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1 de Dezembro de 2017
RESUMO
ABSTRACT:
This study aims to analyze the criminal responsibility of a person who willfully
engages in transmitting the HIV/AIDS virus to a consenting sexual. Therefore,
according to the Brazilian penal code, the perpetrator should be criminally liable,
resulting in an impasse regarding the applicable classification, between crimes of
Precisa de Orientação Jurídica?
risk of contagious venereal qualification (article 130, paragraph 1, of the Penal
Code) or danger Of contagion of a serious disease (article 131 of the Penal Code),
depending on the framework of AIDS as a venereal disease or not; Or for murder
(article 121 of the Penal Code); Or very serious personal injury (article 129, § 2, II,
of the Penal Code), depending on the result. Thus, among the various jurists and
the most varied jurisprudence, one searches for which crime the author will be
tried, and then apply the maximum rule that there is only one penalty for the crime
in question.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo traz uma análise das diferentes correntes sobre a tipificação da
conduta de transmitir dolosamente o vírus da AIDS por relação sexual.
Apesar de nossa legislação não criar um tipo penal específico contra o transmissor
ocorre ainda a incerteza sobre qual seria a figura adequada à conduta.
Mas, pensa-se: se o autor sabe de sua condição de portador do vírus, e ainda assim
mantém relações sexuais passíveis de realizar o contágio, contudo, sem comunicar
á outra parte que é portador do vírus do HIV, portando, assume com isto, o risco
de transmitir a doença letal.
Para um bom andamento e descoberta desse vasto assunto, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica, colhendo dados em artigos mais relevantes, e também em
revistas, referente a novas discussões no Direito Penal, no qual os Juristas acham
importante sobre a transmissão dolosa do vírus HIV.
Quando a norma venha a colidir com outra mais antiga, não se fará confusão,
justamente em razão da existência de princípios, que, em sendo aplicados ao caso
concreto, suprimirão por completo qualquer dúvida quando do enquadramento da
norma ao fato. São eles os seguintes princípios:
• Princípio da especialidade
• Princípio da alternatividade
• Princípio da subsidiariedade
• Princípio da consunção
Pelo princípio da subsidiariedade quer dizer que há, no ordenamento, dois ou mais
delitos autônomos que descrevem o mesmo fato de modo que o operador de direito
deverá interpretá-los e concluir que um delito será subsidiário (norma menos
abrangente) enquanto que o outro será primário (norma mais abrangente). Por
conseguinte, a norma primária absorverá a norma subsidiária. Nesse sentido,
Fernando Capez sintetiza que:
A norma que descreve o ‘todo’, isto é, o fato mais abrangente, é conhecido como
primária e, por força do princípio da subsidiaridade, absorverá a menos ampla, que
é norma subsidiária, justamente porque esta última cabe dentro dela. A norma
primária não é especial, é mais ampla (2012, p. 92-95)
Com a aplicação desse princípio se pode dizer que o “crime consumado absorve o
crime tentado, o crime de perigo é absorvido pelo crime de dano”, segundo
Bittencourt. Ora, é justamente esse o caso posto em análise. O crime de lesão
corporal, como tipicamente de dano, absorve o crime de perigo de contágio de
moléstia grave, isso sem se intensificar da melhor adequação típica do crime de
lesão, de um ponto de vista objetivo (enfermidade incurável x moléstia grave).
3 TIPIFICAÇÃO DA CONDUTA
Aos que defendem que a transmissão dolosa do vírus do HIV pela relação sexual
deve ser afirmada como o crime de perigo de contágio venéreo conforme o artigo
130, § 1º, do Código Penal, não foi aceita, uma vez que a AIDS pode ser transmitida
de diversas formas, não somente através da prática da relação sexual ou outro ato
libidinoso, não podendo ser considerada doença venérea; motivo pelo qual não
pode a situação em análise ser capitulada no art. 130, § 1º, do Código Penal, que
trata da exposição de alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea. E ainda, o Superior Tribunal de Justiça
decidiu no HC 160982/DF, de 17/05/12 que “o ato de propagar a síndrome da
imunodeficiência adquirida não é tratada no Capítulo III, Título I, da parte
especial do código penal (art. 130 e seguintes), onde não há menção a
enfermidades sem cura”. (...) Na hipótese de transmissão dolosa de doença
incurável, a conduta deverá ser apenada com mais rigor do que o ato de
contaminar outra pessoa com moléstia grave, conforme previsão clara no art. 129,
parágrafo 2º, II, do código penal.
