Sie sind auf Seite 1von 62

Introdução ao Cálculo

José Eduardo Castilho


Este documento pode ser livremente copiado e modificado desde que atendidas as seguintes condi-
ções:
1. É permitido fazer e distribuir cópias inalteradas deste documento, completo ou em partes,
contanto que a mensagem de copyright e esta nota sobre a distribuição sejam mantidas em
todas as cópias. Se este documento for distribuído apenas em partes, instruções de como
obtê-lo por completo devem ser incluídas.
2. É permitido fazer e distribuir cópias modificadas deste documento sob as mesmas condições
do item anterior, contanto que todo o trabalho derivado seja distribuído sob estas mesmas
condições.
Sumário

Prefácio • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • iii

I Conjuntos Numéricos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 1
I.1 Relação entre Elementos e Conjuntos 1
I.2 Conjunto Universo, Unitário e Vazio 2
I.3 Relação entre Conjuntos 2
I.4 Reunião e Intersecção 3
I.5 Conjuntos Numéricos 4
I.5.1 Números Naturais 4
I.5.2 Números Inteiros 5
I.5.3 Números Racionais 6
I.5.4 Números Reais 6
I.5.5 Números Complexos 9
I.6 Infinito: Algo essencialmente matemático 9
I.7 Exercícios 10

II Conceito de Função • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 13
II.1 Sistema Cartesiano Ortogonal 14
II.2 Conceito de Função 14
II.3 Exercícios 15

III Função do 1o Grau 19


¯
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

III.1 Equação da Reta 20


III.2 Posição relativa entre duas retas 21
III.3 Equação e Inequação do 1o grau 22
¯
ii

III.4 Exercícios 23

IV Função do 2o Grau 25
¯
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

IV.1 Propriedades e Gráfico 26


IV.2 Equação e Inequação do 2o grau 26
¯
IV.3 Exercícios 29

V Outras Funções Elementares • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 31


V.1 Função f (x) = x n
31
1
V.2 Função Reciproca f (x) = 32
x
V.3 Função Modular 33
V.4 Função Composta 35
V.5 Função Sobrejetora, Injetora, Bijetora 35
V.6 Função Inversa 36
V.7 Exercícios 37

VI Função Exponencial e Logarítmica • • • • • • • • • • • • • • • • 41


VI.1 Função Exponencial 42
VI.2 Representação Gráfica 42
VI.3 Função Logarítmica 43
VI.4 Exercícios 45

VII Noções de Trigonometria • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 49


VII.1 Triângulos Retângulos 51
VII.2 Função Seno 52
VII.3 Função Cosseno 52
VII.4 Função Tangente 53
VII.5 Exercícios 54
Prefácio

Este material tem a sua origem nas notas de aula da disciplina de Introcução ao Cálculo,
que ministro na Faculdade UnB de Planaltina - UnB, no Curso de Licenciatura em Ciências
Naturais. O objetivo desta disciplina é fazer uma revisão da Matemática Elementar, neces-
sária para a disciplina de Cálculo 1. Sendo uma disciplina de dois créditos, o seu conteúdo
não chega a esgotar de forma plena, os temas abordados. Logo o objetivo destas notas é
que elas sejam o ponto de partida e leitura e atividades complementares serão sugeridas ao
final de cada capítulo.

Porque temos que estudar matemática?


Um dos principais objetivos do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais é mostrar
a diversidade e o funcionamento da vida, a história e organização do planeta Terra e do
Universo, utilizando de forma interdiciplinar os conhecimentos da física, química, biologia
e geociências. E o conhecimento, que permite que os conceitos de diferentes áreas se interli-
guem é o conhecimento matemático. Mas o leitor pode se perguntar, “O que é matemática?”
ou “O homem cria ou descobre a matemática?” Estas perguntas são abordadas no prologo
do livro Rainha das Ciências, de Gilberto Geraldo Garbi, Editora Livraria da Fisica, 2006.
Sugiro a leitura deste ( veja no Google Livros), para que o leitor entenda, que estas questões
estão longe de ter uma resposta definitiva. Mas é essencial que o leitor entenda que não se
pode aprender matemática somente com as aplicações. A abstração também faz parte de
sua essencia e é nela que identificamos as estruturas que permitem as aplicações.
I — Conjuntos Numéricos

Quando reunimos objetos ou entidades, que apresente algumas características em comum,


dizemos que temos uma coleção ou um conjunto. Coleção de selos, notas antigas, figurinhas
são alguns exemplos de conjuntos.
Denotamos os conjuntos com letras maiúsculas e os elementos com letras minúsculas,
como nos exemplos abaixo.
Exemplo I.1 O conjunto das letras do nosso alfabeto.
A = {a, b, c, ..., z} 

Exemplo I.2 O conjunto dos quatro elementos, que na visão dos povos atingos (gregos e
chineses) era essencial à vida humana no planeta.

B = {terra,fogo, água, ar} 

Com os números não é diferente, também agrupados os números em conjuntos, de acordo


com as suas características em relação as operações que podem ser definidas sobre eles. Como
exemplo temos

N = {0, 1, 2, 3, ...} Conjunto dos números naturais

Z = {..., −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, ...}Conjunto dos números inteiros

I.1 Relação entre Elementos e Conjuntos


A relação de pertinência indica a relação entre elementos e conjuntos. Ela indica se um
elemento faz ou não do conjunto. Notação ∈.
2 Conjuntos Numéricos

Exemplo I.3 Seja o conjunto A formado pelos números naturais menores ou igual a cinco.
Na linguagem matemática A = x ∈ N|x 6 5 ou A = 0, 1, 2, 3, 4, 5. Neste caso temos:

1 ∈ A (lê-se que 1 pertence a A)

/ A (lê-se que -2 não pertence a A)


−2 ∈ 

Observação I.1 A sentença {1} ∈ A não tem sentido, pois neste caso temos dois conjuntos.
O primeiro é o conjunto formado somente pelo elemento 1 e segundo é o conjunto A
descrido acima.

I.2 Conjunto Universo, Unitário e Vazio


Quando estamos tratando de um determinado assunto em Matemática, admitimos a exis-
tência de um conjunto ao qual pertence todos os elementos que estejam relacionados ao
assunto tratado. A este conjunto damos o nome de Conjunto Universo e representamos pela
letra U . Quase sempre a resposta para algumas questões depende do conjunto universo que
estamos trabalhando. Vejamos o exemplo a seguir:
Exemplo I.4 Seja a equação x2 − 1 = 0. Se consideramos o conjunto universo sendo os
números reais, temos como solução S = {−1, 1}. Mas se o conjunto universo for o conjunto
dos números naturais, temos como solução S = {1}. 

Definição I.1 — Conjunto Unitário Chama-se conjunto unitário aquele que possui um único ele-
mento. 

No exemplo anterior temos um exemplo de conjunto unitário, que na linguagem mate-


mática pode ser descrito por:

S = {x ∈ N|x2 − 1 = 0}

Definição I.2 — Conjunto Vazio Chama-se conjunto vazio aquele que não possui elemento algum. De-
notamos por ∅ 

Exemplo I.5 Seja o conjunto A = {x ∈ R|x2 + 1 = 0}. Este conjunto é vazio. Por que? Tente
achar uma uma solução. 

I.3 Relação entre Conjuntos


Entre conjuntos temos a relação de inclusão.

Definição I.3 Com a notação A ⊂ B indicamos que todos os elementos de A são elementos de B. Em
linguagem matemática temos.

A ⊂ B ⇔ (∀x)(x ∈ A ⇒ x ∈ B) 
I.4 Reunião e Intersecção 3

A expressão matemática acima deve ser lida como: A é subconjuto de B, se e somente


se, para todo x, se x pertence a A, então x pertence a B. em outras palavras, dizemos que
A está contido em B. Exemplos: {1} ⊂ N, {1, 2, −1} 6⊂ N. Esta relação de inclusão tem
algumas propriedades interessantes. Sejam os conjutos A, B e C, segue que:

• ∅ ⊂ A.

• A ⊂ A.

• Se A ⊂ B e B ⊂ A então A = B.

