Sie sind auf Seite 1von 54

GLOBALIZAÇÃO

Professor Conteudista: Me. Nicholas Magnus Deleuse Blikstad


337
B648g Blikstad, Nicholas Magnus Deleuse
Globalização / Nicholas Magnus Deleuse Blikstad. - - Registro:
UNISEPE, 2018.

142 p.

1. Economia internacional. 2. Globalização. 3. Desenvolvimento


tecnológico - globalização. I. Título.

Catalogação na fonte
Bibliotecária responsável: Fernanda Pereira de Castro - CRB-6/2175
Prof. Guilherme Bernardes Filho
Diretor Presidente
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes
Diretor Geral
Prof. Me. Eduardo Ogawa
Vice-diretor

UNISEPE – EaD
Profa. Ma. Abigail D. Lunelli Pinto
Prof. Me. Igor Gabriel Lima
Prof. Me. Jacob Elias Mancio
Profa. Ma. Silmara Quintana

Material Didático – EaD


Comissão editorial:
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz
Fernanda Pereira de Castro - CRB6-2175
Apoio:
Anderson Francisco de Oliveira
Matheus Eduardo Souza Pedroso

Projeto gráfico:
Nivaldo José Tadeu dos Santos Beirão
Luis Carlos de Souza Muniz
Revisão:
Simone de Oliveira Prates
Apresentação do Professor
Nicholas Magnus Deleuse Blikstad é doutorando em Teoria Econômica pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Além disso, possui graduação e
mestrado em Ciências Econômicas, ambos pela UNICAMP. Possui pesquisas nas
áreas de economia internacional aplicadas às finanças.
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Apresenta atividades em diferentes níveis de
aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o
seu domínio do tema estudado

HIPERLINK
Indica link (ligação)

MÍDIAS INTEGRADAS
Sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam
atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais,
ambiente AVA e outras.

SUGESTÃO DE LEITURA
Livros e artigos importantes para complementação da
matéria estudada.

SAIBA MAIS
Oferece novas informações que enriquecem o assunto ou
“curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema
estudado.

PENSE
Sugestões para você pensar e discutir com outras pessoas
seja no seu ambiente familiar, profissional ou aqui no fórum.
SUMÁRIO
UNIDADE III........................................................................................................... 7
3.1 A lógica do estabelecimento de acordos comerciais e os diferentes
níveis de integração econômica entre países ........................................ 9
3.2 Estudos de caso: a evolução histórica do processo de integração
europeu e do Mercosul ......................................................................... 16
3.3 A liderança norte-americana e as instituições multilaterais ............ 25
3.4 Os desafios futuros para o processo de globalização .................... 35
Referências Bibliográficas ................................................................................... 51
Apresentando a Disciplina
A disciplina discorrerá sobre as características do processo de
globalização, em suas quatro dimensões: econômica, política, cultural e social.
Inicialmente, serão apresentados alguns conceitos e o significado do
processo de globalização, entendido como uma tendência histórica de
intensificação das relações internacionais, que passa a se chamar globalização,
a partir da segunda metade do século XX.
Para compreender essa tendência, será realizada uma contextualização
histórica, partindo da intensificação das relações internacionais, no final do
século XVIII e início do século XIX, com a Ordem Liberal Burguesa. Destaca-se,
como uma das questões que possibilitaram o processo de intensificação das
relações internacionais e, mais atualmente, o da globalização, o
desenvolvimento tecnológico, em especial a revolução científica-tecnológica, da
segunda metade do século XX. Ainda na Unidade I, serão analisadas algumas
vantagens e desvantagens desse processo de globalização.
Na Unidade II, faremos uma análise mais aprofundada da dimensão
econômica, com o processo de globalização produtiva – com a
internacionalização da produção e a formação das cadeias globais de valor,
lideradas pelas grandes empresas transnacionais – e a globalização financeira
– com o aumento dos fluxos financeiros entre os países e das características e
formato do Sistema Monetário e Financeiro Internacional (SMFI).
Na Unidade III, focaremos em uma análise da dimensão política e
geopolítica da ordem internacional em que está inserido o processo de
globalização, com a discussão da lógica de formação de blocos econômicos, os
estudos de caso da formação da União Europeia e do Mercosul; a estruturação
da ordem internacional, sob liderança norte-americana, com as características
das principais instituições multilaterais; e, por fim, com uma análise dos desafios
futuros para o processo de globalização.
UNIDADE III
Os blocos econômicos e a geopolítica internacional
Após analisarmos o significado, a pluralidade das identidades culturais e
a contextualização histórica da globalização na Unidade I; aprendido sobre a
globalização produtiva e financeira na Unidade II, é importante discutirmos a
formação dos blocos econômicos e a geopolítica internacional.
Nesta Unidade, discutiremos a lógica do estabelecimento de acordos
comerciais e dos diferentes níveis de integração econômica entre os países;
analisaremos o processo de integração europeu e do Mercosul, aprendendo
sobre esses casos e relacionando sua evolução com os diferentes níveis de
integração; aprenderemos sobre o panorama da ordem internacional atual, em
uma perspectiva geopolítica e diplomática, com a liderança norte-americana e
as principais instituições multilaterais. Por fim, discutiremos os desafios futuros
para o processo de globalização.
3.1 A lógica do estabelecimento de acordos comerciais e os diferentes
níveis de integração econômica entre países

Para uma melhor compreensão do processo de globalização, é


importante olhar para a motivação econômica e política que impulsionam os
países na busca de uma maior integração nessa primeira dimensão. Dessa
forma, discutiremos a lógica associada ao estabelecimento dos acordos
comerciais, assim como os diferentes níveis de integração entre os países.
Entenderemos que ocorre um aprofundamento do processo de integração
econômica quando há uma tendência de queda das barreiras para o comércio
entre os países. Nesse sentido, a integração econômica buscará uma
intensificação das movimentações comerciais e dos fatores de produção entre
os países.

Fatores de produção referem-se aos recursos que são


indispensáveis e essenciais para a produção de bens. Os
principais fatores de produção são os recursos naturais (água,
petróleo, milho, soja, ferro etc.), o trabalho (mão de obra; ou
seja, os próprios trabalhadores, incluindo os serviços) e os bens
de produção (equipamentos, máquinas, instalações etc.).

Dentro dessa tendência de globalização, os acordos comerciais têm sido


essenciais para a manutenção desse processo, contribuindo para a queda das
barreiras comerciais entre os países. Além disso, os países também têm
efetivado acordos de integração econômica, passando para outras áreas que
não apenas do comércio de bens e serviços, mas também de integração
financeira e de pessoas, por meio da livre movimentação de pessoas dentro de
um bloco econômico.
Quando discutirmos essa questão da integração entre os países, é
importante sempre frisarmos que a análise da evolução histórica do capitalismo
e do aprofundamento das relações internacionais, assim como o
desenvolvimento tecnológica da sociedade, devem ser sempre lembrados para
entendermos os rumos da sociedade global em que vivemos. Deve-se
considerar, também, a tendência de globalização produtiva e financeira estudada
na Unidade II, que será importante para pensarmos sobre as motivações de
estabelecimento de acordos comerciais e da elaboração de blocos econômicos,
via integração econômica entre os países.
A tendência, das últimas décadas, de maior integração entre os países
propiciou o estabelecimento de acordos comerciais preferenciais. Nesses
acordos, os países signatários decidem aprofundar a integração econômica
entre eles ao mesmo tempo em que impõem barreiras e discriminam os países
que estão fora dessa negociação.
Em virtude das questões diplomáticas e até econômicas, a liberalização
total do comércio tem sido muito difícil – ou seja, da supressão de todas as
barreiras comerciais entre todos os países –, acarretando a existência de
acordos comerciais preferenciais, em que se liberaliza o comércio com alguns
países (signatários do acordo) ao mesmo tempo em que impõe algumas
barreiras em relação a quem está fora do acordo. Apesar de criar algumas
barreiras, no geral, a criação desses acordos comerciais preferenciais tem
contribuído para uma maior integração das economias, como o caso da União
Europeia, que será estudado em breve. Hoje em dia, são poucos os países que
não estão incluídos em, ao menos, um acordo comercial preferencial.
No que diz respeito ao aprofundamento do processo de globalização, o
estabelecimento desses acordos comerciais tem sido muito importante, porque
além de diminuir as barreiras comerciais entre os países membros, buscam
integrar os países em outros quesitos. De acordo com Thorstensen (2013), esses
acordos acabam incluindo outros quesitos, como: investimentos, concorrência,
leis trabalhistas, questão ambiental, regras de concorrência etc.
O estabelecimento de blocos econômicos é importante porque tende a
resultar em um incremento de eficiência para os países membros. De acordo
com a literatura especializada, a formação de um bloco econômico resultará em
maior bem-estar e eficiência das economias dos países membros, se analisados
os seguintes critérios:
1. Quantidade de países membros – quanto maior for o número de
países participantes, mais países estarão inseridos em um bloco no qual houve
a diminuição (e até a supressão) das barreiras comerciais e de outros quesitos,
como de bens de produção, pessoas e financeiras. Além disso, pela própria
importância geopolítica, quanto maior for o bloco, maior será seu poder, no plano
internacional. Isso ficará claro com a análise da evolução do bloco econômico da
União Europeia.
2. Concorrência internacional – quanto mais preparados os países
estiverem para enfrentar essa concorrência, maior será sua competitividade
internacional. Considerando a contextualização histórica e o desenvolvimento
tecnológico, realizados na Unidade I, sabemos que estar preparado para lidar
com um ambiente competitivo é essencial para a sobrevivência no capitalismo
marcado pelo processo de globalização.
Relacionando ainda com a discussão realizada na Unidade II, a
constituição de blocos econômicos terá um efeito positivo nas questões
debatidas da globalização produtiva e financeira, gerando maiores economias
de escala, facilitando a internacionalização das empresas para os países
membros, contribuindo para um aprofundamento das cadeias globais de valor
etc.
Feitas todas essas ponderações iniciais, podemos focar nos níveis
diferentes de integração econômica entre os países. De forma geral, os países
vão passando, ao longo do tempo, de um nível de integração econômica para o
outro, o que permite o aprofundamento das relações econômicas, políticas,
culturais e sociais. Entretanto, esse processo nem sempre será contínuo,
podendo ter alguns recuos. Atualmente, por exemplo, em razão da tendência de
saída do Reino Unido da União Europeia, existem dúvidas e preocupações em
relação à própria sobrevivência da União Europeia. Esse tema será resgatado
posteriormente.
A criação e o aprofundamento dos níveis de integração econômica não
trazem apenas benefícios relacionados à queda das barreiras entre os países. A
supressão das barreiras e a chegada em níveis de integração que exigem a
coordenação de políticas pode acarretar uma queda da soberania nacional dos
países.
Mas o que isso significa? Significa que um país que esteja inserido em um
bloco com um nível avançado de integração, muitas vezes terá que abrir mão ou
aceitar as políticas dos outros países membros. Isso, em algumas situações,
pode ser complicado para os políticos de um país, pois foram eleitos pelos
cidadãos de seu país e deveriam, portanto, responder às necessidades dessas
pessoas e não dos outros países membros.
Na literatura especializada sobre o tema de integração econômica e
constituição de blocos econômicos, esses diferentes níveis são divididos em
seis:
1. área de preferências comerciais;
2. acordos de livre-comércio;
3. união aduaneira;
4. mercado comum;
5. união monetária; e
6. união política.

