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Brasília, 21 a 25 de outubro de 1996 - Nº 50

Data (páginas internas): 31 de outubro de


1996

Este Informativo, elaborado pela


Assessoria da Presidência do STF a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas na semana pelo
Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao
conteúdo efetivo das decisões, embora seja
uma das metas perseguidas neste trabalho,
somente poderá ser aferida após a sua
publicação no Diário da Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Autarquias Corporativas
Cabimento de Habeas Corpus
Efeito Devolutivo e Habeas Corpus
Estupro e Presunção de Violência
Extensão de Vantagens a Aposentados
Homologação de Sentença de Divórcio
ICMS na Importação
Prorrogação de Competência
Vício de Iniciativa

PLENÁRIO
Homologação de Sentença de Divórcio
Indeferida a homologação de sentença de
divórcio de brasileiros obtida mediante procuração em
país no qual os cônjuges, aparentemente, jamais
tiveram domicílio. O Tribunal considerou aplicável a
regra da Súmula 381 do STF, que, resumindo
jurisprudência firmada ao tempo em que o casamento
de brasileiros era indissolúvel, não admitia, quanto a
estrangeiros, que sentença de divórcio obtida por
procuração em país de que os cônjuges não fossem
nacionais pudesse ter eficácia no Brasil. SE 5.169-
República Dominicana (AgRg), rel. Min. Sepúlveda
Pertence, 16.10.96.

ICMS na Importação
Na entrada de mercadoria importada do
exterior, o fato gerador do ICMS ocorre no
recebimento dessa mercadoria pelo importador, sendo
legítima a cobrança do imposto por ocasião do
desembaraço aduaneiro. A disciplina vigente ao tempo
da CF/69 sintetizada na Súmula 577 do STF (“Na
importação de mercadorias do exterior, o fato gerador
do ICM ocorre no momento de sua entrada no
estabelecimento do importador.”) não mais prevalece
em face do disposto no art. 155, § 2º, IX, da CF. Não
foi, portanto, recebido pela CF/88 o art. 1º, II, do DL
406/68. Vencidos os Ministros Marco Aurélio,
Maurício Corrêa, Francisco Rezek, Carlos Velloso e
Néri da Silveira. RE 193.817-RJ, rel. Min. Ilmar
Galvão, 23.10.96.
Leia em “Transcrições” o voto condutor do acórdão.
Autarquias Corporativas
Prosseguindo no julgamento de mandado de
segurança impetrado pelo Conselho Federal de
Odontologia contra decisão do TCU que recomendara
ao impetrante a adoção do regime jurídico único para
seus empregados e a revisão dos valores das diárias
pagas a seus conselheiros, o Min. Maurício Corrêa,
acompanhando o entendimento adotado pelo Min.
Carlos Velloso, relator, na sessão plenária de 11.04.96
(v. Informativo nº 26), afirmou a sujeição do
impetrante (autarquia corporativa) ao controle externo
do TCU, na forma dos arts. 70, caput, e par. único, e
71, II, da CF, bem como a necessidade de redução dos
valores das referidas diárias, de modo a que não
ultrapassem eles os valores pagos a esse título ao
Presidente da República; divergiu, entretanto, do voto
proferido pelo relator, ao negar a qualificação de
“servidores públicos” aos empregados dessas
entidades, aos quais não se aplicam, a seu ver, os arts.
37, II, e 39 da CF, nem, conseqüentemente, o regime
jurídico único (Lei 8112/90). Em seguida, o
julgamento foi suspenso novamente em razão de
pedido de vista do Min. Ilmar Galvão. MS 21.797-DF,
rel. Min. Carlos Velloso, 23.10.96.

Vício de Iniciativa
Declarada a inconstitucionalidade de normas
da Constituição maranhense que aumentavam de 15
para 21 o número de desembargadores do Tribunal de
Justiça e criavam o Tribunal de Alçada do Estado.
Reconheceu-se, na espécie, contrariedade ao art. 96, II,
“b” e “c”, da CF (competência privativa dos
Tribunais de Justiça para propor às Assembléias
Legislativas “a criação e a extinção de cargos e a
fixação de vencimentos de seus membros...” e “a
criação ou extinção dos tribunais inferiores”).
Precedentes citados: ADIn 274-PE (RTJ 139/418);
ADIn 157-AM (RTJ 139/393). ADIn 366-MA, rel.
Min. Octavio Gallotti, 23.10.96.

