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UFOs

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LESLIE KEAN

OVNIs - MILITARES, PILOTOS E O GOVERNO


ABREM O JOGO

Com prefácio de John Podesta

Tradução: Silvia Sarzana


Diretor Editorial e Publisher
Rodrigo Coube

Editor
Marcos Torrigo
Tradução
Silvia Sarzana

Revisão
Thais Tardivo

Projeto gráfico, diagramação e capa


Edinei Gonçalves

1a edição - 2011

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Kean, Leslie
UFOs: OVNIs: militares, pilotos e o governo abrem o jogo / Leslie Kean; com prefácio de John Podesta;
tradução das passagens do Zohar e introdução Silvia Sarzana. — Bauru, SP: Idea Editora, 2011.
Título original: UFOs: generals, pilots, and government officials go on the record.
ISBN 978-85-88121-43-0
1. Documentos públicos 2. Objetos voadores não identificados 3. Objetos voadores não identificados -
Aparição e encontros 4. Objetos voadores não identificados - Pesquisa I. Podesta, John. II. Título.
11-08744
CDD-001.942
Índices para catálogo sistemático:
1. Objetos voadores não identificados: Ufologia 001.942

UFOs - GENERALS, PILOTS, AND GOVERNMENT OFFICIALS GO ON THE RECORD WITH A


FOREWORD BY JOHN PODESTA Copyright © 2010 by Leslie Kean.
“The UAP Wave over Belgium” copyright © 2010 by Wilfried De Brouwer. All rights reserved. Published in
the United States by Harmony Books, an imprint of the Crown Publishing Group, a division of Random House,
Inc., New York

Publicado mediante acordo com Crown Publishers, editora da The Crown Publishing Group, uma Divisão da
Random House, Inc.

Todos os direitos desta edição reservados à Idea Editora Ltda.

Rua Antonio Prudente, n3-90, Jd. Estoril


CEP 17016-010 - Bauru/SP Tel.: (14) 3879-0288 - Fax: (14) 3879-0287
e-mail: idea@ideaeditora.com.br
Site: www.ideaeditora.com.br
A reprodução desta obra é ilegal e configura uma apropriação indevida.
Impresso no Brasil
Para Paul
CONTRACAPA

“Até hoje não sei o que vi, mas certamente não era um avião; não era um objeto voador que os
seres humanos da terra possam ter feito. Ele se movia muito rapidamente. Imagine: eu estava
olhando para ele a uma distância de cerca de 110 Km e ele pulou repentinamente 10 graus à
minha direita. Estes 10 graus representam cerca de 11 km por momento, e não falo por
segundo porque foi muito menos de um segundo. Agora, você pode tentar calcular a
velocidade assumida para que ele movesse de uma posição estacionária para este ponto. Seria
necessário uma tecnologia de um nível muito, muito alto. Também ele foi capaz de desligar
meu lançador de mísseis e os instrumentos de alguma forma. De onde ele veio, eu não sei.”
General Parviz Jafari (Aposentado)
Força Aérea Iraniana Combate Aéreo sobre Teerã em 19/09/1976

“Na noite de 19 de Maio de 1986, vários OVNIs foram captados (nos radares) no sudeste do
Brasil e todo sistema de defesa aéreo foi colocado em alerta. Jatos F-5 e F-103 com os
melhores pilotos da força aérea foram lançados para interceptar os objetos. O Coronel Ozires
Silva, que acabara de deixar a Embraer para então presidir a Petrobrás, e seu piloto,
Comandante Alcir Pereira da Silva, estavam voando em um jato executivo Xingu perto de
Poços de Caldas, em direção a São José dos Campos, quando radares diversos localizaram 21
OVNIs no céu de São Paulo ao Rio de Janeiro. Silva e seu piloto viram um deles e
perseguiram-no por meia hora - uma luz brilhante vermelho alaranjada, de movimentos
rápidos, que parecia saltar de um ponto ao outro. Eles não conseguiram alcançá-lo e,
finalmente, desistiram da perseguição”.
General Brigadeiro José Carlos Pereira (Aposentado)
Força Aérea Brasileira

“Leslie Kean encontrou um caminho sério entre as visões extremas dos teóricos da
conspiração, de um lado, e as dos “negadores”, de outro. Um livro instigante, fascinante.”
Neal Lane, PhD.
Universidade Rice, antigo diretor do Escritório da
Casa Branca de Ciência e Política de Tecnologia
ORELHAS

“Se você não sabe muito sobre OVNIs, precisa ler este livro. Se você acha que os relatos sobre
OVNIs são absurdos, este livro irá desiludi-lo dessa noção. ‘UFOs’, de Leslie Kean, poderia e
deveria se tornar o ‘ponto de inflexão’ que leva à aceitação pública da realidade dos OVNIs e
de todas as suas implicações”
DON DONDERI, PhD.
Departamento de Psicologia da Universidade McGill (aposentado)

“Como eu, Leslie Kean é uma agnóstica em relação aos OVNIs. Seu livro é um belo trabalho
de jornalismo - não sobre crenças, mas sobre fatos. Kean apresenta os mais precisos, os mais
críveis relatos de OVNIs que você irá encontrar. Ela pesquisou muito para descobrir os fatos e
deixar as coisas acontecerem por elas mesmas.
MILES O'BRIEN
Antigo correspondente da CNN de ciência/espaço

“Este é um livro sério. É crível, claro e convincente, sem quaisquer saltos rebuscados na
lógica. Kean não apenas faz o processo, mas clama por toda uma nova, realista e concreta
perspectiva sobre os OVNIs, que tem mais honestidade e integridade do que qualquer outro
livro que eu tenha lido. Este é um livro para pessoas de mente aberta.”
JOHN L. PETERSEN
Fundador e presidente do Instituto Arlington

“Nestas páginas, somos confrontados pelo fenômeno OVNI como revelado pelos funcionários
do governo e especialistas militares em aviação. A análise desafiante de Leslie Kean é escrita
com visão e profundidade penetrantes. As revelações deste livro constituem um evento divisor
de águas ao tratar do tabu contra o discurso racional sobre este assunto controverso.”
HAROLD E. PUTHOFF, PhD.
Diretor do Instituto para Estudos Avançados, em Austin

Os fenômenos OVNIs intrigam e também preocupam muita gente. Utilizando uma abordagem
jornalística e científica, este livro aborda questões fundamentais sobre OVNIs:

O que realmente sabemos sobre eles? É realmente possível que algum desses objetos sejam do
espaço sideral? Os pilotos sempre os veem? Como governos e militares lidam com
avistamentos? As respostas, sob todos os aspectos, são nada menos que surpreendentes.

LESLIE KEAN é uma jornalista investigativa que tem artigos publicados no mundo todo como
no Boston Globe, Baltimore Sun, Atlanta Journal-Constitution, Providence Journal, The
Nation, International Herald Tribune, Globe and Mail, e Journal of Scientific Exploration,
entre outras publicações. É co-autora de “Burma’s Revolution of the Spirit” e cofundadora da
Coalizão para a Liberdade de Informação. Mora em Nova York.

“O assunto OVNIs é tão não ortodoxo, que mesmo uma abordagem franca e racional pode
parecer que se está cruzando uma linha para um território questionável. Fiz o melhor que pude
para manter clara, lógica e bem documentada toda essa informação.”
SUMÁRIO

Prefácio, por John Podesta

Introdução

PARTE 1: OBJETOS DE ORIGEM DESCONHECIDA

CAPÍTULO 1 - Aeronave Majestosa com Poderosos Holofotes Radiantes

CAPÍTULO 2 - A Onda FANI sobre a Bélgica


Pelo Major General Wilfried de Brouwer

CAPÍTULO 3 - Pilotos: Uma Janela Única para o Desconhecido

CAPÍTULO 4 - Circundado por um OVNI


Pelo Capitão Júlio Miguel Guerra

CAPÍTULO 5 - Fenômenos Aéreos Não Identificados e Segurança da Aviação


Por Richard F. Haines, PhD

CAPÍTULO 6 - Incursão no Aeroporto O'Hare, em 2006

CAPÍTULO 7 - OVNIs Gigantes sobre o Canal da Mancha, em 2007


Pelo Comandante Ray Bowyer

CAPÍTULO 8 - OVNIs como Alvos da Força Aérea

CAPÍTULO 9 - Combate Aéreo sobre Teerã


Pelo General Parviz Jafari (Aposentado), Força Aérea Iraniana

CAPÍTULO 10 - Combate Próximo com um OVNI


Pelo Comandante Oscar Santa Maria Huertas (Aposentado), Força Aérea Peruana

PARTE 2: NO CUMPRIMENTO DO DEVER

CAPÍTULO 11 - As Raízes do Descrédito dos OVNIs na América

CAPÍTULO 12 - Assumindo Seriamente o Fenômeno


CAPÍTULO 13 - O Nascimento de COMETA
Pelo Major General Denis Letty (Aposentado)

CAPÍTULO 14 - A França e a Questão dos OVNIs.


Por Jean-Jacques Velasco

CAPÍTULO 15 - OVNIs e o Problema da Segurança Nacional

CAPÍTULO 16 - “Um Poderoso Desejo de Não Fazer Nada"

CAPÍTULO 17 - Os Verdadeiros Arquivos X


Por Nick Pope

CAPÍTULO 18- O Extraordinário Incidente na Floresta de Rendlesham


Pelo Sargento James Penniston (aposentado) da Força Aérea Americana e pelo Coronel
Charles Halt (aposentado), da Força Aérea Americana

CAPÍTULO 19 - Chile: Casos Aeronáuticos e a Resposta Oficial


Pelo General Ricardo Bermúdez Sanhueza (aposentado), da Força Aérea Chilena, e pelo
Capitão Rodrigo Bravo Garrido, da Aviação do Exército do Chile

CAPÍTULO 20-OVNIs no Brasil


Pelo General Brigadeiro José Carlos Pereira (aposentado)

PARTE 3: UM CHAMADO À AÇÃO

CAPÍTULO 21 - Entrando na Briga: Uma Nova Agência sobre OVNIs na América

CAPÍTULO 22 - FAA Investiga um Evento OVNI “Que Nunca Aconteceu"


Por John J. Callahan

CAPÍTULO 23 - Ocultação do Governo: Política ou Mito?

CAPÍTULO 24 - O Governador Fife Symington e o Movimento para a Mudança

CAPÍTULO 25 - Esclarecendo a História


Por Fife Symington III Governador do Arizona, 1991-1997

CAPÍTULO 26 - Envolvendo o Governo dos Estados Unidos

CAPÍTULO 27 - Agnosticismo Militante e o Tabu dos OVNIs


Pelo Dr. Alexander Wendt e pelo Dr. Raymond Duvail

CAPÍTULO 28 - Enfrentando Um Desafio Extremo

Agradecimentos

Sobre os Contribuidores

Sobre a Autora
PREFÁCIO
Por John Podesta

Como alguém interessado na questão dos OVNIs, acho que sempre compreendi a diferença
entre fato e ficção. Você poderia me chamar de um cético curioso. Mas sou cético sobre muitas
coisas, incluindo a noção de que o governo sempre sabe e que o povo não é confiável em
relação à verdade. É por isso que dediquei três décadas da minha vida - na prática privada e
como conselheiro do Comitê Judicial do Senado, na Casa Branca, no governo do Presidente
Clinton e, agora, no Centro para o Progresso Americano - ao princípio fundamental de proteger
a abertura no governo.
Por causa desse compromisso, apoiei o trabalho da jornalista investigadora Leslie Kean e
sua organização, a Aliança pela Liberdade de Informação, em sua iniciativa, lançada em 2001,
de obter documentos sobre OVNIs através do Ato de Liberdade de Informação. No espírito da
investigação, Kean solicitou, com sucesso, uma injunção na Corte Federal sobre um caso
importante, como era seu direito perante a lei.
O tempo de puxar a cortina sobre esse assunto está ultrapassado. OVNIs: Generais, Pilotos
e Oficiais do Governo Falam dos Registros envolve tal esforço e apela para a pessoas de mente
aberta, como eu mesmo. Apresentando os fatos, o livro inclui afirmações somente de fontes
mais acreditadas - aqueles em posição de saber - sobre um fenômeno fascinante, cuja natureza
ainda precisa ser determinada. Kean e sua impressionante equipe de contribuidores não fazem
reivindicações inconvenientes, mas fornece uma análise racional da maior parte das
informações pertinentes, muitas apresentadas aqui em primeira mão e detalhadamente,
afirmando que são necessárias investigações posteriores. Kean fez mais do que sua lição de
casa como obstinada repórter investigadora, diligentemente lutando com este perplexo assunto
por dez anos, ao mesmo tempo tendo que enfrentar atitudes de zombaria e negação pelo
governo. Mas ela perseverou, e seu livro claramente coloca o tabu a respeito dos OVNIs sem
pernas para se apoiar.
Kean e seus distintos coautores pedem o estabelecimento de uma pequena agência
governamental que coopere com outros países que já estão formalmente investigando,
revisando e liberando informação relevante sobre OVNIs. Essa nova agência lidaria com a
liberação de documentos e quaisquer futuras investigações, com abertura e eficiência. É uma
ideia a se considerar e é definitivamente o tempo para que o governo, os cientistas e os
especialistas em aviação trabalhem juntos na revelação das questões sobre OVNIs, que há
muito tempo permanecem no escuro. É hora de descobrir qual verdade está realmente lá fora.
O povo americano - e os povos ao redor do mundo - quer saber e ele pode lidar com a verdade.
UFOs - OVNIs: Militares, Pilotos e o Governo Abrem o Jogo representa um passo essencial
nessa direção, lançando as bases para um novo caminho a seguir.
INTRODUÇÃO

Dez anos atrás, trabalhando como repórter investigativa para uma estação de rádio pública da
Califórnia, fui repentinamente confrontada por uma realidade aparentemente impossível. Um
colega, em Paris, enviou-me um novo e extraordinário estudo realizado por antigos oficiais de
alta patente franceses, documentando a existência de objetos voadores não identificados e
explorando seu impacto potencial sobre a segurança nacional. Agora conhecido como
Relatório COMETA1, esse trabalho sem precedentes marcou a primeira vez em qualquer país
que um grupo deste tamanho e estatura declarou que os OVNIs - sólidos, mas ainda
inexplicáveis objetos no céu - constituem um fenômeno real, justificando uma imediata
atenção internacional.
Os distintos autores de COMETA - treze generais aposentados, cientistas e especialistas
espaciais trabalhando independentemente do governo da França - passaram três anos
analisando encontros de pilotos e militares com OVNIs. Nos casos que apresentam, todas as
explicações convencionais de alguma coisa natural ou feita pela mão do homem foram
eliminadas pelos autores e suas equipes de especialistas associadas e, contudo, tais objetos
foram observados em uma faixa estreita por pilotos, rastreados pelo radar e oficialmente
fotografados. Eles alcançaram velocidades e acelerações tremendas, giraram em ângulos
agudos e retos num lampejo e podiam parar e permanecer no ar, desafiando as leis da física. O
que significaria isso? Uma vez que alguns oficiais militares do COMETA estavam servindo no
Instituto Francês de Altos Estudos para a Defesa Nacional - uma agência de planejamento
estratégico financiada pelo governo - sua caracterização de OVNIs como um fenômeno com
possíveis implicações para a segurança nacional assumiu séria importância.
Em seu relatório de noventa páginas, escrito com objetividade, clareza e lógica, os autores
explicaram que cerca de 5% dos avistamentos - aqueles para os quais há documentação
suficientemente sólida para eliminar outras possibilidades - não podem ser facilmente
atribuídos a fontes terrestres, tais como exercícios militares secretos ou fenômenos naturais.
Estes 5% parecem ser de “máquinas voadoras completamente desconhecidas, com
desempenhos excepcionais, que são guiadas por uma inteligência natural ou artificial”. Em sua
conclusão surpreendente, os autores estabelecem que “numerosas manifestações, observadas
por testemunhas confiáveis, poderiam ser obra de origem extraterrestre”. De fato, escreveram
eles, a explicação mais lógica para esses avistamentos2 é a “hipótese extraterrestre”.
Isso não significa que aceitaram essa conclusão como um fato ou tiveram quaisquer
crenças particulares sobre este ou outro caminho. Deixaram muito claro que a natureza e
origem dos objetos permanecem desconhecidas. Por “hipótese”, quiseram exprimir uma teoria
não provada, uma explicação possível, plausível, que precisasse ser testada antes que pudesse
ser decidida, e seria apenas uma tese até que isso acontecesse. Porém, a convicção com que
desenvolveram essa teoria como a solução “mais provável” para o quebra-cabeça, já que outras
tinham sido excluídas em inúmeros casos, era provocadora. Os dados oficiais sobre os OVNIs
de todas as partes do mundo estavam acessíveis aos membros do grupo, e eles estavam
determinados a dar uma resposta racional, sem preconceitos. E assim o fizeram, sem reservas.
Quem eram essas pessoas que fizeram tais afirmações? Entre elas, todas aposentadas,
estavam um general de quatro estrelas3, um almirante de três estrelas, um general major e um
antigo chefe do equivalente francês da NASA. Foram suas credenciais que tornaram o relatório
digno de séria consideração. Outros oficiais militares, engenheiros, cientistas, um chefe de
polícia nacional e o chefe de uma agência do governo que estudava o fenômeno completavam
esse grupo impressionante. O estudo não foi sancionado pelo governo, mas foi realizado
independentemente e, depois, apresentado aos escalões mais altos do governo da França.
O prefácio estabelece que o relatório “contribui para retirar a camada irracional do
fenômeno dos OVNIs” e, de fato, o estudo atingiu seu objetivo. Porém, o grupo chegou a urna
determinação que a maioria dos oficiais do governo e cientistas dos Estados Unidos ainda
consideraria artificial. Enquanto isso, todo mundo concorda que se fosse provado que esses
OVNIs eram sondas ou veículos de fora da Terra, isso seria um desenvolvimento monumental
na história da humanidade, um marco na evolução da civilização. Se houvesse mesmo uma
leve possibilidade de tal descoberta, eu pensei, parecia que valia a pena o esforço dos cientistas
em tentar descobrir. E aqui estava um grupo altamente respeitável, de um país europeu
sofisticado, estabelecendo que tal resultado era uma expectativa plausível e até provável.
Isso explica porque e como me interessei pelo assunto dos OVNIs, sobre a questão do que
realmente sabemos e não sabemos sobre eles, e como poderíamos descobrir mais. O Relatório
COMETA foi um catalisador. Por mais que eu quisesse, era difícil deixá-lo passar e
simplesmente voltar ao meu trabalho normal, colocando-o de lado. Ficava imaginando: poderia
realmente haver objetos tecnológicos voadores que não fossem feitos pelo homem? Será que
esses artefatos não eram possivelmente construções americanas altamente secretas ou artefatos
militares avançados de algum outro país? Não, disseram os generais e o restante dos outros
contribuidores do grupo francês de alto nível. Os países não fazem voos experimentais
repetidamente em espaço aéreo estrangeiro, sem informar as autoridades locais e, depois,
mentir a respeito disso. Conforme eu cavava mais, aprendi que esses objetos têm aparecido há
décadas em uma grande variedade de formas e tamanhos, algumas vezes em “ondas” por todo
o globo, demonstrando capacidades além de nossa compreensão científica. Isso não era um
mito. E talvez, eu pensei, os generais e seus colegas franceses soubessem até mais do que
revelaram.
Não apenas todos os membros apoiaram a conclusão, como também insistiram em uma
ação internacional. Os autores recomendaram que a França estabelecesse um “acordo de
cooperação setorial com países europeus e outros países interessados” no assunto dos OVNIs,
e que a União Europeia empreendesse uma ação diplomática com os Estados Unidos,
“exercendo eficiente pressão para esclarecer este assunto crucial, que precisa constar do
âmbito de alianças políticas e estratégicas”. O relatório, intitulado “OVNIs e Defesa: Para o
que precisamos nos preparar?”, é fundamentalmente um chamado para a ação, um pedido à
prontidão, em antecipação de encontros futuros com objetos desconhecidos.
Eu não tinha ideia de onde isso tudo poderia levar - a mim, a qualquer governo ou ao nosso
futuro.
Meu colega francês foi chamado para fazer o acompanhamento, e ele explicou que tinha
secretamente desviado para mim uma cópia em inglês do relatório, que tinha acabado de ser
traduzida. A notícia estava sendo retida para posterior liberação e até agora foi publicado
apenas na França. Meu amigo sabia que eu era uma repórter freelance de mente aberta, com
vínculos com muitas editoras, e ele queria que eu fizesse um avanço nesta história, em vez de
deixá-la para a mídia convencional, que raramente leva os OVNIs a sério. “Você é a única
repórter na América a ter a versão em inglês”, me disse ele excitadamente ao me ligar de Paris.
“É todo seu. Mas não deixe ninguém saber onde você o conseguiu”.
O desafio era sedutor e enervante. Secretamente, comecei a procurar o assunto OVNIs
mais extensivamente, sem contar nada nem para meus colegas mais íntimos da estação de
rádio. Eu sabia que estava explorando algo que a maioria dos jornalistas considerava ridículo
ou, no melhor dos casos, excitante, mas, por outro lado, irrelevante para as lutas de vida-e-
morte dos seres humanos, questões que devem ser o foco de qualquer repórter responsável e
progressista. Conforme os meses foram passando, tornei-me cada vez mais preocupada em
manter silêncio sobre esse meu interesse, enquanto produzia e apresentava um programa diário
de notícias investigativas. Comecei a me sentir como se estivesse escondendo algo vergonhoso
e proibido, semelhante ao uso de uma droga ilegal. Em retrospecto, a intensidade de minha
preocupação e insegurança era avassaladora, pois o tabu em relação aos OVNIs tinha grande
poder sobre mim, e foi necessário um tempo antes que eu me sentisse armada com fatos
suficientes para lidar com as atitudes daqueles com os quais eu trabalhava e que eram tão
compatíveis comigo em todos os outros aspectos.
Esse não era um assunto fácil de assumir, e compreendi porque outros jornalistas não o
fizeram. Inicialmente, senti-me oprimida pelo que parecia ser obstáculos quase
intransponíveis. A história dos OVNIs era, jornalisticamente, esquiva, contaminada por teorias
conspiratórias, desinformação e simples desleixo, e tudo tinha de ser cuidadosamente separado
do material legítimo. As questões levantadas pelo fenômeno OVNI eram profundamente
perturbadoras para nosso modo de pensar costumeiro. O assunto carregava um estigma terrível
e, portanto, era um risco profissional para aqueles publicamente engajados nele. Mas também
apontava para algo possivelmente revolucionário, algo que podia desafiar toda a nossa visão de
mundo. Embora assustador, tenho de confessar que isso o tornou ainda mais atraente para
mim. E quanto mais eu aprendia, melhor compreendia a validade de estudos de caso
adicionais, bem como de documentos do governo que lançassem alguma luz sobre o assunto.
Os dados reunidos, o acúmulo de evidências durante décadas, finalmente se tornou
convincente e completamente mistificador. Apesar dos problemas, simplesmente não havia
maneira de eu me forçar a ignorar o assunto.
Corno se verificou, esse relatório não solicitado mudou radicalmente o curso de minha
carreira como jornalista, de maneiras que eu jamais poderia imaginar naquela época. Os
OVNIs tornaram-se o foco4 de minha vida profissional após a publicação de minha primeira
história sobre eles no Boston Globe. A editora do Fórum Dominical do Globe, uma seção de
análise semanal das notícias na qual eu tinha previamente feito publicações, ficou apreensiva
sobre cobrir o assunto dos OVNIs. Isso compreensivelmente a enervou, mas, após muita
discussão, ela foi suficientemente corajosa para prosseguir com minha longa história. Fiquei
extremamente nervosa sobre “sair do armário” profissionalmente, como uma repórter que -
Deus me livre! - achou esse assunto tolo digno de atenção. Mas eu sabia que esse era um furo
jornalístico, e como poderia eu resistir a isso? Revelei a notícia do Relatório COMETA,
exatamente como meu colega francês tinha me pedido seis meses antes, e a estatura dos
generais e dos outros colaboradores autorizando o relato ganhou a batalha, isentando-me do
ridículo. Eu mesma incluí análises adicionais baseadas em informações reveladoras enunciadas
em documentos oficiais do governo americano relativas a OVNIs e segurança nacional, que
apoiavam a perspectiva francesa. Para meu deleite, o artigo foi distribuído através do serviço
de notícias do New York Times e captado por jornais de todo o país. Claramente havia interesse
nacional.
As pessoas que seguiam o assunto OVNIs extasiaram-se com o fato de que pelo menos um
jornal de prestígio tinha levado a história a sério, e um funcionário do Congresso até enviou
uma carta elogiosa para o Globe. Recebi numerosos e-mails de testemunhas de eventos OVNIs
em resposta ao artigo, incluindo alguns pilotos, que nunca até então tinham ousado se
apresentar. Meus olhos foram abertos por isso e, agora, eu tinha cruzado aquele ponto em que
não há volta.
A história apresentava aquela citação inquietante - impressa em preto e branco, clara como
as outras histórias do dia com as quais ela estranhamente se misturava - de “máquinas
voadoras completamente desconhecidas, com desempenhos excepcionais, que são guiadas por
uma inteligência natural ou artificial”, como descritas pelos oficiais franceses aposentados.
Ingenuamente, pensava que isso teria de gerar algum tipo de rumor e que outros jornalistas
avidamente procurariam saber de onde eu tinha obtido o relatório. Eu sabia que havia um
desdém pelos OVNIs em nossa cultura, mas também sabia que essa era uma notícia de última
hora, que assumiria um papel de liderança. Surpreendentemente, nada aconteceu. Fui exposta
a um outro aspecto deste mundo estranho. Foi o início de um rude despertar, um rito de
passagem para a realidade desconcertante de que os OVNIs não podem ser absolutamente
reconhecidos, mesmo como simples objetos voadores não identificados que são. Era como se
todo mundo estivesse fingindo que eles não existiam.
Desde então, a história do Globe solidificou meu interesse e aumentou minha confiança.
Focalizei-me na investigação e em chegar a um acordo com esse assunto - um processo que
nunca termina. Fundamentalmente, depois de muitos anos de pesquisa e em entrevistas
abrangentes com pessoas-chave, aprendi que os OVNIs são um mistério científico genuíno.
Tem havido extraordinários avistamentos de OVNIs na América por mais de sessenta anos,
muitos por pilotos e pessoal militar, e muitos produzem evidências físicas. Volumes de estudos
de caso foram publicados5 por pesquisadores e cientistas qualificados desde os anos 50 do
século passado, documentando incidentes com OVNIs por todo o globo e deixando um registro
sólido, que pede uma análise posterior por cientistas contemporâneos.
As fontes mais acreditadas claramente reconheceram, e estabeleceram repetidamente, que
não sabem ainda o que são os objetos - contrariamente às opiniões do público de que os
OVNIs, por definição, são espaçonaves extraterrestres. Mas eu tinha sempre de chegar a um
acordo com o fato de que esses surpreendentes objetos não identificados de alta performance
existem, sem dúvidas - exatamente como os autores do COMETA tinham inequivocamente
estabelecido. Há dados suficientes disponíveis para esclarecer isso a qualquer pessoa que
decida estudá-los. Porque só isso é tão potencialmente explosivo, que eu não conseguia
entender a indiferença gerada entre aqueles que levaram isso suficientemente a sério para se
elevarem acima do ridículo, mas que permaneceram indiferentes e desinteressados.
Finalmente compreendi - repetidamente, através da pesquisa e publicação de minhas
histórias subsequentes, cada uma das quais se assemelhava a uma notícia avassaladora para
mim, mas nunca era suficiente para estimular uma mudança - que a história dos OVNIs não
poderia ser apropriadamente contada, e nem o tabu poderia ser ultrapassado, através de
pequenas notícias6, não importando quantas delas houvesse. Agora acredito que a única
maneira de transmitir a história toda - para realmente dar a notícia sobre a existência dos
OVNIs e transmitir o impacto do material para a pessoa ainda não exposta a ele - é através de
um livro como este, que inclui algumas das melhores fontes do mundo, contando pessoalmente
todos os detalhes. Pequenos informes e citações curtas não podem transmitir uma história desta
magnitude.
Os capítulos que você vai ler tratarão de questões fundamentais sobre OVNIs, que
preocupam tanta gente. O que nós realmente sabemos sobre eles? É realmente possível que
alguns desses objetos sejam do espaço sideral? Os pilotos sempre os veem? Como governos e
militares lidam com avistamentos? Por que, na América, há tanta negação e exposição ao
ridículo no que se refere aos OVNIs? As respostas, sob todos os aspectos, são nada menos que
surpreendentes.
Como qualquer jornalista faria, eu confiava nas fontes oficiais, documentos liberados
através do Ato de Liberdade de Informação, relatos de casos corroborados, evidência física e
numerosas entrevistas com testemunhas militares e da aviação, e nos investigadores do
governo de todo o mundo. Cheguei a conhecer pessoalmente muitas dessas testemunhas
oficiais, e não tive dúvida quanto à credibilidade de seus relatos, que são quase sempre
corroborados por outros. Algumas possuíam informação transmitida e me mostraram
documentos que não podem ser registrados por causa de sua sensibilidade, e outros
documentos fornecidos por fontes muito fidedignas, que não podem ser verificados ou
corroborados, mas ainda são valiosos como conhecimento. Também encontrei, entrevistei e
conheci numerosas testemunhas civis durante anos, pessoas comuns, com vários estilos de
vida, que me impressionaram com seus relatos sinceros e claros de surpreendentes incidentes
com OVNIs. Elas também fizeram contribuições essenciais para a busca da compreensão a
respeito do fenômeno.
Meu papel aqui é de escrever como um observador objetivo e como um guia. Ao mesmo
tempo, coloco-me em posição de apoio a um esforço de resolver as muitas questões não
resolvidas sobre os OVNIs, mais do que ignorá-las, e em apoio às testemunhas e especialistas
que se apresentaram. Ao fazer isso, estou direta e abertamente confrontando atitudes
irracionais e má informação. Isso significa que estou praticando uma espécie de “jornalismo de
defesa”, algo que eu nunca tive como objetivo e que é o modus operandi de muitos repórteres
investigativos, que cavam uma história para servir a uma causa maior. Não sou uma “crente”
em relação a qualquer coisa, exceto quanto a fatos, mesmo quando não estão de acordo com
nossa visão de mundo estabelecida. O assunto OVNIs é tão não ortodoxo, que mesmo uma
abordagem franca e racional pode parecer que se está cruzando uma linha para um território
questionável. Fiz o melhor que pude para manter clara, lógica e bem documentada toda essa
informação.
É por isso que muito deste livro consiste de relatos pessoais de investigadores especialistas
e testemunhas, que falarão diretamente de OVNIs, alguns pela primeira vez. Através de suas
palavras, os leitores terão, em primeira mão, acesso ao material e podem tirar suas próprias
conclusões.
Esses indivíduos, de nove países diferentes, são homens altamente treinados, que se
atribuíram o trabalho assustador de confrontar esse fenômeno através de profunda
investigação, ou que diretamente o testemunharam, não por qualquer escolha própria. Alguns
deles tiveram acesso a arquivos secretos, testemunhas informantes, e o desdobramento de
investigações de caso que estavam além do alcance de qualquer jornalista ou qualquer pessoa
de fora de seu mundo privilegiado, fechado. Eles se apresentaram coletivamente aqui para dar
acesso a todos nós, e explicar o que sabem sobre OVNIs, em sua capacidade profissional como
pilotos, funcionários do governo e oficiais militares de alta patente.
De um ponto de vista pessoal, cada um foi transformado de um modo ou de outro, algumas
vezes muito drasticamente, por esta interação com o “impossível”. Todos ficaram confusos e
querem respostas para as mesmas sérias perguntas de todos nós, mas geralmente por suas
próprias razões. Cada um deles começou sua relação com o assunto como um cético e, muito
embora muitos estejam agora aposentados de seus trabalhos oficiais de investigação dos
OVNIs, a maioria não conseguiu se libertar do impulso intenso de querer descobrir o que eles
são. Permaneceram envolvidos de várias maneiras. Um deles está planejando dar um curso
sobre a história dos OVNIs em uma universidade proeminente; outro é contatado
frequentemente pela mídia para dar palestras sobre o assunto; um antigo cientista da NASA
comanda um grupo de pesquisa que estuda fenômenos aéreos anômalos; um antigo
investigador do governo recebe frequentes ligações em seu celular do pessoal nervoso da Força
Aérea que está observando fenômenos estranhos em localizações remotas. Assim, nesse
sentido, esses homens não estão realmente “aposentados”. E alguns estão trabalhando como
comandantes para linhas aéreas comerciais.
Observei que muitos, até mesmo aqueles que cheguei a conhecer bem, hesitavam em
revelar o aspecto emocional de suas experiências com os OVNIs. Algumas testemunhas lidam
há anos com o impacto de um encontro incompreensível. Meu trabalho era cutucar, tanto
quanto eu pudesse, as mentes desses militares reticentes e pilotos da Força Aérea não
propensos a revelar seus temores. São homens orientados primeiro para o dever, e o
significado de suas afirmações deve ser enfatizado. Esse grupo corajoso está revelando uma
história imensa para o mundo.
Durante muitos anos, eles todos descobriram uma grande negociação a respeito dos
OVNIs, apesar da capacidade do fenômeno de permanecer não identificado, mesmo quando
fazia aparições repetidas, tentadoras, nas chamadas ondas, ou engajadas em perseguições do
tipo gato-e-rato com pilotos da Força Aérea. Os objetos vêm e vão, algumas vezes deixando
um “bip” no radar, uma imagem num filme ou uma impressão no solo. Esse grupo diverso
pode fornecer tanto um olhar íntimo e factual deste fenômeno misterioso quanto podemos
esperar conseguir como leigos.
Nenhum desses escritores foi privado das afirmações dos outros, nem, para minha surpresa,
sequer me fez perguntas sobre o que os outros contribui- dores estavam escrevendo. Mesmo
assim, há similaridades impressionantes, não apenas em seus próprios relatos dos OVNIs, mas
também em suas interpretações, atitudes e ideias de resolução futura. Para mim, essa
uniformidade valida a natureza mundial do fenômeno e também mostra que, quando
adequadamente investigado, as mesmas conclusões são obtidas não importa onde ocorra a
investigação.
Existe uma curiosidade universal, que aumenta com o tempo, sobre o mistério OVNI. Eu o
vi crescer e tenho observado um aumento concreto na cobertura que a mídia faz a respeito dos
OVNIs, desde que comecei este estudo, dez anos atrás. Quanto mais aprendemos, mais
confuso se torna. Muitas pessoas, ainda, continuam a pensar que o assunto se baseia em
fantasia ou falsa identidade, ou algum tipo de piada e, portanto, uma perda de tempo. Minha
esperança mais profunda é que essas pessoas em particular lerão este livro, do começo ao fim,
e chegarão a uma conclusão. Podemos todos concordar, eu assumo, que ninguém pode
repudiar um assunto sem saber alguma coisa sobre ele.
Fiz o melhor que pude para destilar, de uma imensa quantidade de material, alguns dos
fatos mais interessantes e essenciais. Neste país, os OVNIs tornaram-se um assunto nacional
no final dos anos 40, quando houve muitos avistamentos de grande interesse e preocupação
púbica, que foram amplamente cobertos pela mídia. A Força Aérea Americana assumiu a
tarefa de falar desses eventos, complicados pelo início da Guerra Fria, na tentativa de explicar
o maior número possível de casos, para desviar a atenção pública do mistério. Por trás dessa
cena, o tema levou grande preocupação até os níveis mais altos e a Força Aérea não estava
equipada para proteger o público de um fenômeno inteiramente desconhecido, mas
aparentemente tecnológico, que poderia ir e vir à vontade. No início dos anos 50, estabeleceu-
se o Projeto Livro Azul, uma pequena agência que recebia relatos dos cidadãos, investigava
tais relatos e oferecia explicações para a mídia e o público. O Livro Azul gradualmente
solidificou-se como um esforço de relações públicas com a intenção de desmascarar os
avistamentos de OVNIs. Centenas de arquivos se acumularam, e a Força Aérea encerrou o
projeto em 1970, terminando todas as investigações oficiais - ou, assim disseram eles
publicamente - sem ter encontrado uma explicação para muitos incidentes chocantes com
OVNIs. Os casos apresentados por nossos contribuidores ocorreram todos depois do
encerramento do Projeto Livro Azul, entre 1976 e 2007.
Nosso governo ainda fica de fora da controvérsia em relação aos OVNIs e não tem
qualquer política em relação à crescente preocupação. Dentro da estrutura histórica, os
próximos capítulos examinarão o papel da CIA no estabelecimento do protocolo para
desmascarar os OVNIs: o forte contraste entre a manipulação dos OVNIs por nosso próprio
governo e o governo de outros países; as questões relativas à segurança da aviação e a
segurança nacional no que se refere aos incidentes com OVNIs; a psicologia do tabu OVNI; e
a questão de um encobrimento do governo americano.
Grande parte do público americano está se tornando cada vez mais frustrado com o padrão
das negações do governo a respeito dos OVNIs, especialmente quando a evidência vem
aumentando com o tempo. Como câmaras digitais e telefones celulares são agora coisas
comuns, fotos de OVNIs surgem quase todo o dia, embora sejam mais facilmente falsificáveis,
tornando a nova tecnologia uma faca de dois gumes. Enquanto novos exoplanetas estão sendo
descobertos e os cientistas reconhecem a probabilidade de vida em outros lugares do universo,
a demanda pelo estudo do negligenciado fenômeno OVNI tornou-se imperativa. Acho que
você concordará, no final da leitura, que há agora renovada esperança de solução do enigma
OVNI e também concordará com a importância desse esforço.
DEFININDO O INDEFINÍVEL: O QUE É UM OVNI?

É extremamente importante estabelecer bem no início que nem eu nem os outros escritores
estamos afirmando que haja veículos espaciais em nossos céus, simplesmente porque não
negamos os dados que mostram a presença física de alguma coisa lá. O termo “OVNI” tem
sido mal empregado e tornou-se tão parte da cultura popular que sua definição original (e
precisa) está quase completamente perdida. Praticamente todo mundo equaliza o termo
“OVNI” a veículo espacial extraterrestre e, assim, numa torção perversa do significado, a sigla
transformou-se mais em algo identificado do que algo não identificado. A falsa, mas
amplamente difundida, suposição de que um OVNI é necessariamente uma espaçonave
alienígena é geralmente a razão do termo criar uma gama exagerada e confusa de respostas
emocionais. Um reconhecimento da hipótese extraterrestre como válida, embora não provada -
uma explicação possível digna de um escrutínio científico futuro - é algo inteiramente
diferente de abordar o assunto dos OVNIs como se essa descoberta já tivesse sido feita.
Historicamente, foi a Força Aérea Americana que, cerca de cinquenta anos atrás, inventou
a expressão “objeto voador não identificado” para substituir a popular, mas mais lúgubre,
expressão “disco voador”. A Força Aérea definiu um “OVNI” como “qualquer objeto no céu
que, por desempenho, características aerodinâmicas ou formas incomuns não se conformam a
qualquer aeronave ou míssel atualmente conhecido, ou que não pode ser positivamente
identificada como um objeto familiar”. Essa é a definição abraçada por todos os contribuidores
deste livro, e a definição empregada por todos os documentos relevantes do governo e relatos
oficiais de pilotos.
Se um objeto no céu não pode ser identificado, mas nós ainda não podemos excluir a
possibilidade do que ele poderia ser, se tivéssemos mais dados, então não é uma verdade
desconhecida. Nessa situação, não podemos determinar o que ele é ou o que ele não é.
Novamente, um OVNI genuíno, o OVNI com o qual estamos interessados neste livro, é um
objeto que, por exemplo, exibe capacidades extraordinárias, que estão além da tecnologia
conhecida, ao ser captado pelo radar e observado por inúmeras pessoas qualificadas, e numa tal
extensão que dados suficientes são obtidos, bem como estudo suficiente é empreendido para
eliminar outras possibilidades conhecidas.
Por existir tanta bagagem associado ao termo OVNI, alguns cientistas e outros especialistas
empregaram uma nova terminologia para separar estudos sérios daqueles mais frívolos. Em
vez de OVNI, alguns de nossos contribuidores escolheram usar “fenômenos aéreos não
identificados” ou “FANI”. Richard Haines, antigo cientista sênior da NASA e especialista em
segurança da aviação, define FANI da seguinte maneira:

O estímulo visual que produz um relato de avistamento de um objeto ou luz vista no céu, a
aparência e/ou dinâmica de voo que não sugere um objeto voador lógico, convencional, e
que permanece não identificado após íntimo escrutínio de toda evidência disponível, por
pessoas que são tecnicamente capazes tanto de fazer uma identificação técnica completa,
bem como uma identificação baseada no senso comum, se uma for possível7.

No contexto deste livro, os termos OVNI e FANI significam essencialmente a mesma coisa
e serão usados indistintamente, embora alguns autores prefiram usar um ou outro
exclusivamente. “FANI” sugere um escopo mais amplo, incorporando talvez uma gama maior
de fenômenos, que, por exemplo, podem não parecer ser um objeto voador. Não importando
qual a sigla usada, o fenômeno é frequentemente imóvel ou flutuante, não voador, e algumas
vezes é visto simplesmente mais como luzes incomuns do que um objeto sólido, especialmente
à noite, quando a iluminação brilhante subjuga a observação de qualquer estrutura física. FANI
mantém a clareza de que esses objetos e luzes podem representar muitos tipos de fenômenos
que se originam de fontes diversas.
Um segundo ponto fundamentalmente importante é que cerca de 90 a 95% dos avistamento
de OVNIs podem ser explicados. Nos 5 a 10% restantes, uma vez que se tenha determinado
que um objeto é genuinamente um OVNI pelos padrões apropriados, então tudo o que sabemos
é que não é algo natural ou feito pelo homem, ou uma fraude definitiva, o que, infelizmente,
ocorre muito. Exemplos de fenômenos algumas vezes confundidos com OVNIs são: balões
metereológicos, sinalizadores, balões, aviões voando em formação, aeronaves militares
secretas, pássaros refletindo o sol, aviões refletindo o sol, dirigíveis, helicópteros, o planeta
Vénus ou Marte, meteoros ou meteoritos, lixo espacial, satélites, parélios, cristais de gelo, luz
refletida por nuvens, luzes no solo ou luzes refletidas sobre uma janela de cabine, inversões de
temperatura, nuvens de perfuração; e a lista continua! Sim, a grande maioria dos relatos
geralmente pode ser explicada por alguma dessas coisas, mas, naturalmente, estamos
interessados naqueles que não o podem.
Segue-se, portanto, que aquela pergunta frequentemente feita: “Você acredita em OVNIs?”
realmente não tem base, mas é geralmente feita e cria problemas intermináveis de
comunicação. Realmente não faz sentido, porque sabemos que objetos não identificados
existem, são oficialmente documentados e definidos como tal pela Força Aérea Americana e
de outros governos ao redor do mundo. Por mais de cinquenta anos, a realidade dos objetos
voadores não identificados não constituiu objetos de crença ou questão de fé, opinião ou
escolha. Antes, ao usarmos a definição correta de OVNIs, é uma questão de fato. Do mesmo
modo que com os objetos identificados - tais como aviões, mísseis e outros tipos de
equipamento feitos pelo homem - estes objetos não identificados também podem ser
fotografados, criar retornos de radar, deixar marcas no solo e ser observados e descritos por
múltiplas testemunhas independentes em localizações separadas. Em termos de crença, o
interrogador está realmente perguntando: “Você acredita em espaçonaves alienígenas?” Essa é
uma questão inteiramente diferente.
Para abordar racionalmente o assunto OVNIs, precisamos manter a posição agnóstica em
relação à sua natureza ou origem, porque simplesmente não sabemos ainda a resposta. Ao
sermos agnósticos, estamos dando um passo enorme. Assim, frequentemente, o debate sobre
OVNIs alimenta duas polaridades, ambas representando posições insustentáveis. De um lado,
os “crentes” proclamam que os extraterrestres chegaram do espaço e que nós já sabemos que
os OVNIs são veículos alienígenas; e, do outro lado, os “desmistificadores” argumentam com
agressividade que os OVNIs não existem. Essa batalha contraprodutiva tem infelizmente
dominado o discurso público há muito tempo, aumentando a confusão e criando uma distância
maior da abordagem científica (para o agnóstico).
O ceticismo como princípio é a premissa fundamental deste livro. O astrofísico Bernard
Haisch, antigo editor científico do The Astrophysical Journal e do The Journal of Scientific
Exploration, define o verdadeiro cético como “aquele que pratica o método do não julgamento,
está engajado no raciocínio racional e desapaixonado como exemplificado pelo método
científico, mostra vontade em considerar explicações alternativas sem preconceito baseado em
crenças anteriores, e que busca evidência e cuidadosamente investiga sua validade”. Convido
você a olhar o material apresentado aqui pela perspectiva de um agnóstico - objetivamente,
com mente aberta e verdadeiramente cética.
Agora podemos iniciar uma jornada fascinante. Apresentarei alguns dos materiais mais
poderosos, que muito profundamente me impactaram durante meu próprio processo de
exploração e descoberta. Durante esse processo, os outros escritores e eu pedimos ao leitor
para considerar a veracidade dos seguintes pontos. A serem revisados no final do livro, que
destilei dos meus dez anos de exame cuidadoso do assunto OVNI. Estas cinco premissas são
completamente avaliadas e ilustradas pela evidência ao longo de todo o livro:

(1) Existe em nossos céus, no mundo todo, um fenômeno físico sólido, que parece estar sob
controle inteligente e é capaz de velocidades, manobrabilidade e luminosidade além da
tecnologia comumente conhecida.
(2) Incursões de OVNIs, frequentemente em espaço aéreo restrito, podem causar riscos à
segurança da aviação e aumentar a inquietação quanto à segurança nacional, muito
embora os objetos não tenham demonstrado abertamente atos hostis.
(3) O governo americano rotineiramente ignora os OVNIs e, quando pressionado, libera
explicações falsas. Sua indiferença e/ou rejeições são irresponsáveis, desrespeitosas,
com testemunhas dignas de confiança e frequentemente especializadas, e
potencialmente perigosas.
(4) A hipótese de que os OVNIs são de origem extraterrestre ou interdimensional é razoável
e precisa ser levada em conta, segundo os dados que temos. Porém, a origem e a
natureza reais dos OVNIs ainda não foram determinadas pelos cientistas e permanecem
desconhecidas.
(5) Dadas suas implicações potenciais, a evidência pede uma investigação científica
sistemática envolvendo o apoio do governo americano e cooperação internacional.

Acredito que, depois de ler este livro, o leitor perspicaz aceitará - ou pelo menos
reconhecerá como plausíveis - essas cinco posições como notáveis ou inconcebíveis conforme
pareceram no início.
Leslie Kean
Nova York
PARTE 1

OBJETOS DE ORIGEM DESCONHECIDA

“Toda verdade passa por três estágios. Primeiro, ela é ridicularizada; segundo,
é rejeitada com violência; e terceiro, é aceita como evidente por si própria”

Arthur Schopenhauer
CAPÍTULO 1 - Aeronave Majestosa com Poderosos Holofotes Radiantes

Começamos esta investigação sobre uma base muito sólida, com a crônica em primeira mão de
um Major General sobre um dos mais vívidos e bem documentados casos de OVNIs que já
existiu. O que você irá ler demonstrará a materialidade dramática e muito misteriosa dos
OVNIs - neste caso, aqueles que foram incomumente ousados. Embora algumas partes possam
soar como ficção científica, elas não são. O fato é que objetos flutuantes ou deslizantes,
geralmente triangulares, foram vistos por milhares de pessoas e investigados por cientistas das
universidades e funcionários do governo e, contudo, nunca foram explicados. Deixaram
impressões em filmes e, ainda que virtualmente impossível de serem detectados por radar,
dispararam o lançamento de F-16s da Força Aérea em ansiosa perseguição. Os avistamentos
ocorreram em uma “onda” de mais de dois anos sobre a Bélgica, iniciando-se no final de 1989.
Para iniciar a exploração deste livro sobre o fenômeno OVNI, o Major General belga
Wilfried de Brouwer, agora aposentado, forneceu um relato exclusivo que inclui algumas
respostas pessoais, que ele nunca expressou antes. Como chefe da Divisão de Operações do
Staff Aéreo, o então Coronel de Brouwer desempenhava um papel importante, junto a
funcionários de outros ramos do governo, na mobilização de vários departamentos para tentar
identificar os estranhos intrusos que viviam se mostrando de maneira não anunciada sobre as
cidades e o campo. “Centenas de pessoas viram urna aeronave triangular majestosa com uma
extensão de aproximadamente cento e vinte pés (mais de 3.600 metros), com poderosos
holofotes radiantes, movendo-se muito lentamente, sem fazer qualquer ruído significativo,
mas, em vários casos, acelerando a velocidades muito altas”, disse de Brouwer publicamente
alguns anos atrás, descrevendo apenas a primeira noite da onda. Numerosos oficiais de polícia
estavam entre o grupo inicial de testemunhas, reportando de diferentes localizações, conforme
múltiplas aeronaves deslizavam, pairavam e iluminavam os campos ao longo de suas rotas - os
mesmos oficiais que tinham gracejado descaradamente quando houve o primeiro chamado de
rádio sobre os avistamentos. E os estranhos objetos continuaram voltando, por alguma razão
insondável, a se mostrar sobre o calmo território da Bélgica.
O Coronel de Brouwer recebeu a tarefa de lidar com a onda de OVNIs pelo ministro da
defesa do país, Guy Coéme. Depois de passar vinte anos como piloto de combate da Força
Aérea Belga, de Brouwer tinha sido indicado para o ramo de Planejamento Estratégico da
OTAN, em 1983, como coronel. Ele, então, tornou-se Comandante da Ala de Transporte da
Força Aérea Belga e, em 1989, chefe da Divisão de Operações do Staff Aéreo. Promovido a
Major General em 1991, tornou-se Delegado Chefe de Staff da Força Aérea Belga, no cargo de
operações, planejamento e recursos humanos. Começando em 1995, após sua aposentadoria da
Força Aérea, ele trabalhou por mais de dez anos como consultor das Nações Unidas, para
melhorar as capacidades de resposta rápida da Logística da ONU durante emergências.
Homem de grande integridade e responsabilidade, de Brouwer estava determinado a fazer tudo
o que pudesse para descobrir o que estava invadindo o espaço aéreo belga e repetidamente
cometendo infrações às regras básicas da aviação.
Encontrei, pela primeira vez, o General de Brouwer pessoalmente ao arranjar sua viagem
para Washington, DC, em novembro de 2007, para falar em uma conferência internacional de
imprensa, que eu tinha organizado com o cineasta James Fox. Nós reunimos um painel de
antigos oficiais militares de alta patente e funcionários do governo e da aviação de sete países,
para falar à imprensa sobre incidentes e investigações de OVNIs, e que foi filmado para um
novo documentário. Também queríamos dar a esses corajosos palestrantes a oportunidade de
encontrar suas contrapartes de outros países e conversar privadamente por um período de dias.
Muitos contribuidores deste livro se encontraram então pela primeira vez.
O General de Brouwer é extremamente preocupado com a precisão factual, conservador
em suas estimativas e meticuloso na atenção aos detalhes. É um homem que não tira
conclusões precipitadas, nem tende ao exagero ou embelezamento. Ele se preocupa em
salvaguardar o relato preciso dos acontecimentos na Bélgica, apesar da passagem do tempo.
“Recentemente, quando estava na internet, descobri um acúmulo de informações erradas sobre
a onda de OVNIs na Bélgica”, escreveu-me ele em um e-mail, enquanto trabalhávamos na
edição de seu longo texto. “Isso me levou a reagir; não posso aceitar que os chamados
pesquisadores venham com afirmações baseadas em informação incorreta. Testemunhos de
centenas de pessoas são negligenciados e são feitas tentativas para convencer as pessoas que as
observações não foram nada mais do que equívocos de aeronaves comuns. Também as
afirmações oficiais do Ministro da Defesa e da Força Aérea foram negligenciadas ou mal
interpretadas por estes pesquisadores.”
Em uma de nossas conversas mais recentes, pedi ao general para refletir sobre sua
experiência durante a onda OVNI de vinte anos atrás - que ele diz que foi única, mas também
frustrante, uma vez que foram incapazes de identificar a aeronave invasora. O que mais o
impressionou foi a extrema sinceridade das testemunhas com as quais falou, muitas das quais
eram “intelectuais altamente qualificados, genuinamente confusos com o que tinham visto e
convencidos de que não estavam lidando com tecnologia convencional”. Infelizmente,
frequentemente tinham medo de vir a público, por causa do estigma ligado aos OVNIs. “Uma
pessoa, que eu conhecia há anos, trabalhava na OTAN naquela época”, disse de Brouwer. “Ele
estava tão surpreso, que não ousava mencionar isso para ninguém, nem mesmo para sua
esposa. Ele apenas falou de sua experiência para mim com a condição de que eu não revelasse
seu nome.”
Tive a boa sorte de conversar com uma testemunha especialista, de posição bastante
elevada, que não se conteve, apesar dos riscos. O coronel André Amond, um engenheiro civil
aposentado, era o diretor de infraestrutura militar do Exército belga e também, antigamente,
responsável por questões de impacto ambiental do Exército a nível do Estado Maior,
cooperando intimamente com oficiais americanos. Como relata De Brouwer no próximo
capítulo, Amond e sua esposa olharam amplamente para uma dessas máquinas de voo baixo,
enquanto dirigiam por uma estrada e estacionavam no acostamento. Amond não teve
absolutamente nenhuma dúvida sobre a natureza excepcional daquilo que viu. Com total
convicção, ele percorreu todo o caminho para o topo, registrando um relatório escrito e
fornecendo uma série de desenhos para o Ministro da Defesa belga.
No que lhe diz respeito, o coronel Amond foi capaz de eliminar todas as explicações
possíveis para o objeto, e afirma que era alguma espécie de “veículo aéreo desconhecido”. Ao
refletir sobre esse evento duas décadas depois, ele escreveu em um e-mail: “Ainda não há hoje
qualquer explicação! Isso foi uma pena, porque eu queria saber antes de morrer. Dê uma
explicação correta de meu avistamento. Isso é tudo o que posso pedir”. Ele fala de milhares de
outros que nunca tinham pensado em OVNIs antes de terem a experiência de ver um. Para
muitos, o efeito disso perdura por toda a vida.
Para ter compreensão plena do significado da evidência a ser apresentada pelo General de
Brouwer, precisamos reconhecer as circunstâncias especiais desta série extraordinária de
eventos. A maioria dos casos de OVNIs não é de “ondas” e não oferece tantos dados como este
o fez. Geralmente eles envolvem um único incidente e naturalmente são mais difíceis de
documentar e investigar. As muitas centenas de relatos vívidos e consistentes coletados ao
longo do tempo na Bélgica - acumulados e investigados por um grupo de cientistas que
trabalhava com a Força Aérea - criaram oportunidades para a detecção por radar e outras
aplicações técnicas que beneficiam a preparação avançada. O grande número de avistamentos
aumentou a probabilidade de se obter fotos e vídeos válidos. Os militares tiveram o tempo
adequado para ter acesso e testar uma gama de opções do que poderiam ser os objetos, que
poderiam ser verificadas ou eliminadas com base em investigações oficiais, tais como se havia
qualquer helicóptero no ar em uma determinada hora. Oficiais poderiam se preparar para
futuras visitas de OVNIs, treinando especialistas em radar para lidar com esses alvos
excepcionais e aprontando jatos da Força Aérea para serem lançados no momento da notícia.
Conforme os eventos se desenrolaram por meses e anos na Bélgica, todas as explicações
mundanas e convencionais foram descartadas. Tornou-se muito claro o que os objetos não
eram, mas ainda não estava claro o que eles eram.
Finalmente, a única opção possível que restou, não importa o quão remota seja, era que os
objetos fossem caças F-117A Stealth ou outras aeronaves militares secretas americanas,
enviadas em algum tipo de exercício clandestino experimental. O General de Brouwer achava
extremamente improvável que aeronaves secretas pudessem ser enviadas em voos repetidos
sobre a Bélgica sem qualquer notificação oficial, em violação às normas aéreas, uma vez que
nenhum pedido de sobrevoo por parte da Força Aérea Americana foi recebido. Ele também
tinha consciência de que as habilidades tecnológicas apresentadas pelos objetos estavam além
da capacidade mesmo de aeronaves experimentais - o que, o general aponta, ainda é o caso
hoje. Contudo, ele perguntou à Embaixada americana em Bruxelas e à OTAN, através de
contatos informais com seus adidos.
A resposta foi exatamente a que ele esperava. E os resultados desse inquérito foram
descobertos em um documento do governo americano, confidencial naquela época, mas
liberado através do Ato de Liberdade de Informação. O memorando “Bélgica e a Questão
OVNI”, de março de 1990, observa que De Brouwer perguntou se os objetos eram aeronaves
militares B-2 ou F-117, afirmando que ele fez a pergunta apesar de saber que “as alegadas
observações não correspondiam de maneira nenhuma às características observáveis das
aeronaves americanas”. O documento posterior afirma que “a USAF (Força Aérea Americana)
confirmou à BAF (Força Aérea Belga) e ao MOD belga (Ministro da Defesa) que nenhuma
aeronave Stealth da USAF estava operando na área de Ardennes8 durante os períodos em
questão”. De Brouwer contou-me que um oficial americano assegurou-lhe privadamente que
os Estados Unidos não tinham um “programa sinistro” que pudesse ter causado esses múltiplos
avistamentos.
Em 1992, o Ministro da Defesa belga, Leo Delcroix, confirmou isso uma vez mais, ao
responder uma carta de um pesquisador francês. “Infelizmen- te, nenhuma explicação foi
encontrada até hoje”, escreveu ele. “A natureza e origem do fenômeno permanecem
desconhecidas. Uma teoria pode ser definitivamente descartada, porém, uma vez que
autoridades americanas garantiram às Forças Armadas Belgas que nunca houve qualquer tipo
de teste de voo americano9.”
Esse é um ponto importante a se ter em mente, quando se lê os relatos de testemunhas
fornecidos por De Brouwer. Ficamos presos a um sério dilema. Os militares de algum país
tinham testado aeronaves novas extremamente avançadas desde a metade dos anos 70, que foi
quando relatos de tais aeronaves triangulares começaram? A Bélgica tinha sido escolhida como
lugar para testes de voos repetidos, monitorados de uma base secreta em algum lugar? O bom
senso nos diz que, se um governo desenvolveu imensas aeronaves, que podem flutuar sem
movimento a apenas algumas centenas de metros do solo, e então disparar em alta velocidade
num piscar de olhos - tudo sem fazer qualquer ruído -, tal tecnologia teria revolucionado tanto
a viagem aérea e a guerra moderna quanto, provavelmente, a física também. Nas duas décadas
seguintes à onda belga, os Estados Unidos envolveram-se em três guerras. Se tivessem tais
capacidades avançadas, eles certamente as teriam colocado em uso. Se algum governo estava,
secreta e inexplicavelmente, voando essa maravilha sobre a Bélgica, teria que ter mentido para
as autoridades belgas quando inquirido e, assim, teria rompido a parceria entre os membros da
OTAN, que se baseia em respeito e confiança mútuos. E cada pessoa envolvida com a criação
e voo desta aeronave altamente avançada teria tido que manter em segredo a tecnologia
milagrosa e seus repetidos testes de voo - de fato, ninguém se apresentou e nada sobre esse
empreendimento nunca vazou. Contudo, nas mentes de alguns, isso permanecerá como uma
possibilidade, não importa quão improvável seja.
No que se refere ao General de Brouwer, essa possibilidade foi completamente descartada.
Assim, em sua mente, o que restou? “Estou abordando o assunto FANI de maneira pragmática.
Reduzo-me aos fatos e evito extrapolações para possíveis atividades extraterrestres”,
respondeu o General por e-mail. “Contudo, encorajo a pesquisa científica, que deve se basear
na análise objetiva de uma série de observações relatadas durante a onda belga. Essa pesquisa
não deve excluir a opção extraterrestre.”
Finalmente, quero indicar a significância de fotografias coloridas, em close-up, de um
objeto não identificado que De Brouwer apresentará - uma das imagens mais reveladoras de
OVNI de todos os tempos. Os leitores poderiam perguntar, com razão, por que não há mais
fotos e vídeos inequívocos dos objetos na Bélgica, já que foram muitos os avistamentos. Em
parte, isso se deve às exigências estritas das autoridades em relação à aceitação de fotografias;
seus métodos de triagem eliminaram todas as imagens questionáveis e inverificáveis. Além
disso, é fácil esquecer que, vinte anos atrás, ainda não estavam em uso câmeras de vídeo,
câmeras digitais relativamente baratas e telefones celulares. Muito frequentemente, as pessoas
não carregavam consigo câmeras manuais naqueles tempos imprevisíveis, em que os OVNIs
passavam sobre as cabeças, enquanto dirigiam. Em minhas conversas com muitas testemunhas
de OVNIs ao longo dos anos, aprendi que ao observarem alguma coisa terrível e algumas
vezes assustadora, como um OVNI gigantesco em voo baixo, as pessoas se tornam quase
petrificadas. Estão vendo algo que supostamente não existiria, algo ameaçador, imenso e
silencioso, previamente inimaginável. A maioria não tira os olhos dessa coisa de outro mundo,
exceto talvez para rapidamente reunir os membros da família ou os amigos. Elas ficam
olhando fixamente, e a distração de tirar uma fotografia não está em suas mentes. A aeronave
geralmente vai embora tão logo esteja fora de vista. Elas não querem correr para procurar uma
câmera dentro de casa, ou abrir uma mala, no porta- malas do carro, para achar uma, ou se
preocupar se a máquina tem filme. O momento é muito incomum e empolgante.
Mesmo quando uma foto é tirada, nem sempre vem a público. Se as luzes estão a alguma
distância e a exposição é muito curta, não aparece nada. Também, outras características dos
OVNIs podem inibir o registro de suas luzes brilhantes no filme. Em um caso, um produtor de
filmes belga, junto com dois colegas, usando um filme de alta sensibilidade, fotografou um dos
objetos que passava diretamente sobre suas cabeças. O fotógrafo estimou sua altitude como de
aproximadamente 300 metros, com um diâmetro de seis vezes aquele de uma lua cheia. Como
um controle, ele fotografou um avião comum alguns minutos depois, usando as mesmas
definições da câmera.
Nas fotos, porém, os “holofotes” brilhantes do OVNI, que eram para os olhos do
observador muito mais brilhantes do que as luzes de um avião, ficaram muito pouco
discerníveis. A forma triangular do OVNI, claramente visível a olho nu, também se perdeu no
filme. Ao mesmo tempo, as luzes do avião ficaram muito mais brilhantes do que aquelas do
OVNI, aparecendo exatamente da maneira que eles tinham visto do solo, muito embora o
OVNI estivesse muito mais perto dos observadores do que o avião. Experimentos de
laboratório mostram que isso provavelmente se deveu ao efeito da luz infravermelha ao redor
do OVNI, o que pode até causar o desaparecimento do objeto na foto. Essa poderia ser a razão
do porquê poucas fotos úteis foram recebidas pelos investigadores durante a onda belga, e
porque fotos de OVNIs de confiança não são tão comuns quanto se poderia esperar.
Desenhos de testemunhas desempenharam um papel importante, encapsulando detalhes
impressos na memória dos observadores imediatamente após os avistamentos. Os
investigadores podem, então, fazer comparações entre versões feitas em diferentes
localizações, em tempos diferentes ou por múltiplas testemunhas do mesmo evento, visto de
pontos diferentes - pessoas que não sabiam umas das outras. “Vai chegar o dia em que,
indubitavelmente, o fenômeno será observado com os meios tecnológicos necessários, para
não haver nenhuma dúvida sobre sua origem”, comentou o General De Brouwer recentemente.
Nesse meio tempo, algo física e tecnologicamente real, contudo completamente desconhecido
por nós, repetidamente se inseriu nos céus de toda a Bélgica. Não sabemos de onde surgiu,
para onde estava indo ou por que estava lá. Mas o fato de sua existência é suficientemente
notável e desafiador para aqueles de nós abaixo dele, incapazes de fazer qualquer coisa a
respeito.
CAPÍTULO 2 - A Onda FANI sobre a Bélgica
Pelo Major General Wilfried de Brouwer (Aposentado)

Em 29 de novembro de 1989, quando eu era o Chefe de Operações do Staff Aéreo Belga, um


total de 143 avistamentos foram relatados em uma pequena área ao redor de Eupen, Bélgica,
trinta quilômetros a leste da cidade de Liège e onze quilômetros a oeste da fronteira alemã.
Alguns avistamentos relatados foram testemunhados por mais de uma pessoa, o que significa
que pelo menos 250 pessoas descreveram a extraordinária atividade FANI, com muitos relatos
ocorrendo depois do pôr-do-sol.
O tempo estava claro, com céu aberto e boa visibilidade. Dois policiais federais, Heinrich
Nicoll e Hubert Von Montigny, fizeram o relato mais importante. Às 15hl5min, ao patrulharem
a estrada entre Eupen e a fronteira alemã, eles viram um campo próximo iluminado com tal
intensidade que poderiam ler o jornal dentro do carro. Flutuando sobre o campo, havia uma
aeronave triangular, com três holofotes iluminando o solo e uma luz vermelha piscando no
centro. Sem fazer qualquer ruído, moveu-se lentamente na direção da fronteira alemã por cerca
de dois minutos e, então, repentinamente virou-se na direção da cidade de Eupen. Os policiais
a seguiram. Outras testemunhas independentes relataram que viram o estranho objeto junto à
mesma estrada. Ele permaneceu sobre a cidade de Eupen por aproximadamente trinta minutos
e foi visto por numerosas testemunhas adicionais.

O objeto, então, prosseguiu para o Lago Gileppe, onde permaneceu imóvel, flutuando por
aproximadamente uma hora, enquanto Nicoll e Von Montigny sentavam-se em seu carro,
numa colina próxima, e testemunhavam um espetáculo extraordinário. A aeronave
repetidamente emitiu dois raios de luz vermelha com uma bola vermelha na ponta de ambos os
raios, no plano horizontal. Em seguida, os raios desapareceram e as bolas vermelhas
retornaram ao veículo. Alguns minutos depois, um outro ciclo começou; cada ciclo durante
vários minutos. Hubert Von Montigny disse que era como um mergulhador lançando uma
flecha de uma arma sob a água, que desacelerava no final de sua trajetória e, em seguida, era
recuperada pelo mergulhador11.
Mas houve mais ainda. De repente, às 18h45min, os policiais viram uma segunda
aeronave, que surgiu por trás do bosque e fez uma manobra inclinada para frente, expondo a
parte superior da fuselagem. Eles a descreveram como um domo na estrutura superior, com
janelas retangulares acesas no interior. E, então, partiu para o norte. Cerca de quarenta minutos
depois, às 19h23min, a primeira aeronave parou de emitir as bolas de luz vermelha e partiu
para o sudoeste. Os dois policiais, que estavam em contato por rádio com sua delegacia,
souberam que outro FANI tinha sido relatado no norte de Eupen, e eles se dirigiram para um
ponto de observação, ao sul da autoestrada E40. Dessa posição, viram o FANI se mover para a
cidade de Henri-Chapelle, onde dois outros colegas policiais, Dieter Plummans e Peter Nicoll
(sem parentesco com Heinrich Nicoll), viram a aeronave indo na direção de Eupen.
Plummans e Peter Nicoll pararam seu carro perto de um mosteiro, quando observaram a
aeronave, que tinha três holofotes muito potentes e uma luz vermelha central piscante, a uma
distância de 100 metros e a uma altura aproximada de 80 metros. A aeronave estava imóvel e
silenciosa, mas repentinamente emitiu um som de assobio e reduziu a intensidade das luzes.
Simultaneamente, uma bola de luz vermelha saiu do centro e se dirigiu diretamente para baixo,
não longe da posição em que estavam.
Os policiais ficaram aterrorizados. A bola de luz mudou de seu caminho vertical para um
horizontal e sumiu de vista por trás de algumas árvores. A aeronave, então, foi diretamente
para cima do carro de polícia e se dirigiu para o nordeste. Eles a seguiram por
aproximadamente oito quilômetros, até o perderem de vista. Contudo, seus colegas Heinrich
Nicoll e Hubert Von Montigny - os dois policiais a observar primeiro os objetos algumas horas
antes - puderam seguir seus movimentos em sua posição ao sul da estrada.
No total, treze policiais relataram ter visto a aeronave em oito localizações diferentes nas
vizinhanças de Eupen. Muito civis também viram os objetos.
Por exemplo: uma família de quatro pessoas, dentro de um carro na estrada a oeste de Liège,
viu uma plataforma retangular acima deles, visível por causa das luzes da estrada. Eles
relataram que ela passou lentamente por sobre eles, a uma baixa altitude, com um holofote em
cada canto.
Um total de setenta avistamentos relatados em 29 de novembro foram completamente
investigados, e nenhum desses avistamentos poderia ser explicado por tecnologia
convencional. Considerando que aproximadamente uma pessoa em dez esforçou-se para relatar
sua experiência, a equipe de investigadores e eu estimamos que mais de 1.500 pessoas devem
ter visto o fenômeno em mais de setenta locais, de diferentes ângulos, durante aquela tarde e
noite.
Depois dos avistamentos iniciais em 29 de novembro, uma série de avistamentos ocorreu
em Io de dezembro (quatro observações) e 11 de dezembro de 1989, quando vinte e uma
testemunhas relataram descrições similares de uma aeronave triangular.
Em 1o de dezembro, o meteorologista Francesco Valenzano e sua filha pequena,
caminhando pela praça Nicolai, em Ans, perto de Liège, viu uma grande aeronave, que se
movia lentamente, aproximando-se em baixa altitude. A aeronave deu uma volta sobre a praça
sem fazer qualquer ruído e, quando passou diretamente sobre suas cabeças, Valenzano
observou uma forma de delta, com três luzes colocadas em posição triangular e uma luz
vermelha no meio posicionada mais abaixo do que a estrutura inferior da aeronave.
Em 11 de dezembro, um garoto de dozes anos, junto com seus pais, avós e irmã,
testemunhou uma aeronave semelhante na vizinhança de sua casa por aproximadamente quinze
minutos. No início, ela estava imóvel e, depois, começou a se mover em direção à sua casa,
passando verticalmente por cima dela. O desenho do garoto apresenta uma visão frontal
(abaixo, à direita), uma visão de quando ela estava quase passando por cima (abaixo, à
esquerda) e uma visão de quando ela estava totalmente por cima (topo). As formas diferentes
poderiam explicar porque algumas testemunhas relataram uma aeronave que não era triangular.
De fato, o desenho mostra que a percepção da forma pode variar dependendo do ângulo de
observação e da altitude.
Cerca de quinze minutos depois, uma aeronave semelhante foi observada a
aproximadamente 97 km mais para o oeste, e vários relatos subsequentes se seguiram. Às
18h45min, o Coronel André Amond, um engenheiro civil do Exército belga, estava dirigindo
com sua esposa, quando ambos viram três painéis grandes de luz e uma luz vermelha piscante
à direita deles. Ele estava dirigindo mais rápido que a aeronave, mas quando pararam e
desceram do carro para observar o fenômeno, os painéis de luz os atingiram e viraram-se na
direção deles. Repentinamente, eles viram um holofote gigante, cerca de duas vezes o tamanho
da lua cheia, que se aproximou deles até uma distância estimada de 100 metros. A esposa do
coronel ficou assustada e pediu para irem embora. Enquanto ele abria a porta do carro, a
aeronave fez um giro muito apertado para a esquerda a uma velocidade de aproximadamente
10 milhas por hora e três outras luzes apareceram na parte inferior da aeronave, numa forma
triangular, com uma luz central pulsante.
Não havia som e, embora fosse noite de lua cheia, as testemunhas não viram a estrutura da
aeronave. Depois de completar o giro, ela repentinamente acelerou muito rapidamente,
desaparecendo na escuridão da noite. O Coronel Amond enviou um relato detalhado ao
Ministro da Defesa belga. Ele verificou que essa aeronave não era um holograma, um
helicóptero, uma aeronave militar, um balão, um ultraleve motorizado, ou qualquer outro
veículo aéreo conhecido.
Durante uma recente revisão da investigação, viu-se que uma outra testemunha tinha visto
o objeto com três luzes brilhantes e uma luz vermelha pulsante aproximadamente cinco
minutos antes de Amond e sua esposa. O tempo exato poderia ser reconstruído, porque ela
estava indo para casa de trem, que chegou à estação ferroviária de Ernage vinte minutos antes
dos Amond virem a aeronave.
Em 4 de abril de 1990, às 22h, na cidade de Petit-Rechain, uma senhora estava passeando
com seu cão pelo quintal, quando observou os holofotes de uma aeronave flutuando sobre sua
casa. Ela alertou seu companheiro, que correu para fora com sua câmera recém-comprada. A
câmera estava carregada com slides coloridos, mas apenas duas imagens foram captadas pelo
filme. Encostando-se ao muro para evitar a instabilidade, ele tirou duas fotografias. A primeira
com tempo de exposição manual de um a dois segundos, enquanto a aeronave estava se
inclinando para a esquerda. Em seguida, começou a se mover e desapareceu de vista por trás
das casas próximas. Depois de revelar o filme, o fotógrafo viu quatro pontos de luz em um
slide e nada no segundo, que ele descartou.
Várias semanas depois, ele mostrou a foto restante a seus colegas metalúrgicos durante seu
horário de almoço na fábrica. Um de seus amigos entrou em contato com um jornalista local,
que publicou a foto numa revista francesa. Daí, especialistas da academia militar belga foram
notificados e requisitaram o slide original para análise. Uma equipe sob a direção do Professor
Marc Acheroy descobriu que uma forma triangular tornava-se visível quando o slide sofria
superexposição.
Depois disso, o slide colorido original foi posteriormente analisado por François Louange,
especialista em imagens via satélite do centro de pesquisa espacial nacional francês, CNES,
pelo Dr. Richard Haines, antigo cientista sênior da NASA, e finalmente pelo Professor André
Marion, doutor em física nuclear e professor da Universidade de Paris-Sul e também do CNES.
Os achados principais foram:

• Nenhum efeito de radiação infravermelha.


• Nenhuma indicação de qualquer adulteração no slide.
• A câmera estava estável, mas a aeronave movia-se lentamente e tinha uma inclinação de
cerca de 45 graus quando a foto foi tirada.
• A rotação dos holofotes não ocorreu ao redor de um ponto central.
• A luz do meio era muito diferente das outras três luzes.
• As luzes estavam posicionadas simetricamente em relação à estrutura da aeronave.

Uma análise mais recente do Professor Marion, em 2002, usou tecnologia mais sofisticada.
Ele confirmou os achados anteriores e explicou uma nova descoberta: o tratamento numérico
da fotografia revelou um halo de alguma coisa mais brilhante ao redor da aeronave. Processos
ópticos especiais mostram que, dentro do halo, as partículas de luz formam um certo padrão ao
redor da aeronave, semelhantes a flocos de neve em turbulência. Isso é bastante similar ao
padrão de limalhas de ferro que são causados por “linhas de força” em um campo magnético12.
Isso poderia indicar que a aeronave estava se movendo usando um sistema de propulsão
magnetoplasmadinâmico, como sugerido pelo Professor Auguste Meessen13 em um de seus
estudos.
Muitos elementos ocultos foram revelados apenas através da análise dessa fotografia,
mostrando que a foto não era falsa. Os especialistas observaram especificamente que as
características únicas das luzes eram muito específicas, e disseram que tal efeito não ocorreria
se a foto fosse uma fraude14. Também, os achados dos especialistas eram consistentes com o
relato do fotógrafo, que, inicialmente, não gostou muito de sua foto de quatro estranhas luzes e
a manteve em uma gaveta por semanas, antes de mostrá-la a alguém. Ele não estava certo do
que era e, durante um tempo, não pensou muito nela.
Embora a grande maioria dos relatos descrevesse uma aeronave triangular com três
holofotes e uma luz piscante na parte inferior, como foi capturado na foto de Petit-Rechain,
várias testemunhas relataram formas e características muito especiais. Em 22 de abril de 1990,
sete relatos de triângulos foram apresentados e mais um relato mais incomum feito por dois
trabalhadores em Basècles, a sudoeste de Bruxelas. Eles estavam no pátio da fábrica, pouco
antes da meia-noite, quando repentinamente dois enormes holofotes brilhantes apareceram,
iluminando o pátio. Uma imensa plataforma trapezóide movia-se muito lenta e
silenciosamente, ligeiramente acima da chaminé, cobrindo, em certo ponto, o pátio inteiro (100
x 60 metros) Os dois homens descreveram seis luzes e disseram que a cor do objeto era
acinzentada. Eles viram estruturas na parte de baixo da plataforma, que lhes pareceu como
“uma aeronave de transporte virada de cabeça para baixo”.
Outro avistamento peculiar, notavelmente semelhante a esse da fábrica em Basècles,
ocorreu em 15 de março de 1991, em Auderghem, perto de Bruxelas. Um engenheiro
eletrônico acordou durante a noite e ouviu um assobio de alta frequência quase inaudível.
Olhou pela janela e viu uma grande aeronave retangular, a uma baixa altitude, com estruturas
irregulares na parte ventral. Vestindo uma jaqueta, ele subiu para um terraço no andar de cima
e assistiu a aeronave cinza escuro se movendo muito lentamente sem as luzes. O assobio tinha
parado e a aeronave estava, então, silenciosa.
Alguns dias antes, em 12 de março de 1991, um total de vinte e sete relatos foram feitos em
uma pequena área a sudoeste de Liège. Em duas ocasiões, uma aeronave foi vista sobre a usina
nuclear de Thiange. Uma testemunha relatou que estava diretamente acima das luzes
vermelhas no topo de uma das enormes chaminés. Ela flutuou ali por aproximadamente um
minuto, lançando uma de suas luzes sobre a estrutura externa, enquanto a outra luz apontava
diretamente para uma das chaminés. Depois de terminar sua “inspeção”, o OVNI começou a se
mover lentamente e voou diretamente através da enorme nuvem de fumaça branca que saía da
chaminé antes de desaparecer na escuridão.
Ocasionalmente, uma aeronave parecia responder à presença ou ações dos observadores,
como descrito anteriormente, quando o Coronel Amond saiu de seu carro e o objeto
imediatamente se aproximou. Em 26 de julho de 1990, às 22h35min, o Sr. e a Sra. Marcei H.
estavam também em seu carro, passando por Grâce-Hallogne e se dirigindo para Seraing,
quando olharam para fora e viram um objeto imóvel no céu. Tinha a forma de um triângulo
equilátero com cerca de doze metros de lado. Era um objeto escuro, mas tinha um cinturão de
luz branca, semelhante a um tubo de neon, correndo ao longo de dois dos lados. As
testemunhas puderam ver três holofotes iluminando o solo à frente. Os holofotes pareciam
estar afastados do objeto, mas ligados um ao outro por uma espécie de “suporte”. Também
eram visíveis duas luzes piscantes, uma vermelha e outra verde, na parte inferior da aeronave.
A base - o lado com os dois holofotes brancos - estava voltada na direção deles.

Surpreso, o Sr. H. disse para sua esposa: “Só de brincadeira, vou piscar os faróis do carro”.
Ele piscou os faróis duas vezes - ligando e desligando, ligando e desligando. No mesmo
momento, as duas luzes brancas da base do triângulo giraram, voltando-se para os dois
passageiros do carro abaixo, piscando três vezes. A iluminação era brilhante, mas não cegante.
Então, mantendo as luzes voltadas para o carro em movimento, o objeto foi em direção ao
veículo, movendo-se com a base para frente, posicionando-se à direita, a uma distância de
aproximadamente 100 metros e a uma altura entre 60 a 100 metros.
(É interessante que o Coronel Amond também relatou uma distância de 100 metros depois que
o objeto se aproximou.) E, então, fez um giro lateral e, ainda se movendo com sua base para a
frente, voou na mesma direção do carro, seguindo-o enquanto ele descia a estrada montanhosa
na direção de Seraing. Embora a colina fosse bastante íngreme, o OVNI moveu-se
acompanhando o terreno e manteve-se em altura constante acima do solo em declive, voando à
mesma velocidade do carro [60 - 70 km/h]. Quando chegaram à ponte em Seraing, o Sr. e Sra.
H. estavam bem assustados. Finalmente, o objeto cruzou o rio Meuse, bem à direita deles, sem
fazer qualquer ruído, e então começou a subir, partindo rapidamente na direção de Grâce-
Hollogne.
Um livro enorme poderia ser escrito só com os relatos de testemunhas e desenhos reunidos
nesses dois anos de pico. Apresentei apenas uma amostra. E posso concluir com confiança que
as observações durante o que é agora conhecido como “a onda belga” não foram causadas por
histeria de massa. As testemunhas entrevistadas pelos investigadores foram sinceras e
honestas. Não conheciam umas às outras anteriormente. A maioria estava muito surpresa com
o que tinha visto, e hoje, vinte anos depois, ainda estão preparadas para confirmar sua
experiência incomum. A visão do objeto foi assustadora ou aterrorizante; uma delas caiu de
sua bicicleta e ficou em choque. Várias testemunhas tiveram problemas em suas funções
superiores e preferiram não revelar seus nomes para a mídia.
De aproximadamente 2.000 relatos registrados durante a onda belga, 650 foram
investigados e mais de 500 permanecem inexplicados. É lógico assumir que muitos milhares
mais testemunharam atividades de FANI e não as relataram. Os achados foram excepcionais.
Mais de 300 casos envolveram testemunhas vendo uma aeronave a menos de 300 metros, e
mais de 200 avistamentos duraram mais de cinco minutos. Algumas vezes, os observadores
estavam bem debaixo da aeronave.
Embora muitas questões permaneçam sem resposta, a análise mostrou que uma série de
características podem ser tidas como certas e algumas conclusões podem ser tiradas.

• A maior parte das testemunhas relatou que a aeronave tinha uma forma triangular, mas um
certo número de relatos mencionou outras formas, tais como a de um diamante, a de um
charuto, ou a de um ovo e, em alguns casos espetaculares, uma aeronave de transporte
virada de cabeça para baixo.
• As atividades aéreas relatadas não eram autorizadas e, contudo, foram observadas por muitas
testemunhas, embora não tenham sido registradas nos radares de vigilância.
• Pode-se deduzir que tanto em 29 de novembro quanto em 11 de dezembro, pelo menos duas
aeronaves estavam ativas ao mesmo tempo. Em 29 de novembro, dois policiais relataram
duas ao mesmo tempo em diferentes localizações, e também duas formas diferentes foram
relatadas. Em 11 de dezembro, as testemunhas relataram ver uma aeronave ao mesmo
tempo em duas localizações.
• Em várias ocasiões, a aeronave fez uma manobra inclinada, permitindo que os observadores
vissem o seu lado superior, revelando um domo no topo. Algumas relataram janelas ou
luzes nas laterais do objeto; outras viram janelas iluminadas no domo.
• Não foi experimentada nenhuma interferência no rádio, nem efeitos eletromagnéticos.
• Nenhum ato hostil ou agressivo foi observado.
• Os objetos voadores não tentaram se esconder e, em vários casos, moveram-se em direção
aos observadores no solo. Algumas testemunhas relataram que as aeronaves responderam a
seus sinais, tais como apagando uma de suas luzes e quando elas piscaram as luzes dos
faróis de seus carros.
• As aeronaves tinham um desempenho que não era possível para a tecnologia conhecida. Eram
capazes de permanecer estacionárias e flutuantes, mesmo em posições incomuns, tais como
ficar na vertical e/ou em inclinações de 45 graus ou mais. Podiam voar a velocidades
baixas e acelerar muito rapidamente, mais rápido do que qualquer aeronave conhecida, e
permaneciam silenciosas ou faziam apenas um ruído muito leve, mesmo quando flutuavam
ou aceleravam. Os objetos estavam equipados com holofotes bem grandes, com um
diâmetro de mais de um metro, capaz de iluminar intensamente o solo de uma altura de 100
metros ou mais. A integridade dessas luzes era variável - em alguns casos, as testemunhas
relataram que as luzes não estavam iluminando o solo e não eram cegantes. Especialistas
estão convencidos de que os holofotes são de natureza muito especial; o tamanho e a
intensidade não tinham sido vistos em qualquer aeronave conhecida. Esses objetos
possuíam uma luz vermelha na parte inferior, em seu lado de baixo, e aparentemente não
estava ligada à estrutura, parecendo pulsar mais do que girar. Em três ocasiões, bolas de luz
vermelha deixaram a estrutura e, em duas ocasiões, foram vistas retornando à aeronave.
• Algumas dessas capacidades de desempenho individuais poderiam ser explicadas
isoladamente, mas a combinação de todas elas torna-as altamente incomuns, até mesmo
enigmáticas. A tecnologia usada por esses objetos era tão avançada que mesmo hoje, vinte
anos depois, ainda não está disponível.
• A conclusão mais importante é de que houve atividades de origem desconhecida no espaço
aéreo da Bélgica. O número de casos e a credibilidade do vasto número de testemunhas nos
deixa com um mistério intrigante nas mãos.