Passaremos, agora, para a análise das principais características e


diferenças entre os diferentes níveis de integração econômica. É importante
lembrar, ao longo da discussão, sobre a possibilidade e a tendência de que os
blocos econômicos evoluam de um estágio para o outro, bem como ter em mente
que a criação de blocos econômicos de maior nível de integração não ocorre a
partir do nada. Ou seja, não é de um dia para o outro que os países se unem
para montar uma união monetária, por exemplo. Isso é um processo gradual que
vai evoluindo. Quando analisarmos o caso da formação da União Europeia, isso
ficará mais claro.

O que você acha?


Seria possível países diferentes iniciarem um bloco
econômico por meio de um nível de integração bem
aprofundado?
É importante uma transição e evolução gradual?

Em relação ao primeiro nível de integração econômico, o da Área de


preferências comerciais, trata-se de um nível inicial marcado pela constituição
de um bloco econômico com o objetivo de diminuir as tarifas de importação para
algumas mercadorias, entre os países membros. Isso significa que no comércio
internacional de bens, alguns produtos vão ter as tarifas de importação
reduzidas. Importante ressaltar que não é uma queda generalizada das
barreiras.
Por exemplo, vamos dizer que, no comércio entre dois países (A e B), o
B cobre, do país A, uma tarifa de 10% em cima da importação de aço. Um dia,
esses países decidem criar um acordo de preferências comerciais, reduzindo
essa tarifa de importação do aço para 5%, ou até mesmo a suprimindo,
ocasionando, então, um barateamento do aço importado, diminuindo custos,
estimulando o comércio internacional e o processo de globalização.
Nesse nível de integração, os países ainda possuem um alto grau de
soberania nacional e não necessitam abrir mão do controle de suas políticas.
Entretanto, apesar de uma integração bem superficial, a questão da criação de
um bloco econômico e da assinatura de um acordo já demonstram a intenção
dos países em buscar diminuir as barreiras entre eles, contribuindo para uma
maior integração e para a evolução do processo de globalização.
Considerando o baixo grau de integração e da manutenção de soberania
nacional por parte dos países membros, esses acordos podem incluir uma
quantidade grande de países, ainda que estejam distantes geograficamente. Um
bom exemplo para isso foi o Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC),
fundado em 1988, incluindo mais de setenta países em desenvolvimento, dentre
eles o Brasil.
Os acordos de livre-comércio constituem o segundo nível de integração
econômica por parte dos países. Ao contrário do primeiro nível de integração
(em que a redução das tarifas ocorria em apenas alguns bens), aqui ocorre uma
supressão generalizada das tarifas de mercadorias entre os países membros. O
Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), criado em 1994, com
EUA, Canadá e México é o principal exemplo de um acordo de livre-comércio.
Nesse segundo nível de integração, apesar de ainda não colaborar para
uma forte diminuição da soberania nacional, já necessita de uma maior
coordenação e proximidade entre os países membros do que no primeiro nível,
o dos acordos preferenciais.
A formação de uma união aduaneira constitui o terceiro nível de
integração econômico. Nele, além das características associadas ao livre-
comércio, é colocada uma tarifa externa comum em relação aos países externos
ao bloco. Devido à necessidade de se estabelecer uma política em comum em
relação aos países de fora do bloco, esse nível de integração requer uma maior
coordenação entre as políticas dos países membros.
Como seria essa tarifa externa em comum? Imagine que três países
resolvam criar um bloco econômico que vai se aprofundando até se transformar
em uma união aduaneira. Nesse caso, temos a existência do livre-comércio entre
esses três países, sem a existência de barreiras comerciais entre eles. Por algum
motivo, eles resolvem criar uma tarifa externa comum, de 10% para o aço
importado de países que não são membros desse bloco. Com isso, todo o aço
que fosse importado de países de fora do bloco seriam taxados em 10%. Caso
o aço fosse importado de outro país membro, não seria taxado.
Perceba que, de forma geral, o avanço nos níveis de integração
econômica provoca maior intensificação das relações entre os países,
contribuindo para a evolução do processo de globalização. Entretanto, esse
processo não se dá de forma total, existindo a inserção de algumas barreiras,
como é o caso da tarifa externa comum, presente na união aduaneira.
A formação de um mercado comum constitui o quarto nível de integração
econômica. No mercado comum, mantém-se as características existentes em
uma união aduaneira e soma-se à liberalização dos movimentos dos demais
fatores de produção (mão de obra, serviços e os fluxos financeiros). Com essa
liberalização adicional dos fatores de produção, ocorrem grandes
transformações dentro do bloco econômico.
Por um lado, aprofunda estruturalmente o nível de integração entre esses
países, passando até para uma livre movimentação de pessoas entre os países
membros. Por outro, liberalizar muitas questões, torna necessária uma maior
coordenação de políticas entre os países membros, o que pode provocar, em
algum momento de crise, a problemas na hora da tomada de decisões. Somado
a isso, também é necessária a criação de algumas instituições supranacionais,
que possuem poder decisório no nível do bloco econômico.
Apesar dos benefícios e da evolução do processo de integração e da
globalização, essa maior integração traz desafios, que se tornam mais aparentes
em momentos de crise. O maior exemplo de um mercado comum foi a
Comunidade Econômica Europeia (CEE), antes de evoluir para uma União
monetária, em 1999, cujo assunto será retomado em breve.
A diferença entre o quarto e o quinto níveis de integração – o mercado
comum e a união monetária, respectivamente –, é que nesse último, os países
membros decidem utilizar uma moeda em comum, deixando de usar suas
moedas nacionais. Dessa forma, se pensarmos sobre o que aprendemos na
Unidade II, sobre os pilares de formação de um Sistema Monetário e Financeiro
Internacional, seria como se, internamente ao bloco, a taxa de câmbio fosse fixa,
já que os países utilizam a mesma moeda.
É importante ressaltar que, apesar dos benefícios advindos da utilização
de uma mesma moeda, também existirão desafios, tais como a questão da
coordenação de políticas para um nível muito superior, sendo necessário que os
vários países concordem em questões que, muitas vezes, são difíceis de se
estabelecer um consenso.
O sexto e último nível de integração econômica ocorre com a formação
de uma união política. Ou seja, os países se integraram e se uniram a ponto de
abrirem mão de sua soberania nacional e formar um novo país. Essa
possibilidade é apenas teórica, não tendo existido casos práticos em que o
aprofundamento do nível de integração tenha acarretado a formação de um novo
país.

Você acha que é possível, em um futuro próximo, que o


aprofundamento dos níveis de integração de algum bloco
econômico chegue à união política, por meio da formação de um
novo país?
A discussão sobre os diferentes níveis de integração foi importante para
analisarmos como contribuem para o processo de intensificação das relações
internacionais, com ênfase na dimensão econômica. Nesse sentido, ao criar
grandes blocos econômicos e, a partir de um mercado comum, permitir a livre
movimentação de pessoas entre os países membros, esses blocos contribuem
para a intensificação das relações econômicas, políticas, culturais e sociais ao
redor do mundo.
Apesar de, em alguns momentos, os blocos econômicos criarem alguma
medida restritiva em relação a um país não membro, no geral, contribui para a
intensificação das relações internacionais e, portanto, do processo de
globalização.

3.2 Estudos de caso: a evolução histórica do processo de integração


europeu e do Mercosul

A análise do caso de integração europeu é um exemplo bem interessante


para vermos, na prática, como o contexto de evolução histórica do capitalismo e
da globalização, somado aos incentivos econômicos da queda das barreiras
econômicas, contribuiu para a possibilidade e avanço de uma ideia tão ambiciosa
quanto à estruturação atual da União Europeia e da zona do euro.
Atualmente, a União Europeia é formada por mais de 28 países e contém
mais de quinhentos milhões de pessoas. A criação desse bloco econômico que
também possui uma união monetária, não é uma tarefa fácil. O processo de
evolução desse bloco econômico, com início em 1951, foi seguindo os diversos
níveis de integração estudados anteriormente, atingindo, em 1999, uma união
monetária. Os países membros podem ser vistos no mapa da Figura 3.

FIGURA 3 – Mapa da Europa com os países membros da União Europeia em


azul
Fonte: Disponível em: <goo.gl/8AkcgT>. Acesso em: 04 jun. 2018.