• Se A ⊂ B e B ⊂ C então A ⊂ C.

Observação I.2 Na Matemática usamos uma linguagem simbólica para expressar defini-
ções e propriedades. Como em qualquer linguagem, existem regras que devem ser obe-
decidas para que não se tenha dúvidas sobre o que se deseja expressar. Veja o seguinte
exemplo

x − 4 = 4x + 5 ⇔ x − 4x = 5 + 4
⇔ −3x = 9
9
⇔ x= = −3
−3
No exemplo acima temos, passo a passo, a resolução de uma equação do primeiro grau.
Ela é reconhecida e compreencivel, tanto para um aluno no Brasil, como também para
um aluno na Alemanha. Como em qualquer linguagem, se você não souber se expressar
corretamente nela, você terá dificuldades de compreender as ideias e concentos que a
expressão deseja transmitir. Procure exercitar o uso desta liguagem, pois assim você irá
se aprimorar nesta linguagem.

I.4 Reunião e Intersecção


Definição I.4 — Reunião Dados dois conjuntos A e B, chamamos reunião de A e B o conjunto formado
pelos elementos pertencentes a A ou a B. Ou seja

A ∪ B = {x|x ∈ A ou x ∈ B} 

Sejam A, B e C conjuntos quaisquer, valem as seguintes propriedades: segue que:

• A ∪ A = A.

• A ∪ ∅ = A.

• Se A ∪ B = B ∪ A.

• Se (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C).

Outra operação entre conjuntos é a intersecção.


4 Conjuntos Numéricos

Definição I.5 Chama-se intersecção de A e B o conjunto formado pelos elementos pertencentes a A e


a B. Na linguagem matemática esta relação é descrita da seguinte forma,

A ∩ B = {x|x ∈ A e x ∈ B} 

Dados os conjutos A, B e C quaisquer, valem as seguintes propriedades: segue que:

• A ∩ A = A.

• A ∩ U = A.

• Se A ∩ B = B ∩ A.

• Se (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C).

Exemplo I.6 Como exemplo, considere os conjuntos A = {0, 1, 3, 5, 7} e B = {0, 3, 4, 5, 9},


logo:

A ∪ B = {0, 1, 3, 4, 5, 7, 9}

A ∩ B = {0, 3, 5} 

I.5 Conjuntos Numéricos


O números são agrupados em conjuntos de acordo com as características e propriedades que
as operações sobre eles apresentam.

I.5.1 Números Naturais


Chama-se conjuntos dos números naturais, denotado por N, o conjunto formado pelo nú-
meros 0,1,2,3,. . .

N = {0, 1, 2, 3, . . .}

Recebe este nome, pois é o conceito mais elementar que temos de números e que já está
presente em nossas vidas desde quando nascemos (veja em O Instinto Matemático de Keith
Devlin).
Neste conjunto temos duas operações fundamentais, a adição e a multiplicação, que
satisfazem as seguintes propriedades:

P.1 Associativa: ∀a, b, c ∈ N

(a + b) + c = a + (b + c)

(a · b) · c = a · (b · c)

P.2 Comutativa: ∀a, b ∈ N

a+b=b+a

a·b=b·a
I.5 Conjuntos Numéricos 5

P.3 Elemento Neutro: ∀a ∈ N

a+0=a

a·1=b

P.4 Distributiva da multiplicação relativamente à adição: ∀a, b, c ∈ N

a · (b + c) = ab + ac

P.5 Equivalência relativamente à adição e multiplicação: Sendo a = b ∀c ∈ N

a+c=b+c

a·c =b·c

A operação de subtração não é uma operação fechada no conjunto N, pois para quaisquer
a e b em N, não temos garantia que a − b ∈ N. Esta dificuldade é superada com a introdução
de um novo conjunto.

I.5.2 Números Inteiros


Chama-se conjunto dos números inteiros, denotado por Z (Zahlen=número em alemão), ao
conjunto

Z = {. . . , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, . . .}

Note que N ⊂ Z. As operações de adição e multiplicação estão definidas em Z, com as


mesmas propriedades [P.1]...[P.5]. Além disso, também satisfaz:

P.6 Simétrico ou inverso para a adição: ∀a ∈ Z, ∃ − a ∈ Z tal que

a + (−a) = 0

Devido a esta propriedade é que podemos definir a operação de subtração em Z, fazendo

a − b = a + (−b), ∀a, b ∈ Z

Observe que esta propriedade diz que dado um elemento de Z existe outro elemento tal
que a adição entre eles resulta no elemento neutro (no caso da adição é o zero). Se tentarmos
fazer o mesmo com a multiplicação, não obteremos sucesso, ou seja, para todo a em Z, não
temos garantia que exista um b, também em Z tal que a · b = 1. Novamente, necessitamos
de outro conjunto para superar esta dificuldade.
6 Conjuntos Numéricos

I.5.3 Números Racionais


O conjunto dos números racionais, denotado por Q, é o conjunto.
p
 
Q= , | p, q ∈ Z e q 6= 0
q
Os números racionais podem ser obtidos através da razão, ou fração p/q (em Latim: Ratio
que quer dizer Razão, Divisão ou Quociente) entre dois números inteiros).
As operações de adição e multiplicação estão definidas em Q, com as mesmas proprie-
dades [P.1]...[P.6]. Além disso, também satisfaz:

P.7 Simétrico ou inverso para a multiplicação: ∀a ∈ Q, a 6= 0, ∃ 1/a ∈ Q tal que

1
a· =1
a
a
Observe que todo número inteiro a pode ser escrito na forma de fração , logo temos
1
que Z ⊂ Q.

Operações com números Racionais


Os números racionais podem ser representados através da razão, ou fração dois números
p
inteiros , para os quais definimos:
q
a c
Igualdade: = ⇔ ad = bc.
b d
a c ad + bc
Adição: + = .
b d bd
a c ac
Multiplicação: · =
b d bd
1 b
Inverso: =
a/b a
Desta ultima temos a definição da divisão, em que.
a c a/b a d ad
÷ = = · =
b d c/d b c bc

I.5.4 Números Reais


Os números racionais também podem ser representados na forma decimal finita ou numa
dízima periódica, como mostra os exemplos
1 2
= 0.25, = 0.6666...
4 3
No entanto existem números que são representados de outra forma. É o caso do número

0.10110111011110111110111111....

que não é um decimal finito e nem uma dízima periódica, ou seja não pode ser escrito
a
na forma , a, b ∈ Z e portanto não é um número racional. Chamamos estes núme-
b
ros de números irracionais. Outros exemplos de números irracionais mais conhecidos são
I.5 Conjuntos Numéricos 7


π = 3.141592..., 2 = 1.4142..., e = 2.71828..... Alguns autores usam I para denotar este
conjunto, outros preferem não usar qualquer tipo de notação para o mesmo.
O conjunto dos números reais, denotado por R, é formado pela união do conjunto dos
irracionais com conjunto dos racionais, ou seja, R = I ∪ Q.
Nos conjuntos numéricos distinguimos três subconjuntos notáveis: Os não nulos (quando
0 não pertence ao conjunto)

N∗ = {1, 2, 3, ..}, Z∗ = {−3, −2, −1, 1, 2, 3, ...} R∗ = R − {0};

Os não negativos,

Z+ = {0, 1, 2, 3, ...} R+ = {x ∈ R | x > 0};

Os não positivos,

Z− = {... − 3, −2, −1, 0} R− = {x ∈ R | x 6 0};

O conjunto dos números reais são representados numa reta direcionada, como mostra a
figura abaixo:

Regras Básicas de Cancelamento


Vamos considerar a equação

x+b=c

Se desejamos isolar a variável x usamos a propriedade [P.5], somando −b em cada membro


da igualdade, obtendo

x+b = c
x + b + (−b) = c + (−b)
x=c−b

Observe que este procedimento justifica a regra: Está somando, passa para o outro
lado trocando o sinal.
Se agora temos xb = c, com b 6= 0 e desejamos isolar a variável x, também usamos a
propriedade [P.5], multiplicando cada membro por 1/b, obtendo.

xb = c
1 1
xb = c
b b
c
x=
b
8 Conjuntos Numéricos

Este procedimento justifica a regra: Está multiplicando, passa para o outro lado
dividindo.
Regras de sinal
Sendo a, b ∈ R, as seguintes regras são válidas:

(a) −(−a) = a.

