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17/10/2018 Fenomenologia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fenomenologia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fenomenologia (do grego phainesthai ­ aquilo que se apresenta ou que mostra ­ e logos explicação, estudo) é uma
metodologia  e  corrente  filosófica  que  afirma  a  importância  dos  fenômenos  da  consciência,  os  quais  devem  ser
estudados em si mesmos – tudo que podemos saber do mundo resume­se a esses fenômenos, a esses objetos ideais que
existem na mente, cada um designado por uma palavra que representa a sua essência, sua "significação". Os objetos
da  Fenomenologia  são  dados  absolutos  apreendidos  em  intuição  pura,  com  o  propósito  de  descobrir  estruturas
essenciais dos atos (noesis) e as entidades objetivas que correspondem a elas (noema).

Edmund Husserl (1859­1938) ­ filósofo, matemático e lógico – é o fundador desse método de investigação filosófica e
quem estabeleceu os principais conceitos e métodos que seriam amplamente usados pelos filósofos desta tradição. Ele,
influenciado por Franz Brentano­ seu mestre ­ lutou contra o historicismo e o psicologismo. Idealizou um recomeço
para a filosofia como uma investigação subjetiva e rigorosa que se iniciaria com os estudos dos fenômenos, como estes
aparentam  à  mente,  para  encontrar  as  verdades  da  razão.  Suas  investigações  lógicas  influenciaram  até  mesmo  os
filósofos e matemáticos da mais forte corrente oposta, o empirismo lógico. A Fenomenologia representou uma reação à
eliminação da metafísica, pretensão de grande parte dos filósofos e cientistas do século XIX.

Husserl foi professor em Gotinga e Friburgo em Brisgóvia, e autor de “Ficar Sem Estudar" – 1906. Contrariamente a
todas as tendências no mundo intelectual de sua época, quis que a filosofia tivesse as bases e condições de uma ciência
rigorosa. Porém, como dar rigor ao raciocínio filosófico em relação a objetos tão variáveis como as coisas do mundo
real?

O êxito do método científico está no estabelecimento de uma "verdade provisória" útil, que será verdade até que um
fato novo mostre outra realidade. Para evitar que a verdade filosófica também fosse provisória Husserl propõe que ela
deveria referir­se às coisas como se apresentam na experiência de consciência, estudadas em suas essências, em seus
verdadeiros significados, de um modo livre de teorias e pressuposições, despidas dos acidentes próprios do mundo
real,  do  mundo  empírico  objeto  da  ciência.  Buscando  restaurar  a  "lógica  pura"  e  dar  rigor  à  filosofia,  argumenta  a
respeito do princípio da contradição na Lógica.

No primeiro volume de “Investigações lógicas” ­ 1900­01, sob o título Prolegomena, Husserl lança sua crítica contra o
Psicologismo. Segundo os psicologistas, o princípio de contradição seria a impossibilidade de o sistema associativo
estar a associar e dissociar ao mesmo tempo. Significaria que o homem não pode pensar que A é "A" e ao mesmo tempo
pensar que A é "não A". Husserl opõe­se a isto e diz que o sentido do princípio de contradição está em que, se A é "A",
não pode ser "não A". Segundo ele, o princípio da contradição não se refere à possibilidade do pensar, mas à verdade
daquilo que é pensado. Insistiu em que o princípio da contradição, e assim os demais princípios lógicos, têm validez
objetiva, isto é, referem­se a alguma coisa como verdadeira ou falsa, independentemente de como a mente pensa ou o
pensamento funciona.

Em seu artigo “Filosofia como ciência rigorosa" ­1910­11­ Husserl ataca o naturalismo e o historicismo. Objetou que o
Historicismo  implicava  relativismo,  e  por  esse  motivo  era  incapaz  de  alcançar  o  rigor  requerido  por  uma  ciência
genuína.

