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http://lattes.cnpq.br/3967597911016291
15
Modelo de
Desenvolvimento
de Clientes
43
Modelo
de Negócios
67
Desenvolvimento
Modelo de Negócio: de Clientes:
Segmento de Cliente Fontes de Receita,
e Proposta de Valor Recursos Principais,
Atividades Chaves
95 175
Desenvolvimento de
Cliente: parcerias
principais, estrutura
Produto e Mercado
de custo e avaliação
do modelo de
negócio
123 203
Desenvolvimento
Modelo de Negócio: do Cliente:
Canais e Validação, Criação
Relacionamento da Demanda
e da Empresa
151 229
21 Modelo Hexagonal dos 6 (seis) tipos
de Personalidade
71 Modelo de Negócios
111 Elementos de valor
207 Hierarquia da Parceria com Fornecedores
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Introdução ao
Empreendedorismo
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE I 17
Tenho trabalhado com engenheiros, alunos civis cimento disso, dei todo o apoio para a adoção da
e militares de escola de Engenharia. Observo que nova prática de planejamento. Após a introdução
eles nos surpreendem pela criatividade e pela busca do novo modelo, chegamos a ter um aumento de
incessante pelo atendimento e pela solução do pro- produtividade em determinado processo em cer-
blema do cliente. Ainda, têm coragem de mudar o ca de 500%. Isso ocorreu há mais de 10 anos e, até
modelo de negócio (pivotam) quando percebem que hoje, o modelo de planejamento está em utilização
não estão atendendo às necessidades dos clientes. na organização e já foi aperfeiçoado.
Veremos, a seguir, um pouco sobre o intraem- Sobre risco, deve-se minimizá-lo na fase inicial
preendedorismo, denominação de empreende- do negócio, a fim de evitar o dispêndio desneces-
dorismo quando ele ocorre no interior de uma sário de recursos até que o negócio se sustente.
organização já existente. Na empresa, muitas vezes na fase inicial, o cola-
Há vários conceitos sobre intraempreendedo- borador toma a iniciativa de um novo negócio e
rismo e Istocescu (2006 apud MAIER; POP ZE- nem mostra a seu chefe. O chefe ficará sabendo
NOVIA, 2011, p. 972) o caracterizou muito bem quando o produto ou serviço estiver em um es-
quando escreveu que o funcionário poderá adotar tágio que possa ser vendido. Para a criação de um
o papel de intraempreendedor, sob a supervisão novo negócio, o fundador contará com o esforço
de superior, e implementar práticas e sistemas ino- pessoal e de outros sócios para que, com pequeno
vadores, no interior da organização, para melhorar investimento, desenvolva o cliente e busque um
o desempenho econômico organizacional. negócio sustentável.
Vale a pena enfatizar que vocês são capazes de Como você pode ver, o empreendedorismo é
empreender. Muitas vezes, faltará apenas o apoio passível de ser praticado por qualquer um, desde
do superior funcional. Para isso, não desista de que esteja atento às oportunidades e esteja dis-
sua ideia. Em determinado momento, inúmeros posto a correr risco. E quais seriam estas oportu-
fatores convergirão para ela ser colocada em prá- nidades? São aquelas relacionadas ao cliente com
tica. Você poderá se tornar um empreendedor ou suas necessidades e suas dores. E os riscos, quais
intraempreendedor. seriam? São aqueles inerentes ao investimento de
Tive uma experiência quando eu dirigi uma recursos com a incerteza do retorno.
organização militar de manutenção e fabricação. Como futuro engenheiro, você deverá em-
Logo que assumi a direção, identifiquei um en- preender em seu próprio negócio, como empreen-
genheiro comprometido, motivado, competente, dedor ou internamente em determinada empresa,
que possuía mestrado em Engenharia de Produ- como intraempreendedor, criando novos produ-
ção. Passado um período, verifiquei a necessidade tos ou novos serviços.
de se introduzir o Planejamento, Programação e Você já deve ter ouvido falar sobre resistência
Controle da Produção (PPCP). Ao comentar com a mudanças, pois bem, quem toma a iniciativa de
ele, fiquei sabendo que já possuía dados estatísti- criar algo enfrenta a descrença de outras pessoas,
cos de tempos de processos internos de produção pelo desconhecimento ou pelo medo de mudan-
e que seria capaz de implementar, no curto prazo, ça do status quo. Para minimizar essa descrença,
o PPCP, pois havia preparado o processo quando pense grande e comece pequeno. Faça experiên-
fez uma disciplina da pós-graduação, porém não cias e mude o plano, se necessário, em função da
foi possível implementar na época. Com conhe- aprendizagem obtida.
18 Introdução ao Empreendedorismo
Similaridades e diferenças uma pessoa que acredita que o empreen-
entre Empreendedorismo e dimento é viável.
Intraempreendedorismo • Um e outro necessitam ter proatividade
e persistência.
Adiante, veremos algumas diferenças e similari- • Em ambos, deve-se aprender ao longo da
dades entre Empreendedorismo e Intraempreen- implementação e mudar rumos em fun-
dedorismo (MORRIS; KURATKO, 2000 apud ção do aprendizado adquirido.
MAIER; POP ZENOVIA, 2011). • Em ambos deve-se criar valor e prestar
contas ao cliente.
• Em ambos, há riscos que devem ser ge-
Similaridades renciados, a fim de serem superados e
• Em ambos os processos há a identificação minimizados.
de oportunidades. • Em ambos, deve-se vender a ideia para
• Os dois exigem um conceito inicial de captar recursos.
negócio que tomará a forma de produto, • Em ambos se exige que o empreen-
processo ou serviço. dedor desenvolva estratégias criativas
• Nos dois casos, há um indivíduo ou uma para captar recursos para alavancar o
equipe movida pela paixão, liderados por negócio.
Diferenças
Quadro 1 - Diferença entre Empreendedorismo e Intraempreendedorismo
UNIDADE I 19
Perfil do
Empreendedor
20 Introdução ao Empreendedorismo
de liderar a organização, de modo a ela servir com soas motivadas serão capazes de estarem aten-
qualidade as organizações militares apoiadas. Or- tas às oportunidades e dispostos a correr risco
denei a mim mesmo utilizar o estado da arte em com determinado objetivo. Somente pessoas que
gestão e empreender, inovar, transformar, enfim, acreditam no que estão fazendo são capazes de
realizar-me, fazer algo que fosse significativo. liderar equipes. Então, para falarmos do perfil
À época, adotamos um modelo tradicional do empreendedor, temos que falar de motivação,
para a produção em série e para a manutenção. liderança, confiança e de capacidade.
Mais uma vez, consultei aquele engenheiro com-
petente, comprometido e ele me recomendou
estudar o Sistema Toyota de Produção. Após o Vocação Empreendedora
estudo, selecionei pessoas motivadas e, juntos,
introduzimos esse sistema no Parque Regional Uma das teorias sobre o perfil empreendedor é
de Manutenção da 5ª Região Militar em Curitiba. a Vocacional. Holland (1997), em seus estudos,
É lógico que tive todo apoio de meus chefes, caracterizou as pessoas por suas semelhanças a
pois o Exército é uma instituição de Estado, que 6 (seis) tipos de personalidades: Realista, In-
depende do apoio do escalão superior em termos vestigativo, Artístico, Social, Empreendedor,
de recursos e de colocação de pessoal. e Convencional, como você poderá ver logo a
Como líder, temos algumas obrigações. Uma seguir na Figura 1. Quanto mais a pessoa se asse-
delas é proporcionar condições para que nossos melha a um tipo, mais ela vai procurar trabalhar
subordinados (colaboradores) estejam motivados, naquela área. Assim, uma pessoa com a perso-
pois a motivação é o combustível para o trabalho nalidade empreendedora buscará empreender e
bem feito. No empreendedorismo, somente pes- montar novos negócios.
Investigativo
Realista Artístico
Convencional Social
Empreendedor
UNIDADE I 21
Como estamos falando de ambiente favorável, Pessoas com personalidade empreendedora
no trabalho também haverá ambientes caracteriza- possuem as seguintes características: preferên-
dos por aqueles 6 (seis) tipos, ou seja: Realista, In- cia por atividades que permitam liderar equipes,
vestigativo, Artístico, Social, Empreendedor e destinadas a traçar objetivos organizacionais que
Convencional. Assim, obtemos as condições favo- tragam ganhos econômicos. Seu comportamento
ráveis ao empreendedorismo quando há a paridade é voltado para a liderança, relacionamento inter-
entre ambiente empreendedor e a personalidade. pessoal, competência para persuadir, habilidade
Outro aspecto a ser lembrado é que a persona- para falar em público, elevada autoestima, com-
lidade não se limita a apenas um tipo dentre os 6 petência para solucionar problemas.
(seis). Normalmente, um predomina e, ainda, estão
visíveis e presentes mais 2 (dois). A combinação des-
ses três determina a própria escolha da profissão. Capacidade Criativa
Como a personalidade é única, constata-se, também,
que características dos 6 (seis) tipos estão presentes Relembrando a ideia que temos de que o em-
na personalidade em maior ou menor grau. preendedor é um super homem, já começamos
Para lembrar, vocês escolheram o curso de En- a compreender que é possível empreender, desde
genharia. A vocação para ser engenheiro pressupõe que haja um ambiente favorável para desenvol-
que possua perfil empreendedor, pois a Engenharia vermos nossas potencialidades.
se destina a solucionar problemas da sociedade Como já visto, há a necessidade de o empreen-
com criatividade e coragem para correr riscos. dedor ser criativo para encontrar uma solução
Segundo o modelo de Holland (1997, p. 270), na única para um problema inédito. Robison (2011,
carreira de Engenheiro de Produção, em um teste p. 3-4) declarou: “o meu ponto de partida é que
vocacional, há a predominância do tipo Empreen- todo mundo tem vasta capacidade criativa como
dedor, seguido de Investigativo e de Convencional. resultado natural de ser um ser humano. O de-
Também estão presentes os outros 3 (três) tipos em safio é desenvolvê-los. A cultura da criatividade
menor grau. Já para outras profissões como Enge- tem que envolver a todos”. Como vemos, a cultura
nharia Civil e Engenharia Elétrica, predomina o da criatividade envolve todos e não uns poucos
tipo Investigativo, seguido de Realista e Empreen- selecionados.
dedor (HOLLAND, 1997, p. 269). Pode-se inferir Outro aspecto a ser destacado é a Era que vive-
que o engenheiro será emprendedor se houver um mos. De forma simplificada, progredimos de uma
ambiente favorável a esse comportamento. sociedade agrícola para a sociedade de trabalha-
As linhas internas que ligam os vértices re- dores industriais - e dela para os trabalhadores da
presentam possibilidades de predominância de era do conhecimento. Atualmente, estamos pro-
tipos de personalidades. Observe o exemplo do gredindo para a era da sociedade dos inventores e
Engenheiro de Produção. Há ligação de Empreen- empáticos, que é a era conceitual, onde se enfatiza
dedor a Investigativo, por uma linha interna e o uso do lado direito do cérebro, que é não-linear,
entre Investigativo e Convencional. e instintivo (PINK, 2006).
22 Introdução ao Empreendedorismo
Características dos em- ralmente, contam com apoio de parceiros,
preendedores e intraem- superiores e membros da equipe.
preendedores de sucesso • Ficam ricos: acreditam que o dinheiro não
seja o objetivo principal.
Nos itens a seguir, você verá quais são os traços • São líderes e formadores de equipes: sa-
que definem o perfil do empreendedor e do in- bem que a liderança é fundamental. Tam-
traempreendedor de sucesso. bém sabem, muito bem, formar e liderar
equipes. Possuem a humildade de buscar
Empreendedores de sucesso ajuda em áreas que não dominam. Possuem
capacidade de identificar e atrair talentos.
Dornelas (2017) apresenta 16 (dezesseis) caracte- • São bem relacionados (networking):
rísticas dos empreendedores de sucesso, conforme são habilidosos em identificar e construir
mostrado a seguir: redes de relacionamento, a fim de empre-
• Visionários: possuem visão de futuro e gá-las na formação de parcerias, no rela-
habilidade para implementar suas aspira- cionamento como os clientes, no contato
ções. com fornecedores.
• Sabem tomar decisões: tomam decisões • São organizados: para atingir os objetivos
oportunas e as implementam de imediato. do negócio, sabem captar e alocar pessoas,
• São indivíduos que fazem a diferença: recursos tecnológicos e financeiros.
agregam valor aos produtos e/ou serviços • Planejam, planejam e planejam: com
que disponibilizam aos clientes. base na visão do negócio, os empreende-
• Sabem explorar ao máximo as oportu- dores planejam suas ações e as atualizam
nidades: são curiosos e atentos às infor- conforme o aprendizado ao longo da exe-
mações que as transformam em conheci- cução dos planos.
mentos para aproveitar as oportunidades • Possuem conhecimento: possuem capa-
em seus negócios. cidade de aprender continuamente pelo
• São determinados e dinâmicos: com- estudo teórico e pela prática. Não se res-
prometem-se com suas ações e as imple- tringem a aprender por conta própria. Bus-
mentam. cam os conhecimentos necessários pelo
• São dedicados: são pessoas comprometi- autoaperfeiçoamento em cursos, com ou-
das com valores e seus encargos. Dedicam- tras pessoas.
-se e sabem conciliar demandas familiares, • Assumem riscos calculados: esta, talvez,
de saúde e de trabalho. seja umas das características mais eviden-
• São otimistas e apaixonados pelo que tes do empreendedor. Ele possui capaci-
fazem: a paixão pelo que fazem é o com- dade para identificar o risco de modo a
bustível para superar as dificuldades e gerenciá-lo, a fim de se ter chances reais
enfrentar os riscos. Acreditam em seus de sucesso.
objetivos e conseguem vender suas ideias. • Criam valor para a sociedade: usam sua
• São independentes e constroem o pró- criatividade para melhorar a vida das pes-
prio destino: querem criar algo novo e soas, pela geração de empregos, inovação,
liderar a conquista de seus objetivos. Natu- oferta de bens e serviços.
UNIDADE I 23
Intraempreendedores
de sucesso
O Sebrae editou um vídeo que apresenta 10 Govindarajan e Desai (2013, on-line) estudaram
características do empreendedor, e é interes- o intraempreendedorismo em diversas empresas.
sante porque complementa e reforça conceitos Segundo eles, muitos dos intraempreendedores
aqui apresentados. Para saber mais, acesse link deixam as empresas sem que tenham implementa-
disponível em: <https://www.youtube.com/wat- do suas ideias inovadoras por falta de oportunida-
ch?v=xfIU6oukqes>. des. Sabendo que eles são capazes de transformar
uma organização, os autores elencaram padrões
de comportamento, mostrados a seguir, que per-
mitem reconhecê-los, desenvolvê-los e mantê-los.
Possuem Características
pensamento visual de Intraempre- Eles pivotam
endedores
Eles buscam continuamente de sucesso: Essa característica de pivotar
as soluções para os empreen- demonstra humildade para
dimentos de várias maneiras. reconhecer que o processo não
Consideram as vantagens e está atendendo as expectati-
desvantagens das linhas Concentram nas vas, capacidade de apren-
de ação e decidem visões dizado com uma nova
pela mais apro- ação, espírito de
priada. Os intraempreendedores são fo- decisão para
cados em suas visões. Passam gran- mudar.
de parte do tempo pensando em como
irão solucionar os problemas e necessidades
dos clientes para colocar em prática seus proje-
tos na primeira oportunidade.
24 Introdução ao Empreendedorismo
Universidade
Empreendedora
UNIDADE I 25
A Inovação Tecnológica
A Tripla Hélice
26 Introdução ao Empreendedorismo
GOVERNO INDÚSTRIA
UNIVERSIDADE
A Universidade
Classe Mundial
Quando assumi o Comando (também na fun- níveis mais elevados no conhecimento das ciên-
ção de reitor) do Instituto Militar de Engenharia cias fundamentais (Física, Matemática, Química,
(IME), em maio de 2014, recebi alunos que vieram Ciências da Computação).
do exterior por terem participado do Programa Também achei interessante que eles me rela-
do Governo Federal denominado Ciência sem taram que sentiram orgulho de nossa instituição,
Fronteiras. Nossos alunos tiveram a oportunidade pois, mesmo com menos recursos financeiros em
de frequentar universidades de todas as partes relação às estrangeiras, foram preparados com
do mundo. Por serem capazes e comprometidos, capacidade de se integrarem em igualdade de con-
vieram com sugestões para melhoria da Educação dições com alunos das melhores universidades de
do nosso IME. O interessante é que eles, no início cursos de Engenharia do mundo.
do programa daquelas universidades, tiveram di- Além disso, trouxeram sugestões para que melho-
ficuldades na aplicação dos conhecimentos para rassem a nossa Educação em Engenharia (por isso
a condução de projetos e de experimentos em que acredito em vocês e nessa geração), no que fosse
laboratórios. Entretanto, em pouco tempo, já se aplicável, utilizando as melhores práticas daquelas
equipararam aos alunos estrangeiros na solução universidades que são classificadas como Classe
de problemas, com a “vantagem” de possuírem Mundial e também Universidades Empreendedoras.
UNIDADE I 27
De forma simplificada, as universidades clas- lo 19, quando a universidade passou a ter também
se mundial são aquelas que, segundo Altbach e a missão de realizar pesquisa. A segunda revolução
Salmi (2011), possuem Abundância de Recursos, ocorreu quando se tornou empreendedora e pro-
Governança Favorável e Concentração de Talento: motora, também, de desenvolvimento econômico.
Abundância de Recursos está relacionada à A Universidade somente voltada para o Ensino
oferta de recursos e à alta qualidade do ensino e preserva e dissemina o conhecimento. Já a de Pes-
da pesquisa. quisa possui as duas missões: ensino e pesquisa; e
Já a Governança Favorável permite o exer- a Universidade empreendedora possui três missões:
cício da liderança, a capacidade de se estabelecer desenvolvimento econômico e social, além do en-
a visão estratégica, a inovação e a flexibilidade sino e da pesquisa.
para se tomar e gerenciar recursos decisões sem Na universidade empreendedora, os profes-
entraves burocráticos. sores buscam projetos junto a empresas, recebem
A Concentração de Talentos diz respeito aos financiamentos para pesquisa e produzem bens e
integrantes da universidade: alunos, professores, serviços. O montante envolvido, muitas vezes, é ele-
pesquisadores, pessoal da administração. vado. Os alunos participam dos projetos e passam
a ter a oportunidade de conhecer sobre finanças e
necessidades dos clientes. Frequentemente, o co-
A Universidade nhecimento gera o registro de patentes, que podem
Empreendedora ser comercializadas.
Há, ainda, a possibilidade de se criar novas em-
Caro(a) aluno(a), você observa inúmeras univer- presas, por alunos, durante o curso de graduação.
sidades e constata que algumas delas possuem um São as incubadoras de empresas. A universidade dá
excelente ensino, outras uma excelente pesquisa e todo suporte técnico, jurídico, financeiro, quando o
ainda há aquelas que produzem bens e serviços para aluno decide abrir seu próprio negócio. Uma outra
a sociedade. A universidade que executa esses três iniciativa que tem dado excelentes resultados é a
papéis é denominada Universidade Empreendedora. empresa júnior da universidade, em que os alunos
Etzkowitz (2003), que formulou a teoria sobre a a administram como uma entidade privada. Essas
tripla hélice, posteriormente, escreveu sobre a uni- empresas prestam serviços para clientes externos.
versidade empreendedora. Segundo ele, houve duas No caso de alunos de curso de Engenharia, as em-
revoluções acadêmicas. A primeira, no final do sécu- presas juniores realizam projetos inovadores.
Muito se tem discutido sobre a qualidade do ensino a distância. Percebi que existe preconceito em
relação ao aprendizado e gostaria de dizer que o aprendizado do conteúdo dependerá muito da
dedicação de vocês. Existe um outro desafio que vocês devem se preocupar que é o de desenvolver
valores. Lembrem-se de que, para serem empreendedores, vocês deverão trabalhar em equipe e isso
depende muito do convívio e do contato pessoal. Não se esqueçam de expandir valores e habilidades
interpessoais, elas são bastante exigidas durante o período acadêmico e muito mais na vida profissional.
28 Introdução ao Empreendedorismo
Startup
Enxuta
UNIDADE I 29
O conceito Startup Enxuta se originou da Manufatura Enxuta, que é um modelo de gestão originário
no Japão com o Sistema Toyota de Produção. Esse modelo adota o princípio de melhoria contínua pela
redução de desperdício. A valorização das pessoas por suas ideias proporciona ganhos na produção.
A Startup Enxuta,
segundo Ries
Segundo Ries (2012, p. 24),“uma Startup é uma insti- A questão da incerteza, presente em uma Star-
tuição humana projetada para criar novos produtos tup, também está presente em outros negócios.
e serviços sob condições de extrema incerteza.” A abordagem de montagem de uma Startup irá
Com esse entendimento simples e abrangente, prepará-los para trabalhar com incertezas. Esses
o autor nos deu a flexibilidade para nos sentirmos conhecimentos também serão úteis para outros
empreendedores, caso criemos novos produtos ou modelos de negócios tradicionais, pois também
serviços sob condições extremas de incertezas. Isso trabalham com incertezas.
é muito bom para a autoestima.
Também está aberta ao tipo de negócio: pode ser
uma instituição pública ou privada. Da instituição Definindo Startup, segundo
pública pode ser uma organização civil ou militar. Steve Blank e Bob Dorf
Pode ser um pequeno ou um grande negócio. Pode
ser empreendedorismo interno (intraempreende- Blank entende que “Startup é uma organização
dorismo) ou externo. Também é admissível uma temporária em busca de um modelo de negócio
instituição com ou sem fim lucrativo. Pode ser com escalável, recorrente e lucrativo” (BLANK; DORF,
pequeno ou grande investimento. 2014, p. 17).
Por ser uma instituição, deve estar dentro da lega- No início, o modelo de negócio de uma Star-
lidade - seguir todos os instrumentos legais exigidos tup não tem clientes e nada se sabe sobre eles. As
para se criar uma empresa. A burocracia deve ser Startups se dividem em quatro categorias básicas,
entendida como regras que garantem a segurança conforme elas:
no negócio. • lançam um novo produto em um mercado
A criação de novos produtos e serviços também existente;
nos dá flexibilidade, pois pode abranger produtos de • lançam um novo produto em um novo
alta tecnologia, como serviços ou processos inovado- mercado;
res. Você, na sua empresa, na sua comunidade, pode • lançam um novo produto em um mercado
criar novos produtos que facilitem, por exemplo, a existente e tentam ressegmentá-lo como
mobilidade de pessoas idosas. Pode criar proces- um operador de baixo custo;
sos ágeis para se ter acesso a refeições caseiras. Da • lançam um novo produto em um mercado
mesma forma que pode criar um novo sistema de existente e tentam ressegmentá-lo como
comunicação rápido e barato. um operador de nicho.
