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Armas On­Line

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Antigos Equipamentos do Exército Brasileiro

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A  região  de  Campinas,  interior  do  Estado  de  São  Paulo,  abriga  hoje  a  sede  da  11ª  Brigada  de
Infantaria  Leve,  que  ocupa  juntamente  com  o  2º  Batalhão  de  Logística  Leve  as  magníficas
dependências  da  muito  bem  cuidada  sede  da  antiga  Fazenda  Chapadão.  A  caminho  dessa  sede  de
Comando,  existe  um  pequeno  museu  “a  céu  aberto”,  à  beira  da  estrada,  onde  se  expõe  em  caráter
permanente algumas peças interessantes de equipamento bélico, que outrora foram utilizados pelas
unidades de infantaria e artilharia que ali eram sediadas, a partir das décadas de 40 e 50; eram elas o
1º Batalhão de Carros de Combate Leves (1º B.C.C.L.) e o 5º Grupo de Canhões 90mm Anti‑Aéreos (5º
GCan 90 AAé).

Uma  rápida  visita  pelo  local  nos  remete  ao  passado  não  muito  distante,  quando  aquelas  duas
unidades militares eram orgulho para a cidade e onde milhares de campineiros tiveram a honra de
servir  nas  suas  fileiras.  Vamos  então  conhecer  um  pouco  dessa  história,  perpetuada  através  desses
poucos equipamentos lá expostos.

Carro de Combate Leve M3A1 “Stuart”
Este talvez seja um dos tanques leves mais famosos e um dos mais produzidos na história dos carros
de  combate.  Recebeu  seu  nome  pelos  inglêses,  em  homenagem  à  um  dos  maiores  generais  de
cavalaria  do  Exército  dos  Estados  Unidos,  James  Ewell  Brown  “JEB”  Stuart.  Esse  carro  foi
padronizado  nos  U.S.A.  em  1940  e  iniciou‑se  a  sua  produção  em  1941,  suprindo  grande  parte  dos
exércitos  aliados,  principalmente  o  britânico,  que  o  usou  maciçamente  na  campanha  da  Líbia.  Era
propulsado  por  um  motor  Continental  de  7  cilindros,  radial,  modelo  W670‑9A,  a  gasolina,  ou
opcionalmente  o  Guiberson  diesel  de  9  cilindros,  radial,  mod.  T‑1020‑4.  A  transmissão  era  de  5
velocidades à frente e uma marcha à ré.

Detalhe do motor Guiberson de 9 cilindros, diesel, de 16.700 cc de cilindrada, 245 HP a 2.200 r.p.m.
Acima, o motor Continental radial de 7 cilindros, modelo W670‑9A, de 10.900 cc de cilindrada, 262 HP a 2.400
r.p.m.

O  motor,  alojado  na  traseira  do  carro  com  acesso  por  duas  portas  traseiras,  ocupava  quase  1/3  do
espaço interno do veículo. A partida desses motores, bem similar ao de seu uso aeronáutico, era feita
pela  explosão  de  um  cartucho  similar  ao  de  espingardas  calibre  12,  porém  bem  maior,  e  carregado
com  cordite  em  sua  totalidade.  Da  culatra  dessa  pistola  saía  um  tubo  de  aço,  como  se  fosse  o  seu
cano, que era enviado ao motor.

O sistema de partida tipo Coffman e Breeze eram os mais usados. Os gases resultantes da detonação
dessa  pólvora  atingiam  pressão  de  1.000psi  e  eram  enviados,  ou  à  uma  turbina  solidária  ao
virabrequim ou diretamente à câmara de um dos cilindros, o que a fazia girar o motor. Essa espécie
de pistola, utilizada para detonar o cartucho, era colocada no painel do carro, ao lado do motorista.
Apesar  de  parecer  algo  pouco  prático,  tinha  suas  vantagens,  tanto  em  aviões  como  em  tanques,  à
partida com motor elétrico. Uma delas é que se evitava a necessidade de ter a bordo pesadas baterias,
que  se  porventura  descarregassem,  seriam  inúteis  para  dar  a  partida.  Uma  das  desvantagens  era  o
estoque de cartuchos, que tinha que ser mantido e controlado.
Foto comparativa de um cartucho calibre 12, à esquerda, com o cartucho para partida do motor nos carros M3