Índice
A redução Fenomenológica
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Consciência e Intencionalidade
A Redução Eidética
A Intuição do Invariante
Redução Transcendental
Fenomenologia e Fenomenalismo
Outros Pensadores
Max Scheler
Heidegger
Merleau­Ponty
Sartre
A Fenomenologia e Outras Filosofias
O Empirismo
John Locke
David Hume
Psicologismo e Historicismo
Idealismo
Platão
Immanuel Kant

Fenomenologia e Psicologia
Karl Jaspers
Críticas à Fenomenologia
Lista de Pensadores
Ligações externas

A redução Fenomenológica
A  fenomenologia  é  o  estudo  da  consciência  e  dos  objetos  da  consciência.  A  redução  fenomenológica,  "epoché",  é  o
processo  pelo  qual  tudo  que  é  informado  pelos  sentidos  é  mudado  em  uma  experiência  de  consciência,  em  um
fenômeno  que  consiste  em  se  estar  consciente  de  algo.  Coisas,  imagens,  fantasias,  atos,  relações,  pensamentos,
eventos, memórias, sentimentos, etc. Constituem nossas experiências de consciência.

Husserl  propôs  que  no  estudo  das  nossas  vivências,  dos  nossos  estados  de  consciência,  dos  objetos  ideais,  desse
fenômeno que é estar consciente de algo, não devemos nos preocupar se ele corresponde ou não a objetos do mundo
externo  à  nossa  mente.  O  interesse  para  a  Fenomenologia  não  é  o  mundo  que  existe,  mas  sim  o  modo  como  o
conhecimento  do  mundo  se  realiza  para  cada  pessoa.  A  redução  fenomenológica  requer  a  suspensão  das  atitudes,
crenças, teorias, e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar­se a pessoa
exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade para ela.

O Noesis é o ato de perceber e o Noema é o objeto da percepção – esses são os dois pólos da experiência. A coisa como
fenômeno de consciência (noema) é a coisa que importa, e refere­se à conclamação "às coisas em si mesmas" que fizera
Husserl.  "Redução  fenomenológica"  significa,  portanto,  restringir  o  conhecimento  ao  fenômeno  da  experiência  de
consciência, desconsiderar o mundo real, colocá­lo "entre parênteses", o que no jargão fenomenológico não quer dizer
que  o  filósofo  deva  duvidar  da  existência  do  mundo  como  os  idealistas  radicais  duvidam,  mas  se  preocupar  com  o
conhecimento do mundo na forma que se realiza e na visão do mundo que o indivíduo tem.

Consciência e Intencionalidade
Vivência  (Erlebnis)  é  todo  o  ato  psíquico;  a  Fenomenologia,  ao  envolver  o  estudo  de  todas  as  vivências,  tem  que
englobar o estudo dos objetos das vivências, porque as vivências são intencionais e é nelas essencial a referência a um
objeto. A consciência é caracterizada pela intencionalidade, porque ela é sempre a consciência de alguma coisa. Essa

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intencionalidade  é  a  essência  da  consciência  que  é  representada  pelo


significado, o nome pelo qual a consciência se dirige a cada objeto.

Em “A Psicologia de um ponto de vista empírico"­ 1874 ­ Franz Brentano
afirma:  "Podemos  assim  definir  os  fenômenos  psíquicos  dizendo  que  eles
são  aqueles  fenômenos  os  quais,  precisamente  por  serem  intencionais,
contêm neles próprios um objeto". Isto equivale afirmar, como Husserl, que
os  objetos  dos  fenômenos  psíquicos  independem  da  existência  de  sua
réplica exata no mundo real porque contêm o próprio objeto. A descrição de
atos  mentais,  assim,  envolve  a  descrição  de  seus  objetos,  mas  somente
como  fenômenos  e  sem  assumir  ou  afirmar  sua  existência  no  mundo
empírico. O objeto não precisa de fato existir. Foi um uso novo do termo
"intencionalidade"  que  antes  se  aplicava  apenas  ao  direcionamento  da
vontade.