(b) (−a)b = −(ab) = a(−b).

(c) (−a)(−b) = ab

Intervalos
Intervalos são subconjuntos dos reais que podem assumir uma das seguintes formas:
Dado os números reais a e b, com a < b definimos os intervalos:

Aberto: ]a, b[= {x ∈ R | a < x < b}.

Fechado: [a, b] = {x ∈ R | a 6 x 6 b}.

Aberto a Direita: [a, b[= {x ∈ R | a 6 x < b}.

Aberto a Esquerda: ]a, b] = {x ∈ R | a < x < b}.

A resolução de equações sempre foi objeto de estudo dos matemáticos. Um exemplo é


achar os valores de x tal que x3 − 15x − 4 = 0. Tartália (séc. XVI) propos uma fórmula que
I.6 Infinito: Algo essencialmente matemático 9

acha uma das soluções (x = 4, substitua na equação e comprove este fato). No entanto esta
fórmula apresenta a solução da forma:
q
3 √ q
3 √
x = 2 + −121 + 2 − −121.

Observe que esta apresenta −121 que não é um número real, e novamente outro con-
junto se faz necessário para superar esta dificuldade.

I.5.5 Números Complexos



A radiciação é uma operação em que, n
a ∈ R se a é não negativo, quando n for par. No

caso em que n for ímpar, a pode assumir valores negativos. O único caso em que n a ∈
/Ré
quando n é par e a negativo. Este é o caso da solução da equação x2 + 1 = 0. Neste caso a

solução exige que tenhamos definido −1. Este número é chamado de número imaginário
e é denotado por ι. Com isto formamos o conjunto dos números complexos, denotado por
C, onde o conjunto dos números reais é um subconjuto. O conjunto dos complexos e suas
operações, não serão abordadas nestas notas, pois o nosso maior interesse será as funções
reais.

I.6 Infinito: Algo essencialmente matemático


Imagine algo que você considere infinito. Se você imaginou algo do mundo físico, com certeza
você está equivocado. A ideia de infinito é algo essencialmente matemático. O número de
estrelas no universo é grande, mas é finito. O número de grãos de areia, das praias que são
banhadas pelo Oceano Atlântico, certamente é extremamente grande, mas também é certo
que seja finito. Mas quando dizemos que o conjunto Z é infinito, isto não causa qualquer
tipo de estranheza. Sempre que imaginamos um número inteiro, por maior (ou menor) que
seja, sabemos que somando (ou subtraindo) um, obteremos um número inteiro maior (ou
menor) ainda. Em linguagem matemática temos: Dado um número n ∈ Z então n < n + 1
ou n − 1 < n. O número n + 1 é chamado de sucessor de n, enquanto que n − 1 é chamado
de antecessor de n. O conceito de infinito é puramente abstrato e talvez por isto, seja um
dos conceitos que os estudantes tem grande dificuldade de entender. Considere o conjunto
S = {x ∈ R|x = 1/n, n ∈ N}, ou seja, S = {1, 1/2, 1/3, ....}. O conjunto S é infinito, para
cada número n, temos:
1 1
> ,
n n+1
ou seja, cada vez que n aumenta 1/n diminui. Podemos diminur o número 1/n o quanto
desejármos, mas ele numca será igual a zero. Em outras palavras, se 1/n é um número
próximo de zero, 1/(n + 1) estará mais próximo de zero, mas por maior que seja n, temos
1/n 6= 0. Aproximar cada vez mais de algo, mas sem atingir este algo, é um conceito que só
existe na matemática.

Leitura Complementar
Complementação ao conteúdo e exercícios extras podem ser encontrados em:
10 Conjuntos Numéricos

• Gelson Iezzi e Carlos Murakami, Fundamentos de Matemática Elementar


(conjuntos- funções) Vol 1 (2013), Editora Atual.

I.7 Exercícios
Exercício I.1 Dados A = {1, 2, 3, 4} e B = {2, 4}, classifique as sentenças em verdadeiras
ou falsa
3 é elemento de A.
B está contido em A.
4 pertence a B.
{2, 3} pertence a A.
1 não está em B

Exercício I.2 Escreva na linguagem matemática as sentenças do exercício anterior.

Exercício I.3 Classifique as proposições abaixo em verdadeira ou falsa


() 0 ∈ N
()) N ∪ Z− = Z
() Z+ ∩ Z− = 0
() N ⊂ Q
() Z ∩ Q = R

Exercício I.4Coloque em ordem crescente os seguintes números:


15 √ 11 √
, 7, , −3, − 2, 1.010010001...
16 12

Exercício I.5 Coloque na forma de fração irredutível os seguintes números racionais.

0.444...; 0.32; 0.323232...; 54.2; 1.1222...

Exercício I.6 Representar sobre a reta real, cada um dos conjuntos.

1. A = {x ∈ R | 1 6 x 6 2}

2. B = {x ∈ R | 0 < x < 3}

3. C = {x ∈ R | x 6 0 ou x > 3}

4. D = A ∪ B

5. E = B ∩ C
I.7 Exercícios 11

Exercício I.7 Escreva na forma de intervalo, cada um dos conjuntos do exercício anterior

Exercício I.8 Sendo A = Q ∩ Z+ e B = Z ∪ I, onde I = R − Q, então descreva os conjuntos:

(a) A ∩ B

(b) A ∪ B

Exercício I.9 Ache o valor das expressões abaixo na forma de fração.


1
−2
!
2 3
 
(a) −5 + 2+ 3 2 +3
3 4 1+ 3
3 2 1
 
(b) + 2+
5 7 5
2 1 5
 
(c) − ÷
3 9 4

Exercício I.10 Classifique as proposições abaixo em verdadeira ou falsa


Se 2a + b + 12 = 2a + c + 12 então b = c.
Se a + b + c + d = c + s + d + a então s = b
Se 1 + 4s + c + 4t = c + 1 então s + t = 0
Se 2x + 7y = c + 7y então x = c/2
Se 3x + 3y + z = 3a então x + y + z = a

Problema I.1 Mostre que


q √ √
4 + 2 3 = 1 + 3.

Problema I.2 Sendo a, b, c e d números racionais, p um número primo e que


√ √
a + b p = c + d p,

então a = c e b = d.
II — Conceito de Função

Num processo de causa e efeito podemos ter uma relação entre duas variáveis. Uma variável
independente, que representa o fator causador do efeito e outra dependente, que representa o
efeito em si. Como exemplo vamos considerar um gás em recipiente de volume fixo. A relação
entre a variação da temperatura e a pressão que este gás exerce no recipiente satisfaz uma
relação linear da forma p = K × t, onde p representa a pressão (variável dependente de
t), K é uma constante que depende do gás e do volume do recipiente e t representa a
temperatura. Conforme a temperatura aumenta a pressão aumenta numa proporção de K.
Para cada valor de t temos um valor de p correspondente. Este fato pode ser representado
por um par ordenado da forma (t, p), no qual assumimos que a variável independente é a
primeira e a dependente a segunda. Processos de causa e efeito podem ser representados por
todos os pares ordenados que definem o processo. A este conjunto chamamos de relação.
Considere os conjuntos T = {20, 50, 100, 150, 200, 250} e P = {0.65, 0.78, 0.87, 1.95, 5.85},
temos a relação de A em B

R = {(x, y), x ∈ T, y ∈ P, y = 0.039 × x} = {(20, 0.78), (50, 1.95), (150, 5.85)}

Aos elementos de cada conjunto A e B que pertencem a relação damos nomes especiais.

Definição II.1 — Domínio e Imagem Ao conjunto de todos os valores de A que pertence a relação
chamamos de domínio da relação e ao conjunto de todos os valores de B, que estão na relação chamamos
de conjunto imagem da relação.