O  armamento  básico  era  composto  de  um  canhão  M5  ou  M6,  calibre  37mm  e  uma  metralhadora
Browning  cal.  30‑06,  montados  lado  a  lado  na  mesma  torre  giratória.  Opcionalmente  havia  a
possibilidade  de  instalar  mais  uma  metralhadora  Browning  .30‑06  na  torre,  do  lado  externo.  A
tripulação era de 4 homens, dois alojados na parte inferior e dois na torre. Seu peso em marcha era de
12.400Kg,  velocidade  máxima  de  60  km/hora  em  terreno  plano.  Podia  transportar  cerca  de  100
cartuchos 37 mm e 8.000 cartuchos para as metralhadoras, além de uma sub‑metralhadora Ina calibre
.45, com 500 cartuchos e 12 granadas de mão.
Tanque Leve “Stuart” M3A1, utilizado por várias décadas pelo 1º BCCL de Campinas.

Visão interna do tanque leve M3A3, modelo ligeiramente melhorado em relação ao M3A1 – nota‑se aqui que o
eixo de transmissão (cardã) atravessava pelo interior da cabine para atingir a caixa de câmbio; a tração das
lagartas era feita por roda dentada dianteira. 
Fotografia da década de 70, um dos tanques M3 do 1º BCCL em desfile, no centro de Campinas, SP; repare a
metralhadora Browning M1919 montada na torre. Os cartuchos utilizados para esses eventos eram inertes. 

A munição 37mm M1 (37X223R)
 Cartucho 37X223R, M63, montado, com projétil em aço tipo HE (High Explosive)

Esse  cartucho  37mm  possuía  diversas  versões,  entre  elas  a  de  treinamento  (sem  carga  explosiva),  a
A.P.C. (Armor‑Piercing Capped), também sem carga explosiva e a H.E. M63, com carga explosiva. A
H.E. M63, que é a ilustrada aqui, possuía um projétil feito em aço, oco em seu interior, com o fundo
rosqueado  para  a  montagem  do  dispositivo  detonador.  A  parte  oca  do  projétil  era  preenchida  com
38,5 gramas de TNT, detonadas pela espoleta de impacto M58. A carga propelente era de 222 gramas
de  pólvora  FNH.  O  peso  total  do  cartucho  H.E.  era  de  1,419  Kg.  Seu  alcance  máximo  era  de  9.500
metros  com  uma  velocidade  inicial  do  projétil  de  2.600  pés/seg,  ou  790  m/seg.  A  penetração  em
blindagem de aço chegava a cerca de 6,0 cm a 500 metros.
 Acima, o cartucho 37X223R e seu projétil tipo M63 H.E. (High Explosive) produção de 1942

Acima, vemos os componentes do dispositivo de detonação, (Fuse BD M58). O tubo de montagem do conjunto
Acima, vemos os componentes do dispositivo de detonação, (Fuse BD M58). O tubo de montagem do conjunto
(6) era rosqueado (rosca‑esquerda) na parte traseira do projétil (8), com uso da arruela (7). Depois, temos a capa
da espoleta (1) com o detonador M38A1 em seu interior (2) com o orifício de passagem da agulha do percussor,
a mola do percussor (3), o percussor (4) e seu anel de resistência (aqui visto montado no percussor) e a bucha‑
guia (plunger) do percussor (5).

FUNCIONAMENTO:

Os componentes do dispositivo: 6‑ corpo, 1‑ tampa do detonador, 2‑ capa do detonador, 5‑ plunger (bucha do
percussor), 3‑ mola do percussor, 4‑ percussor e 7‑ anel de resistência
Aqui temos em desenho esquemático do interior do conjunto do FUSE B.D. M58, o mesmo que temos na foto
mais acima, desmontado. O funcionamento é bem simples, uma vez que não se trata de espoleta de tempo e sim,
somente de impacto. Todo o “segredo” consiste no anel de resitência (resistance ring) e na força inercial. O
mecanismo está sempre em posição desarmada.

Acima, o percussor com seus dois ressaltos, onde se posiciona o anel de resistência, ao lado. A seta preta indica a
posição do anel quando o dispositivo está desarmado. A seta vermelha indica a posição para onde o plunger (5)
empurra o anel após o disparo do cartucho.

Na  posição  mostrada  no  desenho  esquemático,  mesmo  que  o  projétil  seja  derrubado  ao  chão,  é
Na  posição  mostrada  no  desenho  esquemático,  mesmo  que  o  projétil  seja  derrubado  ao  chão,  é
impossível a sua detonação. O anel de resistência (7), alojado no ombro do percussor (seta preta) não
permite que o percussor (4) se mova em direção ao detonador (2), pois o anel também está encaixado
ao  plunger  (5).  Portanto,  a  segurança  é  total  por  que  ele  não  se  desloca  com  a  simples  queda  do
projétil ao chão, mesmo de uma altura razoável.  O percussor em si é uma peça muito leve para que
haja uma força inercial suficiente para movê‑lo em uma queda.

