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Volta e meia 5 TESTES DE COMPREENSÃO DO ORAL

TESTE DE COMPREENSÃO DO ORAL 1

O grande segredo do meu pai


À medida que forem crescendo, vão aprender, tal como eu aprendi, naquele outono, que nenhum pai é
perfeito. Os adultos são criaturas complicadas, cheias de segredos e coisas estranhas. Alguns têm coisas
estranhas mais estranhas do que outros e segredos mais secretos do que outros, mas todos eles, incluindo os
nossos próprios pais, têm dois ou três hábitos secretos escondidos na manga que provavelmente vos fariam
ficar de boca aberta se os conhecessem.
Tudo começou numa noite de sábado. Era o primeiro sábado de setembro. Por volta das seis horas o meu
pai e eu jantámos juntos na carroça, como habitualmente. Em seguida, eu fui para a cama. O meu pai contou-
me uma história bonita e deu-me um beijo de boas-noites. Eu adormeci.
Por qualquer motivo voltei a acordar durante a noite. Fiquei muito quieto, a tentar ouvir a respiração do
meu pai na cama por cima da minha. Não conseguia ouvir nada. Ele não estava lá, disso eu tinha a certeza.
Isto queria dizer que tinha voltado para a oficina para terminar um trabalho. Era o que fazia muitas vezes
depois de me ter posto na cama.
Fiz um esforço para ouvir os habituais sons da oficina, de metal a bater contra metal ou do martelo.
Aqueles sons confortavam-me sempre muito, aqueles sons no meio da noite, porque me indicavam que o
meu pai estava por perto.
Todavia, nessa noite, não vinha som nenhum da oficina. A estação de serviço estava silenciosa.
Saí da minha cama e fui buscar a caixa de fósforos que estava junto ao lava-louça. Acendi um fósforo e
aproximei-o do velho relógio pendurado na parede por cima da chaleira. Eram dez e dez.
Dirigi-me à porta da carroça. – Pai! – disse eu em voz baixa. – Pai, está aí? Não houve resposta.
Havia uma pequena plataforma de madeira no exterior da porta da carroça, a cerca de um metro e vinte do
chão. De pé em cima da plataforma, olhei em volta. – Pai! – gritei – Onde está?
Continuava a não haver resposta.
De pijama e descalço, desci as escadas da carroça e dirigi-me à oficina. Liguei a luz. O velho carro em
que tínhamos estado a trabalhar durante o dia lá estava, mas o meu pai, não.
Eu ia precisar de luz para conseguir encontrá-lo. Peguei na lanterna que estava em cima da bancada da
oficina.
Procurei no escritório. Dei a volta por detrás do escritório e da oficina. Corri pelo campo fora até à casa
de banho. Estava vazia.
– Pai! – gritei eu na escuridão. – Pai! Onde está?
Regressei à carroça a correr. Apontei a lanterna para a cama do meu pai para ter a certeza absoluta de que
ele não estava lá.
Ele não estava na cama.
Fiquei no escuro no meio da carroça e, pela primeira vez na minha vida, senti pânico. A quinta mais
próxima ficava muito longe da estação de serviço. Tirei o cobertor da minha cama e coloquei-o em volta dos
ombros. Em seguida, saí da carroça e sentei-me na plataforma com os pés no degrau de cima da escada.
Estava lua cheia e do outro lado da estrada via um grande campo pálido e deserto ao luar. O silêncio era
sepulcral.
Não sei durante quanto tempo fiquei ali sentado. Poderá ter sido uma hora. Poderão ter sido duas. Mas
nunca adormeci. Queria ficar à escuta durante todo o tempo. Se escutasse com muita atenção talvez
conseguisse ouvir alguma coisa que me indicasse onde estava o meu pai.
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Então, por fim, ao longe, ouvi um abafado tape-tape de passos na estrada. Os passos aproximavam-se
cada vez mais.

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Tape… Tape… Tape… Tape…!


Seria ele? Ou seria outra pessoa?

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Permaneci sentado sem me mexer, a observar a estrada. Não conseguia ver a grande distância. A estrada
desvanecia-se, transformando-se numa escuridão enevoada, iluminada pelo luar.
Tape… Tape… Tape… Tape…!
Então, de entre o nevoeiro, surgiu uma figura. Era ele!
Saltei pelas escadas abaixo e corri até à estrada para ir ter com ele.
Danny! – gritou o meu pai. – Mas o que é que se passa?
– Pensei que lhe tinha acontecido uma coisa horrível – disse eu.
– (…) A verdade é que estive no Bosque do Hazell.
– No Bosque do Hazell! – gritei eu. – Fica a quilómetros de distância!
– A dez quilómetros – disse o meu pai. – Eu sei que não deveria ter ido e lamento muito, mesmo muito,
tê-lo feito, mas tinha tanta vontade…! – Calou-se.
– Mas por que é que foi tão longe, até ao Bosque do Hazell? – perguntei eu.
– Sabes o que quer dizer furtivamente? – perguntou ele.
– Caçar furtivamente. Não, não sei.
– Quer dizer subir até aos bosques no meio da noite e regressar com alguma coisa para a panela. Os
caçadores furtivos nos outros lugares caçam todo o tipo de animais, mas aqui são sempre faisões.
– Quer dizer roubá-los? – Disse eu, siderado.
– Não vemos isso desse modo – disse o meu pai. – Caçar furtivamente é uma arte. Um grande caçador
furtivo é um grande artista.
– E era isso que o pai estava a fazer no Bosque do Hazell, pai? A caçar faisões furtivamente?
– Estava a praticar a arte – disse ele. – A arte de caçar furtivamente. Fiquei chocado. O meu próprio pai
era ladrão! Este homem bom e gentil!
Roald DAHL (2006). Danny, o campeão do mundo. Rio Tinto: Asa (texto com supressões)

1. Para cada alínea, seleciona a única opção que completa corretamente a frase, de acordo com o texto.
1.1 Segundo o narrador, os adultos escondem
a. objetos estranhos.
b. segredos.
c. criaturas complicadas.
1.2 Havia entre pai e filho um hábito que se repetia
a. todas as manhãs.
b. todas as tardes.
c. todas as noites.
1.3 O pai dormia
a. sobre o filho.
b. sob o filho.
c. na cama do filho.
1.4 Tendo percebido que o pai não estava na carroça, o filho
a. sentiu muito medo.
b. ficou muito feliz.
c. reagiu sem surpresa.
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TESTES DE COMPREENSÃO DO ORAL Volta e meia 5

1.5 Quando foi até à oficina, o rapaz verificou que o pai


a. tinha saído num velho carro.
b. não se encontrava lá.
c. estava no escritório.
1.6 De regresso à carroça e estando sozinho, o rapaz resolveu
a. sentar-se no exterior.
b. aventurar-se num grande campo.
c. procurar o pai pela estrada.
1.7 Depois de algum tempo à espera, Danny viu o pai e
a. mostrou-lhe a sua preocupação.
b. gritou-lhe.
c. dirigiu-lhe uma pergunta.
1.8 Danny ficou surpreendido por o pai ter ido ao Bosque do Hazell, porque era
a. perigoso.
b. proibido.
c. longe.
1.9 O pai de Danny tinha ido
a. roubar.
b. à caça.
c. fazer uma demonstração de arte.

2. «Fiquei chocado. O meu próprio pai era ladrão! Este homem bom e gentil!»
Num texto de 50 a 70 palavras, apresenta a tua opinião sobre o pai de Danny e sobre aquilo que fez.

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