Os países que estão na União Europeia, atualmente, são: Alemanha,


Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia,
Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia,
Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixo, Polônia, Portugal, Reino Unido,
República Tcheca, Romênia e Suécia.
Em relação à lista dos países membros, precisam ser feitas duas
observações. A primeira é de que, gradualmente, os países foram entrando no
bloco europeu, ao longo dos anos, ou seja, o bloco não se iniciou com todos
esses participantes, mas apenas com seis países, em 1951. Em segundo lugar,
colocamos aqui o Reino Unido como país membro da União Europeia, apesar
de ter realizado um referendo, em 2016, decidindo sair do bloco, pois o processo
de saída ainda não foi concluído.
Além da quantidade de países membros e do número de habitantes
inseridos no bloco, é importante ressaltar a importância econômica da União
Europeia perante o mundo. Se individualmente esses países europeus detém
um poder muito inferior – nas esferas diplomática, geopolítica e econômica – ao
dos EUA e da China, conjuntamente, possuem uma posição muito maior. Como
visto ao final da Unidade II, a moeda do bloco europeu – o euro – é a segunda
mais utilizada internacionalmente, estando atrás apenas do dólar norte-
americano. No que diz respeito à esfera econômica, a União Europeia também
acaba tendo uma importância muito grande, possuindo a terceira maior
economia do mundo, apenas atrás dos EUA e da China.
Antes de iniciarmos a análise do processo de integração europeu, é
importante destacar um ponto crucial. Assim como a evolução histórica do
capitalismo e do processo de globalização ocorreram de forma desigual,
assimétrica e com a existência de um polo hegemônico, o mesmo ocorre na
formação de um bloco econômico. Atualmente, a nação que possui maior poder
dentro do bloco e detém uma posição hegemônica inquestionável é a Alemanha.
Nem sempre os rumos de um bloco econômico estão agradando todos os
países, pois alguns perdem e outros ganham.
A gênese das motivações associadas ao processo de integração europeu
deve ser compreendida em um contexto histórico específico: final da Segunda
Guerra Mundial, em 1945.
Por um lado, os países europeus haviam sido muito afetados pelos
combates – econômica, social e politicamente –, encontrando-se, portanto, em
uma situação deplorável. Como argumenta Judt: “Na sequência da Segunda
Guerra Mundial, a perspectiva da Europa era de miséria e desolação total” (2007,
p. 27). Por outro, ao final da Segunda Guerra Mundial, enquanto os EUA
emergiam como o polo hegemônico na esfera capitalista, a União Soviética
destacou-se como a liderança na esfera comunista, com o início da Guerra Fria.
Essas duas dimensões são essenciais para a compreensão do processo de
integração europeu.
A necessidade de reconstrução dos países europeus, no contexto do
acirramento da Guerra Fria, fez com que os EUA contribuíssem com recursos
financeiros. Isso ocorreu pelo temor, por parte dos norte-americanos, que a
Europa Ocidental ficasse sob influência da União Soviética e, portanto, do
comunismo. Dessa forma, os EUA adotaram uma posição de hegemonia
benigna em relação ao continente europeu. Perceba a importância dos EUA na
formação do bloco europeu.
Com o objetivo de reativar o comércio internacional na Europa Ocidental
e garantir a manutenção da paz no continente – após duas guerras mundiais na
primeira metade do século XX –, em 1951 iniciou-se o processo de integração
europeu, com a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA).
Os países fundadores foram: Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e
Luxemburgo. O objetivo inicial do bloco era garantir o comércio de carvão e aço,
entre os países, buscando reativar o crescimento econômico.
Ao criar as condições para esse comércio entre os países, esse bloco
europeu iniciou um processo de aprofundamento das relações internacionais dos
membros. Além de reestabelecer as condições para o comércio internacional, a
criação do bloco também contribuiu para uma aproximação política dos países.
Isso foi muito importante, devido às próprias características da Segunda Guerra
Mundial, em que a França e a Alemanha haviam sido inimigas.
Essa questão da importância de aproximar, politicamente, os dois países
é ressaltado por Judt, quando discorre sobre à CECA: “um veículo político
disfarçado de mecanismo econômico, um artifício para superar a hostilidade
franco-germânica” (2007, p. 71). Ou seja, a importância da criação do bloco
europeu, já em 1951 deve ser ressaltada, já que levou à normalização das
relações entre França e Alemanha ao mesmo tempo em que criou condições
para a integração europeia. Ou seja, foi garantida a manutenção da paz no
continente.

Em 2012, a União Europeia ganhou o Nobel da Paz, por


ter contribuído para a manutenção da paz, após duas grandes
guerras no continente.
É muito importante ressaltar a importância que a
formação do bloco europeu teve no estabelecimento da paz no
continente, ao colocar a Alemanha e a França como aliadas.

Em 1957, ocorreu um aprofundamento do processo de integração


europeu, com o Tratado de Roma e a criação da Comunidade Econômica
Europeia (CEE). Nesse momento, estabeleceu-se a união aduaneira entre os
países membros, de modo a estimular o comércio regional e intensificar as
relações econômicas e políticas dentro do bloco. Note como, gradualmente, a
integração dentro do bloco vai aumentando. Como foi analisado anteriormente,
o aprofundamento do processo de integração é lento, passando pelas suas
diversas etapas. Ainda mais, com o aprofundamento da integração econômica,
vai sendo necessária, cada vez mais, uma maior integração política entre os
países membros.
As décadas de 1950 e de 1960 foram muito positivas para a Europa
Ocidental, em termos de crescimento econômico e manutenção da paz no
continente. Uma das questões muito importante para o êxito, tanto na parte
econômica quanto na parte política, foi a criação do bloco europeu. Dessa forma,
o processo de aprofundamento da integração entre os países teve um papel
essencial na prosperidade vista no continente, nessas duas décadas.
A década de 1970 foi marcado por muitas mudanças no cenário
internacional, pois foi a partir de então que ocorreu a aceleração do processo de
globalização, com uma tendência maior à liberalização do comércio – inclusive
com a formação das cadeias globais de valor – e com a liberalização dos fluxos
financeiros – com a mudança do Sistema Monetário e Financeiro Internacional,
em 1979, que passaria a ter maior mobilidade de capitais entre os países, além
de um regime de câmbio flutuante. Ou seja, surgia uma nova ordem
internacional, marcada pelo processo de globalização.
Ao longo das décadas de 1950, 1960 e 1970, ao mesmo tempo em que
ocorreu uma intensificação do processo de integração, a Alemanha surgiu como
liderança dentro do bloco. Essa questão é de extrema importância para se
compreender o processo de tomada de decisões e o papel atual da União
Europeia na diplomacia e na geopolítica internacional. Sem o consentimento da
Alemanha, nenhuma decisão é tomada, dentro da União Europeia. Dessa forma,
ao longo da década de 1970, o país se consolidou como líder do bloco.
Se na década de 1950 a Alemanha ainda estava fragilizada por ter perdido
a Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1970 e 1980 ela alcançou,
novamente, um status de potência econômica, tomando a liderança do processo
de integração europeu. Isso teve efeito para os outros países, no que diz respeito
à questão da soberania nacional. Como é preciso uma coordenação de políticas
dentro dos blocos econômicos, o país que detiver a liderança do bloco terá uma
clara vantagem, conseguindo influenciar as políticas dos países membros.
Se a formação de uma união aduaneira foi estabelecida ao final da década
de 1950, a formação de um mercado comum definiu-se por uma emenda ao
Tratado de Roma. Em 1986 foi assinado o Ato Único Europeu, estabelecendo a
criação de um mercado comum, com a livre mobilidade de serviços, capitais e
mão de obra, além das mercadorias, que já haviam sido liberalizadas. Além
disso, formou-se a União Europeia.
É importante compreender como todo esse processo de aprofundamento
da integração do bloco europeu ocorreu, simultaneamente, ao avanço do
processo de globalização. Pode-se dizer que a velocidade e a intensidade de
evolução do bloco econômico europeu foram fortemente influenciadas pela
tendência global de aprofundamento das relações internacionais. A formação do
bloco europeu está intimamente associada ao processo de globalização.
Com o sucesso do processo de integração europeu, que atingiu o nível
de um mercado comum ao final da década de 1980, iniciaram-se discussões em
relação às possibilidades de formação de uma união monetária, com os países
membros passando a adotar uma mesma moeda.
Em 1993, foi assinado o Tratado de Maastricht, estabelecendo as
condições para a criação de uma união monetária, consolidada em 1999, com a
criação da moeda única: o euro. A partir de 1999, os países que optaram pela
adoção do euro deixaram de emitir suas próprias moedas.
Em relação à adoção da moeda única – o euro –, é importante realizar
uma análise um pouco mais detalhada. Com o aprofundamento dos níveis de
integração, houve maior necessidade de coordenação das políticas. Além disso,
foi discutido que essa coordenação de políticas acarretaria a perda da soberania
nacional, razão pela qual nem todos os países da União Europeia acabaram
adotando a moeda única. Ou seja, dentro da União Europeia, ainda existem
países que adotaram o euro e outros que mantiveram suas moedas nacionais.