Porém,  reparamos  em  dois  detalhes  importantes:  o  anel  de  resistência  (7)  é  um  elo  semi‑aberto,
portanto,  sofre  de  uma  certa  elasticidade.  Outra  coisa  que  se  nota  é  que  ele  fica  inicialmente
repousado numa área liza do percussor (seta preta). Porém, o percussor também possui um rebaixo
perto  da  sua  base.  O  que  ocorre  no  momento  do  disparo  do  projétil  é  o  seguinte:  a  enorme  força
inercial (que ocorre com o movimento repentino do projétil através do cano, atingindo em frações de
segundo quase 800 metros por segundo de velocidade) faz com que o plunger (5), também auxiliado
por uma mola espiral (3), consiga vencer a resistência do anel, fazendo‑o abrir um pouco, passar por
cima do ressalto do percussor e se alojar na ranhura existente na base do percussor (seta vermelha).
Neste instante, o projétil já está em vôo e assim, o detonador foi armado.

Com o anel agora alojado na ranhura da base do percussor (4), seta vermelha, este se torna solidário
ao  plunger  (5)  e  agora,  essas  duas  peças  juntas  e  mais  pesadas,  por  inércia,  podem  se  mover  em
direção  ao  detonador  vencendo  a  pouca  ação  da  mola  espiral,  mas  só  no  momento  do  impacto  do
projétil em um obstáculo, ou seja, uma impressionante desaceleração repentina de cerca de 800 m/s a
zero,  instantaneamente.  Desta  forma,  a  agulha  do  percussor  atinge  o  detonador  (2)  que  aciona  a
espoleta (booster pellet) dentro de sua capa (1). Com a explosão da espoleta, a carga de TNT dentro do
projétil, que está em contato direto com essa espoleta, entra em combustão.

Carro de Combate Leve M41

Este  carro  está  presente  no  museu,  porém,  pelo  que  o  autor  pôde  levantar,  não  chegou  a  ser
Este  carro  está  presente  no  museu,  porém,  pelo  que  o  autor  pôde  levantar,  não  chegou  a  ser
equipamento  de  uso  do  1º  Batalhão  de  Carros  de  Combate  Leve.  Pode  ter  sido  posteriormente
agregado  quando  a  unidade  se  reformulou,  com  a  denominação  de  28º  BIB.  Sabe‑se  que  o  Brasil
recebeu por volta de 340 desses tanques, por conta do programa de ajuda militar dos Estados Unidos,
no  ano  de  1960.  Foi  padronizado  no  Exército  dos  Estados  Unidos  em  1947  em  substituição  ao  M24
Chaffee, com o apelido de Walker Bulldog.

Interior do M41

Seu peso em ordem de marcha era de 17.550 Kg, com tripulação de 4 homens. Era impulsionado por
motor Continental AOS‑895 de 6 cilindros. A transmissão era do tipo “hydra‑matic“, automática com
conversor  de  torque,  8  marchas  à  frente  e  4  à  ré.  Atingia    a  velocidade  máxima  de  56  km/hora  em
terreno plano. A torre possuía um dispositivo giro‑estabilizador para facilitar os disparos em marcha.
O armamento padrão consistia em um canhão de 76 mm, tipo M6, duas metralhadoras Browning cal.
30‑06, sendo uma delas montada na torre junto ao canhão; uma metralhadora Browning cal. 50 para
defesa anti‑aérea, montada em suporte externo, 4 sub‑metralhadoras cal. 45ACP e uma carabina cal.
.30M1.  Opcionalmente  possuía  um  morteiro  M3  de  2″  montado  na  torre.  Levava  50  cartuchos  cal.
76mm, 440 cartuchos .50BMG, 4.000 cartuchos .30‑06 e 720 cartuchos .45ACP, além de 14 granadas de
mão.

