciará a sua sede de
aprendizagem. Aí será onde uma mão amiga o amparará e
guiará na senda do seu aperfeiçoamento.

77
Esse Templo é o lugar sacralizado orientado segundo a
discrição bíblica do Templo de Salomão. Todos os templos
maçônicos são iguais, contêm os mesmos signos visuais. Mas
cada templo possui um espírito particular que caracteriza a
respectiva assembléia de maçons.

É então aqui, no nosso Templo, que estamos a coberto da


indiscrição dos profanos, onde não "chove", e onde nos
sentimos seguros na senda da descoberta das verdades e dos
mistérios da nossa congregação.

A Catedral que o Aprendiz procurará construir, então qual é?

Encomendas como na Idade Média já não existem. A catedral


do coletivo, o templo ou loja, essa está já construída, e a ser
aperfeiçoada com o contributo de todos os irmãos, através da
sua participação.

Verdadeiramente a Catedral que o Aprendiz terá de construir é


a sua própria Catedral interior. De pedra bruta, o Aprendiz terá
de desbastar o seu potencial interior, ainda disforme, e
imperfeito.

Que a sabedoria do Oriente me ilumine, ao desbastar a minha


pedra disforme, que a força não me falte, neste trabalho

78
interior, e, no final, que a beleza seja seu apanágio, e a minha
catedral estará pronta.
Que a minha postura, perante a vida, e os outros, seja tão reta
quanto o é o esquadro; Que, enquanto Maçom, eu me
mantenha solidariamente eqüidistante dos homens, tal
compasso cujo desenho geométrico perfeito, simboliza, o
maçom, na extremidade cujo movimento de rotação se opera
sobre si, para desenhar o círculo.

Que eu seja aprumado e me mantenha ao nível de os meus


irmãos me considerarem digno de me considerar entre iguais,
no seu seio. E tal como a colher do pedreiro alisa a superfície
irregular, eliminando as suas imperfeições, assim espero, tal
como ela, conseguir suprimir os meus muitos defeitos,
aperfeiçoando, o meu caráter.

Estes signos maçônicos, o esquadro, o compasso, o nível, o


prumo a colher de pedreiro, serão os meus utensílios que
comigo transportarei para usar no meu trabalho interior, para
construir a minha Catedral Interior, na certeza que a Catedral
de todos os meus irmãos será o somatório da catedral da cada
um de nós.

Sei irmãos o longo caminho a ser percorrido no trilho da


Maçonaria simbólica, constituída pelos 3 graus de Aprendiz,
Companheiro e Mestre.

79
O fim deste trilho apenas significará o início de outro
representado pela Maçonaria Filosófica. Como comunidade
eclética que somos o reconhecimento entre nós é feito com
sinais e palavras próprias, para que os profanos não se
arroguem qualidades que não têm perante nós.

E também para que de entre nós não invoquemos graus aos


quais não acedemos ainda. Isso só deverá ser possível depois
dos nossos irmãos Mestres acharem que está chegada a
altura.

Será chegada a minha vez de ultrapassar os meus 3 anos


maçônicos de idade?
BIBLIOGRAFIA
Esta Peça de Arquitetura pertence à ARLS MESTRE AFFONSO
DOMINGUES

80
A MAÇONARIA E A CELEBRAÇÃO DOS SOLSTÍCIOS E
EQUINÓCIOS

April 23, 2016

Nossa Ordem, como detentora de milenares tradições de


natureza espiritual tem como uma de suas práticas mais
antigas e tradicionais a celebração dos Solstícios e
Equinócios. Estas celebrações remontam a outras também
antigas tradições esotéricas e iniciáticas que foram ensinadas
aos humanos por seres de natureza superior.
Nos Solstícios e Equinócios toda a natureza, na forma de
animais, vegetais e também minerais, celebra as mudanças de
estação, o magnífico e necessário ciclo da vida. É uma
verdadeira festa e os humanos mais antigos, orientados e
sensíveis a este ambiente festivo, resolveram também
participar dele.
A origem desta tradição se perde nas brumas de um passado
longínquo. A celebração dos solstícios e equinócios pode ser
encontrada junto a povos e culturas como os celtas e os
egípcios e ainda outros povos. Se nos permitirmos pesquisar o

81
assunto na Internet encontraremos que a celebração da
passagem das estações é uma tradição pagã.
É importante salientar que conforme o cristianismo de Saulo
de Tarso, tudo o que não seja o seu próprio cristianismo é
chamado de pagão. Só isso, nada mais. Ou seja, uma prática
pagã não é necessariamente algo demoníaco, perverso ou
contrário à ordem e ao desenvolvimento.
Mas, talvez o maçom se pergunte o que temos nós maçons a
ver com tradições ou celebrações pagãs comuns à bruxaria e
ao esoterismo medieval? Bem, existe um importantíssimo elo
entre o mundo maçônico e os cultos ancestrais: o Rei
Salomão. Devemos lembrar que Salomão viveu na
Mesopotâmia, o berço tanto da civilização quanto da cultura
terrena e mais ainda dos principais conceitos relativos à
espiritualidade universal.
Historicamente Salomão se uniu à riquíssima e poderosa
Rainha de Sabá (conhecida pelos etíopes como Makeda e na
tradição islâmica como Balkis) e juntos chegaram a ter um
filho Menelik I, que foi o primeiro rei ou imperador da Etiópia.
Os arqueólogos apontam evidências de que a Rainha de Sabá
rendia culto às tradições primitivas da Mesopotâmia,
principalmente à Sóthis (a estrela Sírius para os egípcios) e à
deusa egípcia Sopdet (deificação de Sóthis – uma referência
ao brilho de Sirius).
Na arte, Sopdet é descrita como uma mulher com uma estrela
de cinco pontas sobre a cabeça. Sopdet é a consorte de Sah , a
constelação de Órion, e o planeta Vênus era por vezes
considerado seu filho. A figura humana notável de Orion foi
eventualmente identificada como uma forma de Hórus , o deus

82
do céu para os egípcios.
Na antiguidade as civilizações estavam totalmente alinhadas
com os ciclos da vida representados pelas estações do ano e
os solstícios e equinócios. A vida daquelas civilizações
dependia 100% do movimento da Terra em torno do Sol, tanto
no plano da agropecuária quanto social e principalmente
espiritualmente.
A Rainha de Sabá e seu povo perpetuando as mais antigas
tradições mesopotâmicas certamente também celebravam os
Solstícios e Equinócios.
Sob o antigo palácio de Menelik I, em Axum, em maio de 2008,
o arqueólogo alemão Helmut Ziegert encontrou os restos da
casa da Rainha de Sabá e junto a eles encontrou também
evidências que indicam forte probabilidade de que por um
longo tempo lá tenha ficado a tão procurada Arca da Aliança
de Moisés, com os Dez Mandamentos.
Fica então evidente a possível troca de práticas entre ela e
Salomão em um verdadeiro ecumenismo espiritual e religioso,
sem preconceitos, tabus ou dogmas limitantes.
Fica também evidente que muito provavelmente a relação entre
Salomão e a Rainha de Sabá não foi coisa passageira, trivial ou
superficial como se pode supor. Para que um rei hebreu
tirasse a Arca da Aliança de dentro do Tabernáculo e levasse
para um templo ou palácio de outra cultura e religião, seria
necessário haver uma razão muito importante.
Se nossa Maçonaria tem sua origem em Salomão, se Salomão
se envolveu não somente com a Rainha de Sabá, mas também
com sua religião e espiritualidade, fica claro e evidente a
justificativa da presença até os dias atuais da celebração dos

83
Solstícios e Equinócios em nossa liturgia. Se atentarmos para
a nossa atual Celebração Litúrgica dos Solstícios
perceberemos evidentemente elementos tidos como pagãos
não tocados pelo cristianismo de Saulo de Tarso.
O exemplo disso são as libações aos Sete Planetas e a tudo
aquilo que eles representam na Criação e na vida de todos
nós. A própria comida também sempre esteve presente nas
passagens das estações, pois a Deusa Natureza está em festa,
assim como todos os demais seres que Nela habitam. A
humanidade tem papel determinante nesta celebração.
Nestas ocasiões festivas eram servidas comidas da época,
abundantes pela colheita recente, bem como as bebidas
tradicionais e muita música e dança.
A Deusa primitiva sempre foi sinônimo de alegria, paz,
harmonia, saúde, descontração e prazer. Na chamada Idade
das Trevas, de uma forma preconceituosa e despótica Ela foi
amaldiçoada e retratada como bruxa demoníaca, conceito que
a humanidade traz até os presentes dias.
A antiga tradição original informa, Poderosos e Amados
Irmãos, que na ocasião dos Solstícios e Equinócios
a “distância” entre os mundos físico e espiritual é reduzida e
assim está facilitada a transição ou o acesso entre elas. Ou
seja, no exato momento em que nosso Logos Solar cruza
a Eclíptica ou atinge seus pontos máximos e que marcam os
Solstícios e Equinócios temos a oportunidade de tanto receber
quanto enviar mensagens de natureza espiritual evolutiva.
É interessante observar que nossos rituais são abertos e
fechados citando-se exatamente a movimentação solar. Além
disso, as Colunas Zodiacais aludem aos Doze Signos

84
Astrológicos por onde o Sol passa ao longo de seu ciclo anual.
Nossa Ordem, meus Irmãos, é uma Ordem Solar. Nossa
Ordem, que tradicionalmente atua na sociedade visando
“tornar feliz a humanidade”, evidentemente não poderia deixar
de se “alimentar” das mais elevadas energias e consciências
espirituais que nos vêm dos planos superiores exatamente nos
Solstícios e Equinócios.
Mais ainda, se nosso mister é “tornar feliz”, é exatamente na
Deusa Natureza que encontraremos nossa fonte para
recarregar as forças. É na natureza, Poderosos Irmãos, que
podemos encontrar Deus em sua forma Manifesta. É onde Ele
está próximo e “tangível”.
Se abnegarmos a divindade da Natureza estaremos nos
condenando à orfandade de Pai e de Mãe e somente a
desesperança, a insegurança, a incerteza e a falta de rumo
serão nossas realidades. Lembremo-nos do exemplo do Antigo
Egito, onde seu deus maior, Osíris, era reconhecido e
reverenciado, mas não estava presente.
A regência espiritual do Antigo era da deusa Ísis a quem seus
súditos recorriam. Da mesma forma, nosso G∴A∴D∴U∴ é
inacessível para nós. Porém podemos encontrá-Lo na
Natureza, Sua manifestação e Obra Maior.
Lembremo-nos que muitos autores maçônicos estabelecem
uma relação direta entre nossa Ordem, a Maçonaria, com a
deusa egípcia Ísis, a viúva de Osíris. Abençoadas as Sagradas
Oficinas que celebram nossos Banquetes Solsticiais
Maçônicos e reverenciam as manifestações e origem das Sete
Leis Universais.

85
Esse é o Solstício de Inverno, a noite mais longa do Ano. A
partir desse dia, a luz do Sol passa a iluminar e aquecer cada
vez mais a Terra, e a escuridão e o frio do inverno ameaçam ir
embora. É quando a Deusa dá à luz seu novo filho, o Deus
renovado e forte, ainda bebê, a “criança prometida”. Ou seja, é
quando “nasce” anualmente o Cristo Solar.
O deus Mithra, da Pérsia, nasceu de uma virgem no Solstício
de Inverno, teve 12 discípulos e praticou milagres, e após a
sua morte foi enterrado, e 3 dias depois ressuscitou, também
era referido como “A Verdade”, “A Luz”, entre muitos outros.
Curiosamente, o dia sagrado de adoração a Mithra era a um
Domingo. Outro mito solar se refere a Hórus: consta que Hórus
nasceu no Solstício de Inverno da virgem Ísis-Méris. O seu
nascimento foi acompanhado por uma estrela a Leste, que por
sua vez, foi seguida por 3 Reis em busca do salvador
recém-nascido.

Baco ou Dionísio da Grécia também nasce de uma virgem no


Solstício de Inverno. Átis, deus da Frígia/Roma também nasceu
de uma virgem no Solstício de Inverno, foi crucificado, morreu
e foi enterrado, tendo ressuscitado no terceiro dia. Hércules
nascido da virgem Alcmena, e seu nascimento é comemorado
no Solstício de Inverno no Hemisfério Norte. Na mitologia
hindu Krishna (um avatar, personificação ou encarnação de
um deus, do Deus nasceu no Solstício de Inverno de uma
virgem, Devaki (“Divina”) e uma estrela avisou a sua chegada.
Em 274 o Imperador Aureliano proclamou o dia 25 de
dezembro (Solstício de Inverno no hemisfério norte), como

86
“Dies Natalis Invicti Solis” (O Dia do Nascimento do Sol
Inconquistável). O Sol passou a ser venerado. Buscava-se o
seu calor que ficava no espaço muito acima do frio do inverno
na Terra.
O início do inverno passou a ser festejado como o dia do Deus
Sol. A comemoração do Natal de Jesus surgiu de um decreto.
O Papa Júlio I decretou em 350 que o nascimento de Jesus o
Cristo deveria ser comemorado no dia 25 de Dezembro
(Solstício de Inverno no hemisfério norte), substituindo a
veneração ao Deus Sol pela adoração ao Salvador Jesus
Cristo.
O nascimento de Cristo passou a ser comemorado no Solstício
do Inverno em substituição às festividades do Dia do
Nascimento do Sol Inconquistável.
Segundo a tradição esta celebração solsticial chama-se Yule.
Foi a primeira festa sazonal comemorada pelas tribos
neolíticas do norte da Europa. É até hoje considerado o início
da roda do ano por muitas tradições, inclusive a chinesa.
Daí surge a simbologia do Natal. Certamente os Irmãos
estranharão se falar de Natal em junho, mas a simbologia do
Natal ou de Yule ocorre no Solstício de Inverno, que no
hemisfério norte ocorrem em dezembro e aqui no hemisfério
sul ocorrem agora em junho.
Conforme a Tradição, em Yule é tempo de reencontrarmos
nossas esperanças, pedindo para que os Sete Deuses
Mitológicos rejuvenesçam nossos corações e nos deem forças
para nos libertarmos das coisas antigas e desgastadas. É uma
excelente oportunidade “recarregarmos” nossas energias
pessoais com os sete arquétipos divinos e perfeitos, aferindo

87
nossa conduta e vivência.
Um feliz e alegre renascimento a todos!
Autor: Juarez de Fausto Prestupa
Membro da Loja Maçônica de Pesquisas Quatuor
Coronati “Pedro Campos de Miranda

88
A IMPORTÂNCIA DA MAÇONARIA NOS DIAS DE HOJE

April 24, 2016

Neste dia comemorativo da nossa Ordem, cabe indagar o que é


a Maçonaria, hoje.
Como prática de grupo, com características iniciáticas, a
Maçonaria Moderna parece ir à contramão da história moderna,
a qual mostra cada vez menos formalismo e mais
transparência nas suas instituições de cunho social.

Na verdade, o legado maçônico hoje como sempre, é a


formação de líderes pela educação da sua prudência ao falar,
da sua capacidade de sentir, e da libertação de seu
pensamento de dogmas que o aprisionem e sufoquem seu
espírito.

As Lojas Maçônicas não são escolas filosóficas, mas sim


escolas éticas, centros de treinamento para aprimoramento
humano, que disciplinam seus membros na capacidade de

89
calar, de conter as emoções, de, enfim, canalizar suas energias
de forma organizada, tornando cada maçom senhor de seu
espírito e de seu destino.

Todo indivíduo que cruza os portais da maçonaria tem a


chance de, após algum tempo, transformar-se de homem
chumbo em homem-ouro, sofrendo a única transformação
alquímica que importa aquela que aperfeiçoa o Ser Humano,
que o melhora como cidadão e como indivíduo.

Queira o Grande Arquiteto do Universo que possamos, nós,


membros desta Tradicional Ordem, levar a muitos mais a
mensagem e a prática maçônica, melhorando com isso, em
qualidade, toda a Humanidade.
Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:

90
O PERIGO DA FALA E MENSAGENS NAS REDES SOCIAIS

April 26, 2016

A prática da Maçonaria Especulativa ensina que o debate é


essencial, tanto em Loja quanto nas redes sociais ou círculos
de estudos presenciais ou online. Ademais, leituras de
instruções e textos em Loja não agregam valor se não são
sucedidos de reflexões.

E a participação, em qualquer dos fóruns acima citados, deve


se transcorrer observando-se o que está sendo dito e não
quem o diz, pois esta se dá no nível de igualdade entre os
participantes, valendo as diferenças culturais apenas como
tempero e enriquecimento, respeitados os valores de cada um.
A somatória das experiências individuais, os saberes e os
conhecimentos obtidos pelo compartilhamento dos demais,
formam um patrimônio cultural que beneficia a todos.

91
Ocorre que, não obstante esse entendimento ser um norte da
Maçonaria, e apesar de vacinados contra a “ditadura do
pensamento”, rotulagens e o patrulhamento, vez por outra
caímos na cilada da fala passional, acompanhando uma
opinião mais incisiva sobre determinado assunto, como o
ocorrido recentemente no WhatsApp da nossa Loja em grupo
restrito,causou furor, levando o “autor”, num primeiro
momento, a ter que se retratar e sofrer as sanções negativa de
tal “conversa”.

Passado o frisson e serenados os ânimos, o grupo voltou ao


seu merecido lugar, para que possa ser lido e avaliado por
todos, mas com uma cicatriz de 1m com no mínimo 1000
pontos.

Para não fugir ao lugar-comum, quando a discussão envolve


censura, o não falar que se pensa, de maneira didática e
objetiva em um grupo, e-mail, texto, blog, etc. inevitavelmente
somos remetidos aos lamentáveis registros históricos de
queima de papiros, destruição de bibliotecas, além de
situações ainda mais gravosas como a queima de livros e de
seus autores, tão covardemente praticados por ocasião da
Inquisição. São famosas as sessões de queima de livros
promovidas pelo regime nazista. Isto chama-se “cerceamento”.

92
Em nosso meio, cabe-nos refletir frente a esses
acontecimentos sobre a nossa real certeza quanto à
valorização da dialética, da arte do diálogo, como instrumento
que viabilize discussões que contrariem entendimentos
arraigados, permitindo que a força da argumentação
inteligente, fundada na pesquisa e no estudo, produza novas
ideias, amparada pela igualdade e liberdade de pensamento.
Importa ressaltar que o verdadeiro Iniciado tem perfeito
domínio do que pode ser discutido, em que nível e com quais
públicos, respeitados os postulados da Ordem.

Com relação aos chamados reacionários, que não medem


esforços em julgar a tudo que venha de encontro à suas
idiossincrasias, e pouco ou quase nada agregam, por vezes
desagregam, mas que se destacam apenas e tão somente pela
dimensão da arrogância e da vaidade, não devemos gastar
mais que algumas linhas e desejar-lhes que sejam felizes e
avaliem a possibilidade de retornar ao primeiro grau e que
procurem seguir com seriedade as instruções que não foram
assimiladas na sua plenitude.
“Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”
( Santo Agostinho)
“Reaja com inteligência, mesmo que o ataque não seja
inteligente”
(atribuído a Lao-Tsé, na obra “Tao-Te King”).
“A situação é bem clara, cuidado com o que se fala, como se
fala, para quem se fala, do jeito que se fala, onde se fala, para
não ser interpretado de forma errada e ter que pagar caro, por

93
tal ato”
Denilson Forato

94
CÂMARA DE REFLEXÕES

April 28, 2016

Este trabalho tem o objetivo de esclarecer sobre os


significados da Câmara de Reflexões, local esse que somos
recolhidos logo após a nossa chegada a Loja, durante a
iniciação.

Na Maçonaria, esse compartimento recebe o nome de Câmara


de Reflexões, onde o candidato permanece em meditação,
antes de ser conduzido ao templo, para a cerimônia de
iniciação. Tudo nessa Câmara lembra a morte, a enfermidade
da matéria e a eternidade do espírito.

95
O candidato é conduzido vendado e devidamente guiado pelo
1º Experto e depois é retirada sua venda, e orientado a
preencher um questionário e fazer seu testamento que estão
sobre a mesa e ao terminar tocar a campainha.
Ao se deparar com objetos e dizeres as quais induz a uma
reflexão, sobre sua família, apegos materiais, amigos, sua vida
e até a sua morte, um verdadeiro exame de consciência e
atitudes.

Inicialmente para o candidato esse local pode se mostrar um


pouco assustador, mas após receber a “Luz” e com os
ensinamentos que serão recebidos, percebe então que essa foi
uma das principais fases de sua Iniciação.

Nesta Câmara, haverá um esqueleto humano ou, pelo menos


um crânio, um pedaço de pão, uma bilha com água, enxofre,
mercúrio, uma cadeira, uma campainha, uma mesa e uma
caneta,
QUESTIONÁRIO
Após entrar recebe breve questionário com as seguintes
questões:
· Quais os deveres do Homem para com Deus?
· Quais os deveres do Homem para com a Humanidade?
· Quais os deveres do Homem para com a Pátria?
· Quais os deveres do Homem para com a Família?

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· Quais os deveres do Homem para com consigo mesmo?
PAREDE - Na parede as inscrições abaixo:
- Se tens apego às distinções mundanas, vai – te. Nós não a
reconhecemos.
- Se tens receio de que se descubram os seus defeitos, não
estarás bem entre nós.
- Se fores dissimulado, serás descoberto.
- Se queres empregar bem a tua vida, pensa na morte.
- Se a curiosidade aqui te conduziu, retira-te.
- Se tens medo não vás adiante.

O QUE HÁ SOBRE A MESA


Sobre a mesa, estarão representados um galo, e uma
ampulheta e, debaixo do galo, as palavras VIGILÂNCIA E
PERSEVERANÇA.

A vela simboliza a Luz, uma vez que é o único luminar


existente e auxilia ao candidato a preencher o formulário e ao
ver os objetos ali existentes.

Crânio representa o despojamento da carne e,


consequentemente da mente, representa o vazio, a ausência
vital do cérebro, da inteligência e só pensamento.

97
Uma ampulheta é um instrumento usado para medir o tempo e
para demonstrar que dentro da Câmara o tempo não para.

ESQUELETO - representa a fragilidade humana, necessária


para que o profano deixe esta condição e renasça como um
membro da ordem simboliza, ainda, a justiça divina, qual
teremos que enfrentar para que possamos descansar em paz.

MERCÚRIO - representado pelo Galo, é um símbolo não


apenas de Vigilância e Coragem, como também de Pureza.
Princípio fêmea, na alquimia, é considerado Hermeticamente
como o princípio da Inteligência e Sabedoria.
ENXOFRE - É considerado o princípio macho, na alquimia. É o
símbolo do espírito e por isso simboliza o ardor.

“ A pedra Filosofal é um Sal perfeitamente purificado, que


coagula o Mercúrio a fim de fixá-lo em um Enxofre
extremamente ativo. Esta fórmula sintética resume a Grande
Obra em três Operações que são: a purificação do Sal, a
coagulação do Mercúrio e a fixação do Enxofre”. (In “O
Simbolismo Hermético” de Oswald Wirth)

O sal procede dos mares e no mundo moderno é indispensável


na alimentação dos homens como dos animais e também
simboliza o seu efeito é dizer que o iniciando é recebido com
satisfação.

98
A bilha de água completa os elementos da natureza, pois, além
de saciar a sede, “lava” as impurezas, enfim a bilha nada
significa, o símbolo é a água, o terceiro elemento natural que
simboliza a purificação, o refrigério e a candura.

O pedaço de pão simboliza a presença do trigo, é o símbolo do


cárcere, deixar um homem a pão e água, significa castiga-lo
pelo mal causado a alguém em outra época. O trigo simboliza a
fartura, sendo garantia de subsistência e certeza de que não
haverá crise nem penúria. O trigo sempre foi símbolo do poder
revelador do mistério da vida, que, como grão pode germinar.
Necessita da água e da terra para apodrecer e dar origem à
multiplicidade de grãos, simbolizando a ressureição espiritual.

Iluminados pela luz da vela estão os papéis que o Iniciando


deve interpretar: primeiramente o questionário, com uma série
de perguntas que devem ser respondidas. Ao lado um
formulário, para preenchimento de espaços, a respeito de
testar bens e disposições gerais em caso de morte.

Esse renascer constante, a partir da morte simbólica,


associado a toda escalada iniciática, no caminho que vai das
trevas à luz, pode ser assimilado às sucessivas mortes e
ressurreições da natureza, mostrada pelo ciclo imutável dos

99
vegetais, em todos os anos, que simbolizam todo o
aperfeiçoamento do candidato, desde que ele entra na Câmara
de Reflexão, até que, como iniciado, ele percorre o caminho do
conhecimento, que o leva à visão da Luz total, simbolizada
pelo Sol, no Oriente.

Uma iniciação maçônica é uma morte simbólica e um


renascimento, ou, um novo nascimento. Podendo simbolizar
em um determinado momento do ritual iniciático, a saída do
útero para a luz.

Rizzardo de Camino, um dos maiores autores maçons do


Brasil, descreve a Câmera de reflexão como ''Propositalmente
sinistras, com paredes negras adornadas com símbolos como:
foice, o galo, frase vigilância e perseverança, caveiras,
lágrimas desenhadas, ampulheta''. Os símbolos são lembretes
ao maçom.
V.I.T.R.I.O.L. - É uma expressão em latim que é considerada
uma língua morta, mas o significado e amplo é esotérico.

“Visita o interior da terra e, retificando, acharás a lápide


oculta”.

Esta expressão lembrará ao candidato que, na Maçonaria, o


mesmo de dedicará à construção moral do seu interior.

100
“Contém em si algo de profundamente místico: o “interior da
terra” seria o próprio ser humano;” a pedra oculta”, o
esoterismo da parte” interior e espiritual” do homem; em
ambos os casos, deve haver uma” descida”, uma “penetração
profunda”, em todos os aspectos do ser humano.

“Para conseguir esse intento, será preciso uma “retificação”,


ou seja, uma “mudança” que equivale a um” renascimento”,
porque a finalidade da iniciação é justamente esse
renascimento.

Bibliografia:
Site Brasil Maçom

Rizzardo da Camino - O Aprendiz Maçom

Edição 1999 - Ritual do Grau de Aprendiz


Oriente de Miguel Pereira, 22 de Julho de 2015.
A.’. M.’. Jorge A. Fonseca
ARLS Cedros do Líbano – Miguel Pereira/RJ – GOB-RJ

101
TEMOS DE APRENDER A VIVER TODOS COMO IRMÃOS...

May 02, 2016

Na edificação dos costumes e da vivência em sociedade, o


construtor e sua obra têm ligação intrínseca em todas as fases
do projeto, pois não pode o pedreiro iniciar qualquer trabalho
se eximindo da responsabilidade sobre os efeitos que este
venha a influenciar durante ou após sua execução.

Sendo assim, menos ainda pode o pedreiro livre deixar de


medir a todo tempo a marca de sua trajetória como edificador
de posturas e conceitos no que concerne o trato e
relacionamento entre os irmãos ou profanos do mundo
exterior.

102
Neste contexto, o desbastar da pedra bruta não é uma atitude
isolada, ela permeia a todos quantos a volta do novo ser
acompanham este processo de transformação e neste
momento, suas vidas também acabam por ser transformadas,
na reação em cadeia onde os bons costumes e a retidão das
ações devem ser como o maço, instrumento de força que as
imprime nos corações da eternidade.

A postura correta do pedreiro livre, entretanto, esbarra nas


entrelaçadas relações do quotidiano enquanto na correria do
dia a dia esquecemo-nos até mesmo de quem somos e do
novo papel que hora passamos a desempenhar na sociedade.

Nestes momentos devem sempre ser lembradas as palavras do


V.'.M.'. no encerramento, suscitando diligência, moderação e
prudência, cernes da formação moral aprendidas no seio de
nossa casa perfeita e às vezes esquecidas ao nos depararmos
com os desafios do dia a dia exaustivo.

As promessas solenes de amparo, assistência, tolerância e


bondade jamais devem estar submersas nos pesados afazeres
ou perderemos nossa identidade de homens pinçados da turba
e diferenciados da maioria, negando a formação justa e
perfeita que como uma dádiva que recebemos, permitindo ao
mundo que julgue o trabalho de nossa oficina, em vão.

103
As belíssimas palavras de Davi também nos remetem a um
maior sentimento sobre nosso comportamento não apenas em
loja, mas no mundo profano também, pois ao citar “Quão bom
e quão suave é que os irmãos vivam em união”, devemos
lembrar-nos que no início dos tempos todas as criaturas
tiveram origem num só criador, o Senhor que como o orvalho
de Hermon, que desce sobre os montes de Sião, ordena a vida
e a bênção para sempre.

Somos de fato então todos os irmãos, pois somos filhos de um


mesmo Pai cuja harmonia e amor nos foram magistralmente
ensinadas pelo Divino Mestre, as quais devem ser cultivadas a
cada manhã, partes que são da lista de bons ofícios que deve
professar o verdadeiro pedreiro livre e de bons costumes.

Enganamo-nos, porém, se pensamos que ter irmãos nos basta,


pois neste momento o verbo “ser”, também diferencia-nos da
mesmice que ronda a humanidade onde todos buscam “ter”,
muitas vezes sem o merecer.

Devemos nos esmerar em “ser” irmão, pois o que o é, é por si


só, não esperando mais por isso. Ser irmão é estar disposto a
servir sempre a todos os que têm direito aos nossos bons
ofícios, ou seja, a sociedade, esta que milita na escuridão,

104
cega a beira do abismo implorando por um fio de esperança,
que apenas os atos de homens completos e de bons costumes
e, sobretudo, responsáveis por seus atos, podem multiplicar.

Somos filhos e iguais perante o Grande Arquiteto.

Unir sempre, separar jamais


Gabriel Campos de Oliveira

105
A LUZ

May 03, 2016

A luz é para a Maçonaria, o mais importante de todos os


símbolos.
É o símbolo da verdade e da sabedoria.
E, nisto, a Arte Real segue os passos do mais antigo
sentimento religioso, pois a luz sempre foi considerada como
objeto da realização e concretização das metas principais dos
antigos mistérios. Castellani afirma que a luz “figuradamente
designa ilustração, esclarecimento, o que esclarece o espírito,
claridade intelectual.
A luz, não a material, mas a do intelecto e da razão é a meta
máxima do iniciado maçom, que vindo das trevas do Ocidente,
caminha em direção ao Oriente, onde reina o sol, havendo, aí,
sem dúvida, uma influência dos mitos solares da antiguidade,
principalmente o de Mitra (persa) e o de Apoio (grego).

106
Graças a essa busca da verdade, do conhecimento, da razão é
que os maçons autodenominam-se “Filhos da Luz”; e talvez
não tenha sido por acaso que a Maçonaria, em sua forma atual,
a dos aceitos, nasceu no Século das Luzes, o século XVIII.
É do oriente, que todas as manhãs, a luz jorra magnífica. O
sol, luz e vida da Terra, brilha igualmente sobre todos, sem
distinção de raças, de cores ou de credos.
Os maçons sabem que o Oriente, fonte da luz material, é um
dos símbolos da Arte Real, pois eles sabem que a Ordem
contém em seu bojo a pura luz da verdade. E, se no mundo
físico, a luz do sol é a grande dádiva da natureza, vivificadora
distribuição de energia e fonte de vida, também isto acontece
no mundo espiritual e no mundo moral.
Quando a noite intelectual, nos tempos primitivos, pairava por
sobre o mundo, foi do antigo sacerdócio, que vivia no Oriente,
que a grande lição sobre Deus a natureza e a humanidade foi
primeiramente emanada, e dirigindo-se para o Ocidente
revelou ao homem seu destino futuro e sua dependência de
um poder superior.
Era a luz vivificadora do Espírito que, do Oriente, esparzia
luminosidade, através dos sábios persas, gregos, árabes e
judeus, modificando inteiramente a visão dos que buscavam e
ainda buscam o saber, na anciã incontida de encontrar a
verdade.
Daí porque luz – sinônimo do conhecimento e da verdade – se
contrapõe ás trevas-sinônimo da ignorância, da mentira e da
falsidade. Em todos os antigos mistérios religiosos, a luz era o
que todos buscavam tal qual hoje, na Maçonaria.

107
Entre os egípcios, Osíris, a principal divindade, era o nome do
sol. Entre os hindus, as três manifestações de sua divindade
suprema – Brama, Shiva, Vishnu – eram os símbolos do sol:
Brama, o sol no nascente; Shiva, o sol no zênite; Vishnu, o sol
no poente.
Além disso, “a roda solar, como arma de Vishnu, como
símbolo Cakravartin e como a lei que o Buda pôs em
movimento, procede por, sua vez, de um simbolismo solar
antiquíssimo e muito difundido. Luiz XIV da França imitou a
fórmula, chamando a si mesmo de Rei Sol.
O sol, luz e vida do mundo, brilha igualmente sobre todos nós
(Henrich Zimmer, Filosofia das índias). A significação
emblemática da luz, na Maçonaria, está presente em todos os
Graus e em todos os Ritos.
Em todos os sistemas antigos essa reverência pela luz, como
símbolo da verdade, era predominante. Nos mistérios de todas
as Nações, o candidato passava, durante suas iniciações, por
cenas de mais profunda escuridão e, por fim, terminava suas
provas pela entrada num santuário esplendidamente
iluminado, onde lhe diziam que tinha alcançado a luz pura e
perfeita e onde recebiam as instruções necessárias para
investi-lo do conhecimento da Verdade Divina, cuja
consecução fora o objeto de todos os seus trabalhos, e cujo
fornecimento constituía o desígnio da ordem em que fora
iniciado.
Quando o candidato diz querer ver a luz, ele está imerso em
profunda escuridão, não está implorando a luz física, mas a
Luz superior, a Luz do saber, para que possa, iluminando os
caminhos da sua inteligência e do seu espírito, buscar outra

108
vida, através da qual ele possa transformar-se em outro
homem, passando de profano a maçom.
O que ele busca realmente é aquela luminosidade que lhe
dissipará a escuridão da ignorância moral e mental,
colocando-lhe diante dos olhos da inteligência as verdades
maravilhosas da filosofia e da ciência, cujos ensinamentos se
consubstancia na grande meta da Maçonaria.
O sol, a lua, a estrela flamejante, as luzes que iluminam os
altares ali com uma significação muito além daquela que lhes
emprestamos no mundo material.
Se a luz material nos informa, através de nossa visão, tudo o
que existe ao nosso redor, há outras formas de luz que nos
proporcionam uma visão de muito maior valor para a nossa
vida, o caminho da existência espiritual que haveremos de
percorrer, como, por exemplo, a luz da inteligência que na
Maçonaria, é representada simbolicamente pela estrela
flamejante, representação do homem, de suas faculdades e
sentidos.
Esta é a luz que nos faz enxergar os problemas interiores e os
meios para enfrentá-los e, às vezes corrigi-los ou vencê-los. A
luz da inteligência é aquela que ilumina o mundo interior da
consciência e da razão.
Podemos chamá-la de luz espiritual. Necessário é que não
desviemos os olhos de uma terceira luz, talvez mais
importante que as duas primeiras:
A Luz Divina. É preciso que o maçom lance mão de todos os
seus esforços, de todos os meios que a Maçonaria lhe oferece
para conseguir iluminar o seu interior.

109
Com o trabalho e o estudo diuturnos ele alcançará aquela
claridade indicadora do seu progresso intelectual e, sobretudo,
moral, e estará cumprindo fielmente as metas que a Arte Real
lhe traçou: através do esforço de cada maçom em busca do
seu aperfeiçoamento interior, conseguir-se-á o progresso
moral e espiritual da humanidade.
Fonte: JB News

110
TEMPLO MAÇÔNICO

May 04, 2016

Desde que o ser humano aprendeu a reconhecer a existência


de um ser supremo no Universo, que lhe deu origem e vida e
que condiciona, orienta e comandam os seres que criou, ele
também aprendeu a respeitar esta divindade, a tentar
interpretar as suas manifestações e a exteriorizar os seus
sentimentos sobre a forma de credos mais ou menos
complexos.
Para isso, locais especiais preparados de forma adequada e
adornados de acordo com o grau de desenvolvimento dos
povos, foram e são utilizados para as práticas religiosas e
sagrados.
Estes lugares sempre foram cercados de cuidados e
segurança contra indivíduos estranhos e ameaçadores e
intempéries.

111
Com o passar dos tempos foram adquirindo características
místicas, de acordo com o grau evolutivo da cultura que os
construía e, para seu serviço, foram sendo treinados homens e
mulheres, que transmitiam os ofícios litúrgicos de geração em
geração, por processo permanente a seu serviço.

Um templo apresenta, em geral, uma distribuição interna do


espaço, de acordo com a seita, ordem ou religião a que serve.
Sendo esses espaços comuns à maioria dos templos,
podendo-se citar:

1 – Local onde a divindade se manifesta. Normalmente é um


altar de pedra ou de madeira, colocado em um ponto
proeminente e bem visível, destacando-se no conjunto
arquitetônico da construção.

2 – Concentração dos fiéis. Este espaço de razoável amplitude,


devendo comportar a totalidade dos fiéis. Possui abertura para
o exterior, não raro guardadas por animais selvagens ou seres
mitológicos.

3 – Praça ou altar de sacrifícios. É aquele que o rito pratica seu


ofertório sacrifical, seja ele realmente um sacrifício ou por
meio de atos teatral. Estes atos costumam ser interpretados,
também no espaço sacrifical do templo.

4 – Locais de iniciação de sacerdotes ou adeptos. Costumam


serem reservados espaços específicos, dentro ou fora do

112
templo, para a realização dos atos litúrgicos referentes às
iniciações ou aceitação do pessoal que se dedicará ao serviço
do rito ou do templo . Ai está depositado os materiais
iniciáticos, os altares ou tronos específicos, as câmaras de
expiação, etc..

Além dessas características, os templos costumam ostentar


ornamentos diversos, de acordo com a filosofia que orienta a
seita, ordem ou religião. Normalmente encerram significados
simbólicos, que servem para preservar os ensinamentos
contra as mutações semânticas da língua predominante entre
os adeptos, garantindo a sua perpetuidade.

O templo Maçônico é, em si mesmo, um símbolo múltiplo,


dentro do qual devem ser desenvolvidas e aprimoradas as
qualidades consideradas pela filosofia Maçônica como
indispensáveis para atingir a perfeição. Se o homem é um
templo, e se os templos são os locais de manifestações e
adoração do G .’. A .’. D .’. U .’., constitui-se dever do homem
buscar, em si mesmo, as manifestações divinas que tornam
um ser impar na natureza, ele que tem consciência do que
deve ser e o que deve fazer para o ser.

A Maçonaria utiliza templos para a prática de sua liturgia,


inspira-se nos relatos bíblicos sobre a construção do templo
de Salomão, associados às práticas e lendas cristãs da Idade
Média e conhecimentos ocultistas.

113
O Templo Maçônico tem forma retangular ou de um
quadrilongo, seu comprimento é do oriente ao ocidente, sua
largura de Norte a Sul, sua altura da Terra ao Zênite e sua
profundidade da superfície ao centro da terra.
Divide-se internamente em dois espaços, separado por uma
balaustrada: O Oriente, de onde nasce a luz para os MM.’.; e o
Ocidente de onde chegam os MM.’. em busca da luz. No
Oriente tem acento o Vem.’. M.’. e os MM.’. que, por dever de
ofício, direito honorífico ou convite específico, ali se colocam
durante os trabalhos. No Ocidente tem assento os demais IIr.'..

Dá-se também a orientação do templo no sentido Oriente –


Ocidente, seja porque essa era a orientação do templo de
Salomão, seja porque, a sabedoria e a cultura veio do Oriente
para o Ocidente, ou porque o Sol, símbolo da Sabedoria,
ergue-se no Oriente, dirigindo-se para o ocidente.

O Templo Maçônico é decorado com Ornamentos e revestido


de Paramentos e Jóias.

Os Ornamentos são: Pavimento mosaico, Orla dentada e a


Corda de oitenta e um nós.

Os Paramentos são: O L.’. da L.’., Esquadro e o Compasso.

As Jóias são: Fixas (Prancha da Loja, P.’. B.’. e P.’. P.’.), e as


Jóias móveis (Esquadro, Prumo e Nível).

114
Doze colunas zodiacais são colocadas nos lados do templo,
simbolizando a luz que todos os MM.’. recebem no interior do
templo.

No Oriente, há três altares, a saber: do Ven.’. M.’. (retangular),


do Or.’., do Secr.’. (triangulares).

No Ocidente existem quatro altares: 1o Vig.’., 2o Vig.’., Tes.’.,


Chanc.’..

O hábito de Estrelar o teto dos Templos tem sua origem no


Egito antigo, notado no magnífico Templo de Carnac (hoje,
Luxar). Porém para a simbologia Maçônica é correto que ele
tenha apenas a presença do Sol e da Lua, e as nuvens de cor,
mostrando a transição do dia (Oriente), para a noite (Ocidente).

Duas colunas denominadas de J.’. e B.’. ficam de cada lado


externo da porta.

Podemos interpretar que o Templo Maçônico é o Símbolo do


Universo, pois Deus ocupa todo o espaço e todo o tempo
universal. Ele reproduz o macrocosmo em um microcosmo;
segundo a máxima hermética:
“Assim como é em cima é em baixo”.
A .’. M .’. CARLOS ROBERTO SIMÕES
A .’. M .’. WALTER PEREIRA DE CARVALHO
BIBLIOGRAFIA:
SEMINÁRIO GERAL DE MESTRES MAÇONS

115
Instituto de Estudos Maçônicos Específicos
LITURGIA E RITUALÍSTICA DO GRAU DE APRENDIZ
MAÇOM (Castellani, José)

116
SERÁ A MAÇONARIA PARA RICOS?!"

May 06, 2016

Esta questão que usei como título deste post reflete uma
questão e afirmação que ouço amiúde em alguns círculos
profanos. Uns questionam na sua ignorância se a Maçonaria é
para "ricos", outros afirmam de forma contundente que ela é
feita para "ricos".
Posso afirmar que nem é uma coisa nem a outra!
Primeiro porque a Maçonaria é uma Ordem universal. Logo se
encontrando ela em qualquer parte do globo terrestre, seja nos
países ditos de "primeira linha" como nos países classificados
(injustamente!) como "terceiro-mundistas", a Maçonaria é o
espelho da sociedade onde se encontra implantada. O que
levará a que nos seus quadros de obreiros se encontre gente
de múltiplas origens, profissões ou de níveis acadêmicos
díspares. O que será sintomático da sua heterogeneidade e
universalidade.
Mas apesar disso, é costume se afirmar que a Maçonaria é feita
de uma elite de pessoas, mas "elite" essa que nada tem a
haver com economia e finanças, mas apenas uma elite moral e
social de pessoas que procuram evoluir e crescer
espiritualmente através de uma via iniciática e que também
procuram promover o progresso da sociedade, e apenas isso.

117
Nas Lojas Maçônicas encontramos gente de todas as idades
(maiores de idade), logo pessoas que ainda estudam ou já
trabalham ou ambas as situações, e dada à diferença e
multiplicidade de profissões que se podem encontrar numa
Loja, será natural que se encontre gente mais "abonada" que
outras, mas nada que não exista também no mundo profano, o
que é natural!
Mas como é possível encontrar este "tipo" de gente,
naturalmente se poderia confundir a Maçonaria com um clube
de cavalheiros ou apenas como uma associação benfeitora e
nada mais, o que é totalmente errado e que subverte os
princípios que consagram a Ordem Maçônica. Evidentemente
que a Filantropia, a Caridade e a Solidariedade Social existem,
mas são apenas uma consequência da elevada moral que os
maçons possam ter e nada mais. Para exercer essas
qualidades em exclusivo existe outro tipo de associações com
essas preocupações prementes, sejam os Rotários, o Lions ou
outras similares.
Todavia e como este texto versa sobre "metais" (vulgo,
dinheiro), posso reafirmar que apesar da Maçonaria não ser
exclusiva de gente rica, ela não é uma Ordem barata, ou seja,
existem sempre custos associados para quem faça parte dela.
Existem os custos com a adesão na Ordem, as quotas
mensais, as "subidas de grau", os materiais e demais
parafernália maçônica, isto é, os aventais, luvas, colares, livros
e outros acessórios e adereços que um maçom necessite para
o seu dia-a-dia na Loja da qual que fará parte integrante. E aqui
sim, é que se pode dizer profanamente "que a porca torce o
rabo", porque regra geral, não são baratos tais materiais.

118
Mas também não serão mais caros do que outros relacionados
com outras Ordens similares, ou associações civis ou clubes
desportivos. - Nada na vida é borla! -
E aqui retorno à questão original, “Será a Maçonaria para
ricos?!", claramente que não o é!
Mas não deixa de dar jeito ter algum dinheiro no bolso, nem
que seja para auxiliar quem dele necessitar...
NUNO RAIMUNDO

119
OS DOZE TRABALHOS HERCÚLEOS DO ORADOR

May 09, 2016

01) Zelar pelo cumprimento dos deveres, regulamentos e


normas que regem a Ordem.
02) Comunicar à Loja, qualquer irregularidade praticada por
Maçom no mundo profano.
03) Requerer a abertura de processo contra o Obreiro que
venha infringir nossas leis.
04) Ler os decretos do Grão-Mestre e documentos
determinados pelo Venerável Mestre.
05) Propor o adiamento de discussão e votação de qualquer
assunto.
06) Apresentar suas conclusões quando solicitado pelo
Venerável Mestre.
07) Assinar os balaústres e documentos a ele pertinentes.

120
08) Fiscalizar os trabalhos eleitorais.
09) Pedir a palavra ao Venerável Mestre, podendo interromper
a palavra de qualquer Irmão que não esteja entre Colunas.
10) Desincompatibilizar-se do cargo, sempre que queira tomar
parte pessoalmente nas discussões.
11) Saudar os Irmãos admitidos, autoridades, visitantes e
aniversariantes.
12) Abrir e fechar o Livro da Lei.
BASICAMENTE é só isso! O Orador deve tomar muito cuidado,
pois a oratória é a vitrine para a venerabilidade. Ali pode
começar ou terminar sua caminhada para o Trono de Salomão.
O cargo não é de “Falador”, mas de “Selecionador da Oração”
(frase/artigo/norma), que manterá os trabalhos justos e
perfeitos, dentro da legalidade.
Apesar da palavra Orador, representar aquele que pronuncia
um discurso perante uma assembléia, o melhor para a Oficina
é que ele tenha o comportamento de um Magistrado, pois está
revestido de autoridade judicial e administrativa.
Sua Joia não é um Palanque, mas um Livro aberto sobre fundo
radiante. Nas Sessões Magnas, já consta sua manifestação
nos rituais e se nas conclusões, ele achar que tem algo mais a
ser dito ao Iniciado, diga apenas: “- Bem vindo”.

Normalmente, o novo Irmão está tão extasiado com o


momento, que não captará mais nada que lhe for falado. Na
leitura dos decretos, deve pesar o bom senso, a leitura dos
mesmos é obrigatória. Todos começam e terminam com o

121
mesmo texto, basta então dizer o número dele e o que
dispõem, com uma síntese do conteúdo.
Nenhum Grão Mestre vai ficar chateado se o nome dele não for
citado a cada leitura. Sua obrigação de conhecer os
Landmarks, a Constituição de Anderson, o Regulamento e
Constituição de sua Potência, Normas e Procedimentos,
Regulamento da Oficina, não o faz o “Senhor da Lei”; antes de
estar como uma Dignidade da Oficina, ele é um Irmão da Loja.
Não deve apontar as falhas, mas apresentar soluções! Não
deve dar lição de moral (nem ELE atirou a primeira pedra).
Não deve procurar palavras eruditas, pois sentimentos puros
são ditos, por palavras simples. Se há um determinado
momento para sua manifestação não há motivo para falar na
hora da Pal.’. a Bem da Or.’., e deve se ater ao momento vivido
pela Oficina, naquela reunião.
Trazer discurso de casa ou ler um texto é prova de falta de
espontaneidade; estamos em família, basta apenas abrir o
coração! Por fim, resta este aspecto: De olho no relógio! Na
hora de suas conclusões, um breve: “– Que Deus abençoe a
todos”, permitirá que se feche com Chave de Ouro a Sessão.

122
TEÍSMO, DEÍSMO E ATEÍSMO

May 11, 2016

ATEÍSMO – é a filosofia que professa a inexistência de um


poder Criador; O ateísmo ou ateía (não confundir com ateia,
feminino de ateu em um sentido lato, refere-se à descrença em
qualquer Deus, deuses ou entidades divinas.
Os ateus podem, contudo, incluir-se em várias modalidades de
pensamento, sendo o pensamento ateísta dividido em duas
categorias específicas: o ateísmo fraco e o ateísmo forte.
Alguns autores defendem um uso mais restrito do termo,
reservando-o apenas para determinados grupos. Assim, não
poderiam ser englobadas na categoria dos ateus todas as
pessoas indecisas quanto a qualquer crença religiosa
(agnósticos), o que excluiria do conceito e sua definição
aqueles que são designados como ateus fracos.
Contudo, é frequente, em discursos orientados por uma
religião e cultura específicas, que se considere como ateu todo
aquele que não partilhe as mesmas crenças religiosas. Por

123
exemplo, era frequente que os antigos romanos acusassem os
antigos cristãos de ateísmo, justificando assim a sua
perseguição.
Os textos cristãos, por seu lado, usavam o mesmo termo para
classificar os seus perseguidores. Este tipo de discurso ainda
é frequente atualmente.
AGNOSTICISMO – é a crença que a existência ou não de um
poder Criador nunca será resolvida (Immanuel Kant). As bases
filosóficas do agnosticismo foram assentadas no século XVIII
por Immanuel Kant e David Hume, porém só no século XIX é
que o termo agnosticismo seria formulado. Seu autor foi o
biólogo britânico Thomas Henry Huxley numa reunião da
Sociedade Metafísica, em 1876.
Ele definiu o agnóstico como alguém que acredita que a
questão da existência ou não de um poder superior (Deus) não
foi nem nunca será resolvida. Nas palavras de Huxley, sobre a
reunião da Sociedade Metafísica, “eles estavam seguros de ter
alcançado certa gnose — tinham resolvido de forma mais ou
menos bem sucedida o problema da existência, enquanto eu
estava bem certo de que não tinham, e estava bastante
convicto de que o problema era insolúvel.”
Desde essa época o termo “agnóstico” também tem sido
usado para descrever aquele que não acredita que essa
questão seja intrinsecamente incognoscível, mas por outro
lado crê que as evidências pró e contra Deus não são ainda
conclusivas, ficando pragmático sobre o assunto.
TEÍSMO – é a crença num princípio Criador, incriado;
TEÍSMO – Conceito

124
O Teísmo (do grego Theós, “deus”) sustenta a crença em
deus, opondo-se ao ateísmo. Trata-se de um conceito
introduzido em 1678, por Ralph Cudworth.
Ralph Cudworth (1617-1688):
Filósofo e Teólogo Inglês, membro da escola filosófica
denominada “Platonistas de Cambridge”
TEÍSMO – Divisão
Podemos dividir Teísmo em:
• Monoteísmo: Crença em um só Deus;

• Politeísmo: Crença em vários Deuses;

• Henoteísmo: Crença em um só Deus, mas não nega a


existência de outros

TEÍSMO – Formas
O Teísmo pode ser:
Teísmo Cristão - O teísmo cristão é a crença na existência de
um Deus único – monoteísmo – como causa primária e
transcendental do universo e relativo ao cristianismo, sendo
cristão o que recebeu o batismo e professa a religião cristã. O
termo cristianismo pode ser entendido como o conjunto de
religiões cristãs, ou seja, que se baseiam nos ensinamentos,
na vivência e nas ideias de Jesus Cristo
Teísmo Monismo - Chama-se de monismo (do grego monos,
“um”) às teorias filosóficas que defendem a unidade da
realidade como um todo (em metafísica) ou a identidade entre
mente e corpo (em filosofia da mente) por oposição ao
dualismo ou ao pluralismo, à diversidade da realidade em

125
geral.
No monismo um oposto se reduz ao outro, em detrimento de
uma unidade maior e absoluta. As raízes do monismo na
filosofia ocidental estão nos filósofos pré-socráticos, como
Zenão de Eléia, Parmênides de Eléia. Spinoza é o filósofo
monista por excelência, pois defende que se deve considerar a
existência de uma única coisa, a substância, da qual tudo o
mais são modos.
Hegel defende um monismo semelhante, dentro de um
contexto de absolutismo racionalista. Em filosofia da mente,
monismo é, no mais das vezes, materialismo sobre a natureza
da mente.Algumas religiões pagãs, como é o caso da Wicca,
utilizam o conceito de monismo para explicar a crença de que
tudo o que há foi criado por uma única divindade, neste caso,
a figura de uma Deusa-Mãe como entidade cósmica primordial.
Essa crença se baseia no fato de que, na natureza, os únicos
seres capazes de gerar vida, de criar, são as fêmeas. Esta era a
concepção dos povos antigos em seus cultos, e só depois de
muito tempo é que surgiu a figura do Deus, que passou a
dividir espaço com a Antiga Deusa através do dualismo.
Teísmo Aberto - Teísmo Aberto é a teologia que nega a
onipresença, a onipotência e a onisciência de Deus. Seus
defensores apresentam outra definição onde afirmam
pretender uma reavaliação do conceito da onisciência de Deus,
na qual se afirma que Deus não conhece o futuro
completamente, e pode mudar de ideia conforme as
circunstâncias. Afirmam também, alguns defensores, que o
termo “Todo-poderoso” não pode ser extraído do contexto
bíblico pois, segundo eles, a tradução original da palavra do

126
qual é traduzida tal expressão havia se perdido ao longo dos
séculos.
O Teísmo Aberto tem origem na Teologia do Processo. Surgido
na década de 30, a Teologia do Processo, tendo como
principais representantes Charles Hartshorne, Alfred North
Whitehead e John Cobb, é uma tendência filosófico-teológica
chamada panenteísmo, que consiste na aproximação do
pensamento teísta e panteísta; herdando as características de
tais inovações mais filosóficas que teológicas, surgindo a
seguir o Teísmo Aberto.
DEÍMO
DEÍSMO – Conceito
O deísmo é uma postura filosófico-religiosa que admite a
existência de um Deus criador, mas questiona a ideia de
revelação divina.
É uma doutrina que considera a razão como uma via capaz de
nos assegurar da existência de Deus, desconsiderando, para
tal fim, a prática de alguma religião (Voltaire 1694-1778).
Deus se revela através da ciência e as leis da natureza.

O deísmo pretende enfrentar a questão da existência de Deus,


através da razão, em lugar dos elementos comuns das
religiões teístas tais como a “revelação divina”, os dogmas e a
tradição. Os deístas, geralmente, questionam as religiões
denominacionais e seus deus(es) dito(s) “revelado(s)”,
argumentando que Deus é o criador do mundo, mas que não
intervém, diretamente, nos afazeres do mesmo, embora esta
posição não seja estritamente parte da filosofia deísta. Para os

127
deístas, Deus se revela através da ciência e as leis da natureza.
É interessante dizer, que o conceito deísta de divindade não
corresponde, necessariamente, ao que comumente a
sociedade entende ser “deus”. Ou seja, existem várias formas
de se compreender aquilo que é, supostamente, transcendente
ou sobrenatural.
Então, Deus pode ser compreendido como o princípio vital, a
energia criadora ou a força motriz do Universo. Todavia, não
propriamente como um ser antropomórfico.
Tal representação é específica das religiões fundamentalistas,
os quais o deísta não considera como sendo a verdade.
O deísta não, necessariamente, nega que alguém possa
receber uma revelação divina, mas essa revelação será válida
apenas para a pessoa que a recebeu (se realmente a recebeu).
Isto implica a possibilidade de estar aberto às diferentes
religiões como manifestações diversas de uma mesma
realidade divina, embora não crendo que nenhuma delas seja a
“verdade” absoluta.
Muitos deístas podem ser definidos como agnósticos teístas,
pois consideram que no dia-a-dia as ações humanas devem
ser orientadas pelo pensamento racional.
Ir:. Luis Genaro Ladereche Figoli (Moshe) - M:.M:.
Membro da Loj:. Simb:. Palmares do Sul nº 213
G:.L:.R:.G:.S:.

128
A ENCRUZILHADA DA MAÇONARIA

May 14, 2016

Para reencontrarmos nosso caminho é necessário o


convencimento de que nossa Ordem, a Maçonaria, é forte por
si mesma: livre, independente e autônoma.
Se deixarmos de fazer uso dessas características é porque
outros "valores" se intrometeram em nossa dinâmica pelas
mãos dos eternos caciques que tentam controlar tudo, e
daqueles que, sob o disfarce de servirem a Maçonaria, vão
construindo suas "candidaturas" (a palavra vem de "cândido,
isto é, puro) ou garantindo um lugar ao sol dentro das
Potências.
O único lugar ao sol existente na Maçonaria fica nos assentos
entre as colunas, no Oriente ou nos altares, para aqueles
capazes de contemplar a luz maior do Conhecimento
simbolizada pelo Astro Rei, o bom e velho Sol. Os demais
pertencem à classe dos satélites aventureiros.
Fazer Maçonaria não é falar grosso. É amar a sabedoria e
buscar conhece-se a si mesmo. Maçonaria é o caminho e

129
maneira de vida e ensina melhor quem coloca o exemplo de
vida acima do palavrório.
Pertencer à Maçonaria consiste num permanente vontade de
saber e não na constante vontade de poder. A postura do
maçom é a de respeito intelectual pela verdade e não na
reverência cega diante dos políticos profissionais – as raposas
– estejam elas entre nós ou no mundo profano.
Aprendizes e Companheiros: despertem para este fato, pois
cada um de nós pode contemplar a realidade tal qual ela é,
mesmo dentro das atuais limitações de conhecimento. O
subjetivismo dos que tentam nos enganar acaba por deformar
a instituição para atender aos interesses pessoais. Se não
reagirmos, em breve teremos que reformar toda a Ordem para
que o espírito da Maçonaria seja preservado puro e imaculado.
É isso que desejamos?
Felizmente essa reação já se esboça entre as novas gerações
de maçons que identificam tais manobras e resistem contra
elas, seja apoiando as direções das Lojas e das Potências
quando alinhadas com os objetivos da verdadeira Maçonaria.
Alguém poderá perguntar: MAS QUAIS SÃO OS
VERDADEIROS OBJETIVOS DA MAÇONARIA? E eu só poderia
responder: "Se você pergunta quais são, é porque ainda não
aprendeu o suficiente sobre Maçonaria (ou talvez nem devesse
ter se afiliado...)." – desculpem minha franqueza.
Eu é que não entendo essa necessidade urgente que alguns
apontam para que a Maçonaria se curve diante dos (maus)
representantes do povo ou busque se justificar perante a
sociedade bajulando essa ou aquela religião.

130
As religiões têm forças em si mesmas e não precisam do aval
da Maçonaria; nem a Maçonaria carece da aprovação delas.
Deve prevalecer o respeito mútuo. Nossa Ordem não é uma
religião, e como tal respeita todas e reconhece o bom trabalho
que estão realizando; mas somos reciprocamente livres,
independentes e autônomos.
O mesmo se dá com a política: devemos votar
conscientemente e eleger representantes dignos do mandato
popular. Mas a Maçonaria não deve interferir na administração
pública, assim como a política partidária não pode interferir na
vida das Lojas e das Potências. Nossa aliança preferencial
deve ser com o povo, com os cientistas sociais, as
universidades e as instituições que apresentem um projeto
ético e válido para "o bem estar da Pátria e da humanidade".
Esta sim é a boa política maçônica e profana para o século XXI.
Estou falando de uma nação e de uma instituição milenar, não
de uma coisa transitória como um partido político e suas
frágeis alianças. Nesse aspecto, nossa vista tem que se voltar
vigilante para os ambiciosos caçadores de assentos na
administração pública e – pior ainda – na administração da
Maçonaria, vestindo a pele de cordeiro com a qual disfarçam
sua fome voraz de lobos de avental. Prefiro os bodes.
O ano de 2016 coloca nossa Ordem à prova. Não só no país
como no âmbito da Maçonaria muitos acontecimentos haverão
de demonstrar de que lado estão os protagonistas que
pretendem ser lembrados no futuro – e o futuro é agora.
O objetivo das democracias é que vivamos juntos,
ajudando-nos mutuamente e sempre dizendo NÃO aos
preconceitos e aos fatores que distanciam o povo maçônico de

131
suas autênticas lideranças.
Não precisamos de cargos nem de posições elevadas para
sermos dignos e respeitados.
Olhemos primeiro, para a vida profissional, social e familiar
dos que pretendem falar "em nome da Ordem".
Esta é a lição do NÍVEL que devemos exercitar em 2016, pois a
Maçonaria não será mais a mesma após decorrer este ano.
Quem tem ouvidos ouça; quem tiver olhos, veja.

José Maurício Guimarães

132
AS ORIGENS DO TRONCO DE SOLIDARIEDADE OU SACO
DE BENEFICÊNCIA

May 16, 2016

Muitas são as pesquisas sobre as origens da Bolsa de


Beneficência, Saco de Beneficência, Tronco das Viúvas,
Tronco de Solidariedade e tal início tiveram no Século XII
quando o governo da Igreja era exercido pelo Papa Inocêncio
III, existiu um Tronco dos Pobres. De início, se chegou a
pensar que estivessem ali as origens daquilo que se buscava
descobrir: de como surgira o Tronco de Solidariedade.
Todavia, continuava este trabalho de busca, se chegando à
absoluta certeza de que o Tronco dos Pobres nada tinha a ver
com o que se buscava.
E que realmente, o recolhimento de óbolos entre os Operativos
teve início nos meados do Século XV. Em 1450 foi criado entre
os construtores um sistema de ajuda mútua. Tal sistema
recebeu o nome de Tronco das Viúvas. A finalidade do
recolhimento de óbolos para a formação do Tronco era auxiliar

133
a família do Obreiro falecido tendo, depois, adquirido um
segundo destino: ajudar o Maçom acidentado no serviço.
E nota-se que esta espécie de ajuda mútua tinha por princípio
algo que nascera entre os Operativos, sustentando a tese de
que, entre eles, existia a prática da verdadeira fraternidade
entre os irmãos.
A criação do Tronco das Viúvas se estabeleceu definitivamente
quando da reunião dos Talhadores de Pedra alemães, uma vês
que seu regulamento foi incluído nos Estatutos Reguladores
da Conferência dos Talhadores de Pedra. Essa reunião ocorreu
em 25 de abril de 1450, em Ratisbona.
Entre os vários artigos do documento estão aqueles que
fixaram definitivamente o Tronco das Viúvas:
Art. 25 – A fim de que o Espírito de Fraternidade possa
manter-se integral sob os auspícios divinos, todo o mestre que
tem a direção de um canteiro deve, desde que foi recebido na
corporação doar um gulden (florim).
Art. 26 – Todos os Mestres e empreiteiros devem ter, cada um,
um Tronco no qual cada Companheiro deve colocar um
pfennig (centavo) por semana. Cada Mestre deve recolher esse
dinheiro e tudo que chegue ao Tronco e remeter à corporação
no fim de cada ano.
Art. 27 – Doações e multas devem ser depositadas nos
Troncos da comunidade a fim de que os ofícios divinos sejam
melhor celebrados.
Entre vários escritores da Maçonaria do Brasil que se conhece
e pesquisados, o único que trouxe subsídio sobre o Tronco
das Viúvas é de Assis Carvalho, em seu Livro “A Maçonaria –
Usos & Costumes”, à página 150 – e Xico Trolha deixou escrito

134
o que a seguir segue:
“O Tronco das Viúvas é o mais antigo sistema de auxilio
mútuo, praticado entre os Maçons, em beneficio da família
maçônica. Era um sistema peculiar, particular, de arrecadar, de
levantar fundos para auxiliar as Cunhadas, Irmãos e Sobrinhos
dos Irmãos falecidos, mas também, o próprio Irmão
acidentando e impossibilitado de ganhar o sustento da
família”.
São muitas as colocações em Oficina, que a soma de tais
óbolos são destinados a se efetuar fraternidade fora de nossa
Ordem Maçônica e devemos ter em mente, que tais valores são
destinados aos que necessitam dentro da Família Maçônica e
não ficando somente a cargo do Venerável Mestre e
Hospitaleiro, mas todos estão dentro da Maçonaria para
efetivar a verdadeira fraternidade.
Ir.'. José Aparecido dos Santos
A.’.R.’.G.’.B.’.L.’.S.’. Justiça 12 – Rito REAA – Oriente de
Maringá
Dados extraídos da Cartilha do Rito Escocês
Irmão Raimundo Rodrigues
Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda

135
O CAMINHO MAÇÔNICO DE COMPOSTELA

May 17, 2016

De Aprendiz a Mestre Maçom.

O Caminho de Compostela, na Espanha, ficou famoso como


sinônimo de caminho de peregrinação.

Dessa tradição, podemos tirar algumas lições.

Só extraímos valor daquilo que nos custa algo. A ideia não é


de sacrifício, mas de experienciar aquilo que se faz.

136
Ir a Compostela de avião ou num carro de luxo, nos mostra o
resultado final, o ponto de chegada, mas não nos permite
incorporar, e incorporar significa tornar-se parte de nosso
corpo, cada passo, cada gota de suor, cada esquina do
caminho, cada árvore florida, cada córrego fresco, cada canto
de pássaro, cada entardecer ou cada amanhecer.

Chegamos a Compostela, mas ela não fará parte de nós.

Se o caminho é tão importante quanto o ponto de chegada, o


tempo deixa de ser importante.

Quando temos pressa de chegar, o caminho não tem a menor


importância. O tempo, sim.

Os veículos, também. Nesse caso, os fins justificam os meios.


Quando o experienciar é que é importante, os meios passam a
ter valor em si mesmo.

O tempo passa a ser secundário, pois cada passo é um chegar.

137
Cada pequena experiência se soma à grande experiência que é
o caminhar.

Estar lá é fundamental. Se vamos a Compostela por avião, as


esquinas do caminho, as árvores floridas, os córregos frescos,
o canto dos pássaros, o entardecer e o amanhecer continuarão
lá.

Mas não farão parte de nós.

Não farão parte de nossa bagagem. Quando, ao entardecer dos


anos, sentarmo-nos à frente da lareira, examinando, em
silêncio, a bagagem de nossa vida, essas coisas não estarão
lá.

Estaremos, incontestavelmente, mais pobres. Há alguns anos,


eu e os Irmãos Mestres, que me leem, éramos Aprendizes.

Curiosos e apressados como todos os Aprendizes.

138
algum tempo, começamos a achar que não havia nada no grau
de Aprendiz, que correspondesse àquela expectativa que
tínhamos quando fomos iniciados.

Púnhamos, então, nossas esperanças no grau de


Companheiro. Quando fôssemos elevados, os segredos nos
seriam revelados e o que tínhamos vindo buscar nos seria
entregue.

Após mais algum tempo, novamente, a rotina se instala e


passamos a desejar sermos Mestres. Aí, sim, a Maçonaria seria
desvendada e encontraríamos o pote de ouro no fim do
arco-íris. Creio que essa pressa, tão típica do espírito
moderno, é normal.

Afinal, vivemos uma época onde o importante é chegar. Muitas


vezes até de forma escusa, arrancando de forma ilegítima as
“palavras de passe”, os “sinais”, os “toques” e as “palavras”
de cada posição social.

Mas que valor, então, teve o nosso caminhar?

139
Nós, meus Irmãos, estivemos lá. Estivemos presentes em cada
passo, vertemos cada gota de suor, paramos em cada esquina
do caminho, admiramos cada árvore florida, bebemos em cada
córrego fresco, ouvimos cada canto de pássaro, admiramos
cada entardecer e cada amanhecer.

Estivemos presentes a cada sessão. Ouvimos cada palavra, as


boas e as más, as inspiradas e as cansativas. Hoje, o caminho
faz parte de cada um de nós.

Cada experiência está em nossa bagagem. Somos mais ricos.


E descobrimos que o grande segredo da Maçonaria não está
onde se chega, mas no caminhar juntos, compartilhando
nossa humanidade no que ela tem de melhor e de pior.

Dizem os místicos que “quando o discípulo está pronto o


Mestre aparece”. Para que isso aconteça, é necessário que o
discípulo esteja pronto, quer dizer, esteja lá e esteja atento.

Não façamos meus Irmãos, como as dez virgens da parábola


evangélica, que, quando o noivo chegou, estavam dormindo e
não tinha mais azeite em suas lâmpadas.

140
É estando presentes que veremos que o verdadeiro tesouro da
Maçonaria nos é dado, sim, mas não na chegada.

A cada sessão nos é dada uma moeda. Jogamo-la na bolsa


sem muita consideração.

Um dia, meus Irmãos, e isso tantos Irmãos mais vividos nos


têm testemunhado, acordamos e descobrimos, entre
espantados e extasiados, que temos um tesouro acumulado.

Nesse dia, cada vez que declamarmos: “Ó, quão bom e quão
suave é viverem os Homens em união. É como o perfume que
desce sobre a cabeça e sobre a barba de Aarão...”, as palavras
nos farão sentido e nossas almas exultarão.

A/D

141
A PREVALÊNCIA DO ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA

May 19, 2016

A fim de compreender o título desta exposição é necessário,


antes, conceituarmos os termos Espírito e Matéria para não os
associarmos à ideia de antagonismos ou a conceitos
populares despidos das suas verdadeiras significações e
papéis que cumprem perante as Leis Universais.

Comecemos com a seguinte frase de Michelangelo que se


aplica com perfeição às alegorias maçônicas:

“Dentro de um bloco de mármore habita uma linda estátua”.

É lógico dessa forma pensarmos, decodificando a alegoria


supra, que a matéria, no caso, o mármore, cumpre o papel de
envolver uma criação mais superior do que a forma bruta

142
apresentada pelo bloco. E que o paciente e contínuo trabalho
do cinzel faz emergir sob a forma de obra de arte.

No seu conceito normal, a matéria é qualquer substância


sólida, liquida ou gasosa que ocupa lugar no espaço. Existem,
ainda, conceitos subjetivos sobre o termo Matéria, porém
interessa-nos, sobremaneira a definição posta pela Filosofia
que ensina: “o que é transformado ou utilizado pelo trabalho
do homem para um determinado fim”.

Isso posto, passemos a analisar o termo Espírito que, além


dos seus significados populares e literários, tem em sua
origem latina o seguinte sentido: a parte imaterial do ser
humano, alma; e na Filosofia é o pensamento em geral, o
sujeito da representação, com suas atividades próprias e que
se opõe às coisas representadas; à matéria ou à natureza.

Comparando os conceitos expostos, para maior clareza no que


pretendemos elucidar verificamos que: Matéria substância
concreta, palpável; Espírito substancia imaterial

Matéria substância sem vontade própria; Espírito possui


vontade própria, racionalidade em sua atividade e
representação.

Em princípio, sem uma observação mais lógica da Natureza,


tem-se a ideia de que espírito e matéria são contrários,
portanto, antagônicos, mas a origem dos dois fluem do mesmo
princípio universal – da Criação Divina.

143
Eis, então, a questão: O GADU criou a matéria e o espírito para
se digladiarem ou para se completarem?

Basta uma simples observação dos acontecimentos na


caminhada do ser humano neste planeta para concluirmos que
a Matéria, na forma da Natureza, aí está para completar as
necessidades do Espírito e servi-lo, de modo a fornecer-lhe a
subsistência durante seu tempo de estada nesta escola.

Manda a lógica, ainda, nos remetermos ao fato de que o


Espírito Humano – Criação de Deus – na sua Perfeição e
Sabedoria infinitas, foi agraciado com um corpo material,
como uma espécie de vestimenta, devendo através dele,
cumprir sua tarefa de aprendizado, pelo fato de ainda reunir
poucos sinais de evolução. Precisa da matéria para se
expressar e locomover.

A interação e interconexão do Corpo Humano com o Espírito é


algo notável e maravilhoso, motivo de introspecção e análise
mais apurada, psicosomatismo esse que se diferencia de
todos os outros reinos da natureza, onde predomina, nas
formas mais vivas, o instinto.

Coloco, aqui, uma afirmação espiritualista que diz:


O Espírito dorme no mineral, acorda no vegetal, sonha no
animal e, pensa no homem...

O corpo humano é um Templo sagrado, emprestado, com

144
pouca durabilidade, que o Espírito tem o compromisso de zelar
e de utilizar com sabedoria e equilíbrio.

O Espírito faz do corpo a sua sede que, de acordo com seu


aprendizado, se manifesta em ideias e pensamentos os quais
poderão gerar energias poderosas de transformação para o
bem ou para o mal.

A matéria é, portanto, um instrumento físico compatível com o


mundo em que estamos inseridos, que serve ao Espírito para
sua jornada evolutiva.

É, entendendo dessa forma, que acontece a prevalência do


Espírito sobre a Matéria.

Logo, o Espírito Humano deve compreender que veio para


estar neste mundo, sem ser deste mundo! É a luta interior do
velho conflito humano entre o ter e o ser...

As iniciações, no campo das Doutrinas Filosóficas, cuja crença


em um ser superior é condição “sine qua non”, como a
MAÇONARIA, coloca aos interessados, através de um
processo iniciático, estruturas de conhecimentos esotéricos e
intelectivos que preparam o NOVO HOMEM para a vida além do
físico, da dependência material a que se atrelou por falta de
avanço espiritual.

Voltando à frase de Michelangelo, podemos afirmar que o


corpo humano abriga o que há de mais sublime da Criação

145
Divina, através de SEU FLUIDO UNIVERSAL, que é a
capacidade intelectiva e emotiva de perceber, sentir,
interpretar e dar cumprimento às Leis que emanam de Sua
Perfeita Justiça e Sabedoria no Espírito por ELE criado à sua
semelhança.

O bom ou o mau uso dessa concessão divina dirá do estado


moral de cada um, habilitando o homem à libertação da
matéria ou mantendo-o preso, impedindo-o de alçar voos mais
altos.

FONTE: Arabutan Alves Marinho M.’.M.’.


COMPILADO POR Ir.’. ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA –
M.’.M..’.
REAA - GOSP / GOB

146
ESQUADRO E COMPASSO

May 20, 2016

Talvez o mais conhecido dos símbolos da Maçonaria seja o


que é constituído por um esquadro, com as pontas viradas
para cima, e um compasso, com as pontas viradas para baixo.
Como normalmente sucede várias são as interpretações
possíveis para estes símbolos.
É corrente afirmar-se que o esquadro simboliza a retidão de
caráter que deve ser apanágio do maçom. Retidão porque com
os corpos do esquadro se podem traçar facilmente segmentos
de reta e porque reto se denomina o ângulo de 90 º que
facilmente se tira com tal ferramenta.
Da retidão geométrica assim facilmente obtida se extrapola
para a retidão moral, de caráter, a característica daqueles que

147
não se "cosem por linhas tortas" e que, pelo contrário, pautam
a sua vida e as suas ações pelas linhas direitas da Moral e da
Ética.
Esta característica deve ser apanágio do maçom, não
especialmente por o ser, mas porque só deve ser admitido
maçom quem seja homem livre e de bons costumes.

É também corrente referir-se que o compasso simboliza a vida


correta, pautada pelos limites da Ética e da Moral. Ou ainda o
equilíbrio. Ou a também a Justiça.
Porque o compasso serve para traçar circunferência,
delimitando um espaço interior de tudo o que fica do exterior
dela, assim se transpõe para a noção de que a vida correta é a
que se processa dentro do limite fixado pela Ética e pela Moral.
Porque é imprescindível que o compasso seja manuseado com
equilíbrio, a ponta de um braço bem fixada no ponto central da
circunferência a traçar, mas permitindo o movimento giratório
do outro braço do instrumento, o qual deve ser, porém,
firmemente seguro para que não aumente ou diminua o seu
ângulo em relação ao braço fixo, sob pena de transformar a
pretendida circunferência numa curva de variada dimensão,
torta ou oblonga, assim se transpõe para a noção de equilíbrio,
equilíbrio entre apoio e movimento, entre fixação e
flexibilidade, equilíbrio na adequada força a utilizar com o
instrumento.
Porque o círculo contido pela circunferência traçada pelo
instrumento se separa de tudo o que é exterior a ela, assim se
transpõe para a Justiça, que separa o certo do errado, o
aceitável do censurável, enfim, o justo do injusto.

148
Também é muito comum a referência de que o esquadro
simboliza a Matéria e o compasso o Espírito, aquele porque,
traçando linhas direitas e mostrando ângulos retos, nos coloca
perante o facilmente perceptível e entendível, o plano, o que,
sendo direito, traçando a linha reta, dita o percurso mais curto
entre dois pontos, é mais claro, mais evidente, mais
apreensível pelos nossos sentidos - portanto o que existe
materialmente.
Por outro lado, o compasso traça as curvas, desde a simples
circunferência ao inacabado (será?) arco de círculo, mas
também compondo formas curvas complexas, como a oval ou
a elipse.
É, portanto, o instrumento da subtileza, da complexidade
construída, do mistério em desvendamento.
Daí a sua associação ao Espírito, algo que permanece para
muitos, ainda misterioso, inefável, obscuro, complexo, mas
simultaneamente essencial, belo, etéreo.
A matéria vê-se e associa-se assim à linha direita e ao ângulo
reto do esquadro. O espírito sente-se, intui-se, descobre-se e
associa-se, portanto, ao instrumento mais complexo, ao que
gera e marca as curvas, tantas vezes obscuras e escondendo o
que está para além delas - o compasso.
Cada um pode - deve! - especular livremente sobre o
significado que ele próprio vê nestes símbolos. O esquadro,
que traça linhas direitas, paralelas ou secantes, ângulos retos
e perpendiculares, pode por este ser associado à franqueza de
tudo o que é direito e previsível e por aquele à determinação,
ao caminho de linhas direitas, claro, visível, sem desvios.

149
O compasso, instrumento das curvas, pode por este ser
associado à subtileza, ao tato, à diplomacia, que tantas vezes
ligam, compõem e harmonizam pontos de vista à primeira vista
inconciliáveis, nas suas linhas direitas que se afastam ou
correm paralelas, oportunamente ligadas por inesperadas
curvas, oportunos círculos de ligação, improváveis ovais de
conciliação; enquanto aquele mais sensível à separação entre
o círculo interior da circunferência traçada e tudo o que lhe
está exterior, prefere atentar na noção de discernimento (entre
um e outro dos espaços).

E não há, por definição, entendimentos corretos! Cada um


adota o entendimento que ele considera, naquele momento, o
mais ajustado e, por definição, é esse o correto, naquele
momento, para aquela pessoa. Tanto basta!

O conjunto do esquadro e do compasso simboliza a


Maçonaria, ou seja, o equilíbrio e a harmonia entre a Matéria e
o Espírito, entre o estudo da ciência e a atenção às vias
espirituais, entre o evidente, o científico, o que está à vista, o
que é reto e claro e o que está ainda oculto ou obscuro.

O esquadro é sempre figurado com os braços apontando para


cima e o compasso com as pontas para baixo.

150
Ambas as figuras se opõem, se confrontam: mas ambas as
figuras oferecem à outra a maior abertura dos seus
componentes e o interior do seu espaço.

A oposição e o confronto não são assim um campo de batalha,


mas um espaço de cooperação, de harmonização, cada um
disponibilizando o seu interior à influência do outro
instrumento.

Assim também cada maçom se abre à influência de seus


Irmãos, enquanto que ele próprio, em simultâneo, potencia,
com as suas capacidades, os seus saberes, as suas
descobertas, os seus ceticismos, as suas respostas, mas
também as suas perguntas (quiçá mais importantes estas do
que aquelas...) a modificação, a melhoria, de todos os demais.

Tantos e tantos significados simbólicos podemos descobrir e


entrever nos símbolos mais conhecidos da Maçonaria... Aqui
deixei, em apressado enunciado, alguns.

Cada um é livre, se quiser, de colocar na caixa de comentários,


o seu entendimento do significado destes símbolos, em
conjunto ou separadamente, ou apenas de um só deles.

151
Todos os significados simbólicos são bem conclusões que
nesse momento tire.

Tão respeitável é uma como outra das posições. Este espaço é


livre e de culto da Liberdade. Afinal de contas, tanto o
esquadro como o compasso estão abertos... abertos às livres
opções, entendimentos e escolhas de cada um!

Rui Bandeira

152
A COLUNA J

May 21, 2016

Salomão homenageando aos seus digníssimos parentes,


grafando suas iniciais às colunas do templo nos dá, com
sabedoria, a medida certa de aprendizado.

A Maçonaria atraiu para si as Colunas inspirada na descrição


do Grande Templo de Salomão, contidas nas Sagradas
Escrituras.

As colunas gêmeas significam, na tradução latina, “Ele firmará


a força”; esse dualismo tem significado muito esotérico, sendo
destinada a acompanhar aquele que receberia de Jeová a
consagração.

153
Na liturgia Hebraica, representavam a dualidade do universo,
onde uma coisa só existe em função de outra, seria algo como
a noite e o dia, o homem e a mulher, o bem e o mal, o certo e o
errado.

Representariam as Colunas modernas, os sexos, a Coluna B


que junto com a Coluna do 1º Vigilante significa o feminino, é
denominada de Coluna da Força, e a Coluna J, com a coluna
do 2º vigilante, o masculino, a da Beleza.

Outra interpretação a que se dá é a de que a Coluna B, que


corresponde aos Aprendizes, poderia representar Buda, que
nasceu antes de Jesus e dedicou a maior parte de sua vida à
construção de escolas.

A Coluna J, que corresponde aos Companheiros, poderia


representar Jesus que viveu cercado de seus discípulos. Estas
duas colunas ficam próximas às colunas zodiacais em que, por
propósito ou coincidência, o lado de Buda corresponde a
Áries, signo do fogo, e Buda significa o Iluminado.

154
E a do lado de Jesus, a Peixes, que é o símbolo do
Cristianismo. Convido agora, meus irmãos, a ficarem entre
estas colunas, que demarcam a entrada do templo através de
uma porta imaginária e assim podermos meditar sobre o
simbolismo e o significado de cada uma delas.

Estas colunas simbolizam o equilíbrio que se consegue com a


utilização de duas forças contrárias, opondo-as uma à outra de
forma que se neutralizam quando desenvolvidas na mesma
intensidade, conseguindo se, assim, a harmonia perfeita.

Enquanto Aprendiz, nosso trabalho ainda não podia ser


consciente e ativo, sendo mais um trabalho material e
destrutivo. Ignorávamos ainda os princípios filosóficos da
Ordem, desbastávamos a Pedra Bruta interior, permitindo que
os sublimes ideais da Maçonaria penetrassem no íntimo,
purificando nossos pensamentos, afastando os defeitos de
nossa educação profana, permitindo-nos assim, compreender
toda a pureza dos ideais Maçônicos.

Combatemos, em nós mesmos, a ignorância, a superstição e a


vaidade.
Agora nosso trabalho já é mais consciente e ativo,
desenvolvendo uma atitude construtiva e sendo um elemento
ativo nos trabalhos da Arte Real.

155
Destruímos, ao passarmos para a Coluna J, mais ainda a
personalidade defeituosa que trouxemos da vida profana para
tornar-nos aptos a enxergar e compreender a verdadeira Luz.

E, agora que estamos no caminho da Luz, precisamos passar à


parte ativa do nosso trabalho fazendo nossa obra construtiva e
criando em nosso interior, uma nova personalidade que
permita-nos utilizar nossos próprios pensamentos na direção
de nossos atos, trabalhando mais a força mental do que a
física.

Nossos atos serão assim, pensados, meditados e traçados


pelas mais rígidas regras da moral e dos bons costumes. Os
pensamentos mais puros, mais esclarecidos serão dirigidos
sempre no sentido do bem para com toda a humanidade, da
liberdade, da igualdade e da fraternidade.

Sentar ao sul e vislumbrar a Coluna J é um exercício que nos


leva a avaliar a delicadeza do novo.

Por Maurilo Humberto, M.M. ARLS Astro do Oriente, O.’.


