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Caro Aluno,
Seja bem-vindo.
Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que
você dedique ao menos 20 horas por semana para esta disciplina, estudando os textos
sugeridos e realizando os exercícios de autoavaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir
planejando o que estudar, semana a semana.
Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo os assuntos que deverão ser
estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar
sugerida. No mínimo você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura
fundamental, só que essa compreensão será maior se você acompanhar, também, a leitura
complementar. Você mesmo perceberá isso ao longo dos estudos.
7.3. O Garantismo
Constitucional.
B – Avaliações
Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações,
cabendo a você tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das
datas das suas provas, dentro dos períodos especificados.
Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as
avaliações é realizando os exercícios de autoavaliação, disponibilizados neste sistema de
disciplinas on-line. O que deve ficar claro, entretanto, é que os exercícios que são requeridos
em cada avaliação não são a repetições dos exercícios da autoavaliação.
C – Referências bibliográficas
·
Livro-texto
Anexo, Capítulos 1 a 8
Outras referências
ADAMS, Telmo; PEDRINI, Dalila Maria; SILVA, Vini Rabassa da. Controle social de políticas
públicas. São Paulo: Paulus, 2007.
DIAS, Jean Carlos. Controle judicial de políticas públicas. São Paulo: Método, 2007.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Saraiva,
2000/2005.
APPIO, Eduardo. Controle judicial das políticas públicas no Brasil. Curitiba: Juruá, 2005.
FREIRE JR., Américo Bedre. O controle judicial de políticas públicas. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2005.
REIS, Jorge Renato dos; LEAL, Rogério Gesta. Direitos sociais e políticas
públicas: desafios contemporâneos. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2008.
SARLET, Ingo Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti. Direitos fundamentais: orçamento e reserva
do possível. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
Sob o título “Das disposições gerais, e garantias dos direitos civis e políticos dos
cidadãos brasileiros”, a Constituição do Império abordava os direitos e garantias individuais,
havendo pouca inovação neste ponto na Constituição Federal vigente.
Na mesma esteira, a Constituição de 1891 inaugurou na seção II, sob o título IV, a
chamada Declaração de Direitos, na qual havia previsão dos direitos dos brasileiros e
estrangeiros, residentes no país, assim como a inviolabilidade dos direitos concernentes à
liberdade, à segurança e à propriedade (art. 72 e parágrafos), garantias funcionais e militares
(art. 73 a 77), estabelecendo que todos estes direitos eram dispostos de forma exemplificativa,
ou seja, não taxativa.
- Direitos sociais;
- Direitos da nacionalidade;
- Direitos Políticos;
- Partidos Políticos.
Porém, não é raro que haja, numa mesma disposição constitucional, a fixação da
garantia com a declaração do direito.
Assim, o artigo 5º da Constituição Federal dispõe que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à
propriedade.
Por sua vez, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento marco na
história dos direitos humanos, tendo sido elaborada por representantes de diferentes origens
jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo.
A Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em
10 de Dezembro de 1948, por meio da Resolução 217 A (III), como uma norma comum a ser
alcançada por todos os povos e nações[3]. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção
universal dos direitos humanos. Eis o texto na íntegra:
Preâmbulo
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por
todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da
sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da
educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua
observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto
entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo I
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
Artigo III
Artigo IV
Artigo V
Artigo VI
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
Artigo VII
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os
atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
lei.
Artigo IX
Artigo X
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a
sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não
constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena
mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo XII
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção
da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de
cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Artigo XIV
1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros
países.
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XV
Artigo XVI
Artigo XVII
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a
liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença,
pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público
ou em particular.
Artigo XIX
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por
quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XX
Artigo XXI
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo
equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo XXII
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo
esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de
cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao
livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo XXIII
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a
que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus
interesses.
Artigo XXIV
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho
e férias periódicas remuneradas.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde
e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços
sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez,
viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças
nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e
do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz.
3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a
seus filhos.
Artigo XXVII
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as
artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades
estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo XXIV
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento
de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e
respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da
ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente
aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX
Por outro lado, o aspecto formal acentua as normas inseridas no corpo da Carta Magna
como normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, apenas para distingui-las
das normas ordinárias, as quais se situam fora do texto constitucional.
Assim, trata-se principalmente de uma decisão política, que emana daqueles eleitos à
representação do povo e que, por meio do Poder Constituinte, fazem a inclusão de certas
normas na Constituição Federal, independentemente, repita-se, da matéria e conteúdo nelas
abordadas.
[1] MORAES, Alexandre de. In: Direito Constitucional. 23ª Ed., Atlas, 2008, p. 30.
[4] Apud BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 25ª Ed. São Paulo:
Malheiros, 2010, p. 82.
As normas constitucionais de eficácia contida, por sua vez, são aquelas em que “o
legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria,
mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder
público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos dos conceitos gerais nelas
enunciados”[1]. Verbi gratia:
Este ponto de vista foi defendido pelos denominados jusnaturalistas, para quem os
princípios teriam sua origem no Direito Natural e, portanto, estariam fora do sistema normativo.
Desta forma, tais princípios só poderiam ser utilizados pelo julgador em hipóteses de omissão
ou lacunas na lei.
Foi só a partir de meados do século XX que surgiu um novo pensamento sobre o tema,
denominada doutrina pós-positivista. Para seus seguidores, os princípios de direito estão
previstos no ordenamento jurídico, ora de forma expressa, ora implícita no texto normativo.
Assim, tais princípios teriam força normativa. A esse propósito, confira-se:
[1] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 12.
[2] STF – Pleno – MI nº 20/DF – Rel. Min. Celso de Mello, Diário da Justiça, Seção I, 22 nov.
1996, p. 45.690. Apud MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23ª Ed. São Paulo:
Atlas, 2008, p. 12.
[3] STF – Pleno – MS nº 22.164/SP – Rel. Min. Celso de Mello, Diário da Justiça, Seção I, 17
nov. 1995, p. 39.206. Apud MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2008, p. 31.
[4] BARROSO, Luis Roberto. In: A nova interpretação constitucional. Rio de Janeiro: Renovar,
2003, p. 249. Apud ANDRADE, Adriano; MASSON, Cleber; ANDRADE, Landolfo. Interesses
difusos e coletivos esquematizado. São Paulo, Método, 2013, p. 400.
Todos os direitos acima referidos, além de serem direitos sociais, são também direitos
difusos, na medida em que os bens por eles tutelados são metaindividuais, transcendendo a
esfera dos direitos individuais, esbarrando no que a doutrina denomina de direitos da
coletividade.
[1] FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. In: Direitos Humanos Fundamentais. 6ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2004, p. 57.
- Normas intangíveis: são aquelas que não podem sofrer qualquer alteração, ou
emenda, devido à sua força paralisante, extraída dos arts. 60,§ 4º, e 34 VII, a e b, da
Constituição Federal.
- Normas com eficácia plena: são aquelas plenamente eficazes, desde sua entrada em
vigor, pois contêm todos os elementos imprescindíveis para que haja a possibilidade da
produção imediata de efeitos. São suscetíveis de emenda, ao contrário das normas intangíveis.
(...)
- “Art. 23 – É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I – zelar pela guarda da constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público;
(...)
(...)”
(...)
Por outro lado, é certo afirmar que nem todas as normas definidoras de direitos têm a
mesma aplicabilidade. Assim, enquanto algumas dessas normas são autoaplicáveis, outras são
de aplicabilidade diferida (quer dizer, sua eficácia dependerá do Poder Legislativo normatizá-
las – são as chamadas normas programáticas).
Cabe ressaltar que a atividade do Poder Público há de ser rápida e imediata para
garantir a efetividade de tais direitos sociais, tudo ao encontro da sistemática adotada pelo
nosso Direito Pátrio.
A expressão “reserva do possível” foi criada pelo Tribunal Constitucional alemão, com o
sentido de que a sociedade deveria delimitar a razoabilidade da exigência de determinadas
prestações sociais, a fim de impedir o uso dos recursos públicos disponíveis em favor de quem
deles não necessita, ou seja, foi criada com o objetivo da promoção razoável dos direitos
sociais, a fim de que se realizasse a justiça social por meio da concretização da igualdade.[5]
Contudo, como tais necessidades são infinitas, deve-se ter como meta principal definir
quais dessas necessidades são prioritárias, e quais poderiam, ao menos em tese, ser deixadas
em segundo plano.
Ressalte-se que, mesmo que a administração pública não tenha recursos para, de
plano, atender a todos os deveres que lhe são constitucionalmente outorgados, deverá
estabelecer planejamento consistente que dê conta das medidas adotadas a fim de que tais
metas sejam atendidas.[6]
[1] DINIZ, Maria Helena. Norma constitucional e seus efeitos, 2ª Ed. São Paulo: Saraiva,
1992, p. 98-103.
[3] Apud MORAES, Alexandre de. In: Direito Constitucional. 23ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008,
p. 14.
[4] Artigo de Narbal Antônio Mendonça Fileti. “O Princípio da Proibição do Retrocesso Social”.
Disponível em: <http://jus.com.br> Acesso em: 18 set. 2012.
[5] Artigo de Julio Pinheiro Faro Homem de Siqueira, julho – setembro 2010, v. 76, n. 3, ano
XXVIII. Disponível em: <http://revista.tce.mg.gov.br> Acesso em: 18 set. 2012.
[6] SCATOLINI, Arthur. In: FERRAZ, Carolina Valença; PIRES, Wagner Ginotti. Estudos sobre
o direito brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Verbo Jurídico, 2010, p. 365.