Acima, o belo Tanque Leve M41 com sua característica torre alongada
Acima, o belo Tanque Leve M41 com sua característica torre alongada

A  partir  de  1978,  para  nacionalizar  componentes,  o  Centro  Tecnológico  do  Exército  e  a  empresa
Bernardini iniciaram um plano de modernização desses tanques. Uma das primeiras providências foi
a troca dos motores Continental pelo motor Scania DS‑14, movido à diesel. Essa modificação alterou a
nomenclatura  do  veículo  para  M41B,  e  infelizmente  trouxe  ao  projeto  vários  problemas,  na
transmissão e motor. O fato é que a transmissão original do M41 foi desenhada para um propulsor à
gasolina, com bem menos vibração que o motor diesel.

Um M41B no Museu Conde de Linhares, no Rio de Janeiro

O  alongamento  efetuado  na  traseira  do  tanque  para  alojar  o  motor  Scania  alterou  o  equilíbrio  do
veículo  e  seu  centro  de  gravidade,  ocasionando  desgastes  irregulares  das  lagartas.  Posteriormente
foram feitas outras modificações, agora com a nomenclatura M41C e o codinome de Caxias. Sobre o
projeto do M41C, a empresa Bernardini desenvolveu o blindado Tamoyo, a partir de 1979, produzido
posteriormente  em  3  versões,  com  canhões  de  90  mm  e  de  105  mm.  Infelizmente,  o  que  era  um
excelente projeto de carro de combate desenvolvido aqui no Brasil, não teve aceitação pelo governo
junto ao Exército Brasileiro e a Bernardini encerrou as atividades em 2001.

Carro de Combate Leve Cascavel

O  Cascavel,  denominação  oficial  EE‑9,  é  um  veículo  nacional,  blindado,  de  reconhecimento,
O  Cascavel,  denominação  oficial  EE‑9,  é  um  veículo  nacional,  blindado,  de  reconhecimento,
possuindo  capacidade  de  tripulação  para  3  pessoas  (comandante,  atirador  e  motorista).  Com  uma
tração  de  6  x  6  e  utilizando  pneus  9,00X20  ao  invés  de  lagartas,  o  Cascavel  foi  criado  e  produzido
aqui no Brasil em São José dos Campos, SP, pela Engesa. O fato de utilizar o maior número possível
de  peças  que  são  comercializadas  no  mercado  comum  de  auto‑peças  permite  que  o  veículo  tenha
manutenção mais fácil e mais barata. Algumas versões possuem motor da  Mercedes Benz, diesel, de
212  C.V.  com  autonomia  de  880  quilômetros,  podendo  chegar  à  velocidade  de  100  Km/h.  Outra
versão  foi  fornecida  com  motor  da  Detroit  Diesel,  de  6  cilindros.  Apesar  do  veículo  ter  sido
desenvolvido aqui, é inevitável a influência que ele recebeu do veículo M‑8 norte‑americano.

Cascavel com canhão de 37mm
Diversos  países  se  interessaram  a  adquirir  esse  veículo,  sendo  então  fornecido  para  Bolívia,  Chile,
Colômbia,  Equador,  Iraque  e  diversos  países  da  África.  Com  alta  velocidade  e  boa  direção  em
estradas  pavimentadas,  esse  carro  foi  muito  requisitado  na  Guerra  do  Golfo.  O  Exército
Brasileiro está desenvolvendo um programa de revitalização destes veículos, de modo a estender sua
vida útil.

Paralelamente ao emprego militar do Cascavel, a empresa Novatração, a partir de 1969, desenvolve
os pneus à prova de bala, os chamados P.P.B., testados para suportarem disparos de fuzís de calibre
7,62mm  sem  murcharem.  Em  2001  a  empresa  vendeu  a  patente  para  a  Hutchinson,  hoje,  a  única
empresa autorizada a produzir esses pneus.

Originalmente  o  EE‑9  (versão  I)  foi  fornecido  com  torre  giratória  dotada  do  canhão  de  37mm,
oriundo dos carros M3 Stuart; posteriormente a versão MK‑II passou a ser equipada com canhão de
90mm  CM‑90  MK  III,  mesmo  modelo  que  equipa  os  AML  da  Panhard  francesa.  Posteriormente  o
canhão de 90mm passou a ser produzido aqui no Brasil. O Cascavel pesa cerca de 11 toneladas, com
blindagem  máxima  de  16mm  e  mínima  de  10mm.  Além  do  canhão,  o  veículo  conta  com  uma
metralhadora MAG de calibre 7,62mmX51.