Pirassununga, SP - Brasil

156
O ALFABETO MAÇÔNICO: MENSAGEM CODIFICADA, O
LEGADO DO QUADRADO MÁGICO DO MUNDO ANTIGO

May 23, 2016

A adoção do alfabeto maçônico parece ser uma inovação


francesa que apareceu pouco depois da introdução da
Maçonaria na França. Ele rapidamente se tornou muito popular
e foi publicado em muitas divulgações.
O princípio do alfabeto maçônico aparece por volta dos anos
1745 com as primeiras divulgações do catecismo francês dos
maçons por Louis Travenol, vulgo Gabanon em 1744 no Sceau
Rompu em 1745 e no Anti-Maçons em 1748. Depois de 1744, o
alfabeto maçônico foi reproduzido nas divulgações e também é
encontrado nos principais manuais do século XIX.
Desde a sua introdução, o alfabeto maçônico evoluiu, e é por
isso que existem muitas variações. A codificação de uma carta
torna difícil sua leitura, se você não tem a chave do código.
A ESTRUTURA

157
O alfabeto é inscrito em um quadrado formado por duas linhas
paralelas verticais, cortadas por duas linhas horizontais
igualmente paralelas. Este quadrado produz nove caixas, tanto
abertas quanto fechadas. Elas contêm o alfabeto comum.
Muitas letras são diferenciadas por um ou dois pontos.
Para tirar dessa figura o alfabeto maçônico, basta remover
essas letras e representar em seu lugar as caixas onde elas
estão, seja sem ponto, ou com um ou dois pontos. Estas nove
caixas assim divididas formam, com a ajuda de pontuação, que
as distingue no seu uso duplo e triplo, os caracteres da escrita
maçônica.
Estas foram rapidamente suplantadas por alfabetos, onde a
dupla pontuação foi abandonada em favor da cruz de Santo
André, onde as letras são dispostas nas caixas segundo uma
regra regular simples.
UM EMPRÉSTIMO AOS TEMPOS ANTIGOS
Mais uma vez a Maçonaria fez um empréstimo de algo que
existia anteriormente. Na verdade, o alfabeto maçônico é
herdado dos quadrados mágicos que foram usados desde
tempos antigos. Porfírio fez uma referência nos registros
criptografados e Honorius de Tebas deu seu nome a um destes
alfabetos.
Eles foram encontrados pelos esoteristas árabes do final do
século VIII, desenvolvidos e organizado pelos cabalistas
judeus, e adaptados por ocultistas e hermetistas cristãos ao
longo da Idade Média e do Renascimento. Esse alfabeto é
baseado em uma grade de criptografia diretamente inspirada
no quadrado de 3.

158
Ele contém a chave geométrica que permite encontrar
facilmente a todas as formas elementares do triângulo, assim
como a linha reta, os esquadros com o ponto no centro da
estrutura.
Esse uso também é encontrado no livro A Filosofia Oculta ou a
Magia, de Henri Corneille Agrippa. Este estudo mostra a
prática dos cabalistas judeus que costumavam codificar a
língua hebraica. Eles dividiam os vinte e sete caracteres do
alfabeto hebraico (22 + 5, contando as formas finais das letras)
pelas nove caixas em um quadrado, com três letras por caixa e
usando uma dupla pontuação.
Hoje, o alfabeto maçônico tornou-se um elemento que parece
um pouco folclórico para nossos contemporâneos e que a
maioria das pessoas ignora.
No século XVIII, esta prática correspondia a uma cultura que
cultivava o gosto pelo oculto e o secreto. Ele já não reflete a
mentalidade atual.
Autora: Irene Mainguy
Tradução: José Filardo
Publicado originalmente em:

159
PELA ORDEM? OU QUESTÃO DE ORDEM?

May 24, 2016

Meus Irmãos vamos revisar algumas dicas:

Muitas vezes ouvimos em Loja um obreiro pedir a palavra


diretamente ao Venerável Mestre, levantando-se e dizendo
“pela ordem!” ou então “questão de ordem!”, principalmente
quando a “palavra” está correndo nas Colunas.

Com esse pedido o Obreiro quer alertar que a ordem dos


Trabalhos não está adequada, ou algo foi suprimido ou algo
não está correto. Pode ser feito em qualquer período da
Sessão.

160
Uma “questão de ordem” sobrepõe-se a qualquer outro pedido
de palavra e quem a pediu só poderá falar, especificamente,
sobre a alegada alteração da ordem. Cumpre esclarecer,
subsidiariamente, que muitos Irmãos pedem a palavra “pela
ordem”, sem saber o que estão fazendo, havendo muitos,
inclusive, que acham que “pela ordem!” é pela “Ordem
Maçônica” o que é um erro crasso, vide (Mestre José
Castellani).

E aí falam sobre assuntos (na maioria das vezes


demoradamente) que não tem nada a ver com o que está
ocorrendo no momento.

Esclarecendo, sabemos que a “palavra” é


concedida, primeiramente na Coluna do Sul, deveria ser:

Chanceler para falar das efemérides (datas de aniversários) -


percentual de presentes em Loja, uma breve alusão à data
comemorativa - Menos dia da bandeira (kkkk), brincadeira -
depois visitantes das colunas, oficiais das colunas.

Ai sim o 2º Vigilante com um toque breve do malhete, diz


"V.'.M.'. voz peço a palavra - todos falam de pé e a ordem, só o
chefe da coluna fala sentado, pois ele é uma das três luzes da

161
Loja.

Ai depois na do Norte, tesoureiro, visitantes, e por final o 1º


Vigilante com as mesmas prerrogativas do Ir. 2º Vig.

Finalmente, no Oriente. A ordem segue 1º Secretário, Irmãos


mestres visitantes com assentos no Oriente, Orador "falará
como Irmão do quadro" - AUTORIDADES com assento à mesa
do V.'.M.'., e por fim o Venerável Mestre.
Obs. Delegado, Deputado, Grandes Secretários, Juiz, etc. falam
antes e assinam livro de presença antes também do V.'.M.'.
Somente o Grão-Mestre e seu Adj.'. falam e assinam o livro por
último. E lógico o Orador quando dá as conclusões - fala o
valor do Tronco - SAÚDA OS VISITANTES E AUTORIDADES
PRESENTES - isto é prerrogativa do ORADOR.

O V.'.M.'. pode fazê-lo como voto de cordialidade.

A palavra só volta às Colunas para um novo giro quando o


pedido for feito por um dos Vigilantes e deferido pelo
Venerável Mestre.

162
Sabemos, também, que o Obreiro não pode mudar de Coluna
para poder falar duas vezes Isto é feito, principalmente, pelo
Mestre de Cerimônias, pela facilidade de se locomover no
Templo. Isso é totalmente anti-ritualístico e já presenciei essa
“esperteza maçônica” muitas vezes em diversas Lojas.

Finalizando, acrescento que o pedido “pela ordem!” não é


exclusividade da Maçonaria e existe em qualquer Instituição,
ou até mesmo em reuniões de Condomínio, por exemplo, onde
a existe uma determinada ordem para apresentação dos
assuntos a serem discutidos.

(As informações foram extraídas de diversos trabalhos do


Mestre José Castellani – Ed. Trolha).

163
A ESTRELA DE CINCO PONTAS

May 26, 2016

Através dos séculos houve sempre a preferência por uma


estrela de cinco pontas como figura dos astros de aparência
menor do que a do sol e da lua.

Planeta Vênus tem sido representado assim e é considerada


uma estrela matinal e vespertina, ensejou lendas sem conta.
Por outro lado, A Estrela de Cinco Pontas sempre foi, desde
tempos remotos, e até hoje, o distintivo de comandantes
militares, e de generais.

Como Símbolo Maçônico, A Estrela Flamejante de origem


Pitagórica, pelo menos quanto ao seu formato e significado,
este muito mais antigo do que aqueles que lhe deram alquimia,
a magia e o ocultismo, durante a idade média.

164
O seu sentido mágico alquímico e cabalístico e o seu aspecto
flamejante foram imaginados ou copiados por Cornélio
Agrippa de Nettesheim (1486-1533), jurista, médico e teólogo,
professor em diversas cidades europeias. A magia, dizia ele,
permite a comunicação com o superior para dominar o plano
inferior. Para conquistá-la seria necessário morrer para o
mundo (iniciação). Símbolo e distintivo dos Pitagóricos.

A Estrela de Cinco Pontas ou Estrela Homonial é também


denominada com impropriedade etimológica, Pentáculo (cinco
cavidades), Penta Grama (cinco letras ou sinais gráficos, cinco
princípios) ou Pentalfa. Importa saber que os pitagóricos a
usam para representar a sabedoria (sophia) e o conhecimento
(gnose) e provavelmente empregavam no interior do pentáculo
a letra gama, de gnosis.

A Estrela Flamejante era símbolo desconhecido pelos


pedreiros livres medievais. Seu aparecimento na Maçonaria, a
partir de 1737, não encontrou guarida em todos os Ritos, pois
o certo é que os construtores medievais conheciam a figura
estelar apenas como desenho geométrico e não com
interpretações ocultas que se introduziram na Maçonaria
especulativa.

A Estrela Flamejante corresponde ao Pentagramaton ou


Tríplice Triângulo cruzado dos pitagóricos. Distingue-se do

165
Delta ou Triângulo do Oriente, embora, entre os antigos
egípcios representasse também Horus que em lugar do pai,
Osíris passou a governar as estações do ano e o movimento.
O verdadeiro sentido da Estrela Flamejante é Homonial, eis
que o símbolo designa o homem espiritual, o indivíduo dotado
de alma, ou de fator de movimento e trabalho. Ou seja, o
indivíduo como espírito ou fagulha interna que lhe concedeu o
G.·.A.·.D.·.U.·. . A ponta superior da Estrela é a cabeça humana,
a mente. As demais pontas são os braços e as pernas.

Na Maçonaria essa idéia serve para lembrar ao Maçom que o


homem deve criar e trabalhar, isto é, inventar, planejar,
executar e realizar, com sabedoria e conhecimento. Pode
ocorrer que o ser humano falhe nos seus desígnios. O Maçom
também pode falhar como ser humano, mas seu dever é imitar,
dentro de seus ínfimos poderes o G.·. A.·. D.·. U.·., o ser dos
seres.

Aí está O principal segredo do Grau de C... . Outra


interpretação é a que se refere a 3+2=5, soma em que três é a
divindade cuja fagulha é encarnada e dois é o material, o ser
que se reproduz por dois sexos opostos e não consegue
perpetuar-se de outro modo.

166
As cinco pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos
que estabelecem a comunicação da alma com o mundo
material. Tato, audição, visão, olfato e paladar, dos quais para
os Maçons três servem a comunicação fraternal, pois é pelo
tato que se conhecem os toques Pela audição se percebem as
palavras, e pela visão se notam os sinais. Mas não se pode
esquecer o paladar, pelo qual se conhecem as bebidas
amargas e doces, bem como o sal, o pão e o vinho.

Finalmente pelo olfato se percebem as fragrâncias das flores e


os aromas do altar de perfumes. A letra "G", interior com o
significado de gnose ou conhecimento lembra a quinta
essência, quanto ao transcendental. Quanto ao Homonial,
lembra ao Maçom o dever de conhecer-se a si mesmo.

No Grau de Companheiro recomenda-se ao Maçom o dever de


analisar as próprias faculdades e bem empregar os poderes
pessoais em benefício da humanidade.
POSIÇÃO DA ESTRELA FLAMEJANTE NO TEMPLO
Os Rituais do mundo e os diversos Ritos Maçônicos não se
entendem também quanto à colocação da Estrela Flamejante
no alto do recinto do Templo. Uns a colocam no oriente a
frente do trono, outros a configuram no interior do D.·., o que
parece mais sugestivo, principalmente quando o Obreiro na
elevação de Grau é chamado a contemplar o Triângulo

167
Radiante.

Outros, entendendo que ela é de brilho intermediário, isto é, de


luminosidade simbolicamente situada entre a luz ativa do sol e
a luz próxima ou reflexa da lua, mandam situá-la no meio do
teto do Templo, dependurada, ou pelo menos no meio-dia,
onde à maneira inglesa está o 2º Vigilante.

Outros a consideram uma Estrela do Ocidente. Lojas do Rito


Moderno as têm colocado no ocidente ao lado do 2° Vig.·.
(norte). Entende-se que a melhor forma é se colocar a Estrela
Homonial no meio do teto do Templo, ou de maneira que o
Iniciado possa contemplar o Símbolo quando é chamado a
fazê-lo.
SIGNIFICADOS MAÇÔNICOS DA LETRA G NO INTERIOR DO
PENTAGRAMA
Ficou demonstrado que a melhor significação do G central do
pentagrama é gnose=conhecimento. O caráter Homonial da
Estrela Flamejante é indiscutível, a luz das fontes pitagóricas e
das referências gregas e romanas.

Ninguém negaria ao Símbolo o seu sentido mágico, eis que


Pitágoras se dedicava à magia. No pentagrama a letra G quer
dizer principalmente gnose, porém para satisfazer gregos e
troianos tem que se acrescentarem os significados,

168
GERAÇÃO, GÊNIO, GEOMETRIA e GRAVITAÇÃO, e também
GLÓRIA PARA DEUS, GRANDEZA PARA O VENERÁVEL DA
LOJA, ou para A LOJA, e tem sido registrado em muitos
Rituais Maçônicos na tentativa de se encontrar ligação entre
estes hipotéticos significados da letra "G". Diz-se que
GERAÇÃO estaria ligada ao princípio (gênesis da Bíblia) ou a
Arquem, dos gregos.

Gênio seria o correspondente a "DJINN" dos árabes e a


"GINES" dos persas, que no ocultismo tange aos chamados
"ELEMENTAIS" ou "SEMI-INTELIGENTES ESPÍRITOS DA
NATUREZA" e em outras interpretações quer dizer o espírito
criador ou inventor, ou a chama realizadora. GEOMETRIA,
ciência da medida das extensões, que lembra as regras do
grande geômetra para realizar a Arquitetura do Universo.

Na sabedoria ela provocou os diálogos sobre ORDEM,


EQUlLÍBRIO e HARMONIA. A GRAVITAÇAO lembra Newton e
sua lei: A matéria atrai a matéria na razão direta das massas e
na razão inversa do quadrado das distâncias. ARQUEU, O
PRINCÍPIO, O FOGO REALIZADOR A palavra Arqueu, que
deriva do grego que queria dizer, princípio, principal, primeiro,
príncipe, reino, domínio.
Para os gregos, a palavra tinha o sentido de poder formador da
natureza. Seria a essência vital que exprime as propriedades e
as características das coisas. Por comparação, corresponderia
ao sopro divino que deu vida a Adão na Bíblia.

169
Ensinam certas instruções maçônicas o motivo simbólico das
chamas que envolvem a Estrela Pentacular, relembrando
Arqueu, o Fogo Realizador, ou ensinando que a letra G
significa o gênio ou a BUSCA SAGRADA que anima o C.·. M.·. .
à realização.
Tem-se afirmado que a Estrela Flamejante traduz a luz interna
do C.·. M:. ou que representa o próprio homem Maçom dotado
da luz divina que lhe foi transmitida.

A estrela de cinco pontas é então a força que impulsiona o


companheiro em direção das suas metas e dar sentido as suas
realizações, o numero cinco a qual a estrela faz alusão se
funde na alma do companheiro que uma vez elevado a um
patamar mais alto pode vislumbrar as luzes desta estrela e
pode-se então guiar por esta luz pra que a sua caminhada que
já é longe das trevas do mundo profano possa se refinar e dar
sentido a sua obra interior, absorvendo a luz desta estrela que
representa o corpo humano e utilizando a quinta essência o
companheiro desperta para as luzes do saber e da
compreensão da humanidade e do sentido oculto do saber e
do realizar.
Que o GADU ilumine as nossas mentes para que posemos
sempre caminhar longe das trevas e em direção a sua Luz. .
Flávio Dellazzana, C.'. M.'.
A.'.R.'.L.'.S.'. PEDRA CINTILANTE, 60

170
G.'.O.'.S.'.C.'./C.'.O.'.M.'.A.'.B.'.

171
UMA INVESTIGAÇÃO CONSTANTE DA VERDADE

May 28, 2016

“Os sábios antigos criam em que o homem não possuía a


Verdade, senão quando esta se tornava parte do seu íntimo,
um ato espontâneo de sua alma.” (Edouard Schuré)

Um dos maiores postulados da Maçonaria é garantir ao homem


o direito de investigação constante da Verdade. Mas o que é a
Verdade, afinal?

Quando nos encontramos com o dono da verdade, nos vemos


numa situação desagradável. Felizmente, nossa Instituição
ensina-nos igualmente o exercício da tolerância.

Ao deparamos com alguém assim, ao invés de discutir com o


homem que tem certeza, que afirma saber muito mais do que

172
todos; que pensa que os outros não têm inteligência, só nos
resta elevar nossos pensamentos ao GRANDE ARQUITETO DO
UNIVERSO, pedindo-Lhe iluminar a mente de quem procura a
Verdade na estrada errada, viajando em companhia da
arrogância e do desrespeito a quem o ouve.

Quem ama realmente a humanidade não tem outro sentimento


com relação a tal pessoa senão o da compaixão, pois a
Verdade é uma realidade multifacial e haverá sempre uma face
dela há ser descoberta por nós.

Por isso, serem os maçons sempre estimulados à sua


investigação constante. Se pudéssemos conversar com um
elefante e lhe pedíssemos que nos descrevesse uma formiga,
certamente que o paquiderme nos diria que a formiga é um
inseto bem pequeno.

Mas se nos fosse permitido inverter a situação e nos


dirigíssemos a uma bactéria com o mesmo pedido, ela nos
diria que a formiga tem um corpo imenso. Ambos estão sendo
absolutamente sinceros, pelo que lhes foi possível perceber.

Da mesma forma, haverá sempre alguém que nos poderá


mostrar uma face da Verdade que lhe foi dado observar ou

173
descobrir. A prudência e a humildade poderão ajudar-nos a
reconhecer-nos outros o direito de interpretação do que
experimentaram.

Reunindo-se entre pessoas de níveis culturais e de


experiências de vida diferentes e podendo expressar
livremente seus pensamentos, o maçom tem muito mais
oportunidade de avançar no conhecimento de outras faces da
Verdade. Jesus Cristo disse: “Conhecereis a verdade e ela vos
libertará!” O Divino Mestre não se referiu àquela verdade de
conveniência, própria de um político.

O importante não é o fato. É a sua versão! Jesus quis nos falar


da verdade alimentada pela pureza de intenções; pelo amor
verdadeiro; pela sinceridade. No plano da Justiça Divina, como
nos alerta a Maçonaria, nossos esforços vão ser
apropriadamente considerados na confrontação dos débitos e
créditos.

Então temos que nos preocupar com a auto- realização. Daí,


ser importante para os maçons procurarem a Verdade na
intenção do nosso aperfeiçoamento, captando bem uma das
lições que Sidharta Gautama, o Buda, nos legou: “O
conhecimento da verdade elimina todo o mal!”

174
A primeira verdade que o maçom procura conhecer é sobre si
mesmo, examinando cuidadosamente seus hábitos, sua escala
de valores, seus defeitos.

Conhecê-los e dominá-los dá-nos o direito de prosseguirmos


investigando a verdade. De maneira serena, de modo
incansável, consciente de que a escada que nos leva à
verdadeira sabedoria é infindável; pois quando chegarmos
onde imaginamos ser seu fim, descobriremos que há muitos
outros lances de degraus mais acima.

Nunca devemos nos utilizar do conhecimento de uma face da


Verdade que possuirmos para afrontar a quem quer que seja.
Nossa tarefa não está terminada com o pouco que
aprendemos.

A eternidade espera-nos para conhecermos muito mais.

A verdade está num estado consciente e constante de


observação e na janela que o tempo nos abre. Carl Gustav
Jung ensinou-nos que há coisas que ainda não são
verdadeiras, que ainda não adquiriram o direito de ser
verdadeiras, mas que um dia poderão ser verdadeiras!

175
*O autor, devido a sua relevante importância para a Maçonaria
Brasileira, em especial, do estado de Minas Gerais, dá seu
nome à Loja de Estudos e Pesquisas Quartour Coronati “Pedro
Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica
de Minas Gerais, na qual, orgulhosamente, pertenço as suas
fileiras, na qualidade de Membro Honorário.

Pedro Campos de Miranda

176
REVELANDO O MISTÉRIO DA MAÇONARIA

May 30, 2016

Este artigo tem a intenção de desmistificar um tema cujo


conceito, muitas pessoas ainda mantêm, apoiado em mitos.
Afinal, o que é essa tal de maçonaria? Religião ou Filosofia?
A maçonaria prega a paz no mundo e essencialmente a
felicidade da raça humana. Para adentrar em seus mistérios é
exigido um perfil rígido de conduta e é indispensável uma
crença: a crença no Grande Arquiteto do Universo ou Deus.
As pessoas que se iniciam na Ordem passam por diversas
instruções de sabedoria para, aos poucos, irem se
aperfeiçoando na arte do autoconhecimento e, assim, puder
auxiliar o mundo. A Ordem compõe-se de graus, ritos e uma
beleza indescritível.
Há pessoas que acreditam que na maçonaria há prática de
rituais que envolvem sangue e sacrifícios. Na verdade, isso
não é realizado; não existem os rituais sanguinolentos nem
sacrifícios; existem apenas passagens de níveis de
aprendizado, subindo uma escada de perfeição.

177
Se você for convidado a assistir uma palestra em um templo
maçônico, onde isso ocorre anualmente, certamente ficará
magnetizado pela beleza das colunas, dos símbolos, da
abóbada celeste, da numerologia, da astrologia.
No centro do templo se encontra, depositado sobre uma pedra,
o livro da lei que pode ser uma Bíblia, o Torá ou o Alcorão,
livros sagrados que norteiam muitos ensinamentos,
mostrando que os princípios são os mesmos desde que
direcionados pela fé racionalizada que combate
profundamente a ignorância e o fanatismo.
As vestimentas são variadas e dependem do grau, mas todos,
geralmente, se vestem de preto, uma igualdade entre todos os
irmãos e não um símbolo de luto ou de algo sombrio.
Todos se reúnem, pelo menos, uma vez por semana e buscam
receber e compartilhar idéias e ensinamentos fundamentais
para o desenvolvimento do conhecimento e do lado espiritual.
Temas como numerologia, cabala astrologia, filosofia e
práticas meditatórias são comuns e de grande relevância no
nosso aperfeiçoamento.
Muitos dizem que a maçonaria é que determina o poder de
conduzir o mundo… não gostaria de retirar o mistério desse
ponto. Quem sabe?
Com a globalização houve o incentivo à participação das
mulheres; criaram-se ordens femininas de grande importância
e em cada templo maçônico as esposas dos maçons sempre
realizaram trabalhos filantrópicos de grande destaque,
mantendo sempre uma grande discrição conforme os
preceitos da ideologia maçônica.

178
Quais são as dúvidas em relação à maçonaria? Qual a Filosofia
da Ordem? Levar o bem à humanidade tornando-nos líderes de
nós mesmos para doar o que temos de melhor. Começando
por onde? Por nós mesmos, pelo nosso lar, pela nossa
empresa e assim sucessivamente.
Por que é uma Ordem fechada? Selecionam-se pessoas de
integridade; cada indivíduo é avaliado em sua conduta durante
anos e é de grande importância esta tradição, para não ter, a
Ordem, nenhuma mancha. Você pode participar da maçonaria
contanto que seja convidado por alguém que pertença a ela;
esse convite é feito por pessoas que acreditam no seu
potencial de doar o que há de melhor em você.
O que é ser maçom? É ser o melhor. Não melhor do que o
outro, mas o melhor para o outro. Eis a grande diferença.
Como são os ritos realizados? Todos belos e intrinsecamente
ligados à natureza, transformação, espiritualidade e a Deus.
Que religião tenho que professar para ser maçom? Qualquer
religião: espírita, evangélica, católica, umbanda e outras.
Então, maçonaria não é religião?Definitivamente não, é uma
filosofia.
Existem maçons desonestos? Em todos os meios – filosófico
religioso – existem aquelas pessoas de má fé. Mesmo com
rígidos padrões de seleção é bem provável que possa existir
alguém que aja de má fé. Mas quando descoberto, o indivíduo
é expulso da Ordem, após investigação e julgamento justos.
Maçom tem privilégios? Eu diria que tem mais
responsabilidades e obrigações do que privilégios.
Para ser maçom é preciso ser rico? Não, apenas ser livre e de
bons costumes.

179
Existe alguma relação entre Rosa-Cruz e maçonaria? Talvez
uma relação bem tênue no que diz respeito ao caminho e
objetivos.
O que significa o símbolo – esquadro e compasso – da
maçonaria? São símbolos que determinam a filosofia da
maçonaria: liberdade, igualdade e fraternidade.
Essas coisas sobre maçonaria podem ser públicas? Todas
estas e muitas outras informações encontram-se em livros
abertos ao público. O interessante é que existe uma grande
diferença entre ler e vivenciar; a leitura nos leva ao
conhecimento, mas vivenciar todos esses ensinamentos de
modo verdadeiro nos encaminha para a sabedoria.
A maçonaria é registrada em cartório, portando não secreta e
sim discreta.
O segredo está dentro de você!
Hugo Schirmer

180
SALMO 133

May 31, 2016

O cerimonial maçônico se originou nos ritos ancestrais e ao


longo do tempo vem sendo adaptado em conformidade com a
época em que ocorre.

O Salmo 133, também denominado Salmo da Fraternidade ou


Concórdia, é lido pelo Ir.’. Or.’. durante a abertura dos
trabalhos no Grau de Ap.’. M.’. .
Sua autoria é atribuída a David onde ele exalta a beleza do fato
dos irmãos estarem juntos, em harmonia.
O Salmo faz menção a personagens, objetos e lugares,
conforme veremos a seguir:

181
Aarão:
Era bisneto de Levi e irmão mais velho de Moisés. Primeiro
sacerdote (Êxodo cap.29 Versículos 4 – 7) hebraico do qual
passou a ser patriarca e ajudou seu irmão mais novo a libertar
o povo hebreu da escravidão no Egito. Seu nome significa
“iluminado”, “elevado” ou “sublime”. Tinha o dom da oratória
e seu irmão Moisés, quase nunca falava, pois apresentava
problemas de dicção. (Êxodo cap. 4 vers.10).
As Vestes de Aarão:
Os sacerdotes, como guardiões da palavra de Deus se vestiam
de forma própria, de modo que suas vestes o distinguissem
dos demais fiéis.
“Farás a teu irmão Aarão vestes sagradas em sinal de
dignidade, de ornato... de sorte que ele seja consagrado ao
meu sacerdócio. Eis as vestes que deverão fazer: um peitoral,
um efod, um manto, uma túnica bordada, uma mitra, um cinto
deverão usar fios de lá azul púrpura e vermelha, fios de ouro
de linho puro... farás também o peitoral.. e encheras de pedras
de engate ... e serão aquelas pedras os nomes das doze tribos
de Israel.” (Êxodo cap.28 Versículo 4 e 40)

O Óleo da Unção:
É comum se encontrar na Bíblia citações sobre óleos de unção
utilizados em consagrações sacerdotais.

No salmo 133, é citado “...o óleo precioso sobre a cabeça...”

182
(O Êxodo cap. 30 vers. 22 ao 33) descreve qual o óleo citado no
Salmo em estudo.
“O senhor disse a Moisés, escolhe os mais preciosos aromas:
500 ciclos de mirra... 250 ciclos de junco odorífero, 500 ciclos
de cássia e um hin de azeite de oliveira. Será este o óleo para a
sagrada unção. Este será para mim, o óleo da unção sagrada,
de geração em geração.”

Hermon:
O Monte Hermon se localiza na cordilheira de Antilíbano,
fazendo divisa entre Israel, Líbano e Síria. Com mais de 2000m
de altitude, seu cume permanece nevado durante o ano inteiro.
Sião:
É uma das colinas sobre as quais se construiu Jerusalém.
Possui cerca de 800 metros, e se localiza entre os vales de
Cedron e de Tyropocon a qual segundo a Bíblia, David tomou
dos Jebuseus, mais ou menos em 1000 A.C.(Aarão viveu por
volta de 1300 A.C.).

Sião ou Sion passou a ser o nome simbólico de Jerusalém, da


Terra prometida, da cidade de Davi. Deriva de Sion a palavra
Sionismo.
Interpretação:
“OH! QUÃO BOM E QUÃO SUAVE É QUE OS IRMÃOS VIVAM
EM UNIÃO!”
Essa frase faz alusão aos que vinham em romaria de todas as
partes de Israel para se reunir em volta do templo. Representa

183
a união de pessoas de todas as classes em adoração a Jeová
(Deus).
“É COMO O ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA, QUE DESCE
SOBRE A BARBA, A BARBA DE AARÃO;”
Simboliza que o óleo foi entornado com tal abundância, que
desceu pela barba de Aarão.

Barba que simbolizava respeito e poder numa sociedade


patriarcal, por isso o óleo chegar à barba simboliza a unção do
poder sacerdotal de Aarão.

Entende-se aí por cabeça os cinco sentidos, visão, audição,


paladar, olfato e tato, significando a purificação dos mesmos
pelo óleo.
“E QUE DESCE À ORLA DE SUAS VESTES;”
As vestes fazem alusão ao nosso corpo físico, que na abertura
dos trabalhos maçônicos, quando todos se unem e
concentram, é banhado pela energia divina.
“É COMO O ORVALHO DE HERMON;”
Simboliza o orvalho que desce do monte durante a noite,
criando condições propícias para a manutenção da vida em
uma região desértica. Simboliza também o a água do degelo
que desce para alimentar o rio Jordão, responsável pelo
abastecimento da região.

184
Ou seja, através do seu orvalho o Monte Hermon proporciona a
vida.
“QUE DESCE SOBRE SIÃO;”
Simboliza descer sobre Jerusalém, que foi construída sobre o
Monte Sião.

“PORQUE ALI O SENHOR ORDENOU A BENÇÃO E A VIDA


PARA SEMPRE.”
Simboliza que a reunião dos romeiros (irmãos), fazia com que
a benção descesse sobre todos, manifestada no orvalho, e nas
águas do Jordão que tornavam possível a vida na Terra
Prometida.

Bibliografia:
- Ritual do Aprendiz
- Maçonaria. net
w.maconaria.net/portal/index.php/artigos/283-salmo-133-analise-interpreta
Carlos Eduardo Queiróz A.’.M.’.
Jorge Antonio D. da Fonseca A.’.M.’.
Vitor Dias Bacelar A.’.M.’.

A.’. R.’. L.’. S.’. Cedros do Líbano Nº 1688 – Miguel Pereira/RJ -


GOB

185
O TRABALHO NA MAÇONARIA

June 01, 2016

Quem nunca ouviu a máxima de que “o trabalho dignifica o


homem” a qual foi tão bem defendida por Voltaire, Adam
Smith, dentre outros.

Voltaire, maçom, registrou que “o trabalho nos afasta de três


grandes males: o ócio, o vício e a pobreza”. Já na visão de
Adam Smith, “onde predomina o capital, o trabalho prevalece”.

Essa relação entre homem e trabalho não é apenas suportada


pelas Ciências Sociais, mas também pelos ensinamentos
judaicos, cristãos e islâmicos: “E também que todo o homem
coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um
dom de Deus.” (Eclesiastes 3:13); “Ora, o que planta e o que
rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o
seu trabalho.” (I Coríntios 3:8); “Que trabalhem por isso, os

186
que aspiram lográ-lo!” (Alcorão, 37:61).

Este é um assunto sobre o qual as diferentes vertentes –


socialistas ou capitalistas, ateus e crentes – concordam: o
homem nasceu para trabalhar e viver dos frutos de seu
trabalho. Na Maçonaria não é diferente: uma vez feito maçom,
o Aprendiz já é chamado ao trabalho, sendo apresentado a ele
suas ferramentas de trabalho.

Porém, um erro que muitos podem cometer ao promover uma


abordagem simplista sobre o assunto é pensar que o trabalho
dignifica o homem, pois através dele pode-se proporcionar
uma vida decente para si e sua família.

Tal raciocínio está equivocado, pois, nesse sentido, não seria


o trabalho que dignifica o homem, mas o seu resultado: o
salário. Cometer esse erro seria desonroso, negligenciando e
zombando tanto o homem quanto o seu trabalho, por julgar
que o trabalho só tem valor porque gera um salário e que o
homem só trabalha para ganhar o seu próprio pagamento.

O trabalho produz mais do que simplesmente o salário do


trabalhador. O trabalho gera um produto ou serviço que é
demandado por outra pessoa ou pela sociedade. O trabalho

187
gera habilidade e experiência para aquele que o executa. O
trabalho cria não apenas relações comerciais, mas também
sociais. Trabalho resulta em aprendizagem e conhecimento.
Trabalho proporciona prazer quando bem feito. Trabalho
estabelece parcerias.

Desse modo, o trabalho mostra que todos nós dependemos


uns dos outros, porque um alfaiate não pode fazer um terno
sem o agricultor que planta e colhe o algodão, o caminhoneiro
que transporta o algodão para a fábrica, o operário da indústria
têxtil que o transforma em tecido, o motorista da
transportadora que entrega o tecido para o atacadista, e,
finalmente, o atacadista que o fornece para o alfaiate. Apenas
pelo trabalho de muitos trabalhadores, o alfaiate pôde realizar
seu próprio trabalho.

E o ciclo de trabalho não para por aí, visto que o terno


produzido pelo alfaiate vestirá outro profissional, o qual
depende não apenas do alfaiate, mas de muitos outros
profissionais para sobreviver e poder desempenhar seu
trabalho, do qual outros trabalhadores podem depender,
incluindo o alfaiate.

Assim sendo, como pode o salário chamar a atenção quando o


trabalho significa algo muito maior e muito mais relevante para
a vida de todos os homens de boa vontade? Quando o

188
trabalho cria uma riqueza muito mais valiosa, imensurável em
comparação com o salário?

Pensando assim, pode-se afirmar que o salário é, talvez, o


resultado menos importante do trabalho, servindo apenas
como moeda de troca para os produtos e serviços dos
trabalhadores – algo necessário entre os homens para tornar o
fruto de seus trabalhos mais acessível a todos.

Olhe para si mesmo e veja a imensidão que lhe rodeia. Veja


cada objeto, parte e acessório que você está usando.

Olhe para o ambiente ao seu redor e tente imaginar quantos


trabalhadores de todo o mundo estiveram envolvidos na
produção desses utensílios.

Olhe para o celular que provavelmente está contigo agora.


Imagine a energia que talvez mantém sua lâmpada ou
computador ligado. Agora pense nas vastas redes de
produção e de transporte e os milhares de trabalhadores
envolvidos nelas para permitir que este livro estivesse em
suas mãos neste exato momento, sem mencionar as paredes
em que talvez se encontre e serviços de água, internet,
telefone, etc.

189
Sem dúvida, podemos dizer, que milhões de trabalhadores de
sua cidade, estado, país e inclusive de outros países estiveram
e estão envolvidos na produção dos produtos e serviços que
neste momento circundam você.

Às vezes, a pressa da vida diária não nos permite parar por


alguns minutos e fazer essa reflexão. Simplesmente olhar ao
redor e entender como todos nós somos dependentes do
trabalho de inúmeros trabalhadores desconhecidos e sermos
gratos a cada um deles.

Um dos principais ensinamentos maçônicos é o de que, para


fazer qualquer trabalho, se devem equilibrar três conceitos
arquetípicos diferentes que são potenciais em cada um de nós:
sabedoria, força e beleza. Somos ensinados que estes são
pré-requisitos para qualquer grande e importante empreitada.

Fugir disso pode levar à infeliz tendência de sacrificar um


planejamento adequado, o refinamento estético ou a mão de
obra adequada em uma tentativa equivocada de ser “prático”.

190
Quando cometemos essa imprudência e erguemos uma
estrutura sem a devida força ou beleza, não estamos
conservando qualquer coisa de valor, senão sendo contrários
aos melhores lições da tradição maçônica.

Pensando em termos individuais, não seria útil ter a vontade e


a força para realizar um trabalho se o trabalhador não tem a
sabedoria ou as habilidades necessárias para completá-lo.

Da mesma forma, se tem a inteligência e a força para trabalhar,


mas falta a vontade, significa que nada será feito. E do mesmo
modo, é impossível para um trabalhador produzir apenas com
a vontade e a inteligência, mas sem a força exigida.

Ou seja, é necessário empregar todas essas três qualidades


para que um trabalho seja feito de uma forma justa e perfeita.
Este é o segredo da perfeição: não está no trabalhador, mas
em seu trabalho.

Isso nos leva a uma característica essencial da Ordem


Maçônica. Nossa tradição valoriza todas as classes
sócio-econômicas e recusa-se a levar em conta a posição
profana de um homem, a não ser em termos de seu caráter
moral.

191
É fácil de entender a partir desse ensinamento que nossa
Ordem ensina a dignidade de todo o trabalho. Em seu clássico
trabalho, Moral & Dogma, o célebre filósofo maçônico
norte-americano Albert Pike ensina-nos:

Que nenhum companheiro imagine que o trabalho dos


humildes e sem influência não vale o feito. Não há limite legal
para as possíveis influências de uma boa ação ou uma palavra
sábia ou um esforço generoso.

Nada é muito pequeno. Quem está aberto para a penetração


profunda da natureza sabe disso. Embora, na verdade,
nenhuma satisfação absoluta poderá ser concedida à filosofia,
mais em circunscrever a causa do que em limitar o efeito, o
homem de pensamento e de contemplação cai em êxtases
insondáveis■■, tendo em vista todas as decomposições de
forças resultantes na unidade.

Todos trabalham para todos. (DE HOYOS, Arthuro. Ed. Albert


Pike’s Morals and Dogma of the Ancient e Accepted Scottish
Rite of Freemasonry: Annotated Edition. Washington, DC:
Supreme Council, 2011.)

192
Não é apenas o seu trabalho que o dignifica, mas o trabalho de
todos os homens em todo o mundo que contribui para que
você, um indivíduo, possa viver com dignidade.

O maçom deve procurar compreender que o que o conecta a


todos os homens de boa vontade do mundo é o trabalho digno
que cada um realiza. Trabalho esse que, direta ou
indiretamente, afeta todos os outros.

Além da fé no Grande Arquiteto do Universo, o trabalho é um


dos grandes laços que nos une em um vínculo que,
mitologicamente, nós, como maçons identificamos como o
mesmo vínculo compartilhado por aqueles que trabalhavam no
Templo de Salomão.

Portanto, durante a execução de um trabalho perfeito, o


trabalhador está aprendendo, desenvolvendo-se, evoluindo,
interagindo com fornecedores e clientes, em parcerias,
atendendo a uma demanda de um indivíduo, um grupo ou
sociedade, gerando empregos, proporcionando felicidade para
si e para os outros, contribuindo com o seu trabalho para a
humanidade, e é isso que conecta todos os homens de bem no
mundo. Há algo mais digno do que isso?

193
KENNYO ISMAIL

194
A MAÇONARIA E A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

June 02, 2016

É a família a célula máter das nações, a ser defendida a todo


custo. A ordem maçônica tem na instituição familiar um dos
seus sustentáculos. Sendo uma de suas utopias o advento da
família universal, uma só pátria, um só governo.

Segundo Mardok, a família é um grupo social caracterizado por


residência comum, cooperação econômica e reprodutiva.
Atribui-se a família quatro funções fundamentais: a sexual, a
econômica, a reprodutiva e a educacional.

195
Tem-se que a primeira (sexual) e a terceira (reprodutiva) são
importantes para a manutenção da própria sociedade, a
segunda (econômica) para a manutenção da vida e a quarta
(educacional) para a manutenção da cultura.

Na antiga Grécia, a mulher era objeto de uma iniciação


especial. Recebia o ensino sagrado de ser esposa e mãe, e de
sacerdotisa do lar, dedicada ao seu marido e carinhosa
educadora de seus filhos. Sua tarefa era transformar o lar num
templo de amor e beleza.

No ensino grego, indicavam-se ás crianças as imperfeições


dos pais, a fim de que, em caso de desentendimentos ou
aparentes injustiças familiares, em lugar de entrarem em
conflito contra os seus, deveriam elas desenvolver esforços
para esclarecer, a fim de atenuar suas imperfeições e melhorar
a sua sorte.

O culto à família, comportando o amor dos ancestrais, a


fundação de um lar, a criação dos filhos, surge-nos como um
dos fatores primordiais do progresso humano, porque a
individualidade não se realiza plenamente senão criando a
grande obra que se chama família, isto é, o lar, templo do pai,
da mãe e dos filhos.

196
Felizes os lares cujos filhos tenham mais que amor, mais
adoração pelos pais, quando estes cumprem a sua missão
divina, que consiste em dar aos filhos a suprema educação
física, intelectual e, mormente, espiritual, porque desta
educação depende o porvir do fruto de seus amores.

Se há casais que não tenham tempo ou coragem de oferecer a


seus filhos uma educação primorosa, que renunciem em
concebê-los. O teatrólogo Jeremy Taylor, que viveu no século
XVII, afirma: “O matrimônio, digam o que disserem os
detratores, dá à vida mais garantia que o celibato.

É possível que, enquanto a velhice não chega, o homem


solteiro tenha mais liberdade, mas também exposto aos mais
graves riscos. Há no matrimônio mais alegria, embora nele se
encontrem tristezas também. É cheio de penas, mas
igualmente abundante de gozo; tem mais pesadas obrigações,
porém, alegradas e aliviadas pela forca do amor. O matrimônio
é a mãe das nações, alegra a vida e engrandece os povos”.
É inacreditável que a Igreja Católica não permita a realização
desse sagrado dever que Deus impôs ao homem e à mulher,
ao impedir que os seus sacerdotes formem núcleos familiares,
como faz a Igreja Protestante e todas as demais religiões.

O homem moderno, diante do extraordinário avanço da


ciência, da tecnologia e, em razão das suas ocupações de

197
ordem profissionais está sendo, por estas, quase que
absorvido totalmente, reduzindo dessa forma o seu tempo e o
espaço para afazeres familiares.

Por outro lado a mulher, outrora quase que exclusivamente a


rainha do lar, vem assumindo posições perante o âmbito da
sociedade, as quais antes pertenciam tão-somente ao homem.
Claro que a participação da mulher no desenvolvimento
sócio-político-econômico-científico-cultural da humanidade é
uma questão de justiça, que já se fazia tardia.
Há, entretanto, se considerar que em razão do avanço da
mulher para o exercício pleno de todas as suas faculdades,
tomou-se quase obrigatório o seu distanciamento dos afazeres
domésticos e, consequentemente dos filhos, os quais já não
contavam muito com a proximidade do pai, este absorvido
pelos deveres profissionais.

Em virtude de tais situações a criação e a educação dos filhos


têm sido relegadas aos cuidados de terceiros, se não
totalmente, quase na totalidade dos casos Tem início a
separação entre pais e filhos.

Daí a desunião e o desmantelamento de muitas famílias


modernas, já que falta ao lar o calor permanente da esposa e
mãe, que aquecia de afeição e iluminava de amor a maioria dos
lares passados.

198
O casamento encontra-se em estado pré-falimentar, ante o
aviltamento dos seus reais fundamentos e objetivos, e pelo
vilipêndio diante do casa-separa encenado pelas novelas e
meios artísticos, assistidos e consagrados no Brasil, cujos
comportamentos, além de contribuírem para debilitar a união
matrimonial, conseguem o seu grande objetivo, qual seja o de
induzir o jovem à promiscuidade sexual e ao descaso total pela
formação futura de uma família, nos moldes tradicionais,
éticos e morais.

Diante dessa lamentável realidade, urge que as instituições


sociais, como a Maçonaria, se postem atentas para evitarem o
aniquilamento da família brasileira.

Empreendendo ações conjuntas, visando o reordenamento nas


condutas éticas e morais, de modo a restabelecer a dignidade
e os objetivos familiares, como procedimentos de salvaguarda
à sua sobrevivência e à formação das futuras gerações.
BIBLIOGRAFIA
Ir.’. Helio Pereira Leite da ARL União e Silêncio N°1582 – GOB
do Rio de Janeiro.

199
TRABALHO SOBRE 2ª INSTRUÇÃO DE APRENDIZ
MAÇOM

June 02, 2016

PONTOS IMPORTANTES OBSERVADOS NA 2ª INSTRUÇÃO:

VERDADE COMUM
- A existência do G.´. A .´. D .´. U .´. , criador de tudo que
existiu, existe e existirá na face da Terra.

INTELIGÊNCIA
- Uma vez dirigida por uma sã Moral nos permite distinguir
entre o Bem e o mal.

200
MORAL MAÇÔNICA
- Amor ao próximo, base de todos os princípios de qualquer
Ensinamento Moral.

SER LIVRE E DE BONS COSTUMES


- Todo homem é livre.
- Entraves sociais podem privá-lo de parte de sua Liberdade,
tornando-o escravo de suas próprias paixões e preconceitos.
- Aquele que abdica de sua Liberdade deve ser excluído de
nossos Mistérios.
- Aquele que não é senhor de sua própria individualidade não
poderá assumir compromissos sérios.

LOJA
- Local onde trabalhamos.
- Formato de um quadrilongo
· Comprimento do Or.´. ao Oc.´.
· Largura do N.´. ao S.´.
· Altura da Terra ao Céu
· Profundidade da Superfície ao Centro da Terra

ABÓBADA AZUL(CELESTE)
· Semeada de estrelas e nuvens, na qual circulam o Sol, a Lua
e outros Astros que se mantém em equilíbrio pela atração de
uns sobre os outros.

201
SUSTENTÁCULOS: 12 Colunas representando os Signos do
Zodíaco, ou seja, as 12 Constelações, percorridas pelo Sol
durante um ano solar.
- 3 Pilares
· Sabedoria, Força e Beleza, representados por 3 grandes
Luzes.

FIGURAS ALEGÓRICAS
· Pórtico - elevado sobre degraus e ladeados por 2 Colunas
sobre cujos Capitéis descansam 3 romãs abertas.
· Pedra Bruta; Pedra Polida; Esquadro; Compasso; Prumo;
Nível; Malho e cinzel; Painel da Loja; Sol e Lua; Pavimento
Mosaico.

ORIENTE EM RELAÇÃO AO OCIDENTE


Oriente = de onde provém a Luz, simboliza o mundo invisível,
o abstrato, o mundo espiritual.
Ocidente = Para onde se dirige a Luz, simboliza o mundo
visível, que nossos sentidos alcançam tudo que é natural.

ROMÃS
· Representam os bens produzidos pela influência das
estações.
· Representam as Lojas e os maçons espalhados pela
superfície da terra.
· As sementes intimamente ligadas lembram a fraternidade e a
união que deve existir entre os Maçons.

202
PEDRA BRUTA
· Representa o homem sem instrução, com suas asperezas de
caráter, devidas à ignorância em que se encontra e as paixões
que o dominam.

PEDRA POLIDA
· Representa o homem instruído que, dominando as paixões e
abandonando os preconceitos, se libertou das asperezas da
Pedra Bruta, que poliu.

PRANCHETA
· Representa a memória, faculdade que permite efetuarmos
nossos julgamentos, conservando o traçado de todas as
nossas percepções.

SOL E LUA
· São os esplendores que a Abóbada Celeste mais ferem a
imaginação do homem.

PAVIMENTO MOSAICO
· Representa a variedade do solo terrestre, formado pelas
pedras brancas e pretas, ligadas pelo mesmo cimento,
simboliza a união de todos os Maçons, apesar das diferenças

203
de cor, de classe social, de opiniões políticas e religiosas.
· Imagem do Bem e do Mal, de que se acha semeada a estrada
da vida.

ORLA DENTADA
· Exprime a união que deverá existir entre todos os homens
quando o amor fraternal dominar todos os corações.

A ESCADA DE JACOB
· É o caminho para se atingir a Abóbada Celeste, representada
pelo teto da Loja.
· Cada degrau representa uma das virtudes exigidas ao Maçom
para caminhar em busca da Perfeição Moral.
· Possui 3 símbolos :
Na base : Fé no GADU. É a sabedoria do Espírito.
No centro: Esperança, no aperfeiçoamento moral. É a força do
espírito.
No topo : Caridade, para com seus semelhantes. E a beleza
que adorna o espírito.
Virtudes Morais que devem preencher o espírito e o coração de
qualquer ser humano e principalmente do Maçom.

JÓIAS
· 3 móveis = Esquadro, Nível e Prumo.
(Porque são transferidos periodicamente aos novos
Veneráveis e Vigilantes, juntamente com a passagem da
administração).
· 3 Fixas = Prancheta, Pedra Bruta e Pedra Polida.

204
(Porque representam o código moral, aberto à compreensão de
todos os homens; o Mestre guia os aprendizes no trabalho
indicado na prancheta, traçando o caminho que devemos
seguir para o aperfeiçoamento, a fim de podermos progredir
nos trabalhos da ARTE REAL).

PONTO DENTRO DO CÍRCULO


· Existe dentro da Loja Maçônica, Regular, Justa e Perfeita, e
não deve ser transposto por um Maçom.
· Limitado por duas linhas paralelas.
· Ao sul, representando Salomão.
· Ao Norte, representando Moisés.
· Na parte superior fica o Livro da Lei, suportando a escada de
Jacob, cujo cimo toca o céu.

AS 4 BORLAS
· Pendentes dos 4 cantos extremos da Loja servem para
lembrarmos das 4 virtudes cardeais.
1. Temperança
2. Justiça
3. Coragem
4. Prudência

A .´. M .´. LUIZ CARLOS CONCEIÇÃO


A .´. M .´. HELIOMAR DOS SANTOS
A .´. M .´. GILSON MIGUEL

205
A PREPARAÇÃO DO CANDIDATO

June 04, 2016

Antes de ser admitido no Templo, é necessário que seja feito


um preparo físico correspondente ao preparo moral que o
candidato fez na câmara de reflexões: os olhos devem ser
vendados, coloca-se uma corda no pescoço e descobre-se o
lado esquerdo de seu peito, o joelho direito e o pé esquerdo.

Que significa esta preparação?

A venda que lhe cobre os olhos não é simplesmente o símbolo


do estado de ignorância ou cegueira, de sua incapacidade para
perceber a verdadeira Luz.

206
Como preparação para ser admitido no Templo, é evidente a
necessidade de uma constituição da obscuridade da câmara
de reflexões, uma cegueira voluntária, um isolamento das
influências do mundo exterior e da luz ilusória dos sentidos
como meio para chegar à percepção espiritual da Verdade.

O cordão que lhe cinge o colo lembra-nos o dos frades, assim


como o cordão umbilical que une o feto à mãe no período de
sua vida intra-uterina. Além de indicar o estado de escravidão
as suas paixões, erros e preconceitos, em que o homem se
encontra nas trevas do mundo profano, o jugo da fatalidade
que pesa sobre ele, mostra seu desejo, vontade e capacidade
de libertar-se deste jugo e desta escravidão, aceitando
voluntariamente as provas da vida e cooperando com a sua
disciplina.

Desta forma, os próprios obstáculos, dificuldades e


contrariedades, convertem-se em graus e meios de progresso.
Finalmente, o triângulo da nudez, que constitui o terceiro
elemento desta simbólica preparação, é um novo despojo
voluntário de tudo o que não é estritamente necessário e
constituiria um obstáculo ao progresso posterior - o despojo
de todo convencionalismo que impede a sincera manifestação
de seus sentimentos e de suas aspirações mais profundas
(nudez do peito esquerdo); do orgulho intelectual, que impede
o reconhecimento da Verdade (nudez do joelho direito); da
insensibilidade moral, que impede a prática da Virtude (nudez

207
do pé esquerdo).

A perfeita sinceridade das aspirações é, pois a primeira


condição de todo progresso; mas faz-se necessário com ela
um bem compreendido espírito de humildade (que não deve
confundir-se com um falso desprezo de si mesmo, nem com a
ignorância das divinas possibilidades que se encontram em
nós mesmos), dado que nosso progresso deve desenvolver se
num plano superior à ilusão da personalidade.

Com a primeira destas duas qualidades abrimos nosso


coração, e com a segunda nossa inteligência ao sentimento e à
percepção daquela Realidade que Jesus chamou o Reino dos
Céus, meta de toda iniciação.

Enquanto a nudez do pé esquerdo - o instrumento do caminhar


que abre nossa marcha para frente - indica a faculdade do
discernimento que devemos usar em cada passo de nosso
caminho e que nos permite reconhecer a verdadeira natureza
dos obstáculos e provas do caminho, nos quais podemos
tropeçar.

Com este preparo, o candidato encontra-se em condições de


bater à porta do Templo, de pedir, buscar e encontrar a Luz da

208
Verdade.

209
OS DETRATORES DA MAÇONARIA

June 06, 2016

À época do recebimento do convite de um dileto amigo para


avaliar a possibilidade de entrar para a Ordem Maçônica, creio
ter experimentado o mesmo comportamento de inúmeros
candidatos que se socorrem, num primeiro momento, da fonte
secundária de pesquisas representada pela rede eletrônica
mundial de informações à procura de subsídios para
fundamentar a decisão que se esboçava ainda com certo grau
de insegurança.
Quanto à lisura, honestidade e reputação irrepreensível do
portador do convite não me restavam dúvidas. Ademais, a sua
condição de Maçom já era do meu conhecimento e suas
atitudes já me haviam evidenciado a nobreza do caráter
constatado em nossas atividades comuns à frente de um
importante Clube de Serviço do qual participamos.

210
A confirmar as minhas percepções, reforçava ainda este
diagnóstico as atitudes de vários outros associados desse
mesmo Clube, que também eram Maçons, e vez por outra os
surpreendia fazendo um ou outro comentário a respeito de
algum assunto “estratégico”, que logo desconversavam ao
amparo da metáfora de que havia “goteira” no recinto.
Portanto, a dúvida que me assaltava decorria mais de algum
preconceito recôndito, fruto de desinformação ou mesmo de
ausência de provocação para instruir-me a respeito do
assunto, à míngua de um convite mais retumbante, como o
ocorrido em uma segunda e terceira investida desse amigo de
sempre.
Pressenti, naquela oportunidade, que a situação exigia uma
posição mais assertiva de minha parte e acelerei minhas
“pesquisas” sobre a temática, recorrendo a algumas obras de
referência. De tudo li um pouco. Contra e a favor. Das mais
sublimes loas às mais exaltadas detrações.
Refleti sobre as várias correntes e concluí que era uma busca
insólita o conhecimento cabal do mister. Não seria possível
entender toda a ritualística, simbolismo e riqueza de conteúdo
sem mergulhar no clima e na vivência das dinâmicas que
evoluem das sutilezas da literatura e dos estudos filosóficos
envolvidos.
Por outro lado, não me pairavam incertezas quanto ao mérito e
qualidades exponenciais daqueles companheiros de trabalho
voluntários, sempre unidos e vibrantes, quando enalteciam os
valores e propósitos da Ordem, no sentido de tornar melhores
as pessoas. Concluí, assim, que era uma honra ser o
destinatário de tal convite e, apoiado pela esposa, dei o sinal

211
para que os proclamas corressem.
Decisão tomada . Documentação organizada . Diligência
realizada. Data agendada. Preparativos tomados. Iniciação
concluída. Missão assumida.
Na senda dos estudos e trabalhos encetados veio aquela
conclusão que já é comum a quase todos que se aventuram
nessa experiência transformadora: por que não comecei um
pouco antes? Mas a sabedoria dos Irmãos sempre serve de
consolo: “tudo tem a sua hora, o seu momento. Siga o seu
caminho, procure a Verdade”!
A partir de então, passamos a nos ver no plural e os estudos
sempre despertam novos temas e pesquisas, a princípio
orientados pelos Irmãos mais experientes, mas em dado
momento nos coloca na vanguarda dos próprios interesses
dado o universo que se abre de novas perspectivas, vez que
cada Maçom escolhe e desenvolve o seu caminho evolutivo,
de forma individual, sem nenhuma interferência da Ordem, não
se evidenciando uma busca dirigida da Verdade, por ferir
princípio da liberdade de pensamento e do livre arbítrio. O
Maçom, como livre pensador, tem compromisso com a livre
investigação da Verdade e, nesse contexto, reflete sobre
assuntos de vital importância para a compreensão da história.
Quando se abraça uma causa ou ideia parece-nos que se
canalizam energias ou despertamos a sensibilidade para
vislumbrar as minudências de um determinado ângulo de
observação sobre um tema ou objeto de reflexão até então
desprezado ou mesmo desconhecido, mas não inédito. E
provocações, questionamentos e inquietações em todos os
sentidos se apresentam.

212
Frente a essa escolha, deparei-me com algumas posturas mais
combativas de pessoas amigas e mesmo familiares que
passaram a questionar-me os motivos de minha adesão à
Ordem e que tipo de vantagem tal situação me proporcionaria,
considerando-se que não há unanimidade de opiniões
favoráveis e sobram comentários às vezes depreciativos ou
mesmo curiosidades sobre mistérios acalentados ou cobertos
por compromisso de sigilo.
Vicejam, ainda, questionamentos ridículos, eivados de má-fé,
muitos ao nível de sabotagem, porém, sempre lastreados na
ignorância e na incapacidade de entender com clareza
conceitos como liberdade de pensamento, busca de
conhecimento e livre-arbítrio.
Nesta toada, vale abrir espaço para reportamo-nos aos
recorrentes comentários sobre antigos conflitos com a Igreja,
à época impeditiva da aproximação das duas instituições, e
que somente os mais desinformados não realizaram que tais
questiúnculas já foram superadas.
As fronteiras estão bem mais claras e as informações bastante
democratizadas: a Maçonaria trabalha pelo aperfeiçoamento
do homem, com foco na moral e na ética social, e a religião
prega a salvação do espírito. A Maçonaria está aberta a
qualquer religião, mas exige de seus seguidores a crença em
Deus e a condição de justos e de bons costumes. Ademais, os
tempos são outros, tanto no aspecto social quanto no legal,
não havendo guarida para infantilidades e outro disparates.
No mesmo embalo, sobressai a particularidade de a Maçonaria
se constituir em um grupo fechado e eminentemente
masculino. O argumento não subsiste ao efeito comparativo de

213
uma empresa, que tem faculdade de selecionar e recrutar seus
servidores, e não apenas receber aqueles que se apresentam
voluntariamente exigindo uma colocação.
Neste caso, é preciso haver um convite e avaliação dos demais
membros de uma Loja, que funciona como uma empresa, com
todas as obrigações legais decorrentes. No que se refere à
característica masculina, trata-se de uma condicionante
histórica e se funda nos princípios do Rito Escocês Antigo e
Aceito.
Existem diversos outros Ritos, que amparam Lojas Femininas
e Mistas, mas que não são amplamente divulgadas, pelo
número ainda reduzido e também pela forma discreta de
abordagem. E os Ritos são apenas caminhos. A derradeira
comparação com o futebol é clássica, pois existem times
masculinos e femininos, nos quais a atuação daqueles ainda é
mais destacada.
Nessa hora, é decisivo ancorarmo-nos no histórico de vida e
da coragem moral sustentada pelos valores e exemplos de
realizações que nos precedem e que despertam o respeito e
consideração de interlocutores mais afoitos. Nada como honra
ilibada, probidade inconteste e o reconhecimento para fazer
valer um bom argumento sobre uma boa causa. Aliás, é bom
ressaltar que esses se constituem nos condicionantes para o
recebimento do convite supramencionado, pois a força da
Maçonaria reside na seleção rigorosa de seus integrantes.
Os ensinamentos maçônicos norteiam os estudos e os
argumentos necessários a um sólido processo de
convencimento, pois proporciona o aprimoramento da
tolerância, a compreensão do verdadeiro amor ao próximo e à

214
Pátria, despertando o interesse e exaltando a necessidade de
trabalho pela felicidade do gênero humano e à consagração da
solidariedade como a primeira das virtudes. O que para uma
pessoa não iniciada na Ordem possa ser uma qualidade rara,
no Maçom é o cumprimento elementar de um dever.
Nessa seara não se pode olvidar todo o contraditório que
acompanha a saga da Maçonaria desde sua organização como
entidade operativa nos primórdios da Idade Média e
reformulação como especulativa nos anos vinte do Século
XVIII. Também não se pode desmerecer a contribuição de
destacados Maçons aos grandes e decisivos movimentos da
história, combatendo a ignorância, o despotismo, na luta
incessante pela liberdade, igualdade e fraternidade,
indispensáveis à felicidade e à emancipação progressiva e
pacífica da humanidade.
Eventuais argumentos que possam desviar para a existência
de segredos ou teorias conspiratórias se revelam mais de
cunho preventivo ou de base para reforço de preconceitos, em
face de divagações deletérias não combatidas pelos Maçons
menos preparados ou mesmo para servir de vantagem
comparativa para obreiros ainda imaturos em relação àqueles
não iniciados, que somente contribui para reforço
argumentativo dos detratores da Ordem.
Esses tão propalados mistérios são fruto de imaginação e se
evidenciam com maior ardor por se tratar de dificuldade de se
expressar, com palavras, sentimentos inefáveis que emanam
das fases de aprimoramento do culto à virtude e combate aos
vícios inerentes ao ser humano, que é o escopo a ser
perseguido diuturnamente.

215
Nesse particular, se vislumbra extremamente doloroso falar
sobre os próprios defeitos ou fazer o “mea-culpa”, em especial
quando se é exigido um comportamento exemplar e este se
constitui no esteio do Movimento. Tal dificuldade é enfrentada
por diversas instituições, que muitas vezes procura acobertar
as mazelas de seus representantes mais vistosos, por
dificuldade de encontrar os argumentos cabíveis ou mesmo
pela proteção decorrente do “espírito de corpo”.
Mas, como se diz no popular “colocar o dedo na ferida” ou
apertar “onde dói o calo” é condição sine qua non para
reverter esses antagonismos. Reconhecer que aqueles vícios
tão combatidos, como a vaidade, o orgulho arrogante, a
prepotência, a soberba, a negligência, dentre outros menores,
são comuns entre vários apologistas e seguidores da Ordem, é
o passo inicial para seguimento dos princípios de uma severa
moral. Cavar masmorras bem profundas para enterrá-los
definitivamente exige o exercício daquela dose de sacrifício
necessária ao cumprimento dos deveres que elevam o homem
aos próprios olhos e o torna digno de sua missão sobre a
Terra.
E é sempre pelo ideal, e só por ele, que os Maçons se
sacrificam sob pena de se tornarem traidores dos
compromissos assumidos de devotamento e de obediência
aos princípios de uma severa moral. Para isso se apoiam no
lema: “a sabedoria não está em castigar os erros, mas em
procurar-lhes as causas e afastá-las”.
É forçoso reconhecer que em várias situações “o inimigo mora
ao lado” e não precisamos procurar ao longe para identificar
as causas de muitos dos problemas enfrentados no cotidiano

216
das Lojas. Como ocorre em várias empresas, a falha, na
maioria das vezes, se situa no recrutamento e seleção dos
candidatos. Daí a importância da observação e cautela nas
diligências encetadas para aquilatar o grau de qualificação e
valores demonstrados pelos possíveis interessados.

Qualquer procedimento mais sumário de escolha, com vistas a


manter ou repor os quadros de uma Loja, pode redundar em
danos irreversíveis, decorrentes do comprometimento dos
valores tão caros à Ordem, facultando a entrada de pessoas
despreparadas ou em busca de vantagens pessoais.
Tal cenário tende a se consumar em face de comprometimento
da continuidade das Lojas, pela falta de reposição planejada
dos obreiros, da canibalização entre as Lojas, de ausência de
medidas de retenção daqueles que se iniciam ou no descuido
com o clima de permanente busca do crescimento,
redundando na perda de interesse ou mesmo de deturpação
dos mesmos, ou da famigerada acomodação à ritualística, pela
falta de aprofundamento nos estudos assinalados.
O sucesso e o fortalecimento das colunas de sustentação de
uma Loja demandam de seus dirigentes ações no sentido de
identificar, preparar e manter reserva de obreiros prontos a
assumir os cargos em qualquer situação imprevista. Para tal
fim, torna-se de bom alvitre aproveitar as eventuais ausências
dos oficiais para fazer rodízio de treinamento dentre aqueles
são ocupantes de cargos, mesmo que visitantes, uma vez que
a condição de Maçom vinculado a uma Loja é apenas para fins
de organização burocrática, considerando-se que a condição

217
de pertencer à Ordem é pré-requisito para atuar em qualquer
célula, quando regularmente atuante.
Não é de todo descabido afirmar que a falta de quadros para
suprir cargos, notadamente em sessões de iniciação, elevação
e exaltação pode ser considerado um ponto fraco a ser
combatido com urgência, vislumbrando-se horizontes de
comprometimento de continuidade dos trabalhos e
possibilidade e tombamento das colunas de sustentação da
Loja.
Obreiros motivados, que têm oportunidade de contribuir na
ritualística em Loja, que se esmeram em apresentar trabalhos
no “Quarto de Hora de Estudos” são o sustentáculo da Ordem,
pois são estes que, na maioria das vezes, apresentam
candidatos movidos pelos mesmos sentimentos de
crescimento e diferenciação na vida pessoal demonstrado
pelos Maçons ativos e cidadãos exemplares no seu convívio
social e profissional. Importa destacar que, à medida que o
obreiro se aperfeiçoa, ganham seus familiares, colegas de
trabalho e amigos.
Despiciendo citar-se teóricos da administração moderna
para concluir-se que dos Veneráveis Mestres se demanda a
mesma habilidade necessária a um coach(treinador) do mundo
esportivo, no sentido de incentivar e ajudar os obreiros a
desenvolver atitudes e habilidades de gestão para aumentar a
eficiência e efetividade dos trabalhos sob sua tutela.
Nessas condições, com a devida vênia, podemos deduzir que
os detratores não estão todos lá fora, podendo estar
sorrateiramente ancorados entre as colunas de uma Loja,
disputando cargos e criando “panelinhas”, conspirando contra

218
aqueles atuantes e bem intencionados. Isso, sem
aprofundarmos na desmoralização causada por aqueles que
não se portam como exemplos de cidadania, chefes de família,
ou mesmo que destacam por um ou outro vício repreensível,
que mancha a honra própria e respinga nos outros Irmãos.
Nesse ponto a Maçonaria sabe cortar na carne. Mas é tema
para outro trabalho.
Finalmente, é pacífico o entendimento de que temos parcela de
culpa fundada em posturas de acomodação ou desinteresse de
muitos dirigentes que não pensam à longo prazo e se mostram
omissos à frente dos ideais e desafios lançados pelos nossos
geniais antecessores, que se sacrificaram por visões e
forjaram as bases desse magnífico movimento de construção
permanente do Templo Moral das Virtudes representado pela
Maçonaria Especulativa.
Autor: Márcio dos Santos Gomes
M M da Loja Águia das Alterosas Nº 197 – GLMMG

219
MEDITAÇÃO DA VERDADE

June 07, 2016

A definição de Meditação é o Ato ou Efeito de Meditar;


Reflexão, que significam “Pensar Maduramente”, “Refletir
Muito” sobre um determinado assunto. Significa, ainda,
“Considerar”, “Estudar”, “Ponderar”, “Combinar”, “Intentar” e
“Projetar”.
A Verdade pode ser definida como sendo “Aquilo que é ou
existe sem qualquer tipo de Ilusão”, é a “Conformidade das
coisas com o conceito que a mente forma delas”, é a
“Concepção clara de uma realidade”, é a “Exatidão”,
“Sinceridade”, “Boa-Fé”, “Juízo ou proposição que não se
pode negar racionalmente”.

220
Desde há muito, a grande massa dos homens, objetiva que os
deixem viver suas satisfações materiais; desconsidera a
Filosofia Iniciática, fato que não entendem e acham supérfluo
ou inútil.

Existem, porém, criaturas obcecadas por estes mistérios.


Preocupadas com o enigma das coisas, buscam sua
compreensão e, pelo incessante trabalho mental, buscam
conhecer a existência dos mundos e dos seres, interrogando
ansiosamente a Natureza para arrancar-lhe seus segredos.

Meditam sobre eles incessantemente e só se satisfazem


quando surge alguma ideia, capaz de explicar racionalmente
tudo quanto, até então, observaram.

Destes esforços, surgiram os sistemas filosóficos e religiosos


que tidos e propagados como doutrinas verdadeiras, procuram
corresponder às necessidades do saber, naturais no homem.

Mesmo sinceros estes sistemas são errôneos porque se


originam de convicções e concepções humanas, falíveis,
portanto, como tudo o que é humano.

221
Para sua formulação correta, seria necessária a posse da
Verdade, o que ninguém ainda conseguiu.

Assim, persiste o mistério, apesar dos árduos esforços com


que os homens tentam penetrá-lo. Seu domínio se alarga e
recua cada vez mais, à proporção que a humanidade avança
no caminho da ciência e à medida que os investigadores se
aproximam para desvendá-la.

O sábio, o pensador, o verdadeiro iniciado, humilha-se sempre


diante de uma verdade que ele reconhece superior à sua
compreensão.

Tem ele, porém, o estrito dever de socorrer todos os que julgar


iniciáveis dos que sendo independentes, se revoltam contra a
tirania e a arbitrariedade dos sistemas em uso.

Estes sim merecem que se lhes ensine a procurar o


Verdadeiro, sem preocupação nem esperança de triunfo, só
alcançado pelo repouso de uma inteligência satisfeita.

Nunca saberemos, eis a Verdade!!!

222
Entretanto, queremos saber, buscamos avidamente adivinhar o
Eterno Enigma, acreditando ser este o nosso mais nobre e
mais elevado destino.

A Verdade, este mistério inatingível que nos atrai com uma


força irresistível, é muito vasta, muito vivaz, muito livre e sutil
para se deixar prender, imobilizar e petrificar na rigidez de um
sistema, qualquer que seja ele.

Os artifícios e as roupagens com que a revestem para que a


conheçamos, só servem para deturpá-la, tornando-a quase
sempre irreconhecível, por isso que tudo que se procura
objetivar com o auxílio de subterfúgios será sempre ilusório,
apagada imagem da grande Verdade, que o iniciado busca em
vão contemplar face a face.

Para isso é que ele recebe a Iniciação, que o ensina, primeiro a


esquecer tudo aquilo que não lhe é próprio e, em seguida,
concentrar-se, descendo ao âmago dos próprios pensamentos,
a fim de se aproximar da fonte pura da Verdade, instruindo-se
assim, não pelas sábias lições dos Mestres, mas pelo exercício
da Meditação.

223
Assim procedendo, não conseguirá, naturalmente, aprender
tudo o que ensinam os livros e as escolas; mas para que
sobrecarregarmos a memória, se nos enganarmos com o
caráter ilusório do que nos parece verdadeiro? O
simplesmente ignorante está mais próximo da verdade, que o
fato que se jacta de uma ciência enciclopédica apoiada
unicamente em falsas noções.
“Em matéria de saber, a qualidade supera a quantidade. Saiba
pouco, mas esse pouco saiba bem. Aprenda, principalmente, a
distinguir o real do aparente. Não vos deixeis apegar às
palavras, às expressões por mais belas que pareçam;
esforce-vos sempre para discernir aquilo que é inexplicável,
intraduzível, a Ideia Princípio, o fundo, o espírito, sempre mal e
imperfeitamente interpretado nas frases mais buriladas. É
desse modo, unicamente por este meio, que afastareis as
trevas do mundo profano e atingireis à clarividência dos
Iniciados.”

224
MAÇONARIA E AS COLUNAS ZODIACAIS

June 09, 2016

Há mais de cinco mil anos, na Mesopotâmia os sumerianos e


babilônicos, representaram as constelações imaginando
formas animais. O desenvolvimento da matemática
astronômica permitiu aos sábios da Mesopotâmia através das
observações celestes calculassem com precisão seu arco de
30º a partir da elíptica orbital do Sol e assim criou os doze
signos zodiacais.

O Zodíaco chegou ao Egito Antigo pela dominação babilônica.


Os gregos herdaram o Zodíaco dos Egípcios e deram o nome
para essa zona do espaço de “Zodiako Kyklos”, círculo de
animais. Os gregos inventaram um aparelho mecânico
chamado ANTICÍTERA que media com precisão as divisões do

225
calendário em dia, mês e ano, o mapeamento celeste perfeito
do zodíaco, as posições dos corpos celestes, o movimento do
Sol e as órbitas lunares.

O Sistema Zodiacal grego aperfeiçoado propagou para a Índia,


Roma e Bizâncio e os árabes no período medieval,
salvaram-no do total desaparecimento permanecendo até os
dias atuais.
No nosso templo as Colunas Zodiacais são símbolos que
indica o caminho que nós irmãos devemos percorrer durante o
ano para seu desenvolvimento moral, intelectual e ético. Na
iniciação fomos purificados pelos quatros elementos fogo,
terra, ar e água.

O símbolo do Zodíaco também influencia na nossa vida de


acordo com o mês de nossa iniciação. Na Coluna Zodiacal Sul
os iniciados atingiram a perfeição desbasta a pedra bruta, e na
coluna Zodiacal Norte, completa-se o polimento da sua Pedra
Bruta transformando-a em Pedra Cúbica.

Em nosso templo temos a seguinte disposição Zodiacal:


Venerável Mestre: Sol 1º Vigilante: Netuno 2º Vigilante:
Urano 1º Experto: Saturno Orador: Mercúrio, Secretário:
Vênus Tesoureiro: Marte Mestre de Cerimônias: Lua
As 12 colunas zodiacais representadas no Templo estão
postadas junto às paredes, sendo seis ao Norte e seis ao Sul.

226
Sobre seu CAPITEL está o PENTÁCLO (Pentáclo é a
representação de cada signo com o planeta e o elemento que o
caracteriza). A sequência das colunas é de Áries a Peixes,
iniciando-se com Áries ao Sul próximo à parte Ocidental, e
terminando com Peixes ao Norte.
Coluna nº 1: ARIES - Mês Abril, Masculino, Planeta Marte,
Elemento fogo. Corresponde à cabeça e o cérebro de
Benjamim, representa o aprendiz o fogo interno encontrado no
Candidato à procura de Luz.

Coluna nº 2: TOURO - Mês Maio, Feminino, Planeta Vênus,


Elemento Terra. Corresponde ao pescoço e à garganta.
Representa fecundação, simboliza o candidato admitido nas
provas de iniciação.

Coluna nº 3: GÊMEOS - Mês Junho, Masculino, Planeta


Mercúrio, Elemento Ar. Corresponde aos braços e às mãos,
dos irmãos Simeão e Levi, a faculdade intelectual, a união e a
razão simbolizam o recebimento da luz pelo candidato.

Coluna nº 4: CÂNCER - Mês Julho, Feminino, Corresponde a


Lua, Elemento Água. Representa o nascimento, simboliza a
instrução do iniciado. Corresponde aos órgãos vitais
respiratórios, digestivos é Zabulão, representa o equilíbrio
entre o material e o intelectual.

227
Coluna nº 5: LEÃO - Mês Agosto, Masculino, Corresponde ao
Sol, Elemento Fogo. Corresponde ao coração, centro vital da
vida física é Judá. O Aprendiz busca a luz que vem do Oriente,
é o calor dos Irmãos dentro da Loja.

Coluna nº 6: VIRGEM - Mês Setembro, Feminino, Planeta


Mercúrio, Elemento Terra. Corresponde às funções do
organismo. É Ascher, representa para o Aprendiz o
aperfeiçoamento, a dedicação no desbastamento da Pedra
Bruta.

Coluna nº 7: LIBRA - Mês Outubro, Masculino, Planeta Vênus,


Elemento o ar. Refere ao grau de Companheiro Maçom.
Simboliza o equilíbrio entre as forças construtivas e
destrutivas. Assim diz o Senhor: Se puderem ser medidos os
céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em
baixo
A partir dessa coluna ESCORPIÃO até a coluna de PEIXES,
todas se referem ao grau de Mestre Maçom.
Coluna nº 8: ESCORPIÃO - Mês Novembro, Feminino, Planeta
Marte, Elemento água. Representa as emoções e
sentimentos poderosos, a constante batalha contra as
imperfeições.

Coluna nº 9: SAGITÁRIO - Mês Dezembro, Masculino, Planeta


Júpiter, Elemento fogo, Representa a mente aberta e o

228
julgamento crítico.

Coluna nº 10: CAPRICÓRNIO - Mês Janeiro, Feminino, Planeta


Saturno, Elemento Terra. Simboliza a determinação e a
perseverança.

Coluna nº 11: AQUÁRIO - Mês Fevereiro, Masculino Planeta


Saturno, Elemento Ar. Representa o sentimento humanitário e
prestativo.

Coluna nº 12: PEIXES - Mês Março, Feminino, Planeta Júpiter,


Elemento Água. Simboliza o desprendimento das coisas
materiais.

“Nada é tão oculto que não possa ser conhecido, ou tão


secreto que não possa vir à luz. O que vos digo nas trevas que
seja dito na luz. E o que ouvirdes em um sussurro, proclamai
do alto do edifício.”
Yehoshua Ben Joseph, também conhecido como Jesus Cristo
Ir.'. Túlio da Silva Sbampato Ap.’. M.’. da ARLS Maçônica
Vigilantes do Divino.

229
SHCIBBOLETH E A DEUSA MINERVA

June 10, 2016

Quem foi a deusa Minerva?

Minerva é o nome latino da deusa grega Palas Atena. Era filha


de Zeus (Júpiter, o pai dos deuses).

Após uma briga com sua esposa Métis, este a engoliu e logo
começou a ter uma insuportável dor de cabeça. Então pediu ao
deus Vulcano que abrisse sua cabeça com um machado.

230
Da sua cabeça aberta saiu Palas Atena, ou Minerva, já adulta,
portando escudo, lança e armadura. Minerva permaneceu
virgem e presidiu a sabedoria, a arte e a coragem. Os
atenienses a adotaram como deusa patrona e os romanos
como protetora de Roma.

A deusa Minerva era representada com um capacete na


cabeça, escudo no braço e lança na mão. Era a deusa da
guerra, e também patrocinava a sabedoria e as ciências, tendo
junto de si um mocho e vários instrumentos matemáticos.

Os engenheiros e construtores a adotaram como sua deusa


padroeira, razão pela qual os maçons, dada a sua tradição de
pedreiros-livres, a cultuam como uma de suas patronas.

A deusa Minerva também tem é relacionada com Ísis, a deusa


egípcia considerada mãe da humanidade, e na tradição cristã
ela é Maria, a mãe do Salvador.

Os gnósticos a reverenciam com o nome de Pistis Sofia, a mãe


da sabedoria. Essas correlações são, evidentemente,
simbólicas, e evocam a origem arquetípica da raça humana,
nascida de um elemento feminino, no caso a terra, fecundada
por um elemento masculino, o sol.

231
Essa tradição associa também o mito bíblico de Eva, a mãe da
espécie humana. Todos esses arquétipos se fundem numa
figura feminina, da qual a humanidade emergiu.

A Deusa Minerva é também o protótipo da sabedoria. Segundo


a lenda foi ela quem fez nascer na mente humana o anelo pela
busca do conhecimento.

Assim, a vontade de saber, o ciência, a busca pela sabedoria


não é uma qualidade masculina, mas feminina, e está mais
conectada mais com a sensibilidade do que com a razão,
propriamente dita.

Por isso as primeiras civilizações, ou aquelas que atingiram o


mais alto grau de sabedoria e desenvolvimento foram
fundadas sobre o princípio do matriarcado.

O Egito, presidido pela deusa Ísis, a civilização palestina,


presidida pela deusa Astarte, os gregos com Palas Atena,
foram exemplos desses matriarcados, e essas deusas, na
verdade, foram rainhas de deram a esses povos seus
primeiros estágios de civilização.

A Maçonaria, não obstante a sua tradição essencialmente


patriarcal, presta as devidas homenagens a Deusa Minerva.
Essa homenagem está patente no grau 26, denominado

232
Príncipe das Mercês.

Ali se vê um pedestal oco, com um livro dentro, em cima do


qual repousa uma estátua da deusa Minerva (Palas Atenas,
Ísis, Pistis Sofia, Virgem Maria). Insinua que ali se cultua a
Justiça, já que essa Deusa também é representante dessa
qualidade, que só pode ser alcançada com um alto grau de
civilização.

A escada de três lances representa os três degraus da


iniciação: simbolismo, perfeição e filosofismo, ou ainda,
aprendiz, companheiro e mestre.

Na verdade, a Deusa Minerva, Ísis, Eva, a Virgem Maria, a Sofia


dos gnósticos, a Palas Atena dos gregos, representam o
mesmo arquétipo, existente em todas as tradições religiosas
dos povos antigos. Ela é a “mãe” da humanidade, a deusa da
maternidade. Sua função é sempre “parir” o princípio salvador
do mundo.

Por ser um símbolo da Terra, como mãe natural de toda a vida,


a iconografia gnóstica acostumou-se a representá-la
segurando junto ao seio um feixe de trigo que simboliza o
renascimento da vida. Por isso que ela é o arquétipo da terra,
em sujo seio o grão deposto se transforma em vida.

233
Na Maçonaria essa simbologia está conectada com a palavra
de passe Schibboleth, que é a palavra sagrada utilizada em um
dos graus da Loja simbólica. Shcibboleth, literalmente,
significa pendoar, florescer, ou seja, o transformar da semente
em espiga.

A Bíblia, no Livro dos Juízes, conta á história da Jefté, líder


dos israelitas, durante as guerras de conquista das terras
palestinas. Numa luta contra a tribo de Efrain, os israelitas
usavam a palavra Schibboleth como palavra de passe para
distinguir entre os efrainitas e os demais membros das tribos
de Israel.

Essa era uma palavra de difícil pronúncia, que os habitantes de


Efraim não conseguiam falar corretamente. Por isso, toda vez
que eles tentavam se infiltrar no território israelita eles eram
descobertos porque não conseguiam pronunciá-la de maneira
correta.

Os israelitas perguntavam a eles: “Por acaso és tú Efrateu? Se


não és, diz então Schibboleth”. E eles sempre diziam Sibolet,
não conseguindo nunca exprimir a palavra exata com todas as
letras. Imediatamente presos, eram degolados na passagem do
Jordão”.

A Maçonaria conectou os dois simbolismos para criar uma

234
mística que significa tanto a necessidade de os irmãos se
reconhecerem através de um código próprio quanto de cultivar
um arquétipo que é muito caro a praticamente todas as
tradições antigas.

Esse arquétipo é a transmissão dos segredos iniciáticos que


simbolizam a passagem dos elementos civilizatórios de grupo
para grupo. Dessa maneira, o culto à deusa Minerva simboliza
a aquisição da civilização, da sabedoria e da arte por parte do
grupo que a cultiva.

Por isso é que ela sempre é representada portando, ora uma


lança, símbolo da conquista militar, ora uma tocha, símbolo da
conquista pela sabedoria. Essa tocha é o Paladium, que
segundo a tradição, é a chama olímpica que se transmite a
cada nação civilizadora através da História.

No antigo Egito ela aparece nas mãos da deusa Ísis. Segundo


a tradição essa tocha lhe teria sido passada pelos atlantes, já
que o Egito seria a continuadora dessa civilização. Depois
essa tocha foi levada para Atenas pelo herói Ulisses e dali teria
sido passada para Roma, onde era guardada no templo de
Minerva pelas vestais.

235
Depois foi para Bizâncio, de onde desapareceu após a
conquista turca. Reapareceu em Washington DC, depois da
independência americana.

Por isso é que a Deusa Minerva pode ser vista hoje no saguão
da Biblioteca Nacional, em Washington, portanto a tocha
sagrada. E ela também é o arquétipo que serviu para a
confecção da estátua da Liberdade, que em sua mão porta a
tocha da sabedoria.

Na Maçonaria essa tocha também é simbolizada pela espada


flamejante, que também é a vara de condão das fadas e a
espada da nobreza com que se consagra a elevação dos novos
cavaleiros, que são os maçons.

DO LIVRO MESTRES DO UNIVERSO- BIBLIOTECA 24X7- SÃO


PAULO, 2010

236
A JUSTA FRATERNIDADE

June 13, 2016

Algumas pessoas se questionam por que a Maçonaria se


dedica a pregar como mote de sua filosofia, a Liberdade, a
Igualdade e a Fraternidade, já que sabem que ela própria a
Maçonaria é, pelo dito popular, exclusivista.
A resposta nos parece simples...
Se como Maçons, nós é pedido e incentivado que através da
profunda reflexão e estudo, devemos crer numa força maior,
força essa que “geometrizou” o universo, todos devemos
atender aos ensinamentos desse Grande Arquiteto, que é o de
fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos
fizessem.

237
Se for verdade que as pessoas devem resgatar seus débitos
junto às Leis Divinas, também o é, que devemos ajudar-nos
mutuamente, que devemos respeitarmo-nos mutuamente, que
devemos considerar que somos todos diferentes... Por isso
devemos ter muito, mas muito cuidado mesmo com os
prejulgamentos, os preconceitos, as avaliações superficiais,
frutos muito mais de nossas contrariedades, do que da
verdade...
Ensina a filosofia que são os doentes que necessitam de
médicos e não os sãos.
Assim, quem mais necessita de apoio e fraternidade são
aqueles que mais sofrem, seja de doenças físicas, seja de
doenças da alma, essas muito mais graves...
Designamo-nos e nos reconhecemos como Maçons por Irmãos
e analisando sob esse ponto de vista, quem de nós, mesmo
sabendo que um Irmão pode cometer erros, não buscaria
todos os meios de ajudá-lo?...
Ademais, quem garante que a lei que julga e pune os erros é
verdadeiramente Justa?
Quem garante que os Julgadores são verdadeiros Justos e
Isentos?
Neste passo, é cabal deixarmos que a Liberdade seja
experimentada em essência e não se torne figura de retórica
para satisfazer momentos de conveniência.
É fundamental que a Igualdade seja encarada como
sustentáculo de ações diárias, posto que não pode existir sob
a bandeira da Liberdade e da Fraternidade a Desigualdade.