PRIMEIRA TURMA
Estupro e Presunção de Violência
Tendo em vista o caráter absoluto da presunção
de violência no estupro contra menor de catorze anos
(CP, art. 224), o eventual consentimento da ofendida
não descaracteriza o delito. Por outro lado, se o
casamento da vítima com terceiro noticiado pelo réu
em habeas corpus impetrado perante o STF , não
chegou ao conhecimento do Tribunal de Justiça antes
do julgamento da apelação, impedindo que ali se
examinasse a possível ocorrência da causa de extinção
da punibilidade prevista no art. 107, VIII, do CP, não
pode essa corte ser tida, no ponto, como responsável
pelo alegado constrangimento. Habeas corpus
conhecido em parte e nessa parte indeferido. HC
74.286-SC, rel. Min. Sydney Sanches, 22.10.96.

Cabimento de Habeas Corpus


O habeas corpus, enquanto instrumento voltado
à tutela da liberdade ambulatória, não se presta ao
questionamento de decisão judicial que haja
confirmado a sanção de perda de posto e patente
aplicada a militar por conselho de disciplina da
corporação, na forma do art. 42, § 7º, da CF.
Precedentes citados: HC 68507-RS (RTJ 141/159); HC
70894-DF (DJ de 15.04.94). HC 74.394-MS, rel. Min.
Ilmar Galvão, 22.10.96.

Extensão de Vantagens a Aposentados - 1


O art. 40, § 4º, da CF que prevê a extensão aos
inativos de quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos aos servidores em atividade
não autoriza a extensão de vantagem concedida a
determinado segmento do funcionalismo a integrante
inativo de segmento não contemplado. Com base nesse
entendimento, a Turma conheceu e deu provimento a
recurso extraordinário interposto pelo Estado do
Espírito Santo contra acórdão do TJ local que, fundado
no princípio da isonomia e no mencionado preceito
constitucional, concedera a ex-titular de serventia
extrajudicial vantagem atribuída a servidores públicos
remunerados pelos cofres públicos, e não à categoria
dos serventuários. RE 197.227-ES, rel. Min. Ilmar
Galvão, 22.10.96.

Extensão de Vantagens a Aposentados - 2


O referido § 4º tampouco se aplica nas
hipóteses em a lei estabeleça para a aquisição ou o
gozo da vantagem concedida aos servidores em
atividade requisito insusceptível de ser preenchido
pelos inativos. Com tal fundamento, a Turma
confirmou decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo
que julgara improcedente ação ajuizada por professora
aposentada, visando ao reconhecimento do direito de
perceber, na inatividade, adicional pelo efetivo
exercício das funções de magistério. Precedente citado:
ADIn 778-UF (DJ de 19.12.94). RE 202.258-SP, rel.
Min. Moreira Alves, 22.10.96.

Extensão de Vantagens a Aposentados - 3


O citado dispositivo constitucional assegura, no
entanto, que os servidores do Município de São Paulo
aposentados antes da Lei 10430, de 29.02.88 que
ampliou os efeitos do tempo de serviço prestado pelo
servidor a outras pessoas de direito público, admitindo
a sua contagem também para fins de aquisição de
adicionais de tempo de serviço (quinquênio e sexta-
parte) usufruam da vantagem por ela instituída, a
despeito da restrição imposta pelo par. único do art. 31
da citada lei local (“as disposições deste artigo
alcançarão apenas os benefícios ainda não
concedidos, e não terão efeitos retroativos de
qualquer espécie”), norma não recebida pela CF/88.
RE 173.682-SP, rel. Min. Sydney Sanches, 22.10.96.

SEGUNDA TURMA
Efeito Devolutivo e Habeas Corpus
Recurso da defesa que impugna em termos
gerais a sentença condenatória devolve ao tribunal ad
quem a apreciação de toda a matéria. Nada impede,
portanto, que temas não discutidos explicitamente no
julgamento desse recurso, mas que, posteriormente,
venham a ser suscitados em sede de habeas corpus
originário (CF, art. 102, I, i), sejam examinados pelo
STF. Precedente citado: HC 70.497-SP (RTJ 152/553).
HC 73.555-CE, rel. Min. Francisco Rezek, 22.10.96.

Depositário Infiel
Por empate na votação, a Turma deferiu habeas
corpus para tornar insubsistente decreto de prisão
expedido contra emitente de cédula rural pignoratícia
(DL 167/67) que não pagou a dívida nem restituiu as
sacas de café dadas em garantia. Os Ministros
Francisco Rezek, relator para o acórdão, e Marco
Aurélio, deferiram a ordem ao fundamento de que a
equiparação do devedor ao depositário, nessa espécie
de contrato, não mais subsiste, seja em face do art. 5º,
LXVII, da CF, seja em face da Convenção
Interamericana de Direitos Humanos. Vencidos os
Ministros Maurício Corrêa e Néri da Silveira. Matéria
análoga foi examinada pelo Plenário em 22.11.95, no
julgamento do HC 72131-SP, cujo acórdão ainda não
foi publicado (v. Informativo nº 14). HC 74.383-MG,
rel. orig. Min. Néri da Silveira, rel. p/ ac. Min.
Francisco Rezek, 22.10.96.