Canhão Anti­Aéreo 76mm M3

Esse canhão é conhecido como 3 Inch Anti‑aircraft Gun M3 nos Estados Unidos. Foi um antecessor
do  canhão  90mm  M1.  Era  montado  um  uma  plataforma  desmontável  para  ser  facilmente
transportado, e podia girar 360º sobre essa base. Da mesma forma que seu sucessor 90mm, podia usar
um preditor M7, dispositivo de observação aérea do alvo que calcula todos os parâmetros necessários
ao tiro anti‑aéreo, como altitude do alvo, velocidade, azimute e ângulo de inclinação, possibilitando à
guarnição o ajuste de mira. Seu peso total era de 9,122Kg.
 O canhão norte americano de 76mm, uso anti‑aéreo, em sua base M2A2
 Acima, a culatra do canhão 76mm M3

Podia ser utilizado de forma manual ou semi‑automática, sendo que nesta última, após o disparo e
recuo, o cartucho era extraído, o canhão retornava à posição de bateria já com a culatra aberta. Com a
introdução de um novo cartucho a culatra se fechava automaticamente. O canhão era disparado por
um cordão fixo à alavanca do gatilho, para permitir uma distância segura do atirador.

A munição utilizada era a M42A1, e a versão mais comumente utilizada era a H.E. (High Explosive),
com 2,47 Kg. de carga propelente de pólvora NH, 430 gramas de explosivo TNT; velocidade inicial
era  de  850  m/s  e  alcance  máximo  de  14.000  metros.  O  detonador  era  o  M43A5  ou  o  M48A2,  com
espoleta  de  tempo  regulável  de  0,2  a  30  segundos.  Detalhes  de  funcionamento  e  vista  interna  do
detonador M43A5 podem ser vistos a seguir, quando o descrevermos no capítulo referente à munição
90mm.    Os  detonadores  M48A2,  por  sua  vez,  podiam  ser  ajustados  para  detonação  imediatamente
com o impacto no alvo, ou com atraso de 0,15 segundos. Esse detonador possuía um dispositivo que
permitia que o percussor só fosse armado após a saída do projétil do cano.

Canhão Anti­Aéreo 90mm M1A3

O canhão anti‑aéreo de 90mm sucedeu o de 76mm, e foi uma espécie de resposta norte‑americana ao
famoso  canhão  alemão  de  88mm.  Entrou  em  serviço  em  1940  e  foi  utilizado  extensivamente  até
meados  de  1950,  durante  a  Guerra  da  Coréia.  Era  capaz  de  uma  cadência  de  tiro  de
aproximadamente  20  disparo  por  minuto,  com  uma  guarnição  de  4  homens.  Apesar  de  poder  ser
manejado manualmente por essa guarnição, o canhão tinha todo o seu funcionamento automatizado,
com  exceção  do  municiamento.  O  canhão  era  acoplado  a  um  radar,  um  gerador  de  energia  e  a  um
dispositivo preditor. Com isso, operadores do preditor seguiam o alvo pelos dispositivos óticos, com
ajuda  do  radar.  O  preditor  então  calculava  a  distância,  velocidade  do  vento,  velocidade  do  alvo,

ângulo do azimute e inclinação, levando em conta a balística do projétil. Com a obtenção do tempo
ângulo do azimute e inclinação, levando em conta a balística do projétil. Com a obtenção do tempo
necessário para que o projétil chegasse o mais próximo possível do alvo, gerava as informações sobre
a  regulagem  das  espoletas  de  tempo,  que  eram  fornecidas  à  guarnição,  que  fazia  os  ajustes
necessários usando um Fuse Se줠�er.

O canhão era municiado e o preditor automaticamente posicionava os ângulos de elevação e rotação,
através de comandos hidráulicos e elétricos. O disparo podia ser feito manual ou automaticamente.
Os  ajustes  de  ângulo  de  inclinação  e  de  rotação,  efetuados  automaticamente,  eram  executados  de
forma bem rápida e precisa. Nesse caso, depois de municiado, a guarnição tinha que tomar cuidado
para não correr o risco de alguém ser atingido pelo canhão em movimento. Após o disparo, e através
de um longo recuo do cano, o cartucho era ejetado para o piso da plataforma; o cano então retornava
à posição de tiro com a culatra aberta, aguardando um novo municiamento.

O  preditor  (gun  director)  mais  utilizado  neste  canhão  foi  o  Kerrison  M7  ou  M9  e  inicialmente,  os
radares eram os SCR‑268, lançados em 1941. Em tiros noturnos, um holofote era acoplado ao radar. A
partir de 1944 introduziu‑se o radar de micro‑ondas SCR‑584, cuja precisão era de somente 0.06 graus
e permitia ao canhão fazer o rastreamento do alvo continuamente. Um computador Bell Labs M3 e o
preditor M9 completavam o aparato. Tudo o que restava a ser feito pela guarnição era municiar. Com
o SCR‑584 o canhão 90mm tornou‑se a melhor arma anti‑aérea em uso na II Guerra.
O Preditor M7 da Kerrison
Na  foto  acima  pode‑se  ver,  embora  esteja  parcialmente  desmontado  e  sem  os  mostradores,  o
dispositivo  de  ajuste  manual  de  rotação  do  canhão  com  suas  dois  volantes  de  ajuste.  O  ajuste  de
altura ficava do lado oposto, visto na fotografia abaixo. O canhão 90mm M1 era uma peça de extrema
mobilidade.  Todo  o  conjunto  é  montado  sobre  uma  plataforma  que  possui  um  trem  de  rodagem
acoplado. Para o transporte, a plataforma e outros componentes eram de certa forma dobrados, para
compor uma peça de tamanho reduzido. A tração era feita normalmente por um trator de esteira M4.
Na foto acima, o canhão 90mm M1A3 em posição de transporte, um engenhoso sistema que podia colocar o
canhão em uso em poucos minutos.

Como  dissemos,  o  reboque  desse  conjunto  era  feito  pelo  trator  M4,  que  também  podia  rebocar  o
radar.  O  trator  M4  era  um  veículo  de  18  toneladas,  dotado  de  tração  de  esteiras,  que  além  do
motorista transportava toda a guarnição do canhão. Era armado com uma metralhadora Browning de
calibre .50BMG montada em reparo giratório. Além disso, transportava acessórios e 54 cartuchos de
munição para o canhão, além de 500 cartuchos .50BMG.

O trator M4

O  trator  M4  possuía  tres  divisões  internas;  na  frente  iam  o  motorista  mais  dois  homens,  no
compartimento central iam 8 homens e atrás do compartimento do motor alojavam‑se as munições e
diversos  apetrechos.  Possuia  uma  força  de  tração  de  15.000Kg,  impulsionado  por  um  motor  a
gasolina  Walkesha  145GZ  de  6  cilindros  em  linha,  atingindo  cerca  de  50Km/hora.  O  trator  era
gasolina  Walkesha  145GZ  de  6  cilindros  em  linha,  atingindo  cerca  de  50Km/hora.  O  trator  era
produzido pela Allis‑Chalmers Manufacturing Co.

Acima, um 90mm M1 em estado de excelente de conservação, com a plataforma aberta, em posição de tiro

Munição 90mm

As  munições  mais  utilizadas  nesse  canhão  eram  a  H.E.  M71  e  a  A.P.C.  M82.  O  cartucho  M19  era  o
mesmo para os dois tipos de projéteis. A espoleta de detonação M28A2, traseira, possuía um longo
tubo  perfurado,  que  penetrava  quase  até  a  metade  interna  da  carga  propelente,  para  que  a  queima

fosse  mais  uniforme.  O  projétil  H.E.  M71  possuía  uma  carga  de  TNT  de  cerca  de  1,05  Kg.  A  carga
fosse  mais  uniforme.  O  projétil  H.E.  M71  possuía  uma  carga  de  TNT  de  cerca  de  1,05  Kg.  A  carga
propelente do cartucho M19 era de 3,96 Kg. de pólvora NH. A velocidade inicial do projétil era de
820 m/s, com alcance máximo em posição vertical de 13.000 metros e horizontal de 19.000 metros.

Acima, o conjunto detonador do projétil H.E. M71, o M43A5, um intrincado mecanismo de relojoaria. 

A  munição  H.E.  utilizava  um  booster  de  detonação  e  uma  espoleta  de  tempo  tipo  M43A5.  Essa
espoleta  era  regulada  para  um  certo  retardo,  com  os  dados  obtidos  pelo  preditor,  de  acordo  com  a
distância  do  alvo  aéreo,  para  que  detonasse  o  mais  próximo  possível  do  alvo,  atingindo‑o  com  os
estilhaços  do  projétil.  O  M43A5  é  um  intrincado  mecanismo  de  relojoaria,  como  pode  ser  visto  na
figura acima. O dispositivo regulador desse mecanismo, o Fuse Se줠�er M13, ficava instalado junto ao
canhão e era manipulado por dois membros da guarnição. O cartucho era posicionado no dispositivo
com  o  projétil  inserido  numa  cavidade  ali  existente.  Um  mecanismo  de  ajuste  externo  era  acertado
com os dados fornecidos pelo radar, que girava a capa externa (upper‑cap) até o ponto necessário, e
com esse giro se ajustava o mecanismo interno do retardo de tempo.