Dentre os 28 países membros da União Europeia, os que


não adotaram a moeda única, o euro, foram: Reino Unido,
Dinamarca, Suécia, Hungria, Polônia, República Tcheca,
Bulgária, Romênia e Croácia.
É importante ressaltar que alguns desses países podem
passar a adotar o euro no futuro, mas que isso ainda não
ocorreu.
Dessa forma, atualmente, o bloco europeu encontra-se em um nível de
integração muito elevado, com a União Europeia sendo um mercado comum, no
qual parte dos países membros estabeleceu uma união monetária.
Dentro das possibilidades analisadas anteriormente, o próximo passo
seria uma união política. Entretanto, as chances de que isso ocorra são muito
pequenas, já que os países membros teriam que abandonar, integralmente, a
soberania nacional para a formação de um novo país. Além disso, a existência
de um país líder no bloco – a Alemanha –, só aceitaria essa união política se
fosse totalmente de seu interesse. Caso fosse apenas do seu interesse, os
demais países provavelmente não aceitariam.
Apesar da tendência de globalização e de intensificação das relações
internacionais entre os países, o estabelecimento e a manutenção da existência
de blocos econômicos é muito difícil, o que se percebe, atualmente, com a
própria União Europeia.
Em 2016, o Reino Unido realizou um plebiscito em que ficou decidido que
o país se retiraria do bloco europeu. O processo de saída ainda está em
transição, mas essa atitude mostra uma tendência preocupante, em que os
países passam a duvidar dos benefícios advindos da integração, já que devem
coordenar suas políticas e perder algum grau de soberania. Devido à existência
de países muito diferentes dentro de um mesmo bloco econômico, qualquer
instabilidade (em qualquer uma das dimensões da globalização) pode provocar
a retração desse processo, com os países buscando soluções nacionais.
Outro processo de integração econômica entre países que será
brevemente discutido é a formação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em
1991, com a assinatura do Tratado de Assunção pela Argentina, Brasil, Uruguai
e Paraguai.
Conforme discutido sobre os diversos níveis de integração e as
motivações associadas a esse processo, o Mercosul foi criado com o intuito de
estreitar as relações econômicas dos países membros, estimulando o comércio
internacional dentro do bloco e tornando essas economias mais competitivas no
plano internacional.
A formação do Mercosul segue a tendência internacional, estimulada pelo
processo de globalização, de formação de novos blocos econômicos. Entretanto,
o bloco ainda não conseguiu o mesmo sucesso que o bloco europeu, estudado
previamente. A existência de divergências políticas e econômicas entre os
países membros tem feito com que o processo de integração regional ocorra
muito lentamente, havendo até retrocessos em alguns períodos.
Na questão econômica, a distância entre os países e a baixa inserção do
continente latino-americano nas cadeias globais de valor têm reduzido os
ganhos da maior proximidade econômica entre os países membros do Mercosul.
Ao contrário do bloco europeu, o Mercosul não vem conseguindo êxito no
processo de integração econômica.
Em relação à dimensão política, a falta de coordenação de políticas entre
os países membros tem contribuído para que esse processo de integração não
tenha avanços consideráveis.
Nesse item, discutimos o projeto de integração europeu e o Mercosul. O
projeto de integração europeu é um projeto extremamente ambicioso que tem
evoluído – algumas vezes mais rápido, outras mais devagar – desde 1951, logo
após a Segunda Guerra Mundial. As condições do continente após o conflito
militar, conjuntamente com a posição norte-americana, propiciaram ao
continente as condições de se iniciar o projeto de integração. Este projeto foi
evoluindo a ponto de se estabelecer, a partir de 1999, uma união monetária, por
parte de alguns países membros.
Além da importância de se analisar o projeto de integração europeu, por
si, a discussão também foi importante para analisarmos um caso real. Com isso,
foi possível relacionar os diversos níveis de integração a uma análise prática, do
processo de evolução da intensificação e aprofundamento do bloco. Entretanto,
também há desafios para a continuação desse bloco, que serão analisados
posteriormente.
A crise da zona do euro, em 2010, foi um momento de
forte instabilidade do bloco da moeda única. A crise atingiu
principalmente os países da periferia da zona do euro: Portugal,
Irlanda, Grécia, Itália e Espanha.
A possibilidade de que algum desses países
abandonasse a moeda única criou uma forte instabilidade,
inclusive com preocupações em relação ao próprio fim da zona
do euro.
3.3 A liderança norte-americana e as instituições multilaterais

Discutiremos, agora, um panorama geral do ambiente geopolítico e


diplomático associado ao processo de globalização. Para entendermos a
tendência do processo de globalização em sua totalidade, ou seja, considerando
todas as dimensões (econômica, política, cultural e social), é importante
compreender a estruturação da dinâmica geopolítica e da influência do polo
hegemônico para esse processo.
A ordem internacional que emergiu da Segunda Guerra Mundial, após
1945, foi marcada pela polarização do mundo em uma esfera capitalista, sob
liderança norte-americana, e uma esfera comunista, sob liderança da União
Soviética. Essa estruturação se manteve até 1989, com a derrocada da União
Soviética. Desde então, os EUA assumiram a homogeneidade no mundo, não
mais dividido em duas esferas de influência. Mas, como será visto à frente, o
próprio processo de definição do país líder evolui indefinidamente, trazendo
novos desafios para os países.
A análise a ser realizada focará na construção do mundo do Pós Segunda
Guerra Mundial, com destaque nas consequências das ações americanas. Por
que é importante estudar isso? A importância desse estudo da estruturação da
ordem internacional, sob liderança norte-americana, é de que ela foi essencial
para moldar as características e as possibilidades de evolução do processo de
globalização. Como vimos anteriormente, a própria formação da União Europeia
só foi possível, inicialmente, devido aos incentivos norte-americanos para a
formação desse bloco.
No gráfico 3, é possível analisar a participação da economia norte-
americana em relação à economia mundial, entre 1980 e 2015. Vale ressaltar
que, entre 1945 e 1980, a participação da economia dos EUA na economia
mundial foi superior à mostrada no gráfico.
GRÁFICO 3 – Participação da economia dos Estados Unidos na economia
mundial (1980 – 2015) – em % do total

Fonte: elaboração
própria.

Constata-se, pela análise do gráfico, a posição privilegiada da economia


americana. Em todos esses anos, os EUA foram responsáveis por mais de 20%
da criação de riqueza, no mundo. É de se esperar que um país como esse
detenha uma posição hierárquica muito alta na ordem internacional. Isso é
importante para compreender que, tanto a possibilidade de avanço do processo
de globalização quanto à forma com que isso ocorre, estão intimamente
associadas às políticas norte-americanas.
Um dos pilares importantes para se discutir a ordem internacional, que
ainda não foi analisado, é o da existência de instituições multilaterais, criadas
principalmente na segunda metade do século XX. A existência dessas
instituições multilaterais é importante para lidar com questões diplomáticas
internacionais relacionadas às mais diversas áreas, como comércio,
alimentação, clima, conflitos armados, financiamentos, saúde, trabalho etc.
Essas instituições, apesar dos problemas existentes na tomada de decisões,
foram essenciais para o avanço do processo de globalização como ocorrido nas
últimas décadas. Entre as principais instituições multilaterais, que foram criadas
na ordem internacional sob liderança norte-americana, estão:
1. Fundo Monetário Internacional (FMI);
2. Banco Mundial (BM);
3. Organização das Nações Unidas (ONU):
4. Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e
a Cultura (UNESCO);
5. Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação (FAO)¹;
6. Organização Mundial do Comércio (OMC):
7. Organização Mundial da Saúde (OMS); e
8. Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

¹Sigla: Food and Agriculture Organization of the United Nation.

É importante entendermos a distinção entre uma


instituição multilateral e uma instituição supranacional.
A primeira é definida como uma instituição criada por
acordos de diversos países, que buscam criar uma instituição
internacional com o objetivo de lidar com um tema ou uma
área específica. A segunda é uma instituição criada dentro de
blocos econômicos, que esteja em um nível acima dos
governos nacionais.
O Fundo Monetário Internacional é uma instituição
multilateral, enquanto o Banco Central Europeu (banco central
da zona do euro) é uma instituição supranacional.

Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma instituição multilateral que foi


criada em 1944, conferência de Bretton Woods – em New Hampshire, EUA –,
logo após o final da Segunda Guerra Mundial. A sede do FMI fica em Washington
DC, nos EUA. Note a influência que os EUA possuem sobre essa instituição,
com sua sede estando na capital do país. Atualmente, possui 188 membros.
Para aprender sobre o que foi a conferência de Bretton
Woods:
VILLELA, Gustavo. Conferência de Bretton Woods
decidiu rumos do pós-guerra e criou FMI. 2014. GLOBO.

Disponível em: <https://goo.gl/fyKCTg>. Acesso em: 15 maio 2018.

O FMI se descreve como:

[...] uma organização de 189 países, trabalhando para promover


a cooperação monetária global, assegurar a estabilidade
financeira, facilitar as trocas internacionais, promover o
emprego, o crescimento econômico sustentável e reduzir a
pobreza ao redor do mundo (tradução própria)¹.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/c8LHsn>. Acesso em: 04 jun. 2018.

Mas de que forma o FMI trabalha lidar com essas questões? De acordo
com a própria instituição, são realizados monitoramento do sistema monetário
internacional, empréstimos aos países membros que estão com problemas e
capacitação de pessoas para lidar com os problemas econômicos. Em especial,
essa função de realizar empréstimos aos países membros que estão com
problemas econômicos foi muito utilizada pelos países latino-americanos –
incluindo o Brasil – ao longo das décadas de 1980 e 1990. Mesmo hoje em dia,
a tomada desses empréstimos ainda é possível. Veja o caso da Argentina, que
está incorrendo em problemas econômicos e pedindo empréstimo ao FMI. Vale
ressaltar que esses empréstimos são realizados mediante a existência de uma
contrapartida dos países tomadores do empréstimo que, de forma geral, é a
necessidade de seguir as recomendações do FMI em relação à política
econômica a ser adotada.
Para entender melhor a crise na Argentina: Em crise
cambial, Argentina decide pedir ajuda ao FMI.

Disponível em: <https://goo.gl/UynntW>. Acesso em: 15 maio 2018.

O Banco Mundial (BM) é uma instituição financeira internacional que,


assim como o FMI, foi criada ao longo da conferência de Bretton Woods, em
1944. Atualmente, conta com 186 países membros e sua sede se encontra em
Washington DC, EUA. O objetivo do Banco Mundial é o de realizar empréstimo
para países em desenvolvimento. De acordo com o próprio BM, sua missão é:

Erradicar a extrema pobreza, ao reduzir a parcela da população


global que vive em extrema pobreza para 3%, em 2030, para
promover a prosperidade conjunta, ao aumentar os rendimentos
dos 40% mais pobres de cada país¹.

¹Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/rLCRbX>. Acesso em: 04 jun.


2018.

É importante ressaltar que, apesar de o Banco Mundial afirmar que essa


é sua missão, desde sua criação, tem sofrido várias críticas em relação à forma
como busca alcançar seus objetivos.
As críticas se direcionam à incapacidade ou à falta de avanços em relação
à busca dos objetivos. Como discutido aqui, essas instituições, apesar de serem
multilaterais e formadas por inúmeros membros, acabam formando uma
estrutura que dá mais poder de decisão para os EUA. Todos os presidentes do
BM foram norte-americanos, mostrando bem o poder desse país em relação às
decisões do banco. Novamente, destaca-se o papel dos EUA na dinâmica da
economia internacional e do processo de globalização.
A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, logo após
o final da Segunda Guerra Mundial, substituindo a antiga Liga das Nações,
visando manter a paz mundial. Atualmente, a ONU possui 193 países membros
e sua sede encontra-se em Nova York, EUA. Os objetivos da ONU estão
relacionados à manutenção da paz, da segurança mundial e da busca de
alcançar os direitos humanos.
O órgão responsável pela paz e pela segurança internacional é o
Conselho de Segurança. É o único órgão da ONU com poder de tomar decisões,
com todos os membros devendo cumprir suas determinações. Ele é composto
por quinze membros, sendo cinco assentos permanentes e dez membros não-
permanentes, eleitos a cada dois anos. Os cinco integrantes permanentes são:
EUA, Rússia, Reino Unido, França e China. Uma questão importante em relação
a esses integrantes permanentes é que eles possuem direito a veto sobre
qualquer votação. Ou seja, se um desses países não quiser a aprovação de
determinada resolução, basta exercer seu poder de veto.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), por sua vez, é uma agência das Nações Unidas que lida
mais especificamente com as áreas que se encontram no próprio nome da
instituição, contribuindo para a globalização nessas próprias dimensões. A
UNESCO foi fundada em 1946, possui sede em Paris, na França. Atualmente,
conta com 195 países membros.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO) é uma instituição multilateral que busca combater a fome mundial e
estabelecer a segurança alimentar para todo o mundo, garantindo acesso à
comida de boa qualidade para as pessoas, proporcionando uma vida ativa e
saudável. Atualmente, possui 194 países membros. A FAO foi fundada em 1945
e possui sede em Roma, na Itália.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criada em 1995, mas suas
origens estão na assinatura do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT),
em 1947. O GATT foi responsável por coordenar as regras do comércio
internacional entre 1948 e 1994, buscando o avanço do livre-comércio. Perceba
como isso tem contribuído para o processo de globalização. Os objetivos da
OMC estão relacionados ao comércio internacional, sendo responsável por
supervisioná-lo, gerenciar acordos e organizar reuniões de discussão. Destaca-
se uma função muito importante, que é a de buscar a superação de problemas
comerciais entre países. Atualmente, a OMC possui 156 países membros e sua
sede se encontra em Genebra, Suíça.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi fundada em 1948 e é uma
instituição subordinada à ONU. Seus objetivos são referentes à busca de
melhoria da saúde da população mundial, por meio da criação e coordenação de
projetos para tentar mitigar o avanço de doenças ao redor do mundo. Além disso,
financia programas que buscam prevenir doenças. A sede da OMS encontra-se
em Genebra, Suíça, e, atualmente, conta com 193 países membros.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma organização
militar fundada em 1949, no contexto da Guerra Fria. No momento de sua
criação, seu objetivo era o de criar uma organização para se contrapor à
organização militar – o Pacto de Varsóvia – liderada pela União Soviética. Essa
organização foi responsável por inúmeras intervenções militares, como na
Bósnia, na década de 1990; em Kosovo, em 1999; no Iraque, em 2004, entre
outras. A mais recente atuação da OTAN foi o ataque à Síria, em 2018.
Atualmente, é composto por 29 países e sua sede está em Bruxelas, na Bélgica.
Apesar de a sede ser na Bélgica, é inegável a liderança dos EUA na OTAN, em
razão de sua superioridade de poder bélico.
Um resumo das características de cada instituição multilateral pode ser
verificado na Tabela 4.
TABELA 4 – Principais características das Instituições multilaterais selecionadas
Ano de Países
Instituição Sede Objetivos
fundação membros
Promover a
cooperação monetária
global, assegurar a
Fundo
estabilidade financeira,
Monetário Washington
1944 188 promover o emprego, o
Internacional DC, EUA.
crescimento
(FMI)
econômico sustentável
e reduzir a pobreza ao
redor do mundo.
Erradicar a extrema
pobreza, ao reduzir a
parcela da população
global que vive nessa
situação para 3%, em
Banco Washington 2030. Além disso,
1944 186
Mundial (BM) DC, EUA. promover a
prosperidade conjunta,
ao aumentar os
rendimentos dos 40%
mais pobres de cada
país.
Manutenção da paz,
Organização
Nova York, segurança mundial e
das Nações 1945 193
EUA. alcançar os direitos
Unidas (ONU)
humanos.
Organização
Buscar desenvolver as
das Nações
Paris, páreas de educação,
Unidas para a 1946 195
França. ciência e cultura ao
Educação, a
redor do mundo.
Ciência e a
Ano de Países
Instituição Sede Objetivos
fundação membros
Cultura
(UNESCO)
Buscar a segurança
Organização alimentar para o
das Nações mundo, garantindo
Unidas para a Roma, acesso à comida de
1945 194
Agricultura e Itália. boa qualidade para as
Alimentação pessoas,
(FAO) possibilitando uma
vida ativa e saudável.
Responsável por
supervisionar o
comércio
internacional,
Organização
gerenciar acordos e
Mundial do Genebra,
1995 156 organizar reuniões de
Comércio Suíça.
discussão. Além disso,
(OMC)
busca ajudar na
superação de
problemas comerciais
entre países.
Responsável por
buscar melhoria da
saúde da população
Organização
Genebra, mundial, criando e
Mundial da 1948 193
Suíça. coordenando projetos
Saúde (OMS)
para mitigar o avanço
de doenças ao redor
do mundo.
Organização Bruxelas, Organização militar
1949 29
do Tratado do Bélgica. que, inicialmente
Ano de Países
Instituição Sede Objetivos
fundação membros
Atlântico buscava criar uma
Norte (OTAN) contraposição ao
Pacto de Varsóvia.
Atualmente, realiza
algumas intervenções
militares.
Fonte: elaboração própria.

Na discussão realizada anteriormente, sobre a liderança norte-americana


e as principais características de algumas instituições multilaterais mais
importantes, constata-se a complementaridade em relação ao contexto histórico
do avanço do capitalismo e do próprio processo de globalização. Percebe-se a
liderança norte-americana e sua influência na formação de toda uma
estruturação de instituições multilaterais com o objetivo de criar uma ordem
internacional. Essas instituições possuem duas características interessantes de
enfatizar:
1. a maioria dessas instituições foi criada logo após a Segunda
Guerra Mundial, ainda na década de 1940. A exceção vai para a OMC,
criada em 1995. Entretanto, como já discutido, ela substituiu o GATT,
criado em 1947;
2. as sedes dessas instituições multilaterais se encontram ou nos
EUA ou em países da Europa Ocidental, o que demonstra o caráter
assimétrico do processo de globalização financeira, com esses países
detendo um controle maior sobre os rumos desse processo.

Conclui-se que grande parte da atual ordem internacional, que contribuiu


para criar as condições do processo de globalização, foi elaborada por
acontecimentos logo após a Segunda Guerra Mundial. É de se imaginar que isso
acarrete alguns desafios para o futuro do processo de globalização, relacionados
à estruturação da ordem internacional.
3.4 Os desafios futuros para o processo de globalização
Realizada toda a análise do processo de globalização, em suas quatro
dimensões – econômica, política, cultural e social –, torna-se importante
debatermos sobre os desafios futuros para o processo de globalização. Vimos
que o processo de globalização se iniciou na segunda metade do século XX,
marcado por uma aceleração do aprofundamento das relações internacionais
nessas quatro dimensões. Tanto o contexto histórico de evolução do próprio
capitalismo e da intensificação das relações internacionais – desde a Revolução
Industrial do final do século XVIII e início do século XIX – quanto o
desenvolvimento tecnológico foram essenciais para possibilitar o processo de
globalização.
Entretanto, a evolução desse processo de globalização ocorreu de forma
desigual, assimétrica e com a existência de um polo hegemônico que contribuiu
fortemente para a estruturação da ordem internacional atual que, por sua vez, é
essencial para possibilitar as formas com que tem ocorrido o processo de
globalização. Somado a isso, também foram discutidas as vantagens e
desvantagens do processo de globalização.
Com base na discussão realizada sobre a forma de estruturação do
processo de globalização, analisaremos os desafios futuros para esse,
relacionados, principalmente, às três dimensões do processo de globalização:
econômica, política e social, considerando que elas não existem isoladamente e
os desdobramentos em uma delas influenciará as demais.
Os principais desafios futuros para o processo de globalização são:
1. a ascensão chinesa e a necessidade de mudança, mesmo que
gradual, na ordem internacional criada após a Segunda Guerra
Mundial; ainda que os Estados Unidos não percam o status
hegemônico, a ascensão chinesa requer algumas mudanças na
ordem internacional;
2. a própria dinâmica da política doméstica norte-americana e os
efeitos que nas relações internacionais;
3. o processo de saída do Reino Unido da União Europeia;
4. a recorrência das crises econômicas e financeiras, mesmo nos
países desenvolvidos, e como isso tem iniciado movimentos
antiglobalização ao redor do mundo;
5. o avanço das desigualdades sociais, tanto internamente aos países
quanto entre os próprios países. Nos últimos anos, o capitalismo tem
assistido a um forte aumento da concentração de renda;
6. o processo de degradação ambiental tem provocado grandes
problemas climáticos que afetam o mundo inteiro; da forma como
evolui a questão da degradação ambiental, os países têm que
trabalhar de forma conjunta, e não isoladamente;
7. a questão imigratória, que tem se acentuado nos últimos anos, com
destaque, atualmente, para o movimento de pessoas do norte
africano para a Europa.

