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MAN magazine
A REVISTA DA MAN LATIN AMERICA
sumário
10
NA ROTA DO CAFÉ:
DO CERRADO ATÉ A
XÍCARA, UMA VIAGEM
DE SABORES
22
FOTO: SIMON PLESTENJAK
38
FOTO: ZÉ PAIVA
A CANTINA DO DÉLIO É
32 UMA DAS LEMBRANÇAS
BLUMENAU: DE INFÂNCIA DA ATRIZ
CLIMA DE ADRIANA BIROLLI NA RUA
OKTOBERFEST ITUPAVA, EM CURITIBA
E SOTAQUE
ALEMÃO O
ANO TODO
largada
NO EMBALO DO CAMINHÃO
>>> Pelo segundo ano consecutivo a MAN Latin America foi eleita
a Empresa mais Admirada do Brasil pela revista Carta Capital, no
segmento de montadoras e importadoras de caminhões. Entre as
indicações de mais de 2 mil executivos do Brasil e da América Lati-
na, a MAN angariou quase 30% dos votos. É óbvio que um prêmio
como esse é motivo de grande orgulho, afinal trabalhamos todos
os dias para levar o melhor em tecnologia, inovação, qualidade e
segurança aos nossos clientes. E ser lembrado por esses atributos
é uma recompensa e tanto.
Mas o que nós da MAN realmente gostamos é de ajudar
o país a caminhar, ou melhor, a rodar. Basta pegar uma estrada
para constatar que a nossa economia anda mesmo é de cami-
nhão. Nas próprias páginas da MANmagazine há vários exemplos
desse movimento, a começar pelo café. Como se sabe, o Brasil é
o maior produtor de café do mundo há mais de 150 anos. Nesta
edição, monitoramos toda a safra, do plantio ao beneficiamento
dos grãos, passando pelas etapas de torra e industrialização até
chegar às prateleiras de supermercados e cafeterias. Para cumprir
a longa jornada, o café sobe pelo menos três vezes na caçamba de
um caminhão. Se colocarmos na balança as viagens até o porto, no
caso do produto para exportação, o número pode chegar a cinco.
Uma cidade como Blumenau, que passa a maior parte do
ano se preparando para a tradicional Oktoberfest, também se mo-
vimenta sobre rodas. Afinal, não é fácil abastecer lojas, restaurantes,
supermercados e pavilhões com embutidos, aves, cervejas, condi-
mentos, doces, entre outras delícias da culinária alemã, para dar
conta de tanto consumo.
O bom é que não é só em solo brasileiro que o caminhão
funciona como engrenagem do progresso. Após 15 anos de pre-
sença da MAN na Argentina, fomos conferir de perto onde e como
os nossos produtos estavam sendo utilizados. Vinhos, carnes,
combustíveis, automóveis, bebidas, chocolates... tudo gira na ve-
locidade do caminhão, às vezes um pouco mais rápido quando a
economia está aquecida outras vezes em marcha lenta, pegando
impulso para crescer novamente. O importante é que tanto no
Brasil quanto na Argentina o caminhão nunca para. <
Roberto Cortes,
Presidente da MAN Latin America
colaboradores
34
EXPEDIENTE
MANmagazine é uma publicação da MAN Latin >>> ARTHUR VERÍSSIMO
America com edições em português e espanhol.
Distribuição gratuita para toda a América Latina.
O autor da crônica desta edição é
Edição 7, novembro/2013 considerado um dos jornalistas mais
“gonzos” do Brasil. Colaborador cativo
COMUNICAÇÃO MAN LATIN AMERICA
da revista Trip e repórter de TV e rádio,
Marcos Brito (gerente), Maria Carolina Gonçalves
(editorial), Danielle Ritton, Larissa Rodrigues, Karina Veríssimo é capaz de se colocar nas
Ushimaru, Heloísa Tunoda (estagiária) e experiências mais bizarras apenas para
Wander Gartner (aux. administrativo) contar boas histórias. Escritor e DJ acidental,
Rua Volkswagen, 291, 7º andar
é o protagonista da série Na Fé, em cartaz
04344-901 – São Paulo – SP
www.man-la.com no Discovery Channel. Aqui relata uma das
muitas viagens que já fez à Índia.
EDIÇÃO Parágrafo Editora Ltda.
EDITORA Rosiane Moro MTb 21.082
DIRETORA DE REDAÇÃO
Raquel Alves MTb 16.103
REVISÃO Daniela Lima >>> SIMON PLESTENJAK
PROJETO GRÁFICO ORIGINAL Há três anos no país, o fotógrafo esloveno
MAN Group AG
já é considerado mais brasileiro do que
DIREÇÃO DE ARTE Daniel das Neves
TRATAMENTO DE IMAGEM muitos por aqui. Adora viajar atrás
Luciano Bernardes das autênticas raízes brasileiras. Suas
IMPRESSÃO LEOGRAF fotorreportagens já foram parar nas
www.leograf.com.br
TIRAGEM 8.500 exemplares
páginas da National Geographic, Marie
PERIODICIDADE quadrimestral Claire, Época São Paulo, entre outras.