238
É fundamental que sejamos merecedores de Liberdade,
Fraternidade e de Igualdade, agindo de modo a espalhá-las sob
todos os recantos da Terra.
Assim, Fraternidade, Liberdade e Igualdade, molas
propulsoras da Ordem Maçônica, devem ser vividas e não
apenas comentadas...
Para que pensemos...
”Desprezar a liberdade, a igualdade e a fraternidade de uns
para com os outros, mantendo a flama do conhecimento
superior, será o mesmo que encarcerar a lâmpada acesa numa
torre admirável alta e inacessível, relegando à sombra os que
padecem desesperados, ou que se imobilizam inermes, em
derredor”.

239
CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO E MAÇONARIA

June 15, 2016

Ciência é o “conjunto organizado de conhecimentos relativos a


um determinado objeto, especialmente obtidos mediante a
observação a experiência dos fatos e um método próprio” (J. I
Girardi).

Ela nos diz que há aproximadamente 14 bilhões de anos,


houve em um ponto no espaço uma expansão envolvendo
temperaturas altíssimas, e outras energias suficientes para
que a Vida surgisse no Universo e tudo o que ele contém.

Tal fenômeno designado como Big Bang, está documentado


através de uma radiação de fundo resultante do que
aconteceu, e micro-ondas cósmicas.

240
O Universo assim surgido está composto de:
1º) Energia escura (68%), a qual acelera a expansão do
Universo.
2º) Matéria escura (27%), a qual não emite luz. Não se conhece
sua composição.
3º) Matéria comum, atômica (5%).

De acordo com o Físico A. Einstein (1879 – 1955), matéria e


energia são dois estados diferentes de uma mesma substância
quântica universal.

A Energia não pode ser criada, mas apenas transformada, e


cada uma é “capaz de provocar fenômenos determinados e
característicos nos sistemas físicos”.

Encontramos no Universo diversas estruturas como: Buracos


Negros (região do espaço do qual nada pode escapar),
Estrelas (esfera de plasma; átomos que perderam elétrons)
Galáxias (acumulação de estrelas), Quasares (objetos
astronômicos energéticos, de tamanho menor que o de uma
estrela, e fonte de energia eletromagnética).

241
O Universo está se expandindo e todas as Galáxias estão se
distanciando uma das outras no mesmo tempo.

Nossa Galáxia mede 100 mil anos luz de diâmetro (um ano luz
é aproximadamente 10 trilhões de Km), e contém mais de 100
bilhões de estrelas.

Na Galáxia em que vivemos (Via Láctea) existe um Sistema


constituído por uma Estrela Central, o Sol, e oito Planetas
(Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano,
Netuno) que orbitam ao redor dessa Estrela.

O Sistema Solar ocupa menos de 1 trilionésimo do espaço


conhecido e se move a 240 km/seg e leva cerca de 250 milhões
de anos para percorrer a órbita da Galáxia.

Nosso planeta, a Terra pesa 6 trilhões de toneladas e


movimenta-se em torno do Sol, estrela que irradia para nós luz
e calor e que vai durar aproximadamente 5 bilhões de anos.

A Terra gira em torno do Sol à velocidade de 107 mil Km por


hora (30 km/segundo) e ao mesmo tempo executa um
movimento em torno de seu eixo, a uma velocidade de cerca

242
de 1610 km/hora. Surgiu há 4,6 bilhões de anos, e em seu
ambiente houve inúmeras modificações, culminando com o
surgimento do fenômeno Vida.

A matéria comum do Universo é composta de partículas


denominadas átomos (significando indivisíveis), lembrando
um minúsculo Sistema Solar.

Um grão de areia contém 22 quintilhões de átomos (22 seguido


por 18 zeros).

Os átomos sabe-se agora são constituídos por partículas


básicas: prótons (apresentam carga positiva), elétrons
(apresentando carga negativa), nêutrons (sem carga).

Entretanto com o avanço científico, foram descobertas


inúmeras novas partículas: bósons, hadrons, bárions,
neutrinos, mésons, leptons, híperons taus, etc, etc, etc.

Você é constituído por trilhões de átomos, que formam


moléculas, as quais formam proteínas, que formam células
(unidades básicas dos seres vivos), que formam sistemas
(grupos de órgãos) os quais formam você.

243
Entretanto Você é mais do que tudo isso. Seu corpo poderia
ser dividido até o último átomo e ainda assim não se poderia
localizar a Essência que sabemos ser Você.

1012 Átomos (renovados totalmente cada 2 anos e meio) →


1016 Células → Homem

Sendo este maravilhoso Universo, com tantos mistérios, um


efeito assombroso, necessariamente é decorrente de uma
Causa. Pode-se também nele perceber um propósito, um
objetivo, uma harmonia, uma concordância entre as partes.

A Ciência nos proporcionou esses conhecimentos referidos


anteriormente. Outras fontes, porém nos deram uma nova
visão, através da revelação de um Criador (Deus, Elohim em
Hebraico, Theos em Grego, Grande Arquiteto do Universo para
a Maçonaria), Onipotente, Onipresente, Onisciente.

Entretanto por sermos limitados, não podemos conceituar


esse Absoluto Ilimitado.

244
Ele pode cientificamente ser entendido como “um campo não
local de energia (força ativada) e informação com circuitos de
retorno cibernéticos e auto-referventes”.

A existência deste “Invisível Evidente” foi defendida por um


Irmão nosso, Benjamin Franklin (1706 – 1790, estadista e
cientista, inventor do pára-raios), com as seguintes palavras:
“Achar que o mundo não tem Criador é o mesmo que afirmar
que um dicionário é o resultado de uma explosão em uma
tipografia”.

Assim como o Universo que evoluiu desde um Caos a um


Estado de Ordem e Harmonia, os Seres Humanos (ápice da
Evolução Biológica) passaram de uma barbárie inicial a
Criação de uma Elite de Homens Livres e de Bons Costumes,
buscando a Fraternidade, cultivando o Sagrado e a
Espiritualidade, e reunidos em uma Organização denominada
Maçonaria.

Através de Alegorias, esta Ordem leva seus Membros a refletir


nas vantagens de um aprimoramento moral.

Cultivando a Tolerância, respeito às Opiniões e Religiões,


praticando a Bondade, a Sinceridade, a Coragem,

245
a Perseverança, o Maçom, ao se dirigir ao Supremo Poder,
com certeza não terá as mãos manchadas com o sangue dos
seus semelhantes, nem a mente repleta de egoísmo e
preconceitos.

Poderá assim, afirmar para si mesmo, algo que lembra um


Salmo Bíblico (Nº 26):

Meus pés estão firmes, em um caminho reto.


Autor: Ir.´. Dilson C. A. de Azevedo

246
RESPONSABILIDADE MAÇÔNICA

June 17, 2016

No Cerimonial de Iniciação, sem dúvida alguma, um dos


pontos mais importantes e ao qual pouca ênfase se dá,
passando muitas vezes despercebida ao Neófito, é aquele
momento que o Ven.’. pergunta se a atitude do Iniciando
é fruto de sua livre vontade, sem constrangimento ou coação?
Esta pergunta deveria merecer um destaque todo especial,
pois a responsabilidade que o Neófito assume ao respondê-la
reveste-se de importância extraordinária. No instante em que
ele responde – que sua atitude em pretender ingressar em
nossa Sublime Instituição não é fruto de qualquer tipo de
constrangimento – assume uma responsabilidade para com a
Loja e a Ordem, que, lamentavelmente, a maioria das vezes é
logo esquecida!

247
Pertencer à Maçonaria, ser membro ativo de uma Loja, requer
de um homem uma disciplina especial. Todos sabem, e é
ponto pacífico: na Maçonaria não entra quem quer, existe uma
seleção de homens. Logo ao ser convidado para pertencer a
ela, ser aprovado pelas sindicâncias e ser declarado L.’. e
P.’. pelos Obreiros da Loja, automaticamente é quando o
Neófito se torna Maçom, aí sua conduta passa a repousar
sobre um fator todo especial: a responsabilidade maçônica.
Tornar-se Maçom implica em uma tomada de posição muito
séria, haja vista o juramento prestado e o compromisso
implícito em ser um Obreiro assíduo e interessado pelas
coisas da Ordem. Este fato jamais poderá ser relegado a um
plano secundário ou ser mesmo esquecido.
O Irmão que se torna um peso morto em sua Loja, antes de
mais nada, esqueceu a palavra empenhada, não está honrando
o compromisso assumido solenemente. Se não houvesse
outras razões, bastaria esta para que o Irmão fosse,
sumariamente, eliminado de sua Loja.
A Maçonaria, como doutrina, agrupa homens de boa vontade
que devem ser instruídos e orientados a fim de que possam,
em se adaptando a ela, se aperfeiçoar e fazer desta doutrina a
própria razão de ser da sua existência.
Para atingirmos isso deveríamos, antes de mais nada,
proporcionar ao novo Irmão, um clima de compreensão,
camaradagem, convívio e, acima de tudo, de estabilidade
emocional. Perguntamos, pois, será que todos nós nos
preocupamos com este assunto?
Todos os Maçons deveriam levar, incrustado, no mais
profundo dos seus corações, esta convicção de que a nossa

248
Loja é antes de tudo, uma Associação de Verdadeiros e leais
amigos que se querem como verdadeiros Irmãos.
No exato momento em que todos puderem compreender esse
fato, a responsabilidade de nosso Compromisso Solene, de
nosso Juramento que prestamos por ocasião de nossa
Iniciação, deixa de ser uma carga pesada e desagradável para
se tornar uma conscientização radiosa e extraordinariamente
bela.
Sentiremos então a alegria de podermos ser úteis, a bênção
que é poder ajudar um aflito, a ventura que significa consolar
um desafortunado, a capacidade de compreendermos que o
Rei David, talvez já pressentisse que homens de todas as
raças, partidos e religiões, em Loja um dia, com tolerância, se
unissem com todo amor, respeito e gratidão.
Entre nós, jamais deve existir a Inveja, a Perfídia, a Hipocrisia
ou o mau trato. Lembremo-nos sempre que é da conduta de
cada um de nós que depende o prestígio da nossa Loja.
Tenhamos sempre presente e não nos esqueçamos de que
constituímos, todos nós, uma grande Família, ligada por
profundos laços espirituais que poderão ser muito mais fortes
que os próprios laços de sangue.
Roguemos, pois, meus Amados Irmãos, ao Supremo Árbitro
dos Mundos para que todos possam estar no verdadeiro
estado de Alma.
Roguemos a Deus que todos nós possamos viver a Maçonaria,
e ser um motivo de justo orgulho para a nossa Loja e para
nossa Ordem.
Fraterno Abraço
Ruy Luiz Ramires.’.

249
A LENDA DO PELICANO

June 19, 2016

Conta uma lenda medieval que um pelicano saiu de seu ninho


em busca de comida para os seus recém-nascidos filhotes.
Não notou que por perto se escondia um predador, só
esperando a sua ausência para atacar o ninho.

Mal o pelicano desapareceu no horizonte, o danado atacou os


coitadinhos, que ainda não tinham aprendido a voar e nem a se
defender. O predador devorou a todos, só deixando como
sobra as pequeninas ossadas com as penas que mal
começavam a despontar.
Quando o pelicano voltou ao ninho viu a tragédia que ocorrera.
Atirando-se sobre os corpos dos filhos chorou horas e horas,
até que suas lágrimas secaram.
Sem mais lágrimas para chorar pelos filhos mortos, começou a
bicar o próprio peito, fazendo verter sobre o corpo dos
pequeninos o sangue que jorrava dos ferimentos que ele
mesmo provocara com aquela mutilação. No seu desespero

250
não percebeu que as gotas do seu sangue, pouco a pouco iam
reconstituindo a vida dos seus filhos mortos. E assim, com o
sangue do seu sacrifício e as provas do seu amor, a sua
família ressuscitara.
SÍMBOLO DE AMOR E SACRIFÍCIO
Provavelmente foi a partir dessa lenda que o pelicano se
tornou um símbolo de amor e sacrifício. Durante a Idade Média
eram vários os contos e tradições em que esse pássaro
aparecia como representação da piedade, do sacrifício e da
dedicação á família e ao grupo ao qual se pertencia. Essa terá
sido também, a razão de os cátaros, os rosa-cruzes, os
alquimistas e outros grupos de orientação mística o terem
adotado em suas simbologias.
Para os alquimistas o pelicano era um símbolo da
regeneração. Alguns operadores alquímicos chegaram
inclusive a fabricar seus atanores ■ vasos em que
concentravam a matéria prima da Obra ■ com capitéis que
imitavam um pelicano com suas asas abertas. Tratava-se de
captar, pela imitação iconográfica, a mesma mágica operatória
que a ave possuía, ou seja, aquela capaz de regenerar, com
seu próprio sangue, os filhotes mortos.
Os rosa-cruzes em sua origem, em sua maioria eram
alquimistas. Daí o fato de terem adotado o pelicano como
símbolo da capacidade de regeneração química da matéria não
é estranho. E é compreensível também que em suas
imaginosas alegorias eles tenham associado essa simbologia
com aquela referente ao sacrifício de Cristo, cujo sangue
derramado sobre a cruz era tido como instrumento de
regeneração dos espíritos, medida essa, necessária para a

251
salvação da humanidade. Daí o pelicano tornar-se também um
símbolo cristão, representativo das virtudes retificadoras do
cristianismo, da mesma forma que a rosa mística e a fênix que
renasce das cinzas. [1]
OS CÁTAROS
Porém, quem mais contribuiu para que o pelicano se tornasse
um símbolo místico por excelência foram os cátaros. Os
sacerdotes dessa seita, que entre os séculos XI e XII se
tornaram os principais opositores da Igreja Católica na Europa,
chamavam a si mesmos de “popelicans”, termo de gíria
francesa formado pela contração da palavra pope (papa) com
pelican (pelicano). Significa, literalmente, “pais pelicanos”,
numa contra facção com os sacerdotes da Igreja Católica que
eram considerados os predadores da lenda (no caso uma
serpente, como conta Leonardo da Vinci em sua versão da
lenda. [2]

De certa forma, os cátaros, com suas tradições místicas e


iniciáticas, se tornaram irmãos espirituais dos templários e
antecessores dos rosa-cruzes e dos maçons. Condenados pela
Igreja Romana por suas idéias e práticas heréticas, eles foram
exterminados numa violenta cruzada contra eles movida pela
Igreja em meados do século XIII. [3]
Os cátaros chamavam a si mesmos de filhos nascidos do
sacrifício de Jesus. Eles diziam possuir o verdadeiro segredo
da vida, paixão e morte de Jesus, que para eles não havia
ocorrido da forma como os Evangelhos canônicos divulgavam.
Na verdade, eles não acreditavam na divindade de Jesus nem

252
na sua ressurreição, mas tomavam tudo como uma grande
alegoria na qual a prática do exemplo de Cristo era a
verdadeira medicina da ressurreição. E dessa forma eles a
praticavam, sacrificando a si mesmos em prol da coletividade
a qual serviam. Dai serem eles mesmos pelicanos. [4]
O CAVALEIRO DO PELICANO
A Maçonaria adotou a lenda do pelicano por influência das
tradições rosa-cruzes que o seu ritual incorporou. Por isso é
que encontraremos, no grau 18, grau rosa-cruz por excelência,
o pelicano como um dos seus símbolos fundamentais. O
próprio título designativo desse grau é o de Cavaleiro do
Pelicano ou Cavaleiro Rosa-Cruz.
O Simbolismo do pelicano é uma alegoria que integra, ao
mesmo tempo, a beleza poética da lenda, o apelo emocional do
mistério alquímico e o romanticismo do sacrifício feito em
nome do amor. Tanto o Cristo quanto a natureza amorosa
vertem seu sangue para que seus filhos possam sobreviver.
José de Alencar, grande expressão do romanticismo brasileiro
utilizou esse tema em um de seus mais conhecidos trabalhos,
o poema épico Iracema. Nesse singelo poema a índia Iracema,
sem leite em seus seios para alimentar Moacir, o filho dos seus
amores com o português Martim, rasga o próprio seio e o
alimenta com seu sangue.

Assim, o filho da aborígene com o colonizador torna-se o


protótipo do homem que iria povoar o novo mundo, a “nova
utopia”, a civilização renascida, fruto da interação da velha
com a nova civilização. Seriam esses “filhos renascidos” do

253
sacrifício da sua mãe que iriam, na visão do escritor cearense,
mostrar ao mundo uma nova forma de viver.
Tudo bem maçônico. A propósito, José de Alencar também era
maçom. [5]

Autor: Irmão João Anatalino


NOTAS
[1] – Símbolos também muito caros à Maçonaria.
[2] – Leonardo da Vinci também reconta essa estória, que
segundo alguns autores, seria uma fábula de Esopo.
[3] – BAIGENT, Michael, LEIGH, Richard, LINCOLN, Henry. The
Holly Blood and The Holly Grail, Ed. Harrow, Londres, 1966.
Veja também a nossa obra Conhecendo a Arte Real, Madras
São Paulo, 2007
[4] – Veja no romance O Pêndulo de Foucalt, de Humberto
Ecco, um interessante jogo de palavras com esse termo e o
segredo dos templários.
[5] – Em outra de suas obras indigenistas José de Alencar faz
do seu herói, o índio Ubirajara, um verdadeiro cavaleiro
medieval numa santa cruzada em defesa da honra, da coragem
e da perfeição moral. Isso mostra o quanto a Arte Real
influenciou o trabalho desse grande escritor brasileiro

254
A FORMA DA LOJA

June 20, 2016

Os rituais antigos registram que a forma da Loja é a de um


“quadrado oblongo”. Talvez você esteja pensando: “Como é
possível um quadrado ser oblongo? Aí não seria quadrado, e
sim retângulo! Esse termo está errado!”

Se você pensou algo parecido, saiba que muitos ritualistas ao


longo dos últimos séculos pensaram como você. Esses
ritualistas também acharam o termo de certa forma
contraditório e foram substituindo-o ao longo do tempo. Hoje,
vê-se “quadrilongo” e até a aberração “retângulo alongado”!
Ora, se é retângulo, então já é alongado, não é mesmo?

255
A verdade é que o quadrado oblongo, o quadrilongo e o
retângulo são apenas nomes diferentes para a mesma figura
geométrica. Nenhum deles está errado, nem mesmo o
“quadrado oblongo”, o mais antigo deles. Entenda o porquê:

Procure na bíblia a palavra “retângulo”. Aliás, não procure


porque você não encontrará. Isso não significa que não há
objetos e construções retangulares descritos na bíblia.
Simplesmente, o termo não existia.

Para que se entenda melhor a questão, deve-se compreender o


verdadeiro significado da palavra “quadrado”. Quadrado vem
do “quadratus”, que é o particípio passado do verbo em latim
“quadrare”, que significa “esquadrar”.

Assim sendo, quadrado, no sentido original, era toda forma


geométrica de quatro lados formada por ângulos retos.
Quando os quatro lados eram do mesmo tamanho, o quadrado
era “quadrado perfeito”, e quando dois lados paralelos eram
maiores que os outros dois, era “quadrado oblongo”. A
palavra retângulo veio surgir muito tempo depois.

Mas quais as medidas corretas?

256
“Sem simetria e proporção não pode haver princípios na
concepção de qualquer templo.”

Vitrúvio
O quadrado oblongo, como todo retângulo, pode ter qualquer
tamanho, desde que dois lados paralelos sejam maiores do
que os outros dois. Um templo maçônico, tendo a forma de um
quadrado oblongo, também pode ter qualquer tamanho,
conforme o espaço físico, interesse e recursos financeiros
permitem. Mas a questão que interessa aos maçons é se há
uma proporção correta a ser respeitada, como bem sinalizou
Vitrúvio, autor das primeiras obras que detalham as Ordens de
Arquitetura, tão importantes para a Maçonaria.

Nesse sentido, existem duas teorias:

A primeira é de que a proporção é de 1×2, ou seja, as paredes


do Norte e do Sul devem ter o dobro do comprimento das
paredes do Oriente e Ocidente. Essa teoria se sustenta na
proporção conhecida como “ad quadratum”, de origem
romana e que foi muito usada na construção de igrejas
góticas.

257
A segunda teoria, e mais aceita, é da Proporção Áurea, que é
de aproximadamente 1×1, 618. Essa famosa proporção,
também conhecida como Proporção de Ouro e Divina
Proporção, foi utilizada na concepção do Parthenon e adotada
por artistas como Giotto.

Também está presente na natureza, como em algumas partes


do corpo humano e nas colmeias, além de vários outros
exemplos envolvendo o crescimento biológico, o que torna tal
proporção ainda mais intrigante. Pitágoras, figura
extremamente importante na Maçonaria, registrou a presença
da Proporção Áurea no Pentagrama, tornando esse o símbolo
de sua Escola. O próprio Vitrúvio era fã devoto da proporção.

O retângulo feito com base na Proporção Áurea é chamado de


“Retângulo de Ouro”. Para se ter uma ideia de sua influência e
aplicação até nos dias de hoje, os cartões de crédito
convencionais respeitam a Proporção Áurea.

Desvendado o “mistério do quadrado oblongo”, é importante


observar que a Maçonaria apenas declara que o templo tem tal
formato, sem explicitar qual seria a proporção adequada. Mas
se você é adepto de uma das proporções e não encontrá-la no
templo de sua Loja, não se preocupe. Afinal de contas, não se

258
fazem mais templos como antigamente.

KENNYO ISMAIL

259
O TRABALHO FORA DE LOJA: SEGUNDO VIGILANTE

June 22, 2016

Ao Segundo Vigilante de uma Loja maçônica compete, além do


exercício das funções rituais, a coadjuvação do Venerável
Mestre na administração da Loja, em conjunto com o Primeiro
Vigilante, e, sobretudo, a superintendência no trabalho e na
formação dos Aprendizes.
Quanto ao seu papel na administração da Loja, se nele falhar
ou executar deficientemente, tal implicará uma sobrecarga do
Venerável Mestre (que terá de suprir a falta ou a deficiência no
auxílio) e, sobretudo uma quebra ou uma deficiência na
planificação e execução de longo prazo da atividade da Loja.
Não é por acaso que, pese embora a Loja delegue a
responsabilidade e o poder de decisão no Venerável Mestre, se
refira que a administração do grupo recai sobre as "Luzes da
Loja", ou seja, no conjunto composto pelo Venerável Mestre e
os dois Vigilantes. Porque tendencial - e desejavelmente -
estes três Oficiais da Loja cumprem uma linha de sucessão na
direção da mesma, a boa cooperação entre esta tríade,

260
independentemente das alterações concretas dos elementos
que nela se integram, permite um desenvolvimento
harmonioso, a longo prazo, do trabalho da Loja.
O Segundo Vigilante tem dois anos para se preparar para o
exercício do ofício de Venerável Mestre. O Venerável Mestre
pode iniciar ou prosseguir projetos de longo prazo, com o
conhecimento e a participação dos seus Vigilantes, sabendo
que eles estarão aptos a dar continuidade aos projetos e a
inserir neles, se necessário, as modificações que se mostrem
aconselháveis.
Mas o principal objetivo, a principal tarefa, do Segundo
Vigilante é assegurar o acolhimento, a integração e a
preparação dos Aprendizes. E essa tarefa, para ser bem
executada, não pode ser deixada apenas para os dias de
sessão. O Segundo Vigilante tem de ter disponibilidade,
interesse e organização para acompanhar individualmente
cada Aprendiz.
Quando é iniciado numa Loja maçônica, o novel Aprendiz, por
regra, entra num grupo em que conhece muito poucos
elementos (por vezes só um ou dois), com regras
estabelecidas que inicialmente desconheça e cujo
conhecimento tem de adquirir em simultâneo com o seu
cumprimento, e com uma ligação forte entre os seus
elementos.
Sente-se um estranho, um peixe recém-entrado num aquário já
bem povoado... Para que a sua integração no grupo ocorra
rápida, fácil e harmoniosamente, é importante o apoio do
Segundo Vigilante. É este quem deve dar as primeiras
indicações, os primeiros esclarecimentos, ao novo elemento,

261
quem deve zelar pela rápida e tranquilizadora integração do
novo "peixe" na segurança do "cardume" dos Aprendizes, com
ele e nele tomando conhecimento dos "meandros do aquário".
Paralelamente à integração dos novos elementos, compete ao
Segundo Vigilante coordenar a sua formação. Afinal de contas,
Aprendiz é para aprender... Esta tarefa é complexa a vários
títulos. Desde logo, porque naturalmente haverá Aprendizes
em vários estádios de integração e formação, havendo que
corresponder às necessidades de cada um de forma
individualizada.
As necessidades de integração e de auxílio na formação de um
Aprendiz recém-iniciado são, naturalmente, diversas de outro
que já leva alguns meses de integração ou de um terceiro que
tem já a sua primeira fase de preparação quase terminada e
que ultima a elaboração e apresentação da sua prancha de
proficiência ou que, apresentada esta, aguarda a oportunidade
para o seu aumento de salário.
Mas também há que ter noção que coordenar a formação de
um grupo de Aprendizes maçons não tem rigorosamente nada
a ver com lecionar uma turma de jovens estudantes. Os
Aprendizes maçons serão Aprendizes, mas são homens ativos,
alguns homens maduros, em pleno auge das suas carreiras
profissionais ou já na fase mais avançada dela, com famílias
constituídas, responsabilidades que asseguram filhos que
educam e guiam. São Aprendizes, mas não são - longe disso! -
meninos! O tempo em que aprendiam ouvindo as preleções do
"sôtor" já é para eles passado, para alguns já longínquo.
O Segundo Vigilante tem de coordenar a formação do conjunto
de Aprendizes, normalmente heterogêneo, em termos de idade,

262
de experiências de vida, de formações acadêmicas,
profissionais e culturais e em diferentes estádios de
desenvolvimento na aprendizagem da Arte Real. Mas, com
todas estas diferenças, são, Aprendizes e Vigilante,
essencialmente IGUAIS.
Não há qualquer relação de superioridade, nem intelectual,
nem acadêmica, nem de responsabilidade. A única coisa que
diferencia o Vigilante dos seus Aprendizes é tão só a
experiência em Maçonaria que aquele adquiriu e que tem a
obrigação de ajudar a que estes adquiram.
A tarefa de coordenar a formação dos Aprendizes não é, pois,
fácil. Cada Vigilante terá de desempenhá-la por si, em função
das suas circunstâncias, das suas disponibilidades, das suas
capacidades, das características do grupo e dos indivíduos
que lhe cabe coordenar.
Não há, assim, um modelo único de formação que se possa
aconselhar. Nem sequer um único método a seguir. No
entanto, pode-se sugerir um plano e um método de formação
que - sempre sujeito e aberto às adaptações e alterações que
cada Vigilante entender necessárias e justificadas - se entende
adequado para atender às diferenças do grupo de Aprendizes
e apto a captar e manter o interesse de gente por vezes já
altamente formada e especializada nos respectivos campos
profissionais e que, assim, não está propriamente na
disposição de regredir aos seus tempos de polidores dos
bancos da escola.
Sugiro que, no início das suas funções, no dealbar do ano
maçônico, o Segundo Vigilante selecione até sete temas, não
mais, que constituirão a base da formação de Aprendizes

263
nesse ano. Uma hipótese (entre muitas e variadas) pode ser,
por exemplo:
1) HISTÓRIA DA MAÇONARIA
2) SÍMBOLOS DO GRAU
3) VALORES MAÇÔNICOS
4) RITUAL DE INICIAÇÃO
5) O MAÇOM PERANTE O CRIADOR
6) O MAÇOM PERANTE SI PRÓPRIO
7) O MAÇOM PERANTE A SOCIEDADE
Repare-se que cada um destes temas é suficientemente amplo
e aberto para ser abordado, tratado, desenvolvido, de uma
miríade de diferentes maneiras. É esse o objetivo! Não se vai
ensinar nada a ninguém, muito menos um pensamento único
ou uma visão "correta". Como homens livres e de bons
costumes que são com a maturidade que lhes foi reconhecida
como apta a integrar a Loja, os Aprendizes não precisam ser
ensinados, de receber lições. Apreciarão, pelo contrário,
enquadramento e meios para que cada um aprenda o que
quiser, pelo ângulo que entender, com a perspectiva que achar
melhor.
A cada tema corresponderá um ciclo de trabalho de duas
sessões e um desenvolvimento.
Para a primeira sessão de cada ciclo, o SEGUNDO VIGILANTE
deve ter identificada e preparada (desejavelmente em ficheiros
informáticos para serem disponibilizados aos Aprendizes)
bibliografia sobre o tema, nos vários aspetos e abrangências
dele, tão variada quanto possível - cinco a dez obras ou
trabalhos.

264
Na primeira sessão do ciclo, o Segundo Vigilante deve
introduzir o tema, designadamente chamando a atenção para
os aspetos mais importantes nele, os sub-temas ou questões
que acha que serão importantes que os Aprendizes sobre eles
debrucem a sua atenção. Deve indicar a bibliografia, de
preferência chamando a atenção para diferentes formas de
tratar o tema ou os diferentes aspetos abrangidos pelos
trabalhos disponibilizados. Deve designar um LÍDER DE
DISCUSSÃO para a sessão seguinte sobre o tema. De
preferência, os líderes de discussão devem ser designados por
ordem de antiguidade dos Aprendizes.
O LÍDER DE DISCUSSÃO fica com o encargo de preparar e
dirigir a discussão sobre o tema na sessão de trabalho
subsequente, escolhendo vários aspetos do tema a tratar para
colocar em debate, competindo-lhe garantir que, na sessão
seguinte, haja mesmo discussão, debate sobre o tema, sem
tempos mortos.
Finalmente, o Segundo Vigilante designa a data da sessão de
trabalho subsequente, exorta os Aprendizes a prepará-la lendo
a bibliografia fornecida e o mais que entenderem e acentua
que a sessão subsequente consistirá num debate de todos
sobre o tema, dirigido pelo LÍDER DE DISCUSSÃO, que só será
proveitoso se todos e cada um, entre as duas sessões, lerem a
bibliografia, aprenderem sobre o tema e se prepararem para,
expondo o que cada um aprendeu ajudar à aprendizagem dos
demais.
Na segunda sessão, processa-se a discussão do tema, sob a
direção do LÍDER DE DISCUSSÃO. Esta será tanto mais
proveitosa quanto melhor o LÍDER DE DISCUSSÃO e os

265
demais Aprendizes se tiverem preparado entre as duas
sessões. Se porventura ninguém se tiver preparado
convenientemente, provavelmente a sessão será muito
aborrecida, constrangedora e muito pouco proveitosa... Mas,
pelo menos ensinará a todos que, em Maçonaria, não se
ensina, aprende-se - e que a aprendizagem é um esforço
individual de cada um, posto em comum com o grupo.
Na discussão da segunda sessão, o Segundo Vigilante deve
intervir o menos possível - apenas quando necessário para
repor a conversa no tema, quando o grupo dele se afastar (as
conversas são como as cerejas...).
Finalmente, após a segunda sessão, o LÍDER DE DISCUSSÃO
fica encarregado de preparar e apresentar uma prancha sobre
o tema - que poderá vir a ser a sua prancha de proficiência
para aumento de salário.
Repete-se, ao longo do ano, este esquema, com os vários
temas. Ao fim do ano, tem-se Aprendizes preparados, não por
terem ouvido umas preleções, mas por se terem debruçado
sobre vários temas, por si e para si e para todos. Tem-se
trabalhos elaborados - e tendencialmente de boa qualidade,
porque resultantes de discussão em grupo e elaborados por
quem se preparou para dirigir essa discussão. Tem-se um
conjunto de obreiros que criou naturalmente espírito de grupo.
O Segundo Vigilante ainda tem o bônus de, no ano seguinte, ir
ter, como Primeiro Vigilante, Companheiros que foram
Aprendizes bem preparados e bem habituados a preparar-se.
Finalmente, este método permite que, com toda a naturalidade
e sem custo, sem demasiado esforço nem dificuldade, os
novos Aprendizes que sejam iniciados ao longo do ano se

266
integrem no trabalho da Coluna de Aprendizes, No ano
seguinte, o trabalho recomeça, com os mesmos ou outros
temas, ou alguns destes e temas novos, consoante o entender
o Segundo Vigilante de então.
Não tenho dúvidas que uma Loja que siga consistentemente
este método de formação de Aprendizes terá, mais cedo do
que mais tarde, uma escola de obreiros da melhor qualidade,
prosperará e cumprirá devidamente o seu papel de fazer, cada
vez mais, de homens bons homens melhores!
Rui Bandeira

267
O SIMBOLISMO DO TEMPLO MAÇÔNICO

June 24, 2016

O Templo Maçônico reúne dentro de si o espaço e o tempo


sagrados. Basta apenas traspassarmos sua porta e faz-se
evidente a diferença entre o mundo exterior e o Profano, aonde
o tempo decorre linearmente em forma indefinida e amorfa, e o
recinto sacro, onde se percebe um tempo mítico e
significativo: o “tempo” das origens do ser humano, a
eternidade e a simultaneidade, conhecidas e compreendidas
na interioridade do homem que estabelece esta comunicação
ritual desde as profundezas do templo.

Por outra parte, o Templo é um modelo do Universo, ao qual


imita em suas formas e “proporções” e, como ele, tem por
objeto albergar e ser o meio da realização total e efetiva do ser
humano. Nas tribos mais primitivas, encontramos a choupana
ritual (ou a casa familiar) como lugar de intermediação entre o
alto e o baixo.

268
Efetivamente, nela o teto simboliza o céu e o chão, a terra; os
quatro postes onde se assenta são as colunas onde se apóia o
macrocosmo. É muito importante assinalar que sempre nessas
construções há um ponto zenital que está aberto a outro
espaço.
Exemplo: a pedra caput ou cimeira, que não se colocava na
construção das catedrais, ou o orifício de saída da choça
cerimonial (na casa familiar esta saída é simbolizada pela
chaminé, o lar).
Esta construção, imagem e modelo do Cosmo, têm, pois, uma
porta de entrada que se abre ao percurso horizontal do Templo
(transposição da porta, passagem pelas águas do batistério,
perda no labirinto cuja saída desemboca no altar, coração do
Templo), e posteriormente um orifício de saída sobre o eixo
vertical, desta vez localizada na sumidade, simbolizando o
Coroamento da Obra e o rendimento a outro espaço, ou
mundo, inteiramente diferente, que está “mais além” do
Cosmo, ao qual o Templo simboliza.
É também o Templo uma imagem viva do microcosmo e
representa o corpo do homem, criado à imagem e semelhança
de seu criador; inversamente, o corpo do homem é seu
Templo.

O centro de comunicação vertical é o coração, e ali, nesse


lugar, acende-se o fogo sagrado capaz de gerar a Aventura
Real da transmutação, após as provas e experiências de
Conhecimento que levam até lá. Em nosso diagrama Sefirótico,
a porta horizontal se abre de Malkhuth a Yesod, enquanto a

269
vertical de Tifereth a Kether.

Ou seja, que todo o trabalho prévio, encaminhado ao


Conhecimento, tem que ter por objetivo imediato a chegada ao
coração do Templo, o fogo perene do altar sobre o qual se
assenta o Tabernáculo, espaço vazio construído com as
réguas e proporções harmônicas do próprio Templo, e do qual
é sua síntese. Terá então terminado com a primeira parte dos
Mistérios Menores (mistérios da Terra) e começará sua
ascensão simultânea pela segunda parte (os mistérios do céu),
ficando para além do Templo, ou seja, para o supra cósmico,
os Mistérios Maiores, que por serem inefáveis não podem ter
aqui análise e nem comentário.

Na realidade, este processo é prototípico e válido para


qualquer mudança de plano ou estado, onde se manifesta à
sua maneira.
Fraterno Abraço
RuyR@mires.'.

270
''A MENSAGEM DO EVANGELHO NA LINGUAGEM
MAÇÔNICA''

June 26, 2016

1. Nasci para uma missão especial: ensinar os homens a


atingir o mestrado. Essa missão foi profetizada nos seguintes
termos:

A Acácia há de florescer no deserto.

2. Após uma preparação de 3x10 = 30 anos até a idade de 33


anos (período de três anos) trabalhei para a libertação dos
oprimidos.

3. Meu trabalho foi precedido de outro predestinado, o qual


representou o profano buscador, preparador, o qual se
aprimora para se tornar um Iniciado, fazendo surgir depois o
Mestre Cristificado.

4. Eu expulsei os vendilhões do Templo, ensinando que não se


deve explorar a ignorância do povo negociando santidades e

271
também ensinando que o Templo-corpo deve ser limpo de
todas as perturbações mundanas.

5. Como construtor operativo (marceneiro), passei a


especulativo quando deixei a casa dos meus pais para
trabalhar em prol da redenção do homem, por isso fui
considerado a pedra angular da grande obra.

6. Como construtor especulativo eu disse: "Reerguerei o


Templo em três dias", referindo-me ao Templo da virtude.

7. Passei pela prova da Iniciação, quando pelos caminhos


escabrosos no deserto, tive que superar as minhas próprias
limitações para seguir em frente no meu propósito.

8. Passei pela Cerimônia de Purificação (limpeza pela água),


momento em que o fogo do espírito mais puro invadiu o meu
ser, transformando-me em verdadeiro Iniciado.

9. Curei os doentes (a doença simbólica) da sociedade doentia,


ou seja, viciada pelo fanatismo (pelo fanatismo fui condenado
à morte), pela ignorância (dos que têm olhos, mas não vêem,
têm ouvidos, mas não ouvem), pela intolerância e o
materialismo.

10. Dei vistas aos cegos – a ignorância é uma cegueira. Vim ao


mundo para iluminar as trevas. Essa deve ser a missão de
todos os meus seguidores sinceros.

272
11. Dei vida aos mortos – os mortos merecem uma nova vida.
O profano deve morrer para renascer o Iniciado. (Lázaro foi
levantado para a vida.)

12. Multipliquei os pães – o pão deve ser repartido sempre com


quem tem fome.

13. Transformei a água em vinho – o que é comum e natural,


mediante ação de bondade – ação transformadora, do Iniciado,
modifica-se para melhor.

14. Andei sobre as águas – verdadeiro Mestre deve servir de


referencial positivo para os demais (água = multidão).

15. Falei por parábolas para que nem todos entendessem a


minha mensagem, pois as pérolas não estão disponíveis
àqueles que não estão aptos para aproveitá-las.

16. Usei do artifício da Palavra de Passe, por ocasião do


preparo da ceia da Páscoa, para não permitir a entrada de
pessoas despreparadas nessa reunião especial, destinada
somente aos escolhidos.

17. Lavei os pés dos discípulos – é a purificação do homem


para ingressar no Templo sagrado, através da Iniciação.

18. Deixei a mensagem: "Amai-vos uns aos outros" e não à


guerra religiosa.

273
19. Incentivei a busca pessoal quando eu disse: "Buscai e
achareis, batei e abrir-se-vos-á" – é a porta da Iniciação
estreita, onde cabe apenas um de cada vez.

20. Expulsei os maus espíritos dos homens – aqueles espíritos


que aprisionam o homem: a inveja, a intolerância, o desejo de
posse e outros demônios.

21. Fiz ressuscitar um filho único de uma viúva (Lucas


7:11-17), alegoria que nos ensina que da matriz sempre surgirá
à esperança de vida plena com os eflúvios do Mestre dos
Mestres.

22. Escolhi um número simbólico de discípulos, dos quais fui o


Mestre Iniciador (e lhes atribuí nome simbólico) para constituir
a minha Loja de atuação (esse número é o 12 = 3x4).

23. Ensinei aos meus discípulos a lição do trabalho e da fé,


quando lhes ensinei a pescar.

24. Curei os paralíticos – é o homem omisso que fiz passar à


condição de conscientizado para o trabalho em prol da
humanidade e de si mesmo.

25. Não repudiei a sabedoria, pois na minha infância estive


com os doutores, "cresci em estatura e em sabedoria".

26. Desci ao seio da terra por três dias após a minha morte.
Assim, deixei a minha mensagem de que o Iniciado deve

274
passar pela prova da terra antes da sua exaltação final (ou
atuação: terra = mundo).

27. Fui crucificado entre dois personagens, cada um de nós


significando estágios do próprio homem: o homem
embrutecido, que precisa aprender; o homem que reconhece a
beleza do arrependimento e o Mestre, capaz de dar uma
palavra de conforto para si próprio e aos demais.

28. O meu corpo foi protegido por um discípulo oculto,


mensagem de que nem todos os meus discípulos estão nas
praças públicas ou em contato com o povo, existindo aqueles
que, em segredo, se mostram capazes de agir como
verdadeiros discípulos, sem ostentação.

29. Ensinei a oração em local secreto, sem alarde.

30. Ensinei que a caridade se faz com a mão direita de modo


que a mão esquerda não note, isto é, sem glórias para as
pessoas ou para Instituições.

31. Ensinei que devemos ser luz para o mundo e o sal da Terra.

32. Fui traído por três personagens: por um discípulo (JUDAS),


por um líder religioso (CAIFÁS) e por um líder político
(PILATOS).

33. Ressaltei a importância do juramento, dizendo aos vulgos


que não jurassem, pois não tinham maturidade suficiente para

275
cumprir os juramentos.

34. Ensinei que nem todo aquele que me diz: "Senhor, Senhor"
entrará no reino dos céus... Muitos me dirão: "Não pregamos
nós em vosso nome e não foi em vosso nome que expulsamos
os demônios e fizemos milagres?" E eu, no entanto lhes direi:
"Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus"
(Mateus 7:21-23)

A/D

276
O PRIMEIRO MAÇOM

June 28, 2016

Nas pedreiras de antigamente, o trabalho de cortar, desbastar


e lavrar pedras era uma atividade de caráter iniciático.
Trabalhava-se com maço, ponteira e cinzel em etapas
distintas, conforme se quisessem pedras para alicerce, para
parede ou para acabamento.
Cada tipo de pedra era trabalhado por operários especialmente
treinados para o mister. Daí as graduações que se
estabeleceram entre aprendizes e profissionais. Mais tarde, a
atividade do artesão do maço (o maçom), evoluiu para um tipo
mais sofisticado de trabalho, que já se podia chamar de arte.

Foi quando ele começou a tirar da pedra outras formas,


imitando a natureza no seu trabalho de formatação das
realidades físicas. Esse tipo de trabalho demonstrava que o
homem possuía uma inteligência criadora e que sua
consciência podia ser refletida na natureza através das obras

277
de suas mãos.

A história da aplicação do engenho humano nas pedras se


confunde com a história da evolução do seu próprio
psiquismo. O termo maçom é derivado dessa ocupação e a
espiritualidade que acompanha essa profissão é decorrente
dessa projeção da consciência sobre a matéria, formatando
coisas e objetos, numa imitação da própria atividade criadora
de Deus.

O primeiro maçom foi o homem que desbastou a


primeira pedra bruta, transformando-a em material de
construção. Daí dizer-se que a Maçonaria é tão antiga quanto a
presença humana sobre a terra, pois ela é uma prática que
pode ser considerada contemporânea dos primeiros grupos
humanos.
É bom que se diga, entretanto, que essa antiguidade só pode
ser colocada enquanto prática operativa e atividade
especulativa. Não é a Maçonaria como instituição, porquanto
esta só apareceu no inicio do século XVIII a partir do trabalho
de Anderson e seu grupo [1]

É também nesse sentido que podemos definir a Maçonaria


como a arte de interar a mente humana com os elementos da
natureza para produzir obra de criação. Como prática operativa
ela é o trabalho que constrói o mundo, e como atividade
especulativa uma fórmula que aprimora o espírito. Em ambos
os sentidos ela é arte de construir, é arquitetura.

278
Nos antigos canteiros de obras do Egito e da Mesopotâmia já
se costumava separar os trabalhadores em grupos distintivos
pelos seus graus. Aprendizes não comungavam
com Companheiros nem estes com seus Mestres Um sistema
de senhas e códigos eram usados nos diversos níveis
profissionais, garantindo dessa forma o segredo profissional
e o método de transmissão dos ensinamentos. [2]
No próprio canteiro de obras do Rei Salomão, por ocasião da
construção do Templo de Jerusalém, havia, segundo a Bíblia,
profissionais e aprendizes de todos os tipos, desde cavou
queiros para abrir as valas, serventes para acarretar e
transportar cargas, até mestres arquitetos e fundidores, como
Hiram e Adoniram, este último também administrador da obra.
E foi a partir dessas antigas fontes que nasceu a tradição
iniciática que inspirou a divisão da Loja Simbólica dos maçons
modernos em Aprendizes, Companheiros e Mestres. Assim,
podemos dizer que a organização da maçonaria tem inspiração
nos antigos canteiros de obras egípcios e especialmente em
suas pedreiras, cuja hierarquia contemplava essa divisão,
sendo a congênere medieval – as antigas corporações de
ofício, que congregava os pedreiros livres- uma adaptação de
suas ancestrais egípcias.

De outra forma, podemos dizer também que a tradição


iniciática que acompanha a profissão do construtor foi
desenvolvida mais por necessidade prática do que por motivos
religiosos, Constituía um sistema pedagógico, que ao mesmo
tempo em que proporcionava segurança aos seus membros,

279
representava um meio de defesa para os seus mercados, pois
além de regular o exercício do ofício, mantinha um número
ideal de profissionais.

Essa tradição foi repassada aos canteiros de obras medievais.


Foi nestes últimos que a tradição de separar os trabalhadores
por seus graus de profissionalização sacralizou-se,
especialmente pelo fato das organizações dos pedreiros
medievais estarem estreitamente ligadas á Igreja.
Sendo a época medieval um tempo de intensa busca espiritual,
a prática do ofício de construtor passou a ser uma forma de
ascese, onde o trabalho da mente se unia ao esforço das mãos
para construir a obra externa, que era o edifício propriamente
dito, e a obra interna, que era o próprio espírito do construtor.
É dessa época a ideia de considerar o corpo humano como
uma morada de Deus, da mesma forma que o era a Igreja.

O primeiro maçom especulativo

Não há consenso entre os historiadores de quem teria sido o


primeiro maçom especulativo, ou seja, a primeira pessoa não
pertencente aos quadros profissionais dos pedreiros livres a
ser admitida como membro em suas Lojas.
O mais antigo registro de uma iniciação desse tipo é o de John
Boswell, lorde de Aushinleck que, em 8 de junho de 1600 foi
recebido como maçom aceito na Saint Mary’s Chapell Lodge
(Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia.
Essa Loja teria sido fundada em 1228, no canteiro de obras
preparado para a construção da Capela de Santa Maria,

280
naquela cidade, que então era a mais importante da Escócia.
Era costume, naquela época, a organização de Lojas entre os
pedreiros, pois assim se chamavam às assembleias dos
obreiros que se reuniam para discutir sobre os assuntos
referentes às obras e à profissão.

Após a iniciação de Lorde Bosswel, o processo de aceitação


de maçons não profissionais se tornaria comum.
Logo se espalharia pelos canteiros de obras da Escócia,
Inglaterra, Alemanha, França e outros países, de tal maneira
que, ao final do século XVI, o número de maçons aceitos-
então chamados de especulativos ultrapassasse, os
operativos. Assim, na primeira metade do século XVII,
encontram-se registros de várias pessoas importantes sendo
admitidas nas Lojas dos pedreiros livres.
Nomes como os de William Wilson, aceito em 1622, Robert
Murray, tenente-general do exército escocês, recebido, em
1641, na Loja da Capela de Santa Maria, que se tornou
posteriormente, Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o
coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, numa Loja de
Warrington, no Lancashire e o famoso antiquário e alquimista
Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de
outubro) que o coronel Henry.

Na área da arquitetura os maçons operativos já haviam perdido


a maior parte do seu prestígio, já que a forma arquitetônica
tradicional deles, a gótica, já havia caído em desuso, eclipsada
pela modelo neoclássico. Porém, em 2 de setembro de 1666,
um grande incêndio irrompeu na cidade de Londres,

281
destruindo mais da metade da cidade -cerca de quarenta mil
casas e oitenta e seis igrejas.
Nessa ocasião, os maçons operativos foram chamados para
participar do esforço de reconstrução da cidade, sob a direção
do renomado mestre arquiteto Cristopher Wren, que foi logo
iniciado maçom. Foi no canteiro de construção da igreja de S.
Paulo, que ele presidia que em 1691, foi fundada a Loja São
Paulo (em alusão à igreja), conhecida como Loja da taberna "O
Ganso e a Grelha", uma das quatro Lojas que, em 1717, iria,
juntamente com as outras três Lojas londrinas, se unir para a
fundação da Grande Loja de Londres. Nasceria dessa fusão a
Maçonaria moderna. Londres só iria terminar em 1710.

[1] Anderson, por exemplo, situa o nascimento da Maçonaria


no Éden e indica seu filho Seth como sendo o primeiro maçom
histórico. “Entretanto, antes do nascimento da moderna
maçonaria, com a fusão das Lojas Londrinas e o advento das
Constituições de Anderson, havia Lojas que atribuíam essa
primazia ao rei Nenrode, citado na Bíblia como “poderoso
caçador” perante o Eterno”, pela construção da famosa Torre
de Babel.
Há também os que sustentam ser Moisés o primeiro maçom
pelo fato de ele ter fundado a primeira e verdadeira
fraternidade do mundo, ou seja, a nação de Israel. Da mesma
forma, existem teses que conferem esse título a Zorobabel, o
rabino judeu que liderou a reconstrução de Jerusalém após a
volta do cativeiro da Babilônia. Esse parece ter sido o
pensamento de André Michel de Ransay, por exemplo.

282
[2] Em nosso trabalho “Lendas da Arte Real”, identificamos
Moisés com Osarseph, um líder dos trabalhadores das
pedreiras, que organizou e liderou essa classe de
trabalhadores no Egito, fundando uma poderosa organização.
Isso teria ocorrido no século XIV AC, época em que a maioria
dos historiadores acredita ter ocorrido o Êxodo israelita.
Segundo Apion, esses trabalhadores, escravos na maioria,
eram estrangeiros e as regras estabelecidas por Osarseph
eram bastante semelhantes às que Moisés escreveu para os
israelitas.
Por: João Anatalino

283
O NÍVEL CULTURAL DA MAÇONARIA

June 29, 2016

Tenho verificado que a cultura na Maçonaria está muito


aquém. O quadro é simplesmente desolador. O maçom em
geral tem, em média poucos anos de estudo, não lê, não
estuda e nada sabe. E o que tem esse fato a ver com a
Maçonaria? Tudo! Não é possível realizar novos progressos
sem o auxílio da cultura e do saber.
O 1º grau (ensino fundamental), há 40 anos, dava ao cidadão
uma base de cultura geral muito maior do que a de hoje e a
culpa de tal retrocesso é, exclusivamente, do vergonhoso e
criminoso sistema educacional que, paulatinamente, foi
implantado no país e, evidentemente, dentro da própria
Maçonaria. No 1º grau de hoje o estudante ainda é um
semi-analfabeto que não sabe sequer cantar o Hino Nacional,
que há muito foi expulso das escolas.

284
O maçom não gosta de ler. A afirmativa é absolutamente
VERDADEIRA. Há uma mínima parte do povo que ama a leitura,
outra, um pouco maior, que a detesta e a esmagadora maioria
nem sabe que ela existe, e a Maçonaria é formada por homens
vindos do povo.
Em todos os rituais maçônicos, fala■se nas sete ciências que
formavam a sabedoria dos antigos, composta pela Gramática,
Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.
Quem só com apenas o 1º grau tem o mínimo de conhecimento
sobre tais ciências? Com exceção de alguns rudimentos de
Gramática e de Matemática, ninguém!
O mundo moderno não é mais composto por sete ciências; as
ciências se multiplicaram infinitamente: Física, Química,
Engenharia, Geografia, Medicina, Sociologia, Filosofia,
História, etc., cada uma delas com infinitas especialidades e
ramificações, cada vez mais avançando nos campos das
descobertas, pesquisas e realizações enquanto o maçom ficou
estacionado no atual 3, 1º grau. EIS O GRANDE PROBLEMA.
Hoje, com raríssimas e merecidas exceções, chega■se a
Mestre Maçom entre seis meses a um ano e meio; ao Grau 33,
entre três e quatro anos. Chega■se a Mestre e ao Grau 33 sem
se sair do 1º grau. O dicionário de Aurélio Buarque de Holanda
define: “MESTRE – homem que ensina; professor; o
que é perito em uma ciência ou arte; homem de muito saber”.
Será que está acontecendo alguma coisa errada?
Para quem deseja subir nos graus da Maçonaria é exigido um
trabalho escrito (muitas vezes meramente copiado, sem
pretensão de aprender) e as taxas de elevação (que geralmente
são caríssimas). Só isto, nada mais do que isto e... tome■lhe

285
grau por cima de grau, sem o mínimo avanço cultural. Mas, em
compensação, os aventais, colares e medalhas na subida dos
graus vão ficando mais caros, mais bordados, mais coloridos e
mais vistosos. E lá vai o nosso maçom falando
em“beneficência”, “filosofismo”, “Pedra Bruta”, “Pedra
Polida”, “Espada Flamejante”, “Câmara de Reflexões”, etc... E
para completar o FEBEAMA (Festival de Besteiras que Assola
a Maçonaria) diz, por ter ouvido dizer, que a Maçonaria é
milenar.
Diz um provérbio popular que “NINGUÉM AMA O QUE NÃO
CONHECE”. Como pode esperar a Maçonaria que seus Mestres
Maçons, seus componentes dos Altos Corpos Filosóficos,
sejam bons transmissores de suas doutrinas, histórias e
conhecimentos se... nada sabem?
A Maçonaria é antes de tudo um vasto conjunto de ciências
políticas, históricas, geográficas e sócio-econômicas
adquiridas ao longo dos séculos. É simbolismo e filosofia
pura, é ciência humana no seu mais Alto Grau. Como pode
uma pessoa sem interesse pelo estudo adquirir e transmitir
tantos conhecimentos? Só se for por um milagre!
Como pode, apenas com boas intenções, um leigo ensinar
medicina para médicos, leis para juízes, aviação para um
futuro piloto, engenharia para um futuro engenheiro,
Maçonaria para um futuro Maçom?
Tiro por mim que já li quase uma centena de livros e que tenho
mais como prazer do que por obrigação dedicar pelo menos
meia hora por dia aos estudos maçônicos e outras literaturas
de interesse para o meu aperfeiçoamento espiritual, cultural e
profissional. E ainda não me considero um “EXPERT”.

286
Reconheço, com toda humildade, que ainda tenho muito que
aprender, e tenho o 3º grau completo.
Como pode uma pessoa sem cultura estudar e pesquisar as
Lendas do Rei Salomão, Hiran Abiff, Rainha de Sabá, Cabala,
entre tantos, sem conhecer História Antiga? Como podem
entender a gama de conhecimentos contidos na Constituição
de Anderson, Landmarks, Ritos, Painéis, entre outros assuntos
totalmente desconhecidos do nosso Mestre Maçom e de uma
grande parte daqueles que alcançaram o “TOPO DA
PIRÂMIDE” e que se consideram com direito a cadeira cativa
no Oriente para que seu “PROFUNDO SABER E
CONHECIMENTO MAÇÔNICO POSSAM ILUMINAR” as colunas.
A verdade costuma ser brutal, mas, infelizmente, esta é a pura
realidade que precisa de muitos com coragem para dizer.

O Maçom que estuda e pesquisa pode ser o “O SOL DA


CULTURA”, talvez nem seja o vaga-lume que só tem sua luz
notada nas trevas, mas, com certeza, é o espelho que
poderá transmitir a Luz do Sol ou pelo menos a do vaga-lume.
A Maçonaria, composta de homens livres e de bons costumes
e de boa cultura, obviamente, será muito melhor. No século
XVII ela era composta pelos iluministas, no século XIX, no
Império Brasileiro era composta da nata intelectual da nação e
hoje ??? Sec XXI ??? Sem comentários...
Uma sociedade, um país, é preparada primordialmente pelo
sistema educacional e cultural que consegue adquirir e formar.
Seria muito bom começarmos a preparar os membros da
Maçonaria, pelo menos em nossas Lojas, para o Terceiro

287
Milênio, com pessoas um pouco mais cultas. Para ai sim,
podermos ter um país melhor para nossos filhos, netos e
descendentes.
Denilson Forato .'. MI - VMD-PAL-GOP-COMAB-CMI

288
Contents
O GALO E A AMPULHETA - SÍMBOLOS 1
MAÇÔNICOS

A DISCIPLINA 7

O BEM, O MAL E A LIÇÃO DA PEDRA BRUTA 10

A MAÇONARIA 20

O TRONO 24

OS PRIMEIROS MESTRES MAÇONS 31

O SILÊNCIO, VOZ DA INICIAÇÃO 36

A CABALA E A CORDA DE 81 NÓS 43

TEMPLOS A VIRTUDE E MASMORRAS AO VÍCIO 50

O PASSO LATERAL DA MARCHA DE 62


COMPANHEIRO

O MAÇOM E A SOLIDARIEDADE 68

O ESTUDO DA ORDEM E DOUTRINA MAÇÔNICA 77

VELAS E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA 84

O NÍVEL E O PRUMO-SÍMBOLOS MAÇÔNICOS. 98

O AVENTAL DE UM MAÇOM 103


A “ETERNA” CONDIÇÃO HUMANA DE APRENDIZ 109

O PAVIMENTO DE MOSAICO 115

LUZES 123

LIVRE E DE BONS COSTUMES 128

O GRANDE MISTÉRIO MAÇÔNICO 136

MAÇONARIA OPERATIVA VERSUS ESPECULATIVA 139


- RAGON X JORGE FERRO

A IMPORTÂNCIA DO TEMPO DE ESTUDOS PARA O 145


MAÇOM ESPECULATIVO

QUEM FOI HIRAM ABIFF? 151

O RAMO DE ACÁCIA 158

O PAVIMENTO MOSAICO 163

NOTA RECEBIDA PELO BLOG ARTE REAL – 168


TRABALHOS MAÇÔNICOS

O SALMO133 E O PODER DA EGRÉGORA 171

A PACIÊNCIA NO DESBASTE DA PEDRA BRUTA 181

A MÍSTICA DO AVENTAL 184

VAIDADE MAÇÔNICA 188


ANTROPOCENTRISMO MAÇÔNICO 196

"ONDE ESTÁ O SEGREDO MAÇÔNICO?" -- " ESTÁ 203


DENTRO DE VOCÊ"

ONDE ESTÃO OS MESTRES? 208

CONTRA AS RELIGIÕES 214

O TELHAMENTO E A EXPRESSÃO TRÊS VEZES 218


TRÊS

SIMBOLOGIA MAÇÔNICA 221

OLHANDO A ORDEM MAÇÔNICA, BREVEMENTE, 228


"DE FORA PARA DENTRO":

O PRIMEIRO DEVER DE UM INICIADO 231


O GALO E A AMPULHETA - SÍMBOLOS MAÇÔNICOS

July 01, 2016

O GALO

O galo é um símbolo arquetípico que aparece nas tradições


religiosas dos mais diferentes povos da terra. Em todas as
culturas antigas ele surge como uma espécie de criatura
celestial e votiva que anuncia a ressurreição solar. Daí o
simbolismo que liga o seu canto com a renovação espiritual,
que as escolas esotéricas desenvolveram em suas doutrinas, e
as religiões oficiais adotaram em seus cultos como elementos
rituais.

Na verdade, o simbolismo do Galo tem inspiração nos cultos


solares da Antiguidade. No Japão, a mitologia xintoísta

1
divulgava a crença de que se devia ao galo o Sol que brilhava
no reino de Yamato, ou seja, o antigo Japão. Se o galo não
cantasse, o Sol não nasceria.
O culto xintoísta é um culto solar por excelência. Daí o Sol,
símbolo da Divindade, se tornar o ícone principal do país,
ornamentando, até hoje, a bandeira japonesa. E sendo o galo o
seu arauto, essa ave tem, até hoje, um festival a ela dedicado.
Essa festa, ainda muito tradicional no interior do país, ocorre
no mês de novembro e dura três dias.

Na tradição do Xintoísmo o canto do galo também está


associado à chamada para a oração. Por isso, nos templos e
altares dos cultos xintoístas, é comum encontrar essas aves a
passear livremente por eles.
O GALO NA TRADIÇÃO CRISTÃ

Os cristãos também adotaram o Galo como símbolo do arauto


anunciador de novidades. Esse é um indicativo de que o
Cristianismo foi muito influenciado pelos cultos solares da
antiguidade. Segundo uma tradição divulgada pelos cultos
mitraístas, um galo cantou no momento do nascimento de
Mitra. Esse mito viria a ser incorporada pelos bispos de Roma,
dando origem à conhecida Missa do Galo, rezada na passagem
do dia 24 para 25 de dezembro, data comemorada pelos
cristãos como sendo o do nascimento de Jesus.

Não há prova histórica de que Jesus tenha nascido realmente


nesse dia. Segundo alguns historiadores, essa data era
também comemorado pelos mitraístas como sendo o dia do

2
nascimento de Mitra, e foi adotada por Roma em consonância
com culto mitraísta, para fundir os dois cultos, já que o culto a
esse deus persa era muito forte entre os romanos.

Na verdade, essas datas correspondiam ao período em que se


iniciava no hemisfério norte, o surgimento da estrela polar,
prenúncio do início de nova era, segundo o calendário persa.
Era nesse período (entre 22/23 de dezembro, início do solstício
de inverno) que eles costumavam celebrar o culto ao Deus Sol.
Essa tradição tinha correspondências rituais na religião de
quase todos os povos que praticavam religiões solares. (1)

A simbologia mitraísta serviu bem para os propósitos cristãos,


já que o nascimento de Jesus Cristo significava, para a nova
religião adotada pelos romanos, o surgimento de uma nova luz
para o mundo. Isso representava um renascimento para a
humanidade sofredora, prisioneira da morte e da ignorância
espiritual. Assim, na simbologia cristã o galo passou a ser o
arauto anunciador da nova luz do mundo. Por isso é a que a
Missa do Galo, também é conhecida como a missa da luz. (2)
O GALO EM OUTRAS TRADIÇÕES

Na cultura dos povos africanos, o Galo é tido como um


colaborador do deus Olurum. Ele foi mandado à Terra junto
com seu filho Obotala para organizar o Caos primordial que
nela havia. (3)

Os ciganos o viam como anunciador do dia e da luz. Um lindo

3
poema desse povo diz: "eu sou aquele que canta o raiar de um
novo dia, de uma nova vida e de uma nova esperança".

Para os gregos, o galo simbolizava Alectrion, o sentinela


celeste que avisava a chegada do sol. Por isso era
considerado um símbolo do tempo, além de encerrar em si o
princípio solar, energia masculina, que representa a altivez. Dai
algumas escolas psicológicas considerarem que sonhos
constantes com essas aves estão conectados com
sentimentos de opressão e a vontade de se libertar.

Alguns países adotaram o galo como símbolos nacionais. Os


mais conhecidos são a França e Portugal. Para os franceses
ele representa a luz e a inteligência, pois anuncia à hora de
acordar. A própria palavra Gália, antigo nome da França,
segundo alguns autores, seria derivada de gallus, palavra
latina que significa galo. Esse era o nome pelo qual os
romanos denominavam os habitantes da região, por causa do
intenso culto que os gauleses prestavam ao Pássaro da
Manhã.

Em Portugal, essa tradição está associada com a lenda do


Galo de Barcelos. Conta essa lenda que um habitante do burgo
de Barcelos, sendo acusado de um crime, alegava inocência.
Todos os indícios eram contra ele e o infeliz não tinha como se
defender. Então ele viu um galo morto dentro de um cesto e
disse ao juiz: "se esse galo cantar significa que eu sou
inocente." O galo cantou e ele foi absolvido. A lenda do Galo
de Barcelos ganhou tal popularidade que a ave milagrosa se

4
tornou um dos símbolos de Portugal,
O GALO NA TRADIÇÃO ESOTÉRICA

Nas tradições esotéricas o galo é o símbolo da vigilância e da


mente sempre desperta. Em alquimia era utilizado para
representar o mercúrio filosófico, ou seja, o princípio segundo
o qual a “alma da obra” despertava, possibilitando a sua
trans-mutação. Na tradição maçônica, o galo canta ao nascer
de cada nova manhã, anunciando o alvorecer. Nesse sentido,
ele é o arauto da esperança, do renascimento, da “nova vida”
que desponta no horizonte.
Na Câmara de Reflexões, onde o iniciado se prepara para ser
submetido ao ritual de Iniciação, ele significa o alvorecer da
sua nova existência, visto que simbolicamente o iniciando vai
morrer para a vida profana e renascer para a vida maçônica.
Por isso ele está ali, naquele ambiente de morte, como arauto
anunciador da transformação que está se operando no
psiquismo do recipiendário.

Como se vê, é um símbolo bastante apropriado às tradições


iniciáticas, e como tal não poderia faltar entre os símbolos
maçônicos.
A AMPULHETA

Ampulheta é um antigo instrumento para medir o tempo. Na


Maçonaria é um símbolo que representa o lento e inexorável
escoamento do tempo, recordando concomitantemente a
necessidade de agir e a brevidade da existência humana.

5
Os nossos dias na terra são como a areia que escorrem pelo
filtro de uma ampulheta. A quantidade de areia posta nos
recipientes é a medida dos nossos dias de vida. Nem mais nem
menos. É como disse Jesus: “todos os fios de cabelo da vossa
cabeça estão contados. Não podeis fazê-los brancos ou
pretos, pois mais que penses”.
A ampulheta que o iniciando encontra na Câmara de Reflexões
tem justamente essa finalidade: mostrar a inexorabilidade do
tempo que avança, consumindo os nossos dias e nos
colocando cada vez mais próximos do evento da morte. E que
nesse sentido, toda arrogância é desnecessária, toda vaidade
é inútil, toda riqueza é supérflua, todo poder é enganoso.
Nada que possamos fazer pode prolongar a nossa existência
além do tempo que o Grande Arquiteto do Universo
nos concedeu para a realização da nossa missão na terra. E a
ampulheta está ali para nos lembrar disso.

1. Especialmente os celtas e os egípcios.


2. Admite-se, geralmente, que a tradição da Missa do Galo foi
instituída na Igreja de Roma no Século VI.
3. Esse mito ainda é cultuado no candomblé brasileiro.
DO LIVRO LENDAS DA ARTE REAL

6
A DISCIPLINA

July 04, 2016

Segundo o Dicionário KOOGAN LAROUSSE:


DISCIPLINA s. f. O conjunto dos regulamentos destinados a
manter a boa ordem em qualquer assembléia ou corporação; a
boa ordem resultante da observância desses regulamentos: a
disciplina militar. / Submissão ou respeito a um regulamento. /
Cada uma das matérias ensinadas nas escolas.
No Dicionário AURÉLIO:
DISCIPLINA s.f. 1. Regime de ordem imposta ou mesmo
consentida. 2. Ordem que convém ao bom funcionamento de
uma organização. 3. Relações de subordinação do aluno ao
mestre. 4. Submissão a um regulamento. 5. Qualquer ramo do
conhecimento. 6. Matéria de ensino.
É uma palavra que tem a mesma etimologia da palavra
“DISCÍPULO”, que significa aquele que segue. Em filosofia
significa conjunto de conhecimentos metódicos ou regra de

7
conduta (a disciplina dos costumes) e é aplicada às
organizações e às pessoas.
Na Maçonaria significa uma rigorosa e irrestrita observância às
normas, às Constituições, aos Landmarks, aos regulamentos,
às obediências e às autoridades.
Sem disciplina, nenhuma organização ou entidade domina
seus interesses, porque a indisciplina gera um grave mal, a
exemplo da anarquia, a qual combatemos, por produzir o caos.
A indisciplina anda em voga no meio político: “quanto pior
melhor”.
A disciplina é irmã gêmea da liberdade quando a usamos
como direito, ou seja, o direito agindo para que a manifestação
de liberdade seja garantia de todos. Porém essa afirmativa
produz efeito quando se consegue respeitar os direitos
alheios, que é diferente da liberdade pessoal, conseguida pela
consideração espontânea das normas previamente
estabelecidas e da obediência às autoridades constituídas.
O cidadão que pretende viver em sociedade leva para seu
convívio um dos deveres essenciais: a disciplina, sinalizada
por juramentos, estudos, posturas, segurança nas
determinações e ações, sob pena de, não o fazendo, gerar no
grupo, dissabores, desentendimentos, egoísmo, divisões e não
conseguir transmitir a paz nem a harmonia, tornando-se assim,
um cidadão que não inspira segurança a seus companheiros.
Tomemos para nossas vidas, um exemplo de autodisciplina, a
do artista. Sua arte se expressa pelo rígido método de
disciplina, que espontaneamente impõe a si próprio, dentre
outros; o de dormir, de meditar, de buscar inspiração e no
tratar com a natureza, completado pelos instrumentos que

8
utiliza: o pincel, a caneta, as chuteiras e os dedos, pois, sem
este cuidado disciplinar ele nunca passará de um artista
mediano, de um péssimo sonhador.
Na sociedade em geral, quando aceitamos o convite para ser
iniciado na Ordem Maçônica, imaginamos uma gama de
normas próprias, a que seremos submetidos a cumprir e,
quando aceitos, prometemos obedecer, através de juramentos
e preceitos outros que formarão o caráter e a moral do
cidadão/Irmão. Portanto, sem a disciplina maçônica, a busca
da perfeição correrá por caminhos difíceis de alcançar.
A Maçonaria praticada nos dias atuais não estabelece atração
por conhecimento além dos nossos rituais, deixando, então,
uma lacuna para o desenvolvimento da desmotivação, que
geram, às vezes, na consciência dos Irmãos, a vontade latente
de deixar a Ordem, por não ver mais, sólidos compromissos,
morais e éticos (ensinamentos que norteiam a nossa
Instituição).
Assim, no ranger da carruagem, quando se falar em Maçonaria,
dir-se-á “FOI UMA SOCIEDADE DISCIPLINADA QUE EXISTIU
ATÉ OS IDOS DE…”.
Enfim, o que devemos e podemos fazer para estagnar este
quadro?
“O indivíduo competente é aquele capaz de transformar
conhecimento em soluções para problemas concretos da
vida”. (Sandra Garcia)
Autor: José Amâncio de Lima
ARLS Estrela de Davi II, 242 – GLMMG

9
O BEM, O MAL E A LIÇÃO DA PEDRA BRUTA

July 07, 2016

Uma análise dos símbolos maçônicos que têm como objetivo a


edificação e aprimoramento do ser humano, e a necessidade
de se lapidar e trabalhar o espírito.
Ao entrar para a Ordem, a primeira imagem com a qual o
Aprendiz Maçom toma contato, sob um ponto de vista sintetiza
boa parte (senão todos) dos símbolos pertinentes a seu
presente estágio e, sob outro aspecto, ela traz em si a
indicação do trabalho que começou a ser realizado por aquele
que iniciou o seu longo aprendizado.

10
Descrevendo rapidamente, a imagem apresenta um jovem
olhando em direção a um bloco disforme de pedra. Este jovem,
provavelmente um pedreiro ou um escultor, traz consigo os
instrumentos de seu ofício: um malho e um cinzel.

Em uma primeira vista, logo notamos que, pelo menos os já


citados quatro elementos básicos da imagem, saltam aos
nossos olhos. Repetindo, são eles: o próprio pedreiro, o
malho, o cinzel e a pedra bruta.

Para podermos iniciar nossa rápida exposição – tanto sobre


esses elementos quanto sobre o conjunto que a imagem em si
representa, como um todo – é necessário que voltemos um
pouco no tempo para nos lembrar da época em que assim
chamada Maçonaria, hoje especulativa, era considerada
operativa.

Naquele tempo, com a evolução da arte de se construir, o


material utilizado nas edificações aos poucos passaria de
madeira para pedra e, depois, da pedra para a pedra
trabalhada. Assim, as construções iam se tornando mais
sólidas e belas.

O trabalho na pedra bruta visava, principalmente, a preparar


um conjunto de peças para que essas se moldassem e se

11
encaixassem em um todo maior de pedras, e que todo as
estivessem em conformidade com o projeto dos
“construtores”.

No campo operativo, boa parte do trabalho de lapidação


executado pelos novos Pedreiros era feito com o suo de, entre
tantos outros materiais, três elementos básicos: a Pedra em si,
o Martelo (ou Malho) e o Prego (ou Cinzel).

Talvez como efeito do avanço industrial, quando a máquina


começava a substituir a mão-de-obra humana, por volta da
segunda década do século 18, a Maçonaria passaria a ser
considerada de ordem especulativa.

Assim, boa parte dos componentes materiais até então


utilizados no ofício e na arte da construção passaria a compor
símbolos, cuja natureza, ainda associada às edificações, agora
também estariam relacionados a aspectos internos do ser
humano, sejam esses aspectos de ordem moral, sejam de
ordem espiritual.

Dessa forma, o que antes era visto como a preparação para se


produzir peças perfeitas, agora ganhava os contornos de
símbolos que visavam à edificação do verdadeiro homem. Para
tal, assim como acontecia com os blocos de pedra bruta, o
próprio homem necessitaria ser trabalhado, ou lapidado, para

12
que sua perfeição enfim se mostrasse.
Na já citada imagem do Grau de Aprendiz, vemos o jovem
pedreiro trabalhando a pedra bruta. Para a realização desse
trabalho, ele emprega o Cinzel e o Malho. O Malho se encontra
em sua mão direita, enquanto o Cinzel está na esquerda.

Comparando a pedra com o homem, é mostrado que ela, em


seu estado bruto, se encontra disforme, distante de um
possível estado de perfeição que, mais tarde, será
representado pela Pedra Cúbica; igualmente, esse trabalho de
lapidação poderá ocorrer com o próprio ser humano.

Ora se identificando com a Pedra, ora com o Pedreiro, o


Aprendiz terá todos os elementos necessários para trabalhar a
si próprio. Esses elementos estão representados pelos já
mencionados Malho e Cinzel.
Superficialmente, alguns autores relacionam o Malho ao
elemento ativo da obra de desbaste da Pedra Bruta, enquanto
que o Cinzel seria o elemento passivo.

O primeiro estaria associado à força e ao intelecto, enquanto


que o segundo diria respeito à arte de esculpir propriamente
dita. Em uma análise um pouco mais criteriosa, o Malho
seguro pela mão direita, é entendido como sendo um símbolo
da ação pura da vontade o Aprendiz, atuando com

13
perseverança e continuidade sobre a Pedra, enquanto o Cinzel
é visto como a capacidade de orientação e observação, a
capacidade de saber discernir o que deve ou não ser retirado
do bloco em trabalho.

Sob o ponto de vista iniciático, Malho e Cinzel podem ser


percebidos, respectivamente, como a Tradição, que prepara, e
como a Tradição, que prepara, e como a Revelação, que cria.
Um é inútil sem o outro, e eles atuam em conformidade com o
Princípio Hermético da Polaridade, que diz que “tudo é duplo”.

Se uma forma de assimilação do símbolo do Grau de Aprendiz


o mostra trabalhando a Pedra Bruta, outro entendimento, de
ordem ainda superior, nos fala que o Aprendiz, sendo a própria
Pedra a ser desbastada, “sofrerá” a ação do Grande Escultor,
que fará uso dos elementos necessário à realização da Obra
final.

Mas qual seria a relação direta do Bem e do Mal com a lição


Pedra Bruta? Estes dois conceitos, Bem e Mal, ocuparam e
certamente continuarão ocupando a mente de todos e
quaisquer estudantes das Ciências Antigas.

Genericamente tomados como conceitos absolutos – nos


quais primeiramente poderíamos simplesmente optar por um
(normalmente o Bem) e esquecer o outro – tais aspectos da

14
criação são de tamanha relatividade que defini-los
satisfatoriamente pode parecer tarefa assaz dura, senão
francamente impossível.

Assim, iremos nos limitar a dissertar de modo livre e sucinto


sobre os mesmos sempre tendo em mente o símbolo da Pedra
Bruta, bem como nossa fé e confiança no Grande Artesão.

Em princípio, quanto mais livre de conceitos (sobremodo


conceitos religiosos) preestabelecidos estiver à mente de
alguém, mais apta esta mente estará para perceber os notáveis
equívocos, alguns seculares, com os quais estamos obrigados
a conviver. Por exemplo, tornou-se uso comum associar Deus
tão somente ao Bem, relegando todos os aspectos
supostamente vis da criação, as “coisas” ruins, ao seu eterno
opositor.

Dessa forma, a perene luta Bem versus Mal, tendo seu palco
há muito armado, segue seu rumo em direção ao eterno.

Somente como ilustração para este equívoco, citamos um


trecho, extraído dos códigos de uma das crenças mais
populares de nosso país.

15
Este trecho afirma, de modo claro, taxativo, lapidar e final ser
“[....] Deus, soberanamente justo e bom...”. A suposição de que
algo seja “justo e bom”, mesmo muito antes de poder ser
considerada primária, deve ser vista como realmente é, ou
seja, ilógica, até mesma contraditória.

O Segundo Princípio elaborado por aquele Três Vezes Grande,


o Princípio de Correspondência nos diz que “o que está em
cima é como o que está em baixo...”. Segundo a lógica
hermética, sabemos que, em tese, um juiz, quando emite uma
sentença ou julga uma causa humana, intenta nada mais ser
senão justo.

Ele não deseja ser nem bom e nem mau, mas apenas justo. As
demais partes envolvidas são as que, segundo a conveniência
de cada uma, entendem ter sido o seu veredicto, a sentença,
boa ou má.

Da mesma forma, seguindo o Princípio Hermético das


Correspondências, podemos supor o mesmo a respeito do
Grande Juiz, o Criador. Se Ele é justo, como o crêem todos, é
apenas justo.

16
Nós, suas criaturas, é que, dentro de nossa limitada
compreensão, entendemos serem as Suas ações mera
consequência de um possível Bem o Mal. E exatamente nisto,
em Sua Justiça, está a Sua Perfeição.

Não é à toa que os maçons se utilizam do mote “Justo e


Perfeito”, e nunca “Justo e Bom”. Seguindo o raciocínio sobre
o Bem e o Mal, no trabalho de lapidação da Pedra Bruta duas
vontades parecem agir de modo concomitante: a primeira
vontade seguirá os desígnios do Criador, que é soberana.

A vontade secundária partiria da própria Pedra, ou do


indivíduo a ser trabalhado, no caso, o Aprendiz. Em ambas as
possibilidades intentam-se obter o produto final na forma de
uma pedra Justa e Perfeita.

Ela é Justa, pois está adequada à Sua Obra, e é Perfeita, pois


também está em conformidade com a Perfeição de Seu Plano
Maior.

O livre-arbítrio que, em princípio, parece dirigir a vontade de


Aprendiz, nada mais é do que a faculdade que lhe dá a chance

17
de estar em harmonia com a vontade Maior que o criou. Nesse
caso, as duas vontades, sendo harmônicas, passam a ser uma
única Vontade.

Então, poderíamos entender o Bem como sendo a capacidade


do Aprendiz de pôr a própria vontade em sintonia com a
vontade Superior, enquanto o Mal simplesmente representaria
a opção contrária a esta.

Outro aspecto do símbolo, presente no processo de tornar


desbastada a pedra bruta, também muito teria a acrescentar.
Sob certo ponto de vista, a Pedra Bruta é entendida como um
estado original de liberdade, enquanto que a pedra trabalhada
é vista como sendo nade mais do que o produto da submissão
de uma individualidade pela força.

Mas por hora, devido á densidade deste particular modo de


entendimento da lição da Pedra Bruta, não gostaria de me
aprofundar.
Para encerrar, diria apenas que cabe a cada um de nós
descobrirmos a sutil diferença entre a perfeição da pedra
trabalhada e a submissão que o desbastar da pedra por vezes
representa. Não reconhecer tal diferença pode nos levar a ser,
simplesmente, um mero produto de nosso meio, mais uma
peça moldada à revelia de nossa própria vontade, de nosso
próprio querer.

18
Enfim, talvez a diferença possa estar no fato de que, enquanto
uma traz em si mesma o objetivo de toda Iniciação, ou seja, a
fiel expressão da vontade do conjunto Criador e Criatura,
constituindo uma verdadeira joia unia – a outra não passara de
um mero capricho da manipulação profana, apenas mais um
tijolo na parede, fadado a nada mais senão o esquecimento.

BIBLIOGRAFIA
Esta Peça de Arquitetura, esta na página da web do Instituto de
Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas do nosso IR.'.
Carlos Raposo, pesquisador da história de ordens secretas,
filosofia oculta e ciências herméticas e também responsável
pelo site Arte Magicka

19
A MAÇONARIA

July 09, 2016

A Maçonaria aspira que a fraternidade reine entre os homens e


os povos.

Ela crê que nenhuma diferença de raça, religião, ou


concepções políticas, sociais, ou filosóficas devem ser
suficientes para que os seres humanos não possuam e
pratiquem em toda a sua amplitude os sentimentos fraternais,
dentro de um quadro de solidariedade.

20
Essa ideia é sagrada para todos os verdadeiros maçons.

O maior inimigo do homem, é o próprio homem, a mais feroz


de todas as feras.

Nenhum animal dispõe de tantos recursos para destruir, para


matar, quanto o homem. Milhões de pessoas inocentes
anualmente morrem famintas.

Os governos não amparam. Entretanto, esses mesmos


governos, criminosamente, gastam quantias fabulosas com o
desenvolvimento de armas incríveis, destinadas à dizimação à
aniquilação de populações.

A Humanidade será menos sofredora quanto mais


compreensão houver entre os homens. Cumpre, pois,
imperiosamente, lutar sem desfalecimento para que os
homens se compreendam melhor, forcejar para aniquilar a fera
que todo homem traz consigo.

É necessário desenvolver no homem o sentimento de


fraternidade. Esse é o principio fundamental, da Maçonaria. Ela

21
não prega apenas a fraternidade por meio de palavras. A
Maçonaria exige que seus membros pratiquem a fraternidade,
que todos se reconheçam como irmãos e, como tal,
auxiliem-se reciprocamente.
Se a Maçonaria empenha-se para que os homens não sejam
inimigos, não pode admitir que, entre os seus componentes
haja inimizade. Se razões poderosas separam dois irmãos,
outros devem intervir, empregando todos os esforços em
busca da reconciliação entre eles.

Na loja, o venerável mestre ou o orador deve dirigir um


fraternal apelo para que eles se abracem fraternalmente. Se
realmente tem espírito maçônico, devem erguer-se e, de pé,
diante de todos, trocarem três abraços fraternais e depois,
como irmãos, esclarecer todos os desentendimentos.

Se há razões que impossibilitem a reconciliação, os dois não


devem comparecer à mesma sessão. Os templos maçônicos
não comportam homens inimizados. Em um local onde se luta
pela fraternidade, não podem estar homens que se odeiam.

O verdadeiro maçom é aquele que se apressa em


reconciliar-se. Na verdade, só louvor merece o maçom que se
ergue, durante uma sessão, e declara ao venerável: O
Poderoso mestre o irá x, aqui presente teve um
desentendimento comigo. A minha consciência de maçom
nega a intenção de ofendê-lo. Estendo-lhe fraternalmente a
minha mão para que nos reconciliemos e esclareçamos tudo.

22
Quem assim procede, demonstra não alimentar rancores,
prova que tem espírito maçônico. Os maçons são irmão,
constitui uma família, e, como tal, é seu dever estarem unidos.

Onde há ódio, não pode haver felicidade. Homem feliz é que


não odeia. E aquele que não cultiva malquerenças, o que
expulsa de seus pensamentos qualquer parcela de rancor, que
sabe praticar o bem, aos nossos semelhantes, que nos
aperfeiçoamos, desenvolvendo em nós, o sentimento de
solidariedade.

Ficamos felizes em afirmar aqui, que em todas as nossas


Lojas, tais práticas se tornaram eficazes e que a paz reina
tanto no oriente quanto no ocidente de nossas Lojas, assim
como em nossas colunas...!!!
Edson Guedes

23
O TRONO

July 11, 2016

PROVÉRBIO DE SALOMÃO
“A SABEDORIA DIVINA DIRIGE SUAVE E PODEROSAMENTE
TODAS AS COISAS”.

Não importando o Grau que a Loja esteja reunida, teremos o


TEMPLO sempre composto de três TRONOS.
QUAIS SÃO ESTES TRONOS?
1 – Do Venerável Mestre (Trono de Salomão)
2 – Do 1º Vigilante
3 – Do 2º Vigilante

APRENDI COMO SENDO ALTARES


Pois bem, como eu, os Irmãos também devem estar
estranhando, as referências acima sobre TRONO. Mais,

24
pesquisando e buscando solução para o tema, ora proposto,
encontrei discrepância ao chamarmos de ALTARES.