A Redução Eidética
Franz Brentano: mestre de Husserl
Reconhecido  o  objeto  ideal,  o  noema,  o  passo  seguinte  é  sua  “redução
eidética”,  redução  à  ideia.  Consiste  na  análise  do  noema  para  encontrar
sua  essência.  Isto  porque  não  podemos  nos  livrar  da  subjetividade  e  ver  as  coisas  em  si  mesmas,  pois  em  toda
experiência de consciência estão envolvidos o que é informado pelos sentidos e o modo como a mente enfoca aquilo que
é informado. Portanto, dando­se conta dos objetos ideais, uma realidade criada na consciência não é suficiente ­ ao
contrário:  os  vários  atos  da  consciência  precisam  ser  conhecidos  nas  suas  essências,  aquelas  essências  que  a
experiência de consciência de um indivíduo deverá ter em comum com experiências semelhantes nos outros.

A redução eidética é necessária para que a filosofia preencha os requisitos de uma ciência genuinamente rigorosa de
claridade  apodítica,  a  certeza  absolutamente  transparente  e  sem  ambiguidade  ­  requisitos  antes  mencionados  por
Descartes. Os objetos da ciência rigorosa têm que ser essências atemporais, cuja atemporalidade é garantida por sua
idealidade, fora do mundo cambiável e transiente da ciência empírica.

Por exemplo, "um triângulo". Posso observar um triângulo maior, outro menor, outro de lados iguais, ou desiguais.
Esses detalhes da observação ­ elementos empíricos ­ precisam ser deixados de lado a fim de encontrar a essência da
ideia de triângulo ­ do objeto ideal que é o triângulo ­, que é tratar­se de uma figura de três lados no mesmo plano.
Essa redução à essência, ao triângulo como um objeto ideal, é a redução eidética.

A Intuição do Invariante
Não importa para a Fenomenologia como os sentidos são afetados pelo mundo real. Husserl distingue entre percepção
e intuição. Alguém pode perceber e estar consciente de algo, porém sem intuir o seu significado. A intuição eidética é
essencial  para  a  redução  eidética.  Ela  é  o  dar­se  conta  da  essência,  do  significado  do  que  foi  percebido.  O  modo  de
apreender a essência, Wesensschau, é a intuição das essências e das estruturas essenciais. De comum, o homem forma
uma multiplicidade de variações do que é dado. Porém, enquanto mantém a multiplicidade, o homem pode focalizar
sua atenção naquilo que permanece imutável na multiplicidade, a essência ­ esse algo idêntico que continuamente se
mantém durante o processo de variação, e que Husserl chamou "o Invariante".

No exemplo do triângulo, o "Invariante" do triângulo é aquilo que estará em todos os triângulos, e não vai variar de um
triângulo  para  outro.  A  figura  que  tiver  unicamente  três  lados  em  um  mesmo  plano,  não  será  outra  coisa,  será  um
triângulo.  Não  podemos  acreditar  cegamente  naquilo  que  o  mundo  nos  oferece.  No  mundo,  as  essências  estão
acrescidas de acidentes enganosos. Por isso, é preciso fazer variar imaginariamente os pontos de vista sobre a essência
para fazer aparecer o invariante.

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O que importa não é a coisa existir ou não ou como ela existe no mundo,
mas  a  maneira  pela  qual  o  conhecimento  do  mundo  acontece  como
intuição, o ato pelo qual a pessoa apreende imediatamente o conhecimento
de  alguma  coisa  com  que  se  depara  –  que  também  é  um  ato
primordialmente  dado  sobre  o  qual  todo  o  resto  é  para  ser  fundado.
Husserl  definiu  a  Fenomenologia  em  termos  de  um  retorno  à  intuição,
Anschauung, e a percepção da essência. Além do mais, a ênfase de Husserl
sobre  a  intuição  precisa  ser  entendida  como  uma  refutação  de  qualquer
abordagem  meramente  especulativa  da  filosofia.  Sua  abordagem  é
A Universidade de Friburgo, onde
“concreta”, trata do fenômeno dos vários modos de consciência.
Husserl e Heidegger ensinavam
filosofia.
A  Fenomenologia  não  restringe  seus  dados  à  faixa  das  experiências
sensíveis,  pois  admite  dados  não  sensíveis  (categoriais)  como  as  relações
de valor, desde que se apresentem intuitivamente.

