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F I L O S O

O FF II AA DD AA CC II ÊÊ NN CC I I AA

Preocupados com a

SEMEANDO
crescente especialização
de suas disciplinas,
alguns cientistas vêm
procurando um antídoto
para o retalhamento
do mundo real causado
por essa situação.
Esse antídoto
é a interdisciplinaridade,
isto é, o incentivo
a uma maior comunicação
entre os saberes
compartimentados,
para que a unidade
e as interações do todo
voltem a ser respeitadas
como um princípio
metodológico.
O texto a seguir propõe
que, em vez de costurar
os retalhos já existentes,
modifiquemos nosso
olhar a respeito
da natureza que nos criou
e até hoje nos sustém,
reaprendendo que seus
limites são, também,
a fonte de suas
e de nossas
possibilidades de ser.
ILUSTRAÇÃO ALVIM

Mônica Cavalcanti Lepri


Instituto de Estudos da Religião (ISER)

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F I L O S O F I A D A C I Ê N C I A

INTERDISCIPLINARIDADE
As ‘idéias-vivas’
de Gregory Bateson

Os cientistas brasileiros foram convidados a “semear interdisciplina-


ridade” pela Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC) – esse é o tema geral da 58ª Reunião
Anual da entidade, que acontece este mês, em Florianó-
polis (SC). Que tipo de frutos, porém, podemos esperar
colher e saborear a partir dessa semeadura? Será que
nossas idéias científicas também têm uma ecologia, como
as experientes sementes dos vegetais e os animais engen-
drados antes de nós pela história natural? Será que, assim
como existe uma ecologia das plantas úteis e das dani-
nhas, há uma ecologia das idéias boas e das danosas?
Como então assegurar que os desejados e necessários
cruzamentos entre leis, teorias e hipóteses das diversas
disciplinas gerem uma prole saudável e fértil? Como
evitar que nós, solitários seres racionais, semeemos idéi-
as que conduzam nossa espécie a becos evolutivos sem
saída, por serem inadaptáveis do ponto de vista mais
amplo da natureza que nos criou e sustém e intoleráveis
do ponto de vista de nossa própria natureza humana? 