30 Introdução ao Empreendedorismo
Uma Startup deve compreender bem as necessi- conhecemos bem nosso produto para que ele seja
dades do cliente (aquilo que lhe traz benefício e rentável e se as vendas são escaláveis.
o que elimina a dor). O conhecimento do clien- Prezado(a) aluno(a), veremos uma breve en-
te deve ser rápido, a fim de que, se necessário, o trevista com o professor Aderson Passos, profes-
modelo de negócio seja modificado, também, sor da disciplina Empreendedorismo do Instituto
rapidamente. Não se deve ter medo de errar, pois Militar de Engenharia (IME), sobre o significado
são os erros que trazem a aprendizagem e evitam de uma Startup, diferença de uma empresa tradi-
prejuízos futuros com a não aceitação pelo preço cional e sua importância para a nossa disciplina.
ou por suas características. Deve estabelecer um
processo de venda para o cliente e um modelo
financeiro que traga rendimento.
Deve-se medir o progresso do desenvolvimen-
to de uma Startup. Para isso, há a necessidade de Tenha sua dose extra de
se entender bem o cliente, saber quanto ele está conhecimento assistindo ao
disposto a pagar pela solução do seu problema, vídeo. Para acessar, use seu
quais são os diferenciais competitivos do nosso leitor de QR Code.
UNIDADE I 31
Empreendedorismo
no Brasil
32 Introdução ao Empreendedorismo
nas empresas, em conformidade com as políticas em instituições de ensino superior. Pela lei 13.267,
nacionais de desenvolvimento, particularmente as que Disciplina a criação e a organização das as-
relativas às áreas industrial, comercial e tecnológi- sociações denominadas empresas juniores, com
ca. Esta iniciativa trouxe liberdade de ação para o funcionamento perante instituições de ensino
órgão e ele tem contribuído com a capacitação de superior, os alunos matriculados em cursos de
empreendedores com conhecimentos relacionados graduação poderão criar empresa júnior com a
a empreendedorismo, montagem de modelo de finalidade de executar projetos para o desenvol-
negócio e abertura de empresa vimento de habilidades para desenvolver projetos
Uma outra iniciativa foi a criação da Sociedade junto a clientes externos à universidade, por in-
Brasileira para Exportação de Software (Softex) termédio da prática de sua profissão. Essa prepa-
(2017), criada em 1996, Organização Social Civil ração para o mercado de trabalho contribui para
de Interesse Público (OSCIP) que desenvolve ações o desenvolvimento de empreendedores.
para promover a melhoria da competitividade da Caro(a) aluno(a), acabamos de ver nossa pri-
Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI meira unidade didática: Introdução ao Empreen-
(IBSS), bem como a disponibilidade de recursos dedorismo. Se pudesse resumir o que esperamos
humanos qualificados, tanto em tecnologias como de você, eu diria que gostaria que tivesse autocon-
em negócios. Gestora do Programa para Promoção fiança para empreender. Primeiro, como vimos,
da Excelência do Software Brasileiro – Programa empreendedorismo significa que pessoas utilizam
Softex, considerado prioritário pelo Ministério da suas ideias e aproveitam oportunidades para via-
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações bilizar um negócio de sucesso. Vimos, também,
(MCTIC). Capacita empreendedores para o desen- que elas devem ser apaixonadas pelo que fazem
volvimento de negócios inovadores. Contribui com e estarem dispostas a correr riscos.
a abordagem da tripla hélice, integrando indústria, Na sequência, falamos sobre os empreende-
governo e universidade. dores, que conduzem negócios próprios, e os
Outro movimento que tem contribuído com o intraempreendedores, que lideram empreendi-
crescimento do empreendedorismo é o da criação mentos internos à organização que eles traba-
de incubadoras de empresas, que dão suporte aos lham. Embora sejam ações distintas, dentre outras,
empreendedores para viabilizar a transformação possuem similaridades como seus agentes serem
de uma ideia inovadora em produto utilizado pelo movidos pela paixão, possuem proatividade e per-
consumidor. Disponibiliza infraestrutura, suporte sistência, além de voltarem seus negócios para os
técnico, orientação quanto a assuntos financeiros e clientes. Por outro lado, têm diferenças como a
jurídicos. Acompanhamento das iniciativas quanto visão que para o empreendedor é a própria e do
ao modelo de negócio da empresa. intraempreendedor é a da empresa. Além disso,
A iniciativa do ensino de empreendedorismo as recompensas para o empreendedor dependem
se disseminou em diversas universidades. Ele visa do sucesso dele e a do intraempreendedor do que
fornecer ferramentas e práticas para que se crie a a empresa estabelecer.
cultura empreendedora e a competência para se Após esses conceitos, vimos um pouco mais
criar novos negócios ou modificarem seus am- sobre o perfil do empreendedor e intraempreen-
bientes de trabalho. dedor. Contudo, também mostramos que todos
O Brasil possui um movimento das empresas nascem com capacidade criativa e que ela pode-
juniores que promove a cultura empreendedora rá ser colocada em prática se houver ambiente
UNIDADE I 33
favorável. Sobre a vocação, há
seis tipos e um deles é o tipo
empreendedor. Para o perfil,
podemos citar como presentes:
a determinação, dinamismo,
otimismo, paixão pelo que faz,
liderança. Como se vê, todas
estas habilidades são passíveis
de vocês desenvolverem na Uni-
cesumar, pois ela se dedica a ser
uma Universidade Empreende-
dora. Com vimos nesta unidade,
as universidades modificaram
seus conceitos passando pela
fase inicial de transmitir os co-
nhecimentos, desenvolver pes-
quisa e, atualmente, empreende-
dora, a qual se dedica a também
entregar produtos e serviços
para a sociedade no conceito da
tripla hélice, que reúne Gover-
no, Indústria e Academia.
Mais adiante, vimos o con-
ceito da Startup, que trata de
um agrupamento humano que
cria produtos ou serviços em
ambiente com muitas incerte-
zas, como é o mundo atual. Para
enfrentar estes desafios, vocês
viram que o Brasil conta com
o Sebrae, dentre outros órgãos,
para capacitar e incentivar o
empreendedorismo e as univer-
sidades com suas incubadoras e
cursos de empreendedorismo,
como este que vocês iniciaram.
Assim, quero dizer que acre-
ditamos e desejamos o sucesso
de vocês. Contem conosco.
34 Introdução ao Empreendedorismo
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
35
3. Caro(a) aluno(a), determinada universidade pretende se tornar uma universida-
de classe mundial e empreendedora. Com base no que foi apresentado nesta
unidade, você considera como sendo Falsa (F) ou Verdadeira (V), as seguintes
afirmativas?
(( ) Ela deve ter um ensino de qualidade para atrair professores e alunos de qua-
lidade.
(( ) Ela só deve realizar pesquisa que produza bens e serviços para a sociedade.
(( ) Os alunos só poderão participar de pesquisas se forem abrir suas próprias
empresas.
(( ) A universidade deverá integrar com indústria para desenvolver a inovação
tecnológica.
36
LIVRO
37
ALTBACH, P. G., SALMI, J. The Road to Academic Excellence The Making of World-Class Research
Universities. Washington: World Bank, 2011.
BLANK, S.; DORF, B. Startup: Manual do Empreendedor - o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2014.
______. Lei n⁰ 13.267, de 6 de abril de 2016. Disciplina a criação e a organização das associações denominadas
empresas juniores, com funcionamento perante instituições de ensino superior. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13267.htm>. Acesso em: 24 jan. 2018.
EISENMANN, T. R. Entrepreneurship: A Working Definition. Harvard Business Review Web Digital. Dispo-
nível em: <https://hbr.org/2013/01/what-is-entrepreneurship> Acesso em: 24 jan. 2018.
ETZKOWITZ, H. Research groups as ‘quasi-firms’: the invention of the entrepreneurial university. Research
Policy, Amsterdam, v. 32, n.1, p. 109–121, jan., 2003.
38
FIGUEIREDO, P. N. Gestão da Inovação: Conceitos, Métricas e Experiências de Empresas no Brasil. Rio de
Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2009.
GOVINDARAJAN, V.; DESAI, J. Recognize Intrapreneurs Before They Leave. Disponível em: <https://hbr.
org/2013/09/recognize_intrapreneurs>. Acesso em: 24 jan. 2018.
HOLLAND, J.L. Making Vocational Choices: A Theory of Vocational Personalities and Work Environments.
Flórida: Psychological Assessment Resources, Inc. 1997.
MAIER, V., POP ZENOVIA, C. Entrepreneurship versus Intrapreneurship. Review of International Com-
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PINK, D. H. A Whole New Mind: Why Right-Brainers Will Rule the Future. New York: Riverhead Books, 2006.
RIES, E. A Startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas
extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Texto Editores Ltda., 2012.
ROBISON, K. Out of Our Minds: Learning to be Creative. 2. ed. rev. West Sussex: Capstone Publishing Ltda, 2011.
39
1. d. F-V-F.
2. O aluno deverá argumentar a posição com base em 5 (cinco) características do empreendedor citadas
por Dornelas (2017): 1. Visionários; 2. Sabem tomar decisões; 3. São indivíduos que fazem a diferença; 4.
Sabem explorar ao máximo as oportunidades; 5. São determinados e dinâmicos; 6. São dedicados; 7. São
otimistas e apaixonados pelo que fazem; 8. São independentes e constroem o próprio destino; 9. Ficam
ricos; 10. São líderes e formadores de equipes; 11. São bem relacionados (networking); 12. São organiza-
dos; 13. Planejam, planejam e planejam; 14. Possuem conhecimento; 15. Assumem riscos calculados e 16.
Criam valor para a sociedade.
3. c. V-F-F-V.
V: No modelo da tripla hélice, deve ter a integração da universidade com indústria e governo.
40
41
42
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Modelo de
Desenvolvimento
de Clientes
PLANO DE ESTUDOS
Modelo de Desenvolvimento
de Clientes: Busca e Execução
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Caracterizar as diferenças entre uma Startup e uma Gran- • Descrever o processo de Execução.
de Empresa. • Compreender as Regras para o Desenvolvimento do
• Descrever o processo de Busca no Desenvolvimento do Cliente.
Cliente.
Diferenças entre Startup
e uma Grande Empresa
UNIDADE II 45
Desenvolvimento Lançamento/
do Produto 1ª Remessa
Conceito/ Conceito/
Pré-Operação Pré-Operação
Este modelo é útil para uma empresa que já está para verificação se ele possui desempenho con-
estabelecida e conhece o cliente e suas necessi- forme as especificações do projeto e se há neces-
dades, sendo possível definir as características sidade de modificar o produto ou serviço.
do produto e se há conhecimento da vantagem Na fase de Pré-Operação o dono da empresa
competitiva da empresa. Na fase de Pré-Operação, já definiu o momento do Lançamento do Produ-
o empreendedor estabelece uma visão da empre- to e a Primeira Remessa. Assim, há uma grande
sa. Posteriormente, define qual é o produto ou preparação para a data que foi marcada. O pessoal
serviço e seus métodos de fabricação. Também de marketing divulga sobre o produto ou serviço.
definem os canais de distribuição. Da pesquisa O pessoal de vendas disponibiliza os produtos ou
de mercado, dimensionam qual é o mercado de serviços para os clientes pelos seus canais de ven-
interesse e a fatia que será conquistada. da. Tudo com a expectativa de que os resultados
Na fase de Desenvolvimento do Produto, muitas ocorrerão conforme a visão do negócio.
vezes, os setores da empresa trabalham de forma Como vimos na unidade anterior, a startup cria
isolada, sem que haja coordenação entre ele. Nas produtos e serviços em ambiente sob condições
ações, por exemplo, o setor de marketing melhora o de extrema incerteza. Logo, não é possível se-
conhecimento do mercado e prepara o material de guir este modelo tradicional de lançamento de
divulgação do produto ou serviço. Da mesma forma, produto na criação de uma startup, pois se corre
o setor de desenvolvimento do produto prossegue o risco de produzir produto ou serviço que não
na produção de um protótipo conforme as especifi- atenda as necessidades dos clientes, acarretando
cações desdobradas das necessidades dos clientes. prejuízos para o negócio. Da mesma forma, não
Quando chegamos na fase de Teste Alfa/Beta, se deve capacitar o pessoal sob o enfoque tradi-
é apresentado a um grupo de clientes o protótipo cional de MBA.
UNIDADE II 47
• Enfatizar execução ao invés de hipótese, e as atividades serão similares a de uma
testes, aprendizagem e interação empresa tradicional. Nas startup, o fun-
Como a startup opera em um ambiente dadores estão pesquisando o mercado e
de incerteza, há a necessidade de capa- as necessidades dos clientes. Esse proces-
cidade de adaptação dos integrantes da so traz inúmeras novidades, que exigem
organização. Não se deve presumir que criatividade e capacidade de adaptação.
os conhecimentos anteriores poderão ser Estabelecer modelo de cargos com atri-
empregados para a produção de bens ou buições pré-estabelecidas pode trazer
serviços novos. Não basta executar um riscos para o negócio.
projeto ou planejamento. • Executar o plano de vendas e marketing
As startups necessitam pesquisar, partindo Como para o modelo tradicional se esta-
de hipóteses iniciais, que poderão ser equi- belece a data de lançamento do produto
vocadas, mas terão a finalidade de serem ou serviço, o pessoal de vendas e de mar-
discutidas com o cliente para descobrir keting sai em campo para lançar o produto
suas reais necessidades. conforme planejamento. No caso de uma
• Deixar de empregar tentativa e erro no startup, isso não funciona porque ela deve
Modelo de Negócio iniciar por um período de conhecimen-
Como já visto, o modelo de negócio tra- to do cliente e de suas necessidades. Sem
dicional trabalha com o desdobramento o feedback do cliente, o lançamento do
da visão do negócio. Parte-se do princípio produto poderá ser um desastre, pois não
de que, ao se definir o produto ou serviço passou de suposições.
para determinado mercado, basta desdo- • Presumir o sucesso e aumentar a escala
brar todas as ações decorrentes no interior prematuramente
da empresa. E se, no momento que o cliente Quando se presume que o negócio vai
conhecer o produto ou serviço, for consta- dar certo, segue-se o plano de negócio de
tado que não é exatamente aquilo que ele forma sequencial, sem realizar pequenas
deseja? Qual seria o prejuízo? correções ao longo do curso. Assim, ao
Em uma startup, procura-se descobrir final, o negócio poderá estar bem distan-
quem é este cliente, quais são suas neces- te das necessidades dos clientes, que será
sidades, quanto ele está disposto a pagar. descoberto no momento do lançamento
Tudo por ensaio e erro com base nas hi- do produto, dificultando qualquer tipo de
póteses iniciais. correção. É comum prever o momento de
• Confundir títulos e cargos tradicionais alavancar o negócio pela contratação de
com o quê uma startup precisa para pessoal sem mesmo verificar se o negócio
cumprir o objetivo é escalável. Em uma startup, a contratação
É um equívoco utilizar os títulos de car- só deverá ocorrer quando o negócio de-
gos tradicionais em uma startup, pois monstrar que ele é “previsível, replicável,
se pressupõe que se conhece o negócio e escalável” (BLANK; DORF, 2014, p. 14).
UNIDADE II 49
Modelo de Desenvolvimento
de Clientes: Busca e Execução
Processo de
Desenvolvimento do Cliente
Rearticulação
Observa-se que todas as fases estão representadas madas, por intermédio do contato com o clien-
por círculos e setas que possuem movimentos re- te. O símbolo “Pare” representa este momento. A
cursivos, a fim de mostrar que o processo dentro rearticulação caracteriza o retorno à fase anterior
de cada fase só avança para a fase seguinte quando quando, já na validação, for identificado que o
as hipóteses do modelo de negócio forem confir- cliente ainda não foi descoberto satisfatoriamente.
UNIDADE II 51
Primeiro passo:
Descoberta do Cliente
Segundo Blank e Dorf (2014), a visão do fun- termédio de suas aspirações e problemas é uma
dador sobre o negócio deve ser comprovada parte do desenvolvimento do produto bastante
pelos clientes. Assim, os fundadores devem sair negligenciada. Inúmeras empresas dedicam pe-
da empresa e juntar-se aos clientes para testar ríodo curto para esta fase, deixando de conhe-
as hipóteses do modelo de negócio. Quando os cer bem quem são seus clientes e quais são suas
fundadores passam a conhecer os clientes, suas reais necessidades. Nesta fase, é importante ter
necessidades e suas dores, a startup terá condi- uma definição clara de qual é o problema a ser
ções de produzir soluções para o cliente. resolvido para poder concentrar esforços no que
Deve-se fazer uma descrição do mercado e é importante. Ainda, segundo os autores, deve-se
dos clientes, pelo conhecimento de quem são os imergir onde o produto ou serviço será usado
clientes, quais são seus problemas, como usam o para se ter uma compreensão clara das condi-
produto ou serviço, que preço os clientes estão ções que o produto será utilizado e quais clientes
dispostos a pagar. Esse conhecimento será pos- devem ser até desconsiderados no processo de
sível pela opinião dos clientes quando experi- desenvolvimento.
mentarem os produtos ou serviços. Caro(a) aluno(a), você pode compreender
Dornelas (2017) fala sobre a necessidade de muito bem o que estamos falando. Você já viu
conhecer o cliente. Deve-se conhecer as necessi- produtos sofisticados que possuem excelentes
dades e de que maneira elas estão sendo satisfeitas, características de desempenho e que, de fato,
a fim de oferecer os produtos ou serviços que su- algumas dessas características não interessam
perem os desejos dos clientes. Ao conhecer o que ao cliente. Tome como exemplo alguns equipa-
os clientes estão buscando, você terá melhores mentos rádios para veículos. Para se regular o
condições de atendê-los. som de acordo com nossa preferência, existem
Finn e Ashkenas (2016) nos fala sobre alavan- inúmeros botões de controle para serem ajusta-
car o aumento da receita pela identificação de dos. São tantos que, ao final, utilizamos poucas
uma quantidade reduzida de clientes de interesse vezes os recursos. Por outro lado, já vimos equi-
e, posteriormente, por intermédios do contato, pamentos rádios que possuem ajustes padroni-
de conversas e de se colocar no lugar deles, é zados e simples de serem manuseados. São jus-
possível levantar quais são os desafios e dores tamente estes que preferimos. É possível inferir
que eles enfrentam. Entretanto, não pense que que os idealizadores especificaram os produtos
é fácil identificar as necessidades dos clientes. pela consulta a especialistas e não aos clien-
Você deverá sair em campo e conversar com eles tes. Às vezes, retirar requisitos de desempenho
diversas vezes. No início, sentirá dificuldades, desnecessários é tão ou mais importante que
mas, com a prática, logo aprenderá como fazê- incluir requisitos desejados, pois reduz tempo
lo. Ao final, será possível desenvolver o produto e custo no desenvolvimento e melhor atendem
ou serviço apropriado para as necessidades dos aos clientes. O custo de desenvolvimento será
clientes de forma segura e rápida. repassado ao cliente. Será que ele está disposto a
Segundo Thomke e Reinertsen (2012), a pagar? Isso somente seria detectado se houvesse
definição das necessidades dos clientes por in- a validação pelo cliente.
Blank e Dorf (2014, p. 24) assim caracterizam a fase Caro(a) aluno(a), nesta fase do processo de de-
de validação do cliente,“se verifica se o negócio tes- senvolvimento do cliente, a startup entra na fase
tado repetidamente na descoberta do cliente é um de execução, pois as hipóteses relacionadas ao
modelo de negócio que, de modo recorrente e sus- modelo de negócio já foram testadas e confir-
tentável, é capaz de prover um volume de clientes madas como sendo escaláveis. Os passos, nesta
tal que se possa construir uma empresa lucrativa”. fase, assemelham-se muito ao planejamento
Nesta fase, a startup deve realizar novos ex- tradicional de geração de demanda, como ve-
perimentos para verificar se o negócio é escalável. remos a seguir.
Com o aprendizado da fase anterior, de descoberta A geração da demanda segue algumas práti-
do cliente, já é possível apresentar ao cliente o pro- cas das estratégias tradicionais para se lançar
duto ou serviço com as principais características um produto. Deve-se estimular os clientes para
desejadas pelos clientes. Com isso, são realizadas que busquem os canais de distribuição da em-
verificações sobre a disposição dos clientes em presa para compra.
pagar pelos produtos ou serviços, sobre os canais A equipe de marketing poderá dispender
de distribuição, sobre o tamanho do mercado. recursos vultosos para a campanha, pois já
Este processo é recursivo e pode retornar à fase houve a confirmação da viabilidade do negócio
anterior para modificar o modelo de negócio. O nos passos anteriores. Deve-se conhecer bem
importante é que, a cada passo, os empreendedo- o mercado com seus clientes e concorrentes,
res da startup conheçam melhor a aplicação do a fim de verificar se entrará em um mercado
modelo de negócio, que iniciou com uma série de já existente ou se será aberto um novo nicho,
hipóteses. Desse modo, os fundadores constatarão tendo vantagem competitiva pelo preço ou
se o negócio é viável e escalável. Se confirmado, pela diferenciação. Para cada estratégia haverá
poderão seguir para a fase seguinte do Processo ações distintas para a geração da demanda
de Desenvolvimento do Cliente. (BLANK, 2012).
Quarto Passo:
Estruturação da Empresa
UNIDADE II 53
Regras para o
Desenvolvimento de Clientes
Observe que este ciclo simples é de fácil compreen- • Regra N⁰ 1: Tudo Acontece Fora do
são e aplicação. Entretanto, às vezes, é ignorado, cos- Escritório
tumo dizer que há pessoas que utilizam o ciclo PCA, Quem melhor conduz o processo é o fun-
ou seja, Planejam (P), Verificam (C) e Agem (A) dador do negócio. Em um novo negócio,
sobre o planejamento, sem contudo Executar (D). a visão do negócio é transmitida aos inte-
Você, no Processo de Desenvolvimento do Cli- grantes da equipe, que poderão contribuir
ente, deverá agir em um ciclo de melhoria con- com sugestões para a ida a campo para
tínua, como veremos a seguir, com as quatorze testar as hipóteses junto aos clientes. Con-
regras descritas por Blank e Dorf (2014). tudo, não convém delegar incumbências
de obtenção de experiência e aprendiza-
do, pois as decisões devem ser rápidas
O Manifesto do com base em informações, que servirão
Desenvolvimento do Cliente para avaliar o curso do empreendimento.
Como a decisão deve ser rápida, quando o
O manifesto compreende regras que devem ser próprio fundador vai à rua, ele pode ouvir
entendidas e praticadas por todos os integran- diretamente a opinião do cliente e rear-
tes da equipe para que o processo de desenvol- ticular os componentes de seu negócio.
vimento do cliente tenha sucesso. A seguir, elas Observe que ele deve conduzir um PDCA
são apresentadas. para a busca do cliente.
UNIDADE II 55
mento tos de
Princip ais
e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parcerias Atividad Proposta com os C
lie Clientes
Recursos
Principais Canais
uem?
ara q
P
Como? O que ?
tos a
a de Cus e Receit
Estrutur Fontes d
Quanto?
