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O Poder Público, via de regra, acaba por não corresponder à agilidade e eficiência
necessárias diante dos aludidos direitos sociais. A principal razão para tal defasagem
comumente é atribuída às questões orçamentárias.
Desta forma, mesmo que a administração pública não tenha recursos para, de plano,
atender a todos os deveres que lhe são constitucionalmente outorgados, deverá estabelecer
planejamento financeiro consistente que dê conta das medidas adotadas a fim de que tais
metas sejam atendidas.[1]
Na realidade, não se pode, de uma forma única e definitiva, dar uma exata
quantificação destes valores.
Resta evidente que para que seja possível um padrão de vida com a necessária
dignidade humana, deve-se levar em conta diversos fatores, como, por exemplo, o local, o
tempo, o clima, o padrão socioeconômico vigente, a esfera econômica e financeira,
expectativas e necessidades.
Portanto, deve-se garantir uma existência digna, que garanta a fruição de todos os
direitos fundamentais, o que pode incluir um mínimo existencial sociocultural.
[1] Arthur Scatolini. In: “Estudos sobre o direito brasileiro contemporâneo”, coordenação
Wagner Ginotti Pires e Carolina Valença Ferraz, Ed. Verbo Jurídico, 2010, p. 365.
[2] Artigo de Daniel Wei Liang Wang: “Reserva do possível, mínimo existencial e direito à
saúde: algumas aproximações”. Disponível em: <http://www.revistasusp.sib.usp.br> Acesso
em: 08/10/2012.
Por outro lado, o termo princípio não é unívoco. Ao contrário, há muitos significados que
se podem extrair dele.
Para o Direito, pode-se dizer que os princípios são ordenações dos quais se irradiam
valores interpretativos para a norma jurídica em abstrato.
José Afonso da Silva leciona que normas são preceitos que tutelam situações
subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, reconhecem, por um lado, a pessoas ou a
entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato próprio ou exigindo ação ou
abstenção de outrem, e, por outro lado, vinculam pessoas ou entidades à obrigação de
submeter-se às exigências de realizar uma prestação, ação ou abstenção em favor de
outrem.[1]
Na concepção de Humberto Ávila, “normas não são textos nem o conjunto deles, mas
os sentidos construídos a partir da interpretação sistemática de textos normativos. Daí se
afirmar que os dispositivos se constituem no objeto de interpretação; e as normas, no seu
resultado. O importante é que não existe correspondência entre norma e dispositivo, no sentido
de que sempre que houver um dispositivo haverá uma norma, ou sempre que houver uma
norma deverá haver um dispositivo que lhe sirva de suporte”[2].
A colisão deve ser resolvida pelo operador do Direito, no caso concreto, e não
abstratamente.
[1] In: Curso de Direito Constitucional Positivo, 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 91.
[2] In: Teoria dos Princípios, 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
[3] Artigo de Claudia Mara de Almeida Rabelo Viegas, disponível em: <www.ambito-
jurídico.com.br> Acesso em: 08/10/2012.
Por sua vez, o princípio da proporcionalidade possui íntima relação com os outros
princípios, dentre os quais pode-se destacar o princípio da isonomia, o princípio da
razoabilidade e o princípio da legalidade.
Assim, quando ocorre numa mesma relação jurídica a necessidade de se lançar mão
de mais de um princípio para interpretação e aplicação da norma jurídica, o operador do
Direito, no mais das vezes o magistrado, deverá se utilizar do princípio da proporcionalidade,
buscando sempre trazer harmonia aquela interpretação, respeitando assim a necessidade e a
dignidade da pessoa humana.
leitura etiológica do termo, pode-se dizer que hermenêutica é uma ciência voltada a
interpretações.
- Corrente interpretativista: o juiz deve se limitar a captar sentido dos preceitos expressos na
Constituição, ou que pelo menos, estejam claramente implícitos.
São exemplos dos aludidos remédios constitucionais: o habeas corpus (art. 5º, LXVIII),
o mandado de segurança (art. 5º, LXIX), o mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX), o
mandado de injunção (art. 5º LXXI) e o habeas data (art. 5º, LXXII).
O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que trata de princípios e regras que
disciplinam a função administrativa e que abrange, portanto, órgãos, agentes e atividades
desempenhadas na consecução do interesse público.
Alguns desses privilégios processuais são: prazos diferenciados para contestar (em
quádruplo) e para recorrer (em dobro), conforme art. 188 do CPC; duplo grau de jurisdição
obrigatório; processo especial de execução, nos termos do art. 100 da Constituição Federal;
prescrição quinquenal das dívidas passivas; dispensa de depósito prévio para interposição de
recurso e, por fim, restrições à concessão de liminar ou de tutela antecipada, quando não for
por meio de mandado de segurança.
a) Habeas corpus
b) Habeas data
Ação constitucional de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a
proteção do direito líquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações
e os registros referentes à sua pessoa e constantes de repartições públicas ou
particulares acessíveis ao público, para eventual retificação de seus dados
pessoais (art. 5º, LXXII, CF).
c) Mandado de injunção
Instrumento que serve àqueles que se encontrem prejudicados pela falta de norma
regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania (art. 5º, LXXI, CF).
f) Ação popular
Do ponto de vista estrutural, possuem uma zona de certeza quanto ao seu significado,
habitualmente chamada de núcleo conceitual. Essa zona qualifica o campo dentro do conceito
em que se tem uma noção clara e precisa do seu significado.