CAPA Simon Plestenjak Nesta edição, foi conferir a produção de
café no interior de Minas Gerais, aos pés
da serra da Canastra.
reduzidas
ARRIBA!
Considerada uma das mais impor-
tantes feiras de veículos comer-
ciais da América Latina, a Expo
Transporte 2013, realizada a cada
dois anos em Guadalajara, México,
comemorou seus 15 anos no últi-
FOTO: WAGNER MALAGRINE
DIESEL DE CANA
Com 15% a menos nas emissões de NOx, 77% de redução nas emis-
sões de material particulado e diminuição em 42% na temível fu-
maça preta, o diesel de cana-de-açúcar tem tudo para se tornar o
combustível do futuro. É o que apontam os testes pioneiros com
motor Euro V, comandados pela MAN em bancada dinamométrica.
Com mais de 500 horas de testes, os resultados de potência, torque,
consumo e durabilidade provaram as vantagens do biocombustí-
FOTO: WAGNER MALAGRINE
SÓ DE SOB MEDIDA
CURTIÇÃO Produto sob medida não é apenas um jogo de
palavras, mas um compromisso da MAN La-
Uma foto curtida 5 mil vezes, tin America. Logo no início da sua operação, a
em poucas horas. Tudo bem empresa entendeu que a aplicação é que deve
que o Constellation 25.420 exi- definir as características do veículo, afinal uma
bia seu melhor ângulo para mudança simples no projeto pode significar um
apresentar o novo motor de uso mais racional, seguro ou até muito mais
420 cavalos. Mas, mesmo com o econômico do produto. Para isso existe o BMB
peso da novidade, impressiona Mode Center. A unidade dispõe de técnicos e de
o fato de tantos internautas fre- todo ferramental para que as soluções persona-
quentarem habitualmente a página da MAN lizadas sejam incorporadas no caminhão ou ôni-
no Facebook e ainda fazerem questão de co- bus, antes que deixem a fábrica, preservando a
mentar, curtir, manifestar opiniões. São co- condição de originalidade. Entre os mais de 110
muns fotos e mensagens postadas pela mar- mil pedidos atendidos no BMB está o caminhão
ca passarem dos 10 mil “views”. A relação com segundo eixo direcional, que permite ao
amigável que se estabeleceu entre a MAN e frotista ganhar mais 5 mil quilos de carga útil. A
seus clientes desde os primeiros posts abriu empresa também está apta para montar quinta
caminho para outras mídias como Youtube, roda nos cavalos mecânicos, terceiro eixo ante-
Linkedin, Instagram e Google Plus, com ex- rior (caminhão de lixo), terceiro eixo auxiliar
celentes índices de participação em todas. A (caminhão “trucado”), ônibus com piso baixo
MAN mapeia os interesses e impressões do (low entry), escape vertical, ajuste de entre-eixos,
público para antecipar tendências e novas ar-condicionado, tomada de força, freio retarder,
demandas do mercado. instalação de volksnet e climatizador.
SHOW DE BOLA
Transportar um time com a importância do Bayern de Munique, do
Borussia Dortmund, do VfL Wolfsburg ou do Hannover é tarefa que
exige padrões extremos de segurança e conforto. Pensando nisso, a
MAN convidou os motoristas de ônibus dessas e de outras equipes do
campeonato alemão para uma rodada de treinamento. Pelas contas
da montadora, os 13 principais clubes circulam em média 60 mil qui-
lômetros/ano pelas rodovias europeias. Agendas apertadas, distâncias
longas, ruas estreitas das cidades históricas estão entre os principais
desafios encontrados pelos motoristas. Para ajudá-los a chegar ao des-
tino com tranquilidade, a MAN desenvolveu um programa que des-
mistifica a tecnologia de bordo e inclui aulas práticas para situações
extremas, como enchentes e perigos que exigem resposta rápida e
manuseio correto do veículo.
Ponto a ponto
GOSTINHO BRASILEIRO
“Aceitam um café?” É assim que o diretor Ramiro Júlio Ferreira
Neto nos recebe na sede da empresa Café Barão. É o início da
nossa viagem, que começa na fazenda Lagoa, em Piumhi, no
centro-oeste mineiro, e vai até a mesa da barista Eliana Relvas
“Café com pão, café com pão, café com pão.” En- atingem a maturidade. Colhidos e beneficiados, os
quanto estamos na estrada a caminho da pequena grãos são selecionados e levados a um criterioso pro-
Piumhi, no interior mineiro, o poema ferroviário do cesso de torrefação e moagem. É o início da linha de
pernambucano Manoel Bandeira ecoa nos ouvidos, produtos com a marca Café Barão.