Os eventos de 29 de novembro foram extensivamente cobertos pela mídia, e naturalmente a


Força Aérea estava sobrecarregada de perguntas. Estas eram endereçadas ao Ministro da
Defesa, mas terminaram em minha mesa de Chefe de Operações do Staff Aéreo. Perguntaram-
me repetidamente sobre a origem e a natureza desses objetos.
A Força Aérea belga tentou identificar os alegados intrusos. Verificamos os registros de
radar de 29 de novembro, mas nada de especial tinha sido registrado. Além disso, autoridades
da aviação civil confirmaram que nenhum plano de voo tinha sido introduzido e que nenhuma
atividade especial tinha sido registrada pelos radares civis. Consegui determinar que os objetos
vistos em 29 de novembro não poderiam ter sido helicópteros, dirigíveis ou qualquer outra
aeronave de asa fixa. Isso implica que os objetos relatados tinham cometido uma infração das
regras existentes da aviação.
Estávamos lidando com um problema. Examinei posteriormente para descobrir se esses
objetos poderiam ter sido voos de espionagem feitos pelo F-117 Stealth ou por qualquer outro
avião semelhante. Por causa dos desempenhos descritos, que não combinavam com qualquer
capacidade tecnológica conhecida, fiquei convencido de que esse não era o caso. Também não
consegui acreditar que qualquer outra nação teria conduzido experimentos com aeronaves
empregando tecnologia desconhecida sobre uma área povoada, sem qualquer autorização
formal. Contudo, fiz a pergunta à Embaixada dos Estados Unidos, que rapidamente confirmou
que nenhum voo de Stealth ou quaisquer outros voos experimentais tinham ocorrido sobre a
Bélgica.
Porque não houve nenhuma explicação para os eventos de 29 de novembro e também
porque os avistamentos continuaram, concordamos em autorizar o sistema de defesa nacional a
liberar dois caças a jato F-16 sempre que atividades anormais fossem relatadas. Os primeiros
F-16 foram enviados em 8 de dezembro, depois que luzes estranhas foram relatadas, mas nada
definitivo foi determinado.
Em cooperação com autoridades da Aviação Civil e da Polícia Federal, a Força Aérea
estabeleceu um procedimento pelo qual os F-16 pudessem identificar esses fenômenos. Para
assegurar que os caças não fossem liberados irresponsavelmente, decidimos que a autorização
para o lançamento de aeronaves do Alerta de Rápida Reação (QRA) fosse dada quando: (1) o
avistamento de um objeto fosse confirmado pela polícia, e (2) o objeto fosse detectado pelo
radar. Isso significava que as estações de radar tinham de prestar especial atenção em alvos de
movimento lento, quando notificada pela observação pela polícia.
Isso evitaria lançamentos desnecessários, mas também tinha grandes desvantagens. A
maioria das testemunhas não reagiu chamando a polícia ou não foi capaz de ligar
suficientemente rápido - os telefones celulares não existiam ainda - para a polícia para
confirmar os avistamentos. Também foi problemático para os controladores de radar
trabalharem com uma tela altamente atravancada, para serem capazes de registrar alvos
incomuns mostrados. Assim, as medidas de precaução impediram subidas rápidas.
Como Chefe de Operações do Staff Aéreo, senti-me obrigado a seguir bem de perto os
eventos. Porém, não foi dada nenhuma prioridade a isso pelo governo belga, já que nenhum
incidente ameaçador tinha ocorrido e nenhum inquérito formal fora conduzido pelos
organismos governamentais. Embora o Ministro da Defesa insistisse em uma abordagem
transparente, especialmente para mostrar ao público que não havia encobrimentos, a Força
Aérea não estava autorizada a estabelecer um escritório dedicado a condução de seus próprios
inquéritos. Em vez disso, a Força Aérea dava apoio ao SOBEPS - o grupo de pesquisa
científica que investigava o caso - de qualquer maneira que pudesse, tal como fornecendo
informação sobre atividades aéreas registradas sobre as áreas de observação e respondendo a
perguntas sobre dados de radar. A SOBEPS abordou a questão profissionalmente e a
informação fornecida pela Força Aérea permitiu que a organização fizesse investigações
objetivas e arquivasse todos os dados relevantes.
Na noite de 30-31 de março de 1990, o lançamento de um F-16 foi iniciado, depois da
observação de estranhas luzes por vários policiais e depois que um objeto voador foi
confirmado por duas estações militares de radar. Uma vez no ar, os pilotos tentaram interceptar
as alegadas aeronaves e em um ponto de alvos registrados pelo radar com comportamento
incomum, tais como saltar grandes distâncias em segundos e aceleração além da capacidade
humana. Infelizmente, não conseguiram estabelecer qualquer contato visual.
O Ministro da Defesa recebeu perguntas sucessivas sobre este lançamento, mas a Força
Aérea precisava de tempo para analisar apropriadamente os dados. Fizemos uma coletiva de
imprensa cerca de três meses depois, em 11 de julho de 1990. As atividades dos F-16s foram
reconstruídas, mas a análise técnica não tinha sido totalmente terminada. Eu apresentei uma
determinada situação de radar, que mostrava acelerações extraordinárias, muito além do
desempenho de qualquer aeronave conhecida. Contudo, acrescentei que isso precisava de
análises posteriores de especialistas, porque esses tipos de retornos poderiam ter sido causados
por interferência eletromagnética.
Descobriu-se que apenas uma câmera do F-16 tinha feito registros de radar satisfatórios;
assim, a comparação entre os registros do avião não foi possível. Este foi um problema sério.
Uma comparação teria nos permitido excluir aqueles retornos causados por interferência
eletromagnética, porque os dados de tal interferência nunca são os mesmos em dois radares
diferentes. Portanto, não conseguiríamos ter certeza se os ecos do radar eram causados por
interferência eletromagnética ou por algo incomum.
Assim, a conclusão da Força Aérea foi de que a evidência foi insuficiente para provar que
havia aeronaves reais no céu naquela ocasião.
A decisão da Força Aérea de que a evidência era insuficiente para concluir que havia
atividades incomuns no céu, durante aquela noite de 30 de março de 1990, foi alegremente
aceita pelos céticos irracionais e pelos desmistificadores, que imediatamente afirmaram que
toda aquela onda de OVNIs belgas foi uma farsa. Para eles, um caso explicável seria suficiente
para desacreditar os mais de quinhentos avistamentos que permaneciam inexplicáveis - uma
posição que ainda é apresentada pela maioria deles hoje.
Em 1990, a Força Aérea estabeleceu em diversas ocasiões que não tinha explicação para os
numerosos avistamentos. Hoje, os céticos persistentes, que fazem questão de divulgar suas
posições, apresentaram a teoria de que eram helicópteros. Na mesma época da onda de OVNIs,
a Força Aérea estava trabalhando com autoridades da Aviação Civil e tinha mais de 300
aeronaves - incluindo helicópteros -, várias estações de solo de radar, 500 pilotos, mais de 300
engenheiros, 100 controladores, e milhares de técnicos, etc., mas foi incapaz de encontrar a
resposta.
Mesmo assim, alguns desmistificadores não qualificados afirmavam ter encontrado essa
resposta. Seu real objetivo é dar desinformações às pessoas, criar confusão e ridicularizar os
avistamentos. Algumas testemunhas, que fizeram relatos em 1989, são até hoje perseguidas e
desacreditadas. Não admira que várias testemunhas não ousaram revelar seus nomes; algumas
nem mesmo assumiram o risco de relatar seus avistamentos. Pessoalmente, experimentei isso
com duas pessoas diferentes - um jornalista e um funcionário da OTAN - que conhecia há
muitos anos. Eles relataram verbalmente dois avistamentos sensacionais, mas não quiseram
[ou ousaram] colocar nada no papel.
A abordagem do problema OVNI tem de ser crítica, mas objetiva. De fato, estamos lidando
com uma questão muito importante: nosso espaço aéreo está sendo violado por intrusos
desconhecidos? Falsas afirmações e desinformação por pessoas que tentam ridicularizar o
fenômeno OVNI estão sendo usadas por aqueles que se recusam a aceitar que alguns
avistamentos permanecem inexplicáveis e poderiam ser possivelmente alguma tecnologia
desconhecida. Tristemente, isso não apenas tem forte impacto sobre as testemunhas, mas
também diminui o senso de responsabilidade dentro do governo. Nenhum de nossos líderes
políticos quer se envolver com o assunto OVNIs. Sabendo que a vasta maioria da população
está mais preocupada com suas necessidades imediatas e de curto prazo, os líderes políticos
focalizam a atenção na resolução desses problemas, em oposição a questões estratégicas de
longo prazo. Evitam qualquer ligação com OVNIs, porque têm medo de serem ridicularizados
e perderem a credibilidade com o público. Parece uma batata quente - não toque nela ou
queimará os dedos.
A grande maioria dos líderes militares rejeita quase automaticamente qualquer
responsabilidade na investigação dos avistamentos de OVNIs, pois isso não figura em seus
termos de referência. Devotam todo seu tempo e energia em operações em andamento e não se
preocupam com assuntos sobre os quais não têm firme controle. Além disso, se não houver
qualquer ameaça direta de fenômenos aéreos não identificados - que eu saiba, nenhum
incidente recente de segurança foi relatado -, investigações de avistamentos de OVNIs não
estão na lista de prioridades dos comandantes militares, e eles não iniciarão as investigações.
Relatos de OVNIs são considerados um entrave, uma interferência nas rotinas normais, que
consomem tempo.
Uma maneira fácil das autoridades pararem com o fluxo de perguntas irritantes é dar uma
explicação falsa para os fenômenos relatados, como já o fizeram inúmeras vezes. Numa certa
extensão, essas táticas funcionam no abafamento da questão, em particular se ocorreu apenas
um evento. Mas isso não lida com a substância do problema. Pelo contrário: cria uma
atmosfera de desconfiança e suspeita entre aqueles que testemunharam o evento e as
autoridades responsáveis.
Para os militares, torna-se mais problemático quando os eventos ocorrem não apenas uma
vez, mas diversas vezes. As autoridades de defesa estão sob pressão para fornecerem uma
resposta aceitável. Infelizmente, durante a onda belga de OVNIs, essa resposta não foi
encontrada.
Para dizer a verdade, há apenas uma solução. A verdade é que a Força Aérea não
conseguiu determinar a origem dos objetos testemunhados por milhares de pessoas. Não é fácil
admitir que as autoridades responsáveis pela defesa aérea e administração do espaço aéreo não
são capazes de encontrar uma explicação aceitável, mas, em minha opinião, isso é melhor do
que dar falsas explicações. O governo belga foi honesto e reconheceu publicamente que não
conseguia explicar os múltiplos avistamentos.
Contudo, autoridades militares não deveriam esperar para entrar em ação até serem
forçados a isso pelo público e pela mídia. Deveriam se preocupar com as possíveis implicações
de segurança quanto às atividades aéreas incomuns. Se testemunhas confiáveis relatam a
presença de FANI, isso não tem de ser captado ou identificado por autoridades da Aviação
Civil e sistemas de defesa aérea; deve-se admitir que pode haver um problema e um esforço
deve ser feito para se conduzir investigações mais profundas com especialistas qualificados.
E se essas aeronaves tivessem intenções mais agressivas? Quem seria responsável se
incidentes ocorressem? Permanecem as perguntas. Que autoridade militar ousaria combater
esse problema ou, melhor, que autoridade militar ousaria reconhecer que há um problema?
Esta política de "avestruz” é a abordagem certa?
Investigar formalmente relatos confiáveis de OVNIs criaria uma atmosfera de abertura e
transparência, e motivaria outras testemunhas a contarem suas experiências. As investigações
forneceriam a base científica para que autoridades relevantes expressassem abertamente uma
opinião oficial sobre o problema dos OVNIs. Porém, parece que um chamado para o despertar
seria, para nós, reconhecer formalmente que existe um problema. Um grande acidente serviria,
mas não é isso que estamos esperando. Pelo contrário: é isso que queremos evitar. Precisamos
todos estar preparados para a próxima onda OVNI, onde quer que possa ocorrer.
CAPÍTULO 3 - Pilotos: Uma Janela Única para o Desconhecido

Os OVNIs belgas não pareceram criar qualquer tipo de perigo à segurança de aviões em voos,
até onde sabemos, e o General De Brouwer deixou claro que os objetos não exibiram qualquer
comportamento ameaçador. Contudo, conforme estabeleci no segundo ponto a ser considerado,
na Introdução, este nem sempre é o caso. Alguns de nossos relatos mais convincentes sobre
encontros com OVNIs foram fornecidos por pilotos comerciais e da Força Aérea, e algumas
vezes a segurança da aviação foi comprometida.
Pouco antes de publicar minha primeira história sobre o Relatório COMETA no Boston
Globe, interessei-me pela questão dos OVNIs e segurança da aviação. Afinal, se essas coisas
estão realmente lá fora, deveríamos esperar que pelo menos alguns pilotos tivessem visto
deslumbrantes exibições de luz ao voarem à noite, ou talvez triângulos gigantes à luz do dia,
ou discos metálicos passando em alta velocidade pela janela da cabine. De fato, não seriam
eles as testemunhas mais prováveis? Talvez os passageiros pudessem até estar em risco, se
estivessem muito próximos de um imprevisível objeto voador não identificado. Poder-se-ia
facilmente imaginar que o testemunho de uma coisa assim a cerca de 11.000 metros de altitude
- algo sem asas, mas muito mais rápido e ágil do que o pesado jato - deve ser
consideravelmente mais enervante do que ver o mesmo objeto com os pés firmemente
plantados no chão. Mas além de simplesmente ver um deles, poderiam ser perigosos?
Para minha surpresa, rapidamente descobri que um relatório de noventa páginas tratando
desta questão tinha acabado de ser liberado pelo mais qualificado pesquisador do mundo sobre
encontros de pilotos com OVNIs. E, ainda melhor, percebi que esse estudo científico bem
documentado poderia servir como “gancho” para outra história, do mesmo modo que o
Relatório COMETA tinha feito antes. “Segurança da Aviação na América - Um Fator
Anteriormente Negligenciado”, do Dr. Richard Haines, um cientista pesquisador sênior da
NASA Ames Research Center, e antigo chefe do NASA’s Space Human Factors Branch, era
um estudo espantoso, com mais de cinquenta páginas de resumos de casos envolvendo pilotos
e suas tripulações15. Aquele “fator negligenciado” referia-se, naturalmente, a fenômenos aéreos
não identificados, ou FANIs16.
O relatório apresentou mais de uma centena de casos de encontros de pilotos com uma
variedade desses FANI, incluindo cinquenta e seis quase perdas, todas afetando a segurança do
avião. A maioria dos casos envolveu inúmeras testemunhas, e muitas estavam nas
comunicações por rádio, no solo, e também houve corroboração por radar. Pilotos experientes
apresentaram relatos de objetos, abrangendo desde discos prateados a bolas de fogo verde,
fazendo loops ao redor de aviões de passageiros, voando ao lado do avião, apesar das
tentativas de evasão por parte dos pilotos ou inundando as cabines com luz cegante. O Dr.
Haines documentou casos de efeitos eletromagnéticos sobre os sistemas de navegação e
operação do avião ligados a OVNIs próximos, ou o mergulho repentino de um piloto para
evitar uma colisão. Ele escreveu que a capacidade da tripulação em desempenhar seus deveres
de maneira segura é rompida quando os membros da tripulação enfrentam “fenômenos
luminosos e/ou sólidos extremamente bizarros, inesperados e prolongados pinoteando ao redor
de seu avião”. O perigo colocado pelo fenômeno em voos reside mais na resposta humana a ele
do que nas ações do próprio OVNI, porque os objetos não parecem ser agressivos ou hostis e
parecem ser capazes de evitar colisões, executando giros em alta velocidade no último minuto,
como num flash.
O Dr. Haines, autor de mais de setenta trabalhos apresentados em revistas científicas de
excelência e de mais de vinte e cinco relatórios para o governo americano pela NASA,
especializou-se em desempenho humano, design tecnológico e interação humano-computador,
enquanto esteve na NASA. Tendo contribuído com os projetos americanos Gemini e Apollo,
bem como com o Skylab e Estação Espacial, em 1988 ele se aposentou de seus vinte e um anos
como cientista aeroespacial sênior do NASA Ames Research Center. Subsequentemente,
trabalhou como cientista pesquisador sênior para o Research Institute for Advanced Computer
Science, RECOM Technologies Inc., e Raytheon Corp. do NASA Ames Research Center até
2001.
Inesperadamente, Haines tornou-se interessado no assunto OVNI na década de 60, quando
estava conduzindo uma pesquisa envolvendo simuladores de voo para a NASA. Como ele
mesmo explica, os pilotos comerciais iriam como voluntários para a sua instalação e voariam
em simuladores para estudos sobre segurança da aviação, aviônica e muitas outras áreas. “De
tempos em tempos, um piloto se ofereceria para me falar de alguma experiência que tinha tido
que simplesmente me surpreendia”, disse Haines em uma entrevista em 200917. Embora ele
tivesse ouvido falar de OVNIs naquela época, não tinha nenhum interesse neles. “Ouvi muitas
e muitas histórias dessas testemunhas muito confiáveis; assim, isso começou a chamar minha
atenção. Disse para mim mesmo: posso explicar essas coisas; todas elas são fenômenos
naturais ou mal identificados pelo olho humano’, que eu conhecia muito por estudar óptica e a
visão humana. Posicionei-me como um cético para desmistificar a coisa toda. Mas quanto mais
encarava o assunto seriamente, mais convencido ficava de que havia alguma coisa ali. Alguma
coisa que merecia ser olhada. Contudo, nenhum de meus colegas estava fazendo isso.” Ele,
então, começou sistematicamente a coletar dados e relatos de testemunhas oculares e a fazer
muita análise de tudo. E faz isso desde então. Hoje, ele desenvolveu um database internacional
de mais de 3.400 avistamentos de OVNIs em primeira mão fornecidos por pilotos comerciais,
militares e privados, com especial atenção aos casos em que a segurança da aviação foi
comprometida, diferentemente daqueles avistamentos durante os quais os objetos não tiveram
qualquer efeito sobre o avião ou sua tripulação.
De fato, durante anos, ele e seus associados estiveram tentando alertar a comunidade da
aviação para os efeitos de fenômenos aéreos desconhecidos sobre a segurança do avião. Em
2001, junto com o diretor executivo Ted Roe, ele estabeleceu o Centro de Relatórios da
Aviação Nacional sobre Fenômenos Anômalos (NARCAP)18, uma respeitada organização de
pesquisa sem fins lucrativos, que serve também como centro de relatos confidenciais para uso
dos pilotos, tripulação e controladores de tráfego aéreo, que, de outra maneira, teriam medo de
fazer relatos sobre avistamentos. Os cientistas do NARCAP coletam e analisam dados de alta
qualidade para posterior compreensão da natureza fundamental de todos os tipos de fenômenos
aéreos não identificados, que possam trazer alguma ameaça à segurança da aviação. Os
assessores técnicos e científicos do grupo, com larga experiência em aviação e aeronáutica, de
doze países diferentes - juntamente com outros especialistas, abrangendo desde geofísicos e
psicólogos a meteorologistas e astrofísicos -, contribuem com pesquisa e publicam “Technical
Reports” no website do grupo.
Sinto-me privilegiada por ter conhecido o Dr. Haines, e ele me convidou para participar de
uma série de encontros anuais privados do NARCAP durante estes anos; o último foi em julho
de 2008. Fiquei honrada por conhecer muitos desses profissionais dedicados, que estão
fazendo um trabalho de destaque, apesar dos obstáculos que encontram. Trabalhos e contínuas
pesquisas são apresentados àqueles reunidos ao redor da mesa, e estratégias são discutidas para
se adquirir uma acessibilidade maior à comunidade da aviação, certificando-se de que o
NARCAP permaneça distinto de grupos ativistas ligados a OVNIs, nos quais a segurança da
aviação não é obviamente o foco e onde uma abordagem científica rigorosa é menos
frequentemente empregada.
Não obstante, os esforços do grupo para levar esse assunto à arena científica e à
comunidade da aviação caíram em ouvidos surdos. “Há poucas dúvidas em minha mente de
que qualquer discussão racional sobre evidência substanciada da presença e comportamento de
OVNIs em nossos céus está caminhando rapidamente para superar o impacto sobre duas
gerações de americanos que, repetidamente, disseram outra coisa: que o assunto OVNI deve,
no melhor dos casos, ser colocado na categoria de folclore e, no pior deles, encarado de algum
modo como propaganda prejudicial.” O Dr. Haines comentou recentemente, em um e-mail:
“Mas precisamos nos manter trabalhando em direção ao objetivo de aceitar a verdade quando e
onde a encontrarmos. Fazer menos do que isso nos coloca em um possível futuro perigoso.”
Além dos esforços legítimos de confrontar questões de segurança, fiquei intrigada com o
papel central e absolutamente crucial que os pilotos podem desempenhar em simplesmente
documentar esses misteriosos e esquivos OVNIs, seja ou não a segurança um dos fatores, uma
vez que representam os observadores mais experientes e bem treinados do mundo em relação a
tudo que voa. Capazes de rapidamente identificar e responder a qualquer coisa que poderia
colocar um voo em perigo, aos pilotos se exige o conhecimento prático de qualquer outra
aeronave, voos-testes militares e outras atividades aéreas especiais, tais como testes de mísseis,
bem como fenômenos climáticos e naturais incomuns. Os pilotos profissionais são altamente
qualificados a diferenciar uma verdadeira anomalia de qualquer outra coisa. Que melhor fonte
de dados temos sobre OVNIs? O mundo da aviação está em posição de fornecer informação
que poderia aumentar enormemente o conhecimento sobre OVNIs, se os nossos cientistas
quisessem tirar vantagem disso.
Esses profissionais passam horas intermináveis atrás de uma janela única para milhas de
céu geralmente vazio, uma plataforma perfeita para a observação de detalhes excepcionais a
respeito da aparência física e comportamento de OVNIs, quando eles aparecem. Os pilotos
seriam capazes de determinar precisamente a distância e velocidade da anomalia, bem como
seu tamanho relativo, o que é mais difícil de estimar a partir do solo. Poderiam também
documentar o impacto transitório de campos eletromagnéticos sobre o equipamento da cabine,
fornecendo pistas potencialmente úteis, bem como a natureza de qualquer radiação do objeto.
Capazes de permanecer calmos e focados durante situações estressantes inesperadas, os pilotos
podem relatar acuradamente eventos externos, usando o radar de bordo e a comunicação com o
controle de tráfego aéreo, com seus radares de solo, para seguir o objeto. Perto do avião,
poderia ser contatado e ser pedido para comandar a área, ou jatos militares poderiam ser
lançados se o encontro fosse prolongado. E - de grande interesse para todos nós - membros da
tripulação seriam capazes de tirar fotos marcantes e fazer vídeos dos encontros mais
demorados. Essas circunstâncias únicas potencialmente transformariam qualquer avião a jato
em laboratório especializado de estudo de fenômenos anômalos raros. Evidências importantes
de OVNIs vêm sendo obtidas dessa maneira em muitos casos poderosos desde os anos 50, não
apenas aumentando a preocupação com a segurança, mas também dando grande acréscimo ao
registro histórico.
Os pilotos estão entre aqueles que menos provavelmente, em relação a qualquer grupo de
testemunhas, irão fabricar ou exagerar relatos de avistamentos estranhos. Mas, infelizmente,
como se encontram as coisas agora, muitos preferem nunca ser confrontados com o dilema de
ver um OVNI e ter de decidir se o relata ou não. De acordo com Haines, relatar a presença de
um OVNI tem sido suficiente para ameaçar a carreira de alguns pilotos e, por essa razão,
muitos escolhem não fazer isso.
Neil Daniels, capitão da United Airlines por trinta e cinco anos19, com mais de 30.000
horas de voo e uma Cruz de Distinção Aérea da Força Aérea Americana, foi um desses pilotos
que temiam relatar esse tipo de avistamento, apesar do efeito físico experimentado por seu
avião. Em 1977, ele, seu copiloto e um engenheiro de voo observaram “uma luz extremamente
brilhante na extremidade da asa”, como ele descreveu, a cerca de 1 km de seu United DC- 10,
que estava em rota para o aeroporto Boston Logan, proveniente de San Francisco. Enquanto
voava com o piloto automático, o avião de passageiros foi forçado a um giro para a esquerda
não comandado, aparentemente puxado pela interferência magnética do objeto, levando o
Centro em Boston a perguntar: “United 94, onde você está indo?” O Capitão Daniels
respondeu: “Bem, deixe- me descobrir isso. Eu o avisarei.”
O capitão e seu primeiro oficial notaram, então, que suas três bússolas estavam todas
indicando posições diferentes e, naquele ponto, eles deliberadamente desligaram o piloto
automático e passaram a voar manualmente. (Haines indica que o sensor magnético que
fornece a entrada para a bússola então controlando o piloto automático era aquela localizada
mais perto do OVNI.) A luz intensa seguiu ao lado do avião à mesma altitude durante vários
minutos, e depois partiu rapidamente e desapareceu.
O Capitão Daniels disse que o objeto luminoso partiu tão rapidamente que ele não
compreendeu como isso poderia ser feito por uma máquina construída pelo homem. Mas, sem
considerar o que era, disse ele, “ela causou um rompimento do campo magnético ao redor do
avião. A ponto de puxá-lo para fora do curso”.
Nem Daniels nem qualquer outra pessoa de sua tripulação relataram o incidente. Os
controladores de tráfego aéreo não fizeram perguntas sobre o distúrbio no voo. Foi como se
todo mundo quisesse fingir que nada tinha acontecido, mas Daniels não conseguiu esquecer o
que tinha visto com seus próprios olhos. Sete meses depois, enquanto caçava patos com seu
chefe na United Airlines, ele teve uma momentânea mudança de opinião e decidiu contar-lhe a
história. Infelizmente, ele descobriu que seu instinto inicial de se manter calado estava certo.
“Sinto muito ouvir isso”, advertiu o chefe de Daniels. “Coisas ruins podem acontecer a pilotos
que dizem ter visto essas coisas.”
Agora aposentado, Daniels não ficou particularmente preocupado com a segurança de seu
jato naquela época. Mas se, como ele relatou, um OVNI pode, à distância, tirar um avião do
curso, o que poderia acontecer se estivesse mais perto?
CAPÍTULO 4 - Circundado por um OVNI
Pelo Capitão Júlio Miguel Guerra

Em 1982, o piloto Júlio Guerra, da Força Aérea portuguesa, olhou da janela de sua
cabine para o solo abaixo e viu um disco metálico voando lentamente. Repentinamente,
ele disparou para cima, em sua direção, em alta velocidade. Durante uma demorada
série de eventos, esse objeto demonstrou uma grande variedade de manobras, bem
perto do pequeno avião de Guerra, o que foi testemunhado por dois outros pilotos da
Força Aérea, chamados ao local. Ao deixar a Força Aérea depois de dezoito anos de
serviço, Guerra tornou-se capitão da Portugália Airlines20, a maior linha aérea
comercial de Portugal. Ele nunca mais viu outro OVNI, mas lembra-se muito
claramente desse evento transformador de vida.

Na manhã de 2 de novembro de 1982, eu estava voando em um DHC-1 Chipmunk, em direção


ao norte, para a região de Montejunto e Torres Vedras, perto da base aérea de Ota. Estava um
dia muito bonito e claro, sem nuvens, e me dirigi para a minha área de trabalho, a E [eco] zona,
planejando subir para 6.000 pés, para um treinamento acrobático. Como tenente de vinte nove
anos, com dez anos na Força Aérea, era instrutor de voo do esquadrão 101 da Força Aérea,
voando sozinho em meu avião. Por volta das 10h50min, quando estava sobrevoando a zona
Maxial em uma altitude de 5.000 a 5.500 pés, notei abaixo de mim e à esquerda, perto do solo,
uma outra “aeronave”. Mas, após alguns segundos, vi que essa aeronave parecia ter apenas
uma fuselagem. Não tinha asas e não tinha cauda; somente uma cabine. Tinha uma forma oval.
Que tipo de avião poderia ser?

Imediatamente, virei meu avião 180 graus, para a esquerda, de modo a seguir e identificar
esse “objeto”, que estava voando para o sul. De repente, o objeto subiu diretamente para a
minha altitude de 5.000 pés em menos de dez segundos. Parou diretamente à minha frente,
primeiro com um pouco de instabilidade, oscilações e um movimento ondulatório. Depois,
estabilizou e ficou parado - um disco metálico composto de duas metades, uma no topo e outra
em baixo, com algum tipo de faixa ao redor do centro, brilhante, com o topo refletindo o sol. A
metade de baixo era de um tom mais escuro.
Inicialmente, ele se moveu junto com meu avião; depois, voou em uma velocidade
fantástica, em uma grande órbita elíptica para a esquerda, entre 5.000 pés para o sul e
aproximadamente 10.000 pés para o norte, sempre da esquerda para a direita, repetindo essa
rota. Tentei mantê-lo à vista.
Imediatamente, quando percebi que era um objeto desconhecido, chamei a torre de controle
e disse ao controlador que havia um estranho objeto voando ao meu redor. Ele e outros de três
ou quatro outros aviões disseram que devia ser algum tipo de balão. Alguns outros pilotos que
voavam em outras zonas fizeram piadas e eu lhes pedi que viessem e vissem com seus próprios
olhos, já que não acreditavam em mim. Disse-lhes que se fosse um balão, como poderia subir
do solo até 5.000 pés em alguns segundos? A resposta foi silêncio. Eles começaram a
perguntar qual a minha localização, minha zona de trabalho e dois companheiros oficiais da
Força Aérea, Carlos Garcês e Antonio Gomes, disseram que iriam se juntar a mim.
Enquanto esperava e ficava olhando para ele, quis saber um pouco mais a respeito desse
objeto. Muito embora estivesse perto, não sabia o que ele era. Fiquei sozinho com ele por
quinze minutos - que achei uma eternidade - sem saber o que viria depois ou se ele retornaria
em seu curso estabelecido. Fiquei ali, focalizando esta coisa, que repetia seu curso elíptico ao
redor de meu avião.
Quando Garcês e Gomes chegaram em seus Chipmunk depois de cerca de quinze minutos,
perguntaram-me pelo rádio: “Onde está ele?”. Dei-lhes a posição e, depois que o viram, senti-
me melhor, porque agora mais dois pilotos da Força Aérea tinham visto a mesma coisa que eu.
Eles ficaram ali comigo por cerca de dez minutos, enquanto o objeto mantinha seu padrão
circular, cada volta praticamente igual à anterior, e nós conversávamos pelo rádio. Eu estava
no interior da órbita e eles fora dela, de modo que o objeto passava entre os dois aviões. Por
causa disso, pudemos estimar o tamanho relativo em comparação com o comprimento da
fuselagem do Chipmunk (7,75 metros): 2,40 a 3,00 metros.
Depois de cerca de dez minutos, eu ainda estava curioso e realmente queria saber mais
sobre o objeto. Assim, decidi fazer uma interceptação, o que significava que eu iria
diretamente na direção dele, mas ligeiramente para o lado, de modo que ele seria forçado a
alterar seu curso. Disse a meus colegas da Força Aérea que estava planejando uma
interceptação. Uma vez que a velocidade do objeto era muito maior do que a minha, voei
diretamente para um ponto da trajetória elíptica. Ele veio em minha direção e passou sobre
mim, por cima de meu avião, e parou ali, como um helicóptero aterrissando, mas muito, muito
mais rápido, quebrando todas as regras da aerodinâmica. Foi muito perto do meu avião: apenas
cerca de 4,5 metros. Fiquei atônito. Fechei os olhos e, naquele momento, congelei, sem
qualquer reação.
Não houve impacto...
Então, voou num lampejo na direção da montanha de Sintra e dali para o mar. Tudo isso
aconteceu tão rápido que eu não consegui fazer nada com meu avião para tentar evitar o
objeto. Um dos outros pilotos viu tudo.
Várias vezes os objetos tinha ficado muito perto de mim, e consegui verificar que era
redondo, com duas metades semelhantes a duas tampas bem apertadas. Cuidadosamente olhei
para a metade inferior, que parecia ser de uma cor entre o vermelho e o marrom, com um
buraco ou mancha escura no centro. A faixa central parecia algum tipo de grade e,
possivelmente, com algumas luzes, mas era difícil de dizer, já que o sol brilhava muito e era
refletido.
Logo após aterrissarmos, nós três preenchemos relatórios detalhados e independentes sobre
o incidente, e nossos aviões foram periciados a procura de danos, mas não ouvimos mais nada
do pessoal da Força Aérea e não fomos interrogados pelos militares. Pouco depois, o General
José Lemos Ferreira, Chefe de Staff da Força Aérea portuguesa aquela época, autorizou a
liberação de todos os registros para uma equipe de cientistas e especialistas.
Em 1957, o General Ferreira testemunhou, ele próprio, o avistamento de um objeto
luminoso desconhecido, quando estava liderando um voo noturno entre a base aérea de Ota,
em Portugal, e Córdoba, na Espanha. Três outros pilotos, voando em aviões separados, viram o
fenômeno também - inicialmente, um grande objeto e, depois, quatro pequenos “satélites” que
saíram dele. Ele estava consciente da importância científica desse tipo de coisas, e enviou um
relatório sobre o incidente para o Projeto Livro Azul21, realizado pela Força Aérea Americana.
Já que o general tinha alguma compreensão sobre OVNIs, liberou toda informação
existente na Força Aérea portuguesa a respeito de meu encontro e uma demorada investigação
científica foi lançada em 1983 e completada em 1984. A equipe de especialistas incluía cerca
de trinta pessoas de diferentes disciplinas e instituições acadêmicas, incluindo historiadores,
psicólogos, físicos, meteorologistas, engenheiros e outros cientistas.
A investigação envolveu a cooperação entre os militares e cientistas civis. Voltei à zona e
fiz o caminho que o objeto realizara em sua ascensão vertical inicial, no qual ele levou apenas
alguns segundos. Estimando o tempo em dez segundos e cobrindo a mesma distância,
determinamos que ele estivesse voando a mais de 300 milhas por hora verticalmente. Isso não
é possível para um helicóptero e, mais importante, um ser humano que estivesse dentro não
sobreviveria a força G da aceleração necessária a este movimento para cima.
Uma vez que consegui mostrar aos investigadores, no mapa, a trajetória do objeto em sua
órbita elíptica relativa a pontos no solo, eles puderam determinar sua velocidade em cerca de
1.550 mph. Essa velocidade é incrível, especialmente devido às manobras que ele estava
fazendo. Não sei se ele era de outro universo ou planeta, ou se era daqui mesmo. Simplesmente
não sei. Desde então, nunca mais vi algo semelhante.
A equipe científica estudou todos os dados e os relatórios dos três pilotos e, depois de uma
reunião dos trinta investigadores, na cidade do Porto, em 1984, o grupo forneceu uma análise
escrita de mais de 170 páginas. Eles fizeram tudo o que podiam para compreender este caso,
mas não conseguiram encontrar uma explicação. Concluíram que o objeto permanecia não
identificado22.
Conversei sobre minha experiência com a mídia e não tive qualquer problema. O assunto
foi coberto seriamente por muitos jornais e pela TV, porque havia três pilotos da Força Aérea
envolvidos. Desde então, as pessoas me abordam para me contar sobre outros incidentes com
OVNIs, mas a maioria delas quer manter suas experiências em segredo.
Outro incidente ocorreu em Portugal antes do meu. Um piloto da Força Aérea, um colega,
viu uma parte de um objeto por trás das nuvens, que parecia ter duas ou três janelas. Ele perdeu
o controle de seu Dornier Do 27. O avião começou a cair e ele só conseguiu recuperar o
controle exatamente acima da copa das árvores. Seus comentários estavam na gravação do
controlador de tráfico aéreo e ele pensou que era o seu fim. Eu estava lá na base, quando ele
aterrissou e conversou em seguida com um grupo de colegas e preencheu um relatório. Os
engenheiros tentaram descobrir como ele tinha perdido o controle. Depois, alguns engenheiros
que não pertenciam à Força Aérea vieram ao hangar onde seu avião estava estacionado com
muitos outros aviões idênticos. Eles conseguiram localizar exatamente o avião, através de um
instrumento que mede a radiação. O avião registrou alta radiação e não se conseguiu explicar
isso.
Esse piloto continuou sua carreira como piloto da aviação civil, como eu fiz. Depois de
dezoito anos na Força Aérea, que terminaram em 1990, comecei a voar comercialmente e
agora sou um comandante da Portugália Airlines [TAP], embora eu ainda voe sozinho. Até
agora não sei o que vi naquele dia de 1982, mas amo voar como sempre. Meu encontro,
embora incrível, não conseguiu mudar isso.
CAPITULO 5 - Fenômenos Aéreos Não Identificados e Segurança da Aviação
por Richard R. Haines, PhD

Segurança é de importância primordial para todos os que voam ou estão ligados a voos.
Contudo, a maioria dos americanos nunca ouviu falar sobre o fato de que os avistamentos de
FANIs podem afetar a segurança de voo. Esses incidentes não são investigados por qualquer
agência de governo, como o são outros eventos que afetam os aviões. De fato, os funcionários
da aviação impedem que esses eventos venham a público, censurando os relatórios de várias
maneiras. Pilotos que fizeram um relato oficial de FANI continuam a ser ridicularizados por
funcionários do governo e/ou suas próprias companhias de aviação e instruídos a não relatar
seus avistamentos publicamente. Essa atitude não serve a ninguém e, de fato, coloca a todos
nós em grande risco, quando fizermos viagens aéreas. Ela impede que a comunidade científica
adquira os dados necessários para investigar a origem desses OVNIs e, também, impedem as
companhias aéreas e organizações de pilotos de tomar as medidas necessárias ou fornecer aos
pilotos o treinamento especializado, bem como os protocolos de segurança. Apesar de tudo
isso, esses fenômenos aéreos incomuns continuaram a infestar as operações de voos
comerciais, militares e privados por muitos anos.
O incidente descrito pelo tenente Guerra sobre Portugal, em 1982, fornece um exemplo
poderoso de um caso em que a segurança da aviação foi desafiada por um objeto não
identificado, segundo quaisquer padrões: militares, privados ou comerciais. Sempre que não se
consegue uma comunicação com um veículo aéreo de qualquer tipo, que faz uma abordagem a
uma velocidade muito alta e depois para inesperadamente a 4,5 metros do avião de alguém,
qualquer piloto no mundo justificadamente se preocuparia e até sentiria medo. O tenente
Guerra e seus dois colegas pilotos devem ser louvados por relatarem esse incidente bizarro aos
oficiais, embora as pressões contra fazer isso sejam menos intensas na Europa e na América do
Sul do que são aqui. Além disso, o General Ferreira, o chefe do Staff Aéreo da Força Aérea
Portuguesa naquela época, voluntariamente tornou todos os registros disponíveis a um grupo
de pesquisa científica qualificado a investigar - um cenário que, infelizmente, não vemos nos
Estados Unidos. Contudo, todos os países são igualmente afetados pelo fato de que um FANI
pode aparecer sem aviso, a qualquer hora e em qualquer lugar.
Três tipos de comportamento dinâmicos de OVNIs e suas consequências foram
consistentemente relatados. Os primeiros e principais são as manobras muito próximas e em
alta velocidade de OVNIs perto de aviões. Muitos casos envolvem uma distância relativamente
pequena - geralmente da ordem de dezenas de metros - entre o avião e o fenômeno aéreo
relatado, o que os qualifica como quase acidentes pelos padrões da aviação federal nos Estados
Unidos e no Reino Unido. Enquanto a estimativa do piloto da distância de OVNI possa ser
afetada pela escuridão ou pela falta de interpretações confiáveis de distância visual, esses
profissionais altamente treinados geralmente são muito precisos, e em geral não incorrerá em
erro por mais de uma ordem de magnitude23.
Felizmente, a ameaça física imediata de uma colisão em voo parece improvável, devido ao
alto grau de manobrabilidade exibida pelos OVNIs. Em muitos casos, os objetos rapidamente
evitaram a colisão no último minuto, e os pilotos não tiveram nada a ver com esses movi
mentos. Mas, em alguns casos, as reações do piloto podem ser um problema também. Para
evitar uma colisão percebida com um OVNI, alguns fazem manobras de controle violentas,
resultando em ferimentos de passageiros e da tripulação. E há sempre o perigo de que, se o
piloto fizer a manobra de controle errada, na hora errada, durante um encontro extremamente
próximo, ocorra uma colisão no ar.
Em um exemplo, um Boeing KB-50 tanque de reabastecimento aéreo da Força Aérea
Americana estava aterrissando à noite, na base Pope, da Força Aérea, na Carolina do Norte,
quando o piloto e a tripulação notaram um objeto e viram estranhas luzes. Em sua abordagem
final, o piloto teve de manobrar ao redor do objeto e subir novamente para esperar que ele
partisse. O pessoal da torre da Força Aérea viu o OVNI pairando sobre o aeroporto e o viu
através de binóculos por vinte minutos, estabelecendo que não era um fenômeno atmosférico
de qualquer tipo. Os funcionários da Força Aérea reconheceram que “o OVNI representava um
perigo para as operações de voo na área” - uma das poucas afirmações oficiais registradas em
relação a este efeito24.
O segundo impacto que um OVNI pode ter sobre a segurança da aviação é afetar o
funcionamento adequado do equipamento de orientação da navegação, dos sistemas de
controle de voo, as operações de radar, e a comunicação de rádio com a interferência de sua
alegada radiação eletromagnética. Obviamente, em situações onde os pilotos confiam em seus
instrumentos, a probabilidade de um incidente ou de um acidente aumenta quando efeitos
eletromagnéticos anômalos fazem com que funcionem mal. Felizmente, na maioria desses
exemplos, o equipamento reassume seu funcionamento normal depois que o objeto parte.
Finalmente, distrações na cabine produzidas por encontros próximos com OVNI tiram a
atenção da tripulação e pode prejudicar sua habilidade de voar seguramente. É compreensível
que testemunhar objetos bizarros ou luzes inexplicadas passando ao lado de um avião, ou voos
em círculo ao redor dele, seria desconcertante para qualquer um a bordo, especialmente para
aqueles responsáveis pela segurança dos passageiros.
A informação que reuni para documentar casos de OVNIs afetando a segurança da aviação
vem do meu extenso banco de dados. Ela consiste de relatos de pilotos e controladores de
tráfego aéreo obtidos de fontes oficiais americanas e de outros governos, entrevistas privadas,
e relatos de colegas internacionais, que trabalharam com o NARCAP. Segundo nossas
estatísticas, em uma carreira média de piloto comercial, um piloto tem a mesma chance de ver
um OVNI como tem de bater em um pássaro em voo ou encontrar cisalhamento de vento
extremo. A ameaça à segurança é pequena, mas potencialmente significativa e deve ser tratada
como qualquer outro perigo não frequente de segurança. Muitos problemas de segurança de
voo não são relatados ou sub-relatados, mas a diferença aqui é de que as colisões com pássaros
e cisalhamentos de vento são ocorrências geralmente aceitas e relatadas, e os OVNIs não.
Três casos sobre a Austrália e a Nova Zelândia são de grande interesse, ilustrando os
efeitos aos quais estou me referindo. Em 22 de agosto de 1968, por volta das 17h40min, dois
pilotos estavam voando de Adelaide para Perth, na Austrália, a 8.000 pés de altitude, em um
monomotor Piper Navajo, quando avistaram um enorme objeto com forma de charuto
circundado por cinco objetos menores. A estranha formação manteve um ângulo constante da
própria rota deles de voo por mais de dez minutos, enquanto eles voavam a 195 nós. Um dos
pilotos disse depois: “O objeto grande abriu sua parte central, com os objetos menores
entrando e saindo dele”. O controle de tráfego aéreo de solo foi contatado e respondeu que não
havia nenhum tráfego aéreo conhecido na área. Nesse ponto, o rádio falhou em todas as
frequências até que o objeto foi embora, “como se por um único comando25”.
Dez anos depois, um evento chocante ocorreu. Um piloto privado desapareceu quando
estava na rota para King Island, ao sul de Melbourne, na Austrália, após um encontro muito
próximo e assustador com um enorme objeto desconhecido. Em 21 de outubro de 1978,
Frederick Valentich, de vinte anos, tinha alugado um Cessna 1821, um avião monomotor, para
um pequeno voo noturno. Exatamente após as 21h, ele entrou em contato por rádio com o
Aeroporto de Tullamarine, em Melbourne, de uma altitude de 4.500 pés, enquanto voava sobre
as águas do Estreito de Bass. Por seis minutos e meio, ele conversou com o especialista de
serviço de voo Steve Robey, no aeroporto de Melbourne, sobre algo não identificado orbitando
o seu avião, dirigindo-se diretamente a ele, caçando-o. A gravação terminou com quatorze
segundos de ruídos metálicos incomuns, e, depois, somente silêncio.
A transcrição de voz entre Robey, no Serviço de Voo, em Melbourne, e Valentich em seu
Cessna - que foi registrada e referida como Delta Sierra Juliet - é apresentada a seguir. Estudei
cuidadosamente a gravação e observei as muitas vezes em que as inflexões de voz de
Valentich elevavam-se no final de suas transmissões, como se ele estivesse fazendo uma
pergunta. O jovem piloto estava claramente desorientado, às 21hl0min, no final e
provavelmente no início. Há muitas pausas durante suas transmissões, que estão indicadas por
reticências.

21:06:14 Valentich: Melbourne, aqui é o Delta Sierra Juliet. Há qualquer tráfego de voo
conhecido abaixo dos 5.000 pés?
21:06:23 Robey: Delta Sierra Juliet - nenhum tráfego conhecido
21:06:26 V: Delta Sierra Juliet - Estou - parece [ser] uma grande aeronave abaixo de 5.000
pés.
21:06:46 R: Delta Sierra Juliet - Que tipo de aeronave é?
21:06:50 V: Delta Sierra Juliet - Não posso afirmar. Tem quatro luzes brilhantes... me
parecem luzes de aterrissagem.
21:07:04 R: Delta Sierra Juliet.
21:07:32 V: Melbourne, este [é] Delta Sierra Juliet. A aeronave passou em cima de mim a
pelo menos mil pés.
21:07:43 R: Delta Sierra Juliet - Roger - e ela, ela é uma grande aeronave - confirma?
21:07:47 V: Hum, desconhecido devido a velocidade em que está voando... Há qualquer
aeronave da Força Aérea nas vizinhanças?
21:07:57 R: Delta Sierra Juliet - Nenhuma aeronave nas vizinhanças.
21:08:18 V: Melbourne - ela está se aproximando agora do leste - em minha direção.
21:0828 R: Delta Sierra Juliet.
21:08:49 V: Delta Sierra Juliet. Me parece que está fazendo algum tipo de jogo - voou
sobre mim duas - três vezes, em uma velocidade que não consegui identificar.
21:09:02 R: Delta Sierra Juliet - Roger. Qual é o seu nível atual?
21:09:06 V: Meu nível atual é 4.500, quatro cinco zero zero.
21:09:11 R: Delta Sierra Juliet... E confirma - você não consegue identificar a aeronave.
21:09:14 V: Afirmativo.
21:09:18 R: Delta Sierra Juliet - Roger... Aguarde.
21:0928 V: Melbourne - Delta Sierra Juliet. Não é uma aeronave. É...
21:09:46 R: Delta Sierra Juliet - Melbourne. Pode descrever a... er, aeronave?
21:09:52 V: Delta Sierra Juliet... Conforme ela vai passando, tem uma forma longa... [não
posso] identificar mais do que isso. Em uma velocidade... Está a minha frente agora,
Melbourne?
21:10:07 R: Delta Sierra Juliet - Roger. E de que tamanho seria o, hum, objeto?
21:10:20 V: Delta Sierra Juliet - Melbourne. Parece que ela está me perseguindo. O que
estou fazendo agora é orbitar e a coisa está orbitando também sobre mim... Ela tem
uma luz verde e uma espécie de revestimento metálico. É todo brilhante do lado de
fora.
21:10:43 R: Delta Sierra Juliet.
21:10:48 V: Delta Sierra Juliet... Acabou de desaparecer.
21:10:57 R: Delta Sierra Juliet.
21:11:03 V: Melbourne, você sabe que tipo de aeronave estou vendo? É [um tipo de]
aeronave militar?
21:11:08 R: Delta Sierra Juliet. Confirme que... hum, a aeronave simplesmente
desapareceu.
21:11:14 V: Repita.
21:11:17 R: Delta Sierra Juliet... A aeronave ainda está com você?
21:11:23 V: Delta Sierra Juliet... Está, ah.... [agora] aproximando-se pelo sudoeste.
21:11:37 R: Delta Sierra Juliet.
21:11:52 V: Delta Sierra Juliet - o motor está falhando. Estou em vinte e três—vinte e
quatro... E a coisa está tossindo.
[É audível na gravação o problema de motor.]
21:12:04 R: Delta Sierra Juliet—Roger. Quais são suas intenções?
21:12:09 V: Minhas intenções são - ah.... ir para King Island - ah.. Melbourne, esta
aeronave estranha está flutuando novamente sobre mim... está flutuando e não é um
avião.
21:12:22 R: Delta Sierra Juliet.
21:12:28 V: Delta Sierra Juliet—Melbourne...
[Uma pausa de dezessete segundos, durante a q[ual um ruído pulsado, metálico muito
estranho é audível, com nenhum padrão discernível em tempo ou frequência.]
21:12:49 R: Delta Sierra Juliet, Melbourne.
Fim da transcrição.

Valentich nunca mais foi ouvido.


A descrição de Valentich de “uma luz verde e uma espécie de metal, todo brilhante do lado
de fora” é importante. Nos anos seguintes ao evento, um colega obteve relatos de vinte
testemunhas oculares na região, descrevendo uma luz verde movendo-se erraticamente no céu,
na mesma hora da noite do voo de Valentich. Anos mais tarde, viajei para a cidade-resort de
Apollo Bay, na Austrália, e entrevistei Ken Hansen26, que tinha quarenta e sete anos na época
do incidente, em 1978, e suas duas sobrinhas. Hansen estava dirigindo com as duas garotas,
quando eles observaram, no céu acima, as luzes de um avião junto com uma grande luz verde.
A presença dessa segunda luz era tão incomum, que Hansen decidiu encostar o carro, parar e
descer. Ele disse que quando o fez, claramente viu uma segunda grande luz circular
esverdeada, “como se ela estivesse voando no topo do avião”. Seu tamanho visual, segundo
sua descrição, era equivalente àquela de uma bola de tênis sustentada no comprimento de um
braço, com uma razão entre ela e o avião de cerca de quatro para um. Assumindo que essa
estimativa seja precisa, o OVNI teria cerca de quarenta e oito pés transversalmente. Sua cor
verde era semelhante às luzes de navegação do avião. Hansen observou que ela mantinha uma
distância constante acima e ligeiramente atrás das luzes do avião, enquanto ele assistia por
cerca de quinze a vinte segundos, até que ambas as luzes desapareceram de vista,
Ele contou à sua esposa naquela noite sobre a grande luz verde, bem como aos seus colegas
de trabalho, no dia seguinte, antes que soubesse sobre o que Valentich tinha relatado. Quando
nos encontramos, suas sobrinhas confirmaram os detalhes fornecidos pelo tio. Consegui obter
informação muito valiosa ao ir com Hansen ao local em que ele tinha encostado seu carro, pois
ele reconstruiu para nós o que tinha visto.
A história do encontro de Valentich com um OVNI e seu subsequente desaparecimento foi
relatada pela mídia do mundo todo, angariando muita atenção. Apesar dos esforços
coordenados de pilotos privados e dos aviões de localização e resgate do governo australiano,
nenhum traço dele e de seu avião jamais foi encontrado. Há evidência suficiente para sugerir
que ele provavelmente caiu no mar entre seis e vinte quilômetros da praia, mas provavelmente
nunca saberemos o que aconteceu. A natureza do objeto grande com luzes verdes, que
acompanhou o avião durante seus últimos minutos, permanece um grande mistério27.
Cerca de dois meses depois, um notável avistamento aéreo foi documentado sobre a Nova
Zelândia. O comandante Bill Startup, um piloto sênior que trabalhava para a Safe Air Ltd.,
com vinte e três anos de experiência e 14.000 horas de voo, e seu copiloto Robert Guard, com
7.000 horas de voo, foram testemunhas-chave. O avião de carga Argosy que eles pilotavam
estava fazendo uma entrega de jornais entre Wellington e Cristchurch, na costa de Kaikoura da
Ilha Sul. O repórter da televisão australiana Quentin Fogarty, do Canal O, em Melbourne,
Austrália, seu cameraman David Crockett, e o operador de som Ngaire Crockett também
estavam a bordo, porque o OVNI foi testemunhado pela tripulação e registrado pelo radar
cerca de dez dias antes, na mesma rota. Fogarty estava fazendo um documentário para a
televisão sobre eventos anteriores, parcialmente por causa do elevado interesse em OVNIs
após o desaparecimento de Valentich. Ele queria um pano de fundo para seu documentário e,
assim, ele juntou-se à entrega de jornais em 30-31 de dezembro, de 1978, para esse propósito.
Ele nunca esperou testemunhar ele próprio qualquer fenômeno estranho.
Mas, naquele voo, pouco antes da meia-noite, uma série de fenômenos luminosos surgiu,
acompanhou o avião e voou ao redor dele. O comandante Startup e o copiloto Guard, que
estavam bem conscientes das luzes regulares e bem familiares ao longo da costa, foram os
primeiros a notar as estranhas luzes à frente deles. Por cerca de trinta minutos, o cameraman
Crockett filmou os objetos luminosos em um filme colorido de 16 mm, enquanto Fogarty
comentava na câmera como os eventos se desenrolaram. Ao mesmo tempo, os sistemas de
bordo e o controle de tráfego aéreo em Wellington, na Nova Zelândia, rastrearam os objetos
com o radar, enquanto eram vistos pelo comandante Startup e os outros que estavam a bordo.
As leituras de radar foram relatadas aos pilotos pelo controlador de tráfego aéreo Geoffrey
Causer, e também testemunhada pelo técnico de manutenção de radar Bryan Chalmers. Causer
permaneceu em constante comunicação com os pilotos durante todo o incidente e todo o
diálogo foi gravado.
Assisti ao filme dessas imagens incomuns - mostrando luzes brilhantes em foco e fora de
foco, algumas redondas, algumas sugestivas da forma de um disco - que também foram
cuidadosamente analisadas por outros. As luzes desapareciam e reapareciam em localizações
totalmente novas, algumas vezes várias ao mesmo tempo. Seu comportamento não pôde ser
explicado pela aerofísica normal.
Em certo ponto, as testemunhas no avião observaram luzes voando em formação com o
avião. Eles, então, ouviram do controlador de tráfego aéreo que o fenômeno estava tão
próximo do avião, que o radar não conseguia separar os dois. Causer registrava apenas um
sinal na tela do radar, mas era duas vezes maior do que tinha sido antes. “Há um sinal forte em
formação com vocês. Pode ser à direita ou à esquerda. O seu sinal dobrou de tamanho”, ele
relatou. Chalmers também viu o sinal de tamanho duplo. Parecia que havia dois aviões voando
juntos à mesma velocidade, tão perto um do outro que eram indistinguíveis no radar. Tal
proximidade poderia, naturalmente, ser uma ameaça à segurança do avião, mas este não sofreu
qualquer efeito nocivo28.
Esses são casos incomuns. Pequenos eventos envolvendo quase colisões são mais comuns.
Em 8 de agosto de 1994, um voo comercial com rota de Acapulco para a Cidade do México,
no México, quase colidiu com um OVNI, que saiu disparado de uma nuvem na direção do
avião. Felizmente o OVNI manobrou para evitar a colisão. Um Boeing 737, de uma linha
transoceânica japonesa, estava em rota de Okinawa para Tóquio, em velocidade de cruzeiro,
em 11 de novembro de 1998, quando o primeiro oficial repentinamente viu duas “luzes
estroboscópicas” brancas a frente dele. As duas luzes separaram-se rapidamente e ele fez um
mergulho para evitar a colisão. Nesses dois casos, o objeto nem foi detectado pelo radar de
solo. Em 2004, em uma tarde ensolarada, durante a aproximação de um voo comercial ao
aeroporto de São Paulo, Brasil, os dois membros da tripulação viram uma esfera luminosa à
frente deles, e que permaneceu na mesma altitude deles enquanto desciam. O avião turbo
propelido teve de se inclinar agudamente e mergulhar para evitar a colisão29.
Nos Estados Unidos, o caso do comandante Phil Schultz é excepcional - um que eu
investiguei pessoalmente. Entrevistei longamente o comandante e recebi dele um Relato de
Avistamento Aéreo, escrito à mão, de seis páginas.
O Comandante Schultz estava pilotando o voo 842 da TWA, de San Francisco ao aeroporto
John F. Kennedy, sobre o Lago Michigan, em um dia claro de verão, de 1981. De repente, ele
viu um “objeto de metal prateado, grande e redondo”, com seis “portinholas” pretas,
igualmente espaçadas ao redor da circunferência, que rapidamente “desceu para atmosfera de
cima”. O Comandante Schultz e seu copiloto estavam tão próximos do objeto, que ele parecia
uma enorme toranja sustentada a um braço de distância. Esperando uma colisão em pleno ar,
eles se prepararam para o impacto. O objeto, então, fez um giro agudo, em alta velocidade,
evitando o avião, e partiu.
Schultz não preencheu um relatório na TW, mas, em vez disso, trabalhou diligentemente
comigo para reconstruir precisamente o evento visto da cabine de seu avião. Isso me permitiu
acertar muitos fatos importantes sobre o evento. Sua velocidade de aproximação e de partida
foi calculada como sendo de cerca de 1.000 milhas por hora, com um alto giro G. Nenhuma
onda de choque ou turbulência foi sentida. O piloto automático do avião permaneceu engatado
durante todo o encontro, e não foram observados quaisquer efeitos eletromagnéticos. O
primeiro oficial viu só os dois terços finais do evento e o engenheiro de voo não viu nada,
devido à sua posição na parte de trás da cabine. O Chicago Center não tinha nenhum outro
tráfego aéreo na área, embora seu radar naquela hora tivesse uma abrangência de cerca de 240
quilômetros.
Com larga experiência como piloto de caça da Marinha americana, na Guerra da Coréia e
depois, o comandante Schultz nunca aceitara a realidade dos OVNIs antes desse acidente. Esse
encontro mudou instantaneamente sua crença. Quando lhe perguntei o que ele achava que o
objeto era, ele rapidamente respondeu: “Não tenho dúvidas. Era uma aeronave extraterrestre”.
Ele disseo mesmo em seu relatório escrito à mão para mim: que ele acreditava que a coisa era
uma “espaçonave”30.

Também nos Estados Unidos, uma aparente colisão, muito enigmática e à baixa altitude,
ocorreu em 23 de outubro de 2002, exatamente a nordeste de Mobile, Alabama, segundo o
relatório de acidente ao National Transportation Safety Board [NTSB] - o Conselho Nacional
de Segurança de Transporte. Na rota de Mobile a Montgomery, Thomas Preziose, de cinquenta
e quatro anos, com 4.000 horas de voo a seu favor, estava pilotando sozinho, transportando
carga de cerca de uma tonelada de registros de papel. Ele partiu nesse voo às 19h40min. O
relato preliminar do acidente afirmava que o Cessna 208B, um Cargomaster com número de
registro na FAA NÜ - um monomotor comercial de asa alta - “colidiu em voo com um objeto
desconhecido [itálicos meus] a 3.000 pés de altitude e desceu descontrolado para as águas
pantanosas, em Big Bateau Bay, em Fort Spanish, Alabama”31. A colisão ocorreu cerca de seis
minutos após a decolagem, em aproximadamente 19h46min. De modo interessante, o NTSB
emitiu um relatório posterior que não mencionava a colisão com um objeto desconhecido.
Baseado em dados de um sistema automático de observação de superfície, a 12km do local
do acidente, registrou, às 18h53min, que havia uma camada de nuvens esparsas a 700 pés e um
céu carregado de nuvens começando a 1.200 pés, com ar claro entre essas duas camadas, e
uma visibilidade de 8km. O vento estava a 11 nós a 60 graus. Pode ser significativo, nesse
acidente fatal, observar que um DC-10 passou a cerca de 1.000 pés acima do Cessna, após
aproximar- se dele de frente, às 19h45min - segundos antes da colisão - e teria produzido
turbulência de vórtice de ponta de asa32. Depois, o piloto proferiu suas últimas palavras, antes
de sua morte: “Night Ship 282. Precisei desviar, precisei desviar, precisei desviar, precisei [fim
da transmissão às 19h45min57s].
Se Preziose colidiu com um objeto físico, este nunca foi localizado. Contudo, um estranho
resíduo vermelho [referido como “marcas de transferência”] foi encontrado cobrindo pelo
menos catorze áreas diferentes do avião caído, que estavam espalhadas no local, tanto dentro
quanto fora do avião. O bloco do motor tinha se dividido, sugerindo uma força de impacto
muito grande. Infelizmente, o hardware de registro dos dados de radar estava inoperante na
hora do acidente; contudo, o NTSB não requisitou os dados de radar da Estação Naval de
Pensacola, a menos de uma hora de distância. O DC-10, que passou sobre o Cessna exatamente
antes dele colidir, foi inspecionado depois de pousar e nenhum dano de qualquer espécie foi
encontrado.
O relatório final do NTSB indicou que o acidente foi causado por desorientação do piloto.
Porém, uma investigação independente encontrou numerosas discrepâncias tanto em relação à
documentação da FAA, quanto da investigação conduzida pelo NTSB33.
Várias amostras do resíduo vermelho do Cargomaster foram analisadas, usando um
Espectroscópio Fourier de Transformação Infravermelha. Uma das amostras mostrou-se mais
semelhante ao material de referência consistindo de polímero tera e isoftalato, com a “possível
presença de compostos de silicato inorgânico”34. Verificou-se também que uma outra amostra
de metal da asa era muito semelhante ao material de referência que consistia de “materiais
epóxi com alguns preenchedores de silicato inorgânico”. Enquanto certos segmentos de metal
de veículos aéreos não tripulados [UAV] da Força Aérea Americana foram também
submetidos à mesma análise para comparação, pouco foi dito a respeito desses achados, exceto
que sua composição era “significativamente diferente” das marcas vermelhas residuais. A base
aérea americana desses UAVs mais próxima é Tyndall, em Panamá City, na Flórida, cerca de
240 km de ESE.
Se alguma coisa colidiu com esse avião, isso certamente o qualifica como um OVNI até
que seja positivamente identificado.
Considerando os muitos tipos de manobras de voo de um OVNI que têm sido relatados,
fica claro que qualquer que seja o fenômeno, ele parece ser uma aeronave de alto desempenho
em virtualmente todos os aspectos. Essa mesma conclusão foi apresentada em um relatório
recente não-confidencial do Reino Unido35. Na maioria dos relatos desses pilotos, o avião
parece ser o foco da “atenção” do fenômeno. Essa conjectura tem sido apoiada também por
muitas centenas de relatos de pilotos estrangeiros altamente qualificados36. Centenas de relatos
em meus arquivos sugerem que a variedade dos fenômenos está associada com um elevado
grau de inteligência e controle de voo deliberado37.
A maioria dos relatos de pilotos indica que o FANI tende a se aproximar do avião durante a
escuridão. À noite, é possível ver as cores prontamente discerníveis em regiões localizadas,
relativamente pequenas (semelhantes a fontes de luz individuais) e/ou mais difusamente sobre
toda a sua superfície. A aparência dos padrões de luz do OVNI assume muitas formas
diferentes, que poderiam ser interpretadas como algum tipo de luzes anticolisão ou de
navegação, muito embora luzes de um azul intenso geralmente não sejam permitidas na
América, como relatado em alguns casos.
Muitos pilotos compreendem que irão experimentar uma ampla gama de fenômenos
visuais na atmosfera durante sua carreira, mas eles não esperam que alguns permaneçam
inexplicados após considerar-se todos os fenômenos naturais conhecidos e objetos feitos pelo
homem. Quando isso acontece, cada testemunha fica com uma incerteza duradoura, uma
dúvida sobre a real identidade daquilo que viram e precisam lutar com a decisão de se devem
ou não relatar o evento.
Muito provavelmente ele não faz isso. Os pilotos sabem como as pessoas são tratadas
quando discutem ou relatam avistamentos estranhos, e não têm tendência a se arriscarem ao
ridículo ou à segurança de trabalho. Chamo isso de “lei de relatos diminuídos” - um efeito
defeedback negativo que inibe cada vez mais as pessoas de dizerem qualquer coisa sobre o que
viram. O efeito disso a longo prazo é que cada vez menos dados confiáveis tornam-se
disponíveis para o estudo sério, e todo o assunto dos OVNIs resvala mais ainda para o domínio
do mito e do humor. Uma vez que isso vem acontecendo há muitas décadas, os
administradores das companhias aéreas e os burocratas do governo podem validamente dizer
que não há nada a investigar ou ser levado a sério, porque os pilotos não estão relatando nada.
E os cientistas, que corretamente alegam que não podem estudar um fenômeno sem dados
confiáveis, justificam se por não se interessarem. Os fenômenos “anômalos” já raros parecem
estar se tornando até mais raros, reforçando a crença errônea de que, em primeiro lugar, esses
eventos não ocorrem.
Os controladores de tráfego aéreo frequentemente têm consciência desses esses encontros
não relatados com OVNIs, uma vez que são eles normalmente os primeiros a receber as
chamadas de rádio da tripulação sobre um OVNI, ou captar os alvos no radar. Mas eles
também não relatam muito incidentes. Um controlador, do Los Angeles Air Route Traffic
Control Center, escreveu: “Em meus seis anos no Centro, eu pessoalmente fiz parte de três
encontros bizarros, não militares, e não civis. Sou apenas um dos 15 mil controladores de voo;
assim, tem de haver muitos mais que não são relatados... Em um quarto incidente que eu
presenciei (na área, mas não no setor real), o controlador contou a seu superior sobre o
encontro e, depois, ambos determinaram que não havia nada no radar. Eles apenas balançaram
a cabeça, coçaram o queixo e foi tudo. Isso, acredito, é o que tipicamente acontece. Ninguém
sabe realmente o que fazer38”.
Baseado em pesquisa e entrevistas conduzidas por mim e meus associados, no NARCAP,
estimamos que apenas cerca de 5 a 10% dos avistamentos de OVNIs pelos pilotos são
relatados. A menos que implementemos mudanças políticas, os tripulantes continuarão a
permanecer em silêncio.
A História está cheia de assuntos previamente ridicularizados, que se tornaram importantes
para a humanidade, como confirma o estudo de história da ciência. Não devemos
simplesmente não dar atenção aos OVNIs, porque nos sentimos desconfortáveis em
simplesmente pensar neles. Nem o preconceito da sociedade em relação aos OVNIs, nem a
permanente ignorância sobre eles, irá provavelmente impedir que continuem aparecendo, nem
tais respostas provam que eles não existem. Esses fenômenos simplesmente não desaparecerão.
CAPITULO 6 - Incursão no Aeroporto O’Hare, em 2006

Em 7 de novembro de 2006, algo inimaginável ocorreu no Aeroporto O’Hare, em Chicago,


durante uma rotineira hora do rush da tarde. Por cerca de cinco minutos, um objeto com forma
de disco pairou calmamente sobre o terminal da United Airlines e, depois, fez um buraco num
banco de nuvens acima, enquanto partia rapidamente. Dificilmente alguém tenha ouvido falar
sobre ele, até que a história apareceu na primeira página do Chicago Tribüne, no dia 1o de
janeiro de 200739, quase dois meses depois, o que precipitou uma agitação de cobertura pela
CNN, MSNBC e outras redes de notícias. Com mais de um milhão de acessos, a história do
Tribüne rapidamente alcançou o Status de ser a parte mais lida de toda a história do website do
jornal, mas, depois, desapareceu da tela de radar da mídia. Nenhuma declaração oficial foi
fornecida para um público fascinado, mas também alarmado, ou para os empregados da United
diretamente envolvidos.
Era um dia comum, nublado, com visibilidade de cerca de 6 km e ventos a 4 nós. Entre 4h
e 4h30min daquela tarde, pilotos, administradores e mecânicos da United Airlines olharam
para cima, de sua posição no solo, no terminal, e viram o estranho objeto pairando exatamente
sob um banco de nuvens, que começava a 1.900 pés acima do solo. Segundo essas
testemunhas, o disco de aspecto metálico era do tamanho de um quarto de dólar ou de meio
dólar mantido à distância de um braço. Baseado em vários testemunhos visuais, o OVNI tinha
um tamanho estimado de cerca de 7 a 26 metros de diâmetro e estava suspenso a
aproximadamente 1.500 pés acima do Portão 07 do terminal da United.
Um piloto anunciou o avistamento pelo rádio de solo para todos os aviões pousados; um
mecânico da United que movia um Boeing 777 ouviu a conversa pelo rádio a respeito do disco
voador e olhou para cima; pilotos, que esperavam para decolar, abriram as janelas dianteiras
para se inclinar para fora e ver o objeto. Houve um murmúrio na United Airlines. Um
funcionário da gerência recebeu um chamado pelo rádio sobre o objeto e correu para fora para
ver por si mesmo. Ele, então, chamou o centro de operações da United, certificou-se de que a
FAA foi contatada e dirigiu-se para a multidão, para falar diretamente com as testemunhas lá.
Os relatos mostraram que o evento durou de cinco a quinze minutos. Então, com muitos
olhos agora fixados nele, o disco suspenso repentinamente disparou para cima, a uma
velocidade inacreditável, e sumiu em menos de um segundo, deixando um buraco semelhante
ao buraco central de um cookie nas nuvens densas. A abertura tinha aproximadamente o
mesmo tamanho do objeto e aqueles diretamente sob ele puderam ver o céu azul do outro lado.
Após alguns minutos, a ruptura no banco de nuvens se fechou, como se as nuvens fossem
sugadas até se juntarem. “Isso foi extremamente incomum, segundo as testemunhas”, disse ao
noticiário televisivo o repórter do Chicago Tribune, Jon Hilkevitch, após entrevistar as
testemunhas da United para a sua matéria. “Os aviões simplesmente não reagem desse jeito.
Eles cortaram as nuvens.”
Definitivamente isso não era um avião, disseram os observadores, e muitos pareciam
chocados pelo que tinham visto. Alguns estavam impressionados; outros, com medo. “A
credibilidade dos testemunhos está fora de questão, e a segurança era a grande preocupação”,
disse Hilkevitch durante uma conversa por telefone. Ele notou que todos os observadores,
independentemente, descreveram a mesma coisa: um disco pairando sem fazer barulho e
disparando para cima, deixando um claro buraco nas nuvens. “As únicas discrepâncias foram
quanto às estimativas de tamanho e que alguns disseram que ele estava girando”, disse-me ele.
Infelizmente, cada uma dessas testemunhas da aviação, de alta credibilidade - e havia
muitas - escolheram permanecer anônimas, devido a temores pela segurança de seu trabalho.
Um empregado da United disse-me que ele poderia ser considerado como um “traidor” de sua
companhia aérea. Testemunhas não querem ser “pegas falando com a mídia, uma vez que a
companhia de aviação declarou oficialmente que nada tinha acontecido”, escreveu ele em um
e-mail. Essas testemunhas de algo que supostamente não existe - algo para se rir com os
colegas - foram abandonadas com suas observações abaladas. “Aprendi que esta é uma posição
controversa, mas com meu extenso conhecimento de tecnologias da aviação moderna, sei que
este OVNI provavelmente não foi criado neste planeta”, disse-me um deles alguns meses
depois.
A FAA e a United Airlines inicialmente negaram ter qualquer informação sobre o
incidente, mas ambas tinham de saber do avistamento, quando uma gravação de uma chamada
de uma supervisora da United para a torre de controle do tráfego aéreo foi liberada pela FAA.
Eu ouvi essas gravações.
“Ei, você viu um disco voador sobre o C17?” perguntou a supervisora, que disse que seu
nome era Sue. Risadas são audíveis provenientes do operador da torre Dave e de uma segunda
pessoa próxima a ele. “Foi isso que um piloto na área da rampa do 07 nos disse”, continuou
ela. “Eles viram um disco voador sobre eles. Mas não conseguimos ver sobre nós”. As risadas
continuam nervosamente e Dave responde: “Ei, vocês estão celebrando os feriados ou o que?
Estão celebrando o Natal hoje? Não estou vendo nada Sue, e se tivesse visto, não o admitiria.
Não, eu não vi nenhum disco voador no portão Cl7.” Cerca de 15 minutos depois, Sue liga
novamente, desta vez falando com o operador Dwight. A conversa foi a seguinte:

Sue: “Aqui é a Sue da United”, [risada]


Torre: “Sim,” [tom sério]
[pausa de 12 segundos]
S: “Havia um disco lá fora, voando ao redor.”
T: “Havia o que?”
S: “Um disco”.
T: “Um disco?”
S: “Sim.”
T: “Pode esperar um segundo?”
S: “Claro”
[pausa de 33 segundos]
T: “Ok, desculpe, o que posso fazer por você?”
S: “Desculpe, havia, eu disse ao Dave, um disco voador lá fora acima do Charley 17 e ele
pensou que eu estava bêbada. Mas não estou bêbada, nem estou bebendo.”
T: “Sim.”
S: “Alguém tirou uma foto dele. Assim, se vocês o virem lá fora
T: “Um disco como um Frisbee?”
S: “Uma coisa do tipo OVNI.”
T: “Sim, ok.”
S: “Ele tirou uma foto dele”, [risos]
T: Quanto acima de Charley 17?”
S: “Bem, estava sobre nossa torre. Assim...”
T: “Sim.”
S: “Assim, se acontecer de vocês virem qualquer coisa...” [ela continua a rir]
T: “Você sabe, manterei um olho aberto para isso.”
S: “Ok.”

Infelizmente, a fotografia a que Sue se referiu nunca foi encontrada. Também, devido à
maneira em que as torres foram construídas, os operadores não conseguiam ver o OVNI; sua
localização no céu não estava dentro de seu campo de visão através da janela, devido à
saliência do telhado. Assim, ele pairou no ponto cego da torre. Aviões cheios de passageiros
estavam pousando e decolando, enquanto aquela “coisa do tipo OVNI” pairava no céu e
ninguém sabia o que essa coisa era, porque ela estava lá, ou o que poderia fazer em seguida.
Nessa conversa gravada, que incluiu risadas, Sue precisou proclamar que não estava bêbada e
Dave disse que se tivesse que admitir, mesmo que ele tivesse visto o disco, não o faria - um
comentário flagrante do tabu em relação aos OVNIs que infecta o pessoal da aviação, mesmo
no meio de um incidente possivelmente perigoso sendo relatado por observadores treinados da
aviação.
Dave poderia ter reagido diferentemente, se o disco voador tivesse sido captado pelo radar,
mas não foi. Talvez o objeto tivesse algum tipo de capacidade de ocultação, mas, ao mesmo
tempo, sabemos que os radares dos aeroportos não estão configurados para registrar objetos
estacionários como este e, no outro extremo, nem movimentos extraordinariamente rápidos,
porque são comportamentos fora das normas. O incidente do O Hare não é o único exemplo
disso. Objetos não identificados frequentemente não são detectados pelo radar - mesmo
quando fisicamente presentes e vistos por múltiplas testemunhas -, e obviamente isso não
significa que eles não estejam lá. Em muitos outros casos, traços no radar são capturados,
fornecendo dados valiosos sobre os movimentos do objeto. O que determina essa variabilidade
na detecção não se sabe.
Felizmente, uma equipe de especialistas do grupo do Dr. Richard Haines, o NARCAP,
passou cinco meses investigando rigorosamente o incidente e suas implicações quanto à
segurança, e analisando todas as possíveis explicações para o avistamento. Seu relatório de 154
páginas tem a coautoria de Haines, do meteorologista William Pucket - anteriormente da
Agência de Proteção Ambiental -, do engenheiro aeroespacial Laurence Lemke - também
anteriormente com a NASA em projetos de missões espaciais avançadas -, Donald Ledger -
um piloto canadense e profissional da aviação - e cinco outros especialistas40. Eles concluíram
que o disco do O’Hare era um objeto físico sólido, comportando-se de maneiras que não
poderiam ser explicadas em termos convencionais. Ele tinha penetrado no espaço aéreo restrito
Classe B sobre um grande aeroporto sem utilizar um transponder.
O estudo do NARCAP estabeleceu:
Este incidente é típico, como muitos outros antes dele, onde um fenômeno desconhecido
foi capaz de evitar o contato com o radar e, portanto, um reconhecimento oficial e uma
resposta efetiva. Quando combinado com a tendência profundamente enraizada que os
pilotos têm contra relatar esses avistamentos, a FAA aparentemente tinha bases
justificáveis para ignorar este FANI em particular como não existente41.

E, de fato, a FAA tentou ignorar o incidente, apesar das implicações de segurança, mas a
pressão do Chicago Tribüne e outros a forçou a uma resposta. Inicialmente, um porta-voz da
FAA tentou explicar o incidente como luzes do aeroporto refletindo na parte inferior das
nuvens. Porém o evento ocorreu à luz do dia e as luzes do aeroporto ainda não tinham sido
ligadas. Em uma segunda tentativa, um porta-voz diferente escreveu que toda a coisa tinha sido
um “fenômeno climatológico”. Obviamente, esses pilotos da United e os funcionários do
aeroporto sabem como reconhecer luzes do aeroporto nas nuvens e condições climáticas
incomuns, embora fosse um dia nublado comum. Eles não descreveriam um disco voador, cada
um fornecendo a mesma descrição independente das diferentes posições, se alguma condição
de tempo estranha estivesse ocorrendo, e sugerir outra coisa é um insulto àqueles que cumprem
seu dever relatando a incursão.
O especialista em transporte Hilkevitch, que rotineiramente cobre eventos mundanos bem
menos excitantes, que regularmente ocorrem no Aeroporto O’Hare, foi mistificado pelo
desinteresse da FAA no incidente. “Se isso era um avião, deveria ter sido investigado”, ele me
disse. “A FAA trata a menor questão de segurança como muito importante. Ela investigaria um
bule perdido na cozinha e que caísse enquanto um avião estivesse pousando.” Brian E. Smith,
um antigo administrador do Programa de Segurança da Aviação, da NASA, disse-me que “os
administradores gostariam de ouvir sobre estas operações do veículo, antes que elas se tornem
acidentes ou desastres”. Disse que as implicações de segurança de qualquer coisa operando
fora da autoridade do controle de tráfego aéreo em grandes aeroportos são óbvias, não
importando qual veículo seja.
Os especialistas do NARCAP concordaram:

A qualquer hora, um objeto aéreo pode pairar por vários minutos sobre um aeroporto
movimentado, mas não ser registrado pelo radar ou mesmo visto pela torre central. Isso
constitui uma ameaça potencial à segurança de voo. A identidade desses FANIs permanece
desconhecida. Um inquérito oficial do governo deveria ser realizado para avaliar se as
tecnologias de sensoriamento estão adequadas ou não a um futuro incidente como este42.

Assim, o que exatamente está ocorrendo aqui?


Decidi falar com o porta-voz da FAA, Tony Molinaro, e pedir-lhe mais detalhes sobre
“condições climáticas” bizarras, que ele disse que os pilotos da United Airlines interpretaram
como um objeto físico - condições climáticas tão aberrantes, que foram capazes de fazer um
buraco redondo bem definido através de um espesso banco de nuvens em um segundo. Um
fenômeno assim certamente mereceria um estudo pelos cientistas na época da mudança
climática e é realmente até mais do que uma novidade do que discos pairando ou disparando
em alta velocidade, que têm sido notícia desde os anos 1940.
“Na ausência de qualquer tipo de evidência factual, não podemos fazer mais nada”, disse-
me Molinaro em uma entrevista por telefone, em resposta à minha pergunta de por que a FAA
escolheu não investigar isso. Mas havia evidência factual para seu fenômeno climático recém-
descoberto? O clima é o melhor palpite, ele disse, e então indicou um fenômeno natural
específico, que não é realmente climático: uma “nuvem furada”, como é coloquialmente
chamada. Afinal, afirmou ele, este tipo de buraco na nuvem tem uma “forma perfeitamente
circular, como um disco redondo” e tem “vapor subindo por ele”. Em outras palavras, as
testemunhas interpretaram o buraco na nuvem com um disco (muito embora o disco tenha sido
visto durante vários minutos antes do buraco ser criado), e a ascensão de vapor, de alguma
forma se movendo para cima em desafio à gravidade, foi o que as testemunhas acreditaram ser
o disco disparando para cima através das nuvens.
Isso não soa ridículo, se você parar e pensar um pouco? É o tipo de resposta que
tipicamente é fornecida há décadas, quando os funcionários são pressionados a dizer alguma
coisa. E mesmo que Molinaro tenha começado sua explicação qualificando-a como um
“palpite”, esse tipo de eufemismo sutil rapidamente se perde na mídia de massa e do público
em geral.
E esse seu palpite é razoável? Contatei especialistas em clima e cientistas especializados
em física de nuvens - algo que a FAA teria sabiamente de ter feito, antes de liberar sua
explicação. Não, isso não poderia ser o que as testemunhas viram - eu fiquei sabendo.
Nuvens furadas são formadas quando cristais de gelo de uma nuvem, que está mais acima,
caem numa nuvem que está abaixo. O buraco é formado quando os cristais de gelo caem e não
quando sobem, como Molinaro postulou. Gotas de água extremamente geladas da nuvem
inferior aderem aos cristais, aumentando seu tamanho e deixando um espaço ao redor deles na
nuvem. A massa de cristais acumula peso e, então, cai em uma segunda nuvem mais abaixo,
evaporando quando encontra ar mais quente.
O fator chave é que esse processo somente ocorre em temperaturas abaixo do
congelamento. A temperatura a 1.900 pés sobre o Aeroporto O’Hare, no dia do avistamento,
era de aproximadamente 11°C, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia. Os
climatologistas e outros especialistas em clima com quem falei afirmaram que as temperaturas
precisam estar abaixo de zero para explicar o avistamento de uma nuvem furada.
E eles me disseram que um buraco em uma nuvem pode ser formado por um único outro
jeito: evaporação por calor. E foi exatamente isso que ocorreu, segundo a explicação das
testemunhas para o que elas viram: um objeto redondo, de alta energia, muito provavelmente
emitindo algum tipo de radiação intensa ou calor enquanto atravessava o banco de nuvens.
Assim, a evaporação por calor não seria a explicação mais lógica, o “melhor palpite” para o
que aconteceu?
A equipe do NARCAP também reconheceu a tolice da explicação de Molinaro:

Postulamos que a natureza instantânea de formação do buraco, a forma circular e suas


bordas agudas, tudo indica a emissão direta, por exemplo, de radiação eletromagnética da
superfície da esfera achatada nos polos como a causa provável do buraco nas nuvens. Não
conseguimos identificar o objeto ou fenômeno interno à superfície dessa esfera, mas duas
conclusões parecem inescapáveis: (1) o objeto ou fenômeno observado teria de ser objetiva
e externamente real para criar o efeito de buraco; e (2) o fenômeno do buraco associado a
este objeto não pode ser explicado como um fenômeno climatológico convencional, nem
por uma aeronave convencional, conhecida ou não.”43

Infelizmente, nosso governo não está querendo emitir uma afirmação sábia sobre o que
realmente aconteceu, dando o devido respeito aos relatos das testemunhas e, em vez disso,
recusou-se a investigar. Mais uma vez, o público em geral, curioso, foi deixado de fora,
frustrado, alarmado, e perplexo com o silêncio de seu governo. Mantendo o padrão histórico, a
explicação da FAA de uma nuvem furada é factualmente ridícula, uma vez que a temperatura
no O’Hare era muito alta para que isso tivesse sido uma possibilidade física.
Não obstante, uma vez emitida e impressa pela mídia a explicação da FAA, não
importando quão artificial seja, ela fornece uma saída útil para aqueles inclinados a rejeitar um
e todos os avistamentos de OVNIs, para aqueles que acreditam que essas coisas não existem. A
maioria das pessoas nunca saberá que a temperatura no O’Hare tornaria a explicação da FAA
impossível (essa informação só foi trazida à tona meses depois do fato) e são seduzidas por
aquilo que as autoridades dizem. Então, o caso fica contaminado por aquela semente de
dúvida, que faz parte do registro. Aqueles que conhecem os fatos sobre o incidente do O’Hare
continuam a desconfiar de nosso governo, que demonstrou, mais uma vez, que evitará lidar
com incidentes com OVNIs a todo custo.
Esse evento recente ilustra claramente os princípios fundamentais do problema OVNI, do
qual falei na introdução: são objetos físicos, reais; permanecem inexplicados; podem ser um
perigo para a segurança da aviação; nosso governo rotineiramente os ignora, desrespeitando
testemunhas especialistas e emitindo falsas explicações; a hipótese extraterrestre não pode ser
descartada quando nenhuma explicação natural ou devida ao homem se aplica; e uma imediata
investigação é necessária.
Por que nosso governo não tem interesse em um objeto estranho, altamente tecnológico,
pairando sobre um grande aeroporto, como relatado pelo pessoal competente da companhia
aérea? E quanto à segurança dos passageiros? E nossa segurança nacional após 11 de
setembro? O desagrado oficial para lidar com o fenômeno OVNI está enraizado a ponto de ser
contraprodutivo, mas possivelmente perigoso.
CAPÍTULO 7 - OVNIs Gigantes sobre o Canal da Mancha, em 2007
Pelo Comandante Ray Bowyer

Cinco meses após o incidente no O’Hare, em 25 de abril de 2007, ocorreu um outro


avistamento, envolvendo pilotos e pessoal da aviação, desta vez sobre o Canal da Mancha,
na região da Normandia da costa francesa. O piloto de uma companhia de aviação
comercial, Ray Bowyer, não hesitou em relatar seu avistamento de dois OVNIs imensos,
testemunhado por ele e seus passageiros, muito embora não tendo havido impacto direto
na segurança de voo. Seguindo o regulamento, ele submeteu seu relatório à Autoridade da
Aviação Civil [CAA], o órgão regulatório da aviação britânica responsável pela
segurança aérea, equivalente à FAA. Desta vez, os objetos foram seguidos pelo radar e o
avistamento foi notícia ao redor do mundo, sem demora.
O Comandante Bowyer diz que não houve efeitos negativos por ter falado a respeito do
incidente, quando foi abordado pela BBC. Sua companhia aérea deu-lhe todo apoio que
precisou, e o controle de tráfego aéreo local liberou a informação registrada aos
jornalistas e pesquisadores que perguntaram sobre o caso. “Eu não senti qualquer perigo
de ser ridicularizado, porque tudo o que eu fiz foi relatar o que realmente aconteceu, como
era meu dever”, afirmou ele.
Especialmente depois de ler sobre o caso do Aeroporto O’Hare, que ocorreu apenas
alguns meses antes do seu avistamento, Bowyer observou as diferenças entre o sistema de
relatórios americano e o britânico e também entre as atitudes oficiais nos dois países. O
fato de que as tripulações e pessoal de solo foram pressionados por sua companhia para
não discutir o incidente e que a FAA não fez investigações, surpreenderam-no. “Eu teria
ficado chocado se me dissessem que a CAA não investigaria ou se a CAA me dissesse que
o que eu havia visto era alguma coisa completamente diferente”, comentou ele, em
resposta à afirmação da FAA de que as testemunhas estavam realmente observando uma
condição climatológica. “Mas parece que os pilotos na América estão acostumados a esse
tipo de coisa, é o máximo que posso dizer.” Encontrei o Comandante Bowyer em nossa
conferência de imprensa, em Washington D.C., seis meses após seu avistamento, quando
encontrei também o General De Brouwer. Ele compareceu por alguns dias com total
cooperação de sua companhia aérea, Aurigny Air Services, que voa entre as Ilhas do
Canal, tanto na França quanto no Reino Unido. Achei o Comandante Bowyer
notavelmente franco, realista, um britânico absolutamente incorruptível. Em outras
palavras, um homem naturalmente honesto, abençoado também por um grande senso de
humor. Seu relato, apresentado a seguir - embora às vezes alarmante - expressa essas
qualidades pessoais e coloca-se em contraste interessante com os estilos mais formais e
contidos de nossos contribuidores militares.

Sempre houve uma forte conexão na minha família com o voo e, muito embora inicialmente eu
tenha treinamento como engenheiro de produção e pesquisa, sempre desejei ardentemente
voar. Assim, em 1985, comecei a voar e, quatro anos depois, obtive meu brevê de piloto
comercial. Desde então, trabalhei para muitas companhias aéreas na Bretanha, na Europa e no
Oriente Médio.
Trabalhei dez anos, começando em 1999, na Aurigny Air Services, baseada nas Ilhas do
Canal, que ficam entre o sul da Grã Bretanha e o norte da França. A Aurigny voa entre as três
ilhas maiores - Alderney, Jersey e Guernsey - e o oeste da França e Inglaterra. Completei cerca
de 5.000 horas de voo e 8.000 pousos para a Aurigny, no avião Britten-Norman Trislander.
Embora muito básicos e barulhentos, esses aviões, de dezoito lugares e três motores, são fortes
e ideais para o trabalho neste pequeno setor, em viagens curtas, tais como aquelas para
Alderney, a menor e mais ao norte das ilhas servidas pela companhia aérea. A cabine de
comando do Trislander não é separada da área de passageiros - nós todos nos sentamos em
essencialmente uma cabine aberta. Enquanto piloto o avião, posso literalmente me virar e
conversar com o passageiro atrás de mim.
Em 23 de abril de 2007, meus passageiros e eu testemunhamos vários, contudo não
identificados, objetos sobre essas ilhas, enquanto cruzávamos o Canal da Mancha. Eles eram
muito, muito grandes e foram captados pelo radar em duas localizações, e uma foi
testemunhada por um outro piloto de um outro ponto totalmente diferente.
A 4.000 pés de altitude naquela tarde, a visibilidade era muito boa - pelo menos 160 km -
com uma de névoa abaixo de nós, a 2.000 pés. Estávamos em rota de Southampton, Inglaterra,
para Alderney, que leva cerca de quarenta e cinco minutos, viajando a 150 milhas por hora.
Inicialmente, vi um objeto que parecia próximo por causa de seu aparente tamanho, e
considerei que estivesse apenas a 8 ou 10 km de distância. Porém, enquanto o tempo passava e
o objeto permanecia à vista, muito embora eu tivesse voado 32 km para mais perto dele, ele
ainda parecia estar a uma boa distância.
Inicialmente, quando o vi, pensei, baseado em experiência passada, que aquela brilhante
luz amarela era reflexo do sol em uma estufa comercial em Guernsey, famosa por sua
produção de tomates. Mas, neste caso, o movimento relativo do avião em combinação com o
ângulo crítico entre o solo e o sol indicava que tal reflexo não poderia ocorrer. Além disso, não
havia luz do sol direta de cima, pois havia uma camada de nuvens a 10.000 pés cobrindo toda a
área. Com isso em mente, peguei meus binóculos, enquanto voava com o piloto automático e,
vendo-o com um aumento de dez vezes, verifiquei que este objeto emissor de luz tinha forma
definida: aquela de um charuto fino, com as duas extremidades afiladas. A taxa de proporção
era aproximadamente de 15:1, e claramente pude ver, através dos binóculos, uma faixa escura
a dois terços da distância da esquerda para a direita.
Conforme fui chegando mais perto do objeto, uma segunda forma idêntica apareceu para
além da primeira. Ambos os objetos tinham a forma de disco achatado com a mesma área
escura no lado direito. Eram de um amarelo brilhante, com luz emanando deles. Passei a
informação para o controle de tráfego aéreo de Jersey (ATC) e eles disseram inicialmente que
não tinham contato. Pressionei o ponto nas próximas milhas e o controlador em Jersey, Paul
Kelly, então disse que obteve os primeiros contatos ao sul de Alderney. Assim, aqui estávamos
em uma clara tarde de maio, com dois objetos à frente ficando cada vez mais próximos e
maiores, sem qualquer explicação do que eram eles! Estava espantado, mas curioso.
Neste ponto, os passageiros começaram a notar essas coisas incomuns e a fazer perguntas
sobre eles. Decidi não fazer qualquer anúncio pelo intercomunicador, para não alarmar
ninguém, mas era óbvio que alguns ficaram preocupados. Naquela hora, os dois objetos
idênticos eram facilmente visíveis sem binóculos, com o segundo atrás daquele que estava
mais próximo, com exatamente as mesmas características, embora mais afastado.
O ATC então me informou que havia dois reflexos no radar, ambos a sudoeste de
Alderney. Isso estava além do meu destino, o que me deixou contente, pois os objetos estavam
se tornando desagradavelmente próximos. É difícil descrever seu brilho, mas consegui olhar
para essa luz fantástica sem desconforto. Parecia que os dois estavam parados, mas os traços
do radar mostraram, posteriormente, outra coisa: eles estavam realmente se afastando um do
outro a cerca de 6 nós, um para o norte, a partir da extremidade norte de Guernsey, para o farol
Casquettes, e o outro se dirigindo para o sul, ao longo da costa noroeste de Guernsey.
Devido à camada de névoa, é improvável que os objetos fossem visíveis do solo. Porém,
depois do acontecido, a rádio BBC recebeu um relato não corroborado de que um deles tinha
sido visto por um turista, que estava em um hotel local em Sark, perto do farol Casquettes.
Chegando ao local de começar a descida, trinta e dois quilômetros NNE de Alderney,
mantive uma altitude de 4.000 pés, para permanecer com uma boa visão dos objetos. Se eles
começassem a se mover, queria ser capaz de agir para impedi-los, se possível.
Devido à minha proximidade, a área escura no lado direito do objeto mais próximo tomou
uma aparência diferente, no limite entre o amarelo brilhante e a faixa escura vertical. Parecia
ser uma camada pulsante entre as duas cores diferentes, uma espécie de interface com azuis,
verdes e outros tons cintilantes, subindo e descendo a cada segundo ou assim pareceu. Era
fascinante, mas eu estava agora bem além de nosso ponto de descida e, para ser franco, não
estava muito aborrecido por ter de pousar.
Naquela hora, meus sentimentos eram confusos. A segurança dos passageiros era soberana
e isso sempre vem primeiro. De modo que pousar era a prioridade. Porém, eu estava realmente
intrigado com o que quer que fosse aquilo que estava à minha frente, muito embora estivesse
também saudavelmente temeroso. Se o avião estivesse vazio, teria chegado muito mais perto,
talvez sobrevoasse o objeto mais próximo para obter mais informações e satisfazer minha
curiosidade. Contudo, nunca colocaria os passageiros em risco. Minha última visão dos objetos
foi enquanto eu passava para os 2.000 pés e descia através da camada de névoa.
Durante todo o encontro, que durou quinze minutos, não houve interferência com qualquer
dos sistemas ou instrumentos do avião, e as comunicações pelo rádio aparentemente não foram
afetadas.
Após o pouso, perguntei se algum dos passageiros tinha visto alguma coisa incomum, sem
querer orientá-los, e disse-lhes que se eles tivessem visto e quisessem relatar, precisariam
deixar seus nomes e números no balcão de check-in. Os passageiros Kate e John Russell,
sentados três fileiras atrás de mim, tornaram públicos seus avistamentos, e sua história está
bem documentada. Pelo menos quatro outros passageiros viram os objetos, e o senhor que se
sentava bem atrás de mim pediu-me emprestado os binóculos para ter uma visão mais próxima.
Caminhei para nosso departamento de operações para fazer um relato oficial, como exigido
por lei, informando às autoridades que aqueles objetos não identificados tinham sido vistos
dentro do espaço aéreo controlado, onde certamente não deveriam estar. Fiz um desenho
esquemático rápido, e este foi enviado ao ATC de Jersey e também para o Ministro da Defesa
e para a Autoridade da Aviação Civil, em Londres. Com isso feito, era hora de tomar uma
rápida xícara de chá e retornar para Southampton, com uma outra leva de passageiros.
Fiquei um pouco preocupado ao pensar na partida para o oeste, na direção de onde eu havia
visto o objeto mais próximo e, embora nada estivesse visível à frente, enquanto alinhava o
avião para a decolagem, eu tinha consciência de que havia perdico contato com o par de
objetos apenas por causa da camada de névoa. Agradecidamente, após subir acima de 2.000
pés, não havia nada para se ver.
Foi então, nesta viagem de volta a Southampton, que tive tempo para fazer um balanço de quão
grande os dois objetos realmente eram. Enquanto estava em Alderney, recebi confirmação dos
sinais de radar pelo controlador que tinha recebido os dados. Consegui determinar que eu
estava a aproximadamente 88 km de distância do primeiro objeto, não a 16 km ou menos,
como eu pensara originalmente. Voando pela Europa à noite, acaba-se conhecendo o tamanho
das cidades em relação a extensões específicas, colocando uma escala sobre lugares de
tamanho conhecido, ao longo de um ângulo oblíquo conhecido de um ponto de visão distante.
Consegui aplicar essa mesma referência aos objetos não identificados, presumindo que eram
discos achatados. Naturalmente, eles pareciam longos e finos a partir de meu ponto de visão
lateral. Ver uma cidade razoavelmente grande de uma distância de 88 km seria comparável ao
tamanho deste objeto. Foi neste ponto que seu tamanho maciço tornou-se claro e eu estimei
que estivesse acima de 1,6 km de comprimento.
Em meu subsequente retorno a Alderney desde Southampton, telefonei para a ATC de
Jersey e falei com Paul Kelly, o controlador em serviço, que se comunicou comigo durante o
avistamento. Ele me informou que um piloto de outro avião tinha descrito um avistamento
como “correspondendo à descrição” daquilo que eu vira. Isso me deu um grande alívio, pois
confirmou que eu não estava maluco!