Os verdadeiros ALTARES são:


● “O ARA”, onde é aberto o Livro Sagrado.

● “Dos Perfumes”, onde é oferecido incenso.


OBS.: Alguns Irmãos consideram sinônimos (ALTARES e
TRONOS) o que discordo.
Lendo as Sagradas Escrituras, encontramos inúmeras
referências aos ALTARES e aos TRONOS, sendo que os
primeiros, sempre se referem aos SACRIFÍCIOS.

1 – ALTARES - Exemplos:
EM GÊNESIS (8 – 20)
“Edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal
limpo, e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o
altar”.

APOCALIPSE (11– 1)
“E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o
anjo, e disse: Levanta-te, e mede o Templo de Deus, e o Altar, e
os que nele adoram”.

2 – TRONOS – Exemplos:
EM GÊNESIS (41– 40)
“O Faraó põe José Governador do Egito: Tu estarás sobre a
minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo;
somente no Trono serei maior que tu”.

25
APOCALIPSE (22 – 3)
“Ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará
o Trono do Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão”.
E tomando como base tudo isto, venho esclarecer para que
não haja confusão:

Nos TRONOS “SENTAM"os que têm AUTORIDADE , já nos


ALTARES, ninguém senta.

PORTANTO, EM NOSSOS TEMPLOS:


O TRONO não se resume em uma “POLTRONA “, mas é o
conjunto onde se fixam o Venerável e os Vigilantes e
compreende a (Poltrona e Mesa), em geral em forma triangular,
posto não haja qualquer disposição obrigatória a respeito.

Também, todo TRONO apresenta outra particularidade: a de


que deve repousar sobre um estrado.

O ESTRADO DO:
·VENERÁVEL - contém 07 degraus
·1º VIGILANTE - contém 02 degraus
·2º VIGILANTE – contém 01 degraus

No entanto, às vezes não os vemos em nossos Templos com


estas referencias; devido à altura dos Templos em sua parte
interna, não permitir a construção de um “SÓLIO” tão alto.

Sabemos também, que os Tronos completam-se com os

26
objetos existentes sobre a MESA. E estes são diferentes
conforme o grau em que a Loja esteja trabalhando.

NO ASPECTO ESOTÉRICO
O TRONO significa o próprio homem posto em dignidade.
Quando um MAÇOM é eleito para um cargo, às vezes refuta a
iniciativa de seus pares não dando conta de que, a ocupação
de um cargo, significa uma elevação espiritual de grande
magnitude. Todo Venerável e Vigilantes devem ter
consciências de suas posições e têm as obrigações para
consigo próprio de cumprirem com (FIDELIDADE), as missões
que lhes são proporcionadas, recebendo-as com alta
distinção; aqueles que descuidarem, obviamente sofreram as
consequências de suas indolências.

DIZEM AS PROFECIAS:
“O TRONO DE DEUS É O CÉU, E JERUSALÉM SERÁ SEU
TRONO”.
1 – O Venerável – representa o SOL em seu nascimento
(ressurgimento diário). O SOL não morre, simplesmente, SE
PÕE, para na manhã seguinte retornar com sua Luz e Calor.

Por isto, está o Venerável retornando com a sua Luz e Calor


espirituais, a cada vez que abre os trabalhos.
“O Sol, é fonte de Luz e de Vida. O espetáculo do nascer do
SOL ofusca o brilho da Natureza, pela sua beleza e esplendor
dos seus raios”.

2 - O 1º Vigilante – representa, também o SOL, na plenitude de

27
sua trajetória; é o (SOL DO MEIO DIA), da verticalidade e da
intensidade calorífica; é a SABEDORIA, a CIÊNCIA e a
VIRTUDE.

Portanto assegura-se que sob a LUZ DO SOL, pode-se


trabalhar e que a VIDA continua, provinda da primeira
esperança da aurora e a segurança de continuidade.

“É o equilíbrio que está na balança (LIBRA), o equilíbrio dos


meios, o fiel de todo o trabalho”.

3 - O 2º Vigilante – representa, ainda, o mesmo SOL, porém em


seu descenso para o ocaso, quando a sua luminosidade vai se
atenuando, silencioso e obedecendo a um cronograma
pré-estabelecido pela Natureza. É a amenização do CALOR que
não abrasa, mas que dá refrigério.

ASSIM A LOJA SERÁ COMANDADA DOS SEUS TRONOS


PELAS TRÊS LUZES OU OS TRÊS SÓIS.

LEMBRETE-SE:
SER MAÇOM É VIVER EM ESTADO CONSTANTE DE
DEDICAÇÃO AO PRÓXIMO E AO ESTUDO.

AMANCIO, 33.
REVISOR: Antônio Emílio Gonçalves
Autor: Amâncio, 33
amancio33@oi.com.br

28
VOCABULÁRIO
DICIONÁRIO KOOGAN LAROUSSE
ALTAR – s.m. Antigamente, mesa para os sacrifícios: (ergueu
um altar aos Deuses) / Mesa onde é celebrada a missa. /
Espécie de mesa destinada aos sacrifícios em qualquer
religião.

TRONO - s.m. Sólio que os reis ou soberanos ocupam nas


cerimônias / Poder ou autoridade do soberano. / S. m. pl. Um
dos nove coros dos anjos.

SIMBOLISMO MAÇÔNICO
ALTAR - Espécie de mesa de pedra para os HOLOCAUSTOS
nas religiões pagãs; mesa onde se celebra a missa; culto;
veneração.

TRONO - Sólio que os soberanos ocupam nas ocasiões


solenes; poder soberano; autoridade.
Ir.’. José Amancio de Lima

BIBLIOGRAFIA
CAMINO, Rizzardo da; CAMINO, Odéci Schilling da.
Vade-mécum do Simbolismo Maçônico. 3 ed. Rio de Janeiro:
Aurora, p.610.

ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia de Promessas: velho


testamento e novo testamento. 5 ed. São Paulo: Juerpe King’s

29
Cross, 2006.

30
OS PRIMEIROS MESTRES MAÇONS

July 12, 2016

Sabe-se que na Maçonaria antiga até 1725 existiam apenas


dois graus, o de a p r e n d i z e o d e companheiro.
O grau de aprendiz praticamente nasceu com a Maçonaria. Os
jovens que trabalhavam na arte de construir eram aprendizes
de pedreiros, c a n t e i r o s, p i n t o r e s funileiros.
Inicialmente aprendiz era também uma função e não grau, mas
com o desenvolver da Maçonaria Operativa foi o primeiro grau
a aparecer.
Existia a figura do mestre de obras que também não era grau e
sim função, que era o chefe que ensinava os aprendizes e
coordenava os trabalhos da construção.
Em 1717 quando foi fundada a primeira obediência maçônica,
ou até antes desta época já se previa o aparecimento de mais
um grau. As lojas já estavam repletas de maçons aceitos, que

31
começaram a ser recebidos desde há muito tempo.
O primeiro a ser recebido no dia 08/06/1600 na Maçonaria
Operativa, que não era ligado às construções e sim um
abastado fazendeiro, foi um Irmão de nome John Boswel, na
Loja Capela de Santa Maria (Saint-Mary Chapell) de Edinburgh
– Escócia – Portanto, 117 anos antes da fundação da Grande
Loja de Londres.
A Maçonaria Operativa estava decadente. Estava se
renovando. O grau de aprendiz uma vez criado como grau
tinha uma situação estranha. Havia os aprendizes juniores
(novos aprendizes) que tomavam assento ao Norte, onde
simbolicamente não havia luz e suas funções eram justamente
proteger a Loja dos Cowans* e bisbilhoteiros e os aprendizes
seniores (aprendizes mais velhos na Ordem) tomavam assento
no Sul e suas funções eram atender, recepcionar e dar boas
vindas aos estrangeiros. Havia no mesmo grau, uma
descriminação de trabalho.
Havia duas classes de aprendizes, os velhos e os novos cada
qual com funções diferentes. Pelo menos estas informações
constam da “Maçonaria Dissecada” (Masonry Dissected) de
Samuel Prichard publicado no jornal londrino “The Dally
Journal” nos dias 02, 21,23 e 31/10/1730, causando estas
informações um verdadeiro escândalo porque foram
publicados para profanos os chamados segredos da
Maçonaria. E Prichard publicou o ritual praticado antes de
1717, mas com os acréscimos até 1730.
Os catecismos (futuros rituais) nas sessões não eram lidos e
sim decorados. Prichard passou tudo no papel e publicou no
jornal. Considerado traidor na época. O grau de companheiro

32
já tinha sido criado anteriormente. Fala-se dele desde 1598,
mas com certeza com prova documental foi criado em 1670.
O Manuscrito de Sloane (1640-1700) tem em seu conteúdo uma
forma de juramento que sugere a existência de dois graus
esotéricos, que seriam o de o de aprendiz e companheiro.
Em 1724 fundou-se em Londres, uma sociedade formada por
mestres de obras e músicos que se reunia na Taverna Cabeça
da Rainha. O número de homens que fundaram esta sociedade
era pequeno, mas tratava-se de pessoas muito cultas e
interessadas em música e arquitetura.
Foi denominada de Philo Musicae et Arquitecturae Societas
Apollini. Seus fundadores eram maçons pertencentes a uma
loja, a qual tinha como venerável o Duque de Richmond, que
foi em seguida eleito Grão-Mestre da Grande Loja de Londres.
Uma das condições para pertencer á esta sociedade era
justamente que todos os associados fossem maçons. Esta
Sociedade, durante seus trabalhos culturais se transformava
em sessão de uma sociedade profana e não uma loja.
Foi enviada uma carta à Grande Loja de Londres com uma
relação de sete Irmãos principais fundadores e Oficiais da
Societas Apollini. Parece que a Grande Loja ignorou a
comunicação, mas a Sociedade recebeu visita do 2º Grande
Vigilante da Grande Loja de Londres em 02/09/1725 e do
Primeiro Grande Vigilante em 23/12/1725 e ao que se sabe, os
dois foram elevados ao grau de mestre maçom no mesmo ano
que a Sociedade encerrou suas atividades no inicio de 1726.
Assim de maneira estranha, porém relatada através das atas
existentes, é comprovado o aparecimento dos dois primeiros
mestres do mundo. Mas de qualquer forma esta é a prova

33
primaria do aparecimento dos primeiros mestres maçons do
mundo.
Não se sabe qual foi critério usado para estes dois Irmãos se
tornarem mestres. Há autores que afirmam ter tido o terceiro
grau origem na França, mas não d o A r n z J o r l e d i n a p
Jornal do Aprendiz Página 19 comprovam tal afirmação através
de documentos. A lenda de Hiran não existia.
O primeiro ensaio sobre esta lenda aparece no Manuscrito de
Grahan, em 1726, como uma lenda Noaquita em que se
menciona a procura do corpo de Noé, pelos seus três filhos
Sem, Cam e Jafet, para descobrirem a palavra secreta da
aliança de Noé com Deus. Quando Prichard em 1730 publicou
os propalados segredos da Maçonaria, já havia uma versão
semelhante, com muita analogia, da versão que conhecemos
hoje no terceiro grau.
Apenas cinco anos após. O grau três foi finalmente
incorporado ao ritual em 1738. Surge uma dúvida: o Conde de
Richmond era Grão-Mestre, mas era companheiro.
E até 1738 os Grão-Mestres ainda eram companheiros
oficialmente. Então como ele pôde elevar os dois
companheiros ao grau de mestre?
Possivelmente isto foi feito de forma irregular, mas de
qualquer forma está registrado, sendo uma prova primária
indiscutível. Ela é documental.
Se já havia outros mestres, estes não foram registrados em
documentos hábeis. Mas presume-se que a partir de 1725
começaram a usar o grau de mestre de fato, mas não de
direito.

34
A partir de 1738 o grau de mestre foi oficializado.
Possivelmente todos os fundadores da Sociedade se fizeram
mestres desde 1725 e a Grande Loja de Londres regular
assumiu aos poucos esta situação criada, incluindo seu uso
nos rituais oficiais. Afinal de contas naquela época já era
necessário que fosse criado o terceiro grau

35
O SILÊNCIO, VOZ DA INICIAÇÃO

July 14, 2016

Embora apreciadores da beleza do silêncio, seja durante um


passeio ao ar livre, andando na rua, trancados no interior de
nosso veículo ou dentro de nossa casa, nós escutamos
avidamente uma música gravada, um programa de televisão ou
de rádio.
Enquanto parte de nós sonha com a calma, paz e
profundidade, paradoxalmente outra parte foge do silêncio e
nos arrasta para o mundo do tumulto e barulho.
De um lado, somos fascinados pela grandeza potencial do
silêncio, mas por outro, os sons dos nossos mecanismos de
pensamento e emoções preenchem automaticamente o nosso
espaço interior. Eles nos impedem de nos escutar, de nos ver,
de nos aprofundar, de nos encontrar face a face conosco.
Nós somos infiéis à condição de nossa humanização. Nossos
pensamentos e emoções agitam-se perpetuamente. Uns nos
ocupam ou nos preocupam; outros nos fazem vibrar. Ambos
nos hipnotizam e nós procuramos ali, a perspectiva de uma
solução para os nossos problemas, ou uma esperança de
felicidade para nossa solidão.

36
Estamos tão acostumados e identificados com suas
produções ou suas autoproduções que acabamos por
acreditar que nós somos os nossos pensamentos e nossas
emoções e que, sem eles, nossa vida perderia sua intensidade
ou simplesmente não mais existiríamos. Seus silêncios, o
silêncio nos assusta.
Quando não ouvimos mais a agitação barulhenta da presença
de nossos pensamentos ou de nossas emoções, temos uma
terrível sensação de vazio, de nada, de morte, e fornecemos o
mais rapidamente possível aos nossos mecanismos
emocionais e intelectuais todos os tipos de alimentos
oferecidos pelo fast-food da vida.
Para alimentar suas máquinas, e nos dar a impressão de
existir, nós lhes oferecemos não importa qual alimento interno
ou externo que eles engolem avidamente. Mas, ao fazer isso,
tornamos superficiais estes ruídos ambientais. Eles habitam
em nós, nos preenchem e nos ensurdecem. Nós nos tornamos
incapazes de ouvir a vida além deles, aquela existente mais
profundamente em nós.
AS ILUSÕES DO RUÍDO
Este “eu sou” barulhento que surfa a espuma da vida é parte
de nossos mecanismos egoístas de mamíferos humanos. Ele
está irremediavelmente limitado à superfície porque é total e
exclusivamente voltado para si mesmo, para seus próprios
medos e vaidades, suas ignorâncias e suas reivindicações.
A espuma do ego, que conhece apenas a sim mesma e seu
mundo, vive como vivem todos os animais programados por
um instinto de sobrevivência e reprodução, com uma
consciência limitada ao instante da expressão.

37
Ele nos leva a nos preocuparmos conosco, com nossa
aparência, nossos desejos, nossos medos e engendra nossos
conflitos, nossos hábitos de traições, mentiras e julgamentos,
para nos tornarmos ou continuarmos a ser um líder de grupo
com um máximo de excitações emocionais ou intelectuais.
No entanto, dentro de nós existe algo como uma chamada para
uma vida mais autêntica, mais justa, mais consciente. Existe
como que um espaço livre não utilizado. Um espaço em que
poderíamos viver de forma diferente, evoluir, tornarmo-nos
mais humanos. Mas o ego de superfície, o ego mecânico que
nada escuta, a não ser os seus acólitos e vive apenas para a
sua preservação, não entende essa outra possibilidade, este
humano natural. Ao contrário, quanto mais ele se sente
quebrar e mais barulho ele faz, mais ele se agita, mais ele se
opõe.
Aquele que somos efetivamente toma como refém o que
poderíamos nos tornar, para que permaneçamos imóveis, que
não possamos lhe escapar que não possamos nos evadir em
direção a um horizonte mais vasto, onde ele não teria seu
lugar.
O MEDO DO SILÊNCIO
Todas as iniciações tradicionais, religiosas ou seculares,
enfatizam a importância do silêncio para superar nossas
visões ruidosas, relativas, limitadas, e atingir a harmonia
universal da verdade. A única maneira de não ser submergido
pelos ruídos parasitas é não reservar para elas a nossa
atenção, e as ouvir em nosso silêncio interior.
Ancorados no silêncio da Loja, podemos ver surgir, sem a eles
aderir completamente, os mecanismos habituais de nossas

38
associações de pensamento e nossos impulsos emocionais.
Os ruídos e as agitações estão lá e suas consistências são
muito reais, mas em nosso silêncio, em nossa ancoragem
vigilante nós as vemos nascer, agitar-se, tentar ampliar-se e
como nós não mais as seguimos, não mais aderimos, elas
morrem lentamente, mesmo se forem subitamente substituídas
por outra série de ruídos e agitação.
Concretamente, ou nós resistimos ao aparecimento de ruídos
e mantemos nossa independência e nossa liberdade, ou nos
deixamos seduzir pela curiosidade de ver onde elas nos
levarão, e nos tornamos seus escravos.
O silêncio imposto em Loja nos permite conhecer a realidade
de nossos mecanismos. O desejo de ficar em silêncio leva
nossa vigilância a observar nossos mecanismos automáticos
muito frequentemente inconscientes ou arbitrariamente
justificados, a não mais ser seu escravo, ir além deles e os
controlar pelo abandono.
No silêncio voluntário, vemos surgir nossos pensamentos e
emoções, nós os ouvimos se apoiar em teorias peremptórias,
nas opiniões abundantes vindas de nossa infância, de nossos
pais, de nossos professores, de nossos encontros e de nossas
experiências passadas, de toda a nossa história em geral, de
nossas certezas imutáveis e confortáveis, de nossas revoltas e
de nosso gosto pela aventura.
No silêncio, tomamos a medida de nossa contaminação por
nossos ruídos antigos, e podemos observar o rodeio do
pensamento, nos outros e em nós mesmos, que se esforça
para sempre impor as mesmas certezas, as mesmas ambições,
os mesmos desejos, a mesma aparência para sermos

39
reconhecidos, admirados e amados, com o único objetivo de
preservar este sabor falsificados de vida feliz na aparência,
desde o surgimento de uma onda momentânea que será
finalmente engolida na ressaca do oceano da vida.
EM DIREÇÃO A UM NOVO TEMPO
No silêncio como ascese compreendemos pouco a pouco a
necessidade de ficar em silêncio para ouvir nossa
profundidade humana. Não se trata mais apenas de ouvir
nossos ruídos, mas de escutar nosso silêncio, a vida que
abriga nosso silêncio.
Existem vários níveis de silêncio e cada nível nos dá acesso a
uma realidade diferente. O silêncio não é fugir da vida, nem
mergulhar em um isolamento, mas ele nos permite ouvir o
baixo nível sonoro do nosso ser humano.
O silêncio exterior e depois o silêncio interior nos permitem
ouvir e depois escutar a respiração do nosso ser humano
futuro. O silêncio não é um fim em si, mas o meio, a condição
para tomar consciência de uma realidade geralmente inaudível,
geralmente coberta por nossos ruídos mecânicos.
Depois de remover nossos ruídos, resta o silêncio. O silêncio
não é o oposto de ruído, o silêncio está além do ruído. O
iniciado não se submete mais aos ruídos de seus
pensamentos e de suas emoções, ele se submete ao silêncio
que existe além. Ele se tornou um homem livre e entra em um
tempo de eternidade. Nesta fase, não somos nós que impomos
o silêncio, é o silêncio que reina, diz um ritual maçônico.
Quando o silêncio reina, trata-se do silêncio do Ser, e o Ser
ilumina de outra forma o mundo que percebemos até então
através de ruídos falsificadores do ego. Quando o silêncio

40
reina, não nos submetemos ao silêncio, mas à beleza, à
majestade, à grandeza humana e cósmica que o silêncio nos
revela.
Esta nova escuta é, por vezes, perturbadora, dolorosa, mas por
mais que ela nos seja estranha, por mais que estejamos
habituados, ela é tão fascinante.
Quando o silêncio se torna o mestre do nosso templo interior,
ele reina sobre uma e outra coluna, não sobre a loja como um
lugar geográfico, mas em cada um de seus elementos
humanos. Esta submissão ao silêncio é uma submissão do
homem comum ao ser humano completo. Nascido agora como
um novo homem, uma nova compreensão, uma nova palavra,
uma nova esperança na realidade do mundo.
O silêncio que reina em nós, nos permite agora mergulhar em
um novo tempo, infinito, eterno. O silêncio que reina é o sinal
de vida de nosso Ser profundo que encontrou seu espaço de
expressão.
O silêncio que reina é o sinal de que nosso ser reina, e que ele
pode viver; que nossa vida não está mais sujeita aos caprichos
do nosso ego, mas que é realmente a nossa humanidade que
se expressa.
Trata-se de um silêncio estupefato por sua beleza humana, de
um silêncio da inteligência, de um silêncio que olha e escuta,
de um silêncio que compreende e que ama de um silêncio que
é a tomada da palavra pelo Ser capaz de capturar
simultaneamente o relativo e o objetivo, a materialidade e a
espiritualidade, o finito e o infinito.
O silêncio que era uma porta tornou-se um estado de
Conhecimento, de Consciência e de Amor. Este silêncio

41
autêntico se desloca conosco, não importando o que façamos,
ou o que nós sejamos. Ele está sempre presente, porque este
silêncio está em nós no espaço e no tempo, além do tempo e
do espaço em toda a nossa eternidade.
Agora que sobrevoamos o segredo do silêncio, resta-nos
trabalhar, observar, e nos esforçar para descobrir como fazer
para realizar concretamente em nós mesmos, da forma como
os rituais nos indicam, como via da sabedoria, da força e da
beleza: “Venerável Mestre, reina o silêncio em ambas as
colunas.”
Autor: Alain Pozarnik
Tradução: José Filardo

42
A CABALA E A CORDA DE 81 NÓS

July 16, 2016

A Corda de 81 Nós é um dos símbolos mais controversos da


iconografia maçônica. Como símbolo ela se presta a diversas
interpretações e sua origem e real significado tem sido objeto
de múltiplas especulações. Isso ocorre porque todo símbolo
carrega em si um elemento de Gestalt. Cada observador
acrescenta ao seu significado as suas próprias intuições a
respeito. [1]
Nos templos maçônicos, a Corda de 81 nós é encontrada no
alto das paredes, junto ao teto e acima das colunas zodiacais,
como ornamento obrigatório, parecendo indicar que ali é posta
para delimitar um determinado território, o qual deve ser
preservado de interferências externas.
Sua origem histórica parece vir dos antigos canteiros de obra
medievais, onde os chamados maçons ■ literalmente,
trabalhadores de maço e cinzel ou seja, artesãos que
trabalhavam no esquadrejamento das pedras que iriam compor

43
os edifícios, costumavam demarcar o seu local de trabalho.
Nesses espaços, normalmente conhecidos como Lojas, esses
trabalhadores de cantaria, costumavam se reunir para
transmitir instruções, receber seus salários, conversar sobre
assuntos de seu interesse, etc.
Essa, aliás, é uma das possíveis origens históricas do termo
Loja, aplicável à reunião dos trabalhadores da construção civil,
e da qual derivou a tradição maçônica. Como a profissão do
maçom era regida por rígidas regras corporativas, que faziam
dela uma corporação praticamente iniciática, essa medida, a
de delimitar o espaço maçônico dentro do canteiro de obras,
era perfeitamente justificável. A corda com nós também era
usada para efetuar medições de distância para demarcação
dos espaços dentro do edifício. [2]
Já a razão de ela ter 81 nós parece que deriva do apego à
tradição medieval ao chamado modelo três por quatro.
Praticamente, todos os espaços geométricos dos edifícios
antigos eram desenhados a partir de uma projeção retangular
que partia dessa medida e se multiplicava por esse módulo
conforme o tamanho que se pretendesse para o vão livre que
se queria dar ao espaço. Eram as chamadas “caixas”, a partir
das quais o edifício era metrificado e construído. [3]
Evidentemente essa não era uma fórmula obrigatória nem se
constituía regra geral para uma construção, mas apenas uma
tradição observada pelos construtores medievais. Era,
segundo se dizia, uma tradição derivada das técnicas de
construção utilizadas pelos arquitetos da Grécia clássica,
onde o mais belo de todos os edifícios jamais construídos, o
Partenon, teria sido erguido a partir desse módulo.

44
Mais variadas, porém, são as interpretações esotéricas que
são dadas a esse símbolo, as quais são oriundas de intuições
místicas inspiradas em temas gnósticos e cabalísticos, onde
entram também o pitagorismo e a teosofia, correntes de
pensamento que, como bem viu Jung em sua análise da base
psíquica do pensamento humano, são informadas por um
arsenal simbólico (arquétipos) que habita no Inconsciente
Coletivo da espécie humana desde suas origens.
O número 81 é um número cabalístico por excelência. Ele é o
resultado do número 3 elevado á sua quarta potência. Esse
número sugere um universo formado por uma base tripla, que
parte da noção de que na origem de tudo existe uma trindade
de deuses: (Pai, Filho, Espírito Santo, Brhama Vixenu e Xiva,
Osíris, Isis, Hórus etc), dando origem às realidades
universais. Da mesma forma, são três os formadores da raça
humana (os filhos de Noé) Sem, Cam e Jafet), assim como são
três as ferramentas com as quais o Criador constrói o
universo: a luz, o som e o número e três as manifestações da
Divindade antes de dar a si mesmo uma condição de
Existência Positiva: Aun, Aun Soph e Aun Soph AUR. [4]
Essas três manifestações se derramam pelos quatros mundos
da formação primordial, que são conhecidos como os mundos
de Atziloth, Briah, Yetzirah e Assiah [5]
Assim, o modelo três por quatro é um arquétipo bastante
presente na intuição dos profissionais da construção civil e a
ele foi integrada a tradição cabalística que se associa a esse
número. Na tradição cabalística, a trindade se revela nas três
primeiras séfiroths da Árvore da Vida ( Kether, Chokmah e
Binah), que são as primeiras manifestações da divindade no

45
mundo da realidade positiva.
Elas se expressam através da luz, do som e do número, que
segundo essa tradição, são os elementos com quais Deus faz
o mundo. Destarte, como o universo é construído através das
combinações do Nome Inefável (o Tetragramaton) formado
pelas letras IHVH (IAVÉ), que resulta no número 12, temos uma
base trina multiplicada por quatro, como formulação básica da
estrutura do universo. Por isso temos toda a mística do povo
de Israel em torno desse número.
As doze tribos de Israel, os doze signos do Zodíaco, os doze
apóstolos de Cristo, os doze profetas do Velho Testamento
(seis maiores e seis menores) os doze livros da constituição
doreino de Israel, que são o Pentateuco (5), Josué (1), Juízes
(1), Samuel (2) Reis (2) e assim por diante. .
Na física atômica pode ser feita uma analogia com as leis
fundamentais de formação da matéria universal que são a
relatividade, a gravidade e a termodinâmica. Essa base tríplice,
que geometricamente se firma sobre um triângulo equilátero,
resulta num universo tridimensional (altura, profundidade,
largura).
Por outro lado, como o universo é constituído por quatro
elementos fundamentais (terra, ar, fogo, água), projetado em
quatro direções (norte, sul, leste, oeste), isso significa que a
sua conformação pode ser representada pelo número três na
sua quarta potência, que resulta no número 81, número
sagrado, que na tradição cabalística é representado pelos 72
anjos que servem diante do trono de Deus (os semanphores),
mais os 9 Elohins, mestres construtores do universo. [6]

46
Esses anjos são portadores dos archotes, ou seja, portam a
luz que dá existência ao universo em suas duas estruturas (a
material e a espiritual), razão pela qual a planta do universo
cabalístico serve de inspiração para a conformação geométrica
da Loja Maçônica. [7]
Dessa forma, a corda de 81 nós representaria uma delimitação
territorial da estrutura da Loja Celeste, que é todo o cosmo,
razão pela qual, nas antigas Lojas especulativas era costume
marcar no solo, com giz ou outro instrumento de traçado, os
símbolos da Ordem, circundados por uma borda semelhante a
uma corda cheia de nós. Nessa simbologia se dizia que ali se
construía obra semelhante aquela realizada pelo Criador.[8]
Segundo o ritual do Grau 20 do Supremo Conselho do Grau 33
do Paraná, 81 anos era a idade de Hiram Abiff quando foi
assassinado. 81 era também o número de meses que um irmão
precisava para chegar ao ápice da Escada de Jacó no antigo
ritual dos maçons do Real Segredo, na França e na
Alemanha.[9]
Em termos filosóficos, a corda de 81 nós significa a
“amarração” universal feita pelos Irmãos em torno do universo
representado pela humanidade. Os nós são os irmãos
(representação simbólica dos 72 arcanjos e os nove Elhoins)
com as mãos dadas, formando o quadrilátero sagrado, onde a
abertura aponta que qualquer pessoa de bons costumes pode
adentrar nesse quadrilátero e participar dessa união em prol
da evolução e da felicidade da raça humana.
Assim, o simbolismo da Corda de Oitenta e um Nós vai muito
além de uma mera ornamentação no teto do templo maçônico.
Cada um pode pensar e interpretá-lo que quiser acerca desse

47
símbolo. Por isso o associamos á uma Gestalt. Não importa o
que ele de fato significa como imagem ou mesmo como signo
no campo da semiótica e da semiologia, nem mesmo o seu
significado em termos de filosofia. Importa sim o que ele fala
ao espírito do Irmão.
Pois a Maçonaria, como toda disciplina iniciática, só tem
sentido como atividade espiritual. O resultado dela no mundo
profano é mero reflexo dessa atividade. Será útil ou inútil,
virtuoso ou nocivo conforme os Irmãos entenderem a
mensagem que os símbolos da Ordem lhe comunicam.
Por João Anatalino

[1]Gestalt é a doutrina que ensina que a soma das


propriedades de um objeto formado em nossa mente é mais do
que ele realmente é, pois a mente acrescenta ao objeto outras
propriedades que ela “acha” que o objeto tem. Exemplo disso
é uma nuvem no céu, que olhada por diferentes pessoas pode
assumir formas totalmente diversas na mente de cada
observador.
[2] Jean Palou- A Maçonaria Simbólica e Iniciática, Ed
Pensamento, 1978
[3] Fulcanelli- As Moradas Filosofais- Madras, 2012
[4][4] Na Cabala, Deus, antes de fazer o universo é considerado
como uma energia em estado latente (com Existência
Negativa). Na sua tarefa de fazer o universo ele se manifestou
como Existência Positiva.

48
[5] De acordo com os ensinamentos da Cabala, a atividade
divina na construção do universo se manifesta em quatro
mundos formativos que são: o mundo da luz (Atziloth), o
mundo do espírito (Briah), o mundo do energia (Yetzirah) e o
mundo da matéria (Assiah).,
[6] Knorr Von Rosenroth- A Kabbalah Revelada- Madras, 2010.
Tabela que mostra a relação entre a Árvore da Vida, os quatro
mundos de formação, as combinações entre as letras do Nome
Sagrado e as diferentes conformações assumidas pela energia
divina no trabalho de construção do universo.
[7] Vide o nosso ensaio, publicado neste Recanto das Letras, “
O Templo e a Árvore ”, no qual mostramos a relação simbólica
existente entre os desenhos da Árvore da Vida da Cabala, e o
desenho do Templo maçônico.
[8]Idem, Jean Palou –Maçonaria Simbólica e Iniciática, citado.
Pois segundo a ótica dos maçons medievais, as igrejas que
eles construíam eram cópias simbólicas do universo, na forma
como Deus o construía.
[9] Artigo II da Constituição dos Princípios do Real Segredo
para os Orientes de Paris e Berlim, edição de 1762

49
TEMPLOS A VIRTUDE E MASMORRAS AO VÍCIO

July 18, 2016

Escolhi este tema de forma independente às orientações da 2.'.


Vig.'. para os trabalhos oficiais a minha postura como Ap.'.
M.'., pois, acredito que , enquanto Ap.'., cada passo dentro de
nossa Ordem , deve ser pesquisado, compreendido e
postulado aos queridos IIr.'. , e, contudo, em conjunto,
tentarmos consenso na interpretação destas duas palavras
que conotam uma das mais discutidas dualidades inversas de
nossa vida.

Outro motivo, que me pendi a este estudo/ pesquisa, foi o


impacto de duas perguntas que a mim foram proferidas
durante o Ritual de Iniciação, que, dentro de minha ignorância
momentânea, percebi que minhas respostas não foram claras
o suficiente, talvez pela emoção emanada do momento, ou até
mesmo, pelo fato do desconhecimento profundo e misterioso

50
que ambas as palavras nos submetem no dia a dia, na vida
social e maçônica.

Relembro neste momento as seguintes perguntas:


O que entendeis por Virtude?
O que Pensais ser o Vício?
Relembro também as seguintes Palavras do Ir.'. Orad.'. : Se
desejar tornar-vos um verdadeiro Maçom deveis primeiro
morrer para o vício, para os erros, para os preconceitos
vulgares e nascer de novo para a Virtude, para a honra e para a
Sabedoria.
Como Homens livres e de bons costumes, entendo que além
do sagrado dever de levantarmos templos a Virtude e
cavarmos masmorras aos Vícios, devemos saber interpretar
ambas as questões, para que no dia a dia, não sejamos
submetidos ao despertar de nossa ignorância quando
interpelado sobre seus significados. Daí, minhas conclusões
que disserto a seguir.
Comecemos com a Virtude, em suas definições Filosóficas,
que nos levam a discernir como um estado de Comportamento
do Homem:
O primeiro desses significados se refere às qualidades
materiais ou físicas de qualquer ser, inclusive do homem. São
as virtudes da água, do ar, ou como as virtudes naturais dos
seres vivos de respirar, reproduzir-se, ou do homem de
raciocinar, de ser bípede etc.

51
Esse significado se refere às qualidades não adquiridas, mas
próprias da natureza de cada ser, tanto em razão de sua
composição química como em razão de sua estrutura orgânica
ou de sua evolução natural. São as qualidades e as
capacidades naturais que os seres em geral manifestam,
desde os átomos até os seres organizados superiores.

O segundo significado diz respeito às habilidades próprias do


ser humano, como tocar um instrumento musical, saber usar
uma ferramenta, saber escrever, pintar, ler, raciocinar
logicamente etc. São, na verdade, destrezas, habilidades ou
capacidades de execução de alguma atividade, adquiridas
através de exercícios e experiências, tanto em nível corporal
como em nível mental. São as qualidades adquiridas pelo
aprendizado.

O terceiro sentido de virtude diz respeito ao comportamento


moral resultante do exercício do livre arbítrio e, portanto, diz
respeito exclusivamente ao homem. É exatamente desse
terceiro sentido, o comportamento moral, que nos interessa
como Maçons, pois somente ele diz respeito exclusivamente à
educação do espírito, uma tarefa extremamente valorizada
dentro da Maçonaria porque conduz ao comportamento moral,
ao amor e a generosidade.

Comportamento moral é a pratica da solidariedade humana em


todos os sentidos, e que pode ser manifestada de infinitas
maneiras, pois são infinitas as maneiras que nos podem
conduzir na pratica da solidariedade. Podemos, por exemplo,

52
trabalhar com dedicação para tirar o homem de sua ignorância,
podemos ajudar o nosso semelhante a superar suas
necessidades materiais, podemos nos colocar ao lado do
nosso semelhante em suas dores mais profundas, podemos
estar ao lado dele quando abatido em seus males corporais,
enfim há vários meios de praticar a solidariedade.

Para que um determinado comportamento moral possa ser


considerado uma virtude não é suficiente à prática de atos
morais esporádicos ou isolados. É necessário antes de tudo
haver uma continuidade, um hábito, um estado de espírito
sempre ativo e presente na consciência, a cada dia e a cada
momento.

Dentro do Comportamento Moral, podemos acrescentar o


próprio comportamento social que vivemos para fazermos
valer na tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde cujas
são por excelência, os elementos para construir em nosso
templo interior o verdadeiro espírito maçônico. E para tanto, ao
entender das pesquisas, temos que praticar constantemente
as virtudes que relacionamos a seguir:
A Virtude da Justiça: por justiça entende-se como virtude
moral, pela qual se atribui a cada indivíduo aquilo que lhe
compete no seio social: praticar a justiça. A justiça em nossa
Ordem é a verdade em ação, é a arma para as conquistas da
Liberdade.

A Virtude da Prudência: é a Virtude que nos auxilia a nossa


inteligência para distinguir a qualidade do ser humano que age

53
com comedimento, com cautela e moderação, enriquecendo
nossa igualdade, e respeito entre os irmãos, estendendo à
sociedade que vivemos em nossa vida profana.

A Virtude da Temperança: podemos relacionar diretamente a


virtude da Temperança com uma espícula extremamente dura
a ocupar uma das infinitas arestas da Pedra Bruta, pois é ela
que disciplina os impulsos, desejos e paixões humanas. Ela é
a moderação e barragem dos apetites e das paixões, sendo o
império sobre si mesmo. Com ela, estaremos deixando cada
vez mais forte e profunda as raízes da Fraternidade.
Faço destaque à Fraternidade, ora regida por nossas
temperanças, pois da importância do conjunto de nossa tríade,
considero-a a mais direcionada às nossas causas e conquistas
enquanto Maçons, pois ela é a diferença de nossa Ordem, ela
que serviu de arma forte e reluzente, que fez com que nossos
irmãos antepassados, entregando muitas vezes suas próprias
vidas a repugnância, resistindo às perseguições e se deixando
abater pela inquisição, pela própria rusga Cuibana não
deflagraram nossos segredos, nossos augustos mistérios, e
salvaram com os princípios fraternos a continuidade de nossa
Ordem durante séculos que se passaram.

A Fraternidade Maçônica sempre foi conseguida através de um


laço que se poderia chamar de cumplicidade maçônica. Essa
cumplicidade nasceu entre os irmãos a partir do
compartilhamento de diversos sigilos, como o aspecto secreto
das reuniões, os sinais de reconhecimento, o segredo dos
graus, os simbolismos etc., que começa a se formar a partir do

54
momento da iniciação.

É essa gama de atos e fatos ligados à estrutura básica da


Maçonaria que faz nascer essa ligação de cumplicidade que
gera a inconfundível fraternidade Maçônica. Este laço material
se reforça com a prática da Filosofia, das Virtudes e dos
Princípios Maçônicos, principalmente da Justiça, da
Prudência, do Amor, e da Generosidade.
Existem certamente momentos em que afloram os instintos, ou
seja, vícios ainda não convenientemente dominados, tal como
o egoísmo, provocando desentendimentos pessoais. Isso é
natural que aconteça mesmo depois de nos tornarmos
maçons, pois é sabido que mesmo após muitos anos o espírito
dentro de sua cavalgada na busca da perfeição não consegue
absorver o verdadeiro sentido do que é uma fraternidade. Não
conseguem deixar-se dominar pela cumplicidade maçônica.
Nesses momentos deve agir o sentimento de temperança dos
demais irmãos para serenar os ânimos e não deixar os
ressentimentos se avolumarem. O Importante é não deixar de
lutar pela fraternidade a cada dia e a cada instante, mas para
isso é preciso termos em primeiro lugar domínio sobre nossos
vícios, cujo também alvo desta peça, discuto a seguir, pois do
que vale pregar o bem, sem o entendimento do mal?

Percebi em minhas pesquisas, que pouco se fala sobre os


Vícios, até mesmo a própria Bíblia Sagrada, O Livro dos
Espíritos, Livros afins e várias peças de arquitetura que o
entendimento da palavra e do substantivo declarado Vício é de
forma singela e simploriamente declarada como o "O oposto

55
da Virtude", havendo logicamente mais espaços destinados ao
assunto "Virtude", o qual não sou contra, pois dentro dos
conceitos atuais de estruturalismo, é mais fácil corrigir o mal
com o reforço do ensino e prática do bem, tal como nosso
Ritual de Iniciação que o Ven.'. M.'. dita o seguinte discurso:
".'. É o oposto da Virtude. É o hábito desgraçado que nos
arrasta para o mal; e é para impormos um freio salutar a esta
impetuosa propensão, para nos elevarmos acima dos vis
interesses que atormentam o vulgo profano e acalmar o ardor
das paixões, que nos reunimos neste templo.'.".
O Vício pode ser interpretado como tudo quanto se opõe a
Natureza Humana e que é contrário a Ordem da Razão, um
hábito profundamente arraigado, que determina no individuo
um desejo quase que doentio de alguma coisa, que é ou pode
ser nocivo. Em síntese, tudo que é defeituoso e que se desvia
do caminho do Bem.
Do ponto de vista abstrato, podemos dizer também que tudo
que não for perfeito é Vício, mas do ponto de vista prático, é
um termo relativo que depende do grau de evolução do
Individuo em questão, pois o que seria um Vício para um
Homem cultivado, poderia ser uma virtude para um selvagem.
Na verdade, nenhum vicio poderá ser jamais uma desvantagem
absoluta, pois toda forma de expressão indica um
desenvolvimento de força. O que devemos realmente é
estabelecer e proclamar nossa guerra interna, conflitarmos
espiritualmente o combate às nossas imperfeições seja nessa
vida ou nas próximas que estamos por vir.

De todos os vícios que sofremos e estamos expostos no dia a

56
dia para com a sociedade, nosso templo, nosso ego, enfim,
aquele que podemos declarar como o Orientador a todos os
outros vícios é o egoísmo, e este vem assolando todas as
comunidades, todas as religiões, todas as irmandades, enfim,
todo o Mundo está submisso ao Egoísmo, e na prática e
exercício deste de forma desequilibrada, teremos os demais
vícios aflorando facilmente e deflagrando em cada canto do
mundo, a discórdia,a intemperança, as guerras, o fanatismo, a
injustiça, a fome, as doenças, a infelicidade, enfim, as mortes
prematuras que assolam os ditos países não desenvolvidos.

Quando citei o exercício desequilibrado do egoísmo, quis


demonstrar que jamais um vício pode ser uma desvantagem
absoluta (dito a dois parágrafos anteriores) , pois como
exemplo, podemos citar que o Egoísmo de um PAI na proteção
de seu filho não pode ser tratado como um desequilíbrio
egoísta e sim uma reação que não podemos condenar desde
que para isso não tenha praticado o mal ao seu semelhante.
Assim como tudo na vida e em nossas ações estaremos
submetendo ao equilíbrio, os vícios também o são submetidos,
pois com certeza, nós homens nunca seremos perfeitos, a
imperfeição faz parte do Homem, e isto é lógico e notório,
partindo do principio que somos Espíritos tendo experiências
humanas na terra e não humanos tendo experiências
espirituais.

Nosso mundo nada mais é que uma grande escola espiritual e


que para conseguirmos nossa evolução, temos que ser
submetidos às vivências carnais tempo a tempo, até que

57
sejamos perfeitos, e isto ocorrendo não mais estaremos de
volta e sim estaremos ajudando em outro plano os demais que
assim se fizerem de coração aberto para os ensinamentos.
Outra citação que coloco, é a questão das Paixões, também
fruto do egoísmo, que dentro de uma estrutura hierárquica,
posso considerá-la como uma segunda posição depois do
Egoísmo. A Paixão está no excesso acrescentado à vontade, já
que este princípio foi dado ao homem para o bem, e suas
paixões podem levá-lo a realizar grandes coisas. É no seu
abuso que está a sua definição como um vício.

A Paixão é semelhante a um cavalo, que é útil quando


dominado e extremamente perigoso quando domina. Uma
paixão será por demais perigosas no momento em que deixar
de governá-la e resultar qualquer prejuízo para você ou aos
outros.

Sem dúvida grandes esforços são feitos para que a


Humanidade, e nós Maçons que fazemos parte dela, avance,
encoraje-se, honre-se os bons sentimentos mais do que em
qualquer outra época deste nosso mundo, entretanto a
desgraça roedora do egoísmo continua sendo sempre a nossa
chaga social. É um mau real que cai sobre todo o mundo, do
qual cada um é mais ou menos vítima.
É preciso combater os vícios, equilibrá-los, assim como se
combate uma doença epidêmica. Para isso, devemos proceder
como médicos: ir à origem. Que se procurem, então em todas
as partes de nossa organização social, desde as famílias até
nossa comunidade, desde os barracos de tábuas, até as

58
grandes Mansões, todas as causas, todas as influências
evidentes ou escondidas que excitam, mantêm e desenvolvem
o sentimento do egoísmo.
Uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si
mesmo. Restará somente combatê-las, senão todas de uma
vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será
eliminado. A cura poderá ser demorada, porque as causas
podem e são numerosas, mas não impossível. Isso só
acontecerá se o mal for atacado pela Raiz, ou seja, pela
educação, não a educação que tende a fazer homens
instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A
Educação, bem entendida é a chave para o progresso moral.

Quando conhecermos a arte de manejar o conjunto de


qualidades do homem, como se conhece a de manejar as
inteligências, será possível endireitá-los, como se endireitam
plantas novas, mas esta arte exige muito tato, muita
experiência e uma profunda habilidade de observação e
vigilância. É um grave erro acreditar que basta ter o
conhecimento da ciência, dos augustos mistérios de nossa
ordem para que exercemo-las com proveito.

Todo aquele que acompanha o filho do rico ou do pobre, desde


o nascimento e observa todas as influências más que atuam
sobre eles por conseqüência da fraqueza, do desleixo e da
ignorância daqueles que os dirigem, quando, frequentemente,
os meios que se utilizam para moralizá-lo falham não se pode
espantar em encontrar no mundo tantos defeitos. Que se faça
pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e se verá que,

59
se existem naturezas refratárias, que se recusam a aceitá-las,
há, mais do que se pensam, as que exigem apenas uma boa
cultura para produzir bons frutos.

O Homem, meus IIr.'., deseja ser feliz e esse sentimento é


natural, por isso trabalha sem parar para melhorar sua posição
neste mundo que vivemos. Ele procurará a causa real de seus
males a fim de remediá-los. Quando compreender que o
egoísmo é uma dessas causas, responsável pelo orgulho,
ambição, cobiça, inveja, ódio, ciúme, que o magoam a cada
instante, que provoca a perturbação e as desavenças em todas
as relações sociais e destrói a confiança que o obriga a manter
constantemente a defensiva, e que, enfim, do amigo faz um
inimigo, então compreenderá também que esse vício é
incompatível com sua própria felicidade e até mesmo com sua
própria segurança.
E quanto mais se sofre com isso, mais sentirá a necessidade
de combatê-lo, assim combate a peste, os animais nocivos e
os outros flagelos; ele será levado a agir assim por seu próprio
interesse.

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a


fraternidade é a fonte de todas as virtudes; destruir um e
desenvolver outro ( Levantar templos a Virtude e Cavar
masmorras aos Vícios ), esse deve ser o objetivo de todos os
esforços do homem, se quiser assegurar sua felicidade em
nosso mundo e no seu mundo espiritual.
"Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo, Quem é mal é
escravo, ainda que seja livre.”

60
Santo Agostinho
Ir.'. Roberto de Jesus Sant´Anna - M.'.M.'.
GOB / GOSP

61
O PASSO LATERAL DA MARCHA DE COMPANHEIRO

July 19, 2016

A Marcha é uma técnica adotada nos três Graus Simbólicos.


Como recém-elevados ao Grau de Comp.’.Maç.’., a Sublime
Instituição abriu-nos uma porta a mais para ser explorada
através dos estudos. E, estudando, notamos pequenas
diferenças ritualísticas entre as diversas Potências, mas não
nos esqueçamos que todos somos Maçons e, como tais,
temos como meta final o mesmo resultado moral, ou seja, a
construção de nosso Templo Interior para a Glória do
G.’.A.’.D.’.U.’., não importando a Potência à qual pertençamos.

Enquanto AApr.’.MMaç.’., ainda sem sabermos ler e nem


escrever, somente soletrar, obrigatoriamente temos que ser
guiados e orientados por nossos MM.’. na luta e na
perseverança em nosso caminhar na senda da Perfeição, isto
é, pelo caminho que nos leva das trevas à Luz, do Ocidente
para o Oriente, do mundo objetivo dos sentidos para o mundo

62
subjetivo do espírito. Este objetivo não é somente dos AApr.’.
mas também dos CComp.’. e dos MM.’..
Sendo assim, nossos passos, sempre iniciados com o pé
esquerdo, são obrigatoriamente retos e dirigidos, sempre na
mesma direção, pelos IIr.’. mais experientes e compreende três
passos de longitude desigual e proporcional a 3-4-5,
lembrando o Teorema de Pitágoras e, a cada passo, juntando
os pés em ângulo reto, em esquadria.

Estes três passos simbolizam as três qualidades morais que


caracterizam a conduta do Apr.’.:- Retidão, Decisão e
Discernimento. Também simbolizam que o maçom deve andar
sempre retamente, em busca da virtude e da perfeição.

Como CComp.’., devemos sempre nos recordar de que tudo


tem lógica e, portanto, a lógica é o caminho mais seguro que
pode existir. Também temos que ter sempre em mente que
devemos nos guiar a nós mesmos, uma vez que procuramos
desenvolver o autodomínio.

No Grau de Comp.’., a Marcha é a continuação do caminhar


iniciado no grau anterior. É a Marcha do Apr.’. acrescida de
mais dois passos.
Ao passarmos do Nível à Perpendicular, ou dos cuidados do
1o.Vig.’. para os do 2o.Vig.’., ou seja, da Coluna onde

63
operávamos com Força para a Coluna onde iremos trabalhar
com a Beleza, e sedentos por novos conhecimentos,
deixamo-nos dominar pelos nossos devaneios.

Abandonamos a linha central trilhada enquanto AApr.’., dando


o primeiro passo da marcha de Comp.’. em linha oblíqua para a
direita ou para a esquerda, dependendo da Potência.

Este passo lateral e oblíquo é realizado conduzido por nossa


faculdade de criar e, assim, arriscamo-nos aos perigos do
desconhecido. Por isso, este passo denomina-se de
Imaginação.

Saindo da trajetória a que estávamos obrigados enquanto


AApr.’., significa que já podemos e devemos variar nossos
caminhos em busca da Verdade. A Razão vigia e controla
constantemente os devaneios da criação, ou seja, da
Imaginação.
A Razão, que acompanha e reconduz a Imaginação de volta à
realidade, sempre que esta se exceder, é simbolizada pelo pé
direito que segue o esquerdo, formando uma esquadria. E é
este pé esquerdo que dará o segundo passo, em ângulo reto,
denominado de Afetividade, retornando ao equador da Loja,
demonstrando Obediência e Amor ao Trabalho.

64
Neste passo do pé esquerdo, o direito o acompanha,
simbolizando o regresso da Imaginação ao caminho inicial da
Retidão, da Decisão e do Discernimento, evidenciado nos três
passos iniciais.

A esquadria formada ao terminar a marcha leva o nome de


Razão, protetora da Inteligência. O primeiro passo oblíquo
também poderia se denominar de Livre Arbítrio significando
que não precisamos mais caminhar em linha reta, pois já
adquirimos conhecimento, podendo sair da trajetória.

O segundo passo seria o da Consciência, pois já conseguimos


discernimento e, por conseguinte, sabemos voltar ao caminho
da retidão quando nossa Razão assim ordenar. Isto demonstra
que, quando nos desviamos da linha reta a que estávamos
obrigados como AApr.’., é porque os nossos MM.’. já nos
consideraram aptos a observar, procurar, experimentar e
quantificar os métodos para assimilar e usufruir da filosofia
contida e ensinada no Grau de Comp.’..

Como todo adolescente, sentimo-nos cheios de energia e


totalmente independentes, auto-suficientes. Julgamo-nos
possuidores dos conhecimentos, dos segredos e dos
mistérios do caminho a ser percorrido e não levamos em conta

65
as sábias orientações dos mais velhos e mais experientes que
podem nos mostrar os atalhos para evitar passos
desnecessários.

Assim, através do livre-arbítrio de que somos dotados,


abandonamos impetuosamente, a linha central por onde até
então trilhávamos e optamos por outros caminhos para
chegarmos à Verdade, contrariando aqueles métodos
impostos que nortearam nosso procedimento desde o início de
nossa senda.

Ao contrariarmos as regras seguidas até então, nós, os


CComp.’., como adolescentes no caminho da Perfeição, não
devemos ser reprimidos em nosso processo criativo nem
tampouco doutrinados com teorias que determinem nosso
progresso, mas orientados para tais teorias.

É por isso que no Grau de Comp.’. há uma mudança no


posicionamento das Três Luzes Emblemáticas, onde o
Compasso, agora, está entrelaçado ao Esquadro, ou seja, uma
perna do Compasso está livre do domínio moral do Esquadro
simbolizando que nós, os CComp.’. já nos encontramos em
condições de trilhar pelos caminhos da Verdade, em busca do
saber, livre de preconceitos e de superstições.
Os cinco passos do Comp.’. também nos recordam a
Conjugação dos Quinários:- De cinco anos é a idade do

66
Comp.’.; os golpes de malhetes; as pancadas de bateria; os
toques no sinal de reconhecimento. Cinco são as luzes que
iluminam e cinco os pilares que sustentam a Loja de Comp.’..

De cinco viagens se compõe a elevação ao Grau.


Quintessência é o quinto elemento. Quinta Ciência é a
classificação da Geometria dentro das Sete Artes ou Ciências
Liberais e, posicionada ao Meio Dia, a Estrela Rutilante com
suas cinco pontas a lembrar-nos que a Mente deve ser posta
em Ação e Movimento, portanto, devemos Criar e Trabalhar
com Sabedoria e Conhecimento!

Esta Peça de Arquitetura tem como finalidade um breve estudo


sobre o tema "O Passo Lateral da Marcha de Comp.’.Maç.’.".

BIBLIOGRAFIA
Companheiro Maçom – Ir.’. Inácio Jorge Paulo Filho – Ed.
Country
Curso de Maçonaria Simbólica – Companheiro – Theobaldo
Varoli Filho – A Gazeta Maçônica
Grau de Companheiro e Seus mistérios – Jorge Adoum – Ed.
Pensamento
Caminhos da Perfeição: O Companheiro – Walter de Oliveira
Bariani – Ed. Maçônica A Trolha
Cartilha do Companheiro – José Castellani e Raimundo
Rodrigues – Ed. Maçônica A Trolha

67
O MAÇOM E A SOLIDARIEDADE

July 20, 2016

A Solidariedade é uma das marcas características do Homem,


que o distingue das demais criaturas porque brota de seu
íntimo e se origina da Lei Natural impressa pelo Criador em
seu espírito. Basta atentarmos para as incontáveis tragédias
que diuturnamente os meios de comunicação de massa nos
colocam diante dos olhos.

Em meio aos quadros terríveis, alguns dantescos,


invariavelmente aparecem, como anjos de misericórdia,
aqueles que se doam a si mesmos para minorar os
sofrimentos alheios, às vezes sob o risco ou até mesmo com o
sacrifício de suas próprias vidas.

68
Se formos ao dicionário, encontraremos como definição que
Solidariedade é: “Adesão ou apoio, no sentido moral, à causa,
empreendimentos, princípios, etc., de outros de tal forma que
um indivíduo se vincula à vida, aos interesses e às
responsabilidades de um grupo social, de uma nação ou da
humanidade como um todo.”

Se nos voltarmos, agora, para a instituição maçônica veremos


que nela a Solidariedade constitui uma das colunas mestras
de sua construção, dada a universalidade da Ordem.

É por meio desse sentimento que nos unimos, em espírito, a


outros Irmãos Maçons, inclusive àqueles de cuja existência
sequer temos conhecimento mas com quem, a cada dia, do
meio-dia à meia-noite, trabalhamos espiritualmente para
construir a Paz e erguer o Templo da Fraternidade Universal.

Como diz a Quinta Instrução de Aprendiz, a Solidariedade é o


laço que nos une e nos fortalece na luta incansável e
ininterrupta que devemos manter contra os inimigos magnos
da felicidade do Homem. Mas, ainda que exaltada dentro da
Ordem, ela não pode ser praticada apenas dentro do universo
maçônico e deixada de lado na vida profana.

69
Isso seria uma incoerência, porque antes de sermos Maçons
somos irmãos universais, independente de nossas
nacionalidades, cor, crença política ou religiosa.
Se semelhante nosso sofre, quem quer que seja ou onde
esteja, nossa natureza comum de filhos do mesmo Pai deveria
nos irmanar nesse mesmo sofrimento. Mas é justamente aí, na
visão do sofrimento que se tornam nítidos os dois lados
contraditórios do problema: Luz e Trevas. Por que, diante de
tragédias dos últimos anos, como as de Biafra, Ruanda,
Angola, Zaire, África do Sul, Bósnia, para citar apenas algumas
das mais cruentas, se vemos exemplos da mais exaltada
Solidariedade de um lado, de outro também se destaca uma
fria Indiferença de tantas pessoas e mesmo nações?

O monstro de crueldade, Stalin, que durante tantos anos


dirigiu com mão de aço a União Soviética, disse certa vez que
“uma morte é tragédia, mas milhões são apenas uma
estatística” e a realidade do mundo de hoje continua dando
razão àquela afirmação de crueza inaudita.

Quando o sofrimento se torna, apesar de concreto, uma mera


abstração que desaparece ao apertar do botão da televisão ou
do fechamento da página do jornal nós nos separamos dele,
deixando de vê-lo sob a ótica da Lei Natural. Não nos
irmanamos, pois, não o sentimos como nosso também;

70
alienamos-nos dele, simplesmente.
Ao longo de minha vida, tanto profana como maçônica, tive a
oportunidade de me deparar com inúmeras abordagens, textos
e concepções sobre a Solidariedade, alguns superficiais,
outros por demais filosóficos mas, alguns também de
conteúdo maravilhoso e inspirador.

Dentre esses, lembro-me bem deste que se segue e que


reproduzo na esperança de que sirva para alimentar a chama
da Fraternidade e da Solidariedade em nossos corações, única
forma de nos sentirmos verdadeiramente unidos e irmanados
com todos os que sofrem e choram na solidão gelada em que
são colocados pelo desamor. “Um discípulo chegou-se a seu
Mestre e perguntou-lhe:

- Mestre, qual a diferença entre o Céu e o Inferno?

Respondeu-lhe o Mestre:

- Vi um grande monte de arroz, cozido e preparado como


alimento. Ao redor dele estavam muitos homens famintos. Eles
não podiam se aproximar do arroz, mas possuíam longos
palitos de dois a três metros de comprimento. Pegavam, é
verdade, o arroz mas não conseguiam levá-lo à própria boca

71
porque os palitos eram muito longos.

E assim, famintos e moribundos, embora juntos, permaneciam


solitários curtindo uma fome eterna diante daquela inesgotável
fartura. Isso era o Inferno. - Vi outro grande monte de arroz,
cozido e preparado como alimento.

Ao redor dele estavam muitos homens famintos, mas cheios


de vitalidade. Eles não podiam se aproximar do arroz, mas
possuíam longos palitos de dois a três metros de
comprimento. Pegavam, é verdade, o arroz mas não
conseguiam levá-lo à própria boca porque os palitos eram
muito longos. “Mas, com seus longos palitos, ao invés de
levá-los à própria boca serviam-se uns aos outros o arroz e
assim saciavam sua imensa fome, numa grande comunhão
fraterna, juntos e Solidários”.
‘“Isso era o Céu.”
Reflitamos um pouco sobre o que essa parábola oculta em sua
linguagem figurada e se o mundo hoje não é, em grande parte,
aquele primeiro grupo de homens, juntos mas solitários,
padecendo de fome diante da fartura. Ao depararmos com o
sofrimento, o que sentimos?

O aguilhão da culpa, por nada fazermos, ou uma


identificação?

72
De nada serve racionalizar o problema, dizendo: “Não posso
fazer nada. Esse problema está muito longe e não tenho como
ir até lá” ou “Faço o que posso com quem está mais próximo
de mim e sempre contribuo com o Tronco de Beneficência de
minha Loja”. Pode-se fazer mais, sim.

Pode-se estender a ponte e compartilhar o sofrimento em


espírito.

Pode-se erguer os olhos para o Senhor da Compaixão e orar,


em união com todo o sofrimento do mundo.

Se for Solidário apenas porque uma regra me diz que devo


sê-lo que mérito há nisso, se até uma criança é capaz de seguir
regras, ainda que não saiba discernir o seu conteúdo?

Se for Solidário apenas com quem está mais próximo de mim,


o que estou realizando se até mesmo os animais são capazes
de defender os seus?
Cada um de nós recebeu, embutida no espírito pelo Criador, a
semente da Solidariedade. Ela está dentro de nós mas não lhe
damos um solo, não a irrigamos, não nos tornamos

73
jardineiros. Carregamos a semente adormecida, encerrada em
uma cela; não a colocamos na terra.

Temos medo que ela morra, o que é verdadeiro num certo


sentido pois morrer ela precisa para que a árvore nasça. Cada
desabrochar é morte e nascimento e a semente tem que morrer
mas é precisamente por isso que temos medo, porque
protegemos a semente.

Diz uma história oriental que certo rei tinha três filhos, todos
fortes e talentosos e estava indeciso e confuso quanto a qual
deles entregar o reino. Assim, chamou um Mestre e
perguntou-lhe o que deveria fazer para resolver o impasse.

O Mestre aconselhou-o a sair em uma longa viagem deixando


com cada filho uma determinada quantidade de sementes de
uma flor muito rara e dando-lhes instruções para que as
preservassem o mais cuidadosamente possível, eis que suas
vidas dependeriam disso. Satisfeito com o conselho do Mestre,
o rei procedeu como lhe fora dito e partiu em viagem.

O filho mais velho era mais experiente nas coisas do mundo e


calculou que o melhor seria guardar as sementes a salvo e
assim poder devolvê-las a seu pai, intactas. Assim pensou e

74
assim fez. Colocou-as em um cofre e pendurou a chave em
uma corrente que levava permanentemente presa ao pescoço.
O segundo filho calculou que sendo as sementes de uma flor
muito rara, deveria vendê-las e fazer um bom dinheiro. Quando
o pai retornasse, compraria outras sementes novas pois
ninguém saberia dizer a diferença. Assim pensou e assim fez.

O terceiro filho era menos experiente nas coisas do mundo e


mais inocente e calculou que as sementes deveriam ter um
significado. Pensou consigo mesmo, “As sementes existem
para crescer. A própria palavra já tem o sentido de Origem, o
que indica que ela é uma busca e a menos que se torne algo,
não tem significado. Ela é como uma ponte que se tem que
atravessar”. Assim pensou e assim fez. Foi ao jardim do
palácio e plantou as sementes. Após uma longa ausência,
retornou o rei e quis logo saber das sementes, mandando
chamar os filhos à sua presença.

O mais velho pensou que o mais novo iria ficar muito mal
perante o pai, porque destruíra as sementes; e o mesmo se
daria com o segundo, porque as vendera. Mas, o mais novo
não estava preocupado em vencer, apenas em preservar as
sementes e isso só conseguira quando entendera que elas
precisavam morrer e depois renascer, para dar novas
sementes.

75
O rei chamou o mais velho e disse-lhe: “És um estúpido e por
isso perdeste o reino, porque uma semente só pode ser
preservada se tem a oportunidade de morrer no solo, se tem a
oportunidade de renascer”.

Ao segundo filho disse: “Agiste melhor que teu irmão mais


velho, mas também perdeste o reino, ainda que tenhas
compreendido que as sementes envelheceriam. Mas, a
quantidade não mudaria.

“Quando a semente é preservada, multiplica-se por milhões”.

Ao terceiro filho disse: “É teu o reino, porque soubeste


compreender, na inocência, a mensagem que antes dos
tempos já te fora dada pelo Criador”.
BIBLIOGRAFIA
Ir.'.Antonio Carlos de Souza Godói
A.’.R.’.L.’.S.'. Nove de Abril de Mogi Guaçu

76
O ESTUDO DA ORDEM E DOUTRINA MAÇÔNICA

July 25, 2016

Qualquer que tenha sido o vosso propósito e o anseio de


vosso coração ao ingressar na Augusta Instituição que
fraternalmente vos acolheu como um de seus membros é certo
que não tereis entendido, a princípio, toda a importância
espiritual deste passo e as possibilidades de progresso que
com ele vos foram abertas.
A Maçonaria é instituição hermética no tríplice e profundo
sentido da palavra. O segredo maçônico é de tal natureza, que
não pode nunca ser violado ou traído, por ser mística e
individualmente realizado por aquele maçom que o busca para
usá-lo construtivamente, com sinceridade e fervor, absoluta
lealdade, firmeza e perseverança no estudo e na prática da
arte.

77
A Maçonaria não se revela efetivamente senão a seus adeptos,
aqueles que a ela se doam por inteiro, sem reservas mentais,
para tornarem-se verdadeiros maçons, isto é, obreiros
iluminados da inteligência construtora do universo, que deve
manifestar-se em sua mente como verdadeira luz que ilumina,
desde um ponto de vista superior, todos os seus
pensamentos, palavras e obras.
Isto é conseguido por intermédio das provas que constituem
os meios pelos quais se torna manifesto o potencial espiritual
que dorme em estado latente na vida rotineira, as provas
simbólicas iniciais e as provas posteriores do desânimo e da
decepção.
Quem se deixar vencer por elas, assim como aquele que
ingressar na associação com um espírito superficial, deixará
de conhecer aquilo que a ordem encerra em sua forma e seu
ministério exterior: deixará de conhecer seu propósito real e a
força espiritual oculta que interiormente anima a ordem.
O tesouro acha-se escondido profundamente na terra. Só
escavando, buscando-o por debaixo das aparências, pode-se
encontrá-lo. Quem passa pela instituição como se fosse uma
sociedade qualquer ou um clube de serviço, não pode
conhecê-la: somente permanecendo nela longamente, com fé,
esforçando-se e tornando-se maçom, reconhecendo o
privilégio inerente a esta qualidade, ela revelará o tesouro
oculto.
Deste ponto de vista, e qualquer que seja o grau exterior que
se possa conseguir, ou que já tenham sido conferidos para
compensar de alguma forma os anseios e desejos de
progresso, dificilmente pode-se realmente superar o grau de

78
aprendiz.
Na finalidade iniciática da ordem, somos e continuaremos
sendo aprendizes por um tempo muito maior que os
simbólicos três anos de idade. Oxalá fossemos todos bons
aprendizes e continuássemos sendo-o por toda nossa
existência!
Se todos os maçons se esforçassem primeiro em aprender,
quantos males têm sido lamentados e que ainda serão
lamentados, não mais teriam razão de existir.
Ser um aprendiz, um aprendiz ativo e inteligente que envida
todos os esforços para progredir se iluminando no caminho da
verdade e da virtude, realizando e colocando em prática,
fazendo-a carne de sua carne, sangue de seu sangue e vida de
sua vida, a doutrina iniciática que se encontra escondida e é
revelada no simbolismo do grau, é, sem dúvida, muito melhor
que ostentar o mais elevado grau maçônico. Permanecendo na
mais odiosa e destruidora das ignorâncias dos princípios e
fins sublimes de nossa ordem não levam à evolução.
Não devemos ter pressa na ascensão a graus superiores. O
grau que nos foi outorgado, e pelo qual exteriormente somos
reconhecidos, é sempre superior ao grau real que alcançamos
e realizamos interiormente, e a permanência neste primeiro
grau dificilmente poderá ser taxada de excessiva, por maiores
que sejam nossos desejos de progresso e os esforços que
façamos nesse sentido.
Compreender efetivamente o significado dos símbolos e
cerimônias que constituem a fórmula iniciática deste grau,
procurando a sua prática todos os dias da vida é melhor que
sair prematuramente dele, ou desprezá-lo sem tê-lo

79
compreendido.
A condição e o estado de aprendiz referem-se, de forma
precisa, à nossa capacidade de apreender■ somos aprendizes
enquanto nos tornamos receptivos, abrindo-nos interiormente
e colocando todo o esforço necessário para aproveitarmos
construtivamente todas as experiências da vida e os
ensinamentos que de algum modo recebemos. Nossa mente
aberta e a intensidade do desejo de progredir determinam esta
capacidade.
Estas qualidades caracterizam o aprendiz e o distinguem do
homem comum dentro ou fora da ordem. No profano, segundo
se entende maçonicamente esta palavra, prevalecem a inércia
e a passividade, e, se existe desejo de progresso, aspiração
superior, encontram-se como que sepultados ou sufocados
pela materialidade da vida, que converte os homens em
escravos completos de seus vícios, de suas necessidades e
paixões.
O que torna patente o estado de aprendiz é exatamente o
despertar do potencial latente que se encontra em cada ser e
nele produz um veemente desejo de progredir, caminhar para
frente. Leva a superar todos os obstáculos e limitações, tira
proveito de todas as experiências e ensinamentos que
encontra em seus passos. Este estado de consciência é a
primeira condição para que seja possível tornar-se maçom em
sentido lato.
Toda a vida é para o ser ativo, inteligente e zeloso, uma
aprendizagem incessante. Tudo o que encontramos em nosso
caminho pode e deve ser um proveitoso material de
construção para o edifício simbólico de nosso progresso.

80
O templo que assim erigimos a cada hora, cada dia e cada
instante à glória do Grande Arquiteto do Universo: é o
princípio construtivo e evolutivo em nós mesmos. No fundo
tudo é bom, pode e deve ser utilizado construtivamente para o
bem: apesar de que possa ter-se apresentado sob a forma de
experiência desagradável, contrariedade imprevista,
dificuldade, obstáculo, desgraça ou inimizade.
Eis o programa que o aprendiz deve esforçar-se em realizar na
vida diária. Somente mediante este trabalho: inteligente, zeloso
e perseverante, ele tem a possibilidade de converter-se em
obreiro da inteligência construtora, e companheiro de todos os
que estão animados pelo mesmo programa e finalidade
interior.
O esforço individual é condição necessária para o progresso.
O aprendiz não deve contentar-se em receber passivamente as
ideias, conceitos e teorias vindas do exterior, e simplesmente
assimilá-las, mas trabalhar com estes materiais, e assim
aprender a pensar por si mesmo, pois o que caracteriza a
instituição maçônica são a mais perfeita compreensão e
realização harmônica de dois princípios: liberdade e
autoridade.
Estes se encontram amiúde em franca oposição ao mundo
profano. Cada um deve aprender a progredir por meio de sua
própria experiência e por seus próprios esforços, ainda que
aproveitando segundo seu discernimento e experiência
daqueles que procederam nesse caminho.
A autoridade dos mestres é simplesmente guia, luz e apoio
para o aprendiz, enquanto não aprender a caminhar por si
mesmo. Seu progresso será sempre proporcional aos seus

81
próprios esforços. Assim é que esta autoridade, a única
reconhecida pela Maçonaria, nunca será resultado de
imposição ou coação, mas o implícito reconhecimento interior
de superioridade espiritual, de um maior avanço na mesma
senda que todos indistintamente percorrem. Aquela autoridade
natural que somente conseguimos reconhecendo a verdade e
praticando a virtude.
O aprendiz que realizar esta sublime finalidade da ordem
reconhecerá que em suas possibilidades há muito mais do que
fora previsto quando, inicialmente, pediu sua filiação e foi
recebido como irmão.
O impulso que o moveu desde então foi radicalmente mais
profundo que as razões conscientes determinantes. Naquele
momento atuava nele uma vontade mais elevada que a da sua
personalidade comum, sua própria vontade individual, a
vontade do divino em nós. Seja ele consciente desta razão
oculta e profunda que motivou sua filiação à augusta e
sagrada ordem por suas origens, natureza e finalidades.
A todos é dado o privilégio e a oportunidade de cooperar para
o renascimento iniciático na Maçonaria, para o qual estão
maduros os tempos e os homens. Façamos-lo com aquele
entusiasmo e fervor que, tendo superado as três provas
simbólicas, não se deixa vencer pelas correntes contrárias do
mundo nem arrastar pelo ímpeto das paixões nem desanimar
pela frieza exterior, e que, chegando a tal estado de firmeza,
amadurecerá e dará ótimos frutos.
Mas antes aprendamos o que é a ordem em sua essência:
origem, significado da iniciação simbólica pela qual fomos
recebidos. A filosofia iniciática da qual provêm os elementos.

82
O estudo dos primeiros princípios e dos símbolos que os
representam. A tríplice natureza e valor do templo alegórico de
nossos trabalhos e a sua qualidade. A palavra dada para uso e
que constitui o ministério supremo e central.
Receberemos assim o salário merecido como resultado de
nossos esforços e nos tornaremos obreiros aptos e
perfeitamente capacitados para o trabalho que de nós é
exigido.
Texto extraído do livro Manual do Aprendiz Franco-Maçom
Sociedade de Ciências Antigas

83
VELAS E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA

July 28, 2016

Um ensaio sobre as Velas e seus usos na Ordem.


Toda vela ao ser acesa, ou será como iluminação, ou como
ornamentação do ambiente ou então fará parte de um ritual
onde a concentração mental e a chama como elementos
simbólicos comporão um processo especial onde acontecerá
uma intenção, como por exemplo, um desejo, uma promessa,
uma oferta votiva uma invocação quer com fins religiosos ou
mágicos.
Na Maçonaria, nos ritos em que elas existem, participam de um
simbolismo muito profundo quando da invocação de Deus, no
inicio e durante e no final de uma sessão ritualística.

84
É importante o uso do poder da mente e o desejo de se obter
algo quando se acende uma vela. Uma das velas usada na
Maçonaria é uma vela grande chamada círio a qual deverá ter
em sua composição mais de 50% de cera de abelha, o que lhe
garantirá uma chama pura.
As velas são usadas desde a mais remota antiguidade,
inclusive sendo usadas pelos pagãos e pelos povos primitivos
ou como iluminação ou com fins iniciáticos ou religiosos.
Somente a partir do século V foi que seu uso se generalizou na
Europa.
A vela não é, portanto, um símbolo criado pela Maçonaria,
sendo emprestado da Igreja Católica adotado por ela, e que
também copiou dos antigos e deu sua própria versão. As
verdadeiras velas são constituídas por um bastonete de cera
de abelhas, ou então as fabricadas hoje industrialmente não
sendo, portanto, as verdadeiras velas de outrora, onde usam
uma composição de acido esteárico ou de parafina que
envolve uma mecha luminosa, cuja combustão fornece uma
chama luminosa.
A matéria prima mais empregada era a fabricação de velas era
cera de abelha, sebo, óleo de baleia, gordura animal.
Posteriormente a indústria mais desenvolvida passou a usar
produtos de destilação do petróleo, xisto betuminoso
(parafina) bem como ésteres esteáricos da glicerina
(estearina). Nas funções religiosas da Igreja Católica são
usados os círios que é em realidade, uma vela grande. A
maçonaria adotou o mesmo critério. Durante séculos os círios
foram fabricados em cera de abelha pura. Isto é, sem mistura.

85
A chama de um círio é para os Maçons, pura, viva e ritualística
e há nela uma profunda espiritualidade. Enquanto que a chama
produzida a gás, ou por velas de estearina ou parafina, que
fazem parte das velas comuns, e ainda por lâmpadas elétricas
imitando uma chama de vela são estranhas artificiais e
impuras, mas substituem as velas de cera, porque tudo mudou
no mundo.
Os tempos mudaram a Maçonaria, não em seus princípios que
continuam duradouros, mas mudou e os maçons de hoje
também mudaram, mas a essência deste simbolismo não
mudou e através da imaginação e do seu poder mental os
maçons podem sentir que as ditas velas chamadas impuras
possam fazer o mesmo efeito simbólico das velas puras, pois
tudo é simbolismo.
É tudo uma questão de reprogramação mental Hoje as velas de
cera de abelha são bastante caras e não se tem mais a certeza
de que sejam totalmente de cera de abelha. Então que se
imagine e que se que a chama de uma vela atual tenha o
mesmo valor simbólico e espiritual, mas o maçom terá que
senti-lo como tal, e que as sempre lembradas velas de cera de
abelha e a essência dos princípios maçônicos continuarão os
mesmos.
Antes do advento da luz elétrica as velas eram usadas com
fins litúrgicos na Maçonaria simbolicamente, e também como
iluminação dos locais onde os maçons se reuniam. Hoje
fabricam lâmpadas elétricas que simulam artificialmente a
chama de uma vela. Atualmente uma grande maioria de lojas
substituíram as velas de cera por lâmpadas imitando velas.

86
Uma rica tradição, simbólica e poderosa foi aos poucos sendo
abandonada em favor do modernismo. Felizmente muitas
Lojas, para o bem da tradição ainda conservam os costumes
antigos usando velas de cera de abelha.
Segundo Boucher, a cera de abelhas, quando faz parte de uma
vela acesa apresentam dentro da ritualística maçônica os
seguintes símbolos: Trabalho, Justiça Atividade e Esperança.
Há ainda outro símbolo, muito usado na Maçonaria Americana,
a Colmeia que significa o Trabalho e a Diligência.
No Catolicismo o uso das velas é antigo, apesar dos primeiros
cristãos ridicularizarem os pagãos que empregavam velas em
seus ritos, e passaram a usá-las. As velas foram oficializadas
quando no século V em Jerusalém foi feita a primeira
procissão de velas. No século XI a Igreja adotou o uso das
velas sobre os altares, já que até então elas eram dispostas a
frente dos altares para uso litúrgico e atrás dos mesmos para
ornamentação e iluminação.
Para alguns autores sacros o Pai seria a cera, o Filho, o pavio
e a chama seria Espírito Santo. Ainda representaria outro
ternário: corpo alma e espírito.
Se observarmos atualmente os círios na Igreja Católica eles
contem inúmeros símbolos gravados no bastonete da vela de
cera que usam.
As velas são usadas em festas judaicas em especial na festa
de Hanukhah ou Festa da Dedicação ou ainda das Luzes, que
dura oito dias, e são acesas progressivamente oito velas, uma
cada dia, do chanukiá, que é um candelabro de nove braços,
no centro do qual existe uma pequena vela, que serve para
acender as outras 8 velas. Um dos símbolos importantes do

87
judaismo é um candelabro de sete braços chamado menorah.
Não será necessário dizer que durante as cerimônias cada
braço será o suporte de uma vela acesa.
Na umbanda e no candomblé como são conhecidos
atualmente, também usam as velas como oferendas ou como
pedidos. Os adeptos destas religiões costumam acender velas
de cores de acordo com as entidades invocadas.
Adeptos do ocultismo, ou também como são conhecidos
atualmente como bruxos ou simplesmente magos utilizam
velas para realizar seus rituais, com fins mágicos. Segundo
manuais de ocultismo os magos visam através destas práticas,
liberar seu subconsciente. Trabalham em silêncio e seus
trabalhos exigem muita concentração. Costumam antes das
sessões de magia, queimar incenso para despertar a mente. A
seguir usam um óleo especial para untar a vela visando desta
forma criar um elo entre a vela e o mago através do tato.
Ainda ao passar as mãos na vela acreditam que transmitam a
ela as suas próprias vibrações que passaria a atuar como um
magneto psíquico. Enquanto o mago unta a vela, ele dirige a
mente ao que está desejando. Citam os manuais de magia que
todo trabalho perfeito do mago é realizado em primeiro lugar
na sua mente. “O que sem tem na mente torna-se realidade”
afirma uma escola parapsicológica. Como se pode observar o
uso das velas nestas situações é importante até na Magia.
Segundo autores maçônicos a velas da época das corporações
de oficio e das guildas seriam ofertas votivas. Não nos dão a
ideia de que os maçons operativos promoviam a guarda de
votos de gratidão, por graças recebidas. Mas como a
maçonaria operativa era totalmente católica e a Igreja já existia

88
há mil anos antes dos maçons operativos se acredita que
estes seguiam a mesma tradição católica em relação ao uso
das velas. Seria apenas a continuação de um costume já
antigo no mundo, religioso ou não.
A tradição maçônica está ligada a todas as filosofias antigas
às religiões, inclusive a Católica, e em especial em muitos dos
seus símbolos. Um fato que chama a atenção é que após a
fundação da Grande Loja de Londres fundada em 24/06/1717,
quando a Maçonaria ilusoriamente se tornou Especulativa ou
Moderna, pois desde 1600 já estavam recebendo “maçons
aceitos”, a orientação católica enfraqueceu a Ordem dela
passou a contar com a participação muito grande de pastores
principalmente de anglicanos e luteranos. Foi nesta fase que a
Ordem além da influência evangélica, começou a receber um
novo contingente de alquimistas, cabalistas, rosacrucianos e
ocultistas que enriqueceram os nossos símbolos, em nossos
rituais. Somos obrigados a raciocinar que estes novos tipos de
maçons introduziram algum simbolismo a mais às velas, além
dos sentidos espirituais.
Mas de qualquer forma as velas que desde as épocas mais
distantes representam para certas correntes espiritualistas a
Sabedoria, Iluminação, Conhecimento e Realização espiritual e
ainda a alma imortal.
Sabemos que os maçons pertencentes à Grande Loja e
Londres eram chamados de Modernos e que tiveram por muito
tempo influência grande no mundo maçônico. Eles acendiam
velas, provavelmente círios (vela grande) em seus candelabros
e as chamavam de as Três Grandes Luzes que representavam
as posições do Sol em seu trajeto diário e noturno nas vinte e

89
quatro horas. Diziam também que elas significavam o Sol, a
Lua e o Venerável da Loja.

Este conceito temos até hoje em nossas instruções em Loja.


Entretanto a grande rival da Grande Loja de Londres, ou seja, a
Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons, fundada em 1753,
consagrada aos Antigos obedeciam às Antigas Obrigações
(Old Charges) que até então respeitavam os “maçons livres em
loja livre” isto, é lojas sem potência.
Somente em 1813 é que se uniram a Grande Loja de Londres e
a Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons e fundaram a
Grande Loja Unida da Inglaterra como é conhecida hoje. Os
Antigos admitiam as três velas como Pequenas Luzes que
representavam o Venerável e os dois Vigilantes E as Grandes
Luzes que seriam o Livro da Lei o Esquadro e o Compasso.
Os círios ou velas são também chamados de Estrelas. Por isso
usa-se em Maçonaria a expressão “Tornar as estrelas visíveis”
quando o Venerável ordena em alguns ritos que se acendam
as velas. Quando uma Loja recebe visitantes ou Dignitários
ilustres e que serão recebidos de acordo com o protocolo de
recebimento com tantas estrelas conforme sua importância na
Ordem. Todavia segundo um antigo costume as estrelas
(velas) não serão usadas para iluminar os visitantes, mas sim
para representar Luz que eles representam.
O número e a disposição das velas em Loja variam, conforme
o costume, grau, rito e até à potência à qual pertencem.
Desde o inicio da Maçonaria Especulativa ou Moderna foram
usadas três velas grandes (círios) colocando-as em cima de

90
grandes candelabros. Está claro que deveriam existir outros
tipos de velas ou candeeiros com finalidade de iluminação, ou
fonte de luz já que não já nesta época não se tinha descoberto
o uso da energia elétrica. Em algumas Lojas eram colocados
no chão em forma de triângulo.
No fim do século XIX as velas foram colocadas ao lado do
Venerável e dos Vigilantes (tocheiros como são chamados no
Trabalho de Emulação).
Atualmente dependendo do Rito usa-se uma vela em cima do
Altar das Luzes e além das três citadas, usa-se três círios ao
lado do Altar dos Juramentos, ou painel das Lojas ou como no
caso do Rito de Schröder que não tem Altar dos Juramentos,
mas estende-se o seu maior símbolo, o Tapete entre três
círios.
O modernismo fez com que quase em todas as Lojas, a velas
fossem substituídas por lâmpadas de luz elétrica imitando os
bastonetes das velas.
Portanto, não há mais parâmetros de comparação ou um
estudo mais sério a respeito. E com o modernismo veio
normalmente a alteração das interpretações, e isto é um fato,
mas ao lado este detalhe, os inventores, “achistas” irmãos que
gostam de aparecer, fazendo suas fantasias virarem
procedimentos, trataram de alterar ainda mais a Ordem. E
estas mudanças feitas pelo próprio maçom, acabam
tornando-se verdades para principalmente os que foram
iniciados na Ordem após elas terem disso realizadas.
Posteriormente com a criação de novos Ritos foram criados
procedimentos ritualísticos, diga-se de passagem, alguns
deles muito lindos como é o caso do Rito Adorinhamita e o

91
Rito de Schröder (Alemão).
Já o Rito Francês ou Moderno aboliu-se definitivamente o uso
das velas, do Altar dos Juramentos e da Bíblia.
O REAA usa as velas com finalidade litúrgicas. Além das velas
sobre os altares do Triângulo Dirigente, é comum observar
velas acesas em cima dos altares do Orador e Secretário e das
Luzes Místicas que triangulam o Altar dos Juramentos onde
deve estar a Bíblia aberta. Estas três velas representariam
simbolicamente os três aspectos da Divindade: Onisciência,
Onipresença e Onividência.
No Trabalho de Emulação usam-se os chamados tocheiros que
são um tipo de coluna pequena sobre a qual um círio
permanece aceso durante a sessão. São três tocheiros, um à
direita do Venerável e um ao lado de cada um dos Vigilantes.
As cerimônias de acendimento das velas deveriam obedecer
alguns princípios que seguem as antigas tradições Sempre o
Fogo Sagrado deverá vir do Oriente, pois toda Sabedoria, e
toda Luz vem do Oriente.
As velas não podem ser acesas com isqueiros, gasolina
fósforos enxofrados, ou qualquer outro meio que produza
fumaça ou cheiro fétido. A vela do Altar do Venerável deverá
ser acesa através de outra vela intermediaria, para que a
chama recebida possa ser pura. Igualmente ao apagá-la não
poderá ser com o hálito que é considerado impuro, ou com
dois dedos se tocando, abafando a chama como é comum
ocorrer.