UNIDADE II 57
• Regra N⁰ 10: Paixão é Tudo da. Na fase de geração da demanda, deve-se
Caro(a) aluno(a), ao se iniciar um em- fazer um balanço do custo benefício de
preendimento, é necessário ter paixão pelo contratar pessoal de vendas, por exemplo,
que faz e acreditar que o negócio vai dar e o retorno do investimento. No entanto,
certo e que o esforço vale a pena. Como vi- quando o negócio se mostrar consolida-
mos, os fundadores terão que transmitir a do e escalável, é a hora de fazer um grande
visão, realizar inúmeros testes para validar investimento para a geração da demanda.
suas hipóteses, decidir em um ambiente de • Regra N⁰ 13: Comunicar e Comparti-
incerteza para criar um modelo de negócio lhar Aprendizado
escalável. Para isso, deverão ter liderança Para que o negócio obtenha sucesso, há
e aquelas características do empreende- necessidade de que a equipe trabalhe na
dor descritas na Unidade 1. No entanto, mesma direção. Daí, os fundadores terem
para que tudo seja possível, ele deverá ser que transmitir e compartilhar o aprendiza-
apaixonado por tudo que faz para poder do obtido durante o contato com o cliente.
superar os obstáculos e perseverar na con- Com isso, os integrantes da equipe pode-
cretização de sua visão. rão contribuir com sugestões e ações para
• Regra N⁰ 11: Na Startup, os Nomes de fun- acelerar a condução do empreendimento.
ções são distintos da empresa tradicional • Regra N⁰ 14: O Sucesso do Desenvolvi-
Esta regra é consequência das próprias di- mento de Clientes inicia com a colabo-
ferenças entre startup e empresa grande. ração da equipe
Na empresa, o negócio já está estabelecido, Essa regra é necessária para que todos tra-
já se conhece o mercado, os clientes e suas balhem em uma nova abordagem de busca
necessidades. Em contraste, na startup, os do cliente em ambiente de risco e de in-
fundadores estão desenvolvendo o negócio, certezas. Ela dependente da regra anterior,
desconhecem o mercado e desconhecem as pois necessita visão compartilhada. Todos
necessidades dos clientes. Assim, para a em- devem concordar que o processo passará
presa, é possível estabelecer cargos tradicio- por mudanças, que ele é complexo, que de-
nais, como pessoal de vendas, de engenharia, pende de decisões rápidas sobre equívocos
de logística. Para a startup, com as incertezas observados no teste das hipóteses.
e a velocidade de mudança, deverão ter pes-
soas com capacidade de ouvir os clientes, A equipe deverá compreender bem a diferença
de se adaptar, de decidir, porém, sem se ter entre o desenvolvimento de uma startup e o lança-
funções e cargos ainda definidos. Enfim, mento tradicional de um produto ou serviço para
capacidade de executar inúmeras funções. que se possa adotar as quatorze Regras.
• Regra N⁰ 12: Segure Todo o Dinheiro Prezado(a) aluno(a), veremos uma breve en-
Até Precisar Dele. Então, Gaste-o trevista com o professor Aderson Passos, profes-
Na startup, o investimento de recursos fi- sor da disciplina Empreendedorismo do Instituto
nanceiros só deverá ser preservado e so- Militar de Engenharia (IME), sobre algumas das
mente empregado quando estiver finaliza- 14 Regras para o Desenvolvimento de Clientes.
UNIDADE II 59
1. Caro aluno, você criará uma startup e gostaria de conhecer as necessidades dos
clientes. A seguir, são apresentadas 3 (três) afirmativas. Quais são verdadeiras
(V) e quais são falsas (F)?
(( ) Para não perder tempo, você poderia conduzir entrevistas com os clientes
apenas por telefone, Skype ou outros recursos que permitam realizar entre-
vistas à distância.
(( ) Para conhecer muito bem o cliente, você iria ao encontro dele e passaria um
dia para conhecer sua rotina.
(( ) Quando você percebe que o negócio se tornou escalável, você pensa logo em
criar sua empresa.
Assinale a afirmativa correta:
a) V-V-V.
b) F-F-F.
c) F-V-V.
d) V-F-V.
e) V-F-F.
60
3. Caro aluno, você se encontra na fase de desenvolvimento do cliente em uma
startup. A seguir, são apresentadas afirmativas. Há falsas (F) e verdadeiras (V).
(( ) Como você é o fundador da startup, vai proteger de seus colaboradores, as
informações obtidas do testes das hipóteses junto aos clientes.
(( ) Vai medir o desempenho da startup com base em modelos de indicadores
utilizados por empresas já estabelecidas.
(( ) Você utilizaria um modelo de negócio e testaria as hipóteses junto aos clien-
tes, economizando recursos que seriam empregados quando as hipóteses
fossem validadas.
Assinale a resposta correta:
a) V-V-V.
b) F-F-F.
c) V-F-F.
d) F-V-F.
e) F-F-V.
61
LIVRO
A Arte do Começo
Autor: Guy Kawasaki
Editora: Best Seller
Sinopse: Guy Kawasaki, colunista da Forbes, fundador e CEO da Garage Tech-
nology Ventures, apresenta, em A Arte Do Começo, os passos mais importantes
para lançar um novo produto, uma nova marca, abrir uma empresa ou iniciar
qualquer projeto, lucrativo ou não. Ensina como estabelecer uma mentalidade
mais empreendedora em empresas já estabelecidas, apresentando ideias ex-
celentes para se iniciar qualquer projeto.
62
BLANK, S. Do sonho à realização em 4 passos: estratégias para a criação de empresas de sucesso. 3. ed. São
Paulo: Évora, 2012.
BLANK, S.; DORF, B. Startup: Manual do Empreendedor guia passo a passo para construir uma grande empresa.
Rio de Janeiro, RJ: Atlas Books, 2014.
FINN, P.; ASHKENAS, R. The Go-to-Market Approach Startups Need to Adopt. Harvard Business Review
Web Digital. Disponível em: <https://cb.hbsp.harvard.edu/cbmp/product/H02XJT-PDF-ENG>. Acesso em:
30 jan. 2018.
THOMKE, S., REINERTSEN, D. Six Myths of Product Development. R1205E. Harvard Business Review 90,
n. 5, p. 84–94, maio, 2012. Disponível em: <https://hbr.org/product/six-myths-of-product-development/an/
R1205E-HCB-ENG>. Acesso em: 30 jan. 2018.
REFERÊNCIA ON-LINE
Em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/quadro-de-modelo-de-negocios-para-criar-recriar-e-
1
63
1. c. F-V-V.
F= O empreendedor deve sair do prédio, pois deve testar as hipóteses do modelo de negócio junto ao cliente.
V= A criação da empresa só deverá ocorrer quando o modelo de negócio for validado pelo cliente.
2. b. V-F-V
V= No início, o modelo de negócio é um conjunto de hipóteses que devem ser testadas junto aos clientes.
F= Supor que já conhece as necessidades prejudica o processo empreendedor. Deve-se sair do prédio e ir
ao encontro do cliente para conhecer as necessidades e dores.
V= A fase de desenvolvimento do cliente exige pessoas flexíveis para exercerem funções distintas. No mo-
mento de criar a empresa, deve-se contratar o pessoal para as funções normais de uma empresa tradicional.
3. e. F-F-V
F= Como o fundador vai para a rua, ele obtém informações junto aos clientes e aprende sobre o negócio.
Esse conhecimento deve ser compartilhado para que todos contribuam com o empreendimento.
F= Em uma startup, os indicadores de desempenho são diferentes de uma empresa tradicional, que são
indicadores tangíveis, tais como retorno do investimento, lucro, crescimento do mercado. Na startup,
mede-se a evolução, ou o sucesso, pela rapidez do ciclo de teste das hipóteses até haver condições de se
tornarem indicadores tangíveis.
V= Os recursos devem ser economizados e empregados quando o negócio se mostrar validado e escalável.
64
65
66
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Modelo
de Negócios
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar os componentes do Modelo de Negócios. • Conscientizar-se de que fora do prédio que se descobrirá
• Formular Hipóteses para o Modelo de Negócio. o cliente.
• Experimentar as Hipóteses do Modelo de Negócio. • Liderar Equipe e contribuir com o trabalho em equipe.
Inovação em
Modelo de Negócios
UNIDADE III 69
Por outro lado, o modelo de negócio apresenta nove componentes
em um organograma. Lembremos que o modelo de negócios per-
mite que haja comunicação entre formuladores da estratégia do
negócio com clientes, parceiros. Portanto, deve ser simples, de fácil
compreensão de como o negócio está estruturado para fornecer
valor para o cliente:
Figura 1b –
Visão sistêmica
70 Modelo de Negócios
mento tos de
s Princip
ais
e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os Clie Clientes
Recursos
Principais Canais
quem?
Para
Como? O que ?
s
de Custo e Receit
a
Estrutura Fontes d
Quanto?
Para auxiliar a compreensão sobre os componen- Conforme Tiffany e Peterson (1999 apud
tes, apresentaremos, ao final da explicação de cada DORNELAS, 2017), os clientes poderão ser seg-
um, considerações sobre um negócio similar ao mentados por aspectos geográficos (região, es-
Uber Eat, que foi criado a partir do Uber e oferece tado, cidade, bairro), estilo de vida (distração,
o serviço de entrega de alimentos e bebidas para prática desportiva, frequência a clubes), perfil
os clientes. (sexo, faixa etária, nível de escolaridade, renda,
prática religiosa), personalidade (adeptos a risco,
conservadores, líderes).
Componente 1 Da mesma forma, pode-se segmentar os nos-
Segmentos de Clientes sos clientes pelo atendimento em um mercado
de massa, quando não se faz diferença entre os
O primeiro aspecto a lembrar é que a startup segmentos de clientes; em nicho de mercado,
deverá atender às necessidades dos clientes. Fa- quando o atendimento é especializado; no seg-
lando de outra maneira, o cliente não existe para mentado, quando a diferença na segmentação é
que adquira seus produtos ou serviços, mas você imperceptível; diversificada, quando as deman-
quem irá montar um negócio para fornecer uma das dos clientes são bastante diferentes (OSTER-
proposta de valor para o cliente. WALDER; PIGNEUR, 2011).
O segmento distingue os subconjuntos de pes- Voltando ao nosso caso da startup com modelo
soas físicas ou jurídicas que a startup ou a empresa similar ao Uber Eat – nesse caso, poderíamos ter
busca para entregar seus produtos ou serviços, ou uma segmentação de mercado de massa, quan-
seja, aqueles que iremos entregar valor. do não se faria distinção entre os segmentos dos
UNIDADE III 71
clientes na prestação do serviço. Tanto faria se Propostas de Valor podem estar em uma
fossem clientes corporativos, individuais, pois a inovação ou em produtos existentes, porém
proposta de valor seria a mesma, sem qualquer com características diferenciadas. Elas podem
tipo de diferenciação. Da mesma forma, poderia incluir, dentre outras; uma novidade, quando
direcionar os serviços para determinados bairros temos características de desempenho inéditas
que não possuem restaurantes no entorno. Assim, e até mesmo de desconhecimento dos clien-
seria uma segmentação por área geográfica. tes, como o caso clássico do iPhone que trouxe
convergência de funções internet, telefone sem
fio, câmera fotográfica, funções que muitos não
Componente 2 imaginavam em possuir equipamento com to-
Proposta de Valor das essas características; desempenho, como
no caso de pen-drive, que armazena dados em
A Proposta de Valor é que faz o cliente escolher um dispositivo pequeno e bem mais prático de
o produto ou serviço de uma empresa em detri- transportar que o seu antecessor, o CD; per-
mento de outra. Ela deve ser vista em conjunto. sonalização, quando o produto ou serviço é
Vocês mesmos podem perceber quando recebem dedicado ao indivíduo, no caso da compra de
um pacote de produto e/ou serviços. Imaginem lembrança de festa de criança que você pode
a compra de um computador que possui boa acessar um site e montar o seu kit; preço, quan-
rede de assistência técnica e que, quando há al- do um novo produto ou serviço é lançado com
gum problema de desempenho, você liga para um preço mais baixo que as concorrentes – te-
o serviço e ele repara o problema prontamente. mos exemplo de empresa aérea que modificou
Agora imagine o valor que isto tem se você se o mercado lançando passagens mais em conta,
encontra na véspera de entrega de um trabalho porém com reduzido serviço de bordo; redução
para a escola ou para um cliente e o computador de risco, como no caso de aquisição de eletro-
é seu único instrumento de trabalho. Portanto, domésticos com garantias estendidas (OSTER-
pensem em montar negócios que tragam valor WALDER; PIGNEUR, 2011).
para os clientes. A Proposta de Valor trata do problema que
A proposta de valor é direcionada para um resolvemos do cliente e que satisfaz suas necessi-
cliente específico e representa o conjunto de pro- dades. Voltando ao nosso caso hipotético, o ser-
dutos e serviços destinados a determinado seg- viço de entrega de refeições para pessoas em casa
mento de cliente. Cheguei a ver um projeto final ou empresas, por intermédio do uso de veículos
do curso de Engenharia Mecânica, em que o aluno de transporte, inicialmente, de passageiros e ali-
desenvolveu um macaco hidráulico para elevar mentos preparados por restaurantes. A Proposta
automóvel para a troca de pneus, utilizando um de Valor poderia ser: rapidez na entrega, varie-
sistema elétrico acionado pela energia que vinha dade nos cardápios (comidas simples, comidas
do acendedor de cigarros do automóvel. Segundo sofisticadas, lanches, comidas regionais, bebidas),
o modelo de negócio proposto, estava direcio- baixo custo para a entrega, facilidade no paga-
nado para o segmento feminino. Naturalmente, mento (cartão de crédito ou de débito, dinheiro,
poderia ser utilizado pelo segmento masculino, cheque), facilidade de obtenção, convergência no
mas, segundo os alunos da pesquisa de mercado, o acesso aos vários restaurantes disponíveis em um
produto tinha valor para este segmento específico. único site.
72 Modelo de Negócios
acessar o conteúdo que poderá estar em uma nu-
vem, desde que você esteja conectado ao site.
Portanto, há inúmeras formas de se ter um ca-
Caro(a) aluno(a), um dos casos mais conhecidos nal com os clientes. Com a possibilidade de con-
de modelo de negócios foi a criação do negócio tato imediato, pela existência de inúmeros meios
do café em cápsula, Nespresso. Ricardo Ferreira, de comunicação entre a organização e o cliente,
Sócio-Fundador da Richards, nos fala um pouco observa-se que o cliente se torna cada vez mais
sobre o assunto no artigo publicado pela endeao- exigente na rapidez de resposta a sua demanda.
ver, no seguinte endereço: <https://endeavor. Daí que os canais possuem relevância em um mo-
org.br/valores-intangiveis/>. delo de negócios.
No nosso caso hipotético, os canais seriam o
aplicativo para acesso e conhecimento dos tipos
de restaurantes, das refeições que cada restaurante
oferece, do preço total que inclui a taxa de entrega,
Componente 3 o tempo para entrega e até a avaliação de quem
Canais entrega e dos restaurantes, para que o usuário pos-
sa escolher qual é a melhor proposta de valor que
Caro(a) aluno(a). Já vimos sobre o segmento do satisfaz sua necessidade.
cliente e sobre a proposta de valor; agora, veremos
um pouco sobre como os canais estabelecem a co-
municação com o cliente, a distribuição e a venda Componente 4
para o cliente (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Relacionamento com Clientes
Os canais permitem que se mantenha relacio-
namento com os clientes e que os clientes conhe- O Relacionamento com o cliente descreve
çam os produtos e serviços. Também propiciam a “como atrair clientes para o seu canal de ven-
oportunidade de os clientes avaliarem a proposta das, mantê-los nessa condição e obter crescen-
de valor que estão recebendo. Possibilitam ainda tes receitas deles ao longo do tempo” (BLANK;
que os clientes adquiram os produtos ou serviços. DORF, 2014, p. 117).
Também exercem a função de entregar os produtos Cada vez mais se torna importante o estreito
ou serviços aos clientes. Acrescenta-se a possibili- relacionamento com o cliente. Com o advento
dade de realizar o pós-venda, que inclui a assistên- das tecnologias digitais, é possível se relacionar
cia técnica (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). diretamente com os clientes e obter deles avalia-
Observamos que há atualmente dois canais: os ções sobre produtos e serviços (BINDER; HANS-
físicos e os virtuais. Tempo atrás, só se comprava SENS, 2015). Há alguns anos, para adquirirmos
livros pelos canais físicos indo em uma livraria; hoje, uma cadeira, tínhamos que visitar várias lojas,
você acessa um site e compra um livro que poderá experimentá-las, conversar com pessoas que a
ser no formato físico ou digital. Da mesma forma, possuíam para garantir uma boa compra. Ou-
você pode receber o livro físico pelo correio ou por tro dia, fui adquirir uma cadeira ergonômica e
uma transportadora. Já o digital será enviado por acessei o site da Amazon. Lá, pude comparar as
software que você poderá baixar para seu compu- especificações técnicas e ler as observações de
tador, dispositivo móvel, smartphone ou mesmo consumidores sobre questões do relacionamento
UNIDADE III 73
com as marcas concorrentes. Pude ver como a processo de compartilhamento de indicação, por
empresa se relaciona com o cliente para a venda, parte dos clientes de restaurantes para serem par-
para o pós-venda. Fiz a escolha com base nas in- ticipantes do serviço.
formações da marca, da funcionalidade por vídeo
e, principalmente, pela percepção da qualidade
da assistência ao cliente, que é o relacionamento. Componente 5
Estou bastante satisfeito com a aquisição que foi Fontes de Receita
feita totalmente de forma virtual.
Para atração dos clientes, eles precisam co- Caro(a) aluno(a), o negócio pode ser visto como
nhecer o produto e constatar que possui propos- um sistema orgânico que necessita de alimenta-
ta de valor para sua necessidade ou solução de ção, de energia. Assim, precisa de receita para se
problema. Isso pode ser feito acessando um site, manter e se expandir. O modelo de receita vai
por visita de um representante comercial, por pro- mostrar como que pretendemos receber o paga-
moção, propaganda. mento pela entrega de valor para cada segmento
Para manutenção do cliente, é possível ter o do cliente.
acompanhamento da satisfação do cliente com a Há várias formas de obter receitas; certamente,
utilização do produto ou serviço, por intermédio vocês as conhecem, pois adquirem bens e serviços.
do contato direto, de ligações telefônicas, envio São elas:
de e-mail. • Pela venda, quando obtemos os bens ou
No caso do aumento das vendas, pode-se con- serviços que passam a nos pertencer, como
ceder um bônus para de indicar um novo cliente, a compra de um livro, de um software, de
fazer promoções em datas especiais. uma refeição, de um corte de cabelo. Encer-
Para o caso do modelo de negócio hipotético, rada a venda, o produto ou serviço passa a
a empresa poderia atrair o cliente enviando men- pertencer a quem o adquiriu.
sagens para aqueles que já fossem cadastrados • Por uma proporção pela utilização, em
no serviço de transporte oferecendo o serviço e que o pagamento está atrelado ao uso do
concedendo para o primeiro pedido de entrega serviço. Assim, quanto mais o cliente usa,
de refeição um desconto no serviço de entrega mais ele paga, como no caso dos serviços
ou até mesmo a liberação de taxa. de telefonia móvel, que se paga por minu-
Para manter o cliente, poderia criar um pro- tos utilizados em ligações; de fornecimento
grama de fidelidade em que haveria descontos de energia elétrica, que pode ter tarifas di-
para o caso de uso sistemático do serviço de ferenciadas pela faixa de consumo ou pelo
entrega. horário de utilização.
Já para aumentar a demanda, seria possível • Por aluguel, quando o bem permanece
promover descontos para usuários que indiquem sob o uso e responsabilidade de quem o
o serviço para novos clientes. alugou por determinado período; como
O relacionamento com o cliente poderia tam- no caso de aluguel de automóvel, pelos
bém incluir sistema de avaliação das entregas e dias de uso e pela quilometragem rodada.
da qualidade das refeições, a fim de que os clien- Nesse caso, pode haver um preço diferen-
tes pudessem melhorar a escolha dos serviços de ciado para números maiores de dias e de
entrega e dos restaurantes. Ainda poderia ter um quilometragem, para estimular o cliente a
74 Modelo de Negócios
permanecer com o veículo mais tempo e Voltando ao nosso caso suposto, a empresa
reduzir o custo da locadora no ato de re- poderia cobrar por proporção, pois seria esta-
cebimento do automóvel com limpeza e belecido um percentual em relação ao valor total
medidas burocráticas. do serviço de entrega, que inclui uma taxa e a
• Por assinatura, quando o acesso ao servi- refeição.
ço é adquirido para determinado período.
Nesses casos encontram-se as assinaturas
de revistas, tanto por edições digitais, nor- Componente 6
malmente mais baratas, como por edições Recursos Principais
físicas que chegam à residência do assi-
nante. Também estão nesta forma as as- Aluno(a), é possível ver que o negócio possui inú-
sinaturas de bibliotecas virtuais que mais meros recursos, mas em um modelo de negócios,
em conta que as físicas e também possuem devem ser descritos apenas os principais, que são
reconhecimento institucional. agrupados em quatro categorias: humanos, físi-
• Por publicidade, por utilizar anúncios cos, financeiros e intelectuais (OSTERWALDER;
em mídias de divulgação para públicos PIGNEUR, 2011).
gerais ou específicos. Nesses casos se en- Os recursos humanos representam para algu-
contram jornais, revistas, sites, cartazes de mas organizações seus recursos mais importantes.
propaganda. O preço é estipulado pela du- Vocês se lembram da Unidade 1, em que vimos a
ração, época, período, dimensão e outros universidade classe mundial com a concentração
critérios. de talentos e a universidade empreendedora, que
• Por comissão, cada vez que é efetivada a devem possuir professores de alto nível e pesqui-
venda de produto ou serviço quem inter- sadores também qualificados para que promovam
mediou ou possui participação nos lucros o ensino, a pesquisa e resultados para a sociedade.
recebe percentual sobre o montante envol- Também, empresas de consultoria que possuem
vido. É o caso de venda de veículo de tercei- em seus quadros recursos humanos com conheci-
ros em que a loja de automóvel recebe um mento teórico e prático para poder ajudar a outras
percentual por permitir que o carro seja empresas alcançarem o sucesso.
deixado na loja e a empresa providencia Os recursos físicos são os mais importantes
o anúncio e o trâmite legal. Na venda de em organizações que produzem bens e serviços
imóvel, que normalmente é vendido por que dependam de infraestrutura física. Temos
corretor, que cobra taxa de corretagem. vários exemplos. Aquelas instituições de ensino
superior que realizam pesquisas dependem de
O modelo de receita pode abranger mais de uma laboratórios atualizados e disponíveis. Para as
forma (BERTINI; TAVASSOLI, 2015). Como empresas fabricantes de impressoras, as máqui-
exemplo, temos empresas de tecnologia da infor- nas são seus recursos principais. Para empresas
mação (TI) que possuem mais de uma forma. Elas transportadoras que pretendem ter um diferencial
alugam computadores, impressoras, softwares. de armazenar os itens de mudança, seus galpões
Da mesma forma, vendem esses equipamentos. fazem parte de seus recursos físicos. Para pres-
Também podem vender o serviço de assessora- tadores de serviço de transporte de pessoal, os
mento para a montagem do sistema de TI. veículos são seus recursos principais.