De fato, o comandante Patrick Patterson, o piloto de um avião Blue Island Jetstream que,
da Ilha de Man, se dirigia para Jersey, tinha testemunhado a mesma coisa que eu, de 32 km ao
sul acima da minúscula ilha de Sark. Alguns meses depois, encontrei-me com o Comandante
Patterson e trocamos informações sobre o que tínhamos visto. Embora seu avistamento tivesse
durado apenas um minuto mais ou menos, sua descrição provou-me que tínhamos visto a
mesma coisa, ainda que ele tenha visto apenas um único objeto, estando o segundo atrás do
primeiro e, portanto, fora de vista.
O sinal de radar registrado naquela hora mostra claramente dois objetos se movendo
lentamente, aparecendo e desaparecendo simultaneamente do radar. Os sinais começam e
terminam exatamente na mesma hora, nem um minuto, ou mesmo dez segundos, a mais. O
objeto mais setentrional termina, em seus momentos finais, transitando sobre o farol
Casquettes. O radar também mostra o avião Blue Island indo do topo à esquerda para o fundo à
direita e meu avião indo do topo à direita para o centro.
Um relatório extenso realizado por uma equipe de pesquisadores independentes (dos quais
eu discordo em alguns conteúdos) não oferece totalmente evidências que expliquem o
avistamento, o que confirma, para mim, que dois objetos tangíveis realmente apareceram sobre
as Ilhas do Canal naquele dia. Esse estudo chega a detalhes extraordinários e tem mais de 175
páginas, com referências ao tempo, inversões térmicas, atividade militar, movimentos de
transporte de superfície e muitas outras áreas de investigação44. Porém, há um ponto
significativo com o qual tenho de discordar da equipe: a sua rejeição dos sinais de radar, que
para ela eram retornos provavelmente de um navio de carga.
Por que os dois sinais começariam e parariam no meio do oceano, exatamente no mesmo
momento, quando deveriam ser vistos partindo ou retornando ao porto? E o objeto que estava
ao norte termina, em seus momentos finais, transitando sobre o farol de Casquettes - cena de
muitos naufrágios, incluindo o do SS Stella, no final do século XIX, com grande perda de
vidas. Com ondas a 8 nós nesta área, isso certamente seria muito inapropriado; de fato, seria
temerário fazer um navio de carga navegar nesse local!
Independentemente da controvérsia, e muito embora muitos avistamentos de pilotos não
tenham múltiplas testemunhas ou rastreamentos por radares, eu ainda insisto para que todas as
tripulações relatem o que quer que vejam, tão logo seja possível, e a se apresentar como
testemunha.
A lei aérea estipula muito claramente que, se uma tripulação de um avião vê outra aeronave
em um local em que não deveria estar, deve, na primeira oportunidade, relatar todo o cenário a
uma autoridade relevante. Em meu caso, a Autoridade da Aviação Civil Britânica soube em
vinte minutos sobre o avistamento, como descrito no diário de bordo do voo, enviado por fax
diretamente para o escritório da CAA competente. Os militares foram informados pelo
controle de tráfego aéreo de Jersey na mesma hora. Isso não é uma opção; é uma obrigação que
as tripulações devem reagir desta maneira.
Desde que vi os dois OVNIs e relatei os avistamentos abertamente, as pessoas têm me feito
aquela pergunta que todos gostariam de ver respondida sobre esse assunto: “Então, o que é que
você viu? O que você acha que era?” Na verdade ainda não tenho uma resposta que me
satisfaça.
Há uma série de “e se” a ser considerada. Por exemplo: E se foi um sonho? Ou e se não
houvesse qualquer camada de nuvens entre o solo e os objetos? Seu brilho puro certamente
teria sido visto a centenas de quilômetros pelas pessoas em terra e por todos os pilotos no ar. A
superfície do mar e da terra teria sido iluminada como se por dois mini-sóis.
Também, quatro dias depois, houve um terremoto fora da costa de Kent, a cerca de 320
quilômetros. Será que eles seriam luzes de terremoto, um fenômeno raro coincidente com
tremores de terra? Improvável. Não foram vistos sobre a água, uma vez que elas ocorreram
diretamente na linha da falha geológica. E poderia uma delas se manifestar como um objeto
definido brilhante, estacionário, com uma duplicata exata a alguma distância? Altamente
duvidoso.
Ou o brilho dos objetos era apenas um efeito colateral, já que talvez eles fizessem parte de
algum experimento secreto? Tenho interesse em saber se algum satélite militar ou
governamental captou essa luz brilhante ou fonte de poder extraordinária, o que seria provável.
De qualquer modo, o Ministro da Defesa afirmou por escrito que isso não era um exercício
militar ou qualquer coisa pertencente aos militares.
Minha conclusão para todos os que fazem a pergunta é simples: acredito que havia duas
aeronaves sólidas trabalhando em uníssono naquele dia, demonstrado pelo fato de que estavam
ligados tanto no tempo quanto no espaço. O que eram, não posso responder. O que estavam
fazendo, uma vez mais não posso responder. O que posso dizer é que para máquinas tão
imensas, que eram visíveis a mais de oitenta quilômetros, por duas fontes independentes e com
evidência do radar para provar sua procedência, apenas posso concluir que não eram daqui das
redondezas e com isso quero dizer que eles não eram, não podiam ser, manufaturados na Terra.
Assim, o que vem a seguir? Bem, esse caso, corno muitos outros, foi encerrado, antes
mesmo que tivesse começado, no que se refere às autoridades. Os militares britânicos e
franceses mostraram o seu agora costumeiro “Não estamos muito preocupados, realmente”,
uma vez que seus respectivos espaços aéreos não estiveram sob ameaça direta. Interpreto isso
como: “Nós o vimos, mas não há nada que possamos fazer para impedir ou fazê-los ir
embora”.
Acredito que o que testemunhamos naquele dia, junto com aquilo que muitos pilotos
testemunham ao redor do mundo em base regular, é conhecido por todas as autoridades
relevantes como algo não originário deste planeta, e isso é sabido há muito tempo.
Mas e se as pessoas do mundo fossem informadas disso? Poderia resultar em recriminação
contra o governo, a religião e as autoridades, possivelmente agitação civil em larga escala,
culminando em uma nova ordem mundial, que poderia ou não ser benéfica ao planeta, ou uma
miríade de outros cenários complicados e imprevisíveis. As autoridades talvez façam bem em
considerar manter a tampa da caixa de Pandora no lugar.
Por outro lado, acredito que está chegando a hora em que eles não mais serão capazes de
continuar varrendo esse assunto pra debaixo do tapete. Com uma tecnologia melhorada
disponível, e com mais avistamentos sendo fielmente registrados a cada dia, a hora certamente
não está muito distante. Logo, eles terão de confrontar as pessoas com aquilo que sabem.
Dependendo do que sabem, ou o que seríamos capazes de aprender uma vez que eles façam
isso, suspeito que essa poderia ser a hora da raça humana crescer. Forçados a confrontar sua
própria pequenez em relação ao lugar da Terra no Universo, os seres humanos poderão
finalmente enfrentar o futuro como um peixe minúsculo num grande oceano.
Para mim, todo esse episódio expôs um novo mundo que eu não sabia que existia. Conheci
um grupo de pessoas muito incomuns, que são fascinadas pelos OVNIs - um ramo eclético de
dedicados crentes, sonhadores, escritores, céticos, cineastas, testemunhas, psicoterapeutas,
antigos oficiais militares e todo tipo de pessoas assim. Algumas das que conheci acreditam
firmemente em inteligência extraterrestre; outras insistem em refutar qualquer ideia de uma
inteligência maior do que a mente humana. De qualquer modo, as crenças são firmemente
mantidas e vocalmente expressas em todas as formas de mídia. E toda uma indústria surgiu
para satisfazer a fome de conhecimento ao redor desse assunto.
Quanto a mim, a vida retornou ao normal. Ainda dou entrevistas ocasionalmente para o
jornal, a TV ou o rádio, mas aqui em casa, em Guernsey, o incidente foi praticamente
esquecido. As pessoas têm outras coisas na cabeça agora, e se preocupar com alguma coisa que
não vai pagar a hipoteca de suas casas cai firmemente para um segundo ou terceiro lugar.
Independentemen- te, pode estar chegando o dia em que toda a raça humana terá de enfrentar a
assustadora realidade de que coexistimos com outros neste universo. Do meu ponto de vista,
faríamos bem em nos acostumar com isso agora, por que, francamente, temos muito pouca
escolha.
CAPÍTULO 8 - OVNIs como Alvos da Força Aérea

Jatos comerciais de passageiros operam muito independentemente da aviação militar e,


obviamente, como descrito por Richard Haines, têm opções limitadas quando têm de responder
a um OVNI próximo. Também, pelo menos na América, o estigma contra relatar tais eventos é
bem grande entre os pilotos civis, que enfrentam a possibilidade de que, se relatarem, a história
poderia vazar para a mídia, aumentando ainda mais a zombaria. Nenhuma testemunha teria
registrado o caso do O’Hare, em 2006, apesar dos números que validariam o incidente e a
preocupação legítima com a segurança da aviação expressa por muitos deles. Mas o que
acontece quando pilotos em jatos militares, completamente armados, encontram OVNIs? Ou se
a radiação eletromagnética dos OVNIs desabilita equipamento sensível em bases militares,
como ocorreu na cabine de um avião? Isso se torna uma questão de segurança nacional? Tais
considerações avançam ainda mais quando há problemas de segurança da aviação causados
pela proximidade acidental com OVNIs. Quando é apropriado que os jatos militares assumam
uma ação agressiva?
Em contraste com a aviação comercial, os militares operam dentro de uma arena menos
pública. Diferentemente dos pilotos comerciais, que estão comprometidos com a segurança e
conforto de frequentemente centenas de passageiros, bem como com a proteção de sua própria
reputação pessoal e a da sua companhia aérea, os oficiais da Força Aérea têm um conjunto
muito diferente de prioridades. Esses pilotos são orientados para a proteção de sua pátria de
ataques e para a manutenção da prontidão para uma invasão não antecipada ou um ataque
terrorista. Os aviadores militares estão preparados para se defender, se necessário; seus jatos
estão carregados não com passageiros, mas com armamento letal, que pode ser usado tanto
para o ataque, quanto para a defesa.
Pilotos militares e seus controladores de tráfego aéreo são treinados para obedecer ordens e
não fazer muitas perguntas, e o sistema funciona bem tanto na arte de relatar informação
sensível, quanto na de manter sua confidencialidade. Dentro das Forças Armadas, os pilotos
são aqueles que mais provavelmente preenchem relatórios como urna questão de dever, livre
dos riscos que os pilotos comerciais enfrentam, porque eles sabem que tal informação será
provavelmente restrita. Quando os pilotos da Força Aérea enfrentam um OVNI, há
frequentemente outras testemunhas de um segundo avião, ou de uma base abaixo, e a
informação pode rapidamente percorrer a cadeia de comando. Esses oficiais sabem que outro
avião pode ser prontamente chamado como apoio em qualquer batalha incomum. E eles podem
se defender instantaneamente, se necessário.
Sabendo disso, alguém naturalmente se pergunta: Os pilotos militares já dispararam em
OVNIs? A resposta chocante é: sim.
Em novembro de 2007, tive a felicidade de encontrar e passar alguns dias com dois pilotos
que tiveram, ambos, longas “batalhas” com OVNIs. O general iraniano aposentado Parviz
Jafari era major da Força Aérea iraniana, em 1976, e lhe foi ordenado pelo Comando da Força
Aérea que subisse em seu jato Phantom F-4 II e abordasse um OVNI luminoso observado
sobre Teerã. Várias vezes, durante uma caçada do tipo “gato-e-rato”, ele e seu navegador
tentaram lançar um míssil SideWinder em objetos menores adicionais à sua frente, mas, no
momento do lançamento, seu equipamento desligou, retornando ao normal somente quando
seu jato se afastou. O objeto principal tinha sido perseguido por um segundo jato da Força
Aérea e foi registrado pelo radar da cabine e observado do solo por um general e uma
tripulação experimentada em navegação aérea.
Um segundo evento semelhante ocorreu quatro anos depois, em 1980, sobre uma base
aérea do Peru, quando o então tenente Oscar Santa Maria Huertas recebeu a ordem de
interceptar o que se acreditava inicialmente ser um dispositivo de espionagem aérea. Ele atirou
no objeto semelhante a um balão, fazendo um fogo de barragem com metralhadora, mas não
obteve qualquer efeito. Ele rapidamente compreendeu que aquilo era algo desconhecido: um
OVNI. Três vezes ele fixou o alvo no objeto, quando ele estava parado, mas todas as vezes, no
último instante, os tiros iam diretamente para cima. O OVNI foi testemunhado à luz do dia por
mais de mil soldados e pelo staff da base militar de La Joya.
O General Jafari e o Comandante Santa Maria45 encontraram-se pela primeira vez em nossa
conferência de imprensa de 2007, em Washington, D.C., à qual também compareceram o
General De Brouwer, o comandante Ray Bowyer e vários outros contribuidores deste livro. Foi
uma oportunidade de apresentar publicamente as declarações, mas também uma oportunidade
única para aqueles homens conversarem durante alguns dias, formando a base de uma rede
internacional.
Como coorganizadora e contato de mídia do evento, bem como anfitriã de nossos
conferencistas, fiquei a par de muitas discussões privadas durante o café-da-manhã e de
algumas que duraram até tarde da noite. Nunca esquecerei a tarde de dois dias antes da
conferência, quando o General Jafari e o Comandante Santa Maria apertaram-se as mãos e
sentaram-se juntos pela primeira vez. Eles tinham acabado de chegar ao Washington Hotel,
depois de longas viagens de partes muito distantes do planeta. Esses dois cavalheiros modestos
se juntaram ao nosso pequeno grupo no restaurante do terraço do hotel, cansados, mas
aliviados por estarem entre amigos e excitados pelo momentoso evento de imprensa que
tinham à frente. O General Jafari, sentado à minha direita, era afável e animado, e logo estava
respondendo a uma série de perguntas dos que estavam em nossa mesa sobre o incidente de
1976. Nem Jafari nem Santa Maria sabiam muito sobre as experiências um do outro e a
conversa que se seguiu foi espontânea, sem qualquer planejamento, sem gravadores ou
câmeras que reduzissem a intimidade.
O Comandante Santa Maria não falava inglês, mas logo depois de Jafari começar o seu
relato, um casal que falava espanhol e estava na mesa ao lado confessou que eles não
conseguiram deixar de escutar e um deles se ofereceu para traduzir para ele. Depois de Jafari,
ele contou sua história, incitado por aqueles que estavam ao redor. Ambos os homens, cada um
testemunha de um dos eventos mais incomuns na história da Força Aérea, descobriram como
suas experiências eram similares. Cada um deles pôde se identificar com o medo e a admiração
expressa pelo outro ao recontarem suas histórias. Como pilotos da Força Aérea de dois
continentes diferentes, ambos repentinamente se defrontaram com algo completamente
impossível, contudo poderosamente real. Foram as horas mais notáveis que eu já tinha passado
desde o início desta jornada dez anos atrás, e me senti privilegiada por testemunhar isso. Os
dois militares aposentados eram homens modestos, despretensiosos e diretos, bem como
totalmente acreditáveis. Jafari descreveu um objeto veloz vindo atrás de seu caça Phantom F-4,
enquanto ele se preparava para voltar para a base. Alguém, em nossa mesa, perguntou-lhe
como ele se sentiu. “Naquele momento”, ele respondeu em seu inglês perfeito, mas pitoresco,
“levei o maior susto”. Santa Maria fez um desenho de seu OVNI num cartucho de açúcar
servido com nosso café, cartucho este que guardei como lembrança.
E por que esses dois pilotos se sentiram compelidos a atirar nesses OVNIs? O General
Jafari explicou que estava agindo em legítima defesa. Inicialmente, ele não tinha intenção de
fazer isso, porque o general iraniano, que lhe dera a ordem, e seu navegador estavam
simplesmente interessados em dar uma boa olhada no objeto brilhante, para tentar determinar
sua identidade. Mas Jafari logo se viu confrontado pelas ações altamente inesperadas e
ameaçadoras ao seu avião. As circunstâncias de Santa Maria foram diferentes. Desde o início,
disseram-lhe que o propósito de sua missão era destruir o “dispositivo de espionagem” que
estava acima de sua base aérea, já que este não tinha respondido à comunicação normal. O
piloto nem tinha ideia de quão fúteis seriam suas ações, quando tentou atirar no OVNI.
Em retrospecto, sempre haverá uma interrogação quanto a se houve agressão real por parte
do OVNI, e nós não temos ideia de suas intenções ou propósitos, ou mesmo se esses conceitos
se aplicam. Porém, tais incidentes, embora raros, levantam sérias questões sobre segurança
nacional. Do jeito que está agora, parece haver um acordo uniforme nos mais altos níveis
militares que os OVNIs não são beligerantes. Mesmo quando provocados por agressão
humana, eles não revidaram - e temos de assumir que eles têm toda a capacidade de fazê-lo.
Como o General Denis Letty, da França, assegurou aos leitores do Relatório COMETA,
embora “manobras de intimidação tenham sido confirmadas”, os OVNIs não demonstraram
atos hostis até hoje.
Talvez o verdadeiro problema de segurança nacional repouse nas tentativas impulsivas,
mesmo que compreensíveis, dos pilotos militares em se defenderem daquilo que eles logo
descobrem ser fenômenos de tecnologia vastamente superior com agendas desconhecidas -
urna perspectiva verdadeiramente assustadora. Mas mesmo que os pilotos sintam que a
autodefesa está garantida, tais ações poderiam ter consequências desastrosas, se eles forem
bem sucedidos na tentativa de destruí-los. Os riscos de se envolver militarmente com algo
poderoso assim, e completamente desconhecido, são autoevidentes. Niguém pode predizer o
comportamento de algo que não compreendemos. Estar no modo de ataque também reduz a
possibilidade de estabelecer comunicação com o OVNI, se isso for possível, ou de
simplesmente aprender mais sobre ele, através da observação cautelosa. Os relatos de Jafari e
Santa Maria fornecem as histórias internas daquilo que os dois pilotos da Força Aérea
experimentaram quando tentaram atirar em um OVNI. Eles não receberam qualquer
treinamento ou preparação para lidar com tal eventualidade não antecipada.
CAPÍTULO 9 - Combate Aéreo sobre Teerã
Pelo General Parviz Jafari (Aposentado), Força Aérea Iraniana

Por volta das 23h da noite de 18 de setembro de 1976, cidadãos ficaram assustados com um
objeto desconhecido sobrevoando Teerã à baixa altitude. Assemelhava-se a uma estrela, mas
era maior e mais brilhante. Algumas dessas pessoas ligaram para a torre de controle do tráfego
aéreo, no aeroporto Mehrebad, onde Houssain Pirouzi era o supervisor encarregado naquela
noite. Depois de receber quatro ligações, ele foi para o lado de fora e olhou através de
binóculos na direção indicada pelas pessoas. E ele viu o também - um objeto brilhante
piscando luzes coloridas e mudando de posição a cerca de 6.000 pés de altitude. Parecia
também que ele mudava de forma.
Pirouzi sabia que não havia aviões ou helicópteros nas vizinhanças naquela noite. Por volta
de meia noite e meia, ele alertou o posto de comando da Força Aérea, onde, naquela hora,
estava o General Yousefi, que foi para fora e também viu o objeto. Ele decidiu lançar um caça
Phantom F-4 II, da base aérea Shahrokhi, localizada fora de Teerã, para investigar. O F-4
levava duas pessoas: o Capitão Aziz Khani e o Primeiro Tenente Hossein Shokri, o navegador.
Eu era major e comandante de esquadrão naquela época, e um de meus pilotos, que estava
entre os primeiros homens alertados na área, decolou imediatamente. Deixei minha casa e me
dirigi para a base, para ser responsivo à operação que ocorria lá.
O F-4 já estava no ar quando cheguei à base, e Khani e Shokri tinham visto o objeto e
estavam tentando caçá-lo. Mas o objeto estava se movendo perto da velocidade do som, de
modo que eles não conseguiam pegá-lo. Quando chegaram o mais perto possível dele, todos os
seus instrumentos desligaram, o rádio foi truncado e eles perderam a comunicação. Ao se
afastarem novamente do objeto, todos os instrumentos do F-4 ligaram novamente e as
comunicações foram reassumidas.
Cerca de dez minutos depois, recebi a ordem de decolar um segundo caça para abordar o
objeto. Então já era cerca de lh30min da madrugada de 19 de setembro. O Primeiro Tenente
Jalal Damirian, meu segundo piloto no assento de trás, operava o radar e outros equipamentos.
Quando decolamos, o objeto parecia exatamente aquilo que tinha sido relatado. Era muito
brilhante, voando em baixa altitude sobre a cidade e, então, começou a subir.
O Capitão Khani tinha alcançado a fronteira russa e, naquele ponto, disseram-lhe para
voltar. Quando voltou, ele disse que podia ver o objeto em frente a ele. Eu disse: “Onde
exatamente você o está vendo?”, Ele respondeu: “Sobre a represa, perto de Teerã”. Eu disse a
ele: “Vá para casa. Eu cuido dele”. Enquanto ele voltava, examinei os arredores e, então, eu o
vi.
Estava piscando luzes intensas vermelhas, verdes, laranjas e azuis46, tão brilhantes que eu
não conseguia ver seu corpo. As luzes compunham uma forma de diamante - só luzes
brilhantes; nenhuma estrutura sólida poderia ser vista através ou ao redor delas. A sequência de
flashes era extremamente rápida, como uma luz estroboscópica. Talvez as luzes fizessem parte
de um objeto maior, que não conseguíamos ver. Não havia como saber.
Eu me aproximei deles; talvez cerca de cento e doze quilômetros em situação de escalada.
Repentinamente, ele saltou cerca de 10 graus para a direita. Em um instante! Dez graus... E
então novamente ele saltou 10 graus e depois novamente... Tive de virar 98 graus para a direita
da minha posição de 70 graus. Assim, mudamos a posição 168 graus para o sul da capital.
Perguntei à torre se eles o tinham no radar. O operador respondeu: “O radar está fora do ar.
Não está operacional agora”. De repente, do assento de trás, o Tenente Damirian disse:
“Senhor, eu o tenho no radar”. Olhei para a tela do radar e vi o marcador. Eu disse: “Ok,
bloqueio de freio e redesenhe”. Isso era para ter certeza de que não era um efeito do solo ou
uma montanha que estivemos pegando no radar. Agora tínhamos um bom retorno na tela, e ele
estava a 43 quilômetros, 30 graus a esquerda; nossa velocidade de aproximação era de 150 nós
em escalada.
Nós o mantivemos no radar. O tamanho no radar era compatível com aquele de um
petroleiro 707.
Neste momento, achei que esta era a minha oportunidade de atirar nele. Mas, quando ele -
o que quer que fosse - estava perto de mim, minhas armas emperraram e a comunicação pelo
rádio foi truncada. Chegamos mais perto, a 40 km em nossa frente. De repente, ele pulou de
volta para a distância de 43 km em um instante. Perguntei-me o que era aquilo. Eu ainda estava
vendo aquela forma de diamante gigante e brilhante, com luzes coloridas piscando.
Então, fui surpreendido por um objeto redondo que tinha saído do primeiro objeto e que
começou a vir diretamente a mim, a uma velocidade muito alta, como se fosse um míssil.
Imagine uma lua brilhante vindo do horizonte - era isso o que ele parecia. Fiquei realmente
assustado, porque achei que talvez eles tivessem lançado algum tipo de projétil na minha
direção. Eu tinha oito mísseis a bordo, quatro operados por radar e quatro do tipo que é atraído
pelo calor. O radar estava travado no objeto maior, aquele com forma de diamante, e eu tinha
de tomar uma rápida decisão do que fazer. Compreendi que, se aquele segundo objeto fosse um
míssil, teria algum calor associado a ele. Assim, selecionei um míssil AIM-9 para atirar nele.
Tentei atirar e olhei para o painel para confirmar a minha escolha do míssil.
Repentinamente, nada estava funcionando. O painel de controle de armas estava desligado e eu
estava sem qualquer instrumento e sem o rádio. Os indicadores estavam girando ao acaso e os
instrumentos estavam flutuando. Neste ponto, eu estava até mais assustado. Não conseguia me
comunicar com a torre e tinha de gritar para falar com meu navegador. Pensei que, se ele
chegasse mais perto de mim do que 6 km, teria de ejetar antes do impacto, para evitar a área de
explosão. Para impedir isso, eu tinha de virar.
Assim, fiz um giro raso para a esquerda, para evitar o impacto do objeto que vinha em
nossa direção, e que estava à vista à minha direita. Ele chegou cerca de 6 ou 8 km de nosso
avião e, então, parou no nosso lado direito. Olhei rapidamente para o meu lado esquerdo, para
descobrir onde eu estava em relação ao solo. Um segundo depois, quando olhei de volta, o
objeto tinha sumido! Eu disse: “Oh, meu Deus!”, e o Tenente Damirian respondeu: “Senhor,
ele está à esquerda.” Olhei para a esquerda e lá estava ele. Olhei uma vez mais para o objeto
principal lá em cima e, então, o objeto menor voou suavemente para debaixo dele, juntando-se
a ele.
Tudo isso aconteceu rapidamente e eu não sabia o que pensar. Mas em poucos segundos
outro objeto saiu! Ele começou a circular ao nosso redor. Mais uma vez, todos os instrumentos
desligaram, bem como o rádio. Então, ele foi embora e tudo se tornou operacional novamente e
o equipamento funcionava bem. Esse segundo objeto também parecia uma espécie de lua -
uma luz redonda e brilhante.
Reportei-me à torre. O General Yousefi estava ouvindo e o operador disse: “A ordem é
para voltar”. Começamos a nos dirigir para a base aérea militar, e então notei que um desses
objetos estava nos seguindo pelo lado esquerdo, durante a descida. Relatei isso à base.
Enquanto eu fazia um giro para a aproximação final, vi outro objeto bem à minha frente.
Chamei a torre e perguntei: “Tenho tráfego à minha frente; o que é?”. Ele disse: “Não temos
tráfego”. Eu disse: “Estou olhando para ele agora; está na minha frente, em baixa altitude.” Ele
ainda insistiu que não havia qualquer tráfego, mas havia. Parecia um retângulo fino com uma
luz em cada extremidade e uma no meio. Estava vindo em minha direção, mas quando comecei
a virar à esquerda para pousar, perdi o seu sinal. Meu companheiro manteve-se olhando e
disse: “Enquanto você estava virando, pude ver um domo redondo sobre ele, com uma luz
fraca no interior”.
Tirei os fones de ouvido e me concentrei em minha aproximação da base, distraído e
preocupado com todas essas coisas que estavam acontecendo ao meu redor. Mas ainda não
tinha acabado. Olhei para meu lado esquerdo e vi o primeiro objeto, aquele com forma de
diamante, e outro objeto brilhante saiu dele e se dirigiu diretamente para o solo. Pensei que iria
ver uma grande explosão, quando ele atingisse o solo, mas isso não aconteceu. Ele pareceu
reduzir a velocidade e pousou suavemente sobre o solo, irradiando uma luz tão brilhante, que
pude ver as areias do solo àquela distância: cerca de vinte e quatro quilômetros.
Relatei isso à torre e eles disseram que também tinham visto. Agora, o general, que ainda
estava ouvindo, ordenou que me aproximasse dele e desse uma olhada. Assim, recolhi o trem
de pouso e os flaps e virei o avião. Eles me disseram para passar por cima dele e ver se eu
conseguia descobrir o que era. Logo que cheguei a cerca de seis ou oito quilômetros dele,
novamente o rádio desligou, bem como o painel. Estava acontecendo novamente a mesma
coisa. Tentei sair daquela área, porque eles não conseguiriam me ouvir pelo rádio. Então, lhes
disse: “Isso acontece todas as vezes que me aproximo dessas coisas”. Pensei que realmente não
deveria ter ido lá, mas, como tinha recebido a ordem, eu fui. Finalmente, o general disse: “OK,
volte e pouse.”
Conseguimos ouvir o alarme de emergência vindo da localização onde o objeto tinha
pousado. O alarme soa como aquele de uma ambulância ou de um carro de polícia, e seu
propósito é ajudar a encontrar pessoas, quando são ejetadas de um avião, ou se há uma queda
de avião. É um som localizador que diz: “Estou aqui”. Nesse caso, o alarme relativo ao OVNI
foi relatado por alguns aviões civis próximos.
Depois de pousar, fui até o posto de comando e, então, fomos até a torre. Eles disseram que
o objeto principal tinha acabado de desaparecer repentinamente, num instante.
A primeira coisa que fiz naquela manhã foi um relatório, no quartel general, e todo mundo
estava presente: todos os generais. Durante ele, um coronel americano, Olin Mooy, da Força
Aérea Americana, que estava com o Grupo Americano de Assistência e Consultoria Militar,
alocado em Teerã, sentou- se à minha esquerda, e fazia anotações em sua prancheta. Quando
expliquei como não consegui lançar o míssil, porque meu painel estava desligado, muito
embora eu tentasse, ele disse: “Você teve sorte de não conseguir atirar”. Depois, eu quis
conversar com ele e perguntar-lhe se esse tipo de coisa tinha sido visto antes, e tinha também
outras perguntas. Procurei por ele, mas não o encontrei.
Depois, eles me levaram e ao Tenente Damirian para o hospital. Fizemos uma série de
testes, especialmente de sangue. Quando já estava indo embora, um médico veio correndo atrás
de mim e disse: “Não se preocupe com isso, mas o seu sangue não está coagulando”. Assim,
tiraram outra amostra de sangue e, então, disseram: “Ok, pode ir agora.” Ordenaram-nos que
retornássemos ao hospital mensalmente, durante quatro meses, para um exame e mais testes
sanguíneos47.
Então, fui de helicóptero, pilotado por outra pessoa, até a área exata onde o objeto brilhante
pousou. O alarme chegou dessa área e voamos bem em cima do local, mas não havia nada.
Nada. Pousamos ali e dei uma volta para ver se havia qualquer sinal de calor ou queima, ou
salpicos. Novamente, nada. Tudo estava plano e intocado. Porém, apesar de tudo isso, o bipe
ainda estava soando. Isso era muito confuso para todos nós.
Havia algumas casas pequenas e jardins próximos, e perguntei aos moradores se tinham
visto alguma coisa, mas nada. O alarme de emergência continuou tocado durante dias e
também foi ouvido por aviões comerciais naquela área. Isso realmente me incomodou.
Um grupo de cientistas nos questionou durante um tempo, mas estava tudo no papel, por
escrito, enviado ao quartel general. Eles me telefonavam repetidamente na base e eu tinha de ir
ao quartel general e ler o relatório e responder mais perguntas, novamente e novamente. Os
oficiais iranianos examinaram e testaram os dois F-4 em busca de radioatividade e não
encontraram nada.
Mais tarde, um memorando anteriormente secreto, proveniente da Agência de Inteligência
da Defesa (DIA), escrito pelo Tenente Coronel Mooy, aquele que tentei encontrar depois da
reunião, foi liberado na América através do Ato de Liberdade de Informação. Ele documentava
o evento detalhadamente, em mais de três páginas, e tinha sido enviado à NSA, à Casa Branca
e à CIA. Outro documento, datado de 12 de outubro de 1976, escrito pelo Major Coronel
Roland Evans, fornecia uma avaliação do caso para a DIA. Dizia que “Este caso é um clássico
que reúne todos os critérios necessários para um estudo válido do fenômeno OVNI”.
Para elucidar este ponto, Evans listou alguns fatos importantes em seu documento para a
DIA: havia múltiplas testemunhas altamente creditáveis dos objetos, de diferentes posições; os
objetos foram confirmados por radar; o desligamento de todos os instrumentos aconteceu em
três aeronaves isoladas - um jato comercial e os dois caças F-4; e “uma quantidade excessiva
de manobrabilidade foi exibida pelos OVNIs.” A avaliação disse que a confiabilidade da
informação foi “confirmada por outras fontes” e o valor dessa informação era “elevado”. O
documento dizia que a informação seria potencialmente útil. Isso demonstra que o governo dos
Estados Unidos levou muito a sério essa informação, e para mim, naquela época, ficou claro
que essa informação estava sendo mantida em segredo lá. Há provavelmente material adicional
nos arquivos do governo americano, mas ninguém me disse mais nada.
Em meu país, nem mesmo o Xá do Irã teve interesse. Encontrei-me com ele quando ele
visitou meu esquadrão, na base aérea de Shahrokhi, no Hamadan, e perguntou sobre o OVNI.
Ele convocou uma reunião com certo número de generais e com os pilotos envolvidos no
encontro. Quando o comandante da base contou ao Xá que eu fui o piloto que deu caça ao
OVNI, o Xá me perguntou: “O que você acha disso?”, eu respondi: “Em minha opinião, eles
não podem ser do nosso planeta, porque se alguém deste planeta tiver tal poder, teria o mundo
inteiro sob o seu comando”. Ele simplesmente disse: “Sim” e nos contou que este não era o
primeiro relato que tinha recebido.
Até hoje não sei o que vi. Mas certamente não era um avião; não era um objeto voador que
seres humanos da Terra possam ter feito. Ele se movia muito rapidamente. Imagine: eu estava
olhando para ele a uma distância de cerca de 110 km e ele pulou repentinamente 10 graus à
minha direita. Estes 10 graus representam cerca de 11 km por momento, e não falo por
segundo porque foi muito menos de um segundo. Agora, você pode tentar calcular a
velocidade assumida para que ele se movesse de uma posição estacionária para este segundo
ponto. Seria necessária uma tecnologia de um nível muito, muito alto. Também ele foi capaz
de desligar meu lançador de mísseis e os instrumentos de alguma forma. De onde ele veio, eu
não sei.
E não posso duvidar do que aconteceu. Não foi só comigo. Foi com meu navegador, com
os dois pilotos do primeiro caça, com os homens na torre, com as pessoas do quartel general,
com o General Yousefi, que estava de plantão no posto de comando da base aérea - todos eles
viram. Muitas pessoas, no solo, ficaram preocupadas conosco. E nós também o capturamos no
radar de nossa cabine. Ninguém pode dizer que eu imaginei isso. O radar estava travado no
objeto e pude determinar seu tamanho, porque praticamos o reabastecimento com os
petroleiros 707, e o retorno que obtínhamos do OVNI no radar indicava que eles tinham
aproximadamente o mesmo tamanho.
Tenho dois arrependimentos: um é de que eu não tinha uma máquina fotográfica no avião,
para tirar uma foto do OVNI;, o outro é que, por estar muito animado e algumas vezes
assustado, não pensei em tentar chamá-los pelo rádio e perguntar: “Quem são vocês? Por
favor, comuniquem-se conosco!”. Mais tarde, desejei ter feito isso. Em meu caso, espero que,
algum dia, desenvolvamos essa tecnologia aqui, de modo que possamos viajar facilmente para
outros planetas e bisbilhotá-los também.
CAPÍTULO 10 - Combate Próximo com um OVNI
Pelo Comandante Oscar Santa Maria Huertas (Aposentado), Força Aérea Peruana

Em 11 de abril de 198048, às 7hl5min da manhã de uma sexta-feira, eu estava estacionado na


base da Força Aérea de La Joya, na região de Arequipa, no Peru. Era um dia como qualquer
outro. Havia aproximadamente 1.800 militares e civis na base, e estávamos começando a nos
preparar para nossos exercícios diários.
Muito embora eu fosse apenas um tenente de vinte e três anos, já tinha oito anos de
experiência de voo militar. Era bastante precoce como piloto militar. Aos dezenove anos,
voava em missões de combate, e aos vinte fui selecionado como piloto de testes do mais novo
jato supersônico peruano, o Sukhoi. Tendo recebido alguns troféus como piloto, também era
conhecido como um bom atirador, com grande habilidade em disparos do ar.
Havia poucos que tivessem essa perícia, o que me levou a ser selecionado para uma missão
altamente incomum e inesperada naquela manhã rotineira. Junto com meu esquadrão, estava
pronto naquele momento para decolar, como sempre estamos. Um chefe de serviço chegou em
uma van e desceu para nos dizer que havia um objeto que parecia algum tipo de balão
suspenso no ar, na direção da extremidade da pista. Paramos do lado de fora para vê-lo e
ficamos sabendo, então, o que tínhamos de fazer. Quatro de nossos pilotos ficaram do lado de
fora, observando o objeto. O segundo comandante da unidade, Comandante Carlos Vasquez
Zegarra, ordenou que um dos membros do esquadrão aéreo decolasse e trouxesse o objeto para
baixo. Nosso chefe voltou-se para mim e disse: “Oscar, é você quem vai”.
O objeto redondo estava cerca de cinco quilômetros de distância de nós, em uma altitude
de 2.000 pés (600 metros) acima do solo. Como o céu estava absolutamente limpo, o objeto
brilhava devido ao reflexo da luz do sol.
Esse ’’balão” estava em espaço aéreo restrito, sem autorização, representando um grave
desafio à soberania nacional. Todos os pilotos civis e militares usam mapas aéreos, nos quais
espaços aéreos altamente protegido, como aquele sobre a nossa base, estão claramente
marcados. Todos sabem onde se localizam essas áreas restritas e ninguém nunca voa sobre
elas, sob nenhuma circunstância. Essa coisa não só tinha aparecido em uma dessas áreas, mas
não estava respondendo às comunicações enviadas em frequências universalmente conhecidas,
e estava se movendo em direção à base. Ela tinha de descer. La Joya era uma das poucas bases
na América do Sul que possuía equipamento proveniente da União Soviética, e estávamos
preocupados com espionagem.
Em 1980, o Peru não tinha qualquer balão aerostático de nenhum tipo, tais como balões
meteorológicos ou de passageiros. Sabíamos, portanto, que isso era alguma coisa estranha e
não era de nosso país. Estávamos familiarizados com balões meteorológicos, mas eles tinham
antenas e cabos e voavam apenas acima de 45.000 pés. Este estava em uma altitude mais
baixa. Não tínhamos ideia de onde ele vinha, e ele estava chegando cada vez mais perto. A
única opção que tínhamos era destruí-lo.
O comandante do esquadrão, Capitão Oscar Alegre Valdez, ordenou- me que decolasse em
meu caça Sukhoi-22, para interceptar o balão antes que chegasse mais perto de nossa base.
Imediatamente me dirigi para meu caça, sem tirar os olhos daquela coisa no céu, e repassei em
minha mente cada passo que tinha de dar nesta missão. Uma vez que o objeto estava dentro do
perímetro da base e meu avião estava armado com metralhadoras de 30 mm, decidi atacá-lo de
nordeste para sudeste. Nessa rota, o sol estaria à minha esquerda e eu poderia evitar atirar na
base com minhas armas.
Depois de decolar. Fiz um giro para a direita e atingi uma altitude de 8.000 pés (2.500
metros). Então, posicionei-me para o ataque. Zerando no balão, alcancei a distância necessária
e atirei uma rajada de sessenta e quatro balas 30 mm, que criaram um “muro de fogo” em
forma de cone, que normalmente destrói qualquer coisa em seu caminho. Alguns dos projéteis
desviaram-se do alvo, caindo no solo, e os outros o atingiram com precisão. Pensei que o balão
se rasgaria e gases começariam a sair dele. Mas nada aconteceu. Parecia que aquelas balas
enormes foram absorvidas pelo balão, e ele não sofrera nenhum dano. Então, repentinamente,
o objeto começou a subir muito rapidamente e se afastou da base.
“O que está acontecendo aqui?”, pensei comigo mesmo. “Tenho de chegar perto dele.”
Assim, eu subi. Comecei uma caçada ativando o afterburner de meu avião, e disse à torre
de controle que pretendia seguir os procedimentos e continuar a tarefa de fazer o objeto descer.
Já que eu sabia que esta era uma missão extremamente incomum, perguntei se eles tinham
certeza de que os gravadores estavam funcionando, de modo que qualquer coisa que estivesse
ocorrendo a partir daquele momento seria gravada. Então, uma série surpreendente de eventos
ocorreu.
Meu jato voava a 600 mph (950 km/h) e o “balão” permaneceu a cerca de 1.600 pés (500
metros) à minha frente. Conforme fomos nos afastando da base, eu dizia à torre de controle:
“Estou a três mil metros de altitude e a vinte quilômetros da base... Estou a 6.000 m de altitude
e 40 km da base...” e assim por diante. Nessa hora, eu estava sobre a cidade de Camana, que
ficava a cerca de 52 milhas (84 km) da base, voando a 36.000 pés (11.000 m).
Estava em plena perseguição ao objeto, quando ele fez uma parada repentina e me forçou a
desviar para o lado. Fiz um giro para cima, para a direita, e tentei me posicionar para outro
disparo. Mais uma vez, obtive a posição desejada para atirar, que era aproximadamente 3.000
pés (1.000 m) do objeto. Comecei a fechar nele, até que eu tivesse uma visão perfeita dele.
Travei no alvo e estava pronto para atirar. Mas, exatamente neste momento, o objeto fez outra
subida rápida, fugindo do ataque. Fiquei embaixo dele. Ele “frustrou o ataque”.
Tentei essa mesma manobra de ataque mais duas vezes. A cada vez, eu tinha o objeto na
mira quando ele estava estacionário. E a cada vez, o objeto escapava, subindo verticalmente
segundos antes de eu começar a atirar. Ele esquivou-se do meu ataque três vezes e em cada
uma delas no último instante.
Durante todo esse tempo, estava muito concentrado em tentar atingir minha janela de cerca
de 1.300 a 2.300 pés (400 a 700 metros) de distância, que era onde eu tinha de posicionar meu
avião para atirar. Conforme isso ia se tornando cada vez menos possível, fiquei muito surpreso
e me perguntava o que estava acontecendo. Então, aquilo se tornou algo pessoal para mim. Eu
tinha de conseguir. Mas não podia, porque ele estava sempre subindo. Eu estava com
prometido com esta missão e sentia que tinha de obter o sucesso. Isso era tudo o que importava
e me sentia confiante por saber que tinha um avião notável.
Finalmente, como resultado dessa série de movimentos rápidos para cima, o objeto chegou
a uma altitude de 46.000 pés (14.000 metros). Eu tinha de pensar em fazer alguma coisa a
mais! Decidi fazer uma subida ousada com meu avião, de modo a, desta vez, estar acima do
objeto e, então, desceria verticalmente sobre ele e iniciaria um ataque de cima. Deste modo, se
o objeto começasse a subir como nas três vezes anteriores, ele continuaria sendo meu alvo e,
para mim, seria mais fácil disparar. Eu não estava preocupado com alguma colisão, por causa
da manobrabilidade e agilidade de meu avião.
Assim, acelerei à velocidade supersônica e voltei para onde o “balão” estava, desta vez
voando à velocidade Mach 1.6, que é aproximadamente 1.150 mph (1.850 km/h). Calculei a
distância entre eu e o objeto enquanto começava a subir. Conforme ia subindo, vi que o objeto
estava, de fato, sob mim e pensei que seria capaz de atingir a altitude necessária para fazer a
manobra planejada e realizar o ataque. Mas, para minha surpresa, o objeto subiu mais uma vez
a alta velocidade e se colocou a meu lado, em formação paralela! Isso me deixou sem qualquer
possibilidade de ataque.
Voando a Mach 1.2, continuei minha subida, ainda esperando passar para cima dele, para
iniciar o ataque planejado. Mas não consegui. Alcançamos a altitude de 63.000 pés (19.200
metros ou 19 quilômetros) e, repentinamente, a coisa parou completamente e permaneceu
estacionária. Ajustei as asas de meu avião a 30 graus e estendi suas lâminas, para que o avião
fosse capaz de manobrar àquela altitude, e pensei que ainda poderia tentar colocar o objeto no
alvo para atirar. Mas foi impossível. Eu não conseguia ficar tão imóvel quanto este “balão”.
Naquele momento, a luz de aviso de baixo combustível começou a piscar, indicando que eu
tinha só o suficiente para voltar à base. Naquelas condições, não conseguiria continuar o
ataque. Assim, voei para mais perto do objeto flutuante, para observá-lo e tentar determinar o
que era. O Su-22 não tinha radar a bordo, mas o equipamento de visão tinha gradações bem
marcadas, que comunicavam a distância do alvo e seu diâmetro. Essa tecnologia baseava- se
no uso de raios laser.
Cheguei a cerca de 300 pés (100 metros) dele. Fiquei assustado ao ver que o “balão” não
era balão de jeito nenhum. Era um objeto que media cerca de 35 pés (10 metros) de diâmetro
com um domo brilhante no topo, colorido com um tom creme, semelhante a um bulbo de luz
cortado ao meio. O fundo era uma base circular mais larga, de cor prata, e assemelhava-se a
algum tipo de metal. Faltavam todos os componentes típicos de um avião. Não tinha asas, jatos
de propulsão, exaustores, janelas, antenas, etc. Não tinha qualquer sistema visível de
propulsão.
Naquela hora, percebi que ele não era um dispositivo de espionagem, mas um OVNI,
alguma coisa totalmente desconhecida. Eu estava quase sem combustível. Assim, não
conseguiria atacar ou manobrar meu avião, ou fazer uma fuga em alta velocidade.
Repentinamente, fiquei com medo. Achei que poderia ser abatido.
Depois de me recobrar do impacto de vê-lo, comecei meu retorno à base aérea e expliquei
à torre de controle exatamente o que tinha visto. Quando me acalmei, pedi por rádio que outro
avião viesse e continuasse o ataque, tentando ocultar meu medo. Eles disseram que não; que
ele estava muito alto e que era para eu voltar. Tive de planar parte do caminho para baixo,
devido à falta de combustível, ziguezagueando para tornar mais difícil atingir meu avião,
sempre olhando nos espelhos retrovisores, esperando que ele não me perseguisse. Ele não o
fez. Eu tinha ficado voando por vinte e dois minutos.
Enquanto estava pousando, estava muito excitado e mal podia esperar para contar às
pessoas sobre aquela coisa extraordinária que eu tinha perseguido. Era tão fascinante, que eu
realmente queria que alguém mais subisse e desse uma olhada. Tinha descrito o objeto como
voador, muito embora ele não tivesse qualquer equipamento visível para isso - nada que o
fizesse voar!
Quando saí de meu avião, meu esquadrão estava me esperando e me fez um monte de
perguntas. O homem da manutenção estava lá e verificou os cartuchos de balas e disse:
“Capitão, está claro que você fez alguns disparos”. Outros chegaram e houve muitas perguntas
e conversas.
Logo depois do meu pouso, todo o pessoal envolvido no incidente se reuniu para uma
instrução - todo o pessoal de operações, da defesa aérea, da defesa da base, e o general que era
o comandante da ala aérea. Devido à ameaça estabelecida por esse “balão”, nossa base tinha
ativado seu sistema de defesa e todos os sistemas estavam em alerta. Todo mundo fazia
relatórios. Soubemos que o objeto nunca foi registrado pelo radar, muito embora os operadores
de radar pudessem vê-lo no céu, como o podiam as pessoas que o tinham observado mais cedo,
quando estava estacionário. Elas também o descreveram como redondo e metálico. Disseram-
nos que o que tinha acontecido naquele encontro tinha de permanecer ali somente, e que não
devíamos, de maneira nenhuma, divulgá-lo.
Depois dessa instrução, encontrei-me com o pessoal da Inteligência e fomos olhar todos os
catálogos disponíveis com fotos de diferentes tipos de objetos voadores ou dispositivos aéreos
empregados para espionagem, mas não encontramos nada que pudesse manobrar da maneira
que descrevi sem qualquer tipo de sistema de propulsão. O objeto consequentemente foi
catalogado como um objeto voador não identificado. Ele permaneceu no mesmo lugar em que
o deixei por mais duas horas, visível para todo mundo da base ao refletir o sol.
Nunca vi qualquer oficial do governo americano na base, discutindo o caso, e eles nunca
me entrevistaram. Contudo, um documento do Departamento de Defesa dos Estados Unidos,
datado de 3 de junho de 1980, intitulado “OVNI Avistado no Peru”, descreve o incidente e
declara que o objeto permanece de origem desconhecida.
Em conclusão, posso dizer que, em 1980, tive uma experiência de combate com um objeto
voador não identificado, que voou e manobrou no ar sem qualquer forma reconhecível de
aeronave, formas que mesmo hoje são partes necessárias de qualquer máquina voadora. Esse
objeto realizou manobras que desafiam as leis da aerodinâmica. Após minuciosa investigação
de todos os dados disponíveis em relação a aeronaves, nossos especialistas militares não
conseguiram descobrir qualquer artefato ou máquina que pudesse fazer o que este objeto fez.
Muitos anos depois, soube de casos semelhantes nos quais aviões militares perseguiram
objetos voadores não identificados sem conseguirem disparar suas armas, devido ao fato de
que seus sistemas eram bloqueados antes do disparo. Discuti isso com especialistas de todo o
mundo, incluindo aqueles do evento do Clube de Imprensa Nacional, em Washington, D.C.,
em novembro de 2007. Tanto o caso iraniano de 1976, como outro semelhante no Brasil,
envolveram o desligamento do equipamento eletrônico - as telas de controle apagaram. Meu
equipamento era mecânico e, talvez, seja essa a razão de ele não poder ser desligado. Assim,
em vez disso, o objeto tinha de saltar para longe no último minuto.
Encontro-me na posição única, pelo menos no momento e tanto quanto sei, de ser o único
piloto militar no mundo que realmente disparou uma arma e atacou um OVNI.
Ainda me dá calafrios ao pensar nisso.
PARTE 2

NO CUMPRIMENTO DO DEVER

“É uma das ironias da norma moderna, que é de longe mais aceitável hoje
afirmar publicamente a crença de alguém em Deus, de cuja existência não há
evidência científica, que OVNIs, cuja existência - o que quer que possam ser - é
fisicamente documentada

Alexander Wendt e Raymond Duvall


CAPÍTULO 11 - As Raízes do Descrédito dos OVNIs na América

Devido a todos nós estarmos expostos longamente a uma atmosfera de ridículo e de


exoneração automática do fenômeno OVNI, suspeito que a informação apresentada possa ser
muito surpreendente, até chocante, para alguns leitores. Não é fácil para alguém concordar
com a evidência da realidade dos OVNIs e, contudo, vimos que tal evidência não pode ser
descartada. Lendo a investigação meticulosa do General De Brouwer, ou o disco pairando
sobre o Aeroporto O’Hare, ou o imenso objeto cintilante saltando pelo céu noturno sobre
Teerã, somos forçados a conciliar dois paradigmas radicalmente conflitantes. Há aquela
posição que sempre conhecemos, na qual essas coisas estão fora de questão, não podem
acontecer, segundo as leis da física e da cosmologia e, portanto, elas simplesmente não
acontecem. Mas, então, há o fato de que objetos desconhecidos foram vistos por milhares de
pessoas em todo o mundo, demonstrando essas capacidades “impossíveis” bem diante de
nossos olhos. Mais perturbadora, naturalmente, é a possibilidade inferida de que esses OVNIs,
aparentemente sob algum tipo de controle inteligente, poderiam ter uma origem externa ao
planeta Terra, não importando quão impensável essa ideia possa ser.
O leitor pode se sentir aturdido por essa possibilidade, incrédulo e hesitante em prosseguir
a leitura. Pode haver ainda aquela tendência para repudiar tudo isso como tolice ou algum tipo
de aberração psicológica, que nenhuma quantidade de evidência pode mudar. Alguns leitores
poderiam se sentir desafiados neste ponto, ou profundamente alarmados. Simples curiosidade e
mente aberta acalmarão essas reações muito naturais. Qualquer um que se aventure neste
estranho domínio travará, em algum nível, uma batalha interna, como eu, depois de descobrir e
pesquisar o Relatório COMETA. Como qualquer outra pessoa, fiquei nervosa com tudo isso,
mas também, como jornalista investiga- tiva, logo fiquei intrigada com seu poder e
portentosidade. Como já descrevi, queria descobrir tanto quanto pudesse sobre o fenômeno
OVNI - descobrir realmente se havia alguma coisa ali. E, depois de um tempo, desenvolvi uma
espécie de desafio - mas isso não era por causa da resistência em aceitar os OVNIs como reais.
Em vez disso, estava perturbada com o fato de que algo real estava acontecendo e ninguém
parecia estar prestando atenção. Sendo naturalmente rebelde, senti-me atraída pelo desafio
tanto de minhas próprias fronteiras intelectuais, quanto das limitações do pensamento
convencional. Respeito e humildade suavizaram os aspectos mais enervantes do processo de
descoberta, porque quanto mais eu aprendia, mais convincente tudo aquilo se tornava. Por que
deveríamos assumir que já compreendemos tudo o que há para saber, em nossa infância aqui
neste planeta?
Minha evolução levou anos, envolvendo muita leitura, discussões com pesquisadores
veteranos, revisão de documentos do governo e entrevistas com oficiais militares aposentados
e testemunhas de OVNIs. Acho que a maioria de nós, desejando considerar este assunto,
mesmo sem este nível de intensidade, chega a um ponto de transição, aquele momento decisivo
em que cruzamos nossa própria barreira interna profundamente enraizada. Não é fácil. Afinal,
estamos lidando com algo inapreensível: a natureza essencial do OVNI. Temos de chegar a um
acordo com a aparência recorrente de algo absolutamente desconhecido e inexplicável pela
ciência, algo que opera como se estivesse fora das fronteiras de nosso mundo físico, mas ao
mesmo tempo nele. Para dificultar ainda mais, ficamos sobrecarregados pela negatividade e
negação do status quo, que todos nós absorvemos em um outro grau.
Para compreender esse aspecto do problema, precisamos ter os pés no chão e olhar para as
raízes políticas e históricas da reação do governo americano ao fenômeno OVNI, começando
na época em que os oficiais primeiro reconheciam que estavam lidando com algo que não
podia ser facilmente explicado. Mesmo que o fenômeno seja psicologicamente difícil de
enfrentar, tal desculpa não é suficiente para explicar a falta de ação, a rejeição e o ridículo, que
tem sido a norma por tantos anos. Por que há esse tabu tão forte contra assumir o assunto
seriamente, quando há tanta evidência dele?
De fato, nosso governo tem uma política - uma posição estabelecida de inação criada há
mais de cinquenta anos - subjacente à sua abordagem normal dos OVNIs. Certos eventos
essenciais nos colocam no caminho infeliz em que nos encontramos hoje. Tudo começou no
final da década de 1940, quando funcionários do governo tiveram de enfrentar um repentino
influxo de avistamentos de OVNIs nos céus da América, muitos dos quais foram relatados por
observadores altamente acreditáveis, tais como pilotos militares e civis. O interesse popular
pelos OVNIs (chamados de “discos voadores” naquela época, porque eram frequentemente
descritos com a forma de disco achatado) era crescente, em resultado da cobertura nacional
feita pela mídia e pelo fato de que ninguém sabia o que eram ou como lidar com eles.
Inicialmente, as autoridades tentaram determinar se os objetos eram ou aeronaves estrangeiras
secretas, tais como uma tecnologia superior da União soviética, ou possivelmente alguma
espécie de fenômeno atmosférico ou meteorológico recentemente descoberto.
Em 1947, as coisas estavam se tornando desconfortavelmente claras. O Tenente General
Nathan Twining, comandante do Comando de Equipamentos da Força Aérea, um dos
principais comandos da Força Aérea Americana, enviou um memorando secreto relativo a
“Discos Voadores” para o general comandante das Forças Aéreas do Exército, no Pentágono.
A considerada opinião - baseada em dados fornecidos por numerosos ramos da Força Aérea -
que ele estabeleceu era de que “o fenômeno relatado é algo real e não visionário ou ficção... As
características de operação relatadas, tais como taxas elevadas de ascensão, manobrabilidade
(particularmente em rotação) e ação que deve ser considerada evasiva quando avistado ou
contatado por aviões amigáveis e pelo radar, levam à crença na possibilidade de que alguns dos
objetos são controlados ou manualmente, automaticamente ou remotamente.” Twining
descreve os objetos como metálicos ou refletores de luz, circulares ou elípticos, com o fundo
achatado e um domo no topo, algumas vezes com “luzes bem mantidas de formação, variando
de três a nove objetos”, e normalmente silenciosos. Ele propôs que as Forças Aéreas do
Exército fizessem um estudo detalhado dos OVNIs, estabelecendo uma classificação de
segurança e um codinome para ele49.
Como resultado, tal projeto foi estabelecido dentro do Comando de Equipamento Aéreo e
recebeu o codinome “Sign”50. A nova agência começou suas operações no começo de 1948,
em Wright Field (agora chamado de Wright-Patterson Air Force Base - Base da Força Aérea
Wright-Patterson), com o intuito de colher informações, avaliá-las e calcular se o fenômeno
era uma ameaça à segurança nacional. Como o Projeto Sign tornou-se mais convencido de que
os objetos não eram russo, as divisões cresceram entre aqueles que achavam que eram
“interplanetários” - o termo usado naquela época, quando se sabia muito menos sobre nosso
sistema solar - e aqueles que estavam determinados a encontrar uma explicação mais
convencional. Posteriormente naquele ano, algumas pessoas do staff do Projeto Sign
escreveram um relatório altamente secreto, uma “Estimativa da Situação”, fornecendo dados
de casos convincentes e concluindo que, baseados na evidência, os OVNIs eram muito
provavelmente extraterrestres. O documento finalmente pousou na mesa do General Hoyt
Vanderberg, Chefe do Staff da Força Aérea, que o rejeitou como inaceitável, porque ele queria
provas, e mandou-o de volta a seus autores do Projeto Sign. Daí, então, os proponentes da
hipótese extraterrestre perderam terreno e, por causa da mensagem clara de Vanderberg e
outros, a posição mais segura de que os OVNIs precisavam ter explicações convencionais foi
adotada pela maioria dos investigadores do projeto. Parece que eles estavam sob pressão para
mudar seu foco de atenção. A “Estimativa da Situação” foi declaradamente destruída e
nenhuma cópia foi encontrada, apesar das repetidas tentativas usando o Ato de Liberdade de
Informação (FOIA)51.
O Projeto Sign foi, posteriormente, renomeado como Projeto Grudge, que então se tornou o
conhecido Projeto Livro Azul, em 1951, durando dezenove anos. Com a passagem do tempo,
foi se tornando cada vez mais claro que estes objetos não pertenciam a qualquer governo
estrangeiro, e tivemos de enfrentar a clara possibilidade de que não se originaram aqui na
Terra. Documentos do governo americano, liberados através do FOIA, mostram que, como
resultado, alguns funcionários de múltiplos ramos do governo continuaram a afirmar que eles
poderiam ser interplanetários. Como antes, outras facções agarraram-se à sua esperança de
encontrar uma explicação convencional, não importando qual.
Em julho de 1952, o FBI foi informado, através do escritório do Major General John
Samford, o diretor de Inteligência da Força Aérea, e disse que “não era inteiramente
improvável que os objetos avistados muito possivelmente fossem naves de outro planeta, tal
como Marte”. A Inteligência Aérea estava “praticamente certa” de que eles não eram “naves
ou mísseis de outra nação deste mundo”52, relata o memorando do FBI. Outro memorando do
FBI afirmou, alguns meses depois, que “alguns militares estão considerando seriamente a
possibilidade de naves planetárias”53.
Ao mesmo tempo, as preocupações com a defesa nacional estavam se acumulando em
relação à preponderância de objetos não identificados tecnologicamente avançados voando
sobre os Estados Unidos, durante a Guerra Fria. Uma série famosa de avistamentos sobre o
Congresso da nação, na qual os aviões da Força Aérea foram enviados para interceptar os
objetos brilhantes captados pelo radar de solo, compôs as manchetes nacionais, em julho de
1952, e precisou de uma conferência de imprensa, a maior desde a Segunda Guerra Mundial,
na qual o chefe da Inteligência, General Samford tentou acalmar o país. Ele disse:

O interesse da Força Aérea no problema se deve ao nosso sentimento de uma obrigação em


identificar e analisar, com a melhor habilidade que temos, alguma coisa no ar que tem a
possibilidade de ser uma ameaça aos Estados Unidos. Visando cumprir essa obrigação,
desde 1947, temos recebido e analisado entre um e dois mil relatos, que nos chegaram de
todos os tipos de fontes. Dessa grande quantidade de relatos, somos capazes de explicar
adequadamente a grande maioria deles - explicá-los para nossa própria satisfação. Porém,
há, então, uma certa porcentagem deles, feitos por observadores acreditáveis, de coisas
relativamente incríveis. É este grupo de observações que estamos agora tentando resolver.
Chegamos hoje à única firme conclusão em relação a esta porcentagem: que ela não
contém qualquer padrão de propósito ou de consistência que possamos relacionar a alguma
ameaça concebível aos Estados Unidos54.

Ele disse aos repórteres que os eventos em Washington, D.C., foram provavelmente meras
aberrações causadas por inversões térmicas - camadas na atmosfera nas quais temperaturas
elevadas afetam o desempenho do radar - uma interpretação discutida pelos pilotos e
operadores de radar envolvidos.
O número crescente de relatos estava se tornando difícil de administrar, junto com o
crescente interesse público no fenômeno. No final de 1952, H. Marshall Chadwell, diretor
assistente da Inteligência científica da CIA, enviou um memorando sobre esse problema para o
Diretor da Central de Inteligência (DCI). “Avistamentos de objetos inexplicados em grandes
altitudes e viajando em altas velocidades nas vizinhanças das principais instalações de defesa
dos Estados Unidos são de tal natureza que não podem ser atribuídos a fenômenos naturais ou
a tipos conhecidos de veículos aéreos”55, afirmou ele.
Em outro memorando de 1952, intitulado “Discos Voadores”, Chadwell da CIA disse que
o DCI precisava “ter o poder” de iniciar a pesquisa necessária “para resolver o problema da
identificação positiva de objetos voadores”. A CIA reconheceu a necessidade de uma “política
nacional” do que “deveria ser dito ao público em relação ao fenômeno, para minimizar o risco
de pânico”56, segundo documentos do governo. Portanto, foi decidido que o DCI deveria “listar
os serviços de cientistas selecionados para revisar e avaliar a evidência disponível”57. O
resultado disso foi que a CIA arranjou um encontro criticamente importante, que mudaria para
sempre tanto o curso da cobertura da mídia, quanto a atitude oficial em relação ao assunto
OVNI. Os resultados deste encontro ajudam a explicar o afastamento onipresente dos
funcionários americanos nas décadas seguintes.
A CIA começou seu trabalho em janeiro de 1953, quando convocou um painel de cientistas
escolhidos a dedo, presidido por H.P. Robertson, um especialista em física e sistemas de armas
do Instituto de Tecnologia da Califórnia, para um sessão a portas fechadas de quatro dias. As
autoridades estavam preocupadas que os canais de comunicação estivessem ficando tão
saturados pelas centenas de relatos de avistamentos de OVNIs, que se tornassem
perigosamente entupidos. Muito embora os OVNIs tivessem demonstrado que não eram uma
ameaça à segurança nacional, falsos alarmes poderiam ser perigosos, e as agências de defesa
poderiam ter um problema em discernir uma intenção verdadeiramente hostil. Os oficiais
estavam preocupados com a possibilidade de que os soviéticos pudessem tirar vantagem desta
situação, estimulando ou organizando uma onda OVNI, e depois atacassem.
Assim, o objetivo do Painel Robertson era encontrar maneiras de reduzir o interesse
público, de modo a impedir o preenchimento de relatos. Membros do distinto painel receberam
uma revisão apressada de casos OVNIs selecionados e sequências excepcionais de filmagem,
que tinham sido mantidas em segredo até então. Isso significava a representação de uma visão
geral dos melhores dados sobre OVNIs que estavam no arquivo, mas os quatro dias não foram,
nem de longe, suficientes para uma avaliação adequada. Não obstante, em seu relatório secreto
escrito ao se completar a revisão, o Painel Robertson recomendou que “as agências de
segurança nacional dessem os passos necessários imediatamente para tirar os Objetos
Voadores Não Identificados do status especial que lhes tinha sido dado e da aura de mistério
que eles infelizmente adquiriram58.”
Como chegaram a isso? O painel propunha a criação de um largo programa educacional,
integrando os esforços de todas as agências interessadas, com dois objetivos principais:
treinamento e desmascaramento. Treinamento tinha a ver com mais educação pública em como
identificar objetos conhecidos no céu, de modo que não fossem erroneamente interpretados
como OVNIs. O desmascaramento foi basicamente usado em relação à mídia. “O
‘desmascaramento5 resultaria na redução do interesse público em ‘discos voadores5, que hoje
suscita uma forte reação psicológica”, escreveu o painel, “e seria realizado pela mídia de
massa, tais como a televisão, os filmes e artigos populares”.
Além da mídia, o painel recomendava usar psicólogos, especialistas em propaganda,
astrônomos amadores, e até os desenhos da Disney, para reduzir o entusiasmo e a credulidade.
“Os clubes de negócios, as escolas secundárias, as faculdades e estações de televisão, ficariam
satisfeitos em cooperar na apresentação de um documentário do tipo filme, se preparado de
maneira interessante. O uso de casos verdadeiros mostrando primeiro o ‘mistério’ e, então, a
explicação’ seria convincente.” Finalmente, grupos de civis estudando OVNIs deveriam ser
“vigiados”, devido à sua “grande influência no pensamento de massa, se avistamentos
generalizados ocorressem”.
Para resumir, um grupo de cientistas selecionados pela CIA aconselhou nosso governo a
encorajar todas as agências na comunidade da Inteligência a influenciar a mídia de massa e a
se infiltrar em grupos civis de pesquisa, com o propósito de desmascarar os OVNIs. A mídia
poderia, então, tornar-se um instrumento para dissimuladamente controlar a percepção pública,
uma espécie de bocal para a política e propaganda governamentais “desmascararem”, ou
ridicularizarem, os OVNIs. O interesse público nos incidentes com OVNIs devia ser
fortemente desencorajado e diminuído através dessas táticas, e os operadores da Inteligência
poderiam ter certeza de que os fatos ficariam longe dos pesquisadores, através da
desinformação. Em nome da segurança nacional, o assunto era um jogo justo para todo o
aparato da Inteligência americana. Todas essas recomendações foram escritas, preto no branco,
pelo painel da CIA e, depois, tornadas confidenciais, e o público não teve acesso ao relatório
completo até 1973, quando o explosivo Relatório do Painel Robertson finalmente foi liberado
em sua totalidade.
Quando a CIA convocou seu grupo selecionado de cientistas, em 1953, o astrônomo J.
Allen Hynek tinha trabalhado por alguns anos como consultor do Projeto Livro Azul da Força
Aérea Americana. Anteriormente como diretor do Observatório Mcmillan da Universidade
Estadual de Ohio, e depois presidente do departamento de astronomia e diretor do Centro de
Pesquisa Astronômica Lindheimer, da Universidade Noroeste, o Dr. Hynek tinha sido
contratado em 1948. Ele participou da maioria das reuniões do Painel Robertson e observou a
agenda predeterminada se revelar, notando que não foi dada a devida atenção à melhor
evidência de OVNI. “A implicação, no Painel Robertson, era que os OVNIs eram um assunto
sem sentido (um nonsense - uma não-ciência), a ser desmascarado a todo custo”, revelou
Hynek mais tarde. “Isso tornou o assunto dos OVNIs cientificamente não respeitável.” 59
O Projeto Livro Azul foi estabelecido como um repositório de casos de OVNIs e um lugar
para as pessoas ligarem e fazerem relatos de avistamentos, mas, na realidade, era uma
operação de relações públicas, amadorística e com pouco pessoal, focada em dar qualquer
explicação sobre os avistamentos de OVNIs, não importando quão artificial fosse a explicação.
Ao longo de sua carreira como representante público popular do Livro Azul durante sua
operação, Hynek estava bem consciente da integração da tática de “treinamento e
desmascaramento” dentro do programa da Força Aérea, mas, ironicamente, como um dos
implementadores da agenda do Painel Robertson, ele era parte do próprio problema.
Anos mais tarde, ele admitiu que “por aproximadamente vinte anos [do Projeto Livro Azul,
1951-1970], não se deu atenção suficiente ao assunto para se adquirir o tipo de dados
necessários até mesmo para se decidir a natureza do fenômeno OVNI”60. Hynek era a única
presença consistente no Livro Azul e o único cientista. O escritório era composto
principalmente por levas sempre mutantes de funcionários de baixo escalão, sem qualquer
treinamento particular que os preparasse para esta linha de trabalho e, frequentemente, com
pouco interesse nele. Hynek trazia alguma respeitabilidade ao projeto da Força Aérea, embora
tal projeto nunca tivesse sido equipado para resolver o problema e o preconceito oficial o
manteve assim.
Apesar de sua eventual transformação, após duas décadas de trabalho com a Força Aérea,
Hynek tinha anteriormente esticado a lógica até seus limites, de modo a afastar o máximo
possível os relatórios sobre OVNIs. Em seu livro de 1972, A Experiência OVNI: Uma
Investigação Científica, ele reconheceu que desmascaramento era o que a Força Aérea
esperava dele. “Toda a operação Livro Azul foi uma trapalhada baseada na premissa categórica
de que as coisas incríveis relatadas não poderiam possivelmente ter qualquer base em fatos”61,
escreveu ele. A Força Aérea, pelo menos publicamente, tinha obedientemente cumprido o
papel de desmascaramento que o painel da CIA tinha tão altamente recomendado, e os
registros do Livro Azul estão cheios de exemplos de casos sólidos sendo considerados
ridículos, frequentemente por explicações enfurecedoras, algumas vezes dadas pelo próprio
Hynek. Mesmo quando ele se tornou mais consciente da contradição, nos anos posteriores,
Hynek disse que não quis brigar com os militares e sentiu que era mais importante ele manter o
acesso ao armazém de dados do Livro Azul, “por mais pobres que eles fossem”62.
Nesse sentido, talvez a mais famosa de suas declarações seja a do “gás do pântano” feita
em 1966. Durante dois dias, mais de uma centena de testemunhas em Dexter e Hillsdale, no
Michigan, viram objetos não identificados brilhantes em altitudes relativamente baixas, muitos
dos quais perto de áreas pantanosas. Isso rapidamente se tornou uma história nacional
altamente carregada nos noticiários e houve grande pressão sobre a Força Aérea para resolver
o caso o mais rapidamente possível. Hynek foi chamado para uma conferência de imprensa,
uma daquelas quase beirando a histeria, como ele a descreveu, onde ele fez o comentário de
que as luzes poderiam ter sido o brilho de algo chamado gás de pântano, um fenômeno raro
que surge da ignição espontânea de vegetação em degradação. A hostilidade que ele enfrentou
da imprensa e entre o público por sua explicação do “gás do pântano” foi amplamente
divulgada e a ridicularização que sofreu por parte da mídia é, agora, lendária. Dessa vez, todo
mundo parecia reconhecer que a Força Aérea tinha ido muito longe e cruzado uma linha
inaceitável em seu desmascaramento.
A frustração americana com a Força Aérea, a incapacidade de investigar adequadamente e
falar dos recorrentes avistamentos de OVNIs, tudo isso já tinha sido construído, e muitos agora
começavam a sentir que a Força Aérea não só era incompetente, como realmente tentava
encobrir a verdade sobre os OVNIs. Duas figuras bem conhecidas desta era - o Major Donald
Kehoe, do Comitê Nacional de Investigações sobre fenômenos aéreos (um grupo de pesquisas
civil) e o Dr. fames E. McDonald, um físico atmosférico sênior, da Universidade do Arizona -
tiveram papéis críticos ao trazerem credibilidade e conhecimento do assunto OVNI ao
desafiarem a abordagem do Projeto Livro Azul. Seguindo a publicação de livros best-sellers e
histórias de revistas sobre OVNIs naquele ano, o interesse do público em relação ao fenômeno
chegou ao máximo.
Nunca saberemos em que extensão a recomendação do Painel Robertson foi diretamente
implementada, mas sabemos que um dos conferencistas desse painel intensificou-a em 1966. O
astrofísico Thornton Page, da Universidade Johns Hopkins, escreveu para Frederick Durant,
chefe do departamento de aeronáutica do Museu Nacional do Ar e do Espaço - ambos tinham
sido membros do Painel Robertson - afirmando que ele havia “ajudado a organizar o programa
da CBS TV sobre as conclusões do Painel Robertson”, referindo-se ao especial de duas horas
de duração “OVNI: Amigo, Inimigo ou Fantasia?”, apresentado pelo confiável Walter
Cronkite63. O programa desmascarou os OVNIs de todos os ângulos, com preconceitos
intensos e falsas afirmações, tais como as de que não existiam qualquer evidência pelo radar ou
fotografia para apoiar a realidade física dos OVNIs. Parece claro que devia haver alguém por
trás das câmeras que justificasse uma posição tão extremada. Ironicamente, o próprio Thornton
Page apareceu no especial da CBS defendendo a objetividade da avaliação do Painel
Robertson e dizendo aos telespectadores que “nós tentamos avaliar todos os relatos sem dizer
previamente que eram ridículos”. Cronkite relatou que o painel da CIA não encontrou
“qualquer evidência de OVNIs” e terminou a transmissão encorajando os espectadores a se
lembrarem que “enquanto a fantasia melhora a ficção científica, a ciência se serve mais de
fatos”64.
Devido ao ultraje de seus constituintes que seguiam uma série de avistamentos em seu
estado, incluindo aqueles rotulados de “gás do pântano”, o Deputado Gerald Ford, líder da
minoria republicana naquela época, “na firme crença de que o público americano merece uma
explicação melhor do que a que está sendo fornecida pela Força Aérea”, convocou audiências
no Congresso sobre o assunto OVNI65. Exatamente antes do especial de Cronkite, em 5 de
abril de 1966, o Comitê de Serviços Armados ouviu dos membros da Força Aérea, incluindo o
consultor J. Allen Hynek, sobre o problema dos OVNIs, e eles consideraram as recomendações
para uma investigação científica independente do Projeto Livro Azul. A Força Aérea deu o
primeiro passo para sair do confuso negócio de OVNIs, concordando em encontrar uma
universidade que estivesse disposta a coordenar o estudo, uma que ajudasse a Força Aérea a
decidir se continuava com seu próprio programa ou se desembaraçava de uma campanha
insatisfatória de relações públicas, que se tornava cada vez mais difícil de manter.
No final de 1966, ficou decidido: a Universidade do Colorado concordava em sediar um
estudo relativo aos OVNIs, patrocinado pelo governo, a ser chefiado por Edward U. Condon,
um físico bem conhecido e antigo chefe da Secretaria Nacional de Normas e Medidas. Embora
as expectativas iniciais fossem elevadas para esse projeto, e por um curto período de tempo
acrescentou-se legitimidade ao escrutínio científico dos OVNIs, gradualmente ele desmoronou,
devido às disputas internas entre os membros do comitê de estudos. Logo tornou-se sabido
que, desde o início, Condon manteve visões pessoais fortemente negativas sobre o assunto e
nunca pretendeu proceder justa ou objetivamente. Acima disso tudo, surgiu o conflito sobre se
a hipótese extraterrestre tinha qualquer validade ao lado de muitas outras teorias sob
consideração. O ponto de crise foi atingido quando dois membros preocupados descobriram
um memorando de 9 de agosto de 1966 enviado pelo coordenador do projeto, Robert Low,
para dois decanos da universidade. Nele, Low discutia os prós e contras de se fazer um projeto
de pesquisa sobre OVNIs, quando ele ainda estava em discussão.
Se o projeto fosse empreendido, ele expôs o problema:

Ele deve ser abordado objetivamente, isto é, tem de se admitir a possibilidade de que coisas
como OVNIs existiam. Não é respeitável considerar seriamente tal possibilidade... Poder-
se-ia ter de chegar ao ponto de considerar a possibilidade de que os discos, se algumas das
observações foram verificadas, comportam-se de acordo com um conjunto de leis físicas
desconhecidas por nós. O simples ato de admitir essas possibilidades apenas como
possibilidades nos coloca além dos limites e perderíamos mais em prestígio dentro da
comunidade científica do que possivelmente obteríamos por realizar a investigação.

Assim, Low oferecia uma saída:

Nosso estudo deveria ser conduzido quase que exclusivamente por não crentes, que,
embora possivelmente não conseguisse provar um resultado negativo, poderiam e
provavelmente acrescentariam um impressionante corpo de evidência de que não há
realidade para as observações. O artifício seria, creio eu, descrever o projeto de modo que,
para o público, ele pareceria um estudo totalmente objetivo, mas, para a comunidade
científica, apresentaria a imagem de um grupo de não crentes tentando ao máximo ser
objetivos, mas tendo uma expectativa quase nula de descobrir um disco66.

A linguagem específica que ele empregou em seu memorando - particularmente a palavra


“artifício” - ajudou a dar o jogo de presente. O termo “disco voador” foi frequentemente
empregado em conjunção com “crentes” e “entusiastas”, que assumiam que os objetos eram
extraterrestres e não estavam (presumivelmente) usando o método científico para tratar do
problema. Con- don ficou enfurecido por isso ter se tornado público e demitiu duas pessoas
que tinham vazado o memorando no dia seguinte.
Embora Low tentasse manter suas opiniões em segredo, Condon não tinha problema em
dirigir suas atitudes negativas para seu público-alvo. Em uma palestra, de janeiro de 1967, ele
observou: “É minha tendência agora recomendar que o governo saia deste negócio. Minha
atitude agora é de que não há nada aí para ele”. E acrescentou: “Mas só devo chegar a uma
conclusão em mais um ano”67.
Em resposta à preocupação pública sobre tudo isso, e em reação à continuidade dramática
dos avistamentos de OVNIs, uma segunda audiência do Congresso foi convocada pelo Comitê
de Ciência e Aeronáutica, em julho de 1968. Uma hoste de cientistas de fora da Força Aérea
apresentou trabalhos próprios convincentes sobre os OVNIs; muitos deles tinham sérias
reservas sobre a efetividade do estudo Condon e advogava um estudo continuado dos OVNIs,
apesar dos resultados. O testemunho do Dr. James E. McDonald, do Instituto de Física
Atmosférica e professor de Metereologia da Universidade do Arizona, foi o que mais se
estendeu, fornecendo uma série de relatos de casos de OVNIs convincentes. Uma autoridade e
um líder respeitado no campo da física atmosférica, McDonald escreveu muitos trabalhos
altamente técnicos para revistas profissionais. Devido a seu interesse pessoal, ele passou dois
anos examinando material de arquivos oficiais e dados de radar sobre OVNIs, anteriormente
secretos, entrevistando várias centenas de testemunhas e conduzindo investigações de casos em
profundidade por sua própria conta, detalhes dos quais foram fornecidos ao comitê.
McDonald testemunhou que não havia nenhum outro problema em sua jurisdição
comparável a este. “A comunidade científica, não apenas neste país, mas por todo o mundo,
vem casualmente ignorando como algo sem sentido um assunto de extraordinária importância
científica.” Ele indicou que tendia para a hipótese extraterrestre como uma explicação, devido
“ao processo de eliminação de outras hipóteses alternativas, não por argumentos baseados
naquilo que eu chamaria de ‘prova irrefutável’.68” O Dr. Hynek recomendou que um conselho
científico de inquérito do Congresso estabelecesse um mecanismo para o estudo adequado dos
OVNIs, “usando todos os métodos disponíveis da ciência moderna”, e que se deveria buscar
cooperação internacional através das Nações Unidas69.
Uma pesquisa extensa foi feita e livros foram escritos sobre o tumultuado processo, que
finalmente produziu o relatório do Comitê Condon, “Estudo Científico de Objetos Voadores
Não Identificados”, liberado em 1968. O tomo, com aproximadamente 1.000 páginas, começa
com conclusões e recomendações do próprio Condon. Ele declarava que um estudo científico
posterior dos OVNIs não estava garantido e recomendava que a Força Aérea encerrasse o
Projeto Livro Azul. Nada deveria ser feito com os relatos sobre OVNIs submetidos ao governo
federal a partir de então. Ele escreveu que nenhum OVNI tinha causado qualquer problema de
segurança nacional ou de defesa, e que não havia nenhum sigilo oficial quanto aos relatórios
sobre OVNIs. O resumo de duas páginas do relatório, liberado para a imprensa e o público,
realmente contradizia os achados contidos dentro do volume, que a maioria da pessoas não se
incomodou em ler.
De fato, o próprio Condon não participou da análise dos estudos de caso cuidadosamente
pesquisados que compuseram o estudo, e parece que ele também não se preocupou em ler o
produto final. O extenso estudo realmente fornece algumas análises científicas excelentes
realizadas por outros membros do comitê, enterrados entre muitas análises tediosas de casos de
importância marginal, que se arrastaram página após página. Outros casos chave foram
deixados completamente de fora. Alguns relatos realmente verificaram a realidade dos ainda
não resolvidos e altamente perplexantes fenômenos OVNI. Por exemplo: o investigador
William K. Hartman, astrônomo da Universidade do Arizona, pesquisou duas fotografias
extraordinárias de McMinnville, no Oregon, e afirmou que “este é um dos poucos relatos de
OVNI no qual todos os fatores investigados - geométricos, psicológicos e físicos - parecem
consistentes com a afirmação de que um objeto voador extraordinário, prateado, metálico, com
forma de disco, com dezenas de metros de diâmetro, e evidentemente artificial, voou dentro do
campo de visão de duas testemunhas”70.
Indiferentemente, o resumo de Condon estabelecia: “Nada surgiu do estudo de OVNIs nos
últimos vinte anos que tenha acrescentado algo ao conhecimento científico”. E a Academia
Nacional de Ciências endossou as recomendações de Condon. “Um estudo de OVNIs em geral
não é um caminho promissor para a expansão do conhecimento científico dos fenômenos”,
concluiu sete semanas depois71. Condon acrescentou insulto à injúria ao dizer ao New York
Times que sua investigação “era um montão de bobagens”, e ele sentia “ter se envolvido em tal
tolice”72.
O Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica (AIAA) estava entre aqueles que
registraram objeções após ter passado um ano estudando o texto de 1.000 páginas do relatório
Condon. O AIAA estabeleceu que o resumo de Condon não reflete as conclusões do relatório,
mas, em vez disso, “divulga muitas de suas [de Condon] conclusões pessoais”. Os cientistas do
AIAA não encontraram base no relatório para a determinação de Condon de que estudos
posteriores não tinham valor científico, mas declararam que “um fenômeno com tal taxa
elevada de casos não explicados (cerca de 30% no próprio Relatório) deveria ter levantado
curiosidade suficiente para prosseguir no estudo”73.
Por trás das mentes fechadas e do desdém de Condon e Low, junto com aqueles de outros
neste campo, repousa, mais uma vez, o problema da confrontação com a hipótese
extraterrestre. Como Hynek apontou naquela época, Condon e seus apoiadores erroneamente
igualaram a noção de OVNIs com algo extraterrestre, acreditando que, se os OVNIs fossem
reconhecidos como um fenômeno genuíno, ocorreria uma aceitação implícita da hipótese
extraterrestre. Isso claramente era inaceitável para eles. Como Low indicou em seu
memorando, o simples ato de admitir tal possibilidade estava “além dos limites”, e qualquer
profissional que fizesse isso arriscaria perder o prestígio dentro da comunidade científica, que
não tinha abertura para um conceito tão radical. Mesmo depois de vinte e dois anos de
acumulação de dados pela Força Aérea, junto com estudos independentes feitos por vários
cientistas, como McDonald, um número esmagador de cientistas e funcionários do governo
ainda sente profundo mal-estar com a mais remota possibilidade de tal hipótese. Essa aversão
foi tão forte que seus mantenedores não se preocuparam com o fato ela ter minado
completamente a precisão e efetividade de um estudo científico caro, de longa duração, do qual
se dependia tanto e que todos sabiam que teria um impacto imenso, histórico.
Em vez disso, o último prego foi martelado no caixão. Em dezembro de 1969, a Força
Aérea anunciou o término do Projeto Livro Azul - a única investigação oficial do governo
sobre OVNIs - efetivada no mês seguinte. Desde então, os cientistas podiam justificar seu
desinteresse pelos OVNIs, citando as conclusões do Relatório Condon. O governo podia se
referir à decisão da Força Aérea de encerrar suas investigações para justificar seu desinteresse
nos casos de OVNIs. A mídia podia apreciar tudo, enquanto fazia piada dos OVNIs ou os
relegava à ficção científica. Agora, não era mais necessária nenhuma ação direta por parte
daqueles que faziam parte do Painel Robertson, porque as sementes tinham sido plantadas e o
momentum se autogeraria nas décadas futuras. A “idade do ouro” das investigações oficiais,
das audiências do Congresso, das conferências de imprensa, do estudo científico independente,
de grupos poderosos de cidadãos, de livros best-sellers e revistas cobrindo as estórias, tinha
chegado ao fim.
Nas décadas seguintes, muitos pesquisadores dedicados carregaram a tocha e devotaram
suas vidas para documentar casos e aumentar nosso conhecimento do fenômeno. Sua
capacidade e extenso trabalho têm sido cruciais para nos fazer avançar. Mas, tendo sido uma
vez uma preocupação galvanizante no palco nacional, a questão OVNI se tornou agora
marginal. O tabu contra os OVNIs estava estabelecido e hoje, quarenta anos depois, essa
proibição em levar a sério os OVNIs está completamente embebida em nossa sociedade, como
um câncer eficazmente em metástase.
CAPITULO 12 - Assumindo Seriamente o Fenômeno

Para avaliar as ações do governo americano e colocá-las em perspectiva, podemos aprender


muito com o exame das atividades de outros governos e o tratamento que seus militares e sua
aviação deram aos encontros com OVNIs. Desde o encerramento do Projeto Livro Azul, os
Estados Unidos se tornaram quase párias do cenário internacional quanto a investigações
oficiais sobre OVNIs, o que é especificamente um problema, já que, como superpotência, têm
potencial único para influenciar o progresso científico em questões de significância global.
Outras nações comportaram-se admiravelmente quando os eventos OVNI ocorreram dentro de
seu espaço aéreo. Alguns coletaram dados úteis quando objetos anômalos surgiram no radar ou
deixaram marcas no solo, como aconteceu na França e no Reino Unido. Estes dois países
estavam especialmente bem equipados para lidar com eventos tão notáveis quanto um OVNI
pousando, porque tinham agências governamentais especificamente encarregadas de obter
relatos sobre OVNIs e conduzir investigações. Mesmo depois que os Estados Unidos saíram do
negócio dos OVNIs em 1970, outros países mantiveram os seus, e outros ainda, depois,
abriram novos escritórios de investigação, abordando o problema direta e responsaivelmente.
Nos anos seguintes ao fechamento, pelos Estados Unidos, de sua única agência pública
relativa a OVNIs, aqueles que avançavam fizeram o melhor que podiam, lutando algumas
vezes por recursos. Graças aos céus, eles não se moldaram no Projeto Livro Azul. Em vez de
se devotarem a espalhar falsas explicações e propaganda, tais agências desejavam conduzir
investigações honestas e reconhecer, particularmente em casos documentados pelos pilotos, a
presença de algo não identificado, que não podia ser explicado. Pilotos e tripulações em outros
países não são pressionados a ficarem quietos, como seus colegas americanos foram durante o
incidente do O’Hare, e não são, nem de perto, cautelosos em relação ao ridículo como eles.
Nos outros lugares, pilotos comerciais e militares registram seus encontros, e conferências de
imprensa são convocadas para liberar a informação. Questões de segurança da aviação são
encaminhadas em conexão com esses eventos. Em geral, embora o governo americano não
tenha feito nada desde 1970, grande parte do restante do mundo vem se movendo cada vez
mais na direção de considerar os OVNIs mais seriamente.
O estudo do Reino Unido sobre os OVNIs começou em 1950, dentro do Ministério da
Defesa, tornando-o um dos mais longos programas oficiais do mundo. Havia uma agência
designada, ou “balcão OVNI”, que lidava com os relatos sobre OVNIs e investigava os casos.
Em dezembro de 2009, os funcionários tornaram-se tão sobrecarregados pelo volume de
relatos do público, que durou cerca de dez anos, e a corrente interminável de pedidos da FOIA
sobre o assunto, que o programa de relatos públicos foi encerrado. O Ministério da Defesa não
encontrou uma maneira de resolver estes casos, que, conforme afirmou, não representavam
uma ameaça à segurança nacional. Porém, reconheceu o óbvio: que quaisquer “ameaças
legítimas” - casos envolvendo pilotos militares, instalações de defesa aérea ou objetos
rastreados por radar - continuariam a ser investigados74. O Reino Unido já tinha também
começado o longo processo de liberação de todos os arquivos acumulados durante os anos em
que o “balcão OVNI” esteve em operação.
Na América do Sul, Chile e Peru estabeleceram novas agências governamentais para o
estudo dos casos de OVNIs em 1997 e 2001, respectivamente. Os militares brasileiros vêm
conduzindo investigações sobre OVNIs desde o final dos anos 40. Astronautas, cientistas e
oficiais de alta patente russos falam publicamente sobre os eventos OVNIs de lá. E pela
primeira vez o Departamento de Defesa Mexicano forneceu dados sobre um avistamento não
resolvido do pessoal da Força Aérea para um pesquisador civil em 2004, um passo importante
de abertura do governo daquele país.
O governo da França é geralmente reconhecido pela manutenção da mais produtiva,
científica e sistemática investigação governamental sobre os OVNIs do mundo, durante mais
de trinta anos sem interrupções. A agência, agora chamada GEIPAN75, é parte da agência
espacial francesa conhecida como CNES76, o equivalente francês da NASA, e serve como
modelo para outros países que a têm consultado durante anos. Particularmente notável é a rede
de cientistas, funcionários da polícia e outros especialistas ligados ao GEIPAN, prontos a
ajudar na investigação de qualquer caso de OVNI que seja notícia no momento. Seu propósito
tem sido sempre agir puramente como uma agência de pesquisa, não basicamente ligada a
questões de defesa, como o era o Ministério da Defesa na Inglaterra, ou com a segurança da
aviação como no Chile. O grupo foi estabelecido sete anos depois do encerramento do Projeto
Livro Azul, e estabelece, como sua missão, simplesmente investigar “fenômenos aeroespaciais
não identificados” e disponibilizar ao público suas descobertas.
Jean-Jacques Velasco, da França, Nick Pope, do Reino Unido, e o General Ricardo
Bermúdez, do Chile, chefiaram pequenas agências governamentais em seus próprios países,
que funcionavam em tempo integral na investigação de casos de OVNIs. Eles, entre outros que
escreveram nas páginas deste livro, descrevem seu trabalho inovador em nome de seus
governos, e o impacto que este trabalho sobre os fenômenos OVNIs tem tido em suas vidas.
Em países de todo o mundo, testemunhas e investigadores, como eles, estão muito conscientes
da necessidade de uma participação maior dos Estados Unidos e estão agora se reunindo para
chamar a atenção sobre este problema.
Quer tenham estabelecido ou não escritórios específicos para essa investigação, muitos
governos acumularam quantidades maciças de documentos de casos de OVNIs durante
décadas, e o público colocou uma ênfase enorme em se obter a liberação desses arquivos
oficiais.
Em anos recentes, como parte de uma tendência de maior transparência, números sem
precedentes desses documentos deixaram de ser secretos e tornaram-se públicos pela primeira
vez. Desde 2004, governos do Brasil, Chile, França, México, Rússia, Uruguai, Peru, Irlanda,
Austrália, Canadá e Reino Unido liberaram arquivos tidos anteriormente como secretos e, em
2009, Dinamarca e Suécia juntaram-se a eles, liberando mais de 15.000 arquivos cada. Porém,
nenhum desses registros mudou nossa compreensão geral do fenômeno, além da confirmação
de que os mesmos eventos ocorrem por todo o mundo e que o comportamento dos objetos, e
frequentemente dos governos respondendo a eles, vêm se repetindo há anos. Infelizmente, tem
havido pouco avanço em termos de realmente resolver o mistério, e a obtenção de mais
documentos não é a resposta.
De fato, investigadores do governo têm sido enormemente limitados pelo fato de que tudo
o que são capazes de fazer é aprender tanto quanto possível após a ocorrência de um único
evento. Sem maiores recursos, não se pode fazer muito exceto arquivar os relatos, ano após
ano. Cartas de civis sobre avistamentos isolados, frequentemente questionáveis, também são
acrescentados aos arquivos, compondo uma grande proporção das páginas liberadas. Embora
geralmente fascinantes, os documentos do governo não mais revelam alguma coisa nova. E os
milhares e milhares de páginas não levaram a um avanço maior na compreensão. Os arquivos
mais sensíveis - relatos da Inteligência ligados a implicações mais sérias relativas à segurança
nacional, e análise e investigações provavelmente mais profundas - continuarão secretos e não
serão liberados. Nenhum documento “explosivo” há muito esperado emergiu.
Acredito que uma demanda para a liberação de ainda mais arquivos - mesmo nos Estados
Unidos - não é mais um foco útil. É um caminho lateral interessante, mas não atinge o âmago
da questão. A ênfase indevida na busca de liberação de documentos poderia até prolongar a
paralisação internacional que enfrentamos agora e dar aos governos uma saída, afirmando que
eles fizeram a parte deles ao liberarem os arquivos ou que isso será feito em um futuro
próximo.
Contudo, o público continua muito excitado sobre ver novos lotes de documentos do
governo sobre OVNIs. Mais recentemente, a liberação de grandes arquivos pela França, em
2007, e pelo Reino Unido, em 2008, 2009 e 2010, gerou uma cobertura frenética da mídia
internacional na América. Foram tantas pessoas que entraram no website da França no
primeiro dia, que ele caiu. O interesse maior foi o anúncio de que cerca de 28% dos casos
franceses permaneciam inexplicados - aproximadamente a mesma porcentagem encontrada no
Projeto Livro Azul e no Relatório Condon, em 196877.
Uma peça, exibida em 2008, no New York Times, por um repórter situado no Reino Unido,
focava seletivamente alguns dos mais tolos novos documentos liberados pelo Ministério da
Defesa britânico (cartas escritas para a agência por pessoas malucas) e forneceu aos leitores a
abordagem padrão e descaradamente tendenciosa tradicionalmente empregada por aquele
famoso jornal78. Ironicamente, isso levou ao avanço da mídia que eu estava esperando. O New
York Times publicou a primeira peça séria sobre OVNIs na história do jornal. “Ameaças
Voadoras Não Identificadas”, pelo antigo Ministro da Defesa do Reino Unido, Nick Pope79,
ofereceu uma resposta racional àquela história essencialmente desonesta inicial. Mas, mais
uma vez, nada desta publicidade mudou a paisagem política na América em relação aos
OVNIs, ou fez muito de nada realmente, exceto colocar a questão de que os OVNIs devem ser
levados a sério.
Infelizmente, não temos meios de saber se mais documentos reveladores permanecem
trancafiados por alguns governos em locais seguros. Sabemos menos ainda sobre o que
permanece confidencial nos Estados Unidos, o mais importante de todos, e é altamente
improvável que estes documentos sejam liberados logo. Se uma agência do governo não deseja
liberar certos documentos delicados, através do Ato de Liberdade de Informação, ela não o
fará. Assim, buscando uma nova ênfase, enquanto tentamos informar e persuadir os oficiais
americanos a reavaliarem a questão OVNI, podemos começar a aprender com outros países,
com agências governamentais estabelecidas, e descobrir o que obtiveram com elas. Como
foram estabelecidas e por quê? Como o seu trabalho contrasta com aquele do Projeto Livro
Azul? O que aprenderam sobre os OVNIs? Que ações foram tomadas em função disso?
Primeiro e mais importante, voltamo-nos para a Lrança. Peças exclusivas do General Denis
Letty, chefe do grupo COMETA, e de Jean-Jacques Velasco, chefe da agência governamental
francesa por mais de vinte anos, exploram essas questões. Outro especialista conhecido da
Lrança, Yves Sillard, é um dos mais proeminentes proponentes da pesquisa em cooperação
internacional sobre OVNIs. Antigo diretor geral do centro nacional espacial francês, CNES,
Sillard é atualmente o presidente do comitê diretor do GEIPAN. Em 1977, enquanto chefiava a
CNES, ele fundou o comitê cientifico francês original, encarregado da investigação dos relatos
de OVNIs - GEPAN, que tinha, então, esse nome diferente. Sillard serviu em muitos cargos
importantes no gover- no e ocupou outros na pesquisa entre aquela época e seu recente retorno
ao GEIPAN. Em 1998, a OTAN indicou-o como secretário assistente geral para assuntos
científicos e ambientais.
Nos Estados Unidos, a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) é
considerada, na mente popular, a principal organização científica com o maior conhecimento
de tudo o que acontece no espaço exterior - um líder global na Terra e na pesquisa espacial. O
CNES tem um mandato e uma estima na França paralelos àqueles da NASA nos Estados
Unidos. Responsável pela formação e implementação da política nacional francesa na Europa,
o CNES, embora menor do que a NASA, também trabalha no desenvolvimento de sistemas
espaciais e novas tecnologias em cooperação com a Agência Espacial Europeia, cujo quartel
general é em Paris. Obviamente, as visões dos sucessivos diretores de ambas as organizações -
CNES e NASA - são de grande significância, seja ao lidarem com as complexidades da
exploração espacial, seja das perplexidades do fenômeno OVNI.
Yves Sillard, desconhecido para a maioria dos americanos, é um homem de estatura dentro
da comunidade espacial europeia. Ele fundou, há mais de trinta anos, o que se tornou a mais
eficaz agência de investigação de OVNIs do mundo, e ainda desempenha um papel de
liderança na direção dessa agência hoje.
Mais importante: ele obteve sucesso ao estender uma ponte entre o que geralmente é uma
lacuna entre a pesquisa espacial científica e as investigações de OVNIs, assegurando assim a
coexistência de ambas dentro da estrutura da agência espacial nacional do governo francês. Em
2007, Sillard consolidou suas ideias no livro Phénomènes aérospatiaux non identifiés: Um défi
à la science80, escrito sob sua direção em colaboração com outros cientistas. Um ano depois,
em 2008, tive o privilégio de encontrá-lo no quartel general do CNES, em Paris.
O Sr. Sillard fez o seguinte comentário, composto especialmente para este livro, resumindo
a situação atual. Precisamos todos reconhecer o poder destas palavras concisas, contundentes,
que são altamente incomuns, dada a estatura do Sr. Sillard na comunidade mundial.
A realidade objetiva dos fenômenos aéreos não identificados, melhor conhecidos pelo
público como OVNIs, não está mais em dúvida. Os dados registrados pelo GEIPAN baseiam-
se em métodos rigorosos de análise e controle. Os casos aeronáuticos são provenientes de
testemunhas competentes, treinadas para lidar com situações inesperadas e reagir calmamente.
O clima de suspeita e desinformação, para não mencionar escárnio, que ainda muito
frequentemente circunda a coleta de relatos, ilustra a forma surpreendente de cegueira
intelectual. Esta é, obviamente, a razão do silêncio de muitas testemunhas, que não ousam se
apresentar, e é particularmente verdadeiro para os pilotos, civis ou militares, que temem
arriscar suas carreiras ao falarem. Precisamos estar muito abertos para a informação, de modo
a minimizar o drama e tornar mais fácil o preenchimento de relatórios pelas testemunhas.
Ao abordar o assunto OVNIs, precisamos considerar o futuro. Um dia, através da conquista
do espaço, seremos capazes de viajar para fora de nosso sistema solar, algo que é concebível
para nós agora, através da simples extrapolação de nossas capacidades técnicas existentes. Pela
primeira vez, esse potencial abre a porta para a visão crível de contato com civilizações
distantes, consideradas como impensáveis no passado.
Apesar de algum progresso espetacular em anos recentes, a ciência hoje pareceria muito
modesta, ao olharmos para trás algumas centenas de anos. O desenvolvimento da ciência,
mesmo nas próximas décadas, certamente levará a novos conceitos imprevisíveis hoje. O que
parecem ser obstáculos intransponíveis para que civilizações mais avançadas viajem de
exoplanetas para a Terra provavelmente serão encarados sob uma luz bem diferente, e
hipóteses completamente novas, ligadas a teorias cosmológicas ainda não conhecidas, serão
provavelmente propostas e realizadas, mudando completamente a forma como vemos o mundo
físico e o universo ao redor.
Mesmo agora - muito embora a ideia seja somente hipotética - o que aconteceria se alguns
fenômenos não identificados fossem descobertos como automáticos e veículos habitados
viessem de exoplanetas? O famoso “princípio da precaução” não inspiraria os líderes políticos
a pelo menos pensarem sobre as consequências para cada aspecto de nossa sociedade, se a
hipótese fosse confirmada? A posição do Bureau Ambiental Europeu é de que “o princípio da
precaução justifica a ação imediata no caso de incerteza e ignorância para impedir o prejuízo
potencial”. Define-se “incerteza” como “uma estrutura de compreensão onde sabemos o
suficiente para identificar o que não sabemos”81. Os autores do Relatório COMETA iniciaram
o processo de oferecer algumas recomendações de senso comum para as maiores autoridades
civis e militares, de modo a prepará-las para reagir da maneira mais apropriada, para o caso
daquilo que é hoje apenas uma hipótese se transforme amanhã em realidade. Eu recomendaria
uma sensibilidade maior das autoridades do mundo todo.
Enquanto nenhuma outra interpretação crível tenha sido formulada, vamos simplesmente
esperar que o GEIPAN e outras agências possam dar uma modesta contribuição a este debate,
e que possam estimular o pensamento a respeito desses fenômenos, cuja existência não pode
ser contestada. E, finalmente, vamos esperar que nossos esforços conjuntos inspirem mentes
não preconceituosas a considerar a hipótese extraterrestre com seriedade e rigor que ela
merece, enquanto nenhuma outra interpretação seja formulada.
CAPÍTULO 13 - O Nascimento de COMETA
Pelo Major General Denis Letty (Aposentado)

Para aprender mais sobre a abordagem aberta dos militares franceses ao problema dos
OVNIs, o Major General Denis Letty nos forneceu sua perspectiva pessoal sobre o
histórico Relatório COMETA, explicando porque se sentiu pessoalmente compelido a
organizar um grupo de investigação. Como mencionei anteriormente, era o trabalho de
um grupo de generais franceses aposentados e outros oficiais desse país reunindo-se para
escrever esse relatório, o que primeiro chamou minha atenção para o assunto. O General
Letty foi o iniciador desse esforço, a força motriz por trás de sua realização. No relatório,
ele e outros autores criticaram o governo americano por negar a existência dos OVNIs,
pelo tratamento áspero das testemunhas e seu excessivo sigilo e espalhamento de
“desinformaçãoEles pediram que o governo americano se juntasse à França e outros
países numa aventura cooperativa para investigar o fenômeno OVNI, talvez sob os
auspícios da União Europeia. Nenhuma resposta foi obtida.
Denis Letty, presidente do grupo COMETA, é um antigo piloto de caça bem conhecido,
que foi chefe da Defesa Aérea da França, na zona sudeste, e da missão militar francesa
das Forças Aéreas Aliadas da Europa Central. Comandante da Quinta Ala, também serviu
como comandante da base aérea de Estrasburgo. Em 2008, tive o privilégio de conversar
com o General Letty em sua casa na periferia de Paris. Ele e sua esposa foram
extremamente amáveis comigo e com o cineasta James Fox, que, com os arquivos, notas e
uma equipe de filmagem para documentar nossos debates, invadiu o bem mantido
apartamento duplex deles, com uma vista estonteante da cidade. Para mim, pessoal-
mente, encontrá-lo foi um marco. Digno, amável e bem-apessoado, o General Letty foi
sincero e descontraído conosco, embora transmitisse tremenda autoridade. Ele ainda fica
incrédulo com o fenômeno OVNI e quer muito encontrar uma solução.
Quando nos sentamos ao redor da mesa em sua sala de estar, discutindo casos
franceses com a câmera funcionando, Letty falou da questão da transparência do governo
em relação aos OVNIs. “Eu não acredito que um país poderoso como os Estados Unidos
ache aceitável reconhecer que algo estranho possa voar sobre o país e este não possa
limpar os seus céus. Outro problema pode ser o pânico, criado pelas pessoas imaginando
que seus militares não possam protegê-las.” Eu cuidadosamente observei seus
comentários posteriores sobre o papel do governo americano: “Estamos convencidos de
que alguns governos não dizem tudo o que sabem sobre o assunto e estou falando,
naturalmente, sobre os Estados Unidos. É por isso que pedimos a cooperação de todos os
países. Estamos prontos para fazer a pesquisa, para trabalhar juntos.82” O general está
convencido de que nada permanece oculto em relação aos OVNIs com os militares
franceses, uma vez que todos os arquivos foram liberados no ano anterior para chegar a
esse ponto. Recentemente, o General Letty desenvolveu aqui os seus pensamentos.
A primeira vez que tive consciência83 dos OVNIs, em 1965, como capitão no terceiro staff do
quartel general da Força Aérea Tática (FATAC), na cidade de Metz, foi quando recebi todos os
relatos recebidos pela polícia nacional no território da Primeira Área. Alguns eram
desconcertantes. Já que não havia ameaça perceptível, nós simplesmente os arquivamos.
Inicialmente, fiquei apenas um pouco surpreso, mas, depois, pilotos competentes que eu
conhecia pessoalmente começaram gradualmente a admitir terem se confrontado com estes
fenômenos.
Um deles foi Hervé Giraud, agora coronel, que, em 1977, estava voando em um Mirage IV
com seu navegador, a cerca de 32.000 pés, depois do escurecer. Eles viram uma luz
extremamente brilhante aproximando-se em rota de colisão, diretamente para eles. Giraud
comunicou-se por rádio com o controle de tráfego aéreo militar, que não tinha qualquer traço
na tela de seu radar. Ele teve de virar para a direita para evitar o objeto e, depois, tentou manter
contato visual com ele. O objeto sumiu e, depois, ou ele voltou ou algo idêntico a ele surgiu.
Giraud sentiu como se estivesse sendo observado neste ponto, sem defesas, e ambos os homens
ficaram desconcertados, enquanto o piloto não tinha mais como fazer outra manobra apertada.
E ainda não havia nada no radar. Eles retornaram em segurança para a base em Luxeuil.
O Capitão Giraud relatou que percebeu que o objeto era sólido e imenso, comparando-o a
um caminhão de dezoito rodas correndo à noite com todas as luzes acesas. Ele não emitia
quaisquer raios luminosos, mas brilhava com uma luz branca estável, que obscurecia qualquer
forma por trás da iluminação.
Dois pontos nesse caso impressionaram-me. Nada além de uma nave de combate poderia
ter a velocidade e a manobrabilidade desse objeto. Mas se fosse urn jato de combate, teria sido
registrado no radar, especialmente naquela baixa altitude. De fato, nenhum tráfego foi
registrado pelos controladores de tráfego aéreo em qualquer lugar daquela área do Mirage IV.
Em segundo lugar, a velocidade do objeto durante os dois encontros foi tão alta durante um
giro agudo, que ele teria de ser supersônico. Isso significa que, se ele fosse um jato de
combate, teria feito um grande estrondo, que teria sido ouvido no solo e na área circunvizinha,
especialmente quando as coisas estavam quietas à noite. Nenhum som foi ouvido em lugar
algum.
Houve outros casos envolvendo pilotos voando em caças Mirage e em aeronaves de
treinamento. Mas mais um relato em particular me marcou. Em 1979, soube que o Capitão
Jean-Pierre Fartek, na época piloto de um Mirage III, tinha visto um OVNI. Foi mais
incomum, porque isso não ocorreu enquanto ele estava voando, mas quando estava em sua
casa em um povoado próximo de Dijon, durante o dia. O objeto estava muito próximo do solo.
Quis encontrá-lo para discutir isso e arranjei um encontro três meses depois, na base de
Estrasburgo. Em outra ocasião, fui até a casa dele e conversei com sua esposa, que também
tinha visto o OVNI.
Ele me disse que, em 9 de dezembro de 1979, por volta das 9hl5min, sua esposa estava
descendo as escadas para preparar o café da manhã, quando viu um estranho objeto em forma
de disco pela janela. Ele chamou Fartek para ver. O objeto estava flutuando baixo sobre o solo,
em frente de uma fileira de macieiras, cujos ramos podiam ser vistos atrás dele. Por causa
disso, o capitão pode medir a distância de cerca de 250 metros a partir de sua casa. Ele tinha
aproximadamente 20 metros de diâmetro e 7 metros de altura. O tempo estava claro, com
excelente visibilidade. Eu ainda tenho as notas que escrevi durante o encontro com o capitão e
sua esposa:

• O objeto parecia como dois pires invertidos voltados um para o outro, com um contorno
preciso, de cor metálica cinza na parte de cima e azul escuro embaixo, sem luzes ou vigias.
• Estava a cerca de 3 metros do solo, não estabilizado, e então subiu para o nível das árvores,
enquanto oscilava continuamente. Depois, desceu novamente, sempre oscilando. Depois,
inclinou-se e acelerou rapidamente para atingir uma velocidade muito superior àquela do
Mirage III, e desapareceu.