Dom(R) = {a ∈ A|∃b ∈ B, (a, b) ∈ R} Im(R) = {b ∈ B|∃a ∈ A, (a, b) ∈ R} 

No nosso exemplo acima temos que Dom(R) = {20, 50, 150} e Im(R) = {0.78, 1.95, 5.85}
.
14 Conceito de Função

II.1 Sistema Cartesiano Ortogonal


Consideremos dois eixos x e y perpendiculares em 0, os quais determinam um plano. Cada
ponto P do plano pode ser representado por um par ordenado P = (xp , yp ), onde xp é
chamado de abscissa de P e yp é a ordenada de P . Na figura abaixo temos a representação
do sistema com o ponto P = (xp , yp )

O conjunto de todos os pares ordenados do plano cartesiano é representado por R × R ou


por R2 .

II.2 Conceito de Função


Uma função é um caso especial de uma relação em que a cada valor da variável independente
associamos a um único valor da variável dependente. Na linguagem da Matemática, temos
uma função pode ser definida como:

Definição II.2 — Função Dizemos que f é uma função de A em B se a cada elemento de A está
associado a um único elemento de B. Notação:

f: A→B
x 7→ f (x)
. 

Como exemplo, considere as três funções abaixo e observe o que elas tem de diferente.
( ( (
f : R→R f : R+ → R f : R+ → R+
x 7→ f (x) = x2 x 7→ f (x) = x2 x 7→ f (x) = x2

Observe que na definição temos duas condições que tornam a função um caso especial
de relação:

• a cada elemento de A: Isto significa que todo elemento do conjunto A deve estar
relacionado com algum elemento de B.

• associado a um único elemento de B: Isto significa que os elementos de A não


podem estar associado a mais de um elemento de B.
II.3 Exercícios 15

Desta forma, podemos dizer que conceitualmente uma função representa uma processo de
causa e efeito, onde, cada valor da variável independente gera um único valor de efeito, mas o
mesmo valor de efeito pode ser gerado por valores diferentes da variável independente. Uma
consequência imediata desta definição temos que o domínio da função é próprio conjunto
A. O conjunto B é chamado de contra domínio e a imagem de f é um subconjunto de B.
Até o momento consideramos conjuntos que são finitos, porém uma função pode ser
definida em conjuntos infinitos. Neste caso não teremos como descrever os todos os pares
ordenados que representam a função. Neste caso a função é definida por uma lei de formação,
ou seja uma expressão que mostra como os elementos de A se relacionam com os elementos
de B. Considere a função f : R → R em que f (x) = 2x + 1. Note que o par ordenado
(1,3) pertence a função, pois f (1) = 2 · 1 + 1 = 3. Por outro lado, o par ordenado (2,1) não
pertence a relação. pois f (2) = 2 · 2 + 1 = 5 6= 1. Não temos como testar todos os números
reais para descrever a função, o que justifica outra forma de representação, o gráfico da
função.

Leitura Complementar
Complementação ao conteúdo e exercícios extras podem ser encontrados em:

• Gelson Iezzi e Carlos Murakami, Fundamentos de Matemática Elementar


(conjuntos- funções) Vol 1 (2013), Editora Atual.

• Giordano, Weir Hass; Thomas, George B., Cálculo 1 Vol 1 (2012), Editora
Pearson Education - Br.

II.3 Exercícios
Exercício II.1 Dado os conjuntos A = {−2, −1, 0, 1, 2, 3} e B = {0, 2, 4, 6, 8, 10}. Classifi-
que como verdadeiro os conjuntos abaixo que representam uma relação de A em B.
R = {(−1, 0), (1, 0), (−2, 4), (0, 0)}
R = {(−1, 6), (−1, 2), (2, −2), (2, 0)}
16 Conceito de Função

R = {(0, 0), (1, 1), (2, 2)}


R = {(0, −2), (4, 0), (6, 3), (8, 1)}
R = {(0, 0)}
R = {(−2, 10), (−1, 10), (0, 10), (1, 10), (2, 10), (3, 10)}

Exercício II.2 Quais das relações acima representam uma função de A em B?

Exercício II.3 Dado os conjuntos A = {−2, −1, 0, 1, 2, 3} e B = {0, 2, 4, 6, 8, 10}, descreva


os pares ordenados das seguintes relações de A em B.

1. R = {(x, y) ∈ A × B | y = 2x − 1}

2. R = {(x, y) ∈ A × B | 2 = x + y}

3. R = {(x, y) ∈ A × B | x 6 y}

Exercício II.4 Quais das relações acima representam uma função de A em B? Determine
o domínio e a imagem de cada uma das relações acima.

Exercício II.5 Escreva em notação matemática as seguintes funções de R em R

1. f associa cada número real ao seu oposto.

2. g associa cada número real ao seu cubo.

3. h associa cada número real ao seu quadrado menos um.

4. k associa cada número real ao número 2..

Exercício II.6 Seja a função de R em R definida abaixo. Avalie os valores de f abaixo.


(
1 se x ∈ Q
f (x) =
x+1 se x ∈
/Q

(a) f (3) (b) f ( 2) (c) f (−3/7)
√ √
(d) f ( 4) (e) f (0.75) (f) f ( 3 − 1)

Exercício II.7 Quais das relações, representadas graficamente abaixo, são funções?
II.3 Exercícios 17

Exercício II.8Seja A = {x ∈ Z| − 2 < x 6 4} e a relação de A em A dada por R =



{(x, y) ∈ A |y = x2 }
2

(a) Determine os elementos da relação R.

(b) Encontre o domínio e a imagem da relação R.

(c) Esta relação define uma função de A em A? Justifique sua resposta.

Exercício II.9 Qual dos gráficos abaixo representa uma função de R∗+ em R?

(A) (B) (C)


III — Função do 1 Grau o

Um vendedor recebe mensalmente um salário composto por duas partes: uma parte fixa de
R$ 1.500,00 e outra que corresponde a 6% (0,06) sobre o valor das vendas mensais. O valor
mensal do salário do vendedor pode ser obtido pela função s(x) = 1.500, 00 + 0, 06x, onde
x representa o valor das vendas realizadas no mês. Este tipo de função mostra uma relação
linear na variável x, ou seja para cada variação de uma unidade de x o valor da função
altera seu valor em 0,06. Este tipo de função é chamada de função de 1¯o grau ou função
afim.

Em geral a função de 1¯o grau é uma função f : R → R, com f (x) = mx + b, onde


m e b são constantes reais e m 6= 0. A constante m é chamada de coeficiente angular ou
taxa de variação da função. Coeficiente angular, pois o seu valor determina o ângulo que
a reta faz com o eixo x. Taxa de variação, pois a cada unidade de variação de x, a função
varia de m unidades. Quando m é positivo a função é crescente. Para m negativo a função
é decrescente. No caso em que m for nulo temos uma função constante. Graficamente, a
função de 1¯o grau, é representada por uma reta, como mostrado nos exemplos da figura
abaixo.
20 Função do 1o Grau
¯

Esta característica da função afim será uma ferramenta para a análise do comportamento
de outras funções. Em geral, o domínio da função afim é o conjunto dos números reais, porém
este domínio pode ser restringido a um intervalo de acordo com a características do problema
que a função representa. Analisando o nosso exemplo que modela o salário do vendedor,
temos que o domínio da função é [0, ∞[, pois não tem sentido falar em valor de vendas
negativo. (Tente descobrir o conjunto imagem).

III.1 Equação da Reta

A representação gráfica da função de 1¯o grau é uma reta. Os pontos da forma (x, y) que
pertencem a esta reta satisfazem uma equação da forma f (x) = y = mx + b, que mostra
como as variáveis x e y se relacionam. Sabemos que num plano, uma reta é determinada de
de forma única se conhecemos dois pontos distintos que pertencem a mesma. Desta forma,
vamos ver como podemos obter a equação da reta que passa por dois pontos distintos dado.
Considerando dois pontos quaisquer distinto P1 (x1 , y1 ) e P2 (x2 , y2 ) e um ponto qualquer
que pertença a reta P (x, y), como na figura abaixo
III.2 Posição relativa entre duas retas 21

Observe que temos dois triângulos semelhantes, o triângulo P1 O2 P2 e o triângulo P1 O1 P .