UNIDADE III 75
Os recursos financeiros são os mais importan- (relacionamento) pelo contato direto entre in-
tes para organizações tipo banco que necessitam tegrantes das instituições (canais) e entregar o
desses recursos para conceder empréstimos. Há conhecimento (proposta de valor), quando re-
empresas de produção que possuem seus próprios cebe recursos de financiamento para a pesquisa
bancos para que possam conceder empréstimos (fonte de receita).
para interessados em adquirir seus produtos. Vamos iniciar com a atividade principal que
Intelectuais são aqueles relacionados à pro- vem revolucionando o mercado: a Plataforma.
priedade intelectual, que são gerados pela inteli- Nela, o modelo de negócio gerencia sistema de
gência humana e que podem garantir a reserva Tecnologia da Informação, interface entre o pro-
para a exploração econômica de quem as possui duto ou serviço e o usuário. Observe que esta pla-
e proteger o conhecimento. Incluem as marcas, taforma no mercado virtual com um mercado
patentes, desenhos industriais. Um caso bem co- físico. Você pode acessar um site tipo Amazon e
nhecido foi das capsulas da cafeteira Nespresso, adquirir livros, softwares, dispositivos eletrônicos.
a qual, enquanto esteve sob proteção de sua pa- Essas aquisições também podem ser compradas
tente, nenhuma outra empresa poderia fabricá-las em lojas físicas. Além de trazer a facilidade de
e eram apenas vendidas pela própria Nespresso. não sair de casa, tem relacionamento conosco
Atualmente com a “quebra da patente” (licença que permite comparar características e preços
compulsória) outras empresas passaram a pro- de produtos, acessar opiniões de clientes sobre o
duzir as cápsulas e vendê-las. desempenho do produto. Por outro lado, há pla-
No nosso caso hipotético, a plataforma da tec- taformas que trazem um mercado diferente do
nologia da informação seria um recurso principal, físico que está exposto em prateleira. Ela pode
pois permite que se conecte o desejo do cliente em utilizar algoritmos que estipulam preços variáveis
obter uma refeição, a disponibilidade do veículo conforme oferta e demanda, como é o caso de em-
e os itens disponíveis nos restaurantes. presas aéreas que oferecem preços de passagens
variáveis. Você acessa o site em horas distintas do
dia e os preços podem variar conforme histórico
Componente 7 de compras (HUQUE, 2016).
Atividades-Chaves Atividade de Produção é clássica, fabrica bens
físicos para os segmentos dos clientes. A atividade
Sob o enfoque do modelo de negócios, as ativi- principal é a manufatura. A atividade produtiva
dades-chaves são aquelas mais importantes que exige máquinas, equipamentos, prédios que são
transformam os recursos principais em produtos projetados para em ciclos produtivos transformar
ou serviços que trazem valor para segmentos dos matéria-prima em produto final para o cliente. Os
clientes. Cada tipo de organização possui ativida- processos devem ser descritos em procedimentos,
des-chaves distintas em seus modelos de negócios. a fim de que atenda requisitos de qualidade espe-
Uma universidade possui, por exemplo, a pesquisa cificados pelos clientes.
como uma das atividades-chaves. Emprega seus Atividade de prestação de serviços esta ati-
pesquisadores, que são seus recursos principais vidade compreende as várias exercidas por pro-
(humanos) para conduzir pesquisa de interesse fissionais que atendem às demandas intelectuais
do governo (segmento de cliente), interagin- dos segmentos dos clientes. Compreendem, por
do com ele para compreender suas necessidades exemplo, elaboração de projetos de Engenharia,
76 Modelo de Negócios
atividades que em breve vocês estarão exercendo; petências das empresas, mas de uma terceira
atividade de assistência técnica durante o período competência que é a sinergia das competências
de pós-venda; atendimento médico. Essas ativi- originais. Isto ocorre quando empresas de Enge-
dades exigem recursos humanos competentes e nharia de projeto e de Engenharia de construção
especializados. se associam para formar um consórcio que projeta
No nosso caso suposto, teríamos como ativi- e constrói.
dade principal o gerenciamento da plataforma de Na “coopetição”, empresas concorrentes se
tecnologia da informação. Essa plataforma servirá associam para compartilhar bens ou serviços. Isto
de interface entre o serviço dos restaurantes com ocorre, por exemplo, quando se organiza uma feira
os clientes que desejam consumir. de materiais em que os concorrentes contratam um
grande espaço e cada uma ocupa seu próprio es-
tande de exposição. Também podem compartilhar
Componente 8 os serviços de divulgação, de operação do evento.
Parcerias Principais No desenvolvimento de negócios conjun-
tos, as empresas entram com suas competências
Como se sabe, cada vez mais os clientes estão exi- e compartilham recursos humanos e físicos para
gentes e estão diante de meios de informação que otimizarem os resultados e reduzirem custos. Isto
permitem escolher produtos e serviços até sem ocorre, por exemplo, quando universidades e em-
sair de casa. A concorrência é acirrada e a redução presas cooperam no desenvolvimento de novos
de custos é constante, a fim de se oferecer produ- produtos.
tos ou serviços com preços que os clientes estão Mais uma vez voltando ao caso hipotético, po-
dispostos a pagar. Daí ser necessário, na maioria deríamos ter como parcerias principais do negó-
das vezes, obter recursos de fornecedores, fazer cio os restaurantes e os motoristas dos veículos
alianças estratégicas, estabelecer “coopetição” e para entrega.
se esforçar para desenvolver negócios conjuntos
(OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Essas par-
cerias reduzem custos e elevam a qualidade e a Componente 9
produtividade, além de reduzir riscos. Estrutura de Custo
A parceria cliente-fornecedor é fundamen-
tal. Na maioria das vezes a Startup ou a empre- Caro(a) aluno(a), chegamos ao nono componente
sa constatam que não compensa produzir ou se do modelo de negócios: a estrutura de custos.
especializar em determinado produto, pois vale Como sabemos, as empresas e as startup en-
mais a pena terceirizar o serviço ou adquirir peças contrarão mercado competitivo. Para aquelas que
ou componentes de empresas parceiras. Para uma criam um mercado, a qualquer momento haverá
atividade-chave de produção, como uma fábrica a presença da concorrência se o negócio for ren-
de pneus, ela deve adquirir a borracha de outra tável. Isto ocorreu após o lançamento do smart-
empresa, pois não compensa desenvolver estru- phone da Apple, que foi seguido por outras mar-
tura própria. cas como Samsung. Para um mercado existente,
Na aliança estratégica, as empresas se asso- também ocorrerá concorrência. Na atualidade, o
ciam para obterem um produto ou serviço dife- modelo Uber ameaçou os táxis, que procuraram
renciado e com o valor não da soma das com- melhorar seus serviços devido à concorrência.
UNIDADE III 77
Basicamente, há duas formas de disputar com A economia está no escopo, pois a plataforma
a concorrência: pelo preço ou pela diferenciação. atende a vários parceiros do serviço de entrega de
Produtos ou serviços similares ao dos concor- refeições.Teriam a estrutura de custos fixos para
rentes, porém mais baratos, possuem vantagem manter a plataforma em funcionamento e os variá-
competitiva. Por outro lado, produtos ou serviços veis pela quantidade de pedidos aos restaurantes.
com características de desempenho superiores Aluno(a), você já teve uma visão do Canvas de
possuem diferencial competitivo em relação aos Modelo de Negócios com os seus 9 (nove) com-
concorrentes. Assim, os modelos de negócio po- ponentes. A partir de agora, você já pode utilizar
derão ser direcionados pelo custo ou pelo valor esses conhecimentos para montar seu próprio
que entrega aos segmentos de clientes. modelo de negócios.
Para se calcular os custos, há alguns modelos, Kavadias, Ladas e Loch (2016) apresentam seis
mas, normalmente, utilizam-se estruturas de critérios que poderão servir de referência para
custos que incluem os custos fixos, que inde- avaliar a qualidade de seu modelo de negócios:
pendem da quantidade produzida ou do serviço • Personalização: quando o produto ou ser-
prestado e os custos variáveis, dependentes viço atendem às necessidades individuais
das quantidades produzidas ou dos serviços dos segmentos de clientes.
prestados. • Reciclagem: quando os produtos não se-
Para economizar nos custos, as empresas ou guem um ciclo linear e são descartados ao
startup podem obter vantagens pela economia final, mas são reaproveitados ao final.
de escala ao adquirir seus recursos em grandes • Participação de ativos: isto ocorre quan-
quantidades e obter as vantagens de descontos de do compartilhamos recursos. Como exem-
seus fornecedores. plo, o sistema de aluguel de imóvel por
Acrescenta-se outro tipo de economia, a de temporada, quando o imóvel que poderia
escopo, quando são racionalizados recursos por estar desocupado estará sendo utilizado
intermédio do compartilhamento de recursos da por quem aluga.
empresa, tal como ter um mesmo setor de com- • Preços baseados em uso: reduz o custo
pras para várias unidades fabris distribuídas geo- para o cliente pois ele só paga pelo uso.
graficamente. • Ecossistema colaborativo: utilizado nos
No nosso caso hipotético, poder-se-ia consi- negócios colaborativos para reduzir custos
derar a vantagem competitiva pelo Valor que é e riscos.
oferecido, pois teria os seguintes diferenciais de • Organização ágil e adaptativa: com a velo-
desempenho: rapidez na entrega, variedade de cidade das mudanças, para sobreviver e cres-
restaurantes, qualidade na alimentação. cer, deve-se ser ágil na adaptação ao mercado.
78 Modelo de Negócios
Hipóteses no
Modelo de Negócios
mento tos de
s Principa
is
e Princip
ais
a de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Propost com os Clie Clie s
nte
7.
4.
Gerenciamento
da plataforma Avaliação
8. 2. 1.
Rapidez da Clientes
Restaurantes
entrega corporativos
Principais Canais
Recursos
1. 3.
Plataforma Aplicativo
tos a
a de Cus e Receit
Estrutur Fontes d
9. 5.
Valor Proporção
80 Modelo de Negócios
Experimentos no
Modelo de Negócios
Identificação de clientes
82 Modelo de Negócios
Vá Para a Rua e
Conheça o Cliente
Você sairá em campo para entender o que o clien- • Observe a reação do entrevistado pelos
te deseja. Deve identificar o que ele necessita e gestos e, se necessário, solicite outros es-
não algo que seja apenas prazeroso de se ter. Este clarecimentos.
aprendizado sobre as necessidades dos clientes • Procure obter indicação de outras pessoas
fará com que você modifique seu modelo de ne- para serem ouvidas.
gócio até que ele seja validado. O processo será
progressivo e contínuo. No início, será testada a Com esses procedimentos e pela prática, você
Proposta de Valor, seguido dos canais e fontes de verá o quanto aprendeu e que o seu modelo de
receita, para verificar se suas hipóteses podem se negócio inicial era um conjunto de hipóteses e
tornar em fatos. Assim será sucessivamente e às que realmente teriam que ser testados junto aos
vezes simultaneamente com todos os componen- clientes, parceiros.
tes do modelo de negócios. Prezado(a) aluno(a), veja o depoimento do En-
Durante a entrevista: genheiro Mecânico Marcos Mattana, empreen-
• Esteja consciente da hipótese que você está dedor e um dos diretores da PaperX, Startup de
verificando. tecnologia educacional com foco em exercícios
• Faça uma apresentação sobre você e o que e avaliação. Neste vídeo, Marcos Mattana irá nos
você deseja, ressaltando que não deseja contar um pouco sobre a importância de se co-
vender e sim conhecer os problemas e as nhecer os clientes pelo contato direto com eles.
necessidades.
• Deixe claro que o cliente é o centro do negócio
e que você está ali para interagir e aprender.
• Deixe o cliente se expressar livremente. Tenha sua dose extra de
• Busque deixá-lo à vontade para que se ob- conhecimento assistindo ao
tenha dele respostas que permitam definir vídeo. Para acessar, use seu
exatamente o que eles precisam e o que os leitor de QR Code.
84 Modelo de Negócios
Conversei com dois professores que estiveram na
Universidade de Berkeley em 2016 para acompa-
nhar a apresentação final de alunos do curso de
empreendedorismo daquela universidade e ele
constatou que o curso enfatiza o desenvolvimento
do espírito de equipe e liderança. Da experiência
que tive com alunos em curso de empreendedo-
rismo, também observei problemas de relacio-
namento interpessoais que poderiam ter sido
evitados se houvesse o espírito de equipe. Com
este aprendizado, passamos a dar importância a
este aspecto. Como resultado, todos os grupos
conseguiram cumprir suas missões com forte li-
derança dos chefes.
Por isso, a seguir, vocês verão como liderar
uma equipe e como contribuir com o trabalho
em equipe.
UNIDADE III 85
Liderança e Trabalho
em Equipe
Sobre o tema Liderança, há inúmeras teorias. Para motivar as pessoas, sugere-se: remover os
Ao longo da minha vida, estudei algumas delas, controles e manter a responsabilidade, aumentar
procurando praticá-las. Também observei as pes- a responsabilidade dos indivíduos para seus pró-
soas, as quais tentei seguir seus exemplos ou evi- prios trabalhos, dar ao funcionário tarefas com-
tar comportamentos indesejados. Uma coisa que pletas, dar mais autonomia para os funcionários,
aprendi foi que a teoria ajuda, mas é a prática que tornar os relatórios periódicos diretamente dispo-
faz com que verifiquemos quando ela é aplicável e níveis para os próprios trabalhadores, introduzir
de que maneira, coisas que os livros não ensinam. desafios mais complexos e dar oportunidade para
A seguir, veremos algumas teorias e conside- que os colaboradores se tornem especialistas.
rações sobre a utilização. March e Weil (2005) nos dizem que líderes de-
MacGregor (1999) entendia que o chefe liderava vem proporcionar grandes ações, grandes visões e
segundo seus pressupostos em relação às pessoas. grandes expectativas. A ação deve ser intencional
Por um lado, na Teoria X, pressupõe-se que as pes- com base na avaliação de expectativas e conse-
soas não querem assumir responsabilidades, não quências. Daí as expectativas terem que ser gran-
desejam desafios, possuem pouca capacidade para des para justificar o grande esforço que traz riscos
resolver problemas. Daí o líder ter que exercer a di- atrelados. Devem ser capazes de acreditar na visão
reção e o controle sobre seus subordinados, ou seja, e transmitir com segurança a seus seguidores.
estabelece o que deve ser feito e fiscaliza. Por outro Goleman (2013) acrescenta uma ideia interes-
lado, na Teoria Y, o pressuposto é de que o colabo- sante e apropriada para o mundo atual. Segundo
rador quer responsabilidade, deseja enfrentar desa- ele, o líder deve ter foco, pois somos bombardeados
fios, quer se realizar e possui criatividade. Então, a de estímulos que desviam nossas atenções 24 horas
liderança compreende na obtenção da integração por dia, 7 dias por semana, tais como a internet e
de objetivos individuais aos organizacionais. outros meios de comunicações. Todos contribuin-
Herzberg (2003) estabeleceu a teoria dos dois do para nos distrair. Daí que, para alcançarmos
fatores: Higiênicos e Motivacionais. Nos fatores nossa visão, devemos nos concentrar no objetivo.
higiênicos, a sua ausência traz insatisfação no tra- Por outro lado, também devemos nos desligar para
balho a sua presença não proporciona motivação podermos viver nossas vidas pessoais e também
no profissional. Os fatores motivacionais, quando sermos criativos e inovadores. Este é um grande
presentes, trazem motivação, mas, quando ausen- desafio e os líderes devem possuir capacidade de
tes, não trazem desmotivação. se adaptarem a essas duas demandas emocionais.
Fatores higiênicos seriam: segurança, status, Há vários estilos de liderança; mas então, qual
relacionamento com subordinados, vida pessoal, está correto? Caros alunos, pensemos na situação.
relacionamento com pares, salário, condições de Podemos adotar um estilo denominado líder
trabalho, relacionamento com superiores, super- dominante quando, para atingir os objetivos, há a
visão, política da companhia e administração. promoção de bônus e de incentivos na carreira, às
Para os fatores motivacionais, teríamos cresci- vezes de forma coercitiva e com punição. Por outro
mento pessoal, avanço na carreira, responsabili- lado, o líder pode utilizar o estilo denominado de
dade, trabalho com autonomia, reconhecimento influência, quando se permite a distribuição de
e realização. poder, mesmo com a ausência da autoridade formal.
UNIDADE III 87
Se a instituição já tiver a visão definida, já hou- • Qual é o local de trabalho em conjunto.
ver uma estratégia para alcançar a visão e for exi- • Como será o processo decisório.
gida rapidez nas ações, seria cabível uma atitude • Como será a comunicação e o comparti-
dominante. Por outro lado, se houver necessidade lhamento das informações.
de criatividade, inovação, delegar poder para subor- • Como cada um deverá auxiliar os outros
dinados, a atitude de prestígio seria mais apropriada. integrantes do grupo.
Assim, o líder deve ser capaz de entender o • Deverá ter comunicação franca.
contexto, a missão e liderar com predominância • Valores deverão ser compartilhados.
de uma das duas atitudes: de dominância ou de • Deverão ser externadas as expectativas
prestígio (MANER, 2016). individuais em relação ao grupo.
88 Modelo de Negócios
1. Com base nos conhecimentos adquiridos, construa um Canvas de Modelo de
Negócios com os nove componentes. Se tiver dificuldade, comunique-se com o
companheiro de curso. Não há problema em estudar outros modelos e adap-
tá-lo ao seu interesse.
89
LIVRO
O Monge e o Executivo
Autor: James C. Hunter
Editora: Sextante
Sinopse: James C. Hunter apresenta uma obra literária completamente
restauradora, emocionante e transformadora. O Monge e o Executivo é
uma história sobre a essência da liderança e quem lê descobre como se
tornar uma pessoa melhor na sociedade, no trabalho, na família e em várias
ocasiões. Nele, você terá os conhecimentos de como se relacionar com
as pessoas e fazer com que uma equipe tenha segurança em você para
seguirem pelo mesmo caminho.
90
BERTINI, M; TAVASSOLI, N. T. Case Study: Can One Business Unit Have 2 Revenue Models? Harvard Bu-
siness Review, v. 93 n. 3. p. 121-123, mar. 2015.
BLANK, S.; DORF, B. Startup - manual do empreendedor: o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Alta books, 2014.
DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2017
GOLEMAN, D. What Makes a Leader: Why Emotional Intelligence Matters. MA: More Than Sound, 2013.
HAQUE, U. To Manage Platform: Think of It as a Micromarket. Harvard Business Review Web Digital. 13
abr. 2016. Disponível em: <https://hbr.org/2016/04/to-manage-a-platform-think-of-it-as-a-micromarket> .
Acesso em: 30 jan. 2018.
HERZBERG, F. One More Time: How Do You Motivate Employees? Harvard Business Review. 2003, p. 31- 41.
KAVADIAS, S; LADAS, K; LOCH, C. The Transformative Business Model. Harvard Business Review. 27 out.
2016, p. 90-98.
MACGREGOR, D. O Lado Humano da Empresa. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1999.
MANER, J. Good Bosses Switch Between Two Leadership Styles. Harvard Business Review Web Digital.
5 dez. 2016. Disponível em: <https://hbr.org/2016/12/good-bosses-switch-between-two-leadership-styles>.
Acesso em: 30 jan. 2018.
O’BRIEN, K.; RIORDAN, C. M. For Great Teamwork, Start with a Social Contract. Harvard Business Review
Web Digital.17 abr. 2012. Disponível em: <https://hbr.org/2012/04/to-ensure-great-teamwork-start>. Acesso
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OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.
WHITEHURST, J. 3 Ways to Encourage Smart Teamwork. Harvard Business Review Web Digital. 7 set. 2015.
Disponível em <www.hbr.org>. Acesso em: 30 jan. 2018.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/quadro-de-modelo-de-negocios-para-criar-recriar-
-e-inovar,a6df0cc7f4217410VgnVCM2000003c74010aRCRD>. Acesso em: 30 jan. 2018.
91
1. Você deverá montar um canvas do modelo de negócio com 9 componentes: 1. Segmentos dos Clientes, 2.
Proposta de Valor, 3. Canais, 4. Relacionamento com Clientes, 5. Fontes de Receitas, 6. Recursos Principais,
7. Atividades-Chaves, 8. Parcerias Principais, 9. Estrutura de Custos.
2. Você deverá apresentar o que foi pedido, incluindo no perfil, no que for aplicável:
• Nome do cliente.
• Empresa ou instituição que trabalha.
• Função na empresa/organização.
• Perfil: idade, sexo, formação.
• Forma que foram obtidos os dados (indicação, linkedln).
3. Você deve avaliar um modelo de negócios no mínimo sobre dois dos seguintes critérios:
• Personalização
• Reciclagem
• Participação de ativos
• Preços baseados em uso
• Ecossistema Colaborativo
• Organização ágil e adaptativa
92
93
94
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Modelo de Negócio:
Segmento de Cliente e
Proposta de Valor
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Selecionar segmentos de clientes para o modelo de negócio. • Avaliar as hipóteses da proposta de valor.
• Identificar os ganhos e as dores dos clientes. • Ouvir as necessidades do cliente.
• Identificar componentes da proposta de valor para o cliente.
Segmentos
de Clientes
Como já visto na unidade anterior, no caso do ços nos próximos anos. No nosso caso, poderia
empreendedorismo, o modelo de negócio deve direcionar para aqueles que se candidatam ao
trazer retorno financeiro. Assim, uma das infor- acesso em determinada região geográfica para
mações que deve ser levantada é a do tamanho iniciar seu negócio. Para entender melhor e po-
do mercado-alvo, pois implicará no faturamento, der estimar com propriedade, poderia ir a cursos
conforme modelo de fontes de receitas. preparatórios e conversar com os proprietários,
Para se calcular o mercado-alvo, deve-se iniciar professores, alunos.
pelo Mercado Total Possível, que compreende a Assim, utilizando o conceito da Teoria dos
quantidade de usuários possíveis. Para calculá-lo, Conjuntos, O Mercado-alvo está contido no
você pode pensar em quantas pessoas poderiam Mercado Total Disponível, que está contido no
adquirir os produtos ou serviços, e qual seria o Mercado Potencial Total, conforme mostrado na
montante envolvido se todos comprassem. figura a seguir.
Suponha que você esteja desenvolvendo um
sistema de ensino a distância para preparação ao
acesso à Instituição de Ensino Superior no nível
graduação. Para se ter o Mercado Total Possível
(MTP), você poderia obter os dados de Número
Mercado
Total de Candidatos Inscritos no site do Institu- Potencial
Mercado Total
O Mercado-alvo
Disponível
to Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Total
Anísio Teixeira (INEPE). Lá, você encontraria o
número total de candidatos inscritos para cursos de
instituições públicas e privada de ensino superior.
O mercado que está contido no MTP é o Mer-
Figura 1- MPT, MTD e Mercado-alvo
cado Total Disponível (MTD), que compreende Fonte: o autor.
as pessoas que necessitam o produto ou serviço.