Antes de discutir cada um desses desafios, individualmente, é importante


ter em mente que eles não ocorrem de forma isolada e desconectada um do
outro, mas se influenciam mutuamente.
No que diz respeito à ascensão da economia chinesa, De Conti e Blikstad
destacam o aumento da importância da China no plano internacional:

Nenhuma discussão rigorosa sobre a dinâmica da economia


mundial pode hoje negligenciar a importância da China. Outrora
restrita aos aspectos relativos ao comércio internacional, essa
importância perpassa hoje os temas das finanças, da tecnologia,
da moeda, do poder bélico e mesmo da cultura. Basta dizer que
a economia chinesa é atualmente a segunda maior do mundo,
seu crescimento é há anos um dos principais motores da
economia global, sua moeda é aquela cuja participação no
Sistema Monetário Internacional cresce de forma mais
acelerada, além de outras constatações abundantemente
destacadas pelas análises acadêmicas e pela grande mídia
(CONTI; BLIKSTAD, 2017, p. 1).

Somado a essa discussão do aumento da importância da China no plano


internacional, no Gráfico 4 é possível verificar, entre 1980 e 2015, o rápido
aumento da participação da economia chinesa na economia mundial. Destaca-
se, ainda, esse aumento a partir da década de 1990. Se em 1990 a economia
chinesa tinha uma participação inferior a 2% da economia mundial, em 2015
essa cifra já superou os 15%. Como analisado na discussão sobre as cadeias
globais de valor, a China possui uma importância gigantesca na produção final
de bens de todo o mundo. O aumento da importância da China tem ocorrido de
forma muito rápida, bem como seu maior papel na diplomacia e nas relações
internacionais.

GRÁFICO 4 – Participação da economia da China na economia mundial (1980


– 2015) – em % do total

Fonte: Elaboração própria.

Uma das formas como isso tem se evidenciado, desde o início do século
XXI, é por meio de discussões em relação à forma de organização de algumas
instituições multilaterais já existentes e até mesmo da criação de outras
instituições. Em relação ao FMI, em 2010, países emergentes, entre eles a
China, aumentaram sua influência dentro do grupo. Em 2015, Os BRICS
(conjunto de países formados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
anunciaram a criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS, com sede em
Xangai, na China, como uma possível alternativa ao Banco Mundial e ao FMI.
Essa ascensão chinesa pode ter grandes consequências e mudanças na
ordem internacional estabelecida, inclusive com reflexos no processo de
globalização, podendo acarretar uma mudança de sua natureza ou até a uma
retração desse processo.
Isso fica bem claro quando analisamos a dinâmica recente da política
norte-americana, com a eleição de Donald Trump, em 2016, para assumir a
presidência dos EUA. Trump tem voltado seus discursos a questões contra a
imigração, principalmente de mexicanos; intenção de iniciar uma guerra
comercial com a China e posição altamente nacionalista e voltada para seu
próprio país, como mostrou no slogan de campanha “make America great again”
(faça os Estados Unidos grande novamente).
No início de 2018, os EUA anunciaram uma tarifa de importação em
relação ao aço chinês, estabelecendo uma barreira comercial e indo na
contramão do processo de globalização. Por sua vez, a China já ameaçou a
retaliação, criando restrições para importações chinesas advindas dos EUA.
Essas ações podem se desenrolar e se desenvolver de uma forma bem negativa
para o processo de globalização, inclusive com a inclusão de outros países
nessa disputa comercial.

DEUTSCHE WELLE. Trump começou mesmo uma guerra


comercial com a China? 2018.

Disponível em: <https://goo.gl/rJbzNP>. Acesso em: 16 maio 2018.

O referendo realizado, em 2016, no Reino Unido, em relação à


permanência ou não do país na União Europeia, foi outro duro golpe para os
defensores do avanço do processo de globalização e da intensificação das
relações internacionais. Apesar de as pesquisas darem como certo a
permanência do país no bloco europeu, o resultado das urnas evidenciou uma
outra realidade: 51,9% votaram a favor da saída. Esse processo ainda está em
transição, com realização de negociações sobre a forma como ocorrerá.
A saída do Reino Unido da União Europeia é problemática por duas
razões: 1) perda de um importante membro de um bloco econômico tão
ambicioso e que tem logrado sucesso em sua construção e 2) tendência que
essa ação britânica significa e de como ela pode influenciar outros movimentos.
A decisão de saída da Reino Unido da União Europeia evidencia o
descontentamento de parte da população do país com o aprofundamento das
relações econômicas e políticas com o restante do continente europeu. É preciso
ter cautela para saber como se desenrolará essa tendência e de como afetará
as decisões de outros países, tanto dentro quanto fora da União Europeia. Isto
é, se os países vão querer continuar participando de seus respectivos blocos ou
se iniciará uma tendência de retração da formação desses blocos.
A recorrência de crises econômicas e financeiras nos últimos anos
contribuem para gerar uma insatisfação de determinada parcela da população
de um país em relação às consequências do processo de globalização. A
imposição de barreiras comerciais, eleições de candidatos com discursos
antiglobalização, fechamento das fronteiras contra imigrantes são fortemente
afetadas pelas consequências das crises econômicas e financeiras.
Quando a economia de um país está crescendo e há geração de emprego
e renda, as insatisfações e os atritos da sociedade tendem a diminuir, mas essas
questões não desaparecem. Durante o período de crescimento econômico é
possível uma tendência de aumento das relações econômicas e políticas
internacionais sem maiores questionamentos. O problema se torna evidente
quando ocorrem as crises, com forte aumento da taxa de desemprego e queda
da renda. Nesse momento, as pessoas buscam achar culpados e, na maioria
das vezes, uma parcela dos problemas e dos culpados se encontra no restante
do mundo.
Analisando a história da primeira metade do século XX, com a ocorrência
de duas guerras mundiais e de uma crise econômica com consequências
catastróficas para o mundo, como foi a crise de 1929, é possível verificar casos
de países que se retraíram das relações políticas e econômicas internacionais
para buscar sanar os problemas causados por essa crise. Um dos casos mais
emblemáticos foi o da ascensão do nazismo, na Alemanha, ao longo da década
de 1930.

A crise econômica de 1929, iniciada nos EUA e que se


espalhou rapidamente pelo mundo todo, teve um tremendo
impacto negativo na economia alemã.
Em pouco tempo, a recessão atingiu níveis inaceitáveis
e a taxa de desemprego chegou a bater 40%. Isso possibilitou
a emergência de Hitler e do nazismo, a partir de 1933, com
Considerando o processo atual de globalização produtiva e financeira,
outro problema em relação às crises econômicas e financeiras é que se
espalham rapidamente ao redor do mundo, como foi o caso das crises norte-
americana, em 2008, e a europeia, em 2010. Essa estruturação faz com que
parcelas da população de alguns países busquem ações para diminuir a
influência que a economia mundial tem em sua nação, resultando em uma
tendência antiglobalização.
O aumento das desigualdades sociais, tanto internas ao país como entre
os próprios países, elevam o número de pessoas descontentes com a atual
estruturação da ordem internacional e da forma com que tem avançado o
processo de globalização. Destaca-se a aceleração do aumento das
desigualdades sociais, em que as dimensões produtivas e financeiras são
essenciais para a compreensão dessa estruturação. Como visto, a globalização
é um processo desigual e assimétrico, em que alguns grupos e países tem se
beneficiado mais que outros. Essa dinâmica gera insatisfação de alguns grupos
que estão, se organizando em movimentos antiglobalização.
Um movimento antiglobalização que ficou bem famoso
nos últimos anos, esteve associado a uma insatisfação
relacionada ao aumento das desigualdades sociais e dos efeitos
da crise econômica dos EUA, em 2008.
Esse movimento surgiu em 2011 e se autodenominava
Ocupe Wall Street (Occupy Wall Street, em inglês).

A degradação ambiental é um grande desafio para o processo de


globalização e para a própria sobrevivência do sistema capitalista. Com o
desenvolvimento tecnológico dos últimos dois séculos, desde a Revolução
Industrial, surgiram tecnologias que aumentam a poluição ao redor do mundo.
Os combustíveis fósseis, por exemplo, são vistos como um dos grandes
responsáveis pelo efeito estufa e pelo aquecimento global.
Por um lado, o desenvolvimento tecnológico possibilitou a transformação
estrutural na sociedade, com a substituição do trabalho humano por máquinas e
com as tecnologias de informação que resultaram em uma desterritorialização
das relações sociais. Isso melhorou muito as condições de vida das pessoas e
intensificou as relações internacionais. Por outro lado, o aumento da exploração
de recursos naturais e a emissão de gases nocivos na atmosfera aumentaram a
degradação ambiental e o aquecimento global.
De que forma esse processo pode se tornar um desafio à globalização?
O aquecimento global provoca distúrbios climáticos que tem afetado
severamente algumas regiões e países do mundo, intensificando os problemas
econômicos, políticos e sociais. As consequências reais do aquecimento global
e das variações climáticas ainda são pouco conhecidas pela sociedade, mas é
possível que isso se torne um sério problema em um futuro próximo.
Para lidar com esses problemas, é necessário que, internamente aos
países, exista uma integração entre os diversos setores da sociedade, com os
governos, as empresas privadas e a sociedade civil buscando soluções para
sanar as dificuldades relacionadas ao meio ambiente. Em relação aos países, é
importante que eles se organizem de forma a criar métricas, indicadores e metas
visando à luta contra a degradação do meio ambiente. Um importante passo para
esse movimento foi o Acordo de Paris, em 2015, entretanto, com a eleição de
Donald Trump, em 2016, os EUA se retiraram desse acordo, que tem como
objetivo reduzir a emissão de gases nocivos na atmosfera. Em razão da posição
hegemônica e seu poder econômico, é de se imaginar que um acordo sobre o
clima, sem a presença norte-americana, não tenha muito sucesso em lidar com
esses problemas.