sobe serra, transpõe rios e nos baldeia no ritmo do O cheiro do café parece motivar o compasso
trenzinho do caipira. dessa lavoura tão presente na cultura e nos cos-
Do Mirante da Cruz do Monte temos uma tumes brasileiros. Um produto que, há um bom
visão panorâmica da cidade. O que se vê mais pró- tempo, sobe no caminhão para ir do campo para a
ximo, depois da escadaria de acesso ao local, é a cidade, da fábrica até o comerciante varejista para,
unidade administrativa e industrial da Sociedade enfim, chegar à xícara do brasileiro – na mesa de
Mogyana Exportadora Ltda. Dali também se avista casa, no balcão da mais simples padaria ou no re-
parte dos chapadões da mítica serra da Canastra, quinte das cafeterias.
onde nasce o rio São Francisco. O povo do local se O café, todos sabemos, tem dessas coisas. Ani-
orgulha de dizer que a cidade é o Portal da Canastra. ma a prosa. Aquece as aventuras literárias e as telas
Estamos em 2013, porém o ponto de partida do cinema. E dali pula diretamente para o cafezal,
desta viagem está bem mais pra trás, em torno de três que pulsa na modernidade ruidosa das colheitadei-
décadas, quando o Grupo Mogyana, especializado na ras, uma realidade que, do último quartel do século
produção de arroz, enxerga no boom econômico dos passado para cá, esquenta a economia da região com
grãos no país o grande potencial do café arábica. E as- a forte presença do tipo arábica de alta qualidade.
sim, na segunda metade da década de 1980, os primei- Nas fazendas, as colheitadeiras substituem 150
ros frutos das mudas plantadas nas fazendas mineiras pessoas por turno de operação. Mas são utilizadas ape-
OURO AMARRONZADO
Maior produtor mundial de café, respondendo por 30%
do mercado internacional, o Brasil é o segundo consu-
midor, atrás apenas dos Estados Unidos. E caminha
para assumir o primeiro posto. A meta da Associação
Brasileira da Indústria do Café (Abic) para o consumo
interno é atingir 21 milhões de sacas em 2013. Para isso
contribui o consumo fora do lar, com o número cres-
cente de cafeterias e restaurantes oferecendo café de
melhor qualidade.
A relação com o café vem do século XVIII, des-
de que o sargento-mor Francisco de Melo Palheta fez
a planta entrar no país pelo norte, passando por Mara-
nhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas,
e se consolidar a partir de meados do século XIX. Hoje,
praticamente a lavoura se estende por todos os estados,
mas firma-se em regiões de São Paulo, Minas, Paraná,
Espírito Santo, Bahia e Rondônia.
Mais importante parque cafeeiro do país, Minas
Gerais planta café em 1.236,9 mil hectares – mais da
metade dos 2.312.152 hectares de área cultivada nacio-
nalmente. O sabor de novidade está no cerrado, onde o
cultivo da espécie arábica ganha mais e mais espaço nas
últimas quatro décadas.
O arábica (Coffea arabica), espécie originária do no ranking das cem maiores indústrias associadas,
Oriente, produz café de melhor qualidade, mais fino e encerrou 2012 na 17ª posição. Com fôlego de sobra,
requintado, e é cultivado em regiões com altitude na pois, como diz o presidente da Mogyana, Jorge Elias
faixa dos 800 metros. Já o Robusta (Conillon), originário Ferreira, “nosso objetivo é gerar um crescimento sus-
da África, tem um trato mais rude e pode ser cultivado tentável, promovendo o sucesso de nossos acionistas
ao nível do mar. Claro, cada espécie tem um grande nú- e parceiros e, principalmente, sempre superando as
mero de variedades e linhagens. expectativas de nossos consumidores”.
Na região onde se situa Piumhi, o solo caracterís- Juntamente com os filhos Ramiro Júlio Ferreira
tico é o de “cerrado em transição”, cujas terras são tidas Neto (diretor executivo industrial e comercial), Vanessa
como, no mínimo, de média fertilidade, ou seja, de fácil Paschoa Ferreira Lemos Marques (diretora financeira) e
correção para se tornarem de alta fertilidade sem gran- Patrícia Paschoa Ferreira Coelho (diretora comercial BH
des esforços técnicos. Não faltam, por ali, ribeirões e cór- e região metropolitana), Jorge Elias não só acredita na
regos com abundantes mananciais. consolidação de produtos tradicionais da empresa, por
Em Piumhi, a Mogyana aposta na qualida- exemplo o Café Barão, como também vê forte poten-
de do arábica para a produção do melhor café. Em cial de expansão do Espresso (grãos torrados), que só
pouco mais de duas décadas e meia, firma-se nesse utiliza o café cereja descascado das próprias fazendas.
mercado com enorme poder de crescimento. Segun- Nos demais, são processados grãos de café arábica de
do dados da Abic, a empresa, que em 2008 era a 39ª produtores do sul de Minas e do cerrado..