Uma das propriedades de triângulos semelhantes é que seus lados relativos são proporcionais,
isto é
P1 O1 O1 P x − x1 y1 − y
= ⇔ =
P 1 02 O2 P2 x2 − x1 y1 − y2
Isolando a variável y obtemos uma equação da reta:
y2 − y1
y= (x − x1 ) + y1 = m(x − x1 ) + y1
x2 − x1
onde
y2 − y1
m=
x2 − x1
Aplicando as relações trigonométricas no triângulo P1 O2 P2 temos que o coeficiente angular
m corresponde ao valor da tangente do ângulo formado entre a reta e o eixo x.

III.2 Posição relativa entre duas retas


Duas retas, que pertencem ao plano cartesiano, podem ter as seguintes posições relativas.
Ou elas são paralelas ou concorrentes. Retas paralela são caracterizadas por terem o mesmo
coeficiente angular, enquanto as retas concorrentes apresentam diferentes coeficientes. No
caso das retas concorrentes temos um caso particular que merece atenção. que é o caso em
que as retas são perpendiculares, ou seja elas formam um ângulo de 90o . Em resumo temos
que, sendo as equações r1 = m1 x + b1 e r2 = m2 x + b, segue que:

• r1 é paralela a r2 se m1 = m2 .

• r1 é perpendicular a reta r2 se m1 · m2 = −1.

Na figura abaixo temos duas retas, uma sendo y = −2x + 1 e outra sendo y = 0.5x + 0.5.
Estas retas são perpendiculares, pois −2 × 0.5 = −1.
22 Função do 1o Grau
¯

III.3 Equação e Inequação do 1o grau


¯
A forma geral de uma equação, na variável x, é uma expressão da forma f (x) = 0. Achar
o conjunto solução da equação é achar os valores de x que tornam a expressão f (x) = 0
verdadeira. Como exemplo considere a equação 3x2 − 12 = 0. Temos que x = 2 pertence
ao conjunto solução, pois 3 · 22 − 12 = 0. x = 1 não pertence ao conjunto solução, pois
3 · 12 − 12 = −9 6= 0.
Uma equação do primeiro grau é da forma mx + b = 0, com m 6= 0. Seu conjunto solução
é dado por:
−b
x=
m
Em muitos casos a equação do 1¯o grau não está na forma mx + b = 0, mas é facilmente
reconhecida. Basta que a variável x não apresente expoente diferente de um. Como exemplo
vamos considerar a equação 2x − 7 = 5 − x. A solução é obtida isolando a variável x, sendo,
12
2x − 7 = 5 − x ⇔ 2x + x = 5 + 7 ⇔ 3x = 12 ⇔ x = =4
3
Note que ao substituir x por 4 na equação original teremos uma expressão verdadeira.
Uma inequação, na variável x, é uma expressão que pode ser expressa na seguinte forma:
f (x) 6 0. O conjunto solução de uma inequação é formado pelos valores de x que a tornam
verdadeira.
Uma inequação do primeiro grau é da forma mx+b 6 0. O conjunto solução vai depender
do sinal de m, sendo
−b −b
x6 se m > 0 ou x > se m < 0
m m
Como exemplo vamos considerar a inequação x + 3 < 2x + 7. Obtemos a solução,
x + 3 < 2x + 7 ⇔ x − 2x < 7 − 3 ⇔ −x < 4 ⇔ x > −4
III.4 Exercícios 23

Leitura Complementar
Complementação ao conteúdo e exercícios extras podem ser encontrados em:

• Gelson Iezzi e Carlos Murakami, Fundamentos de Matemática Elementar


(conjuntos- funções) Vol 1 (2013), Editora Atual.

• Giordano, Weir Hass; Thomas, George B., Cálculo 1 Vol 1 (2012), Editora
Pearson Education - Br.

III.4 Exercícios
Exercício III.1 Determine a função afim de tal forma que f (1) = 2 e tem coeficiente angular
igual a -2. Faça um esboço do gráfico.

Exercício III.2 Considerando um gás em recipiente de volume fixo. A relação entre a vari-
ação da temperatura e a pressão que este gás exerce no recipiente satisfaz uma relação
linear da forma p = K × t, onde p representa a pressão (variável dependente de t),
nR
K = é uma constante que depende do gás e do volume do recipiente e t representa
V
a temperatura. Para um determinado recipiente um gás apresenta K = 0.86 e outro gás
apresenta K = 0.92. Faça um esboço do gráfico da relação entre pressão e temperatura
para cada um dos gases.

Exercício III.3 Obter a equação da reta que:

1. Passa pelos pontos P1 (1, −1) e P2 (2, 3).

2. Passa pelo ponto P (1, 3) e tem coeficiente angular igual a 2.


x
3. Passa pelo ponto P (2, 3) e é paralela a reta y = −3
2
5
4. Passa pelo ponto P (−2, 1) e é perpendicular a reta y = x + 2
6
Faça o esboço do gráfico de cada uma das retas.

Exercício III.4 Considere a equação mx + b = 0. Em termos gráficos, qual o significado da


solução da equação?

Exercício III.5 Determine os valores de x para os quais a função f (x) = 3x + 2 é positiva.

Exercício III.6 Ache o conjunto solução para cada uma das equações.

1. 4x + 3 = 5 − x
2 3 8 2
2. x+ = x−
7 5 7 3
√ √
3. 3x + 2 = 2x − 4
5
4. (0.212121...)x + = (0.121212...)x + 2
4
24 Função do 1o Grau
¯

Exercício III.7 Ache o conjunto solução para cada uma das inequações.

1. 2x + 3 6 6 − x
1 2 7 1
2. x+ > x−
5 3 3 5
√ √
3. 2x + 3 < 5x − 7
4
4. (0.333...)x + = (1.1222...)x + 3
7

Exercício III.8 Ache o conjunto solução das equações e inequações abaixo.


2 2x − 5
(a) √ x + 4 = −3x + 3 (b) =2
2 x−3

2 x−2
(c) 4 − x 6 −2x + 3 (d) >1
5 2x + 3
IV — Função do 2 Grau o

Vamos considerar os seguinte problema: Para construir uma estufa retangular temos 400
metros de tela para as paredes. Deseja-se que a estufa tenha a maior área possível. Quanto
deve ter cada lado da estufa? Podemos ilustrar o problema com a figura abaixo.

A área de um retângulo é obtida pelo produto dos seus lados. Desta forma o valor da
área é uma função de x, onde A(x) = x(200 − x) = 200x − x2 . O que desejamos é achar
o valor de x que torna o valor da área o máximo possível. A função A(x) representa uma
função quadrática e conhecendo as suas características, poderemos responder a questão.
Em geral, uma função quadrática tem a forma f (x) = ax2 + bx + c, onde a, b, c ∈ R.
No nosso exemplo temos que a = −1 b = 200 e c = 0. Para achar a solução do nosso
problema devemos conhecer algumas propriedades da função que depende dos valores de
suas constantes, que veremos a seguir.
Para pensar: Qual o domínio da função A(x)?
26 Função do 2o Grau
¯

IV.1 Propriedades e Gráfico


O gráfico de uma função quadrática f (x) = ax2 + bx + c é representado uma curva que
chamamos de parábola. As características de uma parábola depende dos valores de suas
constantes, como veremos a seguir:

P.1 A concavidade da parábola depende do valor de a. Se a > 0 a parábola apresenta


concavidade voltada para cima. Se a < 0, a parábola apresenta concavidade voltada
para baixo.

P.2 A curva cruza o eixo y no ponto (0, c), isto é, o valor da função em x = 0.

P.3 A existência de raízes (pontos em que a função cruza o eixo x) depende do valor de
∆ = b2 − 4ac. Se ∆ > 0 teremos duas raízes reais distintas, x1 e x2 , dadas abaixo pela
fórmula de Báskara. Se ∆ = 0, teremos uma raiz de multiplicidade dois ( x1 = x2 ). Se
∆ < 0 não termos raízes reais.
√ √
−b + ∆ −b − ∆
x1 = e x2 =
2a 2a

−b −∆
P.4 As coordenadas do vértice são xv = e yv = . Este ponto representa o ponto de
2a 4a
máximo se a < 0 ou de mínimo se a > 0.