92
Esta tradição a Maçonaria foi buscar na Antiga Pérsia segundo
Boucher que afirma que o culto ao Fogo dos persas era tão
sagrado que jamais empregavam o hálito ou sopro para apagar
a chama, bem como jamais usavam água para apagar o fogo.
Isto quando estavam executando uma cerimonia sagrada ou
ritualística. Provavelmente usavam o sopro e a água para
apagarem o fogo fora dos seus templos ou lugares sagrados.
Devemos usar um velador, adaptado com um abafador. Um
velador é um suporte fino de uns 30 cm de comprimento feito
de madeira ou metal na extremidade do qual existe um disco
para a vela ou candeeiro. Perto da extremidade adapta-se um
abafador pequeno de metal para apagar a vela.
Todavia nem sempre o velador deverá ter um abafador ou
apagador de velas, acoplado. Um abafador ou apagador de
velas poderá ser uma peça de madeira ou de ferro, tendo presa
a uma das suas extremidades uma espécie de campânula que
se usará para abafar ou apagar a chama da vela, mas nunca
com sopro ou outro meio.
Alguns autores sugerem que o Venerável e Vigilantes utilizem
o próprio malhete para apagar a vela de seus altares. Não nos
parece esta prática, uma maneira adequada para se apagar
uma vela dentro de uma sessão ritualística que tem um
simbolismo tão profundo. E ainda tem que se considerar que o
malhete não foi feito para dar pancadas em velas para
apagá-las. Isto é um absurdo.
Três dos Ritos existentes no Brasil têm uma ritualística própria
e especial muito interessante com relação às velas, que
merecem ser mencionadas. São muito lindas, e repleta de
espiritualidade, que vale a pena serem descritas como está no

93
Ritual porem de maneira sintética só descrevendo suas etapas
mais importantes, onde mostram o trajeto das velas durante
esta cerimônia de abertura e fechamento da Loja.
No Rito Adonhiramita esta passagem ritualística chama-se
Cerimônia do Fogo. Antes do inicio da sessão o Arquiteto,
Mestre de Cerimônia e 1º Experto acendem o Fogo Eterno
(Reavivamento da Chama Sagrada) que é uma grande vela um
círio portanto, que fica situado no Oriente entre o Altar dos
Juramentos e o Altar do Venerável. Após iniciada a sessão é
realizada a Cerimônia da Incensação que é uma parte da
ritualística. A seguir, o Venerável ordena ao Mestre de
Cerimônia que realize a Cerimônia do Fogo.
O Mestre de Cerimônias com um velador ou acendedor apanha
a Chama Sagrada junto ao Fogo Eterno, que está entre o Altar
dos Juramentos e o Altar da Sabedoria ou do ou do Venerável
e o conduzirá ao Altar do mesmo. Este, ao receber o velador,
ergue-o com as duas mãos à altura de sua face e diz: “Que a
Luz da Sabedoria ilumine nossos trabalhos”. “Em seguida
acende sua vela e diz “Sua Sabedoria é infinita”, o Mestre de
Cerimônia leva a chama ao Altar do Primeiro Vigilante Este
igualmente ergue o velador à altura da face e diz ”Que a Luz de
sua Força nos assista em nossa Obra”. Acende sua vela e diz:
“Sua Força é infinita”. Repete-se o mesmo procedimento com
o 2° Vigilante e este dirá: ”Que a Luz de sua Beleza
manifeste-se em nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua
Beleza é infinita”.
O Mestre de Cerimônia apaga a Chama do velador com o
abafador ou apagador e comunica ao Venerável que terminou a
cerimônia. Este no final da sessão após vários procedimentos

94
ritualísticos determina ao Mestre de Cerimônia que proceda o
adormecimento do Fogo.
O Mestre de Cerimônias vai até o 2° Vigilante e entrega-lhe o
abafador ou apagador. Este adormece a Chama dizendo “Que
a Luz de sua Beleza continue a flamejar em nossos corações”.
Devolve o apagador para o Mestre de Cerimônias vai ao Altar
do Primeiro Vigilante entrega-lhe o apagador: “Que a Luz de
sua Força permaneça em nossos corações” e adormece a sua
chama. É devolvido ao Mestre de Cerimônia o apagador que
vai até o Venerável e este ao apagar ou adormecer a sua
Chama dirá: “Que a Luz da Sabedoria prossiga habitando
nossos corações”. O Mestre de Cerimônia volta ao seu lugar a
e avisa que procedeu a Cerimônia de Adormecimento do Fogo.
O Venerável termina a sessão, todos saem, permanecem no
Templo apenas o Irmão Cobridor Interno, Mestre de Harmonia
e Arquiteto, sendo este o ultimo a sair do templo após
adormecer a Chama Sagrada o que fará em companhia do
Mestre de Cerimônias e 1° Experto que se colocam numa
posição a formar um triangulo. O Arquiteto fechará o templo
No Rito de Schröder ou Rito Alemão no centro do Templo há
um Tapete o qual contem todos os símbolos do Rito e que é
desenrolado no inicio dos trabalhos de uma sessão, sendo
enrolado no final com uma ritualística especial. Ao lado do
tapete junto às bordas estão três Colunas Dórica Jônica e
Coríntia de 90 cm a 120 cm em cima das quais estão três
círios, um em cada coluna.
Já antes do inicio da sessão deverá estar acesa uma vela fixa,
chamada de Luz do Mestre, no Altar do Venerável o qual
entregará ao Primeiro Diácono uma pequena vela que foi acesa

95
na Vela do Mestre. O Primeiro Diácono vai até o Altar do
Segundo Vigilante e acende sua vela e a seguir vai até o Altar
do Primeiro Vigilante e acende também sua vela. A seguir o
Primeiro Diácono segue pelo Norte e vai até o Altar do Primeiro
Vigilante e vai até a Coluna Jônica que está ao lado Tapete e
aguarda o Venerável que chega, em seguida e lhe entrega sua
pequena Vela. O Venerável acende com esta pequena vela o
círio da Coluna Jônica e diz “Sabedoria dirija nossa Obra”.
O Primeiro Vigilante acende o círio da Coluna Doria e dirá:
“Força, execute-a” e o Segundo Vigilante acende em seguida o
círio da coluna Coríntia e diz: “Beleza, adorne-a”. No final da
Sessão, O Venerável e os Vigilantes se colocarão junto às suas
colunas representativas já citadas, que estão localizadas nos
três cantos ao lado Tapete. Os círios vão sendo apagados e as
Luzes da Loja dirão: Primeiro Vigilante - “A Luz se apaga, mas
que, em nós atue o fogo da Força”. 2° Vigilante – “A Luz de
apaga, mas que fique, em torno de nós o brilho da Beleza”.
Venerável: – “A Luz se apaga, mas que, sobre nós continue a
brilhar a Luz da Sabedoria”
O Rito Brasileiro não nega que tenha emprestado as
cerimônias mais lindas dos demais ritos praticados no Brasil e
colocadas no seu ritual. Tem também a cerimônia do
acendimento das Luzes Místicas que é uma adaptação das
cerimônias usadas nos Ritos Adonhiramita e de Schröder,
mais simples, porem também muito bonita.
O Criador dos mundos emite continuadamente Sabedoria
Força e Beleza. Para nós Maçons compete apenas abrirmos o
canal espiritual para recebermos esta Energia. Uma vela dentro
da nossa ritualística, quando acesa funciona como um emissor

96
repetidor das vibrações mentais nela enfocadas e
concentradas. Enquanto estiver ardendo a chama estará se
repetindo o propósito pelo qual a vela foi acesa. Ela é, pois o
símbolo do Fogo Sagrado emitido pelo GADU.
Mas não esqueçamos que através tão somente do poder
mental que todos nós possuímos, verdadeira dádiva de Deus,
poderemos desde que nossa mente devidamente sintonizada
em ondas alfa ou teta, e programada para esse fim, conseguir
o mesmo efeito que uma vela acesa dentro de um Templo
maçônico. Tudo dependerá do grau de concentração no
Criador.
Mas de qualquer forma as velas sagradas usadas nas nossas
ritualísticas, tem um valor muito grande para que nossa mente
fique focada totalmente no GADU e a Maçonaria soube de
maneira tão profunda e linda, usar o poder mágico das Velas.
Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” –
Londrina – PR
Referências
ASLAN, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico da
Maçonaria Simbólica Vol. 4
BOUCHER, Jules - La Symbolique Maçonique
CASTELLANI, José – Liturgia e Ritualística do Aprendiz Maçom
CHARLIER, René Joseph – Pequeno ensaio da Simbólica
Maçônica
HOWARD, Michael - Uso mágico das Velas e seu significado
oculto

97
O NÍVEL E O PRUMO-SÍMBOLOS MAÇÔNICOS.

August 01, 2016

Na Maçonaria Simbólica, o nível e o prumo são símbolos que


representam o trabalho do maçom, como construtor do
universo moral e material.
Ambos estão relacionados com questões esotéricas e
filosóficas, trabalhadas pela Maçonaria.
O Nível é a ferramenta com a qual o profissional de construção
verifica se uma superfície está livre de arestas, já que para a

98
edificação de um alicerce seguro é fundamental para que uma
superfície esteja devidamente preparada.

O Prumo é o instrumento que permite aferir a inclinação da


parede que está sendo erigida, já que essa é uma condição
fundamental para assegurar a sua estabilidade.

Na simbologia maçônica, níveis e prumos são ferramentas que


simbolizam a igualdade que deve existir entre os Irmãos e a
retidão de caráter que deve ser a marca registrada do maçom.
Na tradição maçônica, a escolha do prumo para simbolizar a
retidão do caráter do Irmão tem a sua justificativa na visão do
profeta Amós, 7: 7,8, que diz: “ Mostrou-me também isto: Eis
que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e
tinha um prumo na mão. O Senhor me disse: Que vês tu,
Amós? Um prumo, eu disse. Então respondeu o Senhor. Eis
que porei um prumo no meio do meu povo de Israel; e jamais
passarei por ele.”

Essa visão significa que Deus colocou uma regra de conduta


para o povo de Israel, a qual deveria ser seguida estritamente
para que o povo escolhido se desenvolvesse reto como um
muro feito a prumo. E que jamais Ele (o Senhor) deveria ser
questionado quanto à retidão de seus preceitos.
Essa é a mesma regra colocada ao maçom. Seu caráter dever
ser reto como um muro erguido a prumo e sua fidelidade ao
Grande Arquiteto do Universo jamais pode ser contestada.
Essa é, inclusive, a oração de abertura da Loja de
Companheiro.

99
Há outra analogia que se pode fazer com a simbologia do nível
e do prumo. Na tradição maçônica é comum comparar-se o
universo material com a construção de um edifício, e este,
simbolizado pelo Templo maçônico (uma réplica do Templo de
Jerusalém), é, por isso mesmo um simulacro do cosmo. Por
isso, o mapa celeste, conforme visto pelos antigos hierofantes
caldeus e persas, geralmente são reproduzidos no teto dos
templos maçônicos.

Tudo isso significa que a prática maçônica no templo é um


exercício de construção cósmica, imitando nesse mister o
trabalho dos “Mestres do Universo”, que a Grande Tradição da
Cabala chama de Anjos Construtores.Enquanto esses
“Mestres” trabalham para construir o universo de cima (as
realidades celestes), seus Aprendizes, os homens, constroem
o universo de baixo (as realidades terrestres).
Em meio a esse processo existem os “companheiros”, que
representam uma etapa intermediária entre o Mestre e o
Aprendiz, que na Cabala são os anjos caídos, ou seja, aqueles
que traem o seu Mestre e procuram perverter os Aprendizes.
Essa alegoria cabalística tem a sua mais exata configuração no
ritual de passagem do Grau de Companheiro para o Grau de
Mestre, quando o os “traidores” são castigados e o
Companheiro é devidamente “resgatado” para a Obra
maçônica. (¹)

Nesse sentido, o nível e o prumo aparecem como importantes

100
ferramentas do labor construtivo que o maçom coloca em sua
obra. Com o nível se comprova a horizontalidade que ele
adquiriu em seu trabalho de construção do seu edifício
interno, ou seja, o seu caráter.
Da mesma forma, o prumo mostra que o edifício está perfeito
em sua verticalidade. Destarte, podemos relacionar nível e
prumo com os dois sentidos que a Maçonaria quer dar ao
edifício do caráter humano, ou seja, horizontal (energia Yin)
vertical (energia Yang).
Significa que o maçom deve crescer no sentido dos dois raios
que formatam o universo em sua expansão: extensão e
profundidade, que também lembra latitude e longitude,
simplicidade e complexidade, tempo e espaço etc., sendo o
prumo o eixo vertical que indica o sentido da ascensão ( em
direção ao espírito, o céu) e o nível o eixo horizontal, que
indica o sentido da extensão em direção aos quadrantes da
terra).

Diz a tradição que o Templo maçônico, que reflete o Cosmo, é


construído a prumo com o eixo do mundo, cujo centro é a
Estrela Polar. Dela desce um eixo imaginário, em torno qual o
universo todo gira.
No templo maçônico esse prumo estaria no centro da abóbada
e cairia perpendicularmente até o centro do retângulo da nave
onde se situa o Oriente, ou mais propriamente, no centro do
Altar do Venerável.

101
Assim sendo, o prumo poderia simbolizar o “Eixo do Mundo”,
ou seja, o instrumento pelo qual o Grande Arquiteto do
Universo esquadreja e erige o universo, de horizonte a
horizonte e de cima até em baixo.

Também na estrutura fisiológica do ser humano podemos


utilizar a simbologia do nível e do prumo para figurar o homem
em sua posição horizontal, que denota o equilíbrio, e o homem
na sua posição vertical, que significa a sua postura perante
todas as demais espécies, ou seja, a postura ereta.

(¹) Cf. Robert. A Franco Maçonaria. São Paulo, Ed. Ibrasa, 1999.
Veja-se também a nossa Obra “Mestres do Universo”, Ed.
Biblioteca 24x7-S.Paulo

102
O AVENTAL DE UM MAÇOM

August 03, 2016

Avental é a vestimenta do maçom e obrigatório é seu uso em


Loja, é símbolo de trabalho na construção do templo interior e
nas tarefas do aperfeiçoamento evolutivo.

Feito da pele de cordeiro, símbolo de humildade e devoção, o


do aprendiz tem cinco ângulos, correlaciona-se ao pentagrama
= homem; o triângulo sobreposto ao quadrado é interpretado
por alguns como a alma planando sobre o corpo físico,
formando o número sete, que é o numero perfeito, pois Deus
abençoou e amou o número sete mais do que todas as coisas
sob o Seu Trono, pelo que se deduz ser o homem o sétuplo
ser, a mais dileta das obras do Criador.

103
O avental constitui a super proteção aos chakras fundamental,
esplênico e umbilical, para diminuir as influências decorrentes
dos sentidos em relação ao sexo e às paixões emocionais,
expondo e ativando os chakras: cardíaco, no aprimoramento
dos sentimentos, laríngeo, impulsionando a criatividade, e
frontal, estimulando o raciocínio.

Nos antigos Mistérios o avental branco de pele de cordeiro ou


linho simbolizavam a pureza de propósitos nos procedimentos
em busca da realização dos ideais, sempre acompanhado por
um cinto, corda ou cordão = elo de ligação, para cingi-lo ao
corpo na altura dos rins.

Os Essênios entendiam que a pureza interior e a retidão no


agir eram notavelmente expressas pela aparência externa da
pessoa, talvez baseado nesse conceito Salomão sentenciava:
“Que o teu vestuário seja sempre branco”.

Afirma Pierson, em “Tradições da Franco Maçonaria”: “Todas


as estátuas antigas dos deuses dos Gentios, que foram
descobertas no Egito, Grécia, Pérsia, Hindustão ou América,
são uniformemente ornadas com o avental.

104
Daí podemos deduzir a antiguidade desse artigo da
indumentária.” Gn.3.= número indicativo da unidade = corpo,
espírito e Deus, e 7 = indica a perfeição evolutiva com a
plenitude dos chakras ativados, ou seja, todos os trabalhos
executados com justiça e perfeição, ativa a espiral evolutiva
pelo kundalini: “Então foram abertos os olhos de ambos, e
conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e
fizeram para si aventais”; assim, 3+7=10 número da totalidade
e plenitude, ou seja, o conhecimento = árvore da ciência do
bem e do mal.

Entendemos que cada ser humano possui o corpo =


vestimenta = avental, bem como as ferramentas necessárias =
talentos para a execução dos trabalhos em cada etapa das
tarefas evolutivas, nos diferentes campos de densidade e
planos de vibração.

Para os antigos, a parte mais importante era o cinto ou cordão


com o qual cingia-se o avental, pois que ele é símbolo dos
cordões: umbilical, que liga o homem à terra, o de prata, que
liga o homem ao espírito, e o de ouro, que liga o espírito ao Eu
Superior; ou seja, do Manto de Glória = personalidade à
vestimenta de Glória e Poder = EU SOU = Luz Divina.

Gn. 3:21 “O Deus eterno fez para Adão e sua mulher túnica de

105
pele, com as quais os vestiu”; pele, em hebraico, é “ainda não
luz”, ela é a experiência das trevas que prepara e precede a luz
= veste nupcial = tosão de ouro (cordeiro, símbolo da
inocência, e o ouro, o da máxima espiritualidade e glorificação)
= força suprema do espírito quanto à pureza da alma = o
Tesouro mais precioso.

Jó, 38:3 “Cinge os teus rins, como um homem valente, eu te


interrogarei e tu me instruirás”. Os Rins presidem a passagem
da água para o sangue, transmutando-se para o Espírito, e a
passagem do sal para o fogo, transmutando-se para a luz
(“Vós sois o sal da terra” “Vós sois a luz do mundo”); têm
forma de germe como os pés e as orelhas, são símbolo de
força e de fragilidade, desempenham papel importante no
desenvolvimento da paranormalidade, tanto no caminhar
evolutivo (pés) como no escutar (orelhas) a voz do coração =
intuição, eles participam da vida genital e estão na base da
realização do homem no seu processo de geração de si
mesmo, até o tornar-se Verbo.

Noé, ao entrar na Arca, deixa o mundo da água = dilúvio, para


penetrar o do sangue; determinado por Deus ele reuniu, “em
torno dos rins”, pode-se assim dizer, os animais = energias do
seu ser criado para desposá-los, tornar-se ele mesmo; ele
torna-se rico de seu sangue.

O Verbo se faz carne, Adão é Elohim no sangue; o homem é


soprado no seu NOME desde a origem, a fim de que se torne

106
Homem e volte a Elohim, o esposo. Em Qanah = adquirir,
cidade da Galileia onde houve o milagre ou mistério da
transformação da água em vinho = sangue, durante uma
cerimônia de casamento = aquisição de energias = unir-se
consigo mesmo = Divinas Núpcias, para depois unir-se ao
universo, Cristo num primeiro momento, o da união,
transforma a água em vinho, e na véspera de sua morte, na
última refeição, transforma o vinho em seu sangue, o qual
derramará sobre a Terra, recolocando assim em circulação no
corpo do homem o sangue de Abel.

Ez.I:26-27 “Havia, semelhante a uma pedra de safira, uma


espécie de trono e, bem no alto dessa espécie de trono, uma
aparência de homem. Vi que ela possuía o brilho da prata
dourada como se estivesse mergulhada no fogo, desde o que
parecia serem os seus rins e daí para cima, ao passo que
embaixo vi como que um fogo que espalhava o seu brilho em
todos os sentidos...

Era a imagem da Glória de Deus”; eis a descrição do Filho do


Homem que Ezequiel visualiza centrada nos rins. Wilmshurst,
em sua obra The Meaning of Masonry, diz: “A Maçonaria é um
sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um
aspecto externo e visível, consistente de seu cerimonial, de
suas doutrinas e símbolos, que se podem ver e ouvir, e um
aspecto interno, mental e espiritual, oculto sob as cerimônias,
doutrinas e símbolos, que só aproveita ao maçom capaz de se
valer da imaginação espiritual e de descobrir a realidade
existente atrás do véu do símbolo externo”.

107
O avental é, sobretudo, símbolo de trabalho e dedicação, para
transformarmo-nos de filhos de mulheres em Filhos do
Homem, auxiliados pelas instruções que são ministradas a
todos os Filhos da Viúva.

Antonio Luiz Morais, M.'. M.'.


ARLS Theobaldo Varoli Filho, n° 2699, G.'.O.'.S.'.P.'. - Brasil.

108
A “ETERNA” CONDIÇÃO HUMANA DE APRENDIZ

August 05, 2016

“O homem é uma ponte entre o menos-que-o-homem e o


mais-que-o-homem.”
F. Nietzsche
O poeta do Super-Homem, acima citado, deixou muitas
grandes verdades para a nossa reflexão.

O homem não é o ápice da Criação, ao menos não como ser


humano mortal e falível. Revestido de luz, compaixão,
perfeição e discernimento, ele se torna já quase outra criatura.

109
Ora, na classificação dos Sete Reinos da Criação, a
Humanidade representa o Quarto Reino, ou seja, ela intermedia
os Reinos inferiores e os Reinos superiores. Apenas isto já lhe
confere um expresso aspecto de transição e de instabilidade.

Uma das coisas que o homem mais exercita nesta condição, é


o seu próprio livre-arbítrio. Então, os esforços dos Mentores
espirituais, é tratar de orientar a humanidade a empregar a sua
liberdade de uma forma sábia e equilibrada, visando a própria
evolução. Porém, existem também as forças das Trevas, que
se esforçam na direção contrária.
A existência humana se dá entre estas potências espirituais,
que disputam este território relativamente neutral, embora os
esforços da luz sejam pela evolução humana e o respeito à sua
natureza.

De todo modo, todo o ser humano cônscio de quem é, dos


seus limites e potencialidades, fará um esforço próprio para
estar próximo das forças da Luz, sabendo que a escuridão se
lhe penetra facilmente. Para isto ele deve se valer de todos os
recursos disponíveis, a começar pela criação de um
meio-ambiente são que favoreça a expansão da alma, de
associados de boa índole e de um lugar próprio de culto ou de
meditação.
Uma coisa que ele deveria tratar de ter sempre em mente, é a
importância de salvar a sua própria alma, para além de atitudes
simbólicas (batismo, etc.) e crenças improváveis
(reencarnação, etc.).

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Ele deveria se esforçar para entrar na Senda, e assim começar
a garantir a sua própria liberação, inicialmente pela
intermediação dos grandes Seres, depois pelos esforços
próprios, e finalmente se capacitando a auxiliar ativamente os
mais necessitados.
Nas Ciências da Iniciação, dentro das verdadeiras Escolas de
Sabedoria, o iniciado apenas deixa realmente de ser um
aprendiz, quando alcança a Quinta Iniciação, tornando-se um
Adepto, um alquimista consumado, portanto. O nome dado a
este grau da Índia é Asekha, ou “não-discípulo”, isto é, um
Mestre. Cabe não confundir este título com o seu uso profano,
e nem com a função dos instrutores menores em qualquer
esfera.
As quatro iniciações anteriores, ditas “elementais”,
configuram o plano humano de evolução, cobrindo os planos
Físico, Emocional, Mental e Intuitivo. Na realidade, este quadro
não tem estado sempre disponível à todos, dependendo da
evolução humana e suas raças. No entanto, hoje já se pode ter
acesso a todos os planos humanos de evolução, porque a
humanidade está começando a viver a sua última raça-raiz.
De todo modo, é importante a todo o ser humano saber que,
até o final da sua jornada, ele será sempre um aprendiz. Todas
as conquistas humanas são importantes, mas nada disto faz
dele um ser liberado. De certo modo, podemos conceder ao
Arhat, ou ao iniciado de quarto grau, uma muito nobre
condição, porque este ser tem alcançado a primeira iluminação
e, com isto, obtido a imortalidade da sua alma ou consciência.

111
Eis que ele até poderá se julgar um mestre, como muita gente
que chega a bem menos também gosta de pensar sobre si
mesmo. Um imortal poderá pensar ele, é alguém que pode
desafiar a tudo e a todos, sem temor de morrer de todo (já a
morte física é inevitável e universal). Na prática, alguém que
chega a isto, já terá se refinado muito.

Mas esta condição ainda não faz dele um Mestre, pois os


Adeptos são muito raros, mesmo que eles também sejam em
maior número na nova raça. Como dissemos, a evolução
humana é dos Quatro Elementos, sujeitos por si sós a certa
volatibilidade e volubilidade. É preciso manter a conexão com
as Fontes, feita de forma direta e através da Hierarquia. Os
dois pólos são necessários: consciência e disciplina, de modo
que relaxar pode comprometer até o fluxo da energia que
parece tão poderosa no iluminado.

Mesmo sendo um iluminado primário, o Arhat ainda é um ser


humano porque pertence a este reino, estando daí sujeito a
oscilações de consciência. Verdade que ele já faz parte da
glória de Deus, porém ainda não é detentor de uma visão
maior, sendo isto sim uma pessoa que pensa mais como
indivíduo.

Ora, o verdadeiro Mestre, é um ser que adquiriu uma dimensão


coletiva, e que flui nele uma energia de síntese. Quando certas
pessoas-de-imaginação professam o “avatar coletivo” (o que
quer que isto signifique), elas não alcançam conceber que os

112
mestres são todos eles seres coletivos, no sentido de
existirem apenas para vibrar uma nota grupal de união e da
grandeza própria deste tipo de concerto social, demonstrando
que estes leis trazem sempre novas possibilidades para o ser
humano.
Assim, o mais provável é que, no dia em que for possível a
“difusão” da avatarização, ela já não será mais necessária
neste mundo.
Uma coisa, a saber, é que ser humano é estar sujeito ao
conflito. Jamais se resolverá de todo a sua situação, porque
ele tem a semente de Deus no seu coração, solidamente
plantada, e a não ser que ele se aliene de um modo ou de
outro, não pode aceitar os limites que a Natureza lhe impõe,
almejando, todavia, avançar até a suprema perfeição, seja o
que for que isto signifique. Ou seja, ele deve almejar cada vez
mais se aproximar de Deus e da verdade, e isto o levará à
auto-superação, a vencer limites, a desafiar as fronteiras
estabelecidas.

A condição do “eterno aprendiz” apenas é confortável quando


nos ajustamos à condição humana de uma forma pacífica,
assimilando os próprios limites com humildade e sem
abastardar as leis do céu e da terra, ou quando estamos
buscando evoluir de uma forma contínua e conseqüente, com
o apoio ativo das forças superiores internas e manifestadas.
De outra forma, ela se torna uma ilusão.
Cair também faz parte de todo o aprendizado, porém cabe
saber se levantar sempre, e buscar cada vez cair menos para
que a nossa jornada leve aonde ela deve levar.

113
Da obra “Vivendo o Tempo das Profecias”

114
O PAVIMENTO DE MOSAICO

August 08, 2016

A perfeição que buscamos, que aprendemos e que queremos


semear, só será alcançada quando cada um de nós parar de
frente ao PAV.'. MOSAICO e conseguirmos meditar e
compreender toda sua profundidade, toda lição que nos
transmite, toda força que traz em si, apesar de toda singeleza e
pureza, que na maior parte das vezes nos faz olhá-lo, como se
fossem meros ladrilhos pintados de branco e preto. Ledo
engano daqueles que assim agem e assim pensam.

O pesquisador Maçom Joaquim Gervásio de Figueiredo em


seu “Dicionário de Maçonaria”, define PAV.'. MOSAICO como
sendo “um dos ornamentos da Loj.'., composto por ladrilhos
ou quadriculados alternadamente brancos e pretos.

115
Simbolizam seres animados que decoram e ornamentam a
criação, bem como o enlace, de espírito e matéria em vida”.
Apesar de no antigo Egito o PAV.'. MOSAICO ser um lugar
sagrado, proibido de ser pisado e com forte apelo religioso, na
Maçonaria é o lugar por onde caminham todos os IIr.'.,
independente de Grau, sem ter ligação com qualquer religião,
pois ele não é o tapete sagrado ou o “santus santorum”, do
Templo de Jerusalém.
Ele está em Loj.'. para ser pisado com respeito e seus
quadrículos brancos e negros estão – ao serem pisados – para
lembrar que todos somos iguais, independentemente de credo,
raça e cor, e que deve haver simetria, perfeita harmonia entre
os homens.

Harmonia, eis algo difícil de ser alcançado. No mundo profano,


a harmonia parece cada vez mais distante. Porém, após ter
sido gerado na Câmara de Reflexões, o novo homem deve
buscar essa harmonia com maior afinco e com certeza, no
mundo maçônico, ela tende a se tornar mais acessível a cada
dia e a cada vinda à Loja.
A Loj.'. é um emblema da natureza, uma representação do
universo.
No Or.'., sob o Dossel que cobre o assento do V.'. M.'., no
centro do triângulo luminoso que tudo ilumina com a sua luz
resplandecente, brilha o misterioso G:., cujo verdadeiro
significado só é conhecido pelos Iniciados.

O G.'.A.'.D.'.U.'. em sua fantástica criação do mundo, espalhou


por toda sua obra contrastes e opostos, que dão o perfeito

116
equilíbrio da natureza. O dia e a noite, os mares e os
continentes, o frio e o calor, o sol e a chuva, as presas e os
predadores, a matéria e o espírito, enfim, a divina criação é
justa e perfeita com seus opostos, perfeitamente distribuídos e
cada qual com seus limites, como o PAV.'. MOSAICO, o chão
da Loj.'., que representa o Universo onde nós vivemos e
pisamos, com esses contrastes que se harmonizam.
E nossa luta pela harmonia se torna pior quando é travada
dentro de nós, seres humanos. O comportamento da
humanidade está repleto de opostos. O homem muda
parcialmente do branco para o preto e vice-versa.

A nossa luta constante em sermos o mais perfeito possível,


após sairmos da Cam.'. de RRef.'., a cada vez que nos
deparamos frente ao PAV.'. MOSAICO, nos lembramos do pior
dos nossos defeitos: a Ambição. A ambição de querermos
alcançar todos os Graus, a ambição de nos tornarmos
VV.'.MM.'., a ambição de termos e sermos ou nos
considerarmos melhor que o próximo, mais próximo o nosso
Ir.'., a ambição de nos aproveitarmos de um de nossos IIr.

Nesse sentido, coloco a todos a importância do PAV.'.


MOSAICO, que a mim constantemente tiro lições, aprendo e a
ele me rendo, face a sua harmonia, me ensina que a ambição
dos homens por uma parte, e pela outra, a vaidade, tem feito
da terra um espetáculo de sangue: a mesma terra, que foi feita
para todos, quiseram alguns fazê-la unicamente sua: digam os
Alexandres, os Césares, os Hitlers, outros conquistadores;
heróis não por princípio de Virtude, ou de Justiça, mas por um

117
excesso de fortuna, de ambição e de vaidade.

Esses mesmos, que tomados por si sós cabiam em um breve


espaço, medidos pelas suas vaidades, apenas cabiam em todo
o mundo: uma conquista injusta sempre começa pela
opressão dos homens conquistados e pelo destroço de uma
terra alheia.

O PAV.'. MOSAICO nos ensina exatamente o contrário, sermos


o que somos, mas, sem ambição, sem vaidade.
Caso o Ir.'. não tenha percebido, olhe atentamente para
o PAV.'. MOSAICO e deixe-o entrar dentro de si, sinta a sua
força, o seu poder, solte-se, não tenha medo, ele muito nos
ensinará, pois sua força e ensinamentos são infinitos.

O PAV.'. MOSAICO nos ensina que nascem os homens iguais,


um mesmo e igual princípio os anima, os conserva, e também
os debilita e acaba.

Somos organizados pela mesma forma e por isso estamos


sujeitos às mesmas paixões, e às mesmas vaidades.
Para todos nasce o Sol; a aurora a todos desperta para o
trabalho; o silêncio da noite anuncia a todos o descanso. O
tempo que insensivelmente corre e se distribui em anos,
meses e horas, para todos se compõe do mesmo número de
instantes.
Essa transparente região a todos abraça; todos acham nos
elementos um patrimônio comum, livre e indefectível; todos
respiram o ar; a todos sustenta a terra; as qualidades da água

118
e do fogo a todos se comunicam. O mundo não foi feito mais
em benefício de uns, que de outros; para todos é o mesmo; e
para o uso dele todos têm igual direito; ou seja, pela ordem da
natureza, ou seja, pela ordem da sua mesma Instituição.

Todos achamos no mundo as mesmas partes essenciais. Que


coisa é a vida, para todos mais do que um enleio de vaidades e
um giro sucessivo entre o gosto, a dor, a alegria, a tristeza, a
aversão e o amor? Tudo isso o PAV.'. MOSAICO nos mostra
claramente e nos ensina. Nós, é que não prestamos atenção ao
mesmo.

Quem imagina o que deseja, tudo pinta com cores lisonjeiras e


mais vivas; por isso a verdade é grosseira e mal polida; tudo
que descobre é sem adorno; antes faz desvanecer aquela
aparência feliz, com que os objetos, primeiro se deixam ver na
ideia, do que se mostrem na realidade.

Todas essas propensões e inclinações se encontram em cada


um de nós e assim devia ser, porque as variações do tempo,
da idade, da fortuna e dos sucessos a todos compreende, e a
todos iguala; só a vaidade a todos distingue, e em todos põe
um sinal de diferença e um caráter de desigualdade e por mais
que a terra fosse feita para todos, nem por isso a vaidade crê
que um homem seja o mesmo que outro homem.

O PAV.'. MOSAICO, em sua retidão, separa tudo isso, respeita,


não agride, é fundamental para a Maç.'., pois mostra
claramente que somos todos iguais e assim devemos nos

119
manter por mais que a tentação da ambição ou da vaidade nos
ataque.

Jamais seremos verdadeiros Maçons se dentro de nós houver


a vaidade, a ambição, a inveja, o interesse ou qualquer forma
de aproveitarmos da situação do próximo em nosso benefício.

Tirada a insígnia, o que fica é um homem simples; despida a


toga consular também fica o mesmo. Se tirarmos do capitão a
lança, o casco de ferro e o peito de aço, não havemos de achar
mais que um homem inútil e sem defesa, e por isso tímido e
covarde.
Os homens mudam todas as vezes que se vestem; como se o
hábito infundisse uma nova natureza: verdadeiramente não é o
homem o que muda, muda-se o efeito que faz em nós a
indicação do hábito.

Debaixo de um apresto militar, concebemos um guerreiro


valoroso; debaixo de uma vestidura negra e talar, o que nos
figura é um jurisconsulto rígido e inflexível; debaixo de um
semblante descarnado e macilento, o que descobrimos é um
austero anacoreta.

O homem não vem ao mundo mostrar o que é, mas o que


parece; não vem feito, vem fazer-se; finalmente não vem ser
homem, vem ser um homem graduado, ilustrado, inspirado, de
sorte que os atributos, sons que a vaidade veste o homem, são
substituídos no lugar do mesmo homem; e este fica sendo
como um acidente superficial e estranho: a máscara, que

120
encobre, fica identificada e consubstancial à coisa encoberta;
o véu que esconde fica unido intimamente à coisa escondida;
e assim não olhamos para o homem; olhamos para aquilo que
o cobre e que o cinge; a guarnição é a que faz o homem, e a
este homem de fora é a quem dirigem os respeitos e atenções;
ao de dentro não.

Este despreza-se como uma coisa comum, vulgar e uniforme


em todos.

A vaidade e a fortuna são as que governam a farsa desta vida;


cada um se põe no teatro com a pompa, com que a fortuna e
vaidade o põem; ninguém escolhe o papel; cada um recebe o
que lhe dão.

Aquele que sai sem fausto nem cortejo, e que logo no rosto
indica que é sujeito à dor, à aflição e à miséria, esse é o que
representa o papel de homem. Este compreendeu o sentido
do PAV.'. MOSAICO, este é o verdadeiro Maçom.

O Balandrau que usamos, tira de nós a aparência de riqueza,


do saber, da ambição, da vaidade, ao contrário de outras
vestes talares, nos iguala e nos mostra que somos todos
iguais, todos IIr.'., que independentemente de qualquer
posição profana, somos IIr.'. em todos os momentos, ligados
por uma união inquebrantável, como é inquebrantável o poder
e os ensinamentos do PAV.'. MOSAICO, que nos faz simples e
livres da vaidade, do poder, da arrogância, do elitismo, da
ambição, da inveja.

121
Nos une e nos mostra o caminho correto para trilharmos
juntos o bem, a caridade, a Igualdade, a Fraternidade e
principalmente a Liberdade, nos mostra com clareza ímpar que
a morte está de sentinela, em uma mão tem o relógio do
tempo, na outra a foice fatal e com esta, de um golpe certo e
inevitável, dá fim à tragédia, corre a cortina e desaparece.

Para nós, Maçons, a morte não assusta quanto mais nos


aprofundamos em nossos Graus, mais os despojamos das
coisas profanas e no momento final estaremos prontos e
despojados de todas as vaidades e luxúrias.

Sem o PAV.'. MOSAICO nada seríamos, nada aprenderíamos,


pois cada um de nós, ao sermos contemplados como
verdadeiros Maçons, saberemos, dia a dia, encontrar um
alento para nossas vicissitudes.
"Quando virdes um desvio num de nossos IIr.'., um erro que
significar um perigo para a sua vida ou um lastro para a sua
eficácia, falai-lhe com clareza, com a clareza do PAVIMENTO
MOSAICO. E vos agradecerá.

G.W.T. M.
TEXTO: Ir.'. George Washington T. Marcelino
Or:. de São Paulo – SP

122
LUZES

August 11, 2016

"Sapiencia est sanitas animi!" **


** "A sabedoria é a saúde do espírito !"
Cícero (106 a.C-43 a.C)
Ptolomeu Soter, o Ptolomeu I (323-285 a.C), primeiro dos
lágidas no Egito, há mais de 22 séculos, sabia, com certeza,
que era um projeto ambicioso a construção de uma biblioteca
“com todos os livros do mundo e com documentos de todos
os povos”. Entretanto, como naquele tempo (295 a.C) os
decretos reais existiam para ser cumpridos, a dinastia dos
Ptolomeu (Cleópatra foi a última linhagem) conseguiu o que
queria. Por vários séculos a Biblioteca de Alexandria foi o
quartel-general do florescimento cultural e científico da
Antiguidade que se seguiu à fundação da cidade por
Alexandre, o Grande, e às suas grandes conquistas.

123
A Biblioteca de Alexandria não foi só depósito de papiros e
pergaminhos. Em sua essência, era centro do saber como
instrumento da vida, que chegou a ter mais de setecentos mil
volumes, em rolos de papiros, distribuídos em duas seções:
uma no bairro de Bruchion e outra no Serapeion, inutilizados
pelas tropas de Júlio César, restaurados por Marco Antônio, e,
os últimos restos foram incendiados em 640 d.C por Omar I, o
Califa, que é lembrado por essa triste recordação e que morreu
assassinado por um árabe fanático.
Fundada pelos sucessores de Alexandre, que havia erigido a
cidade no auge do seu orgulho de conquistador adolescente, a
Biblioteca já nasceu grandiosa, e durante sete séculos nenhum
outro edifício do mundo reuniu tanta inteligência como o
Mouseion de Alexandria, consagrado às musas protetoras das
artes, das ciências e das letras. O Mouseion compreendia
jardim botânico e zoológico, uma escola de medicina, um
observatório astronômico, diferentes locais para trabalho e
pesquisa e uma biblioteca com centenas de milhares de
papiros e pergaminhos.
Os manuscritos da “biblioteca absoluta”, ou “biblioteca de
Babel”, e do prestigiado centro de pesquisas, continham
Euclides, (Sec. III a.C), o prodígio da Geometria, o astrônomo
Cláudio Ptolomeu, o maior dos filósofos da Escola de
Alexandria, Plotino (250-270 d.C), bem como a primeira
tradução grega do Velho Testamento, a Septuaginta, feita por
judeus conquistados por Alexandre.
A Biblioteca de Alexandria foi criada no século de Aristóteles e
entre o filósofo e a instituição houve o próprio Alexandre, seu
aluno. As sangrentas expedições do jovem general, com todo

124
o seu saldo terrível, serviram para expandir o pensamento que
geraria o que hoje chamamos de Ocidente. A sua inigualável
arrogância deixou este resultado histórico no primeiro
florescimento do Mediterrâneo. E a maior das cidades que
recebeu o seu nome pôde guardar todo o saber antigo e o
transferir para o milênio seguinte.
Entre os estudiosos se perguntam se as guerras civis do
Século III não houvessem destruído o conjunto arquitetônico
da Biblioteca, e se os cristãos não tivessem queimado o que
dela restava, teria havido a Idade Média? Dizem, alguns, que é
possível que sim: A Igreja, provavelmente, assumiria o acervo
e o manteria fechado. Afinal, ali se encontrava o sólido e
lógico sistema de pensamento do mundo pagão que, entre
outras coisas, colocava a verdade e a busca da verdade como
centro da razão. É imensurável o atraso no desenvolvimento
da nossa civilização provocado pelo desaparecimento da
Biblioteca de Alexandria.
As luzes do conhecimento estavam, todavia, com uma
instituição, que embora tenha como data de fundação o ano de
1717, mergulha suas raízes na remota Antiguidade
euro-asiática. Essa Instituição é a Maçonaria. Aos Maçons tal
assertiva não causa estranheza, pois têm consciência de que a
Maçonaria é estudo, um contínuo aperfeiçoamento do homem
para atingir a verdadeira sabedoria, pelos degraus da
tolerância, do amor fraternal, do espírito de pesquisa e
perseverança, tendo a mente livre de quaisquer preconceitos.
Ela é repositária de conhecimentos acumulados na longa
marcha da civilização e tem dado a sua contribuição à ciência,
à política e à sociedade como um todo. A Maçonaria é o

125
luzeiro da Humanidade!
A Ordem Maçônica abre a porta para a iniciação, para o
conhecimento e graças aos seus símbolos o Maçom pode
adquiri-lo, tornar-se uma das luzes e servir a Humanidade
através dos seus tradicionais objetivos: Praticar a mais
desinteressada filantropia; combater a ignorância, a mentira, o
fanatismo e a hipocrisia; professar para com todos a maior
benevolência; desenvolver entre os seus membros os nobres
sentimentos de amizade e tolerância; procurar fazer voltar ao
bom caminho aqueles que, por infelicidade, dele se vierem
afastar; promover a paz entre todos os homens e entre todas
as nações; fazer reinar o direito e a justiça; defender os
fracos contra os poderosos; lutar, lutar sempre para que a
Liberdade, Equidade e Amizade reinem por toda a parte; e,
enfim, exaltar o culto mais profundo à Família e a Pátria.

Os traços fundamentais do universo humano em que vivemos,


as formas de atividade que julgamos peculiares à nossa
civilização uma concepção clara e racional da Filosofia, da
Ciência, da Política e do Direito têm, indubitavelmente, a marca
da Maçonaria, que acumula conhecimentos legados desde os
primórdios da Antiguidade e, através dos seus membros os
difunde, porque ela é Universal e suas Oficinas se espalham
por todos os recantos da Terra, sem preocupação de fronteiras
e de raças.
Obras consultadas:
Charlier, René Joseph - Pequeno Ensaio de Simbólica
Maçônica Vida, Valmiro Rodrigues - Curiosidades - Volume I

126
Enciclopédia Barsa - Edição de 1967
O Estado de São Paulo - Jornal de 18.02.90
Jornal da Tarde - Jornal de 16.01.90
Ritual de Aprendiz - GLESP - NI.IN.TI
E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao CERAT
– Clube Epistolar Real Arco do Templo/Integra o GEIA – Grupo
de Estudos Iniciáticos Athenas/Membro do GEMVI – Grupo de
Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/Obreiro da ARLS
Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)

127
LIVRE E DE BONS COSTUMES

August 14, 2016

A partir do momento que alguém se torna Maçom, há de se


conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer.

Pode-se dizer que é um caminho sem fim. Ao longo dessa


caminhada há bons e maus momentos. Os bons deverão ser
aproveitados como incentivo, e os maus não poderão ser
motivo de esmorecimento e desistência da viagem iniciada.

A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçônicas, diz que


o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve talhar-se a si
mesmo para se tornar uma pedra cúbica.

128
É o início da sua jornada Maçônica. O nutrimento elementar
para a viagem é conhecido do Maçom desde nossa primeira
instrução recebida: A régua de 24 polegadas, o maço e o
cinzel.

Com o progresso, o Maçom vai recebendo outros objetos, tais


como o nível, o prumo, o esquadro, o compasso, a corda, o
malhete e outros. Os utensílios de trabalho, obviamente, são
simbólicos.

Todos os símbolos nos abrem as portas sob condição de não


nos atermos apenas às definições morais. E é com o
manuseio dessas ferramentas que se começa a tomar
consciência do valor iniciático da Maçonaria em nossa 3ª
instrução.

O espírito Maçônico ensina, aos seus adeptos, um


comportamento original que não se encontra em nenhum outro
grupo de homens. Se isso não for absorvido, não será um
bom Maçom, livre e de Bons costumes.

129
Livre e de Bons Costumes implica que, apesar de todo homem
ser livre na real acepção da palavra, pode estar preso a
entraves sociais que o privem de parte de sua liberdade e o
tornem escravo de suas próprias paixões e preconceitos.
Assim é desse jugo que se deve libertar, mas, só o fará se for
de Bons Costumes, ou seja, se já possuir preceitos éticos
(virtudes) bem fundamentados em sua personalidade.

O ideal dos homens livres e de bons costumes, que nossa


sublime Ordem nos ensina, mostra que a finalidade da
Maçonaria é, desde épocas mais remotas, dedicar-se ao
aprimoramento espiritual e moral da Humanidade, pugnando
pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o amor
fraterno, procurando congregar esforços para uma maior e
mais perfeita compreensão entre os homens, a fim de que se
estabeleçam os laços indissolúveis de uma verdadeira
fraternidade, sem distinção de raças nem de crenças, condição
indispensável para que haja realmente paz e compreensão
entre os povos.
Livre, palavra derivada do latim, em sentido amplo quer
significar tudo o que se mostra isento de qualquer condição,
constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou
restrição.

A qualidade ou condição de livre, assim atribuído a qualquer


coisa, importa na liberdade de ação a respeito da mesma, sem
qualquer oposição, que não se funde em restrição de ordem

130
legal e, principalmente moral.

Em decorrência de ser livre, vem a liberdade, que é faculdade


de se fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se
entende, de ir e vir a qualquer parte, quando e como se queira,
exercer qualquer atividade, tudo conforme a livre determinação
da pessoa, quando não haja regra proibitiva para a prática do
ato ou não se institua princípio restritivo ao exercício da
atividade.

Bem verdade é que a maçonaria é uma escola de


aperfeiçoamento moral, onde nós homens nos aprimoramos
em benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo
qualidades que os possibilitam ser, cada vez mais, úteis à
coletividade. Não nos esqueçamos, porém, que, de uma pedra
impura jamais conseguiremos fazer um brilhante, por maior
que sejam nossos esforços.
O conceito maçônico de homem livre é diferente, é bem mais
elevado do que o conceito jurídico. Para ser homem livre, não
basta ter liberdade de locomoção, para ir aqui ou ali. Tem
liberdade o homem que não é escravo de suas paixões, que
não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de fera
humana.

Não é homem livre, não desfruta da verdadeira liberdade, quem


está escravizado à vícios. Não é homem livre aquele que é

131
dominado pelo jogo, que não consegue libertar-se de suas
tentações. Não é homem livre, quem se enchafurda no vício,
degrada-se, condena-se por si mesmo, sacrifica
voluntariamente a sua liberdade, porque os seus baixos
instintos se sobrepuseram às suas qualidades, anulando-as.

Maçom livre, é o que dispõe da necessária força moral para


evitar todos os vícios que infamam, que desonram, que
degradam. O supremo ideal de liberdade é livrar-se de todas as
propensões para o mal, despojar-se de todas as tendências
condenáveis, sair do caminho das sombras e seguir pela
estrada que conduz à prática do bem, que aproxima o homem
da perfeição intangível.

Sendo livre e por conseqüência, desfrutando de liberdade, o


homem deve sempre pautar sua vida pelos preceitos dos bons
costumes, que é expressão, também derivada do latim e usada
para designar o complexo de regras e princípios impostos pela
moral, os quais traçam a norma de conduta dos indivíduos em
suas relações domésticas e sociais, para que estas se
articulem seguindo as elevadas finalidades da própria vida
humana.

A ideia e o sentido dos bons costumes não se afasta da ideia


ou sentido de moral, pois, os princípios que os regulam são,
inequivocamente, fundados nela.

132
O bom maçom, livre e de bons costumes, não confunde
liberdade, que é direito sagrado, com abuso que é defeito, crê
em Deus, ser supremo que nos orienta para o bem e nos
desvia do mal.

O bom maçom, livre e de bons costumes, é leal. Quem não é


leal com os demais, é desleal consigo mesmo e trai os seus
mais sagrados compromissos, cultiva a fraternidade, porque
ela é a base fundamental da maçonaria, porque só pelo culto
da fraternidade poderemos conseguir uma humanidade menos
sofredora, recusa agradecimentos porque se satisfaz com o
prazer de haver contribuído para amparar um semelhante.

O bom maçom, livre e de bons costumes, não se abate, jamais


se desmanda, não se revolta com as derrotas, porque vencer
ou perder são contingências da vida do homem, é nobre na
vitória e sereno se vencido, porque sabe triunfar sobre os seus
impulsos, dominando-os, pratica o bem porque sabe que é
amparando o próximo, sentindo suas dores, que nos
aperfeiçoamos.

O bom maçom, livre e de bons costumes, abomina o vício,


porque este é o contrário da virtude, que ele deve cultivar, é

133
amigo da família, porque ela é a base fundamental da
humanidade.

O mau chefe de família não tem qualidades morais para ser


maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque é
covardia, e a maçonaria não é abrigo de covardes, trata
fraternalmente os demais para não trair os seus juramentos de
fraternidade, não se desvia do caminho da moral, quem dele se
afasta, incompatibiliza-se com os objetivos da maçonaria.
O bom maçom, o verdadeiro maçom, não se envaidece, não
alardeia suas qualidades, não vê no auxílio ao semelhante um
gesto excepcional, porque este é um dever de solidariedade
humana, cuja prática constitui um prazer.

Não promete senão o que pode cumprir. Uma promessa não


cumprida pode provocar inimizade. Não odeia, o ódio destrói
só a amizade constrói.

Finalmente, o verdadeiro maçom, não investe contra a


reputação de outro, porque tal fazer é trair os sentimentos de
fraternidade. O maçom, o verdadeiro maçom, não tem apego
aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento
mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que
o bom maçom deve cultivar.

134
Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; os
verdadeiros maçons buscam o trabalho em que façam
destacar a maçonaria. O valor da existência de um maçom é
julgado pelos seus atos, pelo exercício do bem.

BIBLIOGRAFIA
Marcos Antonio Cardoso de Moraes
A.’.M.’.
Dicionário Aurélio – 1999
Ritual de Ap.·.M.·. do REAA
Adaptação do Texto Original do Ir.·. Nery Saturnino -
A.·.R.·.L.·.S.·. Amor e Fraternidade.

135
O GRANDE MISTÉRIO MAÇÔNICO

August 16, 2016

Tentam os profanos, de todas as formas, desvendarem os


segredos maçônicos. Utilizam sistemas e normas de
eliminação, culminando sempre com uma parafernália de
conclusões confusas, absurdas.
Nossa simbologia, a vista dos curiosos, torna-se
incompreensível. De forma esotérica buscam respostas, os
leigos, porem não as encontram. Interpelam IIr.’. que na
maioria das vezes se utilizam o silencio, norma quase sagrada
de nossa Instituição. A partir disso é difundida a Maçonaria
com seita satânica, intrusa Ordem que ataca as varias
religiões, um Clube congregando homens a se ajudarem
mutuamente. Tudo se fala, tudo se interpela e, na maioria das
vezes, em tudo se falha quando esbarram na Verdade Final.

136
Tentemos pois, IIr.’., decifrar-nos mesmo o que seria o nosso
maior Mistério… Seria um mistério nos congregarmos e formar
uma família universal? Poderia ser um mistério, nos
igualarmos uns aos outros, independente, da casta social ou
racial? Ou um mistério a nossa união em torno de um bem
comum, não só para maçons, como também para profanos?
É um mistério nossa crença num ser Onipresente, Onisciente,
Onipotente? É um mistério estendermos as mãos para os
necessitados sem que ninguém visualize essa ação? Ou seria
um mistério o despojar das vaidades com a busca incessante
da Verdade?
Quantos mistérios, quantas interrogações… A Maçonaria, na
essência, se reproduz por alegorias e símbolos. Na realidade
terrena se apresenta fincada em ações e participações
coletivas em prol da humanidade. Ela é justa com os justos,
perfeita com os perfeitos, todavia não se descarta os
ignorantes, os imperfeitos. Faz deles instrumentos para o seu
desenvolvimento, estudando-os, auxiliando-os. Nossa
confraria é uma Luz!
O ponto máximo da Maçonaria é o esclarecimento. Várias
tentativas são feitas pela Ordem, desde os tempos mais
remotos, com a finalidade de introduzir na Terra e seres
humanos, o sentimento de aprendizado, disciplina e pesquisa.
Nossa Confraria foi uma semente, tornou-se uma árvore e
agora, apresenta seus frutos a todos os seres do Universo.
Fruto do saber, com sabor de Verdade.

137
Qual seria então, na realidade, o nosso grande mistério?
Estaria ele ligado às monumentais construções do passado?
Poderia estar na língua dos filósofos do presente, e do
passado? Estaria na força dos magos? Em páginas de livros?
Não! O Grande Mistério Maçônico está na simplicidade que se
configura a palavra amor. O amor e respeito a tudo e a todos.
Não creio na existência de um mistério maior que o amor…
Reconhecemos a Ciência, se nela estiver contido um trabalho
salutar. Aceitamos o esoterismo desde que, baseado na
verdade. Reconhecemos todos os credos que tenham Deus
por princípio, meio e fim.
Como uma Confraria pode se dirigir a tantos ideais e
interesses, senão pela participação ativa junto à sociedade.
Como uma Ordem, dita diabólica, procura no Universo o
coração divino para o melhor entendimento das misérias
humanas? Na realidade seria necessária a existência de algum
mistério?
Não, pois não existe mistério algum, só o amor…

E o que é o amor?

Ir.'. Douglas Garcia Neto


Venerável Mestre
A.'.R.'.L.'.S.'. Madras GOB-SP/GOB

138
MAÇONARIA OPERATIVA VERSUS ESPECULATIVA -
RAGON X JORGE FERRO

August 18, 2016

Desde que Elias Ashmole e iniciados britânicos introduziram


novos rituais na Ordem Maçônica, esta se difundiu seu
esplendor pelos quatro cantos do globo com a rapidez de um
raio. Sob a batuta do Reverendo James Anderson em 1717
foram sancionadas na Inglaterra as novas constituições, agora
ditas especulativas em contrate com os regulamentos dos
maçons operativos que ergueram as catedrais e monumentos
que até os dias de hoje fascinam o expectador na Europa.

Foram eles também os construtores da vasta maioria das


edificações públicas das capitais européias e os encarregados
de sua reconstrução após catástrofes como os grandes
terremotos de Londres e Lisboa e, bem mais recentemente, a
Segunda Guerra Mundial, quando pequenos agrupamentos de
“operativos” foram identificados e chamados aos trabalhos de

139
“oficina”, pois só eles e somente eles - guardavam a sete
chaves os segredos da geometria sagrada.

Estes mesmos “pedreiros livres” cujas origens remontam à


Gália e às corporações do antigo Império Romano (quiçá às
corporações de obreiros da Alta antiguidade e, com certeza,
aos construtores da Índia durante os anos de magnificência de
seus impérios). Na obra “La Masonería Operativa” de Jorge
Francisco Ferro (Buenos Aires: Ed. Kier, 2008) é assinalada a
presença na Índia da “Ordem de Vishwakarma” (literalmente,
“O Grande Arquiteto do Universo”), composta por indivíduos
da casta artesanal dos “Vaishas”.

Os mesmos grêmios artesanais existiam na Turquia, Bulgária,


Servia (“Esnafs”). No império romano, sua matriz, eram os
“Collegia Romani”, anteriores à era cristã, mais precisamente
no reinado de Numa Pompilio (700 A.C.). Na Itália persistiram
por décadas como os “Magistri Comacini”. Corporações
similares se multiplicavam na Itália, na Inglaterra (York, Oxford,
Londres) e Alemanha. Este foi o substrato humano e material
que engendrou a maçonaria operativa.

Os ensinamentos e a importância dos operativos foi


desprezado por muito tempo. Era como se homens superiores
em conhecimento e sabedoria “especulativa e simbólica” não
pudessem se misturar a pobres e ignorantes operários que
grosseiramente viam uma pedra bruta como uma pedra bruta e
o malhete e o cinzel como reles instrumentos de trabalho
braçal. O incensado Ragon (deveras elogiado por Madame

140
Blavatsty) insinua que a arte das catedrais é inferior à obra
monumental de Milton (nada temos contra o Milton, mas, sim
contra a arrogância de Ragon) e considera os “operativos”
como ambiciosos e lacaios dos patrões.

Do alto dos seus elevados estudos maçônicos e com o tom


unificador e universalista que lhe foi peculiar Ragon sentencia
em sua “Ortodoxia Maçônica”:

“(...) a Franco-Maçonaria nada tem a ver, pois, com o pacto dos


maçons construtores”. Comentando alguns autores, aduz que:

“(...) Aqui se vê que a questão não foi sobre a arte material de


edificar cujos segredos se vulgarizaram, desde longo tempo, e
que são bastante inúteis ao franco-maçom (pois a arte de
construir não era sua profissão)”.

“(...) De outro lado, os maçons de profissão compreenderão a


linguagem dos maçons filósofos, tratando das altas ciências
ou dos mistérios antigos dos quais provieram? Deixemos
esses obreiros geometrizar e se instruir nas suas honoráveis
corporações, cuja meta é fornecer habitações aos ricos, que
lhe podem retribuir e consintamos que os franco-maçons
trabalhem nas Lojas, com zelo e gratuitamente, para o
aperfeiçoamento e a ventura da Humanidade, esclarecendo e
melhorando os seres humanos, pobres e ricos, fracos e
poderosos.

Uma é profissão material e compulsória, pois todo homem

141
deve ter uma situação para viver. A outra é o oficio que requer
devotamento freqüentemente oneroso e de uma abnegação
voluntária.

Todas as duas são honradas, mas não comparáveis: quem


ousaria, seriamente, colocar em termos de comparação o
plano em que se encontra traçada a magnífica Igreja de São
Paulo e o em que foi descrita a obra imortal de Milton - duas
obras primas, sem duvida, que, entretanto, seria extravagante
querer confrontá-las.

Quem impediria a Grande Loja da Inglaterra estabelecer s,


pouco a pouco, aquele traço de demarcação. Era seu dever.

Tendo-o faltado, ela arremessou para os séculos, uma


confusão que a dividiu e que não havia sido esclarecida, na
França. Desde o começo, ela deveria ter abjurado a trivial
denominação de “freemason” (mentirosa para os seus
membros) e adotado (se o orgulho nacional o tivesse
consentido) o nome Frances de franc-maçon, que não tem de
comum com o outro senão a terminação.

“Então, a divisão ficaria transparente e cessaria a


discussão”. O posicionamento de Ragon, felizmente, foi
contrariado pela historiografia moderna. Com efeito:

“A antiguidade do ritual operativo se sustenta na própria


evidência interna e em sua coerência, as quais constituem uma
das principais provas de autenticidade possíveis, possuindo

142
os critérios corretos de avaliação das mesmas.
Este ritual [dos operativos, N.T] possui referências ao culto às
estrelas em relação direta com a estrela polar, ao culto ao Sol,
expresso na saudação ao Sol Nascente, ao culto ao fogo
escondido sobre os lugares elevados, por meio dos
candelabros colocados sobre as três colunas da Loja, cada
uma das quais representa um dos três montes sagrados:
Moriah, Sinai e Tabor. Muitos destes elementos foram
conservados primeiramente por meio da tradição oral, a qual,
não se deve duvidar, existiu muito antes da história escrita, e
este é principalmente o caso quando se tratava de segredos
que não era legítimo colocar por escrito.
“Os mais antigos dos livros sagrados do mundo foram
conservados por meio da tradição oral antes de serem
escritos”.

“O ritual operativo é mais arcaico em suas formas e mais


completo que o ritual especulativo e contém instruções
práticas das quais o ritual especulativo só conservou ecos
distantes. Quase todos os ensinamentos especulativos podem
ser rastreados nas cerimônias operativas, mas muitos dos
ensinamentos operativos não possuem nenhum tipo de
correspondência com o ritual especulativo.
“Deste modo, muitas das cerimônias especulativas podem ser
explicadas a partir do ritual operativo, ao passo que nenhuma
das cerimônias operativas pode explicada pelo ritual
especulativo”.

Nos dia de hoje, rendemos tributo ao Senhor Ferro que não só

143
reabilita os operativos como revela o esplendor de escola das
escolas de pedreiros livres que antecederam as “landmarks”
do Século das Luzes. Que esta contribuição não seja nunca
mais olvidada e acresça ainda mais o patrimônio de todos nós,
maçons.
A/D

144
A IMPORTÂNCIA DO TEMPO DE ESTUDOS PARA O
MAÇOM ESPECULATIVO

August 19, 2016

O objetivo deste trabalho é tentar revelar a importância do


Tempo de Estudo em Loja, o qual pode servir como fonte de
reflexão e de exercício das virtudes valorizadas pela sublime
ordem. Ainda, procura causar, neste restrito tema, alguma
inquietação que provoque nos leitores (ou ouvintes) o gosto
pela especulação. Primeiramente, vamos retomar às origens
da maçonaria especulativa e o que vem a ser esse termo:
A Maçonaria Especulativa, também chamada Maçonaria dos
Aceitos, iniciou-se por volta do ano de 1717 da era vulgar e
perdura até os dias atuais. Os maçons que nos antecederam
eram predominantemente operativos e dedicados à arte de
construir, embora não negligenciassem os conceitos de
fraternidade e guarda dos segredos da Arte Real (Audi, Vide,
Tace). Os maçons aceitos levam esse nome, porque foram
aceitos entre os maçons operativos, mesmo sem possuir a
mesma profissão dos maçons ditos antigos, utiliza do
simbolismo das ferramentas operativas como forma de

145
desbastar a pedra bruta, que eternamente seremos, seja do
ponto de vista moral, espiritual ou intelectual.
O outro termo utilizado para designar os maçons modernos
merece uma definição vinda do dicionário, ou seja, o que é
especulativo, que vem de especular:
§ Especulativa: faculdade de especular.
§ Faculdade: poder de efetuar uma ação física ou mental■
capacidade.
§ Especular: estudar com atenção e minúcia sob o ponto de
vista teórico. Meditar, raciocinar.
§
Ser maçom especulativo significa ser observador, perceber os
princípios morais subjacentes aos símbolos e aplicá-los no
desbaste da pedra bruta e na construção de relacionamentos
humanos confiáveis, sinceros e leais. Isso é feito através do
estudo e da observação, tentando apreender a melhor forma
de construir uma harmoniosa e perfeita fraternidade. O que os
maçons especulativos fazem ultrapassa os limites de suas
Lojas. O maior trabalho de um maçom moderno é aplicar de
maneira prática e correta a sabedoria moral que, se espera,
venha adquirindo durante sua vida maçônica.
O maçom vai à Loja para especular, estudar e aprender e volta
ao mundo para trabalhar e aplicar o que aprendeu. O maçom
especulativo não é mais um construtor material como o eram
os mestres maçons operativos. Ele será, antes de tudo, um
homem moralmente sadio em busca da luz da verdade,
dedicado à construção do edifício moral próprio.

146
Símbolo maior disso é o Painel de Aprendiz, o qual devemos
ter marcado a ferro e fogo em nossa mente. Na mais bela
representação, segundo minha visão, vê-se o Aprendiz, meio
homem e meio pedra bruta, se lapidando com o uso do maço e
do cinzel.
Enquanto o Aprendiz segura o cinzel, instrumento de precisão
que desbasta a pedra bate-lhe com o maço, que é o símbolo da
força que sozinho não desbasta, apenas destrói. Nessa
alegoria vemos a construção de si mesmo, lapidando-se em
busca da utópica perfeição, cabível apenas ao G.’.A.’.D.’.U.’.,
mas a qual deve ser perseguida dos pontos de vista já citados
(moral, espiritual ou intelectual).
Se o maçom moderno deve ir à Loja para especular, estudar e
aprender creio que momento mais que oportuno seja o tempo
de estudo, ou, ¼ de hora (15 minutos). Entretanto, uma
reflexão sobre a nomenclatura é válida, pois o que temos é
tempo de estudo e não tempo de leitura. Para entender melhor,
vejamos as definições extraídas do dicionário:
§ Leitura: ação ou efeito de ler.
§ Estudo: trabalho ou aplicação da inteligência no sentido de
aprender uma ciência ou arte. Aplicação, trabalho do espírito
para empreender a apreciação ou análise de certa matéria ou
assunto especial. Ciência ou saber adquiridos à custa desta
aplicação. Investigação, pesquisa acerca de determinado
assunto.
É notório que as possíveis definições de estudo coadunam
justa e perfeitamente com o dever de um maçom especulativo,
que é especular, estudar e aprender e voltar ao mundo para
trabalhar e aplicar o que aprendeu. A especulação deve

147
ocorrer logo após a apresentação do trabalho, momento esse
muito rico no qual os irmãos podem contribuir para o
enriquecimento do trabalho ou até mesmo propor questões
para o irmão que trouxe o trabalho em Loja.
Quando um irmão tece comentários a respeito do trabalho, é
fato que enriquece o que foi exposto, mas também serve como
forma de promover o exercício da oratória, que se bem feita,
cria instantaneamente lideres, pelo simples fato de convencer
mediante argumentos.
Fazendo um paralelo com o Quadro de Aprendiz, quando
apenas lemos um trabalho e ninguém faz comentários, vamos
embora crendo que a forma como estamos manuseando o
maço e o cinzel é perfeita.
Por outro lado, as criticas e comentários nos impõem uma
reflexão a respeito do manuseio e nos ajudam a apurar a arte
do uso dessas ferramentas. Assim nos retiramos para o
mundo profano com uma visão diferente daquela inicial
quando da chegada na Loja.
Outro ponto sobre especulação a respeito do trabalho, que,
creio eu, deva ser feita de forma quase que exaustiva, está no
fato que essa prática vai de encontro à vaidade e ao encontro
da temperança.
A verdade é que quando alguém apresenta um trabalho em
público, o que se espera são os aplausos e as palavras de
agradecimento pelo belo trabalho exposto. Ninguém espera o
contrário. Aqui vale a pena citar uma frase do escritor
americano Norman Vincent Peale (1898-1993):
“O mal de quase todos nós é que preferimos sermos
arruinados pelos elogios a sermos salvos pelas críticas.”

148
O ser humano é vaidoso por natureza e, em geral, quando faz
algo pelos outros, o faz não pela ação em si, mas na esperança
de receber em troca o reconhecimento pela ação feita. A
vaidade, segundo o dicionário, é o “desejo imoderado e
infundado de merecer a admiração dos outros. Presunção mal
fundada de si, do próprio mérito”. Acrescento: vício vil!
Sendo assim, esse momento de embate no tempo de estudos
também é importante para ajudar a conter a vaidade e exercitar
uma das quatro principais virtudes de um maçom: a
temperança, a qual, segundo o dicionário é o “poder ou virtude
pela qual o homem pode refrear os apetites
desordenados”. “Parcimônia. Modéstia. Humildade”.
Empregamos a temperança no tempo de estudos quando da
forma como nos dirigirmos aos irmãos a respeito do assunto
sendo especulado, o qual por sua vez, mesmo que a vaidade o
instigue, deva usar a temperança para aplacá-la e tratar o
irmão como irmão.
Resumindo, creio eu ser o tempo de estudos momento único
no qual o conhecimento trazido pode ser especulado e
salutarmente debatido entre os irmãos, como forma de lapidar
a pedra bruta do ponto de vista intelectual (conhecimento e
reflexão) e moral (combate ao vício e estímulo às
virtudes). Assim, faremos valer a resposta à indagação: “O que
fazem em vossa Loja?”…”Levantam-se templos às virtudes e
cavam-se masmorras aos vícios”.
Termino este trabalho a respeito da importância do estudo e da
especulação com uma frase do escritor francês Bernard le
Bovier de Fontenelle (1657–1757):

149
“É verdade que não podemos encontrar a pedra filosofal, mas
é bom que ela seja procurada. Procurando-a, encontramos
muitos segredos que não procurávamos.”
Autor: Ivair Ximenes

150
QUEM FOI HIRAM ABIFF?

August 22, 2016

A maçonaria é uma entidade filosófica, com grande


envolvimento com a cultura e que se comunica com os seus
membros, preferencialmente por intermédio de símbolos.

Não se sabe ao certo qual é a sua origem; muitos historiadores


querem localizá-la há milhares de anos, nos tempos
pré-bíblicos, existindo muitas informações e também lendas a
este respeito, algumas dignas de fé, outras nem tanto.

É importante frisar que toda e qualquer discussão a respeito


da Ordem Maçônica sempre envolverá aspectos atinentes ao
rico e complexo simbolismo das suas movimentações,

151
normalmente hermético para o não iniciado na Instituição, o
que leva a especulações.

O nome Hiram Abiff é um destes nossos símbolos, cujos feitos


tornaram-se uma lenda (transmissão de eventos históricos por
via oral), como está registrado na Bíblia Sagrada , ou seja, sua
ligação com a construção do Templo de Salomão e a sua
morte em condições trágicas.

Tentarei esmiuçar estes relatos; neste texto, pela limitação do


espaço que é gentilmente concedido pela direção do jornal
DM, irei me ater, somente, à figura do homem Hiram e na
próxima semana tecerei considerações a respeito dos seus
feitos, principalmente a sua participação na construção do
Templo de Salomão e a causa da tragédia da sua morte.

Antes de tudo preciso deixar bem claro que os leitores


iniciados na Ordem Maçônica, tangidos pelo coração, sabem
quem foi e o que representa a legenda Hiram.

A busca da sua identidade material, que timidamente nos


propomos a fazer, transcende este impacto inicial e leva-nos à
procura de fatos históricos reportados no velho Testamento.
Inicialmente vamos verificar o que a Bíblia diz a respeito deste

152
personagem, conforme é do conhecimento de todos os
maçons, acrescentando o relato feito pelo Pastor da Igreja
Anglicana da Inglaterra, J.S.M. Ward, no seu livro "Who was
Hiram Abiff? - Quem foi Hiram Abiff?" publicado em 1925 em
Londres e posteriormente reeditado pela London Lewis
Masonic em 1986, que baseou suas pesquisas na Palestina,
quando comparou os relatos bíblicos com relatos profanos e,
principalmente, estudou as raças que habitavam a Síria e a
Ásia Menor na época da construção do Templo de Salomão.

Dentre outras publicações, foram consultados três outros


importantes livros The History of Freemasonry - A História da
maçonaria, de Albert Mackey, publicado pela primeira vez em
1881 e reeditado em 1996 por Random House Value Publishing,
N.York; (The Secrets of Solomon´s Temple - Os Segredos do
Templo de Salomão, de Kevin L. Gest. Gloucester, USA, 2007)
e o fabuloso (The Builders - Astory and study of freemasonry -
Os Construtores, a História e o estudo da maçonaria, de
Joseph Fort Newton, Virginia-USA, 1914. Está descrito na
Bíblia, (2 Crônicas 2:13-14) que Salomão, pretendendo levar
adiante a idéia de Davi, seu Pai, de construir um Templo em
louvor ao nome do Senhor e um Palácio para sua morada,
solicitou auxílio de Hiram, rei de Tiro.

Além da ajuda material (madeira de cedro, cipreste e pinho do


Líbano) Salomão pediu, também, que lhe fosse enviado um
"homem sábio", que provavelmente ele já sabia quem seria

153
para comandar a construção. O Rei Hiram enviou-lhe um
"comunicado", enaltecendo a sabedoria e a inteligência, do
seu indicado, um seu homônimo, que era Hiram Abiff.

Ainda se lê em (2 Crônicas 2:13-14), que neste mesmo


"comunicado" o rei Hiram faz uma descrição detalhada da
capacidade laborativa de Hiram: "Trata-se de um homem que
sabe trabalhar em ouro, em prata, bronze e ferro, pedra,
madeira, púrpura, jacinto, linho, escarlate, laura, todo gênero
de escultura e é capaz de inventar, engenhosamente, tudo o
que seja necessário para qualquer trabalho e trabalhará com
os teus artistas e com os artistas do teu Pai".

Em (I Reis) estão bem especificados os trabalhos


desenvolvidos por Hiram no Templo; são enumeradas todas as
obras por ele realizadas, com destaque para duas colunas de
bronze, que depois de construídas, ele as denominou de
Jaquim e Booz e estavam colocadas, respectivamente, à direita
e à esquerda da entrada do Templo, representando Judá e
Israel, os dois Reinos que foram unificados por David, pai de
Salomão.

Existem duas versões Bíblicas para a origem deste Arquiteto


Hiram Abiff; em (II Crônicas) esta escrito que ele era filho de
uma tribo denominada Dan, enquanto que em (I Reis) ele é tido
como filho de uma mulher viúva, originaria da tribo de Naftali.

154
Se consultarmos os tratados de arqueologia, iremos verificar
que estas duas tribos, Dan e Naftali, estavam situadas nas
redondezas de Tiro. Para dar mais veracidade a esta afirmativa,
deve-se salientar que as duas versões Bíblicas afirmam que
Hiram teria sido um homem que morava na cidade de Tiro.

Este relato é muito significativo porque Tiro era um dos


centros de trabalho da região de Adonis, portanto um local de
conglomerado populacional. Os testemunhos conflitantes
acerca da identificação da tribo a que sua mãe pertencia, pode
ser explicável pelo fato de que talvez ela não fosse uma judia
propriamente dito, porém era oriunda de outra tribo de difícil
localização nos mapas atuais. Aos olhos da maioria dos
historiadores é interessante manter a afirmação de que o
grande Arquiteto do Templo de Salomão tinha sangue judeu
nas veias.

Dentro dos conhecimentos atuais, talvez devêssemos


considerar que ela realmente pertencia a uma tribo
denominada "Dan", senão vejamos: "Dan", naquela época, era
dividida em duas sessões; uma de pequena dimensão que era
separada da parte principal e estava localizada à direita da
tribo de Naftali e entre os seus vizinhos fenícios, os habitantes
dessa sessão seriam considerados como oriundos de uma
tribo da fronteira, sem uma especificação correta, até pelas

155
dificuldades topográficas e de localização.

É necessário salientar que a maioria das pessoas daquela


época, nasciam e morriam em um mesmo lugar, sem nunca
arriscar uma viagem mais longa e a comunicação era
exclusivamente verbal. Por onde ela passou, justamente a tribo
que os judeus mais conheciam, que era a tribo Fenícia,
denominada de Nafftali, dá-nos a impressão de que a mãe de
Hiram Abiff era viúva (Reis 1:7-13); baseado nestas
observações, os maçons estão acostumados a se
denominarem de "filhos da viúva", uma vez que consideramos
Hiram Abiff nosso irmão.

Não há dúvida de que o pai de Hiram era um Fenício de quem


aprendeu a profissão. Está claro que o maior número de
trabalhadores que ele requisitou, quando foi chamado para
construir o Templo de Salomão, são os Fenícios que ele
conhecia. Definida a sua origem, podemos discutir o porquê
do seu nome.

O nome Hiram Abiff ainda causa controvérsia entre os


estudiosos da maçonaria e das escrituras sagradas; parece
que Abiff não seria, propriamente, parte do seu nome, pois Ab
em Hebreu significa (Pai), a letra (i) teria o significado de (meu)
e (if) significa, também, (meu), portanto o nome Hiram Abif
deveria ser traduzido por (Hiram, meu pai).

156
É necessário acrescentar que entre os Hebreus a expressão
(Pai) significava uma honraria, pessoa proeminente a ser
assim nominado, podendo significar, também, (Hiram, meu
conselheiro), como afirma o Dr. Mc Clintock (citado no livro
"The History of Freemasonry".

É interessante salientar que em (I Reis), não é feita referência a


este segundo nome de Hiram, sendo encontrado somente em
(II Crônicas).

Na verdade, para a maçonaria, o nome Hiram é o representante


abstrato da ideia de um homem trabalhando no Templo da
humanidade, cavando masmorras ao vicio e construindo
catedrais à virtude e contentamos em nominá-lo "O Arquiteto",
o pedreiro que construiu o Templo de Salomão.

O Ir.’. Hélio Moreira é membro da Academia Goiana de Letras,


Academia Goiana de Medicina, Instituto Histórico e Geográfico
de Goiás e do Conselho Federal da Ordem do Grande Oriente
do Brasil

157
O RAMO DE ACÁCIA

August 25, 2016

Quem me conhece sabe que não sou dado a grandes


explicações simbólicas, nem tão pouco tenho seguido a via do
esoterismo.

Acredito que as coisas têm um fundamento e que esse


fundamento poderá ser encontrado na História, nos Usos e
Costumes, ou em Livros Sagrados.

O que fazemos com as coisas pode derivar da interpretação


dada, tenha ela sido a mais correta ou não, ou simplesmente
diferente.

Hoje decidi pegar na Acácia.

158
A Maçonaria elegeu como um dos seus símbolos a Acácia,
outros, e apenas a título de exemplo, são o Esquadro e o
Compasso.

Por que a Acácia e não o Cedro? Sabemos pela tradição e pela


História que estas madeiras foram usadas no Templo de
Salomão, base simbólica da Maçonaria Especulativa tal como a
conhecemos atualmente.

Aliás, o Cedro é muito mais mencionado como material de


construção do Templo que a Acácia, mas não é utilizado na
simbologia Maçônica.

E a Acácia, ou mais propriamente o Ramo de Acácia (Inglês:


Sprig; Francês: Rameau) passou a ser claramente um símbolo.

As primeiras referências à Acácia aparecem no Antigo


Testamento no Livro do Êxodo. Aqui Deus determina que seja
esta a madeira e não outra a que será utilizada para a
construção da Arca a Aliança onde estão depositadas as
Tábuas da Lei, bem como para a construção da mesa Para os
Pães da Preposição e outros objetos de culto utilizados
naquele que foi na verdade o primeiro Templo.

Não um templo de pedra como o que o rei Salomão constrói


(ou manda construir), mas um templo móvel que era erguido
nos acampamentos do Povo Judeu.

159
A estrutura deste Templo Móvel é depois emulada por Salomão
para a construção do Templo em Jerusalém, respeitando as
proporções e os compartimentos. Nesse Templo foi
depositada a Arca da Aliança e os demais objetos de culto.

Ora o Templo era revestido a cedro, mas os Objetos de Culto


em Acácia.

O termo hebraico é Shittah e pensa-se que referencia a espécie


de Acácia hoje conhecida por Nilotica ou Seyal. Sendo que na
região também existem a Albida, Tortilis e Iraqensis.

Mas esta referência é à madeira de Acácia. Todavia como já


disse antes o Símbolo é o Ramo de Acácia.

E as referencias ao Ramo de Acácia aparecem também


relacionadas com os Hebreus, mas não com o Templo.

De entre as tribos do Povo Judeu uma originou a linhagem dos


Sacerdotes. Primeiro no Templo móvel e depois no Templo de
Jerusalém. Ora por uma questão religiosa estes Sacerdotes
não podiam aproximar-se de cadáveres humanos e por
consequência das respectivas campas.

Na altura os cemitérios não estavam tão organizados como


atualmente e os defuntos eram inumados nos terrenos fora
das cidades, mas muitas vezes sem critérios de localização.
Ora isto representava um problema para os Sacerdotes, pois
para cumprirem os preceitos religiosos tinham que saber onde

160
estavam essas campas.

Como sabemos a Acácia é considerada em muitos sítios uma


praga, pois precisa de poucos recursos para viver e em caso
de incêndio é a primeira planta a aparecer, não deixando que
as espécies autóctones voltem e assim causando
desequilíbrios ambientais.

Esta característica seguramente levou a que as campas


passassem a ser marcadas com um Ramo de Acácia para
assim serem facilmente reconhecidas pelos Sacerdotes.

Daqui à Lenda de Hiram é um passo, pois a lenda situa no


espaço e no tempo a estória da morte de Hiram, espaço e
tempo que são os que acabo de referir, Jerusalém na época da
construção do templo.

Na Lenda Hiram é assassinado e o seu cadáver enterrado fora


da cidade para encobrir o crime. Todavia a regra mandava
marcar a sepultura com um Ramo de Acácia.

Temos aqui a ligação.

Hoje o ramo de acácia continua a ser usado como símbolo,


sendo que e tanto quanto consegui perceber é o Ramo da
Acácia Nilotica ou Seyal, ou eventualmente o da Acácia
Robinia.

Ficam aqui as imagens de cada um deles e cada um de vós

161
que tire as conclusões.
José Ruah

162
O PAVIMENTO MOSAICO

August 28, 2016

Primeiramente, o que é mosaico? Ao contrário do que muitos


já registraram mosaico não tem origem em Moisés. Conforme a
etimologia dessa palavra já confirmou, sua origem é a mesma
da palavra “museu”. Mosaico é o trabalho feito através da
união de diferentes pedras.
Em Loja, diz-se que o Pavimento de Mosaico, constituído de
pedras brancas e pretas, simboliza a diversidade do ser
humano, mas sempre levado à dualidade das forças: bem e
mal, rico e pobre, sábio e ignorante saudável e doente, virtude
e vício, feliz e triste. Muitos autores concordaram sobre isso.
Será que essa é a verdadeira interpretação?
Também se diz que o Pavimento Mosaico está presente em
nossos templos porque assim era o piso do Templo de
Salomão. Será mesmo verdade?
Outra importante questão sobre o Pavimento Mosaico é quanto
ao seu formato. Qual é o correto? Aquele pequeno retângulo
na área do Altar dos Juramentos, ou todo o piso da Loja?