Segundo José Eduardo Martins Cardozo, "apenas quando essa zona conceitual tiver
grande amplitude é que o conceito jurídico poderá ser qualificado de indeterminado".[7]
Maria Sylvia Zanella Di Pietro identifica duas posturas básicas no tocante aos
conceitos jurídicos indeterminados: (1) a dos que entendem que eles não
Destarte, cabe ao Judiciário, como função típica, interpretar o alcance e o sentido das
normas jurídicas para sua justa aplicação.
Note-se que esta tarefa é obrigatória e a sua violação gera a omissão inconsequente
do Poder, sendo possível em última instância do controle de inconstitucionalidade por omissão.
8.5 Ação civil pública: valores protegidos, interesse público, interesses/direitos difusos e
sociais – tangências
A Ação Civil Pública, via de consequência, é a que discute perante o Poder Judiciário
homogêneos.
na ação civil pública, nos itens seguintes passaremos a ingressar na caracterização pontual
dos institutos, o que servirá de ponto de partida para a análise mais aprofundada da matéria
dos conceitos legais previstos no Código de Defesa do Consumidor (art. 21, da Lei nº
7.347/85), artigo 81, parágrafo único, I, II e III, realizando a competente complementação dos
mesmos[12], mas desde já avisamos que o tema é extremamente controvertido, sendo de todo
Interesses difusos
seguinte forma: são os “transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
com exatidão de quantas pessoas são as detentoras do direito. Exemplo clássico são as
pessoas que residem em uma determinada cidade. Note-se que no exemplo dado não é
possível a identificação exata de quais são as pessoas envolvidas, mas tão somente a sua
estimativa;
de um rio que está sendo atingido por uma empresa: inegável que eventual solução para que a
água passe a ser de qualidade adequada atingirá todas as pessoas detentoras do direto, sendo
impossível se parcelar o direito. Ou a água melhora em qualidade para todos ou não melhorará
para ninguém;
pessoas envolvidas é tão somente um fato, como, por exemplo, estas residirem na mesma
cidade.
Como visto acima, tira-se a conclusão de que os interesses difusos têm como
Interesses coletivos
seja titular, grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
identificar os titulares do direito em discussão. A lei fala em “grupo, classe ou categoria”, mas
para o alcance do dispositivo pouca relevância tem a diferenciação, pois o que o legislador
sujeitos, o que ocorre com as três espécies, concluindo-se que o dispositivo em questão é
meramente exemplificativo;
individualizar o objeto a ser tutelado, valendo para todos ou para nenhum dos sujeitos;
Por vínculo jurídico entenda-se o elo legal que liga certas pessoas, como, por exemplo, o
documento de criação de uma associação que obriga e une todos os associados, ou o estatuto
social que liga todos os sócios acionistas. Cumpre ainda ponderar que, conforme a lei
menciona, a ligação pode não ser entre os interessados, mas sim com a parte contrária, ou
seja, nos casos em que o grupo, classe ou categoria têm vínculo jurídico ligado à outra parte,
como é o exemplo de determinada categoria de trabalhadores (que têm o seu vínculo com o
empregador).
como enfoque sujeitos certos, ocorrendo uma especialização das pessoas a serem defendidas.
caracterizados como aqueles “decorrentes de origem comum”, o que faz com que seja
Com efeito, como o conceito legal não traz elementos suficientes para a sua
sofrido por cada pessoa, de forma que eventual composição indenizatória pode ser efetivada
separadamente;
c) vínculo que liga os sujeitos, qual seja uma lesão de “origem comum”, como,
Consigne-se que a defesa deste tipo de interesse pode ser feita de forma individual
ou coletiva, sendo preferível esta segunda forma como meio de se prestigiar o princípio da
economia processual e se evitar decisões conflitantes proferidas por Juízos diferentes sobre a
mesma causa de pedir (a lesão comum). É bastante utilizado para os casos de defesa coletiva
do consumidor.
[1] Irene Patrícia Nohara, in: Direito Administrativo, 6ª Ed. Atlas, 2009, p. 12.
[8] Idem.
[9] Ibidem.
[10] Apesar da boa doutrina acertadamente diferenciar os institutos do “interesse” (um ânimo,
uma disposição de espírito) e do “direito” (normatização da vontade), neste trabalho serão
utilizados como expressões sinônimas com o fito de encerrar melhor caráter didático ao
mesmo.
[12] Cumpre observar que, independentemente de ser interesse difuso, coletivo ou individual
homogêneo, por expressa dicção legal “não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários
podem ser individualmente determinados”. (art. 1º, parágrafo único, da Lei 7.347/85).