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Nos artigos principais de sua edição de nº 224 Contar a passagem do tempo não por abstratos
(de março último), Ciência Hoje investigou o que séculos, mas por pares de avôs e netos de carne e
chamou de ‘O fim do mundo’, ou seja, a interação osso, ajuda a recolocar nossas descobertas científi-
entre mudanças climáticas (objeto das ciências fí- cas em uma dimensão mais próxima da nossa fra-
sicas), epidemias (ciências naturais) e genocídios gilidade. Fragilidade do ‘húmus que sabe que sabe’,
(ciências humanas). A partir desses artigos, é che- tradução com licença poética do pomposo Homo
gado o momento de reavaliar a célebre afirmação sapiens sapiens que nomeia a nossa espécie. E aqui
do legislador, político e filósofo inglês Francis tocamos a questão central deste artigo: a poesia e
Bacon (1561-1626), contemporâneo do bisavô do a arte em geral seriam apenas um recurso narrati-
bisavô do bisavô de meu bisavô, e um entusiasta vo de que lançamos mão na tentativa de embelezar
do revolucionário – em sua época – modo de pen- nossos (tantas vezes) áridos textos? Algo que está
sar científico moderno: “Saber é poder”. fora do universo científico, uma espécie de papel
Em seu momento histórico, Bacon estava cor- de embrulho bonito e sofisticado, logo descartado,
reto em exaltar as possibilidades que a ciência ‘pois o que importa é o conteúdo’? Ou as questões
moderna prometia: o avô do avô de seu avô fora de beleza (e feiúra) são intrínsecas ao ‘fazer-ciên-
um perplexo sobrevivente da Peste Negra que, cia’ e ao cientista?
na segunda metade do século 14, matou um de O cartaz de convocação da reunião da SPBC em
cada quatro europeus ocidentais. Mas nenhum de Florianópolis (figura 1) reforça essa percepção: será
nós, contemporâneos, pode mais negar que a ciên- que o fértil, espinhoso, por vezes banalizado, mas
cia, se conseguiu decifrar a mecânica das pestes, imprescindível tema da interdisciplinaridade é al-
ao mesmo tempo as multiplicou silenciosa e in- go mais bem representado quando se dá à poesia
conscientemente. Tanto que, hoje, é exatamente ‘licença’ de se fazer presente? Por que a ciência re-
o poder que nosso saber científico põe à dispo- corre à arte ao enfrentar uma questão que parece
sição da sociedade que ameaça a existência de ter a ver com a própria identidade de cada um de
nossos netos. nós, cientistas modernos?
Gregory Bateson (1904-1980) – biólogo e antro-
pólogo inglês cujas ‘idéias-vivas’ podem nos ajudar
“Quebre o ‘padrão que liga’ na busca de uma epistemologia capaz de apreen-
der essa ecologia que rege os frutos de nossos cru-
os itens do aprendizado zamentos entre disciplinas – teria aprovado a for-
ma estética da convocação da reunião deste ano.
e você necessariamente Em sua Última conferência, ele nos fala sobre a
proposta dessa nova epistemologia – desse novo
destrói toda a qualidade.” modo de ver, ou conhecer, o mundo e do novo
Gregory Bateson mundo capaz de ser visto apenas se assumirmos
um olhar menos compartimentado – e a qualifica
de ‘biológica’, já que, para ele, ‘idéias’ e ‘poesias’
são tão naturais quanto o metabolismo dos seres
que as produzem.
No livro Mente e natureza: a unidade necessá-
ria, Bateson relata que reconheceu no outro lado
do espelho, lá na ‘natureza’, não só sua ganância,
sua determinação, seu assim chamado ‘animal’.
Na natureza, ele também viu as raízes da simetria
humana, da beleza e feiúra, da vivacidade e sabe-
doria que nos alentam: nosso encanto corporal e
nosso hábito de fazer objetos bonitos são tão ‘ani-
mais’ quanto nossa crueldade. No entanto, como
professor nas universidades de Cambridge (Ingla-
terra), Sidney (Austrália) e Harvard, Stanford, Santa

Figura 1. No cartaz oficial da 58ª Reunião Anual da SBPC,


a ciência recorre à poesia para abordar a questão atual
da interdisciplinaridade

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Cruz, Flórida e Havaí (todas nos Estados Unidos), véssemos explicado ‘essa perfeição da estrutura e
Bateson descobriu que os alunos treinados na da coadaptação que tão justificadamente desperta
epistemologia científica moderna tinham grande nossa admiração’.”
dificuldade de desenvolver as habilidades neces- É esse ‘olhar-e-ver’ o mundo natural separado
sárias a esse novo modo de ‘olhar-e-ver’ o mundo em sua unidade que nos ensinam nas universida-
natural. des modernas: de um lado, o corpo/matéria/má-
Um exemplo é a teoria da evolução. Guiada quina, já decifrado pela ciência e passível de ser
pelo pressuposto do matemático e filósofo francês domesticado; de outro, a beleza da mente/espíri-
René Descartes (1596-1650), que separa o corpo/ to, indecifrável e inalcançável. Para Bateson, é o
máquina e a mente/espírito em reinos distintos, a modo como aprendemos sobre as coisas do mun-
versão hegemônica da teoria elaborada pelo natu- do natural que nos vela, esconde, encobre a per-
ralista inglês Charles Darwin (1809-1882) encara cepção do ‘padrão que liga’ as criaturas vivas:
a questão da beleza do mundo vivo de uma forma quem não se lembra de ter aprendido que o
que reproduz essa separação, enxergando conheci- corpo humano se divide em cabeça, tronco
mento técnico e conhecimento estético como ma- e membros?
pas singulares e distintos de um mesmo território. Mas nós, os cientistas modernos, como
Em seu livro A montanha de moluscos de Leonar- as formigas da milenar história persa
do da Vinci, o biólogo e paleontólogo norte-ameri- (ver ‘As formigas e a pena’), conti-
cano Stephen Jay Gould (1941-2002) sintetiza como nuamos a fantasiar que temos o do-
a questão da beleza do mundo natural é tratada na mínio completo da mecânica da
epistemologia darwinista: “Darwin afirma, no pre- vida, protegidos pela ignorância
fácio de A origem das espécies, que os fatos da de que ela guarda um sentido e
taxonomia, da embriologia, da paleontologia e da uma intenção que seria melhor
biogeografia ‘seriam suficientes para comprovar a não acreditar que podemos de-
operação da evolução’, acrescentando, porém, que sobedecer, procurava alertar
não poderíamos nos dar por contentes até que ti- o anticartesiano Bateson. 