163
Para encontrar as respostas corretas para tais
questionamentos, deve-se por um momento esquecer-se dos
nossos Rituais atuais e voltar os olhos para a história:
Mosaicos faziam parte da arte e da arquitetura romana. Tem-se
no livro João, Capítulo 19, versículo 13, que os julgamentos do
governante romano Pilatos ocorriam em um lugar chamado
pelo termo grego de “Litóstrotos”, e em hebraico chamado de
“Gabatah”. Litóstrotos significa calçado por pedras, e Gabatah
significa pavimento. Plínio utilizava o termo Litóstrotos para se
referir a um Pavimento Mosaico.
Convencionou-se imaginar que o “Santo dos Santos” do
Templo de Salomão, por também ser um local de juízo, possuía
um Pavimento Mosaico.
Essa teoria não tem fundamentos na Bíblia, onde consta que
todo o piso do Templo era de madeira de cedro, mas é baseada
em uma breve passagem do Talmud, que permite uma
interpretação de que os lugares mais sagrados dos templos
tinham o Pavimento Mosaico. As escrituras e tradições
também dão notícia de que o Santo dos Santos, mais alto do
que o restante do Templo era delimitado por véus com franjas
e borlas (almiazar). Franjas e borlas eram usadas em sinal de
respeito e devoção na época. Por borlas, entende-se um
adorno pendente. Uma herança dessa tradição ainda está
presente, por exemplo, nos populares lenços palestinos.
Até o final da Idade Média, não se sabia quais as cores desses
antigos Pavimentos Mosaicos. Porém, no século XVI, o Rei
Henrique VIII autorizou a confecção de um bíblia em inglês,
surgindo então a chamada “Bíblia de Genebra”, por ter sido
feita naquela cidade. Essa versão traduzida trazia como

164
novidade diversas ilustrações. Entre elas, a do Templo de
Salomão, que era ilustrado com um Pavimento Mosaico de
quadrados intercalados em preto e branco.
É evidente que não havia outra forma de ilustrar um pavimento
colorido, pois a impressão na época era apenas em preto e
branco. Porém, com pouco tempo a visão do Pavimento
Mosaico do Templo de Salomão em preto e branco firmou-se
como realidade. Dessa forma, quando do surgimento dos
templos maçônicos, inspirados no Templo de Salomão, o
Pavimento Mosaico em preto e branco foi adotado.
Enfim, as cores não tinham a simbologia da dualidade das
forças. As cores eram apenas porque essa era a ideia que se
tinha do piso do Templo de Salomão. O próprio Mackey, um
dos maiores escritores sobre maçonaria de todos os tempos,
confessou isso em sua Enciclopédia Maçônica, declarando
que, apesar de equivocada, é adequada a interpretação do
Pavimento Mosaico como a dualidade entre o bem e o mal.
Você pode estar se perguntando: “E a Orla Dentada?” Essa é
uma questão interessante. Quando do registro dos primeiros
rituais em inglês, o que era uma orla (borda, margem) com
franjas e borlas (adornos pendentes) nas extremidades…
tornou-se simplesmente “indented tessel” que, em tradução
livre, significa “orla dentada”. Mas o que seria então uma
verdadeira “orla dentada”? Trata-se do que hoje vemos sobre
o trono do Venerável Mestre, em que a borda da cobertura do
trono possui “dentes” com franjas, sendo comum atualmente
serem feitos de gesso.
Como se sabe, os primeiros templos maçônicos eram planos e
sua ornamentação precária. Por esse motivo, o retângulo onde

165
se encontra o Altar dos Juramentos, o qual simbolicamente
representa o Santo dos Santos, não era elevado, o que impedia
de se ter uma Orla Dentada real.
Por isso, a Orla Dentada precisava ser desenhada ou pintada
no chão, ao redor do Pavimento Mosaico. Com o tempo e a
forte presença do triângulo na simbologia maçônica,
convencionou-se desenhar os “dentes” da orla em formato de
triângulos, e assim surgiu o que atualmente se vê na maioria
dos templos maçônicos espalhados pelo mundo.
Nos Ritos que adotam o Pavimento Mosaico como um
retângulo central, os maçons não devem pisar no Pavimento, a
não ser aquele que irá abrir e fechar o Livro da Lei, assim
como ocorria no Santo dos Santos, onde apenas o Sumo
Sacerdote podia ingressar e para realizar um fim específico
relacionado ao GADU. A circulação então é feita em ângulo
reto, tendo como parâmetro o Pavimento Mosaico.
Já no REAA, prevaleceu o entendimento de que todo o piso do
Templo de Salomão era um Pavimento Mosaico, baseado nas
ilustrações medievais. Por isso, todo o piso nos templos do
REAA é em mosaico alvinegro, e a Orla Dentada, que circula
todo o pavimento, está representada pela “Corda de 81 nós”,
da qual pendem 04 borlas nos 04 cantos do Templo. Porém,
com a perda de tal compreensão e do conhecimento da origem
de tais símbolos, além da influência de outros Ritos, é comum
encontrar templos do REAA no Brasil que possuem o
Pavimento Mosaico restrito ao retângulo central, constituído
também de Orla Dentada, ao mesmo tempo em que vemos a
Corda de 81 nós sobre as colunas zodiacais, algo totalmente
redundante. Onde se vê Orla Dentada não deveria existir Corda

166
de 81 nós, e vice-versa. Dessa forma, não é de se surpreender
com as dezenas de significados inventados para cada um
desses símbolos:
Rizzardo da Camino chegou a escrever que o Pavimento
Mosaico representa a união das doze tribos de Israel, os
dentes da Orla Dentada são os planetas que giram no Cosmos,
e que a Corda de 81 nós absorve as vibrações negativas e as
transforma em positivas. Castellani preferiu escrever que o
Pavimento Mosaico representa a mistura de raças, a Orla
Dentada é a união dos opostos, e a Corda de 81 nós representa
a comunhão de ideias e objetivos de todos os maçons, tendo
suas borlas o papel de representar que a Maçonaria é
“dinâmica e progressista”. Não somente discordaram um do
outro como suas suposições estavam erradas.
Apesar de esses dois grandes autores discordarem um do
outro em suas teorias, eles têm algo em comum: criatividade.
Autor: Kennyo Ismail

167
NOTA RECEBIDA PELO BLOG ARTE REAL – TRABALHOS
MAÇÔNICOS

August 30, 2016

Gostaria de me desculpar por fugir um pouco da finalidade do


blog, mas o motivo é para lá de justificável.
Foi com muito orgulho que recebemos, através de um e-mail,
uma mensagem que nos foi enviada pelo Irmão Rui Bandeira,
membro da Loja Mestre Affonso Domingues, Grande Loja
Legal de Portugal/GLRP, um dos administradores do blog
maçônico “A Partir Pedra”. O motivo dessa felicidade é que o
autor da mensagem pode ser considerado, como um dos
maiores escritores maçônicos da língua portuguesa.
Segue, na íntegra, a nota recebida.
“O blog Arte Real - Trabalhos Maçônicos é administrado pelo
Irmão Paulo Edgar Melo, Mestre Instalado da Augusta e
Respeitável Loja Simbólica Cedros do Líbano, n.º 1688 do
Grande Oriente do Brasil, que trabalha no Rito Escocês Antigo
e Aceite, ao Oriente do Rio de Janeiro.

168
Este blog foi, assumidamente, criado "para divulgar trabalhos
Maçônicos de Irmãos". Publica, assim, textos de diversas
proveniências e inéditos (não anteriormente publicados) de
maçons que chegam ao conhecimento do seu administrador.
Publica-se há cinco anos (desde julho de 2011), com
assinalável regularidade - 1.451 textos até a data de elaboração
deste texto, à média de 290 textos por ano, ou seja, mais de
cinco textos por semana, em média.
Com esta frequência e quantidade de textos, naturalmente
que nem sempre há ópera, mas a qualidade média dos textos é
muito interessante e a variedade dos temas abordados muito
rica.
Como é natural, essencialmente os textos publicados são
originários de maçons brasileiros, mas o administrador do
blog, de quando em vez, também divulga alguns textos
originalmente publicados aqui no A Partir Pedra.
Os textos dedicados a questões rituais permitem avaliar as
especificades da ritualística brasileira, o que é particularmente
interessante e instrutivo para os europeus que sigam o blog.
É um blog interessante de visitar e de espreitar. Por vezes -
com agradável frequência - deparamos com textos muito
interessantes de ler, analisar e, sobretudo, meditar sobre eles.
Outras vezes encontramos textos mais simples, o que não é de
admirar, por se tratar de blog que publica muitas pranchas de
maçons de vários graus e destinadas à leitura em vários graus,
por regra no grau de Aprendiz.
É um bom blog de divulgação, que regularmente publica
algumas pérolas merecedoras de especial atenção.

169
O trabalho de recolha e publicação do Irmão Paulo Edgar Melo
é merecedor de encômios.
É um blog que, com gosto e interesse, acompanho
regularmente e que recomendo seja acompanhado por quem
se interessa pela Arte Real”.
Rui Bandeira
Paulo Edgar Melo

Membro da ARLS Cedros do Líbano, 1688 – Miguel Pereira/RJ -


GOB

170
O SALMO133 E O PODER DA EGRÉGORA

September 01, 2016

A primeira referência que um maçom encontra ao participar de


uma seção em Loja Simbólica é o salmo 133.

Esse salmo, que é chamado “cântico de romagem de Davi”


supostamente teria sido composto pelo famoso rei de Israel,
quando se encontrava sitiado por tropas inimigas e precisava
dar aos seus comandados uma âncora que os mantivesse
unidos e lhes proporcionasse a confiança necessária para
lutar pela sua pátria e a sua crença.

O fato de os maçons terem adotado essa oração para ancorar


a abertura de seus trabalhos em Loja de Aprendizes se explica
pelo fato de a Maçonaria estar centrada em três fundamentos
básicos que lhe dão suporte e fundamento.

171
O primeiro é a ideia que está no núcleo central da sua própria
existência como instituto cultural. Essa ideia é a de que uma
ordem social perfeita só pode alcançada quando há pessoas
com espíritos adequadamente preparados para implantá-la e,
principalmente, para defendê-la e preservá-la.

Essa ideia só pode ser realizada através da união entre as


pessoas mais preparadas e comprometidas com a ordem
social. É uma união que se faz “interpares” e que se realiza
através da estratégia da Confraria. É nesse sentido que a
invocação ao Salmo 133 realiza esse propósito:

“Como é bom e agradável viverem Irmãos em harmonia. É


como o óleo precioso, que unge a cabeça de Aarão, do qual
escorrem gotas para sua barba, e daí para suas vestes. É como
o orvalho do Hermon, que vem cair sobre as montanhas do
Tsión, como bênçãos ordenadas pelo Eterno. Sejam elas
perpetuadas em sua vida”.

Isso quer dizer que todos os maçons são iguais e entre eles
deve reinar a harmonia. Por isso, a virtude da Confraria, que se
traduz na congregação dos Irmãos reunidos em Loja se realiza
no simbolismo desse salmo, que consagra a união fraternal.
Na luta por um ideal, no respeito por uma crença, na confiança
da realização de um objetivo.

172
A Cadeia da União O segundo fundamento é a prática que
resulta da aplicação da Cadeia da União. Essa prática concita
os membros da Confraria maçônica a se unir para servir a
sociedade, como se esta fosse a sua própria família. Aqui está
implícita a virtude da Fraternidade, que é outra divisa
consagrada pela Ordem.

É esse espírito fraterno, simbolizado no próprio ambiente


gerado pela Loja que resulta em uma egrégora, captando e
distribuindo entre os Irmãos a energia que ali circula. Daí a
oração final, de encerramento das seções, fechando a Loja
Simbólica. ■ Ó Gra .·. Arq .·. do Univ.·., fonte fecunda de Luz,
de Felicidade e Virtude, os OObr.·. da Arte Real, congregados
neste Augusto Templo, cedendo aos movimentos de seus
corações, Te rendem mil graças e reconhecem que a Ti é
devido todo bem que fizeram. ■ Continua a nos prodigalizar os
Teus benefícios e a aumentar a nossa força, enriquecendo as
nossas CCl .·. com OObr.·. úteis e dedicados. ■ Concede-nos o
auxílio das Tuas Luzes e dirige os nossos trabalhos á
perfeição. Concede que a Paz, a Harmonia e a Concórdia sejam
a tríplice argamassa com que se ligam as nossas obras.

E por fim a instituição, que é a própria organização conhecida


como Maçonaria, pessoa jurídica organizada a nível
internacional, que congrega milhões de cidadãos em todas as

173
partes do mundo, irmanados por uma promessa, um código de
conduta, uma tradição mística e um ideal comum, que é a
defesa da Liberdade, da Igualdade entre as pessoas e a
Fraternidade entre os povos do mundo.

Essa proposta está consagrada nas palavras finais de


encerramento dos trabalhos da Loja Simbólica do Aprendiz,
através da pergunta feita pelo Venerável Mestre ao Primeiro
Vigilante e da consequente resposta deste: ■ VEN.·. Para que
nos reunimos aqui? ■ 1º VIG .·. Para combater o despotismo, a
ignorância, os preconceitos e os erros. Para glorificar a
Verdade e a Justiça. Para promover o bem-estar da Pátria e da
Humanidade, levantando templos á virtude e cavando
masmorras ao vício.

Essa tradição está fundamentada na Bíblia. Em Êxodo, 28, 1:2,


encontramos a informação de que Moisés consagrou o
Tabernáculo na forma como o Grande Arquiteto do Universo
lhe havia ordenado, santificando depois a Aarão e seus filhos
como primeiros Sumos Sacerdotes de Israel.

Depois espargiu sobre a cabeça de Aarão o óleo precioso, que


escorreu para suas vestes, descendo ate ás orlas do seu
vestido. Assim, na sagração do Tabernáculo e na unção do seu
sacerdote, consumou-se a União que doravante deveria existir
entre Jeová e seu povo, União essa que seria sacramentada

174
toda vez que o povo eleito se reunisse em Assembleia.

Nesse cerimonial, presidido por Moisés no deserto, aconteceu,


pois, a instituição da Loja israelita, com todo o sentido
simbólico que ela representa. Os maçons, no simbolismo do
seu ritual, nada mais fazem do que evocar a mística dessa
cerimônia para consagrar a reunião da sua própria Loja.

A força da egregóra, essa é a disposição que também


encontramos no estudo e na prática da Cabala. Como diz M.
MacGregor Mathers, no preâmbulo da Kabbalah Revelada, de
Von Rosenroth: “Grande importância é dada ao ideal de
fraternidade.

A potência da fraternidade sempre foi um fato essencial em


uma ordem oculta, separada do seu ideal altruísta; há também
o espiritual e o físico. Qualquer quebra na harmonia de um
círculo permitirá a entrada de uma força oposta. “Um
espiritualista experiente testemunhará a favor da verdade
desta afirmação.”

Quer dizer: tanto na Cabala, quanto na Maçonaria, é a força da


egregóra que leva o grupo á consecução do seu objetivo. O
processo assim o exige, pois como já anteriormente declarado,

175
a lei que rege a formação do universo é a Lei da União.

A Cabala explica esse simbolismo da seguinte forma: a barba


do Macroprosopo (Deus manifestado como realidade física)
simboliza o fluxo de energia que nasce na primeira sefirá e
percorre toda a Árvore da Vida (símbolo do universo),
unificando a totalidade das realidades existentes no mundo.

Como se sabe, a Árvore Sefirótica, desenho mágico-filosófico


com a qual os cabalistas explicam a formação do mundo é
uma representação simbólica do universo como realidade
macro e projeta o seu reflexo no homem como realidade micro.

Por outro lado, sabemos que a palavra barba, em hebraico se


escreve Hachad. Por aplicação da técnica chamada guematria
essa palavra, quando decomposta em suas letras, tem valor
numérico igual a 13. (A=1, CH=8, d=4 = 13).

Esses valores correspondem às partes da barba do


Macroprosopo, também chamado de Andrógino Superior,
Vasto Semblante e Adam Kadmon, imagem usada pelos
mestres cabalistas para designar a Energia Divina que se
espalha pelo espaço cósmico, gerando a realidade que nós
conhecemos como Universo.

176
Na Siphra Dtzeniovtha, (O Livro do Mistério Oculto, parte do
Sefer há Zhoar, Bíblia cabalista), se diz que “da barba,
menciona-se que não é feita nem criada. Esta é o ornamento
do todo. Ela procede dos ouvidos e tem o aspecto de uma
circunferência que se expande constantemente pelo espaço
aberto, enquanto seus caracóis sobem e descem. Está dividida
em treze partes que pendem com treze adornos.”

Nesse estranho e enigmático texto os mestres cabalistas


querem dizer que a barba do Macroprosopo é a energia que
unifica o total existente no Cosmo, fazendo dessa totalidade
dispersa uma unidade, ou seja, um Universo.

Ela procede do ouvido porque o universo é feito através das


combinações das letras do alfabeto sagrado (o hebraico) e o
Nome Inefável de Deus. Tem o aspecto de uma circunferência
porque esta é a forma geométrica que o Grande Arquiteto do
Universo escolheu para dar formato ao universo físico. Essa é
uma das razões de a Maçonaria ter na Geometria um dos
objetos do seu culto.

É circunferência que se expande pelo espaço aberto,


exatamente como faz o universo físico em sua expansão.
Caracóis que sobem e descem são as ondas e partículas,

177
formas de energia com a qual a matéria universal é produzida.
As treze partes são os doze signos do Zodíaco, pelos quais a
ciência antiga dividia o universo, mais a parte sutil, o Pleroma,
o espaço divino, de onde tudo emerge.

Sendo a energia que unifica ela (a barba do Macroprosopo) é a


argamassa que dá liga ao mundo para que ele se torne um
organismo único. É o símbolo da União. Para os antigos
israelitas a invocação desse salmo designava o espírito de
unidade e a fraternidade que devia imperar entre o povo de
Deus.

Essa Irmandade era simbolizada pela barba de Aarão, cujo


corpo era tido como uma imagem da Árvore da Vida, na qual o
fluxo da energia divina percorria desde a cabeça (a sefirá
Kether) até a orla dos seus vestidos, ou seja, os pés,
representados pela sefirá Malkuth ( o universo físico ).

Assim, o Salmo 133, na verdade, é um simbolismo que está


centrado em um segredo arcano de extraordinário significado
e a Maçonaria, ao adotá-lo na abertura de suas Lojas não está
apenas contemplando a ideia da Fraternidade pura e simples,
mas realizando o objetivo cósmico de integração total de todas
as emanações da energia divina.

178
Trata-se, na verdade, de um mantra poderoso, uma âncora
fundamental para o eliciamento da energia cósmica necessária
para a formação da egrégora maçônica. Que os Irmãos, ao
ouvirem o Orador pronunciá-lo na abertura de suas reuniões
tenham em mente essa informação, para melhor
aproveitamento espiritual dessa invocação.

NOTAS.
A Loja Simbólica se refere ás seções previstas para os três
primeiros graus, ou seja, os graus de Aprendiz, Companheiro e
Mestre.
Texto conforme a Bíblia Hebraica, traduzida Por David
Gorodovits e Jairo Fridlin- Editora e Livraria Sefer Ltda. São
Paulo, 2015. Para uma interpretação mais pormenorizada do
simbolismo do salmo 133, ver a nossa obra “ O Tesouro
Arcano”, publicada pela Editora Madras, 2013.
Egrégoros, do grego “egrêgorein” são esferas de energia,
emanadas dos pensamentos emitidos pelos indivíduos
agrupados e ligados mentalmente por um objetivo comum.
Aqui o termo é usado como símbolo de corrente energética.
Cf. o Ritual do Aprendiz. As abreviações seguidas de três
pontos se referem á Deus (O Grande Arquiteto do Universo) e á
Colunas e Obreiros, que se referem á Maçonaria e seus
membros, no jargão maçônico.
Idem, Ritual do Aprendiz.
A Kabbalah Revelada- Ed. Madras, 2004

179
Por isso o simbolismo da “Cadeia da União” que é renovada a
cada seis meses, através da transmissão da palavra semestral.
As sefirots (no singular sefirá) são esferas de energia segundo
a qual Deus se manifesta para formar o universo físico. São em
número de dez e constituem o que, na Cabala, se chama a
Árvore Sefirótica, ou Árvore da Vida. São várias as formas de
escrever essa palavra em português.
Neste trabalho usamos a forma adotada no livro” Cabala e seu
Simbolismo”, de Gerson G. Shollen, traduzido por Hans Borger
e J.Guinbusrg, publicado pela Ed. Perspectiva, São Paulo 2015.
AKabbalah Revelada, citado, pg. 89.

Por João Anatalino

180
A PACIÊNCIA NO DESBASTE DA PEDRA BRUTA

September 03, 2016

Devemos nos descobrir e caminhar da direção da Luz sem


preconceitos, ilusões, vaidades e com a mente clara e
imparcial e, sobretudo, paciente, pois há em cada ser humano
uma ilimitada possibilidade de bem, de força e capacidade de
desenvolver e manifestar as mais elevadas qualidades
humanas.

A Paciência é o elemento fundamental para nossa jornada na


busca da evolução. Esta evolução é uma meta que somente
será atingida com perseverança, constância, sinceridade de
propósitos e, muita, muita paciência.
Devemos, pois, Irmãos Aprendizes, desbastar a Pedra Bruta,
que é a atual situação das nossas almas profanas para sermos

181
instruídos nos mistérios da Ordem da Arte Real. Ela deve ser
trabalhada com cuidado, com carinho e habilidade com o
malho e o cinzel, para que chegue apresentar a forma de um
paralelogramo. E este trabalho exige à virtude da paciência
que por sua vez, está subordinada à fortaleza da alma, a
retidão do caráter e ao controle dos vícios.
Esta paciência consiste também, na capacidade constante de
encarar as adversidades, tolerando seus amargores. É a
resignação de um lado, e perseverança tranquila, do outro.
A paciência é, sem dúvida, uma forma de persistência. É uma
qualidade que, de modo geral, não associamos à vontade, mas
é parte de uma vontade plenamente desenvolvida em nossa
mente e em nossa alma, refletindo seus raios pelo nosso
corpo.
A paciência, o tempo e a perseverança, com seus valores
extremados, nos habilitam a realizar muitas coisas. Essa ideia,
Irmãos, é semelhante aquela já dita por alguns filósofos, aos
qual a visão hermética lhes possibilitava tais coisas: “O
trabalho da Pedra Bruta é um trabalho de paciência, tendo em
vista a duração do tempo, do labor e o capricho necessário
para levá-la ao formato de um paralelogramo perfeito”.
Muitos abandonam este trabalho por cansaço e outros,
desejando consegui-lo precipitadamente, nunca tiveram êxito.
Na verdade, como está explícito nas linhas acima, é um
trabalho árduo e paciente e este é um dos objetivos mais
importantes da nossa Ordem Maçônica, e, muito
provavelmente, o principal. Os impacientes não conseguem
realizar este trabalho. E, finalizando, fica no ar uma frase para
pensarmos e refletirmos:

182
“A Paciência não é como uma flor que pode ser colhida. É
como uma montanha, que passo a passo, deve ser escalada”.
Irm.'. Alfério Di Giaimo

183
A MÍSTICA DO AVENTAL

September 05, 2016

O Avental é o típico símbolo do trabalhador. Desenvolvido


inicialmente como elemento de proteção, logo se tornou um
brasão de identificação da condição e da qualidade do obreiro.
Quase todos os tipos de trabalhadores usam aventais, sendo o
seu uso uma prática muito antiga, geratriz de uma simbologia
cuja origem se perde na bruma dos tempos.
Na maçonaria, o revestimento do iniciado maçom com o
avental do grau significa a sua condição de obreiro e denuncia
o seu grau hierárquico. Por isso, em cada grau da Loja
simbólica o Irmão usa um avental de modo diferente, símbolo
do grau ao qual ele está ascendendo. E essa prática ritualística
continua pelos graus superiores, simbolizando em cada tipo
de avental o momento espiritual que o iniciado maçom está
vivendo dentro da maçonaria.
O avental branco do aprendiz simboliza o seu noviciado. É o
estado de sua alma quando ele se inicia nos Mistérios
maçônicos. Esvaziado do seu ego e purificado pelo ritual da

184
iniciação, ele se apresenta "limpo e puro" na egrégora formada
pelos Irmãos como se fosse uma “tabula rasa”, pronta para
nela ser escrita os ensinamentos maçônicos. Assim também
se apresentava o novato alquimista quando se iniciava nos
trabalhos da Grande Obra, da mesma forma que nos canteiros
de obras medievais, em que o tipo de avental usado
denunciava a condição de iniciante do obreiro.
Os aventais nos quais o Irmão for revestido durante a sua
progressão pela Escada de Jacó são os símbolos dessa
escalada. Enquanto aprendiz e companheiro o avental é
branco, liso, sem nenhuma ornamentação. A única diferença
entre um e outro é o fato de o aprendiz usar o avental com a
abeta levantada enquanto o companheiro baixa a abeta do seu
avental.
A abeta do avental maçom representa um triangulo isósceles,
que nas suas três linhas simbolizam os três graus da Loja
simbólica. Por isso é que, vencida a primeira etapa, o iniciado
dobra a abeta do seu avental para dizer que ele já percorreu
essa primeira linha, que é a do Aprendiz. A segunda linha é a
do companheiro e a terceira é a do mestre. Mas quando o
iniciado se torna mestre ele também atinge a plenitude dos
graus simbólicos, e então o seu avental muda de conformação
e nele se inscrevem as três rosáceas do maçom pleno, que
representam a aquisição do perfeito equilíbrio, representado
pelo triângulo completo.
Há quem interprete as disposições do avental em Loja
simbólica como uma representação das três etapas do
aprendizado pelas quais o irmão deve passar: a etapa da pedra
bruta, da pedra lavrada e da pedra angular.

185
Essa interpretação, provavelmente tem sua origem nos graus
distintivos da maçonaria operativa, onde os artesãos usavam
aventais de diferentes cores e conformações para distinguir os
diversos níveis profissionais existentes entre os profissionais
da construção. É, portanto, uma interpretação que reclama
uma base histórica e nada tem a ver com o esoterismo que se
quer enxergar nessa distinção.
Com o passar dos tempos e com os acréscimos simbólicos
que foram acrescentados á pratica maçônica, também os
aventais foram adquirindo caracteres de verdadeiros brasões
representativos de cada conjunto de ensinamentos que se
queria transmitir em cada bloco.

Assim é que nas Lojas de Perfeição e Capitulares os aventais


foram desenhados para simbolizar as tradições que ali se
cultivam, da mesma forma que nos graus filosóficos e
administrativos, cada um deles teve a sua representação
formulada nos motivos desenhados nos aventais.

Assim eles se tornaram verdadeiros estandartes, onde o


conjunto das tradições cultivadas pela Arte Real são
traduzidas em símbolos e metáforas, ricas em conteúdo
esotérico, filosófico e histórico. Assim é que nos aventais dos
graus capitulares, por exemplo, encontraremos muitos
motivos evocativos ao crime dos Jubelos, da mesma forma

186
que nas Lojas de Perfeição a ênfase será dada aos motivos
referentes à reconstrução de Jerusalém, ao simbolismo da
Rosa-Cruz (grau 18) etc. E assim, sucessivamente, até o grau
33, cada bloco de ensinamentos refletindo nos aventais os
seus motivos filosóficos.(...)
DO LIVRO LENDAS DA ARTE REAL

187
VAIDADE MAÇÔNICA

September 08, 2016

“Deus nunca deu as costas ao homem e nunca o enviou para


novos caminhos salvo quando ascende a divinas
especulações ou trabalha numa confusa ou desordenada
maneira e quando se junta à lábios profanos ou pés imundos.
Pois para os relaxados, o progresso é imperfeito, os impulsos
vãos e os caminhos negros.” (Zoroastro)
Eu solenemente avisara ao mundo que, enquanto a coragem é
a primeira das virtudes do Iniciado, presunção e imprudência
não possuem conexão com ela, mais do que uma caricatura do
ex-Kaiser com Julius Cesar ou daquele que se acha acima de
todos em sua arrogância e vaidade.

188
Tais arrogâncias são compostas em parte pelo falso orgulho
vindo do amor próprio e da insegurança, parte pelo impulso
desmedido que o medo extremo provoca.

Existem soldados que ganharam a cruz em batalha por não por


“valor”, mas pela pura falta de autocontrole numa crise de
covardia. Disciplina automática faz com que a deserção seja
impossível; a única saída é avançar e fazer aquilo que o
instinto manda. Eu conheço dois oficiais que não se lembram
do ato que os fizeram ganhar a cruz de honra.

Pensamento similar frequentemente faz com que jovens


Iniciados esqueçam que o OUSAR ESOTÉRICO deve ser
precedido pela vontade e conhecimento, todos os três regidos
pelo SILÊNCIO. Este último significa várias coisas, porém a
maioria delas guarda relação com controlar-se fazendo com
que cada ato seja silencioso, toda perturbação significando
desajeitamento ou ânsia.

O soldado pode ou não conseguir carregar o seu companheiro


ferido em meio a um bombardeio, porém não existe sorte em
Maçonaria e em seu princípio místico/esotérico de suas
oficinas. Nós trabalhamos num mundo fluido onde cada ação é
compensada imediatamente. Luz, som e eletricidade podem

189
ser usados e assim os efeitos sobre pensamento, fala e ação
redirecionar ou retardar qualquer movimento, mas em
esoterismo, como a força da gravidade, não conhece
obstáculos.

É verdade que se pode impedir a queda de uma flor


mantendo-a em cima de uma mesa; mas as forças ainda estão
agindo e a ação foi compensada pela redistribuição do stress
em cada objeto por todo o universo pelo deslocamento do
centro de gravidade do cosmos, do mesmo modo que meus
músculos vão de um estado de equilíbrio para outro, a flor
manifesta suas energias no mogno em vez de fazê-lo no
carpete.

Assim, a presunção em qualquer ação esotérica, sem dúvida, é


punida, pronta e merecidamente. O erro é um dos piores, pois
atrai todas essas forças que, por serem destrutivas, tornam-se
negativas pela dor e encontram seu principal consolo em
tirá-las de dentro dos desavisados.

Pior ainda, a expansão histérica do Ego leva a um profundo


afastamento da verdade, embora muitas vezes não seja
percebido pelo desavisado profano de avental que acredita
sinceramente estar vencendo os degraus da senda, ao se
pavonear para si e para os outros.

190
O orgulho, a vaidade, a hipocrisia, tão comuns, também
encontram ecos na Sublime Ordem e favorecem obsessões
“demoníacas”. Eles inflam o orgulho do tolo; eles lisonjeiam
cada fraqueza levando-o a atos dos mais ridículos, induzindo-o
a falar as mais delirantes bobagens e fazendo se achar o maior
dos homens – homem não, um deus.

Ele toma cada fiasco como sucesso, cada insignificância como


um sinal de sua sacrossanta soberania ou da malícia do
inferno cujas ações o martirizam. Todo o sucesso que alcança
é visto como uma força mágica de seu poder pessoal e todo
fracasso é culpa dos outros, ciumentos de suas vitórias.

Sua megalomania oscila da exaltação maníaca a melancolia


como ilusões sobre perseguições. Já vi vários casos assim
ocorrerem por erros triviais como falta de cuidado em
consagrar em afinar-se corretamente com uma Egrégora
positiva (desviando o pensamento em banalidades;
má-postura; quebra do juramento de silêncio; brincadeiras e
conversas e joguinhos ou falas em celular – o que é uma
aberração, pois o isolamento no Templo é um princípio místico
ESSENCIAL etc.), ou ainda assumir um Grau na Ordem sem ter
a certeza do merecimento e sucesso nas provações do
caminho; instruir um Iniciando sem ter passado antes a ser
verdadeiramente um Neófito; descumprir abertamente os

191
Landmarks e ridicularizar IIr.'. que apontam respeitosamente
essas falhas; omitir pontos importantes de rituais achando
serem formalidades incômodas e banais; e até fazer apologia a
erros pelos quais um homem se convence de que suas falhas
são punições causadas pelo excesso de méritos próprios.

Eu me lembro de um homem que atribuiu suas falhas em


realizar a corretamente a sua excepcional energia física. Seu
corpo, dizia ele, possuía tamanha força interna que ele tinha
que se mexer – mesmo sendo algo característico do ser
humano comum tentar ficar desse modo, para ele era algo que
não tinha nada haver com a sua natureza.

Cinco anos mais tarde ele me disse que se tornou o homem


mais forte do planeta e pediu para que eu descarregasse meu
revolver no seu peito e não me importasse em ter minhas
janelas destruídas pelo ricochetear das balas.

Eu resolvi poupar minhas janelas e, além disso, odiaria ter que


limpar a minha arma. Ele então se ofereceu para vê-lo carregar
um motor de carro nos ombros e acompanhá-lo na estrada.
Disse que não queria e não o insultaria pedindo provas do que
afirmava. Ele então foi embora, cheio de si e resmungando. Um
mês depois soube que ele sofreu uma paralisia devido a
insanidade.

192
O homem que se gabava do esplendor de sua força agora não
podia mover um músculo. O homem que se ostentava agora
nem falava; ele apenas urrava.

Casos assim que me mantiveram numa constante vigília contra


o “muito orgulhoso em lutar” – ou varrer o chão, caso
necessário fosse. A Humildade e a Coerência são as principais
forças mágicas do verdadeiro Maçom. Nenhum grau é superior
ao outro se não devidamente introjetado e vivenciado, lutando
contra a cativante Mosca Azul da Vaidade como atividade real
no dia a dia.

Nenhuma consecução pessoal pode ocorrer sem passos


sinceros em cada estágio de crescimento. Existem incontáveis
iniciados, especialmente na Ásia, que alcançaram o sucesso
espiritual. E esses se mantem desconhecidos e humildes: são
os chamados Mestres Secretos que caminham despercebidos
entre nós. Porém, mesmo os melhores resultados devem
satisfação a nossas aspirações, e estas podem ensandecer o
Aspirante, caso não possua “senso de humor e também bom
senso” pra conseguir vencer tanto as derrotas quanto,
principalmente, as aparentes vitórias.

193
Assim, pra encerrar, cito ainda, textualmente, o poeta, alpinista
e mestre Alesteir Crowley, no qual este texto é baseado
(enquanto interpretação livre):
“Eu nunca me deixei esquecer das rochas que me
atrapalharam [ao escalar]: o Coolin Crack em Beachy Head
(maldito seja!), a altura do Pilar Deep Ghyll (horrível!) ou a face
leste do Dent Blanche (exploda-se!). Eu raramente me
pavoneio, até mesmo as minhas poesias, a menos que esteja
muito deprimido.

Prefiro tagarelar sobre minha ignorância num assunto – uma


lista extensa, e sobre a superficialidade de meu conhecimento
do pouco que sei fazer. Eu medito em minhas falhas da
conduta que ocorrem com a humanidade, minha inocência em
muitas características óbvias que ela possui. Minha
simplicidade é tamanha que, frequentemente, eu me pego
pensando se eu não entendi determinado assunto realmente.
Assuntos nos quais outros compreendem com muito menos
esforços do que os meus [...].

De fato eu temo tudo aquilo que é característico dos


acanhados, sentimentais, vaidosos, escravos que se deixam
prender pelas grossas coleiras e braçadeiras de linho nas
salas de escritório realizando trabalhos mentais monótonos,
conversando futilidades e também terminar meus dias num
reformatório ou asilo.

194
“E novamente digo: eu pareço capaz de fazer, sem qualquer
excitação ou medo, coisas que até o mais bravo e mais
poderoso e livre dos homens acharia terríveis, coisas as quais
nem sonhariam em fazer ou temeriam mais do que a morte.”

SABER, QUERER, OUSAR, CALAR-SE é bom caminho e ação


do verdadeiro INICIADO MAÇOM. Erguendo Templos à Virtude
e profundas masmorras ao Vício. Sem alarde, sem
superficialidade, sem orgulho e principalmente, sem
hipocrisia.
Obrigado! TFA.

ADAPTADO DO LIBER 418 A visão e a Voz (Aleister Crowley) –


releitura/interferência de Fernando G. S. Ayres, M. M, Grau 18.
Loja Amor e Justiça n 02 e Loja Salvador Mocoso de Graus
Superiores

195
ANTROPOCENTRISMO MAÇÔNICO

September 11, 2016

Alguém, que não me lembro de quando nem quem, disse que,


se fosse dado ao Homem o poder de viajar pelo de viajar pelo
espaço cósmico com a velocidade da luz, ele, partindo da
Terra em direção a Marte, em poucos minutos ali estaria, e, ali
então, seria o centro do universo.

Em um segundo momento, teria esse Homem o desejo de se


deslocar em direção a outro ponto ignoto no espaço cósmico,
por mais distante que o fosse, a velocidade da luz e também ali
estaria em tempo compatível com a relatividade espaço/tempo,
e, lá chegando, também tal ponto seria o centro do universo,
portanto, o centro do universo não se encontra em nenhum
sistema planetário ou em galáxias, mas, o Homem que, graças
a sua natureza evolucional constante e ininterrupta, é o
elemento chave universal para se entender a obra do Gr.’.

196
Arq.’. do Univ.’., uma vez criado que fora que fora para atingir o
desiderato maior que vem a ser a Perfeição, conforme nos
prometera o Cristo em suas palavras anotadas por Mateus, V:
44-48:

Absolutamente. A doutrina do Cristo é clara e cristalina e, se


nos colocou diante de um exemplo de perfeição, é porque
somos destinados a tal, sem sombras de dúvidas. Mas, como
faremos.

Nós, simples seres humanos em estágio mediano de evolução,


para alcançar tanta graça? É possível que a atinjamos em uma
única existência, por mais profícua possa ela ter sido? Ou
ainda, que a conseguiremos galgando os graus Maçônicos dos
Ritos os mais diversos? Seria a Escada de Jacó uma alegoria
relativa à ascensão a esses graus? Para todas as perguntas
formuladas, a resposta é óbvia: não, não atingiremos a
perfeição em uma única existência, e/ou galgando os graus e
tampouco a Escada de Jacó representa tal disposição intima
em atingi-la no menor ou maior espaço de tempo, porém, com
certeza, teremos que voltar a este mundo várias vezes,
vestindo roupagens novas para ninguém é dado o direito de
descarregar sua carga nas costas de outrem.

A Maçonaria vem, através dos tempos, prodigalizando a seus


adeptos a chave do grande mistério que é vida, mas para
empunharmos esta chave, é necessária uma revolução intima
que abale os alicerces de nosso acanhado conhecimento e

197
promova uma mudança radical em nossas convicções, as
quais, graças ao “aculturamento” a que fomos submetidos há
milênios por religiões e religiosos descompromissados com a
verdade eterna, acabaram por nos tornar em adoradores de
ídolos e seguidores de deuses os mais estranhos, em
detrimento ao Deus de Verdade e Amor, que nos foi mostrado
em toda sua grandeza por seu filho unigênito.

William Shakespeare nos diz que a “a transformação é uma


porta que só se abre por dentro”, e a Arte Real reside
exatamente na condição dos ser humano em empunhar a
chave e se decidir a abrir esta porta, contudo, não basta
apenas a vontade de assim proceder.

Faz-se absolutamente necessário que a esta vontade se alie


uma disposição resoluta e determinante de “gestar” o Homem
Novo, qual Fênix a reviver das cinzas, e nascer novamente,
mas, agora em uma ou mais reencarnações, mas, na presente
vida e em cada vida, se faça uma ressurreição completa e total,
deixando pós si os despojos do Homem Velho, qual
indumentária gasta e rota pelo uso, molambos que o tempo se
encarrega de esmaecer e reduzir a pó e ao pó voltará como
dantes.

A ressurreição não ocorre da maneira como a entendem os


teólogos defensores do retorno do espírito ao corpo que
ocupara até a ocorrência da morte. O Gr.’. Arq.’. do Univ.’. não
está à disposição do homem para derrocar Suas próprias leis

198
naturais a fim de satisfazê-lo em devaneios e tolices
respaldadas em uma teologia não compromissada com a
Verdade Inefável.

Somos pó e ao pó voltaremos enquanto espíritos encarnados


em corpos materiais apropriados ao nosso desenvolvimento
moral, intelectual e físico, contudo, visando sempre à evolução
do espírito, esse sim, imortal e criado a imagem e semelhança
do Criador Incriado.

A ressurreição é o símbolo da morte do Homem-Ego e o parto


do Homem-Cósmico, gestado a partir do próprio Homem, ou
seja, ela ocorre diversas vezes durante suas vidas terrenas,
sempre que atinge um patamar de sabedoria que o torne cada
vez mais, um ponto luminoso em beneficio da humanidade.

Cada momento da Iniciação Maçônica, cada Instrução, cada


símbolo, em todos os graus de qualquer Rito, é um canto de
houzanas ao progresso infinito a que está destinado o Homem.
Não existe superficialidade na Maçonaria, a não sermos nós,
seus adeptos, que ali estamos exatamente para emergir dessa
superficialidade e despontar em direção à luz Maior.

O antropocentrismo universal é lei de vida. Se nós, Homens,


somos a mais perfeita obra do Senhor, lógico acreditar que
estamos destinados a alçar patamares da evolução
condizentes com a escalada perfeccional, apesar de nossas

199
imperfeições morais, as quais, com o correr dos tempos, vão
se depurando e transformando-se em aprimoramento do
caráter humano.

Toda ocasião em que adquirimos um conhecimento a mais e o


aplicamos em beneficio da sociedade como um todo,
estaremos confirmando a condição de Homens voltados para o
progresso e para a paz. A Maçonaria prodigaliza a seus
adeptos todas as “ferramentas” necessárias à construção
intima.

Quando ouvimos de qualquer obreiro que se faz necessário


“modernizar” a Maçonaria, sentimos um estremecimento e
uma angustia imensa, por não acreditar que ainda existam
membros da Sublime Ordem com discursos tão retrógrados.

Como se faz para modernizar o que é sempre atualizado? É


possível operar mudanças sensíveis em uma instituição cuja
doutrina filosófica está há mais de mil anos à frente da
humanidade? Nossa presunção é tamanha? Não seria mais
lógico e salutar enxergarmos a imensa trave em nossos olhos,
e, após retirá-la, descobrir, maravilhados, o quanto estávamos
atrasados em relação à Ordem a qual pertencemos cuja
disposição precípua é iluminar o caminho perfeccional para
que o Homem evite os abismos eivados de vícios, de orgulho e
egoísmo, de ódio e rancor, e passe a trilhá-lo não como um
conduzido, mas, orientado e amparado pela Sabedoria que os
faz distinguir o certo do errado; palmilhando o caminho com a
Força da determinação em chegar a seu término e, por onde

200
passe, ornamentando-o com a Beleza da Virtude e do Amor?

É dever de todo Homem procurar o caminho da perfeição. É


dever de todo Homem se iluminar. É dever de todo Homem
lutar pela Liberdade de Consciência. É dever de todo Homem
promover a Igualdade entre os povos. É dever de todo Homem
difundir a Fraternidade universal. É dever de todo Homem
mudar o mundo, a começar por si mesmo.

Façamos, pois, com que a Luz Crística oculta em nosso mais


recôndito íntimo se faça presente em todos os momentos de
nossas vidas. Tornemo-nos pontos luminosos a espargir esta
luminosidade pelos caminhos perfeccionais por onde caminha
a humanidade, cabisbaixa e vencida pelas dificuldades, pelos
abismos e escolhos originados da perplexidade com que o
Homem encara sua vida na face da Terra.

Eis que são chegados os tempos de colher o que foi semeado.


Preparemo-nos então condignamente para que a colheita seja
farta e a messe repleta de bons resultados.

“Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem ao


que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam.
Para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus; o qual faz
nascer o sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e
injustos. Porque se vós façais também o mesmo? E se vós
saudardes somente vossos irmãos, que fazeis nisso de

201
especial? Não fazem também assim os gentios? Sede vós logo
perfeitos como também vosso Pai celestial é perfeito”.
Ora, se o Divino Amigo nos prometeu a perfeição, com certeza
não estaria Ele brincando conosco e muito menos mentindo,
visando assim ganhar novos adeptos.
Walter de Oliveira Bariani e escritor, Past Grão-Mestre da
Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia, além de ser
Membro da Academia Maçônica de Letras do Estado de
Rondônia e Membro Correspondente da Loja Maçônica de
Estudos e Pesquisas Universum, de Porto Alegre – RS, e da
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas
Maçônicas de Juiz de Fora – MG.

202
"ONDE ESTÁ O SEGREDO MAÇÔNICO?" -- " ESTÁ
DENTRO DE VOCÊ"

September 14, 2016

A Iniciação tem como objeto conduzir o indivíduo até ao


Conhecimento por meio de uma iluminação interior, projeção e
apreensão no centro do Eu humano da luz transcendente.
Constitui o verdadeiro "batismo maçônico". É o começo de
uma vida nova. É através da iniciação que um indivíduo recebe
os primeiros conhecimentos de uma sociedade secreta que se
chama Maçonaria, ingressa na Ordem, transformando-se em
Irmão e inicia a aprendizagem dos segredos da Maçonaria,
saindo das "trevas" para a luz.
Esta alegoria encontra-se corporizada na venda colocada
sobre os olhos do iniciando e que apenas é retirada, quando
da sua aprovação, no final da cerimônia. À escuridão que se
manteve sucede então o conhecimento da realidade
envolvente - a loja ritualmente preparada e os Irmãos
decorados conforme o grau.

203
Irmãos, embora ainda não conheça profundamente a
Maçonaria, penso que a iniciação é a mais importante
cerimônia maçônica e o ato mais relevante da vida de um
maçom. A sua origem não é apenas simbólica, mas resultou da
necessidade que as antigas sociedades sentiram de
conservarem em rigoroso sigilo os seus mistérios e de
propagar as suas doutrinas.
As iniciações Maçônicas vêm, ao longo dos anos, de acordo
com a investigação que efetuei, sendo associadas aos
chamados Antigos Mistérios. Os mistérios de Mitra, de Ceres,
dos Essênios, têm sido colocados como pontos de partida
para as iniciações Maçônicas.
A iniciação é um processo continuo que tem como finalidade
proporcionar o desenvolvimento da qualidade de Maçom.
Nenhum Irmão deve pensar que a partir do momento do
cerimonial, passa de Neófito para Maçom. A iniciação não é um
processo de revelação repentina. É o inicio de um caminho de
aprendizagem através dos tempos no qual nos vamos tornar
uns verdadeiros maçons.
A iniciação apenas nos oferece os instrumentos para o nosso
aperfeiçoamento e transformação.
O método da iniciação é uma via essencialmente intuitiva. Esta
é a razão porque a franco-maçonaria usa símbolos - um
símbolo é uma imagem sensível utilizada para exprimir uma
ideia oculta, mas analógica - que servem para provocar a
iluminação através da aproximação analógica Esta linguagem
tradicional, imemorial e universal permite estabelecer, através
do tempo e do espaço, a relação adequada entre o sinal e as
idéias.

204
A iluminação que os símbolos provocam permite, ao mesmo
tempo, apreender os diferentes pontos de vista e unificá-los,
revelando a unidade que os transcende e fazendo passar do
conhecido ao desconhecido, do visível ao invisível, do finito ao
infinito.
Por esta razão, é difícil traduzir os símbolos maçônicos em
linguagem usual sem lhes falsear o sentido profundo e o valor.
Digamos apenas que tais símbolos são tirados quer da
tradição religiosa, quer do hermetismo e da alquimia,
constituindo uma transposição de uns e de outros para a
forma e para o uso dos utensílios dos maçons operativos.
Além disso, eles não consistem somente em objetos, mas
também em gestos, sinais, palavras, lendas e parábolas. A
própria fórmula Grande Arquiteto do Universo é um símbolo
que exprime a Força Criadora Suprema.
Os símbolos na Maçonaria podem dividir-se em três tipos:
Símbolos religiosos tradicionais:
O triângulo, o delta luminoso, os três pontos: o símbolo evoca,
nas suas três formas, a ideia da divina Trindade;
O Templo de Salomão e os seus adornos;
Símbolos herméticos e alquímicos:
Os quatro elementos: terra, ar, água e fogo;
Os três princípios da Grande Obra: enxofre, o sal e o mercúrio;
A fórmula V.I.T.R.I.O.L. - Visita o interior da terra e, retificando,
descobrirás a pedra oculta.
"Trata-se de um convite à investigação do Ego profundo, que
não é senão a própria alma humana, no silêncio e na
meditação" segundo Jules Boucher- A Simbólica Maçônica- Ed

205
Pensamento
Utensílios maçônicos:
O compasso: medida na procura;
O esquadro: retidão na ação;
O maço: vontade na aplicação;
O fio de prumo: profundidade na observação;
O nível: atuação correta dos conhecimentos;
Avental: simboliza o trabalho constante.
O segredo e o silêncio maçônico
Nos tempos antigos, as Sociedades Iniciáticas possuíam os
seus segredos e exigiam silêncio absoluto a todos os seus
iniciados.
A Maçonaria não foi diferente. Em tempos de Maçonaria
Operativa, era absolutamente necessário que os processos
técnicos que envolviam a arte de construir fossem protegidos.
A Maçonaria Especulativa herdou estes famosos segredos
que, outrora, serviram de base para as grandes perseguições
sofridas.
Na sociedade atual, todas as pessoas têm acesso à
informação, praticamente, não existe mais nenhum segredo na
Maçonaria. Mas não se fala de Maçonaria em meio profano,
nunca!
Contudo, para o Mundo profano, continuamos a ter o nosso
segredo. O segredo maçônico é, de fato, de ordem simbólica e
iniciática e leva anos a se descobrir.
Para alguns autores, o segredo maçônico é um estado de
iluminação interior, uma evolução que se alcança pela
iniciação, que a linguagem humana não poderia traduzir e,

206
portanto, trair, pois as palavras correspondem a conceitos,
enquanto o pensamento iniciático transcende ao pensamento
conceptual.
Desta forma, o segredo da Maçonaria só poderá ser
apreendido depois de muito estudo, suor, decepções, lágrimas
e reflexão.
De fato o segredo maçônico é incomunicável, pois, reside
essencialmente no simbolismo dos ritos, sinais, emblemas e
palavras. E estes, embora possam ser conhecidos e
divulgados, só são compreensíveis pelos iniciados.
"os verdadeiros segredos da Franco-Maçonaria são aqueles
que não são ditos ao adepto e que ele tem de aprender a
conhecer pouco a pouco, à medida que vai soletrando os
símbolos". Assim, e de acordo com R. Guenon "o que é
transmitido pela iniciação não é o próprio segredo, pois ele é
incomunicável, mas a influência espiritual que tem os ritos por
veículos".
O Segredo é aprendido com: Frequência em Loja, Assiduidade,
Pontualidade, Comparecimento, Presença "viva", Participação,
Trabalhos, Elaboração de trabalhos, visitas em outras Lojas,
Convívio entre os Irmãos, Dominação do EGO e da VAIDADE,
Leitura e muito Estudo.
Denilson Forato - MI

207
ONDE ESTÃO OS MESTRES?

September 16, 2016

“O verdadeiro mestre não é aquele que ensina, é aquele que de


repente descobre que aprende”. (João Guimarães Rosa)
A comunidade Maçônica sabe não ser possível afirmar que
apenas o domínio da ritualística contemplada em nossos
Rituais proporciona o acesso ao conhecimento encerrado nos
mistérios e simbologia da Ordem. Para compreendê-los e
vivenciar a essência desse aprendizado são necessários
esforço e dedicação adicionais.
Por outro lado, não se sustenta o argumento de que o quarto
de hora de estudos das sessões de trabalho tem a finalidade
de propiciar o tempo suficiente, se e quando utilizados, para as
reflexões e apresentação de trabalhos que esgotem as
temáticas envolvidas e nivelem informações e conhecimentos
filosóficos.
Para suprir essas necessidades complementares de
aprendizagem e estudos funcionam, nas dependências da
GLMMG, dois excelentes fóruns representados pela Escola

208
Maçônica “Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida”, criada
pelo Decreto nº 1.537, de 25.08.03, e pela Loja Maçônica de
Pesquisas “Quatuor Coronati” Pedro Campos de Miranda, na
forma do Decreto do Grão Mestrado nº 1.713, de 08.11.07.
A Escola Maçônica tem o objetivo de “promover e instituir a
revitalização de instruções e aprendizagem aos moldes da
padronização ritualística”. Por sua vez, a Loja de Pesquisas se
dedica a estudos, pesquisas e apresentação de trabalhos
maçônicos.
Esses dois centros de estudos são dirigidos por irmãos
voluntários, competentes e dedicados, que não medem
esforços para proporcionar as melhores oportunidades para
estimular a investigação, o debate e o intercâmbio de
experiências e informações sobre a essência da Maçonaria.
Ocorre que, em que pese à carga de trabalho e tempo
dedicados à preparação dos eventos imprescindíveis ao
cumprimento dos objetivos propostos, a receptividade por
parte da população maçônica que frequenta semanalmente as
Lojas ativas no Palácio Maçônico, em torno de 60, envolvendo
mais de 1.000 obreiros, não tem sido satisfatória. Não é raro
registrar-se a presença bastante reduzida de interessados em
várias sessões, tanto na Escola Maçônica quando na Loja de
Pesquisas. E tal situação enseja algumas reflexões.
No que se refere à Escola Maçônica, é divulgada uma
programação mensal contemplando a apresentação das
instruções dos Graus 1, 2 e 3 do REAA, onde são discutidos e
analisados os rituais, a liturgia e o simbolismo maçônico. No
decorrer das apresentações são frequentes as oportunidades
em que as discussões se aprofundam mesmo com reduzido

209
número de participantes, ensejando sinergias enriquecedoras
para gáudio dos presentes.
Nessas oportunidades, são recorrentes as observações dos
presentes quanto à falta de interesse dos demais obreiros em
participar de eventos da espécie, em face de eventuais
conflitos entre a ritualística e a prática nas sessões de
trabalho. Mesmo entre aqueles que estão iniciando na senda
maçônica ou vem de galgar os degraus da elevação ou
exaltação, não se verifica uma constância no cumprimento da
programação. Não resta dúvida de que os ciclos de
aprendizagem demandam tempo, disciplina e dedicação.
Sabemos todos das responsabilidades dos padrinhos no
processo de formação dos seus afilhados na Ordem, no
sentido de que se tornem pessoas melhores e mais
preparadas, entretanto, a situação se assemelha aos pais que
delegam às escolas a educação dos filhos e se mostram
negligentes no acompanhamento no processo de
desenvolvimento e aperfeiçoamento pessoal, moral e espiritual
de seus afiançados e futuros dirigentes da Ordem. Têm-se
notícias de que são raros os convites para que um afilhado
acompanhe um padrinho nas sessões ou mesmo a ocorrência
de uma sutil sugestão de comparecimento.
Não poderíamos deixar de registrar um comentário frequente
que se ouve nas instruções do Grau 3, objeto da constatação
do reduzido número de Mestres presentes às sessões.
Algumas reflexões se resumem no questionamento: “será que
os Mestres estão suficientemente repletos de sabedoria que
não há nada a aprender?”

210
Outra observação destacada e também atribuída aos trabalhos
em Loja aborda o entusiasmo inicial com a plenitude
alcançada, onde em pouco tempo muitos passam a ter “bode
do trabalho” maçônico, adotando ritmo mais lento, quando não
desinteressado ou com foco em outros proveitos.

No mesmo diapasão transcorrem as sessões da Loja de


Pesquisas.
É rara a oportunidade de Templo com plateia numerosa. Por
vezes, trabalhos do mais alto gabarito são apresentados para
um grupo pequeno. As Lojas que funcionam nas datas dos
eventos perdem excelentes oportunidades de incorporar-se
aos trabalhos e tirar vantagens dos ensinamentos oferecidos.
Mas tal fato não inibe que se ouça ou que se leia em currículos
ou pranchas os vínculos à fundação da Loja ou outra de
destaque em cargos de direção. Apenas citar que é membro de
uma Loja, seja ela qual for e, efetivamente não participar, não
se mostrar, é apenas se beneficiar com o trabalho daqueles
que permanecem na senda, é colher o que os abnegados estão
cultivando. Fazer parte sem estar presente, onde está o
mérito?
Não se pode deixar de dar destaque aos obreiros que honram
a Ordem e fazem-na respeitada e valorizada e que são maioria.
A presente reflexão visa a estimular aqueles reputados como
sábios e referencial para os demais que se doem àqueles que
buscam o conhecimento e o debate saudável e enriquecedor.
É corriqueiro ouvirmos que determinados irmãos são
profundos conhecedores da Ordem, têm muito tempo de lida e

211
são portadores de inúmeros títulos, porém se mostram
silenciosos. Mas, como diz o Livro da Lei, “ninguém acende
uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la
debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro, a fim de que
todos os que entram vejam a luz”. Observados o protocolo e
as exigências da cada Grau, o saber não pode ser egoísta.
É motivo de comentários por vezes irônicos que muitos
Mestres quando desafiados a comentar a respeito de
determinado assunto devolvem a pergunta ou afirmam que o
questionador não está preparado para aquele conhecimento
demandado.
Muitos interpretam tal comportamento como insegurança,
talvez por falta de conteúdo ou por deficiências nos estudos
ou medo de demonstrar ignorância. Por isso faz-se mister
matutar sobre a dica de Cora Coralina: “feliz aquele que
transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Nesse sentido, a missão do Mestre no exercício da sua
plenitude é transmitir aquilo que aprendeu, compartilhando
informações e experiências, estimulando, questionando,
provocando e, por vezes, confundindo o Aprendiz,
mostrando-lhe vertentes ou caminhos que possam ser
exploradas.
O verdadeiro Mestre deve dar o seu testemunho e honrar o
compromisso de ser um facilitador para os novos Aprendizes e
Companheiros, para que os mesmos sejam sempre melhores
do que aqueles que os treinaram.
Como reflexão derradeira, porém sem esgotar a temática,
merece destaque o comentário do catedrático Philip Kotler,
referência no ensino e no planejamento de marketing, autor

212
dos livros e das teorias mais citadas no setor que afirma:
“Demora dias para se aprender marketing. Infelizmente leva-se
uma vida inteira para ser um mestre”. Sopesadas as
diferenças, podemos tirar algum proveito do pensamento.
“A messe é grande, mas poucos são os operários!” (Divino
Mestre)
Autor: Márcio dos Santos Gomes
Márcio é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 –
GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Escola
Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida, da
Academia Mineira Maçônica de Letras.

213
CONTRA AS RELIGIÕES

September 19, 2016

O problema começou lá na pré-história, sem entender a


natureza o homem precisava ter alguma forma de explicar os
fenômenos biológicos, físicos e químicos, então ele concebeu
uma forma de divindade para explicar o inexplicável.
Essa divindade passou pela adoração dos astros, dos animais,
pela filosofia, até chegar às formas modernas de teologia e
divindades.
Na história da humanidade o homem sempre usou a divindade
para justificar suas ações e erros, em nome desse Deus, que
ele criou, o homem matou, destruiu civilizações, matou
inocente, até crianças, exterminou povos, sacrificou seres
humanos e animais, torturou, perseguiu, ou seja, pintou o
DIABO, outra criação sua!

214
O domínio físico passou para outros piores, psicológico,
financeiro, político, moral, comportamental, etc., esse domínio
é exercido através da fé dos crédulos e inocentes.
O verdadeiro Deus criador do Universo, não se envolve nos
problemas humanos, o homem é livre para tomar suas
decisões, a responsabilidade dos seus atos não é de Deus ou
do Diabo! O homem é um Ser dotado de Consciência, diferente
dos animais que reagem por instintos, e essa Consciência é
responsável pelos seus atos e ações.
Outro equívoco das religiões é envolver Deus em seus
problemas naturais; sexualidade, riqueza, miséria, política,
economia, moral, etc., são problemas do Homem, suas opções
sexuais são apenas físicas, não alteram sua espiritualidade,
bem como o seu comportamento, caráter e personalidade,
Deus não é responsável pelo caráter de nenhum homem, ele
age movido por sua consciência, se rouba, mata, mente, etc., é
sua inteira responsabilidade, resultado de um caráter mal
formado, fruto muitas vezes de uma personalidade doente.
Eu acredito em Deus, mas tenho certeza que ele não se mete
em vida material, o que eu faço (acertos ou erros) é inteira
responsabilidade minha, não entro nessa de Diabo ou
congêneres.
Meu Deus não fica com o dedo em riste punindo ou
protegendo, ele não está preocupado como eu levo minha
vida, se eu casei, juntei, ou estou no ‘tico-tico-no-fubá’, se eu
sigo os padrões e normas sociais ou não, mais sei que, por
acreditar nele, devo procurar ser uma boa pessoa, livre dos
vícios e de bons costumes, e agir de forma correta, de acordo
com os padrões sociais (valores) estabelecidos por minha

215
sociedade.
Meu Deus é inefável, ele não tem forma ou figura, ele não pode
ser explicado, nem por palavras, figuras, ou qualquer outra
forma, mas eu posso senti-lo quando contemplo o céu, o mar,
a natureza, pois ele é tudo, está em tudo, até em mim! Como
em todos os Seres e na natureza.
Portanto, religião não salva ninguém, religião é uma criação do
homem para atender os seus interesses e justificar seus erros,
ela foi criada por alguns espertos que não queriam trabalhar,
então criaram a ideia que todos deveriam sustentá-los para
eles serem os intercessores com a divindade, e assim tem sido
por toda a história, é só estudar.
As religiões institucionalizaram os reinos, os impérios, e os
governos, dominaram povos e sociedades, controlaram e
estabeleceram os padrões das sociedades e povos,
transformaram o sexo em coisa suja e criaram padrões para a
sexualidade humana.
Os seus mentores sempre viveram e vivem a custa dos outros,
não trabalham, mas estabelecem valores que devem ser pagos
para mantê-los, enriquecem a custa de pessoas que muitas
vezes se privam de coisas necessárias para pagar a igreja,
vivem negociando a salvação, pois muitos acreditam que
podem se salvar comprando sua salvação pagando suas
igrejas.
Experimente dizer a uma dessas sanguessugas que você não
vai dar dinheiro a igreja, mas vai comprar alimentos e distribuir
aos pobres!
Por mim as igrejas acabam e todos vão ter que trabalhar para
se sustentar, pois meu Deus não precisa de templos, e eu não

216
preciso de igrejas para encontrá-lo e viver com ele, pois ele
está dentro de mim e eu amo meu Deus acima de qualquer
igreja ou religião!
EU NÃO SOU CONTRA NENHUMA RELIGIÃO EM
PARTICULAR... SÓ, NA VERDADE, NÃO PRATICO NENHUMA
DELAS! MAS RESPEITO E PROCURO ESTUDAR TODAS, E
EXTRAIR O QUE DE MELHOR CADA UMA POSSA OFERECER!
Não sou dono da verdade, e posso estar totalmente errado!
Portanto, aqueles que acreditam e sentem necessidade de uma
religião para encontrarem seu Deus, sejam fiéis e bons
religiosos, e procurem ser honestos e fazer o bem não importa
a quem!
Eduardo G.
Souza

217
O TELHAMENTO E A EXPRESSÃO TRÊS VEZES TRÊS

September 22, 2016

Segundo alguns autores essa declaração advém dos antigos


canteiros medievais da Franco-maçonaria que saudavam pelo
Sinal o Mestre da Obra por nove vezes – “Eu vos saúdo, eu vos
saúdo, eu vos”… (repetia-se o procedimento por nove vezes).
O número nove associava-se à unidade de proporção do cubo
poliédrico – três partes para a largura somadas as três para a
profundidade e ainda mais três partes para a altura.
Três desses cubos compostos por três partes iguais na sua
largura, profundidade e altura quando sequencialmente unidos
nessa proporção perfaziam geralmente o volume do edifício ou
o quadrilongo. Essa harmonia proporcional construtiva mais
tarde seria muito usada para determinar os limites simbólicos
da Loja (Oficina ou Canteiro) da Moderna Maçonaria – um cubo
para o Oriente e dois cubos para o Ocidente, ou ainda, um para
o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio para o Átrio.
Outro provável aspecto originário do termo T∴VV∴T∴ está na
saudação oriunda das Lojas maçônicas inglesas no que se
refere ao cumprimento às Três Luzes Maiores, às Três Luzes
Menores e aos três principais Oficiais, a saber: o Livro da Lei,
o Esquadro e o Compasso; O Sol, a Lua e o Venerável (o Sol
para governar o dia, a Lua para governar a noite e o Venerável
para governar a Loja); os dois Vigilantes e o Guarda do

218
Templo. Assim, o termo T∴VV∴T∴ se reportava também à
saudação aos componentes de uma Oficina maçônica daquela
época, anterior ao século XVIII e da profusão e aparecimento
de Ritos e Trabalhos maçônicos.
Cabe nesse particular uma importante observação: essa
conduta não pode ser tomada como exclusividade deste ou
daquele Rito, já que a expressão comentada antecede a
existência desses na Maçonaria.
Assim o termo T∴VV∴T∴ pela sua importância histórica e dos
seus usos e costumes ficaria fazendo parte do complexo
ideário maçônico.
Ainda, em se tratando da vertente deísta da Moderna
Maçonaria francesa, o termo também se reporta à evolução e
aperfeiçoamento da Natureza onde T∴ corresponde a cada
ciclo natural (estação do ano) que somados por T∴VV∴
corresponde ao número nove (meses) – a primavera, o verão e
o outono. Os três meses de inverno não aparecem por se
reportarem a estação em que a Terra fica viúva da Luz. Daí o
quadrado de T∴ ou T∴VV∴T∴.
Nesse sentido as tríades se apresentam na Maçonaria em
vários aspectos simbólicos, todavia apenas como tríades e
não como origem da expressão usada especificamente no
telhamento maçônico.
No Real Arco, Arco Real, o Tríplice Tau, Selo de David, etc.,
são tríades que revelam verdades e lições de ética e moral,
entretanto nunca como origem específica da declaração
T∴VV∴T∴ no examinador maçônico.
Também nem mesmo Ramsay teria influenciado o REAA nesse
particular. O escocesismo simbólico somente tomaria forma a

219
partir de 1.804 na França por influência das Lojas Azuis
norte-americanas.
Embora essa influência anglo-saxônica no simbolismo do Rito
Escocês, este pela sua origem francesa adotaria em seu
arcabouço doutrinário a alegoria da evolução da Natureza
acima mencionada – note as nove luzes dispostas em grupo de
três em três sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e as
mesas dos Vigilantes.
Concluindo, nunca é demais lembrar que entre as duas
vertentes principais da Maçonaria – a inglesa e a francesa – as
práticas litúrgicas e ritualísticas dos Ritos e Trabalhos
(working do Craft) não raras vezes se diferenciam entre eles,
principalmente pelos seus costumes culturais, daí práticas
como a do Tríplice Abraço e do próprio Telhamento latino
(questionário tal qual conhecemos no Brasil) aplicado no
REAA, por exemplo, não podem ser generalizados como
artifício único para toda a Maçonaria universal. Como dito, há
entre eles práticas diferenciadas e muitas vezes
desconhecidas conforme a sua vertente maçônica –
anglo-saxônica ou latina.
Autor: Pedro Juk

220
SIMBOLOGIA MAÇÔNICA

September 25, 2016

Símbolos e Alegorias

A mitologia e a simbologia são o depósito mais antigo da


ciência humana. Fábulas e símbolos foram os primeiros
veículos encontrados pela mente humana para comunicar
fatos e descobertas intelectuais.
A história religiosa e a filosofia de todos os povos nasceram
partir do desenvolvimento desse sistema de linguagem. As
descobertas arqueológicas mais recentes estão a mostrar que
praticamente toda a teologia nasceu de uma origem comum,
fundada em crenças abstratas, desenvolvidas pelos Antigos
Mistérios, que de uma forma geral, eram praticados por todos
os povos da antiguidade.
A própria forma de escrita dos povos antigos não fugiu a essa
tradição, pois salvo raríssimas exceções, todas reivindicavam

221
origem sagrada, oriunda dos próprios deuses. É o caso da
escrita egípcia, por exemplo, cuja tradição afirmava que tinha
sido a eles ensinada pelo Deus Toth, durante o reinado de
Osíris.

Também o cuneiforme dos povos mesopotâmicos teria sido


trazido à terra pelo Deus Enlil, da mesma forma que o
sânscrito seria, segundo os hindus, um sistema de
escrita desenvolvido diretamente pelos deuses.
Nem os hebreus escaparam dessa tradição, pois segundo os
adeptos da Cabala, o alfabeto hebraico também teria sido
gerado no céu, como forma de comunicação entre os anjos.

De acordo com os ensinamentos da Teosofia, o primeiro


idioma da espécie humana foi monossilábico, falado pelas
primitivas raças que povoaram a terra. Era um sistema
aglutinante, polissilábico, que foi primeiro utilizado pelos
povos atlantes. Esse idioma seria a raiz do sânscrito, o qual,
por sua vez, teria sido o pai de todas as línguas modernas.

Os símbolos maçônicos

Assim também são os símbolos naturais e artificiais usados


pela Maçonaria para representar as mais diversas ideias.
Escreve H.P. Blavatsky que “Desde tempos imemoriais os
mistérios da Natureza foram registrados pelos discípulos dos
Homens Celestes, em figuras geométricas e símbolos, cujas
chaves passaram através das gerações de homens sábios e
dessa forma vieram do Oriente para o Ocidente. O Triângulo, o

222
Quadrado, o Círculo, são descrições mais eloqüentes e
científicas da evolução espiritual e psíquica do universo do
que todos os volumes de Cosmogênese.” (1)

Os Mistérios de Ísis e Osíris, os Mistérios de Mitra, de Brahma,


de Indra, de Dionísio, os Mistérios de Elêusis, etc, são
exemplos dessas tradições praticadas por todos os povos
antigos. De uma forma geral, todos esses Mistérios buscavam
“religar” o profano ao sagrado, através da imitação do
processo que causava a vida e a morte.
Diz-se que nas iniciações a esses Mistérios os segredos da
origem do universo eram relatados pelos hierofantes numa
linguagem cifrada e os iniciados deviam registrá-la através de
símbolos ditados pela sua sensibilidade.
Assim, o mundo podia ser representado através de um círculo
com um ponto no meio, da mesma forma que outros conceitos
esotéricos recebiam diferentes conformações geométricas e
pictóricas, as quais, se julgadas corretas pelos mestres, eram
definitivamente adotados. Dessa forma foram criados os mais
diversos símbolos para representar os mais diferentes
conhecimentos arcanos.

Destarte, iremos encontrar números e figuras geométricas


como expressão de conhecimentos sagrados em todas as
escrituras antigas. E iremos perceber que todas as
cosmogonias (histórias de criação do mundo), são
representadas mais ou menos da mesma forma: por um
círculo, um ponto, um quadrado, um triângulo; e praticamente
em todas essas demonstrações simbólicas encontraremos o

223
número 7 a simbolizar o tempo da criação universal, ou as sete
“rondas” às quais a humanidade terá que passar para cumprir
o seu destino escatológico.(2)

SÍMBOLOS GEOMÉTRICOS

O círculo

Nas antigas tradições o círculo figura representava o universo


primordial, o ”ovo cósmico”, configuração inicial do cosmo,
onde tudo estava encerrado. Essa manifestação do espírito
dos povos antigos mostra que nesses primórdios da vida da
humanidade já se intuía a forma esférica dos corpos celestes,
dos grãos fundamentais da matéria, os átomos, e do próprio
universo, que segundo a moderna astronomia, também
apresenta essa forma geométrica.
Na Cabala o círculo representa Kether, a coroa, o Princípio, a
Inteligência Admirável, Potência Incriada, origem de tudo que
existe. É o próprio Grande Arquiteto do Universo, enquanto
forma energética, Primeiro Explendor, O Número Um,
indivisível, inacessível á consciência humana.
Condensa todas as formas e expressões do universo em
potência, assim como o ovo condensa a forma do ser que ele
encerra. Por isso a Cabala o chama de Vasto Semblante, ou
Semblante Imenso. Na filosofia ele é a mônada de Leibnitz,
principio único e fundamental, a partir do qual o universo foi
gerado.
Na física atômica, esse símbolo é chamado de Singularidade,
ou seja, um lugar (partícula ou átomo) onde a densidade da

224
matéria é tão densa que a relatividade geral deixa de existir.
Sua manifestação como Existência Positiva é o Big-Bang,
momento inicial do universo. (3)

O círculo e o ponto

O círculo com o ponto no centro representa o nascimento do


universo, momento em que a luz é tirada das trevas, quando o
Grande Arquiteto se manifesta em Luz (potência masculina,
positiva, eletricidade, yang).
Na tradição cabalística ele é o Ain Soph, a segunda séfira,
chamada Chockmah, representada pela sabedoria.
Numericamente ele corresponde ao dois, segunda
manifestação da Divindade.
Segundo a intuição vedanta, é o momento sublime em que
Bhraman, a alma do cosmo, se manifesta como existência real.
Para a tradição gnóstica, é o momento em que o “ovo
cósmico” é fecundado pelo Espírito Divino. Na física é o
momento que o Big-Bang ocorre e libera a energia luminosa
que dará origem às realidades cósmicas. Corresponde à
primeira lei que rege a formação cósmica, ou seja, a lei da
relatividade, que permite a expansão do universo a partir do
momento inicial da primeira explosão. (4)

O círculo, o ponto e o triângulo.

O círculo com o ponto e o triângulo representa o universo em


equilíbrio. Na Cabala corresponde às três primeiras
manifestações da àrvore sefirótica, Kether (a coroa), Chokmah

225
(a sabedoria) e Binah (a compreensão), que se unem para
formar tudo que existe no universo. Na doutrina cristã
corresponde à chamada Santíssima Trindade.
Na tradição vedanta, é Brhama, Vixnu e Chiva, a trindade
hindu, e para os antigos egípcios representava a união da
sagrada família Osíris, Ísis e Hórus. Para os taoístas,
representa os dois princípios, o masculino e o feminino que se
unem, dando em consequência o perfeito equilíbrio,
representado pelo triângulo. Na moderna física atômica esses
símbolos equivalem às três leis básicas de constituição
universal: relatividade, gravidade e conservação da energia.

Correspondem também às três forças básicas sobre as quais o


universo se apóia: luz, eletricidade e magnetismo. Para a
Maçonaria, triângulos, pontos e círculos são símbolos
extremamente representativos, que tem larga utilização na
metalinguagem utilizada para a veiculação de seus
ensinamentos.
O mundo maçônico é um mundo geométrico por excelência. O
círculo é o mundo em seu início, o ponto é o seu conteúdo
potencial, o triângulo é o mundo organizado, a ordem posta no
caos inicial. Por isso, toda a comunicação maçônica é posta
em forma de pontos dispostos em forma de triângulos, pois
essa forma pressupõe que na ideia assim exposta estão
presentes os elementos de estabilidade defendidos pela
prática maçônica: liberdade, igualdade e fraternidade.(5)

226
Notas:

1. Síntese da Doutrina Secreta, op citado, pg. 125


2. Os sete dias da criação, citados em Gênesis, 2:1,3. Segundo
a Doutrina Secreta a humanidade deverá viver sete ciclos ou
“rondas”, até completar o seu destino na terra. A nossa era
corresponde à quarta “ronda”. Síntese da Doutrina Secreta, op
citado, pg. 151
3. Conceito expresso por Stephen Hawking em O Universo Em
Uma Casca de Nóz- ANX-São Paulo, 2002
4. Disse Deus: faça-se a luz; e fez-se a luz. E Deus viu que a luz
era boa. Gênesis 1:3
5. Segundo a teoria de James Clark Maxuel, as leis da
eletricidade e do magnetismo, atuando sobre a matéria
universal, formam campos energéticos que transmitem ações
de um lugar para outro. Esses campos se comportam como
“entidades” dinâmicas que podem oscilar e mover-se no
espaço. Na Cabala, equivalem aos “anjos” que supervisionam
a formação do universo.

DO LIVRO "LENDAS DA ARTE REAL", NO PRELO.

227
OLHANDO A ORDEM MAÇÔNICA, BREVEMENTE, "DE
FORA PARA DENTRO":

September 27, 2016

A responsabilidade da Maçonaria e do Maçom, em relação a


toda a Humanidade, está sempre presente e paralela, quer se
queira quer não, em face da filosofia e da influência ética e
moral que a doutrina maçônica exerce no inconsciente
coletivo.

O edifício Moral, onde vivem as pessoas, e seu ordenamento,


resulta da harmonia perene entre a fatalidade dos
acontecimentos e a liberdade de pensar e agir.

Mas o triunfo da Liberdade impõe perseverança e valores.

A Ordem Maçônica está fora da antropologia religiosa e não


pode nem deve ser engolida com exclusividade, ou

228
monopolizada, por qualquer outra doutrina particular, escola
filosófica, facção sociopolítica ou, muito menos, religião.

O Maçom, por seu turno, dotado da liberdade para fazer o bem,


não pode ser massa de manobra, sujeito aos caprichos e
idiossincrasias de quem quer que seja, maçom ou não.

O caso contrário, para a Maçonaria ou o Maçom, faz com que


a Ordem perca sua singularidade de tocha viva com a função,
dever-ser, de depurar, aquecer mentes e corações, iluminar,
animar, ensinar e disparar germes do bem, do bom e do belo,
que povoam a utopia e o imaginário do gênero humano.

Voltada para registrar, escrever, tecer epistemologia e


reescrever o progressivo avanço do bem-estar da família, da
pátria e da humanidade, as verdades emergentes, então,
constituem o florilégio de avatares, escolásticos ou sábios,
oceano de conhecimentos, incorporados à doutrina maçônica,
repositório perene de verdades atuais.

A Maçonaria, então, é arena neutra, alicerçada no livre-pensar,


no debate disciplinado, harmônico e construtivo, na lide
pacifista, tudo pontilhado por valores, opiniões, crenças
atomizadas (em pílulas), ideias consistentes e repletas de boa
fé e de boa vontade, que dão margem à formação continuada
dessas verdades atuais.

Os efeitos da doutrina maçônica constituem os produtos que a


Ordem anuncia, de modo recorrente e continuado.

229
O Conhecimento daí derivado é universal, posto que não é
Conhecimento isolado.
A doutrina maçônica, suas premissas, princípios, preceitos,
proposições e procedimentos milenares, ilumina toda a
Humanidade, qual um sol.

É forma ativa e reflexiva de pensamento.


A/D

230
O PRIMEIRO DEVER DE UM INICIADO

September 30, 2016

A Iniciação não é de ordem meramente intelectual e não tem


por objeto satisfazer a curiosidade, graças à revelação de
certos mistérios inacessíveis ao profano.

O que nos vem ser ensinado não é uma ciência mais ou menos
oculta, nem uma filosofia que nos desse a solução de todos os
problemas: é uma Arte, a Arte da Vida. Muito bem: a teoria
pode ajudar-nos a compreender melhor uma arte, mas, sem a
prática, não existe artista.

231
Da mesma maneira, não é realmente iniciado quem não possui
verdadeiramente a arte iniciática, e é, portanto, de absoluta
necessidade aproveitar todas as oportunidades para colocá-la
em prática. De outra parte, como poderemos começar a
praticar a arte de viver?

Muito simplesmente, procurando ajudar ao nosso próximo. A


vida é um bem coletivo: não nos pertence particularmente;
para desfrutá-la, devemos participar da vida dos demais, sofrer
com os que sofrem e dar quanto de nós dependa para aliviar
suas penas.

Quando, em uma Loja maçônica, o Irmão Hospitaleiro cumpre


sua missão com respeito ao neófito, vem a recordar-lhe que
seu primeiro dever é ajudar aos infelizes.

Poderá ver mais adiante que nunca ficam esquecidos os que


estão no infortúnio: em toda reunião maçônica é obrigação
circular, antes do fechamento, o Tronco de Solidariedade.

Esse costume que se observa no mundo inteiro dá à


Franco-Maçonaria um caráter humanamente religioso, que,
jamais, terão as associações profanas que pretendam nos
revelar os mistérios.

232
Em todos os tempos, têm existido charlatões pontífices e
hierofantes: prometem dar-nos uma ciência infalível, um poder
ilimitado, a riqueza neste mundo e a felicidade no outro.

Não pedem, em troca, mais do que a confiança absoluta em


suas palavras e o serem reverenciados como semideuses.
Inumeráveis são os que se deixam enganar e jactam-se de ser
iniciados, depois de conseguirem assimilar algumas doutrinas
e de aprenderem a contentar-se com as miragens de certos
fenômenos, que mais pertencem à patologia.

As teorias que tudo explicam e os desequilíbrios


psicofisiológicos nada têm a ver com a Verdadeira Iniciação.
Esta, e nunca se o dirá bastante, é ativa. Torna-nos
co-participantes em uma obra, a Obra por excelência, a Magna
Obra dos Hermetistas.

A Iniciação não se busca para saber, senão que para obrar,


para aprender a trabalhar. Segundo a linguagem simbólica
empregada pelas escolas de iniciação, o trabalho tem por
objetivo a transmutação do chumbo em ouro (Alquimia), ou a
construção do Templo da Concórdia Universal
(Franco-Maçonaria).

233
Em um caso como no outro, trata-se de um mesmo ideal de
progresso moral. O que busca o Iniciado é o bem de todos, e
não a satisfação de suas pequenas ambições particulares. Se
não morreu para todas as mesquinharias, é prova de que,
ainda, continua profano.

Se, verdadeiramente, passou pelas provas, seu único desejo


será colocar-se a serviço do aperfeiçoamento geral, coletivo e,
por conseguinte, correr em socorro do companheiro de
fadigas, assoberbado pelo peso de sua tarefa.

Ajudar ao próximo: eis aí o primeiro dever do Iniciado. Sua


ajuda espontânea irá a quem o chamar. Não se vai deter em
buscar se o sofrimento é ou não merecido, se é consequência
de um mau carma procedente de encarnações anteriores.

Os favorecidos deste mundo não estão autorizados a se


acreditarem melhores do que os parias da existência. Uma
doutrina que tendesse a sugerir sentimentos de tal natureza
resultaria, eminentemente, anti-iniciática.

234
Quem suporta dignamente a dor é um aristocrata do espírito e
é credor de nosso respeito, se a sorte foi mais clemente para
conosco. Seus sofrimentos não são, necessariamente,
expiação de algumas faltas que pudesse haver cometido, e
sustentar semelhante tese equivalem a uma impiedade.

Todo esforço produz um sofrimento, que torna mais meritório


nosso trabalho. A dor é santa e devemos honrar aos que
sofrem. O melhor que podemos fazer é, desde logo,
solidarizar- nos com eles, compartilhar suas penas e suas
angústias e ajudá-los, do melhor modo que saibamos, material
e moralmente.

Toda iniciação que não comece pela prática do amor ao


próximo resulta falaz, por maior que seja o prestígio que se lhe
queira dar. Pelo fruto se conhece a árvore.

Ainda que não proporcione à humanidade um alimento de todo


são e reconstituinte, a árvore pode, sem embargo, oferecer-lhe
um abrigo sob seus ramos, por mais que tão-só seja utilizável
sua madeira, uma vez cortada.

Para julgar uma instituição é, portanto, necessário ponderar os


serviços que presta à humanidade. Se não inspirar aos

235
indivíduos sentimentos mais humanos, se, graças à sua
influência, não sentirem mais profundamente o amor, se não
se tornarem mais serviçais uns aos outros, não terá direito a
proclamar-se iniciática, porque a Iniciação se baseia sobre o
desenvolvimento de tudo quanto contribui para elevar o
homem acima da animalidade: pelo coração, bem mais que
pela inteligência.

Podemos compreender assim toda a importância do rito que


convida o neófito a contribuir para com a assistência das
viúvas e órfãos, em cumprimento ao ser primeiro dever de
Iniciado.

Matéria extraída do livro “O Ideal Iniciático”.

236
Contents
O MAIS PROFUNDO SILÊNCIO 1

TOLERÂNCIA E HUMILDADE 6

O MAÇOM E A VAIDADE COMO FORÇA 17


ESOTÉRICA NEGATIVA

O FOGO, A CHAMA E A LUZ 23

O SONHO E A ESCADA 27

O APERFEIÇOAR MAÇÔNICO - MAÇONARIA É 33


MOVIMENTO

A MAÇONARIA E A NATUREZA HUMANA 36

A ESTRADA QUE NOS LEVA A VIRTUDE 41

A REFLEXÃO E A TRANSFORMAÇÃO 44

O OLHO QUE TUDO VÊ 48

A ORIGEM DO REAA 52

UMA FÁBULA DE PEDREIROS LIVRES 55

A MAÇONARIA – SUA ORIGEM HISTÓRICA 64

A LOJA PERFEITA 67

A HISTÓRIA DO COMPANHEIRO MAÇOM 72


PALAVRAS DEVEM SER MAIS QUE PALAVRAS 81

PALAVRA MAÇÔNICA 87

O IRMÃO PEREGRINO 90

NEM TODO AQUELE QUE DIZ SER MAÇOM O É 98

O ILUMINISMO INGLÊS E A MAÇONARIA 115

A MAÇONARIA EXISTE PARA UNIR OS HOMENS, 120


NÃO PARA SEPARÁ-LOS

OS LANDMARKS DA MAÇONARIA REGULAR: A 126


REGRA EM 12 PONTOS

A MAÇONARIA E O SENTIDO DA VIDA 130

MAÇONARIA É ARTE 139

O ALTAR DOS PERFUMES 142


O MAIS PROFUNDO SILÊNCIO

October 03, 2016

Silêncio do latim “silentiu” significa interrupção de ruído ou


estado de quem cala.
Desde as primeiras civilizações, principalmente as que tinham
sociedades iniciáticas, o silêncio é um importante elemento
cultural, imposto drasticamente para salvaguardar seus
segredos.
Podemos verificar como exemplo:
No antigo Egito existia o deus do silêncio, chamado
Harpócrates.
Entre os magos e sacerdotes egípcios, os iniciados mantinham
silêncio total, a fim de se manterem os segredos e iniciá-los à
meditação.
Buda, em 500 anos a.C., valorizava o silêncio como condição
para a contemplação.
Os Essênios tinham como principais símbolos um triângulo
contendo uma orelha e outro contendo um olho, significando

1
que tudo viam e ouviam, mas não podiam falar, por não terem
boca.
Eurípides, no verso 470 de sua obra Os Bacantes dizia que
verdadeiros são os mistérios submetidos à Lei do Segredo.
Pitágoras, quando criou a Escola Itálica, seus discípulos se
distinguiam em 3 graus, o de Preparação, o de Purificação e o
de Perfeição. O primeiro grau era o “acústico”, assim chamado
porque era destinado aos aprendizes que eram somente
ouvintes e cumpriam um período de observação de três anos,
durante os quais a regra era calar e pensar no que ouviam.
Para os Trabalhadores de Pedras, o segredo e o silêncio sobre
sua arte eram uma questão de sobrevivência, constituindo-se,
inclusive, num salvo conduto.
Como a Lei do Silêncio é a origem de todas as verdadeiras
Iniciações é que podemos, por analogia, explicar o porquê do
silêncio e do segredo impostos ao maçom. O segredo
maçônico é, de fato, de ordem simbólica e iniciática.
Quando da iniciação do profano é dito pelo V.’. M.’. que a
Maçonaria como toda associação tem Princípios e Leis
Particulares e que todo associado, deveres a cumprir, além de
enormes sacrifícios.Após o Irmão Orador diz:
“O primeiro dever é o mais absoluto silêncio acerca de tudo
quanto ouvirdes e descobrirdes entre nós, bem como de tudo
quanto, para com o futuro, chegardes a ouvir, ver e saber.”
Aqui o Ir.’. Orador ensina ao profano uma Lição de discrição.
No juramento sobre a Taça Sagrada:
“Juro guardar o mais profundo silêncio sobre todas as provas
a que for exposta minha coragem.”