GLOBO. Trump anuncia saída dos EUA do Acordo de


Paris sobre mudanças climáticas.

Disponível em: <https://goo.gl/N2xog5>. Acesso em: 16 maio 2018.

A retração da imigração internacional e o aumento dos países que estão


criando barreiras à imigração de pessoas também são sintomas dos desafios
que permeiam o processo de globalização, em sua dimensão social. Nos últimos
anos, os problemas políticos e os confrontos militares no norte da África
provocaram uma mobilização enorme de pessoas para outros países e regiões.
Os efeitos desses movimentos na Europa, principalmente, aumentaram as
intenções de votos de partidos nacionalistas e de fechamento das fronteiras
nacionais. Vale ressaltar que esse problema é bem complexo e um grande
desafio para o processo de globalização e para a sociedade humana como um
todo.
Resumo da Unidade III

Nesta unidade, discutimos os blocos econômicos e a geopolítica


internacional, aprofundando nossos conhecimentos sobre os diferentes níveis de
integração, com dois exemplos práticos, a ordem internacional que foi formada
após a 2ª Guerra Mundial, com a liderança norte-americana e as instituições
multilaterais e, por fim, vimos alguns desafios futuros para o processo de
globalização.
Aprendemos sobre a lógica do estabelecimento de acordos comerciais e
sobre os diferentes níveis de integração econômica entre os países. O
estabelecimento de blocos econômicos tem sido essencial para a queda das
barreiras comerciais entre os países. Além disso, os países também têm
efetivado acordos de integração econômica, passando para outras áreas que
não apenas do comércio de bens e serviços, mas também de integração
financeira e de pessoas.
Vimos que, nas últimas décadas, têm sido estabelecidos acordos
comerciais preferenciais, aprofundando as relações comerciais entre os países
membros, ao mesmo tempo que se impõem barreiras e discriminam os países
que estão fora da negociação. No geral, esses acordos contribuem para o
processo de globalização. Um bloco econômico terá maior bem-estar e eficiência
das economias quanto maior for a quantidade de países membros e quanto mais
preparados esses países estiverem para enfrentar a concorrência internacional.
Apesar dos benefícios, um país que aderir a um bloco econômico, dependendo
do nível de integração, terá que coordenar suas políticas, o que poderá acarretar
a queda da soberania nacional. Diferentes níveis são divididos em seis principais
formas: 1) área de preferências comerciais; 2) acordos de livre-comércio; 3)
união aduaneira; 4) mercado comum; 5) união monetária; e 6) união política.
Analisamos a evolução histórico do processo de integração europeu e do
Mercosul, com o primeiro sendo muito mais ambicioso que o segundo. Para a
discussão do processo de integração europeu, foi importante voltarmos até a
conjuntura internacional do final da 2ª Guerra Mundial, com as dificuldades dos
países europeus e o papel de hegemonia benigna norte-americano. O processo
foi evoluindo desde 1951, com a criação da Comunidade do Carvão e do Aço
(CECA), passando pelo Tratado de Roma, em 1957, pela assinatura do Ato
Único Europeu, em 1986, e com a constituição de uma união monetária por parte
do bloco, em 1999. Foi importante analisar como o avanço é gradual, passando
por benefícios e desafios ao longo do processo, além da emergência da
Alemanha como país líder desse bloco.
Considerando a necessidade de coordenação de políticas e, portanto, de
uma perda de parte da soberania nacional, alguns países da União Europeia
decidiram não aderir à união monetária. Já em relação ao Mercosul, foi
constituído em 1991, com o Tratado de Assunção, incluindo Argentina, Brasil,
Uruguai e Paraguai, com o intuito de estimular o comércio regional entre esses
países, tornando essas economias mais competitivas, no plano internacional.
Entretanto, problemas políticos e econômicos desaceleram o avanço, havendo
retrocesso em alguns momentos.
Discutimos a liderança norte-americana e as instituições multilaterais.
Aprendemos que a ordem internacional atual – e o próprio processo de
globalização – é marcada pela posição hegemônica dos EUA, além da existência
de instituições multilaterais que organizam as relações internacionais, em suas
diversas dimensões, como: política, econômica, saúde, militar, alimentar etc. As
instituições multilaterais analisadas foram: 1) Fundo Monetário Internacional
(FMI); 2) Banco Mundial (BM); 3) Organização das Nações Unidas (ONU); 4)
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO); 5) Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO); 6) Organização Mundial do Comércio (OMC); 7) Organização Mundial da
Saúde (OMS); e 8) Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Vimos
que essas instituições multilaterais foram criadas logo após a 2ª Guerra Mundial,
além de possuírem sede nos EUA ou em algum país da Europa Ocidental.
Discutimos os desafios futuros para o processo de globalização: 1) a
ascensão chinesa e a necessidade de uma mudança, mesmo que gradual, na
ordem internacional criada após a Segunda Guerra Mundial; 2) a própria
dinâmica da política doméstica norte-americana e os efeitos que têm nas
relações internacionais; 3) o processo de saída do Reino Unido da União
Europeia; 4) a recorrência das crises econômicas e financeiras; 5) o avanço das
desigualdades sociais, tanto internamente aos países quanto entre os próprios
países; 6) o processo de degradação ambiental; e 7) a questão imigratória, que
tem se acentuado nos últimos anos, com destaque, atualmente, para o
movimento de pessoas do norte africano para a Europa.
ATIVIDADE

1. Uma das tendências que contribuíram, nos últimos anos, para o


aprofundamento do processo de globalização, é o estabelecimento de acordos
comerciais. Sobre os acordos comerciais preferenciais, é correto afirmar que:

A. Têm provocado um distanciamento da integração econômica entre


algumas regiões.
B. Os países decidem aprofundar a integração econômica entre eles, ao
mesmo tempo em que impõem barreiras e discriminam os países que estão fora
dessa negociação.
C. As cadeias globais de valor só ocorrem em países que possuem acordos
comerciais preferenciais.
D. Apesar de serem importantes para a evolução do processo de globalização,
não contribuem para a integração econômica entre os países.
E. Mesmo liberalizando o comércio entre os países membros, a imposição de
algumas barreiras contra países fora do bloco tem contribuído mais para uma
retração da globalização do que para seu avanço.

2. As características de um bloco econômico dependerão do nível de


integração econômica entre os países. Sobre o tema, é correto afirmar que:

A. Em uma união política, cada país mantém um alto grau de soberania


nacional.
B. O nível de integração entre os países não precisa evoluir de forma gradual.
Ou seja, seria perfeitamente cabível iniciar um processo de integração já com o
estabelecimento de um mercado comum.
C. Em um acordo de livre-comércio, os países membros impõem uma tarifa
externa comum em relação aos países de fora do bloco.
D. Uma união monetária não requer um alto grau de coordenação das políticas.
E. Em um mercado comum, mantém-se as características de uma união
aduaneira e soma-se a liberalização dos demais fatores de produção (mão de
obra, serviços e os fluxos financeiros).

3. A formação de um bloco econômico levará a um aumento do bem-estar e


da eficiência das economias, quanto:
A. Menor o número de países membros e menos preparados para enfrentar a
concorrência internacional.
B. Maior o número de países membros e menos preparados para enfrentar a
concorrência internacional.
C. Maior for a quantidade de países membros e mais preparados para enfrentar
a concorrência internacional.
D. Menor o número de países membros e mais preparados para enfrentar a
concorrência internacional.
E. Mais buscarem extinguir o processo de integração.

4. O início do processo de constituição do bloco europeu remonta ao período


logo após o final da 2ª Guerra Mundial e é um projeto extremamente ambicioso
de integração. Em relação a esse tema, é correto afirmar que:

A. Desde o início, os EUA buscaram impedir o avanço do processo de


integração europeu.
B. Apesar de já ter existido uma união monetária dentro do bloco, ela foi
desfeita, em 1999.
C. Desde o seu início, em 1951, já havia sido estabelecido um mercado
comum entre os países membros.
D. Ao longo das décadas de 1950, 1960 e 1970, a Alemanha foi se destacando
como uma liderança dentro desse bloco.
E. Atualmente, todos os países membros da União Europeia estão inseridos
na união monetária do bloco.

5. Sobre o Mercado Comum do Sul (Mercosul), é correto afirmar que:

A. Foi criado com o intuito de estreitar as relações econômicas dos países


membros, estimulando o comércio internacional entre eles.
B. É um projeto de integração tão ambicioso quanto o projeto de integração
europeu.
C. Foi fundado em 1952, de forma a concorrer com o bloco europeu.
D. Entre os países membros, estão o México e a Colômbia.
E. O grande motivo para a falta de sucesso desse bloco econômico é a
retaliação norte-americana e chinesa, visando diminuir o poder desse bloco.

6. A ordem internacional atual é de extrema importância para


compreendermos melhor o processo de globalização. Sobre essa ordem
internacional, assinale a alternativa correta:

A. É liderada pela China, com os EUA assumindo uma posição subordinada


no cenário internacional.
B. A análise das instituições multilaterais mostra como é uma ordem simétrica,
já que as sedes dessas instituições estão espalhadas ao redor do mundo.
C. As instituições multilaterais foram, quase todas, criadas ao longo da década
de 1990, após a derrocada da União Soviética e ao final da Guerra Fria.
D. Desde o século XIX, a ordem internacional é marcada pela posição
hegemônica inglesa.
E. É marcada pela liderança dos EUA. Isso fica bem evidente com a análise
das instituições multilaterais, com parte delas tendo sede nesse país.