IV.2 Equação e Inequação do 2o grau


¯
Uma equação da forma f (x) = 0 é uma equação do segundo grau se f (x) = ax2 + bx + c
com a 6= 0. A função f (x) = ax2 + bx + c descreve uma parábola e o conjunto solução
será formado pelas suas raízes (ver P.3), que depende dos valores de a, b e c. Como exemplo
considere a equação: x2 − 2x − 3 = 0. Neste caso temos que:

∆ = b2 − 4ac = (−2)2 − 4(1)(−3) = 4 + 12 = 16 > 0


IV.2 Equação e Inequação do 2o grau 27
¯

Logo temos duas raízes reais distintas, sendo


√ √
−b + ∆ −(−2) + 16 2+4
x1 = = = =3
2a 2·1 2
√ √
−b − ∆ −(−2) − 16 2−4
x2 = = = = −1
2a 2·1 2

Logo o conjunto solução é S = {−1, 3}


Uma inequação da forma f (x) 6 0 é uma inequação do segundo grau se f (x) = ax2 +bx+c
com a 6= 0. O conjunto solução depende do comportamento da parábola e suas raízes. Sendo
ax2 + bx + c 6 0 com ∆ < 0 e a > 0 tem-se

Neste caso o conjunto solução é vazio (S = ∅).


Sendo ax2 + bx + c 6 0 com ∆ = 0 e a > 0 tem-se

Neste caso o conjunto solução é dado pela única raiz (S = {xv }), que coincide com o vértice.
Sendo ax2 + bx + c 6 0 com ∆ > 0 e a > 0 tem-se
28 Função do 2o Grau
¯

Cujo o conjunto solução é S = {x ∈ R|x1 6 x 6 x2 }


Como exemplo considere a inequação x2 + 2x + 1 6 x + 3. Seque que:
x2 + 2x + 1 6 x + 3 ⇔ x2 − x − 2 6 0
Calculando o delta temos, ∆ = b2 − 4ac = (−1)2 − 4 · 1 · (−2) = 9 Sendo positivo temos
duas raízes, sendo,
√ √
−b + ∆ −(−1) + 9 1+3
x1 = = = =2
2a 2·1 2
√ √
−b − ∆ −(−1) − 9 1−3
x2 = = = = −1
2a 2·1 2
Com isto, temos o conjunto solução dado por S = {x ∈ R | − 1 6 x 6 2}. O gráfico abaixo
mostra a solução.

Leitura Complementar
Complementação ao conteúdo e exercícios extras podem ser encontrados em:

• Gelson Iezzi e Carlos Murakami, Fundamentos de Matemática Elementar


(conjuntos- funções) Vol 1 (2013), Editora Atual.

• Giordano, Weir Hass; Thomas, George B., Cálculo 1 Vol 1 (2012), Editora
Pearson Education - Br.
IV.3 Exercícios 29

IV.3 Exercícios
Exercício IV.1 Considere a função que representa a área da estufa A(x) = x(200 − x) =
200x −x . Faça um esboço do gráfico. Encontre o valor de cada lado da estufa que fornece
2

a maior área possível.

Exercício IV.2 No texto mostramos as três possibilidades de uma inequação, quando a > 0.
Faça o esboço do gráfico e determine o conjunto solução para os casos em que a < 0.

Exercício IV.3 Ache o conjunto solução das equações:

(a) x2 − 3x + 7 = x · (x + 4)

(b) x2 + 1 = −5

(c) x2 + 2 = 4x

(d) x4 + 2x2 − 3 = 0

Exercício IV.4 Sendo kx2 + 2kx − k = 0 determine os valores de k tal que a equação
apresente: (a) Uma solução; (b) Duas soluções distintas; (c) Nenhuma solução.

Exercício IV.5 Ache o conjunto solução das inequações. Faça a representação gráfica.

(a) x2 − 2x + 3 > x − 2
x2
(b) − 2x > 3
3
(c) x2 − 4x + 2 < −x2 + 3x − 4

(d) x2 + 2x − 4 < 0

Exercício IV.6 Sendo x2 + kx + 3 6 0, determine o valor de k de tal forma que o conjunto


solução tenha um único valor.

Exercício IV.7 Ache o conjunto solução das equações e inequações abaixo.


2
(a) 15x + x + 5 = 7 (b) 8x2 + 6x 6 −1

Exercício IV.8 Considere a função f (x) = x2 − 5x + 6.

(a) Faça um esboço do gráfico da função.

(b) Determine o conjunto imagem da função.

(c) Determine os valores de x para os quais a função é positiva. sua resposta.


V — Outras Funções Elementares

Agumas funções elementares são usadas como modelos para representação de um conceito,
como distância, crescimento ou decaimento populacional. Nas seções que se segue aborda-
remos algumas dessas funções, descrevendo as suas propriedades.

V.1 Função f (x) = xn

Vamos analisar a função f (x) = x3 . Montando uma tabela de valores e montando o gráfico
temos.

x x3 ponto
-2 -8 A
-3/2 -27/8 B
-1 -1 C
0 0 D
1 1 E
3/2 27/8 F
2 8 G
32 Outras Funções Elementares

Podemos observar que a função é crescente, isto é ∀x1 , x2 ∈ R, se x1 < x2 ⇒ f (x1 ) <
f (x2 ). Apresenta o conjunto Dom = R e Im = R. Em geral uma função da forma f (x) = xn
apresenta uma das possibilidades de gráficos.

Dom = Im = R Dom = R Im = R+

1
V.2 Função Reciproca f (x) =
x
1
Vamos inicialmente construir o gráfico da função f (x) = Montando uma tabela de valores
x
temos temos.
V.3 Função Modular 33

1
x ponto
x
-2 -1/2 A
-1 -1 B
-1/2 -2 C
-1/4 -4 D
1/4 4 E
1/2 2 F
1 1 G
2 1/2 H

Podemos observar que a função tem uma descontinuidade em x = 0, ou seja a função


não é definida neste ponto. Com isto segue que o Dom(f ) = R∗ e Im(f ) = R∗ . O gráfico
apresentado é uma hipérbole equilátera, onde os eixos são as retas “diretrizes”.

V.3 Função Modular


Quando falamos em distância, sempre estamos nos referindo a valores positivos. Não importa
o ponto de referência. A distância de A a B é a mesma de B até A. Não existe distância
negativa. O mesmo ocorre com o conceito de tamanho, altura, e assim por diante. Na
matemática, estes conceitos estão relacionados com o módulo de um número.
(
x se x > 0
|x| =
−x se x < 0
Uma observação deve ser feita, −x obrigatoriamente não é um número negativo, pois de-
pende de quem é x. Se x = −2, então −x = −(−2) = 2.
O módulo satisfaz as seguintes propriedades:

(P.1) ∀x ∈ R, |x| > 0 e |x| = 0 ⇔ x = 0.

(P.2) ∀x, y ∈ R, |x + y| 6 |x| + |y|


34 Outras Funções Elementares

(P.3) ∀x, y ∈ R, |x · y| = |x| · |y|

(P.4) Sendo a > 0 segue que |x| 6 a ⇒ −a 6 x 6 a

(P.5) Sendo a > 0 segue que |x| > a ⇒ x 6 −a ou x > a

A função modular é aquela que associa a cada valor de x a seu módulo, ou seja f : R → R+
e f (x) = |x|. Graficamente temos,

Observe que o gráfico da função modular é o gráfico da reta f (x) = x, onde a parte negativa
é refletida em relação ao eixo x.

Para Pensar: Qual o significado de x2 ?