Redução Transcendental
Embora tenha trabalhado até o final de sua vida na definição do que chamou Redução Transcendental, Husserl não
chegou a uma conclusão clara. Basicamente seria a redução fenomenológica aplicada ao próprio sujeito, que então se
vê não como um ser real, empírico, mas como consciência pura, transcendental, geradora de todo significado.

Para o fenomenólogo, a função das palavras não é nomear tudo que nós vemos ou ouvimos, mas salientar os padrões
recorrentes  em  nossa  experiência.  Identificam  nossos  dados  dos  sentidos  atuais  como  sendo  do  mesmo  grupo  que
outros que já tenhamos registrado antes. Uma palavra não descreve uma única experiência, mas um grupo ou um tipo
de  experiências;  a  palavra  "mesa"  descreve  todos  os  vários  dados  dos  sentidos  que  nós  consultamos  normalmente
quanto às aparências ou às sensações de "mesa". Assim, tudo que o homem pensa, quer, ama ou teme, é intencional,
isto é, refere­se a um desses universais (que são significados e, como tal, são fenômenos da consciência). E por sua vez,
o conjunto dos fenômenos, o conjunto das significações, tem um significado maior, que abrange todos os outros, é o
que a palavra "Mundo" significa.

Fenomenologia e Fenomenalismo
A  fenomenologia  não  pode  ser  confundida  com  o  Fenomenalismo,  pois  este  não  leva  em  conta  a  complexidade  da
estrutura intencional da consciência que o homem tem dos fenômenos. A Fenomenologia examina a relação entre a
consciência  e  o  Ser.  Para  o  Fenomenalismo,  tudo  que  existe  são  as  sensações  ou  possibilidades  permanentes  de
sensações, que é aquilo a que chamam fenômeno. O fenomenólogo, diferentemente do fenomenalista, precisa prestar
atenção cuidadosa ao que ocorre nos atos da consciência, que são o que ele chama fenômeno.

Outros Pensadores

Max Scheler
O mais original e dinâmico dos primeiros associados de Husserl, no entanto, foi Max Scheler (1874­1928), que havia
integrado o grupo de Munique quem realizou seu principal trabalho fenomenológico com respeito a problemas do valor
e  da  obrigação.  Ampliou  a  ideia  de  intuição,  colocando,  ao  lado  de  uma  intuição  intelectual,  outra  de  caráter
emocional, fundamento da apreensão do valor.

Heidegger

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Discípulo de Husserl, Heidegger dedicou a ele sua obra fundamental Ser e
Tempo (1927), mas logo surgiram diferenças entre ele e o mestre. Discutir e
absorver  os  trabalhos  de  importantes  filósofos  na  história  da  metafísica
era,  para  Heidegger,  uma  tarefa  indispensável,  enquanto  Husserl
repetidamente enfatizou a importância de um começo radicalmente novo
para a filosofia, queria colocar "entre parênteses" a história do pensamento
filosófico ­ abrindo poucas exceções como Descartes, Locke, Hume e Kant.

Heidegger  tomou  seu  caminho  próprio,  preocupado  que  a  fenomenologia


se dedicasse ao que está escondido na experiência do dia a dia. Ele tentou
em Ser e tempo  descrever  o  que  chamou  de  estrutura  do  cotidiano,  ou  "o
estar  no  mundo",  com  tudo  que  isto  implica  quanto  a  projetos  pessoais,
relacionamento  e  papéis  sociais,  pois  que  tudo  isto  também  são  objetos
ideais.