O Capitão Fartek e sua esposa forneceram muitos outros detalhes. Havia um claro traçado
entre a parte de cima e a de baixo da aeronave, e a diferença na cor não poderia ser devida aos
efeitos da luz do sol. A claridade e a precisão da forma do objeto não deixavam dúvidas de que
era algo sólido e físico. O disco parecia girar simetricamente ao redor de um eixo, mas a
oscilação era lenta, como se estivesse tentando encontrar o equilíbrio. Movia-se sem qualquer
ruído. As testemunhas puderam ver claramente as árvores bem atrás dele, mas não puderam
dizer se ele produzia alguma sombra. O Capitão Fartek cuidadosamente verificou se havia
turbulência sob o objeto enquanto ele flutuava, mas não conseguiu detectar nenhuma, e não
deixou qualquer marca no solo. Sua velocidade de partida foi tão extraordinária, que
desapareceu no horizonte em poucos segundos.
O Capitão Fartek relatou este incidente à estação de guarda aérea na base. Ele diz que
outras pessoas também viram o fenômeno, mas não ousaram relatá-lo, tais como seus vizinhos
com seus filhos. Naquela época, o comandante da base instruiu Fartek a não falar sobre isso,
por que tinha medo do ridículo.
Fartek ficou muito aborrecido com a experiência. Ele me contou, quando nos encontramos,
que o avistamento colocou em questão sua percepção do que era então chamado de “disco
voador”, porque ele nunca tinha acreditado neles. Agora, ele reconheceu para mim, depois de
ver essa aeronave, que ele não mais duvidava de sua existência. Ouvindo seu testemunho, eu
também não tinha mais dúvidas sobre a realidade do fenômeno. De fato, tomados em conjunto,
achei o testemunho dos Farteks tão perturbador, que fiquei preocupado com o problema dos
OVNIs desde então. Em 1996, depois que me tornei major, o Capitão Fartek foi entrevistado
para o estudo COMETA que eu iniciei e, mesmo então, após dezessete anos, ele ainda estava
abalado com o que viu. O seu caso foi documentado em nosso relatório, na seção sobre
avistamentos do solo.
A decisão de criar um “Comitê de Estudos Abrangentes”, de doze membros, abreviado
para COMETA, para estudar os OVNIs, foi tomada em 1996, dentro da associação de
auditores veteranos do Instituto Francês de Estudos Superiores para a Defesa Nacional, uma
agência de planejamento estratégico financiada pelo governo. Uma vez que a França vem
estudando oficialmente casos de OVNIs há vinte anos, dados substanciais de casos bem
investigados e documentados foram coletados por nossa agência governamental. De fato, a
França era líder mundial neste processo. Sentimos que era hora para uma avaliação, analisando
a situação atual ao redor do mundo e questões de defesa, e a necessidade de cooperação
internacional para lidar com este problema global.
Iniciei o estudo privado e tornei-me o presidente do grupo. O General Norlain, antigo
comandante da Força Aérea Tática francesa e conselheiro do Primeiro Ministro, e André
Lebeau, antigo chefe do CNES, ficaram felizes em nos ajudar e concordaram em desempenhar
papéis principais. Nessa época, nós três já estávamos aposentados da carreira militar, embora
eu fosse, até 2002, o presidente de uma companhia aeronáutica que trabalhava principalmente
para a Defesa francesa.
A investigação durou de 1996 até 1999. Começamos entrevistando pessoas que tinham
testemunhado fenômenos OVNI na França e, depois, fizemos a revisão dos melhores casos
reconhecidos e totalmente estudados ao redor do mundo. Coletamos dados apenas de fontes
oficiais, autoridades governamentais, pilotos e Forças Aéreas, da França e de outros países. No
processo, avaliamos e consolidamos as melhores informações e apresentamos nossa pesquisa
às autoridades francesas apropriadas.
Todos os testemunhos que retivemos para o Relatório COMETA apoiam-se em peças
tangíveis de evidência: ecos no radar, sinais no solo, fotografias, fenômenos eletromagnéticos
e até modificações no processo de fotossíntese em plantas. Muitos dos relatos fornecidos por
testemunhas totalmente independentes confirmam uns aos outros. Ficou claro que pelo menos
5% dos avistamentos, dos quais há sólida documentação, não podem ser atribuídos a fontes
naturais ou humanas. Nossos especialistas examinaram todas as explicações possíveis para
estes casos.
Queremos demonstrar que o fenômeno OVNI é real e não o resultado de fantasia. Fiquei
atônito ao descobrir, e agora saber com certeza, que objetos silenciosos e completamente
desconhecidos algumas vezes penetram em nosso espaço aéreo com capacidades de voo
impossíveis de serem replicadas na Terra. E esses objetos parecem ser operados por algum tipo
de inteligência. O Relatório COMETA demonstra, de maneira direta, que a hipótese
extraterrestre é a explicação mais racional, embora, naturalmente, não possa ser provada.
Desde a liberação do relatório, tenho citado frequentemente o General Thouverez,
comandante da Força Aérea de Defesa da França, que, em 2002, reconheceu que objetos
desconhecidos podiam algumas vezes ser vistos no céu da França e que, consequentemente,
era nossa responsabilidade estudá-los seriamente84.
Devido a afirmações como essa, meus colaboradores e eu acreditamos que era importante
submeter o Relatório COMETA às mais altas autoridades do Estado e o enviamos para o
Primeiro Ministro e para o gabinete militar do presidente. No interesse de informar o público,
também o publicamos na França. Na época de sua liberação, a França tinha reduzido
consideravelmente os esforços de sua agência nacional sobre OVNIs, no CNES, deixando
apenas dois funcionários. Após a liberação de nosso relatório, a agência foi ressuscitada e
renomada para GEIPAN, um processo provavelmente facilitado pelo apoio de nosso grupo. O
Relatório COMETA tem, desde então, recebido reconhecimento mundial - apesar de alguma
difamação virulenta da parte de certas pessoas - e quando se lê cuidadosamente seus achados
impossíveis de ser ignorados.
Advogamos uma forte cooperação internacional na investigação dos OVNIs, com os
Estados Unidos em particular, e continuamos a fazer isso. Os avistamentos, em novembro de
2006, sobre o Aeroporto O’Hare, perto de Chicago, e sobre Guernsey, em abril de 2007, que
foram relatados por pilotos e controladores de tráfego aéreo, reforçaram nossa determinação de
não desistir desse esforço. Agora, temos esperança de que, enquanto continuamos a coletar
relatos de muitos colegas ao redor do mundo, facilitaremos enormemente a compreensão que
leva a um esforço internacional unificado, que determinará a verdadeira natureza e origem dos
OVNIs. Estamos prontos, em nosso país, a desempenhar um papel significativo em tal esforço.
CAPITULO 14 - A França e a Questão dos OVNIs
Por Jean-Jacques Velasco

Jean-Jacques Velasco foi o responsável pela agência de OVNIs do governo francês por
mais de vinte anos. Embora tenha começado suas investigações depois do fechamento do
Projeto Livro Azul, trabalhou para o governo consistentemente por quase o mesmo
período de tempo que J. Allen Hynek trabalhou para o governo americano. Permaneceu
focado e dedicado, como o fez Hynek, tornando-se uma das figuras mais conhecidas do
mundo no que se refere aos OVNIs. Velasco era um engenheiro, que trabalhava no
desenvolvimento dos satélites franceses, no CNES, quando se envolveu com a nova
agência, estudando fenômenos aeroespaciais não identificados, no ano em que foi
fundada, 1977, por Yves Sillard. Seis anos depois, tornou-se responsável por essa agência.
Ao longo de seu mandato, Velasco trabalhou abertamente dentro da agência nacional
espacial francesa nas investigações sobre OVNIs e não foi sobrecarregado por uma
estrutura militar restritiva e complexa. Permanece ativamente envolvido com estudos de
caos sobre OVNIs até hoje e é autor de vários livros sobre o assunto.

Durante vinte e um anos85, de 1983 a 2004, fui diretor do programa francês que investiga e
analisa fenômenos aeroespaciais não identificados. Trabalhando dentro da estrutura de uma
missão oficial com responsabilidades específicas, impus a mim mesmo, como era meu dever,
uma grande reserva ao expressar quaisquer interpretações ou conclusões sobre a questão dos
OVNIs. Agora, tudo isso mudou. Depois dessas décadas de experiência e conhecimento
adquiridos, não mais me cerceio e posso expressar minhas conclusões pessoais com completa
liberdade de consciência. Portanto, escolhi falar aqui mais livremente e com mais abertura do
que em minhas prévias publicações.
Primeiro, é possível mostrar, usando os dados de casos oficialmente estabelecidos listados
em todo o mundo, de que os OVNIs - objetos materiais - existem e são distintos de quaisquer
fenômenos comuns. Esses casos são poucos, mas suas características extraordinárias e efeitos
físicos demonstram esse fato sem ambiguidade. Com base em casos bem estabelecidos, não há
dúvidas da existência dos OVNIs.
Os OVNIs parecem ser “objetos artificiais e controlados” e suas características físicas
podem ser medidas por nossos sistemas de detecção - particularmente o radar. Eles exibem
uma física aparentemente muito diferente daquela que empregamos nos países mais
tecnologicamente avançados. Os radares de solo e de bordo mostram que suas performances
excedem enormemente nossas melhores capacidades aeronáuticas e espaciais. Tais
capacidades incluem luzes estacionárias e silenciosas, acelerações e velocidades que desafiam
as leis da inércia, efeitos sobre a navegação eletrônica ou sistemas de transmissão, e a aparente
habilidade de induzir apagões elétricos. Quando encontrados por aeronaves militares, esses
objetos parecem capazes de antecipar e neutralizar as manobras defensivas dos pilotos, tais
como em casos notáveis como aquele do General Parviz Jafari, sobre Teerã, e os incidentes na
Base da Força Aérea de Malmstrom86. Em tais encontros, o fenômeno OVNI parece se
comportar como se estivesse sob algum tipo de controle inteligente.
Minha relação com esse assunto começou em 1977, quando estava trabalhando como
engenheiro no CNES, a agência espacial francesa. Naquele ano, o CNES se tornou responsável
pelo lançamento de uma investigação oficial do fenômeno OVNI, na França, sob os auspícios
de uma nova agência interna, chamada GEPAN87. Logo entendi porque o CNES estabeleceu
esse departamento: a França estava lidando com a questão de fenômenos aeroespaciais não
identificados havia mais de vinte e cinco anos.
Começou em 1951, quando três pilotos da Força Aérea, voando em caças separados
Vampire F-5B, encontraram um objeto redondo, prateado e brilhante. Dois tentaram cercá-lo,
mas ele foi muito mais rápido do que eles. Seguiu-se uma onda OVNI em 1954, na qual
policiais de toda a França metropolitana coletaram mais de 100 relatos oficiais de “discos
voadores”, alguns dos quais foram classificados como “encontros próximos”. Em um caso,
observado por vários milhares de pessoas, alguma coisa estranha voou para frente e para trás
sobre Tananarive, que é hoje Antananarivo, a capital de Madagascar. As testemunhas estavam
fazendo compras em um mercado aberto no começo da noite e ficaram congelados no lugar
pasmos com o que viram. Eles descreveram uma espécie de bola verde do tamanho de um
avião, seguida por um objeto metálico com forma semelhante à de uma bola de rúgbi. Cães
corriam e uivavam por toda a cidade e o gado entrou em pânico e destruiu as cercas de seus
currais. O mais extraordinário foi o fato de que, durante o voo sobre a capital deste fenômeno,
o sistema público de eletricidade apagou e retornou alguns minutos mais tarde, depois da
partida da “grande bola verde” e seu companheiro aparente. Como seria de se esperar, houve
um clamor público e muita cobertura pela imprensa, que propôs uma investigação pelas
autoridades governamentais francesas.
Vinte anos depois, em 1974, o Ministro da Defesa, Robert Galley, declarou na rádio
nacional que existia um fenômeno inexplicado, que precisava ser estudado. Naquela época, eu
não tinha ideia de que me tornaria tão envolvido com essa investigação. Nossa primeira tarefa
no GEPAN, compreendi, era estabelecer uma rede entre a polícia, o Exército, a Força Aérea, a
Marinha, metereologistas, oficiais da aviação e uma metodologia, de modo que os dados dos
avistamentos pudessem ser relatados e centralizados. Um conselho científico, composto de
astrônomos, físicos, juristas e outros cidadãos eminentes, encontrava-se anualmente para
avaliar e dirigir os estudos.
Esta primeira fase, de 1977 a 1983, chegou a três conclusões básicas, que ainda
permanecem válidas:

• A vasta maioria dos relatos de OVNIs pode ser explicada após análise rigorosa.
• Porém, alguns fenômenos não podem ser explicados em termos da física, psicologia ou
psicologia social convencionais.
• Parece altamente provável que esta pequena porcentagem de fenômenos aeroespaciais não
identificados tem uma base física.

Gradualmente desenvolvi uma expertise nesses estudos e, começando em 1983, passei a ser
o responsável pelo GEPAN. Seguindo estes passos iniciais, começamos a desenvolver uma
abordagem mais teórica, mas ainda rigorosa, desses estudos. Ficou claro no início que seria
necessário considerar tanto a natureza física quanto psicológica do fenômeno. Para entender
completamente o relato de uma testemunha, tínhamos de avaliar não apenas o relato, mas
também a sua personalidade e o seu estado mental, o ambiente físico no qual o evento ocorreu
e o ambiente psicossocial da testemunha. O GEPAN criou um banco de dados, único no
mundo, de todos os casos de avistamentos de fenômenos aeroespaciais registrados pelas
autoridades francesas desde 1951, o que permitiu a análise estatística.
Adotou-se uma classificação que coloca os fenômenos aeroespaciais não identificados
(FANI) em quatro categorias:

Tipo A: O fenômeno é total e inequivocamente identificado.


Tipo B: A natureza do fenômeno provavelmente foi identificada, mas restam algumas
dúvidas.
Tipo C: O fenômeno não pode ser identificado ou classificado devido a dados insuficientes.
Tipo D: O fenômeno não pode ser explicado, apesar dos relatos precisos das testemunhas e
da boa qualidade da evidência recolhida no local.

Nos casos do Tipo D, aqueles que permanecem inexplicados, também foi adotada uma
subcategorização, usando a classificação “Encontros Próximos” estabelecida pelo Dr. J. Allen
Hynek, baseada na distância do avistamento e nos efeitos gerados pelo fenômeno.
Essas investigações no local, realizadas a pedido da polícia ou de autoridades da aviação
civil e militar, seguidas por análise científica, tornou possível confirmar a existência de raros
fenômenos físicos, classificados como inexplicados (FANI), que não se conform am a
quaisquer fenômenos conhecidos naturais ou artificiais. A análise estatística e as pesquisas
realizadas desde a criação do GEPAN tornou isso ainda mais claro. A categoria do Tipo D
continha mais casos ocorridos durante alguns períodos incomuns, chamados “ondas”, como a
onda de 1964, onde aproximadamente 40% dos casos do banco de dados pertencem a essa
categoria.
O GEPAN iniciou várias linhas de pesquisa, envolvendo outros laboratórios e consultores e
países onde eventos semelhantes ocorreram. Isso nos permitiu fazer comparações com
arquivos e bancos de dados adicionais. Trabalhamos desenvolvendo sistemas aprimorados de
detecção, tais como análise de imagens de fotografias e vídeos.
Em 1988, o GEPAN tornou-se uma nova agência, chamada SEPRA88, para ampliar a
missão, de modo a incluir a investigação de todos os fenômenos de reentrada, incluindo
detritos provenientes de satélites, lançamentos, etc. Quando um objeto não identificado deixa
vestígios ou qualquer tipo de efeito marcado no ambiente, que possa ser registrado e medido
por sensores ou instrumentos, referimo-nos a eles como OVNI. Entre os casos de vestígios
físicos sobre o solo que foram completamente investigados, três deles sofreram análises
rigorosas e não puderam ser categorizados como objetos conhecidos.
Em novembro de 1979, uma mulher chamou a polícia para dizer que um disco voador tinha
pousado em frente à casa dela. Os policiais foram imediatamente ao local de pouco relatado e
o GEPAN foi também, com uma equipe multidisciplinar de investigadores. Outra testemunha
forneceu um relato independente de um objeto pousando. A evidência visível incluía uma área
gordurosa achatada em uma direção uniforme e a análise da fisiologia das plantas foi, em
seguida, enviada para uma respeitada universidade. Uma vez que esta era a primeira vez que
coletávamos amostras de solo e vegetais de um presumido local de pouso, protocolos rigorosos
ainda não tinham sido estabelecidos para a sua análise e nenhum resultado significativo foi
obtido.
Porém, isso mudou com o caso Trans-em-Provence, um dos casos mais conhecidos da
França. Por volta das 5 horas da tarde de 8 de janeiro de 1981, o eletricista Renato Nicolai
estava construindo um pequeno abrigo para uma bomba d’água em seu jardim, naquela tarde
ensolarada. Ele ouviu um assobio baixo vindo do alto. Olhando ao redor, viu um objeto ovóide
no céu, que se aproximou do terraço no fundo do jardim e pousou. A testemunha se aproximou
cautelosamente, para observar o estranho fenômeno por trás de uma oficina, mas, em um
minuto, o objeto elevou-se e moveu-se na mesma direção em que tinha vindo. E continuava a
emitir aquele assobio baixo. Enquanto o objeto ia embora, Nicolai viu duas protrusões
redondas na parte de baixo, que ele disse parecerem com mecanismos de pouso. Ele se
aproximou da cena do aparente pouso e observou depressões circulares separadas por uma
coroa sobre o solo. No dia seguinte, depois de observar o quão aborrecido ele ficou durante a
noite, sua esposa chamou a polícia, que veio à casa deles e encontrou dois círculos
concêntricos no solo, um com 2,2 metros de diâmetro e outro com 2,4 metros de diâmetro, com
uma área elevada entre eles de 10 centímetros de largura. Eles recolheram amostras do solo e
amostras de controle da área externa.
Os investigadores do GEPAN foram até o local um mês depois, recolheram amostras
adicionais do solo compactado e das plantas próximas, coletaram amostras de controle e
entrevistaram novamente o Sr. Nicolai. Os vestígios físicos deixados pelo “objeto” forneceram
aos laboratórios muita informação útil sobre sua natureza, sua forma e suas características
mecânicas.
A análise bioquímica realizada na alfafa silvestre do local revelou grande deterioração da
vegetação, aparentemente causada por campos eletromagnéticos poderosos. O Dr. Michel
Bounias, do Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas, mostrou que a degradação vegetal
foi provavelmente devida a micro-ondas pulsadas. No ano seguinte, novas medidas obtidas
mostraram que a alfafa tinha retornado à sua atividade biológica normal.
A Investigação do GEPAN durou dois anos inteiros e chegou a algumas conclusões
interessantes. Houve evidência de uma forte pressão mecânica, provavelmente devida a um
peso elevado sobre a superfície do solo e, simultaneamente ou imediatamente, o solo foi
aquecido entre 300° e 600° C. Na vizinhança imediata desses vestígios, o teor de clorofila das
folhas da alfafa silvestre foi reduzido de 30 a 50%, inversamente proporcional à distância do
local de pouso. As folhas da alfafa mais jovem experimentaram uma perda maior de clorofila
e, além disso, exibiram “sinais de senescência prematura”. Através de comparações, a análise
bioquímica mostrou numerosas diferenças entre amostras obtidas perto do local e aquelas mais
distantes.
O relatório concluiu que “era possível mostrar qualitativamente a ocorrência de um evento
importante, que trouxe consigo deformações importantes do terreno, causadas pela massa,
mecânica, um efeito do calor e, talvez, certas transformações e depósitos de traços minerais”.
A radiação nuclear não parece contar em relação aos efeitos observados, mas algum tipo de
campo elétrico poderia ter a ver com as reduções da clorofila89.
Cerca de um ano depois do caso de Trans-em-Provence, o assim chamado caso Amaranto
de 1982 envolveu o avistamento diurno por um cientista (M.H., um biólogo celular) de um
minúsculo objeto de cerca de 1 metro de diâmetro, flutuando sobre o seu jardim. A testemunha
viu, primeiro, a brilhante aeronave voadora às 12h35min, na frente de sua casa, fazendo uma
lenta descida. Ele recuou, pois o objeto parecia se mover em sua direção, até que ele parou a
cerca de 1 metro do solo, e ficou ali, pairando silenciosamente, por cerca de 20 minutos, tempo
medido pelo cientista em seu relógio. Ele não ficou assustado e, sendo um cientista, fez uma
observação precisa, detalhada. Descreveu-o como oval e assemelhando-se a dois pires de metal
acoplados, um sobre o outro. A metade superior era um meio domo verde azulado.
Repentinamente, o objeto disparou para cima, como se fortemente sugado, e a grama sob ele
momentaneamente ficou reta, mas não deixou nenhum vestígio visível sobre o solo.
A polícia fez observações extensas sobre o evento nas cinco horas seguintes e relatou seus
achados ao GEPAN, que enviou uma equipe de investigadores quarenta e oito horas depois. De
grande interesse foram os vestígios visíveis deixados na vegetação circundante,
particularmente em um arbusto de amaranto, cujas folhas estavam dessecadas, desidratadas
após o evento. Os frutos de outras plantas ao redor de onde o objeto ficou pairando pareciam
ter sido cozidos. Análises bioquímicas mostraram que esses efeitos só podiam ter sido
causados por um forte fluxo de calor, muito provavelmente devido a campos eletromagnéticos
poderosos, causando desidratação. Esse campo elétrico deve ter excedido 200kV/m ao nível da
planta, o que poderia também ter feito as lâminas das folhas de grama se levantarem.
Investigações subsequentes mostraram que esse fenômeno poderia ser reproduzido em
laboratório, usando campos elétricos muito intensos.
Um psicólogo responsável pela análise do testemunho e pelo perfil psicológico da
testemunha concluiu, em seu relatório, que essa história não tinha sido inventada e que a
testemunha não era nem mitomaníaca nem fraudadora.
Tais investigações de campo demonstraram a possibilidade da realidade física dos FANIs,
mas, de fato, casos aeronáuticos são aqueles que fornecem resultados mais convincentes sobre
este assunto. Diferentemente das testemunhas no solo, os pilotos estão operando dentro da
estrutura de transporte ou em missão de segurança aérea, seguindo as diretivas dos centros de
controle de navegação civis ou militares. São observadores neutros e altamente treinados,
quando os avistamentos ocorrem. Tais observações de estranhos fenômenos aéreos não
identificados por pilotos civis e militares, na França, levaram à criação de um banco de dados
de 150 casos de FANIs aeronáuticos, começando em 1951. A classificação nas quatro
categorias mostrou que mais de 10% (mais de 15 casos) pertenciam ao Tipo D, aqueles que
não podem ser explicados, apesar dos relatos precisos da testemunha e de evidência de boa
qualidade. Em cerca de metade desses casos, efeitos ambientais, tais como interferência
eletromagnética nos instrumentos de bordo e/ou perturbações na conexão via rádio com os
controladores de tráfego aéreo, foram relatados pelos pilotos, quando os OVNIs estavam
próximos.
Em janeiro de 1994, o SEPRA investigou um caso que se tornou o caso mais excepcional
documentado nos céus da França. Em 28 de janeiro, o comandante Jean-Charles Duboc e o
copiloto Valerie Chauffour estavam pilotando o voo 3532 da Air France, fazendo a conexão
Nice-Londres, a uma velocidade de 350 nós (aproximadamente 650 km/h), no começo da
tarde. A visibilidade era excelente, quando um membro da tripulação informou o comandante e
seu copiloto sobre um objeto escuro à esquerda do avião, que ele achava ser um balão
meteorológico. Eram 13hl4min GMT, e o sol estava no zénite. Inicialmente, Duboc achou que
era uma aeronave parada num ângulo de 45 graus. Mas logo os três concordaram que não era
um objeto familiar. Estimaram a distância em 50 km (22 milhas) e uma altitude de 10 km (seis
milhas). Inicialmente parecia ter uma forma de sino e, depois, mais semelhante a uma lente ou
disco, marrom e largo, e as testemunhas ficaram chocadas com suas mudanças de forma. Após
cerca de um minuto, ele desapareceu quase instantaneamente, como se, repentinamente,
tornasse-se invisível, sem qualquer trajetória de escape. A duração desse avistamento foi de
aproximadamente um minuto.
O comandante Duboc relatou o incidente às autoridades do centro de controle de
navegação aérea, em Reims, que não tinha qualquer informação sobre qualquer artefato no
local. Um relatório foi, então, enviado ao SEPRA, que o classificou como do Tipo C, isto é,
que foi insuficientemente documentado para identificação. Porém, Reims contatou o centro de
operações de defesa, em Taverny, o CODA, e nós, posteriormente, aprendemos algo
importante que nos permitiu reclassificar esse evento como um claro Tipo D: o CODA
registrou um traço no radar de seu centro de controle, em Cinq-Mars-La-Pile, que correspondia
tanto na localização quanto na hora da observação pela tripulação do voo 3532 da Air France.
O objeto desapareceu do radar e da vista da tripulação no mesmo instante. As investigações do
CODA excluíram a possibilidade de um balão metereológico. Devido à precisa distância de
cruzamento das duas trajetórias ser conhecida, os especialistas estimaram que o OVNI tinha
cerca de 225 metros de comprimento.
No estudo de casos da aviação, uma contribuição importante foi feita pelo destacado
investigador francês independente90 Dominique Weinstein, que catalogou 1.305 casos de
FANIs e avistamentos de OVNIs por pilotos - casos para os quais os dados adequados os
categorizam como desconhecidos - coletados de fontes oficiais, incluindo o material que eu
forneci do CNES/SEPRA. Os resultados obtidos são interessantes: 606 casos (36,7%) são
avistamentos realizados por pilotos militares e tripulações; 444 casos (26,9%) são avistamentos
por pilotos civis; e 196 casos (11,8%) por pilotos privados. Em 200 casos (12.1%) a
observação visual foi confirmada pelo radar de bordo ou pelo radar de solo. E em 57 casos
(3,45%), os pilotos observaram efeitos eletromagnéticos e perturbações em um ou mais
sistemas de transmissão do avião.
Em combinação com o radar, podemos esboçar um quadro claro da materialidade das
manobras dos OVNIs no espaço aéreo. A análise de certas características e manobras desses
objetos indica comportamentos que não têm nada a ver com qualquer fenômeno natural ou
com operações realizadas por aeronaves ou máquinas aeronáuticas e espaciais.
Um ponto crucial que notei, mostrado no estudo de Weinstein, é que o comportamento de
um OVNI depende de se o encontro envolve uma aeronave militar ou um avião de passageiros
civil. A neutralidade normalmente parece ser a regra geral com companhias aéreas comerciais
e aviões privados, mas ocorre uma interação ativa entre OVNIs e aviões militares. Os pilotos
militares geralmente descrevem os movimentos dos OVNIs como se eles fizessem manobras
aéreas de aeronaves convencionais, usando termos tais como perseguições, fugas, giros
agudos, em formação, colisão próxima, e combate aéreo. Vinte e dois casos militares, no
catálogo de Weinstein, envolvem quase perdas, e seis incluem “combates” relatados ou
manobras de combate entre os OVNIs e as aeronaves militares. Concluo que esses incidentes
claramente demonstram que de maneira nenhuma estes sejam exemplos de eventos naturais,
mas que os OVNIs são fenômenos com comportamento deliberado. A natureza física dos
OVNIs foi provada. Alguns deles também exibem controle inteligente, quando interagem com
aviões militares.
Gostaria de propor uma hipótese intrigante, que é importante para mim, pessoalmente. De
minha parte, foi necessário fazer alguma pesquisa, que se estendeu para fora da França e para
os Estados Unidos. Acredito que haja uma conexão entre poder nuclear estratégico, bombas
atômicas, e a presença de objetos artificiais não identificados no céu. Isso é sugerido pelos
dados coletados durante várias décadas. Poderia ser parte das respostas à questão de por que os
OVNIs estão presentes em nosso ambiente.
Achei muito interessante que esta associação entre locais estratégicos sensíveis e sobrevoos
de “discos voadores” tenha sido proposta dentro da Força Aérea Americana, durante a Guerra
Fria. A Inteligência da Força Aérea observou que muitos dos avistamentos ocorriam sobre
“instalações sensíveis”. De acordo com um documento, um encontro foi realizado em 16 de
fevereiro de 1949, em Los Alamos, Novo México, que incluiu Edward Teller, “o pai da bomba
H”. O Comandante Richard Mandelkorn, da Marinha americana, escreveu, em seu relatório
sobre o encontro, que “há causa de preocupação91 com as ocorrências continuadas de
fenômenos inexplicáveis dessa natureza nas vizinhanças de instalações sensíveis”. E um
memorando da Inteligência do Exército, escrito um mês antes delineando diferentes teorias
para estes “fenômenos extraordinários”, estabeleceu quase a mesma coisa: “Sente-se que estes
incidentes92 são de importância muito grande, especialmente quando ocorrem na vizinhança de
instalações sensíveis”. Em 28 de abril de 1949, o Dr. Joseph Kaplan, membro do Conselho
Científico Consultivo da Força Aérea, recomendou uma investigação científica sobre os
“fenômenos aéreos não identificados” observados e enfatizou que “isso era de extrema
importância”, porque “essas ocorrências estão relacionadas com a Defesa Nacional dos
Estados Unidos”93.
Tais documentos históricos nos possibilitam entender as origens da conexão entre OVNIs e
bases nucleares, e ver que este problema foi assumido muito seriamente por autoridades
militares e governamentais. Mais explícita foi a parte de um relatório de George E. Valley,
físico do MIT e perito em radiação e membro do Conselho Científico Consultivo da Força
Aérea, submetido ao Projeto Sign da Força Aérea, em 1949. Valley varreu para o lado todas as
suposições de fenômenos conhecidos naturais e artificiais e avançou para a hipótese de objetos
extraterrestres, especificamente “naves espaciais”. Ele estabelece que qualquer “civilização
extraterrestre”, que constrói esses objetos, teria de ser muito mais desenvolvida do que a nossa.
E continua a escrever:

Tal civilização poderia observar que, na Terra, nós agora temos bombas atômicas e
estamos desenvolvendo rapidamente foguetes. Em vista do passado histórico da
humanidade, eles devem estar alarmados. Deveríamos, portanto esperar, nesta época acima
de tudo, observar tais visitações.
Uma vez que os atos da humanidade, muito facilmente observados à distância, são
explosões de bomba A, devemos esperar alguma relação entre o tempo das explosões da
bomba A, época em que as naves espaciais foram vistas, e o tempo necessário para que tais
naves cheguem e voltem para sua base94.

Temos em registro o número de explosões e testes realizados pelo mundo, na atmosfera até
1963 e subterrâneas de 1958 até 1998, desde a primeira explosão no deserto do Novo México,
em 1945, até o mais recente na Índia, em 1998, um total de mais de 2.400 explosões (543
testes atmosféricos e 1.876 explosões subterrâneas). Comparando testes nucleares a cerca de
150 casos de OVNIs visuais/radar recolhidos desde 1947, notamos que as curvas são
praticamente superpostas no tempo e que coincidem, com não mais do que alguns meses
aparecendo entre o número de explosões e uma das aparições de OVNI. Esta similaridade das
duas curvas sugeriria que a presença provada dos OVNIs está relacionada à atividade
estratégica nuclear no mundo. Baseio minha hipótese em meus estudos de documentos oficiais,
locais e zonas de avistamentos de OVNIs e observações feitas por pessoal civil e militar
ocupando altos postos e envolvidas em programas secretos. Há numerosos exemplos de
OVNIs voando sobre ou próximos a bases do comando aéreo estratégico e outras bases
militares nos Estados Unidos, especialmente aqueles documentados durante a década de 1960.
De fato, voos de “bolas de fogo verdes” e “discos voadores” ocorreram sobre locais
sensíveis dos Estados Unidos, tais como Los Alamos, Albuquerque, Kirtland AFB, Alamo-
gordo, e Holloman AFB. Os perímetros de Oak Ridge, Hanford e Knoxville, onde eram
produzidos os materiais para as bombas nucleares, também foram sobrevoados. E outros
exemplos foram documentados: Great Falls e Malmstrom AFB (Montana); Fairchild
(Washington); Kincheloe, Wurtsmith e Sawyer AFB (Michigan); Plattsburg (Nova York);
Loring AFB (Maine); e Pease AFB (New Hampshire)95. Talvez se houvesse algum tipo de
monitoramento, ele manifestasse mais fortemente quando existisse uma situação de crise
nuclear no planeta. Em 16 de março de 1967, na base da Força Aérea de Malmstrom, em
Montana, aproximadamente 20 mísseis nucleares foram repentinamente fechados, enquanto
OVNIs estavam bem próximos.
Algo muito extraordinário também ocorreu um ano antes, na Base da Força Aérea Minot,
em Dakota do Norte: em 24 de outubro de 1966, o sistema de mísseis Minuteman foi
adversamente afetado, durante uma tarde, enquanto OVNIs eram avistados do solo por
múltiplos observadores em três sítios de mísseis separados, durante mais de três horas, e dois
objetos foram captados pelo radar. As comunicações e radiotransmissões entre as várias
instalações que monitoravam os eventos foram interrompidas pela estática quando o OVNI
chegava perto do sítio.
Às 16h49min, os alarmes de segurança internos e externos do silo de mísseis Oscar 7
foram ativados na mesa de controle localizada a 16 km de distância. Uma equipe de segurança
foi despachada e descobriu que não apenas a cerca se abriu, mas a porta horizontal que fechava
o silo de mísseis também estava aberta. Essa porta de concreto reforçado pesava
aproximadamente 20 toneladas e não havia marcas de pneus e nem qualquer registro de uma
visita que pudesse ser responsável por isso.
Esse caso coloca fortemente em vista algumas questões sérias sobre a natureza desse
fenômeno, que foi responsável por: vários ecos de radar tanto de bordo quanto de solo; a perda
de transmissões UHF; a observação simultânea, tanto do solo quanto do ar, desta imensa bola
luminosa estacionária acima da zona do Oscar 7; o disparo do alarme; e a abertura da porta do
silo de 20 toneladas. As testemunhas principais desse incidente foram localizadas e
entrevistadas anos depois, confirmando esses eventos. O diretor de operações da Base da Força
Aérea Minot apresentou um relatório detalhado, liberado com os arquivos do Projeto Livro
Azul da Força Aérea.
Diferentemente do caso de Teerã, em 1976, onde as autoridades militares iraniana não
souberam como reagir à presença dos OYNIs, a Força Aérea Americana sabia que não deveria
intervir repentinamente pela força sobre o silo de mísseis Minuteman, mas deveria permanecer
tão neutra quanto possível diante desse tipo de situação.
Fico fascinado com a possível correlação entre atividade nuclear, localização de instalações
de armazenagem de armas nucleares e a presença de OVNIs. Podemos ver, em um gráfico, a
relação entre explosões atômicas e avistamentos, tanto visualmente quanto por radar, olhando a
similaridade das duas curvas. Não podemos ter certeza do porquê, mas talvez os OVNIs estão
“monitorando”, e essa atividade aumentou durante os tempos de atividade nuclear perigosa no
planeta.
Depois de muitos anos estudando os casos inexplicados mais importante, acho que
chegamos a um certo nível de conhecimento sobre os OVNIs. Eles parecem ser objetos
artificiais e controlados, cujas características físicas podem ser medidas por nossos sistemas de
detecção, particularmente o radar. Eles obedecem a uma física, que é de longe superior e mais
evoluída do que aquela de nossos países mais tecnologicamente avançados, ressaltada por voos
silenciosos e estacionários, acelerações e velocidades que desafiam as leis da inércia, os efeitos
sobre os sistemas de transmissão e navegação eletrônica da aeronave e os apagões elétricos.
Esses desempenhos foram mostrados pelo radar. Quando aviões militares estão diretamente
envolvidos, tais objetos são capazes de antecipar e neutralizar as manobras dos pilotos visando
missões de defesa e segurança. E alguns casos notáveis mostram a capacidade dos OVNIs de
aparentemente compreender uma situação particular ou antecipar intenções de fuga ou
neutralização militar. O fenômeno OVNI está definitivamente relacionado a algo controlado e
inteligente.
A única especulação que me permito fazer sobre os OVNIs é que, se são sondas artificiais,
não podem ser de origem terrestre e, consequentemente, precisam ser provenientes de algum
outro lugar. Se civilizações extraterrestres existem e têm a capacidade de chegar até nós, sua
motivação poderia bem ser monitorar nosso planeta, devido às preocupações causadas pelo
comportamento humano.
CAPITULO 15 - OVNIs e o Problema da Segurança Nacional

Enquanto a agência francesa, sob a direção de Velasco, estava focada no estudo científico da
evidência dos OVNIs, como um programa do Centro Espacial Nacional durante os anos 70,80
e 90, o governo americano não estava fazendo absolutamente nada visando os contínuos
avistamentos de OVNIs do outro lado do Atlântico, não importando quem os relatasse ou que
efeitos estavam produzindo sobre aeronaves ou instalações militares. Uma vez encerrado o
Projeto Livro Azul, a política pública americana parecia ser a de negar qualquer interesse em
OVNIs, mesmo se significasse evasivas óbvias ou se colocasse um pouquinho de verdade aqui
e ali. Idealmente, apesar dos dados extraordinários coletados na França e em outras partes do
mundo, o governo americano claramente esperava que as pessoas simplesmente esquecessem
completamente os OVNIs.
Declarações da Força Aérea no encerramento do Projeto Livro Azul geraram munição para
a negação dos OVNIs, que é usada até hoje, mostrando que nada mudou na América por mais
de quarenta anos. Quando abordada com alguma pergunta sobre OVNIs, a Força Aérea ainda
nos responde com as mesmas palavras - ironicamente chamadas de “ficha técnica” - que
começaram a ser usadas quando o Livro Azul foi encerrado. Estabelecendo que as
investigações sobre OVNIs foram interrompidas, a declaração apresenta três pontos -
exatamente os mesmos feitos pela Força Aérea, em sua nota em 1969, anunciando o
encerramento do Livro Azul. Ela afirmava então, como o faz hoje, que o governo americano
não mais investigará os OVNIs pelas seguintes razões:

• Nenhum OVNI relatado, investigado e avaliado pela Força Aérea deu qualquer indicação de
ameaça à segurança nacional.
• Não há nenhuma evidência submetida à ou descoberta pela Força Aérea de que os
avistamentos categorizados como “não identificados” representam desenvolvimentos ou
princípios tecnológicos além do conhecimento científico dos dias atuais.
• Não há evidência indicando que os avistamentos categorizados como “não identificados”
sejam veículos extraterrestres96.

Será que a “ficha técnica” da Força Aérea realmente nos apresenta os fatos do momento e
se aplica ainda hoje? Em contraste com outras agências do governo apresentadas neste livro,
um olhar por trás da cena de como o governo americano realmente se comportou em relação
aos OVNIs desde o fechamento do Livro Azul - apesar de sua posição pública - mostra uma
duplicidade oficial contínua e deixa muitas questões não respondidas sobre o que estava
realmente acontecendo.
Ao se examinar a ficha técnica, o segundo ponto pode ser discutido simplesmente pelo
estudo de casos de avistamentos registrados por múltiplas testemunhas naquela época e muitos
outros que ocorreram desde então, como aqueles do General Parviz Jafari e do Comandante
Oscar Santa Maria Huertas. O Dr. James Harder, um professor de engenharia civil da
Universidade da Califórnia, disse ao Comitê de Ciência e Astronáutica, em sua audiência de
196897: “Com base nos dados e nas regras comuns de evidência, como as que seriam aplicadas
nos tribunais civis PI criminais, a realidade física dos OVNIs tem sido provada para além da
dúvida razoável”. Os OVNIs demonstraram “segredos científicos que nós não conhecemos”98.
A questão da origem extraterrestre, o terceiro ponto, permanece uma hipótese não provada,
mas havia evidência suficiente na época para manter essa possibilidade, e certamente nenhuma
justificativa para julgar tudo completamente improcedente. O primeiro ponto, a declaração de
que os OVNIs nunca ameaçaram a segurança nacional, contudo, é a mais relevante para
qualquer governo, porque absolve as agências responsáveis pela defesa da nação de qualquer
responsabilidade de prestar atenção em objetos não identificados no céu.
Porém, esse primeiro ponto é falso. Nenhum OVNI, nem mesmo um, teve algum impacto
sobre a segurança nacional? “Ameaça” pode ser uma palavra muito forte e a escolha dessa
palavra em particular, como pronunciada pelo General Samford em sua conferência de
imprensa de 195299", foi o que permitiu que a Força Aérea convivesse com a declaração de que
nenhum OVNI tivesse dado alguma indicação de ameaça à segurança nacional. Nós ainda não
observamos um comportamento hostil ou agressivo da parte deles. Mas não há dúvidas de que,
nos anos seguintes a essa declaração, os OVNIs mostraram-se como motivo de preocupação
em relação à defesa ou segurança nacional, impactando nossas capacidades defensivas e
causando alarme durante a Guerra Fria.
Apesar da intenção do Painel Robertson de reduzir o foco público nos OVNIs por razões
de segurança nacional, o antigo diretor da CIA, o Vice-Almirante Roscoe Hillenkoetter, o
primeiro diretor da CIA, que serviu até 1950, não concordava com a posição da mesma, em
1953, de que os OVNIs deviam ser ridicularizados na arena pública. Em 1960, ele fez uma
declaração, como relatado no New York Times: “É hora da verdade ser trazida a público nas
audiências abertas do Congresso”. “Nos bastidores, oficiais de alta patente da Força Aérea
estão muito preocupados com os OVNIs. Mas através do ridículo e do sigilo oficial, muitos
cidadãos são levados a acreditar que os objetos voadores não identificados são um absurdo.
Para esconder os fatos, a Força Aérea silenciou seu pessoal.” A abertura do artigo, distribuído
através da United Press International, traz o seguinte:

A Força Aérea enviou a seus comandados um aviso para tratarem os avistamentos de


objetos voadores não identificados como “coisa séria”, diretamente relacionada com a
defesa nacional, soube-se hoje. Um porta-voz da Força Aérea confirmou a emissão da
diretiva após algumas partes dela se tornarem públicas por um grupo privado de “disco
voador”. Os novos regulamentos foram emitidos pelo inspetor geral da Força Aérea, em 24
de dezembro. Os regulamentos - revisando aqueles similares emitidos no passado -
delineiam procedimentos e dizem que “as investigações e análises dos OVNIs são
responsabilidade direta da Força Aérea para a defesa dos Estados Unidos.100”

Posteriormente naquele ano, o congressista Leonard G. Wolf deu entrada a um “aviso


urgente” do Vice Almirante Hillenkoetter no Registro do Congresso, afirmando que “certos
perigos estão associados a objetos voadores não identificados”, particularmente porque os
OVNIs podem causar uma guerra acidental, se confundidos com armas soviéticas. Ele indicava
que o General L. M. Chassin, coordenador dos Serviços Aéreos Aliados da OTAN, avisou que
uma tragédia global poderia ocorrer. “Se persistirmos na recusa de reconhecer a existência dos
OVNIs, terminaremos, um belo dia, por confundi-los com mísseis teleguiados de algum
inimigo – e o pior nos aconteceria”, disse ele. Baseado em um estudo de três anos realizado
pelo bem conhecido Comitê Nacional de Investigações sobre Fenômenos Aéreos (NICAP),
com o qual Hillenkoetter estava associado, o republicano Wolf declarou que para todo o
pessoal da defesa “deveria ser dito que os OVNIs são reais e deveriam ser treinados para
distingui-los - por suas velocidades e manobras características - dos aviões convencionais e
mísseis... O povo americano precisa ser convencido, por fatos documentados, que os OVNIs
não poderiam ser máquinas soviéticas”101.
Mais tarde, um tipo diferente de preocupação com a segurança nacional foi registrado e
não envolvia os russos, mas a própria segurança de nossas bases militares. Exatamente dois
anos antes de a Força Aérea dizer ao público que os OVNIs não eram uma ameaça à segurança
nacional, ocorreu um evento que alguns antigos oficiais militares acreditam contradizer
dramaticamente aquela conclusão, muito embora qualquer intenção proposital ou de ação
direta - por parte do OVNI - permaneça indeterminada.
Na manhã de 24 de março de 1967, o Primeiro Tenente Robert Salas, da Força Aérea, um
oficial lançador de mísseis, recebeu um chamado de um assustado guarda de segurança,
relatando um objeto de farma oval, vermelho brilhante, pairando diretamente sobre o Centro de
Controle de Lançamento Oscar Flight, na Base da Força Aérea Malmstrom, em Montana. Com
uma liberação “acima do Top Secret”, Salas tinha sido designado para aquela base, como parte
de uma equipe responsável pelos sítios de mísseis e pelo lançamento de mísseis com ogivas
nucleares, em caso de guerra. Salas imediatamente foi acordar o comandante da equipe,
Primeiro Tenente Fred Meiwald, que estava cochilando em sua pausa. Então, em um minuto
após a chamada telefônica, os mísseis começaram a fechar, um a um.
“Eles entraram em um não-ir’, enquanto o OVNI estava sobrevoando”, disse Salas. “Isso
significa que eles foram desligados, não podiam ser lançados”. Havia em Oscar Flight dez
mísseis, e Salas lembra que todos ficaram inativos. Os mísseis estavam localizados de oito a
dezesseis quilômetros do centro de controle onde o OVNI pairava e estavam cerca de 1,6 km
de distância um do outro, com fontes independentes de força. Uma semana antes, na manhã de
16 de março de 1967, a cerca de 56 km de distância de Oscar Flight, OVNIs tinham visitado
também as instalações de Echo Flight, e todos os seus mísseis foram igualmente desligados.
No total, vinte mísseis foram desabilitados no espaço de uma semana.
Um telex anteriormente confidencial declara que “todos os dez mísseis em Echo Flight, em
Malmstrom, perderam o início de alerta [alerta estratégico] em dez segundos um do outro... O
fato de não haver razão aparente para a perda de dez mísseis pode ser realmente identificado
como causa de grave preocupação neste quartel general”102. Salas soube pelos engenheiros da
Boeing, anos depois, que os técnicos verificaram cada causa possível para falhas de mísseis,
mas não foram capazes de encontrar uma explicação definitiva para o que aconteceu. Na
época, foi sugerido que a causa mais provável tenha sido algum tipo de pulso eletromagnético
diretamente introduzido no equipamento103. Qualquer que tenha sido a força envolvida, tinha
de penetrar 200 metros solo abaixo para causar seu dano.
Em 1995, quando o Tenente Salas tentou acessar os arquivos governamentais relativos ao
incidente, a Força Aérea enviou-lhe sua reedição da declaração pública de 1969 - a “ficha
técnica de hoje - de que nenhum OVNI nunca deu qualquer indicação de ameaça à segurança
nacional, com uma carta afirmando que essa declaração ainda era verdadeira. Dada sua
experiência e subsequente confirmação por outras testemunhas sobre o incidente de 1967 em
Malmstrom, Salas claramente não concorda com essa declaração da segurança nacional. “Ela é
simplesmente incorreta”, diz ele. “Se você considerar o fato de que este incidente com OVNI
resultou na perda de vinte mísseis durante a Guerra Fria e a Guerra do Vietnam, isso era uma
ameaça à segurança nacional. A Força Aérea não está nos dizendo a verdade.” Salas não é o
único antigo oficial da Força Aérea a tomar essa posição. Outros - o pessoal dos mísseis, a
polícia de segurança, os operadores de radar e os pilotos - apresentaram-se com relatos
similares104.
Podemos concluir que a declaração da Força Aérea justificando o fechamento do Projeto
Lvro Azul baseou-se em mentiras sobre questões de grande importância para o povo
americano naquela época. A negação sobre o quadro geral dos OVNIs era, em si mesma,
perigosa. E não fazia sentido. Poderiam os militares americanos realmente decidirem dar as
costas para os OVNIs em 1969, quando avistamentos impactantes estavam ocorrendo nas
bases aéreas? Parece inconcebível. Isso teria sido altamente irresponsável, uma violação do
dever. Mais provavelmente, o governo desinformou o público, para tirar os OVNIs da arena.
Um público cada vez maior exige respostas para as perguntas relativas a algo que a Força
Aérea não conseguiu explicar no final dos anos 60 e a estratégia da CIA de “treinar e
desmascarar” não foi suficiente para cuidar do problema. Talvez as autoridades responsáveis
quisessem reprimir o medo sobre quaisquer prejuízos associados aos OVNIs, uma vez que, de
qualquer modo, não podiam fazer nada com eles. Mas parece altamente improvável que todas
as investigações oficiais fossem simplesmente perdidas.
Agora, não temos mais que especular sobre essa questão, graças a um explosivo
documento do governo, anteriormente secreto e posteriormente liberado através do Ato de
Liberdade de Informação. Expedido secretamente dois meses antes do anúncio da Força Aérea,
em 1969, de que todas as investigações do governo sobre OVNIs seriam encerradas, ele mostra
que, de fato, os OVNIs eram considerados uma questão de segurança nacional e continuaria a
ser tratado como tal. O “Memorando Bolender”, como o documento passou a ser conhecido, de
outubro de 1969, ilustra a duplicidade da postura pública do governo em relação aos OVNIs.
O propósito do memorando, enviado pelo General Brigadeiro da Força Aérea Carrol H.
Bolender, um antigo piloto de caça noturno da Segunda Guerra Mundial, que posteriormente
se tornou administrador da missão Apollo da NASA, quando estava para terminar oficialmente
o Projeto Livro Azul. Ao enviá-lo, Bolender fazia questão de que os regulamentos já
estivessem prontos, através dos quais “os relatos de objetos voadores não identificados, que
poderiam afetar a segurança nacional” fossem feitos, relatos esses que não fossem “parte do
sistema Livro Azul”. Isso sugere que mesmo antes do encerramento do Livro Azul, os relatos
mais sensíveis já fossem sendo canalizados para outro lugar. Ele continua dizendo que “a
função de defesa poderia ser realizada dentro da estrutura estabelecida pela Inteligência e
operações de vigilância, sem a continuação de uma unidade especial como o Projeto Livro
Azul”. E depois:

O encerramento do Projeto Livro Azul não deixaria qualquer escritório federal oficial para
receber relatos de OVNIs. Porém, como já estabelecido, os relatos de OVNIs que poderiam
afetar a segurança nacional continuariam a ser controlados através dos procedimentos-
padrão da Força Aérea designados para este propósito. Presumivelmente, os departamentos
de polícia locais responderiam aos relatos que caíssem dentro de suas responsabilidades105.

Em outras palavras, os militares realmente não precisavam do Livro Azul - que era
simplesmente uma operação de relações públicas - para continuarem a lidar com os OVNIs.
Em vez disso, sem o escrutínio público, podiam continuar com as investigações de casos e
dizendo às pessoas que nunca houvera uma indicação de ameaça à segurança nacional por
parte de qualquer OVNI. Três pontos importantes ficaram claros no memorando Bolender,
desconhecido da maioria dos americanos e, provavelmente, da maioria dos oficiais militares e
funcionários do governo naquela época, o que nos conta a verdadeira postura do governo:

• Os OVNIs podem afetar a segurança nacional.


• Uma “função de defesa” pode ser necessária na resposta aos OVNIs.
• Relatos afetando a segurança nacional são “tratados” independentemente do Projeto Livro
Azul.

Não sabemos em que extensão os oficiais de baixa patente do Projeto Livro Azul, ou o
mais importante cientista do Projeto Dr. J. Allen Hynek, sabiam que alguns relatos de OVNIs
eram obtidos e investigados em outro lugar. O Dr. Condon, ao preparar a liberação de seu
estudo da Universidade do Colorado, acreditava que tinha acesso a todos os dados sobre
OVNIs dos arquivos do governo e que nada era escondido dele. O que parece ser um
pressuposto questionável. Embora alguns chefes tivessem altas posições, é possível que alguns
casos de segurança nacional nunca chegaram às suas mãos.
Depois que o Livro Azul foi fechado, sabemos que o governo americano continuou a ter
algum nível de envolvimento nas investigações de OVNIs, através de uma série de agências.
Apesar das afirmações em contrário, feitas pelo governo, esse fato foi revelado em documentos
oficiais liberados através do Ato de Liberdade de Informação. Dois exemplos flagrantes
envolvem os casos de tentativas de abater os OVNIs do Irã e do Peru, como contados
anteriormente pelo General Parviz Jafari e pelo Comandante Oscar Santa Maria. Os oficiais do
governo americano estavam interessados em ambos os casos e preencheram relatórios secretos
sobre eles naquela época - relatórios que demonstram que consideraram seriamente esses
casos, mas queriam manter esse interesse em segredo.
Por volta dessa mesma época, em 1975, os oficiais americanos ainda estavam lidando com
a atividade de OVNIs perto das Bases Aéreas do oeste dos Estados Unidos. A Força Aérea
Americana lançou jatos militares sobre Montana para dar caça a múltiplos objetos
desconhecidos, conforme detalhado no diário do diretor sênior do NORAD (Comando de
Defesa Aérea Norte-americana) daquela região. O diário de 8 de novembro de 1975 relata a
chegada de dois a sete OVNIs - um “objeto grande que passava de vermelho para laranja para
amarelo”, com luzes pequenas nele, e outro com luzes brancas e vermelhas. “Conversa sobre
os OVNIs; Aconselhado a ir em frente e lançar os caças, mas ter certeza e informar pilotos,
FAA”, diz o documento. Dois F-16 tentaram a abordagem, mas conforme os caças chegavam
mais perto, as luzes do objeto se apagavam e retornavam apenas quando os caças partiam.
Finalmente, o objeto acelerou para uma “alta velocidade”, disparou para cima e “agora não se
pode diferenciá-lo das estrelas”, relata o diário do NORAD106.
Esse relatório tem similaridades interessantes com outros casos nos quais o OVNI parece
“reagir” à aproximação dos jatos da Força Aérea. Aqui, de acordo com o NORAD, as luzes se
apagavam quando os aviões chegavam perto e, depois, não conseguiram ver os OVNIs.
Quando os jatos recuavam, as luzes reapareciam. Parece, uma vez mais, que algum tipo de
inteligência respondia e inventava um meio de “escapar”.
Os militares americanos relatavam tudo isso entre eles mesmos, mas mantinham isso longe
do povo americano. E havia mais. No dia seguinte, o diário registra o avistamento de “um
objeto em forma de disco branco e laranja”, o que resultou numa ordem para que “uma equipe
móvel de segurança” fosse investigar. Dois mais foram vistos em 12 de novembro: um
“pareceu estar enviando um raio de luz para o solo intermitentemente” e, depois, desapareceu.
Diferentemente dos relatos completos de perseguições de OVNIs por caças armados tanto
do Irã, do Peru e da Bélgica, os diários mais abreviados do NORAD não revelam a missão dos
jatos lançados da Força Aérea Americana. Os pilotos teriam atirado nos OVNIs caso
estivessem suficientemente perto e em posição de assim o fazer? Será que não consideraram os
objetos como uma ameaça potencial à segurança nacional? Que ações por parte dos objetos
poderiam ter provocado a agressão da Força Aérea? Os relatórios do Departamento de Defesa
afirmam que os OVNIs foram perseguidos pelos caças da Força Aérea, após o objeto ter
planado sobre três instalações supersensíveis de lançamento de mísseis nucleares, também em
1973, de acordo com o Washington Post. “Uma fileira de sítios de lançamento de mísseis
nucleares e bases de bombardeiros foram visitadas por esquivos objetos não identificados em
voo baixo”, relatou o Post107. Os avistamentos foram registrados pelo radar sobre instalações
em Montana, Michigan e Maine. Os objetos pairaram, em alguns casos até 3 metros do solo.
“Em várias ocasiões, após a segurança da base ter sido penetrada, a Força Aérea enviou aviões
de caça e aviões de comando aerotransportados para realizar uma perseguição infrutífera. “Os
registros não indicam se os caças atiraram nos intrusos”, continua o Post (ênfase nossa).
E, diz ele, que durante as perseguições, as tentativas de “deter” os objetos também não
tiveram sucesso. Deter? Isso é peculiar. Como os militares deteriam um deles? A única
maneira de deter tal aeronave seria fisicamente desabilitá-la ou abatê-la. A declaração do Post
sugere que a Força Aérea pode ter tentado fazer exatamente isso, mas não sabemos e não
fomos capazes de descobrir.
Sabemos muito, porém, sobre o que aconteceu, em 1976, sobre Teerã, e sobre o incidente
de 1980, no Peru, parcialmente por causa do interesse do governo americano em ambos os
casos, o que levou ao preenchimento de relatórios americanos em agências de Inteligência.
Pode-se assumir que os casos de Jafari e Santa Maria devem ter sido de particular interesse não
apenas por causa da ação militar realizada pelos pilotos contra os OVNIs, mas também porque
eles realmente interagiram com eles. Em ambos os casos, houve uma interação recíproca de
ação e resposta durante um grande período de tempo, um tipo de comunicação entre um
homem vulnerável em um avião pequeno e uma desconhecida máquina voadora altamente
tecnológica. Nenhum dos pilotos sabia de onde ele era ou por que estava lá. Mas durante esse
extenso combate, ambos foram capazes de observar bem de perto os objetos.
O aspecto de segurança nacional é óbvio - ou, talvez, segurança global seja a expressão
mais certa. Em suas tentativas de abater os OVNIs, nenhum piloto obteve sucesso, mas por
diferentes razões. Santa Maria atirou no objeto, na primeira vez, com uma barreira de balas,
que não tiveram absolutamente qualquer efeito. Mas, nas tentativas subsequentes, o objeto
subiu verticalmente a uma velocidade extremamente alta e evitou o fogo adicional. No caso de
Jafari, os mecanismos de acionamento do míssil ficaram inertes todas as vezes em que ele
estava a ponto de lançá-lo. Ambos os OVNIs demonstraram uma característica surpreendente:
repetidamente escaparam do ataque no último momento, exatamente quando os pilotos já
tinham fixado o alvo e estavam prontos a atirar, como se, de algum modo, eles “soubessem” ou
registrassem, de alguma maneira, quando os pilotos iam apertar o botão. Essas evasivas de
último minuto parecem muito perfeitamente realizadas a tempo, e foram repetidas inúmeras
vezes para serem consideradas coincidências. Ambos os casos estão entre as melhores
demonstrações registradas de algum tipo de controle inteligente da parte de um OVNI. Apesar
da distância entre eles, os objetos pareciam estar altamente focados nas ações dos caças com os
quais estavam batalhando. E nenhum OVNI retaliou ou prejudicou os jatos, apesar das
manobras agressivas destes. Poder-se-ia admitir que o governo americano claramente tinha
ficado interessado nesses eventos notáveis, apesar das afirmações contrárias. E ele estava. Os
documentos fascinantes da FOIA contam a verdadeira história.
Em 1976, o incidente iraniano foi a principal notícia em Teerã, e apareceu até mesmo na
televisão americana. Como descrito anteriormente pelo General Jafari, o Tenente Coronel Olin
Mooy, da Força Aérea Americana, compareceu à reunião do dia seguinte ao incidente. E foi
ele quem escreveu um memorando de três páginas para o governo americano, intitulado
“Avistamento de OVNI”, que foi classificado como secreto e distribuído, sob forma de
teletipo, da Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos para o secretário de estado,
para a CIA, para a Agência de Segurança Nacional, para a Casa Branca, e para a Força Aérea,
Exército e Marinha. Esse relato altamente incomum108 conta em detalhes a informação dada
por Jafari na reunião, incluindo uma descrição do objeto primário e dos objetos secundários,
menores; a perda dos instrumentos de bordo em conjunção com as tentativas de atirar e o
aparente pouso de um objeto.
Mais significativa foi a incrível avaliação da DIA da descrição narrativa feita por Mooy,
escrita pelo Major Coronel Roland Evans, em 12 de outubro de 1976. Ele declara que:

Um relato surpreendente: este caso é um clássico que satisfaz todos os critérios necessários
para um estudo válido dos fenômenos OVNI.

• O objeto foi visto por múltiplas testemunhas em diferentes localizações (i.e. Shemiran,
Mehrebad e o leito seco de um lago) e de diferentes campos de visão (tanto do ar quanto do
solo).
• A credibilidade de muitas das testemunhas era alta (um General da Força Aérea, tripulações
qualificadas, e operadores de torre de controle experientes).
• Avistamentos visuais confirmados por radar.
• Efeitos eletromagnéticos (EME) semelhantes foram relatados por três aeronaves separadas.
• Houve efeitos fisiológicos em alguns membros das tripulações (i.e. perda de visão noturna
devido ao brilho do objeto).
• Uma quantidade excessiva de manobrabilidade foi exibida pelos OVNIs109.

A avaliação indica que a confiabilidade da informação foi “confirmada por outras fontes” e
seu valor era Alto (definida como “única, oportuna e da maior significância”). Foi usada, ou
planejada para ser usada, como “inteligência atual”. Esta informação de alto valor da
Inteligência, de grande significado, relativa a um marcante relatório de OVNI, que justificou
um estudo posterior do fenômeno, foi arquivada como tal - apesar do governo americano não
ter interesse nos OVNIs e da total rejeição aos avistamentos, ser o padrão público repetido em
muitos casos na América e apesar de ter sido dito ao público, em 1969, que os OVNIs não
eram uma preocupação.
Quatro anos depois, nosso governo também preencheu um relatório sobre o incidente
peruano envolvendo Oscar Santa Maria. Um “relatório de informação” do Departamento de
Defesa (DoD)/Chefes Conjuntos do Pessoal foi distribuído para quase tantas agências quanto o
relatório do Irã. Intitulado “OVNI Avistado no Peru”110, o documento de junho de 1980 foi
preparado pelo Coronel Norman H. Runge, que declarou que a fonte era “um oficial da Força
Aérea Peruana, que observou o evento... A fonte foi considerada confiável no passado”. Santa
Maria não sabe o nome desse oficial, não foi entrevistado por qualquer americano e claramente
lembra que nenhum oficial americano esteve presente durante suas instruções. “Éramos muito
cuidadosos em relação a guardar nossos procedimentos e operações mais sensíveis”, explicou
ele, de sua casa no Peru, em uma de nossas entrevistas telefônicas.
Infelizmente, o relatório do DoD fornece uma data errada do encontro peruano: 9 de março
de 1980 em vez de 11 de abril. Santa Maria acredita que a informação foi distorcida e alguns
dos dados imprecisos, porque o relatório só foi preenchido dois meses depois do incidente.
Houve, aparentemente, atrasos, pois a comunicação foi feita através de vários canais até chegar
aos americanos.
O documento relata que um OVNI foi observado sobre a base e o Comando Aéreo lançou
um SU-22. “A FAP (Força Aérea Peruana) tentou interceptar e destruir o OVNI, mas sem
sucesso”, declara o documento. O piloto “interceptou o veículo e atirou nele a uma distância
muito curta, sem causar qualquer dano aparente. O piloto tentou passar sobre o veículo, mas o
OVNI ultrapassou o SU-22.”
Acho interessante que o termo “veículo” tenha sido empregado consistente e
alternadamente com “OVNI” em todo esse documento do governo americano; geralmente o
termo “objeto” é a escolha oficial, deixando um espaço mais amplo para uma série de
explicações possíveis. Um “veículo” é algo construído para o propósito de transportar pessoas
ou coisas. Este, que permanece de origem desconhecida, inexplicavelmente não foi afetado
pelas balas atiradas a curta distância. Assumindo que era um veículo de origem desconhecida,
como declarado, com uma capacidade que nenhum veículo feito pelo homem tem, o conceito
de “veículo” passa, então, a ser provocativo, vindo de um coronel da Força Aérea. O que
estaria transportando e por quê? Não parece ter havido nenhum problema em relação ao
reconhecimento oficial da existência de um OVNI real, dez anos depois do encerramento do
Projeto Livro Azul, em um documento classificado como secreto. Neste caso, um coronel da
Força Aérea Americana reconhece a existência de um OVNI real - e não era o que se poderia
esperar de uma agência governamental que, publicamente, zomba disso.
Por alguma razão, em décadas recentes, parece haver mais uma preferência oficial em
investigar casos estrangeiros do que aqueles nacionais. Talvez haja um interesse particular em
casos militares, envolvendo ou o ataque a um OVNI ou uma caçada realizada por caças da
Força Aérea, como as mostradas pelas autoridades do Irã, do Peru e da Bélgica. Ou é mais fácil
para o nosso governo explorar casos estrangeiros sem ser notado e sem chamar a atenção sobre
um evento OVNI? Se isso fosse feito tão abertamente, as conclusões da Força Aérea emitidas
naquela época do Projeto Livro Azul, e repetidas desde então, teriam de ser rescindidas.
Obviamente, as consequências disso seriam algo que o Departamento de Defesa preferiria
evitar.
Contudo, enquanto tornavam secretos estes relatórios, nossos oficiais estavam bem
conscientes dos esforços de outros governos - os países nos quais eles buscavam informações -
para investigar adequadamente os avistamentos de OVNIs feito por militares. Nós nos
beneficiamos com essas informações, mas certamente não seguimos o exemplo deles.
Em vez de contribuir de algum modo, os oficiais americanos parecem gostar de ficar
saltitando mundo afora, verificando casos de outros lugares, ocasionalmente encontrando um
que “seja um clássico, que satisfaz todos os critérios necessários para um estudo válido do
fenômeno OVNI”, como a avaliação do DIA declarou. Em vez da Força Aérea Americana
lidar abertamente com os eventos OVNIs daqui, nosso governo vem teimosamente ignorando
avistamentos não ambíguos, que afetam a vida de milhares de americanos. Simultaneamente,
tem pronto um sistema de relatos de incidentes com OVNIs “dentro da estrutura estabelecida
para operações de Inteligência e vigilância”, da qual não gosta de falar. Isso tudo é um pouco
confuso. Mas, na medida em que todos nós, cidadãos, somos afetados, as agências do governo
ainda fornecem explicações insustentáveis para os eventos de OVNIs nos Estados Unidos, ou
os ignoram completamente, mesmo quando encontros levantam questões de segurança da
aviação e, sim, segurança nacional, e apesar de sabermos que estão interessados em casos
estrangeiros. Por quanto tempo as autoridades continuarão a sacudir a defeituosa “ficha
técnica” da Força Aérea, para justificar este comportamento irresponsável?
CAPÍTULO 16 - “Um Poderoso Desejo de Não Fazer Nada”

A maioria dos americanos não tem consciência de que, a não muito tempo atrás, enquanto
nosso governo estava silenciosamente preenchendo relatórios sobre casos estrangeiros, uma
dramática onda OVNI ocorreu sobre solo americano. O espetáculo dessa onda foi tão
dramático quanto aquele da Bélgica, e a grande aeronave, voando em baixa altitude,
assemelhava-se àquelas vistas sobre aquele país em alguns aspectos. Somente três anos depois
que os detalhes do incidente de 1980, no Peru, foram distribuídos às agências do governo
americano, a “onda do Vale do Hudson” começou no estado de Nova York e em partes de
Connecticut. Ela durou alguns anos e, depois que tudo acabou, nosso governo preencheu um
outro documento secreto sobre a onda da Bélgica, em 1990. Mas nenhum oficial fez
investigações sobre algo aqui ocorrido entre esses dois eventos relatados, apesar de nossos
próprios OVNIs terem sido testemunhados por milhares de cidadãos americanos. Nenhum
documento oficial foi preenchido sobre os eventos do Vale do Hudson - pelo menos que nós
saibamos.
Contudo, sua semelhança com a onda da Bélgica foi notável. Começando em 1982, a onda
americana também durou muitos anos, com o pico ocorrendo dentro de um período de dois
anos, e também envolveu repetidas visitas de grandes objetos silenciosos, algumas vezes mais
de um naquela época, pairando em baixas altitudes com luzes extremamente brilhantes. Grupos
de pessoas assistiram, frequentemente de perto, ou enquanto permaneciam diretamente sob
eles, e alguns relataram ver uma estrutura escura e sólida por trás das luzes. Muitos, enquanto
dirigiam ao longo da Taconic Parkway ou sozinhos em estradas do interior, levados até lá para
ver melhor os OVNIs, enquanto outros viram os objetos enquanto passeavam com seus cães ou
faziam corridas ao longo de reservatórios e lagos. As testemunhas disseram que essas
estruturas pareciam ser tão grandes quanto campos de futebol e eram capazes de dispararem a
velocidades incríveis a partir de posições estacionárias. Como é típico nos OVNIs, eram
silenciosos ou emitiam um zumbido baixo.
Os OVNIs do Vale do Hudson, como aqueles da Bélgica, não exibiram qualquer
comportamento agressivo ou hostil. De fato, de maneira semelhante, as testemunhas menos
intimidadas reportaram que piscaram as luzes de seus carros para os objetos e receberam
piscadas em resposta. E essa onda, também, foi simultaneamente vista por policiais - em
Danbury, Connecticut, a polícia inicialmente zombou das ligações telefônicas das testemunhas,
antes de ser rudemente despertada, que foi exatamente como a polícia da Bélgica fez
inicialmente. Mais tarde, doze policiais só deste departamento tiveram os seus próprios
avistamentos111. Caminhos podiam ser determinados devido ao volume de relatos de várias
localizações em curtos períodos de tempo, e mapas de rota foram feitos, exatamente como
posteriormente o foram na Bélgica. Similarmente, algumas fotos noturnas e vídeos foram
feitos em Nova York e analisados por vários laboratórios, apesar de não tão extensivamente,
nem as imagens foram tão poderosas como a foto de Petit-Rechain, de 1990.
Embora os residentes do Vale do Hudson relatassem principalmente objetos com forma de
delta ou V e os vistos na Bélgica fossem na maioria triangulares, ao se ler os relatos das
testemunhas de ambos os eventos, os comportamentos similares das aeronaves são
impressionantes. O fenômeno bizarro e altamente incomum da “bola de luz vermelha”,
relatado por quatro policiais belgas, também apareceu no estado de Nova York. No primeiro, a
dramática noite da onda belga, em 1989, dois pares de policiais, em diferentes localizações,
assistiram a bola de luz vermelha sair como um raio de um objeto que pairava, e que, depois,
voltou para o OVNI - um detalhe raro observado bem de perto. Heinrich Nicoll, um dos
policiais que testemunhou esse espetáculo, interpretou a bola de luz como uma sonda de algum
tipo. Em uma entrevista, ele disse: “A bola manteve-se indo e vindo, como se estivesse
tentando medir alguma coisa”112.

Durante a onda do Vale do Hudson, David Athens, chefe do Corpo de Bombeiros de New
Fairfield, em Connecticut, estava do lado de fora conversando com um policial, em julho de
1984, quando ambos viram uma fileira de luzes em um padrão circular. “Eu diria que era algo
feito pelo homem exceto que duas das luzes vermelhas saíram do grupo e foram em direções
diferentes atrás das montanhas. Uma delas voltou e a outra não”113, relatou Athens.
Jim Cooke, um engenheiro biomédico, ficou chocado de ver um objeto triangular pairando
a não mais de 4,5 metros da superfície da água do Reservatório Croton Falis, tarde de uma
noite de outubro de 1983, enquanto dirigia de volta para casa. Ele saiu do carro e ficou olhando
da margem do reservatório. “Algo saiu da parte de baixo do objeto; um raio vermelho de luz
ou algo sólido que brilhava em vermelho - eu realmente não sei o que era. Mas parecia estar
sondando a água”114, disse ele. Segundo Cooke, o objeto se moveu lentamente sobre o
reservatório e, a cada parada, a “sonda vermelha” interagia com a água e, depois, era puxada
de volta. Como a aeronave belga que essencialmente exibiu a mesma coisa, esta era triangular.
A descrição de Heinrich Nicoll foi notavelmente semelhante àquela de Cooke. Ele também
testemunhou o fenômeno sobre a água, que ele também interpretou como uma sonda de algum
tipo. Podemos nunca saber qual o propósito dessa estranha bola vermelha, que sai do OVNI,
mas isso sugere que objetos muito semelhantes podem ter visitado ambas localizações nos
anos 80.
Apesar das similaridades intrigantes, houve uma grande diferença entre esses eventos no
norte do Estado de Nova York e aqueles da Bélgica - não nos detalhes do que realmente
aconteceu, mas na maneira como estes encontros extraordinários, repetidos ano após ano,
foram tratados pelas autoridades: os responsáveis pela proteção dos cidadãos e pelo
monitoramento de incursões aéreas não registradas sobre áreas habitadas.
Precisamos lembrar que a onda de OVNIs de 1989-90, na Bélgica, foi racional, aberta e
responsavelmente tratada pelo governo. A Força Aérea belga foi colocada imediatamente em
ação, e outras agências, tais como a Gendarmerie Nationale (uma combinação de polícia e
exército) e o equivalente na Bélgica à FAA americana também cooperaram na mobilização
para identificar os objetos. A Força Aérea não foi a única responsiva, mas foi até proativa em
sua investigação, procurando por objetos em múltiplos sistemas de radar, lançando F-l6s para
interceptar algum objeto em três ocasiões e, depois, concedeu uma conferência de imprensa
para explicar tudo isso ao público. Além disso, foi providenciada a análise, por uma série de
laboratórios fotográficos, sobre a fotografia de uma aeronave, uma das melhores fotos de
OVNIs já registradas. E para dar um passo além, a Força Aérea belga tornou todos os dados e
recursos, incluindo estações de radar e até aviões, disponíveis a um grupo altamente
competente de cientistas civis, que organizaram os dados, entrevistaram testemunhas e
mantiveram extensos registros. Tudo isso foi coberto pela mídia europeia, com alguns
relatórios para os Estados Unidos também. Durante tudo isso, o governo belga não escondeu
informações, deu falsas explicações ou ridicularizou as testemunhas. De fato, sabemos que o
Coronel Wilfried De Brouwer, chefe de investigação da Força Aérea, disse a verdade às
pessoas. Muito foi aprendido, exceto pela coisa mais importante de todas. A origem e o
propósito das próprias aeronaves.
Contudo, nos Estados Unidos, nossa onda de OVNIs não foi tratada de maneira nenhuma.
Nada foi feito por qualquer agência de nosso governo. Não houve mobilização em nível
estadual ou nacional. Nenhum F-16 da Força Aérea foi lançado (pelo menos não há registro
público disso). Nenhuma tentativa foi feita para capturar os objetos pelo radar. Nem houve
qualquer parceria estabelecida com uma organização de pesquisa americana para colher
relatórios, embora grupos científicos qualificados estivessem prontos e esperando. Nenhum
laboratório do governo analisou as fotografias. Nenhum órgão do governo convocou uma
conferência de imprensa para fornecer os dados da Força Aérea para um público faminto de
informação. A mídia local fez uma grande cobertura nos locais onde os eventos realmente
aconteceram e foram fato, mas, por não haver nenhum funcionário encarregado a não ser os
policiais locais, a cobertura nacional foi mínima.
Quando pressionada por ligações telefônicas, a FAA disse às testemunhas que elas tinham
visto alguma outra coisa diferente do que tinham visto - coisas reconhecíveis, que faziam
muito barulho, tais como aviões em formação ou helicópteros. Numerosos fatores tornaram
essas explicações insustentáveis, sendo a mais óbvia a de que algumas vezes a aeronave flutua
ou se move mais lentamente do que os aviões podem voar, frequentemente em altitudes muito
baixas, e era geralmente silenciosa. Porém helicópteros ou um grupo de aviões voando em
formação são notoriamente barulhentos. Também o OVNI foi visto em muitas ocasiões em que
não havia aviões ou dirigíveis voando, como confirmado pelo aeroporto próximo. Algumas
vezes as testemunhas viram uma estrutura sólida, maciça ao redor das luzes, bloqueando o céu
por trás dela, facilmente distinguível de aeronaves convencionais. Em 1984, por exemplo, seis
guardas de segurança da instalação nuclear de Indian Point testemunharam um OVNI pairando
a cerca de cem metros sobre o reator, em espaço aéreo restrito. Dois guardas disseram aos
investigadores que era um objeto sólido maior do que um campo de futebol115.
Contudo, a indiferença do governo dos Estados Unidos nunca mudou, apesar do fato
daquilo que foi chamado de “bumerangues de Westchester County” terem pairado ou cruzado
de um lado para o outro, durante anos, o Vale do Hudson e partes do Connecticut, ostentando
luzes coloridas que algumas vezes piscavam quando pessoas se aproximavam. As testemunhas
tiveram que lidar com esses eventos por conta própria; encontros que para alguns eram
perturbadores, para outros, assustadores, e inspiradores de temor para quase todo mundo, mas
nenhuma orientação oficial foi oferecida sobre o que fazer. Os Departamentos de Polícia de
Nova York e de Connecticut ficaram inundados de ligações, mas como pequenas unidades
podiam responder? Elas simplesmente não estavam preparadas ou equipadas para tratar de algo
assim; podiam simplesmente registrar os relatos das testemunhas - alguns de seus próprios
funcionários. Engarrafamentos de tráfego ocorreram na Rota 84, uma via pública principal,
enquanto os motoristas olhavam espantados para o céu. E os aeroportos locais simplesmente
disseram às pessoas que ligavam que não tinham nada no radar e não poderia confirmar os
avistamentos. Comunidades foram deixadas sem assistência ao tentarem obter algum sentido
desses eventos absolutamente atordoantes, e a maioria do público americano jamais ouviu
qualquer palavra sobre eles.
Como poderia uma coisa tão momentosa como esses avistamentos do Vale do Hudson,
repetidos ano após ano, serem ignorados por nosso governo e serem varridos para debaixo do
tapete? Essa indiferença é tão assombrosa, que alguém poderia justificadamente perguntar se
tais eventos realmente ocorreram. Muitos poderiam perguntar como isso realmente aconteceu,
se nunca se ouviu nada a respeito disso? Essa situação, de quebra-cabeça, instigando perguntas
legítimas sobre a existência real dos OVNIs, representa uma das razões básicas para que
americanos inteligentes e de boa formação não “acreditarem” em OVNIs. E é uma boa razão.
Uma conclusão racional seria: se isso estivesse realmente acontecendo, teríamos sido
informados.
Se o Projeto Livro Azul, da Força Aérea, estivesse ainda atuante naquela época dos
avistamentos no estado de Nova York, eles teriam investigado oficialmente, mesmo que não
no nível que muitos de nós teríamos gostado. Teria sido mais difícil para a Força Aérea
oferecer explicações rápidas e dúbias para esses eventos, o que aconteceu repetidamente.
Felizmente, o cientista-chave do Livro Azul, ao longo de seus vintes anos de funcionamento,
ainda estava ativamente investigando casos de OVNIs na metade dos anos 80 e estava dando
atenção aos avistamentos no norte do estado de Nova York. Embora não mais formalmente
associado ao governo dos Estados Unidos, o Dr. J. Allen Eíynek começou a investigar a onda
do Vale do Eludson, em 1984. Naquela época, ele era amplamente encarado como a principal
autoridade mundial no que se refere aos OVNIs, bem como um eloquente porta-voz sobre o
assunto para o público americano. Esses avistamentos foram o foco final da vida do Dr. Hynek
- ele morreu em 1986 - e ele empregou uma grande quantidade de energia na confrontação com
a chocante indiferença dos funcionários do governo americano diante das repetidas e visitas
bem documentadas de algum tipo de fenômeno116. Ele percebeu que a apatia do governo era o
que impedia a história de explodir na mídia nacional.
Apesar do fato de ele ter estado na linha de frente de muitas investigações sobre OVNIs
durante mais de três décadas, a implacável onda do Vale do Hudson parecia tanto atemorizar e
desconcertar Hynek muito além de qualquer outra coisa. Nada semelhante a isso tinha ocorrido
anteriormente na América. Em um ensaio de 1985117, ele descreveu “centenas de pessoas
opulentas, extremamente profissionais das áreas suburbanas”, cujas declarações ele e outros
registraram em fitas K-7 como “surpresas, aterradas e frequentemente assustadas” pelos
bizarros avistamentos. Ao sobrevoar a Taconic Parkway, ou cruzar em baixa altitude sobre
ruas e casas, “um objeto totalmente estranho e possivelmente ameaçador” constituía um sério
risco que deveria ter preocupado a FAA, escreveu ele. Para os cientistas, esses eventos
deveriam ter sido uma preocupação científica empolgante, e a polícia e a mídia foram
completamente negligentes em sua apatia e indiferença, mantendo a coisa toda fora da
consciência do público.
Para compreender como tais coisas podiam ocorrer sem nosso conhecimento sobre elas,
precisamos examinar a inação total daqueles que tinham a responsabilidade. “Foi como se uma
doença mergulhasse todos os que ali se encontravam, exceto as testemunhas, em um estupor
mortal”, disse Hynek. “Na história dos avistamentos de Bumerangues, a FAA, a mídia, os
cientistas, os policiais e os militares poderiam todos momentaneamente ter tocado o mistério,
mas parece que, então, a apatia interveio, exaurindo todo o incentivo e deixando em seu lugar
um poderoso desejo de não fazer nada.”
Como tantos hoje, Hynek queria saber como e porque essa chocante inação ocorria. Ele
tinha sido um cético em relação aos OVNIs quando contratado pela Força Aérea, e com seus
colegas do mundo científico tinha frequentemente feito piada das pessoas que relatavam ter
visto OVNIs. Apesar dele, inicialmente, ter sido contratado para mostrar que nada existia deste
“nonsense”, ele passou por uma transformação gradual durante seu longo trabalho para o
governo. Enquanto investigava centenas de casos de OVNIs e entrevistava incontáveis
testemunhas dignas de crédito, ele reconheceu que havia um fenômeno físico, real, envolvido,
e um daqueles bem misteriosos. Deste modo, ele descreveu, em 1977:

Comecei como um total “desmistificador”, que tinha grande prazer em arruinar o que
parecia ser, inicialmente, casos enigmáticos. Eu era o arquiinimigo daqueles “grupos e
entusiastas dos discos voadores”, que desejavam muito que os OVNIs fossem
interplanetários. Meu próprio conhecimento desses grupos veio quase totalmente do que
ouvi do pessoal do Livro Azul: eles são todos “malucos e visionários”.
Minha transformação foi gradual, mas, no final dos anos 60, tornou-se completa. Hoje,
não gastaria nem mais um minuto sobre esse assunto dos OVNIs, se não sentisse
seriamente que o fenômeno OVNI é real e que os esforços para investigá-lo e compreendê-
lo, e finalmente resolvê-lo, poderiam ter um efeito profundo - talvez até ser o trampolim
para a observação do universo pela humanidade118.