Equação e Inequação Modular


Uma equação modular é aquela que envolve a função modular em algum dos seus termos.
Para achar o conjunto solução, devemos usar a definição de módulo. Como exemplo considere
a equação: |x + 3| = 7. Neste caso temos achar os valores de x que tornem a equação
verdadeira. Da definição de módulo temos que:
(
x+3 se x + 3 > 0 ⇒ x > −3
|x + 3| =
−(x + 3) se x + 3 < 0 ⇒ x < −3
Com isto temos dois casos, quando x > −3 e quando x < −3. Do primeiro caso segue que

x+3=7⇒x=7−3⇒x=4

e do segundo caso

−(x + 3) = 7 ⇒ −x − 3 = 7 ⇒ −x = 7 + 3 ⇒ −x = 10 ⇒ x = −10

Logo o conjunto solução é S = {4, −10}. Podemos observar, que substituindo x por um
desse valores, temos que a equação é verdadeira.
Uma inequação modular envolve a função modular e para a sua resolução usamos uma
das propriedades (P.4) ou (P.5). Como exemplo considere a inequação |2x + 5| 6 2. Pela
propriedade (P.4) seque que:
7
|2x + 5| 6 2 ⇔ −2 6 2x + 5 6 2 ⇔ −7 6 2x 6 −2 ⇔ − 6 x 6 −1
2
Com isto temos o conjunto solução dado por S = {x ∈ R | − 7/2 6 x 6 −1}.
V.4 Função Composta 35

V.4 Função Composta


Sejam as funções f : A → B e g : B → C. Neste caso o conjunto imagem de f é um
subconjunto de B e consequentemente um subconjunto do domínio de g. Com isto podemos
definir uma função que associa a cada elemento de A a um elemento de C. Como mostra o
esquema abaixo.

Esta função chama-se função composta de g e f , denotada por h(x) = (g ◦ f )(x) = g(f (x)).
Observe que a condição essencial para a existência da composta é que a imagem de f tem
que ser um subconjunto do domínio da g. Em geral, (g ◦ f )(x) 6= (f ◦ g)(x). Observe que o
domínio de h(x) é o domínio da f (x) e sua imagem é subconjunto da imagem de g(x).
Como exemplo, vamos considerar as funções f : R → R tal que f (x) = x2 − 3 em

g : R → R+ tal que g(x) = x. Observe que a imagem de f está contida no domínio de g,

então h(x) = (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = x2 − 3.
Por outro lado a imagem de g também está contida no domínio de f , então podemos

definir w(x) = (f ◦ g)(x) = f (g(x)) = ( x)2 − 3 = x − 3.
Para pensar: Qual é o domínio da função w(x)?

V.5 Função Sobrejetora, Injetora, Bijetora


Quando definimos uma função, é importante que esteja claro qual é seu domínio e contra
domínio. Por exemplo: A função f : R → R definida por f (x) = x2 não é a mesma que
g : R+ → R+ , definida por g(x) = x2 . A primeira tem como o domínio conjunto dos reais,
o que permite calcular f (−2) = (−2)2 = 4. Já no caso de g temos que o domínio é os reais
positivos e portanto não tem sentido calcular g(−2). A forma como as funções relacionam
os elementos do domínio e contra domínio permite classificá-las em:

Definição V.1 — Sobrejetora Uma função f de A em B é sobrejetora se, e somente se, para todo y
em B existe um x em A tal que y = f (x) 
36 Outras Funções Elementares

Em outras palavras, todo elemento do contra domínio está associado a um elemento do


domínio. A função f definida acima não é sobrejetora, pois os elementos do contra domínio
são os reais e portanto, se y = −3, não existe x ∈ R tal que −3 = x2 . Já a função g é
sobrejetora.
OBS: Para que uma função seja sobrejetora é necessário que seu contra domínio seja
igual ao seu conjunto imagem.

Definição V.2 — Injetora Uma função f de A em B é injetora se, e somente se, quaisquer que seja x1
e x2 de A, se x1 6= x2 então f (x1 ) 6= f (x2 ). 

Em outras palavras, dois elementos distintos do domínio, não tem a mesma imagem. A
função f não é injetora, pois −2 6= 2 e f (−2) = 4 = f (2). Já a função g é injetora.

Definição V.3 — Bijetora Uma função f de A em B é bijetora se, e somente se, f é sobrejetora e
injetora. 

Neste caso a função g é bijetora e a função f não.


Com relação a composição de funções temos os seguintes resultados:

T.1 Se duas funções f : A → B e g : B → C são sobrejetoras, então h(x) = (g ◦ f )(x)


também é sobrejetora.

T.2 Se duas funções f : A → B e g : B → C são injetoras, então h(x) = (g ◦ f )(x) também


é injetora.

V.6 Função Inversa


Vimos que a função g : R+ → R+ , definida por g(x) = x2 é bijetora e veremos que
isto tem um significado importante. Para isto considere a função h : R+ → R+ , definida

por h(x) = x, observe que g(2) = 4 e h(4) = 2, g(1.5) = 2.25 e h(2.25) = 1.5. Em geral,
g(x) = y, tem-se que h(y) = x. Também observe que Dom(h) = Im(g) e Im(h) = Dom(g).
A função h é chamada de função inversa de g e denotamos por g −1 (x) = h(x). Formalmente
definimos a inversa por:

Definição V.4 — Inversa A inversa da função g de A em B é a função g −1 de B em A tal que, para


todo x ∈ A se g(x) = y então g −1 (y) = x. 

Nem toda função possui inversa, para isto é necessário que esta seja bijetora. No caso
da f não podemos dizer que h é sua inversa, pois f (−2) = 4 e h(4) 6= −2. Com relação a
composição temos um resultado importante, (g ◦ g −1 )(x) = (g −1 ◦ g)(x) = x. Isto pode ser
visto pela simetria que os gráficos da função e sua inversa tem sobre a reta f (x) = x, como
mostra a figura abaixo
V.7 Exercícios 37

Leitura Complementar
Complementação ao conteúdo e exercícios extras podem ser encontrados em:

• Gelson Iezzi e Carlos Murakami, Fundamentos de Matemática Elementar


(conjuntos- funções) Vol 1 (2013), Editora Atual.

• Giordano, Weir Hass; Thomas, George B., Cálculo 1 Vol 1 (2012), Editora
Pearson Education - Br.

V.7 Exercícios
Exercício V.1 Esboce o gráfico das seguintes funções definidas em R.

(a) f (x) = x3 + 1

(b) f (x) = −x3

(c) f (x) = 2 − x3

(d) f (x) = |x3 |

Exercício V.2 Esboce o gráfico das seguintes funções definidas em R.


1
(a) f (x) = −
x
1
(b) f (x) =
x+1
1
(c) f (x) =
|x|
1
(d) f (x) =
2x
38 Outras Funções Elementares

Exercício V.3 Obter as leis que definem (f ◦ g)(x) e (g ◦ f )(x) quando:

(a) f (x) = x2 + 4x − 5 e g(x) = 2x − 3

(b) f (x) = x2 + 2 e g(x) = x2 − 1



(c) f (x) = x e g(x) = x2 − 3x − 4

(d) f (x) = 1 − x e g(x) = x − 1

Exercício V.4 Classifique as funções abaixo em (I)-injetora, (S)-sobrejetora ou (B)-bijetora.


f : R → R tal que f (x) = 2x + 1
f : R → R tal que f (x) = |x − 1|
f : R → R tal que f (x) = 2x + 1
f : R → R tal que f (x) = x3
f : R → R tal que f (x) = 1/x

Exercício V.5 Considerando as funções do exercício anterior, encontre, quando existir, a


função inversa.

Exercício V.6 Para cada função abaixo mostre que ela é bijetora, ache a inversa e esboce
o gráfico da função e sua inversa.

(a) f (x) = x2 + 4x − 5 e g(x) = 2x − 3

(b) f (x) = x2 + 2 e g(x) = x2 − 1



(c) f (x) = x e g(x) = x2 − 3x − 4

(d) f (x) = 1 − x e g(x) = x − 1

x
Exercício V.7 Sendo as funções reais f (x) = 2x + 4 e g(x) = − 2, determine (g ◦ f )(x)
2
e (f ◦ g)(x).

Exercício V.8 Sendo a função f : R → R tal que f (x) = 5x − 15. Verifique se a função é
injetora, sobrejetora e bijetora. Caso exista, ache a função inversa.