Prorrogação de Competência
Com fundamento no art. 172 do Regimento
Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
que repete o disposto no art. 109 da LOMAN (“Nos
casos de conexão ou continência entre ações de
competência do Tribunal de Justiça e do Tribunal de
Alçada, prorrogar-se-á a do primeiro, o mesmo
ocorrendo quando, em matéria penal, houver
desclassificação para crime de competência do
último.”) , a Turma indeferiu habeas corpus no qual se
sustentava a incompetência daquela corte para o
julgamento de apelação interposta pelo Ministério
Público contra sentença que absolvera o paciente da
acusação de roubo qualificado (crime da competência
do TACRIM), em processo no qual os demais co-réus
foram condenados por falsificação de documento
público (crime da competência do próprio TJ). HC
74.343-SP, rel. Min. Maurício Corrêa, 22.10.96.

P R E C E D E N T E S
citados

HC 70.894-DF
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - "Habeas Corpus". Perda do posto ou patente
militar.
Instrumento processual que visa a garantir a liberdade de
locomoção, não outra espécie de direito, como o de não se submeter
o paciente a procedimento destinado à declaração de perda de posto
ou patente.
Tendo sido o paciente condenado por estelionato, mas com
suspensão condicional da pena e, posteriormente, indultado, não
está sujeito a privação de liberdade de locomoção.
O procedimento administrativo de perda do posto ou patente, a
que se submete o militar, em conseqüência de condenação criminal,
não se sujeita a controle jurisdicional mediante "habeas corpus",
mas, sim, por outros instrumentos adequados.
Precedentes.
"Habeas Corpus" nao conhecido.

ADIn 778-UF
RELATOR: MIN. PAULO BROSSARD
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE CONTRA A DISPOSIÇÃO
LEGAL QUE PROÍBE A INCORPORAÇÃO AO
PROVENTO DE APOSENTADORIA DA GRATIFICAÇÃO
ESPECIAL ATRIBUÍDA AOS SERVIDORES EM EXERCÍCIO
EM ZONAS DE FRONTEIRA E EM DETERMINADAS
LOCALIDADES, POR OFENSA AO § 4º DO ART. 40 DA
CONSTITUIÇÃO.
1. O art. 17, "caput", da Lei n. 8.270, de 17.12.91, criou
gratificação especial para os servidores federais em exercício nas
regiões de fronteira e em determinadas localidades com condições
de vida equivalentes.
2. A alínea "b" do parágrafo único do mesmo artigo e o § 4º do
art. 1º do Decreto n. 493, de 10.04.92, não permitem, de forma
expressa, a incorporação da gratificação aos proventos de
aposentadoria ou disponibilidade e, por omissão, também não
permitiram sua incorporação aos vencimentos. Desta forma, a
gratificação só é devida "si et in quantum" os servidores têm
exercício nos locais indicados.
Como a gratificação não se incorpora aos vencimentos, não
pode, sob a invocação do principio da isonomia, ser incorporada
aos proventos.
A extensão aos aposentados dos benefícios e vantagens
posteriormente criados, como prevê o § 4º do art. 40 da
Constituição, é relativa aos de caráter geral, o que exclui situações
particulares, como é o caso da gratificação que se destina a
compensar o servidor enquanto dura o exercício de trabalho
normal em locais anormais, assim considerados pela Lei e pelo
Decreto.
Nem todos os benefícios concedidos aos servidores em
atividade são compatíveis com a situação do aposentado, como é o
caso das férias anuais e da gratificação paga "durante o exercício"
em locais adversos.
Toda incorporação e extensão de vantagens deve ser feita
"na forma da lei", e a Lei, no caso, não previu qualquer extensão ou
incorporação.
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente porque são constitucionais a alínea "b" do parágrafo
único do art. 17 da Lei n. 8.270/91 e o § 4º do art. 1º do Decreto n.
493/92 em face do § 4º do art. 40 da Constituição Federal.

HC 70.497-SP
RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE

EMENTA: STF: competência originária inexistente: Habeas corpus


fundado em coação imputada a sentença, transitada em julgado
para a defesa, ainda quando haja o Tribunal de segundo grau, no
mesmo processo, julgado a apelação do MP, circunscrita a tema
alheio ao da impetração.
1. É da jurisprudência consolidada no STF que lhe compete
conhecer originariamente do habeas corpus, se o Tribunal inferior,
em recurso da defesa, manteve a condenação do paciente, ainda
que sem decidir explicitamente dos fundamentos da subsequente
impetração da ordem: na apelação do réu, salvo limitação
explicita quando da interposição, toda a causa se devolve ao
conhecimento do Tribunal competente, que não está adstrito às
razões aventadas pelo recorrente.
2. Mas, quando o Tribunal de segundo grau só tenha julgado
recurso da acusação ou recurso parcial da defesa, a simples
eventualidade, não cogitada, de conceder habeas corpus de ofício
por motivo de coação alheia ao âmbito de devolução do apelo
julgado não lhe faz imputável o constrangimento alegado em
posterior petição de habeas corpus: símile da questão com a da
competência reconhecida ao Tribunal que haja indeferido revisão ou
habeas corpus para conhecer originariamente da impetração
subsequente com fundamentação diversa.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 23.10.96 24.10.96 11