Em 1985, o dedicado investigador foi confrontado pela manifestação extrema de um


fenômeno peculiarmente americano conhecido como o tabu OVNI - a recusa automática e
profundamente arraigada em reconhecer que algo tão contraditório ao que consideramos
“normal” e, portanto, inaceitável para nossa visão de mundo, poderia possivelmente existir,
não importando as evidências apresentadas. Nesse caso, Hynek observou que o tabu é tão
poderoso, que pode contrariar os deveres de grupos de pessoas altamente responsáveis em
posição de autoridade. Ele lutou para encontrar algum tipo de resposta para esse dilema.
Hynek observou que ver os bumerangues do outro mundo, de Westchester County, causou
estresse, trauma e terror entre as testemunhas. Elas não receberam qualquer resposta e
sentiram-se desprotegidas por seu governo, e muitas não quiseram “vir a público” para falar
desses eventos por temor de serem ridicularizadas. Enraizada nas mentes da maioria das
pessoas - tais como dos policiais que receberam os relatos das testemunhas e eles mesmos não
tinham visto nada - estava a crença coletiva de que esse tipo de evento possivelmente não pode
ocorrer. A única maneira de tratar disso era rotular as testemunhas de “malucas”. E, contudo,
milhares de pessoas realmente viram os objetos. Elas tiveram que lidar com o enigma de que
elas sabiam que esses eventos tinham acontecido, como o fizeram outros daquela área que
foram testemunhas ou foram informadas, por fontes confiáveis, sobre os avistamentos, tais
como os jornais locais. Como todas essas pessoas podiam estar mentindo ou confusas? Ou será
que havia algo maior, mais profundamente enraizado, que impedia os funcionários do governo
de verdadeiramente ouvir os relatos, aceitando-os como verdadeiros e investigar?
Hynek postulou que, em sua incapacidade de aceitar algo tão revolucionário quanto a
existência dessas aeronaves inconcebíveis, nossa psique simplesmente se fecha, deixando tudo
do lado de fora. A realidade impossível “superaquece os circuitos mentais e queima os
fusíveis, num mecanismo de proteção da mente... Quando o ponto de ruptura coletivo é
atingido, a mente precisa abertamente ignorar a evidência patente dos sentidos. Ela não
consegue mais conter tal evidência dentro de suas fronteiras normais”. Ele concluiu que, à
natureza totalmente bizarra, chocante e até traumática de tal evento, não há qualquer energia
para a ação, como se todo mundo estivesse operando com uma bateria gasta. Essa dinâmica
pode afetar grupos de pessoas como um todo, e aqueles responsáveis não estão isentos de seus
efeitos entorpecentes. “Com a apatia, vem a habilidade de aceitar até a mais vazia das
explicações - qualquer coisa - para repelir a necessidade de pensar sobre o impensável”,
escreveu Hynek.
Isso pode não fornecer uma resposta completa, mas toca na natureza profunda do tabu
OVNIs, que age para nos manter na ignorância, mesmo que os eventos estejam bem na nossa
frente. Esse fenômeno basicamente psicológico, colocado em movimento pelo Painel
Robertson, nos anos 50, atua aqui com uma força e uma tenacidade muito maiores do que em
outros países. Ele infundiu a administração inadequada de nossa agência da Força Aérea, o
Projeto Livro Azul, até seu encerramento. Depois, o tabu tornou-se integrado e aceito, afetando
todos os níveis de governo. Ainda é difícil de acreditar que os eventos do Vale do Eludson
deslizaram para debaixo do tapete e não foram notados pela maioria de nós - mas, de fato, foi
isso que aconteceu. Naturalmente, se nosso governo tivesse respondido da mesma maneira que
o fez o governo belga, tudo teria sido diferente. E até mais importante, se tivéssemos
estabelecido uma agência semelhante àquela da França, devotada a pesquisar por sua própria
conta, um conhecimento até maior poderia ter sido adquirido. O Reino Unido, nosso aliado
mais próximo, tinha um escritório para receber relatos de OVNIs durante a época da onda do
Vale do Hudson e teria investigado tudo. O governo americano, embora responsável por um
território e um espaço aéreo enormes em comparação com a França, a Bélgica ou o Reino
Unido, parece estar operando no limite de sua capacidade de voltar um olho cego para os
OVNIs.
CAPÍTULO 17 - Os Verdadeiros Arquivos X
Por Nick Pope

O Ministério da Defesa britânico estabeleceu seu escritório para investigação de OVNIs


nos anos 50, mais ou menos na mesma época em que os Estados Unidos estabeleceram o
Projeto Livro Azul. Porém, os britânicos mantiveram suas investigações por muito, muito
mais tempo. Nick Pope foi o homem encarregado de chefiar esse projeto do governo de
1991 a 1994. Sua perspectiva do fenômeno mudou radicalmente durante seus anos de
focalização intensiva nas investigações e do acesso à informação governamental
“interna”sobre os OVNIs. Como os outros contribuidores deste livro, ele gostaria de ver
mais envolvimento por parte das agências de Inteligência e dos funcionários do governo
dos Estados Unidos.
Pope tornou-se um dos mais ativos dos antigos funcionários do governo britânico a
falar sobre a questão, procurado pela mídia mundial como um especialista líder. Ele
combina uma afiada mente analítica com um forte interesse no fenômeno OVNI, ambos
fermentados por uma sagacidade seca exclusivamente britânica. É ainda outro exemplo
dos muitos funcionários e militares que, conforme foram adquirindo conhecimento com as
investigações virtualmente por acidente, flexionaram seus músculos céticos e se
descobriram absorvidos pelo poder inesperado da evidência que, inicialmente, esperavam
refutar. Nick Pope tinha acesso a arquivos secretos e a outras informações altamente
sensíveis e que não tem a liberdade de compartilhar, o que torna seus insights e
convicções até mais intrigantes. Ainda envolvido com o assunto em base semi-oficial,
recentemente trabalhou com os Arquivos Nacionais Britânicos como consultor para o
programa em andamento para desclassificar e liberar os arquivos sobre OVNIs do
Ministério da Defesa.

Trabalhei para o Ministério da Defesa por vinte e um anos, começando em 1985. Naquela
época, a política era a de mover pessoas a cada dois ou três anos - em nível de transferência ou
de promoção - para que todos ganhassem experiência em uma ampla margem de trabalhos
diferentes: política, operações, pessoal, finanças, etc. Eu já tinha completado dois ou três
trabalhos diferentes, e no começo dos anos 90 estava trabalhando em uma divisão chamada
Secretariado (Staff Aéreo) e tinha sido destacado para o Departamento de Operações da Força
Aérea, no Centro de Operações Conjuntas. Trabalhei ali durante o planejamento da Guerra do
Golfo, durante a própria guerra e, depois, durante os resultados do conflito, como um porta-
voz, preparando material para as reuniões diárias dos ministros e chefes de serviço. Meu
trabalho era coletar dados sobre as operações da Real Força Aérea (RAF), e colher assuntos-
chave que o pessoal sênior precisava saber: detalhes de quaisquer baixas e perdas, alvos
atacados, avaliação dos danos de batalha, etc. Foi trabalhando ali que fui abordado, em 1991, e
questionado se, após ser liberado dos deveres no Centro de Operações Conjuntas, gostaria de
trabalhar nas investigações sobre OVNIs - um cargo mergulhado em outra parte da divisão.
Aceitei o convite, muito embora soubesse pouco sobre o assunto e certamente não acreditava
em OVNIs. Assim, embora mantivesse a mente aberta em todas as minhas investigações, meu
ponto de partida era amplamente cético.
O Ministério da Defesa (MoD) estava investigando o fenômeno OVNI desde o início dos
anos 50 e já tinha recebido mais de 12.000 relatos de avis- tamentos até então. Em todo esse
tempo, os objetivos não tinham realmente mudado muito. Em 1950, o MoD estabeleceu o
secreto Grupo de Trabalho dos Discos Voadores, composto de especialistas da Inteligência
técnica e científica, para investigar e avaliar os numerosos avistamentos de OVNIs que
estavam sendo relatados pela mídia. Em 1951, o grupo recomendou que as investigações
fossem terminadas “a menos e até que alguma evidência material se tornasse disponível”119.
Mas essa política foi revertida alguns anos depois de uma série de avistamentos de OVNIs de
alto perfil envolvendo os militares. Duas divisões do Ministério da Aeronáutica - S6, uma
divisão civil do Staff Aéreo, e a DDI (Tech), uma divisão da Inteligência técnica - tornaram-se,
então, ativamente envolvidas na investigação de avistamentos de OVNIs. Sua instrução era
para pesquisar e investigar o fenômeno OVNI, procurando evidências de qualquer ameaça ao
Reino Unido.
Essa política ainda vigorava, quando assumi o cargo nos anos 90. Os avistamentos de
OVNIs eram investigados para ver se havia e vidência de qualquer coisa de algum significado
para a defesa, qualquer ameaça à defesa do Reino Unido, ou informação que pudéssemos usar,
científica ou militarmente. Ter um projeto OVNI de maneira nenhuma implica uma crença
governamental em visitas extraterrestres. Simplesmente reflete o fato de que mantemos um
olhar atento em nosso espaço aéreo e queremos saber de qualquer coisa que esteja operando na
Região de Defesa Aérea do Reino Unido. Muitos outros países fazem pesquisas semelhantes.
Tive acesso a todos os arquivos de OVNIs anteriores, alguns dos quais tinham sido
altamente confidenciais, de modo que tinha um vasto banco de dados para acessar. Isso me
permitiu empreender vários projetos de pesquisa, procurando tendências, etc. Mas o pão com
manteiga do trabalho era a investigação de novos avistamentos que eram relatados em base
virtualmente diária. Costumávamos receber de 200 a 300 relatos a cada ano.
A metodologia de uma investigação é basicamente padrão. Primeiro, a testemunha é
entrevistada para se obter o máximo de informações possível sobre o avistamento: data, hora e
localização do avistamento, descrição do objeto, sua velocidade, sua altura, etc. Depois, tenta-
se correlacionar o avistamento com atividade aérea conhecida, tais como voos civis, exercícios
militares ou se houve lançamento de balões meteorológicos. Podemos verificar com o
Observatório Real de Greenwich, para ver se fenômenos astronômicos, tais como meteoros ou
bolas de fogo, poderiam explicar o que foi visto. Podemos verificar se algum OVNI foi
visualmente rastreado pelo radar. Se tivermos uma fotografia ou um vídeo, podemos consultar
vários especialistas do MoD para melhorar e analisar as imagens. Podemos também fazer uma
ligação com o pessoal do Sistema de Alerta Precoce de Mísseis Balísticos, da RAF em
Fylingdales, onde há um radar especial. Finalmente, sobre questões técnicas e científicas,
podemos consultar o Staff de Inteligência de Defesa, embora esta seja uma área que não posso
discutir de maneira nenhuma.
Após a investigação, cerca de 80% dos avistamentos de OVNIs podem ser explicados
como má identificação de algo comum, tais como luzes de aviões, satélites, balões
meteorológicos ou planetas. Em cerca de 15% dos casos, a informação era insuficiente para se
obter qualquer conclusão. Os aproximadamente 5% remanescentes de avistamentos pareciam
desafiar qualquer explicação convencional. Os tipos de casos que tivemos nessa última
categoria incluíram incidentes com OVNIs que foram testemunhados por várias pessoas ou as
testemunhas eram observadores treinados, tais como policiais ou militares; avistamentos por
pilotos civis ou militares; avistamentos com evidência fotográfica ou vídeo, onde a análise
técnica não encontrou nenhum sinal de fraude; avistamentos seguidos pelo radar e
avistamentos envolvendo aeronaves aparentemente capazes de velocidades e de manobras
muito além das mais avançadas que conhecemos.
Falo de maneira geral, porque meus termos de referência limitavam minhas investigações a
avistamentos na Região de Defesa Aérea do Reino Unido, não estabeleci ligações com outros
países a esse respeito. Porém, na ocasião levantamos questões sobre o fenômeno em geral ou
sobre avistamentos específicos em outros países, através da respectiva Embaixada Britânica.
Também me encontrei com funcionários de outros países a título privado, que estiveram
envolvidos com trabalhos do governo sobre este assunto, tais como Jacques Patenet, da
unidade do CNES GEIPAN, da França, e com o Coronel Aldo Olivero, da Força Aérea
italiana. Durante essas discussões, ficou claro que nossos termos de referência e metodologias
eram amplamente semelhantes, como o eram nossas conclusões.

O INCIDENTE COSFORD

Em 30 e 31 de março de 1993, houve uma série de avistamentos de OVNIs no Reino


Unido, envolvendo mais de 100 testemunhas, muitas delas oficiais de polícia e pessoal militar.
O OVNI também voou diretamente sobre duas bases da Força Aérea. O que vem a seguir é a
extraordinária história daquilo que vem sendo investigado como o Incidente Cosford.
O primeiro avistamento ocorreu em 30 de março, por volta das 20h30min, em Somerset.
Este foi seguido por um avistamento às 21h, em Quantock Hills. A testemunha era um policial
que, junto com um grupo de escoteiros, tinha visto uma aeronave que ele descreveu como
“semelhante a dois Concordes voando lado a lado e ligados entre si”. Os relatos eram muitos e
chegaram rápidos e, quando cheguei na manhã seguinte para trabalhar, recebi uma torrente
deles. Logo ficou claro que eu tinha um grande evento OVNI em minhas mãos.
Um dos relatos mais interessantes veio de um civil, em Rugely, Staffordshire, que relatou o
avistamento de um OVNI, que ele estimou como tendo uns 200 metros de diâmetro. Ele e
outros membros da família me contaram como tinham perseguido o objeto em seu carro e
chegado extremamente perto dele, acreditando que ele tinha pousado num campo próximo.
Quando chegaram lá poucos segundos depois, não havia nada para ver. Muitas das descrições
relataram um objeto de forma triangular ou luzes percebidas como sendo da parte inferior de
tal aeronave. De fato, em uma aparente coincidência, esses avistamentos ocorreram no mesmo
dia, três anos depois, da onda de avistamentos na Bélgica, que levaram ao lançamento dos
caças F-16 para interceptar um OVNI captado pelo radar.
O OVNI do Reino Unido foi visto por uma patrulha da polícia da Força Aérea baseada no
posto da RAF, em Cosford, a 240 km a noroeste de Londres. Seu relato policial oficial
(classificado como Polícia em Segredo) estabeleceu que o OVNI passou sobre a base “à grande
velocidade.... em uma altitude de aproximadamente 350 metros”. Ele descreveu duas luzes
brancas com um tênue brilho vermelho na parte de trás, sem se ouvir qualquer ruído de motor.
O relato da polícia da Força Aérea continha também detalhes de uma série de avistamentos por
civis, que eles tinham recebido durante os inquéritos com outras bases militares, aeroportos
civis e polícia local.
Mais tarde, naquela noite, o funcionário da meteorologia da RAF, em Shawbury - a base
que fornece treinamento avançado para tripulações de helicópteros, controladores de tráfego
aéreo e pessoal de operações de voo para as forças armadas do Reino Unido - viu o OVNI. Ele
me descreveu como o objeto tinha se movido lentamente através do campo, em direção à base,
a uma velocidade de não mais que 50 ou 60 km/h. Ele viu a aeronave lançar um estreito raio de
luz (como um laser) para o solo e viu a luz ir para frente e para trás através do campo para
além do perímetro da cerca, como se estivesse procurando alguma coisa. Ele ouviu um som
desagradável de zumbido de baixa frequência vindo do objeto e disse que podia tanto ouvir
quanto sentir isso - um pouco como ficar de pé em frente a um alto-falante de sons graves.
Estimou que o tamanho do objeto estava entre o tamanho de um avião de transporte Hercules
C-130 e um Boeing 747. Depois, disse-me que o raio de luz tinha sido retraído de maneira não
natural e que o objeto repentinamente acelerou para o horizonte muitas vezes mais rápido do
que um avião militar. Aqui estava um experiente oficial da RAF, que regulamente via aviões e
helicópteros, falando-me sobre algo que, ele disse, era muito improvável que ele já tivesse
visto antes. A linha do partido do MoD de que os OVNIs “não tinham significância para a
defesa” estava, parece, sendo decididamente chacoalhada. Fiquei imaginando o que eu deveria
dizer a ele - “Não se preocupe! Provavelmente era apenas um balão meteorológico”?
Por uma série de razões, os OVNIs notavelmente são subregistrados. Os dois fatores
principais, aqui, são medo da descrença e/ou do ridículo, e o fato de que muitas pessoas não
saberem a quem contatar para fornecer os detalhes de seus avistamentos. Embora houvesse
instruções para que os relatos de OVNIs fossem enviados para bases militares, aeroportos civis
e delegacias de polícia, para serem encaminhados ao MoD para investigações, este sistema
nacional nem sempre funcionava. No arquivo de caso de 30-31 de março de 1993, o incidente
com o OVNI deixou claro que houve muito mais avistamentos chegando ao departamento.
Uma linha de descartes de um relatório policial de um avistamento em Liskeard, Cornualha,
afirmava que o objeto foi “visto por outros policiais por toda a Cornualha e Devon” Podemos
apenas imaginar o número de relatórios de avistamentos que foram subregistrados naquela
noite.
Devido à semelhança entre esses relatos e aqueles repetidamente preenchidos na Bélgica,
em 1989 e 1990, pedi para o Staff da Inteligência de Defesa para fazer algumas perguntas
discretas às autoridades belgas, através da embaixada britânica, em Bruxelas. Lembro-me que
nosso adido conseguiu falar com o General De Brouwer e os dois pilotos dos F-16. Ficou claro
que De Brouwer tinha realizado uma excelente investigação sob circunstâncias bem difíceis.
Como De Brouwer, comecei uma investigação detalhada dos avistamentos de Cosford,
sendo que a principal diferença era que o incidente de Cosford não fazia parte de uma “onda”,
mas apenas um evento, como a maioria dos casos de OVNIs. Trabalhei intimamente com a
RAF, com colegas do Staff da Inteligência de Defesa e com o pessoal do Sistema de Aviso
Precoce de Mísseis Balísticos da base Fylingdales da RAF. Uma das primeiras coisas que fiz
foi ordenar que as gravações de radar fossem apreendidas e enviadas a mim no Edifício
Principal do MoD, em Whitehall. Os dados de radar foram copiados em fitas de vídeo K-7
padrão VHS, e chegaram pouco depois. Assisti aos vídeos com especialistas relevantes da
RAF, que me disseram que havia alguns estranhos retornos de radar, mas que eram
inconclusivos. O radar não é uma ciência exata e, em certas circunstâncias, podem ser gerados
retornos falsos. Posteriormente, foi feita uma avaliação mais formal dos dados de radar. In-
felizmente, um dos chefes do radar não estava trabalhando no radar primário durante o período
relatado, de modo que somente o radar de vigilância secundária podia ser visto. Mas com esta
e outros verificações, conseguimos construir um quadro de toda a atividade de aviões e
helicópteros sobre o Reino Unido, de modo que pudemos fatorá-los na investigação e eliminá-
los de nossos inquéritos, se fosse apropriado.
O Sistema de Aviso Precoce de Mísseis Balísticos da RAF, com seus poderosos radares de
localização espacial, foi parte importante de minha investigação sobre OVNIs. As autoridades
de lá rapidamente me alertaram para o fato de que tinha havido uma reentrada na atmosfera
terrestre de um foguete russo carregando um satélite de comunicação: o Cosmos 2238.
Postulamos que essa era uma possível explicação para a multidão de avistamentos de OVNIs
que ocorreu por volta da 1h10min, em 31 de março.
Uma teoria frequentemente trazida à baila para explicar alguns dos mais espetaculares
avistamentos de OVNIs é que eles poderiam ser um protótipo de aeronave, zangões ou outro
veículo aéreo não tripulado. Naturalmente, a qualquer hora, poderemos testar o voo de várias
coisas, que não veríamos em grandes shows aéreos por vários anos, mas o ponto de partida é
que esses testes ocorrem em áreas específicas, de modo que, pelo menos dentro do governo,
podemos diferenciar entre projetos confidenciais - que não são de conhecimento público, como
o programa do caça F-117 Stealth, antes de 1988 - e OVNIs.
Mesmo assim, tinha havido controvérsia sobre a Aurora Americana, uma alegada
substituição hipersônica do Blackbird SR-71, que alguns jornalistas e entusiastas da aviação
declararam estar voando no espaço aéreo britânico sem conhecimento das autoridades do
Reino Unido. Assim, levamos a questão dos avistamentos de março de 1993 às autoridades
americanas, através da embaixada britânica em Washington. Seria possível que alguma coisa
tivesse saído errada com o processo normal de sobrevoo de um outro país e nossos
avistamentos de OVNIs poderiam ser atribuídos a algum protótipo americano? A resposta que
obtive - via nosso adido na embaixada britânica, em Washington - foi extraordinária: os
americanos tinham tido os seus próprios avistamentos desses OVNIs grandes, de forma
triangular, e queriam saber se a RAF poderia ter tal aeronave, talvez como parte de um
programa “oculto”, capaz de se mover de uma virtual flutuação para velocidades de milhares
de quilômetros por hora em apenas um instante. Desejaríamos que tivéssemos! O interessante
sobre isso foi que alguém nos Estados Unidos ainda estava claramente interessado em OVNIs,
apesar da aparente indiferença em relação ao assunto desde 1969, com o encerramento do
Projeto Livro Azul.
Dada a conclusão do MoD de “nenhum significado para a defesa” em relação aos OVNIs,
parece bom concluir esta seção com citações do documento do MoD, que contradiz a instância
usual. Em uma reunião de instruções, que preparei para o chefe da divisão em 16 de abril de
1993, depois da investigação Cosford, escrevi: “Parece que um objeto de origem desconhecida
esteve operando na Região de Defesa Aérea do Reino Unido sem ser detectado pelo radar; isso
parece ser de considerável significância de defesa e recomendo investigações posteriores,
dentro do MoD ou com as autoridades americanas”.
Meu chefe de divisão era normalmente cético em relação ao fenômeno OVNI, mas, nesta
ocasião, ele concordou com minha conclusão. Suas instruções, de 22 de abril de 1993, para o
Chefe Assistente do Staff Aéreo (urn dos mais antigos oficiais da RAF) declarou: “Em resumo,
parece haver alguma evidência nesta ocasião de que um objeto não identificado (ou objetos) de
origem desconhecida esteve operando sobre o Reino Unido”.
Isso foi o mais perto que o MoD chegará a dizer de que há mais em relação aos OVNIs do
que fraudes ou erros de identificação.

O INCIDENTE DA FLORESTA DE RENDLESHAM: A REVISÃO DE UM


CASO ARQUIVADO

O mais espetacular incidente britânico com OVNIs ocorreu tarde de uma noite de Natal,
em 1980, e nas primeiras horas do dia seguinte, quando estranhas luzes foram vistas na
Floresta de Rendlesham, perto de Ipswich. As inúmeras testemunhas eram principalmente do
pessoal da Força Aérea dos Estados Unidos baseada nas bases gêmeas Força Aérea
Americana/OTAN da RAF em Bentwaters e Woodbridge, em Suffolk. Muito embora os
eventos tenham ocorrido em solo britânico, estas bases eram instalações da Força Aérea
Americana naquela época. A Floresta de Rendlesham situa-se entre as duas bases e, como a
Guerra Fria ainda estava decididamente gelada, o avistamento de um OVNI em dois locais
militares mais sensíveis da nação foi de um interesse decididamente grande.
No projeto OVNI, tive acesso ao grande arquivo do MoD sobre esse incidente, que,
naquela época, não tinha sido liberado ao público120. Mesmo a informação mais básica deste
caso era extraordinária, e decidi empreender o que a polícia chamaria de revisão de um caso
arquivado do incidente. Este foi essencialmente uma análise do MoD sobre o caso, avaliando o
que conhecíamos e - mais importante - vendo o que os investigadores deixaram passar.
A série de eventos começou nas primeiras horas do dia 26 de dezembro, quando o pessoal
que estava trabalhando viu luzes tão brilhantes, que temeu que uma aeronave tivesse caído.
Eles solicitaram e obtiveram permissão para saírem da base e investigar. Não encontraram uma
aeronave caída - encontraram um OVNI.
A patrulha de três homens do 81° Esquadrão de Polícia de Segurança - Jim Penniston, John
Burroughs e Ed Cabansag - viu um pequeno objeto movendo-se por entre as árvores. Em certo
ponto, ele pareceu pousar em uma pequena clareira. Eles se aproximaram cautelosamente e
Penniston chegou suficientemente perto para ver estranhas marcações na lateral do objeto, que
ele comparou aos hieróglifos egípcios. Ele fez alguns esboços rápidos em seu bloco de
notas121.
Posteriormente, por causa da complicada posição legal e jurisdicional das bases da Força
Aérea América no Reino Unido, a polícia de Suffolk foi chamada até o local onde o objeto
tinha aparentemente pousado. Eles conduziram um breve, porém inconclusivo, exame e,
depois, partiram. Mas três mossas eram visíveis na clareira e, quando mapeadas, tomaram a
forma de um triângulo equilátero.
A notícia do encontro com o OVNI espalhou-se rapidamente pelas bases e chamou a
atenção do comandante, Tenente Coronel Charles Halt. Ele era cético, mas tinha os relatos
oficiais escritos pelas testemunhas, incluindo de- senhos que elas fizeram do que tinham visto.
Duas noites depois, Halt estava em função social, quando um jovem aviador surgiu e correu
até o coronel. “Senhor”, balbuciou ele, “ele voltou”. Halt olhou para ele confuso. “O quê?”,
replicou ele. “O que voltou?”, “O OVNI, senhor - o OVNI está de volta”. Halt permaneceu
cético, mas reuniu uma pequena equipe e foi para a floresta investigar. Subsequentemente, ele
afirmou que tinha ido sem qualquer expectativa de ver alguma coisa. Em suas próprias
palavras, ele disse que sua intenção era “desmascarar” tudo aquilo.
Mas nunca o fez. Ele também encontrou o OVNI, tornando-se um dos oficiais da mais alta
patente a registrar um avistamento de OVNI. Enquanto ele e seus homens seguiam o objeto,
seus rádios começaram a funcionar mal, bem como as poderosas lanternas, que tinham trazido
para iluminar a floresta, misteriosamente começaram a desligar. Uma peça do equipamento
que não sofreu esse efeito foi a filmadora que o coronel levou com ele para documentar sua
investigação. O vídeo ainda existe e pode se ouvir a tensão crescente na voz de Halt e nas
vozes de seus homens, conforme o OVNI se aproxima: “Eu o vejo também... Está de volta...
Está vindo por aqui... Não há dúvidas e ele... É estranho... Parece um olho piscando para
você... Quase queima os seus olhos... Está vindo em nossa direção agora... Agora estamos
observando o que parece ser um raio descendo até o solo... um objeto ainda pairando sobre a
base Woodridge... irradiando para baixo.”
Em certo ponto, a tensão em suas vozes parece tornar-se quase pânico, quando o OVNI
chega mais perto e lança raios de luz para baixo, perto de Halt e seus homens. Após esses
eventos, Halt escreveu um relato oficial do incidente e o enviou para o Ministério da Defesa.
Embora tenha recebido o título inócuo de “Luzes Inexplicadas”, seu relato descreveu o OVNI
da primeira noite como sendo “de aparência metálica e forma triangular... Uma luz vermelha
pulsante no topo e uma fileira de luzes azuis na parte de baixo... Os animais das fazendas
próximas fugiram correndo”. Ele continuou detalhando as leituras de radiação feitas no local
de pouso e fez uma descrição de seu próprio avistamento.
O relatório de Halt foi recebido pela mesma seção do Ministério da Defesa, onde, pouco
mais de dez anos depois, eu passaria três anos pesquisando e investigando avistamentos de
OVNIs. O relatório chegou às mãos de meus predecessores, que começaram uma investigação.
Mas eles foram impedidos por um erro crítico, que teria terríveis consequências. Por qualquer
que tenha sido a razão - e pode ter sido nada mais do que um simples erro tipográfico - o
relatório de Charles Halt deu datas incorretas para o incidente. Assim, quando o MoD verificou
as gravações de radar, estava olhando em dias errados.
Procurar evidências de radar é uma parte crítica de qualquer investigação sobre OVNIs.
Tem havido uma profusão de avistamentos espetaculares de OVNIs ao longo dos anos, muitos
relacionados com o radar. Os abrangentes arquivos sobre OVNIs do MoD detalham várias
perseguições, incluindo aquelas em que pilotos da RAF encontraram OVNIs e os perseguiram
- sem sucesso, eu poderia acrescentar. Na ausência de quaisquer dados de radar, que poderiam
confirmar a presença de OVNIs na Floresta de Rendlesham, a investigação acabou. Contudo,
como descobri anos depois, o OVNI tinha sido detectado, afinal.
Falei com um antigo operador de radar da RAF, Nigel Kerr, que estava na base Watton, da
RAF, no Natal de 1980, e tinha recebido uma chamada de alguém da RAF em Bentwaters. A
pessoa queria saber se havia qualquer coisa incomum na tela do radar. Ele olhou e, por três ou
quatro varreduras, algo apareceu diretamente sobre a base. Foi somente anos mais tarde que
Kerr ouviu falar do incidente da Floresta Rendlesham e compreendeu que ele poderia ter a
peça que faltava do quebra-cabeça.
Naquela época, porém, na aparente ausência de dados de radar para verificar a presença do
OVNI, indiscutivelmente a peça de evidência mais crítica nunca foi acompanhada. O Staff da
Inteligência de Defesa tinha avaliado as leituras de radiação feitas no local de pouso e julgado
que eram “significativamente mais elevadas do que a média do local”. De fato, eram cerca de
sete vezes mais altas do que seria esperado para a área.
Reavaliando o caso em minha revisão, fiquei desapontado com o que encontrei. Descobri
uma série de erros adicionais que tinham estragado fatalmente a investigação: falha em isolar o
local de pouso, pesquisá-lo com detectores de metal ou colher amostras de solo, demora em
relatar o incidente ao MoD, falha no compartilhamento de informações entre o MoD e a
USAF. Se a investigação tivesse sido tratada diferentemente, poderíamos saber um pouco mais
hoje sobre o estranho objeto que pousou. Enquanto a demora e o fraco compartilhamento de
informações foram indiscutivelmente erros humanos, a raiz do problema foi a confusão sobre
jurisdição e se eram os britânicos ou americanos quem deveriam liderar a investigação. Em
minha visão, ambos tinham jurisdição, mas as autoridades britânicas tinham primazia e
deveriam ter liderado. Justiça seja feita, as dificuldades foram agravadas pela natureza sem
precedentes do incidente. Simplesmente não havia um padrão de procedimento operacional
para cobrir uma situação como esta. Verifiquei novamente a avaliação das leituras de radiação,
mas, desta vez, com o Departamento de Proteção Radiológica e eles confirmaram a análise
original.
Falei com testemunhas-chave desse caso complexo em muitas ocasiões. Fiquei convencido
de que eles estavam dizendo a verdade e, embora as recordações variassem em algumas
circunstâncias, isso era esperado dado o tempo que tinha passado e o fato de que os eventos
ocorreram em várias noites, com pessoas diferentes sendo envolvidas em diferentes
localizações. De fato, seria suspeito se todo mundo contasse exatamente a mesma história,
porque, em minha experiência, isso sugeriria conluio impróprio entre as testemunhas.
Mas o simples fato de que este foi um evento de múltiplas testemunhas, onde os envolvidos
eram militares e onde houve evidência física, torna este um dos avistamentos mais
significativos de OVNI122.
O último almirante de cinco estrelas Lorde Hill-Norton, antigo Chefe do Staff de Defesa do
Reino Unido (o equivalente ao Presidente dos Chefes Adjuntos de Staff, nos Estados Unidos),
embora aposentado naquela época, frequentemente me pedia para informá-lo sobre o
fenômeno OVNI e selecionar para ele material sobre o assunto - uma tarefa assustadora para
um funcionário do governo de nível médio. Ele era particularmente franco sobre o caso da
Floresta de Rendlesham e sentia fortemente que a linha do MoD sobre o incidente (que os
eventos “não tinham significância defensiva”) era inteiramente inaceitável e em desacordo
com os fatos. Em uma carta que ele escreveu para o ministro da defesa do Reino Unido, da
qual fez uma cópia para mim, o almirante resumia sua visão sobre o caso da seguinte maneira:
Minha posição tanto privada quanto publicamente, expressa nos últimos doze anos ou
mais, é de que há apenas duas possibilidades:

a. Uma intrusão em nosso espaço aéreo e pouso por aeronave não identificada ocorreu
em Rendlesham, como descrito. Ou:
b. O Vice-comandante de uma base aérea operacional, armada nuclearmente, dos
Estados Unidos, na Inglaterra, e um grande número de seus alistados, estavam ou
alucinando ou mentindo.

Qualquer uma delas simplesmente tem de ser “do interesse do Ministério da Defesa”, o que
tem sido repetidamente negado, precisamente nestes termos123.

O PROJETO CONDIGNO

Em 15 de maio de 2006, sob o Ato de Liberdade de Informação do Reino Unido, que é


amplamente semelhante ao FOIA dos Estados Unidos, o Ministro da Defesa publicou um
relatório anteriormente secreto sobre os OVNIs. Muitas informações sobre estes já tinham sido
liberadas, tanto nos Arquivos Nacionais quanto no website do Ministério da Defesa, mas a
liberação deste último estudo era diferente e totalmente sem precedentes. O estudo foi
classificado como “Secreto. Somente para Leitura no Reino Unido” e apenas onze cópias do
relatório foram feitas. Tinha mais de 460 páginas e recebeu o codinome de Projeto Condigno.
O trabalho começou em 1996 e o relatório final não foi publicado até dezembro de 2000.
Interessantemente, a escala de tempo é amplamente semelhante ao semioficial Relatório
COMETA, da França, que foi iniciado em 1995 e liberado em 1999. Não havia qualquer
ligação entre os dois projetos e a alta confidencialidade e extrema sensibilidade do estudo do
Reino Unido impossibilitaram a ligação com qualquer outro país.
O relatório representou uma tentativa de empreender um estudo científico próprio e em
profundidade, que olharia todas as evidências que o MoD tinha acumulado em décadas, e
chegar a uma visão definitiva sobre o fenômeno OVNI. O meu oposto no Staff da Inteligência
de Defesa (DIS), que era meu principal contato no Staff e minha passagem para esta
organização secreta, tinha discutido isso comigo pela primeira vez em 1993. Como eu, ele
parecia intrigado com certos casos de OVNIs de nossos arquivos, e nossas discussões sobre a
aerodinâmica e sistemas de propulsão dos objetos pareciam provenientes de um script de
Jornada nas Estrelas. Nada era dito abertamente, mas, quando explicações convencionais para
alguns dos mais convincentes casos de OVNIs eram eliminadas, dedos eram apontados
sugestivamente para cima. E sempre que a questão de quem estava operando esses OVNIs era
mencionada, a maravilhosa expressão “aquela gente” era usada. Esses encontros mais
frequentemente eram privados, i.e, apenas nós dois, e ninguém anotava nada. Porém, em uma
ocasião, meu chefe me acompanhou e sentou-se em silêncio na maior parte do que se tornou
uma reunião particularmente surreal. “O que ele quis dizer com ‘aquela gente’?”, ele
perguntou, de maneira exasperada, quando retornamos ao nosso próprio escritório.
Mas como fazer um estudo comissionado, quando tantos de nossos colegas achavam que o
MoD devia desistir completamente de suas investigações sobre OVNIs, como a Força Aérea
dos Estados Unidos tinha feito em 1969?
Uma de nossas táticas era uma simples prestidigitação linguística: banimos o acrônimo
“OVNI”. Uma menção a “OVNI” e os preconceitos e sistemas de crenças das pessoas afloram,
sejam elas crentes ou céticas. O termo era muito emotivo e carregava muita bagagem. Assim,
inventamos a expressão “fenômenos aéreos não identificados” (FANI) como substituta e
tentamos usá-la em todos os documentos internos, empregando o termo OVNI apenas em
nossas relações com o público.
Funcionou. Com o termo OVNI tendo sido calmamente posto de lado, pressionamos para
que o estudo fosse aprovado. Para minha surpresa e deleite, dada a existência de algumas
vozes mais céticas no departamento, os recursos finalmente foram obtidos. Avaliei a proposta
formal, quando ela chegou, e recomendei a meus chefes que o estudo fosse comissionado.
Contra minha própria expectativa, minha recomendação foi aceita. Porém o projeto foi
subsequentemente adiado e, em 1994, fui promovido e passei a trabalhar numa seção diferente.
Portanto, não fiz parte desse estudo e certamente não sou - como tem sido declarado na
Internet - seu autor anônimo.
Assim, o que conseguimos? Após quatro anos e 460 páginas de análise, será que
conseguimos resolver o mistério dos OVNIs? Bem, não, não conseguimos. O que conseguimos
foi uma abrangente extração junto a alguma pesquisa existente, acompanhada de algumas
novas teorias exóticas. “Que os FANIs existem é indiscutível”, estabelece o Resumo
Executivo, antes de dizer que não foi encontrada nenhuma evidência que sugira que eles sejam
“hostis ou estejam sob algum tipo de controle”. Mas, por sua própria admissão, o relatório não
forneceu uma explicação definitiva do fenômeno: “O estudo não conseguiu fornecer a certeza
da explicação de todos os FANIs”, diz ele, deixando a porta aberta.
Um dos aspectos mais controversos relaciona-se com o que o relatório chama de “campos
relacionados de plasma”. Plasmas atmosféricos eletricamente carregados receberam o crédito
de terem originado alguns dos relatos de grandes aeronaves de forma triangular, enquanto a
interação de tais campos de plasma com os lobos temporais do cérebro é citada como uma
outra razão do porquê as pessoas sentirem que estão tendo uma experiência estranha. O
problema é que não há consenso científico aqui, e não se deveria tentar explicar um fenômeno
desconhecido citando evidência de outro. Em outras palavras, você não pode explicar um
mistério com outro.
O relatório também trata de questões de segurança de voo. Há numerosos avistamentos de
OVNIs envolvendo pilotos, e a Autoridade da Aviação Civil (CAA) tem registros de alguns
casos aterradores de quase disparo de mísseis entre aviões de caça e OVNIs. Em um desses
casos, de 6 de janeiro de 1995, um OVNI chegou perigosamente perto de bater em um Boeing
737, com sessenta passageiros a bordo, em sua aproximação do aeroporto de Manchester. A
CAA recomendou aos pilotos que relatassem o encontro com o OVNI. Contudo, o relatório
oficial declara que tanto o grau de risco ao avião e as causas eram “incalculáveis”. Numerosos
pilotos da RAF também têm visto OVNIs. Falei com muitas dessas testemunhas e nem todas
fizeram um relatório oficial. O Projeto Condigno possui uma intrigante recomendação, quando
chega à parte de tais encontros aéreos: “Nenhuma tentativa deve ser feita de manobrar melhor
que um FANI durante a interceptação”124.
PÚBLICO INFORMADO... PÚBLICO NEGADO

Quando me juntei ao MoD, em 1985, ele era uma organização fechada, com público e
interface de mídia limitados. Mas o Ato de Liberdade de Informação (FOI A) do Reino Unido
entrou plenamente em vigor em 2005, e o departamento, que deixei em 2006, depois de uma
carreira de vinte e um anos, ficou virtualmente irreconhecível, diferente daquele que conheci,
quando lá comecei mais de duas décadas atrás. A seção onde trabalhei estava agora tão
ocupada lidando com os pedidos de FOI, que isso tinha passado a ter precedência sobre a
pesquisa e investigação, que era feita na minha época. Poucos avistamentos de OVNIs foram
investigados em qualquer sentido que a palavra tenha, e a maioria dos avistamentos suscitou
pouco mais do que uma carta padrão. Se a testemunha era um piloto comercial ou oficial
militar, o incidente era pelo menos investigado, mas não na extensão que anteriormente se
investigava.
Em 2007, a carga de trabalho envolvia lidar com os pedidos de FOI sobre OVNIs em uma
base de caso a caso, o que estava se tornando intolerável e sei que o pessoal estava ficando
cada vez mais frustrado. Portanto, devido a esta carga administrativa, o MoD decidiu
proativamente liberar todo o seu arquivo sobre OVNIs. O governo francês tinha feito isso em
2007 e os funcionários do MoD e os Arquivos Nacionais esperavam que essa seria uma boa
notícia sobre a abertura do governo e liberdade de informação. O MoD me confirmou, em
dezembro de 2007, que a decisão final tinha sido tomada e eu revelei devidamente a história na
mídia.
Os 160 arquivos, alguns dos quais contendo centenas de páginas de documentos,
abrangiam ao todo dezenas de milhares de páginas. Cada página tem de ser considerada quanto
à redação, para assegurar que as informações confidenciais e dados pessoais não sejam
liberados. O primeiro lote de oito arquivos foi liberado em 14 de maio de 2008, e em um mês
houve cerca de dois milhões de downloads do website dos Arquivos Nacionais. Até agora,
muitos dos avistamentos de OVNIs são mundanos, mas há alguns relatos extraordinários de
pilotos militares e civis e avistamentos corroborados por evidência de radar. Espera-se que o
programa de liberação esteja completo em 2011.
O MoD estava no meio de seu programa de liberação dos arquivos sobre OVNIs, quando
tomou a decisão, em dezembro de 2009, de fechar seu escritório que recebia os relatos do
púbico - o bem conhecido “balcão OVNI” - para o desapontamento de muitos. Fiquei surpreso
por não ter havido nenhum anúncio no Parlamento e nenhuma consulta pública sobre a
mudança de política, o que acabou com toda a correspondência com o público britânico sobre
os avistamentos de OVNIs. Em vez disso, a notícia estava vazando de maneira a não atrair a
atenção, através de uma emenda em um documento já existente, “Como Relatar um
avistamento de OVNI”, na seção de Liberdade de Informação do website do MoD. O novo
texto afirmava que “em mais de cinquenta anos, nenhum relato de OVNI revelou qualquer
evidência de ameaça potencial ao Reino Unido” e continuou a dizer que “o MoD não mais
responderia aos avistamentos de OVNIs, nem os investigaria.”
Diante disso, parece que o projeto OVNI do MoD foi encerrado, espelhando o que tinha
acontecido ao Projeto Livro Azul, nos Estados Unidos. Mas a real situação era sutilmente
diferente. Um porta-voz do MoD disse à imprensa que “qualquer ameaça legítima ao espaço
aéreo do Reino Unido será seguida por nossas verificações de radar 24/7 e tratada pelos aviões
de caça da RAF”125.
Isso confirmou o que eu já sabia: atrás de portas fechadas, longe do escrutínio público, os
avistamentos de OVNIs realmente interessantes não seriam ignorados. Avistamentos feitos por
policiais, OVNIs testemunhados por pilotos civis ou militares, objetos não relacionados
seguidos pelo radar - todas essas coisas continuariam a ser observadas, embora fora de um
projeto OVNI formalmente constituído.
Isso não seria surpresa. Afinal, onde a evidência sugere que o espaço aéreo do Reino Unido
foi penetrado por um objeto não identificado precisa haver automaticamente um interesse
defensivo. Pensar e agir a partir de uma posição de indiferença só porque o objeto intruso é
uma aeronave não convencional seria perigoso. Como muitos países, a Bretanha permanece
vulnerável à espionagem e a ataques terroristas. E se o “OVNI” se transformar em um
protótipo de avião espião ou zangão? E se for um avião sequestrado com seu transponder
desligado, como vimos em 11 de setembro? Dada a segurança climática atual, esta não é a hora
de tirarmos os olhos da bola, simplesmente por causa da bagagem associada ao termo “OVNI”.
Tenho sentimentos confusos em relação a este recente e controverso desenvolvimento. Por
um lado, afastar o público parece um retrocesso em termos de responsabilidade e governo
aberto e talvez até paternalismo. Por outro lado, os avistamentos de OVNIs no Reino Unido
estiveram em alta nos últimos dez anos e o MoD estava recebendo mais pedidos FOI sobre
OVNIs do que sobre qualquer outro assunto. Separar-se disso e concentrar-se nos avistamentos
feitos por pilotos e em objetos não relacionados pegos pelo radar pode representar nossa
melhor chance de fazer progressos em nossa investigação do fenômeno OVNI. A realidade é
que os OVNIs ainda não foram levados a sério e investigados. Ainda são tratados como algo
de potencial significado defensivo, mas, infelizmente, agora o público em geral não será
necessariamente mantido informado sobre estes casos mais importantes de OVNIs.
Enquanto o MoD tem se mantido, sem necessidade, na defensiva no que se refere aos
OVNIs, procurando constantemente subestimar o assunto e o envolvimento do departamento,
não tenho visto evidência que sugira a existência de uma conspiração para abafar alguma
verdade sinistra sobre os OVNIs. A maioria dos avistamentos é má identificação de objetos
comuns e fenômenos naturais. Mas há evidências convincentes nos arquivos do MoD e nos
arquivos de outros países que demonstram que alguns OVNIs não podem ser explicados em
termos convencionais. Enquanto não houver alguém com uma explicação definitiva para o
fenômeno OVNI, minha pesquisa e investigações demonstram que não apenas eles existem,
mas que suscitam questões importantes sobre segurança aérea e nacional.
Apesar da natureza extraordinária de alguns materiais deste capítulo, tudo o que escrevi
pode ser verificado por referência aos documentos disponíveis nos Arquivos Nacionais ou no
website do MoD. Porém, as pessoas frequentemente me pedem para ir além dos fatos e entrar
nos domínios da especulação. Sem considerar o que eu sei, o que é eu acho? Em que eu
acredito? Quanto o meu trabalho oficial sobre o fenômeno OVNI me afetou? Vinte e um anos
de trabalho para o governo ensinaram-me a escolher cuidadosamente as palavras.
Em termos de minha visão do mundo, meu trabalho sobre os OVNIs teve um profundo
efeito. Antes de começar minha pesquisa e investigações oficiais, eu sabia pouco sobre OVNIs
e não tinha qualquer crença particular sobre o fenômeno. Depois, senti que meus olhos e minha
mente tinham sido abertos para um mundo que anteriormente tinha ignorado. Certamente havia
mais em relação ao fenômeno do que má identificação ou fraude. E os 5% mais ou menos de
avistamentos que desafiam as explicações convencionais? Algum deles poderia ser atribuído a
algo exótico ou até extraterrestre?
Muitos cientistas agora acreditam que deve haver vida em outros lugares do universo. Se
há civilizações em um raio de 100 anos-luz da Terra, a Matriz de Quilômetros Quadrados, o
mais poderoso radiotelescópio do mundo, que deverá ficar pronto em 2024, deverá ser capaz
de detectá-las. Será que poderíamos estar sendo visitados por alguma civilização
extraterrestre? Vários de meus colegas no MoD, nas Forças Armadas e na Inteligência
acreditavam que sim, e eu certamente não posso descartar a possibilidade. Se apenas um OVNI
acabar sendo uma nave espacial extraterrestre, as implicações são incalculáveis.
CAPITULO 18 - O Extraordinário Incidente na Floresta de Rendlesham
Pelo Sargento James Penniston (aposentado) da Força Aérea Americana e pelo Coronel
Charles Halt (aposentado), da Força Aérea Americana

I. SARGENTO JAMES PENNISTON

Em 1980, quando eu tinha vinte e cinco anos, fui designado para a maior ala tática de
combate da Força Aérea, no complexo Bentwaters/Woodbridge da RAF, na Inglaterra. Eu era
o oficial sênior de segurança, responsável pela segurança da base de Woodbridge. Naquela
época, eu tinha uma autorização top-secret de segurança dos Estados Unidos e da OTAN e era
responsável pela proteção dos recursos de guerra da base.
Pouco depois da meia-noite da noite de Natal - a madrugada de 26 de dezembro de 1980 -
o Sargento Steffens relatou-me que algumas luzes tinham sido vistas na Floresta de
Rendlesham, exatamente do lado de fora da base. Ele me informou que o que quer que fosse,
não tinha caído... Tinha pousado. Dei o desconto do que ele havia dito e relatei ao centro de
controle, ao voltar para a base, que tínhamos a possível queda de uma aeronave. Então, pedi
aos aviadores de Primeira Classe Edward Cabansag e John F. Burroughs para irem comigo até
lá.
Quando chegamos perto do local suspeito da queda, rapidamente ficou aparente que não
estávamos lidando com um avião caído ou qualquer outra coisa. Havia uma luz brilhante
emanando de um objeto no chão da floresta. Conforme nos aproximamos, apareceu em nosso
campo de visão um objeto de silhueta triangular, com cerca de 3 metros de comprimento por 2
de altura. Estava totalmente intacto, pousado em uma pequena clareira dentro da floresta.
Conforme nos aproximávamos do objeto, nossos rádios começaram a apresentar problemas.
Então, pedi a Cabansag para ficar mais para trás e retransmitir de volta ao Controle de
Segurança Central (CSC) as transmissões, enquanto eu e Burroughs prosseguíamos em direção
ao objeto. Inicialmente, fiquei confuso, sem compreender o que estava vendo. Isso era
realmente inacreditável. Depois, o medo me atingiu, mas disse a mim mesmo que tinha de
permanecer focado. Isso era uma ameaça para nós e para a base? Eu tinha de determinar isso
em primeiro lugar. Quando chegamos perto do objeto de forma triangular, havia luzes azuis e
amarelas girando ao redor da parte externa da superfície e o ar ao nosso redor estava
eletricamente carregado. Podíamos sentir isso em nossas roupas, pele e cabelo. Parecia
eletricidade estática, que faz os seus pelos ficarem em pé e dançarem em sua pele. Mas não
havia som nenhum vindo do objeto. Nada em meu treinamento me preparou para o que
estávamos testemunhando. Não era nenhum tipo de aeronave que eu já tivesse visto antes.
Depois de dez minutos sem qualquer agressão aparente, determinei que não era hostil à
minha equipe e decidi me aproximar mais. Seguindo o protocolo de segurança, realizamos uma
completa investigação, incluindo um exame físico total do objeto. Depois de andar ao redor
dele, a admiração e o espanto me oprimiram. Todo o medo se foi. Durante esse processo, tirei
fotografias, fiz anotações e enviei mensagens, através do aviador Cabansag, para o CSC,
seguindo os procedimentos necessários. Os sentimentos que tive durante esse encontro não se
pareciam com nada que eu já tivesse sentido antes.
Em um dos lados do objeto havia símbolos que tinham cerca de 7,5 cm de altura e 75 cm de
um lado a outro. Esses símbolos eram pictóricos; o maior deles era um triângulo, que estava
centralizado no meio dos outros. Estavam gravados na superfície. Coloquei minha mão sobre o
objeto e ele era quente ao toque. A superfície era lisa como vidro, mas tinha uma qualidade de
metal e eu senti uma baixa voltagem constante percorrendo minha mão e se movendo para o
meio de meu antebraço.

Depois de aproximadamente 45 minutos, a luz do objeto começou a se intensificar.


Burroughs e eu, então, assumimos uma posição defensiva longe dele, conforme ele se elevava
do chão, sem produzir qualquer ruído ou perturbação do ar. Ele manobrou entre as árvores e
disparou a uma velocidade incrível. Sumiu num piscar de olhos.
Em meu bloco de anotações, que sempre carrego comigo, escrevi: “Velocidade
Impossível”. Subsequentemente descobri que outras pessoas da base em
Bentwaters/Woodbridge, todos observadores treinados, tinham testemunhado a decolagem.
Naquele momento, soube que a tecnologia desse objeto era, de longe, muito mais avançada
do que jamais conseguiríamos produzir. Quando ele decolou, senti-me sozinho, sabendo agora
o que eu e John sabíamos. Repentinamente, não houve mais dúvidas. Compreendi, com 100%
de certeza, que éramos parte de uma comunidade maior, que estava além dos confins de nosso
planeta.
Após retornar ao CSC, fizemos o informe e, então, fomos aconselhados a retornar ao local
de pouso à luz do dia, para procurar evidências físicas. Depois de guardarmos nossas armas,
Burroughs e eu voltamos ao local e descobrimos ramos quebrados espalhados no chão. Parecia
que tinham sido forçados para baixo, quando o objeto pousou. Havia marcas de
chamuscamento nas árvores de frente para o local. Mas, o mais importante, descobrimos três
mossas no solo, marcas deixadas pelo trem de pouso do OVNI nos três cantos do triângulo.
Fiquei aliviado por encontrar a prova de que tinha realmente acontecido. Tirei fotos do local de
pouso e, junto com aquelas que eu tinha tirado do objeto, levei o filme para o laboratório da
base. Depois de deixar Burroughs em casa, voltei sozinho para o local e fiz moldes de gesso
das três mossas deixadas no solo pelo objeto.
A informação adquirida durante a investigação foi relatada, através dos canais militares, e
disseram à minha equipe e outras testemunhas para tratar a investigação como altamente
confidencial. Nenhuma discussão posterior foi permitida. Fomos interrogados pelo Primeiro
Tenente Frecl Buran, comandante de plantão do CSC; pelo Sargento J. D. Chandler, chefe de
voo; e pelo comandante do turno do dia Capitão Mike Verano. Nos dias seguintes, entrevistas
adicionais foram conduzidas pelo Coronel Charles Halt e, depois, pelo Escritório de
Investigações Oficiais da Força Aérea (AFOSI). Este foi um tempo verdadeiramente difícil
para mim, pois estava em choque pelo que eu tinha testemunhado.
Voltei ao laboratório fotográfico da base, já que fui um dos que preencheram a ordem de
serviço para a revelação dos dois rolos de filme de 36 mm usados para fotografar o objeto e
local de pouso. Disseram-me que as fotos tinham sido aparentemente superexpostas ou veladas
e que nenhuma delas deu certo. Porém o Sargento Sênior Ray Gulyas tirou seis fotos do local,
48 horas depois do evento, que ele revelou fora da base e que subsistiram; duas delas mostram
um policial britânico e o Capitão Verano examinando o local, e as três mossas estão
claramente demarcadas por varetas na vertical.
Ainda não estou certo sobre tudo o que pode ter acontecido durante aquela noite de 1980.
Esse evento e suas implicações ainda têm grande peso sobre mim. Quando todas as peças do
quebra-cabeça estiverem finalmente reunidas, então, esperançosamente, conseguiremos montar
o quadro. Até lá, continuarei tentando encontrar respostas para as muitas perguntas que
ficaram.

II. CORONEL CHARLES I. HALT

Em 1980, eu era o vice-comandante da base de Bentwaters da RAF, o maior complexo de


bases gêmeas, na Inglaterra. Como tal, meu trabalho é fornecer apoio e backup para o
comandante da base e agir como comandante em sua ausência. No final de dezembro de 1980,
fui chamado para investigar um estranho evento, que estava distraindo nossa polícia de
segurança de seus deveres básicos. Logo depois da meia-noite e na madrugada de 26 de
dezembro de 1980, os patrulheiros de nossa polícia descobriram estranhas luzes na floresta a
leste do portão traseiro da base Woodbridge da RAF. Os patrulheiros - Sargento John
Penniston e os aviadores de Primeira Classe John Burroughs e Edward Cabansag - foram
despachados para a floresta, para investigar. Eles relataram a descoberta de um estranho objeto
triangular, pousado em três pernas. O objeto tinha cerca de 3 metros de cada lado, com
múltiplas luzes. Ele manobrou rapidamente e deixou a área.
Não fiquei sabendo imediatamente dos detalhes; contaram-me somente a respeito das
estranhas luzes, e assumi que havia uma explicação razoável.
Duas noites depois, a festa de Natal para as famílias do dia 27 foi interrompida por um
comandante de polícia. Ele falou dos estranhos eventos e afirmou que “ele” tinha voltado. Uma
vez que meu chefe tinha de fazer premiações, fui encarregado de ir até lá e investigar. Eu
esperava encontrar uma explicação.
Peguei meu gravador de bolso e uma fita k-7 e levei comigo mais quatro pessoas para a
floresta: Bruce Englund (comandante de voo), Bobby Bali (superintendente de voo), Monroe
Nevilles (NCO preparação para desastres) e um jovem policial de segurança, Adrian Bustzina.
John Burroughs, que tinha testemunhado o evento duas noites antes com James Penniston e
que estava de folga, pegou uma carona para fora e ficou me chamando em um rádio
emprestado. Nem ele e nenhum dos outros policiais de segurança (pelo menos quinze ou vinte)
tiveram permissão de ultrapassar a estrada de serviço na floresta, onde os caminhões e os
“ilumina-tudo” - sistemas portáteis de iluminação gerada por motores - estavam estacionados.
Fiquei realmente aborrecido por ter tantos policiais fora da floresta. Era o pesadelo das
relações públicas apenas esperando para acontecer.
Fomos para o local onde alguma coisa tinha pousado e encontramos as três mossas de 5 cm
de profundidade e 30 cm de diâmetro no solo, num padrão triangular. Fizemos leituras e
descobrimos uma radiação suave e evidência física, incluindo um buraco na copa de uma
árvore e ramos quebrados. Havia abrasões nas laterais das árvores que estavam de frente para o
local do pouso. Enquanto documentava esse exame falando em meu gravador, notei alguns
sons bens estranhos, que eu pensei que eram dos animais no celeiro de uma fazenda próxima.
“Eles estão muito, muito agitados, fazendo um barulho horroroso”, registrei no gravador.
Apenas alguns segundos depois, um de meus homens observou primeiro um brilhante
objeto oval vermelho alaranjado com um centro negro na floresta. Lembrou-me um olho e
parecia estar piscando. Manobrou horizontalmente por entre as árvores, com ocasionais
movimentos verticais, ziguezagueando ao redor dos troncos, como se estivesse sob controle
inteligente. Eis um resumo de minha gravação, conforme eu assistia isso, com alguma
agitação:

Ten. Coronel Halt: Nós quase esbarramos na primeira luz que vimos. Estamos a cerca de
130 a 160 metros do local. Tudo o mais está mortamente calmo. Não há dúvidas sobre
ela; há alguma estranha espécie de luz vermelha cintilando à frente.
Sgt. Nevilles: Sim, é amarela.
H: Eu vi um tom de amarelo nela também. Estranho. Parece estar vindo um pouco por este
caminho?
Nevilles: Sim, senhor.
H: Está mais brilhante do que antes... Está vindo por aqui. Definitivamente está vindo por
aqui.
Sgt. Ball: Pedaços estão sendo disparados!
H: Pedaços dele estão sendo disparados.
Sgt Ball: Aproximadamente à frente.
H: Não há dívidas sobre ele - isso é estranho!

Quando nos aproximamos, ele retrocedeu silenciosamente para o campo aberto a leste.
Ficamos olhando espantados por um ou dois minutos. Registrei mais no gravador:

H: Estranho. Partiu novamente. Vamos nos aproximar da margem da floresta naquele


ponto. Podemos fazer isso sem as luzes? Vamos fazer cuidadosamente. Vamos... O.K.,
estamos olhando para a coisa. Estamos provavelmente a cerca de trezentos metros de
distância.
Ela parece um olho piscando para você; está ainda se movendo de um lado para o outro e
quando ajustamos o binóculo nele, uma espécie de centro vazio, um centro escuro, é...
Ten. Englund: É como uma pupila...
H: É como a pupila de um olho, olhando para você, piscando... E o lampejo é tão brilhante
no binóculo, que quase queima o seu olho.

O reflexo do objeto tremeluziu brilhantemente, através do pasto, na janela de uma casa de


fazenda, cuja lateral estava de frente para nós, e eu fiquei preocupado com a segurança dos
moradores. Podíamos ver o farol de Orford Ness mais distante à direita e, a uns dois
quilômetros de distância, o outro lado da casa da fazenda, durante todo o evento.
Repentinamente, o objeto explodiu em cinco luzes brancas que rapidamente
desapareceram. Então, observamos vários objetos com múltiplas luzes vermelhas, verdes e
azuis no céu ao norte, que mudavam de forma, indo da elíptica até a redonda, e se moviam
rapidamente em ângulos agudos. Vários outros objetos eram vistos ao sul e se aproximou em
alta velocidade e depois parou quase acima de nossas cabeças. Ele enviou para baixo um raio
branco concentrado - um fino e denso raio, como um laser - muito perto de onde eu estava
parado. Ele iluminou o solo a cerca de 3 metros de nós, que simplesmente ficamos ali,
imaginando se isso era um sinal, algum tipo de comunicação ou, talvez, um aviso. Realmente
não sabíamos. O raio se apagou e o objeto retrocedeu de volta para o céu. Eu relatei isso, mais
uma vez, em meu gravador de bolso.
Um outro objeto também enviou raios para baixo, naquela noite, perto ou na área de
armazenagem de armas. Eu estava a vários quilômetros de distância, mas pude ver alguns raios
e eles foram relatados pelo rádio daquele lugar. Depois, outras pessoas da área de
armazenagem me disseram ter visto os raios. Isso me deixou muito preocupado. O que ele
estava fazendo ali?
O tempo todo tínhamos dificuldades de comunicação com a base, pois todas as três
frequências de rádio - comando, segurança e execução legal - ficavam picotando. Essa
atividade continuou por cerca de uma hora. Durante todo esse evento, registrei no gravador os
vários avistamentos, conforme surgiam, e registrei cerca de dezoito minutos de informação.
No dia seguinte ao incidente, corri para o Coronel Gordon Williams, Comandante de Ala
da 81° Ala de Combate Tático, na base de Bentwaters da RAF, no hall de entrada comum. Ele
tinha ouvido minhas transmissões de rádio na noite anterior e eu liguei o gravador para ele
ouvir. Ele me pediu o gravador emprestado e o levou para a reunião de staff da Força Aérea,
onde todo o pessoal ouviu, bem como o seu chefe, o General Robert Bazley.
Williams me disse que ninguém, naquela reunião, teve qualquer ideia e permaneceram
todos em silêncio. Mas ele me instruiu para entrar em contato com o oficial de ligação da RAF,
Don Moreland, para dizer que, uma vez que isso tinha acontecido fora da base, o General
Bazley tinha declarado que era “um assunto britânico”. Aconteceu que Don estava de férias,
mas quando retornou, ele me pediu para preencher um memorando (a sua ausência explica a
demora na data do documento). Escrevi os detalhes em meu memorando de 13 de janeiro de
1981, “Luzes Inexplicadas”, e uma cópia foi enviada para o Ministro da Defesa britânico e
para a 3a Força Aérea. O memorando descrevia o avistamento de Penniston e dos dois
patrulheiros de um objeto triangular pousado no solo, bem como as depressões e outras
evidências físicas que encontramos no local de pouso. Descrevia também as várias luzes e
objetos que eu e várias outras pessoas testemunhamos subsequentemente.
Algum tempo depois, meu novo chefe encontrou minha gravação e, sem que eu soubesse,
começou a apresentá-la em festas e coquetéis. Isso acabou vazando e um pesquisador
americano começou a cavar, para obter mais informações. Em 1983, recebi uma ligação de
Pete Bent, na qualidade de Comandante da 3a Força Aérea, que me disse que esse memorando
estava para ser liberado sob o Ato de Liberdade de Informação. Eu conhecia Pete e pedi-lhe
para queimá-lo, destruí-lo, e lhe disse que a minha vida e a dele nunca mais seriam as mesmas
por causa do que aconteceria se ele fosse liberado. Ele disse que muitas pessoas conheciam as
declarações e que, então, ele não tinha escolha. Em outubro de 1983, meus piores medos se
concretizaram. O popular tabloide britânico News of the World publicou uma enorme
manchete com a história em sua primeira página. Os repórteres estavam enxameando a base à
procura do autor do memorando. Felizmente, eu já estava voando para os Estados Unidos
naquela época, mas isso foi apenas o começo. Em 1984, a gravação também se tornou pública.
A gravação original me foi devolvida e tenho também o gravador de bolso utilizado naquela
noite.
Se o memorando não tivesse sido liberado, eu teria continuado em silêncio. Essa
experiência não é algo que eu queira falar publicamente. Por outro lado, ninguém nunca tentou
me influenciar para não fazer isso. Quando recebi minhas instruções finais antes de deixar a
Força Aérea, isso nem mesmo foi mencionado. Assim, perguntei se poderia falar sobre o caso
e me foi dada permissão, como se realmente não importasse.
Ao longo dos anos, tenho ouvido privadamente muitas outras testemunhas. O operador de
torre da área de armazenagem de armas e um funcionário de comunicações, que trabalhava na
mesma torre, disseram-me que viram um objeto que entrou na floresta perto da base de
Woodbridge. Os operadores da torre de controle de tráfego aéreo, em Bentwaters, também
viram um objeto e observaram algo cruzar suas telas de radar em velocidade extremamente
alta, acima de 3000 a 4000 km/h - o monitor do radar registrou um risco em oposição à série
usual de bips, mesmo para os aviões mais rápidos. Outras testemunhas estão se apresentando
agora com relatos semelhantes. Todas tinham sido advertidas para não falar por alguém
superior na cadeia de comando, ou tinham medo de falar naquela época por várias outras
razões.
Muitos ficaram imaginando quanto o governo dos Estados Unidos poderia saber sobre o
incidente da Floresta de Bentlesham. Ao longo dos anos, ficou claro para mim que agentes do
Escritório de Investigações Espaciais (OSI), o principal serviço de investigação da Força
Aérea, esteve na base e secretamente investigou o caso nos dias que se seguiram. O incidente
deixou todo mundo muito nervoso. Oficiais de alta patente queriam ficar de fora dele e o OSI
queria ter sob controle todos os envolvidos. Os agentes do OSI interrogaram rigorosamente
cinco jovens aviadores, alguns deles em choque naquela época, que eram testemunhas-chave.
Esses homens relataram depois que os agentes lhes disseram para não falar sobre os eventos,
senão suas carreiras estariam em risco. Drogas tais como o sódio pentotal, frequentemente
chamada de “soro da verdade” quando usada com algum tipo de lavagem cerebral ou hipnose,
foram administradas durante esses interrogatórios, e a coisa toda teve efeitos prejudiciais, e
duradouros, sobre os homens envolvidos.
Outras testemunhas podem ter sido expostas a altas doses de radiação do objeto pousado.
Algumas tiveram problemas de saúde e lutam com problemas pessoais até hoje. A repressão,
pelo OSI, não é incomum entre os militares, mas ninguém envolvido jamais admitiu isso. O
comandante do OSI para Bentwaters me disse, então, que eles não estavam investigando.
Outros relataram uma história diferente.
Aposentei-me da Força Aérea Americana em 1991, como coronel. Essa publicidade não foi
exatamente um reforço de carreira. Contudo, consegui me tornar o comandante da base em
duas grandes instalações e, na época de minha aposentadoria, era diretor do diretório de
inspeções do Escritório de Inspeção Geral do DoD. Nessa posição, fazia a supervisão de
inspeção de todos os serviços militares e agências de defesa.
Ainda não tenho ideia do que vi naquela noite. Deve ter sido alguma coisa além de nossa
tecnologia, a julgar pela velocidade dos objetos, o modo como se moviam e os ângulos em que
viravam, e outras coisas que eles fizeram. Eu sei de uma coisa, sem qualquer dúvida: esses
objetos estavam sob controle inteligente.
CAPITULO 19 - Chile: Casos Aeronáuticos e a Resposta Oficial
Pelo General Ricardo Bermúdez Sanhueza (aposentado), da Força Aérea Chilena, e pelo
Capitão Rodrigo Bravo Garrido, da Aviação do Exército do Chile

Junto com as nações europeias ocidentais, a América do Sul também desempenhou um papel
principal no estabelecimento de novas agências para investigar os OVNIs, e estes esforços
reuniram algum ímpeto nessa parte do mundo. O Peru estabeleceu seu Escritório para a
Investigação de Atividade Anômala, da Força Aérea, conhecido como OIFFA126, em 2001,
basicamente preocupado com a segurança das operações de voo. E o governo peruano deu
outro passo importante cerca de dois anos depois. A Força Aérea publicamente relatou suas
investigações de uma série de avistamentos, gravados em vídeo, na remota área de Chuluca-
nas, afirmando que, o que quer que fosse, era fisicamente real, mas não podia ser explicado127.
Anunciado, em fevereiro de 2003, pelo Coronel José Raffo Moloche, da Força Aérea Peruana,
o reconhecimento oficial da existência dos OVNIs nunca fora providenciado publicamente
antes pelo governo peruano, de modo que este foi um avanço importante.
O Comandante Julio Chamorro, fundador e primeiro diretor da OIFFA, tinha sido
previamente designado para a base aérea de La Joya e foi testemunha do incidente
envolvendo Oscar Santa Maria Huertas, em 1980, quando a base foi colocada em alerta. Ele
me disse que o Peru fundou sua agência da Força Aérea porque “estes eventos anômalos
ocorriam com frequência suficiente sobre o território nacional para criar perigo, e nós
reconhecemos que precisam ser levados a sério”. Chamorro diz que, como diretor do OIFFA,
tinha abordado a Embaixada americana em várias ocasiões, para discutir a situação, com o
propósito de pedir assistência, mas nunca recebeu resposta. “Não conseguimos qualquer
ajuda dos americanos para lidar com este problema”, diz ele
A Força Aérea uruguaia, que tem sido ativa nas investigações de OVNIs durante décadas,
liberou seus arquivos sobre OVNIs em 2009, e tornou-os públicos, incluindo registros de
quarenta casos que permanecem inexplicados, alguns deles envolvendo pilotos militares. “O
fenômeno OVNI existe e preciso enfatizar que a Força Aérea não descarta uma hipótese
extraterrestre, baseada em nossa análise científica”, disse o Coronel Ariel Sánchez naquela
época, um oficial com trinta e três anos de serviço ativo, que preside uma comissão da Força
Aérea para estudar os casos128.
O Chile estabeleceu uma agência em seu departamento de aviação civil, o equivalente ao
FAA americano, em 1997, para investigar casos de OVNIs que afetavam a segurança da
aviação. O CEFAA129 foi fundado e dirigido pelo General Ricardo Bermúdez e logo
desenvolveu uma relação com o ramo da aviação do Exército chileno, em 2002. O General
Bermúdez preparou um curso em nível de graduação em FANI para a Universidade de
Ciência e Tecnologia, em Santiago, “designado para fornecer aos estudantes as ferramentas
necessárias para distinguir o que é real e o que é ficção em relação aos OVNIs”, como ele o
descreve. O curso foi montado para incluir uma ampla gama de palestras de outros
professores de campos relacionados, tais como astronomia, física espacial e astronáutica. Em
janeiro de 2010, o General Bermúdez foi redesignado como chefe do CEFAA, em uma
cerimônia elaborada presidida pelo diretor geral da aviação civil. Representantes das Forças
Armadas, da polícia (carabineros) e comunidades acadêmicas e de pesquisa de todo o Chile
compareceram, e o evento foi coberto pela mídia. “Foi uma bela cerimônia, que teve o total
apoio das autoridades”, escreveu Bermúdez em um e-mail130.

I . GENERAL RICARDO BERMÚDEZ SANHUEZA

Nos últimos dias de março131 e início de abril de 1997, vários fenômenos aéreos anômalos
foram observados sobre a cidade de Arica, no norte distante do Chile. Por dois dias
consecutivos, luzes foram vistas a oeste da cidade e do aeroporto, alarmando as pessoas da
região. Luzes também foram vistas sobre o mar, aparentemente se movendo de forma
coordenada. Além dos membros da população civil, outras testemunhas incluíam funcionários
civis e militares especialistas em aeronáutica do aeroporto Chacalluta, o aeroporto daquela
cidade. A notícia percorreu a imprensa e o Departamento Ministerial de Aeronáutica Civil,
DGAC, deu uma declaração pública, reconhecendo e confirmando tais observações. Esta foi a
primeira vez que o governo chileno tinha reconhecido publicamente a existência de objetos
não identificados no espaço aéreo nacional.
Dado o grande destaque do caso e o forte interesse público no assunto, e as discussões que
já tinham ocorrido dentro da Força Aérea sobre falar do assunto OVNI, o General Gonzalo
Miranda, diretor do DGAC, ordenou a criação de um comitê para estudar fenômenos aéreos
anômalos. Este grupo, o CEFAA, ficou encarregado de compilar, analisar e estudar cada
incidente envolvendo os fenômenos aéreos observados por pessoas da aeronáutica, civis ou
militares. Os trabalhos foram iniciados em 3 de outubro de 1997.
Fui o responsável pelo CFAA de 1998 a 2002. Como diretor da Escola Técnica da
Aeronáutica, tinha outros importantes postos educacionais na Força Aérea, tais como diretor da
Escola de Engenharia e vice-diretor da Escola de Aviação. Tinha sido um investigador ativo de
fenômenos não identificados, especialmente quando servi como adido de aviação, na
Inglaterra. Foi durante essa atribuição que cheguei à conclusão de que havia alguma coisa
acontecendo nos céus do mundo e que não sabíamos o que era. Minha posição como diretor do
CFAA exigiu que eu mantivesse uma visão científica sobre este tópico, mas também
significava que eu desejava considerar qualquer hipótese sobre a origem e a natureza desses
fenômenos.
Meus deveres eram, entre outros, chefiar sessões regulares do staff e membros do grupo,
para guiar os esforços de pesquisa e fornecer a estrutura logística para implementação desses
esforços. Além disso, promovi a cooperação com a universidade e organizações científicas,
tanto nacionais quanto estrangeiras. Isso incluiu trabalhar com o Dr. Richard Haines e o
NARCAP, e com o GEIPAN do governo francês. Todos os dias eu verificava o progresso
dessas várias investigações e supervisionava o plano de seus procedimentos. Às vezes, eu
mesmo fazia uma pesquisa e me envolvia ativamente com as investigações de casos.
Como a FAA americana, o mandato legal do DGAC é administrar o espaço aéreo nacional
e assegurar a segurança de todas as operações aéreas civis, militares e comerciais. Para o
CEFAA, trabalhando com a mesma autoridade, a segurança da aviação de voos comerciais é a
prioridade. Operações aéreas exigem preparação e execução cuidadosas, sem qualquer
elemento de distração para os pilotos. O avistamento de um fenômeno desconhecido é
certamente uma grande distração, que poderia afetar tanto a tripulação do avião, quanto o
pessoal do tráfego aéreo na torre de controle. Potencialmente, ele poderia sobrecarregar as
comunicações de rádio tanto de pilotos quanto dos controladores do tráfego aéreo, se os
operadores estiverem focados em fenômenos bizarros, transmitindo detalhes e perguntas, um
fato que deveria preocupar os oficiais de qualquer país. A política do CEFAA é analisar casos
sólidos com dados científicos adequados, mas somente se houver uma indicação de que a
segurança do avião poderia ter estado em risco.
Como diretor, afirmei desde o começo que CEFAA está comprometido com a cooperação
internacional pelas seguintes razões:

• Compartilhar informação relevante e novos achados.


• Fornecer um incentivo para as universidades e organizações científicas para trabalharem com
isso em equipes multidisciplinares dos vários ramos da ciência.
• Marginalizar charlatães e pseudo-investigadores e denunciar fraudes.
• Ter um método uniforme de processos investigativos e de análise.
• Coordenar recomendações para operadores de controle de tráfego, quando houver riscos de
efeitos eletromagnéticos ou outros prejuízos nos instrumentos a bordo dos aviões.

O Chile, indubitavelmente, deu um grande passo na investigação de fenômenos aéreos


anômalos. E exatamente como a Força Aérea chilena foi uma das primeiras a ser criada no
mundo, é também histórico que sejamos um dos primeiros a oficialmente reconhecer estes
fenômenos e a instalar uma agência governamental especificamente para a investigação dos
mesmos.
A posição oficial do CEFAA tem sido sempre reconhecer que algo está acontecendo em
nossos céus, mas nós, até agora, não sabemos o que é. Uma grande porcentagem dos relatos
que recebemos foi confirmada como planetas, meteoritos ou fenômenos meteorológicos, ou
não fornecem dados suficientes para uma análise. Ocasionalmente, somos incapazes de tomar
uma decisão, porque as testemunhas se recusam a ser entrevistadas, ou não são dignas de
crédito, ou até mesmo estão cometendo uma fraude. Algumas vezes, nossos pilotos ficam com
medo do ridículo, embora esse problema tenha melhorado um pouco. De todos os casos que
analisamos, cerca de 4% não têm explicação, significando que, usando todos os meios
tecnológicos disponíveis, não conseguimos chegar a uma conclusão satisfatória.
Acreditamos que há a possibilidade de que sejamos forçados a nos confrontar com uma
interferência maior dos OVNIs no futuro, especialmente considerando a documentação de
incidentes realizada por especialistas em outros países. Cremos ser da maior importância estar
preparados.
Oficialmente, o Chile não pediu diretamente a cooperação dos Estados Unidos. Porém, em
abril de 1998, o CEFAA informou o oficial adjunto de aeronáutica, da Embaixada dos Estados
Unidos no Chile, sobre nossa existência e mencionou o interesse do Chile em trabalhar com a
agência apropriada dos Estados Unidos, para compartilhar experiências, políticas,
procedimentos, etc., em relação a este tópico. Em julho de 2000, O CEFAA enviou à
embaixada um documento pedindo para consultar o Pentágono se um avistamento
testemunhado por um grande número de pessoas ao longo da costa central do Chile, no mês de
fevereiro anterior, tinha sido devido à atividade do Sistema Nacional de Defesa Antimíssil.
Ambos os pedidos não receberam resposta. Para ser franco, não obtivemos qualquer resposta
dos Estados Unidos em tempo nenhum em que tentamos obter sua cooperação.
Agora, no início de 2010, estou retornando a meu posto como diretor do CEFAA. Temos
três investigadores em tempo integral e muitos novos casos para estudar.
Em resumo, estou convencido que os OVNIs existem e são uma realidade que não pode
permanecer sem reconhecimento pelos governos. Os fenômenos são evidentes em todas as
partes do mundo, e nenhum esforço para estudá-los deve ser negligenciado. Para se alcançar
esse objetivo, a cooperação internacional é vital, para gerar padrões de protocolos e políticas
para a análise de dados. Pessoalmente, segundo meu melhor julgamento, concordo com os
achados do Relatório COMETA: há uma alta probabilidade de os OVNIs serem de origem
extraterrestre. Porém, até que a hipótese possa ser confirmada ou refutada, devemos nos abster
de cair nos domínios da filosofia ou da religião. Por outro lado, não podemos descartar tal
hipótese, só porque pode parecer precipitada. Precisamos analisá-la rigorosa e cientificamente,
para que possamos chegar a conclusões viáveis.

O Capitão Bravo, de trinta e três anos, é o mais jovem de nossos contribuidores e o único
atualmente em serviço ativo militar. Tive a oportunidade de passar alguns dias com ele no
final de 2007, quando ele falou em nossa conferência de imprensa, com a permissão das
autoridades chilenas. Embora o Capitão Bravo nunca tenha testemunhado um avistamento
de OVNI, tornou-se um investigador meticuloso dos relatos de pilotos e uma autoridade
sobre esse assunto em seu país.

II. CAPITÃO RODRIGO BRAVO GARRIDO

Desde o início da história chilena, tem havido relatos de fenômenos aéreos não
identificados, algumas vezes chamados de OVNIs, em nossos céus. Ao longo dos anos,
aumentamos nossa capacidade de explicar muitos dos avistamentos, mas continua a haver
outros sem explicação científica ou lógica. Em 1997, uma análise de defesa foi conduzida na
indústria das telecomunicações, que tocaram no assunto dos fenômenos anômalos e seus
efeitos nos campos eletromagnéticos. Foram observados casos onde houve um bloqueio nas
comunicações via rádio concorrente com a presença de um OVNI perto do avião.
Reconhecendo o impacto potencial sobre a segurança da aviação, em outubro de 1997, o
Departamento de Aviação Civil, que está sob a supervisão direta do comandante chefe da
Força Aérea chilena, estabeleceu o Comitê para o Estudo de Fenômenos Aéreos Anômalos,
conhecido como CEFAA. Em cooperação com especialistas da aviação, essa agência lida com
relatos sólidos, bem documentados, de fenômenos aéreos não identificados.
Em 2000, com vinte e quatro anos, eu estava em treinamento para me tornar piloto militar.
Para minha tese, apresentada no ano seguinte, fui designado a fazer uma pesquisa sobre os
fenômenos aéreos não identificados para determinar seus efeitos e impacto na segurança do
espaço aéreo. O ramo da aviação do Exército do Chile132, tinha em seus arquivos muitos relatos
de pilotos militares, descrevendo incidentes durante o voo, envolvendo fenômenos aéreos que
não correspondiam a tráfego aéreo normal. Estes incidentes colocaram uma ameaça potencial à
segurança aérea.
Um dos casos mais importantes da aviação civil ocorreu em 1988 e mostrou que objetos
voadores não identificados podem ser um perigo para as operações aéreas. O piloto de um
Boeing 737, na corrida de aproximação final ao Aeroporto Tepual, na cidade de Puerto Montt,
ao sul de Santiago, repentinamente encontrou uma grande luz branca circundada de verde e
vermelho. A luz estava se movendo em direção ao avião, vindo diretamente para ele, e o piloto
teve de fazer um giro abrupto para a esquerda para evitar a colisão. O fenômeno também foi
observado pelo pessoal da torre de controle.
Mais recentemente, em 2000, a tripulação de um avião do exército chileno, voando ao sul
de Santiago, observou um objeto longo, com forma de charuto, de uma cor cinza brilhante. Ele
voou paralelamente ao lado direito do avião por dois minutos, muito perto dele, e depois
desapareceu a uma velocidade extremamente alta, ao longo da costa montanhosa. Este objeto
foi detectado pelo radar do centro de controle de Santiago, que notificou a tripulação minutos
antes do incidente e confirmou as observações feitas pelo piloto.
Aconteceu que o piloto desse avião era o diretor de estudos da aviação militar e era
também meu instrutor de voo durante meu treinamento. Devido à minha ligação com ele, tive
acesso ao relato inteiro desse incidente, preenchido dentro do meu departamento por todos os
envolvidos e, posteriormente, investiguei o caso. Consegui entrevistar os outros pilotos, o
engenheiro de voo, e os passageiros desse voo que também observaram o objeto.
Nesse caso incomum, os membros da tripulação da aviação militar confirmaram a
realidade do OVNI, através da observação cuidadosa e relato detalhado. Simultaneamente, o
radar confirmou os movimentos do objeto. O caso aumentou o interesse oficial dos militares e
do pessoal da aviação chilenos nos FANIs. De fato, esse evento significativo teve um grande
efeito sobre as atitudes e opiniões de nossos pilotos militares. Foi por causa de meu
envolvimento nesse caso essencial que pedi para estudar o tópico não convencional dos FANIs
para me graduar em meu programa de treinamento como piloto.
Depois de conduzir esta investigação, conclui, em minha tese, que os OVNIs são
fisicamente reais e sua presença em nossos céus é concreta. Porém, as dificuldades surgem
quando tentamos estudar seu comportamento, devido à complexidade dos fenômenos e à nossa
incapacidade de prever eventos OVNIs. Percebi que a ampla variedade de formas, estruturas,
cores e movimentos deles significam que podem compreender um fenômeno maior e mais
generalizado do que temos entendido.
Quando me tornei piloto, ouvi histórias sobre encontros com OVNIs e tornei-me
consciente dos riscos que podem criar, dos possíveis perigos. No Chile, há um excelente
treinamento em espaço aéreo fornecido para todos os tipos de emergências, mas não há nada
escrito ou ensinado sobre OVNIs. Isso significa que quaisquer reações durante encontros com
OVNIs são deixadas a critério dos pilotos e, naturalmente, terão de ser improvisadas na hora.
Quando estava fazendo a pesquisa sobre FANI, um elo estabeleceu-se entre nosso BAVE e o
CEFAA, e as duas agências trabalharam juntas para compartilhar informação e cooperar nos
casos. Nossa análise objetiva e o sério respeito em relação a esse fenômeno ajudaram a
alimentar a consciência sobre os OVNIs entre nossas tripulações. Em cooperação com a
segurança de voo, eles agora mantêm uma abertura em relação aos relatos de qualquer situação
anormal e não mais ridicularizam as discussões sobre os OVNIs.
Continuei a estudá-los, com todo o apoio do CEFAA, e meus estudos de casos militares e
questões de aviação, bem como casos da Aviação do Exército, estão sendo enviados
diretamente ao CEFAA. Até hoje, analisei vinte e oito casos, nove envolvendo aeronaves da
Aviação do Exército chilena. Estes nove casos bem documentados foram estudados por outros
funcionários do governo chileno e foram apresentados em relatórios oficiais. Também
colaboramos intimamente com algumas organizações civis de investigação, que fornecem
vasta experiência de pesquisa e que também trocam informação com outros países.
Embora minha posição oficiai no BAVE não seja especificamente ligada aos OVNIs, sou a
pessoa que os pilotos consultam depois de uma observação, antes de submeterem seus
relatórios a seus departamentos, como é requerido. Parece que cada vez mais lido com esse
assunto, porque me tornei conhecido como referência para relatos e investigações sobre
OVNIs.
No momento, tanto o BAVE como o CEFAA estão desenvolvendo métodos de pesquisa
adicionais e criando um importante banco de dados para futuras operações aéreas. Não
mantemos essa informação em segredo. Há interesse real sobre o assunto dos OVNIs, mas,
infelizmente, a ciência não apoia experimentos ou um teste de evidência, e nossa metodologia
científica atual para medidas e verificação de dados não é facilmente aplicável ao estudo do
fenômeno OVNI. O resultado é que esse estudo atraiu muitos investigadores autodidatas,
promovendo teorias não científicas, que são cobertas pela mídia de massa. Por isso, no Chile,
bem como em outros países, os OVNIs são considerados como algo separado da ciência
clássica e são rejeitados pelas instituições científicas estabelecidas. Isso torna muito difícil
identificar essas anomalias existentes nos céus ao redor do mundo.
Pessoalmente, acredito que o fenômeno OVNI é o mais interessante de todos os muitos
fenômenos que afetam nosso planeta e é um que desafia totalmente a explicação lógica. Deste
então, ele parece estar além de nossa capacidade de compreendê-lo. Mas novos casos
continuam a ser documentados por pilotos, controladores de tráfego aéreo, pessoal de
operações nos aeroportos do mundo, e muitos outros com o treinamento adequado para
determinar se um objeto voador é algo incomum. Muito embora a verdadeira origem desses
OVNIs permaneça desconhecida, eles afetam a aviação em qualquer lugar, e isso precisa ser
discutido. Eventualmente, acredito, seremos capazes de determinar a verdadeira natureza deste
fenômeno, se o método científico for aplicado.
CAPITULO 20 - OVNIs no Brasil
Pelo General Brigadeiro José Carlos Pereira (aposentado)