7. A existência de instituições multilaterais é importante para as discussões


diplomáticas e geopolíticas, no plano internacional. Sobre essas instituições, é
correto afirmar que:

A. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma instituição que


cuida de questões econômicas entre os países da América do Norte e a Europa.
B. O Fundo Monetário Internacional foi criado em 1980, como uma alternativa
de financiamento para os países em crise.
C. Todas as instituições multilaterais possuem sede nos EUA, evidenciando o
papel de liderança do país, no plano internacional.
D. A Organização das Nações Unidas (ONU), foi criada em 1945, logo após o
final da 2ª Guerra Mundial. Os seus objetivos estão relacionados à manutenção
da paz e à segurança mundial.
E. Desde 2010, metade dessas instituições multilaterais possui sede na
China.
8. O avanço da globalização é um processo dinâmico, podendo passar por
períodos de maior aprofundamento e outros de retração. Em relação aos
desafios futuros para o processo de globalização, pode-se afirmar que:

A. Não há grandes desafios, no curto prazo, para o avanço desse processo.


B. A recorrência de crises econômicas e financeiras e a questão imigratória
estão entre alguns dos desafios futuros do processo de globalização.
C. Em virtude da maior tendência de igualdade social entre os diferentes
países, este não é um dos desafios futuros.
D. A ascensão do Reino Unido, no plano internacional, rivalizando com o
poder norte-americano, é um dos grandes desafios.
E. A política doméstica norte-americana não é um motivo de preocupação
para o avanço do processo de globalização, já que não diz respeito à geopolítica
internacional.

9. Um dos principais desafios para a globalização é a questão relacionada à


ascensão chinesa, no plano internacional, com a necessidade de mudanças na
ordem internacional atual. Com esse tema em mente, assinale a alternativa
correta:

A. Apesar da China não ter aumentado sua participação na economia


internacional, o país adquiriu um grande poder bélico e diplomático, requerendo
uma maior participação nas decisões internacionais.
B. Atualmente, a economia chinesa representa 5% da economia mundial,
evidenciando a importância do país.
C. Devido ao rápido aumento da participação da economia chinesa na
economia mundial, desde o início da década de 1990, é difícil realizar discussões
sobre a dinâmica mundial sem citar a China.
D. Apesar da ascensão chinesa, o país não busca criar outras organizações
multilaterais. Busca, apenas, aumentar o seu poder nas instituições já existentes.
E. A criação do banco de desenvolvimento dos BRICS, com sede na Rússia,
mostra que a China ainda não está preparada para ascender na ordem
internacional.
10. Sobre a formação de blocos econômicos e a geopolítica internacional, é
correto afirmar que:

A. Atualmente, a ordem internacional é marcada pela liderança norte-


americana. Isso pode ser visto em várias dimensões diferentes, desde o papel
do país na construção das instituições multilaterais até o poder bélico do país,
por exemplo.
B. O aumento da Importância do Mercosul, no plano internacional, tem
aumentado o poder de barganha do Brasil na diplomacia internacional.
C. A África que é uma peça essencial dentro dessa estruturação, com algumas
instituições multilaterais possuindo sede no continente.
D. O processo de globalização não é compatível com o aumento do nível de
integração dos blocos econômicos.
E. Apesar de não ser membro do bloco europeu, os Estados Unidos exercem
o papel de liderança dentro do bloco.

11. Reflita sobre como os diversos desafios para o processo de globalização


podem provocar a retração desse processo, com foco em quais seriam os
mecanismos que desencadeariam essa retração.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

___________________________
Referências Bibliográficas

BANCO MUNDIAL. World Development Indicators. World Bank Group,


Washington DC, 2017.

BELLUZZO, Luiz Gonzaga Mello. O declínio de Bretton Woods e a emergência


dos mercados “globalizados”. Economia e Sociedade. v. 4, pp. 11-20, 1995.

BLIKSTAD, Nicholas Maguns Deleuse. O projeto de integração europeu e a crise


da zona do euro (2007-2013). Instituto de Economia. Universidade Estadual de
Campinas, 2015.

BORGES, Rodolfo. Brasil tem maior concentração de renda do mundo entre o


1% mais rico. Disponível em: <goo.gl/A3X5GP>. Acesso em: 09 maio 2018.

BRAUDEL, Fernand. Civilização material e capitalismo, séculos XV-XVIIl.


Tradução por Maria Antonieta Magalhães Godinho. Lisboa: Cosmos, 1970.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política. In:


CASTELLS, Manuel.; CARDOSO, Gustavo. (org) A Sociedade em Rede: Do
Conhecimento à Acção Política. Centro Cultural de Belém, 2005.

CARNEIRO, Flávio. Fragmentação internacional da produção e cadeias globais


de valor. Texto para discussão 2097. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,
2015.

CARVALHO, Laura. Globalização financeira eleva desigualdade. Disponível em:


<goo.gl/R6H2X3>. Acesso em: 14 maio 2018.

CAVES, Richard E.; FRANKEL, Jefrrey A.; JONES, Ronald W. Economia


Internacional: Comércio e Transações Globais. Oitava edição. São Paulo:
Editora Saraiva, 2001.

COLOMBO, Sylvia; CARAZZAI, Estelita Hass. Em crise cambial, Argentina


decide pedir ajuda ao FMI. Disponível em: <goo.gl/9r4TP1>. Acesso em: 15 maio
2018.

DE CONTI, Bruno Martarello. Políticas Cambial e Monetária: os dilemas


enfrentados por países emissores de moeda periféricas. Tese de doutorado.
Campinas: IE/Unicamp, 2011.

DE CONTI, Bruno Martarello.; BLIKSTAD, Nicholas. Impactos da economia


chinesa sobre a brasileira no início do século XXI: o que querem que sejamos e
o que queremos ser: Texto para discussão 292, Instituto de Economia -
UNICAMP, 2017

DE CONTI, Bruno Martarello; PRATES, Daneila Magalhães; PLIHON,


Dominique. O Sistema Monetário Internacional e seu Caráter Hierarquizado. In:
CINTRA, Marcos Antônio Macedo; MARTINS, Aline Regina Alves. (org). As
transformações no Sistema Monetário Internacioinal. Brasília: Instituto de
Pesquisa de Economia Aplicada, 2013.
DEUTSCHE WELLE. Trump começou mesmo uma guerra comercial com a
China? Disponível em: <goo.gl/m4aMjS>. Acesso em: 16 maio 2018.

DIAS, Augusto.; CAPUTO, Ana.; MARQUES, Pedro. Motivações e impactos da


internacionalização de empresas: um estudo de múltiplos casos na indústria
brasileira. Revista do BNDES 38, 2012.

DUNNING, John. H.; LUNDAN, Sarianna, M. Multinational Enterprises and the


Global Economy. 2. ed. Edward Elgar. Cheltenham, Reino Unido. 2008.

FIGO, Anderson. Atuação do Banco Central reequilibra o mercado de


câmbio. Disponível em: <goo.gl/Sdbz3e>. Acesso em: 14 maio 2018.

GIDDENS Anthony. As consequências da modernidade. Tradução de Raul Fiker,


Editora Unesp, São Paulo, 1991.

GONÇALVES, Reinaldo (org.). A Nova Economia Internacional – uma


perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

GLOBO. Trump anuncia saída dos EUA do Acordo de Paris sobre mudanças
climáticas. Disponível em: <goo.gl/Ww2SjV>. Acesso em: 16 maio 2018.

HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções: 1789 – 1848. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1977.

IANNI, Otávio. Teorias da globalização. Civilização Brasileira, 9. ed. Rio de


Janeiro, 2001.

JUDT, Tony. Pós-Guerra: uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2007.

KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: Teoria e


Política. 6. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005.

KUME, Honório; PIANI, Guida. Mercosul : o dilema entre união aduaneira e área
de livre-comércio. Revista de Economia Política. v. 25, n. 100, pp. 370-390, 2005.

LANDES, David S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e


desenvolvimento industrial na Europa Ocidental, de 1750 até os dias de hoje.
Tradução da Segunda edição por Marisa Rocha Motta, Editora Campus, São
Paulo, 2005.

MAZZUCCHELLI, Frederico. Os anos de chumbo: Economia e política


internacional no entreguerras. Ediçoes Facamp. Campinas: Editora Unesp,
2009.

MORAIS, Isabela N. Cadeias produtivas globais e agregação de valor: a posição


da china na indústria eletroeletrônica de consumo. Rev. Tempo do Mundo, 4 (3):
5-46 2012.
OLIVEIRA, Susan Elisabeth Martins Cesar. Cadeias globais de valor e os novos
padrões de comércio internacional. Coleção Relações Internacionais. Fundação
Alexandre de Gusmão. Brasília, 2015.

PRATES, Daniela Magalhães. Crises financeiras nos países “emergentes”: uma


interpretação heterodoxa. Tese de Doutorado, UNICAMP. Campinas, 2002.

STIGLITZ, Joseph E. Globalização: como dar certo. Tradução de Pedro Soares


Maia, Editora Companhia das Letras, 2007.

THORSTENSEN, Vera. Prefácio. In: OLIVEIRA, Ivan Tiago Machado; BADIN,


Michelle Ratton Sanchez. (Ed.). Tendências Regulatórias nos Acordos
Preferenciais de Comércio no Século XXI: os casos de Estados Unidos, União
Europeia, China e Índia. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,
2013.

VILLELA, Gustavo. Conferência de Bretton Woods decidiu rumos do pós-guerra


e criou FMI. Disponível em: <http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-
historicos/conferencia-de-bretton-woods-decidiu-rumos-do-pos-guerra-criou-
fmi-13310362>. Acesso em: 15 maio 2018.

WALLERSTEIN, Immanuel. The Modern World-System. vol. 3. Nova York:


Academic Press, 1989.

Das könnte Ihnen auch gefallen