Em sua crítica a Husserl, Heidegger salientou que ser lançado no mundo
Max Scheler ­ um dos grandes
entre  coisas  e  na  contingência  de  realizar  projetos  é  um  tipo  de
expoentes da fenomenologia
intencionalidade  muito  mais  fundamental  que  a  intencionalidade  de
meramente  contemplar  ou  pensar  objetos.  E  é  aquela  intencionalidade
mais fundamental a causa e a razão desta última.

Merleau­Ponty
Maurice  Merleau­Ponty  (1908­1961),  outro  importante  representante  do  Existencialismo  na  França,  foi  ao  mesmo
tempo  o  mais  importante  fenomenólogo  francês.  Suas  obras,  “A  Estrutura  do  comportamento”  (1942)  e
“Fenomenologia  da  percepção”  (1945),  foram  os  mais  originais  desenvolvimentos  e  aplicações  posteriores  da
Fenomenologia produzidos na França.

Em sua tentativa de aplicar a Fenomenologia ao exame da existência humana, como fez Heidegger, Sartre e outros
autores  franceses  desenvolveram  uma  linguagem  sofisticada,  recheada  de  termos  que  caíram  no  gosto  dos
acadêmicos, mas se tornaram um obstáculo ao entendimento da doutrina inclusive entre os próprios intelectuais.

Sartre
Jean­Paul  Sartre  (1905­1980)  segue  estritamente  o  pensamento  de  Husserl  na  análise  da  consciência  em  seus
primeiros trabalhos, “A Imaginação” (1936) e “O Imaginário: Psicologia fenomenológica da imaginação” (1940), nos
quais  faz  a  distinção  entre  a  consciência  perceptual  e  a  consciência  imaginativa  aplicando  o  conceito  de
intencionalidade de Husserl.

No seu “A Filosofia do Existencialismo”, de 1965, Sartre declara que "a subjetividade deve ser o ponto de partida" do
pensamento  existencialista,  o  que  mostra  que  o  existencialista  é  primeiramente  um  fenomenólogo.  A  negação  de
valores  e  o  convite  ao  anarquismo  implícitos  na  doutrina  atraíram  os  pensadores  de  Esquerda  e  afastaram  os
conservadores de Direita.

A Fenomenologia e Outras Filosofias

O Empirismo

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Galileu (1564­1642), é apontado como um dos fundadores do Empirismo pelo fato de aplicar aos objetos de estudo a
experimentação, algo que possui seu limiar na atitude de Galileu em apontar sua luneta para o espaço, descobrindo
posteriormente a não­existência das esferas celestes, tal qual determinavam as premissas de Aristóteles. Desta forma,
Galileu lançou sua teoria com carência de provas (embora sua teoria fosse consistente e embasada no seu experimento)
passando  posteriormente  por  sessões  da  Inquisição  Católica  a  fim  de  dirimir  as  dúvidas  em  relação  ao  sistema
Aristotélico.

A nova atitude naturalista de Galileu de dúvida e observação, inspirou Francis Bacon (1561­1626) a criar tábuas para
o  controle  da  experimentação  e  o  estabelecimento  de  leis  científicas,  o  que  levou  rapidamente  o  homem  a  novos
conhecimentos  no  campo  da  astronomia,  da  química  e  da  física.  A  mesma  atitude  de  observação  e  interpretação
natural  levada  ao  estudo  da  mente  e  do  conhecimento,  deu  origem  à  Corrente  Empirista,  que  haveria  de  afetar
profundamente  a  filosofia  e  criar  o  Positivismo,  ou  seja,  o  tratamento  científico  de  todos  os  fatos  e  fenômenos,
inclusive em Política.

John Locke
O filósofo empirista procurou no seu Essay Concerning Human Understanding (1690) demonstrar que todas as ideias
são registros de impressões sensíveis (ou são derivadas de combinações, de associações entre essas ideias de origem
sensível), e criticou o pensamento de Descartes (1596­1650) de que existiriam algumas ideias que seriam inatas ­ que o
homem teria no espírito ao nascer ­, como, por exemplo, a ideia de perfeição. Segundo John Locke,  alguma  coisa  é
enviada pelos objetos e é captada por nossos sentidos e dão causa à formação das ideias. Este pensamento é a base da
teoria corpuscular da luz.