AS FORMIGAS E A PENA
Certo dia, uma formiga que caminhava perdida Desse modo as formigas descobriram os dedos.
sobre uma folha de papel viu uma pena que es- Passado algum tempo, outra formiga escalou os
crevia em finos e negros movimentos ritmados. dedos e percebeu que eles compreendiam a mão,
— Que maravilha! – exclamou. — Essa coisa que ela explorou total e minuciosamente, ao estilo
notável possui vida própria! E faz rabiscos tão exten- da sua espécie. Voltou então para junto de suas
sos e com tanta energia nesta bela superfície que companheiras e gritou-lhes:
chega a se igualar aos esforços de todas as formigas — Formigas! Tenho importantes notícias para
do mundo. Os rabiscos que faz! Parecem formigas! vocês. Aqueles pequenos objetos que rodeiam a
Não uma, mas milhões de formigas correndo juntas! pena fazem parte de outro muito maior. E este é
Ela repetiu suas idéias para uma companheira, que realmente dá movimento a todos eles.
que ficou interessada em sua história e elogiou Mas então as formigas descobriram que a mão
seus poderes de observação e reflexão. Mas outra estava ligada a um braço; que o braço estava liga-
formiga disse: do a um corpo; que não existia uma, e sim duas
— Aproveitando-me de seus esforços, devo mãos; e que existiam pés, que não escreviam.
admiti-lo, tenho observado esse estranho objeto e As investigações prosseguiram e, assim, as for-
cheguei à conclusão de que ele não é o dono de seu migas puderam formar uma idéia clara da mecânica
próprio trabalho. Você falhou em observar que a da escrita. Porém, através de seu método de inves-
pena está ligada a outros objetos que a rodeiam e tigação costumeiro, não conseguiram descobrir o
conduzem. Estes devem ser considerados como a sentido e a intenção do que estava escrito, nem
origem de seu movimento e reconhecidos como tal. como aquilo era, em última análise, governado.

(Idries Shah, Caravan of Dreams. London, Octagon Press, 1991)

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nos possibilitou ser o que somos. O corpo e a mente