ESPECIAIS EM ALTA
Movida a café, a barista Eliana Relva não para. Mal chega
de Belo Horizonte, onde participou de um evento inter-
nacional do setor cafeeiro, desembarca na cafeteria de
um supermercado da Vila Mariana, na zona sul de São
Paulo, para um workshop sobre cafés especiais e uma
feira de cafés orgânicos de dez procedências distintas,
produtos que estão nas gôndolas. Na plateia, gente co-
Após a embalagem, o café está pronto mum, cliente da loja, interessada em saber um pouco
para consumo, não sem antes passar mais sobre as novidades gastronômicas e os apetre-
chos para quem aprecia tirar um café diferenciado.
por um rigoroso teste de degustação Essa vida agitada a engenheira de alimentos leva
de sabores e aromas desde meados dos anos 1990, quando foi convidada a
participar da montagem do primeiro centro de café do
Brasil, para o Sindicato da Indústria de Café do Estado
de São Paulo. Gostou do sabor e dali para cá ministra
cursos de formação de barista e de classificação e de-
gustação de café. E ainda encontra tempo para integrar
júris de concursos de profissionais.
“Eu acho que o barista acabou virando uma ne-
cessidade”, diz Eliana. “Afinal, quem atende precisa, pelo
menos, conhecer o produto para indicar essa ou aquela
opção ao cliente da cafeteria ou do restaurante.”
Para ela, o importante é que tenhamos a possibi-
lidade de experimentar, sem receio, com um mínimo de
orientação. O brasileiro parece pensar assim, pois, segun-
do a Abic, o consumo de cafés especiais, os chamados ca-
fés gourmet, cresceu 15% anualmente de três anos para
cá, contra a evolução de 3% do produto tradicional.
Contudo, tradicional ou especial, o café não acei-
ta desaforo. Em casa, aberta a embalagem, devemos
guardar na geladeira não mais do que 15 dias. No pre-
paro, água mineral ou, pelo menos, filtrada. Depois de
pronta a bebida, consumir em até uma hora.
Eliana reconhece que o consumidor precisa ter
um mínimo de orientação. Mas reforça que há neces-
sidade de arriscar. “Se ficar fraco, tente fazer de novo. Se
sair forte, dilua com água quente.” As dicas principais
estão em seu site www.elianarelvas.com.br, que tam-
bém traz informações sobre cursos e organização de
eventos. Agora é só colocar a água no fogo e apreciar a
bebida mais tradicional do país.<
retrato
>>> É sabido que, além de compor as mais belas can- do a se adaptar rapidamente ao caos de Nova York e
ções de nossa música, Tom Jobim era um grande fra- praticamente sem falar inglês. Mas ele foi literalmente
sista. Dos melhores – e dos mais ácidos. Duas frases abraçado pelos músicos locais. Convidado a tocar de
ficaram famosas: “Viver nos Estados Unidos é bom, madrugada na boate Village Gate, um dos primeiros
mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas shows em solo americano, não tinha nem roupa para
é bom” e “No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”. Ambos encarar o tenebroso inverno nova-iorquino. “Descobri
os aforismos têm a mesma origem e são fundamen- naquele país muita generosidade. Sem roupa certa
tais para entender o quanto o autor de “Garota de para o frio, vi um crioulo da orquestra colocar seu so-
Ipanema” e “Insensatez” era apaixonado por seu país, bretudo sobre as minhas costas e continuar seu traba-
devoção que nem sempre foi correspondida à altura. lho”, afirmou Tom, em entrevista. Da leva de músicos
Em 2013, completam-se 50 anos do lançamento de que foi para os Estados Unidos, no embalo do sucesso
The Composer of Desafinado Plays, o primeiro disco da bossa nova, Jobim foi um dos poucos a não voltar,
solo em território americano, que lhe trouxe fama muito por conta da sua amizade com o saxofonista
internacional e um punhado de aporrinhações. Sim, Stan Getz, uma das lendas do jazz americano.
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o nosso Tudo porque os americanos, os que apreciavam
mais genial e brasileiro dos compositores, foi acusa- o jazz de alta qualidade e reconheciam o valor da
do por parte da crítica – e por alguns colegas – de se música brasileira, veneravam Tom Jobim. Assim
render à música americana e fugir de suas origens. que The Composer of Desafinado Plays foi lança-
Logo ele, o autor de “Matita Perê”, que só tinha medo do, em 1963, as portas do mercado americano se
de uma coisa: “morrer em inglês”: “Quero morrer em abriram. E não foi apenas Jobim que entrou: uma
português. Como é que vou dizer para o médico grin- legião de músicos, inclusive João Gilberto (que um
go que estou com uma dor no peito que responde na ano depois gravaria o histórico Getz & Gilberto ao
cacunda?”. Não teve jeito. Morreu em Nova York, em lado de Stan Getz), beneficiou-se da boa aceitação
1994, aos 67 anos. da bossa nova, que logo virou febre entre os ameri-
Há muitas histórias envolvendo os bastidores do canos. O auge desse intercâmbio, como se sabe, se
lançamento do hoje “cinquentão” The Composer of deu em 1967, quando Frank Sinatra, o mais popular
Desafinado Plays. Não foi fácil para Tom deixar o Rio. cantor de todos os tempos, convidou Tom Jobim
Nascido na Tijuca, mas criado em Ipanema, foi obriga- para gravar um disco inteiro em parceria.