1ª Turma 22.10.96 ------ 148
2ª Turma 22.10.96 ------ 35

CLIPPING DO DJ
25 de outubro de 1996

ADIn N. 177-9
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONVÊNIOS E
DÍVIDAS DA ADMINISTRAÇÃO: AUTORIZAÇÃO DA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:
INCONSTITUCIONALIDADE. Constituição do Estado do
Rio Grande do Sul, inciso XXVI do artigo 53, e § 2º do
artigo 82.
I. - Norma que subordina convênios e dívidas da
administração à aprovação da Assembléia Legislativa:
inconstitucionalidade, porque ofensiva ao princípio da
independência e harmonia dos poderes. C.F., art. 2º.
Precedentes do STF.
II. - Inconstitucionalidade do inc. XXVI do art. 53, e § 2º do
art. 82, ambos da Constituição do Estado do Rio Grande do
Sul.
III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada
procedente.

ADIn N. 1098-1
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
PRECATÓRIO - OBJETO. Os preceitos
constitucionais direcionam à liquidação dos débitos da
Fazenda. O sistema de execução revelado pelos precatórios
longe fica de implicar a perpetuação da relação jurídica
devedor-credor.
PRECATÓRIO - TRAMITAÇÃO - REGÊNCIA.
Observadas as balizas constitucionais e legais, cabe ao
Tribunal, mediante dispositivos do Regimento, disciplinar a
tramitação dos precatórios, a fim de que possam ser
cumpridos.
PRECATÓRIO - TRAMITAÇÃO - CUMPRIMENTO -
ATO DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL - NATUREZA.
A ordem judicial de pagamento (§ 2º do artigo 100 da
Constituição Federal), bem como os demais atos necessários
a tal finalidade, concernem ao campo administrativo e não
jurisdicional. A respaldá-la tem-se sempre uma sentença
exeqüenda.
PRECATÓRIO - VALOR REAL - DISTINÇÃO DE
TRATAMENTO. A Carta da República homenageia a
igualação dos credores. Com ela colide norma no sentido da
satisfação total do débito apenas quando situado em certa
faixa quantitativa.
PRECATÓRIO - ATUALIZAÇÃO DE VALORES -
ERROS MATERIAIS - INEXATIDÕES - CORREÇÃO -
COMPETÊNCIA. Constatado erro material ou inexatidão
nos cálculos, compete ao Presidente do Tribunal determinar
as correções, fazendo-o a partir dos parâmetros do título
executivo judicial, ou seja, da sentença exeqüenda.
PRECATÓRIO - ATUALIZAÇÃO - SUBSTITUIÇÃO
DE ÍNDICE. Ocorrendo a extinção do índice inicialmente
previsto, o Tribunal deve observar aquele que, sob o ângulo
legal, vier a substituí-lo.
PRECATÓRIO - SATISFAÇÃO - CONSIGNAÇÃO -
DEPÓSITO. Não se há de confundir a consignação de
créditos, a ser feita ao Poder Judiciário, com o depósito do
valor do precatório, de responsabilidade da pessoa jurídica
devedora à qual são recolhidas, materialmente, "as
importâncias respectivas" (§ 2º do artigo 100 da Constituição
Federal).

ADIn N. 1470-6 - medida liminar


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
VENCIMENTOS - DELEGADOS DE POLÍCIA -
EMENDA A PROJETO DO EXECUTIVO - AUMENTO
DE DESPESAS - RELEVÂNCIA E RISCO - LIMINAR EM
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Resultando em aumento de despesas emenda a projeto de
competência privativa do Executivo sobre vencimento,
exsurge a relevância do pedido de concessão de medida
acauteladora. Na dicção da maioria, também concorre o risco
de manter-se com plena eficácia o preceito, decorrendo a
utilidade da liminar da suspensão imediata dos pagamentos
nos moldes alcançados.

HABEAS CORPUS N. 73156-2


RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: (...)
1. Reconhecida a continuidade delitiva dos crimes de roubo
em concurso material, a pena-base fica aumentada da
qualificadora, para o primeiro delito, mas para o seguinte
esta não deverá ser considerada na dosagem da pena
definitiva.
2. A limitação prevista no parágrafo único do art. 71 do
Código Penal, ao se reportar ao parágrafo único do artigo 70,
que por sua vez faz remissão ao art. 69, preceitua que a pena
aplicada para o crime continuado não pode exceder à
imposta por crimes em concurso.
3. O objetivo da positivação do instituto do crime
continuado, na modalidade do parágrafo único do art. 71 do
Código Penal, foi o de agravar a situação prevista no "caput"
do mesmo artigo e, ao mesmo tempo, beneficiar o réu em
relação aos crimes cometidos em concurso material, pois o
reconhecimento da continuidade delitiva se destina,
exclusivamente, a mitigar a pena, sem influir em outros
institutos penais.
4. Habeas-Corpus conhecido e deferido, em parte, para,
mantida a condenação, anular o acórdão no ponto em que
fixou a pena por continuidade delitiva em dosagem igual à
decretada pela prática dos mesmos crimes em concurso
material, e determinar que outro seja lavrado, nesta parte,
para aplicar nova pena ao paciente.

HABEAS CORPUS N. 73339-5


RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Habeas corpus.
- Inexiste a nulidade apontada na sentença de pronúncia,
uma vez que, sendo indisponível a ação penal pública, o
objeto da acusação deduzido na denúncia não pode ser,
posteriormente, retratado ou reduzido em alegações finais do
Ministério Público. Por isso, não obstante tenha este se
manifestado, nessas alegações, pela exclusão da
qualificadora inserta no inciso IV do § 2º do artigo 121 do
Código Penal, podia o Juiz - como o fez - incluí-la na
sentença de pronúncia.
- Ademais, não tendo sido seguida, no momento
oportuno, essa questão ficou preclusa.
(...)

HABEAS CORPUS N. 73633-5


RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Prisão civil. Recurso do credor, postulando o
aumento do prazo, não obsta a execução da medida, pelo
período fixado no primeiro grau de jurisdição.

HABEAS CORPUS N. 73744-7


RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Habeas corpus.
- Tendo em vista que, em face da Lei n° 9.268, de 1°.04.96,
não mais é conversível a pena de multa em pena privativa de
liberdade, não se conhece do habeas corpus no tocante à
dosimetria da pena de multa.
- No que diz respeito à dosimetria da pena privativa de
liberdade, tem razão a impetração, porquanto, sendo o furto
qualificado por causa do rompimento de obstáculo, não é
possível, após a fixação da pena-base pelo tipo qualificado,
agravar novamente a pena em razão dessa mesma
qualificadora.
Habeas corpus conhecido em parte, para, nessa parte, deferir
parcialmente o pedido.
HABEAS CORPUS N. 73779-0
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
(...)
FLAGRANTE - VALIA. Diz-se preparado o flagrante
quando a própria configuração do delito decorre de iniciativa
do policial. Ao reverso, mostra-se a consubstanciar simples
estratégia a apresentação do policial como usuário de droga
e, por essa via, ter acesso àquele que a mantém em depósito.
Precedentes: habeas-corpus nº 69.476-SP, relatado perante a
Segunda Turma pelo Ministro Néri da Silveira, com acórdão
publicado no Diário da Justiça de 12 de março de 1993,
habeas-corpus nº 72.824-SP, relatado pelo Ministro Moreira
Alves, junto à Primeira Turma, com acórdão veiculado no
Diário da Justiça de 17 de maio de 1996, e recurso especial
nº 5.320-DF, relatado pelo Ministro Assis Toledo no Superior
Tribunal de Justiça, com aresto publicado no Diário da
Justiça de 19 de novembro de 1990.
(...)

AI N. 155405-3 (AgRg)
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: ACÓRDÃO QUE DETERMINOU A
SUPLEMENTAÇÃO DOS RENDIMENTOS DA
CADERNETA DE POUPANÇA, CREDITADOS A MENOR
POR FORÇA DA APLICAÇÃO DA MEDIDA
PROVISÓRIA Nº 32 CONVERTIDA NA LEI 7.730/89.
Orientação do STF no sentido de que à "caderneta de
poupança" cuja contratação ou renovação tenha ocorrido
antes da edição da MP nº 32 não se aplica a norma em
referência, sob pena de afronta ao princípio da
irretroatividade das leis.
Agravo regimental improvido.

RE N. 140925-8 (AgRg)
RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. DECISÃO QUE CONSIDEROU
PREJUDICADO O EXTRAORDINÁRIO, PORQUE
PROVIDO O RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE
QUE AINDA REMANESCE A MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. A decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça,
transitada em julgado, conheceu e deu provimento ao
Recurso Especial, para julgar improcedente a ação
consignatória, invertido o ônus da sucumbência.
2. Não há como obter o agravante, com o recurso
extraordinário, mais do que já lhe foi deferido pelo julgado
proferido pelo Superior Tribunal de Justiça.
3. Agravo regimental desprovido.