David Hume
Ainda mais contundente que seu predecessor, Locke, Hume negou o valor do raciocínio indutivo e denunciou que a
relação de causa e efeito não é suficiente como conhecimento, pois nada encontramos entre causa e efeito senão que
um acidente costumeiramente se segue a outro. Estamos habituados a chamar o primeiro acidente de causa apenas
porque  ele  sempre  acontece  antes  do  segundo  que  chamamos  de  efeito.  Ou  seja,  um  efeito  não  remonta
necessariamente  a  sempre  uma  mesma  causa.  "O  Sol  nasce  todos  os  dias",  logo  "O  Sol  nascerá  amanhã".  Segundo
Hume, nada nos garante que NECESSARIAMENTE o sol nascerá amanhã. Entretanto, através do hábito, tomamos
uma crença (belief) de que isso acontecerá.

Psicologismo e Historicismo
À influência da psicologia associativa de Locke sobre a filosofia (ou teoria) do conhecimento se chamou Psicologismo.
É  a  teoria  de  que  os  problemas  da  epistemologia  (a  validade  do  conhecimento  humano)  e  inclusive  a  questão  da
consciência, podem ser solucionados por meio do estudo científico dos processos psicológicos. A Psicologia deve ser
tomada  como  base  para  a  Lógica.  Os  psicologistas  entendiam  a  lógica  ­  domínio  da  filosofia  ­  como  ciência.  Seria
apenas  uma  disciplina  definidora,  normativa,  dos  atos  psíquicos,  dos  modos  associativos  do  pensamento,  e  suas
matérias  apenas  regras  para  pensar  bem,  e  não  fonte  de  verdade.  A  filosofia  ficou  fora  de  moda,  "reduzida"  a  uma
psicologia científica vinculada ao Positivismo.

O  historicismo  representava  a  mesma  tendência  empirista  para  uma  interpretação  científica  da  História.  Os  fatos
históricos  somente  poderiam  ser  compreendidos  e  julgados  se  confrontados  com  a  cultura  estética,  religiosa,
intelectual e moral do período histórico em que aconteciam, e não em relação a valores morais permanentes.

Idealismo

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17/10/2018 Fenomenologia – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Fenomenologia de Husserl é uma forma de idealismo, porque lida com objetos ideais, com as ideias das coisas em
sua essência, tal como os idealistas Platão, Hegel[1] e outros. Desde os ensinamentos de Platão a filosofia nos diz que,
por  influência  dos  sentidos  (a  construção  das  ideias  que  o  homem  tem  em  sua  mente  se  faz  por  informação  dos
sentidos, como dito por Locke) existem várias imagens possíveis de um objeto, porém todas elas significando a mesma
coisa,  ou  seja,  todas  elas  redutíveis  ao  mesmo  significado,  todas  referindo­se  ao  mesmo  objeto  ideal,  contendo  a
mesma ideia, constituídas da mesma essência. Todas as imagens de mesa (o exemplo mais frequente nos textos) têm
uns certos componentes que fazem com que cada uma das imagens signifique "mesa", uma mesa maior, menor, alta
ou baixa, vista de cima ou de baixo, por uma pessoa míope ou por outra daltônica, não importa, terá sempre aqueles
componentes básicos que garantirão àquele objeto o significado de mesa.