Para determiná-lo, consulte ou estime a quantida-
de de pessoas que possuem recursos financeiros
para adquirir e que pode ser feito pela consulta a
dados disponíveis em pesquisas.
Para o nosso caso suposto, que se trata de en-
sino a distância, é possível que nem todos os can-
didatos possuam recursos computacionais com Acesse o site do INEPE e desenvolva um pouco
acesso à internet para que possam acompanhar mais sua habilidade de pesquisa e descubra algu-
o curso, representando o MTD por aqueles que mas estatísticas sobre o ensino superior no Brasil.
possuem recursos de TI. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/
Agora, você, Mercado-alvo, compreende as guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior>.
pessoas que irão adquirir os produtos ou servi-
UNIDADE IV 97
Como você pode ver, há inúmeras fontes de dados benefícios do serviço e poder pagar por suas de-
sobre o negócio que você quer montar. Elas servem mandas. Da mesma forma, poderia haver diferen-
de parâmetros para se ter uma ideia da possibili- ça em disponibilidade de tempo para a realização
dade de se tornar repetitivo, rentável e escalável. das atividades. Também teríamos segmentos de
clientes com capacidade de obter conjuntos da
proposta de valor.
Segmentação do mercado Para Meer e Yankelovich (2006), a segmenta-
ção do cliente deve determinar aqueles que geram
Aqui, cabe uma discussão sobre a segmentação dos lucros, os quais se tornam mais lucrativos; deve-
clientes. Embora tenhamos estimado o tamanho do -se observar o comportamento real dele pelo
mercado, ele deve ser segmentado para que pos- acompanhamento e contato direto; assim, serão
samos entregar a proposta de valor diferenciada. identificadas propostas de valor que estão dis-
Procure estratificar os segmentos por categorias postos a pagar; convém que a segmentação seja
que sejam homogêneas (BARNETT, 1988) para clara para que se possa ser compreendida pelos
racionalizar recursos e obter um negócio escalável. membros da equipe e estes possam contribuir em
A segmentação de clientes deve ser bem pen- boas condições para a definição dos componentes
sada de modo a startup ou organização poderem do modelo de negócios; e revise a segmentação
atender segmentos diferentes de forma adequada. durante o desenvolvimento dos clientes, pois os
Deve-se estratificar os clientes, pois desejam pro- clientes mudam suas necessidades ou dores.
postas de valor distintas. Alguns aspectos devem Outro aspecto a ser considerado na segmen-
ser considerados, tais como: poder de compra, tação dos clientes são aqueles que compõem o
preferências por compras e renda. Essa segmen- entorno dos usuários - são aquelas pessoas que in-
tação só será possível muitas vezes após o contato fluenciam os usuários. Um aluno de ensino médio,
com os clientes (WAASER et al., 2004). que desejar ter acesso a um sistema remunerado
Para o mercado-alvo, é possível segmentá-lo de provas simuladas, dependerá, na maioria das
conforme características específicas. Por exemplo, vezes, de aprovação de seus responsáveis quanto
alunos que se preparam para o ENEM e alunos à pertinência e ao custo, poderá ser influencia-
que se preparam para vestibulares específicos. do por grupo de amigos que estudam com ele
Assim, poderia existir diferenças em compor- e, também, poderá ter influência de professores
tamentos dos clientes e, consequentemente, de do curso preparatório. Mais tarde, na Unidade V,
propostas de valor. O comportamento poderia veremos como são classificadas essas pessoas que
direcionar a segmentação pelo poder aquisitivo influenciam os usuários, que são os arquétipos
que distinguiria um grupo disponível a obter mais de clientes.
UNIDADE IV 99
Ganhos e Dores
dos Clientes
UNIDADE IV 101
Figura 3 - Mapa de Valor e Perfil do Cliente
Fonte: adaptada de Dias (2017, on-line)1.
UNIDADE IV 103
que atendam necessidades (CHRISTENSEN et al., 2. as tarefas sociais, que dizem respeito a status
2016). Quando você conhece o que o cliente reali- e posição. Podem incluir o uso de marcas que
za e deseja, você passa a ter condições de levantar representem alto poder aquisitivo, também
o que é prioritário e racionalizar sua proposta podem ser marcas que representem seriedade
de valor a um custo menor e a um preço melhor e uso de tecnologia;
para o cliente. 3. as tarefas pessoais/emocionais, relaciona-
Para se compreender as necessidades dos clien- das ao bem-estar e autoestima. Compreendem
tes, não se deve apenas dar atenção ao desempenho serviços que atuam no emocional das pessoas,
funcional de requisitos tangíveis, deve-se prestar como corte de cabelo e maquiagem, ou o ser-
atenção a dimensões emocionais e sociais. viço de agência de emprego.
Quando morei na Bélgica, no início dos anos
2000, verifiquei que poucos profissionais utiliza-
vam celular. Isso só era possível observar quando Dores do Cliente
havia intervalo no trabalho e uns poucos o uti-
lizavam em uma área de descanso, inclusive eu. Quando os clientes compram os produtos ou ser-
Isso também era observado fora do trabalho. O viços, eles estão interessados em obter uma solu-
que me chamou a atenção foi que, quando che- ção para uma tarefa que ele esteja realizando ou
guei no Brasil, notei no aeroporto um grupo de desejam realizar. As dores dos clientes represen-
pessoas, que parecia ser da mesma família, e todos tam resultados indesejados, problemas, obstáculos
utilizando seus celulares simultaneamente. Aquilo e riscos (OSTERWALDER, 2014).
me chamou a atenção e veio se confirmar depois,
quando em um almoço com um amigo, este fez
uma ligação pra mim (estavamos juntos na mes- Resultados indesejados
ma mesa) apenas para mostrar o celular novo,
como símbolo de status, ou seja, social. Os resultados indesejados são percebidos por
As tarefas dos clientes dizem respeito aos tra- várias formas. Por medição direta ou indireta,
balhos que eles realizam ou querem realizar, os percebe-se a baixa qualidade quando confronta-
problemas que querem resolver ou mesmo me- do com uma meta, por exemplo. Às vezes, só se
lhorias que querem implementar. Há três tipos de nota a baixa qualidade quando se compara com
tarefas (OSTERWALDER, 2014): outra tarefa similar e se verifica a diferença no
1. as tarefas funcionais, quando estão relacio- desempenho.
nadas à solução de problemas ou cumprir uma Como exemplo do primeiro caso, tive a opor-
atividade. Normalmente, são tangíveis no re- tunidade de trabalhar na produção de material
sultado; podem incluir o aumento da rapidez de intendência (cinto, carregador, suspensório)
no atendimento ao cliente: quando foi criado para o pessoal do Exército que ia para a Missão
o Sedex para a entrega de encomendas pelo no Haiti - isto ocorreu em 2014. Como tínhamos
Correios; como uma videoaula para melhorar que ter uma produtividade maior do que normal,
o desempenho do aluno; como um serviço a fim de cumprir metas, verificamos que, pelo
tipo Uber que gerencia frota de veículos para processo normal de produção, não iríamos aten-
transporte, oferecendo praticidade no pedido; dê-lo. Este resultado indesejado foi superado pelo
Obstáculos
UNIDADE IV 105
Riscos
Ganhos do Cliente
UNIDADE IV 107
Proposta de Valor
UNIDADE IV 109
AUTORREALIZAÇÃO
ESTIMA
SOCIAL
SEGURANÇA
FISIOLÓGICAS
A ideia é que, normalmente, existe uma hierar- nos dedicamos a fazer algo útil para um parente,
quia nas necessidades humanas. Assim, na base um amigo e até para alguém desconhecido. Assim,
da pirâmide estão as necessidades fisiológicas, a hierarquia é uma referência.
como sono, alimentação, água; seguida pela ne- Tive a oportunidade de ver uma apresentação
cessidade de segurança, como ter uma remu- de um grupo de alunos, na qual eles estavam seg-
neração para sustentar a família e a segurança mentando os clientes para identificar propostas
física. Na posição intermediária estão as neces- de valor para o uso de energia solar. Eles segmen-
sidades sociais, relacionamentos e status; acima taram pelo poder aquisitivo e tiveram a visão de
dela, as necessidades de estima, que incluem o que o produto teria valor diferente para cada seg-
reconhecimento dos pares e da sociedade; por mento, conforme nível de necessidade baseado na
fim, a necessidade de autorrealização, quando hierarquia das necessidades.
realizamos algo importante e como aplicação de Por outro lado, há um aspecto da teoria que é
nosso potencial, como uma pessoa com vocação pouco estudado e diz respeito à forma de pirâmide.
empreendedora conseguir montar um negócio Esta nos mostra que a base é maior, assim, essas ne-
que seja útil para a sociedade. cessidades são mais fáceis de serem definidas, obti-
A ideia de hierarquia mostra que, satisfeita das e medidas. Ao contrário, na parte superior que é
uma necessidade de nível inferior, permite que se menor, significa que são necessidades mais difíceis de
alcance a de nível imediato e assim sucessivamen- serem definidas, serem alcançadas e serem medidas.
te. Em uma visão simplista, isto seria verdade, pois Por exemplo, imagine que você esteja com sede e
uma pessoa com muita fome não estaria pensan- queira tomar um suco de uva. Não foi difícil definir
do na segurança de sua casa; mas temos inúmeros o que se deseja beber. Também será simples obter
exemplos em que estamos cansados, com sono, e um suco de uva e saber se o sabor o satisfez ou não.
Agora, imagine a autorrealização. Você já sabe O termo Proposta de Valor se popularizou e trouxe
exatamente qual é sua vocação? Você sabe como dificuldades na definição do que realmente represen-
irá se autorrealizar? Você sabe como e quando ta e como deve ser definida no modelo de negócios.
saberá que se realizou ou não? Viu? É também A seguir, veremos um pouco mais sobre os elementos
por isso que a teoria se apresenta na forma de da proposta de valor estudado por Alquimist, Senior
pirâmide. Este conceito é importante porque pas- e Bloch (2016), que descreveram a dificuldade de se
saremos a ver os elementos de valor também na identificar os aspectos psicológicos da proposta de
forma de pirâmide. valor, ou seja, o que os clientes consideram como
relevante para a execução de suas tarefas.
Autotranscedência
Fornece Autorealização
Esperança
UNIDADE IV 111
Como sabemos, o produto ou serviço reú- Já para um segmento de seguro de veículos, tería-
nem um conjunto de componentes que com- mos a tradição como elemento de valor desejado
binados satisfazem os clientes. Segundo os pelos clientes.
autores, há quatro categorias: funcional, emo- Tjan (2009) recomenda que os líderes se preocu-
cional, mudam a vida e impacto social. Al- pem em entregar aos clientes quatro tipos de pro-
guns são percebidos internamente pelo cliente, postas de valor: melhor qualidade, representada
enquanto outros são visíveis por serem exter- por desempenho superior dos produtos ou servi-
nos. O modelo apresentado segue a linha de ços; melhor relação custo-benefício, por exem-
raciocínio da hierarquia das necessidades de plo, teríamos pilhas com preços superiores, mas
Maslow, já vista anteriormente, contudo, sob com duração também superiores; luxo e aspiração,
o enfoque do ser humano como consumidor e que representam sucesso e promessa de experiência
como ele se comporta diante dos produtos ou única, como as oferecidas por automóveis de luxo;
serviços. De modo similar, a forma piramidal e deve ser, representado por proposta de valor, que
representa que, para o produto ou serviço pro- são essenciais para que os clientes executem suas
porcionarem valores dos níveis mais altos da tarefas, por exemplo, uma proposta de valor de um
pirâmide, eles necessitam apresentar valores do curso de ensino a distância que apresente questões
nível mais baixo, que são mais fáceis de definir, de prova para treinamento para o ENEM, os alunos
obter e ver se foram atendidos. exigirão que as questões possuam respostas para
Na Figura 8, é apresentada a pirâmide com que eles possam se exercitar e realizar a correção
seus elementos de valor. A relevância dos elemen- da aprendizagem. Quando você estiver ouvindo os
tos não é absoluta, pois dependem dos ramos do clientes, dê bastante atenção ao que deve ter, pois,
negócio e da cultura. Por exemplo, imagine um normalmente, levarão mais ganhos para eles.
veículo potente, de luxo, em uma cidade de cam- Prezado(a) aluno(a), vejam, agora, o vídeo do
po com poucos moradores, não teria o mesmo engenheiro empreendedor Luis Lopes, um dos
valor que em uma cidade de praia para veraneio. diretores da startup BOTFY, sobre como eles estão
Entretanto, ficou constatado que empresas que tratando a Proposta de Valor para seus clientes no
entregam maior quantidade de elementos de valor negócio de alta tecnologia para a captura e análise
com bom desempenho percebido pelos clientes de dados em ambientes físicos.
obtêm maior fidelidade com seus produtos ou
serviços. Ainda, essas empresas possuem maiores
taxas de crescimento da lucratividade.
Também se percebe que certos elementos en- Tenha sua dose extra de
contram-se presentes com maior incidência em conhecimento assistindo ao
determinados tipos de indústrias. Por exemplo, vídeo. Para acessar, use seu
nas indústrias de alimento e de bebidas, encon- leitor de QR Code.
UNIDADE IV 113
Avaliação das Hipóteses do Modelo de
Negócios
UNIDADE IV 115
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Agora que você compreendeu um pouco mais sobre o perfil do cliente, identifi-
que um segmento de cliente e descreva pelo menos um tipo de tarefa que ele
esteja ou deseje realizar.
3. Para o mapa de valor dos clientes e com base nas dores e ganhos da questão,
levante hipóteses de analgésico e criadores de correspondentes para cada dor
e ganho.
116
LIVRO
117
ALMQUIST, E.; SENIOR, J.; BLOCH, N. The Elements of Value. Harvard Business Review, 2016.
BARNETT, W. F. Four Steps to Forecast Total Market Demand. Harvard Business Review, 1988, p. 28-33.
BLANK, S.; DORF, B. Startup: manual do empreendedor: O Guia Passo a Passo para Construir uma Grande
Empresa. Rio de Janeiro: Alta books, 2014.
BRASSARD, M. The Memory Jogger Plus +. Featuring the Seven Management and Planning Toos. Methen:
GOAL/QPC, 1989.
CHRISTENSEN, C. M.; HALL, T.; DILLON, K.; DUNCAN, D. S. Know Your Customers’ “Jobs to Be Done”.
Harvard Business Review Web Digital, 2016. Disponível em: <https://hbr.org/2016/09/know-your-custo-
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INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse Estatística da educação
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MASLOW, A. H.; FRAGER, R. Motivation and Personality. New York: Harper and Row, 1987.
MEER, D.; YANKELOVICH, D. Rediscovering Market Segmentation. Harvard Business Review, 2006, p.
122-131.
OSTERWALDER, A. et al. Value Proposition. Como construir proposta de valor inovadoras. HSM Editora, 2014.
TJAN, A. K. Value Proposition that Work. Harvard Business Review Web Digital, 2009. Disponível em: <ht-
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Your Sales Force. Harvard Business Review, 2004, v. 82, n. 3, p. 105-111.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.negociosyemprendimiento.org/2017/08/herramientas-conocer-entender-clientes.html>.
Acesso em: 29 jan. 2018.
118
1. Deve identificar as tarefas dos clientes que dizem respeito aos trabalhos que eles realizam ou querem
realizar, os problemas que querem resolver ou mesmo melhorias que querem implementar .
2. Devem elaborar o conjunto de hipóteses com, no mínimo, 3 dores e 3 ganhos para o segmento de clientes
escolhido e que estejam correlacionados com as tarefas.
119
120
121
122
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Produto e Mercado
PLANO DE ESTUDOS
Encaixe do Produto e
Um dia na vida do Cliente Mercado e Rearticulação ou
Avanço no Modelo de Negócio
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar os Arquétipos do segmento do mercado. • Encaixar o produto com o mercado e realizar análise crítica
• Conhecer a rotina do cliente. do processo de desenvolvimento do cliente.
• Construir o Produto Mínimo Viável de Baixa Fidelidade.
Arquétipos
de Clientes
UNIDADE V 125
Como são os seis tipos, procure descrever os principais, usuário final e o tomador de decisão. Procure
descrevê-los de modo a serem bem compreendidas as suas características.
Usuários Finais
Os usuários finais são aqueles que utilizam os produtos ou serviços. Em
um sistema de transporte coletivo, por exemplo, são os passageiros. Em
um restaurante, são as pessoas que o frequentam. Para um sistema
de veículo coletivo, são os motoristas. É necessário saber como eles uti-
lizam os produtos ou serviços, mesmo que não sejam as pessoas que
decidem sobre a aquisição ou não desses recursos. Normalmente eles
são consultados pelos tomadores de decisão.
Formadores de Opinião
Os formadores de opinião são aqueles capazes de influenciar os toma-
dores de decisão, não de forma consultiva, mas por serem considerados
especialistas e mostrarem uma tendência. Você já viu propagadas em
que surge um artista ou desportista utilizando determinado produto?
Embora não sejam especialistas no assunto, eles exercem alguma in-
fluência sobre os consumidores finais.
Outra forma de influenciar os consumidores é pela entrega de produ-
tos ou serviços gratuitamente, para que seja experimentado; ou um
brinde na compra casada de um produto. Você, de alguma forma, é
induzido a experimentá-los.
Para a descoberta dos clientes, você deve conhecer qual é o perfil do
formador de opinião e o que ele pensa sobre sua proposta de valor.
Recomendadores
Os recomendadores são diferentes dos formadores de opinião. Os re-
comendadores podem até exercer funções de assessoramentos que
permitam ou não a aquisição de produtos ou serviços. Ainda, por serem
especialistas, normalmente, possuem conhecimentos sobre característi-
cas dos produtos dos concorrentes. Nesses casos, incluem os assessores
institucionais e os órgãos de pesquisa de opinião.
Quando você decidiu vir estudar na Unicesumar, provavelmente, con-
versou com seus professores que, por possuírem mais experiências na
atividade acadêmica, devem ter avalizado as escolhas de vocês.
Assim, eles até podem possuir o poder de veto em uma aquisição ou
contratação de serviços.
Tomadores de Decisão
São aqueles que decidem sobre a aquisição ou não de um
produto ou serviço. Em empresas privadas podem ser os
donos, os membros do conselho, o diretor executivo. Essa
decisão pode ser individual ou coletiva. No caso familiar,
podem ser o pai, a mãe, os pais, um determinado filho. De
qualquer forma, é necessário conhecê-lo bem para elaborar
a proposta de valor e apresentar todo o modelo de negócios.
Sabotadores
Eles existem em inúmeras organizações e no âmbito parti-
cular. Podem atuar de forma dissimulada e, algumas vezes,
de forma ostensiva. Para serem considerados sabotadores,
devem possuir capacidade de prejudicar o uso de produtos
ou serviços ou mesmo a sua obtenção. O conhecimento das
estratégias deles para prejudicar o negócio permitirá que
sejam adotadas medidas para minimizar ou neutralizar as
ações de sabotagem.
UNIDADE V 127
Um Dia na
Vida do Cliente
UNIDADE V 129
• Como: descrição da tarefa que é executa- Comportamento
da. Por exemplo, o cliente utiliza o telefone dos clientes e seus
para chamar um colega ou ele se deslo- relacionamentos
ca até a sala do colega. Se fosse uma dor,
poderia ser descrita como ela ocorre. Por A observação dos clientes visa conhecer o seu com-
exemplo, o documento chega no escritório portamento no decorrer do dia e como e quais pro-
fora do horário da manhã, quando todos dutos ou serviços eles utilizam. Por qual período eles
estão disponíveis para tratar do assunto. são utilizados. Qual seria o impacto no desempenho
• Quando: o momento em que se executa das tarefas caso se beneficiassem da proposta de va-
determinados passos da tarefa. Durante lor que seria entregue a ele (BLANK; DORF, 2014).
quanto tempo. Da mesma forma, em que Todo negócio bem-sucedido depende da
momento que ocorrem as dores e que se oportunidade no lançamento de produtos ou
deseja obter determinado (o quê) ganho. serviços. Quando se utiliza informações de
• Onde: o local em que se desenvolve a tarefa, terceiros, corre-se o risco de não ter precisão
ou que ocorrem as dores, ou se deseja os no conhecimento das necessidades dos clien-
ganhos. Se tratar de um processo, você pode tes. Daí que os fundadores devem sair para
verificar em que pontos do fluxo das ativi- a rua para conhecer os clientes. A visita não
dades ocorrem as dores ou se deseja ganhos. deve ser superficial. Deve-se entender bem
• Porque: a causa ou a razão para aquela o cliente e obter a empatia para se conseguir
ocorrência. A causa diz respeito a fenô- informações e dar continuidade no contato.
menos físicos e a fatos. Já as razões dizem Verifica-se também que pequenas observações
respeito a atitudes ou atos praticados por podem gerar resultados significativos quando
pessoas. Por que o cliente sente aquela dor se trabalha com criatividade (GOUILLART;
(causa). Porque determinada tarefa é execu- STURDIVANT, 1994).
tada de determinada maneira (razão). Por- Como, normalmente, os clientes não traba-
que há necessidade de determinado ganho. lham sozinhos, deve-se identificar aqueles que
• Por isso: efeitos ou consequências. Da o influenciam, tais como os arquétipos (forma-
mesma forma, os efeitos dizem respeito a dores de opinião, recomendadores, compradores
fenômenos físicos e consequências a atos econômicos, tomadores de decisão, sabotado-
praticados por seres humanos. O por isso res). Assim, pode-se até representar, por inter-
fica aberto para que você possa descrever médio de rede de relacionamento sobre deter-
qual foi o seu insight da observação da ro- minada tarefa, qual é o papel de cada arquétipo
tina dos clientes. (BLANK, 2012).
Horário Atividade
Notas
(o que é visto)
Controle da Execução da
19:00h presença em chamada muito
aula. lenta (dor).
Ganhos
Tarefas
dos Clientes
Dores
UNIDADE V 131
Produto Mínimo Viável
de Baixa Fidelidade (MVP)
UNIDADE V 133
problemas. Ainda, desenvolver um MVP é mais • Prototipagem, um protótipo com carac-
que uma técnica de desenvolvimento. Trata de terísticas do produto que permitam testar
mudança de mentalidade em que se pensa grande as hipóteses.
no longo prazo e executa pequeno no curto prazo,
a fim de evoluir rapidamente de modo firme no No momento de se criar o Produto Mínimo
movimento a obter um negócio rentável e esca- Viável, deve-se considerar a complexidade da
lável (SYNCDEV, 2017). proposta de valor, de modo a não criar algo mui-
O Produto Mínimo Viável deve ser entendido to simples que não dê para avaliar a proposta
como algo que viabiliza o negócio e não o mínimo junto aos clientes e nem muito sofisticado, que
imaginável. Deve ser algo fácil de implementação, inviabilize o negócio pelo custo e/ou tempo de
mas desafiador. confecção.