Acima, um fuze‑se줠�er M13

O  retardo  podia  ser  ajustado  de  0,8  a  30  segundos,  em  incrementos  de  0,2  segundos.  Todo  esse
dispositivo era provido de travas de segurança que não permitiam ser movidos acidentalmente. Ao
contrário  de  um  relógio,  que  utiliza  ação  de  mola  para  acionar  o  jogo  de  engrenagens,  o  M43A5

utilizava  a  força  centrifuga  para  movimentar  seu  mecanismo,  obtida  através  do  giro  do  projétil
utilizava  a  força  centrifuga  para  movimentar  seu  mecanismo,  obtida  através  do  giro  do  projétil
quando em vôo. Portanto, era impossível esse mecanismo ser acionado com a simples manipulação
da munição em terra.

A  munição  APC  utilizava  um  projétil  com  um  detonador  tipo  B.D.  M68  (acima)  e  não  possuía
espoleta  com  regulador  de  tempo,  uma  vez  que  era  para  uso  anti‑carro  ou  anti‑pessoal,  detonando
apenas  com  o  impacto  no  alvo.  O  projétil  tipo  APC  (uso  terrestre)  possuía  uma  carga  explosiva  de
0,150 Kg de pólvora do tipo “D” e a carga propelente era igual do H.E., com 3,96 Kg. de pólvora NH.
A  velocidade  inicial  era  de  820  m/s,  alcance  máximo  de  13.ooo  metros.  O  poder  de  penetração  nas
blindagens em aço, a 500 metros, era de 10 cm e a 1000 metros de cerca de 9,5 cm.

O  detonador  M68  era  bem  simples.  Com  o  impacto  do  projétil  no  alvo,  e  por  inércia,  o  percussor
(firing‑pin),  originalmente  com  seu  movimento  contido  por  uma  arruela  (safety‑washer)  vencia  a
pressão da mesma e atingia a espoleta (primer). Através de um sistema de atraso utilizando pólvora
negra, a carga de detonação (detonator‑charges) explodia e causava a ignição do detonador auxiliar
(booster‑charge). Era a detonação desse booster que finalmente explodia a carga principal. Além disso,
o M68 possuía um artefato traçante em sua base para auxiliar em disparos noturnos.

Neste  link  do  Youtube  h줠�p://youtu.be/pjD7DAGR3Do  podemos  ver  cenas  interessantes  de


montagem, desmontagem e utilização do Canhão 90mm M1.

Canhão Anti­Carro 37mm M3A1

O canhão anti‑tanque 37mm M3 e M3A1 de fabricação norte‑americana (Watervliet Arsenal) iniciou
sua  operação  em  combate  por  volta  de  1940,  principalmente  pela  infantaria  britânica  e
posteriormente  pela  norte‑americana,  como  um  canhão  anti‑carro  padrão.  Seu  moderado  peso  por

volta  de  400Kg  permitia  que  fosse  rebocado  até  por  jipes.  Sua  guarnição  era  de  quatro  homens.  A
volta  de  400Kg  permitia  que  fosse  rebocado  até  por  jipes.  Sua  guarnição  era  de  quatro  homens.  A
partir de 1942, com os maiores e mais bem blindados tanques alemães, o M3 se tornou ineficiente e
começou a ser substituído pelos canhões de 57mm.

A  munição  utilizada  nesse  canhão  era  a  mesma  empregada  nos  canhões  dos  tanques  Stuart,  o
cartucho  37mmX223R,  do  qual  já  falamos  no  capítulo  referente  aos  tanques.  O  recuo  era
relativamente curto utilizando um pistão amortecedor hidráulico e com mola espiral. A variação de
elevação ia de ‑10º a +15º, com cadência de fogo de até 25 disparos por minuto. Podia ser equipado
com mira telescópica do tipo M6.