Para o doutrinador GRECO, que também não é a favor desse crime ser apresentado
pelo artigo 130 § 1º, do Código Penal, pois dispõe que a AIDS não é moléstia
venérea, ainda que possível de contágio através de relações sexuais ou de outros
atos libidinosos. Sendo que, a prática de ato capaz de transmiti-la poderá
configurar, segundo o propósito do agente, o delito insculpido no art. 131 (perigo
de contágio de moléstia grave), lesão corporal grave, ou homicídio, se
caracterizado o contágio.
Contudo, a AIDS não é considerada doença venérea pela medicina, por isso não se
enquadra ao delito do artigo 130 do Código Penal, pois não é transmissível
somente por meio de relações sexuais, mas também, por exemplo, por transfusão
de sangue, emprego de seringas usadas. Do mesmo modo, a transmissão desse
vírus também não configura o delito do art. 131 desse mesmo código, por não se
amoldar no contexto, assim, conforme Capez ensina, é configurado homicídio
tentado ou consumado.
Há ainda, uma corrente doutrinária que entende que o correto seria a tipificação
no crime de lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º, II, do Código Penal), devido
ao fato de haver a transmissão de doença incurável.
A concepção é de que para uma pessoa querer omitir sua condição de portador do
vírus, para as pessoas que pratica relação sexual, ou até mesmo quando o infectado
obriga moral ou materialmente a vítima a expor-se a arriscada situação, assim
podendo induzir ao erro, para garantir a efetividade da transmissão da doença,
deve haver imputação do delito de lesão corporal qualificada por enfermidade
incurável, assim ensina Schimidt. (2002)
HABEAS CORPUS. ART. 129, § 2.º, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL. PACIENTE
QUE TRANSMITIU ENFERMIDADE INCURÁVEL À OFENDIDA (SÍNDROME
DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA). VÍTIMA CUJA MOLÉSTIA
PERMANECE ASSINTOMÁTICA. DESINFLUÊNCIA PARA A CARACTERIZAÇÃO
DA CONDUTA. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA UM DOS CRIMES
PREVISTOS NO CAPÍTULO III, TÍTULO I, PARTE ESPECIAL, DO CÓDIGO
PENAL. IMPOSSIBILIDADE. SURSIS HUMANITÁRIO. AUSÊNCIA DE
MANIFESTAÇÃO DAS INSTÂNCIAS ANTECEDENTES NO PONTO, E DE
DEMONSTRAÇÃO SOBRE O ESTADO DE SAÚDE DO PACIENTE. HABEAS
CORPUS PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADO.
4. A alegação de que a Vítima não manifestou sintomas não serve para afastar a
configuração do delito previsto no art. 129, § 2, inciso II, do Código Penal. É de
notória sabença que o contaminado pelo vírus do HIV necessita de constante
acompanhamento médico e de administração de remédios específicos, o que
aumenta as probabilidades de que a enfermidade permaneça assintomática.
Porém, o tratamento não enseja a cura da moléstia.
5. Não pode ser conhecido o pedido de sursis humanitário se não há, nos autos,
notícias de que tal pretensão foi avaliada pelas instâncias antecedentes, nem
qualquer
Precisa de Orientação Jurídica? informação acerca do estado de saúde do Paciente.
6. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa extensão, denegado. (BRASIL,
STJ, HC 160982/DF, 2012. P. 10)
Conforme todas as correntes ora expostas, a transmissão dolosa do vírus HIV não é
aceita como o crime de perigo de contágio venéreo qualificado (art. 130, § 1º, do
CP), pois essa doença não pode ser tida como venérea, pois existem diversas outras
formas de transmissão da mesma.
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS