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Caro estudante, a economia, como disciplina do pensamento humano, surgiu com o objetivo
de explicar quanto será produzido e consumido de determinada mercadoria e a que preço.
Pense na padaria de seu bairro. Todos os dias, é preciso saber quanto produzir, pois se o
padeiro produzir em excesso, terá prejuízo. E se produzir menos também terá prejuízo, pois
deixará de ganhar pelos pães que deixa de vender. Assim, a padaria ajusta a produção e o
preço do pão um nível tal que não possa sobrar ou faltar pão para seus clientes. Nessa
situação, o preço do pãozinho é tal que equilibra a quantidade demandada e ofertada de pães.
Mas e se desejamos saber algo mais abrangente, por exemplo, quanto os preços das
mercadorias se elevarão no próximo mês? E qual será a produção total da economia no
próximo trimestre? O método de análise do equilíbrio parcial não será suficiente. E o equilíbrio
geral não será capaz de dar respostas rápidas a essa pergunta, pois seria necessário dizer o que
acontecerá em cada mercado individualmente (mercado de pães, de biscoitos, de bolos, ...).
Mas porquê precisamos saber sobre isso? Porquê nós e os negócios que gerimos (ou iremos
gerir no futuro) são agentes econômicos que precisam saber se os produtos e serviços que
ofereceremos serão adquiridos por outros agentes econômicos. Voltemos ao exemplo da
padaria, faz sentido aumentar a produção de pão se o desemprego na vizinhança aumenta? Ou
se é esperado que o desemprego na vizinhança aumente no futuro? Os dados
macroeconômicos oferecem instrumentos para a tomada de decisão ao nível
microeconômico!
EVOLUÇÃO DA TEORIA MACROECONÔMICA
Aqui o papo fica um pouco mais sério. A macroeconomia, como disciplina da economia,
ganhou força a partir dos anos 1930 a partir das teorias desenvolvidas pelo economista inglês
John Maynard Keynes. O grande desafio daquele tempo era desvendar as razões pelas quais o
desemprego tornara-se não mais um fenômeno transitório, mas de caráter permanente,
principalmente por conta dos efeitos da crise de 1929.
Até este momento, os dados empíricos favoreciam a tese de que os agentes econômicos
poderiam, a partir das decisões microeconômicas, permitir às economias atingir a máxima
eficiência (máxima produção e pleno emprego), desde que não sofressem quaisquer tipos de
restrições (governo). Com o produto e o emprego determinado, as questões macroeconômicas
se resolveriam muito facilmente, de modo que o foco dos economistas estava orientado para
aspectos da microeconomia.
A primeira interpretação sobre a Teoria Geral dava conta de que seriam salários rígidos os
responsáveis pelo desemprego permanente – como os salários não caem, haveria um excesso
de pessoas procurando trabalho e um permanente desequilíbrio do mercado de trabalho. Essa
interpretação foi bastante criticada, com muitos economistas advogando em prol do que seria
a verdadeira mensagem da teoria keynesiana (pós keynesianos). Essa divergência decorre de
dúvidas decorrentes da leitura da Teoria Geral. Embora não a cite formalmente (e até mesmo
admita alterações nos salários nominais), a rigidez dos salários reais acabou sendo reconhecida
como a forma pela qual Keynes teria confrontado a teoria convencional.
Uma interpretação importante da Teoria Geral foi dada por John Hicks que, em 1937, lança o
artigo “Mr. Keynes and the classics: a suggested interpretation”, que lança as bases da síntese
neoclássica ao interpretar a teoria keynesiana a partir do modelo IS/LM. Esse modo de
interpretar a Teoria Geral ficou tão famosa que as análises posteriores simplesmente passaram
a recorrer a ele ao invés da obra original.
Contudo, ao menos no curto prazo, a política fiscal poderia ter efeitos também no lado real da
economia, mesmo em pleno emprego. Se o desemprego se eleva, haveria um excesso de
oferta de trabalho que contribuiria para uma queda dos salários (e do nível de preços); Se os
preços são elevados, os salários reais (poder de compra) seriam menores e as empresas
estariam mais dispostas a contratar. Esse é o raciocínio por trás da Curva de Phillips – menos
inflação conduz a mais desemprego.
Em termos, a abordagem da Curva de Phillips expressa uma situação curiosa: a evolução de
uma variável nominal (inflação) explicando as mudanças em uma variável real (emprego).
Além disso, esse raciocínio parte do princípio de que os agentes não se importam com os
preços, apenas com seus salários, o que os conduz a uma situação de ilusão monetária. Essa
ilusão poderia ser revertida se os agentes considerarem o que acontece com os preços no
futuro. Se isso acontece, essa relação entre emprego e inflação não existe porque se a inflação
hoje é maior que no passado, os trabalhadores irão negociar salários maiores e, portanto, não
haveria elevação do emprego, apenas dos preços.
Esse modo de ver o processo de ajuste dos salários deu margem a duas interpretações. A
primeira afirma que o efeito da variação dos preços sobre o emprego perduraria durante o
tempo necessário para que o ajuste ocorresse. Assim, seria necessário manter a taxa de
inflação acelerada para elevar o emprego (aceleracionistas).
E O PANORAMA ATUAL?