“Com o Deus-Eco formam, para Bateson, o corpo-mente. Assim, a
nossa língua (órgão físico), tão diferente da dos
não se brinca: ele não outros mamíferos, “é em si mesma uma forma de
comunicação”. Da mesma forma, as imagens tais
redime nossa poluição, quais as produzimos a partir de nossas capacida-
des visuais nos tornam necessariamente co-auto-
por mais que rezemos res do mundo que enxergamos: sem a capacidade
dos olhos humanos de enxergar cores, a beleza do
implorando seu perdão arco-íris seria a mesma?
Afirmar que as criaturas vivas têm uma beleza
e alegando inocência.” imanente não é algo muito original, mas é revolu-
G. Bateson cionário afirmar, sendo cientista, que as questões
de beleza são questões reais do sistema ecológico,
Gregory Bateson tem outro ‘olhar-e-ver’ da ques- político e ético no qual vivemos. Bateson chama a
tão. Em primeiro lugar, por herança familiar: seu atenção para o “terrível engano epistemológico” do
avô e seu pai foram importantes cientistas naturais cientista instrumental que trata a beleza da biosfera
na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, na como uma questão ‘não-científica’. Esse engano
virada do século 19 para o 20. Contrariando o espíri- moderno talvez seja mais sério do que os erros
to da época, os Bateson eram críticos severos da cometidos pelas antigas tradições religiosas, que
formulação que Darwin deu à teoria da evolução, sabiam respeitar a unidade fundamental do mundo
que funcionaria como uma máquina. Mas, diferen- natural e louvar sua beleza como manifestações
temente dos antidarwinistas de inspiração religiosa sagradas do ‘espírito de Deus’.
(hoje chamados de ‘criacionistas’), eram também
ateus convictos havia cinco gerações, contando com
a do pequeno Greg, como Gregory era chamado “Acredito que o
(figura 2). Foi seu pai, William Bateson (1861-
1926), quem usou pela primeira vez a palavra ‘ge- conhecimento a respeito
nética’ no sentido que ela tem hoje, ao redescobrir
para o mundo o manuscrito do agricultor, monge e do ‘padrão que liga’
cientista austríaco Gregor Mendel (1822-1884), ao
qual homenageou dando seu nome ao filho caçula. seja importante inclusive
Além disso, a família Bateson tinha o hábito de
cultivar e reverenciar os grandes artistas: no café da para a sobrevivência
manhã, antes de partir com os filhos em expedições
à cata de mariposas e besouros, William lia para da biosfera, a qual,
eles poesias, a Bíblia, filósofos e historiadores, ten-
tando evitar que crescessem como naturalistas de você sabe, está ameaçada.”
cabeça oca, analfabetos a respeito da longa e fértil G. Bateson
história de sua solitária espécie.
Seguindo essa tradição familiar que Bateson se preocupa não tanto com o que sabe-
aliava ciência, ateísmo e arte, o garoto mos a respeito de “florestas de sequóias, estrelas-
Greg cresceu e viajou pelo mundo e do-mar e o Senado dos Estados Unidos”, mas com
pelas disciplinas científicas – bio- a nossa falta de conhecimento “sobre a cola que
logia, antropologia, cibernética, mantém juntos” esses três elementos na história do
psiquiatria, etologia, ecologia e, fi- mundo real. Sua intenção é propor premissas cien-
nalmente, epistemologia – buscan- tíficas que nos permitam perceber a beleza como
do resolver a artificial divisão car- um ‘padrão que liga’ os seres vivos em nosso mun-
tesiana por meio de idéias sobre a do real, configurando uma unidade da biosfera mais
importância das questões de beleza explícita e aberta a sugestões e críticas, com me-
e feiúra na longa história natural que nos erros epistemológicos que os que as versões
religiosas do mundo nos impunham.
No espaço de um artigo de revista é difícil ma-
Figura 2. Gregory Bateson, biólogo,
pear o pensamento ao mesmo tempo sutil, criativo
antropólogo e epistemólogo britânico que
recoloca as questões de ‘beleza’ e ‘feiúra’ e rigoroso desse epistemólogo. Entre tantas outras
como objeto de estudo científico coisas sobre as quais não falamos, Bateson se pre-