Platão
Para Platão (428­347 AC), essa essência de cada coisa, o que se chamou "universais", estava no Mundo das Ideias que
as  almas  humanas  podiam  vislumbrar  antes  da  encarnação.  Aristóteles  (384­322  AC)  reconheceu  de  pronto  a
importância desse pensamento, porém trouxe a essência das coisas para o mundo real, para as coisas mesmas. Em
uma mesa, por exemplo, havia algo que era sua essência, e que, não importando quantas e quais fossem as variações
acidentais, fazia que fosse uma mesa e não outra coisa qualquer. Husserl, por sua vez, retira do objeto a sua essência e
a coloca na mente do homem. O objeto ideal mesa, o fenômeno da representação da mesa na mente, independe de que
haja qualquer mesa no mundo externo, no mundo real, porque a essência de "mesa" está na própria mente.

Immanuel Kant
A afinidade entre Husserl e Kant está em ambos buscarem a condição de verdade do conhecimento. Husserl sustenta
que  a  verdade  está  no  conhecimento  das  essências,  e  Kant,  que  ela  existe  limitada  às  categorias  do  que  é  possível
conhecer.

Segundo a filosofia do conhecimento (Crítica) de Immanuel Kant (1724­1804), nós não podemos conhecer as coisas
inteiramente,  porque  nem  todos  os  sinais  que  recebemos  das  coisas  são  aceitos  pela  mente,  e  disto  resulta  que  não
podemos  conhecer  inteiramente  o  real.  Conhecemos  do  real  apenas  aquilo  que  a  mente  pode  assimilar,  e  que  ele
chamou fenômeno; ao que permanece incognoscível para nós ele chamou o noumeno. Então Kant tomou a série de
conceitos  que  Aristóteles  havia  listado  como  o  que  podemos  dizer  das  coisas,  e  transformou­a  em  uma  série  de
categorias  que  são  o  que  podemos  conhecer  das  coisas.  Para  Kant  o  dado  empírico  tem  validade,  porém  nunca
validade absoluta ou apodítica. Husserl igualmente duvida do conhecimento científico dos fatos e, para ele, o que deve
ser procurado é o conhecimento científico das essências.

Fenomenologia e Psicologia
Foi de grande importância e de grande impacto o pensamento fenomenológico na psicologia, na qual Franz Brentano e
o  alemão  Carl  Stumpf  haviam  preparado  o  terreno,  e  na  qual  o  psicólogo  americano  William  James,  a  escola  de
Würzburg, e os psicólogos da Gestalt haviam trabalhado ao longo de linhas paralelas. Este método, e as adaptações
desse  método,  tem  sido  usados  para  estudar  diferentes  emoções,  patologias,  coisas  tais  quais  separação,  solidão,
solidariedade,  as  experiências  artística  e  religiosa,  o  silêncio  e  a  fala,  percepção  e  o  comportamento,  e  assim  por
diante.

Karl Jaspers
Mas  a  Fenomenologia  deu  provavelmente  sua  maior  contribuição  no  campo  da  psiquiatria,  no  qual  o  alemão  Karl
Jaspers  (1883­1969),  um  destacado  existencialista  contemporâneo,  ressaltou  a  importância  da  investigação
fenomenológica da experiência subjetiva de um paciente.

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17/10/2018 Fenomenologia – Wikipédia, a enciclopédia livre

O  paciente  psicológico  é  paciente  em  vista  do  objeto  ideal  que  em  sua
mente  corresponde  à  realidade,  não  importa  qual  a  situação  externa,  e
porque essa construção ideal difere do padrão comum dos objetos ideais na
mente  das  demais  pessoas  com  respeito  aos  mesmos  estímulos  dos
sentidos. O psicólogo precisa encontrar o significado nos objetos do mundo
ideal do seu paciente, a fim de poder lidar com sua situação psicológica.

Jaspers  foi  seguido  pelo  suíço  Ludwig  Binswanger  (1881­1966)  e  vários


outros,  inclusive  Ronald  David  Laing  (1927­1989)  na  Inglaterra,  na
psiquiatria  existencial  da  linha  filosófica  ateia  de  Sartre;  Viktor  Frankl
(1905­1997), com sua teoria da logotherapia, na Áustria e, pioneiramente,
Halley  Bessa  (1915­1994),  no  Brasil,  ambos  da  linha  do  existencialismo
cristão de Gabriel Marcel (1889­1973).

Críticas à Fenomenologia
Na psicologia, a objeção que se levanta é contra a possibilidade de se viver Carl Stumpf
com  o  paciente  sua  própria  visão  do  mundo,  de  sua  situação  e  de  si
mesmo.  Como  a  subjetividade  deve  estar  também  no  psicólogo,  é  impossível  ter  o  terapeuta  uma  intuição  desses
aspectos que seja inteiramente livre do seu próprio eu, do seu próprio pensar, de modo a evitar introduzirem­se em sua
análise certas impressões pessoais que precisaria evitar.

A  Fenomenologia  diz  que  o  terapeuta  deve  buscar  compreender  com  a  sua  subjetividade  a  subjetividade  alheia.  Na
verdade,  necessita  um  grupo  de  psicólogos  consultores  de  modo  que  as  suas  visões  possam  se  somar  para  uma
compreensão mais profunda de um fenômeno, "intersubjetividade". Porém deve lembrar­se de que, a rigor, ele não tem
nenhum  padrão  absolutamente  confiável  para  aprovar  ou  reprovar  qualquer  comportamento  alheio,  apesar  de  se
encontrar confortável com a estatística da normalidade das atitudes e dos costumes.

Na Política e no Direito, o modo de se lidar com a subjetividade é a Democracia, em que o problema da subjetividade é
contornado  por  meio  do  consenso,  pela  coincidência  estatística  de  opiniões,  pelo  voto  de  um  conselho  ou  da
população, de modo que, por assim dizer, a subjetividade de um único indivíduo, ou de uma minoria de intelectuais,
não venha a prevalecer. Em Moral e Religião, a âncora são as escrituras, consideradas revelação divina.

Lista de Pensadores

Edmund Husserl Maurice Merleau­Ponty Martin Heidegger


Max Scheler Karl Jaspers Hans­Georg Gadamer
Franz Brentano Ludwig Binswanger Carl Stumpf
Roman Ingarden Emmanuel Levinas Gabriel Marcel
Jean­Paul Sartre Nicolai Hartmann Jan Patočka
Dietrich von Hildebrand Edith Stein Martin Buber
Michel Henry Georges Gurvitch Paul Ricoeur
Ludwig Landgrebe Eugen Fink Alfred Schütz
Adolf Reinach Jean­Luc Marion Friederich Perls
Helmuth Plessner Arnold Gehlen Ernst Tugendhat
Hans Reiner Otto Friedrich Bollnow Jean­François Courtine
Bernhard Waldenfels Renaud Barbaras Hans Lipps
Oskar Becker Marc Richir Ernesto Grassi
Charles Sanders Peirce Kazimierz Twardowski
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17/10/2018 Fenomenologia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ligações externas
Newsletter of Phenomenology. (http://www.phenomenology.ro/newsletter/newsletter_all.htm) (online­newsletter)
Research in Phenomenology. (http://www.brill.nl/m_catalogue_sub6_id9390.htm) Duquesne Univ. Pr., Pittsburgh
Pa 1.1971ff. ISSN 0085­5553 (http://dispatch.opac.d­nb.de/DB=1.1/LNG=EN/CMD?ACT=SRCHA&IKT=8&TRM=0085­5553)
Studia Phaenomenologica. (http://www.studia­phaenomenologica.com/) ISSN 1582­5647 (http://dispatch.opac.d­nb.de/DB=
1.1/LNG=EN/CMD?ACT=SRCHA&IKT=8&TRM=1582­5647)
Center for Advanced Research in Phenomenology (http://www.phenomenologycenter.org)
Sociedade Brasileira de Psicologia Humanista Existencial (http://www.sobraphe.org.br)

1. SANTOS, Jose Henrique. O trabalho do negativo: ensaios sobre a Fenomenologia do espírito. São Paulo: Edições
Loyola, c2007. 356p. ISBN 9788515034512(broch.).

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