Osterwalder (2014) propõe que a representa- No Produto Mínimo Viável, devem ser reti-
ção da Proposta de Valor pareça com a realidade rados os excessos, mas deve permanecer o que
que se pretende alcançar. Ou seja, que o MVP seja é essencial. Ele serve para avaliar os componentes
percebido pelo cliente com algo que atende suas do futuro produto ou serviço, antecipadamente,
necessidades. Para isso, sugere as seguintes formas para verificar a diferenciação em relação à con-
de se obter um Produto Mínimo Viável: corrência e se o produto realmente é viável. Trata
• Folha de dados, contém especificações de uma maneira fácil de construir, mas que deve
da proposta de valor imaginadas pelo em- enfrentar logo o problema técnico fundamental
preendedor. Para sua confecção, pode-se que se quer resolver.
utilizar processadores de texto. Existe ainda a possibilidade de se criar mais de
• Folhetos, contendo a representação es- um MVP para que que se obtenha realimentação
quemática da proposta de valor desejada do processo (“feedback”) de vários especialistas
e suposta pelo empreendedor. diante de várias opções. Com essas várias opções,
• Série de Imagens (“storyboard”), reunindo possibilita avaliar a necessidade de investir ou não,
uma série de desenhos que sejam capazes de de imediato, em pesquisa e desenvolvimento do
representar a entrega da proposta de valor. novo produto ou serviço.
• Site, mostrando como seria o produto final. Esse processo de aprendizagem pode se apre-
• Caixa de produto, uma prototipagem da sentar por três abordagens: a linear tradicional,
proposta de valor desejada. a sequencial com realimentação e decisão sobre
• Vídeo, apresentando de forma explícita pivotar ou não, a com mais de um MVP, conforme
como funciona a proposta de valor. mostrado na Figura 2.
Início Término
Início Término
Início Término
UNIDADE V 135
Cuidados no uso do MVP
UNIDADE V 137
(OSTERWALDER, 2014). Os clientes devem fi- • se há alguma proposta que deva ser
car entusiasmados com a solução. Observem que reduzida;
estamos na busca do cliente e propondo uma so- • se há alguma proposta que deva ser
lução para ele. Isso torna um processo difícil, que aumentada.
exige determinação, característica de qualquer
empreendimento. Nesses questionamentos, para compreender me-
O encaixe pode ser verificado por intermédio lhor, deve-se perguntar sempre “Por que?”.
do contato com o cliente e fazendo algumas per- Para o encaixe, podemos utilizar o relaciona-
guntas (OSTERWALDER, 2014): mento entre Mapa da Proposta de Valor, à esquer-
• Quais das propostas efetivamente estão da e Perfil do Cliente, à direita. Para cada Ganho,
criando valor? verificaria se há criador de ganho que satisfaça
• Dentre as propostas de valor, identifique essa necessidade. Da mesma forma para as dores
as que merecem ser mantidas e as que po- com seus analgésicos e as tarefas dos clientes com
deriam ser eliminadas? os produtos ou serviços (MVP).
• A fim de conhecer melhor a relevância de Na Figura 3, uma seta azul representa que você
cada componente da proposta de valor, está dando atenção aos ganhos dos clientes (en-
questione: caixando). Já a seta vermelha significa que você
• se há alguma funcionalidade que deva está tratando das dores dos clientes (encaixando).
ser removida; A seta verde mostra a relação dos produtos ou
• se há algo a ser acrescentado; serviços com as tarefas dos clientes.
UNIDADE V 139
• Pode incluir que há necessidade de en- • O que foi invalidado.
trevistar outros tipos de segmentos de • Tratam das hipóteses que, ao serem tes-
mercados. tadas juntos aos clientes, mostraram-se
• Que a concorrência está buscando en- inapropriadas e não coerentes com os
tregar novos produtos aos clientes. desejos dos clientes ou inviáveis de se-
rem implementadas.
• O que foi validado. • Da mesma forma, podem incluir os nove
• Tem a ver com o teste das hipóteses componentes do modelo de negócios.
junto aos clientes. Caracteriza o que
encantou os clientes e obteve encaixe Neste ponto, o modelo de negócio pode ser atualiza-
entre as hipóteses e percepção de que do. Como sugestão, no caso de modelo de negócios
as necessidades foram atendidas. em apresentação digital, os itens que fossem invali-
• Quando se tratar de testes de hipóteses dados poderiam receber uma cor vermelha tacha-
do modelo de negócios, diz respeito a da (invalidados). Os que fossem validados seriam
serem validados os componentes do mantidos na mesma cor e os que fossem acrescen-
modelo de negócio (total de 9). tados receberiam a cor azul (acrescentados).
mento tos de
s Principais e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com o s Clie Clientes
Recursos
Principais Canais
quem?
Para
Como? O que ?
os a
a de Cust e Receit
Estrutur Fontes d
Quanto?
UNIDADE V 141
Caro(a) aluno(a), avançamos um pouco mais que não um produto com o mínimo de carac-
em nossa disciplina sobre empreendedorismo. terísticas possíveis, e sim um produto que seja
Tivemos a oportunidade de aprender sobre os capaz de apresentar ao cliente e avaliar se atende
Arquétipos de Clientes, que vai nos permitir di- suas expectativas no sentido de eliminar as dores
ferenciar papéis no relacionamento com os pro- e proporcionar os ganhos. Trata de um produto
dutos ou serviços. Uns serão mais próximos do capaz de proporcionar uma rápida aprendizagem
uso e manuseio e outros no processo de decisão com baixo custo.
sobre a escolha da proposta de valor. Aprenda a Por fim, vimos como verificar o encaixe entre
diferenciá-los para melhor atendê-los. o que está sendo criado e o que o cliente deseja.
Vimos também que conviver com o cliente, ou Este processo é complexo e necessário. Ele passa
seja, viver o dia na vida do cliente, é uma boa for- por detalhes como a verificação de encaixe entre
ma de conhecer como ele desempenha a tarefa e tarefa, dores e ganhos por um lado e do outro lado
demonstra seus desejos por ganhos e as dores que os criadores de ganhos e os analgésicos. Em um
sente. Esse conhecimento será fonte de inspiração nível mais elevado, verifica-se se há encaixe no
para a definição da proposta de valor. A descri- próprio modelo de negócio.
ção do cliente deve ser feita segundo abordagem Consideramos que os primeiros passos foram
sistematizada. dados e você estará, cada vez mais, preparado(a)
De posse desse conjunto de informações, tor- para conduzir um empreendimento.
na-se possível criar um Produto Mínimo Viável, Boa sorte!
1. Com base no Canvas criado na Unidade III, escolha até dois arquétipos e o perfil
deles.
2. Selecione pelo menos 1 (um) dos arquétipos da questão 1), passe um dia com
ele e o descreva segundo Garcia (2000).
143
LIVRO
144
AULETE, C. Dicionário escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon, 2012.
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145
REFERÊNCIAS ONLINE
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1
146
1. Com base no Canvas que foi desenvolvido na Unidade III, você deverá selecionar do segmento um ou dois
arquétipos, conforme apresentado por Blank (2012). São eles:
Formadores de Opinião: são aqueles capazes de influenciar os tomadores de decisão, não de forma
consultiva, mas por serem considerados especialistas e mostrarem uma tendência.
Recomendadores: são diferentes dos formadores de opinião. Os recomendadores podem até exercer
funções de assessoramentos que permitam ou não a aquisição de produtos ou serviços.
Compradores Econômicos: são aqueles que cuidam das finanças. Normalmente, exercem papel relevante
no processo decisório.
Tomadores de Decisão: são aqueles que decidem sobre a aquisição ou não de um produto ou serviço.
Sabotadores: são aqueles que possuem capacidade de prejudicar o uso de produtos ou serviços ou mes-
mo a sua obtenção.
2. Você deverá descrever o que observou na vida do cliente e descrever, no que for aplicável, os itens apre-
sentados a seguir, segundo Garcia (2000). Após a seleção de um ou dois dos arquétipos descritos ante-
riormente na questão 1 (observe que deve estar coerente com o Canvas definido na Unidade III, pois será
o mesmo modelo de negócio até o término da disciplina), o aluno(a) deverá descrever o perfil deste(s)
arquétipo(s). Para isso, deverá utilizar o seguinte roteiro descrito no tópico: Sistematizando o perfil dos
clientes, conforme mostrado a seguir:
O quê: o fato que estamos observando. Podem ser uma tarefa, um tipo de cliente (aluno, professor, usuário
de um caixa eletrônico).
Quem: a pessoa que estamos acompanhando a rotina. Como já dito, temos que descrever um ser humano
que é o cliente.
Como: descrição da tarefa que é executada. Por exemplo, o cliente utiliza o telefone para chamar um
colega ou ele se desloca até a sala do colega. Se fosse uma dor, poderia ser descrita como ela ocorre. Por
exemplo, o documento chega no escritório fora do horário da manhã, quando todos estão disponíveis
para tratar do assunto.
Quando: o momento em que se executa determinados passos da tarefa. Durante quanto tempo. Da
mesma forma, em que momento que ocorrem as dores e que se deseja obter determinado (o quê) ganho.
Onde: o local em que se desenvolve a tarefa ou que ocorrem as dores ou se deseja os ganhos.
Porque: a causa ou a razão para aquela ocorrência. A causa diz respeito a fenômenos físicos e a fatos. Já
as razões dizem respeito a atitudes ou atos praticados por pessoas. Por que o cliente sente aquela dor
(causa). Por que determinada tarefa é executada de determinada maneira (razão). Por que há necessidade
de determinado ganho.
Por isso: efeitos ou consequências. Da mesma forma, os efeitos dizem respeito a fenômenos físicos e
consequências a atos praticados por seres humanos. Por isso fica aberto para que você possa descrever
qual foi o seu insight da observação da rotina dos clientes.
147
3. Prosseguindo com o mesmo modelo de negócio (Canvas) construído na Unidade III, você deverá descrever
o seu Produto Mínimo Viável de Baixa Fidelidade, segundo as propostas de Osterwalder (2014) para o MVP,
cuja representação da Proposta de Valor pareça com a realidade que se pretende alcançar. Ou seja, que
o MVP seja percebido pelo cliente com algo que atende suas necessidades. Para isso, o(a) aluno(a) deverá
utilizar uma das seguintes formas:
Folha de dados, contém especificações da proposta de valor imaginadas pelo empreendedor. Para sua
confecção, pode-se utilizar processadores de texto.
Folhetos, contendo a representação esquemática da proposta de valor desejada e suposta pelo empreen-
dedor.
Série de Imagens (“storyboard”), reunindo uma série de desenhos que sejam capazes de representar a
entrega da proposta de valor.
148
149
150
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Modelo de Negócio:
Canais e Relacionamento
PLANO DE ESTUDOS
Relacionamento:
como atrair os clientes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar os canais existentes com o cliente. • Sugerir formas para atrair, manter e expandir clientes.
• Descrever os tipos de relacionamentos com o cliente.
Canais
UNIDADE VI 153
FASE 1: CONHECIMENTO
fases
A maneira como nós fazemos para
que os clientes possam conhecer
e seus
passar do tempo de uso, como po-
deríamos atualizá-los em relação a
FASE 2: AVALIAÇÃO
FASE 3: AQUISIÇÃO
De que modo auxiliamos os usuários
Como possibilitamos aos clientes ad-
a fazerem a avaliação da Proposta de
quirirem nossos produtos ou serviços
Valor que é recebida de nossa orga-
utilizando canais físicos ou digitais.
nização. Podem ser feitas por meios
Por exemplo, um site da empresa,
físicos ou digitais. Por exemplo, uma
integrado com o sistema bancário e
pesquisa do cliente por mensagem
que permita a compra com cartão de
de e-mail ou um grande cliente pela
crédito.
visita a suas instalações.
FASE 4: ENTREGA
FASE 5: PÓS-VENDA
De que forma a Proposta de Valor é
De que modo fornecemos assistên-
entregue aos clientes, incluindo modo
cia técnica para nossos clientes. Por
digital ou físico. Exemplificando, a en-
exemplo, quando um cliente adqui-
trega pode ser feita por uma empresa
re um computador pessoal, de que
de transporte, no caso do canal físi-
forma ele é atendido no caso de de-
co. Por outro lado, pode ser feito um
feito no equipamento. Ele leva para
download (envio de arquivo de um
um serviço autorizado, ou recebe um
servidor para outro computador via
técnico no domicílio?
internet) de um software.
154 Modelo de Negócio: Canais e Relacionamento
Tipos de canais físicos
de distribuição
UNIDADE VI 155
Venda direta • Vantagens: por conhecerem os produtos
ou serviços, os vendedores podem, rapi-
Quando a entrega é executada pelo próprio pes- damente, atingir várias áreas geográficas.
soal da empresa, diretamente ao cliente final. Por dependerem de nossos produtos para
• Vantagens: a empresa pode controlar e su- integrarem, tornam os parceiros interessa-
pervisionar efetivamente o serviço de en- dos no sucesso de nossas vendas.
trega. Ainda, pode ouvir do diretamente do • Desvantagens: os vendedores necessitam
cliente a opinião sobre produtos ou serviços. de treinamento e são difíceis de serem mo-
• Desvantagens: o custo é elevado para man- nitorados.
ter equipe de vendas. Também necessita ca-
pacitar pessoa constantemente no uso dos
produtos ou serviços. Precisa ter pessoal em Revendedores
inúmeras áreas geográficas.
São aqueles que vendem quantidades pequenas
ou média dos produtos fabricados pela empresa.
Representante de vendas • Vantagens: por venderem quantidades
significativas, podem valorizar bastante o
Quando utiliza pessoas que não pertencem aos negócio da empresa fornecedora de pro-
quadros da empresa, como vendedores autônomos, dutos que eles consideram de qualidade.
normalmente, especialistas em vendas e no próprio • Desvantagens: o custo é elevado e difi-
negócio. Também podem representar outras empre- cilmente estabelecem parcerias represen-
sas fabricantes de produtos similares, mas não con- tativas. É comum que só remunerem a
correntes. Geralmente, encontram-se em áreas não empresa produtora quando suas vendas
abrangidas pelos vendedores diretos. São remunera- são concretizadas.
dos, na maioria dos casos, por comissão, mas podem
receber algo fixo para suas despesas operacionais.
• Vantagens: possibilidade de abranger vá- Varejistas
rias áreas ocupadas pelos segmentos dos
clientes. Os custos são proporcionais às Adquirem os produtos e os comercializam com
fontes de receita. elevada margem de lucro a fim de custear suas
• Desvantagens: os representantes podem despesas operacionais.
se dedicar mais a outras empresas que re- • Vantagens: valorizam os produtos que
presentam ou mesmo a seus clientes em vendem e podem até realizar campanhas
vez de a nossas empresas. de marketing dos produtos. Por venderem
quantidades significativas, podem valori-
zar bastante o negócio da empresa forne-
Revendedores integradores cedora de produtos que eles considerem
de sistemas/montadores de qualidade.
Esse tipo de vendedores agrega valor ao produto ou • Desvantagens: torna-se um negócio arris-
serviço de sua empresa, pois prestam assessoramen- cado se depender, prioritariamente, deste
to, realizam treinamento, integram componentes. canal.
UNIDADE VI 157
Observamos que todos os componentes são im-
portantes para o modelo de negócio. Muitos for-
necedores preocupam-se apenas com a qualidade
do produto, e não com os serviços associados,
como o canal. Quando é percebido que o canal de
distribuição não atende com qualidade os clientes,
empresas procuram compartilhar com outras em-
presas o serviço, ou procuram parceiros, segundo
Anderson e Narus (1996, on-line)2. A busca de
parceiros que executem a atividade de distribui-
ção não é uma tarefa fácil, pois nem sempre eles
incorporam a cultura da empresa em relação aos
clientes. Ainda, necessitam de capacitação para
poder fazer parte da cadeia de distribuição. O
processo de captação de parceiros deve ser pro-
gressivo e contínuo.
Como se vê, a ligação com o cliente é significa-
tiva para o sucesso no negócio. Outro componente
que está relacionado ao canal é o Relacionamento
com o cliente, como veremos a seguir.
UNIDADE VI 161
Relacionamento:
como manter e
aumentar os Clientes
UNIDADE VI 163
atenção recebida, o cliente fica propenso a • Elevação do custo de troca do produto
manter-se fiel à determinada marca. A fim de inibir que o cliente troque o pro-
Tive a oportunidade de comprar sistemas duto ou serviço por uma marca concor-
de ares condicionados em uma empresa. A rente, é possível elevar o custo desta troca,
instalação foi feita por uma empresa dife- por intermédio da elaboração de contratos
rente. Passado um tempo, recebia ligação da por períodos maiores, tecnologia restrita.
primeira empresa para saber se estava tudo Isso é comum em contratos de prestação de
bem e se eu estava satisfeito com o produto. serviços em que a fidelidade é obtida por pe-
Realmente estava, pois o produto foi entre- ríodo maior a um custo menor. No caso de
gue em excelentes condições, recebi todo academias de ginásticas que realizam con-
assessoramento técnico, e o preço de compra tratos anuais, com custos menores que os
era bastante competitivo. Passado um tem- mensais, mas que, se paga adiantado ou com
po, tive que adquirir outro produto relacio- compromisso de, ao se cancelar o contrato,
nado. A primeira empresa que procurei foi algum valor fica retido para a academia.
ela, pois me senti assistido pelo fornecedor.
UNIDADE VI 165
Como aumentar
os clientes
Dado que uma empresa ou startup já atraiu cliente Se escolher um livro de empreendedo-
e o reteve, é desejável que ela queira aumentar as rismo, por exemplo, em seguida, aparece
receitas com o aproveitamento dos clientes exis- um sugestão de outros livros que foram
tentes. Para isso, há inúmeras táticas que incluem comprados por clientes que obtiveram o
o aumento da receita advinda dos clientes existen- mesmo produto que você.
tes ou a da atração de novos clientes. Veremos nes-
ta unidade: Indicação, Venda Cruzada, Upsell • Upsell
e Vendas em Datas Especiais. Isso ocorre quando vendemos o mesmo
produto com um adicional de volume, de
• Indicação características, com acréscimo pequeno no
A Indicação ocorre quando o cliente exis- preço inicial. Como estamos seguindo a
tente indica um novo cliente e recebe al- linha da academia de ginástica, imagine
gum benefício para isso. Por exemplo, para que você, ao buscar contratar o serviço de
certas assinaturas, como Clube do Livro, uso de aparelhos, seja oferecido o uso da
são criados dias ou períodos do amigo, piscina com um pequeno preço adicional.
quando o assinante cadastrado pode re- Ou, ao adquirir um computador com de-
ceber um bônus, caso indique um amigo terminada capacidade de memória e pou-
como possível assinante. Também é feito co acréscimo no preço receba a capacidade
para serviços quando o cliente pode ter de memória em dobro.
uma mensalidade grátis de determinada
academia de ginástica se indicar um amigo. Prezado(a) aluno(a), para compreendermos
melhor a utilização dos canais e/ou do tipo de
• Venda Cruzada relacionamento com os clientes, vocês poderão
A Venda Cruzada ocorre quando a empre- assistir ao vídeo em que Adriano Albano, dono do
sa oferece um produto ou serviço a mais, polo que utiliza Metodologias ativas de Educação
correlato ao que se está adquirindo, para em Engenharia da Unicesumar, em Blumenau,
aumentar a proposta de valor para o cliente brinda com um pouco de seus conhecimentos
e a sua receita. Exemplificando, no mesmo sobre canais e relacionamento com os clientes,
caso da academia de ginástica, o atendente fruto de experiências e estudos acumulados ao
poderia oferecer, após fechar contrato para longo dos anos.
a prestação do serviço de atividade física
um serviço de treinador pessoal. Com isso,
a academia estaria oferecendo um serviço
a mais e receberia uma percentagem da Tenha sua dose extra de
receita do treinamento pessoal. conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
Você também vê esta tática quando com-
leitor de QR Code.
pra livros ou objetos por sites de venda.
UNIDADE VI 167
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
168
LIVRO
WEB
169
BLANK, S.; DORF, B. Startup: manual do empreendedor: O Guia Passo a Passo para Construir uma Grande
Empresa. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.
ENDEAVOR BRASIL. As vendas diretas no mundo de múltiplos canais. out. 2016. Disponível em: <https://
endeavor.org.br/vendas-diretas-omnichannel/>. Acesso em: 30 jan. 2018.
OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.
REFERÊNCIAS ON-LINE
170
1. O canal físico deverá incluir um ou mais dos seguintes tipos:
• Venda Direta;
• Representante de Venda;
• Revendedor Integrado de Sistemas/Montador;
• Revendedor;
• Varejista;
• Atacadista;
• Fabricante de Produtos Originais.
O(a) aluno(a) também deverá incluir as vantagens e desvantagens conforme o tipo escolhido e com base
no descrito no item 1.3.1.
2. O estudante deverá selecionar, dentre as mídias livres e as pagas, aquelas que melhor se adequem a seus
modelos de negócios.
• Programa de Fidelidade;
• Contatos Telefônicos;
• Início com pesquisa de satisfação do cliente;
• Remessa de boletins de atualização;
• Monitoramento e questões de atendimento ao cliente;
• Elevação do custo de troca do produto.
171
172
173
174
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Desenvolvimento
de Clientes:
Fontes de Receita,
Recursos Principais,
Atividades Chaves
PLANO DE ESTUDOS
Recursos Principais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estabelecer as formas de obtenção de fontes de receita. • Descrever as atividades chaves do modelo de negócios.
• Identificar os recursos principais do modelo de negócio.
Fontes de
Receita
mento tos de
s Princip
ais
e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os Clie Clientes
Principais Canais
Recursos
s
de Custo e Receit
a
Estrutura Fontes d
Estabelecimento de Preços
Subsistemas Subsistemas
Gerenciais de Manutenção
Subsistema
Entradas Técnico ou de Saídas
Produção
Subsistemas Subsistemas
de Apoio Adaptativos
Figura 2 - Modelo de Sistema Aberto com as interações entre subsistemas e meio ambiente
Fonte: o autor.
mento tos de
sP rincipais e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os C
lie Clientes
Principais Canais
Recursos
s
de Custo e Receit
a
Estrutura Fontes d
Principais Canais
Recursos
s
de Custo e Receit
a
Estrutura Fontes d
Produção
190
O Sistema Toyota de Produção tornou-se famoso
por ter utilizado inúmeros conceitos para aumen-
tar a produtividade com qualidade. Em resumo,
faz a separação do que é processo e do que é ope-
ração. O STP prega, em essência, a constante per-
seguição dessas perdas e sua completa eliminação.
Perdas são, assim, definidas como qualquer coisa
que não agrega valor e qualidade ao produto.
O processo é o fluxo de materiais entre tra-
balhadores e a operação é a ação executada pelo
trabalhador no material (GHINATO, 1996).
Um processo é visto como o fluxo do material
no tempo e no espaço; transforma a matéria-pri-
ma em componente semi-acabado e, em seguida,
em produto acabado (SHINGO, 1996).
As operações podem ser vistas como a tarefa
realizada para executar essa transformação. São
resultantes da interação do fluxo de equipamento e
operadores no tempo e no espaço (SHINGO, 1996).
Segundo Shingo (1996), são cinco as ativida-
des que constituem o processo e que podem ser
identificadas no fluxo da transformação de ma-
térias-primas em produtos:
• Processamento: mudança física no material
ou na sua qualidade.