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P. LOZOUET/PANGLAO MARINE BIODIVERSITY PROJECT

ocupava com a apropriação de suas idéias feita pe-


los arautos da cultura da ‘nova era’: colocar no
mesmo saco ecologia, física quântica e antigas
epistemologias religiosas, como o budismo (cuja
pedagogia ele admirava), é um procedimento que
sua própria epistemologia não aceitava.
Como nossa experiência cotidiana nos ensina, as
conseqüências do impacto de um meteoro sobre um
planeta ou de um chute em uma pedra são expli-
cáveis apenas em termos de ‘forças físicas’, sem
possibilidade de escolha. Mas um chute em outro
ser vivo – humano ou cão – envolve questões que só
os mortais de carne e osso podem conhecer.
Para explicar o território entrevisto através de
seu mapa, Bateson toma emprestadas do psiquiatra
suíço Carl Jung (1875-1961), criador do conceito de
‘inconsciente coletivo’, duas esclarecedoras noções:
a de ‘creatura’ (para designar o vivente) e a de ‘ple-
roma’ (para designar o não-vivente). O universo como
visto através da epistemologia de Bateson é ordena-
do por uma clara linha divisória entre o mundo dos
vivos (onde diferenças e sentidos são as ‘causas’ dos
eventos) e o mundo dos não-vivos, como bolas de
bilhar e galáxias (onde forças e impactos são as
‘causas’ dos eventos).
No mundo físico do ‘pleroma’, forças e impactos
fornecem base suficiente de explicação: a relação é
linear e matematizável, como o silogismo grego que Figura 3. Sem conseguir ignorar beleza tão precisa,
os próprios cientistas chamaram de “jóias do mar” a esses pequenos
diz: “Todos os homens são mortais. Sócrates é um seres recentemente descobertos nas profundezas oceânicas
homem, logo, Sócrates é mortal.” As descrições de
pedras, bolas de bilhar e galáxias devem ser guar-
dadas em uma caixa, o pleroma, e deixadas em paz. antes de se especializar em uma disciplina. O fí-
No mundo vivo da ‘creatura’, porém, nada pode sico nuclear, o biólogo marinho e a antropóloga da
ser entendido sem que diferenças e distinções se- ciência assim formados serão capazes de ‘costurar
jam invocadas. Nessa caixa só colocamos coisas seus retalhos’ tendo como guia a beleza da estofa
vivas: florestas tropicais, estrelas-do-mar, o Congres- original, entre outras vantagens epistemológicas. E
so brasileiro, questões de beleza e de feiúra, pro- essa, diria Bateson, “é uma diferença que faz dife- SUGESTÕES
blemas com sentidos sempre duplos dos laços que rença”. Infelizmente, a idéia de interdisciplinari- PARA LEITURA
unem diferentes alteridades. Essa segunda caixa dade ainda é muito pouco difundida em nosso
BATESON, G.
abriga as criaturas reais que devemos investigar ambiente: encontramos 25 milhões de páginas na Mente e natureza:
através de um novo olhar, de uma outra epistemo- internet brasileira que contêm a palavra ‘ciência’ a unidade
necessária.
logia. Na epistemologia do vivente, o silogismo não e pouco mais de 300 mil que falam de ‘ciência’ e Rio de Janeiro,
é linear, mas circular, como propõe Bateson: “Os ‘interdisciplinaridade’ (www.google.com.br, aces- Francisco Alves,
1986.
homens são mortais. As ervas são mortais. Lo- sado em junho de 2006). BATESON, G.
go, os homens são ervas.” Segundo Bateson, nós, frágeis e mortais huma- Metadiálogos.
Todo estudante secundário deveria saber a res- nos, fomos presenteados com habilidades nunca Lisboa, Gradiva,
sem data.
peito dessa ecologia que conecta os seres vivos antes experimentadas na biosfera terrestre. Por is- GOULD, S.J.
antes de se tornar cientista. Olhar nosso mundo de so, quando somos humildes com o que acredita- A montanha
de moluscos de
carne e osso apenas através da lógica linear do mos ‘saber e poder’ sobre a natureza, ficamos mais Leonardo Da Vinci.
‘pleroma’ que somos – um corpo/máquina/matéria próximos do húmus que individualmente voltare- São Paulo,
sujeito à atração gravitacional como qualquer bola mos a ser, enquanto nossa espécie continua a gerar Cia. das Letras,
2003.
de bilhar – nos torna cegos à lógica circular do avós, netos e belas histórias. The Institute for
‘padrão que liga’ suas belas criaturas (figura 3). Que nossas disciplinas consigam respeitar essa Intercultural Studies
(página na internet:
Usando essa lógica circular, com suas eternas vol- multiplicidade e interconectividade do real e que www.interculturalstudies.
tas que se realimentam, a interdisciplinaridade do nossa ciência saiba nos ajudar a preservar as pos- org/Bateson/
index.html)
real é algo que todo estudante deveria aprender sibilidades que ele nos reservou. ■

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