RE N. 178361-3 (AgRg)
RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: (...) CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO.
ICM. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. BASE DE
CÁLCULO. INCLUSÃO. ACÓRDÃO PROFERIDO NA
INSTÂNCIA ORDINÁRIA QUE DIRIMIU A
CONTROVÉRSIA À LUZ DAS NORMAS
INFRACONSTITUCIONAIS. RECURSO ESPECIAL
INTERPOSTO, CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO DE DECISÃO DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CONTROVÉRSIA AFETA À
NORMA INFRACONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO
INDIRETA E REFLEXA. NÃO CONHECIMENTO.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A controvérsia posta nos autos foi dirimida pela instância
ordinária à luz da doutrina e em face da legislação
infraconstitucional. Nenhuma exegese fora emprestada à
norma constitucional atinente à matéria. Por isso, a única
irresignação cabível contra aquela decisão era o Recurso
Especial, não sendo de agitar-se a preclusão da matéria
constitucional, em razão da não interposição de recurso
extraordinário.
2. Para dissentir do aresto proferido pelo Superior Tribunal
de Justiça, que entendeu pela inclusão na base de cálculo do
PIS da parcela relativa ao ICM, necessária a apreciação do
tema frente à legislação ordinária, o que é inadmissível nesta
instância recursal.
3. Agravo regimental não provido.

MI N. 491-9 (EDcl)
RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
MANDADO DE INJUNÇÃO. JUROS: LIMITE
CONSTITUCIONAL DE 12% (ART. 192, § 3º). OMISSÃO
NO ACORDÃO EMBARGADO: NÃO FIXAÇÃO DE
PRAZO PARA SUPRIMENTO DA OMISSÃO
LEGISLATIVA. CONSULTAS SOBRE A SITUAÇÃO
PARTICULAR DO EMBARGANTE QUANTO AO
LIMITE CONSTITUCIONAL DOS JUROS.
1. Não pode o Poder Judiciário fixar prazo para o suprimento
de omissão legislativa do Congresso Nacional, quando o
Estado não é o sujeito passivo do direito constitucional não
regulamentado por lei, porque não é possível impor sanção
pelo seu descumprimento.
2. O Poder Judiciário não é órgão consultivo.
3. Embargos de declaração rejeitados.

RE N. 105095-1
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
MENTA: MAGISTÉRIO PÚBLICO SUPERIOR.
PROFESSOR. INGRESSSO NO CARGO FINAL DE
CARREIRA. NECESSIDADE DE PRÉVIA APROVAÇÃO
EM CONCURSO.
O ingresso na carreira de Professor Titular do magistério
superior deve dar-se obrigatoriamente por concurso público
de provas e títulos, quando se tratar de ensino superior, nos
termos da Constituição Federal (CF/69, art. 176, § 3º, VI),
aplicável à hipótese dos autos.
Precedentes da Corte.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 140542-2
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ART. 2º DA LEI Nº
1.509/89-RJ, PELO QUAL FOI ATRIBUÍDA A
COMPETÊNCIA AOS RESPECTIVOS JUÍZOS DE
COGNIÇÃO PARA EXECUÇÃO DAS SENTENÇAS
CRIMINAIS POR ELES PROFERIDAS. ACÓRDÃO QUE
DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA
NORMA, AO FUNDAMENTO DE HAVER ELA
RESULTADO DE EMENDA A PROJETO DE LEI DE
INICIATIVA DO PODER JUDICIÁRIO, NO CURSO DO
TRÂMITE LEGISLATIVO.
Decisão insustentável, já que a iniciativa de lei
constitui mero pressuposto objetivo vinculatório do
procedimento legislativo, que se exaure no impulso dado
pelo Poder competente, sem o efeito de reduzir a atuação do
Poder Legislativo a uma simples aprovação ou rejeição.
Caso em que, ademais, a emenda, além de não
acarretar aumento de despesa, versa matéria que não se
insere na organização dos serviços administrativos do
Tribunal, encontrando-se afastado, por isso, o único óbice
constitucional que se lhe poderia antepor, previsto no art. 63,
II, da Carta de 1988.
Recurso provido.

RE N. 154029-0
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Servidores Públicos. Adicional por tempo de
serviço. Recíproca influência.
A recíproca influência dos adicionais por tempo de serviço,
quinquênio sobre quinquênio, é incompatível com o disposto
no art. 37, XIV, da CF.
A Lei Paulista nº 6.628/89 que veio a glosar essa sistemática,
limitou-se a observar o disposto no art. 17 do ADCT.
Recurso extraordinário não conhecido.

Acórdãos publicados: 220

T R A N S C R I Ç Õ E
S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores


do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal,
divulgamos neste espaço trechos de decisões que
tenham despertado ou possam despertar de modo
especial o interesse da comunidade jurídica.