• Inspeção: comparação com um padrão es-
tabelecido.
• Transporte: movimento de materiais ou
produtos.
• Espera do processo: período em que um
lote inteiro fica aguardando enquanto o
lote anterior é processado, inspecionado ou
transportado.
• Espera do lote: período de operação de um
lote, em que, ao mesmo tempo que uma peça
é processada, outras estão aguardando.
Os sistemas de produção devem contar com pes- A Plataforma tem como atividade chave o ge-
soal capacitado, procedimentos padronizados e renciamento da Tecnologia da Informação que
em um processo de melhoria contínua. Também estabelece a interface entre o produto ou serviço
deve adotar modelos de gestão que garanta a qua- que será entregue ao cliente.
lidade dos produtos junto aos clientes. Atualmente, podemos verificar que as platafor-
mas estão presentes em uma série de negócios. Ela
estabelece a conexão entre os produtos ou serviços
Prestação de serviços e seus clientes. Por ela facilitar a aquisição, pois com
poucos cliques você pode adquirir produtos em
A atividade de prestação de serviços destina a várias partes do mundo - basta ter um computador
resolver questões dos clientes que podem ser conectado à página da plataforma e um cartão de
algo original ou inovador, ou mesmo resolver um crédito cadastrado e que possua um limite para a
problema. No primeiro caso, poderíamos ter um compra - essa mesma facilidade pode trazer pro-
serviço de engenharia para projetar um imóvel, o blemas para os clientes que compram por impulso
trabalho de um arquiteto para a mesma casa. Para ou por se equivocar na escolha do produto.
resolver um problema, o engenheiro pode fazer Outro dia, um amigo foi comprar uma máquina
um projeto para reforçar uma ponte que tenha de lavar em um site de compras e vendas e só foi
sido interditada por motivo de segurança. verificar que não tratava do produto que desejava
Se verificarmos a produção e o serviço, pode- posteriormente. Tentou cancelar a compra ainda
mos confirmar que é possível aumentar a pro- antes do envio do produto, mas não conseguiu -
dução por intermédio da automação. Para um teve que ficar no prejuízo. O que se observa é que
escritório de advocacia aumentar a escala, nor- muitas dessas plataformas passaram a ganhar mui-
malmente ele terá que contratar mais advogados, to dinheiro e, praticamente, esqueceram dos clien-
que torna dispendioso. tes e só se preocupam em crescer cada vez mais.
Caso as empresas de serviços desejem aumen- As verdadeiras plataformas devem estar pauta-
tar a produtividade com pouco aumento em seu das no princípio de que compradores e vendedores
efetivo, ela deverá, também, automatizar processos devem ganhar no negócio. Ela deve possibilitar
194
LIVRO
A quinta disciplina
Autor: Peter M. Senge
Editora: BestSeller
Sinopse: publicado pela primeira vez em 1990, este livro revolucionou o modo
de gerenciar as empresas. Considerado pelo Financial Times um dos cinco
maiores livros de negócios de todos os tempos, esse livro apresenta técnicas
imprescindíveis para uma organização empresarial de sucesso. Nessa edição,
o autor inclui uma sessão inédita, que expõe os bons resultados obtidos, por
meio de suas propostas, ao longo dos anos. Em uma época em que as decisões
eram centralizadas nos gerentes e o planejamento era feito a curto prazo, Senge
derrubou o tabu do trabalho em equipe e disseminou novos padrões de pen-
samento no meio corporativo. Quase vinte anos depois, as ideias defendidas
nesta obra estão integradas profundamente ao cotidiano das práticas gerenciais.
WEB
195
ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Metodologia de Análise e Solução de Proble-
mas. Porto Alegre: Produttare, 2013. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Acao%20Documento%20
Legislacao/Apostila%20MASP_PORTUGU%C3%8AS.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2018.
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nível em: <https://hbr.org/2016/09/the-elements-of-value>. Acesso em: 31 jan. 2018.
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DHOLAKIA, U. M. A Quick Guide to Value-Based Pricing. Harvard Business Review Web Digital, 2016.
Disponível em: <https://hbr.org/2016/08/a-quick-guide-to-value-based-pricing>. Acesso em: 31 jan. 2018.
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196
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OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio
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SHINGO, S. Sistema de Produção com Estoque-Zero: o sistema Shingo para melhorias contínuas. Porto
Alegre: Bookman Companhia Editora, 1996.
REFERÊNCIAS ON-LINE
197
1. Estes são os modelos de receitas de forma coerente com os segmentos de clientes:
• Aluguel, no caso do produto ou serviço ser utilizado por determinado espaço de tempo, no qual quem
aluga passa a ter a responsabilidade pelo material.
• Assinatura, ocorre quando se paga uma taxa e passa a ter acesso aos produtos ou serviços por deter-
minado período.
• Licença, ela se restringe ao seu próprio uso, ou seja, não pode ser copiada e somente utilizada por
quem a adquiriu.
• Intermediário, trata de modelo de receita em que o produto ou serviço faz a conexão entre o interes-
sado em prestar o serviço e o que necessita do produto ou serviço.
• Taxa de uso, compõe a receita pelo uso do produto ou serviço em função da quantidade medida desde
o início do uso até o término.
• Comissão, utilizada quando se deseja receber um percentual ou valor fixo após determinado negócio
se concretizar.
O preço poderá ser fixo ou variável. No preço fixo, o valor não tem alteração e não se admite negociação;
já no variável, há negociação.
O preço do produto ou serviço dependerá do modelo de receita estabelecido. Ele deverá estar coerente
com o valor que lhe é atribuído pelo cliente, com o custo, com o lucro que se deseja, dentre outros,
O preço baseado em valor trata de adicionar um valor no preço utilizado pela concorrente em determinado
segmento. Sendo que este valor representa o diferencial no produto ou serviço da concorrente.
198
2. Tipos de recursos principais a serem selecionados, conforme o modelo de negócio: físicos, financeiros,
intelectuais e humanos.
Os recursos físicos estão presentes em todos tipos de organizações: áreas para produção, para armaze-
namento, para expedição, para recebimento de matéria-prima; máquinas, robôs, equipamentos de con-
trole da qualidade; laboratórios para experimentos, computadores para aulas e exercícios de simulação;
e tecnologia da informação.
A atividade chave de Produção é clássica e produz bens físicos para os consumidores. A atividade mais
importante é a manufatura.
A atividade de Prestação de Serviços destina a resolver questões dos clientes que podem ser algo original
ou inovador, ou mesmo resolver um problema.
A Plataforma tem como atividade chave o gerenciamento da Tecnologia da Informação que estabelece a
interface entre o produto ou serviço que será entregue ao cliente.
199
200
201
202
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Desenvolvimento de
Cliente: parcerias
principais, estrutura de
custo e avaliação do
modelo de negócio
PLANO DE ESTUDOS
Estrutura de Custo
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Prezado(a) aluno(a).
Na Unidade III, vimos as parcerias principais: clien-
te-fornecedor, quando se adquire subconjuntos ou
peças de uma outra empresa, ou contrata-se serviço
de um terceiro para complementar o conjunto de
serviços a serem prestados; aliança estratégica, ao
se associar a outras organizações para se produzir
produto ou fornecer serviços de forma colaborativa
com a utilização das competências complementares
das empresas de forma a obter a coesão do esforço
conjunto; “coopetição”, pela associação de empre-
sas que competem, na busca de um objetivo co-
mum; e desenvolvimento de negócios conjuntos,
quando empresas entram com suas competências e
compartilham recursos humanos e físicos para oti-
mizarem os resultados e reduzirem custos. Isto ocor-
re, por exemplo, quando universidades e empresas
cooperam no desenvolvimento de novos produtos.
É possível perceber que é provável que seu
empreendimento necessite de alguma parceria.
Imaginem um restaurante. As atividades princi-
pais podem ser a produção da refeição e o serviço
dos garçons. Certamente, dependerão de forne-
cedores de verduras, carnes, bebidas, lavanderias,
por exemplo. Ou seja, não há como conduzir este
tipo de negócio de forma verticalizada e executar
tudo internamente.
Outro dia, estava conversando com um em- laboratórios. Assim, uma instituição adquire um
preendedor que está desenvolvendo um sistema laboratório com determinada capacidade e a ou-
para acompanhamento do rendimento escolar de tra um outro equipamento com outras capacida-
modo formativo, que indica a área da disciplina des. Desse modo, é possível que uma instituição
que necessita de reforço escolar. O projeto ia bem, utilize o equipamento da outra. E mais: é possível
mas o desenvolvedor do sistema esteve impossi- realizar pesquisas conjuntas. Isso traz um ganho
bilitado de prosseguir no suporte de Tecnologia para ambas, pois reduzimos custos, ganhamos ra-
da Informação. Ele, por conhecer o assunto, deu pidez na disponibilidade de equipamentos, com-
continuidade na manutenção do software, com partilhamos conhecimentos, produzimos mais e
prejuízo nas correções das funcionalidades do melhores resultados. Um aspecto que considero
sistema para a atividade pedagógica. importante, dentre outros, é a confiança. A con-
Na área acadêmica, é comum termos parcerias. fiança se constrói pelo trabalho conjunto e com
A instituição que comandei, o Instituto Militar o tempo. É pela percepção de que uma quer ver o
de Engenharia, estabeleceu inúmeras parcerias sucesso da outra. Sem essa confiança, as institui-
com outras instituições de ensino superior, com ções escondem conhecimentos, procuram levar
escritórios de advocacia, com empresas. Sem essas vantagens e prejudicam a implementação de uma
parcerias, jamais alcançaríamos o nível de exce- boa ideia. A seguir, veremos um pouco mais sobre
lência que temos. Um exemplo: compartilhamos parcerias e como torná-las vantajosas para todos.
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Parceria Atividad Proposta com os C
lie Clientes
Principais Canais
Recursos
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Estrutur Fontes d
206 Desenvolvimento de Cliente: parcerias principais, estrutura de custo e avaliação do modelo de negócio
Construindo relacionamentos
profundos com fornecedores
Não há dúvida de que para se produzir bens e a experiência de conhecer uma empresa que
se oferecer serviços há a necessidade de se ter chegava a comprar aço com a antecedência de
parceiros. Particularmente para a produção, as dois anos da data de uso dessa matéria-prima
empresas precisam de cadeia de suprimento ca- para a produção de seus produtos. Ela desco-
paz de entregar os componentes no tempo cer- briu que era o tempo necessário para se pro-
to para não gerar estoques e para que se atenda duzir a matéria-prima novamente ou se obter
às necessidades dos clientes com oportunidade. de outro fornecedor, caso o aço não atendesse
A capacidade dos fornecedores determinará a às especificações.
qualidade de nossos produtos, pois trata-se de Duas empresas que souberam muito bem esta-
uma cadeia. Uma sequência de passos para se belecer parcerias com seus fornecedores foram a
chegar ao produto final. Essa dependência dos Toyota e a Honda, as quais adotaram procedimen-
fornecedores faz com que as empresas cons- tos similares para se obter excelentes resultados do
tantemente avaliem sobre a necessidade de se relacionamento com eles, pelo uso de seis etapas
fabricar seus componentes ao invés de obtê-los distintas e hierarquizadas (CHOI; LIKER, 2004),
de fornecedores (CHOI; LIKER, 2004). Tive conforme mostrado a seguir.
208 Desenvolvimento de Cliente: parcerias principais, estrutura de custo e avaliação do modelo de negócio
Como estabelecer uma aliança estratégica
2 Conheça a si mesmo
Como sabemos, há pessoas com baixa autoestima, que se julgam
inferiores e têm percepções negativas que diferem da realidade.
Da mesma forma, ocorre com empresas que não conhecem suas
capacidades, suas forças e dão muita atenção a suas fraquezas.
Para que se possa estabelecer aliança robusta e duradoura, pro-
cure entender quais são suas competências que os diferencia na
excelência da entrega de produtos e serviços, a fim de compar-
tilhar com os parceiros e também torná-los fortes. Se fizermos
parcerias com base nas fraquezas, as alianças não prosperam.
As alianças bem-sucedidas são criadas com a junção de forças.
210
7 Não se restrinja apenas ao que está no contrato
Quando estabelecemos o acordo formal, temos as primeiras
intenções. Com a interação, começamos a identificar novas
oportunidades que poderão ser acrescentadas com aditi-
vos ao acordo inicial. Tive experiência de um acordo que
compreendia pesquisas. Durante a vigência, constatamos
a oportunidade de se criar uma disciplina conjunta com
professores e alunos de ambas as instituições na mesma
sala de aula, a fim de compartilharmos as competências nas
áreas de Engenharia e de Administração. Todo o processo de
preparação foi feito anteriormente à assinatura de aditivo.
11 Respeite as diferenças
Você sabe muito bem que o respeito é fundamental. Sabe-
mos também que as pessoas são únicas. O mesmo ocorre
com as organizações. Apesar de as empresas escolherem
parceiros que possuem similaridades nos valores e estejam
dispostas a construir um negócio que traga benefícios mú-
tuos, haverá momentos em que surgirão conflitos devido a
diferenças de pontos de vista, competências, padronização
de procedimentos, comportamento organizacional, crenças
e valores. Nesses casos, deve-se buscar a compreensão e a
solução das oposições de ideias para se obter o bem comum.
Como dito no item anterior, o sistema de governança seria
capaz de resolver essas questões.
212
12 Ensine os parceiros; aprenda com os parceiros
Como já visto, a parceria deve ser boa para ambas as partes.
As organizações devem ainda se complementar em suas com-
petências. Quando dirigi uma organização de manutenção, O
Parque Regional de Manutenção/5 em Curitiba-PR, estabele-
cemos parceria com a América Latina Logística (ALL). Como
possuíam excelência em manutenção, trabalhamos juntos na
introdução do sistema “Just-in-Time” na organização militar,
cuja tradução para a expressão é “no momento certo” ou “no
tempo oportuno”. Just-in-Time significa produzir o produto
necessário na quantidade necessária no momento necessário.
Quando passei o comando do quartel, o representante da ALL
declarou que o maior compromisso dele era com o aprendi-
zado. Ele tem razão, pois o crescimento de nossa organização
deveu-se muito ao que trocamos com eles nas áreas técnicas
e de gestão de pessoas. Desenvolvemos habilidades no uso de
Círculos de Controle da Qualidade, de indicadores, trabalho
em equipe, gestão participativa e até programa de benefícios,
que são comuns em empresas privadas.
As pessoas que fazem parte da parceria devem estar dispostas
a ensinar e a aprender. Em inúmeras oportunidades, o valor
não está no patrimônio físico, mas no conhecimento e nas
competências das pessoas. As alianças estimulam a interação
e o compartilhamento de informações e de conhecimentos.
214
Estrutura de Custos
mento tos de
s Principa
is
e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os C
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te
Principais Canais
Recursos
os a
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Estrutur Fontes d
216 Desenvolvimento de Cliente: parcerias principais, estrutura de custo e avaliação do modelo de negócio
Quando se monta a estrutura de custos do modelo e é possível receber um desconto pelo volume
de negócio, também serão hipóteses. Suponhamos da compra. Às vezes, o negócio chega a ser in-
que necessitemos contratar serviço de entrega de viável pelo custo de pequenas quantidades. Se
produtos que sejam passíveis de serem utilizados formos adquirir de um fornecedor poucas peças
táxis. Devemos estimar os custos, normalmente, para compor um sistema e estas tiverem que ser
pela distância. Também é admissível receber des- produzidas com novas especificações, haverá um
contos nas corridas de táxi. Como existem dife- custo alto para o projeto e para a preparação de
renças significativas no preço quando há descon- máquinas, os quais serão rateados pela quantidade
tos, deve-se verificar no terreno, fora do prédio, de peças que, no caso, são poucas. Assim, o custo
para validar ou não esta hipótese. será elevado por itens. Em contraste, para grandes
Para se montar uma estrutura de custos, utili- quantidades, o custo de projeto e de preparação
zam-se, normalmente, os custos fixos e os custos será igual ao de pequenos lotes; entretanto, para
variáveis. Os custos fixos são aqueles que não mu- os custos variáveis para cada peça também serão
dam, como o pagamento de salários dos funcioná- iguais. Assim, ao se dividir o fixo somados aos
rios, pois todos os meses tem-se que depositar em variáveis, teremos um custo por peças menor para
suas respectivas contas determinados valores. Os grandes quantidades com o subsequente preço
variáveis, por sua vez, mudam conforme a deman- menor e a economia de escala para o cliente.
da e a quantidade produzida. Em uma confecção Para a economia de escopo, há o comparti-
de roupas, quanto mais camisas se produz, mais lhamento de recursos na organização e a função
se utiliza tecidos e energia elétrica. é executada de forma centralizada em benefício
A estrutura de custos deve contabilizar todos de toda empresa.
os custos. Como no início da montagem do mode- A decisão pela forma de economia deverá ser
lo de negócio levantamos hipóteses dos aspectos definida na hipótese do modelo de negócio con-
principais, deveremos também estruturarmos os forme o benefício para a redução dos custos e para
custos com os itens mais importantes, mas que a qualidade da proposta de valor.
sejam suficientes para verificar se o modelo de
receita é suficiente para compensar os custos e
tornar o negócio viável. Outro aspecto que merece
destacar é que o negócio, no início, poderá ter
custo maior que as receitas. A estrutura de custo
deverá permitir a verificação do momento em que Caro(a) aluno(a), o termo centralização ou de for-
as receitas serão maiores que as despesas para que ma centralizada é muitas vezes entendido como
investidores possam decidir por investir ou não algo que é conduzido pela direção da organização.
no empreendimento. Uma atividade será centralizada quando ocorrer
Com o propósito de reduzir custos, Oster- em determinado setor, mas em prol de toda a
walder e Pigneur (2011) apresentam algumas organização, podendo ser realizada pela própria
estratégias a economia de escala ocorre quan- direção ou por outra unidade da empresa.
do se adquire recursos em grandes quantidades
Suponhamos que haja interesse em se criar um Agora vejamos o que ocorreria no 2º ano, quan-
negócio que tenha a proposta de valor comodi- do a empresa só necessitaria comprar para cada
dade no aluguel de filme em DVD. Para isso o cliente cerca de 40% dos títulos, pois alguns deles
empreendedor decide por um modelo de receita já haviam sido comprados para outros clientes.
com assinatura anual em que o assinante recebe- Para esta hipótese, poderíamos ter apenas a
ria em sua residência um filme por mês de sua modificação nos custo da compra de DVD. Para
escolha conforme catálogo disponível em site e o cálculo, teríamos 40% de R$ 60,00 = R$ 24,00.
pagaria R$ 120,00 anualmente. Também teríamos uma redução no custo do rela-
No modelo de negócio, o recurso principal cionamento, não mais para atrair, mas para man-
seria o sistema logístico e a plataforma como ati- ter com o valor de R$ 8,00.
vidade chave. Pelo modelo de negócio, o empreen- Voltando ao cálculo total teríamos:
dedor levantou as seguintes hipóteses: • Manutenção do cliente: R$ 8,00
• O custo para atrair o cliente foi estimado • Aquisição de DVD: 40% de R$ 60,00 = R$
em R$ 18,00. 24,00
• O preço da aquisição de cada DVD seria • Pedido: R$ 1,00 x 12 = R$ 12,00
de R$ 5,00, segundo um modelo de escala. • Remessa: R$ 3,00 x 12 = R$ 36,00
• O custo para fazer o pedido é estimado • Total = R$ 8,00 + R$ 24,00 + R$ 12,00 + R$
em R$ 1,00. 36,00 = R$ 80,00
• O custo de remessa do DVD seria de R$
3,00. Com estes dados, para cada assinante, qual seria
o resultado financeiro?
Vamos aos cálculos dos custos para o 1º ano por Receita Total - Custo total por cliente: R$
item de despesa: 120,00 – R$ 80,00 = R$ 40,00.
• Atração do cliente: R$ 18,00 Pelo modelo de negócio, ele seria viável a partir
• Aquisição de DVD: R$ 5,00 x 12 = R$ do segundo ano.
60,00, pois teremos que comprar um DVD
para cada mês.
• Pedido: R$ 1,00 x 12 = R$ 12,00
• Remessa: R$ 3,00 x 12 = R$ 36,00
• Total = R$ 18,00 + R$ 60,00 + R$ 12,00 + Caro(a) aluno(a), saiba um pouco mais sobre con-
R$ 36,00 = R$ 126,00 tabilidade de custo lendo o seguinte artigo da
Endeavor: “Contabilidade de custos: algumas
Com estes dados, para cada assinante, qual seria dicas e um ótimo exemplo de como realizar”
o resultado financeiro? pelo endereço eletrônico: https://endeavor.org.
Receita Total - Custo total por cliente: R$ br/contabilidade-custos/
120,00 – R 126,00 = - R$ 6,00.
218 Desenvolvimento de Cliente: parcerias principais, estrutura de custo e avaliação do modelo de negócio
Teste da Solução
com o Cliente
mento tos de
s Prin cipais e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os C
lie Clientes
O produto se encaixou
no mercado?
Principais Canais
Recursos
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Estrutur Fontes d
O modelo de receita
permite crescimento?
220 Desenvolvimento de Cliente: parcerias principais, estrutura de custo e avaliação do modelo de negócio
Busca Execução
Rearticulação
Prezado(a) aluno(a), como vimos na Unidade 2, lecer de modo similar a um casamento, que exige
esta é a última parte da fase de Descoberta de bastante confiança, relacionamento com todos os
clientes antes da Validação pelo cliente. Ela se membros e de modo formal com um modelo de
caracterizou pela aprendizagem. Os fundadores governança que permita resolver conflitos.
transmitiram suas visões e, a partir dela, foram No que diz respeito à estrutura de custos, vi-
estabelecidas as hipóteses para o modelo de ne- mos que há componentes fixos, que não mudam
gócio e que foram testadas junto aos clientes. Este mesmo com o aumento de quantidades, como
processo foi planejado de modo que transformou pagamento de salário de funcionários, e os va-
as hipóteses em fatos, pela experiência adquirida riáveis, que alteram conforme a quantidade de-
junto aos clientes. mandada, por exemplo: teríamos a matéria-prima
Chegamos ao fim de mais uma unidade e aca- para fabricação, pois dependem da quantidade
bamos de ver em detalhes os últimos componen- demandada.
tes do modelo de negócio, as parcerias principais Para o cálculo de custos, vimos o exemplo de
e a estrutura de custos. uma assinatura e como ele se relaciona com as
As parcerias são necessárias, pois não é possí- receitas, a fim de ver se determinado negócio é
vel produzir tudo ou mesmo prestar todos tipos viável ou não.
de serviços. Um dos aspectos mais importan- Por fim, vimos nesta unidade o teste da so-
tes da parceria é a confiança, pois haverá uma lução do cliente, quando verificamos se o mo-
relação tipo ganha-ganha. Vocês viram que os delo de negócio oferece a proposta de valor e é
fornecedores devem ser visitados, capacitados, passível de ser escalável e passar para a fase de
avaliados, para que estejam à altura da qualidade validação do cliente. Caso contrário, o empreen-
que é demandada. Nas alianças, é possível estabe- dedor deverá pivotar.