2
Quando da entrada no Templo, o silêncio consiste no
despimento de toda carga que é trazida do mundo profano, ou
seja, dos assuntos que colidem com o Trabalho Maçônico.
Na abertura dos Trabalhos em Loja o Irmão 2º Diácono
responde ao V.’. M.’. que deve velar para que os IIr.’. se
conservem nas suas Colunas com o devido respeito, disciplina
e ordem, ou seja, no mais profundo silêncio.
O silêncio em Loja só é obtido quando cessam as alterações
das lutas emocionais e mentais dos membros do quadro. É
quando todas as partes do organismo se subordinam à direção
silenciosa do dono da consciência, ou seja, do Ego.
Calar não consiste em nada dizer, mas sim quando o coração
está quieto, a inspiração aparece e a visão se aclara, pois o
silêncio sempre é mais eloquente que a linguagem. Os que
mais falam menos fazem, pois, é uma coisa comum conhecida
por todo o observador da natureza humana, que os silêncios
dos homens, com frequência, expressam muito mais que as
palavras.
Quando do encerramento dos trabalhos o V.’.M.’. diz:
Meus Irmãos, os trabalhos estão encerrados e a Loja fechada.
Antes de nos retirarmos, juremos o mais profundo silêncio
sobre tudo quanto aqui se passou.”
Aqui é jurado segredo sobre o que se realizou dentro da Loja.
Esse segredo representa o silêncio que antecede toda a nova
atividade, e é comparada a toda a escuridão protetora, que
favorece a germinação da semente nos seus primeiros estados
até ter sido aberto o caminho para a Luz, pois a Voz dos sábios
e dos complacentes não são ouvidas mais se não por aqueles
que sabem se subtrair ao tumulto das palavras e das querelas

3
humanas, para se colocarem no centro e esperar que soe a
música do silêncio e aprender a sabedoria, a força e a beleza
que fluem desse centro.
Encerrando deixo duas citações que encontrei sobre o
silêncio:
Do Ir.’.Germam Mejia Martinez- “El silencio para un Mason”:
“Bazan era um príncipe. Saiu um dia pela floresta de seu
palácio. A noite o surpreendeu em plena busca de presas
voláteis. Sentou-se sob uma árvore para descansar, quando
ouviu sair da folhagem um cantar de ave.
Levantou-se o príncipe e disparou uma flecha, matando-a.
Diante da presa caída aos seus pés, meditou e logo disse para
si mesmo: “Oh! Como é bom calar e cuidar da língua! Se esta
ave não tivesse falado, não teria morrido”. Meus Irmãos,
quando falardes, não abusai da palavra. Um silêncio mantido
no seu devido tempo tem a eloquência do melhor dos
discursos.
Do Ir.’.José Ramon Barragan Lopez, Orador da Loja Verdadeiro
Cambio 1985 nº 99, Madeo, Tamaulipas, México:
“Dirijamos agora a nossa atenção para o aspecto interno da
manutenção do silêncio maçônico. Muitas e valiosíssimas são
as lições do silêncio, assim como de sua beleza e mistério. Do
silêncio saímos e a ele deveremos voltar quando chegar a
hora.
Quando estamos em silêncio podemos nos afundar no
significado dos mistérios da vida. No silêncio solitário dos
nossos corações é onde descobrimos as grandes experiências
da vida e o amor.”

4
Enviado pelo Ir.’.Fernando Pozza
ARLS Estrela Farroupilha Nº 204 • GLMERGS

5
TOLERÂNCIA E HUMILDADE

October 06, 2016

Era uma vez, um maçom muito austero consigo mesmo,


dedicado à causa da Arte Real, não perdia um momento do seu
tempo que não fosse para debruçar-se sobre os livros
maçônicos e sugar-lhe a seiva do conhecimento impresso em
suas páginas, procurando compensar o tempo perdido, pois
fora iniciado já em idade provecta.
A presença dele em loja era um terror, abusava da sua idade
para exercer o poder de crítica em todos os trabalhos que
comparecia e assim ditar cátedra aos mais novos, afinal o seu
acervo de conhecimentos, “pensava ele”, dava-lhe esse
direito.
Até que um dia, após ter comparecido a uma sessão magna,
onde foram iniciados três novos obreiros, no desenrolar da
cerimônia, ele não perdeu oportunidade, ficava atento para
observar a mínima falha na ritualística cometida pela equipe de

6
trabalho para chamar à atenção do Venerável Mestre, e exigia a
correção de pronto, naturalmente o que em muito atrapalhava
a cerimônia iniciática, pois nesse momento, a sessão era
interrompida, dava-se a retirada dos iniciandos, para que ele
desse a sua interpretação e exigia que a correção fosse feita.
O Venerável Mestre, a contra gosto, em respeito aos cabelos
brancos do irmão, e não querendo ser agressivo, aceitava as
investidas do importunador. Ao término da sessão, nas
manifestações dos irmãos, ele se fez ouvir, e numa linguagem
imprópria e ácida para um maçom, chamou a atenção do irmão
experto e dos auxiliares pelo deslizes por ele observado,
ocorridos durante o cerimonial iniciático.
Após a sua manifestação, que ao seu julgamento, fora
irrepreensível sob todas as formas, pois se considerava um
alto conhecedor da filosofia e dos mistérios da nobre arte dos
edificadores do templo. Satisfeito, deixou a companhia dos
irmãos, recusou o convite para participar da ágape, onde
estariam reunidos todos os irmãos da Loja com seus
familiares.
Assim, despediu-se dos demais, e dirigiu-se para a sua
residência. No caminho dizia para si mesmo: “... fui ótimo, dei
mais uma lição àqueles maçons que não estudam, além do
que, não sabem trabalhar com a ritualística; a ignorância com
que tratam as coisas sagradas da maçonaria é um despautério
despropositado”...
O interessante é que não comentava a sessão como um todo,
em tudo aquilo que fora realizado com esmero e prontidão,
embelezando a sessão iniciática, sem uma observação sequer.
Após ter percorrido alguns quilômetros, viu-se diante da sua

7
residência, estacionou o seu veiculo, e dirigiu-se para a porta
com a chave na mão, abriu-a e entrou, fechou a porta, parou a
um passo e sorridente olhou para o interior, viu a sua
companheira que se aproximava para cumprimentá-lo.
Entre eles estabeleceu-se o seguinte diálogo. - Então, como foi
a sessão? - Como todas as outras que tenho comparecido,
sempre sou obrigado a intervir de quando em quando, para
corrigir as falhas gritantes que aqueles maçons despreparados
cometem.
- Naturalmente, sou alvo de admiração dos presentes, pelo
grande conhecimento ritualístico que possuo. - Interrompo a
todo instante, para exigir a pronta correção, afinal, eu sou
colado no grau trinta e três, o que me dá a condição de ser um
Inspetor da Ordem, e me cobre com a autoridade necessária.
- E...? Como os demais maçons recebem as interrupções?
Você não se torna inoportuno com essas atitudes?
- Não! Exasperado, grita: - Esse fato não lhe diz respeito!
Assim foi interrompido o dialogo entre marido e esposa. Ela
constrangida, afastou-se, deixando o marido a sós, com o seu
azedume.
Assim que ela se afastou, já recomposto, disse pára si próprio:
enfim poderei desfrutar alguns minutos de satisfação, ou
talvez horas em completo silêncio e aproveitar para estudar
mais e fazer uma reflexão sobre s minha atuação de hoje e
verificar se não deixei passar alguma incongruência durante a
cerimônia.
Dirigiu-se à sala de estudos sentou-se na sua cadeira predileta
tendo antes tomado na estante um livro maçônico, intitulado
“A TOLERÂNCIA E HUMILDADE DO MAÇOM”.

8
Abriu em suas páginas iniciais, e posse a ler. Já de início,
discordou do autor, quando no prefácio observou os elogios
feitos pelo apresentador da obra, classificando-o como
“maçom erudito”, inteligente e ícone da maçonaria.
- Que blasfêmia! Classificar esse autor como ícone da
maçonaria!!
- Se ele é um ícone, então como serei reconhecido entre os
meus pares? - Com a bagagem maçônica que possuo se até
agora não escrevi nada não é opor falta de conhecimento ou
capacidade e sim por falta de tempo.
- Gostaria que neste momento, estivesse algum irmão aqui em
casa para poder ensinar-lhe o verdadeiro sentido da
maçonaria.
- Como eu poderia ser útil a quem quisesse escutar-me, e
deixar-me derramar a luz sobre esses inúmeros irmãos que só
sabem martelar sem entender o significado esotérico dessa
respeitável atitude maçônica.
Arrogantemente, especulava mentalmente, tendo cerrado os
olhos fazia seus vôos condoreiros deixando para trás a
racionalidade dos efeitos de um perfeito maçom, seguro de
sua pequenez, não ele.
Julgava a si próprio, e valorava-se de tal forma, que parecia
somente ele o conhecedor dos mistérios da edificação do
Templo de Salomão, e que Hiram Abiff, nada representava
dentro da filosofia desenvolvida pelos obreiros da Arte Real.
Ouviu um riso gaiato. - Hi!...hi! ...hi!... - Ainda com os olhos
semicerrados, pareceu-lhe ter escutado um riso zombeteiro, de
início não deu importância ao fato.

9
Continuou a dar guarida aos seus volteios imaginativos, via-se
como o maçom de maior conhecimento e merecedor de todo o
respeito pela sua postura, podia até ser tido como um censor
dos trabalhos realizados sem loja. - Hi!... hi! ...hi!...
Voltou a escutar com toda a clareza o mesmo riso zombeteiro,
o que lhe assustou, fazendo-o abrir os olhos, e perscrutar ao
seu redor. Espantado e já sentindo um arrepio a correr-lhe pelo
corpo com atitude nervosa, percebeu que ficara temeroso com
o que estava acontecendo.
Encheu-se de coragem, procurando acalmar-se, disse para si
mesmo:
- “É produto da minha imaginação! Não devo temer, pois nada
me atemoriza neste mundo” Assim, uma vez mais, deixou-se
levar pela sua mente, novamente se fez ouvir o riso como se
alguém presente, estivesse a ouvir-lhe os pensamentos e os
desdenhasse condenando a sua arrogância.
- Há!... Há!... Há!...; Abriu rapidamente os olhos, olhou para
todos os lados, e intrigado, asperamente, vociferou: - Quem
está aí? Não obteve resposta. Novamente, exclamou: - “Quem
está aí, quem está tentando brincar comigo?” Após uns
segundos de silêncio mortificador, ouviu em resposta.
- Você não queria que alguém estivesse aqui para aprender
maçonaria? - Pois eu estou aqui. - Quem é você? Exclamou o
maçom. Uma voz soturna, respondeu.
- Eu sou o seu “PENSAMENTO”! Sou o seu julgador, sou
aquele que pode contestar as suas atitudes, aquele que levado
pelo censo de justiça poderá desafiá-lo em conhecimentos,
aquele que poderá discutir com você neste momento, no
campo da filosofia maçônica e num desafio entre nós,

10
verificaremos se você aprendeu a fazer uso do maço e do
cinzel, no desbastar de suas próprias asperezas.
- Sou aquele que aparece antes que suas ações sejam
realizadas; primeiro eu me manifesto, depois você realiza,
mesmo às vezes me contrariando, pois antevejo que a ação
resultante será nefasta.
- Aceita o desafio? Ora, pensou o maçom, eu ser desafiado
pelo meu próprio pensamento, afinal eu que o domino, não
poderei perder para ele.
Eu conheço tudo de maçonaria; no Rito Escocês, não me é
desconhecido, caminho com segurança dentro da estrada de
Aprendiz ao Inspetor Geral, pois já fui colado ao grau trinta e
três e percorri todo esse grande trajeto. Os demais ritos, como
York, Adoniramita, Schroeder, Francês ou moderno, Egípcio
(de adoção), Iluminado de Avinhão, Kilwining, Swemborg,
Misrain, etc. outros tantos, não me são desconhecidos.
Presunçosamente, exclamou:
- Pois bem, aceito o desafio! E continuou: - Façamos um
pequeno debate, um pergunta e o outro responde, está certo?
Disse o presunçoso. - Sim, respondeu o seu PENSAMENTO.
Dou-lhe a prioridade para fazer-me a primeira pergunta. - Não,
respondeu o maçom, faça-me você a primeira que me
disponho a respondê-la.
- Está bem, se assim você quer, então vejamos, far-lhe-ei uma
pergunta bastante fácil para iniciarmos. - Diga-me, “o que é
maçonaria?” O pretensioso sorriu, e pensou consigo mesmo,
“ora essa é pergunta que me faça logo eu que de maçonaria
tudo sei, nada me é desconhecido”.

11
‘Há alguns anos, venho escutando os Veneráveis, na abertura
dos trabalhos perguntarem aos irmãos que desempenham o
cargo de chanceler: “Que é maçonaria, irmão chanceler?
E a resposta, incontinente do chanceler se faz ouvir em alto e
bom tom “... é uma instituição que tem por objetivo tornar feliz
humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes,
pela tolerância, pela igualdade, pelo respeito à autoridade e a
crença de cada um”.
E complementou o raciocínio. - “É uma instituição Universal e
suas oficinas espalham-se por todos os recantos da terra sem
preconceito de fronteira ou de raça”.
O maçom, num tom jocoso, verbalizou a sua resposta como
vinha escutando há anos, todavia, sem analisar o conteúdo.
Enquanto desfrutava o sabor dos seus conhecimentos,
verificou que o seu interlocutor pesaroso sacudia
negativamente a cabeça.
Essa atitude pegou de surpresa o maçom, ruborizou-se, quase
entrando em estado apoplético levado pela irritação que o
acometera, pois jamais esperava ter chamada a sua atenção
pelas suas afirmações, por considerá-las corretas, sem
contestação alguma, e, agora estava sendo chamada atenção
pelo próprio pensamento!
- Ora bolas, isso jamais tinha ocorrido em sua vida de maçom!
- Sempre fora tido como um maçom estudioso, inteligente,
culto, e ninguém jamais se encorajaram em chamar-lhe
atenção ou dizer-lhe que “ele” estava errado em suas
afirmações. Pois sempre merecera o respeito dos maçons, em
todas as oficinas que teve o prazer de visitar.
O seu interlocutor, pesaroso, disse-lhe:

12
- Se você não sabe o que é maçonaria como deseja discuti-la,
em sua história, em seus ensinamentos, em sua filosofia, em
seus princípios?
- Você não acha muita pretensão?
- Se não sei o que seja maçonaria, como você ousa afirmar,
diga-me, então o que é a maçonaria, meu pobre pensamento!
Que vou contestá-lo e mostrarei que estou com a razão, ou
melhor, sempre estive de braços dados com ela, essa é a
fórmula inserta em nossos rituais e os seguimos à risca os
seus pensamentos.
- Vá lá, o que é maçonaria?
O pensamento refletiu por um momento e disse:
- O que você acaba de mencionar, nada mais representa que
os objetivos da maçonaria e não a definição desta ciência para
uns, e arte para outros. Várias são as definições de maçonaria,
mais a que mais me agrada e esta: “Ordem maçônica é uma
associação de homens sábios e virtuosos que se consideram
Irmãos por laços de recíproca estima, confiança entre si e cujo
fim é viver em perfeita igualdade, intimamente ligados pela
amizade, estimulando-se uns aos outros na prática das
virtudes”.
“Em fim é um sistema de moral, velado por alegoria e ilustrado
por símbolos.” Embora imperfeitas essas definições sejam
suficientes para nos convencer de que a Ordem Maçônica foi
sempre, e deve continuar a ser, a UNIÃO CONSCIENTE de
homens inteligentes, virtuosos, desinteressados, generosos
devotados, irmãos livres e iguais, ligados por deveres de
fraternidade, para se prestarem mútua assistência e
concorrerem, pelo exemplo e pela prática das virtudes, para

13
esclarecer os homens e prepará-los para a emancipação
progressiva e pacífica da humanidade.
É, pois um sistema e uma escola, não só de moral como
também de filosofia social e espiritual, revelada por alegorias e
ensinada através de símbolos, guiando seus adeptos à prática
e ao aperfeiçoamento dos mais elevados deveres de homem
cidadão, patriota e soldado de bem.
Praticando o bem sobre o plano físico e moral, a maçonaria
reúne todos os homens com irmãos, sem deles indagar a
crença ou a fé. Por isso e para evitar o desvirtuamento seus
nobres e sublimes fins, a MAÇONARIA exige que sejam
iniciados em seus mistérios somente aqueles que,
reconhecendo a existência do G.’. A.’.D.’.U.’., bem
compreendem os deveres sociais e, alheios a elogios mútuos e
inclinações contrárias aos rígidos princípios da moralidade.
Busquem-na em elevados sentimentos de Amor Fraternal. - A
Maçonaria é, portanto, o progresso contínuo, por
ensinamentos em uma série de graus visando por iniciações
sucessivas, incutir no íntimo dos homens a LUZ ESPIRITUAL E
DIVINA, que, afugentando os baixos sentimentos de
materialidade e sensualidade e de mundanismo e invocando
sempre o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, os tornem
dignos de si mesmo, da Família, da Pátria e da Humanidade.
- Chega! Pare! Não diga mais nada! “Violentamente o velho
maçom, gritou ao seu interlocutor”. Este ficou surpreso e
interrompeu a dissertação! ...
Aos prantos, disse: - Como agradeço, ó meu pensamento!
- Vivi até agora na escuridão da VAIDADE e da IGNORÂNCIA,
sempre tendo como medíocre os meus irmãos, quando na

14
verdade o ignorante, sou eu.
Como me envergonho das minhas atitudes posso até
considerá-las nefastas, quantas vezes me tornei pedante e
prepotente diante dos meus irmãos. Quantas intervenções
inoportunas e quantas interrupções despropositadas nas
sessões em que participei.
- Ainda hoje, tornei-me intolerante, é por isso que os meus
irmãos, quando chego à loja, ficam incomodados com a minha
presença.
- Muitas vezes, escutei palavras xistosas, com insinuações de
ter chegado o professor de Hiram Habiff...
- Eu não entendia como dirigidas a mim!
- Agora entendo por que fugiam de mim. Agora entendo por
que, nas sessões em que eu estava presente, os irmãos muitas
vezes se encolhiam nas cadeiras situadas no oriente e no
ocidente esperando que não me manifestasse.
Nesse instante, o Velho Maçom, pôs-se a chorar
copiosamente, colocou carinhosamente, junto ao peito a obra
que lhe trouxera tantas reflexões e declarou diante de si
próprio, da sua consciência e do seu PENSAMENTO.
- Como eu estava errado, solenemente prometo corrigir-me e
me transformar em um novo maçom; na verdade, somente
posso fazer apenas uma afirmação, tudo o que eu pensei saber
de maçonaria, é pouco, pois na verdade ouso afirmar
convictamente:
“TUDO O QUE SEI, É QUE NADA SEI SOU UM GRANDE
IMPOSTOR” A partir de hoje o meu lugar em loja não será mais
aquele que eu pensava ser merecedor por direito.

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“O MEU LUGAR SERÁ NO TOPO DA COLUNA DO NORTE,
COMO O MENOR DOS APRENDIZES DA ARTE REAL.”
Naquele instante nasceram em seu coração os mais nobres
sentimentos de: “TOLERÂNCIA E HUMILDADE.”
Miranda Delgado.

16
O MAÇOM E A VAIDADE COMO FORÇA ESOTÉRICA
NEGATIVA

October 10, 2016

“Deus nunca deu as costas ao homem e nunca o enviou para


novos caminhos salvo quando ascende a divinas
especulações ou trabalha numa confusa ou desordenada
maneira e quando se junta à lábios profanos ou pés imundos.
Pois para os relaxados, o progresso é imperfeito, os impulsos
vãos e os caminhos negros.” (Zoroastro)
Eu solenemente avisara ao mundo que, enquanto a coragem é
a primeira das virtudes do Iniciado, presunção e imprudência
não possuem conexão com ela, mais do que uma caricatura do
ex-Kaiser com Julius Cæsar ou daquele que se acha acima de
todos em sua arrogância e orgulho.
Tais arrogâncias são compostas em parte pelo falso orgulho
vindo do amor próprio e da insegurança, parte pelo impulso
desmedido que o medo extremo provoca. Existem soldados
que ganharam a cruz em batalha por não por “valor”, mas pela

17
pura falta de autocontrole numa crise de covardia.
Disciplina automática faz com que a deserção seja impossível;
a única saída é avançar e fazer aquilo que o instinto manda. Eu
conheço dois oficiais que não se lembram do ato que os
fizeram ganhar a cruz de honra. Pensamento similar
frequentemente faz com que jovens Iniciados esqueçam que o
OUSAR ESOTERICO deve ser precedido pela vontade e
conhecimento, todos os três regidos pelo SILÊNCIO. Este
último significa várias coisas, porém a maioria delas guarda
relação com controlar-se fazendo com que cada ato seja
silencioso, toda perturbação significando desajeitamento ou
ânsia.
O soldado pode ou não conseguir carregar o seu companheiro
ferido em meio a um bombardeio, porém não existe sorte em
Maçonaria e em seu princípio místico/esotérico de suas
oficinas. Nós trabalhamos num mundo fluido onde cada ação é
compensada imediatamente. Luz, som e eletricidade podem
ser usados e assim os efeitos sobre pensamento, fala e ação
redirecionar ou retardar qualquer movimento, mas em
esoterismo, como a força da gravidade, não conhece
obstáculos.
É verdade que se pode impedir a queda de uma flor
mantendo-a em cima de uma mesa; mas as forças ainda estão
agindo e a ação foi compensada pela redistribuição do stress
em cada objeto por todo o universo pelo deslocamento do
centro de gravidade do cosmos, do mesmo modo que meus
músculos vão de um estado de equilíbrio para outro, a flor
manifesta suas energias no mogno em vez de fazê-lo no
carpete.

18
Assim, a presunção em qualquer ação esotérica, sem dúvida, é
punida, pronta e merecidamente. O erro é um dos piores, pois
atrai todas essas forças que, por serem destrutivas
esotericamente, tornam-se negativas pela dor e encontram seu
principal consolo em tira-las de dentro dos desavisados. Pior
ainda, a expansão histérica do Ego leva a um profundo
afastamento da verdade, embora muitas vezes não seja
percebido pelo desavisado profano de avental que acredita
sinceramente estar vencendo os degraus da senda, ao se
pavonear para si e para os outros.
O orgulho, a vaidade, a hipocrisia, tão comuns não apenas na
Sublime Ordem, favorecem obsessões demoníacas. Eles
inflam o orgulho do tolo; eles lisonjeiam cada fraqueza
levando-o a atos dos mais ridículos, induzindo-o a falar as
mais delirantes bobagens e fazendo se achar o maior dos
homens – homem não, um deus. Ele toma cada fiasco como
sucesso, cada insignificância como um sinal de sua
sacrossanta soberania ou da malícia do inferno cujas ações o
martirizam.
Todo o sucesso que alcança é visto como uma força mágica
de seu poder pessoal e todo fracasso é culpa dos outros,
ciumentos de suas vitórias.
Sua megalomania oscila da exaltação maníaca a melancolia
como ilusões sobre perseguições. Já vi vários casos assim
ocorrerem por erros triviais como falta de cuidado em
consagrar em afinar-se corretamente com uma Egrégora
positiva (desviando o pensamento em banalidades;
má-postura; quebra do juramento de silêncio; brincadeiras e
conversas e joguinhos ou falas em celular – o que é uma

19
aberração, pois o isolamento no Templo é um princípio místico
ESSENCIAL etc.), ou ainda assumir um Grau na Ordem sem ter
a certeza do merecimento e sucesso nas provações do
caminho; instruir um Iniciando sem ter passado antes a ser
verdadeiramente um Neófito; descumprir abertamente os
Landmarks e ridicularizar IIr.’. que apontam respeitosamente
essas falhas; omitir pontos importantes de rituais achando
serem formalidades incômodas e banais; e até fazer apologia a
erros pelos quais um homem se convence de que suas falhas
são punições causadas pelo excesso de méritos próprios.
Eu me lembro de um homem que atribuiu suas falhas em
realizar Asana corretamente a sua excepcional energia física.
Seu corpo, dizia ele, possuía tamanha força interna que ele
tinha que se mexer – mesmo sendo algo característico do ser
humano comum tentar ficar desse modo, para ele era algo que
não tinha nada haver com a sua natureza.
Cinco anos mais tarde ele me disse que se tornou o homem
mais forte do planeta e pediu para que eu descarregasse meu
revolver no seu peito e não me importasse em ter minhas
janelas destruídas pelo ricochetear das balas.
Eu resolvi poupar minhas janelas e, além disso, odiaria ter que
limpar a minha arma. Ele então se ofereceu para vê-lo carregar
um motor de carro nos ombros e acompanhá-lo na estrada.
Disse que não queria e não o insultaria pedindo provas do que
afirmava. Ele então foi embora, cheio de si e resmungando. Um
mês depois soube que ele sofreu uma paralisia devido a
insanidade. O homem que se gabava do esplendor de sua
força agora não podia mover um músculo. O homem que se
ostentava agora nem falava; ele apenas urrava.

20
Casos assim que me mantiveram numa constante vigília contra
o “muito orgulhoso em lutar” – ou varrer o chão, caso
necessário fosse. A Humildade e a Coerência são as principais
forças mágicas do verdadeiro Maçom. Nenhum grau é superior
ao outro se não devidamente introjectado e vivenciado,
destruindo a cativante Mosca Azul da Vaidade como atividade
real no dia a dia.
Nenhuma consecução pessoal pode ocorrer sem passos
sinceros em cada estágio de crescimento. Existem incontáveis
iniciados, especialmente na Ásia, que alcançaram o sucesso
espiritual. Mesmo os melhores resultados devem satisfação a
nossas aspirações, e estas podem ensandecer o Aspirante,
caso não possua “senso de humor e também bom senso” pra
conseguir vencer tanto as derrotas quanto, principalmente, as
aparentes vitórias.
Assim, pra encerrar, cito o poeta, alpinista e magista Alesteir
Crowley, no qual este texto é baseado (enquanto interpretação
livre):

“Eu nunca me deixei esquecer das rochas que me


atrapalharam [ao escalar]: o Coolin Crack em Beachy Head
(maldito seja!) o a altura do Pilar Deep Ghyll (horrível!) a face
leste do Dent Blanche (exploda-se!). Eu raramente me
pavoneio, até mesmo as minhas poesias, a menos que esteja
muito deprimido. Prefiro tagarelar sobre minha ignorância num
assunto – uma lista extensa, e sobre a superficialidade de meu
conhecimento do pouco que sei fazer. Eu medito em minhas
falhas da conduta que ocorrem com a humanidade, minha

21
inocência em muitas características óbvias que ela possui.
Minha simplicidade é tamanha que, frequentemente, eu me
pego pensando se eu não entendi determinado assunto
realmente. Assuntos nos quais outros compreendem com
muito menos esforços do que os meus [...]. De fato eu temo
tudo aquilo que é característico dos acanhados, sentimentais,
vaidosos, escravos que se deixam prender pelas grossas
coleiras e braçadeiras de linho nas salas de escritório
realizando trabalhos mentais monótonos, conversando
futilidades e também terminar meus dias num reformatório ou
asilo. E novamente digo: eu pareço capaz de fazer, sem
qualquer excitação ou medo, coisas que até o mais bravo e
mais poderoso e livre dos homens acharia terríveis, coisas as
quais nem sonhariam em fazer ou temeriam mais do que a
morte.”
SABER, QUERER, OUSAR, CALAR-SE é bom caminho e ação
do verdadeiro INICIADO MAÇOM. Erguendo Templos à Virtude
e profundas masmorras ao Vício. Sem alarde, sem
superficialidade, sem orgulho e principalmente, sem
hipocrisia.
Obrigado! TFA.
ADAPTADO LIVREMENTE DO LIBER 418 A visão e a Voz
(Aleister Crowley): O Maçom e a Vaidade como força esotérica
negativa
Fernando Guilherme S. Ayres, MM (pVM da. A. R. L. S. Amor e
Justiça n. 02 - GLOMEAL)

22
O FOGO, A CHAMA E A LUZ

October 13, 2016

Na Maçonaria, assim como em outras instituições iniciáticas,


místicas, esotéricas, filosóficas ou religiosas, o fogo, a chama
e a luz são símbolos de profundo significado.
Nas iniciações, um dos batismos do candidato é feito pelas
chamas do fogo, simbolizando a queima das impurezas que a
água não consegue tirar.
“Nos livros sagrados de todas as religiões, temos centenas de
citações sobre o fogo, a chama e a luz, no início da Bíblia em
Gênesis – 1: 3 a 5 – Deus disse: “Haja Luz. E houve luz. Após a
criação dos céus e da terra, a primeira manifestação foi a
criação da luz. O grande cientista Albert Einstein disse que a
luz é a sombra de Deus.”
“Nos rituais religiosos, se acendiam lamparinas com óleo de
oliva virgem e límpido, no fogo se queima o incenso com
aromas perfumados para agradar a Deus. O profeta Isaías – 5:
25 – “Pelo fogo se acendeu a ira do senhor… .” Também dizia:

23
“A violência de sua cólera.” A chama de um fogo devorador.
“Inflamam as árvores das florestas e as videiras.”
Quando o ser humano aprendeu a se utilizar do fogo, para
cozinhar os alimentos, se aquecer nos dias e noites frias, ele
passou a se diferenciar dos outros animais, na realidade, a
maior contribuição para a formação da civilização foi a
utilização do fogo.
“Ele é citado em Gênesis – 15: 17 – “E sucedeu que, posto o
sol, houve escuridão; e eis um forno de fumo, e uma tocha de
fogo, que passou aquelas metades.”
As velas do altar simbolizam que a luz pode vir de fontes
diferentes, mas a sua função é iluminar, o maior ensinamento é
que elas sempre formam uma unidade, que a doação também
significa recebimento, ao doarem a sua luz para o acendimento
de outra vela, elas não perdem a sua luz, na realidade a luz é
multiplicada, quanto mais se doa, mais se tem.
“A presença de Deus sempre é anunciada por trovões,
relâmpagos e nuvens luminosas; ou mesmo como “sarça
ardente”; temos também a carruagem que elevou Elias ou
quando ele estava no monte Horeb e escondeu o rosto ante o
sopro de Deus; as visões de Ezequiel; Moisés que se viu face a
face com Deus desce do Sinai com o semblante
resplandecente.”
No salmo 136: 7, 8 e 9 “Aquele que fez os grandes
luminares…”
No Novo Testamento, Jesus, o Cristo, é a luz, o fogo interior, o
amor, o conhecimento; “a lâmpada não está mais sob o
alqueire, mas, sobre a mesa.”

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Temos a luz como a interiorização do conhecimento “A
lâmpada de teu corpo é teu olho.” “E se teu corpo estiver na
luz, ele estará todo na luz.”
O livro todo de João é considerado como o Evangelho do
Espírito – 1: 1 a 8 – Temos a repetição da criação. Com o
fracasso de Adão e tantos outros que não foram ouvidos,
Jesus, o Cristo, teve que ser enviado, que após passar pela
purificação pela imersão na água teve o batismo pelo fogo
divino.
Com essa visão parcial da Bíblia, tivemos uma caminhada
pouco a pouco mais espiritualizada da luz sombria da matéria
para a pura luz. Podemos perceber que a vida tem um
propósito, que a luz que tem sido preservada através das eras
pode ser alcançada.
Sabemos que a luz da maioria dos seres humanos não passa
de mera obscuridade, mas existem aqueles que se tornam
espiritualizados. Eles já não se contentam com as sombras,
pois, a presença da luz provoca uma débil reação em sua
mente e seu coração.
Na Maçonaria devemos deixar de lado, as tolas vaidades, as
brigas pelo poder, as tristes divisões e buscarmos alcançar o
ápice da pirâmide para nos tornarmos verdadeiramente
evoluídos e aperfeiçoados, nos transformarmos em
verdadeiros líderes e instrutores da sociedade menos
esclarecida. Como disse o célebre maçom Mário Leal Bacelar
“Vamos nos dar as mãos”. Devemos formar uma unidade,
assim como, as velas brilham separadas e com a união
fornecem mais luz, assim o verdadeiro maçom deve fazer, não
importa onde está o conhecimento, pois, ele pode estar em

25
todos os lugares, o importante é que o divulguemos, formando
uma só família.
Quando passamos a entender que a criação é um processo
contínuo; que ela não ocorreu instantaneamente, mas, por
estágios e, que ainda fazemos parte desse processo. Só então
compreendemos o verdadeiro significado da primeira criação:
“Das trevas do abismo, o invisível e incognoscível Deus
moveu-se sobre a face das águas e disse: “Faça-se a Luz.”
Ir.’. Pedro Neves • M.’.I.’. 33.’. • MRA

26
O SONHO E A ESCADA

October 17, 2016

Não sei se é costume em todas as regiões do Brasil, o maçom


dizer que “subiu um degrau na Escada de Jacó”, para externar
sua alegria em receber “aumento de salário”.

Aqui, na região em que vivo e tenho vinculação com a Arte


Real, é rotina dizer-se esta expressão, tanto na revelação da
felicidade de quem foi elevado de grau, como nos discursos de
saudação aos beneficiados.

Entendo que deverá ser muito denso o significado deste


símbolo na maçonaria (1), diante de tanta ênfase que se lhe dá
em seu uso ou ao se fazer a sua exegese, por mais superficial

27
que seja a abordagem.

Não quero falar que a Escada de Jacó é importante, por haver


sido admitida no Simbolismo Maçônico e, coincidentemente,
ao mesmo tempo em que se inaugurava o primeiro Templo
Maçônico, construído como tal e para esta finalidade – o
Freemason’s Hall – inaugurado em 1776 (2), no oriente de
Londres.

Nem desejo registrar, mas já registrando, a sua importância,


porque esteja configurada no Painel da Loja de Aprendiz,
elaborado por Willian Dight, em 1808 (3), onde a Escada de
Jacó aparece, partindo da Bíblia aberta sobre o altar e
alçando-se ao céu, que o alcança no clarão de uma estrela de
sete pontas.

Todavia, como se percebe, mesmo sem querer me referir a


uma Escada, já falei de duas. Uma a do sonho de Jacó, cuja
descrição vem do Velho Testamento (4). Outra, desenhada por
Dight, que se reporta à primeira, mas com omissões e algumas
inserções. Na Escada do sonho, ela está ligando a terra ao céu,
e anjos, sobem e descem. Na Escada do Painel, ela está
ligando a Bíblia do altar ao céu, sem anjos, mas com a
introdução de fortes símbolos do cristianismo, quais sejam: a
cruz da fé, a âncora da esperança, e o cálice do amor (o
sangue do Filho de Deus, derramado em face do amor pela
humanidade). (5)

O sonho, que teve Jacó, e está totalmente narrado no Gênesis.

28
O Senhor, na oportunidade, fala a Jacó de tudo de bom que lhe
está reservado, tanto a Jacó quanto à sua descendência – o
povo de Israel, nome este que substituiu o de Jacó, após sua
luta com o anjo, episódio de que a Bíblia se ocupa no livro de
Gênesis (6)

A conversa havida ao pé da Escada inspira o entendimento de


uma contrapartida de Jacó e descendentes ao que o Senhor,
seu Deus, lhe estava a garantir. Que aquele povo desse à vida
o destino de encaminhar-se ao Altíssimo: (7) “uma
peregrinação de retorno à Casa do Pai”, como séculos depois,
Santo Agostinho ensinava a respeito da vida.

Parece-me não causar arrepios dizer que a maçonaria pensa


desta forma, quando proclama a “prevalência do espírito sobre
a matéria”. Pensamento este muito bem retratado na
composição do compasso e esquadro, sendo este a matéria e
aquele o espírito.

A vida, em seus aspectos menos tangíveis, é o mote principal


da Ordem. O aperfeiçoamento do iniciado e seu exemplo na
comunidade em que habita.. O cuidado com o bem-estar do
próximo. O zelo pela família. A dedicação às coisas do amor
fraternal. O adepto da maçonaria deve apresentar-se pelo bem
que pode fazer.

29
A Escada de Jacó indica esta trajetória. No que se refere ao
sonho, ela é utilizada pelos anjos (seres plenos de virtudes)
em sua movimentação. O maçom deverá ser um construtor de
templos à virtude. Ele mesmo será uma pedra que se poliu
para ocupar espaço na construção. Ascender mais um degrau
na Escada é estar mais perto do Criador. Significa dizer:
possuir mais virtudes. A contrapartida ao que o Senhor ofertou
a Jacó.

A Escada de Jacó, na concepção de Dight, que contém os


símbolos da fé, da esperança e do amor, tem o chamamento do
maçom a seu próprio aperfeiçoamento.

Se o maçom diz que subiu um degrau na Escada, tem


convicção do que está dizendo, e acredita nisto, ele está
declarando seu compromisso com esta prática de amar a
Deus, pois está em seu caminho; de aperfeiçoar-se, porque é
destinado a ser templo de Deus (8); e de amar ao próximo que
é um estágio da Escada, que se encontra mais aproximado do
Altíssimo.

Que o Grande Arquiteto do Universo conceda, sempre, aos


irmãos maçons a força e o vigor suficientes para subirem, não
somente um, porém vários degraus nesta desafiadora
“escada”, com a qual sonhou Jacó e na qual a maçonaria se
inspira a cada instante.

Sobre o autor: Antonio do Carmo Ferreira é Grão Mestre do

30
Grande Oriente Independente de Pernambuco (COMAB),
Presidente e fundador da Associação Brasileira de Imprensa
Maçônica (ABIM) e um dos mais fecundos escritores
maçônicos da atualidade entre outras..

RECURSOS BIBLIOGRÁFICOS

(1) “A Escada de Jacob é alegoria de origem bíblica e designa


a escada que Jacob viu em sonho, a qual simbolizava a
providência e cuidado especial de Deus por Jacob; os anjos
levavam suas orações e necessidades ao trono de Deus e
desciam com as bênçãos divinas; em Maçonaria ela é
representada sobre o círculo entre paralelas verticais e
tangenciais, tendo no topo, uma estrela de sete pontas, como
símbolo da ligação do iniciado com Deus, através da ascensão
na escada iniciática”. José Castellani, no livro Dicionário
Etimológico Maçônico, vol. DEFG, pág. 59, Editora A Trolha,
Londrina/PR..

(2) “Naquele ano foi pintado um Painel... tudo leva a crer que o
irmão Pintor... acrescentou também a Escada de Jacó, que
desde alguns anos antes já vinha sendo ensinado nas Lojas.
Lendo Machey, vemos que no rito de York, a Escada não era
um Símbolo original, tendo sido introduzido por Dunckerley
em 1776, época em que Priston iniciou suas LEITURAS. O que
vem a comprovar, é que, até aquela data, a Escada de Jacó
ainda não era um Símbolo Maçônico. No Rito Escocês Antigo e
Aceito, ela entrou pelas mãos de Miguel André de Ransay, que
era um ardoroso defensor dos Stwarts, transformando em

31
símbolo maçônico a Escada Mística dos Mistérios Mitraicos.”
Francisco de Assis Carvalho no livro “Símbolos Maçônicos e
suas origens”, págs. 135, 136 e 137, Editora A Trolha,
Londrina/PR..

(3) “Willian Dight, um maçom inglês, pintor, em 1808 elaborou


três Painéis sobre lona, como era de uso na época.” Rizzardo
Da Camino no livro “Os Painéis da Loja de Aprendiz” pág. 109,
Editora A Trolha. Na pág. 110 da mesma obra está reproduzido
o painel onde se encontra o desenho da Escada de Jacó.
(4) Gênesis 28:10 – 17
(5) I Cor 13:13
(6) Gênesis 32: 28
(7) Gênesis 28:20 – 22
(8) I Cor 6: 19

32
O APERFEIÇOAR MAÇÔNICO - MAÇONARIA É
MOVIMENTO

October 19, 2016

É movimento no sentido de que os Maçons devem estar


sempre se reciclando, lendo e procurando sempre melhorar a
vida para ser sempre um exemplo vivo dentro da sociedade em
que vive.
Há pouco tempo, em Loja de Aprendiz Maçom, o Irmão Arion
Peixoto Gershenson apresentou uma Peça de Arquitetura
(artigo) intitulada “Porque ainda estou aqui?”. Trata-se de uma
Peça de Arquitetura, primorosa e perfeita, encaixada para os
nossos dias e que nos levou a refletir sobre essa energia que
devemos ter na Maçonaria.
Partindo de um convite para entrar para Maçonaria com a
Iniciação e, depois executando as diversas tarefas maçônicas
exigidas para o prosseguimento e permanência na Maçonaria,
foi dada como um dos motivos porque estava na Maçonaria.
E aí é o que vem o que quero falar, que foi inspirado pelas
reflexões da Peça de Arquitetura: Disse o Irmão que “Aqui em
nosso Templo, sempre observo os meus Irmãos, não consigo

33
encontrar nenhum igual ao outro, todos são pedras, pedras
diferentes, mas que em nossa construção vão se desbastando
e encaixando-se perfeitamente”.
É essa dinâmica de “pedras” diferentes que vão se amoldando
para a construção e que está sempre em movimento para se
encaixarem perfeitamente na construção do Templo da
Humanidade.
Cada um com suas peculiaridades e defeitos vão se talhando,
uns se transformando em pedras grandes, outros em pedras
menores, mas todas importantes para a construção. É essa
energia constante que vai acionar o fogo da fraternidade e o
trabalho em equipe para a consecução dos objetivos
maçônicos.
É como ele disse na Peça de Arquitetura, que lendo “um livro
em que tinha uma citação sobre uma inscrição Persa que foi
traduzida assim”: “Oh! Enquadra-te para ser utilizada; Uma
pedra adaptada ao muro não fica abandonada no caminho”. Ou
seja, trabalha, trabalha e trabalha, mas como Pedra
“enquadra-te” e se junta com os outros para ser bem utilizada
e energizada a fim de que não fiques para trás, jogada no meio
do caminho ou abandonada.
Como disse muito bem o Irmão no final de sua Peça de
Arquitetura, de que a Maçonaria: “... entrega ao iniciado o
ambiente a as ferramentas necessárias para seu aprendizado e
desenvolvimento. E nós, os iniciados, temos o livre arbítrio,
nós decidimos: Ser uma pedra desbastada ou uma
abandonada no caminho”.
E aí chegamos à conclusão de que a Maçonaria realmente é
estímulo, é movimento, é ação constante para que a vida seja

34
construída de homens dignos e dispostos a se enquadrarem
na felicidade e no bem da Humanidade.
Juarez de Oliveira Castro
Loja Simbólica Alferes Tiradentes nº 20

35
A MAÇONARIA E A NATUREZA HUMANA

October 23, 2016

Bem sabemos que a Maçonaria ou as doutrinas maçônicas


estão sempre próximas da natureza humana.

Todos sentimos desde a infância o desejo de entendermos o


universo.

Todos pretendemos construir uma imagem deste Universo, de


o ordenarmos ao nosso jeito, à nossa volta, construindo
histórias, o gérmen da fonte criadora que culmina, sem o
sabermos, na filosofia maçônica. Pelo simples fato que o
homem nunca deixará de promover o desejo de conhecer, das
exigências da ação, na busca incessante da Verdade.

36
Se, para a Igreja a Verdade já existe, para a Maçonaria ela é
uma busca incessante, absorvendo as necessidades do
próprio espírito, sempre num esforço pessoal sobre o Mundo e
o destino. Realizado ao longo da vida nas Lojas maçônicas, o
maçom continua no seu esforço à procura da Verdade, quer
num inquérito pessoal, quer sobre o Mundo e o seu destino;
inquérito silencioso cujas conclusões encontra no seu
dia-a-dia, ou nos momentos de calma ou alheamento nas Lojas
onde reúne, com mudanças interiores que ficam evidentes e
profundamente meditadas.

Assim se manifesta a Maçonaria, um genuíno agente de


progresso intelectual.
Esta curiosidade superior é muitas vezes confundida com
sentimento religioso. Mas ele constitui a aptidão que é própria
da nossa espécie. Nela reside o sentimento maçônico, uma
vida espiritual por mais humilde que seja é a derradeira
ambição das criaturas humanas.

A Maçonaria regular e tradicional não pode pois representar


sentimentos religiosos e muito menos a religião, seja ela qual
for. Nem confirmar ou definir a existência de uma crença ou de
um criador. Mas representa o homem espiritual que se afirma
por si mesmo numa procura incessante da Verdade.

37
Uma afirmação que faz progredir a ciência através de todas as
formas e experiências. Que coloca as religiões como mais um
ponto de partida. Mas esclarecendo que o esforço humano vai
para além delas.

A consciência humana é a imagem de um Mundo por


explicar. Mas de que mundo falamos? Do Mundo material e do
Mundo espiritual.

O maçom, desta forma, começa por apresentar uma


consciência humana de um mundo por explicar e parte desta
forma completamente livre para a busca da Verdade.

Procura trazer a ânsia da sua curiosidade, da sua certeza


intelectual e do seu prazer pela defesa da perfeição moral. Por
este desejo de aperfeiçoamento moral e pela certeza
intelectual da sua consciência na busca da Verdade,
exprime-se conforme a sua época e civilização, sendo certo
que deseja ver claro em si e à sua volta.

Amar a Maçonaria e defender a sua Escola equivale a adotar


esta consciência e não se limitar às respostas passadas dos

38
formadores maçônicos.

A resposta de cada maçom deve ficar dentro de cada um, mas


antecipando-se ao futuro, para poder contribuir diretamente
para a construção desse futuro e de forma sistêmica.

Passo a passo a filosofia maçônica conquistará o


desconhecido, ultrapassará os limites do imediato, das
certezas religiosas, promovendo o risco das nossas
interpretações esotéricas e simbólicas que o espírito nos
impõe.

Sempre frágeis nos primeiros passos de um maçom, mas


proporcionais em compreensão e em função do esforço que o
maçom lhe possa dedicar.

Ao retomarmos o caminho das primeiras verdades


promovemos o conhecimento e descobrimos novos
horizontes.

A natureza humana transforma-se num apelo que move o


coração de cada maçom. De coragem, de compreensão, de
tolerância, rodeados de mistérios próprios da natureza

39
humana sempre disponível para a investigação e que a Escola
da Maçonaria Regular e Tradicional permite alcançar.

BIBLIOGRAFIA
Peça de Arquitetura dos IIrr.'. Álvaro Carva e José Prudêncio,
ambos Obreiros da Grande Loja Nacional Portuguesa e
membros do Supremo Conselho de Portugal do Rito Escocês
Antigo e Aceito.

40
A ESTRADA QUE NOS LEVA A VIRTUDE

October 27, 2016

Uma das estradas mais difíceis de trafegar é aquela que nos


conduz a Virtude. Essa estrada que se caracteriza por
diferentes obstáculos, por curvas acentuadas, por retas
longínquas que parecem não ter fim, por aclives e declives que
por vezes nos levam a exaustão e que em alguns casos nos faz
quase perder a direção revela-nos inesperados cenários.
Essa estrada ganha denominações variadas conforme cada
trecho de seu trajeto. Seu início é um tanto obscuro, é
praticamente desabitado, onde mal conseguimos vislumbrar
aquilo que nos cerca e enxergar o que está a nossa volta...
Trafegar por essa estrada exige rigorosa disciplina, cuidado,
abnegação, orientação e muita força de vontade para
percorrê-la com sabedoria.
Porém, dificilmente consegue-se transitá-la sem passar
incólume por algumas privações. Suas pistas, às vezes
mostram-se extremamente escorregadias e leva-nos a certo
grau de insegurança de como devemos desviar das inevitáveis

41
surpresas. Deparamo-nos a cada pouco com novos Sinais que
nos obrigam a mudar as Marchas, obedecendo a um novo
critério para que a nossa empreitada ganhe maior sustentação
e segurança.
A Luz da imensidão dessa estrada se revela paulatinamente, à
medida que vamos nos aprofundando no caminho. É a Luz que
nos traz a revelação de nossos Atos e sublima as nossas
Atitudes. Trata-se de uma estrada que se pode percorrer em
Três grandes Etapas ao redor do Mundo. Ao viajarmos por ela,
seremos invariavelmente reconhecidos como pessoas Livres e
de Bons Costumes, o que já é um bom começo para quem
ainda precisará desvendar seus augustos mistérios.
Seja pela pista da direita, quando nossa tendência é trafegar
mais lentamente, ou pela esquerda, quando somos instados a
pisar mais fundo, o que vale mesmo é saber discernir o
dualismo das pistas para que possamos continuar a
percorrê-la dentro dos limites da Tolerância.
É claro que a sensação de Liberdade, de sentir o vento
batendo no rosto e a sensação gostosa de superação interior a
cada Pedágio vencido são sinônimos do êxito de nosso trajeto.
Estamos seguindo adiante, onde um Sinal nos mostra a
Elevação de um trecho que exige mais cuidado, mais estudo
de como percorrer com segurança. É o trecho das nossas
transferências onde Matéria e Espírito começa a se interpor e
mesclarem-se como fonte inovadora de nossas aspirações.
Segue-se mais algum tempo e após aferirmos com maior
acuidade que estamos prestes a Exaltar a nossa jornada
encontramos a placa que se divisa a nossa frente indicando
um sinal M.´., que nesse nosso trajeto chamaremos de

42
Moderação, de Maturidade e de Maestria pela maneira como
estamos seguindo a estrada que nos conduz à Virtude...
Vamos parar por aqui. Há trechos ainda muito mais tortuosos e
cheios de percalços a serem transpostos. Esperemos, pois,
por uma próxima viagem.
Fraternalmente Ir.´. Newton Agrella
M.´. I.´. Gr.´. 33 REAA

43
A REFLEXÃO E A TRANSFORMAÇÃO

October 31, 2016

Lendo os documentos oficiais e reconhecidos como válidos da


antiga Maçonaria inglesa e francesa, percebemos a
simplicidade dos ritos de lojas independentes paulatinamente
sendo sufocado pela pompa de obediências das mais diversas.
As reuniões davam-se em tavernas, alugadas para a sessão;
os símbolos eram desenhados no chão e nas paredes; as
comemorações seguiam-se ao encerramento ritualístico; a
iniciação resumia-se a um conjunto de fórmulas básicas.
Os painéis do grau eram, na verdade, pedaços de couro
adornado pelos irmãos mais habilidosos, assim como a
habilidade era o prumo para o ingresso na Ordem. Na verdade,
a instituição nasceu pobre e não se dava com dignidades e
com a nobiliarquia que, progressivamente, foi incorporada às
associações operativas.
Evidentemente, os "aceitos" introduziram uma gama de
conhecimentos de origens mais diversas, confundindo o
conhecimento essencialmente maçônico com tantas culturas
transportadas para as Lojas, o que não pode ser considerado
negativo. Todavia, surgiu daí as mais insólitas interpretações
sobre paradigmas simbólicos que deveriam, por obrigação, ser

44
muito simples.
Esse ocultismo inculcado no imaginário europeu ganhou ainda
mais força com o estabelecimento das obediências. Deve-se
rememorar que a Ordem, com seus séculos, nunca contou
com Orientes centralizadores, cabalando irmãos nas
localidades de forma primitiva. Contudo, tantos Supremos
Conselhos, Consistórios, e outras pequenas e grandes
burocracias contribuíram por distanciar as origens dos
maçons operativos, enevoando as mentes com as insígnias
mais do que a finalidade última da instituição.
O grau de mestre, os graus superiores ou filosóficos, os ritos
antigos e aceitos, são inovações no final de contas. Mas o que
mais chama atenção nesse mar de vaidades é o
reconhecimento. Antigamente, falar-se em reconhecimento era
desconsiderar completamente a irmandade maçônica. Hoje, o
reconhecimento interno e externo fala mais alto do que o
conhecimento havido pelo iniciado. Não importa saber o que o
irmão sabe, pensa, sente e externa, mas sim se a potência é ou
não licenciada conforme preceitua o órgão expedidor de
certificação.
Toda aquela burocracia que sufocava instituições decadentes,
das quais a Maçonaria sempre se destacou, agora insiste por
afogar a própria Ordem. O objetivo dessa humilde prancha é
chamar atenção de todos pela necessidade de despir-se de
vaidades, de formalidades, de verdades estabelecidas em prol
do resgate das práticas tão especiais que caracterizam a Arte
Real.

45
Humildade para reconhecer o saber alheio, para aprender
conjuntamente, para não tolher o crescimento do irmão, para
reconhecer como irmão quem foi iniciado, para acolher em
Loja qualquer que se mostrar maçom, para abandonar os
símbolos externos e internalizar o conhecimento nas atitudes
do dia-a-dia. Não gostaria de admitir a Maçonaria como
trincheira para nobres, aburguesados, ou qualquer reunião que
exclua os talentos de cada irmão.
Nossa Ordem não pode se pautar pela aristocracia tão cara a
Templos caiados de pompa. Não quero encontrar mestres,
soberanos, ilustríssimos, sereníssimos, poderosos,
sapientíssimos, quero conhecer irmãos simplesmente, porque
acredito que quanto maior o mestre, menor deverá
parecer. Mas irmãos de fé, de fato e de direito, este que é filho
único na família profana. Quero sentir Maçonaria e não decorar
fórmulas vazias.
São essas os anseios deste que assina e certamente da nossa
humilde e unida Loja Renovação Cuiabana n. 08. Estamos
irmanados para a edificação que permita a todos nossos
queridos irmãos ter em Cuiabá-MT um refúgio, um porto
seguro, braços estendidos, acolhida confortável com o carinho
que os irmãos merecem.
A todos que tiveram condescendência com esse irmão mais
novo em ler a prancha até o final, renovo meus votos de luz e
paz a todos, abraçando nossos queridos irmãos da Glusa e de
todas as demais potências maçônicas que, ao final de contas,
unir-se-ão no Oriente Eterno, caso a iniciação tiver começado
nos corações de cada um.

46
Encontrarei proximamente todos e cada um, na pessoa de
nosso irmão mais velho Weber e, em seu nome, mandarei toda
a vibração que move esse eterno neófito.
T:.F:.A:.
Ir.·. Eduardo Mahon
A.·.R.·.L.·.S.·. Renovação Cuiabana 08.

47
O OLHO QUE TUDO VÊ

November 04, 2016

Dentre os símbolos da maçonaria, ganha destaque o “Olho que


tudo vê”, por se tratar de um símbolo muito antigo e, ao lado
do Esquadro e do Compasso, ser o mais conhecido e
identificado pelos profanos como símbolo maçom.
O Olho que tudo vê surgiu no Egito antigo onde também ficou
conhecido como o Olho de Hórus. Hórus é uma divindade do
Panteão Egípcio que compõe a Trindade, juntamente com seus
pais: Osíris e Ísis. Ele é personificado por um falcão e esta
ave, como é sabido, é reconhecida pela sua excelente visão.
Segundo o mito, Hórus luta com Seth, a divindade do mal que
matou seu pai. Nessa luta Seth arranca o Olho esquerdo de
Hórus que simbolizava a Lua, enquanto o direito simbolizava o
Sol. Esta é a razão porque o Olho que tudo vê, é um olho
esquerdo. Anteriormente, ele foi chamado de o olho de Rá,

48
simbolizando a realeza.
O Olho que Tudo Vê também era o símbolo da Casa da Luz,
onde se praticava os mistérios, a religião esotérica dos
egípcios. Os mistérios eram ensinados e praticados na Casa
da Luz, onde se formava a casta sacerdotal.
A família real também era iniciada nos mistérios onde
aprendiam a Arte Real, enquanto os sacerdotes aprendiam a
Arte Sacerdotal. A importância do que ali se praticava nos é
mostrado pela Bíblia Sagrada, Moisés por ter sido adotado por
uma princesa, era membro da família real.
Nessa qualidade, ele foi iniciado nos mistérios, mas como não
estava na linha sucessória, ele aprendeu os mistérios da Arte
Sacerdotal. Durante o episódio conhecido como as Pragas do
Egito, Moisés se apresenta perante o Faraó exigindo a
libertação do seu povo.
Ele ameaça o Faraó e este para mostrar o seu poder chama o
seu sacerdote. O sacerdote atira o seu cajado no chão e ele se
transforma numa serpente, Moisés atira o seu cajado ao chão e
ele se transforma numa serpente que engoliu a serpente do
sacerdote. Perante a Bíblia, o ato do sacerdote é feitiçaria
enquanto o de Moisés é milagre. Na verdade, ambos vieram da
mesma escola e nela aprenderam a Arte Sacerdotal.
No Cristianismo e, especialmente na Igreja Católica, o símbolo
do Olho que tudo vê é estampado dentro de um triângulo, que
simboliza a Santíssima trindade e é reconhecido como o olho
de Deus. A identificação com o símbolo egípcio soa evidente!
Na Maçonaria este símbolo está dentro de um delta, conhecido
como o Delta Radiante. Numa outra composição, o olho é
substituído pela letra Yod, que é a inicial do nome inefável de

49
Yahvé, ou Javé na forma aportuguesada. Javé é para nós o
Grande Arquiteto do Universo e, sendo ele a sabedoria
suprema, tem todo o conhecimento. Daí porque a sua
substituição pela a do Olho que tudo vê representa a mesma
coisa.
O supremo conhecimento divino é para os gregos a Gnose, o
que nos leva à identificação dos símbolos: o Olho que tudo vê
com a letra G estampada dentro do Esquadro e do Compasso
entrecruzados, simbolizando outro símbolo, o dos dois
triângulos entrecruzados do axioma de Hermes Trimegisto,
cuja tradução é: Assim como é em cima é em baixo; o
microcosmo é como o macrocosmo. Isso nos lembra a
semelhança da configuração do átomo (micro) e o sistema
solar (macro): elétrons e nêutrons girando em torno de um
núcleo e os planetas e satélites girando em torno do sol.
Também nos lembra a criação do homem, quando Deus diz:
Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, o micro
(homem) semelhante ao macro (Deus). O que também é dito
no Livro dos Salmos 81:6 e confirmado por Jesus Cristo no
Evangelho de João 10:34: Vós sois deuses.

O Olho Que tudo Vê, ilustra o Grande Selo dos EUA e a


cédula de 1 dólar. Nestes é visto uma pirâmide cortada no topo
e mais acima um delta com o Olho Que Tudo Vê em seu
interior.
O símbolo está a significar que a obra ainda não está
concluída; a matéria ainda domina o espírito e só após a sua
lapidação, livre das impurezas da matéria é que o homem

50
poderá ascender, limpo e puro até a divindade de onde faz
parte, unindo a pirâmide ao seu topo. Esta também é a obra
que ficou inconclusa na construção da Torre de Babel,
quando o homem, ainda impuro, pretendeu ascender até o
Grande Arquiteto do Universo.
Na religião egípcia, o Deus Osíris presidia o julgamento dos
mortos. Hórus era incumbido de lhe fornecer todos os
registros dos atos daquela alma. Dessa forma, era possível
sopesar o que ela fez de bom e o que fez de ruim durante a sua
existência terrena. Isso iria decidir se a alma seria condenada
ou estaria salva. O coração do falecido era pesado na balança
de Osíris e o peso de suas más ações ou das boas decidiriam
o seu destino final.
O Olho Que tudo Vê mantém os homens informados das ações
escondidas dos seus semelhantes, tal fato se dá mediante o
que nós conhecemos por intuição. Através dela, aquilo que é
feito às escondidas acaba sendo descoberto e trazido à luz.
Isso nos trás a certeza de que nunca estamos sós.
Na Maçonaria ele nos recorda a vigilância que é mantida sobre
a nossa conduta. Ele nos esclarece que podemos enganar os
homens, mas jamais enganaremos o Grande Arquiteto do
Universo. O Olho Que tudo Vê nos acompanha, mantendo a
vigilância sobre nós. Ele simboliza a Divina Providência e, por
isso mesmo também registra o que fazemos de bom e vela
pela nossa justa recompensa.
Maçonicamente falando, as nossas boas ações é que irão nos
indicar para o aumento de salário como operários da grande
obra do Grande Arquiteto do Universo.
Autor: Antônio Amâncio de Oliveira

51
A ORIGEM DO REAA

November 06, 2016

O Rito Escocês Antigo e Aceito nasceu na Franca, como "o rito


dos Stuart, da Inglaterra e da Escócia" tendo sido a primeira
manifestação maçônica em território francês (1649), antes
mesmo da fundação da Grande Loja de Londres (1717). Desde
a criação da Grande Loja de Londres em 1717, apareceram na
França dois ramos distintos da Maçonaria.

Um dependente da Grande Loja de Londres e outro (escocês)


autônomo que não estava ligado a nenhum sistema de
obediência.

52
Viviam sob o antigo preceito maçônico de que os maçons
tinham o direito de constituir lojas sem prestar contas de seus
atos a uma autoridade ou poder supremo ("O Maçom Livre na
Loja Livre").

As Lojas Escocesas eram maioria, na França. Até 1766,


somente três Lojas, entre as 487 Lojas existentes, tinham
patente da Grande Loja de Londres. Em 1758, foram criados no
escocesismo os altos graus (25 graus do chamado rito de
Héredom) que, no entanto, só foram plenamente estabelecido
1801 com a fundação em Charleston (Estados Unidos), do
primeiro Supremo Conselho do Mundo do chamado Rito
Escocês Antigo e Aceito.

A DOUTRINA INICIÁTICA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E


ACEITO
Os principais pontos da Doutrina do Rito Escocês Antigo e
Aceito estão contidos nas instruções dos três Graus
Simbólicos.

Embora existam variações de Obediência para Obediência e de


país para país, as linhas mestras de doutrina estão sempre
presentes e podem servir para os ensinamentos em qualquer
parte do mundo.

53
São elas: A maçonaria é uma associação íntima de homens
escolhidos, cuja doutrina tem por base o Grande Arquiteto do
Universo, que é Deus; como regra: a lei Natural; por causa: a
Verdade, a Liberdade, a Fraternidade e a Caridade; por frutos:
a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso; por finalidade: a
felicidade de todos os povos, que ela procura,
incessantemente, reunir sob sua bandeira de Paz.

Assim, nunca deixará a Maçonaria, de existir no gênero


humano.

Pesquisa do irmão Paulo Edgar Melo

54
UMA FÁBULA DE PEDREIROS LIVRES

November 09, 2016

Era 12h em ponto e o sol estava a pino quando mandou os


obreiros ao trabalho, o irmão 2° Vig., e a grande obra banhava
mais um dia de suor e labor daqueles valorosos e dedicados
obreiros.

Como de costume o canteiro estava impecável a peça


terminada rapidamente se recolhia ao seu lugar e dava lugar a
outro trabalho e de tão dinâmico se dava o movimento, foi fácil
para alguns perceberem um jovem irmão que destoava dos
demais por estar impavidamente imóvel defronte a uma pedra
milimetricamente esquadrejada e de tal forma polida que como
um espelho este podia avistar a todos os que estavam ao seu
redor, apenas no fitar de suas quatro faces.

Envolvidos em suas atividades individuais, muitos soa irmãos


se quer lhe davam atenção, porém do oriente ele estava sendo
observado, extasiado com aquela construção, estático, como

55
quem espera os louros de uma grande conquista.

Percebendo isso, muito dos mestres o ignoravam, não lhe


daremos atenção, dizia um mestre a outro, para que não fique
cheio de si, sussurravam.

Mas um dos irmãos, o mais sábio por sinal, portando um livro


aberto sobre um fundo radiante foi ter com este irmão
companheiro.

Boa tarde meu querido irmão, mas que bela obra tens aí!

Ao que lhe respondeu o jovem companheiro:

E não o é! Poucas vi iguais, com tamanha precisão e tão


perfeito esquadramento. Acho até que deveria ser exposta
como exemplo, para todos pudessem ver que beleza é esta
obra.

Sem duvida, concordou o Orador, e acrescento, uma


construção tão bela precisa ser imortalizada, pois a que outra
pedra restaria á honra de ser a base, no angulo Nordeste de
tão promissora construção que erigimos aqui?

Logo aquela conversa suscitaria a atenção de outros irmãos,


pois afinal, não era todo dia que a sabedoria do irmão orador

56
estava ao alcance de todos no ocidente.

Por fim acabaram-se amontoando vários irmãos para admirar


aquela cena e muitos se deram conta daquele trabalho justo e
perfeito, que por tanto tempo, apenas aquele companheiro
olhava e observava.

Muito feliz por tanta atenção conquistada, disse aquele jovem


irmão.

Perfeitas as suas palavras meu sábio irmão orador, e a


propósito, visto que tão perfeita obra produzi, já é tempo de
ser reconhecido meu valor meu valor nesta oficina, inclusive,
desafio-os a encontrar alguém que obra tão bela quanto esta
tenha esquadrejado, e como é certeza não encontrarás, exijo
por tê-la feito, meu aumento de salário.

O irmão orador, sem que sequer tremesse seu semblante,


assentiu com a cabeça, neste momento já observado por toda
a loja que simplesmente parou, serenamente lhe respondeu.

Mais uma vez tendes razão, e todos os fitaram com surpresa,


porém ele continuou, e acerto está o seu desafio, adverti-lo-ei.
Entretanto, que uma obra não pode ser considerada completa
e perfeita, apenas ao olharmos sua casca, pois assim como a
romã é sustentada internamente por suas sementes, a retidão
e a justiça somente serão sustentadas por fortes princípios
internos, que não se podem ver a olho nu. Mas veremos ao
nosso redor.

57
Com tantos irmãos olhando o que vinha acontecendo, poucos
ainda estavam trabalhando, porém ao olhar no topo da coluna
nordeste, lá estava um pequeno aprendiz, com uma pedra tão
perfeita quanto à do companheiro, e que por tão concentrado
em seu trabalho, sequer levantou a cabeça quando aquela
turba foi ao seu encontro.

Ao perceber enfim o Orador a sua esquerda e o companheiro á


direita o aprendiz os reverenciou e feliz por sua presença lhes
recepcionou.

A que devo tanta honra meus irmãos virem observar-me no


trabalho?

Ao que o companheiro sem sequer lhe responder já começara


a medir a pedra do aprendiz como que a procurar alguma
imperfeição, enquanto este conversava como o irmão Orador.
Que bela obra tens ai irmão aprendiz, ao que lhe respondeu:

Trabalho nela há muito tempo meu irmão e sempre que me


deixo pensar que está completa, procuro e encontro alguma
imperfeição começando novamente o trabalho alegremente,
pois não é o fim que procuro, mas um eterno recomeço.

58
Sem ouvir-lhe como deveria, o companheiro diz, pois então,
acho que não deves mais se preocupar com isso, pois
inspecionei sua obra e, é claro que não está tão boa quanto a
minha, mas está quase perfeita, acho até que deves exigir
também aumento de salário, e permito-lhe até que ponha tua
pedra logo acima da minha, como base no ângulo Nordeste da
obra que sobre elas será levantada, mas o nome. Insisto que
seja posto somente na minha, pois venci o desafio.

Fitando-lhe com feição de dúvida, olha-lhe com ternura ao


irmão aprendiz.

Meu irmão companheiro, com todo o respeito não entendo,


como posso eu vangloriar-me desta obra se não fui quem a
construiu.

Mas como, se vejo teu avental assim como toda a tua


vestimenta lavada em pó de pedra e tu mesmo disseste que há
tempos vem trabalhando nesta obra? Questiona-lhe
enfaticamente o companheiro.

E não é isso por fim que viemos fazer aqui? Interrompe-lhe


educadamente o Orador, ou julgas que gastamos em vão
nossas forças?

Ao ouvi-lo pacientemente, pede a palavra ao irmão aprendiz..

Entendo a dúvida do nosso irmão companheiro, porém, ainda

59
assim, não me sinto proprietário de tal obra apenas por que
trabalhei nela, e estendendo em suas mãos o maço e o cinzel
disse, sinto-me por fim nesta construção como estas
ferramentas, que nas mãos de Deus, dão forma ao que o GADU
projetou para minha vida e para vida daqueles ao meu redor
residem.

E completou como poderia eu roubar a glória do Grande


Arquiteto, pois se for de sua vontade sequer levanto de minha
cama pela manhã, sequer respiro o ar que a todos é facultado
gratuitamente.

Mas como o coração endurecido o companheiro pôs-se a


exigir a promessa do Orador e um grande brado se fez ouvir do
trono de Salomão.

Fazei cumprir o que foi prometido ao irmão companheiro – Era


a voz do Venerável Mestre – porém é minha a honra de
escrever o que lhe cabe em sua pedra.

Feliz que não cabia em si, o companheiro viu sua pedra ser
posta no topo da coluna Nordeste e várias pedras serem
colocadas sobre ela, e quanto mais pedras eram colocadas
mais ele vibrava, porém, começou-se a perceber um problema.
Por mais que os mestres tentassem, mais ele vibrava, porém,
começou-se a perceber um problema. Por mais que os mestres
tentassem, não se conseguia manter estrutura firme e a beleza
daquela obra não se sustentava, até que pararam de

60
construí-la, pois material estava sendo gasto e nada dava
certo.

Indignado com o que ocorrer, o irmão companheiro


acompanhado do Orador e do irmão arquiteto foram vistoriar a
construção.

Só podem estar querendo me boicotar, disse o irmão


companheiro, como pode uma pedra tão perfeita ser base para
uma construção tão imperfeita?

Sem nada dizer, os irmãos orador e arquiteto se puseram a


esperar, aguardando que algo fosse percebido pelo
companheiro e em verdade, o foi.

Ao olhar com a devida atenção, o irmão companheiro percebeu


que o V.’.M.’. não havia escrito seu nome na pedra, MS havia
gravado uma palavra, lá estava escrito VAIDADE.

Então ele tudo entendeu, e chorando, tornou-se para o irmão


aprendiz e pediu-lhe desculpas. Com os olhos também
marejados o irmão Orador lhe deu um abraço e antes que ele
também se desculpasse com ele, deu suas considerações.

A mais bela obra sustentada sobre a vaidade é oca e sem


destino, morre em si mesma e mata tudo que se aproxima dela.
Acrescentando que a vaidade é oca e sem destino, morre em si
mesma e mata tudo que se aproxima dela.

61
Acrescento que a vaidade é o pior dos vícios, pois é inimiga da
inteligência visto que o vaidoso acha que já não tem mais nada
a aprender, relegado ao ostracismo e a solidão, pois por se
achar tão melhor que todos, se isola no próprio ego. A vaidade
já destruiu impérios, e até universos, pois quando uma loja
morre por vaidades, é um conjunto de galáxias que se perde,
concluiu o orador.
O V.M. ao ver que ainda não tinha conseguido se recuperar da
lição que havia aprendido, se dirigiu ao companheiro em suas
palavras finais.

Anima-te irmão companheiro, pois agora é à hora de aprender,


tenho certeza que a partir desta lição, serás, no tempo certo,
um mestre mais preparado, do que teria sido se por tudo isso
não tivesses passado, e acrescentou, de toda obra de tuas
mãos, dá graças ao Grande Arquiteto, pois é dele que vem o
que querer e o realizar, agradecendo, sobretudo, por estares
aqui e por seres maço e cinzel em suas mãos, a construir um
novo mundo, que a partir de hoje tem uma pedra mais
desbastada, que é você, a fazer parte desta construção.

Que horas são irmão 1° Vig. Bradou do trono de Salomão, meia


noite em ponto, respondeu-lhe o irmão 1°Vig.

62
E mais um dia de trabalho se passou naquela oficina, com a
certeza de que os trabalhos transcorreram J.’. e P.’., e mais um
pequeno passo se deu para evolução do Gênero humano, pois
afinal, o que viemos fazer aqui?

"Uma mente que se abre a uma nova ideia, nunca mais torna
ao seu tamanho original."
Albert Einstein.

63
A MAÇONARIA – SUA ORIGEM HISTÓRICA

November 13, 2016

Houve uma época em que os Canteiros de Obras chegaram à


conclusão de que era chegada à hora de evoluírem abrindo as
portas de suas Guildas aos Livres Pensadores, transformando
a Maçonaria Operativa em Maçonaria Simbólica ou
Especulativa.

Com o passar do tempo, haviam mais Pensadores,


cognominados de Aceitos do que de Pedreiros.

Em 24 de junho de 1717, com a iniciativa de Desaguillers e


Anderson, reuniram quatro Lojas Maçônicas de Londres, a
saber: Ganso e da Grelha; Taberna da Macieira; Coroa e

64
Taberna do Copázio e do Bago da Uva e fundaram a Grande
Loja de Londres.

Em 1723, foi publicada a Constituição Maçônica,


impropriamente conhecida como “Constituição de Anderson”
de autoria de James Anderson, Ministro protestante da
Congregação Escocesa de Londres, profundo conhecedor da
Bíblia, por determinação do Duque de Warton.

A grande virtude de Anderson foi manter os costumes dos


pedreiros e dos Canteiros, construtores das catedrais góticas,
constituindo estes a fontes mais importantes das tradições
maçônicas: sinais, toques e palavras, uso de priscas datas,
mas como grande conhecedor da Bíblia, Anderson ficou
impressionado com algumas passagens bíblicas sobre a
mulher: Isaias 34-14: “As feras do deserto se encontrarão com
hienas.” – referindo-se a Lilith – demônio feminino, ou em
Gênesis – 12: “Abraão prostituiu a própria a mulher
vendendo-a aos egípcios.” Depreendendo-se que a mulher era
propriedade do homem.

Inicialmente, houve duas correntes fraternais que


influenciaram na formação da Maçonaria Simbólica: Os
Maçons esotéricos que buscavam a origem da Maçonaria nas
Ordens Iniciáticas como Eleusis e os Maçons Autênticos que
procuravam seguir as tradições da Ordem.

65
Mas a verdade é que a Maçonaria é o resultado da civilização
mais avançada e não um credo que nasceu dos sarcófagos e
suas respectivas múmias.

A Maçonaria é comunhão de pensamento e não religião.

Willian Ribeiro da Franca.

66
A LOJA PERFEITA

November 15, 2016

Parece-me que o sonho de qualquer Loja Maçônica é fazer


valer o que diz o Salmo 133:
“Oh quão bom e quão suave é, que os irmãos vivam em união!
É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a
barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.
Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os
montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida
para sempre.”
A elevação do grau de consciência da excelência do AMOR
fraternal descrito nas palavras acima alcança todos, não
escapa ninguém dessa Lei Universal. O que sair fora disso é
desarmônico, prejudicial. É a força cega que fere de morte a
Loja, a filha de Sião.

67
A Loja unida é como um corpo: quando um padece, todos
padecem; quando um chora, todos choram; quando um se
alegra, todos se regozijam. Porque nessa Loja o Senhor
ordena a bênção e a vida para sempre! O óleo precioso do
AMOR fraternal lubrifica as engrenagens, que deslizam sem
desgaste em seu trabalho com Força e Vigor.
Como unir homens, dotados de egos, vaidades, formações,
conceitos, dogmas e valores tão diferentes? É aí que começa a
ficar interessante a arte de ser Maçom e viver em harmonia. É
um esforço comum a todos os membros, e que requer
habilidade, comprometimento mútuo e vontade de formar um
só corpo.
Antes de apreciarmos os preceitos maçônicos é importante
nos conhecermos uns aos outros, trabalhar nossos pontos
fortes, identificando os pontos fracos. Como sempre digo, no
mundo profano, o modelo de união se dá pela formação de
grupos lapidados por terceiros, enquanto que, na Maçonaria, a
lapidação é individual, contanto que cada Pedra lapidada se
encaixe no corpo da Loja, antes de se encaixar no edifício
social.
O maior prejuízo para uma Loja Maçônica chama-se “crítica”.
Criticar significa pegar o Malhete e sair trabalhando a Pedra do
outro irmão. A força cega se aproveita disso e conduz a Loja à
ruína.
O debate é saudável para a Loja. A crítica é destrutiva. O
behaviorista B. F. Skinner, em seu livro “Science and Human
Behavior” diz que, a crítica é fútil porque coloca um homem na
defensiva, deixando-o em posição desconfortável, tentando
justificar-se. Em momentos como esse, a essência do AMOR

68
fraternal, também chamada de egrégora, se desfaz e a força
cega assume o controle.
A crítica é perigosa porque fere o que o homem tem como
precioso, seu orgulho, gerando ressentimentos. É o começo
do fim dos relacionamentos.
John Wanamaker, um psicólogo estudioso dos
relacionamentos, também escreveu: “Eu aprendi em 30 anos
que é uma loucura a crítica. Já não são pequenos os meus
esforços para vencer minhas próprias limitações sem me
amofinar com o fato de que Deus não realizou igualmente a
distribuição dos dons de inteligência”. Os homens deveriam
fazer autocrítica. Como não o fazem, criticá-los é desafiar a
harmonia em Loja.
B. F. Skinnner costumava fazer experimentos com animais,
buscando compreender o comportamento destes, para depois
compará-lo com o das pessoas. Ele demonstrou que um
animal que é recompensado por bom comportamento
aprenderá com maior rapidez e reterá o conteúdo aprendido
com muito maior habilidade que um animal que é castigado
por mau comportamento. Estudos recentes mostram que o
mesmo se aplica ao homem.
O homem adora criticar. Tem os que criticam erros de
ritualística em plena sessão, atrapalhando a egrégora, criando
constrangimentos, quebrando a sequência dos trabalhos,
cruzando a palavra entre as CCol∴e o Or∴ tudo pelo prazer de
corrigir, criticar e fazer prevalecer seu potencial, seu ego e sua
autoridade, quando na verdade, o que deveria prevalecer seria
o AMOR. Buscar a perfeição na ritualística é nosso dever. Mas
não é prudente fazer críticas e correções em pleno serviço. É o

69
começo do fim.
Estudos têm mostrado que a crítica não constrói mudanças
duradouras, mas promove o ressentimento. Acaba deixando o
rei no trono, mas sem súditos para os governar. É o fim do
reinado.
O combustível do AMOR e da união é o elogio. Se algum irmão
fez um trabalho e o mesmo precisa ser melhorado, seu
consciente o está cobrando por melhora. Ele sabe que precisa
melhorar, não porque alguém o cobre melhoras, mas porque o
seu interior, sua alma, pede por melhora.
Quando alguém o elogia após a leitura de um trabalho, gera
uma crítica construtiva, pois elogiou quando dentro dele existe
uma crítica. Esse irmão se sentirá motivado a fazer mais e
mais trabalhos, e, essa persistência o levará à perfeição sem
que necessitasse críticas de terceiros.
Hans Selye, outro notável psicólogo que amava estudar o
comportamento humano diz: “Com a mesma intensidade da
sede que nós temos de aprovação, tememos a condenação”.
Na prática, não só tememos, como também não ficamos
satisfeitos com críticas feitas por pessoas semelhantes a nós,
com o mesmo grau de fragilidade.
A Loja perfeita elogia, sugere, estimula, confere recompensas
com palavras: O VERBO. A PALAVRA. O AMOR.
Não quero com isso buscar unanimidade favorável a essa tese
que defendo. Mas tenho observado que em Lojas onde se
pensa diferente, o AMOR esfriou, a harmonia desapareceu e as
CCol∴ da Loja estão em perigo.
Autor: Manoel Miguel – CIM 293759 – ARLS Colunas de São
Paulo

70
4145 – Or.’. de São Paulo.

71
A HISTÓRIA DO COMPANHEIRO MAÇOM

November 18, 2016

Doutrinariamente, o grau de Companheiro é o mais legítimo


grau maçônico, por mostrar o obreiro já totalmente formado e
aperfeiçoado, profissionalmente.

Historicamente, é o grau mais importante da


Franco-Maçonaria, pois sempre representou o ápice da
escalada profissional, nas confrarias de artesãos ligados à arte
de construir, as quais floresceram na Idade Média e viriam a
ser conhecidas, nos tempos mais recentes, sob o rótulo de
“Maçonaria Operativa”, ou “Maçonaria de Ofício”.

72
Na realidade, antes do século XVIII havia apenas dois graus
reconhecidos na Franco-Maçonaria: Aprendiz e Companheiro.
Na época anterior ao desenvolvimento da Maçonaria dos
Aceitos ou Especulativa, o Companheiro era um Aprendiz, que
havia servido o tempo necessário como tal e havia sido
reconhecido como um oficial, um trabalhador qualificado,
autorizado a praticar seu ofício.

Na Idade Média, quando as construções em pedra eram


comissionadas pela Igreja, ou pelos grandes reis, duques ou
lords, a Maçonaria operativa era um lucrativo negócio ; ser
reconhecido, portanto, como um Companheiro pelos operários
era um passaporte seguro para uma participação no negócio e
para uma renda praticamente garantida. Graças a isso, os
mestres da obra eram escolhidos entre os Companheiros mais
experientes e com maior capacidade de liderança ; e só
exerciam as funções de dirigentes dos trabalhos, daí surgindo
o Master da Loja, o qual, pelas suas funções e pelo respeito
que merecia de seus obreiros, viria a ser o Worshipful Master -
Venerável Mestre - o máximo dirigente dos trabalhos.

O grau de Mestre Maçom só surgiria em 1723 depois da


criação, em 1717, da Primeira Grande Loja, em Londres e só
seria implantado a partir de 1738. Por isso, o grau de
Companheiro foi sempre o sustentáculo profissional e
doutrinário dos círculos maçônicos, não se justificando a
pouca relevância que alguns maçons dão a ele,

73
considerando-o um simples grau intermediário.

Autores existem, inclusive, que afirmam que na fase de


transição da Maçonaria, ele era o único grau, do qual se
destacaram, para baixo, o grau de Aprendiz, e, para cima, o de
Mestre. Na realidade, não pode ser considerado um maçom
completo aquele que não conhecer, profundamente, o grau de
Companheiro.

A palavra Companheiro é de origem latina.

O seu significado tem provocado controvérsias quanto à sua


etimologia, pois alguns autores sustentam que ela seria
derivada da preposição cum = com e do verbo ativo e neutro
pango (is, panxi, actum, angere) = pregar, cravar, plantar,
traçar sobre a cera e no sentido figurado escrever, compor,
celebrar, cantar, prometer, contratar, confirmar.

Neste caso, especificamente, pango teria o sentido de


contrato, promessa, confirmação, fazendo com que a
expressão cumpango que teria dado origem à palavra
Companheiro signifique com contrato, com promessa,
envolvendo um solene compromisso, que teria orientado as
atividades das companhias religiosas e profissionais da Idade
Média e do período renascentista.

74
A origem mais aceita, todavia, é outra: o termo Companheiro é
derivado da expressão cum panis, onde cum é a preposição
com e panis é o substantivo masculino pão, o que lhe dá o
significado de participantes do mesmo pão. Isso dá a idéia de
uma convivência tão íntima e profunda entre duas ou mais
pessoas, aponto destas participarem do mesmo pão, para o
seu nutrimento.

Essa origem, evidentemente, deve ser considerada nos


idiomas derivados do latim: compañero (castelhano),
compagno (italiano), compagnon (francês), companheiro
(português). A Enciclopédia Larousse, editada em Paris, por
exemplo, registra o seguinte, em relação aos vocábulos
compagnon e compagnonnage: Compagnon - n.m. (du lat. cum
= avec, et panis = pain) - Celui que participe à la vie, aux
occupations d’un autre: compagnon d’études. Membre d’une
association de compagnonnage. Ouvrier. Ouvrier qui travaille
pour un entrepreneur (par opos a patron). Compagnonnage -
n.m. - Association entre ouvriers d’une même profession à des
fins d’instruction professionelle et d’assistence mutuelle.
Temps pendant lequel l’ouvrier sorti d’apprentissage travaillait
comme compagnon chez son patron. Qualité de compagnon.

Ou seja:
Companheiro - substantivo masculino (do latim cum = com, e

75
panis = pão) - Aquele que participa, constantemente, das
ocupações do outro: condiscípulo, companheiro de estudos.
Membro de uma associação de companheirismo. Operário que
trabalha para um empreiteiro.
Companheirismo - substantivo masculino - Associação de
trabalhadores de uma mesma profissão, para fins de
aperfeiçoamento profissional e de assistência mútua. Tempo
durante o qual o operário saído do aprendizado trabalhava
como companheiro, em casa de seu patrão. Qualidade de
companheiro.