ICMS na Importação
RE 193.817-RJ *

Ministro Ilmar Galvão (relator)


Relatório: Trata-se de recurso extraordinário que, fundado
no art. 102, III, a, da Constituição, foi interposto contra
acórdão do Superior Tribunal de Justiça que, em recurso
especial, ao simples entendimento de que lei estadual, com
base em Convênio, não pode alterar o momento de
ocorrência do fato gerador do ICMS, incidente sobre
mercadoria importada, que continua regulado pelo DL nº
406/68, diploma legal recebido pela CF/88, reformou
acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que havia
rejeitado a tese da inconstitucionalidade do Convênio ICM
66/88, editado com base no art. 34, § 8º, do ADCT/88, e da
Lei estadual nº 1.423/89, que estabelecem como critério para
incidência do tributo o recebimento pelo importador de
mercadoria ou bem importado.
Alegaram os recorrentes ofensa ao art. 155, 2º, IX, a,
da Constituição Federal, que, modificando o sistema anterior,
permitiu a cobrança do ICMS antes da entrada física da
mercadoria no estabelecimento físico do importador; e ao
art. 34, § 8º, do ADCT, que autorizou a regulamentação da
matéria, em caráter provisório, mediante convênio celebrado
pelos Estados.
O recurso, inadmitido na origem, subiu a esta Corte
por efeito de provimento de agravo.
Há, nos autos, para ser apreciado, recurso
extraordinário pela contribuinte, impugnando o acórdão do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
A douta Procuradoria-Geral da República opinou no
sentido do provimento.

Voto: De reconhecer-se,
preliminarmente, que o recurso tem condições de ser
apreciado pelo STF.
É certo que o acórdão foi omisso, por não haver
apreciado a alegação, deduzida pelos ora recorrentes nas
contra-razões do recurso especial, de que, no caso, se estava
diante de lei estadual editada com base em Convênio cuja
edição foi autorizada pelo art. 34, § 8º, do ADCT, e que, no
ponto indicado, revogou o DL 406/68.
Acontece, todavia, que, instado a sanar a omissão,
em sede embargos declaratórios, deixou o Tribunal de
origem de fazê-lo, ao descabido fundamento de ausência dos
pressupostos legais.
O recurso, portanto, pode ser examinado.
A controvérsia posta nestes autos circunscreve-se à
questão de saber se o Fisco estadual pode ou não condicionar
a liberação da mercadoria importada à comprovação, pelo
importador, do pagamento do ICMS sobre ela incidente.
Sustentaram os recorridos que a exigência contraria o
texto do art. 1º, II, do DL nº 406/68, assim redigido:

"Art. 1º. O imposto sobre operações relativas à


circulação de mercadorias tem como fato gerador:
(...)
II - a entrada em estabelecimento comercial,
industrial ou produtor, de mercadoria importada do
exterior pelo titular do estabelecimento."

Trata-se de regra consagrada pela EC-03/83 que, ao


acrescentar o § 11 ao art. 23 da Carta de 69, dispôs
enfaticamente:

"§ 11. O imposto a que se refere o item II (ICM)


incidirá, também, sobre a entrada, em estabelecimento
comercial, industrial ou produtor, de mercadoria
importada do exterior por seu titular, inclusive quando
se tratar de bens destinados a consumo ou ativo fixo do
estabelecimento."

Se não bastasse, o Supremo Tribunal Federal


emprestou ao texto interpretação literal, consolidada na
Súmula nº 577, que está assim redigida:

"Na importação de mercadorias do exterior, o fato


gerador do imposto de circulação de mercadorias
ocorre no momento de sua entrada no estabelecimento
do importador."

Entendeu o acórdão do Tribunal de Justiça que a


Constituição Federal de 1988 "dispôs de maneira diversa
sobre a incidência do imposto. Na primeira o fato gerador é a
entrada da mercadoria no estabelecimento do importador e
na segunda na entrada da mercadoria importada do exterior".
De examinar-se essa assertiva, em face do texto do
inc. IX, a, do § 2º, do art. 155, da atual Constituição, que é
deste teor:

"§ 2º. O imposto previsto no inc. II (ICMS) atenderá ao


seguinte:
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior,
ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou
ativo fixo do estabelecimento, assim como sobre serviço
prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde
estiver situado o estabelecimento destinatário da
mercadoria ou do serviço;"