Na estrada
MI
ARGENTINA
QUERIDA
Há 15 anos, caminhões Volkswagen circulam
pelas carreteras argentinas, fazendo girar uma das
economias mais promissoras da América Latina
Os caminhões são carregados durante a noite Como em todas as grandes cidades do mun-
nos centros de distribuição em cidades da região me- do, Buenos Aires também restringe o trânsito de ca-
tropolitana de Buenos Aires, como Estevam Echever- minhões. Os veículos com mais de 12 toneladas não
ria, Malvinas Argentinas e La Matanza, e, a partir das circulam nas avenidas que fazem parte da chamada
seis da manhã, dão início às entregas, principalmente “rede de trânsito pesado”. Nos feriados prolongados,
na capital. Para o transporte urbano, a opção é pelos as restrições são ampliadas para as vias de entrada e
modelos Worker 13.180 e 17.220, que carregam cerca saída da cidade.
de 12 toneladas e fazem de duas a três viagens por dia.
Transportam de eletrodomésticos a itens da cesta bá- DAS PROVÍNCIAS AOS ANDES
sica dos argentinos, incluindo aí delícias típicas como Nas viagens de longa distância, os caminhões chegam a
doce de leite, alfajor e erva-mate. levar até 20 toneladas de carga, em uma ou duas viagens
A empresa dispõe de caminhões refrigerados semanais, segundo Masotta. Os modelos usados são o
para distribuir também um dos maiores orgulhos da Constellation 17.250 e o 19.320. A maior rota da empresa,
mesa nacional: a carne. Num país onde o consumo de com cerca de 1.700 quilômetros, é a que vai da capital a
carne bovina é de cerca de 62 quilos por habitante/ Bariloche, na região dos Andes da Patagônia argentina e
ano – bem acima da média brasileira, que não chega a principal centro turístico do país para a prática de esqui.
40 quilos –, ter o produto na hora certa e na condição A viagem pode levar até três dias, sendo 24 horas de di-
de consumo ideal faz toda a diferença. reção, divididas em trechos de no máximo oito a nove
horas diárias, já que os caminhoneiros viajam sozinhos.
No trajeto de pouco mais de 1.100 quilôme-
tros até a cidade de Neuquén – capital da província
de mesmo nome –, a estrada é plana e pouco sinuosa.
O clima frio e a
neve pedem atenção
redobrada dos motoristas,
principalmente na região
da cordilheira dos Andes,
onde as estradas são
mais sinuosas
FOTO: DIVULGAÇÃO
mais difícil, com trechos montanhosos, pelas encos-
tas dos Andes. Outro desafio é o clima frio. “Muitas
vezes os motoristas enfrentam gelo e neve na estra-
da. Por isso, optamos por não fazer esse percurso no
inverno, quando as condições climáticas são ainda Na época da colheita, os caminhões da Bodega Los Toneles carregam
as uvas in natura. Depois de meses de envelhecimento em tonéis de
piores”, explica Masotta.
carvalho, a empresa assume a distribuição dos vinhos já engarrafados
Na estrada há 26 anos e há dois trabalhando
para a Transportes Masotta, o caminhoneiro Victor
Ávila, 50 anos, viaja semanalmente em um Volkswa-
gen Constellation 17.250 para províncias do nordeste
da Argentina como Corrientes, Chaco e Formosa, le-
vando, por vez, cerca de 16 toneladas de carga para as
lojas do Carrefour. “As estradas da região, no geral, não
são duplicadas e têm muito tráfego de caminhões. Por
isso, preciso dirigir sempre na defensiva”, conta Ávila.
Segundo ele, a qualidade de conservação muitas vezes
também deixa a desejar. A Argentina tem mais de 231
mil quilômetros de vias, sendo apenas 69 mil quilô-
metros pavimentados.
PELOS VINHEDOS
São comuns os caminhões na paisagem dos princi-
pais vinhedos, na região do Cuyo no oeste do país, cuja
FOTO: SHUTTERSTOCK
cidade mais conhecida é Mendoza. Na tradicional Bo- ratura e impedir que a ação dos raios solares altere
dega Los Toneles, de 1922, toda a frota de cerca de 120 a qualidade dos vinhos”, explica Jose Millan, dono
caminhões é da Volkswagen. da Bodega.