A maioria dos norte-americanos não tem consciência de que o Brasil é o quinto maior país
do mundo, ocupando a maior parte do leste do continente sul-americano. Tem atraído
muitos dedicados pesquisadores de OVNIs e investigadores de campo durante décadas,
alcançando a duvidosa reputação de ser um “berço quente” de eventos OVNI estranhos.
Também tem uma rica história de envolvimento de oficiais e relatos da Força Aérea. Os
militares brasileiros vem investigando OVNIs há muitos anos, como demonstrado por
documentos governamentais.
Por exemplo: O Brasil deu uma contribuição significativa com a liberação da mais
importante série de fotografias da história dos OVNIs. Somente algumas das claras
fotografias do OVNI foram obtidas de fontes oficiais, sujeitadas a extensiva análise
laboratorial, que verificou sua autenticidade, e depois liberadas ao público. Quatro
imagens do Brasil, conhecidas como as fotografias de Trindade, estão entre as melhores e
mais valiosas fotos já tiradas. O governo brasileiro esteve envolvido com a liberação
dessas fotos mais de cinquenta anos atrás.
Por volta do meio-dia de 16 de janeiro de 1958, um oficial aposentado da Força Aérea
brasileira, Capitão José Teobaldo Viegas e Amflar Vieira Filho, chefe de um grupo de
exploradores submarinos, foram os primeiros - entre os muitos oficiais, marinheiros e
outros - a avistar um objeto incomum do deck de um navio-escola da Marinha brasileira.
Almiro Baraúna, um fotógrafo submarino profissional que estava a bordo, começou a tirar
uma série de fotografias bem sucedidas do céu acima da Ilha de Trindade, apesar da
comoção no deck causada pela multidão de observadores. O Capitão Viegas afirmou
depois: “A primeira visão foi aquela de um disco brilhando com um brilho fosforescente,
que, mesmo à luz do dia, parecia ser mais brilhante do que a lua”. Com o tamanho
aproximado de uma lua cheia, “ele seguia seu caminho pelo céu. Mudando para uma
posição inclinada; sua forma real estava claramente delineada contra o céu: aquela de
uma esfera achatada, circundada no equador por um largo anel ou plataforma”.
O Ministro da Marinha Brasileira endossou as fotografias de Trindade. Um repórter
da UPI afirmou que “o Ministro da Marinha, Almirante Antonio Alves Câmara disse, após
o encontro com o Presidente Juscelino Kubitschek, que estava no Palácio Presidencial de
verão, em Petrópolis, que ele também atestava pessoalmente a autenticidade das fotos”.
Kubitschek ordenou que elas fossem liberadas ao público, e a Câmara de Deputados
exigiu uma investigação pela Marinha, que compilou um relato133. As fotos originais e os
negativos foram analisados tanto pelo Laboratório de Reconhecimento Fotográfico da
Marinha, quanto pelo Serviço Aerofotogramétrico da Cruzeiro do Sul (privado), e ambos
confirmaram sua autenticidade. Posteriormente, especialistas civis nos Estados Unidos
conduziram outras análises134.
Foi só recentemente, em 2008 e 2009, que o governo brasileiro começou sua liberação
de numerosos arquivos previamente secretos sobre OVNIs e afirmou que iria
gradualmente liberar todos, em grupos por décadas, uma década de cada vez. Escritos,
documentos, fotos e esboços desde os anos 50 até os anos 80 já foram tornados públicos -
mais de 4.000 páginas - muitas delas relativas à “Operação Disco” da Força Aérea135,
envolvendo investigações militares extensas dos OVNIs na região amazônica, em 1977.
A. J. Gevaerd, coordenador do Comitê Brasileiro de Pesquisadores de OVNIs, um
proeminente grupo de civis, e seus colegas têm sido fundamentais na concretização da
liberação dos arquivos do governo. Gevaerd também foi o primeiro a entrevistar o
General Brigadeiro José Carlos Pereira (aposentado), o oficial brasileiro de mais alta
patente a falar sobre OVNIs. O General Brigadeiro Pereira contribuiu para este livro com
uma peça original sobre o tratamento dos eventos OVNIs no Brasil nos níveis mais altos,
incluindo seus pensamentos pessoais sobre o fenômeno. Conforme seu pedido, alguns dos
materiais incluídos nesta peça foram retirados de uma entrevista transcrita com Gevaerd,
enquanto outras foram escritas especialmente para ela. Tudo foi traduzido do português136.
O General Brigadeiro começa seu ensaio com uma descrição de uma série de
avistamentos espetaculares envolvendo pilotos militares e o radar, em 19 de maio de 1986,
que veio a ser conhecida como “a noite oficial dos OVNIs no Brasil”. Só foi em 2009 -
depois que o General Brigadeiro Pereira completou seu ensaio “OVNIs no Brasil” - que
toda a documentação tornou-se pública sobre este caso. O recentemente liberado
“Relatório de Ocorrência”, de cinco páginas, sobre o incidente de 1986 foi escrito pelo
comandante do Comando de Defesa Aérea brasileiro para fornecer ao Ministro da
Aeronáutica a “informação dada pelo controle de tráfego aéreo e defesa aérea, bem como
pelos pilotos interceptadores envolvidos no evento”. O relatório, anteriormente secreto,
afirma que as leituras de radar, tanto do sistema de defesa aérea quanto dos jatos, foram
registadas simultaneamente, enquanto, também simultaneamente, os pilotos observavam
os objetos através da janela da cabine. Tal “realização” é bastante rara: capturar um
OVNI no radar de solo e no radar dos aviões, enquanto os pilotos o observam, tudo ao
mesmo tempo. Isso é o que a Força Aérea da Bélgica esperava realizar ao lançar os F-16,
alguns anos depois, como descrito pelo General De Brouwer.
O documento lista numerosas características comuns dos fenômenos registrados
naquela noite, tais como acelerações e desacelerações repentinas, capacidade de pairar, e
velocidades supersônicas. Os objetos foram observados como luzes brancas, verdes e
amarelas e, algumas vezes, sem qualquer luz. A conclusão oficial diz: “É opinião deste
Comando que o fenômeno é sólido e reflete inteligência por sua capacidade de seguir e
sustentar distância de seus observadores, e também de voar em formação, não
necessariamente tripulados.137”
O Brigadeiro José Carlos Pereira foi comandante do Comando de Defesa
Aeroespacial do Brasil138 de 1990 a 2001 e, depois, tornou-se General Comandante de
Operações da Força Aérea até 2005. Nesse posto, ele supervisionou treze generais e
27.000 subordinados. Antes desses cargos, ele foi comandante de várias bases aéreas no
Brasil e comandante da Academia da Força Aérea brasileira.
Na noite de 19 de maio de 1986, vários OVNIs foram captados no sudeste do Brasil e todo o
sistema de defesa aérea foi colocado em alerta. A Força Aérea lançou seus mais experientes
pilotos em jatos F-5 e F-103 para interceptar tais objetos. O Coronel Ozires Silva, presidente
de uma companhia petrolífera brasileira, e seu piloto, Comandante Alcir Pereira da Silva,
estavam voando em um jato executivo Xingu perto de Poços de Caldas, em direção a São José
dos Campos, quando os radares de diferentes localizações mostraram vinte e um OVNIs no
céu de São Paulo ao Rio de Janeiro. Silva e seu piloto viram um deles e perseguiram-no por
trinta minutos - uma luz brilhante vermelho alaranjada, de movimentos rápidos, que parecia
saltar de um ponto a outro. Eles não conseguiram alcançá-lo e, finalmente, desistiram da
perseguição.
Essa foi uma situação em que numerosas testemunhas especialistas viram algo e o radar
detectou a mesma coisa. O equipamento de radar pode ser afetado por muitos fatores diferentes
e pode apresentar um falso eco, mas um alvo falso aparece muito brevemente e é facilmente
reconhecido, porque desaparece rapidamente. A história é diferente, quando temos uma
trajetória regular para seguir. Também, quando temos mais de um radar captando o mesmo
alvo, sabemos que a coisa é séria. Esse equipamento opera em diferentes frequências, de modo
que temos a correlação de leituras independentes provenientes de fontes diferentes. Esses
dados não têm nada a ver com os olhos humanos. Quando, junto com o radar, o par de olhos de
um piloto vê a mesma coisa e, então, os de outro piloto e assim por diante, o incidente tem real
credibilidade e sólida base.
Alguns dias depois desses avistamentos, o Ministro da Aeronáutica do Brasil, Brigadeiro
Octávio Moreira Lima, chamou uma coletiva de imprensa para explicar o que tinha acontecido.
Ele revelou que seis jatos tinham sido lançados das bases da FAB em Santa Cruz e Anápolis, e
alguns dos pilotos tinham feito contato visual, enquanto todos os objetos eram registrados no
radar. O ministro prometeu um relatório oficial nos trinta dias seguintes, mas, por alguma
razão, ele mudou de ideia a esse respeito. Isso provavelmente foi por alguma razão política ou,
talvez, medo do pânico, porque, naquela época, o pensamento era de que a população poderia
entrar em pânico se soubesse. Mas, ao mesmo tempo, os pilotos e controladores não foram
proibidos de falar sobre o assunto.
Os eventos daquela noite foram realmente surpreendentes, e algumas de nossas simples
perguntas tiveram respostas simples também. Os pilotos viram os fenômenos? Sim. Os radares
os captaram? Sim. Ozires Silva e outros pilotos militares os viram? Sim. Os pilotos de aviões
comerciais os viram? Sim. Os momentos dos avistamentos são correlacionados? Sim. As
trajetórias dos objetos se correlacionam? Sim. Tudo isso foi tecnicamente analisado. Então,
isso aconteceu?
Sim, aconteceu.
Tudo foi seguido tanto pelos radares dos aviões quanto pelos radares de solo. Os radares
dos aviões operam na banda de micro-ondas, que é muito estreita, enquanto os radares de solo
operam numa banda muito mais larga, de modo que não se corre o risco de confusão ou
correlação errônea.
Durante esse evento, os militares não ficaram com medo de algum tipo de invasão. Jatos
armados com mísseis decolaram e alcançaram os objetos em menos de dois minutos. Esses
jatos estão sempre armados, mas com armamentos de tempos de paz, consistindo de dois
mísseis pequenos. Se aqueles objetos fossem de um país inimigo, eles teriam sido esmagados
naquela noite. Aqueles pilotos eram altamente treinados, e suas capacidades de radar foram
aumentadas ao máximo, o que normalmente não é necessário. Os radares nunca operam em
capacidade total, para economizar energia e impedir o desgaste do equipamento. Mas, depois
que os jatos decolaram, a capacidade foi aumentada para um alcance mais amplo. As
comunicações não tiveram falha nenhuma e o país não estava sofrendo qualquer ameaça.
Não acho que os OVNIs tenham feito qualquer ameaça real à segurança nacional. Mas
temos de reconhecer que a atual falta de conhecimento dos objetos é suficiente para levantar
suspeitas, como aconteceria com qualquer coisa aparentemente tão avançada. Assim,
chegamos então às maiores questões. O que eram aqueles objetos? Ninguém sabe. Eles não
eram jatos estrangeiros atacando. Eram objetos voadores não identificados. E onde estão esses
objetos agora? Quem sabe? Foram capturados? Não que saibamos. Assim, eis onde chega o
problema de evidência material e nós não temos a resposta.
Quando eu era comandante, esses avistamentos incomuns ocorriam cerca de um por mês e
geralmente eram de curta duração. Lembro-me que havia de dois a três incidentes por ano,
com pilotos militares sendo enviados para interceptar alguma coisa desconhecida que apareceu
no radar. Nossos pilotos civis não têm medo de falar sobre o assunto, e sempre o fazem,
porque não querem perder seus empregos por não relatarem eventos incomuns. A primeira
coisa que fazem quando veem algo estranho é chamar os controladores de voo, porque têm
uma imensa responsabilidade pessoal.
Um avião civil está sempre em contato com o controle de tráfego aéreo e todas essas
operações no Brasil estão ligadas à Força Aérea e são de natureza militar. Quando um piloto
comercial diz “Há alguma coisa acontecendo aqui”, o centro de controle imediatamente relata
isso ao centro de operações militares daquela área, no caso de ser alguma coisa séria. Eles
farão alguma coisa em relação ao fato e relatarão ao centro de operações da defesa aérea139,
que é o órgão superior e o único a supervisionar todo o país. Então, o piloto ou o controlador
de tráfego aéreo preencherá um relatório. Eles sabem onde obter o formulário - em qualquer
base da Força Aérea ou qualquer escritório de controle de tráfego aéreo espalhados por todo o
país - e o devolvem preenchido em qualquer base da Força Aérea.
Depois, há sempre uma investigação após o piloto registrar o que viu. Como solicitado no
formulário, ele precisa relatar a direção, a altitude e a velocidade do objeto. Também
precisamos de outros detalhes, tais como a posição do sol, comparativamente com o avião
naquela hora. O brilho do objeto também é importante, bem como o tipo de nuvens no céu,
naquele momento. Todos esses dados são preciosos. Os controladores, então, são capazes de
verificar se algum outro avião cruzava o caminho desse piloto, o que poderia explicar o evento.
A partir daí segue-se uma investigação e, se descobrem que nenhuma outra aeronave estava lá
e as condições do tempo não constituíam um fator, temos uma situação especial. E todas essas
coisas são fáceis de se verificar, quando tudo é falado no relatório inicial. Prosseguimos
eliminando todas as possibilidades até que estejamos certos de que não há nenhuma explicação
convencional para os dados e, então, o relatório é seguramente arquivado.
Relatos de piloto em que tudo foi feito para se obter uma explicação convencional são
finalmente descartados, e alguém da Defesa Aérea informará o piloto de que eles descobriram
o que aconteceu. Se nenhuma explicação for encontrada, o caso é transferido para outra pasta
chamada “Livro de Ocorrências de Voo”. Todos esses casos não resolvidos são mantidos ali e
espera-se que os pesquisadores possam, finalmente, terem acesso a eles. Eles incluem relatos
sérios de pilotos e controladores de tráfego aéreo - tudo o que não conseguimos explicar, tudo
o que é mantido como secreto, vai para essas pastas. É importante enfatizar que este “Livro de
Ocorrências de Voo” contém casos que não poderiam ser explicados nem mesmo após a
análise de peritos especialmente designados para essa tarefa.
Quando eu era comandante da COMDABRA, o Comando de Defesa Aeroespacial do
Brasil, de 1999 a 2001, todos os casos envolvendo OVNIs vistos por pilotos e pelos radares
chamavam a minha atenção. Participei diretamente de uma investigação de um incidente com
OVNI apenas uma vez, embora tivesse acesso aos arquivos secretos e a relatos oficiais ou não.
Depois de me aposentar, ainda tive acesso a praticamente todas as informações que desejei
sobre o assunto.
Não tenho seguido o que aconteceu na Defesa Aérea nos últimos quatro anos, mas sei que
continuamos a receber relatórios. Mesmo assim, quero mencionar algo importante. Acredito
que mais de 90% de todos os avistamentos nunca são relatados. O Brasil é um país imenso e
esses relatórios são preenchidos somente onde há um aeroporto ou uma base da Força Aérea e
somente por pessoas que sabem como funciona o processo. Os civis nem mesmo sabem que
esses formulários existem e estão disponíveis por todo o país. Não conheço a atual
porcentagem de avistamentos que resultam em relatórios, mas acho que deve ser bem pequena.
Assim, o número de relatos que chegam ao conhecimento dos militares é quase insignificante.
É um grande passo para um país reconhecer oficialmente a existência dos OVNIs, como a
França fez. Mas liberar informação não causou pânico nas pessoas, e não acho que causaria se
mais arquivos fossem abertos. Ninguém teme a transparência; ao contrário, as pessoas temem a
falta dela. Acho que, a partir do momento em que o governo abrir o assunto para debate, todo o
medo das pessoas em relação a isso desaparecerá. E, se há um país que nunca entra em pânico,
é o Brasil. Muito pelo contrário. Talvez até possamos criar um novo sambinha em
comemoração.
Como lidamos com a existência dos OVNIs? A evidência mostra que fenômenos
inexplicáveis estão ocorrendo e isso leva muitos de nós a acreditar na presença de espaçonaves
alienígenas visitando o planeta Terra. Porém, tirar conclusões sobre o que essas coisas são é
perigoso, uma vez que não temos conhecimento suficiente para isso. Acredito que a ciência
tem muito mais trabalho a fazer para identificar e explicar o fenômeno. Precisamos de
astrônomos, metereologistas, especialistas em aviação, astrofísicos e muitos outros cientistas,
porque uma investigação assim precisa reunir muitos especialistas. De fato, este esforço
precisa envolver toda a nação. O efeito sinergístico do conhecimento é inegável.
Sou um homem devotado à ciência, um homem com uma mente científica. Se você
apresentar a hipótese de que extraterrestres possam estar aqui e possam estar fazendo coisas
que não podemos compreender, a sua ideia é contrária ao raciocínio científico convencional.
Tanto quanto sei, nosso próprio sistema solar não contém vida em qualquer planeta, exceto a
Terra.
Estou baseando minhas ideias no conhecimento que temos hoje, obtido da maneira como a
ciência atualmente entende o universo. Essa é a ressalva a ser considerada. Se assumimos
apenas o conhecimento atual, sou forçado a rejeitar qualquer possibilidade de alguém vir do
espaço sideral para a Terra. E isso fica mais complexo, se formos mais longe, porque Alfa
Centauro, a estrela mais próxima, não parece ter um sistema planetário. Movemo-nos, então,
para a parte do universo que os astrônomos chamam de “zona inabitável”, que está a muitos
anos-luz da Terra.
Porém, nunca afirmarei que nenhuma outra civilização poderia estar um milhão de anos
mais avançada do que a nossa em algum lugar. Humildemente insisto, portanto, que nosso
conhecimento atual parece ser inerentemente insuficiente para compreender todas as coisas.
Depois de aprender sobre os OVNIs, enquanto era militar da ativa, ficou claro - de fato, certo -
o alto grau de ignorância que temos em relação ao universo, dado o atual estágio de
desenvolvimento científico humano. O fenômeno OVNI tem demonstrado que temos muito
mais a aprender sobre a física e outras áreas científicas. Não temos ainda a palavra final dentro
da ciência e, eventualmente, seremos capazes de compreender o que agora desconhecemos.
Olhe para o que aconteceu nesses últimos cem anos, com descobertas que vão desde a
penicilina ao avião. Nós, humano, deixamos o solo pela primeira vez em um aeroplano cerca
de 100 anos atrás e, em apenas um século, fomos capazes de alcançar a lua. Em termos
astronômicos, um século não é nada, nem mesmo pó. Obviamente, um povo avançado não
empregaria foguetes, como os nossos, para enviar naves ao espaço. Se em um século e com
nossa capacidade limitada, conseguimos isso, pense então o que seremos em mais cem ou mil
anos a partir de agora.
Não tenho problemas em colocar a filosofia nesta discussão, na tentativa de abordar as
questões que não temos sido capazes de resolver: quem somos, de onde viemos e para onde
vamos. Desde Aristóteles, os seres humanos vêm se fazendo as mesmas perguntas e ainda não
sabemos as respostas. A investigação científica do fenômeno OVNI, em combinação com
outros assuntos dentro da ciência e da filosofia, poderia ser um caminho para chegarmos a
essas respostas.
Nenhuma instituição tem o direito de fechar a porta sobre a discussão de qualquer assunto,
seja científico, político, social ou religioso - e isso inclui o estudo de objetos voadores não
identificados, que considero estar no domínio da ciência. Acredito que não apenas o Brasil,
mas também todos os países social e tecnicamente desenvolvidos devem estabelecer agências
governamentais para abordar esse assunto. Os Estados Unidos certamente deveriam liderar,
uma vez que esse país é e continuará sendo o maior poder tecnológico do planeta, com grande
capacidade de agregar conhecimento de outros países. E, se deve aceitar que alguma coisa está
vindo do espaço para cá, acho que a ONU deveria ser a responsável, mais do que deixar a
tarefa nas mãos dos países individualmente.
PARTE 3

UM CHAMADO À AÇÃO

“O único caminho para se descobrir os limites do possível é ir além deles para


o impossível”
Arthur C. Clarke
CAPITULO 21 - Entrando na Briga: Uma Nova Agência sobre OVNIs na América

Apesar da dedução espantosa, contudo racional, de que a hipótese extraterrestre deva ser
considerada para explicar os OVNIs, como nossos especialistas apontaram, os governos têm
aversão em falar desse ponto e suas implicações. Eles não são motivados a reunir recursos e
descobrir se esta hipótese pode ser provada, ignorando o interesse popular sobre o assunto e
seu potencial para descobertas revolucionárias. De fato, a qualidade desconcertante da hipótese
extraterrestre - novamente, estamos falando apenas sobre uma teoria, não um fato -
provavelmente explica porque muitos governos desejam manter uma distância segura de todo
esse negócio confuso. A dificuldade de pesquisar alguma coisa tão evasiva e imprevisível
quanto OVNIs também é um problema - embora não um problema intransponível. As
agências, que estão tentando enfrentar o desafio, têm alcançado muitas coisas, como foi
demonstrado nos capítulos anteriores, mas, ultimamente, há falta de recursos para resolverem o
mistério dos OVNIs por conta própria. Mesmo depois de muitas décadas de pesquisa
focalizada na França, da exploração de implicações defensivas no Reino Unido, e
investigações de campo na Amazônia brasileira (para tomar três exemplos significativos),
ainda não sabemos o que os objetos realmente são. Em seus respectivos países, algumas
agências governamentais continuam a coletar relatos de casos e investigar avistamentos,
acrescentando mais dados para acumular, mas não resolver qualquer coisa, quando o restante
do mundo olha para o outro lado.
Quando perguntados, a maioria dos oficiais militares, que estiveram pessoalmente
envolvidos com incidentes com OVNIs, abstém-se de interpretar ou especular, contudo,
privadamente, muitos têm um interesse agudo, persistente, em chegar ao fundo do problema.
Eles desejam saber o que é que viram ou o que seus colegas militares confiáveis encontraram,
e esse desejo não diminui com o tempo. Essas testemunhas e pessoas de dentro das
organizações reconhecem a possibilidade extraterrestre ou, talvez, interdimensional. Uma vez
que você tenha observado uma dessas manifestações bizarras bem de perto, a sua mente se
abre, você não tem escolha. Mesmo aqueles que antes eram desmistificadores, que teriam
zombado da mera noção de um OVNI, são forçados a reconhecer o que era inconcebível. Eles
frequentemente se sentem isolados, com medo do ridículo, não apoiados pelo mundo ao seu
redor. Mas, coletivamente, podem ser capazes de fazer a diferença.
Testemunhas confiáveis e investigadores do governo documentaram milhares de relatos
convincentes de casos. Nós agora temos dados acumulados suficientes para estabelecer a
realidade de alguns tipos consistentes de fenômenos físicos sem qualquer dúvida. Ainda, o
governo americano fica para trás, recusando-se a reconhecer isso, deixando os cidadãos
americanos emperrados num beco sem saída.
Como podemos superar isso? Em termos de achar um modelo viável, podemos olhar para a
agência de OVNIs da França como a mãe de todos eles, porque, como vimos, seu escritório
dentro do CNES vem trabalhando diligentemente no problema por mais de trinta anos, mais de
uma perspectiva de pesquisa do que militar. Ao buscar conhecimento puramente para seu
próprio bem, os franceses abriram uma ampla gama de explicações para os OVNIs, como os
cientistas devem fazer. O histórico Relatório COMETA, de 1999, quebrou uma barreira,
quando seus generais, almirantes e engenheiros, junto com o antigo chefe do CNES, trouxeram
o assunto para o domínio militar e declararam, com grande autoridade, que, muito embora não
tenha sido provada, a hipótese extraterrestre é a explicação mais provável do fenômeno.
Será que seremos capazes de descobrir, para satisfação dos cientistas da comunidade
mundial, o que são e de onde vêm os OVNIs? Isso é algo que nós, como sociedade planetária,
seremos capazes de decidir fazer? E se o fizermos, teríamos de ser proativos, rigorosamente
buscando uma solução para este problema, tornando-o uma prioridade. Alternativamente, será
que preferiríamos ficar sentados e esperando que os aparentemente todo-poderosos objetos
voadores revelem-se mais totalmente para nós? Quase todos dos mais preocupados, mais
confiáveis e mais sérios oficiais militares e funcionários do governo com os quais conversei
concordam sobre três pontos básicos, quando o assunto vem à tona:

• Que mais investigação científica é obrigatória, parcialmente por causa do impacto dos OVNIs
em aviões e para a segurança da aviação.
• Que essa investigação precisa ser internacional, uma cooperação envolvendo muitos
governos e transcendendo a política.
• Que tal esforço global não pode ser eficaz sem a participação dos Estados Unidos, a maior
potência tecnológica do mundo.

Estamos trancados pelo tabu sufocante dos OVNIs, que serviu para nos proteger de
assuntos subjacentes mais profundos e até de ameaças - tanto percebidas quanto inconscientes
- inerentes ao reconhecimento mais básico de um fenômeno físico chocante e sem explicação.
Agora precisamos chocalhar esta jaula. Nesta seção, exploraremos estas questões políticas
cruciais com a ajuda de um antigo funcionário de alto nível da FAA, um antigo governador de
estado e, mais teórica e filosoficamente, dois importantes cientistas políticos. Contudo, a
determinação final sobre o papel potencial de nosso país no futuro terá de ser decidido por
todos nós.
Logicamente, o primeiro passo em direção a uma solução é o estabelecimento de um
escritório ou uma pequena agência dentro do governo dos Estados Unidos para conduzir
investigações apropriadas sobre OVNIs, para fazer a ligação com outros países e para
demonstrar à comunidade científica que este é, de fato, um assunto que vale a pena estudar.
Para alcançar esses objetivos, precisamos considerar onde - em que ramo do governo - os
Estados Unidos deveriam criar este modesto “escritório de OVNIs”, para que o processo
comece. Usando outros países como modelo, há muitas opções. Frequentemente, é a Força
Aérea que conduz essas investigações, como vimos na Bélgica e no Brasil, muito embora
nenhum governo tenha estabelecido um departamento especial dentro da Força Aérea para tal
propósito. Porém, em ambos os casos, os generais envolvidos afirmaram que uma unidade
específica encarregada, em tempo integral, das investigações sobre OVNIs teria ajudado
enormemente o processo e eles advogam tal necessidade. Talvez os Estados Unidos precisem
abrir um novo escritório na Força Aérea, tendo o cuidado extremo de não repetir os muitos
erros do Projeto Livro Azul. O General De Brouwer, da Bélgica, recomenda que a Força Aérea
seja o lugar para a nova agência, porque é responsável pela segurança do espaço aéreo e tem os
meios para intervir, se necessário. O trabalho do escritório, ele acrescenta, precisa ser objetivo,
imparcial e transparente, e grupos civis privados poderiam ajudar nesse esforço.
Quatro agências específicas descritas anteriormente - o GEIPAN da França, o CEFAA do
Chile, o OIFAA do Peru, e o escritório do Ministério da Defesa do Reino Unido - foram
estabelecidas em quatro departamentos diferentes em cada um de seus respectivos países. A
agência francesa foi fundada dentro do equivalente à NASA, enquanto as autoridades chilenas
estabeleceram a sua dentro do equivalente à FAA americana, com ênfase na segurança da
aviação. O escritório peruano é uma agência da Força Aérea e o escritório de OVNIs britânico
fica dentro do Ministério da Defesa, com um mandato de proteger os interesses de defesa do
Reino Unido. Essa diversidade tanto de localização quanto de ênfase tem muito a nos ensinar,
mostrando que dentro de nosso próprio país temos uma série de opções estruturais.
Muitos de nossos contribuidores, tais como Jean-Jacques Velasco da França, o Dr. Richard
Haines dos Estados Unidos, o General Bermúdez do Chile, e o General Brigadeiro Pereira do
Brasil, salientam a importância de se estabelecer algum tipo de banco de dados centralizado -
“uma organização global séria que seja objetiva, ligada às agências pelo mundo todo, e
comprometida a responder, de maneira científica e responsável, às questões maiores levantadas
pelo assunto OVNI”, como Bermúdez a descreve. “Sem isso, estamos empacados.” Alguns
propuseram, portanto, que a ONU talvez fosse o ponto focal para o estudo dos OVNIs, já que o
fenômeno ocorre no mundo todo, transcendendo as fronteiras nacionais. Teoricamente, isso faz
sentido, mas sua efetividade seria altamente improvável, dadas as muitas dores de cabeça e
preocupações burocráticas do mundo atual, em um tempo de perigos e dificuldades crescentes.
Porém, em um tempo mais antigo, em um mundo relativamente mais simples, uma
abordagem foi feita nos Estados Unidos apenas com esse propósito. Sete anos depois que o
Projeto Livro Azul foi encerrado, J. Allen Hynek e outros tentaram estabelecer um organismo
de investigação internacional dentro da ONU.
Em 1978, Sir Eric M. Gairy, então Primeiro Ministro de Granada, propôs na Assembleia
Geral da ONU que as Nações Unidas estabelecessem “uma agência ou departamento para se
encarregar, coordenar e disseminar os resultados de pesquisa sobre Objetos Voadores Não
Identificados e fenômenos relacionados”140. Com seus associados, Dr. Jacques Vallée e o
Tenente Coronel Larry Coyne, um piloto do Exército americano cujo helicóptero quase colidiu
com um OVNI em 1973, o Dr. Hynelc pediu - em uma audiência nas Nações Unidas - que os
Estados Unidos fornecessem a estrutura na qual os muitos cientistas e especialistas do mundo,
que trabalhassem com o fenômeno OVNI, pudessem compartilhar seus estudos. Ele assinalou
que os OVNIs tinham sido relatados em 133 países membros da ONU e que existiam mais de
mil casos onde “havia evidência física da presença imediata do OVNI. Em membros
significativos, esses relatos tinham sido feitos por pessoas altamente responsáveis -
astronautas, especialistas em radar, pilotos militares e comerciais, funcionários do governo, e
cientistas, incluindo astrônomos”141.
Apesar dessas preocupações, os teletipos do Departamento de Estado mostram que a
delegação dos Estados Unidos na ONU não tinha levado em consideração o esforço de Gairy,
chamando-o de “lançamento relâmpago de vendas”142 e tentando impedir que sua resolução
passasse. Uma mensagem confidencial enviada ao Secretário de Estado americano pela missão
na ONU fez um “pedido de ação”, buscando “instruções sobre a posição dos Estados Unidos a
ser tomada neste assunto, bem como o nível desejado de visibilidade. No ano passado,
Granada requisitou nosso apoio e Misoff teve de lutar duramente nos bastidores, para diluir a
resolução e, de fato, adiar a votação por um ano. Outra consideração é se se deve emitir um
aviso sobre as declarações feitas pelos americanos sobre a delegação de Granada”143.
Posteriormente, os americanos conduziram “sessões de negociação” com delegados de
outras missões, “numa tentativa de chegar a uma solução mutuamente aceitável para o
problema”. O plano foi concebido para encaminhar à resolução de Granada ao Comitê do
Espaço Sideral sem um mandato para se iniciar um estudo. Isso aliviaria “a necessidade de
votar uma resolução e apostar nos resultados”144. Apesar dos esforços dos Estados Unidos para
bloquear a votação, a Assembleia Geral finalmente adotou um projeto de resolução submetido
por Granada. Tudo desmoronou em 1979, quando Gairy foi deposto, durante uma tomada
comunista interna.
Hynek tinha também informado ao comitê da ONU sobre um estudo inaugurado pelo
CNES, o centro espacial nacional francês, realizado por cientistas de muitas disciplinas. Ele
observou que os estudos de casos resultantes eram “exemplares e muito superiores aos estudos
prévios em outros países... as implicações para a ciência e o público em geral dessa
investigação francesa são profundas”145. A agência oficial governamental francesa, GEPAN,
tinha apenas sido formada dentro do CNES, sob a direção de Yves Sillard, como parte de uma
resposta natural e lógica a um problema científico, relacionado ao espaço, que precisava de
mais pesquisa. Ao mesmo tempo, também eram feitos esforços nos Estados Unidos para se
criar uma nova investigação de OVNIs dentro de nossa agência espacial nacional, a NASA.
Mas, nos EUA, isso não é assim tão simples - mesmo que o pedido à NASA tenha vindo do
mais alto escritório do país: o do presidente dos Estados Unidos. Sem o conhecimento da
maioria dos americanos, mesmo o Presidente Cárter não conseguiu obter a agência
publicamente financiada para olhar a evidência dos OVNIs e ver se talvez, apenas talvez, um
órgão investigador dentro da NASA se justificasse.
Cárter tinha tido seu próprio avistamento de OVNI em 1969, antes dele se tornar o
governador da Geórgia. Em 1973, enquanto governador, ele preencheu à mão um formulário
de relato em resposta e um pedido de um grupo civil de pesquisa sobre OVNIs. De acordo com
seu relato, ele tinha acabado de fazer um discurso em Leary, Geórgia, no início de uma tarde
de outubro. Ele e dez membros do Lions Club de Leary viram um objeto luminoso, brilhante,
às vezes tão grande quanto a lua. Por mais de dez minutos ele mudou de cor e “chegava perto e
se afastava, chegava perto e se afastava” e, em outras vezes, permanecia parado; depois, ele
“desapareceu”146.
Um ano e meio após a eleição de Carter para a presidência, em 1977, seu consultor de
ciência, Frank Press, escreveu para o administrador da NASA, Robert Frosch, recomendando
que a NASA estabelecesse “um pequeno painel de inquérito” para ver se havia quaisquer
“novos achados significativos” desde o Relatório Condon. “O ponto focal para a questão dos
OVNIs deveria ser a NASA”147, escreveu Press, e a resposta inicial de Frosch foi entusiástica:
“Um painel de inquérito como o que você está sugerindo poderia possivelmente descobrir
novos achados significativos”, respondeu ele em setembro. “Isso certamente geraria interesse e
poderia levar à designação da NASA como ponto focal para assuntos relativos a OVNIs.” Ele
sugeriu que a NASA nomeasse um “funcionário de projeto”148 para revisar os relatos de
OVNIs dos últimos dez anos e fizesse uma recomendação. A Casa Branca concordou sem
demora149.
A Força Aérea dos Estados Unidos, que tem publicamente declarado que não vale a pena
investigar OVNIs, parecia ter enraizado profundamente hesitações sobre o pedido da
administração Cárter para que a NASA iniciasse um novo inquérito. O Coronel Charles E.
Senn, chefe da Divisão de Relações com a Comunidade, da Força Aérea, afirmou, em uma
carta enviada ao Tenente General Duward L. Crow, da NASA, “eu sinceramente espero que
você seja bem sucedido no impedimento à reabertura das investigações sobre OVNIs”150. Não
há registro para indicar em que extensão essa ou qualquer outra pressão da Força Aérea teve
influência dentro da NASA em resposta ao pedido de Frank Press em nome de Cárter. Alguns
empregados da NASA também tinham reservas.
Depois de uma série bastante longa de cartas, memorandos e averiguações, feitas através
dos vários níveis da burocracia hierárquica da NASA, a agência rejeitou o pedido do
presidente dos Estados Unidos em dezembro de 1972 - sem dar ao funcionário do projeto a
oportunidade de revisar os dados acumulados. Frosch disse que a NASA precisava de
“evidência física legítima de fontes confiáveis... evidência física ou tangível disponível para
análise laboratorial completa” para fazer isso. Devido à ausência de tal evidência, ele disse:
“não somos capazes de imaginar um procedimento científico seguro para a investigação destes
fenômenos”. Portanto, ele propôs que nenhum passo fosse dado para “estabelecer uma
atividade de pesquisa nesta área ou convocar um simpósio sobre esse assunto”151.
O Dr. Richard C. Henry, um proeminente professor de astrofísica da Universidade Johns
Hopkins, era então diretor delegado da Divisão de Astrofísica da NASA e envolveu-se no
processo de tomada de decisão. Em um ensaio publicado em 1988, Henry teve problemas com
a afirmação de Frosch de “urna ausência de evidência física ou tangível”. Ele disse que havia
uma abundância de evidências relevantes naquela época, uma situação que ele, como chefe da
Divisão de Astrofísica, certamente estava consciente.
Henry disse que a afirmação de Frosch negando a existência de um sólido protocolo
científico era simplesmente falsa. “A Academia Nacional de Ciências endossou o estudo
Condon sobre os OVNIs e endossou especificamente seus procedimentos (protocolo). Para
nós, é quase difícil dizer que nenhum protocolo é possível!”, escreveu ele em um memorando
para o administrador de ciência espacial da NASA, Noel Hinners. “O ponto é que, para ter
sentido, o protocolo precisa cobrir a possibilidade de que o fenômeno OVNI se deve em parte
a inteligências que estão muito além da nossa.152” Ironicamente, foi esse mesmo Relatório
Condon que estabeleceu o tom negativo dentro da corrente principal da ciência e, sem dúvida,
influenciou a rejeição inconsistente da NASA ao pedido presidencial cientificamente
embasado de Carter.
Claramente, a NASA parece ser um lar improvável para uma agência americana de OVNIs.
Mas e a FAA? Essa agência parece desempenhar um papel muito diferente na relação com os
OVNIs do que os departamentos de aviação civil de países da Europa Ocidental e da América
do Sul, apesar de seu mandato para proteger nossos céus. Precisamos lembrar que, em 2006, a
FAA informou aos pilotos e a outras testemunhas da aviação, que viram o disco pairando sobre
o Aeroporto O’Hare, que aquilo era um fenômeno meteorológico, muito embora o tempo
estivesse bastante normal (era dia) e todos os dados do clima foram registrados através de
procedimentos padrão. Quando pressionada, a FAA deu um passo adiante e atribuiu o
avistamento a uma nuvem furada - um fenômeno climático bastante raro e específico, que
exige temperaturas congelantes para ocorrer - apesar do fato de que as temperaturas no O’Hare
naquela tarde estarem bem acima do congelamento. Tais afirmações irresponsáveis servem
para desencorajar as testemunhas de preencherem relatórios, o que normalmente seria o
primeiro passo na condução de qualquer tipo de investigação153. Infelizmente, a FAA parece
um candidato ainda menos provável do que a NASA para assumir a pesquisa dos OVNIs neste
ponto.
Uma comparação com a Autoridade da Aviação Civil (CAA) de nosso aliado mais íntimo,
o Reino Unido, faz-se necessária. Lá, é mandatório relatar qualquer incidente onde os pilotos
ou a tripulação acreditam que tenha havido algum perigo para os seus aviões, qualquer que
tenha sido a fonte. Então, a CAA e outras autoridades têm uma base sobre a qual decidir se
uma investigação se justifica.
Depois que o Comandante Ray Bowyer e seus passageiros observaram um par de objetos
brilhantes sobre o Canal da Mancha, em 2007, a primeira coisa que Bowyer fez ao pousar foi
enviar por fax à CAA um relatório, seguindo um procedimento padrão exigido. Não houve
tentativa, por parte da companhia aérea ou de qualquer outra pessoa, de silenciar a história, que
foi contada pela BBC154. De fato, muitos arquivos da CAA sobre casos não resolvidos
envolvendo pilotos, controladores de tráfego aéreo e pessoal de solo vêm sendo liberados. Por
exemplo, em 1999, uma notícia da BBC relatou que “um OVNI que aparentemente evitou
colidir com um avião de passageiros, voando do Aeroporto de Heathrow, em Londres, deixou
perplexos os especialistas da aviação”. Um objeto metálico passou a cerca de 750 metros do
avião, mas por alguma razão não foi detectado pelo radar. A BBC relata que o piloto
preencheu um relatório de quase perda (um “airprox”) e que “um relatório da CAA não
encontrou explicação para o incidente, que também confundiu os especialistas militares e a
polícia local”155.
Imagine se a FAA tivesse feito tal afirmação sobre o incidente do O’Hare. Sendo usado
para uma abordagem mais razoável, o Comandante Bowyer achou o “sistema americano de
não relatar” uma coisa difícil de imaginar, porque a CAA não faz distinções entre causas
possíveis de angústia no avião. Como é estranho, após reflexão, que a FAA na América pareça
não levar em conta um raro perigo - objetos voadores não identificados - e reconheça todos os
outros, mesmo que o impacto potencial possa ser o mesmo. A FAA não fornece formulários de
relatos para esse tipo de avistamento - embora ofereça formulários de relato de atividade
vulcânica e choque com pássaros e um detalhado “questionário de exposição a raio laser”.
A FAA não tenta esconder sua discriminação. Como questão de política, a agência tem
informado seus empregados de que não quer ter nada com os relatos de OVNIs ou qualquer
coisa anômala, não importando quão severo seja o perigo para o avião ou vidas dentro dele. O
Manual de Informações Aeronáuticas de 2010, da FAA156, na Seção 6, sobre “Relatos de
Segurança, de Acidentes e Perigos”, afirma que “pessoas que desejem relatar atividade de
fenômenos inexplicados/OVNI” devem contatar um centro de coleta, tal como o Bigelow
Aerospace Advanced Space Studies, uma nova organização de pesquisa focada em novas e
emergentes tecnologias espaciais, ou o Centro Nacional de Relatos de OVNI (NUFORC), um
grupo civil com formulários de relatos e uma linha direta sobre OVNIs, que mantém registros
cuidadosos de avistamentos de OVNIs.
Com um humor não intencional, o manual continua a dizer que “se há preocupação
expressa de que a vida ou a propriedade poderiam ter estado em perigo” por causa do OVNI,
“relatar a atividade157 no departamento de aplicação da lei local”. Isso significa o departamento
de polícia local em cuja jurisdição o jato estava voando na hora em que esteve em perigo, isto
é, a uns mil metros acima do solo? Ou a força policial mais próxima de um aeroporto que
poderia ter um OVNI pairando sobre ele? Assumidamente, tais diretivas ilógicas teriam de ser
alteradas se nosso país estabelecesse uma agência OVNI.
Duas testemunhas do incidente do O’Hare fizeram exatamente o que o manual sugeria:
ligaram para o NUFORC e fizeram relatórios escritos de seus avistamentos. Ironicamente,
ambos me disseram que nunca tinham lido o manual da FAA e não tinham consciência de que
era aquilo que o manual dizia que deveriam fazer! Ambos ouviram falar do NUFORC
independentemente e não sabiam aonde mais ir com suas informações, que, eles achavam, era
um dever relatar. Foram esses relatos que chegaram ao Chicago Tribüne, que solicitou ao
repórter Jon Hilkevitch que investigasse mais e, eventualmente, revelasse a história do O’Hare
na primeira página.
Minha impressão é que a maioria dos empregados da FA A provavelmente não lê o manual
- certamente não de uma ponta à outra - mas, quando os avistamentos ocorrem, eles parecem
conscientes de suas atitudes como empregados. A mensagem é transmitida a eles,
frequentemente sutil e indiretamente, como uma espécie de ameaça profissional velada, de que
eles não devem falar com a imprensa sobre esses incidentes. A negligência da FAA pode
chegar a ser perigosa, ou o problema pode ser que outras agências do governo precisem
assumir mais responsabilidade pelos incidentes com OVNIs, que a FAA afirma estarem fora de
sua jurisdição. Não importa que ramo do governo tem de fazer isso; a ameaça, se há alguma,
colocada por objetos não identificáveis em proximidade com aviões comerciais precisa ser
adequadamente avaliada por uma nova unidade estabelecida para investigar OVNIs.
Nick Pope, antigo funcionário do MoD e especialista em OVNIs do Reino Unido, diz que o
governo define “ameaça” de uma maneira muito específica, especialmente dentro dos círculos
de Inteligência militar. A fórmula é mais ou menos esta: Ameaça = capacidade + intenção. Por
exemplo: Os Estados Unidos estão conscientes de que o Reino Unido tem armas nucleares
(ameaça) e, portanto, poderia lançar um ataque nuclear contra a América (capacidade), mas,
uma vez que o Reino Unido não tem intenção de lançar tal ataque, os Estados Unidos não
enfrentam nenhuma ameaça a esse respeito. Pope assinala que nós certamente sabemos que os
OVNIs possuem a capacidade de ser uma ameaça, dadas a suas fantásticas velocidade e
manobrabilidade, muito superior à nossa própria tecnologia. Mas, nesse caso, a intenção dos
OVNIs é completamente desconhecida e, portanto, imensurável. Por isso, os OVNIs precisam
ser encarados seriamente como possíveis ameaças, e o Ministério da Defesa do Reino Unido os
monitora por essa razão158.
Pope suspeita que os círculos da Inteligência militar americana também definem “ameaça”
dessa maneira. O fato de a FAA instruir seus empregados a não relatar essa ameaça potencial
reside na contradição a essa fórmula básica. Talvez seja hora de mudar o manual da FAA e
fornecer aos empregados formulários de relatos apropriados.
A reticência do governo dos Estados Unidos em falar do problema dos OVNIs parece ter
infectado todos os departamentos que poderiam potencialmente abrigar uma nova agência de
investigação. Contudo podemos ultrapassar esses obstáculos através de uma abordagem
racional. Algumas autoridades sugeriram maneiras específicas, baseadas em sua experiência
direta.
No final dos anos 80, John J. Callahan era chefe da Divisão de Investigações, Avaliações e
Acidentes da FAA, uma posição de nível extremamente elevado, exatamente abaixo das
posições federais indicadas pelo Congresso. Quando trabalhava com agências militares, o
posto de Callahan (GM15) era igual ao de um general.
Um dia, no começo de 1987, ele inesperadamente enfrentou o problema de administrar um
caso de OVNI - um avistamento dramático, de trinta minutos de duração, relatado por pilotos
da Japan Air Lines de um OVNI gigante sobre o Alasca. Anteriormente, Callahan nunca tinha
sequer pensado sobre o assunto dos OVNIs. Quando ouviu sobre o caso da JAL, pediu que os
dados extensivos fossem imediatamente enviados a ele e chamou a atenção do administrador
da FAA, o Almirante Donald D. Engen. Este convocou uma reunião, que, segundo Callahan,
incluiu membros do staff científico do Presidente Reagan, como eles eram descritos naquela
época. Também incluiu três agentes da CIA.
Callahan não disse nada publicamente sobre seu papel no incidente até 2001, treze anos
depois de sua aposentadoria. Enquanto falava com alguns dos associados de sua comunidade,
que o tinham sondado para obter alguma informação, ele decidiu que era hora de falar. Os
dados desse caso tinham sido mandados para a sua casa, quando ele se aposentou, e tinham
definhado em seu celeiro por todos aqueles anos. Alguns gráficos tinham até sido mordiscados
por ratos, ele descobriu depois. Franco e brusco, com um estilo um tanto folclórico e um
pouquinho de senso de humor, John Callahan não fez nenhum mistério sobre o fato de que ele
não ficara contente com a maneira pela qual a FAA se conduziu em relação aos OVNIs. E nem
é a favor de se sonegar informação ao público sobre o assunto, e ele está armado com a
evidência, a experiência e a autoridade para preparar um caso bastante forte.
Até agora, ninguém mais que tenha assistido a reunião no quartel general da FAA, em
Washington, apresentou-se. Fiz um pedido de FOIA à FAA dos registros de compromissos e
cronograma do Almirante Engen durante essa época, mas me disseram que tais registros não
existiam (ele já morreu). Liguei para o chefe de Callahan daquela época, Harvey Safeer, agora
aposentado na Flórida. Safeer se lembrava do incidente do Alasca, mas não tinha nenhuma
lembrança de tal reunião.
A esposa de John Callahan, J. Dori Callahan, teve um grande papel na FAA, em seu
próprio direito, na época do incidente. Inicialmente, como controladora de tráfego aéreo, a Sra.
Callahan era gerente de filial do Sistema de Dados do Serviço de Voo (FSDS) da organização
das Instalações de Rota Aérea, a parte da FAA que fornece o suporte de hardware para todos
os seus sistemas de controle de tráfego aéreo. Ela, posteriormente, tornou-se administradora de
divisão dos programas de software dos Sistemas de Terminal de Radar Automatizados
(ARTS), e aposentou-se da FAA em 1995, com vinte e oito anos de serviço.
Dori Callahan lembra-se bem que essa reunião de alto nível foi convocada pouco tempo
depois de seu marido ter apresentado seus dados ao almirante, e também que ele disse a ela o
que aconteceu lá imediatamente depois. Além disso, como uma especialista da FAA, ela
posteriormente analisou as cópias impressas do radar do caso Alasca, que Callahan tinha
fornecido para a CIA na reunião, junto com gráficos explicativos preparados pela engenharia e
pelo pessoal de software do Centro Técnico. “E já que eu tinha trabalhado tanto na organização
de hardware quanto na de software naquela época, compreendi tudo”, explicou ela em um e-
mail de 2009.
John Callahan assinala que, ao olhar dados incomuns de radar, o departamento de hardware
disse que obviamente era um problema de software, e o departamento de software disse que
era claramente um problema de hardware. “Ambas as equipes eram muito experientes e
conheciam o sistema de software do tráfego aéreo, e ambas eram totalmente capazes de saber
quando o sistema não estava funcionando corretamente”, afirmou a Sra. Callahan em seu e-
mail. “Em outras palavras, não havia nada errado com o hardware na época do avistamento do
JAL 1628, e o software estava funcionando bem. Olhando para a tela do radar do objeto
lançando-se para e ao redor do avião da JAL, era óbvio que havia um objeto mudando de
posição ao redor do jato. Se tivesse sido uma imagem fantasma [um falso alvo], como foi
sugerido pela FAA, todo o tráfego naquela área de controle teria sido fantasma e este não teria
se movido para frente e para trás do avião.”
Em contraste com o incidente do O’Hare, a FAA realmente conduziu uma investigação
oficial dois meses depois do evento do Alasca - principalmente porque havia evidência de
radar, e porque o “interesse público” forçou a questão. A FAA queria “assegurar-se de que
ninguém tinha violado o espaço aéreo que controlamos”, explicou um porta-voz naquela
época159.
Mas talvez tenha havido outras razões para isso. Apesar do proclamado desinteresse da
FAA nos OVNIs, Richard O. Gordon, um funcionário do Escritório de Padrões de Voo da
FAA, informou o comandante da JAL sobre um cenário surpreendente, durante a longa
entrevista de 1987. Ele disse que o relato detalhado do comandante era “muito, muito
interessante e precisamos descobrir o que há lá”. Como revelado em uma transcrição literal160,
Gordon descreveu planos para obter a informação fornecida pelo comandante e enviá-la para
Washington, para que as autoridades de lá pudessem descobrir se ela equiparava-se a alguns
dos relatos anteriores. “Temos uma grande quantidade de material, onde os pilotos tiveram
outros avistamentos”, declarou. Ele disse ao comandante que talvez sua descrição e esboços
fossem semelhantes ao que tinha acontecido “no Arizona e em Nova York ou em outros
lugares”, e que “temos um local em Washington, D.C., onde os reuniremos” para descobrir se
há dois casos semelhantes. Essa é uma admissão muito interessante: a FAA mantém registros
de avistamentos de OVNIs pelos pilotos; eles estão armazenados em uma localização
específica em Washington, D.C.; os funcionários da FAA fazem comparações de casos quando
novos incidentes ocorrem. Se for verdade, isso certamente é um tapa na cara da posição
pública da agência sobre os OVNIs.
Apesar da reação dos funcionários da FAA diretamente envolvidos com o caso Alasca, a
conclusão da FAA foi de que as leituras de radar eram alvos falsos devido ao mau
funcionamento do sistema. Muito embora houvesse o radar para dar apoio aos relatos de
testemunhas, a FAA descartou esses dados como errôneos e declarou que “era incapaz de
confirmar o evento”161. Elogiou os três “pilotos profissionais”, contudo o relatório final
ignorou completamente os avistamentos visuais relatados em detalhe durante as entrevistas da
FAA com essas testemunhas162.
John Callahan contesta vigorosamente essas afirmações sobre o radar. Ele assinala o ponto
importante de que o radar não está configurado para detectar objetos que se comportam da
maneira como os OVNIs o fazem, e que precisamos renovar e atualizar sua tecnologia. Esse
antigo chefe da Divisão de Investigações e Acidentes não ficou nem um pouco surpreso com a
resposta da FAA em relação ao incidente do O’Hare alguns anos atrás. “Era previsível”, ele me
disse. “Quando os pilotos relatam estar vendo um objeto assim, a FAA oferecerá um monte de
outras explicações. É como usar uma venda nos olhos. É sempre alguma outra coisa, de modo
que não pode ser o que é.”
CAPÍTULO 22 - FAA Investiga um Evento OVNI “Que Nunca Aconteceu”
Por John J. Callahan

Você está prestes a ler sobre um evento que nunca aconteceu. Eu fui chefe da Divisão de
Investigações, Avaliações e Acidentes da FAA, em Washington, de 1981 a 1988. Durante essa
época, envolvi-me em uma investigação de um evento extraordinário, mas me pediram para
não falar sobre ele. Já aposentado, decidi que o público tinha direito a essa informação e que
poderia lidar com ela. Nada terrível aconteceu em resultado de minha discussão pública desse
incidente, porém nada de útil resultou disso, embora nunca seja tarde. Cheguei a compreender
a séria necessidade que temos de melhorar nossos sistemas de radar, de modo que possam
detectar objetos incomuns no céu, como um com que lidei, quando estava na FAA, em 1987.
Era o começo do mês de janeiro de 1987, quando recebi uma ligação do ramo de qualidade
de controle do tráfego aéreo, do escritório regional da FAA, no Alasca, pedindo orientação
sobre o que dizer para o pessoal da mídia, que estava inundando o escritório. A mídia queria
informações sobre o OVNI que perseguiu um 747 japonês no céu do Alasca por cerca de trinta
minutos, em 7 de novembro de 1986. De algum modo, as palavras tinham sumido.
“Que OVNI? Quando isso ocorreu? Por que o quartel general de Washington não tinha
sido informado?”, perguntei.
“Ei”, replicou o controlador, “quem acredita em OVNIs? Só preciso saber o que dizer à
mídia para tirá-la daqui”.
A resposta a essa pergunta era fácil: “Diga-lhes que está sob investigação. Então, reúna
todos os dados - as gravações de voz e dos discos de dados de computador, das instalações -
tanto de tráfego aéreo quanto militares responsáveis pela proteção da área da costa oeste. Envie
os dados à noite para o Centro Tecnológico da FAA, em Atlantic City, New Jersey”. Eu queria
os dados sobre o voo da meia-noite, não importando quanto aborrecimento teria para obtê-los.
O voo 1628, da Japan Air Lines, um jato de carga com um piloto, um copiloto e um
engenheiro de voo, estava ao norte de Anchorage, e foi logo após as 17 horas. O comandante
Kenju Terauchi descreveu ter visto um objeto redondo gigantesco, com luzes coloridas
piscando e correndo ao redor, que era muito maior do que seu 747, tão grande quanto um
porta-aviões. Sua tripulação, Takanori Tamefuji e Yoshio Tsukuda, viram-no também.
Em certo ponto, dois objetos apareceram e pararam diretamente à frente do 747, e o
comandante disse que eles estavam “disparando luzes”, iluminando a cabine e emitindo calor,
que ele podia sentir em seu rosto.
Os objetos, então, voaram em voo nivelado com o 747. Depois, o comandante fez um giro,
para escapar do OVNI, mas este voava ao lado do jato, mantendo distância constante. Terauchi
conseguiu estimar o tamanho da “espaçonave” maior, como ele a chamou, como sendo pelo
menos do tamanho de um porta-aviões, porque ele o tinha em seu radar, e o radar do avião
possui marcações de extensão. Ele relatou tudo isso aos funcionários da FAA, exatamente
como tinha visto.
Durante trinta e um minutos, o OVNI pulava milhas em questão de segundos. Uma
varredura de radar no controle de tráfego aéreo, em Anchorage, leva dez segundos. Em um
momento, Terauchi diz, “está aqui à minha frente a treze quilômetros, e quando a antena de
radar passa, vemos um alvo lá. Dez segundos depois, o objeto está repentinamente dez ou doze
quilômetros atrás dele. Ele ia de treze quilômetros à frente do 747 para dez ou doze atrás em
apenas alguns segundos, em uma única varredura do radar”. A tecnologia era “impensável”,
disse Terauchi, porque os OVNIs pareciam controlar tanto a inércia quanto a gravidade.
Os funcionários da FAA entrevistaram o comandante e sua tripulação extensivamente nos
dias e meses seguintes. Todos eles forneceram descrições e desenhos independentes das
“espaçonaves” e seu comportamento notável. Essas três testemunhas confiáveis sabiam como
reconhecer aviões. Se esse objeto tivesse sido um exercício militar secreto, os pilotos teriam
sido informados disso e não teriam perdido tempo, passando trinta e um minutos fugindo e
relatando a presença do OVNI. E a FAA não teria tido o aborrecimento de fazer entrevistas
após o evento. Essas testemunhas eliminaram todas as explicações possíveis para o que tinham
observado bem de perto, por um longo período de tempo.
Quando um piloto olha pela janela e vê uma aeronave disparando bem à frente de seu nariz
ou voando junto com ele, a primeira coisa que ele faz é chamar o controle de tráfego aéreo e
dizer: “Ei, há algum tráfego na minha altitude?” E o controlador entra em pânico, olha para a
tela e diz: “Não, não temos nenhum tráfego na sua altitude”. O tráfego aéreo então pede ao
piloto do 747 maiores informações: que tipo de aeronave, se há marcações visíveis, a cor ou os
números na cauda, etc., e então o controlador informa: “Vamos seguir este sujeito e fazê-lo
seguir os padrões de voo assim que pousar no aeroporto. Nós o notificaremos e retiraremos o
seu brevê de piloto. Faremos o que for preciso para encontrar o piloto da aeronave
desconhecida.” Se seu brevê for retirado, o piloto não terá mais autorização para voar.
Nesse caso, o piloto respondeu, dizendo: “É um OVNI”. Porque ele podia vê-lo muito
claramente. Mas quem acredita em OVNIs? Esse é o tipo de atitude que o controle de tráfego
aéreo tinha naquela época e, de qualquer modo, nem o controlador nem a FAA estava equipada
para rastrear alguma coisa como esta. A FAA tem procedimentos que cobrem o rastreamento
de aeronaves não identificadas, mas não há procedimentos para controlar OVNIs.
Depois de receber a ligação relativa ao OVNI da região do Alasca quase dois meses após a
ocorrência do evento, reuni-me a meu chefe Harvey Safeer, que alertou o administrador da
FAA, Almirante Engen. Safeer e eu nos dirigimos para o Centro tecnológico da FAA, em
Atlantic City, New Jersey, para observar a reprodução, pelo computador, do evento e saber
mais sobre o que tinha acontecido.
A FAA tinha desenvolvido um programa de computador capaz de recriar o tráfego da tela
do controlador, chamado exibição do plano de visão (PVD). Eu instruí o especialista da FAA a
sincronizar as gravações de voz com os dados do radar - desse modo, poderíamos ouvir tudo o
que o controlador e o piloto disseram, enquanto assistíamos a tela do radar. Seria exatamente
como se estivéssemos atrás do controlador no Alasca, assistindo tudo o que estava acontecendo
enquanto ele conversava com o piloto e a tripulação do jato da JAL. Gravei em vídeo o que
estava acontecendo na tela do radar, enquanto o evento era reproduzido.

Mais tarde, naquele dia, pedi aos especialistas em automação da FAA para marcarem os
alvos do radar ao longo da rota de voo em um mapa e explicando o que cada alvo estava
fazendo ao longo da rota de voo do 747.
Engenheiros de hardware e de software colocaram tudo em um grande mapa, que mostrava
cada alvo ao longo do voo do 747, durante seu encontro relatado com o OVNI. Eles o
penduraram na parede e assinalaram: Isso foi quando vimos o OVNI pela primeira vez; isso foi
quando o piloto viu o OVNI; isso foi quando os militares viram o OVNI. Fizeram isso no mapa
inteiro. Eu fiz um vídeo do mapa.
A impressão e a reprodução da tela do radar exibiram alvos primários na vizinhança do
747. Esses retornos de sinal foram exibidos por volta do mesmo tempo e lugar em que o piloto
relatava estar vendo o OVNI. O piloto e a tripulação viam o sinal em sua própria tela de radar e
foram capazes de realmente ver o OVNI imenso simultaneamente, conforme ele se aproximava
de seu avião. Qualquer um que assista a essa reprodução pode ver e ouvir isso, mas,
naturalmente, quando a CIA assistiu, seu pessoal disse que você não pode vê-lo porque ele não
está lá. A pergunta que eu sempre faço é: Em quem você vai acreditar: nos seus olhos
mentirosos ou no governo?
Tanto o controlador de radar quanto o manual observaram o sinal primário. Os
controladores militares também viram o sinal primário em seus radares e o identificaram como
um “primário duplo”, o que significa que ele era grande o suficiente para ser mais do que
apenas um avião.
Durante a reunião, no Centro Tecnológico da FAA, em Atlantic City, pedi tanto aos
engenheiros de hardware quanto aos de software (que eram as mesmas pessoas que tinham
construído o sistema de controle de tráfego aéreo) para me dizerem o que eram aqueles pontos
na vizinhança do avião da JAL. Os engenheiros de hardware disseram: “Este sinal aqui é um
problema de software, e este outro aqui também”. Todas as vezes, ao longo da rota, diziam: “É
um problema de software; não há nada errado com nosso sistema de hardware”. Então, eu
disse: “Muito bem; isso faz sentido para mim”.
Então, o rapaz do software levantou-se e disse: “Este sinal aqui é um problema de
hardware; e este aqui - um problema de hardware”. Não havia problemas nem de hardware,
nem de software. “Bem”, perguntei, “o que temos aqui, se não temos nada? Temos um sinal ali
ou não?”. Um dos técnicos afirmou: “Minha religião me proíbe de acreditar em OVNIs”.
Então, eu disse: “Tudo bem”, e saí.
Quando voltei para o quartel general da FAA, fiz um rápido relatório, para o administrador
Engen, da reprodução do radar e mostrei-lhe o vídeo da tela de radar sincronizada com as
gravações de voz. Ele assistiu tudo e, então, convocou uma reunião com o staff científico do
Presidente Reagan, e disse-me que minha função era fazer uma exibição para eles e entregar-
lhes esta operação, “já que a FAA não controla os OVNIs”.
Na reunião, olhamos a impressão dos dados e exibimos o vídeo duas ou três vezes - os
participantes eram a CIA, o grupo científico do presidente e um bando de seguranças.
Conversamos por cerca de uma hora e meia, e os cientistas fizeram uma série de perguntas - de
fato, perguntas muito inteligentes. Eles queriam saber coisas tais como a velocidade da antena
do radar, a frequência e a largura da banda, e o algoritmo do equipamento que calculava a
altitude. O pessoal que a FAA trouxe para a sala eram engenheiros técnicos - especialistas de
hard e software - e eles responderam àquelas perguntas como se fossem professores de
matemática do ensino médio. Era como se cuspissem todo aquele material. Realmente era
surpreendente assistir esses especialistas da FAA trabalhando.
No final, uma das três pessoas da CIA disse: “Este evento nunca aconteceu. Nós nunca
estivemos aqui. Estamos confiscando todos esses dados, e todos vocês devem jurar segredo”.
“O que você acha que era?”, perguntei à pessoa da CIA.
“Um OVNI, e esta é a primeira vez que eles apareceram por mais de trinta minutos no
radar”, ele respondeu. Eles - a equipe científica do presidente - estavam doidos para por as
mãos nos dados.
“Bem, vamos informar o público americano de que fomos visitados por um OVNI”163,
sugeri.
“De maneira nenhuma. Se falássemos ao público americano que os OVNIs existem,
haveria pânico”, ele me informou.
E foi isso. Eles pegaram tudo o que estava na sala - e, naquela época, os impressos de
computador enchiam caixas e caixas. Aqueles impressos da FAA foram intitulados de
“Incidente OVNI em Anchorage, 18/11/86”, escrito na tampa das caixas. Os impressos
forneceram amplos dados para que um especialista em automação fosse capaz de reproduzir
em um mapa tudo o que o controlador via.
Algumas semanas depois, um técnico da FAA trouxe de lá um relato desse evento que
nunca ocorreu. Eu o coloquei em uma pequena mesa de canto de meu escritório e disse:
“Deixe aí. Quando a CIA quiser o restante dos dados, tenho certeza de que eles virão e
levarão”. Algum tempo se passou e alguém trouxe as gravações de voz do incidente e nós as
colocamos ao lado do relatório naquela mesa, esperando que a CIA viesse e levasse.
O mapa produzido no Centro Tecnológico também veio para o meu escritório, onde
permaneceu por um ano e meio, junto com o relato detalhado da FAA e com as fitas de voz,
que tinham sido colocados naquela mesa de canto, esperando pela CIA. Ninguém apareceu e as
pegou. Quando eu estava me aposentando, em agosto de 1988, e partindo, um dos
administradores, com pressa de me ver ir embora, empacotou tudo o que estava pendurado nas
paredes e mesas de meu escritório e despachou para minha casa. E, desde então, tenho os
dados e o vídeo em minha posse.
Agora, mais de vinte anos depois, ficou muito claro para mim que a maioria das pessoas,
incluindo os controladores da FAA, não estava realmente familiarizada com a maneira como o
sistema de radar da FAA funciona e porque todas as aeronaves que cruzam nosso espaço aéreo
não são captadas pelo radar ou exibidos no PVD dos controladores. O sistema e a organização
da FAA não estão configurados para identificar e seguir esses tipos de aeronaves. Em resumo,
o equipamento atual da FAA não assinala uma “espaçonave”, a menos que a aeronave tenha
reduzido sua velocidade para uma semelhante àquela dos aviões normais.
As razões são simples: os OVNIs parecem não ter nenhum transponder; são
frequentemente muito grandes para que o sistema de automação os considere uma aeronave, de
modo que o radar os interpreta como algo climático (as leituras de radar com uma assinatura
irreconhecível são frequente e automaticamente enviadas, através de um segundo sistema,
como condições climáticas); ou são muito rápidos para que o radar obtenha um sinal antes
deles desaparecerem. Se algo está pairando, como aconteceu no Aeroporto O’Hare, em 2006,
ele frequentemente não se mostra ou, se o faz, apareceria como um pequeno ponto, e os
controladores da FAA não lhe dariam muita atenção.
Durante a reprodução do evento de 1986, claramente observei um sinal primário de radar
na posição relatada pelo piloto japonês. Mas os sinais de radar eram intermitentes, porque o
OVNI estava aparecendo como um sinal primário extremamente grande, de modo que o
sistema de computadores da FAA tratou o retorno do sinal de radar como condição climática.
Independentemente, o sinal podia ser visto próximo do 747 e por trinta e um minutos.
Assim, temos um problema. Por causa das deficiências de radar, quando um piloto relata
estar vendo um objeto incomum, a FAA não investigará, a menos que o objeto possa ser
identificado por um piloto no ar e, em vez disso, a FAA oferecerá uma série de fracas
explicações. Se a FAA não consegue identificar o objeto dentro da terminologia dela própria,
então ele não existe. Outro clichê que algumas vezes usamos: para todo problema, há uma
solução. A FAA parece acreditar que o inverso também é verdadeiro: se não há solução, então
não há problema.
A investigação do OVNI do Alasca é um desses casos. O relatório final da FAA concluiu
que os retornos de radar de Anchorage eram simplesmente uma “imagem dividida”, devida ao
mau funcionamento do equipamento de radar, que apresentou segundos blips ocasionais, que
tinham sido confundidos com um OVNI. Assim, a FAA não confirmaria que o incidente
ocorreu.
Contudo os três controladores que trabalharam com os pilotos, durante o longo
avistamento, fizeram afirmações que contradizem esse achado: “Várias vezes tive retornos
primários únicos onde o JAL 1628 relatou tráfego”, escreveu um deles. “Observei dados no
radar que coincidiam com a informação que o piloto do JAL 1628 relatou”, afirmou outro.
O porta-voz da FAA daquela época, Paul Steucke, disse que foi só uma “coincidência” que
a imagem dividida caísse na distância certa e do mesmo lado do avião onde o objeto foi
visualmente avistado pelo piloto. E o relatório final simplesmente ignorou completamente os
três avistamentos visuais com todos os seus detalhes e desenhos, como se o evento realmente
nunca tivesse acontecido. Lembre-se: ninguém que esteja voando em um avião pode ver uma
imagem dividida.
Então, em quem você vai acreditar: nos seus olhos mentirosos ou no governo?
CAPITULO 23 - Ocultação do Governo: Política ou Mito?

A diretiva da CIA de que “este evento nunca aconteceu”, como relatado pelo antigo
funcionário da FAA, John Callahan, talvez seja familiar àqueles que lêem as declarações de
testemunhas militares americanas aos eventos OVNIs. Foi dito mais ou menos a mesma coisa
por seus oficiais superiores: não falem a ninguém sobre o incidente que você acabou de
experienciar. Nos últimos anos, alguns dizem que ainda não podem falar publicamente, porque
estão vinculados a juramentos de segurança e, sem dúvida, há muitos outros que, por medo de
quebrarem tais juramentos, nem mesmo insinuam o seu envolvimento em um evento OVNI,
enquanto ainda são militares da ativa. Mas um número de homens e mulheres corajosos, nos
últimos anos, tem falado disso, apesar das ordens de juramento, sem repercussões.
Essa repetida demanda por silêncio, acompanhada de uma super zelosa confidencialidade
de documentos governamentais e das furtivas identificações errôneas lançadas pelo Projeto
Livro Azul, e posteriormente pela FAA, tem levado a muita especulação se as agências do
governo estão envolvidas em uma espécie de ocultação - uma política cuidadosamente
orquestrada e amplamente difundida, oculta de quase todo o mundo, para manter em segredo
“a verdade” sobre os OVNIs. Enquanto publicamente ignora e evita o assunto OVNI, sob a
superfície e desconhecido até para aqueles subordinados amordaçados, um pequeno, contudo
poderoso, grupo está ativamente ocultando um conhecimento explosivo, tal como a origem
extraterrestre de pelo menos alguns OVNIs. No mínimo é isso que muitos - mesmo os
conservadores - analistas chegam a acreditar.
Por mais forçado que isso soe, essa suposição radical não pode ser descartada. Documentos
provam que o fenômeno OVNI se tornou uma preocupação para a Força Aérea, a CIA e o FBI
desde o final da década de 40, dando assim às autoridades americanas muito tempo para colher
os melhores dados e estudar as evidências físicas. Obviamente, os militares ficariam
extremamente interessados nas capacidades tecnológicas demonstradas por tais objetos, se
pudessem ter acesso a elas. Precisamos considerar a possibilidade de que suficientes dados
concisos - até material recolhido de OVNIs caídos - poderiam ter sido obtidos e estudados em
segredo. Se os funcionários do governo estivessem famintos para descobrir algumas das
chaves para estas novas e exóticas tecnologias, ou achassem que estávamos à beira de
descobrir uma nova física, alguma coisa de um outro espaço-tempo talvez, as descobertas
poderiam dar à América novas capacidades inimagináveis.
Naturalmente, um estudo assim teria sido intimidante e poderia levar décadas. Não importa
quão intenso seria, os cientistas ainda poderiam não ser capazes de descobrir muito a respeito
do funcionamento ou origens dos OVNIs, dada a sofisticação dos sistemas tecnológicos, talvez
indecifráveis, e tão notáveis, que para nós parecem quase mágicos. A analogia seria como a de
um grupo de homens das cavernas obtendo repentinamente a posse de um aparelho de
televisão, antes mesmo de compreender os conceitos fundamentais da eletricidade ou das
ondas de rádio. Naturalmente, isso é pura especulação. Mas mesmo que nossos cientistas
encobertos fizessem muito pouco progresso na compreensão do que tinham nas mãos, não é
difícil imaginar que os responsáveis seriam extremamente cuidadosos para manter tal
informação revolucionária longe de algum país “inimigo” ou nações trapaceiras, incluindo a
União Soviética, durante a Guerra Fria. Eles também estariam atentos a qualquer benefício
econômico futuro, que pudesse resultar dessas tecnologias exóticas, e provavelmente iriam
querer assegurar que as corporações americanas fossem as beneficiárias exclusivas de
quaisquer avanços.
Como discutido previamente, alguns documentos oficiais dos anos 40 e 50 claramente
mostram que, tendo eliminado a opção do fenômeno como sendo alguma nova manifestação
dentro do mundo natural, uma série de oficiais de alta patente realmente assumiram a posição
de que os OVNIs eram interplanetários. Uma tendência para reter uma informação para o
público sobre algo tão impensável é concebível, dadas as suas potencialmente vastas
implicações. Talvez aqueles em posse do segredo apenas quisessem protelar a liberação da
informação até que pudessem aprender mais, mas esse dia nunca chegou. Também, refletindo a
equação de Nick Pope de “ameaça = capacidade + intenção”, teria havido muita preocupação
em relação aos perigos inerentes. Uma resposta racional do governo teria sido a de
compreender e controlar a situação tanto quanto possível, antes de reconhecer qualquer coisa
sobre objetos voadores não identificados e manter essa explosiva informação em segredo.
Nosso governo não quis arriscar uma histeria em massa.
Obviamente, não sabemos com certeza se, ou não, tal programa de pesquisa secreto existe,
embora haja palpites e sugestões, geralmente de relatos de indivíduos afirmando conhecimento
indireto, o que mantém a questão viva. Ela é repetidamente levantada por aqueles curiosos
sobre OVNIs, muitos dos quais encaram isso como uma questão de máxima e convincente
importância. Porém, a noção alternativa é muito mais fácil de aceitar: que os Estados Unidos
estão tão perplexos quanto qualquer outra pessoa sobre este mistério, e tão desamparados em
confrontar um fenômeno imprevisível como qualquer outro país. A superpotência mundial
simplesmente encolhe os ombros e olha para o outro lado, como se não houvesse nada a ser
feito, focalizando-se em assuntos mais urgentes enfrentados pelos seres humanos do que no
surgimento esporádico de algo estranho no céu.
O fato é que, mesmo se eventualmente soubéssemos que um grupo de pesquisa secreto tem
estado operando, o Estado (significando o governo, os militares e as estruturas científicas que
criam nossa sociedade) indubitavelmente não está a par desta informação sobre os OVNIs.
Qualquer esforço nos bastidores teria de ser tão exclusivo, tão inteiramente acobertado, que, de
fato, sua existência não faria qualquer diferença para nosso governo ou país e para as pessoas
que não sabem nada sobre isso, e que essencialmente são todas. Neste sentido, não tem
importância para o negócio estabelecer uma agência americana, de modo que uma investigação
aberta e mundial possa ocorrer.
Contudo, muito embora a questão de um encobrimento seja realmente uma questão lateral,
e continuará a ser tanto quanto tal programa - se é que ele existe mesmo - permaneça
profundamente enterrado, permanece o foco do interesse público, muito debatido e
frequentemente explorado em documentários de televisão. Nas entrevistas sobre OVNIs, esta é
geralmente uma das questões básicas feitas.
Quando me envolvi, inicialmente, com o assunto dos OVNIs, busquei fontes confiáveis,
como qualquer jornalista investigativa responsável faria, tentando descobrir o que nosso
governo realmente sabia sobre os OVNIs. O processo levou muitos anos, exigindo grande
cuidado e discernimento e, finalmente, as fontes começaram a me procurar também. Se escolhi
ou não levar qualquer pessoa a sério, isso dependeu de meu julgamento pessoal, que, para
mim, baseia-se em encontrar a pessoa sempre que possível, conversar muito com ela, conhecê-
la com o tempo, aprender sobre seu passado, verificar a precisão dos fatos relatados e
compreender suas motivações. Também sempre busco corroboração.
Quando sondando a questão de um possível programa de pesquisa do governo em relação
aos OVNIs, ou qualquer outra coisa desse assunto que é altamente sensível, as fontes
raramente fazem o registro por razões óbvias. Seus relatos são também extremamente difíceis
de serem verificados, porque, mesmo que deem nomes de outros envolvidos, tais pessoas
negarão qualquer conhecimento de um programa assim. O alarme pode soar a uma tentativa de
se localizar tais indivíduos, de modo que, algumas vezes, pediram-me para não fazer isso. Esse
tipo de informação, portanto, por mais excitante que possa ser, tem de ser relegada àquilo que
os repórteres chamam de “fundo profundo”. Pode ajudar a informar como alguém encara um
assunto, mas não centralmente. Pode nos cutucar numa certa direção, ou inspirar futuros
inquéritos. É tudo muito intrigante, mas sempre fora do alcance.
Fico desejando levar a sério tal informação sensível, quando duas ou mais fontes confiáveis
e qualificadas relatam a mesma coisa independentemente uma da outra - por exemplo, quando
homens de diferentes ramos do governo, que não se conhecem, com anos separando suas
afirmações, fornecem essencialmente os mesmos relatos. E, no que se refere à questão de um
programa de pesquisa secreto do governo sobre OVNIs, isso tem ocorrido. Um número de
fontes confiáveis falaram-me sobre suas conversas com contatos militares de alto nível, que
dizem que estão conscientes de um programa profundamente oculto de pesquisa de OVNIs, um
dos quais é tão bem guardado que mesmo às pessoas dos mais altos níveis militares é negado o
acesso a ele. Alguns desses relatos independentes incluem nomes e detalhes específicos. Ao
longo dos anos, muita evidência de caso tem também indicado a plausibilidade desse tipo de
programa, embora ele não possa ser autoritariamente determinado de uma maneira ou de outra.
Algumas das fontes anônimas a que eu me referi incluem cientistas, todos com PhD, com
currículos enormes e impressionantes, alguns dos quais trabalharam para a CIA ou outras
agências de Inteligência - um astrofísico, um físico, um astrônomo, entre outros - e um
engenheiro aeroespacial da NASA. Uma fonte militar, o Comandante Will Miller, da Marinha
americana, aposentado, fez uma gravação de seu relato, enquanto mantinha certas
especificidades confidenciais. Ele concordou em responder a uma série de perguntas que lhe
apresentei no final de 2009 sobre a questão do sigilo governamental.
Embora ainda bastante ativo, Miller, que agora vive na Flórida, aposentou-se da ativa em
1994, no mesmo ano em que foi condecorado com a Medalha de Serviço Meritório do
Departamento de Defesa. Como um oficial naval e veterano condecorado do Vietnã, ele teve
seu próprio avistamento de um navio da Marinha, enquanto servia no Vietnã. Depois, ele se
tornou oficial sênior do centro de comando de operações; depois, analista sênior da
Inteligência e administrador do programa de operações futuras do DoD, tais como o
planejamento da III Guerra Mundial, sistemas de armas não letais e futuros sistemas espaciais.
Foi consultor do Comando Espacial dos Estados Unidos e Comando do Sudeste americano e
suas operações internacionais antidrogas, da Força Tarefa da Junta Interagências do Leste.
Como especialista em operações especiais de contingência, Miller possuía autorização Top
Secret com acesso à Informação Comportamental Sensível (SCI), significando que tinha
acesso à informação sensível, cujo manuseio é restrito a um passo além da classificação Top
Secret, incluindo aquilo que está relacionado a tópicos e programas não publicamente
reconhecidos.
Quando oficial da ativa ao longo dos anos 80, Miller não escondeu seu interesse nos
OVNIs. “Eu era simplesmente um oficial preocupado que estudava o assunto, olhava os fatos e
conversava com os militares”, diz ele. “Pessoas com conhecimento pessoal me procuravam,
porque sabiam que eu tinha interesse. Fiz isso por um longo tempo.”
Em 1989, Miller tinha se tornado agudamente consciente de que oficiais militares de alta
patente não estavam propriamente informados sobre o fenômeno OVNI e ele ficou
preocupado, como os autores do COMETA, sobre o surgimento de possíveis questões de
segurança nacional, não dos próprios OVNIs, mas de falta de preparação. Ele acredita que
precisamos assumir que os OVNIs têm o mesmo direito de autodefesa à intenção hostil ou a
atos hostis como outorgamos às nossas próprias forças militares. Felizmente, esses direitos não
têm sido exercidos pelos OVNIs, tanto quanto se sabe, quando atacados. “Somente uma
pequena fração tem demonstrado uma semelhança remota de hostilidade, e isso foi apenas após
severa provocação, geralmente um ataque por aeronave militar”, diz ele. “Se todo o corpo de
dados fosse examinado, a conclusão óbvia seria de que os OVNIs não são hostis. Isso é
precisamente o que os militares americanos declararam após os muitos anos de estudo dos
OVNIs: que eles não constituem ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.”
Depois de aposentado da Marinha americana, Miller começou a dar passos para estabelecer
uma série de briefings de informação, que culminaram nos encontros, em 1997, com o Vice
Almirante Thomas R. Wilson, vide-diretor de Inteligência do Staff da Junta e, em 1998, com o
Tenente General Patrick M. Hughes, diretor da Agência de Inteligência da Defesa (DIA).
(Wilson, posteriormente, tornou-se diretor da DIA e Hughes o vice-presidente corporativo da
Inteligência e Contra-terrorismo do Departamento de Segurança da Pátria.) Miller forneceu-me
um relato confidencial detalhado desses encontros e daqueles que conduziram a conversação,
incluindo pessoas, instruções preparatórias, tópicos discutidos e reações das pessoas.
Ele explicou que levantou duas preocupações de segurança nacional: o risco de agressão da
parte de humanos não informados em relação aos OVNIs, levando a um possível desastre, e o
desprezo do governo em relação à preocupação do público sobre os OVNIs e sua recusa em
fornecer respostas honestas a questões legítimas. Miller sente fortemente que o sigilo
desnecessário ameaça o senso público de segurança pessoal, enquanto corrói a confiança nas
instituições governamentais encarregadas de informar e proteger os cidadãos americanos. “Os
oficiais têm universalmente recebido estas instruções com a mesma séria consideração de
outras instruções sobre qualquer outra questão de segurança nacional”, diz ele.
Contatei pela primeira vez o Comandante Miller dez anos atrás, em 1999, apresentado por
um colega mútuo. Fiquei repetidamente impressionada pela semelhança de suas conclusões e
abordagem expressas por aqueles militares franceses do Relatório COMETA, a mim
comunicadas antes que Miller tivesse qualquer ideia de seu conteúdo. Ele e os oficiais
franceses tinham todos passado por um processo semelhante para chegar a essas posições, mas
dentro de Forças Armadas diferentes. Todos foram meticulosamente cuidadosos com o que
diziam, sugerindo que sabiam mais do que poderiam revelar. Naturalmente, Miller nunca teve
a força dos números que o grupo francês teve - é uma voz solitária num vasto deserto e uma
voz particularmente corajosa, dado o risco à sua reputação pelo fato de se associar ao assunto
dos OVNIs.
Enviei-lhe uma cópia confidencial do Relatório COMETA enquanto escrevia minha
primeira história de OVNI para o Boston Globe. Passei, então, muitos meses em entrevistas
telefônicas substanciais com ele, e nos encontra- mos pessoalmente um ano depois. Com o
tempo, cheguei a conhecer e confiar nele como uma pessoa íntegra, de clareza e devoção a seu
país, e o consulto regularmente sobre assuntos que envolvem os OVNIs e os militares. Bem
conectado nos altos níveis do impenetrável mundo da Inteligência e dos militares, Miller é uma
verdadeira “pessoa íntima” da mais alta ordem. Ele é um dos poucos que tem persistentemente
levado sua preocupação com os OVNIs a autoridades acima dele, e passou muitos anos
avaliando a relação oficial com o fenômeno através de seu acesso a generais e almirantes
americanos, contatos na NASA e outras fontes de informação sensível.
“Os oficiais militares com quem falei ficaram extremamente interessados em obter
informação factual sobre o assunto OVNI, já que, mesmo no nível de almirante, eles não
conseguiam obter essa informação através dos canais normais da Inteligência militar”, disse-
me Miller. Ao longo dos anos, conforme continuou a falar com seus contatos, tornou-se mais e
mais convencido da existência de um bem dissimulado programa sobre OVNIs, baseado em
declarações que, diz ele, confirmam esse fato, feitas pelo pessoal militar que comparecia às
suas reuniões no Pentágono.
Pedi-lhe, no final de 2009, sua avaliação geral. Ele respondeu em um e-mail:

1. É fato que há aqueles em altas posições no governo que têm interesse nesse assunto
(em muitos casos, porque eles próprios ou membros de suas famílias tiveram um
avistamento ou uma experiência pessoal com o fenômeno).
2. Quando o povo americano diz que o governo está no meio de uma ocultação maciça,
na maioria dos casos isso NÃO é absolutamente verdade: as pessoas naquela posição
em que você diria “eles têm de saber” absolutamente não sabem.
3. Permaneço firmemente convencido de que muitos militares e civis dos mais altos
níveis das agências, departamentos e organizações são propositadamente mantidos no
escuro, de modo que esses líderes podem plausível e honestamente negar
conhecimento do assunto.

Depois, pedi a Miller para elaborar quem está mantendo quem no escuro:

O “grupo de controle” não pode permitir que qualquer informação de sua pesquisa fechada
sobre os OVNIs seja acessada por qualquer
um que não sejam aqueles especialmente autorizados pelo Programa de Acesso Especial
Não Reconhecido (USAP). Nem os Chefes de Staff da Junta de Inteligência nem o próprio
diretor da DIA podem obter QUALQUER informação sobre o assunto. Este é um fato.
Porém, sei que fontes dentro de múltiplas organizações mantêm tal informação.
A liderança permanece “protegida” de tal conhecimento. No que se refere a mim, a
pergunta está respondida.
Ele acrescentou mais comentários sobre a questão do sigilo:

De meu conhecimento, membros do Staff da Junta em geral têm apenas consciência dos
OVNIs e de algumas das questões de sigilo vindas do que eles leem e assistem pela TV. De
fato, não há segredos relacionados aos OVNIs desde o consenso de que não se provou a
sua existência e, portanto, não possuem lugar na lista de tópicos secretos, sobre os quais os
membros do Staff da Junta estão proibidos de falar. Porém, diz-se que, se uma pessoa
encontrar documentos ou outras informações relacionadas ao assunto dos OVNIs que eram
confidenciais, então essa pessoa seria obrigada a não discutir tal informação.
O fenômeno é ignorado como se fosse um mito não provado, apesar da existência de
informação confidencial sobre ele. Sei que essa informação reside nas “agências de três
letras”. Isso não é surpresa, já que múltiplas agências no passado seguiram esses objetos,
receberam relatos sobre eles e criaram relatórios ligados a encontros militares e/ou civis
com os mesmos e/ou seus efeitos. Especialmente onde sistemas de vigilância e detecção
estão em causa, uma pessoa sensata poderia assumir que as agências encarregadas da
detecção e monitoramento do ar, do espaço e do mar, via vários sistemas técnicos de
vigilância, detectariam periodicamente esses OVNIs/aeronaves ou teriam relatos dos
mesmos a elas enviados, que poderiam, então, ser disseminados para as
autoridades/consumidores finais que precisam saber.

Seria possível manter um segredo assim? Miller referiu-se à possibilidade de um Programa


de Acesso Especial Não Reconhecido (USAP) como uma localização potencial para um grupo
que controlasse o acesso à informação OVNI. Os USAPs são um dos mecanismos conhecidos
dentro do Departa mento de Defesa para o controle de informação sensível sem conhecimento
público de sua existência. Um relato investigativo de Bill Sweetman, em Janes International
Defense Review, lançou uma tremenda luz, na medida em que o DoD é capaz de manter
segredos. Esses “projetos negros” dentro do DoD, oficialmente chamados de Programas de
Acesso Especial (SAP), são estruturados para que os envolvidos em um componente não
saibam o que está acontecendo em outro, impedindo o conhecimento do quadro maior. Mais
profundamente enterrado está o USAP a que Miller se referiu: um programa negro tão sensível
que o fato de sua existência é um “núcleo secreto”, definido na regulamentação da Força Aérea
dos Estados Unidos como “qualquer item, progresso, estratégia ou elemento de informação
cujo comprometimento resultaria em falha irrecuperável”. Isso significa que se exige de todos
os participantes a negação da verdadeira existência do programa, se confrontados, uma vez que
até o “sem comentários” é considerado uma confirmação164.
A ocultação desses projetos é apoiada pela “disseminação de dados falsos, mas plausíveis,
ou desinformação”. Frequentemente, a informação falsa é acompanhada de alguma verdade, de
modo que as duas são indistinguíveis e a verdade, portanto, é desacreditada. “Apresentada com
um muro de negação e com maneira nenhuma de se dizer a diferença entre desinformação
fortuita e aquela deliberada, a maior parte da mídia abandonou qualquer tentativa séria de
investigar programas confidenciais”, escreve Sweetman. Talvez, como vem sendo revelado em
ocasiões ao longo das décadas, alguns dos documentos oficiais vazados e personagens
sombrios com alegações ferozes, emergindo das profundezas do mundo escuro da Inteligência,
poderiam ser parte de um programa de desinformação oficial, protegendo da verdade a
propriedade exclusiva dos USAPs, confundindo aqueles que chegam muito perto dela. Nós
simplesmente não sabemos.
Em 2008, adquiri um documento extremamente interessante do Reino Unido,
silenciosamente liberado a um pesquisador através de um pedido de FOI. Ele chegou perto de
verificar a existência de tal grupo secreto na América - o único documento governamental
legítimo, confirmado, a fazer isso, que eu saiba. Acontece que foi escrito em 1993, durante
uma excursão de dever de Nick Pope, no “escritório OVNI” do Ministério da Defesa, no qual
ele desempenhou um papel em sua concepção e execução. Intitulado “Estudo de Fenômenos
Aéreos Não Identificados” e possuindo apenas uma página, o documento é uma proposta para
um estudo (que foi aprovada e se tornou o Projeto Condigno, descrito no Capítulo 17). Iniciado
pelo Staff de Inteligência de Defesa (DIS), precisava da aprovação do departamento de Pope.
Escrito por sua contraparte no DIS, foi encaminhado para o superior de Pope “Sec (AS)2”, o
diretor representante do Staff Aéreo, e classificado como “Secret UK Eyes A”.
A seção chave é o parágrafo 2, com duas partes redigidas e substituídas por fileiras da letra
X:

2. Tenho consciência, a partir de fontes da Inteligência, que XXXXX acredita que tais
fenômenos existem e tem uma pequena equipe estudando-os. Também tenho
consciência de que existe um grupo informal na comunidade XXXXXXXXXXX e é
possível que isso reflita uma organização mais formal.

Após cuidadosa consideração, baseada em raciocínio dedutivo, ofereço a seguinte análise.


Antes de gastar recursos com qualquer estudo, a primeira coisa que uma agência do
governo faria é verificar com seus aliados e descobrir o que eles já possam ter aprendido sobre
o assunto que está sendo considerado. É razoável assumir que a Inteligência do Reino Unido
faria essa verificação com seu aliado número um, os Estados Unidos, através de suas próprias
fontes na comunidade da Inteligência, já que os funcionários desta, como aquele que escreveu
essa proposta, trabalham diretamente com suas contrapartes em outros países. Em segundo
lugar, também é lógico assumir que a Inteligência do Reino Unido estaria interessada no
trabalho de quaisquer grandes países, jogadores importantes que podem ser adversários e,
assim, são monitorados em base regular. Neste caso, esse país seria a Rússia.
O próximo passo é voltar ao documento e ver se esses países fisicamente se ajustariam nos
espaços com a letra X. O número de X usado no processo de redação não necessariamente
corresponde ao número de letras que faltam. Portanto, quando se vê o que se ajusta, tem que se
olhar para a quantidade de espaços, e não para o número de letras X. Isso só acontece com a
palavra “Rússia”, que se ajusta à primeira linha, e as palavras “US Intelligence” (Inteligência
dos Estados Unidos), que se ajusta perfeitamente na segunda linha em que os X foram
colocados, quando se mede o comprimento das palavras em relação aos espaços, e também na
manutenção dos espaços entre as palavras dentro de cada linha. Substituindo o X, o documento
ficaria assim (a ênfase foi acrescentada):

Tenho consciência, a partir de fontes da Inteligência, de que a Rússia acredita que tais
fenômenos existem e tem uma pequena equipe estudando-os. Também tenho consciência
de que existe um grupo informal na comunidade da US Intelligence e é possível que isso
reflita uma organização mais formal.