222
LIVRO
Gestão de custos
Autores: Alfredo Augusto Gonçalves Pinto, André Luis Fernandes Limeira, Carlos
Alberto dos Santos Silva, Fabiano Simões Coelho
Editora: Editora FGV
Sinopse: atualmente, a administração de empresas exige uma visão multidis-
ciplinar dos gestores. Muito se fala de modernas técnicas de administração
financeira e operacional e, principalmente, da concorrência, interna e externa,
como fonte inesgotável de complexidade no crescimento dos negócios. Esse
livro proporciona ao leitor – sempre com enfoque gerencial – o entendimento
dos conceitos básicos para a gestão de custos, suas classificações, a estrutu-
ração das informações, os principais métodos de custeamento dos produtos,
os sistemas de acumulação de custos e os principais modelos gerenciais para
a tomada de decisão, como o modelo de margem de contribuição, ponto de
equilíbrio e formação de preços baseados em custos.
WEB
223
BLANK, S.; DORF, B. Startup - manual do empreendedor: o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.
CARVALHO, J. R. S. et al. Custo da Qualidade: Modelo Aplicado à Prática. In: XXVIII Encontro Nacional de
Engenharia de Produção. out. 2008, Rio de Janeiro, Anais… Rio de Janeiro: ENEGEP, 2008.
CHOI, T. Y.; LIKER, J. Building Deep Supplier Relationship. Harvard Business Review, dec. 2004.
KANTER, R. M. 15 Steps for Successful Strategic Alliances. Harvard Business Review Web Digital, 1 jun.
2010. Disponível em: <https://hbr.org/2010/06/15-steps-for-successful-strate.html>
______ Three Reasons Everything Goes Better with Partners. Harvard Business Review Web Digital, Dis-
ponível em: <www.hbr.org>. Acesso em: 5 jul. 2011.
OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/quadro-de-modelo-de-negocios-para-criar-recriar-
-e-inovar,a6df0cc7f4217410VgnVCM2000003c74010aRCRD#.> Acesso em: 30 out. 2017.
224
1. Parcerias Principais a serem estabelecidas:
Parceria cliente-fornecedor, quando se adquire subconjuntos ou peças de uma outra empresa, ou con-
trata-se serviço de um terceiro para complementar o conjunto de serviços a serem prestados.
Parceria aliança estratégica, ao se associar a outras organizações para se produzir produto ou fornecer
serviços de forma colaborativa com a utilização das competências complementares das empresas de forma
a obter a coesão do esforço conjunto.
Parceria “coopetição”, pela associação de empresas que competem, na busca de um objetivo comum.
Parceria desenvolvimento de negócios conjuntos, quando empresas entram com suas competências e
compartilham recursos humanos e físicos para otimizarem os resultados e reduzirem custos.
Os custos fixos são aqueles que não mudam, tal como o pagamento de salários dos funcionários, pois
todos os meses é necessário depositar em suas respectivas contas determinados valores.
Os variáveis, por sua vez, mudam conforme a demanda e a quantidade produzida. Em uma confecção de
roupas, quanto mais camisas se produz, mais se utiliza tecidos e energia elétrica.
O preço poderá ser fixo ou variável. No preço fixo, o valor não tem alteração e não se admite negociação;
no variável, há negociação.
O preço do produto ou serviço dependerá do modelo de receita estabelecido. Ele deverá estar coerente
com o valor que lhe é atribuído pelo cliente, com o custo, com o lucro que se deseja, dentre outros.
O preço baseado em valor trata de adicionar um valor no preço utilizado pela concorrente em determinado
segmento. Sendo que este valor representa o diferencial no produto ou serviço da concorrente.
225
3. Verificar junto aos clientes estas questões:
•• Seu produto soluciona o problema e os consumidores estão dispostos a pagar por ele?
•• Conhecemos os segmentos de mercado e os seus arquétipos com suas tarefas, dores e ganhos?
•• Conhece o cliente, sua vida, sua rotina, a fim de entregar-lhe a proposta de valor de que necessita?
•• Há diferença na demanda de cada segmento? Como eles reagem aos produtos ou serviços?
•• Existe a possibilidade da empresa com seu modelo de receita faturar o suficiente para poder prosperar?
226
227
228
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Desenvolvimento
do Cliente: Validação,
Criação da Demanda
e da Empresa
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Rearticulação
Como visto nas unidades anteriores, foram tes- • Quem exerce influência sobre a venda?
tadas algumas hipóteses do modelo de negócio. Quem faz recomendações sobre a venda?
Agora, será testado o modelo como um todo. Do • Quem são os tomadores de decisão? Quem
Canvas, conforme Osterwalder e Pigneur (2011), são os compradores econômicos? Os sa-
até o final do passo Descoberta do Cliente, você botadores?
obteve os seguintes resultados, de acordo com • Qual é o orçamento para adquirir o pro-
Blank e Dorf (2014): duto que está sendo vendido?
• Proposta de Valor: foi confirmada a pro- • Qual é a quantidade de ligações telefônicas
posta para grande quantidade de indivíduos. para se concretizar uma venda?
• Segmento de Clientes: você conseguiu • Qual é o tempo médio para se concretizar
definir arquétipos de clientes. uma venda desde o começo até o término.
• Relacionamento com Cliente: você ob- • Qual é a estratégia de venda? Ela soluciona
teve conhecimento sobre as formas para o questão do modelo de receita?
atrair, manter e aumentar os clientes. • Caso afirmativo, quais são os principais pro-
• Canal: você identificou e compreendeu blemas dos clientes?
seus parceiros chaves e alguns demons- • O produto ou serviço são tão bons que suas
traram interesse em participar da parceria. propostas de valor são suficientes para que
• Modelo de Receita: você construiu uma haja um crescimento da demanda de forma
forma de como estabelecer os preços dos escalável?
produtos ou serviços.
Algumas considerações sobre a Validação pelos
Todo o aprendizado obtido no passo de Des- Clientes:
coberta do Cliente será utilizado na construção • Fundadores deverão liderar as equipes.
de um guia para a criação do funil de vendas. Durante a validação, e também no período
Na implementação do funil de venda, serão res- de descoberta dos clientes, pois eles que de-
pondidas as seguintes perguntas, segundo Blank cidirão sobre a necessidade de rearticular
e Dorf (2012): ou não o modelo de negócio.
UNIDADE IX 231
• Venda primeiro para os clientes visioná- • O negócio poderá crescer de forma recor-
rios (aqueles que estão dispostos a adquirir rente? O investimento para a aquisição do
produtos de startups mesmo que os pro- cliente gera aumento de receita, demons-
dutos ainda não estejam consolidados no trando que é vantajoso.
mercado), não para a maioria do mercado. • O esquema de venda permite que se venda
• A validação é mais lenta em um canal físico continuamente e que ela seja aumentada?
do que em um canal digital. Naqueles, há Para isso, deve-se conhecer os possíveis
deslocamentos para estar em contato com usuários.
o cliente. Nestes, é possível validar o cliente • O funil de vendas pode ser previsto? Com
pelo acesso que ele faz ao site. isso, será possível identificar as perspectivas
• Deve-se economizar na validação do cliente, de vendas ao longo do tempo.
ao invés de querer testar se o produto é comer-
cializado pelo emprego de equipe de vendas.
• Para o início, priorize aquelas propostas de Visão Geral do
valor que sejam as mais importantes, para Processo de Validação
acelerar o processo de validação. pelo Cliente
A Validação pelo Cliente termina quando as se- A validação do cliente pode ser vista como um
guintes questões são respondidas, com base em processo de 4 fases, conforme Figura 2:
Blank e Dorf (2014):
Validação
pelo
cliente Fase 4
Verifique
Fase 3 Fase 1
Desenvolva o Prepare-se
posicionamento para
vender
CRIAÇÃO DA
DEMANDA
Fase 2
Vá para
a rua
Fase 3 Fase 4
Por fim, na Fase 4, será verificado se o
negócio vale a pena. É a hora de consta-
Quando se chega na Fase 3, você já tar se é o caso de pivotar ou seguir em
realizou algumas vendas e já possui frente. Por isso, é importante possuir
conhecimento sobre desempenho do as seguintes informações: o produto
produto ou serviço. Assim, será possível ou serviço atende as necessidades dos
implementar melhorias significativas em clientes? Ele elimina as dores e cria os
sua proposta de valor. Com isso, deve- ganhos? O modelo de negócio gera lucro,
-se rever e aprimorar o posicionamento é sustentável e escalável? Se as respostas
no mercado para realizar mais vendas e forem positivas, você poderá concluir que
discutir sobre o negócio com especialis- vale a pena prosseguir em um negócio
tas no segmentos, a fim de prepará-lo que exige bastante esforço de um gran-
para o lançamento no mercado. de número de pessoas e que pode ser
apresentado a investidores para obter
recursos para o crescimento do negócio.
UNIDADE IX 233
Caro(a) aluno(a), se você pretende vender seu produto ou serviço para o mercado, você precisa se po-
sicionar. Posicionar-se significa mostrar ao mercado os valores de sua marca de modo a demonstrar
que é melhor comprar o seu produto e não o do concorrente.
Saiba um pouco mais sobre o posicionamento do produto lendo o artigo “Posicionamento de marca: na-
vegar é preciso”, disponível em: <https://endeavor.org.br/posicionamento-de-marca-navegar-e-preciso/>.
Caro(a) aluno(a), como visto na fase de Validação, o tempo entre o pedido e a entrega se mostrou
teremos que desenvolver um produto mínimo oportuno para a pessoa que organizou a festa? O
viável de alta fidelidade, ou seja, o mais próximo produto estava na temperatura desejada e trouxe a
possível do produto final. Como estamos, ainda, vantagem da praticidade para o cliente? Os clien-
na fase de busca dos clientes, ele não deverá pos- tes pagaram pelo produto e houve crescimento
suir todas as características de desempenho, mas na demanda? As receitas suportaram os custos?
as principais. Poderá ser um protótipo, que servirá O modelo de negócio gerou lucro e se mostrou
de modelo para que o cliente possa experimentar sustentável e escalável?
características funcionais do produto que será Como se vê, esse produto mínimo viável de
apresentado no futuro. alta fidelidade possibilita verificar se o negócio
Se você montou uma plataforma que realiza irá prosperar ou não e se é o caso de pivotar ou
venda de bebidas e que conecta fornecedores com seguir em frente ou encerrar o negócio.
clientes, você pode preparar a página e oferecer
o serviço para determinado bairro (a intenção é
abranger depois outras áreas geográficas), com
determinados tipos de bebidas (no futuro irá am-
pliar a quantidade de marcas). Com isso, você Quando nos encontrávamos na fase de desco-
poderia se associar o serviço de táxi e a depósi- berta dos clientes, criamos produto mínimo viá-
tos de bebidas da região (próximos) para realizar vel de baixa fidelidade, pois desejávamos obter
as vendas e entregas. Poderia se posicionar com informações sobre tarefas, dores e ganhos dos
a comodidade e entrega rápida do produto, no clientes para montarmos nosso mapa de valor
máximo em 1 (uma) hora nos horários de 08:00 com produtos, criadores de ganhos e analgési-
até 20:00 e de até 1:30, quando o pedido for feito cos. Nesta fase, já temos a intenção de se verifi-
a partir das 20:00, com limite de pedido até 23:00. car o poder de venda dos produtos ou serviços.
Com esse exemplo, é possível validar o modelo Fonte: Blank e Dorf (2014).
de negócio, respondendo as seguintes questões:
UNIDADE IX 235
Propriedade
Industrial
Marca
UNIDADE IX 237
Figura 3 - Exemplo de
marca nominativa (Varig)
Figura 5 - Exemplo de
marca mista - Nestlé
Patente
Prezado(a) aluno(a), veremos, agora, sobre as pa- cional no seu uso ou em sua fabricação,
tentes que dão o direito ao inventor ou o detentor com validade de 15 anos.
de impedir que outros façam o uso indevido do • Certificado de Adição de Invenção (C)
produto de sua criação. - Quando se trata de aperfeiçoamento apli-
cado no objeto da invenção. A validade será
idêntica à data final de vigência da patente.
Tipos de patentes e
Prazos de Validade
• Patente de Invenção (PI) -Produtos ou
processos que atendam aos requisitos de
atividade inventiva, novidade e aplicação Patente é um título de propriedade temporária
industrial com validade de até 20 anos. sobre uma invenção ou modelo de utilidade, ou-
• Patente de Modelo de Utilidade (MU) torgado pelo Estado aos inventores ou autores
-Objeto de uso prático, ou parte deste, sus- ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras
cetível de aplicação industrial, que apresen- de direitos sobre a criação.
te nova forma ou disposição, envolvendo (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual)
ato inventivo, que resulte em melhoria fun-
da
Passo 1:Entenda
e, caso você tenha inventado uma tecnologia destinada a produto ou processo, você poderá ir em busca pelo direito de uma patente.
Busca
ma verificação se o que você tem da intenção de patentear ainda não foi protegido por outras pessoas.
a Taxa
Primeiramente, caso você tenha
to será despendido para o pagamento das taxas, que terão descontos para pessoas inventado uma tecnologia des-
físicas, microempresas.
o Pedido tinada a produto ou processo,
documentos exigidos e faça o pedido.
panhe você poderá ir em busca pelo
direito
ocesso percorrerá fases distintas e exigirá a remessa de outros documentos, busque de uma
compreender patente.
o fluxo do processo para ficar em condições de atender as demandas com oportunidad
Faça, então, uma verificação .saossep sartuo rop odigetorp iof oãn adnia raetnetap ed
se o que você tem intenção de
.saserpmeorcim ,sacisíf saossep arap sotnocsed oãret euq ,sax
patentear ainda não foi prote-
gido por outras pessoas.
.edadinutropo moc sadnamed sa redneta ed seõçidnoc me racfi arap ossecorp od oxufl o redneerpmoc euqsub ,sotnemucod sortuo ed assem
adnetnE :1 ossaP
Passo 3: Pague a Taxa
.etnetap amu ed otierid olep acsub me ri áredop êcov ,ossecorp uo otudorp a adanitsed aigoloncet amu odatnevni ahnet êcov osac ,etnemariemirP
acsuB a açaF :2 ossaP
.saossep sartuo rop odigetorp iof oãn adnia raetnetap ed oãçnetni ad met êcov euq o es oãçacfiirev amu ,oãtne ,açaF
axaT a eugaP :3 ossaP
Verifique quanto será despen-
.saserpmeorcim ,sacisíf saossep arap sotnocsed oãret euq ,saxat sad otnemagap o arap odidnepsed áres otnauq euqfiireV
dido para o pagamento das ta- odideP o eicinI :4 ossaP
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da
caso você tenha inventado uma tecnologia destinada a produto ou processo, você poderá ir em busca pelo direito de uma patente.
Busca
Passo 4: Inicie o Pedido
ma verificação se o que você tem da intenção de patentear ainda não foi protegido por outras pessoas.
a Taxa
o será despendido para o pagamento das taxas, que terão descontos para pessoas físicas, microempresas.
o Pedido Junte todos os documentos
documentos exigidos e faça o pedido.
panhe
exigidos e faça o pedido.
ocesso percorrerá fases distintas e exigirá a remessa de outros documentos, busque compreender o fluxo do processo para ficar em condições de atender as demandas com oportunidad
Passo 5: Acompanhe
Dado que o processo percorrerá fases dis-
tintas e exigirá a remessa de outros do-
cumentos, busque compreender o fluxo
do processo para ficar em condições de
atender as demandas com oportunidade.
UNIDADE IX 239
Captação de
Recursos
UNIDADE IX 241
De seus conhecimentos sobre empreendedoris- existentes no mercado. No caso de investirem em
mo, muitas vezes participam como conselheiros vários negócios, mesmo que alguns fracassem, os
ou mesmo só dão opinião, pois preferem influir resultantes dos que têm sucesso superam os re-
a terem função executiva. sultados negativos. Assim, ao final, houve vanta-
gem financeira na totalidade dos investimentos.
Os investidores recebem um percentual do
Fornecedores, Parceiros rendimento do negócio. Para que invistam,
Estratégicos, Clientes normalmente, são observados os seguintes
e Funcionários aspectos no empreendimento: existência de
equipe de gestão de altíssimo nível, modelo de
Como pode parecer estranho o fato de se colocar negócio consistente, mercado alvo relevante e
fornecedores, parceiros, clientes e funcionários aumentando, proposta de valor efetivamente
como formas de captar recursos, na verdade, eles inovadora.
poderão, de algum modo, ajudar nas questões fi-
nanceiras do empreendimento.
Como exemplo, o fornecedor pode concordar Programas do
e facilitar o pagamento de modo vantajoso para Governo Brasileiro
você na esperança de que seu negócio cresça e,
no futuro, ele também ganhe, pois você poderá • Programa da Financiadora de Estudos
aumentar a demanda. Já o parceiro estratégico de Projetos (FINEP)
poderá auxiliar nos negócios, por acreditar que, A FINEP possui programa em que se aplica
futuramente, será beneficiado. Os clientes podem recursos públicos em empreendimentos de
antecipar pagamentos para que se capitalize e in- modo a fazer parte acionária do negócio
vista no novo negócio. Da mesma forma os fun- e compartilhar custos e riscos inerentes a
cionários podem abrir mão de parte do salário atividades empreendedoras.
para participar do novo empreendimento.
• Fundações Estaduais de Amparo à Pes-
quisa (FAPs)
Capital de Risco As fundações possuem programas de fi-
nanciamento para apoiar projetos de pes-
Outra forma de se obter recursos é por intermé- quisa e desenvolvimento de produtos e
dio de “capital de risco” (venture capital). Nor- processos com prioridade para empresas
malmente, quem investe em capital de risco são de base tecnológica.
bancos de investimentos que possuem em seus
quadros profissionais altamente competentes e • Programa CRIATEC do Banco Nacio-
capazes de administrar quantias vultosas, devido nal de Desenvolvimento Econômico e
a seus conhecimentos profundos e especializados Social (BNDES)
do mercado financeiro. O programa visa realizar investimento de
Comumente, o investimento é grande e os recursos de capital de risco em empresas
riscos também. Daí o retorno ser superior aos de inovação.
UNIDADE IX 243
Geração da
Demanda e
Estruturação
do Negócio
Geração da Demanda
Rearticulação
Fase 4
Geração da
demanda
Fase 3 Fase 1
Lançamento da Fique
empresa e do pronto para
produto lançar
Fase 2
Posicionamento
da empresa e
do produto
UNIDADE IX 245
Caro(a) aluno(a), para a Geração da Demanda, deverão ser adotadas
atividades correspondentes aos três tipos de mercados, conforme
mostrado no quadro a seguir:
Rearticulação
UNIDADE IX 247
Estatégia
Capacidades
Pessoas Estrutura
Recompensas Processos
A Estratégia trata da direção que a empresa to- Em seguida, iríamos definir como seriam os
mará. Qual é a visão e a missão, bem como os ob- Processos.: como será a Governança, como será
jetivos de longo prazo. Normalmente, a empresa o processo decisório, quais são as funções chaves,
deseja obter vantagem competitiva, oferecendo como será o mecanismo de colaboração.
proposta de valor diferenciada. Com essas especificações, veríamos o sistema
Da Estratégia, direcionamos as Capacidades de Recompensas, que seria o clima organiza-
Organizacionais, definindo como a empresa cional: como as pessoas serão valorizadas; como
se diferenciará dos concorrentes para entregar a estará alinhada com os objetivos organizacionais;
proposta de valor. como será o progresso na organização.
Com base nessas definições, será montada a Por fim, definiríamos sobre as Pessoas: quais
Estrutura, para definir como será a estrutura or- são as habilidades necessárias e como desenvolve-
ganizacional: se Funcional, pela separação em de- remos os talentos para que incorporem a cultura
partamentos (Finanças, Recursos Humanos, P&D), organizacional.
se por Produto (sanduíches, sucos), se Geográfica O processo é interativo e as cinco pontas das
(Região Sul, Região Sudeste, Região Norte), se por estrela estão interligadas. Sendo assim, uma de-
Clientes (clientes jovens, clientes idosos). pende da outra.
UNIDADE IX 249
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
2. Caro(a) aluno(a), você necessita captar recursos. Identifique uma das formas
que será utilizada. Em seguida, apresente o seu modelo de negócios e argumen-
tos favoráveis ao empréstimo ou investimento, mostrando que ele é rentável,
repetitivo e escalável. Mostre o sistema de custos e que o modelo de receita é
lucrativo ao longo do tempo.
3. Dado que você deverá estruturar o seu negócio, com base no modelo tipo estrela
de Galbraith e Kates (2007), estabeleça, pelo menos, dois conceitos para cada
uma dos cinco componentes: Capacidades, Estrutura, Processos, Recompensas
e Pessoas.
250
LIVRO
251
BLANK, S. Do sonho à realização em 4 passos: estratégias para a criação de empresas de sucesso. 3. ed. São
Paulo: Évora, 2012.
BLANK, S.; DORF, B. The Startup Owner’s Manual: The Step-By-Step for Building a Great Company. Cali-
fornia: 2012.
BLANK, S.; DORF, B. Startup: manual do empreendedor: O Guia Passo a Passo para Construir uma Grande
Empresa. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.
BRASIL. Lei 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativas à propriedade industrial.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm>. Acesso em: 31 jan. 2018.
GALBRAITH, J. R.; KATES, A. Designing Your Organization: Using The Star Model to Solve 5 Critical Design
Challenges. São Francisco: Jossey-Bass, 2007.
LEONARDI, P. Early Prototypes Can Hurt a Team’s Creativity. 2011. Disponível em: <https://hbr.org/2011/12/
early-prototypes-can-hurt-a-teams-creativity>. Acesso em: 01 fev. 2018.
OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.
SUTTON, R. I. The Power of the Prototyping Mind-Set. 2007. Disponível em: <https://hbr.org/2011/12/
early-prototypes-can-hurt-a-teams-creativity>. Acesso em: 01 fev. 2018.
252
1. Para esta questão subjetiva, você deverá responder pelo menos uma das seguintes perguntas apresentadas
por Blank e Dorf (2012):
• Quem exerce influência sobre a venda? Quem faz recomendações sobre a venda?
• Qual é o tempo médio para se concretizar uma venda deste o começo até o término.
• O produto ou serviço são tão bons que suas propostas de valor são suficientes para que haja um
crescimento da demanda de forma escalável?
2. Para esta questão subjetiva, você deverá utilizar uma das seguintes formas para obter recursos para o
seu negócio:
• Economia Pessoal.
• Família.
• Amigo.
• Investidor Anjo.
• Fornecedor.
• Parceiro Estratégico.
• Clientes.
• Funcionários.
• Capital de Risco.
Apresente argumentos favoráveis ao empréstimo ou investimento, mostrando que ele é rentável, repeti-
tivo e escalável. Ainda, deverá mostrar o sistema de custos e que o modelo de receita e que o negócio é
lucrativo ao longo do tempo.
253
3. Para esta questão subjetiva, você deverá descrever sobre:
• As Pessoas, quais são as habilidade necessárias e como desenvolveremos os talentos para que incor-
porem a cultura organizacional.
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CONCLUSÃO