Na época da colheita, nos meses de março e Os veículos da frota levam as garrafas para di-
abril, são 15 veículos da marca que levam as uvas desde versas regiões argentinas, sobretudo Buenos Aires,
os vinhedos até a vinícola, percorrendo distâncias que maior centro consumidor do país. A região produto-
vão de 50 a 200 quilômetros. Depois da fermentação ra é distante das zonas de consumo. Assim como as
e do envelhecimento em tonéis de carvalho, chega a estradas do nordeste argentino, as do oeste também
hora de a própria empresa fazer a distribuição dos vi- são bem diferentes das autopistas das regiões mais
nhos já engarrafados. povoadas e, além disso, o relevo não é plano. Parte da
A vinícola produz vinhos premiados, como o carga chega à região sul do Brasil e ao Paraguai.
Tonel 46 malbec – vencedor de sete prêmios, den- Segundo Millan, a empresa começou a com-
tre eles, o China Awards na categoria de melhor vi- prar os veículos Volkswagen em 1998, ano de entra-
nho argentino. Para manter as características dos da de caminhões da marca na Argentina, e, cinco
vinhos, o cuidado com a logística é extremo. Por anos depois, já havia renovado toda a frota. A opção
isso, a empresa opta por fazer a distribuição e uti- se deve à resistência mecânica e à atenção na venda
liza caminhões com baús térmicos. “O transporte é e pós-venda por parte da concessionária em Men-
feito principalmente à noite, para manter a tempe- doza, a Yacopini.
cultura
>>> Um caminhão pode levar frutas pelo Brasil, quando ideias se encontram”, realizado pelo Minis-
transportar animais, combustível, água a regiões tério das Relações Exteriores da Alemanha em con-
áridas, remédios a cidades do interior. Um cami- junto com o Instituto Goethe. O objetivo é estrei-
nhão pode fazer mudanças, carregar de um lado tar a relação entre os dois países e mostrar a faceta
para o outro equipamentos industriais, flores, do- artística e dinâmica da cultura germânica em áreas
cumentos, material de construção e o que mais cou- como música, literatura, meio ambiente, economia,
ber na carroceria. Um caminhão pode transportar tecnologia, educação, ciências, entre outras.
até cultura. É o que faz o Volkswagen Constellation Para atrair o maior número de visitantes pos-
19.390, com 15 metros de carroceria, fabricado pela sível, o caminhão estaciona em praça pública ou al-
MAN Latin America. Desde o último dia 13 de maio, gum outro lugar com vasta circulação de pessoas.
o caminhão é o veículo da Kultur Tour, uma espécie Com nove profissionais, sendo oito alemães, abrem
de turnê cultural apoiada pelo governo alemão, em o palco retrátil, que transforma o caminhão em uma
parceria com a Man Latin America, a Volkswagen do espécie de usina cultural. Todo grafitado por dois ar-
Brasil e o Banco Volkswagen, que até maio de 2014 tistas plásticos (o brasileiro Carlos Dias e o alemão
terá percorrido 17 cidades brasileiras promovendo a Jim Avignon), o veículo não passa despercebido. É
cultura germânica pelo país. só chegar e aproveitar a programação gratuita: são
A Kultur Tour é um dos destaques da progra- oficinas de teatro, música ao vivo, biblioteca, instala-
mação do projeto “Alemanha + Brasil 2013/2014: ções de arte, jogos e contação de histórias.
“O resultado é excelente. As pessoas são atraí- com jogos interativos, trechos de filmes e poemas que
das pela curiosidade que a cultura germânica desperta. facilitam a compreensão da língua; também puderam
Chegam aqui, pegam um livro, descobrem uma palavra ter acesso a mais de mil livros na sala de leitura monta-
nova, querem saber que música está tocando, assistem da com pufes e mesas dentro do caminhão.
às peças de teatro”, comenta o produtor cultural Holger Era lá que estavam as estudantes Bianca Bento
Beier, curador do projeto. “E não estamos só trazendo Lebre e Lidiane Dias Sella, ambas de 15 anos, que deram
ícones da cultura clássica alemã, não. Há muita coisa uma escapada da visita oficial que fizeram com a escola
contemporânea também, principalmente em relação a à Bienal para explorar o caminhão colorido da Kultur
música, literatura e cinema.” Tour. “Eu aprendi que a maioria dos contos de fadas
que conhecemos na infância é de escritores alemães,
BIENAL DO LIVRO não sabia disso”, observa Bianca, antes de colocar um
A Kultur Tour já passou por cidades como Vinhedo, fone de ouvido e aprender algumas palavras de sauda-
em São Paulo, Londrina, no Paraná, e Três de Maio, no ção na língua dos Irmãos Grimm.
