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Estratégias de implantação
Um aspecto interessante após a implantação do ERP da SAP é que os novos usuários
do sistema passam a compartilhar das mesmas dificuldades dos usuários de SAP em
todo o mundo. Um problema na transação FB01, por exemplo, pode ter sido a mesma
dificuldade de um usuário na Índia ou nos Estados Unidos e a solução pode se aplicar
a dificuldade do usuário no Brasil. As transações são as mesmas, independente da
instalação do ERP na empresa. O que muda é o uso. Algumas corporações utilizam
mais transações e outras menos, de acordo com o escopo da implementação do ERP.
A fase 4, preparação final, é a fase para detalhar a estratégia de implantação para a
solução desenvolvida ao longo das fases 2 e 3 do projeto. Nesta fase é detalhado um
plano para a entrada em produção do R/3, o famoso GO LIVE do SAP. O plano,
elaborado e revisado pela gerência do projeto, é chamado de “Cutover”. O “Cutover”
prevê cada atividade a ser executada para o GO LIVE. As atividades de “cutover” são
especificadas pelo consultor do módulo SAP seguindo uma determinada seqüência
para execução. É um período que demanda bastante atenção no detalhamento e
execução das atividades. Uma atividade em especial, a realização das cargas de
dados mestres em ambiente produtivo, exige um seqüenciamento das cargas sem
erros. Em função do seqüenciamento das atividades, em maior parte de forma serial,
um atraso ou paralisação de atividade impede o início de uma atividade subseqüente.
A comunicação do andamento das atividades de “cutover” para o comitê gestor do
projeto passa a ser diária. Algum gargalo identificado é relacionado e discutido na
reunião do comitê gestor e gerência do projeto.
Nesta fase, boa parte do treinamento dos usuários finais deve estar concluída, o
estresse teste do servidor de produção realizado e o ambiente disponível para as
cargas. Os impactos de âmbito organizacional, nas pessoas, de processo e
tecnológico, mapeados no blueprint, foram devidamente tratados e, na fase 4 do
projeto, já não se mantém classificados como impactos na organização. Sobre os
riscos do projeto, estes serão tratados no próximo tópico.
Para um projeto de implantação, as estratégias adotadas para o GO LIVE são duas:
A primeira, conhecida como “Big Bang”, é o desligamento de todos os sistemas
previstos na data de corte e a partir daí o R/3 entra substituindo. Os sistemas
desligados passam para a condição de sistemas legados e são usados para consultas
ocasionais. O plano de “Cutover” prevê uma data de corte dos sistemas com um
intervalo de, no máximo, uma semana entre o corte e a data de entrada em produção
do R/3. Este intervalo é necessário para a migração de saldos de estoques e contas
contábeis para o R/3.
Durante a semana que a organização está “sem sistema”, os apontamentos e
transações são realizados em planilhas Excel, no papel ou algum outro recurso. É
muito importante o trabalho prévio das áreas da organização com os clientes e
fornecedores para que, durante este período, as transações com a organização sejam
minimizadas ao máximo, de preferência, interrompidas. Após a migração dos saldos
para o R/3, os apontamentos e transações são refeitos diretamente no novo sistema
corporativo. Daí em diante, vida nova!
GO LIVE e suporte
A fase 5, conhecida como “GO LIVE e suporte”, corresponde à entrada em produção
do R/3 e suporte aos usuários finais. Nesta fase, são verificadas as condições para
entrar em produção com o R/3.
Na reunião conhecida como “GO NO GO”, em tradução livre “vai ou não vai”, é
realizado um check list pelo comitê gestor do projeto onde os seguintes pontos são
verificados:
De acordo com as respostas ao check list uma avaliação do “GO NO GO” é realizada.
Consiste essencialmente em avaliar se é possível entrar em produção ou não. A
decisão é tomada pelo cliente auxiliado pela consultoria.
Sobre os itens do check list, algumas ponderações sob a óptica do gerente de projeto
da consultoria, vejamos:
É pouco provável entrar em produção com o R/3 sem a conclusão e validação do
Teste Integrado. Em raríssimos casos abre-se a exceção em função de interesses
estratégicos do cliente, por exemplo, cumprir a data de GO LIVE pactuada com o
conselho de acionistas. Desta forma, com o Teste Integrado não concluído, uma
estratégia que a consultoria poderá adotar é renegociar com o cliente o período de
suporte pós GO LIVE e estendê-lo. Esta ação permitiria concluir o Teste Integrado
dentro da fase de suporte. É importante salientar que esta medida é uma exceção e
restritiva para Teste Integrado com processos pendentes de teste cuja validação,
após a entrada em produção, não traz prejuízos para o negócio do cliente.
Sobre o plano de “Cutover” vale atentar para quatro pontos:
O primeiro é garantir, junto à equipe de Basis, que o ambiente produtivo do R/3
possui os requisitos para a entrada em produção. Exemplo, o resultado positivo no
estresse teste. Esta é uma condição “sine qua non” para o GO LIVE. Caso o líder de
Basis sinalizar alguma falta, não há GO LIVE até que o problema seja sanado.
Outro aspecto a observar em Basis é garantir os usuários e perfis de acesso, testados
no Teste Integrado, criados no ambiente produtivo.
O terceiro ponto é assegurar com os líderes de Basis e consultor de cada módulo se
o transporte das “Change Requests” foi com sucesso para o ambiente de produção.
É comum o consultor do módulo SAP entrar no ambiente de produção e conferir se a
parametrização foi transportada para lá. Caso seja identificada a falta de alguma
customização, o consultor solicita o re-transporte da “Change Request” que contem
a parametrização. Há também algumas atividades de customização que são feitas
diretamente no ambiente produtivo, como os intervalos de numeração. Os
consultores de módulo sabem exatamente quais atividades devem ser feitas
diretamente no ambiente produtivo. O gerente de projeto deve assegurar se as
atividades também estão prontas.
O quarto ponto são as cargas de Dados Mestres e saldos de contas contábeis e
estoques. Assegurar com os consultores o status da carga de dados e garantir o prazo
para a sua conclusão até a véspera do GO LIVE.
Em linhas gerais de um plano de “cutover” os pontos acima garantem o sistema
produtivo pronto para a entrada em produção. Outros aspectos são observados pela
gerência do projeto como mobilização dos usuários finais e equipes de apoio, plano
de contingência para eventual indisponibilidade do SAP, continuidade do treinamento
de usuários finais, infra-estrutura e ferramenta de “help desk” para a equipe de
suporte ao usuário pós GO LIVE, etc.
Sobre o “Safety Guarding” da SAP é necessário passar com cada equipe do projeto o
plano de ação para a mitigação dos riscos e constatar a sua conclusão. É igualmente
importante reavaliar os riscos identificados nos documentos de Blueprint da fase 2 e
garantir que os mesmos tenham sido mitigados.
Com a sinalização positiva do comitê gestor do projeto e avaliação dos pontos
comentados acima é possível manter a data do GO LIVE, tanto para uma implantação
com estratégia “Big Bang”, tanto para uma primeira onda de implantação na
estratégia em ondas.