O significado e as implicações dessas duas linhas, especialmente a segunda, valem a pena


serem considerarados. A linha um não constitui nenhuma surpresa, já que muito se sabe sobre
a pesquisa de longa data da Rússia e o interesse militar no fenômeno OVNI. Na linha dois, a
afirmação “tenho consciência” significa que o escritor está afirmando um fato: o grupo
informal existe. Um “grupo informal” é aquele que não fornece nada por escrito e nem deixa
quaisquer registros para trás; é um grupo que escapa da visão dos Comitês da Câmara ou do
Senado, e poderia ser estabelecido assim, porque seu trabalho corre contra a política
estabelecida. Poderia ser parte de um SAP. Como foi definido por Nick Pope, “um grupo
informal seria uma rede solta de indivíduos, talvez de certo número de diferentes agências,
reunindo-se para discutir um determinado assunto, mas sem termos formais de referência”.
A segunda metade dessa sentença começa com “é possível” - diferentemente de “tenho
consciência”, essa frase não afirma um fato, mas apenas a possibilidade. Isso também é
realmente muito revelador. Alguém precisa perguntar por que esse escritório de Inteligência
não conseguiria obter mais informações sobre a natureza desse grupo de seu aliado mais
próximo. Não lhe disseram muito sobre a natureza desse “grupo informal” e não foi capaz de
determinar se isso refletia mais de uma estrutura “formal”, algo apropriadamente constituída.
Isso atesta a natureza altamente secreta e profundamente enterrada do grupo informal.
Se, de fato, essa interpretação está correta - e tenho muita razão em acreditar que está -,
esse documento se refere a um grupo secreto dentro da Inteligência americana estudando
ativamente os OVNIs. Esse é um pedaço de papel muito mais importante do que qualquer caso
novo de relatos liberado recentemente pelo MoD, que tem recebido toda a atenção. A posição
pública do governo dos Estados Unidos é a de que eles não têm investigado OVNIs desde
1970, quando o Projeto Livro Azul foi encerrado. Mas esse documento britânico - cuja
proveniência está fora de discussão - potencialmente explode essa afirmação. Segundo essa
análise, os Estados Unidos estão estudando OVNIs. Mas fazem isso da maneira revelada pelo
Reino Unido; o programa está operando pelas costas não apenas do público e da mídia, mas
também do Congresso, do Senado e do Presidente. Porém, isso não é de maneira nenhuma uma
“prova” definitiva, já que nunca obteremos confirmação adequada, como no caso das palavras
que faltam e que permanecem confidenciais.
Abordei Nick Pope, esperando receber alguma pista, alguma mensagem oculta. Mas ele é
muito profissional para ser pego com a guarda baixa. Ele reconhece que ajudou seu colega do
DIS com o esquema da proposta de um estudo de OVNIs, e pode se lembrar que os nomes de
dois países foram escritos no documento. Perguntei-lhe sobre minha avaliação das duas
palavras que faltam e se ele poderia responder de algum modo a isso. “Sem Comentários” foi
sua resposta.
Esse material, embora intrigantemente sugestivo, não é de maneira nenhuma definitivo.
Dando um passo atrás, precisamos refletir uma vez mais sobre o que realmente sabemos, para
seguirmos em frente. Cautela, ou abrandamento, deve ser o nome do jogo, quando se lida com
o assunto não aceito dos OVNIs. A realidade do que nós realmente sabemos é suficientemente
extraordinária.
Para muitos, o processo de discernimento não é fácil. Os teóricos da conspiração e a mídia
televisiva deram fôlego a uma mitologia intricada e baseada em rumores ao redor da ideia de
uma ocultação, levando alguns a eliminar todo o assunto dos OVNIs como ficção científica
fútil, e outros a engolir todo bocado oferecido. Aqueles que se situam no meio não têm
maneira de diferenciar a informação válida daquela fantasiosa, que mistura tudo em uma
grande tigela de uma sopa intragável. (Isso é essencialmente desinformação autocriada e
nenhum agente secreto é necessário para espalhá-la, já que a mídia e as grandes fileiras da
assim chamada comunidade OVNI cuidam disso elas mesmas.) Mas, por trás de todas as
reações extremas, está o fato de que o Estado não parece querer que nós saibamos que os
OVNIs existem. Já que sabemos que eles existem, temos de assumir que o governo sabe disso
também. Se for assim, por que está ocultando isso? E o que é que está escondendo? As pessoas
estão desesperadas por respostas e, muito frustradas, elas compreensivelmente chegam a
desconfiar profundamente de nosso governo neste assunto.
Alguns tiram vantagem dessa situação. Os chamados denunciantes, com vários níveis de
saúde psicológica e clareza mental, regularmente pulam na tigela de sopa - pessoas que não
têm relação com fontes confiáveis às quais me referi inicialmente - afirmando conhecimento
direto de algum aspecto de uma ocultação sinistra do governo. Grupos indiscriminados sobre
OVNIs transformaram-se, ou a seus porta-vozes, em heróis e enviam-nos para coletivas de
imprensa, oferecendo-os como carneiros para o sacrifício, para serem ridicularizados pela
mídia que se incomoda em tomar notas. E, em muitos desses casos claramente infundados, a
zombaria é bem merecida. Outros se introduzem no mercado como acadêmicos ou ativistas,
fazendo acusações sem base e afirmações sobre as más ações do governo em relação aos
OVNIs, baseados mais em rumores do que em registros. Esses extremistas servem apenas para
enlamear as águas e compor o pesadelo das relações públicas que os OVNIs já enfrentam no
discurso público. Tristemente, esse é o único tipo de informação sobre os OVNIs a que muitos
americanos vêm sendo expostos.
Colocando o exagero de lado, oficiais aposentados e investigadores sérios tornam legítimo
o ponto de que os fatos conhecidos sozinhos, tais como aqueles levantados ao longo deste
livro, levam a perguntas perplexas e não respondidas sobre a confidencialidade do governo
americano. Em 1990, o grupo francês do COMETA puniu os Estados Unidos pelo que ele
chama de um “arsenal repressivo impressionante” de táticas de proteção à informação sobre
OVNIs, incluindo uma política de desinformação e regulamentos militares proibindo a
divulgação pública dos avistamentos. O Regulamento da Força Aérea 200-2 - “Relatando
Objetos Voadores Não Identificados”, por exemplo, proíbe a liberação ao público e à mídia de
quaisquer dados sobre “aqueles objetos que não são explicáveis”. Um procedimento ainda
mais restritivo é delineado na Publicação 146 da Junta Exército, Marinha e Força Aérea, que
ameaça perseguir qualquer um que esteja sob sua jurisdição - incluindo pilotos, agências civis,
capitães da marinha mercante, e até alguns navios pesqueiros - pela divulgação de relatos
daqueles avistamentos relevantes para a segurança dos Estados Unidos. Felizmente, não tenho
consciência de quaisquer casos nos quais tais ações extremas foram tomadas.
Mas sabemos com certeza, como mostrado pelo memorando de Bolender e arquivos do
governo liberados através do FOIA, que o governo americano tem algum nível de
envolvimento nas investigações de OVNIs desde o encerramento do Projeto Livro Azul, apesar
das afirmações em contrário. Contudo, os oficiais em geral são irracionalmente indiferentes a
revelar eventos OVNI, como o foram durante os avistamentos do Vale do Hudson, nos anos
80, zombando e dando falsas explicações, quando pressionados.
Sabemos também que documentos sobre OVNIs têm sido previamente classificados como
confidenciais pelas agências do governo, como mostrado em sua última liberação, através do
Ato de Liberdade de Informação, e que algumas informações permanecem assim. Os arquivos
sobre OVNIs da Agência de Segurança Nacional (NSA) foram liberados em 1997, seguindo
anos antes a lei, mas eram tão pesadamente editados (a NSA afirmou que todas as deleções
tinham a ver com a proteção de métodos e fontes sensíveis) que eram virtualmente inúteis. Em
resposta aos pedidos de FOIA, as agências inicialmente negaram ter documentos arquivados,
que apareceram mais tarde em outro lugar, ou foram encontrados em uma segunda pesquisa.
Os pesquisadores descobriram que, em muitos casos de OVNI onde relatórios oficiais foram
preenchidos na época, nenhum pôde ser encontrado posteriormente, quando buscados nos
locais lógicos. E, como foi afirmado também no memorando Bolender, os relatos de OVNIs
que afetavam a segurança nacional eram arquivados fora do sistema Livro Azul. Onde estão
esses arquivos e por que não podem ser todos liberados?
Ao longo dos anos, mesmo funcionários seniores do governo fizeram um esforço para ter
acesso à evidência oculta de OVNIs. O Senador Barry Goldwater tentou penetrar nos cofres da
Base da Força Aérea Wright-Patterson, o lar do Projeto Livro Azul, durante a “era dourada”
dos OVNIs dos anos 60, e descreveu seus esforços em uma série de cartas que escreveu em
resposta a inquéritos anos depois. Goldwater, piloto licenciado e major general aposentado da
Reserva da Força Aérea dos Estados Unidos, tinha estudado relatos de pilotos respeitáveis e
tinha um interesse de muitos anos no assunto. Ele estava convencido de que um programa
secreto sobre OVNIs existia. “A cerca de dez ou doze anos atrás, fiz um esforço para descobrir
o que havia no prédio da Base Aérea Wright- Patterson onde a informação está armazenada e
que tinha sido reunida pela Força Aérea, e este meu pedido foi compreensivelmente negado.
Estava ainda classificada acima do Top Secret”, escreveu ele em uma carta de 1975165.
Em uma carta, de 1981, a um pesquisador, Goldwater disse que - em relação a este esforço
- “Tive uma longa série de negações de um chefe após o outro, de modo que desisti... Esta
coisa é altamente classificada, muito embora, admitirei aqui, haja muita coisa sendo liberada, é
impossível obter algo disso”166. Em 1983, ele escreveu: “Não tenho ideia de quem controla o
fluxo do “preciso saber”, porque, francamente, disseram-me de um modo empático que não era
da minha conta, que desde então eu nunca tentei torná-lo um assunto meu”167.
Finalmente, quando perguntado durante uma entrevista de rádio em 1994, o Senador
Goldwater disse: “Acho que o governo sabe. Não posso apoiar isso, mas acho que no campo
Wright-Patterson, se você pudesse ir a certos lugares, descobriria o que a Força Aérea e o
governo sabem sobre os OVNIs... Telefonei para Curtis LeMay e disse: ‘General, sei que
temos um aposento em Wright- Patterson onde vocês colocam todo esse material secreto.
Posso ir lá?’ Nunca ouvira falar que ele ficara furioso, mas ele ficou mais furioso do que os
infernos comigo; amaldiçoou-me e disse: ‘Nunca mais volte a me fazer essa pergunta!’168”
Um ano depois, em 1995, o congressista do Novo México Steven Schiff anunciou os
resultados de uma investigação do Escritório Geral de Contabilidade (GAO), que ele iniciou
em nome de seus eleitores, tentando ter acesso a relatórios relacionados a eventos ligados a
uma misteriosa queda em 1947, perto de Roswell, Novo México, que tinha se tornado famoso
devido à crença popular de que o que tinha caído era um disco voador. “O Relatório do GAO
afirma que as mensagens que saíram do Campo Aéreo do Exército de Roswell (RAAF) deste
período de tempo foram destruídas sem a autorização apropriada”, explicou Schiff em seu
comunicado à imprensa. “Compreendo que essas mensagens eram registros permanentes, que
não deveriam nunca ter sido destruídas. O GAO não conseguiu identificar quem destruiu as
mensagens ou porque.169” A Força Aérea afirmou por quase meio século que o objeto caído era
um balão meteorológico. Em 1994, enquanto Schiff estava esperando os resultados do GAO, a
Força Aérea se retratou dessa afirmação e anunciou que os detritos da queda eram realmente
provenientes de um dispositivo então confidencial para detectar evidência de um possível teste
nuclear soviético170. Naturalmente, essa explicação atrasada levanta novas questões suficientes
para manter a controvérsia Roswell em andamento, uma delas incluindo um livro de
testemunhos convincentes contradizendo a posição da Força Aérea. Os esforços infrutíferos
tanto de Goldwater quanto de Schiff para obter informação através de canais oficiais não
provam uma ocultação de conhecimento sobre o que são os OVNIs, como muitos gostariam de
acreditar, mas revelam quão difícil é obter informação definitiva sobre os OVNIs do governo
dos Estados Unidos.
De fato, cada componente usado para argumentar que esse sigilo excessivo do governo
demonstra que há uma ocultação de conhecimento sobre OVNIs poderia ter um monte de
possíveis explicações alternativas. Sabemos que o FOIA não funciona eficientemente, e que a
complicada burocracia envolvida com a manutenção de registros está sobrecarregada e não é
bem organizada. Os OVNIs poderiam logicamente estar no fim da lista de prioridades. E onde
estão todos aqueles que teriam trabalhado neste profundo programa negro - centenas ou
milhares de especialistas, ou os membros sobreviventes de suas famílias? Certamente pelo
menos alguns poderiam sentir o imperativo moral de compartilhar conhecimento ou
descobertas sobre os OVNIs com o restante da humanidade, e poderiam aceitar o risco de fazer
isso, talvez até buscando abrigo nos programas de proteção à testemunha. E ainda não houve,
tanto quanto sabemos, nenhuma confissão no leito de morte ou testamentos de algum desses
cientistas do governo, nem de qualquer esposa que revelasse a verdade sobre um Programa de
Acesso Especial sobre OVNIs. Nem mesmo um. E, finalmente, não vimos os resultados de
nenhuma tecnologia militar de retro engenharia verdadeiramente fantástica que poderia ter
resultado de OVNIs capturados, apesar dos rumores em contrário.
Diretivas para funcionários do governo e militares dando-lhes instruções para manter
assuntos sensíveis em silêncio constituem um procedimento padrão de operações para uma
série de assuntos e propósitos. O repentino surgimento de um objeto desconhecido criando
uma devastação para os pilotos da Força Aérea não seria algo que qualquer autoridade militar
desejaria tornar público, especialmente durante a Guerra Fria. Se os militares foram incapazes
de identificar essa coisa, parece muito mais lógico que o evento seja mantido sob proteção.
Mas isso não significa especificamente que haja uma ocultação dos OVNIs, ou que já
aprendemos que natureza esses objetos desconhecidos possam ter. Uma série de preocupações
com a segurança nacional poderia obrigar o sigilo governamental e os militares sempre
preferem errar por excesso de sigilo ao oposto.
Retornando à análise mais fácil, talvez os projetos de pesquisa sensíveis dentro do governo
americano evitem lidar com os OVNIs simplesmente porque até nossos funcionários mais
especializados da Inteligência realmente não saibam muito sobre eles, e podem achar que não
há nada a ser feito de um ou de outro modo. Os objetos não nos causaram prejuízos e há
muitos outros assuntos mais imediatamente perigosos a serem tratados envolvendo a
sobrevivência humana, tanto econômica quanto ambiental. Isso significaria que a única
ocultação seja aquela que oculta qualquer reconhecimento de que os OVNIs existem e não
envolve nada mais do que isso.
E esse não reconhecimento tem sua própria lógica. Faz sentido que as autoridades não
teriam motivação para anunciar publicamente que há máquinas desconhecidas aparentemente
todo-poderosas voando sem restrições em nossos céus e além do nosso controle. Será que
nosso governo iria querer reconhecer sua própria impotência em face de algo não identificado,
contudo bem documentado? Algumas autoridades podem se preocupar com o pânico público,
se soubermos o que eles são ou não. Mesmo que o governo reconheça a presença de um
fenômeno não explicado, a hipótese extraterrestre tornar- se-ia parte do debate e, se o
pensamento vier a ser de que eles provavelmente são veículos ou sondas de algum outro lugar,
pareceria que eles têm completo poder sobre nós. Que órgão oficial iria querer descarregar
uma bomba assim num mundo já tão instável?
Por outro lado, é importante lembrar que a Força Aérea da Bélgica fez exatamente isso em
1990, bem como outros países, em relação a eventos específicos, e nenhum levante popular ou
ondas de terror perturbaram essas sociedades. Em vez disso, as pessoas continuaram com suas
vidas com muito menos necessidade do que encontramos aqui na América de criar explicações
alternativas ou teorias de conspiração para satisfazer a curiosidade humana natural. Não
obstante, neste país imenso e multicultural, que se vê como um líder planetário em muitas
frentes, abrir aquela porta através de qualquer tipo de afirmação oficial parece permanecer
totalmente desagradável.
Porém, tal reticência do governo precisa e pode ser superada ou, pelo menos, contornada,
segundo o antigo governador Fife Symington, do Arizona, que teve uma experiência única -
para dizer o mínimo - em ambos os lados desta cerca complicada, levando à sua atual posição
sobre o assunto. Começando com a marcante coletiva de imprensa de 2007, ele e outros de
todo o mundo formaram uma plataforma unida para buscar uma nova abordagem. Os cidadãos
do mundo, incluindo os americanos, estão prontos a seguir em frente.
CAPITULO 24 - O Governador Fife Symington e o Movimento para a Mudança

Em 13 de março de 1997, uma década depois que a onda de OVNIs do Vale do Hudson se
acalmou, vários OVNIs triangulares ou em forma de V fizeram uma série de novas aparições,
dessa vez sobre o oeste dos Estados Unidos
Era uma agradável noite de primavera no Arizona, clara e calma, e inúmeras famílias
estavam fora de casa em número maior do que o usual, olhando para o céu, porque o cometa
Hale-Bopp estaria visível naquela noite. Em vez disso, começando por volta das 20 horas
daquela noite, todas foram brindadas com um espetáculo aéreo ainda mais assombroso: uma
série de maciças aeronaves errantes silenciosas, planando pelo céu como nada que eles
tivessem visto anteriormente. Um objeto central movia-se de norte para sudeste através do
estado, viajando cerca de 320 km de Paulden para Tucson, passando perto de Phoenix e
comunidades vizinhas. A exibição foi de 20hl5min até 21h30min. Muitas centenas - mais
provavelmente milhares - de pessoas assistiram ao espetáculo.
As linhas telefônicas do Departamento de Polícia ficaram congestionadas e a instalação da
Força Aérea local, a Base Luke da Força Aérea, ficou sobrecarregada com as chamadas.
Relatos de avistamentos de todo o estado inundaram as linhas do Centro Nacional de Relatos
de OVNIs (NUFORC) - o bem conhecido repositório de relatos de OVNIs citado no manual da
FAA - situado em Seattle, Washington. Mesmo assim, os controladores do tráfego aéreo
aparentemente não registraram os estranhos objetos no radar.
Embora as descrições das luzes diferissem, uma característica mais importante prevaleceu:
a aeronave era maciça, era um objeto sólido e não simplesmente luzes, e frequentemente
parecia estar a uma altitude muito baixa no céu, bloqueando a luz das estrelas por trás dela.
Uma testemunha mais disse que ele conseguia ver claramente o lado de baixo dela e se ele
tivesse atirado uma pedra, ele conseguiria atingi-la. Segundo relatos de testemunhas oculares
nos arquivos do NUFORC, que recebeu seu primeiro relato às 16h55min, de Henderson,
Nevada, um grupo de três pessoas, que disseram que a aeronave bloqueava a maior parte do
céu, enquanto uma família de cinco pessoas descreveu estar olhando para fora pelas janelas do
automóvel, enquanto dirigia a 120 km/h, e observou a aeronave incrivelmente imensa passando
sobre seu carro. Um jogo teve de ser interrompido enquanto o maciço objeto passava sobre as
cabeças de mães, pais, crianças e técnicos, que o olhavam incrédulos. Algumas pessoas
descreveram sua cor como um cinza escuro semelhante ao de uma arma de metal, e muitas
pessoas ficaram aterradas pelo silêncio do objeto, dado o seu tamanho, especialmente quando o
viram sumir num piscar de olhos171.
Foi difícil determinar quantos objetos estiveram presentes, porque os relatos variaram em
termos do número de luzes, cores das luzes e movimentos. A velocidade da aeronave, ou
aeronaves, variou de sem movimento até altíssimas velocidades em um instante. Telefonemas
chegaram rapidamente ao NUFORC de muitas comunidades em diferentes localizações,
sugerindo a probabilidade de que vários objetos estavam cruzando os céus, alguns talvez se
movendo rapidamente entre as localizações. Levou muitos meses para que os investigadores
civis assumissem o caso, para compilar todos os relatos, mapear as trajetórias e determinar
que, de fato, vários objetos foram vistos.
Uma vez mais, como na onda do Vale do Hudson, nenhum funcionário do governo foi
enviado para investigar ou responder às perguntas de cidadãos aterrados e alarmados. Falando
sem rodeios, em 1997, o governo federal falhou em reagir à presença de algo imenso e
desconhecido invadindo espaço aéreo restrito sobre uma capital dos Estados Unidos da
América.
A conselheira da cidade de Phoenix, Francis Emma Barwood, respondendo à pressão dos
jornalistas e seus eleitores, foi a única funcionária eleita a lançar uma investigação pública.
Mas ela disse também que não recebeu informações de nenhum nível do governo. Diz que
falou com mais de setecentas testemunhas, que telefonaram para seu escritório, incluindo
oficiais de polícia, pilotos e antigo pessoal militar, todos fornecendo descrições muito
semelhantes dos objetos. Ainda, funcionários do governo pareciam não estar interessados.
“Eles nunca entrevistaram uma testemunha sequer”, disse-me Barwood em uma conversa a
alguns anos atrás. “Como poderiam eles possivelmente não saber sobre aquela imensa
aeronave voando baixo sobre grandes centros populacionais? Isso é inconcebível, mas também
assustador.”
Devido a seu desejo de responder às preocupações do público sobre o incidente, Barwood
foi impiedosamente ridicularizada por grande parte da mídia de Phoenix, incluindo um bem
conhecido cartunista de um grande jornal do Arizona, e ela também sofreu comentários
depreciativos de figuras políticas masculinas. “O que me aconteceu foi uma lição para outros
funcionários eleitos”, disse-me ela. “Se você fala sobre isso, será ridicularizada, humilhada,
agredida com tudo o que você pode imaginar e, finalmente, perde a credibilidade.”
A mídia forneceu uma cobertura mínima na época do incidente, mesmo em Phoenix, com
poucos jornais locais e noticiários dando notas, mas não deram prosseguimento. Três meses
depois, em 18 de junho, tudo isso mudou quando o USA Today trouxe o caso à tona sob luzes
nacionais172 com uma história de primeira página. Depois, ela foi catapultada para uma rede de
notícias noturnas, quando os avistamentos foram apresentados, embora minimamente, pela
ABC e NBC, e tornou-se conhecida como “As Luzes de Phoenix”.
Na época em que a história do USA Today surgiu, a pressão foi se elevando dentro do
estado do Arizona, e a reação pública intensificou-se através deste novo nível de atenção da
mídia nacional. Cidadãos frustrados queriam respostas. No dia seguinte, 19 de junho, o
governador republicano Fife Symington anunciou, pela manhã, na televisão, que ele estava
ordenando uma investigação completa e que faria “todos os inquéritos necessários.
Chegaremos ao fundo disso. Descobriremos se foi um OVNI”173.
Posteriormente, naquela tarde, ele deu uma coletiva de imprensa, dizendo às pessoas que
ele revelaria a fonte por trás das Luzes de Phoenix. Com a cobertura de uma mídia excitada e
cidadãos grudados em seus aparelhos de TV, esperando as notícias, Symington chocou alguns,
irritou outros e divertiu muitos mais, quando apresentou suas “explicações”. Seu chefe de staff,
Jay Heiler, algemado e usando uma fantasia de alien, com uma grande máscara cinza de
borracha, com enormes olhos negros, que cobria toda a sua cabeça, entrou no aposento
escoltado por oficiais de polícia da segurança pública. O governador apresentou o fantasiado
como “a parte culpada”. Enquanto os risos enchiam o aposento, ele gracejou: “isso só serve
para mostrar que vocês são demasiado sérios”, e a máscara foi removida diante das câmeras174.
Symington também anunciou que ele tinha feito inquéritos com o comandante da Base
Luke da Força Aérea, o general encarregado da Guarda Nacional, e o chefe do Departamento
de Segurança Pública, mas não tinha sabido de nada àquela altura dos acontecimentos. Essa
importante afirmação foi ofuscada pelas reações do que ele agora chama de sua coletiva
“fajuta” de imprensa.
Como seria de se esperar, o escritório da Conselheira Barwood foi bombardeado por
ligações telefônicas de pessoas indignadas, e o governador recebeu sua cota também. Incapaz
de chegar a qualquer lugar por si mesma, Barwood abordou o Senador pelo Arizona, John
McCain, e pediu-lhe para conduzir uma investigação, e como ele explicou, em uma carta de
outubro de 1997 a um eleitor: “A Força Aérea informou meu escritório, em julho, que o
Departamento não mais conduzia investigações sobre OVNIs”. McCain passou então a
explicar que as instalações militares locais, porém, “fizeram um esforço para resolver o
assunto, verificando registros daquela noite, e ele foi informado que a Guarda Nacional tinha
derramado chamas de magnésio de alta intensidade no sudoeste de Phoenix, entre 21h30min e
22h, que poderiam ser vistas por 240 km175.
De fato, as notícias e documentários da televisão sobre as Luzes de Phoenix repetidamente
destacou um vídeo feito por volta das 22 horas por um fotógrafo amador, como se
representasse uma sequência real do OVNI. O agora infame vídeo foi submetido a uma análise
detalhada por pelo menos dois profissionais qualificados, e ambos determinaram que as luzes
brilhantes mostradas suspensas em fileira sobre a crista de uma montanha e, depois, sumindo
de vista, eram realmente labaredas176. Já que o vídeo amador foi feito às 22 horas, a mesma
hora que a Guarda Nacional afirma estarem caindo as labaredas LUU2, como parte de um
exercício de treinamento conhecido como “Operação Snowbird”, e a análise fotográfica
confirma que as luzes neste filme eram quase certamente labaredas; o questionável vídeo
posterior não é a evidência que muitas pessoas tinham desejado. Esse fato parece ter sido
negligenciado pela mídia, faminta por alguma coisa visual, quando relatam a história.
O tempo de caimento das labaredas é extremamente importante. Os avistamentos mais
amplamente vistos de objetos não identificados através do Arizona naquela noite começaram
aproximadamente às 20h15min, embora alguns objetos tenham sido vistos mais cedo, à luz do
dia. Claramente, os sobrevoos de OVNIs foram um evento separado e independente das
labaredas posteriores.
É interessante que, em sua carta, o Senador McCain, um amigo de longa data do
governador Symington, informou a seu eleitor curioso que ele ainda estava explorando outras
possíveis explicações. Em uma coletiva de imprensa, em 2000, McCain reconheceu que um
incidente no qual luzes misteriosas foram vistas sobre o Arizona tinha realmente ocorrido.
“Isso nunca foi completamente explicado”, ele disse, “mas tenho de dizer-lhes que não tenho
nenhuma evidência, seja de alienígenas ou de OVNIs”177. Naquele mesmo ano, uma ação
coletiva foi movida, na Corte Distrital de Phoenix, por testemunhas exigindo uma explicação
do governo federal. Em resposta a um pedido ordenado pela corte para uma busca por essa
informação, o Departamento de Defesa manteve que não conseguiu encontrar qualquer
informação sobre objetos triangulares. Ele forneceu detalhes deste processo de pesquisa ao juiz
da Corte Distrital, Stephen M. McNamee. Em 30 de março de 2000, três anos após os
avistamentos, McNamee concluiu que “uma pesquisa razoável foi conduzida”, muito embora
nenhuma informação tenha sido obtida, e ele destituiu o caso.
Não temos maneira de medir quão completa essa pesquisa realmente foi. E a afirmação do
DoD parece aberta a questionamentos, especialmente à luz de um inquérito britânico anterior
sobre a aeronave triangular observada sobre a Base da Real Força Aérea, em Cosford178. Como
relatado por Nick Pope, esse objeto foi visto sobre uma centena de testemunhas, na Inglaterra,
em 1993, incluindo oficiais de polícia e pessoal militar. Na época, o MoD enviou uma carta
discreta à Embaixada dos Estados Unidos, que foi “divulgada para todas as ‘Agências
interessadas’ nos Estados Unidos”, para descobrir se o objeto de Cosford poderia ser atribuído
a algum protótipo secreto americano, tal como o Aurora. Em resposta, os oficiais americanos
disseram que tinham tido os seus próprios avistamentos desses grandes OVNIs de forma
triangular e queriam saber se a RAF poderia ter uma aeronave assim! Essa resposta notável
equivale a um reconhecimento pelos oficiais americanos - que provavelmente eles não
esperavam que se tornasse público - de que, em 1993, eles tinham consciência da existência de
objetos não explicados operando sobre os Estados Unidos com as extraordinárias capacidades
atribuídas aos OVNIs de Cosford. Talvez estivessem aludindo à onda do Vale do Hudson dos
anos 80, embora outros avistamentos tenham ocorrido desde então. O importante é que esses
oficiais reconheceram a semelhança entre o objeto de Cosford e aqueles vistos aqui, e estavam
suficientemente perplexos para expressar sua esperança de que os OVNIs americanos
pudessem ser uma aeronave secreta britânica voando sem autorização, uma proposição
altamente improvável dada a relação íntima com o Reino Unido. Após essa troca de
correspondências, o MoD britânico deixou de lado o incidente de Cosford. “Nenhuma das
explicações usuais serviu para explicar os avistamentos de OVNIs”, afirmou o MoD. A
evidência mostrou que “um objeto (ou objetos) não identificado de origem desconhecida
esteve operado sobre o Reino Unido” (grifos nossos). Os funcionários americanos tinham
inadvertidamente reconhecido, privada e secretamente, naturalmente, que isso também era
verdade nos Estados Unidos, ao concordarem que os nossos OVNIs se comportaram da mesma
maneira que aqueles na Bretanha.
Parece inconcebível que só alguns anos depois, em 1997, funcionários dos Estados Unidos
de algum lugar não tenham levado a sério avistamentos semelhantes no Arizona. Obviamente,
os funcionários do DoD, respondendo à ordem de pesquisa da Corte, não eram os mesmos que
tinham respondido ao MoD sobre o triângulo de Cosford, Provavelmente, não sabiam nada da
troca de correspondências anterior. Porém, o inquérito britânico sobre o OVNI de Cosford foi
enviado a “todas as agências interessadas”, o que deve ter incluído algum departamento dentro
do DoD. Infelizmente, não temos nenhum modo de determinar a profundidade da pesquisa do
DoD, nem sabemos de onde a questão intrigante sobre nossos próprios triângulos misteriosos,
afirmados ao Reino Unido, originou-se dentro de nosso governo.
Em 2000, durante o litígio na Corte, o DoD não inquiriu autoridades de outros
departamentos do governo como parte de um esforço para fazer tudo o que fosse possível para
obter a informação sobre esses objetos? Não faria sentido que o DoD poderia até abordar o
Reino Unido naquelas circunstâncias, como tinha feito antes, para descobrir se aquele país
tinha tido ocorrências semelhantes? Não foi isso o que a Corte lhes pediu para fazer e
assumimos que este nível de pesquisa e comunicação não ocorreu. Entretanto, é difícil sondar
como o staff do DoD, a quem foi exigido descobrir algo sobre os objetos de 1997, conseguiu
não ter absolutamente nada que resolvesse as questões levantadas pelo cidadãos do Arizona, e
não ter se preocupado com a reação pública ao incidente.
Se, de fato, o DoD não tinha qualquer informação sobre os objetos não identificados de
origem desconhecida operando sobre os Estados Unidos, em 1997, em qualquer lugar dentro
do departamento, isso em si mesmo é um admirável estado das coisas. Os oficiais de lá tinham
ficado alarmados pela informação fornecida pelos depoimentos das testemunhas através da
Corte e não queriam descobrir mais? Alguém poderia considerar tal desdém em relação a um
maciço objeto flutuando sobre um Estado americano como altamente irresponsável,
especialmente daqueles encarregados de defender o nosso país. Outros poderiam considerar
isso tão inexplicável, que especulariam se o pessoal do DoD não foi instruído por emissários
dos “controladores” da informação sobre OVNIs dentro de um programa negro secreto para
ficar quieto. Talvez as coisas tenham mudado desde 11 de setembro, pois agora parece ser
difícil de imaginar que tal objeto aparentemente avançado tecnologicamente, capaz de escapar
da detecção do radar, pudesse viajar silenciosamente sobre uma capital e não ser notado pelas
autoridades federais. Contudo, até hoje, os funcionários americanos continuam a manter
encobertas as Luzes de Phoenix e outros avistamentos americanos de misteriosos triângulos
gigantescos que ocorreram desde então.
O caso fervilhou nos sete anos seguintes até que o antigo governador do Arizona, Fife
Symington trouxe-o à luz, em 2007, na época do décimo aniversário das Luzes de Phoenix.
Inesperadamente, ele fez um dramático anúncio surpresa: que ele próprio - apesar de sua fajuta
coletiva de imprensa, enquanto era governador - tinha realmente testemunhado o que ele
chamou de “aeronave de origem desconhecida” juntamente com seus concidadãos naquela
mesma noite de março, mas tinha decidido não tornar isso público. Além disso, ele afirmou
que o caso permaneceu não resolvido, que deveria ser oficialmente investigado e que os
incidentes com OVNIs em geral precisavam ser levados a sério pelo governo dos Estados
Unidos.
Nessa inesquecível noite de março, de 1997, Symington já tinha chegado em casa e estava
assistindo os noticiários, quando recebeu algumas ligações telefônicas sobre o avistamento. Ele
pulou em seu carro e, sem acompanhamento de seu segurança, que já tinha ido embora,
dirigiu-se a um parque próximo a Squaw Peak, fora de Phoenix, e muito surpreso viu algo
altamente incomum, brilhantemente iluminado, sobre a sua cabeça. “Foi dramático”, disse ele
em nossa primeira entrevista. “E não poderiam ter sido labaredas, porque era muito simétrico.
Tinha um perfil geométrico, uma forma constante.”
Formado em Harvard e veterano da Força Aérea, condecorado pelo Vietnã, Symington é
neto de Henry Clay Frick, o magnata do carvão e do aço, e primo do último Stuart Symington,
Senador Democrata pelo Missouri. Ele foi o governador republicano do Arizona por dois
mandatos: em 1991 e reeleito em 1994. Piloto de longa data, ele voa frequentemente em seu
avião bimotor Beechcraft Baron, entre suas duas casas: em Phoenix e Santa Bárbara, na
Califórnia.
Symington foi o primeiro a se apresentar no final de 2006, quando meu colega James Fox,
um talentoso cineasta de documentários, enviou-lhe uma cópia de seu documentário Out of the
Blue, que inclui a cobertura das Luzes de Phoenix. Fox estava acrescentando novo material ao
aclamado filme, para um relançamento. Ele nunca tinha falado com o antigo governador e
decidiu abordá-lo para ver se descobriria por que Symington tinha encenado aquela infame
coletiva de imprensa fajuta. Fox tinha entrevistado inúmeras testemunhas que não acharam
graça naquilo e ainda estavam aborrecidas pelo que, para elas, tinha sido zombaria e escárnio
do governador. Ele assumiu que, dado aquele comportamento, o governador conservador não
levara os OVNIs a sério e não esperava que Symington concordasse com uma entrevista.
Quando recebeu Out of the Blue, Symington assistiu e aparentemente achou-o fascinante,
mas, inicialmente, ficou hesitante em responder. Finalmente, ele concordou. Naquele ponto,
diz Symington, ele decidiu que, quando encontrasse o cineasta, ele lhe contaria toda a história.
“Eu estava enjoado e cansado das pessoas serem ridicularizadas por relatarem avistamentos
legítimos”, explicou-me posteriormente, e decidiu que era a hora de assumir uma posição. E
James Fox não tinha ideia do que estava armazenado, quando se encontrou pela primeira vez
com o antigo governador, em Santa Bárbara, e ligou suas câmeras.
Parecia que os dois homens iam se bater imediatamente. Em certo ponto durante a
entrevista filmada, Fox ligou seu gravador. Enquanto a câmera mantinha um close-up do rosto
de Symington, capturando sua sutil mudança de expressões. Fox o fez ouvir uma mensagem
pessoal, que ele tinha registrado de uma das antigas eleitoras do governador, Stacey Roads.
Roads e sua filha adolescente foram testemunhas do OVNI do Arizona, e ela começou pela
descrição exata de onde eles estavam quando ela viu a aeronave. “Um triângulo maciço passou
sobre a 1-10 e sobre meu carro. Era tão grande que, se eu abrisse um jornal e o colocasse sobre
as minhas costas, não conseguiria bloquear o objeto inteiro. Ele estava viajando muito
lentamente e sem qualquer ruído”, dizia ela na gravação. E esta continuou com Fox
perguntando a Roads se tinha alguma pergunta a fazer para o governador, e ela respondeu:
“Isso ainda é um assunto ridículo para ele, após ter aparecido na TV com seu alienígena,
fazendo-nos todos assistir aquela tolice? Nós todos permanecemos firmes em nossas
descrições e muitas evidências apareceram desde então. Ele ainda sente que esta é uma questão
ridícula ou assumiu uma nova posição?”
O governador Symington respondeu imediata e pensativamente sem um pingo de
fanfarronice. “Nunca senti que toda a situação tinha a ver com o ridículo, embora certamente
tenhamos tirado vantagem disso. Não há dúvidas sobre isso”, admitiu ele. “Mas não considero
que seja ridículo. Era uma ocorrência legítima; uma aeronave de origem desconhecida; quem
sabe de onde; inexplicável e provavelmente um dos maiores avistamentos na história moderna
do país, porque tantas pessoas o viram em Maricopa County - e eu o vi também.”
James Fox estava absolutamente despreparado para tal resposta. “Eu fiquei chocado”,
relembra ele. “Levei um tempo para processar tudo. Fiquei pensando: Eu realmente ouvi o que
eu achava que tinha ouvido? Meu impulso imediato foi me certificar de que as câmeras
estavam gravando, e elas estavam. Eu não queria pressionar, mas queria que ele se sentisse à
vontade. Fui embora e revisei a gravação. Levou um dia ou dois para que a ficha realmente
caísse e para que eu percebesse que eu tinha algo imenso aqui.”
Tendo mantido escondida a história de Symington por cerca de seis meses, James Fox me
telefonou no começo de 2007 para me contar sobre essa entrevista, porque estávamos nos
aproximando do décimo aniversário das Luzes de Phoenix, com eventos comemorativos
planejados no Arizona. Discutimos a possibilidade de apresentar a história na mídia impressa
naquela época, pouco antes do lançamento do filme atualizado, o que incluía a entrevista
original. Symington pareceu ficar satisfeito com a ideia de ter a primeira peça escrita sobre o
seu testemunho do avistamento do OVNI apresentada por alguém que compreendeu o
problema maior e o contexto apropriado para a história, e quem a trataria com respeito. Como
jornalista, naturalmente fiquei deliciada com este “furo”, e sabia que os repórteres da corrente
principal da mídia iriam correr atrás disso depois, incluindo aqueles que tinham levado à
imprensa o incidente de Phoenix anos atrás. Mas, dessa vez, eles seriam forçados a ler uma
peça séria, apropriada, bem pesquisada, antes que pudessem agarrar a notícia por si mesmos.
Essa era uma oportunidade, embora efêmera, para que eu apresentasse uma história de OVNIs
da maneira que deveria ser contada.
Fui introduzida a Symington via telefone e conduzi uma longa entrevista, na qual ele
expandiu o que tinha dito a James Fox. Fui atingida por sua sinceridade e, embora ele fosse
agora um homem de vida relativamente privada, que não tinha mais interesse em se candidatar
e não apreciava a exposição na mídia, ele manifestou seu compromisso em ajudar tanto James
quanto a mim em nossos esforços para trazer maior credibilidade ao assunto dos OVNIs e
impactar a política do governo.
Em 18 de março de 2007, publiquei a história de Symington em um artigo de primeira
página de um jornal relativamente pequeno do Arizona, The Daily Courier, com a manchete:
“Symington Confirma que Viu o OVNI a 10 Anos Atrás”. Escolhi o Courier porque tinha um
registro passado de fornecer uma cobertura boa e justa das Luzes de Phoenix. Como
antecipado, a história teve um impacto dramático e percorreu as salas de notícias da televisão
nacional durante dias, colocando grande demanda sobre Symington. Ele apareceu na CNN e na
Fox News, mas recusou todos os outros pedidos.
Ao longo dos anos, entrevistei Symington muitas vezes mais e cheguei a conhecê-lo bem.
Sua notável jornada pessoal, tanto como governador quanto como testemunha de avistamentos
de OVNI, forçado a lutar simultaneamente com o impacto de seu próprio avistamento e com a
força restritiva do tabu OVNI sobre funcionários eleitos, é altamente incomum. Certamente lhe
dá uma perspectiva única e o levou a se tornar um advogado pela mudança de uma
ultrapassada e contraproducente política - ou não política - sobre os OVNIs em Washington.
Mas o que torna a situação de Symington ainda mais excepcional é que, embora ele tenha
ficado atemorizado por seu avistamento e acreditasse que essa aeronave não poderia ter sido
construída pelo homem, ele simplesmente não a ignorou. Foi longe demais na outra direção, a
ponto de promover uma coletiva de imprensa fajuta, com uma pessoa fantasiada de alienígena,
que inadvertidamente insultou as outras testemunhas. Como podia ele rir disso, fazer piada,
dada a sua experiência direta de um evento fisicamente real e inexplicável, alguns meses
antes?
Em retrospecto, Symington diz: “Se tivesse de fazer tudo novamente, provavelmente teria
lidado com isso de maneira diferente”. Mas o estado do Arizona estava “à beira da histeria”
com o sobrevoo de OVNIs, quando ele promoveu a conferência de imprensa, e a loucura
aconteceu. “Eu queria aliviar as pessoas, acalmá-las, assim introduzi um pouco de leveza. Mas
nunca achei que a situação toda fosse um caso de zombaria”, diz ele. Foi por isso que, dez anos
depois, livre dos constrangimentos do escritório político, ele queria esclarecer as coisas e fazer
as pazes com seus eleitores, como Stacey Roads.
Agora, podemos obter uma compreensão clara do antigo governador dentro daquilo que
levava os funcionários do governo a resistir intensamente ao simples reconhecimento da mera
existência de algo não identificado no céu, que não tem de ser associado com algo
extraterrestre ou alienígena. Nesse caso incomum, o funcionário sabia que era real, porque o
tinha visto com seus próprios olhos e não teve de confiar apenas nos relatos das testemunhas.
Mas centenas de outros também o viram! Ele ainda espera se retratar. Como ele pôde se
reprimir? E por que ele se sentiu compelido a fazer isso?
Ele explica dessa maneira:

Você não é uma pessoa normal quando é um governador. Você tem de ser extremamente
cuidadoso sobre afirmações públicas e como você se controla. Uma figura pública está
sempre pronta para ser atacada. Tudo é usado pela mídia e por seus opositores. Você tenta
evitar ser assunto de ridicularização áspera, porque tem séria responsabilidade enquanto
está nesta função, e sua estatura pública está diretamente relacionada à sua capacidade de
fazer as coisas. Se, de repente, você é tipificado como palhaço ou maluco, não será eficaz.
Tive de fazer uma escolha. Minha principal prioridade era cumprir as responsabilidades
para as quais fui eleito como governador.

Nos meses que se seguiram ao evento, Symington observou a imprensa fazendo piada de
sua amiga Francês Barwood por simplesmente levar a sério o avistamento, em resposta à
pressão pública - e ela nem mesmo tinha sido testemunha. Ele também teve de lidar com a sua
parcela de batalhas políticas dentro do mundo vicioso da política do Arizona e diz hoje:
“Consegue imaginar o que teria acontecido se eu tivesse dito alguma coisa?”. Embora sua
decisão seja compreensível, esse é um comentário triste sobre nossa política não dita em
relação aos OVNIs e o poder desse tabu irracional e habitual que a maioria de nós não tem
questionado, e que levou o governador Symington a acreditar que seria rotulado de “palhaço”
ou “maluco” se reconhecesse algo que ele e tantos outros tinham visto no céu. Embora
estivesse politicamente em risco, tais rótulos prejudiciais não são apenas perigosos para figuras
políticas, como ele, mas também são prejudiciais quando aplicados, todos os dias, às pessoas
que testemunharam o fenômeno. Imbuídas de preconceitos e de um medo irracional do
desconhecido, tais atitudes vêm se entrelaçando à nossa cultura por mais de cinquenta anos e
não é bem compreendida. Mas a experiência de Symington mostra porque funcionários eleitos
e oficiais de altas patentes militares, na América, esperam a aposentadoria antes de se
arriscarem a dizer qualquer coisa sobre os OVNIs, não importando qual a sua experiência.
Naquela época, esse governador encontrou-se diante de uma situação sem precedentes.
Repentinamente confrontado com uma escalada de protestos públicos seguindo uma não
antecipada cobertura noticiosa nacional de um avistamento de OVNIs em todo o estado, ele
tinha de agir rápido. Ele sentiu que era urgente mudar o estado de espírito de todos. Sua
administração estava por conta própria naquele momento, sem ideia do que tinha passado pelos
céus de Phoenix, ou como lidar com as consequências deste evento momentoso. Não houve
apoio do governo federal aos funcionários estaduais, não houve respostas das autoridades
locais, e a ridicularização pública tinha sido desencadeada contra aqueles que ousavam
questionar o que tinha acontecido. Assim, contando com suas próprias forças pessoais para
lidar rapidamente com um problema altamente incomum, o governador Symington optou por
um embuste público para aliviar as coisas e cortar o ímpeto com um duro golpe. “E nunca
achei que este avistamento representasse algum tipo de ameaça”, explica ele. “Também tenho
um bom senso de humor. Todo mundo, incluindo a mídia, foi pego de surpresa. Isso pareceu
um modo efetivo de mudar as coisas.”
Imagine, por um momento, se um escritório do governo encarregado de investigar eventos
OVNIs como este - exatamente o que estamos esperando estabelecer agora - já existisse
naquela época das Luzes de Phoenix e o caso tivesse recebido o tratamento adequado. Pode-se
imaginar o seguinte: durante o evento real, em resultado de algumas ligações de Washington,
pilotos já estariam no ar e a eles teria sido pedido que voassem perto dos objetos, observassem-
nos e, se possível, tirassem fotografias. Os jatos da Força Aérea teriam sido lançados para se
obter uma visão mais próxima e tentar envolver os objetos. Controladores civis e militares de
tráfego aéreo poderiam tentar captá-los no radar, e as bases militares poderiam tentar contatá-
los via sinais de comunicação enviados por nossa melhor tecnologia. Telescópios de alto poder
teriam sido apontados para os céus, para a altitude adequada, para possivelmente ver os
objetos. O investigador chefe de nosso escritório OVNI teria estado ao telefone, em contato
com uma equipe local de cientistas e especialistas da aviação, já no solo do Arizona ou nos
estados vizinhos, como parte de uma rede estabelecida.
No começo da manhã seguinte, o funcionário de nossa agência teria sido despachado para
Phoenix, para uma reunião com todos os funcionários relevantes, incluindo, naturalmente, o
governador. Seu próprio avistamento, e talvez aqueles de outros funcionários ou de seus
familiares, junto com pilotos comerciais e militares, teriam sido discutidos e documentados.
Testemunhas civis teriam sido encorajadas a preencher relatórios independentes e fornecer
desenhos do que tinham visto, junto com fotos ou vídeos domésticos, tão rapidamente quanto
possível. Repórteres teriam fornecidos filmes e entrevistas com testemunhas gravadas por
câmeras de TV na noite anterior. Nosso funcionário de coordenação do escritório central teria
tido acesso a todos os registros de radar e poderia entrevistar controladores de tráfego aéreo,
oficiais de polícia, e teria tido acesso às ligações telefônicas recebidas pelos escritórios do
governo, e a todos os pilotos que tivessem voado perto dos objetos. As bases da Força Aérea e
as instalações militares no Arizona - todas tendo estado em alerta durante o sobrevoo - teriam
sido abordadas em relação aos objetos, e informariam os investigadores se alguma labareda ou
formações incomuns de luzes, ou quaisquer outras manobras militares estivessem sido
programadas para aquela noite.
O público teria sido informado através de uma série de coletivas de imprensa - como
aquelas fornecidas pelo Conselho de Segurança do Transporte Nacional (NTSB), por exemplo,
nos dias seguintes à queda de um avião - sobre o progresso das investigações. E aos cidadãos
teria sido garantido que o avistamento não constituiu uma ameaça, que ninguém tinha sido
prejudicado, que as autoridades apropriadas estavam investigando o incidente, e que o público
seria mantido informado do desenvolvimento das investigações. Idealmente, esse evento não
teria se tornado algo sensacionalista ou desproporcionalmente explorado pela mídia, e
simplesmente seria uma das muitas notícias do dia, talvez até sem grande interesse de muitos
que não testemunharam um objeto não identificado.
Em resumo, uma pequena agência com vínculos com especialistas de múltiplas disciplinas,
por todo o país, poderia empreender uma investigação limpa, clara e completa de algo como as
Luzes de Phoenix, em um curto espaço de tempo. Se a identidade dos objetos não pudesse ser
determinada depois de um tempo razoável, não haveria necessidade de recusar essa informação
do público. As pessoas continuariam com suas vidas, como o fizeram na Europa e América do
Sul, quando tais anúncios foram feitos e a comunidade científica - hoje ativamente
investigando o fenômeno - obteria dados relevantes para estudos posteriores.
“Se o avistamento, que afetou tantas pessoas no Arizona, tivesse sido oficial, rápida e
abertamente investigado, sem qualquer estigma ligado a ele, toda a histeria e confusão
resultantes que eu enfrentei como governador poderiam ter sido evitadas”, afirma Symington.
“Esta é a abordagem sensata, reconhecida em outros países, e deveria se tornar a nova política
americana. Gostaria de ver outro governador passar pelo que eu passei em 1997, e é apenas
uma questão de tempo para que ocorra novamente.”
Não foi à toa que a apreensão e a frustração cresceram no estado do Arizona. Como
poderia alguém sentir-se seguro, ou confiar que as autoridades poderiam protegê-lo, quando a
intrusão por uma aeronave maciça é tratada como se nunca tivesse acontecido? Cada um de
nós precisa se perguntar o que nós poderíamos ter feito e como nos sentiríamos se tivéssemos
ficado sob este objeto flutuante silencioso. Faz muito sentido ter uma pequena agência a ser
preparada para a eventualidade de um outro evento OVNI amplamente testemunhado.
Outro fator, como vem sendo apontado por muitos oficiais militares, é o risco de ações
agressivas, potencialmente desastrosas, que poderiam ocorrer contra um OVNI, devido à falta
de preparação dos responsáveis pela defesa do país. Se um objeto do tamanho do que foi visto
sobre Phoenix chegasse muito perto do solo, por exemplo, ou disparasse um raio penetrante
sobre um observador, ou realizasse uma série de ações tão assustadoras quanto pudéssemos
imaginar, como responderíamos? Pilotos têm tentado abater OVNIs no ar. O que aconteceria
se uma resposta semelhante fosse disparada do ar sobre uma base aérea de defesa no solo? Não
podemos esquecer que estamos lidando com algo tão desconhecido para nós, tão inteiramente
inexplicável, que não temos ideia do que aconteceria na próxima vez que um OVNI
aparecesse. O estabelecimento de um escritório do governo seria o primeiro passo na
distribuição de dados apropriados, na preparação de manuais e nas recomendações públicas
para a Força Aérea e todas as outras instalações militares por todo o país.
O estado do Arizona viu mais do que um proeminente funcionário eleito em confronto com
o problema OVNI. Antes de seu avistamento, Fife Symington tinha desfrutado de uma longa
relação com um mentor que tinha fortes opiniões sobre a confidencialidade do governo
americano e os OVNIs. Barry Goldwater, cinco vezes senador pelo Arizona, indicado à
presidência pelos republicanos em 1964, piloto e amigo da família de Symington, foi um herói
e uma figura paterna para este desde que tinha doze anos. Goldwater serviu como chefe de
campanha nas duas eleições bem sucedidas de Symington para governador.
Symington relembra que em uma série de ocasiões, quando estava voando para eventos de
campanha com Goldwater, o antigo senador contou-lhe sobre seus esforços para obter
informação secreta sobre OVNIs na Base da Força Aérea Wright-Patterson, quando Goldwater
escreveu suas cartas179. É interessante que Symington nunca soube que Goldwater tinha escrito
qualquer coisa sobre suas aventuras até quando ele me recontou essas conversas, quando, para
sua surpresa e deleite, eu lhe enviei cópias das cartas. “Barry estava convencido de que os
OVNIs existem e que o governo retém todo esse material sigiloso, e o está fazendo por
questões tecnológicas. Ele não sabia disso como um fato, mas tinha altas suspeitas”, diz
Symington. Infelizmente, Goldwater não estava bem o suficiente para comentar o incidente
sobre as Luzes de Phoenix, tendo sofrido um derrame em 1996. Ele morreu em 1998, em sua
casa fora de Phoenix.
Hoje, Symington está inclinado a concordar com Barry Goldwater de que nosso governo
está retendo informação secreta sobre os OVNIs. “Se colocamos as mãos em uma nave
espacial antes de qualquer outra pessoa, você pode ter certeza que a agarraríamos e
trabalharíamos com ela, e estaríamos interessados na tecnologia avançada. Isso é tão válido
quanto qualquer outra ideia para explicar porque isso seria mantido em segredo”, diz ele.
A “saída do armário” do governador Symington representa uma virada histórica no esforço
de trazer o reconhecimento oficial e a mudança política à questão OVNI na América. Nunca
antes houve um funcionário duas vezes eleito desta estatura que não apenas reconheceu ter
testemunhado um objeto voador não identificado, como também assumiu uma postura pública,
advogando a mudança. Quando foi forçado a testar o sistema, o governador descobriu em
primeira mão que não funcionava. Como resultado, ele em certa extensão fez deste esforço
uma missão pessoal, que está sendo conduzida com o apoio de outros antigos funcionários
igualmente convencidos de outros países, alguns dos quais estão reunidos neste livro. Como
um antigo funcionário eleito do governo, na América, e parte do sistema político, Symington
está em posição única para influenciar uma mudança na política. Através de seus contatos e
experiência de governo, ele pode ajudar a nos movermos na direção da fundação de uma nova
agência do governo - da qual ele poderia ter se beneficiado muito, enquanto em exercício - e já
fez isso acrescentando sua voz e apoio à nossa coalizão internacional.
CAPÍTULO 25 - Esclarecendo a História
Por Fife Symington III Governador do Arizona, 1991-1997

Entre as 20h e 20h30min de 13 de março de 1997, durante meu segundo mandato como
governador do Arizona, testemunhei algo que desafiou a lógica e a minha realidade: uma
maciça nave em forma de delta silenciosamente navegando sobre Squaw Peak, na reserva de
montanha de Phoenix. Uma estrutura sólida, mais do que uma aparição, dramaticamente
grande, com uma borda distinta cheia de luzes, viajava pelos céus do Arizona. Eu ainda não sei
o que era. Como piloto e antigo oficial da Força Aérea, posso dizer que certamente essa
aeronave não se assemelhava a qualquer objeto feito pelo homem que eu já tivesse visto.
Tão logo cheguei em casa, contei à minha esposa Ann sobre ela. Ann ouviu atentamente e
nós dois ficamos pensando durante muito tempo se eu deveria tornar público o que eu tinha
visto. Finalmente, pelo menos naquela época, chegamos à conclusão de que eu não deveria,
pois, ao fazer isso, muito provavelmente eu seria ridicularizado pela imprensa, que me
distrairia e à toda a minha administração do trabalho para o qual fui eleito.
O mesmo incidente foi testemunhado por centenas, senão milhares, de pessoas no Arizona,
e meu escritório foi imediatamente assediado por ligações telefônicas dos moradores
preocupados do Arizona. Mesmo assim, consegui manter minha cabeça no lugar - até dois
meses depois, quando uma história sobre os avistamentos apareceu no USA Today. Catalisada
pelo artigo, a histeria se intensificou até o ponto em que decidi amenizar o estado de ânimo e
acrescentar uma nota de leveza, fazendo uma coletiva de imprensa, na qual meu chefe do
pessoal aparecia fantasiado de alienígena. Originalmente uma ideia minha, minha equipe
imediatamente abraçou-a com entusiasmo. Não apenas isso reduziria qualquer pânico
incipiente, como também mostraria a face humana daqueles que ocupavam o escritório
público.
No evento, conseguimos acalmar a ansiedade crescente do público e, apesar do fato de que,
no processo, também aborrecemos alguns de meus eleitores, senti que nossa abordagem tinha,
em última instância, servido a um bem maior.
Em retrospectiva, porém, gostaria de definir uma parte do registro. Como assegurei a
James Fox, quando ele me entrevistou para o seu documentário Out of the Blue, nunca tive a
intenção de ridicularizar ninguém. Meu escritório realizou inquéritos - no Departamento de
Segurança Pública, na Guarda Nacional Aérea e com os oficiais chefes da Base Luke da Força
Aérea - quanto à origem da aeronave, mas até hoje tudo isso permanece sem respostas.
Finalmente, a Guarda Nacional Aérea afirmou ser a responsável, dizendo que, naquela
época, seus pilotos tinham lançado labaredas. Esta explicação, porém, desafia o senso comum,
pois labaredas não voam em formação. De fato, essa história parece indicativa da atitude em
relação aos avistamentos frequentes nos canais oficiais, que fornece razões tais como balões
meteorológicos, gás do pântano e labaredas militares, significando aparentemente concordar
com nossa experiência e expectativas mais do que com nossas observações.
Nunca fiquei satisfeito com essa explicação tola. Pois, como sugerido pela análise (do Dr.
Bruce Maccabee, entre outros) de um vídeo feito na época, poderia bem ter sido labaredas
militares nos céus depois daquele evento - por volta das 22 horas, para ser exato - o que eu e
tantos outros observamos entre as vinte e as vinte horas e trinta minutos foi, em nossa
inspeção, alguma coisa totalmente diferente: uma imensa e misteriosa aeronave.
Hoje, naturalmente, sei que não estava sozinho ao testemunhar algo tão extraordinário. Há
muitos oficiais da aviação militar de alta patente e funcionários do governo que testemunharam
coisas semelhantes aparentemente inexplicáveis em outras épocas e em outros locais do céu, e
que compartilham de minha preocupação de que o nosso governo deprecia esses fatos, o que,
para nós, seria um perigo. Alguns deles vieram a público neste livro, e eu me junto a eles na
sugestão de uma nova abordagem a esse problema.
Com o devido respeito, queremos que o governo dos Estados Unidos pare de perpetuar o
mito de que todos os OVNIs podem ser explicados em termos práticos e convencionais. Em
vez disso, nosso país precisa reabrir a investigação oficial que encerrou em 1970. Não
devemos mais evitar o diálogo internacional sobre esse assunto importante. De preferência,
insistimos que as agências apropriadas de nosso governo trabalhem em cooperação com países
que já começaram a trocar relatórios de avistamentos e a se esforçar, no espírito de um
inquérito científico genuinamente aberto, para aprender mais sobre OVNIs e para obter
resultados de tais inquéritos, sejam eles imediatamente compreensíveis ou não, totalmente
públicos.
CAPITULO 26 - Envolvendo o Governo dos Estados Unidos

Em 2002, cofundei a Coalizão pela Liberdade de Informação180, uma aliança e um grupo de


advocacia independente cuja missão é obter credibilidade científica, congressional e de mídia,
para o frequentemente mal compreendido assunto dos OVNIs. Muito de nosso trabalho tem
sido construído pelo esforço de adquirir novas informações através do Ato de Liberdade de
Informação, e rapidamente ele ganhou o apoio de John Podesta, um dos nossos mais fortes
advogados pela abertura no governo. Como o antigo chefe de staff do Presidente Clinton,
Podesta contribuiu para a retirada do sigilo de 800 milhões de páginas de documentos durante
a administração Clinton. Em 2008, ele chefiou a equipe de transição do Presidente Obama e
agora dirige o proeminente Centro para o Progresso Americano, em Washington. Nossa
iniciativa FOIA resultou no estabelecimento de uma ação judicial contra a NASA em nosso
favor, exigindo que a agência liberasse centenas de páginas de documentos anteriormente
sigilosas.
A coalizão está pedindo a ação responsável de parte dos Estados Unidos no que se refere
aos OVNIs. Fazemos este pedido não como uma acusação de transgressão no passado, mas
como um convite para se juntar a um empreendimento cooperativo internacional em curso
agora. Na petição para tal mudança, como previamente descrito em relação ao incidente das
Luzes de Phoenix, estamos buscando a criação de uma pequena agência governamental para
investigar incidentes com OVNIs, e para agir como um ponto focal de ação, tanto na pesquisa
em casa, quanto internacionalmente. Através de sua legitimação do assunto, tal agência
estimularia o interesse científico e assistiria na alocação de fundos do governo para os
cientistas interessados, da comunidade acadêmica e científica, bem como da comunidade da
aviação. Conforme o trabalho da agência se desenvolvesse, atitudes positivas em relação ao
estudo sério dos OVNIs seriam estimuladas, levando à liberação de recursos adicionais. O
apoio público - já bastante forte, embora sem um ponto focal - cresceria para um projeto de
pesquisa global, que poderia finalmente resolver o mistério dos OVNIs.
O primeiro passo na abordagem de um membro do Congresso ou da administração Obama
para facilitar esse empreendimento é deixar claro, como temos continuamente feito nestas
páginas, que um OVNI é, por definição, simplesmente algo não identificado. A posição
agnóstica, aquela científica, reconhece a evidência acumulada de algum tipo de fenômeno
físico extraordinário, mas reconhece que ainda não sabemos o que é. A compreensão
apropriada do acrônimo “OVNI” precisa repousar no coração de qualquer abordagem do
governo americano, se este quiser ser bem sucedido, e a necessidade desse simples ajuste na
compreensão - acabando com o equacionamento automático de OVNI como espaçonave
extraterrestre - não pode ser superestimada. Esta deveria ser a base que permitiria aos políticos
serem capazes de considerar publicamente prosseguir com esse assunto. Isso pode ser óbvio
para a maioria dos leitores, mas alguns ativistas, que trabalham para que essa mudança ocorra,
não fazem essa importante distinção. Em vez disso, algumas vezes eles fazem afirmações
bizarras sobre OVNIs e conspirações relacionadas com o governo, que não podem ser
substanciadas - e eles ainda esperam ser levados a sério. Não importa se a crença pessoal de
alguém está ligada à natureza dos OVNIs, aqueles nas altas posições - os únicos capazes de
efetuar a mudança real - obviamente não vão aceitar qualquer explicação antes que uma
investigação nova, legítima e científica faça uma determinação definitiva.
A necessidade de uma nova maneira de pensar sobre os OVNIs foi dolorosamente ilustrada
quando Tim Russert, da NBC, detonou uma pergunta surpresa para o congressista de Ohio,
Dennis Kucinich, durante o debate presidencial nacionalmente televisado, em 2007. Russert
perguntou a Kucinich se ele tinha realmente visto um OVNI, como foi relatado em um livro de
Shirley MacLaine. Risos da plateia do estúdio tornaram-se audíveis tão logo a temida palavra
foi pronunciada. O pobre homem replicou, precisamente, que sim, que ele simplesmente tinha
visto algo não identificado, reiterando que era “um objeto voador não identificado”. Apesar da
franca honestidade e da clareza da resposta, Kucinich não conseguiu escapar da risada que
tinha começado antes que ele tivesse a chance de falar. Ele prosseguiu o seu comentário com
uma piada própria, como uma forma de salvar a pele181.
Um escritório do governo, como o escritório OVNI britânico ou o GEIPAN francês,
dispensariam rapidamente a noção de que esse assunto é tolo. Precisamos de uma linguagem
diferente, toda uma nova estrutura de referência, sem a bagagem do passado. Alguns cientistas
e oficiais militares tentariam iniciar este processo pela troca do termo amplamente definido de
“fenômenos aéreos não identificados”, ou FANI. Isso obviamente não é suficiente para mudar
a associação profundamente embutida dos OVNIs com a ficção científica ou aberrações
mentais, mas para eles seria um passo nessa direção e também ajudaria a reduzir o poder do
tabu.
Uma mudança pequena e simples na política faria a maior diferença. Um órgão dentro do
governo para endereçar o assunto OVNI poderia ser estabelecido, de maneira fácil, calma e
sem custos. Para começar, tudo o que se exige é verba para um pequeno escritório, de um a
três funcionários, equipados com alguns computadores e armários de arquivos, e aninhado em
uma de muitas possíveis localizações. O pessoal criaria ligações com cientistas, oficiais da lei,
pesquisadores civis e especialistas de uma gama de disciplinas, que entrariam em ação se um
grande evento OVNI ocorresse. Poucos recursos adicionais seriam necessários, porque a
investigação de casos ocasionais envolveria desenhos sobre instalações conhecidas,
equipamento e pessoal, tais como a referência cruzada de imagens de satélites e registros
existentes de dados metereológicos, astronômicos e da aviação e de radar. Laboratórios
respeitáveis poderiam ser usados para a análise de imagens fotográficas e evidência física. Um
conselho voluntário qualificado - que incluiria acadêmicos, cientistas e oficiais militares
aposentados - encontrar-se-ia regularmente com o pessoal do escritório para oferecer inserção
de dados no computador e auxílio coordenado na liberação da informação para o público.
Idealmente, a informação sobre OVNIs, que pode ser atualmente retida pelas agências de
Inteligência dos Estados Unidos, seria liberada para o escritório e para o público.
Detalhes da missão e estrutura da agência teriam de, obviamente, ser cuidadosamente
planejados, mas pessoas experientes estão prontas e disponíveis para dar assistência nesse
processo e assegurar-se de que os erros do Projeto Livro Azul não fossem repetidos. Esse novo
plano iniciaria uma organização fundamentalmente diferente daquela do Livro Azul, porque
estaria comprometida, sob a supervisão pública, a investigar adequadamente os casos e a
trabalhar com outros países. Seria o oposto de nossa Agência da Força Aérea anterior - um
mecanismo de relações públicas controlado ocultando os casos não resolvidos - que existiu nos
anos 50 e 60.
Em novembro de 2007, vinte e dois indivíduos respeitáveis de onze países, incluindo seis
generais aposentados, assinaram um pedido formal de estabelecimento de uma agência assim.
A “Declaração Internacional ao Governo dos Estados Unidos”, que eu rascunhei em
cooperação com membros de meu grupo, a Coalizão para a Liberdade de Informação (CFI),
inclui a maioria dos escritores deste livro, junto com outros cinco, e está postada no website da
CFI. O documento foi assinado por funcionários do governo e oficiais militares e pilotos,
antigos e atuais, cada um dos quais, enquanto na ativa, “testemunharam um incidente
envolvendo um objeto voador não identificado ou conduziram uma investigação oficial em
casos de OVNIs relevante para a segurança da aviação, a segurança nacional, ou para o
benefício da ciência”182.
A declaração afirma que o nível atual de separação do governo americano com
avistamentos de OVNIs importantes, tais como as Luzes de Phoenix e o avistamento do
O’Hare, “representa tanto uma oportunidade perdida quanto um risco potencial”. A chamada
para a ação pede que o governo dos Estados Unidos se “junte em cooperação com aqueles
governos que, reconhecendo a realidade dos objetos voadores não identificados e relacionados
com a segurança da aviação, já estabeleceram suas próprias agências de investigação”. Ela
sugere que a Força Aérea Americana e a NASA servem como local para tal esforço de
pesquisa e termina com um pedido final: “Apelamos aos Estados Unidos da América que se
juntem a nós e com os oficiais atualmente na ativa de todo o mundo para falar sobre este
problema em um diálogo contínuo”.
As credenciais dos nomes desse pedido são impressionantes. Em resultado, o documento
recebeu ampla cobertura na imprensa, quando foi endossado pelo antigo Governador Fife
Symington, e liberado na coletiva de imprensa, em novembro de 2007, em Washington, D.C.
Mas nada mudou. Nosso grupo marginalizou essa iniciativa durante a acumulação para a
eleição presidencial de 2008, que ocupou totalmente o país, e na época seguinte, quando a
administração Obama estava iniciando seus trabalhos e encarando numerosos e urgentes
desafios. Contudo, permanecemos tão convencidos como sempre de que isso não é pedir
muito. É algo que o público americano vem querendo há longo tempo, e agora que temos uma
administração comprometida com a abertura e com uma visão global, com um comandante-
chefe que também é um laureado com o Prêmio Nobel da Paz, nossas chances de sucesso são
melhores do que nunca.
CAPITULO 27 - Agnosticismo Militante e o Tabu dos OVNIs
Pelo Dr. Alexander Wendt e pelo Dr. Raymond Duvall

Em agosto de 2008, recebi um e-mail do Dr. Alexander Wendt, um professor de


Ciências Políticas da Universidade do Estado de Ohio. Ele anexou ao e-mail um
trabalho seu, de vinte e seis páginas, recém publicado na revista acadêmica Political
Theory. Com co-autoria do Dr. Raymond Duvall, “Soberania e os OVNIs” fornece
uma análise complexa, detalhada e profundamente séria de porque os governos
sistematicamente ignoram o fenômeno OVNI, apesar da evidência esmagadora de sua
existência183. Ficamos tocados com 05 vários aspectos do tabu OVNI destas páginas,
explorando também a questão do sigilo e dos possíveis aspectos ameaçadores da
realidade OVNI, mas, mesmo assim, as questões mais profundas permanecem sem
respostas. Apesar de toda evidência, por que a proibição contra assumir os OVNIs
seriamente é tão poderosa e o que a mantém assim? Para que uma nova agência
governamental funcione adequadamente e com sucesso, esse é um aspecto final que
precisa ser tratado, juntamente com propostas estruturais e logísticas.
Em meus muitos anos de trabalho com este material, as pontas soltas não
resolvidas envolvendo questões relacionadas ao tabu OVNI pareciam indicar algo
maior e mais fundamental do que tinha sido articulado, mas não ficou claro 0 que era.
O antigo consultor científico da Força Aérea, J. Allen Hynek, provou essa questão, em
1985, mas foi incapaz de resolvê-la. Ele descreveu o problema como uma “doença”
estranha, com o poder de mergulhar suas vítimas em “uma profunda letargia. Como
um germe virulento de apatia, ele pode facilmente imobilizar cidades e todo o país...
Como se uma fada má tivesse administrado uma poção do sono”184. Contudo, ele não
conseguiu encontrar a razão do porquê ela afligia tão severamente os responsáveis
pelo trabalho dos governos e pela proteção dos cidadãos e, portanto, ele não
conseguiu oferecer uma cura.
Agora, a mesma questão foi assumida por dois talentosos cientistas políticos,
dando uma nova visão do problema do ponto de vista da comunidade acadêmica.
Alexander Wendt é o autor do premiado livro Social Theory of International Politics
(Cambridge University Press, 1999) e está interessado nos aspectos filosóficos das
ciências sociais e relações internacionais. Raymond Duvall éprofessor e chefe do
Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Minnesota. Seu foco são as
teorias críticas, com atenção particular no poder, regramento e resistência na política
mundial. Os dois se encontraram quando Alexander Wendt era aluno de Duvall, ainda
na escola de graduação, e permaneceram em contato desde então. Começando por
volta de 1999, Wendt passou cerca de cinco anos lendo e pensando no assunto OVNI.
“Tentei descobrir o que era verdadeiramente real neste contexto, dada a grande
quantidade de absurdos, desinformações e teorias de conspiração que há ali”, contou-
me ele.
Em 2004, ele começou a falar com seu antigo conselheiro sobre suas ideias e sua
relevância para a teoria política, e a decisão de explorar o tabu surgiu dessas
discussões. “Inicialmente, abordei-o focalizando o porquê havia sigilo oficial sobre os
OVNIs”, explica Wendt. “Falar com ele me ajudou a ver que o sigilo era apenas um
sintoma do problema, que é muito mais profundo”. No início, Duvall estava no mínimo
cético - diz ele - pois não pensava no assunto antes de Wendt iniciar uma conversa
sobre ele. “Provavelmente, pode-se dizer que eu encarnei o tabu”, escreveu em um e-
mail. “Realizar este trabalho com Alex transformou o meu modo de pensar.”
Os dois acadêmicos desconstruíram os argumentos feitos pelos desmistificadores,
que perpetuam a posição política e cultural de que os OVNIs não devem ser levados a
sério, e examinaram o medo profundo da hipótese extraterrestre, que é subjacente a tal
ceticismo irracional. Contudo, ironicamente, eles dizem que foram diretamente
impactados por esse mesmo tabu, após a publicação de “Soberania e os OVNIs”.
Nesse sentido, o trabalho tornou-se um “experimento natural”, fornecendo uma
ilustração em livro de sua tese. “Como o primeiro artigo publicado que leva a sério os
OVNIs, em uma revista científica social em décadas - se é que já houve algum -poder-
se-ia esperar que gerasse alguma controvérsia”, diz Wendt. “Os acadêmicos
certamente entram em controvérsias por muito menos, e geralmente estão interessados
em debater esses trabalhos. Mas, que saibamos, nenhum de nossos colegas cientistas
sociais, pelo menos aqueles de língua inglesa, ainda não aceitou o desafio do trabalho.
Isso é decepcionante, mas essa rejeição é pelo menos consistente com a hipótese do
trabalho de que há, de fato, um tabu sobre esse tópico, que impede o debate
fundamentado.”
O Dr. Wendt e o Dr. Duvall concordaram em escrever um novo ensaio
especificamente para este livro, incorporando suas ideias do primeiro artigo em outro
voltado para leitores leigos, com o acréscimo de alguns pensamentos novos. Espero
que isso ajude a resolver as questões remanescentes sobre as raízes da desconexão
fundamental entre a evidência poderosa dos OVNIs e o desinteresse de nosso governo
e cientistas em investigá-los. Deve também desarmar os desmistificadores, que
rotineiramente vêm com argumentos defensivos, que demonstram que eles realmente
não estudaram os fatos, o que, em si mesmo, constitui uma ilustração do tabu em ação.
Já que o trabalho destila esses argumentos e os dispensa, talvez possamos todos obter
uma nova perspectiva desses desmistificadores e adotar uma abordagem mais racional
das questões desconcertantes levantadas pelo mistério dos OVNIs.

Há um tabu neste livro - o tabu OVNI. Não na cultura popular, naturalmente, onde o interesse
nos OVNIs abunda e os websites proliferam, mas na cultura de elite - a estrutura da crença e
prática autoritárias, que determinam o que a “realidade” realmente é. Em relação ao fenômeno
OVNI essa estrutura é globalmente dominada por três grupos: governos, comunidade científica
e corrente principal da mídia. Embora seus membros individuais possam ter crenças privadas
variadas sobre os OVNIs, esses grupos, em público, compartilham a visão oficial de que os
OVNIs não são “reais” e não devem ser levados a sério - ou pelo menos não mais seriamente
do que qualquer outra curiosa crença cultural. Para essas elites, um livro como este, que
realmente leva os OVNIs a sério, é intrinsecamente problemático.
Uma manifestação do tabu OVNI é o desinteresse oficial em responder aos OVNIs ou em
descobrir o que eles são. Desde 1947, quando a era moderna de OVNIs começou, nem a
comunidade científica nem o governo (com a exceção parcial da França) fez um sério esforço
para determinar sua natureza, tanto quanto se sabe. Relatórios foram preenchidos e poucos
investigaram oficialmente o fato, mas a vasta maioria foi ignorada e nenhum esforço
autoritário foi feito para pesquisar sistematicamente os fenômenos OVNI. A mídia reforça esse
desinteresse por raramente noticiar OVNIs e, quando o fazem, é inevitavelmente com uma
piscadela e um aceno de cabeça, como para nos ressegurar que eles realmente não levam os
OVNIs a sério.
Dado que a ciência moderna parece achar quase tudo interessante na natureza, tal
desinteresse é enigmático. Mas o desinteresse sozinho não faz um tabu - que é algo proibido,
não apenas ignorado. Antes, o que dá ao OVNI esse status especial é que é considerado fora
das fronteiras do discurso racional. Ainda que membros do público em geral possam acreditar
que os OVNIS existem, as autoridades “sabem” que os OVNIs são simplesmente invenções de
mentes hiperativas, não mais reais do que as bruxas ou os unicórnios. Assim, levar os OVNIs a
sério é colocar em questão a própria seriedade de alguém. Quando os “crentes” em OVNIs
parecem negar a realidade empírica, não há muito mais para a cultura de elite fazer do que
ignorá-los ou condená-los como irracionais ou até perigosos. Sob essa luz, o OVNI não
aparece como um “objeto” afinal, mas como uma ficção perturbadora, sobre a qual é melhor
não falar - em resumo, um tabu que impede o debate fundamentado. Contudo, a realidade é a
de que os OVNIs não constituem assunto de crença, mas de fatos. Milhares de relatórios pelo
mundo descrevem objetos não explicados no céu. A maioria consiste apenas de testemunhos,
que poderiam ser descartados como não confiáveis - e alguns real e indubitavelmente o são -
mas o fato de que muitos relatórios de OVNIs são provenientes de “testemunhas especialistas”,
tais como pilotos comerciais e da força aérea, controladores de tráfego aéreo, astronautas, e
cientistas, deveria fazer uma pausa. Contudo alguns relatórios de OVNI também são
corroborados por evidência física, incluindo imagens de vídeo e fotos analisadas
cientificamente, vestígios físicos no solo afetando o mesmo e as plantas, efeitos em aviões e
captações de radar anômalas. Na sociedade moderna, a evidência física de que alguma coisa
foi a causa no mundo físico. Por esse critério, então, pelo menos alguns OVNIs são claramente
reais. A questão que os torna um problema é: Poderiam ser extraterrestres?

PROVANDO A NOSSA IGNORÂNCIA

Os céticos dos OVNIs acham que os seres humanos sabem185, como um fato científico, que
os OVNIs não são extraterrestres e, portanto, podem ser ignorados. Contudo, nenhum dos
argumentos mais fortes dessa visão de fato justifica a rejeição da hipótese extraterrestre como
uma explicação possível para os OVNIs. Eles nem sequer chegam perto. Na realidade, não se
sabe, como fato científico, se algum OVNI tem origem extraterrestre. Se, de qualquer modo,
rejeitarmos esta hipótese, estamos rejeitando o que poderia ser uma explicação verdadeira, sem
tê-la submetido a uma verificação. Novamente, isso não significa que os OVNIs são
extraterrestres. Os OVNIs, afinal, são não identificados. Mas este é precisamente o nosso
ponto: neste estágio de desenvolvimento, os seres humanos simplesmente não sabem.
Dado que pouca ciência sistemática foi feita, o caso da rejeição da hipótese extraterrestre
permanece uma convicção teórica a priori de que a visitação extraterrestre é impossível: “Não
pode ser verdade; portanto, não é”. Os céticos oferecem quatro argumentos principais para esse
efeito:
"Estamos sozinhos." Os seres humanos debatem há séculos se vida inteligente existe em
algum outro lugar do universo. E, com a recente descoberta de mais de 400 planetas
extrassolares, esse debate esquentou consideravelmente nos últimos tempos. Existem boas
razões científicas para se pensar que vida inteligente não existe em outro lugar. Porém, há cada
vez mais razões científicas igualmente boas para se pensar que existe. Linha de fundo: nós não
sabemos ainda.
“Eles Não Podem Chegar Aqui.”187 Os céticos argumentam que, mesmo que exista vida
inteligente em outro lugar, este é muito distante da Terra para que cheguem aqui. A Teoria da
Relatividade nos diz que nada pode viajar mais rápido do que a velocidade da luz (300.000
m/s). A 0,001% da velocidade da luz - algo muito além das atuais capacidades humanas -
levaria 4.500 anos terrestres para que algum veículo chegasse do sistema estelar mais próximo.
E, em velocidades muito mais próximas daquela da luz, uma única espaçonave precisaria
transportar muito mais energia do que é atualmente consumido durante um ano inteiro na
Terra.
Restrições físicas da viagem interestelar frequentemente são vistas como a razão mais forte
para se rejeitar a hipótese extraterrestre, mas será que elas são claramente decisivas?
Simulações de computador sugerem que mesmo em velocidades bem abaixo daquela da luz,
algumas civilizações avançadas em expansão devem ter alcançado a Terra muito tempo
atrás188. Quanto tempo depende dos pressupostos feitos, mas mesmo aqueles pessimistas
permitem encontros com a Terra em 100 milhões de anos, o que em termos cósmicos é apenas
uma piscadela. Adicionalmente, há dúvidas crescentes de que a velocidade da luz seja
verdadeiramente uma barreira absoluta189. Buracos de minhoca - eles mesmos previstos pela
teoria da relatividade - são túneis através do tempo-espaço que encurtariam enormemente a
distância entre estrelas. E, então, há a possibilidade de “tração de dobra”, ou aplicação de
vácuo ao redor da espaçonave, para capacitá-la a saltar o espaço, sem que haja dilatação do
tempo190. Tais ideias são altamente especulativas, mas dado o quão longe nós humanos
chegamos em apenas 300 anos desde nossa revolução científica, imagine o quão longe outra
civilização poderia ter avançado em 3.000 anos (muito menos do que 3.000.000) após a
revolução dela. À luz desses argumentos, se alguma coisa, visitantes de outras civilizações,
deve estar aqui, o que incita o famoso “Paradoxo de Fermi”191 ou “Onde estão eles?”.
“Eles Pousariam no Gramado da Casa Branca.” Assim, os céticos frequentemente levam
o argumento um pouco mais à frente, perguntando: Se visitantes de outro planeta percorressem
todo esse caminho para nos ver, por que não pousam no gramado da Casa Branca e se
apresentam? Afinal, se os seres humanos tivessem de encontrar vida inteligente em nossa
própria exploração espacial, isso é o que nós faríamos. Sobre essa base, o fato de que os
ocupantes de OVNI não fazem isso é evidência de que eles não estão aqui.
Mas e se estiverem? Não está absolutamente claro que humanos do espaço longínquo
pousariam no equivalente alienígena do gramado da Casa Branca se viajassem para um planeta
distante. Talvez exploradores avançados mantivessem uma política de não interferência em
relação a formas de vida inferiores. Independentemente do que seres humanos poderiam fazer,
porém, que base científica nós podemos usar para saber das intenções de seres alienígenas,
cuja natureza e agendas poderiam ser completamente inimagináveis para nós? Não há
nenhuma e, por isso, não se pode excluir a possibilidade de que os extraterrestres poderiam ter
razões para evitar o contato.
“Nós Saberíamos Se Eles Estivessem Aqui.” Esse argumento final apela para a autoridade
humana - que, devido à nossa vasta vigilância dos céus, com telescópios e radares sofisticados,
o mundo saberia definitivamente agora se os extraterrestres estivessem aqui, porque os
especialistas teriam descoberto.
Essa posição também não é de forma nenhuma decisiva. Primeiro, ela assume uma
capacidade de observar e reconhecer OVNIs, que pode ser injustificada. Se alguns são veículos
capazes de visitar a Terra, então seus ocupantes poderiam facilmente ter a tecnologia que
limite o conhecimento de sua presença. Em segundo lugar, as autoridades não têm realmente
procurado por OVNIs, e aquilo que não se procura ou se espera frequentemente não é visto.
Finalmente, em vista do sigilo oficial difuso sobre os OVNIs, provavelmente sabe-se muito
mais sobre ele do que é publicamente reconhecido. Isso não significa que o que é sabido é a
sua origem, mas em face de tanto segredo é natural levantar a questão.
O importante é que nosso objetivo em relação a cada um desses argumentos não é dizer
que estão errados, mas que pessoas razoáveis podem discordar sobre se estão errados, já que
todos eles, em última instância, repousam em pressupostos não provados mais do que em fatos
estabelecidos cientificamente. Na verdade, o fato de que é tão fácil levantar objeções razoáveis
ao ceticismo OVNI constitui mais uma evidência de que, cientificamente falando, os seres
humanos não podem excluir a hipótese extraterrestre. Alguns de nós podem olhar para as
evidências e argumentos e concluir que a probabilidade é zero, enquanto outros podem dar à
hipótese mais crédito - mas quem realmente sabe? Ninguém sabe, porque não temos o
conhecimento científico para dar sentido a tais probabilidades. Como o antigo Secretário de
Defesa, Donald Rumsfeld, poderia colocar, estamos todos lidando aqui não com
“desconhecidos conhecidos”, mas com “desconhecidos desconhecidos”, onde possibilidades
objetivas são o palpite de alguém. E quando há tal “dúvida razoável”, a hipótese científica não
deve ser rejeitada a priori. Longe de provar que os OVNIs não são extraterrestres, a ciência
atual prova apenas a sua ignorância.

A AMEAÇA DOS OVNIS

Se a aplicação apropriada da ciência exige que, no presente, sejamos agnósticos sobre se


algum OVNI tem origem extraterrestre, não acreditamos nem rejeitamos isso, então o tabu
sobre tentar descobrir o que são os OVNIs é profundamente enigmático. Afinal, caso se
descobrisse que algum OVNI fosse proveniente de algum outro lugar do universo, este seria
um dos mais importantes eventos na história da humanidade, tornando racional investigar até a
mais remota possibilidade. Foi exatamente esse raciocínio que levou o Congresso dos Estados
Unidos a financiar, por um tempo, o programa SETI, que busca evidência de vida em estrelas
distantes. Então, por que não financiar o estudo sistemáticos dos OVNIs, que estão
relativamente perto e pelo menos algumas vezes deixam evidência física? Mesmo para aqueles
para os quais a questão dos extraterrestres não está sobre a mesa, que tal a simples curiosidade
científica? Por que não estudar os OVNIs, exatamente como os seres humanos estudam tudo o
mais?
Nossa tese é de que as origens desse tabu são políticas. Como cientistas políticos, estamos
preocupados com a possível conexão entre a necessidade de repudiar os OVNIs e a maneira
pela qual as pessoas modernas se organizam e governam suas sociedades. A incapacidade de
ver claramente e falar racionalmente sobre os OVNIs parece ser um sintoma de ansiedade
autoritária, um medo socialmente subconsciente do que a realidade dos OVNIs poderia
significar para o governo moderno.
A ameaça é tripla. No nível mais óbvio, a aceitação da possibilidade de que os OVNIs são
verdadeiramente não identificados e que, portanto, um “outro” desconhecido e muito poderoso
poderia realmente existir, representa uma ameaça física potencial. Claramente, se alguma outra
civilização tem a capacidade de visitar a Terra, então é amplamente superior aos seres
humanos em tecnologia, o que levanta a possibilidade de colonização ou mesmo extermínio.
Como tal, um OVNI levanta a questão da capacidade do Estado de proteger seus cidadãos de
tal invasão. Em segundo lugar, o governo pode, também, estar reagindo à possibilidade de que
uma confirmação da presença extraterrestre criasse tremenda pressão para um governo
mundial, que os estados territoriais de hoje teriam relutância em formar. A identidade soberana
dos Estados modernos depende de suas diferenças uns com os outros. Qualquer coisa que
requeira a submissão dessas diferenças a uma soberania mundial ameaçaria a estrutura
fundamental desses Estados, independentemente do riso de destruição física.
Contudo, em terceiro lugar e para nós a visão mais importante, a possibilidade
extraterrestre levanta a questão daquilo que chamamos de natureza antropocêntrica da
soberania moderna. Com isso, queremos dizer que, no mundo moderno, a organização política
em todos os lugares baseia-se no pressuposto de que somente os seres humanos têm a
capacidade e a autoridade de governar e determinar nosso destino coletivo. A natureza pode
nos jogar uma bola em curva sob a forma de um aquecimento pandémico ou global, mas,
quando chegar a hora de decidir como lidar com tais crises, a escolha será só nossa. Tal
antropocentrismo, ou centralidade humana, é um pressuposto moderno, menos comum nos
tempos pré-históricos e antigos, quando a Natureza ou os deuses eram considerados mais
poderosos que os seres humanos e governavam.
De modo significativo, é sobre essa base antropocêntrica que os Estados modernos são
capazes de exigir lealdade excepcional e recursos de seus sujeitos. Devido à possível
explicação de que o fenômeno OVNI seja extraterrestre, levar os OVNIs a sério coloca em
questão esse pressuposto profundamente realizado. Ela levanta a possibilidade de algo análogo
à materialização de Deus, corno na “Segunda Vinda” dos cristãos. A quem o povo daria sua
lealdade numa situação assim, e os Estados, em sua forma atual, sobreviveriam a tal problema
politicamente notável? Nossa argumentação é a de que a sobrevivência política do Estado
moderno depende desse problema não ser politicamente notável. Como tal, um tabu autoritário
sobre os OVNIs é funcionalmente necessário para que o governo seja sustentado em sua forma
atual.
Em resumo, os OVNIs criam uma insegurança inconsciente e profunda, na qual certas
possibilidades são impensáveis devido a seu perigo inerente. Nesse aspecto, o tabu OVNI é
parente da negação na psicanálise. A soberania reprime o medo do que o OVNI poderia revelar
sobre si mesmo. Não há, portanto, nada que a soberania possa fazer, exceto desviar o olhar -
para ignorar e daí ser ignorante dos OVNIs - e não tomar uma decisão.

MANTENDO O TABU

A sugestão de que o tabu OVNI seja funcionalmente necessário ao governo


antropocêntrico moderno não significa que será automaticamente mantido. Uma proibição tão
forte dá trabalho. Falando claramente, esse não é o trabalho consciente de uma ampla
conspiração buscando suprimir “a verdade” sobre os OVNIs, mas o trabalho de incontáveis
práticas indiretas que nos ajudam a “saber” que os OVNIs não são extraterrestres e, portanto,
podem ser descartados. Contudo, o trabalho do tabu OVNI é paradoxal, porque, diferentemente
dos dias em que as visões dos xamãs e profetas eram tidas como autoritárias, no mundo
moderno, conhecemos as coisas tornando-as visíveis e tentamos explicar como funcionam - o
que no caso dos OVNIs seria uma auto-subversão, porque isso levaria a uma validação da
hipótese extraterrestre. Assim, são necessárias técnicas para tornar os OVNIs “conhecidos”,
sem realmente tentar descobrir o que são. Pode se distinguir pelo menos quatro maneiras de se
fazer isso.
A primeira são representações autoritárias, ou descrições do que os OVNIs são, como
fornecido pelos detentores da autoridade para estipular o que oficialmente define a realidade -
governos, comunidade científica e a mídia. Quatro de tais representações são especialmente
dignas de notas: (1) que os OVNIs são conhecidos pela ciência e têm explicações
convencionais, por todas as razões que criticamos acima; (2) que os OVNIs não são uma
preocupação para a segurança nacional192, o que permite aos Estados lavar as mãos em relação
ao problema; (3) que qualquer estudo sobre os OVNIs é, por definição, uma pseudociência, já
que os OVNIs não existem; e (4) que os OVNIs são ficção científica, o que desloca o aspecto
existencialmente assustador de um potencial encontro extraterrestre para a segurança da
imaginação. Não estamos dizendo que as autoridades modernas estão conscientemente
tentando proteger o tabu OVNI quando fazem tais representações. Nosso ponto é que, qualquer
que seja a intenção concreta em circunstâncias particulares, essas representações (e sem dúvida
outras) têm o efeito de reforçar o consenso autoritário de que os OVNIs não deviam ser
levados a sério.
Uma segunda técnica pela qual o tabu é mantido gira sobre o ponto da pseudociência.
Aqui, estamos pensando nos inquéritos oficialmente autorizados, mas problemáticos, sobre os
OVNIs, como o do Relatório Condon, de 1968, cujo propósito era dar a aparência de uma
avaliação objetiva e científica, enquanto reafirma a visão dominante de que não há nada no que
se refere a estes fenômenos. Como tem sido amplamente documentado na literatura, no caso
Condon esse viés ideológico levou a erros grosseiros de planejamento de pesquisa e inferência
empírica, bem como a um Resumo Executivo que rejeitou completamente a hipótese
extraterrestre, muito embora explicações convencionais não pudessem ser encontradas em 30%
dos casos estudados. Isso não quer dizer que não há boa ciência no Relatório Condon (pelo
contrário), mas que, em última instância, foi um “julgamento show” da hipótese extraterrestre.
Não obstante, a conclusão do Relatório de que os OVNIs não são definitivamente
extraterrestres foi imediatamente aceita pela comunidade científica maior e também capacitou
a Força Aérea Americana a se desligar publicamente do problema OVNI, o que vinha
querendo fazer havia algum tempo. Que tal relatório falho pudesse ser abraçado tão
prontamente atesta o quão profundamente assentado está o “quero desacreditar”.
Um terceiro fator a sustentar o tabu é o sigilo oficial penetrante sobre os relatos de OVNIs
envolvendo o pessoal militar, cujo efeito é o de remover do sistema o conhecimento que
poderia apoiar o argumento de se levar os OVNIs a sério, assim (pelo menos implicitamente)
reforçando o caso cético193. O sigilo quanto aos OVNIs envolve pelo menos duas formas. A
mais óbvia é reter informação de casos conhecidos, seja redigindo textos, seja dizendo aos
cidadãos que pediram documentos, através do Ato de Liberdade de Informação, que nenhum
documento relevante existe. (Nos Estados Unidos, a lei exige que as agências do governo
informem ao público se os documentos requisitados são confidenciais, ou então os liberem
com seções sensíveis editadas.) A outra forma de sigilo - não relatar absolutamente os
encontros entre OVNIs e militares - é mais difícil de avaliar, já que é impossível saber quantos
casos há. Ainda, o fato de que a maioria dos governos não liberarem relatórios de OVNIs
rotineiramente - embora em anos recentes essa tendência tenha começado a mudar em alguns
países, mas não nos Estados Unidos - não inspira a confiança de que sabemos o universo
completo de casos.
O padrão de comportamento sigiloso constitui, naturalmente, combustível para a teoria da
conspiração, já que naturalmente surge a questão: “O que é que o governo está tentando
esconder?”. Porém, não estamos preocupados com o conteúdo, mas apenas com o efeito do
sigilo oficial, que ajuda a reforçar o tabu, ao remover o conhecimento potencialmente contrário
do sistema. Nossa visão pessoal é a de que, longe de esconder a verdade sobre os alienígenas, o
Estado muito provavelmente está ocultando sua ignorância, mas quem sabe? No contexto do
sigilo OVNI, a crença pessoal é tudo o que temos.
O último mecanismo é a disciplina, isto é, para nós, as técnicas de ordenação de
pensamento e ação, que repousam não em apelos racionais à ciência, mas mais cruamente às
pressões sociais e de poder. Uma forma particularmente proeminente no contexto OVNI é a
destituição de pessoas que expressam publicamente a sua “crença” nos OVNIs - através da
humilhação, da fofoca, do ostracismo, da condenação pública e/ou assassinato do caráter - de
modo que não é só a ideia dos OVNIs que é destituída, mas a pessoa que a advoga, cuja
credibilidade é posta em questão. Dado o desejo de aprovação do indivíduo, sua reputação e
avanço profissional, a expectativa desse tipo de disciplina leva à autocensura, alimentando a
“espiral do silêncio” sobre os OVNIs, o que torna tão difícil falar deles em primeiro lugar.