Rio Grande do Sul. Em setembro marcou presença na Lidiane gostou da seleção de músicas que o DJ
Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Em meio a estandes Thomas Haferlach montou, intercalando hits contem-
e atrações da maior feira de livros da America Latina, lá porâneos brasileiros e alemães. “Acho que é a primeira
estava Holger, entre oito instrutores culturais alemães, vez que estou ouvindo um hip hop alemão!”, espantou-
divulgando a cultura do país aos brasileiros. “Fazemos -se a menina, que admitiu que os jovens de sua idade
muito sucesso principalmente com as crianças”, come- conhecem muito pouco a cultura germânica atual.
mora Holger, lembrando que o fato de o caminhão ficar “Trabalho em oficinas de arte e educação há
estacionado sempre ao ar livre dá um caráter circense muito tempo e confio muito no poder de conexão
à atração, o que chama muito a atenção dos pequenos. cultural que a música desperta. O futebol também.
Naquela tarde de sábado, por exemplo, quem Juntando as duas coisas, criei essa instalação, que
estava na Bienal teve a chance de assistir à sessão de ci- chama muita atenção pelos mecanismos simples
nema ao ar livre com curtas-metragens sobre sustenta- de funcionamento”, diz o artista plástico Carsten
bilidade, arte urbana e futebol; à exposição “Alemanha Galle, criador da instalação a “Bola de Futebol Mu-
na Mala”, sobre expressões básicas do idioma alemão, sical”, que dependendo do lance toca uma canção.<
Viagem
>>> Todo brasileiro deveria ter orgulho e até uma in- Famílias alemãs reviraram seus baús em bus-
vejinha boa de Blumenau. A cidade catarinense que se ca de objetos, referências e histórias para remontar
espalha em construções enxaimel ao longo do rio Ita- a música, a dança, as bandas, os quitutes típicos
jaí Açu está no primeiro pelotão entre os municípios trazidos pelos primeiros imigrantes. Inspirada no
brasileiros com maior expectativa de vida, segundo grande festival de Munique, a festança voltou no
o IDH-M. Ali nasceram e prosperam grandes marcas ano seguinte com mais desfiles pela cidade, mais
brasileiras, como a Cia. Hering, e pelas ruas arboriza- música, mais chopp e o dobro de convidados. Em
das anda um povo elegante, de olhos azuis e sobreno- pouco tempo, virou mania nacional. A Oktober-
mes cheios de consoantes. A cidade é também ponto fest não só ensinou a lavar a alma em grande estilo,
de partida da mais charmosa rota da cerveja. Mas tal- como deu projeção turística à região. Num passeio
vez a capacidade de superação seja a mais importante pela cidade, MANmagazine constatou que, muito
característica de sua gente. Basta ver a história: devas- mais que um festejo, Oktoberfest é o jeito de viver e
tada por uma enchente que durou 32 dias, chegou à ser da cidade o ano inteiro.
copa das árvores e varreu a cidade com violência em O tour tem ponto certo para começar, a Vila
1983, Blumenau arregaçou as mangas e trabalhou Germânica. O espaço pega fogo no mês de outubro e
duro. Para levantar o ânimo geral, já no ano seguinte se mantém ativo em boa parte do ano, recebendo even-
lançou a primeira edição de sua Oktoberfest. tos e feiras locais. O acesso aos grandes pavilhões, uma
pequena escala”, analisa Fábio Steinbach O MELHOR PÔR DE SOL: Na Avenida Presidente
Castelo Branco, mais conhecida como Beira-Rio, com
a Ponte de Ferro ao fundo. O reflexo do sol sobre o
rio é lindo.
uma rua
Movimentos da
rua Itupava: acima
à direita, a vitrine
onde tudo começou.
À esquerda, o
charme da Cantina
do Délio; o Colégio
Positivo (abaixo) e
a fachada florida
do restaurante
preferido da atriz
PONTO CHIC
Adriana Birolli descobriu os encantos da
rua Itupava através da vitrine da Garota Chic.
E passou muitas tardes na pracinha
em frente ao colégio onde estudava,
apreciando o vaivém curitibano
>>> Das muitas lembranças que trago da minha infância em Curitiba, a rua Itupava
ocupa um cantinho especial. A minha história de amor com essa rua começou com a
loja de roupas infantis da minha mãe, a Garota Chic, que fica no PolloShop.
>>> Quando o movimento apertava, eu corria lá para ajudar a atender os clientes. Até
recentemente, quando estive em Curitiba, participei de um mutirão da família, com
meu pai no comando, para reformar o espaço. O trabalho rolou a madrugada inteira
porque a loja fica dentro de um shopping e não pode passar por serviços durante o dia.
>>> Na frente do colégio, não poderia faltar a Padoka, onde praticamente todos os
dias tomávamos nosso café da manhã, à base de pão de queijo e refrigerante. Boas
recordações de uma época áurea da vida! Sempre que passo por ali me lembro de
tudo isso com muitas saudades.<
crônica
A CAMINHO DE SHANGRI-LÁ
Rasgar o norte da Índia e vencer 4 mil mil metros de altitude do Himalaia de ônibus,
para o encontro sagrado com o Dalai Lama. Só mesmo no diário de Arthur Veríssimo,
o jornalista-explorador-místico, poderia caber uma viagem tão cheia de descobertas.