Comparando-se os dois textos transcritos, verifica-se,


de logo, que a CF/88 não manteve a redação da Carta
revogada. Ao revés, afora o acréscimo fixado pela introdução
de serviços no campo de abrangência do imposto, até então
circunscrito à circulação de mercadorias, duas alterações
foram feitas pelo constituinte no texto primitivo,
consistentes, a primeira, na supressão das expressões: "à
entrada, em estabelecimento comercial, industrial ou
produtor, de mercadoria importada do exterior por seu
titular"; e, a segunda, em deixar expresso caber "o imposto
ao Estado onde estiver situado o estabelecimento destinatário
da mercadoria."
Desnecessário muito esforço interpretativo para
concluir-se que a necessidade de definição do Estado
competente para a exigência do ICMS decorreu da alteração
introduzida quanto ao elemento temporal referido ao fato
gerador do tributo, que na hipótese em tela deixou de ser o
momento da entrada da mercadoria no estabelecimento do
importador, para ser o do recebimento da mercadoria
importada.
Com efeito, no sistema anterior, em que se tinha a
obrigação tributária como surgida no momento da entrada do
estabelecimento do importador, não se fazia mister a alusão
ao Estado credor, que não poderia ser outro senão o de
situação do estabelecimento. Antecipado o elemento
temporal para o momento do recebimento da mercadoria,
vale dizer, do desembaraço, fez-se ela necessária, tendo em
vista que a entrada da mercadoria, não raro, se dá em
terminal portuário ou aéreo situado fora dos limites do
Estado de destino da mercadoria.
Consagrou a nova Carta, portanto, finalmente, a
pretensão, de há muito perseguida pelos Estados, de verem
condicionado o desembaraço da mercadoria ou do bem
importado ao recolhimento, não apenas dos tributos federais,
mas também do ICMS incidente sobre a operação.
O benefício decorrente da medida salta à vista:
reduzir praticamente a zero a sonegação, com simultânea
redução do esforço de fiscalização, sem gravame maior para
o contribuinte.
A inovação resultou na evidência de que o DL nº
406/68 era incompatível com o novo texto, no ponto em que,
disciplinando a matéria, estabelecia que "o Imposto sobre
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias tem como
fato gerador: ... II - a entrada em estabelecimento comercial,
industrial ou produtor, de mercadoria importada do Exterior
pelo titular do estabelecimento" (art. 1º, II).
Em conseqüência, legitimou-se a iniciativa, tomada
pelos Estados e pelo Distrito Federal, em conjunto com o
Ministério da Fazenda, de ditarem norma geral, de caráter
provisório, sobre a matéria, de conformidade com o art. 34, §
8º, do ADCT/88, por meio do Convênio ICM 66/88, onde, a
respeito, se estipulou, no art. 2º, I, in verbis:

"Art. 2º - Ocorre o fato gerador do imposto:


I - na entrada no estabelecimento destinatário ou no
recebimento pelo importador de mercadoria ou bem
importados do exterior".

Oferecendo duas alternativas para os elementos


espacial e temporal referidos ao fato gerador do tributo,
reservou o Convênio, às unidades federadas, às quais se
destinam as normas gerais regedoras do sistema tributário, a
escolha da que mais conveniente se mostre a cada qual, em
face das respectivas peculiaridades.
Assim, é aos Estados e ao Distrito Federal que na
forma prevista no art. 155, caput, da CF/88 e, obviamente
com observância dos limites traçados pelas referidas normas
, cabe instituir o tributo e, conseqüentemente, definir-lhe, em
definitivo, o fato gerador, com fixação do respectivo
elemento temporal.
Fê-lo o Estado do Rio de Janeiro, como visto, por
meio da Lei nº 1.423/90, mais precisamente por meio da
norma do art. 2º, V, e § 6º, onde ficou estabelecido, verbis
(fls. 57):

"Art. 2º. O fato gerador do imposto ocorre:


(...)
V - no recebimento pelo importador de mercadoria
ou bem importados do exterior.
(...)
§ 6º. O despacho aduaneiro caracteriza o
recebimento pelo importador de mercadoria ou bem
importados do exterior, na hipótese do inciso V".

Cuida-se de norma que, diante do que restou


exposto, não pode ser irrogada de inconstitucional, estando,
por outro lado, fora de dúvida que a Súmula 577, acima
transcrita, não se aplica às importações de mercadoria
realizadas a partir do advento da nova Carta da República.
Conseqüentemente, não há como increpar-se de
ilegítimo o ato impugnado neste mandado de segurança, seja,
o condicionamento do desembaraço aduaneiro das
mercadorias importadas pelos recorridos, à apresentação do
comprovante da isenção, da não-incidência, ou do
recolhimento do tributo estadual devido pela importação.
O acórdão recorrido, discordando desse
entendimento, não tem condições de subsistir.
Meu voto, pois, é no sentido de conhecer e dar
provimento ao recurso do Estado do Rio de Janeiro, para o
fim de indeferir a segurança, do modo como procedeu o
acórdão estadual e julgar prejudicado o recurso da empresa.

Assessor responsável pelo Informativo


Miguel Francisco Urbano Nagib
nagib@stf.gov.br

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