RESISTÊNCIA ATRAVÉS DO AGNOSTICISMO MILITANTE

Há mecanismos poderosos e, como tal, alguns poderiam dizer que, em relação ao tabu
OVNI, “a resistência é fútil”. Contudo, o tabu tem pelo menos três fraquezas que o tornam, e à
estrutura antropocêntrica de governo que o sustenta, potencialmente instável.
Uma é o próprio OVNI. Apesar dos esforços autoritários em negar a realidade deles, os
OVNIs teimosamente continuam a aparecer, gerando uma necessidade em curso de
transformá-los em não-objetos. Os governos modernos poderiam não reconhecer os OVNIs,
mas diante da continuação das anomalias, a manutenção de tal não reconhecimento dá
trabalho.
Outra fraqueza repousa nos diferentes interesses de conhecimento da Ciência e do Estado.
Embora os dois estejam alinhados hoje no discurso autoritário anti-OVNI, em última instância
o Estado está interessado na manutenção de que sua narrativa cética sobre os OVNIs é
certamente a verdadeira, enquanto que a Ciência reconhece, pelo menos em princípio, que suas
verdades podem ser apenas tentativas. O pressuposto na Ciência é que a realidade tem a última
palavra, o que cria a possibilidade do conhecimento científico conter o dogma do Estado.
E, então, há o liberalismo, a essência do governo moderno. Até quando produz sujeitos
racionais, que sabem que a “crença” nos OVNIs é absurda, o liberalismo justifica-se com um
discurso que produz livre-pensadores, que poderiam duvidar disso.
O tipo de resistência que pode melhor explorar essas fraquezas poderia ser chamado de
“agnosticismo militante”. Aqui, por “agnóstico” queremos dizer que nenhuma posição sobre se
os OVNIs são extraterrestres deve ser considerada até que tenham sido sistematicamente
estudados. A resistência deve ser agnóstica porque, dado nosso conhecimento atual, nem a
negação, nem a crença na hipótese extraterrestre é justificada. Nós simplesmente não sabemos.
Concretamente, agnosticismo significa “ver” os OVNIs pelo que eles são, mais do que ignorá-
los, levando-os tão a sério como objetos reais e verdadeiramente não identificados,
amplamente definidos para incluir qualquer fenômeno natural. Já que é precisamente tal
reconhecimento da realidade dos OVNIs que o tabu proíbe, apenas “ver” é uma espécie de
resistência pessoal.
Para ser politicamente eficaz, porém, a resistência precisa ser também militante, e com isso
queremos dizer que precisa ser pública e estratégica. De fato, o agnosticismo puramente
privado sobre os OVNIs, do tipo que a pessoa do mundo moderno poderia ter sobre Deus, não
faz nada para quebrar a espiral do silêncio que circunda o assunto e assim, de fato, contribui
com o mesmo. Para quebrar o ciclo, a resistência precisa ser dirigida para o problema central
colocado pelos fenômenos OVNIs, reduzindo nossa ignorância coletiva sobre o que são, mais
do que a questão do sigilo oficial, o que, estrategicamente, é uma distração. (Se estamos
corretos quanto a que os governos não estão ocultando a verdade, mas sua própria ignorância,
então mesmo que liberem todos os arquivos, não estaríamos mais perto de descobrir o que são
os OVNIs;) Isso quer dizer que o que é necessário acima de tudo é uma Ciência sistemática
dos OVNIs, sobre cuja base poderíamos eventualmente ser capazes de fazer julgamentos
informados sobre eles, em oposição a simplesmente reiterar dogmas de um jeito ou de outro.
Para ir além da pesquisa científica mínima que já vem sendo feita e realizar novos avanços,
a Ciência terá de fazer três coisas. Primeiro, precisará se concentrar em padrões agregados
mais do que em casos individuais. Dada nossa incapacidade de manipular ou prever os
fenômenos OVNIs, há limites inerentes ao que os estudos de caso podem mostrar. Hoje, a
análise oficial de casos escolhidos algumas vezes consegue descartar explicações
convencionais - o que eles não são - mas isso não nos diz o que os OVNIs são. São como
fenômenos metereológicos, que só podem ser apropriadamente estudados agregadamente.
Em segundo lugar, uma ciência dos OVNIs194 precisará se concentrar em descobrir novos
relatos, mais do que analisar os velhos. Isso porque os relatórios de alta qualidade existentes
são relativamente poucos em número e foram coletados por acidente e através de uma
variedade de meios, tornando quase impossível descobrir padrões. Além disso, há tanta
informação que pode ser extraída de um relato histórico, particularmente de um desconecta do
conhecimento do contexto ambiental. Tentar gerar novos relatórios sistematicamente poderia
aumentar enormemente nossos dados e colocá-los automaticamente no contexto.
Finalmente, a ciência precisará se concentrar no objetivo coletivo, na evidência física mais
do que nos subjetivos relatos de testemunhas, pois somente o precedente convencerá as
autoridades de que os OVNIs “existem”, muito menos que a hipótese extraterrestre vale a pena
ser considerada. Naturalmente, obter tais evidências não é tarefa fácil, mas, como mostrado
pelas imagens existentes de radar e vídeo, bem como análises químicas de alguns “locais de
pouso”, isso pode ser feito.
Qualquer tentativa séria de satisfazer esses requisitos exigirá considerável infraestrutura
tecnológica (instalações de radar ou outro equipamento de monitoramento) e grande
quantidade de dinheiro. Normalmente, esperar-se-ia que o Estado fornecesse tal capital.
Embora deva se fazer todo o esforço para que isso aconteça, nossa teoria particular do tabu
OVNI - que é a de um imperativo funcional do governo antropocêntrico moderno -
necessariamente nos torna pessimistas quanto ao fato de que os governos mundiais agirão logo.
Como tal, parece importante estrategicamente considerar, junto com os esforços para atrair o
Estado, maneiras alternativas de estabelecer uma ciência dos OVNIs.
Se abordado pelo Estado ou pela sociedade civil, ou ambos, o problema da ignorância em
relação aos OVNIs é fundamentalmente política, antes de ser científica e, como tal, um
agnosticismo militante será necessário para superá-la. Mesmo então, não há garantias de que o
estudo sistemático realmente acabará com a ignorância sobre os OVNIs, o que deve esperar a
ciência. Mas após sessenta anos de negações oficiais sobre esse fenômeno potencialmente
extraordinário, é hora de tentar.
CAPITULO 28 - Enfrentando Um Desafio Extremo

Uma compreensão mais profunda dos aspectos inconscientes do tabu OVNI - aqueles que
estão além de nosso alcance - é essencial se quisermos finalmente fechar a porta para o velho
modo de pensar e levar essa questão em frente. As ideias provocativas apresentadas no
capítulo anterior podem não responder a todas as questões, mas os dois cientistas políticos
apresentam um intrigante e persuasivo argumento. Eles afirmam que o problema que
atormenta a verdadeira compreensão dos OVNIs é a ignorância, não o sigilo, e que essa
ignorância é aceita porque serve a um propósito político. Forças ocultas e medos espreitando
sob a superfície dessa ignorância política sustentam-na, enquanto também a transformam em
algo muito mais poderoso: uma negação ativa e proibição zelosa contra considerar os OVNIs
um assunto sério. O problema é mais energizado, mais confrontante do que a simples
ignorância, como o vemos. Manifesta-se como o tabu familiar, algo aceito e tão concedido, que
a maioria de nós nem pensa duas vezes sobre ele.
Esse propósito político é poderoso: mantém o imperativo de que precisamos evitar encarar
a possibilidade de que alguns OVNIs poderiam ser extraterrestres. Pois, se eles o forem, isso
significaria que estas aeronaves, veículos, objetos milagrosos de origem não identificada - o
que quer que sejam - são produzidos por “outros” mais poderosos de algum outro lugar. Tal
conceito é simplesmente inaceitável, e pode gerar um terror primordial nos seres humanos.
Cuidamos disso através da estratégia política de negar que os OVNIs existem, uma
circunstância que nos protege, embora temporariamente, de ter de enfrentar esta ameaça
impensável à nossa estabilidade essencial.
Os cientistas têm as suas próprias razões para temer. Os OVNIs demonstram características
que parecem contradizer as leis fundamentais da física sobre as quais nossa compreensão do
universo se baseia. Se os cientistas fizerem um esforço para identificá-las, seria possível que
pudessem descobrir o fenômeno de certa forma “irreconhecível” através de nossas
metodologias atuais? Até agora os OVNIs têm dificultado qualquer estudo - eles chegam
sempre muito perto, mas não perto o suficiente. Isso significa que poderíamos nunca ser
capazes de aprender o que são, mesmo se tentarmos? Talvez, de repente, o fenômeno vá se
revelar para nós antes que saibamos muita coisa sobre ele e não tenhamos o poder de reagir.
Cada um de nós pode explorar as raízes de nossa própria resistência em aceitar a realidade
dos OVNIs, um processo que esperançosamente já começou para a maioria dos leitores.
Podemos não ter total consciência das respostas enterradas e dos padrões de pensamentos,
especialmente porque a resistência é universalmente aceita. Quando ridicularizam os OVNIs,
os céticos conscientemente não se preocupam com abstrações tais como humanismo
antropocêntrico, ou perda do Estado ou ameaça de aniquilação, mas isso não significa que
essas questões não estejam subjacentes aos seus reflexos. Os funcionários do governo também
não contemplam esses temores, quando escolhem ignorar os OVNIs ou reter informação ao
público, seguindo uma tendência de décadas. Os cientistas convencionalmente afirmam que
não há evidência, mas não estão pensando no desafio potencial que os OVNIs trazem às bases
da Ciência como a conhecem. Assim, muitos operam fora de nosso campo de atenção
consciente, perpetuando uma espécie de cegueira.
Uma exploração pessoal poderia revelar apenas um estranho desconforto com toda a noção
dos OVNIs, uma evasão instintiva, automática, do desafio que eles inerentemente representam.
Como Wendt e Duvall o descrevem, o “o tabu OVNI é parente da negação na psicanálise”.
Sem ponderar, muitos provavelmente diriam que não querem colocar o dedo naquilo que este
desafio realmente é. Para aqueles que desejam examinar mais, talvez os “argumentos céticos”
articulados no capítulo anterior venham à tona; ou, para outros, haja conflitos religiosos. A
maioria de nós preferiria não ter de contemplar de maneira nenhuma o assunto, porque temos
recebido uma saída conveniente - a proibição aceita contra a “crença em OVNIs”, que permite
que nos identifiquemos com a posição da “elite”. Minha esperança é a de que, talvez agora,
tendo digerido todo o material apresentado neste livro, aqueles que conseguiram chegar tão
longe não serão tão influenciados por esse tabu transparente como o foram antes.
Medos inconscientes sobre as implicações dos OVNIs muito provavelmente se alojaram na
mente maior do sistema político americano, começando no final dos anos 40, quando os
OVNIs entraram em cena em nível nacional. Contudo, uma certa parcela da população
americana já estava predisposta a ver os relatos de “discos voadores” como fraudes ou
exageros. Em 1938, a famosa rádio-novela Guerra dos Mundos de Orson Welles colocou em
pânicos numerosos ouvintes, com sua dramatização totalmente realística de uma invasão por
espaçonaves marcianas, apresentadas como se fosse uma reportagem ao vivo. As pessoas
realmente saíram de suas casas em New Jersey - o local da alegada invasão - e muitas outras
ficaram convencidas de que a Terra estava, de fato, sob ataque e que todos nós morreríamos. A
transmissão abriu uma torneira de um tipo totalmente diferente de medo, que os americanos
nunca tinham sentido antes, algo inexplicavelmente aterrador. Aqueles impactados por isso
teriam um tempo mais difícil para confiar em futuros relatos de objetos voadores não
identificados e, nesse sentido, um desconforto autoimposto com os relatos de OVNIs foi
reforçado desde o início.
Mas naqueles anos iniciais e nos anos 50, estávamos em nossa infância para lidar com os
possíveis significados do fenômeno OVNI. As agências de Inteligência e militares ficaram
preocupados com a tarefa de tentar discernir o que essas coisas poderiam ser no contexto da
Guerra Fria. A Força Aérea Americana lidou com a preocupação pública tentando explicar
todos os OVNIs e se não conseguia, fingia que sim. Essa negação incipiente, apoiada pelo
Painel Robertson, em 1953, e depois fortalecida pelo Relatório Condon, de 1968, tornou-se
ainda mais arraigada com o tempo. Talvez, conforme íamos aprendendo mais sobre os OVNIs
depois do encerramento do Projeto Livro Azul, obtendo um quadro mais claro de pelo menos
suas características e comportamento, tivemos progressivamente mais razão para ficarmos
preocupados sobre seus aspectos ameaçadores. Quando J. Allen Hynek combateu o problema
do tabu, nos anos 80, observou que os funcionários tinham “um desejo poderoso de não fazer
nada”195. Mas ele acrescentou agourentamente que “a história tinha mostrado que com o tempo
a represa se rompe, algumas vezes cataclismicamente”196.
Nesse ponto, temos a opção de encorajar o rompimento da represa - lenta e metodicamente,
mais do que cataclismicamente, se possível. Precisamos reconhecer que os perigos potenciais
de reconhecer e investigar os OVNIs são reais. Os medos são compreensíveis e até
justificáveis; e sim, as repercussões poderiam ser socialmente desestabilizantes.
Mas não importa como esse enigma será, eventualmente, resolvido, o sistema político
governante americano está monopolizando qualquer tomada de decisão. Órgãos oficiais em
outros países obviamente não têm de superar medos projetados, nem acham que alguns riscos
inerentes à descoberta justificam ignorar os OVNIs. Eles já estão seguindo em frente, e eu
suspeito que a maioria desses oficiais acredita que é mais perigoso ignorar os OVNIs do que
confrontá-los. A maioria do público americano, como mostrado por várias pesquisas, já
reconhece a realidade dos OVNIs e não parece traumatizada com isso. Antes, parece que
deseja saber mais.
Em benefício do sistema político, acredito que trazer todo e qualquer medo para o nível da
consciência é nossa única escolha. Quando decidirmos, enquanto sociedade, lidar
honestamente com os OVNIs, estaremos entrando em um processo “terapêutico” em larga
escala, que diminuirá, ou mesmo extinguirá, o poder das forças que sustentam o tabu. Ao
finalmente lançarmos luz sobre essa dinâmica, nós a desarmaremos. Talvez esssa seja a única
maneira de todos nós darmos o próximo passo, porque ele enfraquecerá a verdadeira base do
sistema político disfuncional, o obstáculo central em nosso caminho.
Enquanto isso, espero que todos os escritores deste livro tenham ajudado a amenizar um
pouco daquela ansiedade existencial. A compreensão traz alívio e, como diz o clichê, o
conhecimento é poder e a verdade os libertará. Como verdadeiros “agnósticos militantes”,
podemos reconhecer que a mudança política precisa incorporar essas considerações mais
filosóficas. Como na metáfora de Hynek, as águas estão atingindo um nível que, finalmente,
fará a represa se romper. Podemos encontrar uma solução saudável para o desafio dos OVNIs e
tudo o que representam e precisamos fazer isso.
Com o lançamento de uma nova agência de governo e a liberação de novos recursos, a
Ciência poderia assumir seu lugar de direito no estudo dos OVNIs, assumindo que o assunto é
seu e começando uma nova investigação. Tal cenário representaria uma virada dramática em
relação a um passado, no qual alguns poucos nobres cientistas fizeram um esforço para colocar
sobre a mesa esse assunto controverso, enquanto outros, embora interessados, ficaram inibidos
pelo risco do ridículo profissional. O resto sucumbiu à noção de que não havia nada que
valesse a pena estudar, como consta do resumo do Relatório Condon.
Alguns cientistas ativamente estudaram e investigaram os OVNIs, apesar dos obstáculos
profissionais, e temos muito que aprender com eles, a despeito da passagem do tempo. Em
1968, o Comitê de Astronáutica e Casa da Ciência ouviram o testemunho do Dr. James E.
McDonald197, físico atmosférico sênior do Instituto de Física Atmosférica, da Universidade do
Arizona, e membro da Academia Nacional de Ciências, que tinha passado dois anos
investigando casos de OVNIs. Como resultado de seu estudo focalizado - uma raridade dentro
de sua profissão - McDonald disse ao comitê do Congresso que “nenhum outro problema
dentro de sua área tem importância científica e nacional comparável”, e que esse assunto
extraordinário não deveria ser ignorado. Se outros cientistas tivessem tido a preocupação de
empreender tais estudos, muitos devem ter chegado à mesma conclusão e estaríamos hoje em
uma situação muito diferente. Em vez disso, pouco tempo depois, o enganoso e preconceituoso
relatório da Universidade do Colorado anularam os esforços de cientistas pioneiros, como
McDonald, de interessar a comunidade científica no estudo dos OVNIs.
Desde então, o Dr. Peter A. Sturrock, professor emérito de Física Aplicada, da
Universidade de Stanford, e diretor emérito do Centro Stanford de Astrofísica e Ciência
Espacial, assumiu a liderança no combate aos efeitos do Relatório Condon. Em 1975, ele
conduziu uma pesquisa na Sociedade Astronômica Americana e descobriu que 75% dos
pesquisados desejavam ver mais informação sobre OVNIs publicada nas revistas científicas.
Devido ao fato de que essas revistas rejeitavam trabalhos sobre OVNIs e outras anomalias,
Sturrock fundou a Sociedade de Exploração Científica e sua Revista de Exploração Científica,
que iniciou suas publicações em 1987.
Sturrock talvez seja um dos mais eminentes cientistas a aplicar o método científico
convencional ao fenômeno OVNI. Ele vem recebendo prêmios da Sociedade Astronômica
Americana, do Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica, da Universidade de
Cambridge, da Fundação Gravidade e da Academia Nacional de Ciências. O Instituto Nacional
de Aeronáutica e Astronáutica observou sua “grande contribuição para os campos da geofísica,
física solar e astrofísica, sua liderança na comunidade da ciência espacial, e sua dedicação na
busca de conhecimento”. Ele publicou cinco livros, três monografias, trezentos artigos e
relatórios, e um livro de memórias em 2009198.
Em 1997, Sturrock iniciou e dirigiu o primeiro grande inquérito científico do fenômeno
OVNI desde o estudo Condon, para descobrir o que um novo grupo de cientistas concluiria
sobre os OVNIs. Uma conferência de quatro dias foi convocada no norte do estado de Nova
York para revisar rigorosamente a evidência física associada aos relatos de OVNIs. Sete
investigadores - incluindo Jean-Jacques Velasco e o Dr. Richard Elaines - apresentaram casos
bem pesquisados - com evidência fotográfica, vestígios no solo e danos à vegetação, análise de
detritos de OVNIs, evidência de radar, interferência com o funcionamento de automóveis e
equipamentos de aviões, aparentes efeitos gravitacionais e inerciais, e efeitos fisiológicos em
testemunhas. O painel de revisão de nove cientistas de diversos campos - a maioria era de
“agnósticos decididamente céticos” que, segundo Sturrock, não tinham envolvimento anterior
com OVNIs - revisou as apresentações e forneceu um sóbrio e cuidadosamente escrito resumo.
Embora fossem incapazes de concluir qualquer coisa específica em tão curto espaço de tempo,
o painel recomendava uma avaliação cuidadosa continuada dos relatos de OVNIs. Ele
reconheceu que o estudo de Condon estava desatualizado e que onde quer que haja fenômenos
inexplicados, eles naturalmente deveriam ser investigados. E sim, a investigação e o estudo
adicionais de dados sobre OVNIs poderiam contribuir para a resolução do problema OVNI.
Essas observações foram um avanço significativo na posição científica199.
Ainda, esse estudo não mudou muita coisa. Os cientistas continuam a enfrentar obstáculos,
observa Sturrock, tais como: falta de fundos para pesquisa, o falso pressuposto de que não há
dados ou evidências, a percepção de que o assunto “não é respeitável”, e a rejeição a priori de
trabalhos de pesquisa pelas revistas. Um dos impedimentos é de que, em vez de olhar para os
dados e dar os passos para obter mais, muitos cientistas têm a tendência de interpretar o
assunto teoricamente e, então, dar uma razão teórica para repudiá-los. Por exemplo: o
astrônomo Frank Drake afirmou, em 1998, que se os relatos de OVNIs são reais, eles devem
ser causados por espaçonaves extraterrestres. Porém, a viagem interestelar é impossível;
portanto os relatos precisam ser descartados. Esse argumento resume a afirmação cética
familiar de que isso não pode acontecer, portanto não acontece. “Na pesquisa científica
normal, a evidência proveniente da observação assume precedência sobre a teoria”, indica
Sturrock. “Se acontece, então pode acontecer.200”
Em janeiro de 2010, a prestigiosa Real Sociedade de Londres convocou uma conferência
de dois dias sobre “a detecção de vida extraterrestre e as consequências para a Ciência e a
sociedade”. Físicos, químicos, biólogos, astrônomos, antropólogos e teólogos se reuniram -
junto com representantes da NASA, da Agência Espacial Europeia e do Escritório das Nações
Unidas para Assuntos do Espaço Exterior - para discutir a busca científica por extraterrestre.
Mas um assunto não fez parte da mistura: o ainda inexplicado fenômeno OVNI. Mais uma vez,
foi como se toda a massa de evidência simplesmente não existisse. E estou bastante certa de
que se algum dos apresentadores estivesse aberto ou curioso, talvez até informado, sobre o
assunto, ele não correria o risco de dizer isso entre colegas tão estimados em um fórum de alto
perfil. Mas o fato de que esse encontro ocorreu e recebeu cobertura da mídia internacional
ilustra a crescente fascinação e aceitação maior sendo concedidas à busca por vida além do
planeta Terra. Acredito que, depois que os Estados Unidos estabelecerem sua própria agência
governamental para induzir a pesquisa OVNI e, por esse meio, mudanças de atitude dentro da
comunidade científica, uma nova conferência incluiria um porta-voz credenciado sobre o
mistério dos OVNIs.
Gradualmente, a Ciência irá separar o joio do trigo, e imaginar uma maneira de integrar os
desorganizados dados de OVNIs em sua própria estrutura. Passos específicos a serem tomados
foram sugeridos por alguns cientistas preocupados, mas estão fora do objetivo deste livro.
Porém, mudanças radicais na norma científica aceita - qualquer coisa que leve a mudanças
profundas na compreensão - nunca aconteceram facilmente. Os OVNIs parecem ser o primeiro
desafio a algo tão fundamental quanto nossa visão de mundo antro- pocêntrica, o que poderia
significar que a resistência ao estudo dos mesmos pode se tornar a mais longa da história
humana.
Como definido pelo filósofo da Ciência Thomas S. Kuhn, autor do clássico estudo, de
1962, A Estrutura das Revoluções Científicas, o processo de mudança de um paradigma
começa quando uma anomalia persistente é descoberta e não pode ser explicada pelo conjunto
de pressupostos dentro da estrutura científica geral. O fenômeno inexplicado enfraquece as
bases da visão de mundo prevalente. Quando a anomalia se apresenta pela primeira vez, suas
implicações e características físicas parecem absolutamente inconcebíveis, totalmente fora das
fronteiras daquilo que poderia ser real, exigindo assim sua destituição pelo sistema.
Inicialmente, sua presença é rejeitada como um erro e frequentemente ridicularizada, com os
proponentes de sua legitimidade desprezados e perseguidos, seus trabalhos e reputações em
risco. Conforme a evidência cresce e não pode mais ser descartada, são feitas tentativas para
incorporá-la e defini-la dentro dos parâmetros do paradigma existente. A ameaça à
compreensão atual torna-se elevada e o sistema apega-se cada vez mais à sua realidade
autodefinida e autodefinidora, como se confrontada pela morte. Ao mesmo tempo, como Kuhn
o descreve, as fronteiras do velho paradigma começam a amolecer e alguns cientistas
altamente colocados começam a explorar o estudo da anomalia, atraindo gradualmente outros
pesquisadores para o assunto. Finalmente, uma nova realidade surge, geralmente de maneira
repentina e rápida, algumas vezes precipitada pelos esforços de um único cientista agindo em
um hora crucial. A anomalia, então, torna-se parte do esperado e somos capazes de ver a
natureza de uma nova maneira e logo a descoberta, que já foi radical, torna-se parte do
conhecido.
Kuhn escreve: “Uma revolução científica é um episódio desenvolvimental não cumulativo,
no qual um paradigma mais antigo é substituído no todo ou em parte por um novo paradigma
incompatível... A tradição científica normal que emerge de uma revolução científica não é
apenas incompatível, mas frequentemente é realmente incomensurável com aquilo que foi
antes”.
Em relação à anomalia do OVNI, é fácil reconhecer seu potencial para criar uma “mudança
de paradigma”, dependendo do que é descoberto, uma vez que a Ciência decida reconhecê-la.
Devido à possibilidade extraterrestre - um desafio à nossa compreensão do universo físico e
nosso lugar nele - há, de fato, o risco de uma revolução científica bem grande. Se o OVNI é
determinado a ser uma criação tecnológica secreta da humanidade, ou algo mais complexo, tal
como uma manifestação de talvez outra dimensão, a descoberta seria potencialmente
transformadora. E Kuhn diz que tudo pode acontecer devido a um evento definidor “não
cumulativo” - talvez uma exibição longa essencial, um novo tipo de evidência física explosiva,
ou até comunicação via ondas de rádio ou outros meios mais avançados - um evento que
deixaria os cientistas certos quanto à natureza e origem do fenômeno.
Infelizmente, a história demonstra que tal mudança geralmente progride lentamente na
construção daquele momento definidor. Baseado em observações científicas no início do
século 16, Copérnico propôs o modelo heliocêntrico, segundo o qual a Terra não era
estacionária no centro do universo, como afirmava a ciência ortodoxa, mas, de fato, girava em
seu eixo e os planetas se moviam ao redor do sol e não da Terra. Os movimentos dos planetas
eram anomalias naquela época e não podiam ser explicados pelo modelo aceito. Copérnico
obteve dados que apoiavam essa nova teoria e explicavam as anomalias observadas. Mas,
apesar de sua racionalidade, seus achados foram considerados impossíveis - não pode ser,
portanto não é - dado o que era então compreendido como verdadeiro. Pior, como nós seres
humanos olhávamos para o espaço em um estado de ignorância, certos de nosso planeta Terra
fixo, sua teoria também desafiou nosso dogma religioso autoimposto. Cento e cinquenta anos
se passaram antes do fato de que a Terra gira ao redor do sol fosse aceito, e apenas depois que
Ga- lileu, Kepler e Newton fizeram suas contribuições. Finalmente, a humanidade
testemunhou a emergência do novo paradigma científico. Foi uma estrada longa e dolorosa.
Galileu foi forçado pela Igreja a se retratar de suas ideias e foi mantido em prisão domiciliar
por sustentar que aquela era realmente a visão correta.
Descobertas menores, muito embora elas também sejam consideradas impossíveis, podem
mudar a norma mais rapidamente. No começo do século 19, os cientistas rejeitaram a ideia de
que pedras poderiam cair do céu, apesar dos relatos em contrário de múltiplas testemunhas. O
consenso foi de que isso não podia acontecer; assim, qualquer um que dissesse outra coisa
deveria estar mentindo, ou ser maluco, ou um fraudador. Finalmente, um cientista coletou
fragmentos de um meteorito relatados por aldeões na França, que foram então estudados em
laboratório, provando a realidade das pedras caindo do céu, e o novo fenômeno dos meteoritos
foi aceito daquele momento em diante.
Atualmente, alguns cientistas estão começando a apresentar teorias que poderiam explicar
a viagem espacial mais rápida que a luz, incluindo conceitos tais como viagens através de
buracos de minhoca, múltiplas dimensões e até viajantes do tempo201. Segundo uma notícia de
capa, de agosto de 2009, da revista Newsweek, os cientistas estimam agora que há 100 bilhões
de sóis na Via Láctea com planetas semelhantes à Terra girando ao redor deles. Dado o
número de estrelas existentes e o número de planetas extrassolares já descobertos, a chance de
existir vida em qualquer outro lugar do universo é muito alta. A nave espacial Kepler da
NASA foi lançada em 2009 para procurar alguns destes planetas entre as 100 mil estrelas das
constelações de Cygnus e Lira, com a esperança de encontrar alguns planetas terrestres com
condições habitáveis. Enquanto este livro está sendo escrito, já encontramos mais de 400
planetas orbitando outras estrelas203. Por volta de 2013, a Kepler terá localizado provavelmente
centenas, senão milhares, desses planetas habitáveis. A NASA também desenvolveu um
telescópio espacial de infravermelho altamente sensível204 que está procurando agora asteroides
pequenos e escuros e outros objetos próximos da Terra em nosso sistema solar, e enviou de
volta suas primeiras imagens através do espaço em janeiro de 2010.
Através de sua recorrência persistente, o fenômeno OVNI faz suas próprias exigências aos
cientistas, que não devem mais se permitir o luxo da negação. Sempre fomos uma espécie em
evolução buscando compreender o desconhecido, e lidaremos com quaisquer que sejam as
mudanças provenientes de novas descobertas. Como Kuhn disse a muitos anos atrás, “quando
os paradigmas mudam, o próprio mundo muda com eles”.
Ao longo dos anos, organizações desmistificadoras desenvolveram o slogan “Afirmações
extraordinárias exigem evidência extraordinárias”, como uma espécie de mantra, enrolando
todas as suas objeções em uma só, que é usada para destituir os OVNIs. Eles estão afirmando
que não há evidência suficiente para apoiar a “afirmação” de que os OVNIs existem.
A meu ver, este livro fez a apresentação de algumas das evidências mais convincentes -
apenas um pedacinho delas, precisamos lembrar - de que os OVNIs realmente existem. Vimos
que há objetos sólidos, tridimensionais, de origem desconhecida, voando em nossos céus,
parando no meio do ar e disparando para o espaço exterior, que aparentemente não são
naturais, nem feitos pelo homem. Eles chegam perto e também pousam, deixando vestígios no
solo, enquanto murcham as folhas das plantas próximas. Interagem com aviões e têm efeitos
físicos sobre eles. Fotografias capturaram sua imagem em filme, e foram captados pelos
monitores de radar. Milhares de pessoas de todas as esferas da vida, em todos os continentes,
viram esses objetos, incluindo muitos pilotos e oficiais militares. O grupo representado neste
livro, incluindo eu mesma, compreende que o que os céticos amam chamar de “reivindicação”
- a existência de objetos desconhecidos no céu - é realmente um fato estabelecido. Há
evidência mais que suficiente para determinar que algo físico está lá.
Nós, deste grupo, também somos “agnósticos militantes”: não sabemos o que este algo é,
nem sabemos o que não é. Estamos fazendo uma reivindicação extraordinária, porque não
estamos afirmando nada além da realidade de um fenômeno físico, e as cinco premissas que
surgem desta realidade encontram- se delineadas na introdução deste livro. Sim, esse
fenômeno é definitivamente extraordinário. A incompreensão básica subjacente à frase
capciosa dos céticos - “Afirmações extraordinárias exigem evidência extraordinária” - está,
uma vez mais, na equiparação dos OVNIs com espaçonaves extraterrestres, por definição.
Quando os desmistificadores se reagrupam ao redor desse grito de batalha e descartam toda a
evidência com um abanar de mãos, é isso realmente que está em suas mentes. De outro modo,
não haveria necessidade que eles ficassem tão cegamente na defensiva e até mesmo hostis.
Sua preocupação é compreensível, mesmo se tiver de usar de desonestidades.
O grupo COMETA apontou, no início desta jornada, bem como afirmaram muitos de
nossos contribuidores, que a hipótese extraterrestre é a que mais provavelmente explicaria o
que sabemos. Essa é uma proposição muito carregada, mas estamos presos a ela. E realmente
não é uma posição extrema, em comparação com as duas posições polarizadas que são tão
comuns na cultura: ou já sabemos o que os OVNIs são (espaçonaves alienígenas), ou eles
possivelmente não podem existir e, portanto, não existem. Esse dois extremos são as reais
reivindicações extraordinárias.
Pedimos àqueles dos dois lados dessa contestação fora de moda, entre os crentes decididos
e os não crentes, para perceber a falácia de ambas as posições e aceitar a visão agnóstica
lógica, necessária e realista. Os cientistas precisam repudiar a afirmação insustentável de que
não temos qualquer evidência além dos relatos de testemunhas, que são - para eles,
naturalmente - inconfiáveis. Essa é outra “reivindicação extraordinária” que não se sustenta,
como este livro atesta.
Já é hora de se proceder logicamente. Dado que sabemos que temos uma manifestação
física de alguma coisa altamente incomum de origem desconhecida, não é hora de se adquirir
evidências adicionais necessárias para se descobrir o que ele é? Se precisamos de evidência
extraordinária, então vamos fazer nosso trabalho e obtê-la. Nós, americanos, teremos a
cooperação de cientistas de todo o mundo, que já investiram seus recursos limitados em tal
empreendimento. E, assim, um novo slogan surge: “Um fenômeno extraordinário exige uma
investigação extraordinária”205. Os cientistas do mundo são inteiramente capazes de imaginar
metodologias e manufaturar tecnologia necessária para resolver esse mistério extraordinário.
Como os contribuidores mostraram aqui, há muito em jogo para se continuar a fazer
obstrução. Ao mesmo tempo, não podemos negar o fato de que há um risco em nos movermos
para frente. O próprio fenômeno nos colocou em situação precária de não ter escolha e não
podemos fazer nada a respeito. Precisamos lutar para aprendermos o que pudermos, pois está
em nossa natureza mais profunda e nosso melhor interesse fazer isso: simplesmente querer
descobrir. Talvez essa descoberta seja o ponto da virada em nossa história. Talvez não. Mas
muito provavelmente há algo supremamente importante trancado no fenômeno OVNI, que
poderia ser transformador para todos nós. É tempo agora para, finalmente, abrirmos os olhos e
descobrirmos o que poderia ser.
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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar e principalmente, gostaria de agradecer a dezoito distintos contribuidores,


cujas parcelas de contribuição formaram o núcleo essencial deste livro, e que tornaram tudo
possível. Foi um privilégio trabalhar com este grupo excepcional. Meus agradecimentos mais
profundos a cada um deles por sua confiança, e por seu trabalho diligente em muitos projetos.
Estes homens têm corajosamente prosseguido no registro da realidade dos OVNIs, e eu espero
que outros, em posições comparáveis, façam agora a mesma coisa.
Estendo meu apreço especial a John Podesta por seu prefácio eloquente e por seu contínuo
apoio público à Coalizão para a Liberdade de Informação (CFi). Seu brilhantismo e
honestidade são inspiradores. Outros fizeram grandes contribuições para o texto: Yves Sillard,
do GEIPAN, escreveu um comentário importante, e André Amond, J. Dori Callahan, Julio
Chamorro, Anthony Choy, Jean-Pierre Fartek, Will Miller e Robert Salas forneceram
entrevistas e material útil. Sou muito grata ao antigo governador do Arizona, Fife Symington
III, por seu encorajamento, que ajudou a lançar o livro.
Phyllis Wender, minha agente da Gersh Agency em Nova York, acreditou neste projeto
desde o início. Agradeço a ela de todo o coração por sua apreciação da abordagem deste livro e
por sua firme determinação de publicá-lo. Seus sábios conselhos foram indispensáveis, e sua
assistente, Lynn Hyde, também merece meus agradecimentos. No Crown Publishing Group,
estou em débito com Shayne Areheart por sua visão, liderança e comprometimento com o
livro, e a minha entusiástica editora, Kate Kennedy, que me guiou ao longo de todo o processo
de publicação e fez muitas contribuições editoriais significativas, que melhoraram o
manuscrito.
Um agradecimento especial vai para meu grande amigo Budd Hopkins por fornecer,
diariamente, apoio estável enquanto eu lidava com uma miríade de pessoas e desafios
profissionais inerentes à produção deste livro. Ele religiosamente lia e relia cada palavra do
manuscrito em seus vários significados e ofereceu muitas sugestões perceptivas. Também sou
grata a David M. Jacobs, Paul McKim e Lloyd Garrison por lerem partes do manuscrito e
fornecerem comentários úteis.
Não posso omitir dois colegas-chave que influenciaram profundamente minha vida, antes
que fosse inesperadamente confrontada pelo assunto dos OVNIs. O ativista e escritor Alan
Clements inspirou-me com seu ativismo compassivo e compromisso com a luta das pessoas, e
descortinou-me um novo mundo. O repórter investigativo Dennis Bernstein, anfitrião do
Flashpoints, da estação de rádio Pacifica, ensinou-me os princípios e a arte do jornalismo
advocatício, levando-me para o mundo da publicação autônoma e, finalmente, para a
radiodifusão. Não consigo agradecer suficientemente a meus queridos amigos Alan e Dennis
por me darem as bases que tornaram possível para mim, posteriormente, assumir os riscos do
assunto OVNI.
No início de minhas explorações, Ralph Steiner ajudou-me a navegar e ofereceu-me muita
reafirmação. Stephen Basset foi apoiador e Clifford Stone, Steven Greer e Grant Cameron me
forneceram centenas de documentos governamentais liberados através do Ato de Liberdade de
Informação. Agradeço ao editor do Boston Globe, Chris Chinlund, e a Robert Whitcomb, do
Providence Journal, por publicarem meus primeiros artigos sobre OVNIs.
Sou muito grata a Larry Landsman, meu parceiro na CFi, por me abrir tantas portas e por
seu conselho consistente e camaradagem por todos esses anos. Sem Larry, este livro nunca
teria nascido. Também agradeço a educação inestimável de Ed Rothschild, estrategista sênior
de assuntos públicos do Podesta Group. E estendo meus agradecimentos a James Fox, Stan
Gordon, Lee Helfrich e Jeff Sagansky e a toda a equipe da Break Thru Films pelas
oportunidades significativas que me deram.
Muitos investigadores habilidosos passaram décadas reunindo dados sobre os OVNIs, e
confiei continuamente em seu trabalho ao longo deste livro. Pago um tributo especial ao
pesquisador veterano Richard Hall, que morreu de câncer em 2009 e que esteve sempre
disponível para responder às minhas perguntas. Juntamente com outros já mencionados,
também estou pessoalmente em débito com os pesquisadores Jerome Clark, Peter Davenport,
Richard Dolan, Stanton Friedman, A.J. Gevaerd, Timothy Good, Bernard Haisch, Bruce
Maccabee, Mark Rodeghier, Ted Roe, Brad Sparks, Peter Sturrock, Rob Swiatek e Nancy
Talbot.
Pituka Heilbron e Andrea Soares Berrios passaram muito tempo traduzindo tanto textos
como muitos e-mails. Agradecimentos também a Jean-Luc Rivera e a Oscar Zambrano pelas
traduções e a Jean-Claude Ribes, Valery Uvarov, Ruben Uriarte e André Morin. Outros que
ajudaram em vários aspectos do livro: Yvan Blanc, Joaquim Fernandes, Kelly Fox, Seth Keal,
Phil Imbrogno, Charles Miller, Gustavo Rodriguez, Susan Stanley e Bernard Thouanel. Na
Crown, agradecimentos a Mark Birkey, Jill Browning, Lenny Henderson, Kyle Kolker,
Elizabeth Rendfleisch, Kira Walton e Campbell Wharton.
Finalmente, agradeço à minha mãe, Ellen S. Kean, e a meu pai, Hamilton F. Kean, por seu
apoio estável e incondicional e genuíno entusiasmo com este projeto, apesar da natureza do
tabu. Obrigada por terem fé em mim.
SOBRE OS CONTRIBUIDORES

RAY BOWYER é piloto de inspeção de calibração de voo e continua como piloto de linha
aérea comercialmente qualificado. Tem voado para dez linhas aérea que operam na Europa e
no Oriente Médio, incluindo Jersey European, Channel Express, Regionair, BusinessAir e
Farner Air. De 1999 a 2008, foi o comandante da Aurigny Air Services, nas Ilhas do Canal,
voando entre as ilhas e em rotas internacionais baseadas em Guernsey. Atualmente, voa como
comandante para uma corporação baseada nas Ilhas do Canal por toda a Europa e tem um total
de 7.000 horas de voo.

WILFRIED DE BROUWER passou vinte anos como piloto de caça na Força Aérea da
Bélgica. Foi, então, indicado para o ramo de Planejamento Estratégico da OTAN, em 1983,
como Coronel. Depois disso, tornou-se Comandante da Ala de Transporte da Força Aérea
Belga e, em 1989, tornou-se chefe da Divisão de Operações no Staff Aéreo. Promovido a
General Major, em 1991, De Brouwer serviu como Delegado Chefe de Staff da Força Aérea
belga. Começando em 1995, depois de se aposentar, ele trabalhou por mais de dez anos como
consultor das Nações Unidas, para melhorar as capacidades de resposta rápida da Logística da
ONU durante emergências.

JOHN J.CALLAHAN tem mais de trinta anos de experiência na Administração Federal da


Aviação (FAA), especializado nos centros de controle do tráfego aéreo. Como Chefe do Ramo
da Automação, supervisionou o planejamento, a programação, os testes e a implementação de
todos os programas de software das instalações de controle de tráfego aéreo. De 1981 a 1988,
foi Chefe de Divisão para Acidentes, Avaliações e Investigações, no Quartel General em
Washington, onde era responsável pela qualidade do serviço de tráfego aéreo fornecido aos
usuários da FAA. Após a aposentadoria, Callahan empregou-se como Analista Sênior do
Washington Consulting Group e Executivo Chefe da Crown Communications Consulting
Company. Ele agora possui e opera o Liberty Tax Service, em Culpeper, na Virgínia.
RAYMOND DUVALL é Professor da Morse-Alumni e Chefe do Departamento de Ciência
Política da Universidade de Minnesota. Suas publicações em coautoria incluem Poder na
Governança Global (Cambridge University Press, 2005), e Culturas da Insegurança: Estados,
Comunidades e a Produção de Perigo (University of Minnesota Press, 1999). Seus artigos
recentes apareceram em revistas acadêmicas tais como International Organization (2005-06),
Millenium (2007), Review of International Studies (2008) e Political Theory (2008). O ensino
e a pesquisa do Dr, Duvall focalizam-se em facetas da teoria das relações internacionais
críticas, incluindo os efeitos produtivos de práticas sociais.

RODRIGO BRAVO GARRIDO é capitão e piloto da Aviação do Exército do Chile. Em 2000,


com vinte e quatro anos, foi designado para conduzir um estudo interno intitulado “Introdução
ao Fenômeno Aéreo Anômalo e Suas Considerações para a Segurança Aeroespacial”,
envolvendo relatórios de casos prévios de encontros de aviões militares com FANE Desde
então, ele continuou essa pesquisa e agora trabalha em cooperação com o Comitê para o
Estudo de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFAA), um ramo da Administração Geral de
Aeronáutica Civil, o equivalente chileno da FAA americana.

JULIO MIGUEL GUERRA tornou-se piloto da Força Aérea portuguesa em 1973, e era um
oficial de operações especializado em prevenção de acidentes na Base Aérea de Ota. Em 1990,
começou a voar comercialmente para a Air Atlantis, uma linha charter da TAP, a linha aérea
nacional de Portugal, com a Air Columbus e a Air Atlanta, pilotando jatos Boeing 737-
200/300. Desde 1997, tem sido Comandante de Linha da Portugalia Airlines. Também é
instrutor de voo privado e examinador da Junta de Autoridades da Aviação, um órgão europeu
que desenvolve e implementa padrões regulatórios comuns de segurança. Com 18.000 horas de
voo, o Comandante Guerra se formou em Licenciatura em Ciência Aeronáutica, pela
Universidade Lusófona, em 2009.

RICHARD F. HAINES é um cientista pesquisador sênior, que trabalhou no Centro de Pesquisa


Ames, da NASA, de 1967 a 1988, em projetos tais como Gemini, Apollo, Skylab e Estação
Espacial Internacional, e administrou o Programa de Avaliação de Exibição na Tela da Junta
FAA/NASA. Foi nomeado Chefe do Escritório de Fatores Humanos no Espaço, da NASA-
Ames, em 1986. O Dr. Haines publicou mais de setenta e cinco trabalhos em revistas
científicas importantes e mais de vinte e cinco relatórios do governo americano para a NASA.
Desde que se aposentou, em 1988, trabalhou como pesquisador sênior para o Instituto de
Pesquisa para a Ciência da Computação Avançada, RECOM Technologies Inc., e Raytheon
Corporation. Atualmente trabalha para o Centro de Relatórios da Aviação Nacional sobre
Fenômenos Anômalos (NARCAP).

CHARLES I. HALT foi Tenente Coronel quando estava na Base da RAF em Bentwaters,
Inglaterra - a maior Ala de Combate Tático da Força Aérea Americana - como Delegado
Comandante da Base e, depois, como Comandante da Base. Após se tornar Coronel, foi
Comandante da Base Aérea de Kunsan, na Coréia, responsável pela base de F-16 para qualquer
ação ofensiva exigida na península coreana, e também contribuiu na instalação da Base de
Mísseis Cruise, na Bélgica. Finalmente, serviu como Diretor do Diretório de Inspeções, da
Inspetoria Geral do DoD, com supervisão de inspeção total de todo o Departamento de Defesa.
O Coronel Halt aposentou-se em 1991 e agora administra um grande condomínio fechado.

OSCAR SANTA MARIA HUERTAS foi piloto de combate da Força Aérea Peruana (FAP)
durante muitos anos, com experiência de voo em aviões T-41D, T-37, A-80, T-33, A-37, MB-
399 e SU-22. Ele ficou aquartelado em numerosas bases militares por todo o Peru e foi chefe
do Departamento Acadêmico e instrutor de voo na Escola de Oficiais da FAP. Santa Maria
também passou onze anos no Departamento de Investigação e Prevenção de Acidentes da
Força Aérea. Aposentou-se com o posto de comandante em 1997, mas permanece ativo,
trabalhando atualmente como consultor de Segurança de Voo e Prevenção de Acidentes para a
indústria de aviação, no Peru.
PARVIZ JAFARI é General aposentado da Força Aérea iraniana. Após entrar para a Força
Aérea, passou dois anos treinando nos Estados Unidos, na Base Aérea de Lackland, no Texas;
na Base de Craig no Alabama, e na Base de Nellis, em Nevada. Em seu país, Jafari serviu
como comandante de base em várias bases e no escritório de operações do Quartel General da
Força Aérea. Como General, tornou-se o oficial de coordenação entre o Exército, a Marinha e
a Aeronáutica iranianos. Aposentou-se em 1989 e vive em Teerã.

DENIS LETTY é um bem conhecido piloto de combate e Major General da Força Aérea
francesa. Foi chefe da Quinta Ala de Combate, da Base Aérea de Strasbourg, da Zona de
Defesa do Sudeste da Força Aérea francesa, e da Missão Militar Francesa, próxima das Forças
Aéreas Aliadas na Europa Central. Como comandante, foi condecorado com a Legião de
Honra. Depois de se aposentar, o General Letty serviu como presidente do Serviço de Defesa
da Aviação, que fornece treinamento de guerra eletrônica para as forças armadas. Também
tornou-se presidente do grupo COMETA, um comitê privado de busca profunda de fatos,
formado para estudar o fenômeno OVNI, com o Relatório publicado “OVNIs e Defesa”, em
1999.

JAMES PENNISTON entrou para a Força Aérea em 1973 e foi nomeado para a Guarda de
Elite do Comando Aéreo Estratégico, em Omaha, Nebraska, trabalhando em segurança para o
Posto de Comando SAC. Nomeações subseqüentes levaram-no para a Base da RAF de
Alconbury, na Inglaterra, e para a Base da Força Aérea de Malmstrom, em Montana, como
controlador de Segurança de Voo, para a proteção e prontidão de lançamento de ICBMs de
Minuteman. Em 1980, tornou-se o responsável de Planos e Programas de Polícia de Segurança
em Bentwaters, Inglaterra. Numerosas outras nomeações se seguiram, incluindo o serviço no
Escudo do Deserto e Tempestade do Deserto. Aposentou-se em 1993 e agora trabalha como
Administrador de Recursos Humanos da indústria e governo municipal em Illinois.

JOSE CARLOS PEREIRA é General Brigadeiro de quatro estrelas brasileiro, agora


aposentado. Foi comandante de várias bases aérea no Brasil, e comandante da Academia da
Força Aérea Brasileira. Em 1999, tornou-se comandante do Comando de Defesa do Espaço
Aéreo Brasileiro, conhecido como COMDABRA. De 2001 a 2005, serviu como General
Comandante de Operações da Força Aérea, que exigiu sua supervisão sobre treze generais e
27.000 subordinados. Em 2006, depois de se aposentar da Força Aérea, o General Brigadeiro
foi nomeado presidente da Agência de Infraestrutura de Aeroportos do Brasil, a agência do
governo responsável pela administração de aeroportos, posto do qual agora se aposentou.

JOHN PODESTA foi Chefe de Staff da Casa Branca do governo do Presidente William J.
Clinton. Também serviu no gabinete do presidente e como diretor do Conselho de Segurança
Nacional. Mais recentemente, foi copresidente da equipe de transição do Presidente Obama,
para o qual coordenou as prioridades da agenda de administração de entrada, supervisionou o
desenvolvimento de suas políticas e liderou seus compromissos das principais secretarias de
gabinete e nomeações políticas. Desde 2003, é o presidente do Centro para o Progresso
Americano, uma organização líder no desenvolvimento de advocacia para a política
progressista. Podesta é autor de O Poder do Progresso: Como os Progressistas da América
Podem (Mais Uma Vez) Salvar Nossa Economia, Nosso Clima e Nosso País.

NICK POPE trabalhou para o Ministério da Defesa britânico por vinte e um anos, de 1985 a
2006. Sua carreira envolveu postos nas divisões de política, operações, recursos humanos,
finanças e segurança. Durante a primeira Guerra do Golfo, foi recrutado para o Centro de
Operações da Junta, onde trabalhou na Sala de Operações da Força Aérea como
observador/porta-voz. De 1991 a 1994, o dever primário de Pope era investigar relatórios de
objetos voadores não identificados e avaliar se alguns avistamentos eram de interesse da
Defesa. Várias promoções se seguiram e seu último porto foi no Diretório de Segurança de
Defesa. Agora aposentado, Nick Pope trabalha como jornalista e locutor de rádio autônomo.

RICARDO BERMÚDEZ SANHUEZA é General aposentado da Força Aérea do Chile, que


serviu como Adido Aéreo chileno em Londres, e foi Comandante Chefe da Área Sul da Força
Aérea. Foi também diretor da Escola Técnica de Aeronáutica. Em 1998, co-fundou o Comitê
para o Estudo de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFA A), um ramo da Administração Geral
da Aeronáutica Civil, a FAA do Chile, para estudar incidentes da aviação envolvendo
fenômenos aéreos anômalos. Foi nomeado o primeiro presidente do CEFAA e serviu até 2002.
Em janeiro de 2010, foi renomeado Diretor da CEFAA e agora trabalha em tempo integral
investigando incidentes com OVNIs envolvendo pessoal da aeronáutica civil e militar.

FIFE SYMINGTON III foi governador republicano do Arizona de 1991 a 1997. Também foi
presidente da Associação de Governadores do Oeste. Veterano condecorado da guerra no
sudeste da Ásia, Symington é primo do último Stuart Symington, Senador democrata pelo
Missouri. Após o término de seu mandato, Symington cofundou o Instituto de Culinária do
Arizona e o Grupo Symington, uma consultoria estratégica, política e de negócios. Em 2007,
ele e seus sócios fundaram o Grupo Independente de Energia do Arizona, especializado no
desenvolvimento de matrizes solares comerciais. Piloto de longa data, ele frequentemente voa
em seu bimotor Beechcraft Baron entre suas duas casas, em Phoenix e Santa Bárbara, na
Califórnia.

JEAN-JACQUES VELASCO foi engenheiro do Centro Nacional de Estudos Espaciais


(CNES), da França, especializado em pesquisas de satélites. Em 1977, juntou-se a uma nova
equipe francesa formada para estudar fenômenos aeroespaciais não identificados dentro do
CNES. Tornou-se o diretor dessa agência em 1983, e permaneceu nesse posto até 2004,
tornando-se uma autoridade internacional no estudo científico de OVNIs. Seu conselho foi
buscado por países que desejavam estabelecer suas próprias agências governamentais para
investigar OVNIs, tais como o Chile e o Peru, e pelo Parlamento Europeu, em 1994. É autor de
vários livros sobre OVNIs.

ALEXANDER WENDT é professor de Segurança Internacional da Universidade Estadual de


Ohio. Anteriormente, lecionou na Universidade Yale, na Faculdade de Dartmouth e na
Universidade de Chicago. Está interessado nos aspectos filosóficos da política internacional e
publicou uma série de artigos em importantes revistas sobre ciência política, bem como um
livro em 1999, Teoria Social da Política Internacional (Cambridge University Press), que
recebeu, em 2006, o prêmio de Melhor Livro da Década da Associação de Estudos
Internacionais.
SOBRE A AUTORA

LESLIE KEAN é jornalista investigativa independente, com experiência em composição


literária e radiodifusão autônomas. Contribuiu com artigos para dezenas de publicações nos
Estados Unidos e no exterior, incluindo Boston Globe, Philadelphia Inquirer, Atlanta Journal-
Constitution, Providence Journal, International Herald Tribune, Globe and Mail, Sydney
Morning Herald, Bangkok Post, The Nation e The Journal for Scientific Exploration. Suas
histórias foram vendidas através do Knight Ridder/Tribune, do Scripps-Howard, do serviço de
notícias do New York Times, do Pacific News Service e da Associação Nacional dos Editores.
Durante os muitos anos que trabalhou como repórter em Burma, foi coautora do Burma’s
Revolution of the Spirit: The Struggles for Democratic Freedom and Dignity (Aperture, 1994),
e contribuiu com ensaios para uma série de antologias publicadas entre 1998 e 2009.
Kean também produziu e foi anfitriã de um programa investigativo diário de notícias na
Rádio KPFA, uma estação da Pacifica. Em 2002, cofundou a Coalizão para a Liberdade de
Informação (CFi), uma aliança independente que advoga uma abertura maior do governo em
relação a informações sobre OVNIs e pela cobertura responsável pela mídia, baseada em uma
abordagem crível e racional. Como diretora da CFi, foi a querelante em um bem sucedido
processo legal federal de quatro anos contra a NASA, relativo ao Ato para a Liberdade de
Informação. Kean foi produtora do documentário independente I Know What I Saw, de 2009, e
atualmente trabalha com a Break Thru Films, uma companhia de cinema premiada, em um
novo documentário.
NOTAS

. O acrônimo COMETA é a sigla formada pela abreviação de Comitê de Estudos


Aprofundados (Comitê d’Études Approfondies), o nome do comitê que conduziu o estudo.
2. O Relatório Cometa, “OVNIs e Defesa: Para o que Devemos nos Preparar?”, escrito pela
associação francesa COMETA, 1999. “Le rapport Cometa, les Ovni et la Defense, A quoi
doint-on se preparer?”, G.S. Presse Communication, 1999. Editions du Rocher, 2003.
Apareceu na revista VSD, na França, em julho de 1999.
3. Os membros do COMETA e contribuidores incluem: General Bernard Norlain, antigo
comandante da Força Aérea Tática francesa; André Lebeau, antigo chefe do CNES; General
Denis Letty, da Força Aérea, antigo auditor (FA) do IHEDN; General Bruno Lemoine, da
Força Aérea (FA do IHEDN); Almirante Marc Merlo (FA do IHEDN); Jean-Jacques Velasco,
chefe do SEPRA/GEPAN; Michel Algrin, doutor em Ciências Políticas, advogado (FA do
IHEDN); General Pierre Bescond, engenheiro de armamentos (FA do IHEDN); Denis
Blancher, superintendente nacional do Ministério do Interior; Christian Marchai, engenheiro-
chefe de Mineração Nacional, diretor de pesquisa no Escritório Nacional de Pesquisa
Aeronáutica (ONERA); General Alain Orszag, PhD em Física, engenheiro de armamentos.
Outros contribuidores incluem: François Louange, presidente da Fleximage, especialista em
análise fotográfica; General Joseph Domange da Força Aérea.
4. Leslie Kean, “Teóricos dos OVNIs Ganham Apoio no Exterior, mas Repressão em Casa”,
Boston Sunday Globe, 21 de maio de 2000.
5. Há muitos para mencionar, incluindo documentos oficiais, traslados, histórias em revistas,
artigos de jornal, e livros sobre um caso específico ou um determinado aspecto da pesquisa
OVNI. Muito trabalho proeminente também publicado em uma série de websites confiáveis, e
outros livros foram escritos mais recentemente. Os seguintes trabalhos cobrem o tópico OVNI
em geral, e foram de particular importância para mim pessoalmente, durante meus primeiros
anos de estudo, de 1999 a 2001: Edward J. Ruppelt, The Report on Unidentified Flying
Objects (Doubleday, 1956; edição revisada em 1959); Richard H. Hall, editor, The UFO
Evidence (NICAP, 1964); Edward U. Condon, Scientific Study of Unidentified Flying Objects
(Bantam Books, 1969); J. Allen Hynek, The UFO Experience: A Scientific Inquiry (Marlowe
& Company, 1972); David Jacobs, The UFO Controversy in America (Indiana University
Press, 1975); Lawrence Fawcett e Barry J. Greenwood, Clear Intent (Prentice-Hall, 1984);
Timothy Good, Above Top Secret (William Morrow, 1988); Don Berliner, UFO Briefing
Document (Dell, 1995); Budd Hopkins, Witnessed (Pocket Books, Simon & Schuster, 1996);
Stantaon T. Friedman, Top Secret/Majic (Marlowe & Co., 1996); Clifford E. Stone, UFOs are
Real (SPI Books, 1997); Jerome Clark, The UFO Encyclopedia, 2a. edição, vols. 1 e 2
(Omnigraphics, Inc., 1998); Peter A. Sturrock, The UFO Enigma: A New Review of the
Physical Evidence (Warner Books, 1999); Richard M. Doland, UFOs and the National
Security State (Keyhole Publishing Company, 2000); Terry Hansen, The Missing Times
(Xlibris, 2000); Bruce Maccabee, UFO/FBI Connection (Llewellyn Publications, 2000);
Richard H. Hall, The UFO Evidence: A Thirty-Year Report, vol.2 (The Scarecrow Press,
2001). Mais leitura abrangente pode ser encontrada em http://www.cufon.org/cufon/rlist/a-
n.htm e http://cufos.org/books.html.
6.Alguns exemplos de minhas histórias são: “Encontros de Pilotos com OVNIs: Um Novo
Estudo Desafia o Sigilo e a Negação”, Proviáence Journal e serviço de notícias Ridder, 3 de
maio de 2001; “Abram os Arquivos OVNIs para o Sossego de Nós Terráqueos”, Atlanta
Journal-Constitution e serviço de notícias Knight Ridder/Tribune, 13 de dezembro de 2002;
“Quarenta Anos de Sigilo: NASA, os Militares e a Queda em Kecksburg de 1965”,
International UFO Repórter (IUR), o jornal do Centro J.Allen Hynek de Estudos OVNI, vol.
30, n. 1, outubro de 2005; “O Que era Aquele Objeto flutuando sobre o 0’Hare?”, Scripps-
EIoward News Service, 26 de fevereiro de 2007; “Antigo Governador do Arizona Agora
Admite ver OVNI”, Arizona Daily Courier, 16 de março de 2007. Ver
www.freedomofinfo.org para mais informações sobre meu trabalho.
7. Richard Haines, Observing UFOs: An Investigative Handbook (Nelson-Hall, 1980), capítulo
2.
8. Staff da Junta, Washington, D.C., Relatório de Informação #5049, “Bélgica e o Assunto
OVNI”, 30 de março de 1990.
9. Don Berliner, UFO Briefing Document (Dell Publishing/Random House, 1995), p. 144.
10. Marie-Thérèse de Brosses, de uma entrevista com o Professor Auguste Meessen, “Um
Objeto Voador Não Identificado no Radar de um F-16”, Paris Match, 5 de julho de 1990.
11. O estudo “Étude Approfondie et Discussion de Certaines Observations du 29 Novembre
1989”, do Professor Auguste Meessen, Inforespace, n. 95, outubro de 1997, PP. 16-70, inclui
descrições do “showda bola vermelha” no Lago Gileppe,
http://www.meessen.net/AMeessen/Gileppe.pdf. Essas observações forain também descritas no
primeiro livro do SOBEPS.
12. André Marion, “Nouvelle Analyse de la Diapositive de Petit-Rechain” (Nova Análise do
Diapositivo de Petit-Rechain), Orsay, 17 de janeiro de 2002.
13. Auguste Meessen, professor emérito da Universidade de Louvain, “Reflexions sur la
propulsion dês OVNIs” (Reflexões sobre a Propulsão dos OVNIs),
http://www.meessen.net/AMeessen/ ReflexionPropulsion.pdf.
14. Texto traduzido do Professor Marion: “Parece difícil prever uma farsa criada com um
modelo ou outro aparelho similar. Isso é confirmado pela análise digital (ver mais)... A
existência das “linhas de força” é um forte argumento contra a tese de farsa, que seria
particularmente sofisticada. Além disso, não fica claro porque o falsificador teria se dado ao
trabalho de imaginar e perceber um fenômeno complexo, especialmente porque não é
perceptível sem o processamento sofisticado do slide”. Marion, ibid.
15. Richard F. Haines, “Segurança da Aviação na América - Um Fator Previamente
Negligenciado”, NARCAP Technical Report 01-2000, 15 de outubro de 2000,
http://www.narcap.org/reports/00l/narcap.TRI.AvSafaty.pdf. Relatei este em “Encontros de
Pilotos com OVNIs: Novo Estudo Desafia o Sigilo e a Negação”, Providence Journal/Knight
Ridder, 3 de maio de 2001.
16. Ver a Introdução deste livro, p. 27 para a definição do termo FANI do Dr. Haines.
17. Entrevista com David Biedny e Gene Steinberg para “The Paracast”, 5 de abril de 2009,
http://www.theparacast.com/show-archives/
18. Visite http://www.narcap.org para mais informações.
19. Encontrei-me com Daniels em sua casa fora de São Francisco e fiz entrevistas por telefone.
20. O Comandante Guerra tem 17.000 horas de experiência de voo e, em 2009, recebeu um
diploma em Ciência Aeronáutica, da Universidade Lusófona do Porto.
21. O relatório do General Ferreira, de 4 de setembro de 1957, encontra-se disponível nos
arquivos do Projeto Livro Azul. Sua descrição guarda uma semelhança estranha àquela
fornecida pelo General Parviz Jafari, do Irã, sobre o objeto que ele perseguiu sobre Teerã,
também como piloto da Força Aérea, em 1976. Jafari apresenta seu caso no Capítulo 9. Os
detalhes do encontro de Jafari foram arquivados pela Agência de Inteligência da Defesa, após
o encerramento do Projeto Livro Azul. Através de um intermediário, perguntei ao General
Ferreira se ele falaria comigo, esperando que isso acabasse rendendo uma extensa entrevista.
Por estar com a saúde fraca, ele declinou. Em 1975, Ferreira disse publicamente: “Acho que
estes eventos deveriam ser introduzidos e estudados nas universidades, porque este tipo de
fenômeno está muito distante de nossos desempenhos tecnológicos”. Portanto não era de
surpreender - e felizmente para Guerra e seus colegas pilotos - que como Chefe de Staff da
Força Aérea, ele liberasse os dados para a equipe científica de várias universidades para que
fossem feitos estudos.
22. O estudo português “Relatório Diurno de OVNI por Três Pilotos da Força Aérea
Portuguesa, Ota, Portugal”, pelo Centro Nacional para a Investigação de Fenômeno OVNI
(CNIFO), não foi traduzido para o inglês. Um resumo dos resultados, por J. Sottomayor e A.
Rodrigues, foi publicado em Flying Saucer Review, vol. 32, n. 2 (1987), PP. 12-13. Agora, o
Centro para o Estudo Transdisciplinar sobre a Consciência (CTEC), um grupo acadêmico
interdisciplinar, da Universidade Fernando Pessoa, reuniu todos os arquivos sobre fenômenos
OVNIs em Portugal, de acordo com seu cofundador, o Dr. Joaquim Fernandes. Para mais
informações, e-mail ctec@ufp.edu.pt.
23. Richard Haines e Courtney Flatau, Night Flying (McGraw-Hill School Education Group,
1992).
24. Força Aérea Americana Projeto Livro Azul arquivo WDO-INT 11-WC23, 1958.
25. Boletim da Organização de Pesquisa de Fenômeno Aéreo, janeiro-fevereiro de 1969, pp. 1-
4.
26. Esse nome é um pseudônimo.
27. Richard F. Haines e Paul Norman, “Desaparecimento de Valentich: Nova Evidência e uma
Nova Conclusão”, Journal of Scientific Exploration, vol.14, n. 1 (2000), pp. 19-33.
28. Bruce Maccabee, “Uma História de Avistamentos da Nova Zelândia de 31 de dezembro de
1978”, 2005, http://brumac.8k.com; Bruce Maccabee, “Atmosfera ou OVNI” Uma Resposta ao
Relatório do Painel de Revisão de SSE”, Journal of Scientific Exploration, vol. 13, n. 3 (1999),
pp. 421-59.
29. Richard F. Haines, International UFO Reporter, vol. 32, n. 3 (julho de 2009), pp. 9-18.
30. Richard F. Haines, “Tripulação de Jato Comercial Avista Objeto Não Identificado - Parte
I”, Flying Saucer Review, vol. 27, n. 4 (janeiro de 1982), pp. 3-6; Richard F. Haines,
“Tripulação de Jato Comercial Avista Objeto Não Identificado - Parte II”, Flying Saucer
Review, vol. 27, n. 5 (Março de 1982), pp. 2-8.
31. NTSB Report ATL03FA008.
32. E.D. Boyd, “O último Voo do Nightship 282”. Em preparação.
33. Boyd, ibid.
34. NTSB Relato de Acidente ATL03FA008, p. 4, sem data.
35. Staff de Análise da Inteligência da Defesa, Projeto Condigno, 2000.
36. Dominique F. Weinstein, “Fenômenos Aéreos Não Identificados: Oitenta Anos de
Avistamentos por Pilotos”, Centro Nacional da Aviação de Relatos sobre Fenômenos
Anômalos” (www. narcap.org), Relatório Técnico 4, 2001.
37. Richard F. Haines, “Segurança da Aviação na América - Um Fator Previamente
Negligenciado”, NARCAP, Relatório Técnico 01, 2000.
38. Centro Nacional de Relatos de OVNIs, 5 de agosto de 1992.
39. Jon Hilkevitch, “No Céu! Um pássaro? Um avião? Um... OVNI?” Chicago Tribune, 1o de
janeiro de 2007.
40. Haines et al, “Relato de um Fenômeno Aéreo Não Identificado e suas Implicações de
Segurança no Aeroporto Internacional O’Hare em 7 de novembro de 2006”, 9 de março de
2007, Relatório Técnico 10, NARCAP,
a
http://www.narcap.org/reports/010/TR10_Case_18 .pdf.
41. Ibid., p. 100
42. Ibid., p.5.
43. Ibid., p.54.
44. Jean-François Baure, David Clarke, Paul Fuller e Martin Shough, “Relatório sobre
Fenômenos Aéreos Observados Perto das Ilhas do Canal, Reino Unido, 23 de abril de 2007”,
fevereiro 2008, http://www.guernsey.uk-ufo.org/.
45. Comandante é a patente equivalente a coronel na Força Aérea Americana.
46. A descrição de Jafari do OVNI, de muito perto, é incomum. Porém apresenta uma
extraordinária semelhança com um relatório preenchido por outro general, quando ele, como
Jafari, também era piloto da Força Aérea. Como na referência, no capítulo 4, de Julio Guerra, e
em minha nota daquele capítulo, O general português José Lemos Ferreira submeteu sua
descrição de um OVNI ao Projeto Livro Azul da Força Aérea Americana, em 1957. O
documento está disponível naqueles arquivos. Quando estava num voo de prática noturna com
três outros jatos da Força Aérea, Ferreira viu um objeto que parecia uma “estrela brilhante
incomumente grande e cintilante, com um núcleo colorido, que mudava constantemente de cor
- tonalidades de verde profundo, de azul e avermelhados e alaranjados”. Observe a semelhança
com a descrição de Jafari: “Parecia uma estrela, mas maior e mais brilhante” e, depois,
“piscava com as cores vermelho, verde, laranja e azul, tão brilhantes que eu não conseguia ver
o seu corpo... A sequência de flashes era extremamente rápida, como uma luz estroboscópica”.
A frase seguinte é congelantemente consistente nos dois encontros. Ferreira diz que os pilotos
viram “primeiro, um pequeno círculo de luz amarela saindo do objeto maior; depois, outros
três” e eles eram consideravelmente menores do que o objeto principal cintilante. Jafari afirma,
posteriormente neste capítulo, que ele “viu ‘um objeto redondo’ deixando o objeto maior e se
dirigindo para ele, parecendo uma lua brilhantemente iluminada saindo do horizonte”. E ele
também testemunhou uma dessas luzes redondas ejetadas daquela brilhante, mas uma série
delas. Ambos os incidentes envolveram múltiplas testemunhas da Força Aérea. O caso de
Jafari foi relatado em grande detalhe em um documento da Agência de Inteligência da Defesa
dos Estados Unidos, como descrito depois neste livro. É bastante incomum que pilotos que
tiveram essas visões próximas e prolongadas de OVNIs, enquanto estão no ar, com relatórios
detalhados a serem preenchidos sobre eles, e para os que testemunharam serem,
posteriormente, promovidos à patente de general. Mas, quando os detalhes são notavelmente
semelhantes - muito embora haja entre eles uma distância temporal de dezenove anos e tenham
ocorrido em dois continentes diferentes - é razoável imaginar se os dois grupos de pilotos não
estavam testemunhando os mesmos, ou praticamente idênticos, fenômenos.
47. A exposição à radiação pode reduzir a produção e/ou agregação de plaquetas sanguíneas,
que são essenciais à coagulação. Talvez isso explique o problema de Jafari, mas não sabemos.
Ele não tem cópias dos registros médicos.
48. O primeiro esboço deste texto foi traduzida do espanhol por Andréa Soares Berrios e Oscar
Zambrano, que também fizeram a tradução durante as comunicações que se seguiram e,
posteriormente, o desenvolvimento do texto. Trabalhei na edição final com o Comandante
Santa Maria em inglês.
49. General Nathan F. Twining para o Comandante do Comando de Material Aéreo (AMC):
“AMC Opinião Concernente a ‘Discos Voadores’”, 23 de setembro de 1947 (contido em
Edwin U. Condon, diretor de projeto, Estudo Científico de Objetos Voadores Não
Identificados, 1969), pp. 894-95.
50. Diretiva - General Major L.C. Craigie para o Comando Geral do Campo Wright (Base da
Força Aérea Wright-Patterson), Disposição e Segurança para o Projeto Sign, 30 de dezembro
de 1947 (contido em Edwin U. Condon, diretor de projeto, Estudo Científico de Objetos
Voadores Não Identificados, 1969), p.896.
51. Edward J. Ruppelt, O Relatório sobre Objetos Voadores Não Identificados (Doubleday &
Company, 1956), pp.62-63. Ruppelt foi o primeiro chefe do Projeto Livro Azul, do começo de
1951 até setembro de 1953. David Michael Jacobs, A Controvérsia OVNI na América (Indiana
University Press, 1975), p. 47. Michael D. Swords, “Projeto Sign e a Avaliação da Situação”,
Journal of UFO Studies, n.s. 7 (2000), pp. 27-64,
http://www.ufoscience.org/history/swaords.pdf.
52. W.P. Keay, memorando do FBI, “Discos Voadores”, 29 de julho de 1952 (contido em
Bruce Maccabee, UFO FBI Connection (Llewellyn Publications, 2000).
53. W.P. Keay, memorando do FBI, “Discos Voadores”, 27 de outubro de 1952 (Maccabee,
ibid.).
54. A coletiva de imprensa foi filmada e a afirmação de abertura do General Samford tem sido
mostrada em numerosos documentos. Ela pode ser vista no documentário de James Fox Eu Sei
O Que Eu Vi e neste clipe de notícia de 1952: http://www.youtube.com/watch?
v=utX5HvMOOPM.
55. H. Marshall Chadwell, memorando para o diretor da Inteligência Central, 2 de dezembro
de 1952.
56. H. Marshall Chadwell, memorando para o diretor da Inteligência Central, “Discos
Voadores”, 11 de setembro de 1952, pp. 3-4.
57. “Objetos Voadores Não Identificados”, 4 de dezembro de 1952, IAC-M-90.
58. F.C. Durant, “Relato de Reuniões do Painel Consultivo Científico sobre Objetos Voadores
Não Identificados”, convocadas pelo Escritório de Inteligência Científica, CA, 14-18 de
janeiro de 1953.
59. Hynek, The Hynek UFO Report, p.23.
60. J. Allen Hynek, The UFO Experience (Marlowe & Company, 1998, originalmente
publicado em 1972), p.169.
61. Ibid., p. 186.
62. Ibid., p. 183
63. Essa carta, datada de 10 de setembro de 1966, foi encontrada nos arquivos do Instituto
Smithsoniano pelo Dr. Michael Swords.
64. “OVNI: Amigo, Inimigo ou Fantasia?”, apresentado por Walter Cronkite, CBS especial,
1966, http://www.cbsnews.com/video/watch/?id=2935380n.
65. Congressista Gerald R. Ford, carta para L. Mendel Rivers, Presidente, Comitê de
Astronáutica e Ciência do Comitê das Forças Armadas, 28 de março de 1966; David Michael
Jacobs, A Controvérsia OVNI na América (Indiana University Press, 1975), p. 204.
66. Robert J. Low, memorando para E. James Archer e Thurnston E. Manning, “Alguns
Pensamentos sobre o Projeto OVNI”, 9 de agosto de 1966, contido em David R. Saunders e R.
Roger Harkins, OVNIs? Sim! Onde o Comitê Condon Errou (Signet Books/New American
Library, 1968), pp. 242-44.
67. John Fuller, “Fiasco do Disco Voador”, Look, 14 de maio de 1968.
68. Audiências diante do Comitê sobre Ciência e Astronáutica, Casa de Representantes dos
Estados Unidos, Nonagésimo Congresso, “Simpósio sobre Objetos Voadores Não
Identificados”, 29 de julho de 1968 (U.S. Government Printing Office, Washington, 1968), p.
32.
69. Ibid., p. 15
70. Edward U. Condon, diretor de projeto, e Daniel S. Gillmor, editor, Estudo Científico de
Objetos Voadores Não Identificados (Bantam, 1969), p.407.
71. “Revisão do Relatório da Universidade do Colorado sobre Objetos Voadores Não
Identificados pelo Painel da Academia Nacional de Ciências”, 1969.
72. “Força Aérea Encerra Estudo de OVNIs”, New York Times, 18 de dezembro de 1969.
73. J.P. Knettner et AL., “OVNI: Uma Avaliação do Problema, uma Afirmação pelo
Subcomitê da AIAA”, Astronáutica e Aeronáutica, 8, n. 11.
74. BBC News, “Unidade de Investigação de OVNIs fechada pelo Ministério da Defesa”, 4 de
dezembro de 2009. http://news.bbc.co.Uk/2/hi/uk_news/8395473.stm.
75. GEIPAN é a sigla de Grupo de Estudo e de Informação sobre Fenômenos Aeroespaciais
Não Identificados.
76. CNES é a sigla de Centre National d’Études Spatiales (Centro Nacional de Estudos
Espaciais).
77. Associated Press, “Agência Espacial Francesa Coloca Arquivos OVNI Online”, 23 de
março de 2007, http://foxnews.eom/story/0,2933,260590,00.html.
78. Sarah Lyall, “História Emocionante de OVNI Britânico! Funcionários do Governo
Estavam Falando a Verdade”, New York Times, 26 de maio de 2008.
79. Nick Pope, “Ameaças Voadoras Não Identificadas”, New York Times, 29 de julho de 2008.
80. Fenômenos Aéreos Não Identificados: Um Desafio à Ciência. O livro foi publicado por Le
Cherche Midi, 2007.
81 http://www.eeb.org/publication/1999/eeb_position_on_the_precautionar.html. Ver também:
http://ec.europa.eu/dgs/health_consumer/library/pub/pub07_en.pdf.
82 O filme de James Fox, Eu Sei O Que Eu Vi (I Know What I Saw), inclui alguns clipes desta
entrevista com o General Letty, em sua casa, e também cobre o Relatório COMETA e o
trabalho do GEIPAN.
83 Oscar Zambrano traduziu algumas seções sobre o Capitão Girard e o Capitão Fartek. O
restante foi escrito em inglês.
84. Entrevista com o General Thouverez, Armées d’aujourd’hui (Exércitos de Hoje), julho de
2002.
85. O primeiro esboço muito mais longo deste texto foi escrito em francês e traduzido por
Jean- Luc Rivera. Ao longo de todo o processo de edição, Sr. Velasco e eu trabalhamos em
inglês.
86. Velasco está se referindo ao caso de 1967 descrito por Robert Salas, no capítulo 15 e
outros avistamentos que ocorreram na área de Malmstrom por volta do mesmo período de
tempo.
87. GEPAN: Grupo de Estudos de Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados.
88. SEPRA: Serviço de Expertise dos Fenômenos de Retornos Atmosféricos.
89. O caso foi apresentado no relatório do GEPAN Nota Técnica No. 16, Enquete 81/01,
“Análise de um Vestígio”, 1o de março de 1983. Para mais informações sobre o caso Trans-
em-Provence, ver “Relatório sobre a Análise de Vestígios Físicos Anômalos: O Caso OVNI
Trans-em-Provence, de 1981”, por Jean-Jacques Velasco, p.27 e “Retorno a Trans-em-
Provence”, por Jacques F. Vallée, p. 19, no Journal of Scientific Exploration, vol. 4, n. 1,
1990. Ambos os artigos também podem ser encontrados no excelente livro O Enigma OVNI:
Nova Revisão da Evidência Física, por Peter A. Sturrock (Warner Books, 1999), pp.257-97. O
trabalho de Vallée é digno de nota. O site do caso OVNI em Trans-em-Provence de 1981 foi
visitado novamente durante 1988. Amostras de solo colhidas naquela época da investigação
inicial foram analisadas em um laboratório americano, num esforço para validar o estudo do
caso pelo GEPAN/CNES. Os resultados da entrevista com a testemunha e sua esposa e o
exame das amostras tiradas da superfície e abaixo dela do vestígio físico apoiam os achados da
equipe do CNES e a confiabilidade do testemunho.
90. Dominique Weinstein, “Fenômenos Aéreos Não Identificados: Oitenta Anos de
Avistamentos por Pilotos - Catálogo de Avistamentos por Pilotos militares, Comerciais e
Privados de 1916 a 2000”, fevereiro de 2001, 6a edição.
91. Richard Mandelkorn, Comandante, Marinha dos Estados Unidos, “Relatório de Viagem
para Los Alamos, Novo México, 16 de fevereiro de 1949”, Assunto: Projeto Grudge, 18 de
fevereiro de 1949, p.4. Arquivo do Projeto Livro Azul.
92. Memorando do Quartel General do Quarto Exército para o Diretor de Inteligência,
“Aeronave Não Convencional (Controle n° A-1017)”, pelo Coronel Eustis L. Poland.
www.projectl947.com/gfb/poland.htm.
93. Relatório concernente à conferência realizada em 27 e 28 de abril de 1949, na Base da
Força Aérea Kirtland sobre fenômenos aéreos não identificados, para o diretor de
investigações especiais, Washington, D.C., em 12 de maio de 1949, p.4. Dos Arquivos do
Projeto Livro Azul. Richard Mandelkorn, Comandante, Marinha dos Estados Unidos,
“Relatório de Viagem para Los Alamos, Novo México, 16 de fevereiro de 1949”, Assunto:
Projeto Grudge, 18 de fevereiro de 1949, p. 4. Arquivo do Projeto Livro Azul.
94. George E. Valley, “Algumas Considerações que Afetam a Interpretação dos Relatos de
Objetos Voadores Não Identificados”, relatório para o Projeto Sign, USAF, originalmente
classificado como Secreto.
95. Larry Hatch, Projeto de Conexão Nuclear (1998); ver também o livro de Robert Hastings:
OVNIs e Bombas Nucleares: Encontros Extraordinários em Sítios de Armas Nucleares
(Author House, 2008), para detalhes deste e de outros incidentes.
96. Folha de fato da Força Aérea, “Objetos Voadores Não Identificados e o Projeto Livro Azul
da Força Aérea”, pode ser encontrada em
http://www.af.mil/information/factsheet.aspJfsIBM88. Liberação de notícia de 17 de dezembro
de 1969, n° 1077-69, “Força Aérea termina o Projeto Livro Azul”, foi emitida pelo Escritório
do Secretário Assistente de Defesa (Assuntos Públicos), Washington, D.C.-20301. Ver
http://www.dod.gov/pubs/foi/ufo/asdpal.pdf.
97. Esta é a mesma audiência discutida no capítulo 11 em referência ao testemunho de James
E. McDonald, realizada imediatamente antes que o Relatório Condon fosse emitido e o Projeto
Livro Azul fosse encerrado.
98. Audiências diante do Comitê de Ciência e Astronáutica, Câmara dos Deputados dos
Estados Unidos, Nonagésimo Congresso, “Simpósio sobre Objetos Voadores Não
Identificados”, 29 de julho de 1969 (U.S. Government Printing Office, Washington 1968), pp.
121-24.
99. Ver Capítulo 11 para rever detalhes da coletiva de imprensa de Samford. Ele afirmou que a
porcentagem de relatos críveis de OVNIs não representava “qualquer ameaça concebível aos
Estados Unidos”.
100. UPI, “Disposição da Força Aérea sobre ‘Discos’ Citada; panfleto do Inspetor Geral
Chamou o Objetos de ‘Assunto Sério’”, New York Times, 28 de fevereiro de 1960.
101. Afirmação do Exmo. Leonard G. Wolf, de Iowa, na Câmara dos Deputados, 31 de agosto
de 1960. Está no Registro do Congresso, p. 18955.
102. Quartel General SAC para a Área de Material Aéreo de Ogden (OOAM A), Base da
Força Aérea de Hill, Utah, “Perda de Alerta Estratégico, Echo Flight, Base da Força Aérea de
Malmstrom”, de março de 1967. Originalmente classificado como secreto. O documento foi
reimpresso na p. 108 de Gigante Desvanecido, de Robert Salas e James Klotz (publicado
privadamente em 2004), um livro com informações úteis sobre o caso Malmstrom e outros
incidentes de OVNI com mísseis desde os anos 60. Para informações mais amplas e detalhadas
em tais casos, ver Robert Hastings, OVNIs e Armas Nucleares: Encontros Extraordinários em
Sítios de Armas Nucleares (Author House, 2008).
103. Sala, op. Cit., p. 29.
104. Hastings, op.cit.
105. C. H. Bolender, Brigadeiro General da USAF, memorando, “Objetos Voadores Não
Identificados”, 20 de outubro de 1969, obtido através do FOIA por Robert Todd em 1979.
http://www. nicap.org/directives/Bolender_Memo.pdf.
106. Diário do Diretor Sênior da 24a Região do NORAD, novembro de 1975.
107. Ward Sinclair e Art Harris, “OVNIs Visitaram as Bases dos Estados Unidos, Dizem
Relatos”, Washington Post, 1979.
108. Centro de Comunicação JCS do USDAQ Mensagem de Tehran 230630Z, setembro de
1976, liberado em 1977 através do Departamento de Defesa, “Relatado Avistamento de
OVNI”, 3 páginas mais 1 página de avaliação. Ver também Henru S. Shields, “Agora Você
Vê, Agora Você Não Vê”. Serviço de Segurança da Força Aérea dos Estados Unidos, MIJI
Trimestral Relato 3-78, outubro de 1978.
109. Esta lista constitui exatamente o modo que está no documento, exceto pelo fato de eu ter
colocado balas onde havia letras (a.-f) e removi 1) da primeira linha (“um relato notável...”)
para ficar mais fácil de ler.
110. Departamento de Defesa, centro de mensagens da Junta de Chefes de Staff, “OVNI
Avistado no Peru”, 3 de junho de 1980.
111. Dr. J. Allen Hynek, Philip J. Imbrogno e Bob Pratt, Cerco Noturno: Avistamentos de
OVNIs do Vale do Hudson (Llewellyn Publications, 1998), p. 81.
112. Entrevista com Heinrich Nicoll para a série televisiva da NBC “Mistérios Não
Resolvidos”, apresentada por Robert Stack.
113. Hynek, Imbrogno e Pratt, op. cit., p. 117.
114. Ibid., p. 2.
115. Ibid., pp. 165-166.
116. Pesquisa de Hynek sobre a onda do Vale do Hudson reunida no livro de leitura bem
agradável Cerco Noturno, publicado após sua morte, primeiro em 1987 e, posteriormente,
reeditado em colaboração com Philip Imbrogno e Bob Pratt.
117. Enquanto ele estava investigando os “bumerangues do Condado de Westchester, em Nova
York, o Dr. Hynek deixou este ensaio em um disquete na casa de seu amigo Dr. Will Smith,
em 30 de agosto de 1985. Intitulado “As Raízes da Complacência”, era para ser o esboço de
um prefácio para Cerco Noturno. Algumas semanas após escrevê-lo, Hynek foi operado. Sua
saúde declinou rapidamente nos meses seguintes, e ele faleceu em abril de 1986. Este último
ensaio é bem diferente do prefácio muito menor de Cerco Noturno em seu estilo íntimo e
apaixonado, não editado.
118. J. Allen Hynek, O Relatório OVNI de Hynek (Dell Publishing, 1977), p. 1.
119. As conclusões do grupo de trabalho, intituladas “Objetos Voadores Não Identificados” e
classificadas como Sigilo Discreto, foram apresentadas em um documento datado de junho de
1951, recebendo a designação DSI/JTIC Report no. 7. Suas seis páginas estão postadas em
http://www.nickpope.net/documents.htm.
120. Foi liberado posteriormente, em 2001, sob o titulo de “Relatório de Avistamento de
Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs), Floresta de Rendlesham, dezembro de 1980”.
Os documentos-chave estão postados em http://www.nickpope.net/documents.htm.
121. Um relato detalhado do que aconteceu é fornecido por Jim Pennistonn, no próximo
capítulo deste livro.
122. Para um relato mais detalhado do caso, ver o livro de Georgina Bruni, Você Não Pode
Dizer às Pessoas (Pan Books, 2001).
123. Carta de Lord Hill-Norton para Lord Gilbert, Ministro de Estado, Ministério da Defesa,
datada de 22 de outubro de 1997.
124. Estudo do Staff de Análise da Inteligência de Defesa, dezembro de 2000, “Fenômenos
Aéreos Não Identificados na Região de Defesa Aérea do Reino Unido”, vol. 1, cap. 5, p. 4. Ver
http:// www.mod.uk/NR/rdonlyres/AB43D483-FF03-44FO-85DE-
C4233C7C9F10/0/uap_voll_ch5_ pg4.pdf para extrato relevante.
125. BBC News, “Investigação de OVNI em Unidade Fechada pelo Ministério da Defesa”, 4
de dezembro, 2009, http://news.bbc.co.Uk/2/hi/uk_news/8395473.stm.
126. OIFAA significa Oficina de Investigação de Fenômenos Aéreos Anômalos. A Força
Aérea Peruana estabeleceu a agência dentro da DINAE, Divisão de Interesses Aeroespaciais,
um departamento da Força Aérea, em dezembro de 2001.
127. O Dr. Anthony Choy, um investigador de campo de FANI e membro fundador da
OIFAA, foi o investigador chefe na região bastante remota de Chulucanas, começando até
antes da OIFAA ser fundada em 2001. Choy teve a experiência única de, em 2003, realmente
testemunhar um dramático evento OVNI sobre a praça de uma antiga cidade, junto com cerca
de quarenta outras testemunhas, enquanto conduzia um processo de investigações. Seus
estudos nessa região precipitaram o primeiro reconhecimento da Força Aérea de um fenômeno
desconhecido, mas fisicamente real. Choy está agora peticionando ao governo peruano a
liberação de seus arquivos OVNI.
128. Daniel Iglesias, “Uruguai: Força Aérea Libera Arquivos OVNI, Hipótese Extraterrestre
Não Repudiada”, 6 de junho de 2009, http://www.elpais.com.uy.
129. CEFAA é o Comitê de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos. Foi estabelecido em
outubro de 1997, dentro do Departamento de Aeronáutica Civil, a Diretoria Geral de
Aeronáutica Civil, ou DGAC, o equivalente chileno à FAA americana.
130. Estes detalhes sobre a cerimônia vieram de uma comunicação pessoal, por e-mail, com o
General Bermúdez, em janeiro de 2010.
131. Seções deste trabalho foram traduzidas do espanhol por Gustavo Rodriguez Navarro,
Oscar Zambrano e Andrea Soares Berrios.
132. A Brigada de Aviação do Exército do Chile é conhecida como BAVE.
133. Carlos Alberto Ferreira Bacellar, Comandante da Estação Oceanográfica de Trindade,
“Esclarecimento da Observação de Objetos Voadores Não Identificados Avistados sobre a Ilha
de Trindade, no Período de 5/12/57 a 16/1/58”.
134. A informação sobre as fotos de Trindade foram obtidas de Don Berliner, Documento de
Informação OVNI (Dell Publishing, 1995), pp. 71-77. Relato disponível em http://www.
bibliotecapleyades.net/ciencia/ufo_briefingdocument/1958.htm#50.
135. Os arquivos brasileiros podem ser vistos online. Ver o relato da Operação Disco da
Agência Nacional de Inteligência: http://www.ufo.com.br/public/prato/ACE_3370.83.pdf;
também o relato da Operação Disco da Força Aérea brasileira:
http://www.ufo.com.br/public/prato/ACE_3370.83.pdf. Arquivos mais recentes podem ser
acessados em www.ufo.com.br/public/abertura_2. E mais através destes links
www.ufo.com.br/public/abertura_l, www.ufo.com.br/public/brasil,
www.ufo.com.br/public/documents, e www.ufo.com.br/public/prato.
136. Serviços de tradução foram fornecidos por Eduardo Rado, do Brasil, e Andrea Soares
Berrios, de Nova York.
137. Brigadeiro do Ar José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, comandante do Comando
Aéreo da Defesa Aérea, para o Comando Geral Aéreo, “Relatório de Ocorrência”, 2 de junho
de 1986. Ambos os documentos originais em português e em inglês podem ser vistos em
www.ufo.com.br/documentos/night.
138. Conhecido como COMDABRA.
139. Comando de Operações de Defesa Aérea, conhecido como CODA.
140. Teletipo do Departamento de Estado, “Cruzada OVNI de Granada: Déjà vu”, 18 de
novembro de 1978, liberado através do Ato de Liberdade de Informação. Fonte: Clifford E.
Stone, OVNIs São Reais (SPI Books, 1997).
141. Teletipo do Departamento de Estado, “Resolução OVNI Granadina”, 28 de novembro de
1978, classificado como Confidencial e liberado através do FOIA, Fonte: Clifford E. Stone,
OVNIs São Reais (SPI Books, 1997), Doc. 5-21ª.
142. Teletipo do Departamento de Estado, 18 de novembro de 1978, op.cit.
143. Ibid.
144. Teletipo do Departamento de Estado, “Resolução OVNI de Granada”, 2 de dezembro de
1978. Fonte: Clifford ED. Stone, OVNIs São Reais (SPI Books, 1997), Doc. 5-22.
145. J. Allen Hynek, discurso nas Nações Unidas, 27 de novembro de 1978. Seu discurso está
resumido em um teletipo do Departamento de Estado, “Resolução OVNI de Granada”, 28 de
novembro de 1978.
146. Relato de Avistamento para o Bureau OVNI Internacional, Oklahoma City, Oklahoma, 18
de setembro de 1973.
147. Dr. Frank Press, carta para o Dr. Robert Frosch, 21 de julho de 1977. Richard C. Flenry,
“OVNIs e a NASA”, Journal of Scientific Exploration, vol. 2, n° 2 (1988), p. 109.
148. Dr. Robert Frosch, carta para o Dr. Frank Press, 6 de setembro de 1977. Carta completa
incluída no apêndice: Richard C. Henry, “OVNIs e a NASA”, Journal of Scientific
Exploration, vol. 2, n° 2 (1988), p.110-11.
149. Dr. Frank Press, carta ao Dr. Robert Frosch, 14 de setembro de 1977. Carta completa
incluída no apêndice: Richard C. Henry, “OVNIs e a NASA”, Journal of Scientific
Exploration, vol. 2, n° 2 (1988), p. 114.
150. Charles E. Senn, carta a Duward L. Crow, Io de setembro de 1977.
151. Dr. Robert Frosch, carta ao Dr. Frank Press, 21 de dezembro de 1977. Henry, p. cit.,
p.115.
152. Dr. Richard Henry, memorando ao Dr. Noel Hinners, Assunto: Questões OVNI, 17 de
janeiro de 1978; Richard C. Henry, “OVNIs e a NASA”, Journal of Scientific Exploration, vol.
2, n° 2 (1988), p. 130
153. Ver capítulo 6 sobre o incidente do O’Hare em 2006 e a resposta da FAA.
154. Ver capítulo 7 para rever.
155. BBC News, “OVNI Confunde os Peritos da Aviação”, 15 de setembro de 1999. Ver:
http://www. news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/448267.stm.
156. Ver Seção 7-6-4, “Relatos de Objeto Voador Não Identificado (OVNI)”. O Manual
encontra-se em:
http://www.faa.gov/air_traffic/publications/ATpubs/AIM/Chap7/aim0706.html.
157. Manual da FAA, ibid.
158. Entrevista da autora com Nick Pope via uma série de e-mails, agosto de 2009.
159. Associated Press, “FAA Investiga o Avistamento de OVNI pelo Voo da JAL 1628”,
1986; e United Press International, “Piloto Descreve Encontro ‘Incrível’ com OVNI”, 31 de
dezembro de 1986.
160. “Registro de Entrevista com Comandante da JAL”, 2 de janeiro de 1987, pp. 16-17. O
transcrito foi fornecido aos pesquisadores pela FAA em 1987.
161. Bruce Maccabee, “O Voo Fantástico do JAL 1628” http://brumac.8k.com/JAL1628.html.
Este é o mais completo relato do avistamento sobre o Alasca e altamente recomendado. O Dr.
Maccabee é o autor ou coautor de cerca de três dúzias de artigos técnicos e mais de uma
centena de artigos sobre OVNIs nos últimos vinte e cinco anos. Ele também é o principal
analista de fotos de imagens de OVNIs. Ver: http://brumac.8k.com.
162. AP e UPI, op. cit.
163. Um Twix é uma mensagem enviada para toda a mídia aconselhando-a a transmiti-la ou
imprimi-la em um artigo de notícias. Pode ser transmitida tanto por e-mail, quanto por fax ou
por impressão.
164. Sweetman é o editor norte-americano de Jane’s Defence Weekly. A história foi publicada
no Jane’s International Defence Review, em 2000; ver:
http://www.janes.com/defence/news/jidr/jidr000105_01_n.shtm.
165. Senador Barry Goldwater, carta ao “Sr. S.A.”, em o “Senado dos Estados Unidos”, 28 de
março de 1975. O nome do receptor, que tinha escrito para perguntar sobre o interesse do
senador nos OVNIs foi retirado do documento quando este foi liberado através do Ato de
Liberdade de Informação. Os nomes em numerosas outras cartas similares não foram retirados.
166. Senador Barry Goldwater, carta para Lee M. Graham, em o “Senado dos Estados
Unidos”, 19 de outubro de 1981.
167. Senador Barry Goldwater, carta a William S. Steinman, em “O Senado dos Estados
Unidos”, 20 de junho de 1983.
168. O clipe de rádio pode ser visto no YouTube em: http://www.youtube.com/watch?
v=gPFBglNNUBU. Numerosos websites afirmam que esse clipe foi retirado de uma entrevista,
de 1994, com Larry King, na CNN, mas não consegui verificar isso.
169. Liberação de Notícia, Congressista norte-americano Steve Schiff, Primeiro Distrito
Congressional do Novo México, 28 de julho de 1995.
170. James McAndrew, Quartel General da Força Aérea dos Estados Unidos, “O Relatório
Roswell: Caso Encerrado”, julho de 1994, http://www.af.mil/information/roswell/index.ap.
171. Os relatos do NUFORC podem ser encontrados em www.nurforc.org. Ver também o
documentário Eu Sei o Que Eu Vi, dirigido por James Fox, para as entrevistas com testemunha
(o trailer pode ser visto em www.iknowwhatisawthemovie.com).
172. Richard Price. “Os moradores do Arizona Dizem que a Verdade Sobre os OVNIs está Lá
Fora”, USA Today, 18 de junho de 1997.
173 O clipe de televisão de uma estação local do Arizona está incluído em I Know What I Saw
(Eu Sei o Que Eu Vi).
174. O clip da cobertura televisiva da coletiva de imprensa pode ser encontrado em I Know
What I Saw.
175. Senador John McCain, carta ao eleitor (nome retirado), Senado dos Estados Unidos, 9 de
outubro de 1997.
176. Dr. Bruce Maccabee, “Relatório sobre as Luzes de Phoenix”, 1998, http://brumac.8k.com/
phoenixlights.html. Esse estudo detalhado conclui da seguinte maneira: “A explicação mais
parcimoniosa dessas luzes é de que eram labaredas (assim como afirmado no dia 13 de maio de
1997, luzes pela Guarda Nacional de Maryland). Essa análise é, portanto, consistente com
aquela que a Cognitech Corporation (Dr. Leonid Rudin) fez para o documentário do Discovery
Channel (novembro de 1997). Também é consistente com a análise do Dr. Paul Scowen,
professor de astronomia da ASU, como relatado pelo autor Tony Ortega, no jornal “New
Times”, de Phoenix, de 5 a 11 de março de 1998, que mostrava que as luzes estavam além dos
picos da montanha no K vídeo. Naquele artigo do jornal, o autor também relatou que uma
“oficial de informação pública da Guarda Nacional do Arizona, Capitã Eileen Benz, tinha
determinado que as labaredas tinham caído às 22 horas sobre a North TAC Range, u
quilômetro a sudoeste de Phoenix, de uma altitude incomumente alta de 5 mil metros. Exceto
pela distância afirmada, que deveria ser mais para 100 quilômetros, essa afirmação é
consistente com a análise apresentada aqui.” Um segundo trabalho do Dr. Maccabee,
“Discussões Suplementares de Vídeos das Luzes de Phoenix, de 13 de março de 1997”, janeiro
de 2006, pode ser encontrado em http://brumac.8k.com;PhoenixSupplement/.
177. Dennis Robert, repórter da Modesto Bee, um jornal do norte da Califórnia, participou da
coletiva de imprensa em Stockton, Califórnia, e gravou-a. Ele me enviou uma transcrição por
e-mail em Io de março de 2000.
178. Ver capítulo 17 de Nick Pope, “Os Verdadeiros Arquivos X”, para uma revisão do
incidente de Cosford.
179. Ver o capítulo anterior para trechos dessas cartas.
180. Ver www.freedomofinfo.org para maiores informações sobre a Coalizão.
181. Debate presidencial da MSNBC, 30 de outubro de 2007. Transcrição:
http://www.msnbc.msn. com/id/21528787/page/22/.
182. Ver www.freedomofinfo.org para o texto completo da Declaração Internacional para o
Governo dos Estados Unidos, liberada pela primeira vez em novembro de 2007.
183. Alexander Wendt e Robert Duvall, “Soberania e os OVNIs”, Political Theory, vol. 36, n°
4 (agosto de 2008), pp. 607-33. A Sage Publications postou o trabalho em seu website:
http://ptx. sagepub.com.
184. Hynek, “As Raízes da Complacência”, 1985, op. cit.
185. A frase amplamente empregada pelos “céticos” dos OVNIs pode ser enganosa, porque o
“ceticismo” deveria implicar dúvida, mas abertura. Porém, no discurso OVNI, ela tem sido
deformada em uma negação positiva.
186. Dennis Overbye, “Um Planeta Abafado é Encontrado Orbitando uma Estrela Distante”,
New York Times. 17 de dezembro de 2009.
187. Algumas partes desta seção foram reimpressas literalmente do trabalho de 2008,
Alexander Wendt e Robert Duvall, op. cit., p.616. Frases ou sentenças ocasionais em
“Agnosticismo Militante e o Tabu OVNI” também foram usadas no primeiro trabalho.
188. Martyn Fogg, “Aspectos Temporais da Interação entre as Primeiras Civilizações
Galácticas”, Icarus 69 (1987): 370-84.
189. J. Deardorff et al., “Implicações da Teoria da Inflação para a Visitação Extraterrestre”,
Journal of the British Interplanetary Society, 58 (2005): 43-50
190. H.E. Puthoff, S.R. Little e M. Ibison, “Engenharia de Campo do Ponto Zero e Vácuo
Polarizável para o Voo Interestelar”, Journal of the British Interplanetary Society, 55 (2002):
137-44.
191. Estephen Webb, Where is Everybody? (Onde Está Todo Mundo?) (Nova York:
Copernicus Books, 2002).
192. Richard Dolan, OVNIs e o Estado de Segurança Nacional, pp.193-203.
193. Peter Galison “Removendo o Conhecimento”, Criticai Inquiry 31(2004): 229-43. Sobre o
sigilo OVNI ver especialmente Dolan, OVNIs e O Estado de Segurança Nacional e, para a
visão oficial, Gerald Haines, “O Papel da CIA no Estudo dos OVNIs, 1947—1990”,
Intelligence and National Security 14 (1999): 26-49, e Charles Ziegler “OVNIs e a
Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos”, Intelligence and National Security, vol. 14
(1999), pp. 1-25.
194. Quem poderia imaginar, por exemplo, uma estratégia complementar ou “democrática”
centrada em uma ONG fundada na internet, uma ideia que nós (Wendt e Duvall) temos
explorado em outro lugar.
195. Hynek, “As Raízes da Complacências”, op. cit.
196. Ibid.
197. Dr. James E. McDonald, “Afirmação sobre Objetos Voadores Não Identificados”,
submetido ao Comitê de Ciência e Astronáutica, Simpósio sobre Objetos Voadores Não
Identificados, Washington, D.C., 29 de julho de 1968. A leitura desse relatório é recomendada.
Para uma biografia mais detalhada de McDonald e crônica de sua obra, ver Ann Druffel,
Firestorm: Dr. James E. MacDonald’s Fight for UFO Science (Wild Flower Press, 2003).
198. Peter Sturrock, Um Conto de Duas Ciências: Memórias de um Cientista Dissidente
(Exoscience, 2009).
199. Peter Sturrock, O Enigma OVNI: Uma Nova Revisão da Evidência Física (Warner
Boolcs, 1999). Fornece todos os relatos de casos apresentados na conferência. Leitura
recomendada.
200. Ibid., p. 160
201. Ver Michio Kaku, Física do Impossível: Uma Exploração Científica rio Mundo dos
Phasers, Campos de Força, Teletransporte e Viagem no Tempo (Doubleday, 2008).
202. Andrew Romano, “O Aliens Existem”, Newsweek, 24 & 31 de agosto de 2009, pp.50-52.
203. Marc Kaufman, “Busca por Vida Extraterrestre Ganha Impulso ao Redor do Mundo”,
Washington Post, 22 de dezembro de 2009. Em adição aos exoplanetas já descobertos, o artigo
afirma: “Assume-se geralmente que mais bilhões ou trilhões estão orbitando em sistemas
distantes”.
204. A NASA publica: “Primeiro Vislumbre do Céu Estrelado do Telescópio da NASA; O
Telescópio Infravermelho Pesquisando todo o Céu Envia as Primeiras Imagens do Espaço”, 6
de janeiro de 2010. Ele começa assim: “o Explorador de Pesquisa Infravermelho de Campo
Largo da NASA, ou WISE, capturou seu primeiro olhar do céu estrelado, que logo começará
seu levantamento com luz infravermelha. Lançado em 14 de dezembro, o WISE irá
esquadrinhar todo o céu em busca de milhões de objetos ocultos, incluindo asteroides, estrelas
‘caídas’ e galáxias poderosas”. Mais informações sobre a missão do WISE estão disponíveis
em http://www.nasa.gov/wise.
205. Autor e pesquisador de OVNIs, Budd Hopkins deu origem a essa frase em 1987, enquanto
conversava com o astrônomo Carl Sagen, no camarim de uma estação de TV de Boston. Para
um relato do intercâmbio, ver Budd Hopkins, Arte, Vida e OVNIs: Uma Autobiografia
(Anomalist Books, 2009)

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