Pegue carona nesta aventura
>>> Chegar à paisagem lunar de Spiti, Índia, já era Em Simla, ex-capital de verão dos vice-reis
uma conquista e tanto. Isolada do mundo por sécu- britânicos, troquei de ônibus, por um modelo bem
los, a região tinha sido aberta ao turismo há menos de mais despojado e muito mais lotado de gente e leva-
três anos e lá estava eu, em uma missão peregrina no mos mais de um dia de viagem para chegar ao desti-
meio do povo budista e cercado por dezenas de mo- no. Meu objetivo seria acompanhar a comemoração
nastérios e stupas (monumento budista) espalhados dos mil anos do monastério de Tabo e participar da
pelo vale. No passado, Spiti já fez parte do Tibete. Hoje, celebração do Kalachakra, a mais alta iniciação do bu-
encontra-se na fronteira com a China, no estado india- dismo tibetano aberta ao público. O complexo ritual
no de Himachal Pradesh. A região é conhecida como seria ministrado por nada mais nada menos que Sua
Trans-Himalaia, e seus vilarejos encontram-se entre 3 Santidade O 14 Dalai-Lama, Tenzin Gyatso.
mil e 4.500 metros de altitude. O busão parecia gemer a cada curva fechada
A odisseia até o enigmático Vale de Spiti foi da Hindustan-Tibetan Road. A rodovia, extrema-
uma experiência surreal em que realizei no ano de mente perigosa, foi construída em 1962, na época da
1996. Primeiro foi necessário obter uma permissão guerra indochinesa. É uma autêntica obra-prima da
em Nova Delhi. engenharia. Serpenteamos durante dois dias as en-
Durante os dias em que aguardei a auto- costas e os contrafortes do Himalaia. Da janela po-
rização (burocracia indiana) pesquisava de qual dia ver montanhas e vales, que se assemelhavam ao
forma iria ao Shangri-lá. Alugar um veículo esta- cenário lunar. A paisagem é de uma solidão absoluta.
va fora do meu orçamento. A única possibilidade Assim que entramos no vale de Spiti o sufoco diminuiu.
seria viajar de ônibus, rasgando o norte da Índia.
Meu ponto de partida era a caótica estação de Nova
Delhi, um mar de plataformas, gente e ônibus de
todos os estilos, dos sofisticados double-decks
até as inseguras jardineiras. Embarquei em um
busão, digamos, decente, sem muita firula, mas
com certo padrão de conforto e seguimos por uns
400 quilômetros até Simla.
farol
ADEUS 2013.
QUE VENHA 2014
Recentemente, realizei uma palestra para os
executivos da MAN Latin America sobre o que
acredito ser o ambiente econômico do Brasil
em 2014 e nos próximos anos. Vamos a ela
>>> Para começar prepare-se para mais um ano de baixo crescimento do PIB,
provavelmente na faixa de 2% a 3%. Desde 2011, esgotaram-se dois fatores que
permitiram o crescimento acelerado no período de 2004 a 2010: a incorpora-
ção de mão de obra ao mercado de trabalho e maior utilização de infraestrutu-
ra já existente. Como esse cenário não deve se repetir em 2014, o crescimento
vai andar em ritmo lento. Quem sabe após as eleições, somente no final do
próximo ano...
Prepare-se também para um dólar em queda. Dificilmente, o Banco Central
americano (Fed) terá condições de suspender os estímulos monetários nos
próximos trimestres. Enquanto o Fed continuar a aumentar a oferta de dóla-
res no mundo, a moeda só perderá valor. Aliás, as perspectivas para o euro, o
iene, o franco suíço e a libra esterlina são parecidas.
A inflação deve continuar pressionada, exigindo altas adicionais da taxa de ju-
ros, porém, como a inadimplência parou de subir e até parece estar caindo e o
próprio BNDES deve continuar a ser capitalizado pelo governo, uma expansão
da disponibilidade de crédito para o setor de caminhões e ônibus deve permi-
tir que ele cresça mais do que o PIB em 2014, chegando possivelmente a taxas
de dois dígitos.
Outro fator a impulsionar o setor deve ser um crescimento mais acelerado no
interior do país em função de boas perspectivas para o agronegócio. Sem uma
expansão das malhas ferroviária e hidroviária a curto prazo, a única possibili-
dade logística para o interior do país é a rodoviária. Setores de serviços, comér-
cio e imobiliário também devem superar o PIB. Por outro lado, pelo 11º ano
consecutivo, a produção industrial deve ser menor do que as vendas no varejo.
Enquanto não reduzirmos a carga tributária e os entraves a negócios, melho-
rarmos a infraestrutura e qualificarmos a mão de obra, o cenário não passará
por grandes transformações.
Que venha 2014.