  Acima, detalhe da culatra do canhão 37mm M3A1
  Acima, detalhe da culatra do canhão 37mm M3A1

 Acima, o canhão 37mmM3A1, montado no transportador tipo M4

Veículo de Socorro VBE M­74
O VBE‑M74, denominado nos Estados Unidos de ARV M74 (Armory Recovery Vehicle) foi baseado
no  chassis  e  trem  de  rodagem  utilizado  nos  tanques  médios  Sherman  M4A3  e  foi  utilizado  pelo
Exército  Norte‑Americano  por  volta  de  1950.  Sua  capacidade  de  tração  era  de  45  toneladas,  o  que
permitia rebocar um tanque médio como o Sherman. Sua capacidade de elevação era de 29 toneladas,
através  de  seis  dois  braços  articulados.  O  veículo  pesava  47  toneladas  e  era  equipado  com  uma
metralhadora Browning cal. 50 BMG. Sua propulsão era feita por um motor Ford GAA V8, com 450
HP de potência e podia atingir até 40 km/hora. Sua fabricação era norte‑americana, produzido pela
Bowen‑McLaughlin‑York.

 Acima, o VBE‑M74, um veículo de resgate de blindados baseado no tanque médio M4 Sherman
Canhão 152,4mm (Vickers BL­6″)

Não  há  muita  literatura  nem  muitos  dados  a  respeito  desse  canhão.  Conhecido  pela  nomenclatura
britânica original, BL 6 inch Mk XIX, foi introduzido para uso da Armada Britânica em 1916, como
uma opção mais leve e de maior alcance que seu antecessor, o Mk VII. Foi produzido principalmente
pela  Vickers,  enorme  conglomerado  britânico  produtor  de  equipamentos  bélicos  de  diversas
modalidades.  Foi  desenhado  com  o  intuito  de  se  utilizar  no  campo,  apesar  de  que  seus  ancestrais
serviram  como  canhões  navais.  Utilizava  moderno  sistema  de  transporte  sobre  pneumáticos,  o  que
lhe dava grande mobilidade.

Apesar  de  ter  sido  utilizado  pelos  britânicos  durante  a  I  Guerra,  também  o  foi  na  II  Guerra,  em
direção à costa francesa do Canal da Mancha, com a intenção de proteger e defender a Inglaterra. Foi
substituído posteriormente pelos obuses de 155mm. Além de serem utilizados pelos Estados Unidos,
diversos exemplares de fabricação entre 1917 e 1918 foram utilizados pelo Brasil para defesa de sua
costa, em 1940. Um desses exemplares ainda se encontra no Museu do Forte de Copacabana.
Vista frontal do Vickers de 152,4mm

A culatra e mecanismo de elevação do Vickers 152,4mm

No  Brasil  foi  catalogado  como  Canhão  Britânico  Vickers  de  152,4  mm.  Com  uma  equipe  bem
treinada, disparava cerca de 3 tiros por minuto. Sua ogiva tinha alcance máximo de 18.400 metros e
seu peso total era de 11.500 Kg. Como é praxe na grande maioria dos canhões de grande calibre, não
se  utilizam  cartuchos  de  metal.  As  ogivas  são  inseridas  no  cano,  e  assim  que  posicionadas,
introduzia‑se  a  carga  de  propelente,  acondicionada  em  forma  de  tubo,  envolta  em  material  que  se
auto‑consome durante a detonação. Portanto, não há cápsulas a serem ejetadas.
*** *** ***

Wri줠�en by Carlos F P Neto

26/04/2014 às 23:50

6 Respostas

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Velhos tempos, amigo, dois anos de diferença entre nós. Abraços.

Carlos F P Neto

16/06/2017 at 1:14

ESTIVE NO 5GCAN em 1968, e ainda era o BCCL, nao existia a 11a Bda……… bonita essa
retrospectiva

moacir luiz RIBEIRO

16/06/2017 at 1:08

Alexandre, saudações. Infelizmente essa aparência não dura muito tempo, a não ser que se
aplique uma leve camada de verniz. Mas para polir uso o conhecido Brasso e uma escova de pano
acoplada à furadeira. Abraços.

Carlos F P Neto

03/01/2017 at 17:42

Parabéns pela qualidade dos artigos!! São muito enriquecedores! Sr Carlos, como fez para deixar
este exemplar de 37 mm tão reluzente? Como fez para poli‑lo? Obrigado!

Alexandre Martins

03/01/2017 at 14:02

Achiles, uma grande satisfação de tê‑lo como leitor e nos dando a oportunidade de você se
lembrar de tão bons e velhos tempos.

Carlos F P Neto

12/07/2016 at 13:47

Parabéns, tive a honra de servir em Campinas no 1º BBCL. e a oportunidade de ser motorista dos
tanques somente saudades. obrigado pela ótimas lembranças de um tempo que infelizmente não
volta mais. Achiles.

Achiles Stalin Nicolau Stigliano
12/07/2016 at 12:38
12/07/2016 at 12:38

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