Nos idiomas não latinos, os termos usados têm o mesmo


sentido. Em inglês, por exemplo, o Companheiro, como já foi
visto, é o Fellow, que significa camarada, par, equivalente,
correligionário, membro de uma sociedade, conselho,
companhia, etc.
Daí, temos as palavras derivadas, como: fellow laborer =
companheiro de trabalho; fellow member = colega; fellow
partner = sócio; fellow student = condiscípulo; fellow traveler =
companheiro de viagem; e fellowship = companheirismo.

Não se deve, todavia, confundir o grau de Companheiro


Maçom, ou o Companheirismo maçônico com o
Compagnonnage - associações de companheiros - surgido na
Idade Média, em função direta das atividades da Ordem dos
Templários, e existente até hoje, embora sem as mesmas
finalidades da organização original, como ocorre, também,
com a Maçonaria.

76
O Compagnonnage foi criado porque os templários
necessitavam, em suas distantes comendadorias do Oriente,
de trabalhadores cristãos ; assim organizaram-nos de acordo
com a sua própria doutrina, dando-lhes um regulamento,
chamado Dever.

E esses trabalhadores construíram formidáveis cidadelas no


Oriente Médio e, lá, adquiriram os métodos de trabalho
herdados da Antigüidade, os quais lhes permitiram construir,
no Ocidente, as obras de arte, os edifícios públicos e os
templos góticos, que tanto têm maravilhado, esteticamente, a
Humanidade.

O Compagnonnage, execrado pela Igreja, porque tinha sua


origem na Ordem dos Templários, esmagada no início do
século XIII, por Filipe, o Belo, com a conivência do papa
Clemente V, acabaria sendo condenado pela Sorbonne. Esta,
originalmente, era uma Faculdade de Teologia, já que fora
fundada em 1257, por Robert de Sorbon, capelão de S. Luís,
para tornar acessível o estudo da teologia aos estudantes
pobres.

E a condenação, datada de 14 de março de 1655, contendo um


alerta aos Companheiros das organizações de ofício (os

77
maçons operativos), tinha, em relação às práticas do
Compagnonnage, o seguinte texto:
“Nós, abaixo assinados, Doutores da Sagrada Faculdade de
Teologia de Paris, estimamos:

1. Que, em tais práticas, existe pecado de sacrilégio, de


impureza e de blasfêmia contra os mistérios de nossa religião;
2. Que o juramento feito, de não revelar essas práticas, mesmo
na confissão, não é justo nem legítimo e não os obriga de
maneira alguma ; ao contrário, que eles se obrigam a acusar a
si mesmos desses pecados e deste juramento na confissão;

3. Que, no caso do mal estar continuar e não possam eles


remediá-lo de outra forma, são obrigados, em consciência, a
declarar essas práticas aos juízes eclesiásticos; e da mesma
forma, se for necessário, aos juízes seculares, que tenham
meios de dar remédio;

4. Que os Companheiros que se fazem receber em tal forma


assim descrita não podem, sem incorrer em pecado mortal, se
servir da palavra de passe que possuem, para se fazer
reconhecer Companheiros e praticar os maus costumes desse
“Companheirismo” ;

78
5. Que aqueles que estão nesse Companheirismo não estão
em segurança de consciência, enquanto estiverem propensos
a continuar essas más práticas, às quais deverão renunciar;

6. Que os jovens que não estão nesse “Companheirismo”, não


podem neles ingressar sem incorrer em pecado mortal.
Paris, no 14° dia de março de 1655”.

Nada a estranhar! Era a época dos tribunais do Santo Ofício,


da “Santa” Inquisição.
Para finalizar, é importante salientar que muitos dos símbolos
do grau de Companheiro Maçom os quais tanto excitam a
mente de ocultistas - foram a ele acrescentados já na fase da
Maçonaria dos Aceitos, pelos adeptos da alquimia oculta, da
magia, da cabala, da astrologia e do rosacrucianismo , já que
os obreiros medievais, os verdadeiros operários da
construção, nunca adotaram tais símbolos, limitando-se às
lendas e aos mitos profissionais.

Eram, inclusive, adversários das organizações ocultistas,


combatidas pela Igreja, à qual eles eram profundamente
ligados, pois dela haviam haurido a arte de construir e
mereciam toda a proteção que só o clero católico poderia dar,
numa época em que o poder maior era o eclesiástico.

79
Com o incremento do processo de aceitação, a partir dos
primeiros anos do século XVII, as portas das Lojas dos
franco-maçons foram sendo abertas não só aos intelectuais e
espíritos lúcidos, que foram responsáveis pelo renascimento
europeu, mas, também, a todos os agrupamentos místicos e às
seitas existentes na época.

Isso iria provocar uma verdadeira revolução nas corporações


de ofício e iria começar a delinear a ritualística especulativa do
grau, baseada em símbolos místicos e nas doutrinas
ocultistas, principalmente na Cabala e na Alquimia Oculta.

BIBLIOGRAFIA
Do nosso Valoroso Mestre que nos enriquece com suas obras
José Castellani
Do livro: “Cartilha do Grau de Companheiro”
A/D

80
PALAVRAS DEVEM SER MAIS QUE PALAVRAS

November 21, 2016

“Levantam-se templos à virtude e cavam-se masmorras ao


vício”
A Maçonaria tem certos procedimentos que, muitas vezes,
passam despercebidos em seu conteúdo à maioria dos Irmãos,
no que concerne à alta significância do que representam. Um
exemplo disso é o enunciado acima.

Respondido durante o episódio do telhamento, as palavras


deveriam tocar profundamente quem as pronuncia e quem as
ouve, mas elas se perdem no vácuo das sensibilidades, sem
que se aperceba da profunda exortação expressada.
Aliás, esse fato é comum na Maçonaria atual.
As palavras são ditas apenas pelo aparelho fonador de quem
fala e registradas no aparelho auditivo de quem ouve. São
apenas registros físicos que não motiva quem fala ou quem
ouve. Para que as palavras surtam o efeito esperado e
desejado elas necessitam ser sentidas, tocar o sentimento, o

81
íntimo da pessoa, causando motivação, que transforma
comportamentos.
Tudo que penetra em nossos sistemas, pelos órgãos dos
sentidos comuns, só conseguirá causar transformação se
produzir sentimento motivador. Os fatos indiferentes são
inócuos. A repetibilidade de um fenômeno indiferente causará
habituação e/ou extinção da resposta provocada inicialmente.
Esse preceito é bem conhecido nas ciências biológicas.
A repetição continuada e desmotivada de nossas sessões cria
o efeito da habituação ou extinção do sentimento de
transformação nos ouvintes das palavras do ritual. Por isso,
em nossas sessões maçônicas, o que se diz deveria ser
recebido com motivação interior.
Para isso acontecer, o maçom necessita estar interessado no
desenrolar dos diálogos dos trabalhos e não apenas marcar
presença para não se tornar irregular em Loja. Cada palavra
que se diz nessas sessões não são palavras vãs. Elas
possuem forças concentradas, em sua expressão, que
transformam o ouvinte interessado num verdadeiro maçom,
transmutando vícios em virtudes.

A história nos mostra que líderes da humanidade, para o bem


ou para o mal, transformavam as multidões em aríetes de seus
desejos, pela força de sua eloquência.
As palavras faladas com sentimento atingem a quem ouve com
a energia de quem fala. Daí a grande importância do Venerável
dirigir os trabalhos com o sentimento na voz e não apenas
com a voz da palavra. Se assim proceder, os seus

82
comandados recebem uma parcela de sua energia interior,
tanto maior, quanto maior for sua força moral.
Os trabalhos se tornarão mais agradáveis, por mais que se
tornem rotineiros, pois, cada sessão nunca será igual a
anterior, porque estará acrescida de maior vigor, pela
somatória das energias passadas e presentes. Os maçons, por
seu turno, se começarem a ouvir sentindo as palavras, irão
meditar no seu significado moral com maior interesse em
vivenciá-las, pois que acordará do sono letárgico em que se
encontram.
É claro que tudo isso depende da vontade interior de cada um
em ser ou em se tornar um bom e legítimo maçom.
“Levantam-se templos à virtude” – são belas palavras de
exortação. O seu significado não é literal, bem o sabemos. É
dever do maçom o cultivo das forças morais, o exercício dos
abstratos substantivos tais como paciência, amor, caridade,
humildade, perdão, amizade, sinceridade, tolerância, etc.,
tornando-os concretos adjetivos do maçom. Não podem ser
apenas exortações doutrinárias ou religiosas, como alguns
imaginam.
Para o maçom são comandos interiores que operam a
transformação de seu comportamento profano. A Ciência tem
provado que o exercício dessas virtudes gera energias
positivas nas pessoas, que podem modificar seu estado
patológico em estado fisiológico ou sadio, enfim curar
doenças.
Esse estado energético interior tem a dimensão do tamanho da
vontade do indivíduo.

83
A expressão também indica ao maçom que deverá realçar as
virtudes encontradas nos Irmãos e não evidenciar os seus
defeitos ou vícios na maledicência comum. Se o Irmão
apresenta um defeito moral o exercício da virtude nos manda
ajudá-lo na sua transformação, usando os meios de que
dispomos e os que sejam necessários para essa tarefa.

Levantar templos à virtude também está presente quando nos


esforçamos para manter a harmonia do lar, onde exercitamos a
tolerância, o perdão, a compreensão e, sobretudo o amor.
Quando trabalhamos para minorar a ignorância e o sofrimento
da sociedade também estamos levantando templos à virtude,
pois, ela é a extensão do nosso lar.
O objetivo basilar da Maçonaria é promover a evolução moral
do maçom, para que ele, moralizado, seja o agente
multiplicador dessa moral, na sociedade em que se encontra
inserido.
Não só agente verbalizador da moral, mas também, e mais
importante, um silencioso vivenciador dela, porque o exemplo
vale por mil palavras. O levantar templos à virtude toca
profundo o ser-maçom, mas se torna apenas belas palavras no
estar-maçom.
“Cavam-se masmorras ao vício”- é o corolário do “levantam-se
templos à virtude”. Acabar com os vícios significa extinguir o
ódio, o rancor, a vingança, a mágoa, a maledicência, a
intransigência, a vaidade, o orgulho, o egoísmo, a prepotência,

84
o comodismo, etc., e tantos outros defeitos morais.
Os concretos vícios orgânicos como a glutonaria, a sexolatria,
a dependência de drogas, jogos de azar, alcoolismo são
também alvos da artilharia maçônica, porque são
escravizadores do homem. O princípio basilar da liberdade não
é apenas o físico, mas também moral e psíquica.
Vício é tudo que degrada o ser humano, portanto, as
masmorras são símbolos que nos diz para enterrarmos nossos
defeitos, antes que eles nos enterrem (no amplo sentido do
termo). Não é fácil realizar isso, porque o prazer que nossos
vícios produzem em nós é uma enorme força a nos prender.
Esse prazer é tão real que nos entorpece a consciência e
passamos a não senti-lo como vício. Se alguém assim o diz,
duvidamos ou buscamos as devidas desculpas ou explicações
para manter-los.
Entretanto, tocados pelo sentimento maçônico da
transformação moral, desenvolvemos uma energia interior
para desalojar esses vícios, grandes ou pequenos, de nosso
ser. Essa energia a aurimos principalmente durante as sessões
ou trabalhos maçônicos, quando comparecemos a eles com a
motivação da autotransformação.
Essa força de vontade, desenvolvida pela vontade de fazer
força, é o instrumento de burilar a pedra bruta, que somos nós
próprios.
Quando os maçons se conscientizarem e entenderem o
significado moral de cada palavra que se diz em Loja, durante
seus trabalhos, e passarem a vivenciá-las no dia a dia,
veremos que nos tornamos uma poderosa força de
transformação do mundo em todos os sentidos.

85
A expressão “Educa-te a ti mesmo que o mundo se educará”
não é expressão apenas das escolas propriamente assim
configuradas, mas de todos que trabalham para a evolução da
humanidade.
Autor: Joaquim Tomé de Souza
Membro da ARLS Luz e Saber, 2380 – Oriente de Goiânia – GO

86
PALAVRA MAÇÔNICA

November 23, 2016

A “palavra maçônica” é um compromisso de honra efetuado


pelo neófito quando tem contacto com os Mistérios da Arte
Real. No qual ele se compromete a honrar e dignificar a
Maçonaria, bem como em guardar segredo do que vir ou tomar
conhecimento em sessão ritualista maçônica.
E como tal, nada mais é importante para o maçom do que
respeitar a sua palavra, a sua palavra dada, a sua palavra de
honra.

Sendo por isso, que uma das suas obrigações é a de ser


um homem de bons costumes. Alguém que é honrado e vive
sob bons preceitos morais.

87
Quando um maçom se compromete com algo, ele o cumpre ou
o faz por cumprir, porque é a sua palavra que fica em questão.
Se não o fizer, a sua credibilidade perante os seus irmãos e
porventura demais profanos, será posta em causa, correndo o
sério risco de ficar descredibilizado, e assim não poder viver
da forma honrada como assim o deve fazer.
Essa palavra vale mais que “mil assinaturas”, pois jamais
poderá ser rasurada ou apagada. Quando ela é assumida, ela
torna-se um compromisso para a vida do maçom. Tanto que a
sua palavra deverá ser “eterna e imutável”. Logo será sempre
um dever a ser cumprido!

Por isso, um maçom quando assume um compromisso ou


quando opina sobre determinado tema ou matéria, tem de ter o
cuidado e a parcimônia necessária. Pois com a sua opinião
também pode ele pôr em causa a Maçonaria na sua
generalidade.

Normalmente quando alguém opina publicamente, apenas


essa opinião o vincula a ele próprio. Mas em Maçonaria isso é
diferente. E diferente porque, quando um maçom opina na via
pública, as suas afirmações encontram um eco
desproporcionado por vezes em relação ao que afirma. E tudo
fruto do que a sua imagem enquanto maçom suscitar.

88
A curiosidade sobre o que se passa no interior da Maçonaria é
tão grande por parte dos profanos, que isso origina um
excesso de “ruído” que majoritariamente causa um impacto
negativo na Ordem em si. E é por isso que um maçom deve ser
reservado quanto ao que opina como opina e onde exerce a
sua opinião.

Aliás, se existe alguém que falará pela Obediência em si, serão


apenas o Grão-Mestre e o Grande Orador, os restantes Irmãos
apenas poderão opinar, mas vinculando-se apenas a si
próprios nas afirmações proferidas.
Já na vida interna das Obediências Maçônicas, as palavras dos
irmãos são muito bem-vindas, isto é, cada um (exceto se em
sessão litúrgica, os Aprendizes e Companheiros se abstêm
de falar) é livre de opinar sobre o que quiser, respeitando
apenas as regras impostas pela Obediência, seja no
cumprimento dos Landmarks (no caso de Obediências
Regulares) seja no cumprimento do seu Regulamento Geral.
Resumindo, o segredo que existe na palavra de um maçom,
encontra-se à vista de todos. É apenas se tomar atenção ao
que diz e como o diz.
Rui Bandeira – A Partir Pedra

89
O IRMÃO PEREGRINO

November 28, 2016

“Procurai e encontrareis. Batei e sereis atendido. Pedi e


recebereis.” (Luc 11:9, Mat.7:7)
É sabido entre os Maçons que existem direitos e obrigações
dentro da Ordem, conforme consignado no Estatuto e
Regulamento da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, além
do contido no Regimento Interno da Loja a que pertencem
como nas demais Lojas irmãs congêneres de outras
jurisdições.
Vale sempre ressaltar que todos os Maçons têm o direito de
participar dos trabalhos de Lojas regulares, devendo-se
observar o rigor disciplinar prescrito para os perfeitos
conhecedores da dinâmica aplicada no telhamento,
envolvendo, inclusive, os requisitos de apresentação dos
documentos de identidade maçônica e civil, mensalidade

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atualizada e palavra semestral ou de convivência, dependendo
da Obediência a que pertença.
Vencida a barreira inicial de reconhecimento cautelar que o ato
encerra, tanto da parte de quem recebe, quanto daquele que
visita, em especial no que se refere à legalidade da Loja
visitada, cabe ao peregrino seguir os conselhos sempre
repisados de manter postura sempre altiva, sóbria e discreta,
observando o silêncio no que couber e manifestando-se
quando cabível e no momento adequado, de acordo a
ritualística aplicada à Loja e ao Rito seguido.
Nesse aspecto, além de ser um direito que assiste ao Maçom
regular, a visitação é um dos mais antigos costumes
maçônicos e está vinculada à teoria de que todas as Lojas são
apenas divisões da “Fraternidade Universal”.
Historicamente, o direito em questão está embasado no eterno
e imutável 14º Landmark, dentre os 25 colecionados pelo irmão
Alberto G. Mackey, que assim se apresenta:
“O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em quaisquer
Lojas é um inquestionável Landmark da Ordem. É o
consagrado direito de visitar que sempre foi reconhecido
como um direito inerente que todo irmão exerce quando viaja
pelo Universo. É a conseqüência de encarar as Lojas como
meras divisões, por conveniência, da Família Maçônica
Universal.”
A história da Maçonaria já relata essas visitas como um
costume dos mais antigos e mais amplamente praticados da
Maçonaria Simbólica. No trabalho do Irmão Ken Anderson,
Guia do Maçom Viajante – Orientações para um Maçom
Viajante -, relata-se que “em tempos operativos, bem antes do

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surgimento da maçonaria especulativa como a conhecemos
hoje, os pedreiros eram trabalhadores itinerantes que se viam
forçados a viajar para renovar seu emprego à medida que cada
projeto de construção fosse concluído. Este caráter fluido da
Maçonaria Operativa levou à formação de sociedades
comerciais, conhecidas como Lojas, para proteger a
integridade de seu ofício, e para melhorar as práticas morais e
sociais dos seus membros”.
É bom que se diga que a visitação não é somente
recomendada aos jovens maçons, como se costuma ouvir e
sim uma necessidade de todos os obreiros, pois a troca de
experiências com outros irmãos, a observação da forma de
atuar de cada Loja, a sua estrutura, os ritos e ritualísticas
diferenciados, sempre agregam informações e enriquecem
nossa caminhada maçônica.
Por vezes, grandes surpresas ocorrem, em especial quando se
reconhece uma pessoa amiga que não imaginávamos
pertencer à Ordem e as novas amizades que se iniciam, com a
reciprocidade decorrente dos convites trocados,
proporcionando, além de uma expansão do círculo de
relacionamento maçônico, o fortalecimento do processo de
capilaridade que deve também ser uma das características das
relações entre os seus membros.
Ensinam os irmãos mais experientes que nunca é exagerado
relembrar que, ao visitar Lojas de outros ritos, devem-se
respeitar as regras sociais e seguir as orientações
regulamentares da mesma. “Não importa se na sua Loja o
certo é assim ou assado”, asseveram. Os “bons costumes”,
que todo Maçom deve observar, ditam que, “na casa dos

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outros, você tem que dançar conforme a música”. Como muito
bem ensina o ditado: “Quando em Roma, faça como os
romanos”.

Por outro lado, é previsto no 15º Landmark que a um visitante


já conhecido de algum irmão do Quadro lhe seja concedida a
permissão para entrar conjuntamente com os membros,
cabendo ao Mestre de Cerimônias indicar o local de assento.
Quando se tratar de Venerável Mestre ou Mestre Instalado,
serão estes conduzidos ao Oriente onde têm assento de praxe.
Na Prancha nº 217, intitulada “Como visitante e com o
Visitante”, o irmão Sérgio Quirino Guimarães recomenda que,
“quando for fazer uma visita, procure saber se nos trabalhos
da Oficina é permitido o uso de Balandrau (alguns ritos não
reconhecem esta vestimenta). Sendo Aprendiz ou
Companheiro, antes da sessão pergunte para algum Irmão se a
Pal.’. a Bem da Ord.’. é franqueada a manifestação de todos ou
somente para M. M.”.
Ainda sobre a visitação, cabe destacar que muitas Lojas têm
como projeto de incentivo a concessão da “Medalha Irmão
Peregrino” àqueles obreiros que visitam o maior número de
Lojas no ano. Tal medida se reveste de significativa
importância, pois estabelece uma sadia competição entre os
irmãos, notadamente entre aqueles que ainda desbastam a
pedra bruta, acelerando o processo de aprendizagem da
ritualística, além de despertar o interesse pelo
aperfeiçoamento da caminhada, pelos novos desafios
representados pelas conquistas dos Graus Filosóficos e

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outros Ritos.
Como sabemos tal prática não é dominante, pois a tendência
ao acomodamento ao se atingir o Grau três é sobejamente
decantado. Mesmo naquelas Lojas que incentivam a
peregrinação, como fator de desenvolvimento, ainda
encontramos à sombra das colunas dos Templos obreiros que
não defendem tal prática, chegando, à vezes, a questionar a
validade deste ou daquele comprovante de visitação incluído
na Bolsa de Propostas e Informações, que funciona como o
correio da Loja, sob o argumento de somente são válidas
apenas as visitas às Lojas Simbólicas, desconhecendo a
grandeza dos Graus Filosóficos, defendendo uma separação
de corpos além do administrativo competente, corrompendo o
conceito de “Família Maçônica Universal” a que se refere o 14º
Landmark supracitado.

Até este ponto, nenhuma novidade que altere a ordem dos


fatos. Porém, cabe-nos refletir como tem sido nossa relação
com os irmãos visitantes, no sentido de construir uma boa
impressão e não ter o desgosto de ver a imagem da Loja sendo
denegrida por falhas nos procedimentos de acolhimento
daquele obreiro que está na plenitude do exercício de seus
direitos.
Fazer progressos na Maçonaria e estreitar os laços de
fraternidade que nos unem como verdadeiros irmãos é
mandamento a ser observado por todos os que são escolhidos
e acolhidos pela Ordem. Portanto, a postura recomendada é a
de receber bem os visitantes nos trabalhos em Loja e em

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eventos promovidos pela mesma, tratando-os com
cordialidade e consideração, para que se sintam bem e
reconhecidamente entre irmãos. Assim procedendo, a boa
impressão causada será motivo de visitas futuras e
recomendação a outros irmãos.
Internamente em nossas Lojas, é forçoso reconhecer que
alguns cuidados devem se constituir em hábito, como o de
cumprimentar a todos quando se chega e não apenas reservar
atenção para uns poucos selecionados. Isso é sempre captado
pelos irmãos mais atentos e, às vezes, motivo de comentários
negativos.
Quando se chama a atenção de algum mais distraído, soa
familiar o argumento da correria do dia-a-dia, da falta de tempo
e outros na mesma linha de argumentação. Costuma-se o
comportamento repetir-se no encerramento dos trabalhos, e
muitos saem apressadamente sem se despedir.
Podemos concluir que os trabalhos não atingiram o objetivo
de restabelecer o equilíbrio e a harmonia que sempre se
espera. Como a compreensão e a tolerância são virtudes que
cultuamos, não ficam arestas e a vida continua, na esperança
de dias melhores.
De outra forma, quando chegamos à Oficina e olhamos os
irmãos nos olhos, trocando uma palavra amiga e um fraterno
abraço, a comunhão é perfeita e os trabalhos se mostram
revigorantes, cumprindo a essência do Salmo 133.
Agora, imaginemos essa mesma postura de indiferença em
relação a um irmão visitante. Passado o procedimento de
reconhecimento, o mesmo é encaminhado a um canto e lá
permanece com a indiferença dos demais.

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Muitas vezes, na oportunidade em que se poderia valorizar o
fato e citar-se o nome do visitante e sua Loja, o Orador cai na
armadilha do genérico e sumário agradecimento, ao amparo do
argumento do famigerado adiantado da hora. Se o peregrino
estiver à procura de uma nova Loja para se filiar, em face de
mudança de domicílio, por razões profissionais ou outro
motivo, essa visitada, como alternativa, já estará descartada.
Ainda temos a situação de algumas Lojas que promovem uma
ágape após as reuniões de trabalho e, alegremente, os irmãos
se agrupam conforme as preferências e continuam as
discussões interrompidas no encontro anterior.
É objeto de comentários que muitos nem se lembram de dar
atenção ou ao menos convidar o visitante para compartilhar
daquele momento. Outros até acreditam que o visitante já foi
com a intenção de pegar uma “boquinha livre” e se fazem de
desentendidos ou simulam outros afazeres. É muito triste essa
constatação.
Realmente, falta muita aresta a ser aplainada e muito
progresso a ser feito nesse estágio terreno e primitivo da
evolução espiritual. Como sempre ouvimos alhures, “é preciso
muito amor e persistência para quebrar a ‘casca grossa’ que
envolve milhares e milhares de corações”.
Educação e cortesia são valores que trazemos de berço e, por
vezes, tornam-se obstáculos a serem enfrentados e grande
desafio para a Ordem.
Nunca é demais recorrer ao “Livro da Lei” e refletir sobre a
passagem contida em Marcos 6, 10- 11: “Quando entrardes
numa casa ficai nela até irdes embora. Se em algum lugar não
vos receberem nem vos escutarem, ao sairdes de lá, sacudi a

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poeira dos pés em protesto contra eles”.
Em princípio, trata-se de uma ordem interessante que Jesus
deu a seus discípulos e que podemos agregar aos nossos
valores. Mas, antes é preciso entender a mensagem de amor e
de perseverança envolvidos, quando o Mestre mostra para os
seus discípulos a necessidade de se desvencilharem da carga
emocional negativa que tal situação possa ter causado.
A estratégia em questão é deixar para trás todo sentimento de
rancor decorrente da experiência. Isto é, deixar pra trás o que
nos impede de vencer nossas paixões e fazer progressos,
prosseguindo confiantes e leves por novos caminhos, como
livres pensadores, formadores de opinião e construtores
sociais, como todo bom Maçom.
Obrigado pela visita e seja sempre bem-vindo, meu irmão!
Transmita aos irmãos de sua Loja nosso fraterno abraço!
Brevemente, retribuiremos a visita!
“Na vida, tudo que é raro é surpreendente. Educação, por
exemplo.” (Marcio Kühne)
Autor: Márcio dos Santos Gomes
Márcio é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 –
GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Escola
Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida, da
Academia Mineira Maçônica de Letras.

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NEM TODO AQUELE QUE DIZ SER MAÇOM O É

December 01, 2016

Desde o surgimento da maçonaria – a primitiva, no Antigo


Egito – a busca sincera pela Verdade sempre foi um dever do
maçom.
É impossível ser maçom sem ser um sincero buscador da
Verdade e esta busca vai naturalmente de encontro ao Ego de
cada um.
O maçom deve buscar melhorar a si e para isto é necessário
que se reconheça como um ser imperfeito, que ignora e que
precisa ser lapidado; transformando vícios em virtudes,
ignorância em sabedoria e erros em acertos: mudança.
Uma pessoa que vê toda manifestação contrária a si como
“preconceito”, “racismo” e “fobia” não pode ser maçom, pois
tal vitimismo acompanha aqueles que não buscam a Verdade e
não aceitam a lapidação.

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O buscador da Verdade deve ser aberto para a Verdade mesmo
que ela vá de encontro ao que ele é e o faça precisar mudar.
Buscar a Verdade implica necessariamente em defender a
liberdade de expressão, pois quando o erro é ditado como
verdade e existe o impedimento de questionar isto as trevas
predominam.
Defender a liberdade de expressão tem suas particularidades.
É fácil defender a opinião favorável a si, o problema está em
defender aquilo que é contrário a si e vai de encontro ao seu
próprio Ego.
Não existe “meia liberdade” ou “parte de liberdade”. Há a
liberdade total ou não há liberdade. O principal erro dos
alienados pela esquerda que buscam “liberdades” é que
procuram a sua própria indo de encontro a dos outros.
Muitos querem ser “livres” para fazer muita coisa, mas não
permitem a liberdade dos outros expressarem que são contra
tais “liberdades”. Dos profanos não se pode exigir muito, mas
dos maçons deve-se esperar algo a mais. A consciência plena
de que a liberdade de expressão deve ser defendida a todo
custo é algo a se esperar de todo verdadeiro maçom, pois
jamais haverá um mundo melhor sem liberdade de expressão
plena.
A absorção da liberdade de expressão não está apenas nas
opiniões onde há a concordância, mas naquelas onde há
discórdia e principalmente nas que vão de encontro ao próprio
Ego. Aceitar a liberdade de expressão não é apenas aceitar os
gostos de uma pessoa, mas aceitar também os seus
desgostos, principalmente quando estes desgostos dizem
respeito a si.

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O maçom não pode ser refém do politicamente correto, não
pode apegar-se ao seu Ego e deve sempre compreender e
aceitar que as pessoas têm o direito de pensar e sentir o que
quiserem e como quiserem independentemente de sua
opinião.
Muitos falam da maçonaria, mas ao falar tratam tudo como se
fosse uma coisa só, como se todos os maçons do mundo
fossem maçons da mesma forma. Entretanto, nem todo aquele
que diz ser maçom o é.

Muitos dos “ex-maçons” que se “converteram a Cristo” e saem


falando da maçonaria por aí, muitos que vivem tirando
fotografias com paramentos dentro de templos e espalhando
por todos os cantos, muitos que anunciam a Deus e ao mundo
que são maçons e muitos que se mostram envolvidos com a
maçonaria jamais foram maçons de Verdade e é preciso
esclarecer devidamente o que é ser maçom para não cair no
erro de chamar de maçonaria qualquer coisa que se pareça
com maçonaria.
Pessoa alguma quer ser contrariada, criticada ou repreendida,
mas o sincero buscador da Verdade deve estar preparado para
ser contrariado, criticado ou repreendido e aquele que quiser
ser maçom deve estar preparado para saber que pode estar
vivendo no grande erro de achar-se maçom sem
verdadeiramente sê-lo.
Por mais que o politicamente correto impeça tal distinção entre
os maçons é preciso esclarecer a Verdade. Um ator não é o
seu personagem e uma pessoa fantasiada não é a sua fantasia.
Homem algum é maçom meramente por teatralizar a

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maçonaria.
Todo grupo que trabalha a espiritualidade no plano material
possui o seu equivalente no plano espiritual e em verdade a
espiritualidade manifestada no plano material é apenas o
reflexo daquilo que já teve sua gênese no plano espiritual.
Com a maçonaria não é diferente.
A maçonaria também possui a sua egrégora na espiritualidade
e aí começa tudo a ficar muito simples no que diz respeito à
identificação de quem é verdadeiramente maçom. Todo
homem que faz parte de uma “maçonaria” qualquer que não
esteja inserida na egrégora da maçonaria na espiritualidade
não é maçom, simplesmente porque não faz parte da egrégora
espiritual da maçonaria. Literalmente, é dizer fazer parte de
algo que não faz parte.
Na vida terrena coisa alguma vale à pena se não tiver a sua
parte correspondente na espiritualidade, eis que assim se
vislumbra a Verdade. Para viver a Verdade é preciso buscar as
coisas de cima – espírito – para baixo – matéria – e em relação
ao que – em tese – está relacionado à espiritualidade fazer
parte de algo destituído de uma egrégora espiritual é pura
perda de tempo, pois ali não haverá vida.
O poder de um grupo voltado à espiritualidade não está nas
coisas da matéria, mas nas coisas do espírito, em sua
egrégora espiritual.

Imagine-se que um grupo de espíritos elevados resolva fazer


um trabalho espiritual na Terra com um grupo determinado de
encarnados afins. Para tanto, este grupo de espíritos interage

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com os encarnados através de reuniões com canalizações
onde são passados os ensinamentos, feitos os trabalhos e
buscado o desenvolvimento espiritual de uma forma geral.
Começa a haver a comunhão e a cumplicidade entre os
espíritos e os encarnados e a se formar uma egrégora. Os
participantes resolvem então dar um nome qualquer a este
grupo, como “Os Rudys”. O grupo, estabelecido e com
reuniões frequentes, continua seus estudos e trabalhos e em
certo momento um dos encarnados por um motivo qualquer
resolve sair do grupo.
Este membro que saiu resolve então formar outro grupo
idêntico. Ele chama pessoas por ele conhecidas e eles passam
a fazer a mesma coisa que era feita no outro grupo. O novo
grupo usa as mesmas roupas, se reúne no mesmo dia e
horário, faz tudo absolutamente da mesma forma que era feita
no outro grupo e eles resolvem a dar a si mesmos o mesmo
nome do outro grupo: “Os Rudys”. Ocorre que os espíritos
que fundaram o primeiro grupo ficaram no primeiro grupo e
neste novo grupo não há a atuação destes espíritos.
As pessoas que então fazem parte deste novo grupo não
podem em verdade dizer que são “Os Rudys”, pois não estão
sob os auspícios da egrégora do grupo espiritual que fundou o
primeiro grupo no plano terreno.
Tais pessoas podem fazer no plano material absolutamente
tudo que o primeiro grupo faz, mas na parte espiritual não
fazem parte da egrégora e em relação à espiritualidade o que
importa é a egrégora. Com a maçonaria ocorre exatamente a
mesma coisa.

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Milhões de pessoas se dizem maçons, mas não fazem parte da
egrégora espiritual da maçonaria e assim, de fato, estão
apenas brincando de maçonaria. Constroem templos, usam
paramentos, repetem sinais, toques e palavras, tiram
fotografias relacionadas à maçonaria, gritam a Deus e ao
mundo que são maçons, mas de fato não o são, pois não
fazem parte da egrégora da maçonaria.
Tais pessoas são dignas de compaixão, pois estão vivendo no
erro ou sabendo estar vivendo no erro escolhem viver assim.
O maior cego é aquele que só enxerga o que os olhos podem
ver. Para aqueles que não conseguem enxergar a egrégora
espiritual da maçonaria não há diferença entre ser maçom na
egrégora e “ser” maçom fora da egrégora e por isso tantos que
se dizem maçons não se preocupam com isto.
A maçonaria sempre teve a mesma egrégora. Na Terra, desde a
maçonaria primitiva, passando pela maçonaria operativa, até a
maçonaria especulativa (atual) a egrégora espiritual maçônica
é a mesma e atualmente esta egrégora se manifesta através da
Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI).
Toda egrégora espiritual que realiza um trabalho da
espiritualidade no plano terreno possui um grupo terreno que
é a manifestação no plano terreno desta egrégora e deste
trabalho realizado. Tal grupo é então o legítimo detentor
espiritual da tradição deste trabalho e, amparado por esta
egrégora espiritual, fica assim também incumbido de perpetuar
tal trabalho no plano terreno. Isto pode ser observado na Igreja
Católica Apostólica Romana, que é a legítima perpetuadora do
trabalho de Jesus Cristo na Terra.

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Em relação à maçonaria a instituição terrena que é a
manifestação da egrégora espiritual maçônica no plano terreno
é a GLUI e desta forma um homem só pode ser
verdadeiramente reconhecido como maçom se fizer parte de
uma loja reconhecida pela GLUI, pois a GLUI é a própria
egrégora espiritual maçônica agindo no plano terreno. É
imensuravelmente melhor não ser maçom do que ser um
maçom de uma loja não reconhecida pela GLUI.
A maçonaria é um trabalho da espiritualidade na Terra e em
tudo que há a espiritualidade é necessário ter fé. A fé
acompanha a boa-fé e não há fé sem boa-fé. Toda rejeição à
forma da GLUI reconhecer as lojas vem do que é profano e
resulta sempre em justificativas profanas, pois o maçom
desperto à realidade espiritual da maçonaria compreende o
que é a GLUI.
Como o torcedor de um time de futebol que ao ver o seu time
perder o título diz que “foi tudo armação” existem pessoas que
rejeitam o reconhecimento da GLUI dizendo que “é tudo
questão de dinheiro”, como se uma ordem como a maçonaria
viesse a se guiar por algo tão tacanho assim.
Não haveria sentido em ser maçom acreditando que a GLUI
utiliza como critério para reconhecimento de uma loja a
questão financeira, seria como estar casado com uma mulher
em que não se confia; não valeria à pena.
De mesma forma há pessoas que dizem que a GLUI utiliza
critérios políticos e tantas outras questões de percepção
meramente profana para reconhecer as lojas; justificativas às
quais todo maçom deve transcender.

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O maçom deve ter uma percepção maior das coisas e é
impossível entender a GLUI com os olhos profanos. A
verdadeira maçonaria não é um mero clubinho com picuinhas.
O que faz da GLUI a legítima representante da maçonaria na
Terra remonta à maçonaria primitiva. Os espíritos que vieram à
Terra para fundar o Antigo Egito fundaram também a
maçonaria e a egrégora destes espíritos continua viva e
atuante na maçonaria manifestando-se através da GLUI. Assim
como dos faraós do Antigo Egito – os primeiros Veneráveis
Mestres –, passando-se pelos imperadores do Império
Romano, chega-se aos reis da monarquia inglesa, da
maçonaria primitiva passa-se pela operativa e chega-se à
especulativa. A egrégora espiritual é a mesma.
Antigo Egito e maçonaria estão ligados muito mais do que as
pessoas imaginam. É na maçonaria – a legítima, reconhecida
pela GLUI – que estão os grandes espíritos que vieram à Terra
para fundar o Antigo Egito, continuaram encarnando na Terra e
agora estão encarnados como homens e é lá que tais espíritos
encontrarão o melhor lugar do mundo para estar, pois a
egrégora dos construtores do Antigo Egito continua viva na
maçonaria.
O mesmo conhecimento que resultava em atenção dos faraós
em relação à sua descendência também é aplicado em relação
à identificação da maçonaria especulativa verdadeira. Só é
maçom quem está na egrégora dos construtores do Antigo
Egito.
Além da legitimidade espiritual que acompanha a GLUI – e que
fala por si -, é possível também perceber, inclusive levando
apenas em consideração os aspectos visíveis e objetivos da

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maçonaria que não necessitam de uma percepção além do
maçom, que tudo aquilo que a GLUI faz, ao reconhecer uma
loja, é apenas a guarda da tradição maçônica como ela é e
deve ser.
A maçonaria não é uma associação profana que vai se
adaptando conforme o mundo profano, a maçonaria veio para
mudar o mundo e por isso suas leis não podem ser mudadas.
A maçonaria não deve se adaptar ao homem, mas o homem
deve se adaptar à maçonaria e começa aí o trabalho de
lapidação.
Há uma infinidade de “maçons” pelo mundo que sem pudor
algum violam a tradição maçônica, principalmente as suas
antigas leis, e que desdenham do reconhecimento da GLUI
evocando desculpas covardes, fáceis, rasas e baratas e são
justamente estes os que mais adoram ser reconhecidos como
maçons por todo mundo.
Toda pessoa que desejar falar sobre a maçonaria deverá
sempre observar a questão do reconhecimento pela GLUI, pois
é pela egrégora espiritual da maçonaria, que atua na Terra
através da GLUI, que se reconhece um verdadeiro maçom.
Desde o surgimento da maçonaria – a primitiva, no Antigo
Egito – a busca sincera pela Verdade sempre foi um dever do
maçom.
É impossível ser maçom sem ser um sincero buscador da
Verdade e esta busca vai naturalmente de encontro ao Ego de
cada um.
O maçom deve buscar melhorar a si e para isto é necessário
que se reconheça como um ser imperfeito, que ignora e que
precisa ser lapidado; transformando vícios em virtudes,

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ignorância em sabedoria e erros em acertos: mudança.
Uma pessoa que vê toda manifestação contrária a si como
“preconceito”, “racismo” e “fobia” não pode ser maçom, pois
tal vitimismo acompanha aqueles que não buscam a Verdade e
não aceitam a lapidação.
O buscador da Verdade deve ser aberto para a Verdade mesmo
que ela vá de encontro ao que ele é e o faça precisar mudar.
Buscar a Verdade implica necessariamente em defender a
liberdade de expressão, pois quando o erro é ditado como
verdade e existe o impedimento de questionar isto as trevas
predominam.
Defender a liberdade de expressão tem suas particularidades.
É fácil defender a opinião favorável a si, o problema está em
defender aquilo que é contrário a si e vai de encontro ao seu
próprio Ego.
Não existe “meia liberdade” ou “parte de liberdade”. Há a
liberdade total ou não há liberdade. O principal erro dos
alienados pela esquerda que buscam “liberdades” é que
procuram a sua própria indo de encontro a dos outros.
Muitos querem ser “livres” para fazer muita coisa, mas não
permitem a liberdade dos outros expressarem que são contra
tais “liberdades”. Dos profanos não se pode exigir muito, mas
dos maçons deve-se esperar algo a mais. A consciência plena
de que a liberdade de expressão deve ser defendida a todo
custo é algo a se esperar de todo verdadeiro maçom, pois
jamais haverá um mundo melhor sem liberdade de expressão
plena.
A absorção da liberdade de expressão não está apenas nas
opiniões onde há a concordância, mas naquelas onde há

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discórdia e principalmente nas que vão de encontro ao próprio
Ego. Aceitar a liberdade de expressão não é apenas aceitar os
gostos de uma pessoa, mas aceitar também os seus
desgostos, principalmente quando estes desgostos dizem
respeito a si.
O maçom não pode ser refém do politicamente correto, não
pode apegar-se ao seu Ego e deve sempre compreender e
aceitar que as pessoas têm o direito de pensar e sentir o que
quiserem e como quiserem independentemente de sua
opinião.
Muitos falam da maçonaria, mas ao falar tratam tudo como se
fosse uma coisa só, como se todos os maçons do mundo
fossem maçons da mesma forma. Entretanto, nem todo aquele
que diz ser maçom o é.
Muitos dos “ex-maçons” que se “converteram a Cristo” e saem
falando da maçonaria por aí, muitos que vivem tirando
fotografias com paramentos dentro de templos e espalhando
por todos os cantos, muitos que anunciam a Deus e ao mundo
que são maçons e muitos que se mostram envolvidos com a
maçonaria jamais foram maçons de Verdade e é preciso
esclarecer devidamente o que é ser maçom para não cair no
erro de chamar de maçonaria qualquer coisa que se pareça
com maçonaria.
Pessoa alguma quer ser contrariada, criticada ou repreendida,
mas o sincero buscador da Verdade deve estar preparado para
ser contrariado, criticado ou repreendido e aquele que quiser
ser maçom deve estar preparado para saber que pode estar
vivendo no grande erro de achar-se maçom sem
verdadeiramente sê-lo.

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Por mais que o politicamente correto impeça tal distinção entre
os maçons é preciso esclarecer a Verdade. Um ator não é o
seu personagem e uma pessoa fantasiada não é a sua fantasia.
Homem algum é maçom meramente por teatralizar a
maçonaria.
Todo grupo que trabalha a espiritualidade no plano material
possui o seu equivalente no plano espiritual e em verdade a
espiritualidade manifestada no plano material é apenas o
reflexo daquilo que já teve sua gênese no plano espiritual.
Com a maçonaria não é diferente.
A maçonaria também possui a sua egrégora na espiritualidade
e aí começa tudo a ficar muito simples no que diz respeito à
identificação de quem é verdadeiramente maçom. Todo
homem que faz parte de uma “maçonaria” qualquer que não
esteja inserida na egrégora da maçonaria na espiritualidade
não é maçom, simplesmente porque não faz parte da egrégora
espiritual da maçonaria. Literalmente, é dizer fazer parte de
algo que não faz parte.
Na vida terrena coisa alguma vale à pena se não tiver a sua
parte correspondente na espiritualidade, eis que assim se
vislumbra a Verdade. Para viver a Verdade é preciso buscar as
coisas de cima – espírito – para baixo – matéria – e em relação
ao que – em tese – está relacionado à espiritualidade fazer
parte de algo destituído de uma egrégora espiritual é pura
perda de tempo, pois ali não haverá vida.
O poder de um grupo voltado à espiritualidade não está nas
coisas da matéria, mas nas coisas do espírito, em sua
egrégora espiritual.

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Imagine-se que um grupo de espíritos elevados resolva fazer
um trabalho espiritual na Terra com um grupo determinado de
encarnados afins. Para tanto, este grupo de espíritos interage
com os encarnados através de reuniões com canalizações
onde são passados os ensinamentos, feitos os trabalhos e
buscado o desenvolvimento espiritual de uma forma geral.
Começa a haver a comunhão e a cumplicidade entre os
espíritos e os encarnados e a se formar uma egrégora. Os
participantes resolvem então dar um nome qualquer a este
grupo, como “Os Rudys”. O grupo, estabelecido e com
reuniões frequentes, continua seus estudos e trabalhos e em
certo momento um dos encarnados por um motivo qualquer
resolve sair do grupo.
Este membro que saiu resolve então formar outro grupo
idêntico. Ele chama pessoas por ele conhecidas e eles passam
a fazer a mesma coisa que era feita no outro grupo. O novo
grupo usa as mesmas roupas, se reúne no mesmo dia e
horário, faz tudo absolutamente da mesma forma que era feita
no outro grupo e eles resolvem a dar a si mesmos o mesmo
nome do outro grupo: “Os Rudys”. Ocorre que os espíritos
que fundaram o primeiro grupo ficaram no primeiro grupo e
neste novo grupo não há a atuação destes espíritos.
As pessoas que então fazem parte deste novo grupo não
podem em verdade dizer que são “Os Rudys”, pois não estão
sob os auspícios da egrégora do grupo espiritual que fundou o
primeiro grupo no plano terreno.

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Tais pessoas podem fazer no plano material absolutamente
tudo que o primeiro grupo faz, mas na parte espiritual não
fazem parte da egrégora e em relação à espiritualidade o que
importa é a egrégora. Com a maçonaria ocorre exatamente a
mesma coisa.
Milhões de pessoas se dizem maçons, mas não fazem parte da
egrégora espiritual da maçonaria e assim, de fato, estão
apenas brincando de maçonaria. Constroem templos, usam
paramentos, repetem sinais, toques e palavras, tiram
fotografias relacionadas à maçonaria, gritam a Deus e ao
mundo que são maçons, mas de fato não o são, pois não
fazem parte da egrégora da maçonaria.
Tais pessoas são dignas de compaixão, pois estão vivendo no
erro ou sabendo estar vivendo no erro escolhem viver assim.
O maior cego é aquele que só enxerga o que os olhos podem
ver. Para aqueles que não conseguem enxergar a egrégora
espiritual da maçonaria não há diferença entre ser maçom na
egrégora e “ser” maçom fora da egrégora e por isso tantos que
se dizem maçons não se preocupam com isto.
A maçonaria sempre teve a mesma egrégora. Na Terra, desde a
maçonaria primitiva, passando pela maçonaria operativa, até a
maçonaria especulativa (atual) a egrégora espiritual maçônica
é a mesma e atualmente esta egrégora se manifesta através da
Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI).
Toda egrégora espiritual que realiza um trabalho da
espiritualidade no plano terreno possui um grupo terreno que
é a manifestação no plano terreno desta egrégora e deste
trabalho realizado. Tal grupo é então o legítimo detentor
espiritual da tradição deste trabalho e, amparado por esta

111
egrégora espiritual, fica assim também incumbido de perpetuar
tal trabalho no plano terreno. Isto pode ser observado na Igreja
Católica Apostólica Romana, que é a legítima perpetuadora do
trabalho de Jesus Cristo na Terra.
Em relação à maçonaria a instituição terrena que é a
manifestação da egrégora espiritual maçônica no plano terreno
é a GLUI e desta forma um homem só pode ser
verdadeiramente reconhecido como maçom se fizer parte de
uma loja reconhecida pela GLUI, pois a GLUI é a própria
egrégora espiritual maçônica agindo no plano terreno. É
imensuravelmente melhor não ser maçom do que ser um
maçom de uma loja não reconhecida pela GLUI.
A maçonaria é um trabalho da espiritualidade na Terra e em
tudo que há a espiritualidade é necessário ter fé. A fé
acompanha a boa-fé e não há fé sem boa-fé. Toda rejeição à
forma da GLUI reconhecer as lojas vem do que é profano e
resulta sempre em justificativas profanas, pois o maçom
desperto à realidade espiritual da maçonaria compreende o
que é a GLUI.
Como o torcedor de um time de futebol que ao ver o seu time
perder o título diz que “foi tudo armação” existem pessoas que
rejeitam o reconhecimento da GLUI dizendo que “é tudo
questão de dinheiro”, como se uma ordem como a maçonaria
viesse a se guiar por algo tão tacanho assim.
Não haveria sentido em ser maçom acreditando que a GLUI
utiliza como critério para reconhecimento de uma loja a
questão financeira, seria como estar casado com uma mulher
em que não se confia; não valeria à pena.

112
De mesma forma há pessoas que dizem que a GLUI utiliza
critérios políticos e tantas outras questões de percepção
meramente profana para reconhecer as lojas; justificativas às
quais todo maçom deve transcender.
O maçom deve ter uma percepção maior das coisas e é
impossível entender a GLUI com os olhos profanos. A
verdadeira maçonaria não é um mero clubinho com picuinhas.
O que faz da GLUI a legítima representante da maçonaria na
Terra remonta à maçonaria primitiva. Os espíritos que vieram à
Terra para fundar o Antigo Egito fundaram também a
maçonaria e a egrégora destes espíritos continua viva e
atuante na maçonaria manifestando-se através da GLUI. Assim
como dos faraós do Antigo Egito – os primeiros Veneráveis
Mestres –, passando-se pelos imperadores do Império
Romano, chega-se aos reis da monarquia inglesa, da
maçonaria primitiva passa-se pela operativa e chega-se à
especulativa. A egrégora espiritual é a mesma.
Antigo Egito e maçonaria estão ligados muito mais do que as
pessoas imaginam. É na maçonaria – a legítima, reconhecida
pela GLUI – que estão os grandes espíritos que vieram à Terra
para fundar o Antigo Egito, continuaram encarnando na Terra e
agora estão encarnados como homens e é lá que tais espíritos
encontrarão o melhor lugar do mundo para estar, pois a
egrégora dos construtores do Antigo Egito continua viva na
maçonaria.
O mesmo conhecimento que resultava em atenção dos faraós
em relação à sua descendência também é aplicado em relação
à identificação da maçonaria especulativa verdadeira. Só é
maçom quem está na egrégora dos construtores do Antigo

113
Egito.
Além da legitimidade espiritual que acompanha a GLUI – e que
fala por si -, é possível também perceber, inclusive levando
apenas em consideração os aspectos visíveis e objetivos da
maçonaria que não necessitam de uma percepção além do
maçom, que tudo aquilo que a GLUI faz, ao reconhecer uma
loja, é apenas a guarda da tradição maçônica como ela é e
deve ser.
A maçonaria não é uma associação profana que vai se
adaptando conforme o mundo profano, a maçonaria veio para
mudar o mundo e por isso suas leis não podem ser mudadas.
A maçonaria não deve se adaptar ao homem, mas o homem
deve se adaptar à maçonaria e começa aí o trabalho de
lapidação.
Há uma infinidade de “maçons” pelo mundo que sem pudor
algum violam a tradição maçônica, principalmente as suas
antigas leis, e que desdenham do reconhecimento da GLUI
evocando desculpas covardes, fáceis, rasas e baratas e são
justamente estes os que mais adoram ser reconhecidos como
maçons por todo mundo.
Toda pessoa que desejar falar sobre a maçonaria deverá
sempre observar a questão do reconhecimento pela GLUI, pois
é pela egrégora espiritual da maçonaria, que atua na Terra
através da GLUI, que se reconhece um verdadeiro maçom.
Rudy Rafael

114
O ILUMINISMO INGLÊS E A MAÇONARIA

December 05, 2016

A pesquisa sobre a participação de profissionais não artesãos


nos agrupamentos dos maçons, a partir do século XVII, revela
que os aceitos constituíram núcleos diversificados de obreiros
nas Lojas operativas.
Algumas dessas deixaram de ser convencionais para se
tornarem formadoras de opiniões. As Lojas frequentadas por
intelectuais ganharam prestígio e marcou a figura do livre
pensador, um erudito que tinha salvo-conduto da realeza para
divulgar suas ideias e melhorar os conhecimentos da elite.
As reuniões maçônicas, a partir dessa época, proporcionaram
nova visão do homem e do mundo e elevaram a complexidade
dos conhecimentos à disposição da comunidade.
Os interesses das monarquias, das religiões dominantes e das
ciências criaram episódios relevantes, que colaboraram para a

115
evolução organizacional e funcional da maçonaria.
Foi o caso que se verificou na difusão do movimento filosófico
e cientificista inglês, o iluminismo, a partir da Royal Society,
que desempenhou papel fundamental na criação e na
consolidação da primeira Grande Loja maçônica, em Londres.
Despontou a liderança de John Theophilus Desaguliers, um
francês que se mudou pequeno com seus pais para a
Inglaterra, onde anos mais tarde frequentou a Universidade de
Oxford e se doutorou em Lei Canônica.
A ciência foi importante na vida de Desaguliers, principalmente
a teoria das leis mecânicas de Newton, com quem estreitou
laços de amizade. Foi eleito para a Royal Society em Londres e
fez conferências em tavernas para divulgar a ciência
newtoniana.
Dedicou-se a interpretar princípios do Deísmo, pois, para a
sociedade de intelectuais londrinos, Deus era a Causa Primeira
e Final do mundo, responsável pela Segunda razão da
existência do Universo, a força da gravidade que ordena a
relação dinâmica de todos os corpos celestes, interpretada e
descrita por Isaac Newton.
Desaguliers estudou os conceitos filosóficos voltados para a
importância do estudo da matéria e seus movimentos como
elementos constitutivos do Universo. Acreditou que o Sábio e
Todo-Poderoso Autor da Natureza iniciara Sua Obra divina
pelo átomo e que dotara a matéria de movimento e de
propriedades de atração e repulsão.
Como se constata, o sentimento materialista religioso esteve
sempre muito presente na base das especulações científicas
do iluminismo inglês, levado também para os alicerces

116
conceituais que sustentaram a criação da Grande Loja de
Londres e o novo modelo de Loja maçônica, apoiado na
estrutura física do Parlamento e na pedagogia da Sociedade
Real.
Os princípios da arquitetura clássica igualmente tiveram forte
receptividade entre os aristocratas britânicos no início do
século dezoito. As características mais valorizadas foram à
simetria, os arcos, as colunas dóricas e jônicas e os templos
com domos.
Desaguliers integrou o partido político Whig, que surgiu
depois da revolução de 1688, que pretendeu subordinar o
poder da Coroa ao do Parlamento. As doutrinas que
compuseram a ideologia da oligarquia Whig endossavam a
ideia de soberania parlamentar com liberdades naturais,
constituindo uma proposta de revolução política, que fez
surgir no século seguinte o Partido Liberal inglês.
Desaguliers tornou-se Grão-Mestre eleito, dois anos depois da
instalação da Grande Loja em 24 de junho de 1717, em
Londres. Recrutou cientistas e outros pensadores para
posições de liderança no projeto maçônico organizado,
visando fazê-lo florescer em harmonia, reputação e número.
Criou a figura do Deputado do Grão-Mestre, nomeado para
representar o Grão-Mestre em situações de impedimento ou de
coincidência temporal de eventos. Trabalhou estreitamente
com o ministro presbiteriano James Anderson, membro da
Royal Society, na redação de uma Constituição para a novel
Grande Loja. Juntos, fizeram as primeiras analogias entre a
antiga arquitetura e o moderno mundo da maçonaria
intelectualista, sustentando que os princípios da antiga

117
maçonaria possibilitaram a construção das pirâmides egípcias
e o templo do Rei Salomão.
Desaguliers e Anderson lançaram a ideia central que serviu de
referência para a confecção da Tábua de Delinear do primeiro
grau da maçonaria inglesa, onde estão desenhadas as colunas
dos princípios dórico, jônico e coríntio, presentes nos
desenhos simétricos dos antigos edifícios e que refletem a
harmonia com a natureza.
Nas Constituições da Grande Loja há especial menção aos
direitos do Grão-Mestre, investido nas funções de Poder
Executivo, concebido como um Primeiro Ministro da
maçonaria.
O sistema de graus foi idealizado pelos líderes da Grande Loja
para servir ao propósito de explicar as ideias da
intelectualidade inglesa, a respeito do processo de
aperfeiçoamento moral, cultural e filosófico do ser humano, em
que a escada simboliza a ascensão individual e estimula a
busca do conhecimento que qualifica a caminhada existencial.
A Grande Loja ajudou as Lojas locais a funcionarem como
assembleias, elegendo os dirigentes da sua entidade maior e
mantendo encontros permanentes para discutirem assuntos
importantes para a comunidade, além de servirem como
centros ritualísticos, conferindo os graus aos candidatos
admitidos.
As Lojas promoviam ações filantrópicas, contribuíam para o
Fundo de Caridade da Grande Loja e prestavam assistência
financeira aos maçons necessitados.
Nessas condições, em que se observa a presença da Grande
Loja como uma coordenação centralizadora das principais

118
iniciativas, houve a intensa promoção, entre 1719 e 1736, de
atividades sociais e culturais nas Lojas e em toda a Londres,
Lojas que funcionavam em cafés, tavernas e hospedarias,
promovendo a sociabilidade, a expansão da cultura e a vida
clubística.
Inegável é que o sistema ritualístico, com sua pedagogia
maçônica diferenciada, provou ser um veículo efetivo para a
explicação das ideias do século dezoito, dos conceitos
newtonianos aos princípios éticos do Deísmo.
O sistema ritualístico funcionou também como uma religião
civil e foi reconhecido como uma importante fonte do
anglofilismo. Os maçons ingleses entenderam que as leis da
mecânica newtoniana revelavam muito sobre o ordenamento
da natureza e que a doutrina deita, da mesma maneira,
ajudavam a definir princípios apropriados para a conduta
moral da sociedade.
Fonte: Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul

119
A MAÇONARIA EXISTE PARA UNIR OS HOMENS, NÃO
PARA SEPARÁ-LOS

December 09, 2016

“Somente pela fraternidade a liberdade será preservada”.


Victor Hugo

A maçonaria universal se estrutura sobre três pilares


indissolúveis e que não se separam: liberdade, igualdade e
fraternidade.

Essa união de homens livres e de bons costumes tem


difundido entre as sociedades espalhadas por todos os cantos
da Terra por milênios a necessidade de união de todos em prol

120
do bem comum e do bem-estar da humanidade.

Quando nos reunimos em fraternas assembleias invocamos a


proteção do Grande Arquiteto Do Universo, como
denominamos Deus, ou o Espírito Criador que tudo rege no
universo, e nos propomos a caminhar em uma senda de
verdadeira luz.

Se buscarmos conceitos tão plenos de bondade e justiça como


esses, nosso caminho não pode ser senão o da união, da paz e
da irmandade que reúne homens e mulheres em perfeita
harmonia e concórdia. Desse modo propomos a todos os que
se acercam de nós e levamos onde seja possível nossa voz ser
ouvida uma mensagem de edificação e evolução espiritual
baseada na paz e no bem.

Nós, maçons engajados na construção de um mundo melhor,


mais justo e fraterno precisamos ter em nosso discurso a clara
definição de nosso compromisso com esses valores.

Além do discurso precisamos ter na práxis, que é a ação


concreta baseada nessas ideias, o exemplo vivo de que a
responsabilidade pela edificação desse mundo que sonhamos
começa em cada ato nosso, em cada gesto, em cada desejo de

121
agregar e não repelir, em cada sonho de fraternidade e viva
comunhão de ideais.

Se pensarmos o que é bom precisamos praticar o bem.

Se quisermos a união devemos agregar nossos irmãos a nós e


nos integrar cada vez mais a eles de igual modo.

Se quisermos construir uma humanidade fraterna se impõe


sermos igualmente edificantes. Mas, isto tem um custo que
precisamos estar cientes e dispostos a cumprir as obrigações
para atingirmos esses objetivos.

Para unir os indivíduos a ideais comuns de fraternidade


precisamos ter nas palavras o sentido formal e direto para
esse fim. Na senda da pavimentação desse caminho de união e
fraternidade precisamos ter cuidado redobrado com o que
dizemos e como agimos.

Primeiramente com as palavras ditas, porque a sabedoria


empírica explica que depois de dita a palavra não mais será
buscada de volta.

122
Assim, precisamos saber sempre o momento de falar e o
momento de calar para que nossas palavras não sejam
instrumentou desunião.

Precisamos refletir sempre sobre como abordar e termos


resignação quando necessário para não disser somente o que
sentimos e pensamos. Isso poderá não ser edificante ou
elemento de união.

Há no Livro da Lei, a Bíblia, que reúne diretrizes ordenadas


pelo Grande Criador para seguirmos, inúmeras citações a esse
respeito. Mas, uma em especial mostra o quanto reside de
poder em nossas palavras.

No Livro dos Provérbios há uma lição de cunho singular sobre


isto: “A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte”. O ato
concreto, as ações em prol da construção dessa humanidade
sonhada, passa obrigatoriamente to de destruição pela aliança
entre o discurso e os gestos.

A maçonaria prega em suas oficinas a edificação dessa


humanidade fraterna e exorta seus irmãos a trabalharem

123
incessantemente nesse sentido. Nosso compromisso precisa
ser de luta diária para unir homens, grupos, comunidades,
nações e povos em um único sentido que seja o do bem e da
paz para todos.

Os maçons precisam ser exemplos vivos do compromisso, do


discurso e das ações nesse sentido. Pregar a paz e a união
implica em pensarmos cada dia, cada instante, ano após ano
na edificação desse reino de harmonia e concórdia.

Chamarmos os que estão ao nosso redor para essa prática


também e buscarmos nos ensinamentos que os sábios nos
legaram as diretivas para atingirmos esses ideais. Sabermos à
hora de falar e de calar, de agir e de hibernar, de construir e de
ceifar, de plantar e de colher.

A Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás está a 65 anos


lutando para contribuir com essa construção. Chamamos
nossos irmãos para o engajamento diuturno nesse
compromisso, que sabemos ser a promoção da justiça que
queremos que reine em nosso meio e da perfeição que
almejamos lapidar em nossos corações.

124
Assim temos buscado fazer e rogamos ao Supremo Criador
que assim seja feito.

Adolfo Ribeiro Valadares é Grão-Mestre da Grande Loja


Maçônica do Estado de Goiás

125
OS LANDMARKS DA MAÇONARIA REGULAR: A REGRA
EM 12 PONTOS

December 13, 2016

Em inglês, "Land" significa "terra" e "mark" traduz-se por


"marca", "alvo". "Landmark" é, assim, a marca, o sinal, na
terra, e, mais especificamente, os sinais colocados nos
terrenos para assinalar a sua delimitação em relação aos
terrenos vizinhos. Em suma, "landmark" é, em português, o
marco, no sentido de marco delimitador de terreno.
Fazendo a transposição para a Ordem Maçônica, Landmarks
são, correspondentemente, os princípios delimitadores da
Maçonaria, isto é, os princípios que têm em absoluto de ser
intransigentemente seguidos para que se possa considerar
estar-se perante Maçonaria Regular.
Ou seja, os Landmarks são o conjunto de princípios
definidores do que é Maçonaria. Só se pode verdadeiramente
considerar maçom quem, tendo sido regularmente iniciado,

126
seja reconhecido como tal pelos outros maçons e observe os
princípios definidores da Maçonaria constantes dos
Landmarks.
Porque definidores do que é Maçonaria Regular, os Landmarks
fixados são imutáveis.
Porém, existe um problema: não existe uma lista “oficial” de
Landmarks comum a todo o mundo maçônico! São conhecidas
várias listas de Landmarks, elaboradas por maçons estudiosos
e ilustres, mas… por muito estudiosos e ilustres que foram
nenhum tinha mandato específico para fazer essa definição!
Há listas de Landmarks elaboradas por Albert G. Mackey (25),
George Oliver (31), J. G. Findel (9), Albert Pike (5), H. G. Grant
(54), A. S. Mac Bride (12), Robert Morris (17), John W. Simons
(15), Luke A. Lockwood (19), Henrique Lecerff (29).
Estas listas de Landmarks repito, não vinculam senão os seus
autores e espelham, além dos seus conhecimentos, também
os seus preconceitos e os das suas épocas. É célebre, por
exemplo, o Landmark 18 de Mackey que, além de afirmar a
masculinidade da Maçonaria, impõe que nem escravo nem
aleijado possa ser admitido maçom.
Perante o evidente preconceito de Mackey, fruto da época e
ambiente em que vivia, modernamente faz-se uma
interpretação “habilidosa” do Landmark e postula-se que o
maçom deve ser “livre de vícios” e não deve ser “aleijado de
caráter”. Mas, meus caros, não foi isso que Mackey quis dizer
e disse: Mackey escreveu que “os candidatos à Iniciação
devem ser “isentos de defeitos ou mutilações, livres de
nascimento e maiores”.

127
Manifestamente que se referia a defeitos e mutilações físicas,
não morais.
Evidentemente que, para ele, ser “livre de nascimento” não
tinha nada a ver com ser nascido livre de vícios (pois todos
nascemos sem vícios – quem os tem, adquire-os mais tarde),
antes se referia a não ter nascido escravo.
Repare-se que nem sequer os escravos libertos, segundo
Mackey, podiam ser maçons… Percebe-se talvez assim porque
é que algumas Grandes Lojas do Sul dos EUA, ainda eivadas
de muito racismo, continuam a defender que Prince Hall não
foi validamente iniciado maçom, pois o homem foi escravo
liberto…
Nos tempos de hoje, com a evolução de mentalidade que
(felizmente) houve no último século, esta postura
preconceituosa não pode ser admitida. Daí a interpretação
“habilidosa” a que me referi. Mas, se os Landmarks são
imutáveis, então tem igualmente de o ser a sua interpretação!
Logo, não há que interpretar habilidosamente o Landmark 18
de Mackey. Há que, pura e simplesmente afirmar, alto e bom
som e de cabeça levantada, que aquilo não é Landmark
nenhum, e ponto final!
Algumas Grandes Lojas optaram por criar listas de Landmarks
próprias. É o caso, por exemplo, das Grandes Lojas de New
Jersey (10), do Tennessee (os 15 de John W. Simons), do
Connecticut (os 19 de Luke A. Lockwood), do Minnesota (26),
do Massachussets (8), do Kentucky (os 54 de H. G. Grant) e a
Grande Loja Ocidental de Colômbia (20).
Na Europa, a Grande Loja Nacional Francesa codificou o que
designou de “Regra em 12 pontos”, pela qual definiu o que se

128
contém dentro do conceito de Maçonaria Regular – ou seja,
definiu os seus Landmarks da Maçonaria Regular ().
Que tem isso de diferente ou especial, uma vez que, como
acima referi várias outras Grandes Lojas fizeram o mesmo? A
diferença – de que o tempo se encarregará de nos mostrar a
sua real relevância – é que, enquanto cada uma das Grandes
Lojas da América que fixaram Landmarks o fizeram por si e
sem preocupações de alinhamento ou partilha com as demais,
a iniciativa da GLNF tem conduzido a um movimento de
expansão da Regra dos 12 Pontos, de aceitação desta
codificação de Landmarks por outras Obediências.
A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP adotou também a
Regra em 12 Pontos (). A Grande Loja de Espanha assim o fez
também (). Mas o movimento não é só europeu. Várias
Grandes Lojas africanas de países de expressão francesa
também adotaram a Regra em 12 pontos, designadamente a
Grande Loja Nacional Togolesa ( e aí ir a Les principes
fondamentaux/ La règle en 12 points). Também a Grande Loja
de Moçambique adotou a Regra em 12 pontos (a GL de
Moçambique não tem ainda sítio na Internet; têm de acreditar
na minha palavra…).
A Regra em 12 pontos, verdadeiros Landmarks da Maçonaria
Regular, vai sendo progressivamente adotada por Obediências
Regulares da Europa e de África. É tempo de divulgá-la junto
dos Irmãos da América Latina – talvez no âmbito da
Confederação Maçônica Interamericana.
Rui Bandeira

129
A MAÇONARIA E O SENTIDO DA VIDA

December 16, 2016

O que é a vida?
Quando se considera o universo e a vida que nele habita
somente como um acidente cósmico sem sentido nem
finalidade, perde-se o norte da própria existência. Para que,
então se preocupar com os rumos do mundo e o próprio
destino individual se, se façamos o que façamos nada disso
tem uma finalidade? Se tudo se perde, irremediavelmente, na
voragem do tempo?
Será a vida apenas um fenômeno físico-químico que um
acidente cósmico um dia produziu? Ou terá ela sido produzida
como parte de algum projeto que envolve, não somente o seu
próprio desenvolvimento, mas um plano bem maior, de escala
cósmica? E se cada vida fosse o elo de uma corrente que
transmite, no tempo e no espaço, a energia criadora que faz do
universo um ser vivo e convergente, que por dentro e por fora
se metamorfoseia e vai adquirindo contornos e qualidades que

130
no fim, servem á uma finalidade definida por uma Mente
Universal?
São exatamente essas as perguntas e as elucubrações feitas
pela Maçonaria, quando se interroga pelo sentido da vida. Um
dos graus do Ritual coloca exatamente essa questão quando
pergunta: “De onde viemos? O que somos? O que a morte fará
de nós? Que é o homem? É apenas um átomo, gestado no
corpo da mulher e que progressivamente se organiza se
harmoniza em suas inúmeras partes? Que cresce, pensa, cai,
transforma-se e volta á causa primária, deixando apenas
reminiscência de sua última forma ou conservando uma
partícula essencial, mutável e mortal? [1]
Nesse questionamento a Maçonaria enfrenta a questão
metafísica que tem desafiado a mente humana através de toda
a sua história de vida. Afinal, somos apenas uma sombra que
passa um fenômeno despregado de qualquer sentido, que um
dia aconteceu no universo como resultado de causas
exclusivamente naturais, ou ele é o desvelar de uma Vontade
que se manifesta e percorre um longo processo evolutivo que
começou, um dia, num átomo que rompeu, por um processo
ainda desconhecido, os limites da matéria inanimada?
Um maçom não pode acreditar na hipótese materialista,
advogada na tese que sustenta ter a matéria às condições
suficientes para explicar todos os fenômenos existentes no
universo, inclusive a vida. Porque, se adotar essa crença,
estará negando qualquer virtude á prática que adotou.
Se o fenômeno da vida e principalmente a do ser humano,
fosse um acaso perpetrado por leis exclusivamente naturais,
“um vírus” inoculado na corrente sanguínea do universo,

131
como o definiu uma vez um romancista, então ele não teria um
espírito, e não se poderia falar na existência de um Criador, e
nem haveria qualquer motivo para se tentar uma união com
Ele. Tudo que fazemos nesse sentido seria apenas uma
simulação fantasiosa. É nesse sentido que Anderson, em suas
Constituições, diz: “um maçom é obrigado a obedecer à lei
moral; e se ele bem entender da arte, jamais será um estúpido
ateu nem um libertino irreligioso.” [2]
Um processo dirigido
Se os materialistas estivessem certos, toda religião, bem como
toda prática iniciática não passaria de uma distração infantil,
que mentes incapazes de conviver com a realidade
desenvolvem para mitigar a incômoda impressão de que a
nossa existência não tem qualquer finalidade além daquela
que os nossos sentidos nos indicam.
Mas, felizmente, temos razões para pensar que as coisas não
são assim; que nós não somos apenas matéria desprovida de
espírito, seres organizados por leis naturais que só obedecem
ao determinismo dos grandes números. O surgimento da vida
em meio á matéria universal, como está a indicar a metáfora
bíblica da Criação, é fruto de um processo dirigido e bem
elaborado por quem o projetou e o controla, ou seja, O Grande
Arquiteto do Universo.
Mais uma vez é o grande Teilhard de Chardin que nos socorre
nessa visão, mostrando como o surgimento da vida resulta de
uma síntese que a união dos átomos transforma em moléculas,
e estas, também por um processo de sínteses cada vez mais
elaboradas, dão origem ao fenômeno humano.

132
Em páginas de extraordinária lucidez e envolvente poesia,
esse grande pensador escreve: “Aqui reaparece, á escala do
coletivo, o limiar erguido entre os dois mundos da Física e da
Biologia. Enquanto se tratava apenas de um processo de
mesclar as moléculas e os átomos, podíamos, para explicar os
comportamentos da Matéria, recorrer ás leis numéricas da
probabilidade, e contentarmo-nos com elas.
A partir do momento em que a mônada, adquirindo as
dimensões e a espontaneidade superior da célula, tende a se
individualizar no seio da plêiade, desenha-se um arranjo mais
complicado no Estofo do Universo. Por duas razões, ao
menos, seria insuficiente e falso imaginar a Vida, mesmo
tomada em seu estágio granular, como uma espécie de
fervilhar fortuito e amorfo.” [3]
Quer dizer: a vida não surgiu no universo como surgem as
bactérias em um processo de fermentação. Ela é, sim, o
resultado de um processo, mas esse processo está longe de
ser regido apenas pelas leis da natureza. Ela surge como
consequência de um processo dirigido como se fosse alguém,
em uma cozinha, ou um laboratório, trabalhando para fazer um
bolo, ou para destilar uma bebida.
Nesse processo as bactérias surgem como resultado do
processo empregado e não como obra do acaso, ou da
evolução natural do processo. Por isso a notável argúcia do
nosso jesuíta complementa o seu pensamento dizendo: “(…)
os inumeráveis componentes que compunham, nos seus
inícios, a película viva da Terra, não parecem ter sido tomados
ou juntados exaustivamente ou ao acaso. Mas a sua admissão
nesse invólucro primordial dá antes a impressão de ter sido

133
orientada por uma misteriosa seleção ou dicotomia prévias
(…).” [4]
Recordando Plotino
Deus é a causa atuante de todas as coisas existentes no
universo. Essa foi a intuição que inspirou o filósofo Plotino há
quase dois milênios atrás: “Imagine uma enorme fogueira
crepitando no meio da noite,” escreveu ele. “Do meio do fogo
saltam centelhas em todas as direções. Num amplo círculo ao
redor do fogo a noite é iluminada, e a alguns quilômetros de
distância ainda é possível ver o leve brilho desta fogueira.
À medida que nos afastamos, a fogueira vai se transformando
num minúsculo ponto de luz, como uma lanterna fraca na
noite. E se nos afastarmos mais ainda, chegaremos a um
ponto em que a luz do fogo não mais consegue nos alcançar.
Em algum lugar os raios luminosos se perdem na noite e se
estiver muito escuro não vamos enxergar nada. Nesse
momento, contornos e sombras deixam de existir”.
“Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira.
O que arde é Deus – e as trevas que estão lá fora são a matéria
fria, onde a luz está fraca, da qual são feitos homens e animais.
Junto a Deus estão as ideias eternas, as causas de todas as
criaturas. Sobretudo, a alma humana é uma centelha do fogo.
Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco desta luz
divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos; sim, até
mesmo uma rosa ou uma campânula possuem um brilho
divino. No ponto mais distante do Deus vivo está a matéria
inanimada.” [5]
Plotino (205-270 e. C) é considerado o fundador da escola
neoplatônica. O Gnosticismo deve a ele algumas de suas

134
concepções mais originais, especialmente a ideia de que o
verdadeiro conhecimento não pode ficar apenas no terreno
intelectual, mas exige uma experiência direta dos sentidos
com aquilo que se propõe a conhecer. É nesse sentido que se
pode colocá-lo como precursor das chamadas escolas
iniciáticas, ou seja, grupos que desenvolviam rituais com a
finalidade de ”sentir” as próprias realidades que idealizavam.
Plotino é um dos inspiradores de famosos mestres do
misticismo como Mestre Eckhart, Papus, MacGregor Mathers,
Eliphas Levy e outros. Os autores maçons lhe votam um
grande respeito e os modernos gnósticos vêem nele um
precursor das teses científicas que descrevem o universo
como um organismo único que se constrói através de uma
rede de relações. Suas palavras são por demais eloquentes e
não necessitam de comentários explicativos. Se o universo
existe é porque tem uma causa de existir: essa causa é Deus.
Os rituais maçônicos e a doutrina da Cabala
Por isso é que os rituais maçônicos fazem muitas
especulações sobre o sentido da vida e o papel que nós
exercemos na construção da Obra do Criador. Essas
especulações nos levam á conclusão de que nós não somos
meras relações estatísticas derivadas de interações ocasionais
ocorridas na matéria física, sem qualquer conteúdo finalístico,
como pensam os adeptos do nihilismo, mas sim, unidades
conscientes do todo amorfo, que só ganha forma e
consistência na medida em que nós mesmos vamos
encontrando o nosso lugar no desenho estrutural do universo.
[6]

135
E com isso a Maçonaria canta um dueto bem afinado com a
doutrina da Cabala. Para os cabalistas, nosso corpo é como
uma lâmpada que se acende em meio a um quarto escuro.
Brilhamos por um tempo iluminando o espaço que nos cabe
como jurisdição. E quando o combustível, que é a energia
encerrada em nossas células se esgota, apagamos.
O corpo é o filamento que canaliza a energia e quando ele
deixa de ter condição para hospedá-la, ela o abandona. Mas a
energia, como mostra a lei de Lavoiser, não se perde nem se
extingue. Ela só se transforma. Ela continua a existir mesmo
depois que a lâmpada que a refletia se extingue.
Essa energia acenderá outras lâmpadas que também brilharão
por algum tempo e depois se apagarão. Cada uma a seu
tempo, preenchendo o vácuo e realizando a missão que lhe
cabe. Assim a vida nos aparece como uma estrada cheia de
luzes que se apagam e se acendem á medida que o tempo
passa por elas e avança para o futuro.
Por isso encontraremos nos rituais maçônicos, que tratam
especificamente desse tema, expressões do tipo (…) Sois uma
parcela da vida universal, um germe que apareceu em um
ponto do espaço infinito. Vosso ser sofreu inconscientes
transformações. Tivestes sensações, depois ideias
incoerentes, que mais tarde, foram se tornando precisas. Por
fim vos considerastes capaz de perceber a verdade. Esta é a
luz que vistes.
A humanidade levou séculos incontáveis antes de percebê-la.
Nós consideramos o estado atual da nossa espécie sem que
saibamos se ela está em seu começo, ou se prestes a alcançar
o seu fim, e sem conhecermos seu destino, nada

136
compreendemos do mundo a qual ela pertence (…).[7]
Dessa forma, Cabala e Maçonaria concordam que o sentido de
cada vida que vivemos é fornecer o seu “quanta” de luz para a
construção da Obra de Deus. E por essa razão poderemos
viver várias vidas. Nasceremos e morreremos tantas vezes
quantas forem necessárias para a complementação dessa
obra. Por isso Jesus disse: “Assim deixai a vossa luz
resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” [8]
Pois não é com asas que se sobe aos céus, mas com as mãos.
Pela simples e singela razão contida nessa metáfora, os
maçons adotaram a profissão do pedreiro como símbolo da
sua Arte.
[1] O Cavaleiro do Arco Real- pgs. 14 -15 REAA
[2] As Constituições, citado, pg 12.
[3] O Fenômeno Humano, citado, pg. 94.
[4] Idem, pg. 95-Imagem de Teilhard de Chardin. Fonte
Enciclopédia Barsa
[5] Jostein Garner. O Mundo de Sofia, Companhia das Letras,
São Paulo, 1995. Na imagem, o filósofo Plotino.
[6] Nihilismo é a doutrina filosófica que coloca o
questionamento do sentido da vida perante um universo que
parece ser indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude
de pessimismo e ceticismo perante a possibilidade de que a
vida tenha aparecido no mundo para cumprir algum propósito.
Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais,
definindo-os apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos
para a necessidade de preencher o vazio da existência. Este

137
conceito teve origem na palavra latina nihil, que significa
“nada”. O principal arauto dessa doutrina foi o filosofo alemão
Nietszche. Sartre retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e
o Nada” e “a Náusea”.
[7] Cf. o ritual Grau 14-REAA pg. 17/18.
[8] Mateus, 5:16.
: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/09/a-maconaria-e-o-sentido-da-vida

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MAÇONARIA É ARTE

December 20, 2016

É uma ciência que permite construir o intelecto cuja


compreensão possibilita o despertar, o abraçar da iluminação
que vem da racionalidade conduzida por balanceada
espiritualidade - diferente de religiosidade.

A luz que o maçom busca é o aperfeiçoamento pessoal em seu


dia-a-dia.

139
A Maçonaria faz deste entendimento o ponto essencial a ser
alcançado. É mero coadjuvante o esforço das atividades
maçônicas restantes ao objeto central que é a evolução do
homem.

O estado de iluminação inspirado pela Maçonaria destrói a


mascara da ilusão do sistema de coisas humano que manipula
separações e quebra de relações que conduzem a alienação da
vida para objetivos fúteis e inúteis.

No instante em que o maçom abre os olhos e vê a luz do que é


certo e errado torna-se sensato.

Desaparece a ilusão e ele deixa de experimentar o que está


errado na tentativa de acertar, torna-se mais objetivo e acerta
no primeiro ensaio muito mais vezes.

Some o ilusionismo com seus truques que submetem o


homem a um servilismo voluntário em virtude da perda de
noção da realidade.

O homem que se iniciou nos mistérios da Maçonaria descobre


na vida a existência de maravilhas a serem exploradas,

140
questionadas e aplicadas para usufruir de sua existência da
maneira mais equilibrada possível com o propósito do Criador.

Pela educação maçônica o homem deixa de ser um morto-vivo


de comprometida visão da vida.

Bruno Macedo

141
O ALTAR DOS PERFUMES

December 26, 2016

O Altar dos Perfumes situa-se no Oriente, em frente ao Trono


do Venerável. Sobre ele estará o turíbulo e a naveta de
incenso. Tem como origem a passagem do Livro do Êxodo,
capítulo XXX, vv. 1 a 10, em que vemos o Senhor determinando
a Moisés a feitura do Altar do Incenso:
1 - “Farás também um Altar para queimar nele incenso; de
madeira de acácia o farás.
2 - Terá um côvado de comprimento e um côvado de largura,
será quadrado, de dois côvados de alto; os chifres formarão
uma só peça com ele.

3 - De ouro puro o cobrirás, a parte superior, as paredes ao


redor e os chifres; e lhe farás uma bordadura de ouro ao redor.

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4 - Também lhe farás duas argolas de ouro debaixo da
bordadura, de ambos os lados as farás; nelas se colocará os
varais para se levantar o altar.
5 - De madeira de acácia farás os varais e os cobrirás de ouro.
6 - Porás o altar diante do véu que está diante do propiciatório,
que está sobre o Testemunho, onde me avistarei contigo.
7 - Arão queimará sobre ele o incenso aromático; cada manhã,
quando preparar as lâmpadas, o queimará.
8 - Quando o crepúsculo da tarde acender as lâmpadas, o
queimará; será incenso contínuo perante o Senhor pelas
vossas gerações.
9 - Não ofereceis sobre ele incenso estranho, nem
holocaustos, nem ofertas de manjares; nem tão pouco
derramarei libações sobre ele.
“10 - Uma vez no ano Arão fará expiação sobre os chifres do
altar com o sangue da oferta pelo pecado; uma vez por ano
fará expiação sobre ele pelas vossas gerações.”
O esquema filosófico da Maçonaria que procura atender
sempre ao simbolismo perfeito e de explicação relativamente
fácil, prevê que o Altar dos Perfumes é individualizado eis que,
com ele completar-se-á o número simbólico de nove altares.
Nove é o “princípio da Luz Divina Criadora que ilumina todo o
pensamento, todo desejo e toda obra e exprime externamente
à obra de Deus que mora em cada homem, para descansar
depois de concluir a sua obra”, o número oito, quando não há
o Altar dos Perfumes, é o símbolo natural do equilíbrio e da
Justiça e que simboliza o princípio de Hermes que afirma que
“COMO É EM CIMA, ASSIM É EM BAIXO”.

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A Loja para ser perfeita tem que simbolizar a Obra Divina. Não
basta que ela represente o equilíbrio e a Justiça se lhe falta a
Luz Divina, Criadora e Iluminadora de todos os pensamentos.
Assim, no simbolismo hermético o Octanário não pode
substituir o Novenário sem que haja a solução de continuidade
no encadeamento das ações evolutivas. Quanto a nós, somos
contra a supressão do Altar dos Perfumes das Oficinas pelos
seguintes motivos:
Os Três triângulos místicos que devem figurar no corpo da
Loja deixam existir quando falta um dos altares.

Estes triângulos são formados: 1º - Pelos altares do Venerável,


do Orador e do Secretário; 2º - Pelos altares do Tesoureiro,
DOS PERFUMES e do Chanceler; 3º Pelos altares do 1º
Vigilante, dos Juramentos e do 2º Vigilante. Assim, cada um
destes triângulos representa um dos aspectos trinitários do
G.’. A .’. D.’.U.’., cada um deles com a mesma Pureza, a mesma
Luz e a mesma Verdade, componentes da excelsa Sabedoria!

A falta doa Altar dos Perfumes impede a feitura do segundo


Triângulo místico. Deixa assim de ser representada a feitura do
segundo aspecto do G.’. A .’. D.’.U.’. - o Filho - da Tríade
Divinal!

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Verifica-se então um desequilíbrio místico que não poderá ser
justificado pela praticidade do cerimonial!

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