Exercício V.9 Esboce o gráfico das funções modulares.

(a) f (x) = |x + 3|

(b) f (x) = |x| + 3

(c) f (x) = |x2 − x − 2|


x
(d) f (x) =
|x|
V.7 Exercícios 39


Exercício V.10 Esboce o gráfico de f (x) = x2 e compare com o o gráfico da função
f (x) = |x|. Determine o conjunto domínio e o conjunto imagem das funções. Faça uma
comparação entre as funções.

Exercício V.11 Ache o conjunto solução das equações:

(a) |x + 2| = 3

(b) |x2 + 2x − 1| = 3

(c) |2x − 7| = |x + 1|

(d) |x2 + 3| = |x2 − 4|

(e) |x2 − 4x + 2| = | − 3 + x|

Exercício V.12 Ache o conjunto solução das inequações.

(a) |x − 5| 6 3

(b) |2x + 3| > 5

(c) |x2 + 2x − 2| > 2

(d) |x2 + 3| > |x2 − 4|

Exercício V.13 Esboce o gráfico da função f (x) = |x2 − x| e ache os valores de x tal que
f (x) < 2.

Exercício V.14 Ache o conjunto solução das expressões abaixo.

(a) |x − 3| = |x + 2|

(b) |x2 − 2x| < 2


VI — Função Exponencial e Logarítmica

Vamos considerar o seguinte problema: Numa cultura temos uma estimativa de 250.000
bactérias e que estas se reproduzem a uma taxa de 5% por hora. Qual será o número de
bactérias após 5 horas? Quanto tempo será necessário para que o número de bactérias seja
o dobro da população inicial? Para responder tais questões temos que encontrar o modelo
matemático que represente o fenômeno. Primeiramente vamos entender o significado da taxa
5
de 5%. Calcular 5% de um valor corresponde a multiplicar este valor por = 0.05. Assim
100
se temos uma população inicial de 250.000, após a primeira hora teremos

250.000 + 250.000 × 0.05 = 250.000 × (1 + 0.05) = 250.000 × 1.05 = 262.500

A segunda hora inicia com 262.500 bactérias na cultura e quanto terminar a segunda
hora teremos

262.500 + 262.500 × 0.05 = 262.500 × 1.05 = 250.000 × 1.052 = 278.775

Repetindo o processo, podemos ver que para x horas teremos que o número de bactérias
será dado pela função:

f (x) = 250.000(1.05)x

Este tipo de função é chamada de função exponencial. A forma geral da função exponen-
cial é f (x) = cbx , onde c, b ∈ R e b > 0. As propriedades da função exponencial dependem
das propriedades de potenciação.
42 Função Exponencial e Logarítmica

VI.1 Função Exponencial


Sendo a um número real e n um número natural, definimos o expoente natural de base a
ao número

(
a0 = 1
a =
n
an = a · an−1 , ∀n, n > 1

Desta definição decorre que um modo geral an = a · a · a · a · . . . · a é um produto de n


fatores iguais a a. Sendo a, b ∈ R e n, m ∈ N, as propriedades a seguir são válidas:

(E.1) am · an = am+n .

am
(E.2) = am−n .
an

(E.3) (a · b)n = an · bn .

 n
a an
(E.4) = com b 6= 0.
b bn

(E.5) (am )n = am·n

1
(E.6) a−n =
an

Dado um número real a e um número natural n sabemos que existe um número real b

tal que an = b. O número b é chamado de raiz n-ésima de a. Notação n a. Para que esta
definição seja coerente com a propriedade (E.5), temos que

√ 1
n
a = an

ou seja a n-ésima raiz de um número pode ser expressa pela potência de um número,
com expoente racional.

VI.2 Representação Gráfica


Na definição da função exponencial f : R → R+ em que f (x) = cbx , existe uma restrição
sobre a base b, que deve satisfazer b > 0. Isto se deve ao fato de que sendo b negativo,
não teremos uma função real, mas uma função complexa. O comportamento da função vai
depender da base, como podemos ver no gráfico abaixo. Se b > 1 a função é crescente, se
0 < b < 1, a função é decrescente. No caso em que b = 1 temos a função constante f (x) = c.
VI.3 Função Logarítmica 43

VI.3 Função Logarítmica


No início desta aula apresentamos um exemplo de crescimento populacional, que é modelado
por f (x) = 250.000 · (1.05)x . Uma das questões apresentada foi: Qual o intervalo de tempo
necessário para que a população de bactéria dobre de valor? Em outras palavras, temos que
achar o valor de x tal que 250.000 · (1.05)x = 500.000. Isto significa achar um procedimento
que inverta a exponencial de um número. Para isto usamos o conceito de logaritmo.

Definição VI.1 Sendo a e b números reais e positivos, com a 6= 1, chama-se logaritmo de b na base a,
o valor de x, tal que, a elevado ao expoente x seja igual a b. Em linguagem simbólica temos:

loga b = x ⇔ ax = b 

Como consequência da definição temos as seguintes propriedades: Para 0 < a 6= 1 ,


b, c > 0.

(L.1) loga 1 = 0.

(L.2) loga a = 1.

(L.3) loga bx = x loga b.

(L.4) loga (b · c) = loga b + loga c.


b
 
(L.5) loga = loga b − loga c.
c
44 Função Exponencial e Logarítmica

logc b
(L.6) loga b = (mudança de base).
logc a

Representação Gráfica
A função logarítmica de base a é uma função f : R+
∗ → R tal que x 7→ f (x) = loga x, onde

∗ = (0, ∞). A função logarítmica e exponencial de base a são exemplos de funções em


R+
que uma é a inversa da outra. Uma função f : A → B admite uma função inversa se existe
uma e a função g : B → A, tal que se

f (x) = y ⇔ g(y) = x.

Notação para a função inversa de f é f −1 . O comportamento gráfico da função expo-


nencial, como a função exponencial, depende do valor da sua base. Se 0 < a < 1 a função
mostra um comportamento de decaimento, isto é, se x1 < x2 então f (x1 ) > f (x2 ). Se a > 1 a
função mostra um comportamento de crescimento, ou seja, se x1 < x2 então f (x1 ) < f (x2 ).
Quando a base a = e = 2.7182... temos o chamado logaritmo natural, que é denotado por
ln(x). O gráfico abaixo mostra o comportamento da função logarítmica de acordo com sua
base.

Leitura Complementar
Complementação ao conteúdo e exercícios extras podem ser encontrados em:

• Giordano, Weir Hass; Thomas, George B., Cálculo 1 Vol 1 (2012), Editora
Pearson Education - Br.
VI.4 Exercícios 45

VI.4 Exercícios
Exercício VI.1 Classificar em verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das sentenças abaixo:
53 · 52 = 56
2 3 · 3 = 63
52 − 42 = 32
27
= (−2)2
25

Exercício VI.2 Supondo que a · b 6= 0, simplifique as expressões:

(a) (a2 .b3 )2 · (a3 · b2 )3


!5
a 4 · b3
(b)
a2 · b

(a2 · b3 )4 + (a3 · b4 )2
(c)
(a3 · b2 )3
(d) [(a3 · b2 )2 ]3

Exercício VI.3 Resolver as seguintes equações exponenciais:

(a) 2x = 64
1
(b) 8x =
32
√ √
(c) ( 3)x = 81
3

(d) 9x+2 = 27

Exercício VI.4 Esboce o gráfico das seguintes funções definidas em R.

(a) f (x) = 2x

(b) f (x) = 23x−1


1
(c) f (x) =
2x
(d) f (x) = 3−x

Exercício VI.5 Em cada caso, dê a quantidade presente inicialmente (t = 0), diga se a


função representa crescimento ou decrescimento exponencial, e dê a taxa percentual de
crescimento ou decrescimento.

(a) A(t) = 100(1, 07)t.

(b) A(t) = 3500(0, 93)t

(c) A(t) = 320(1, 12)t


46 Função Exponencial e Logarítmica

(d) A(t) = 250(0, 87)t

Exercício VI.6 Sendo loga b = 3 e loga c = 5 calcule:

(a) loga (b · c)

(b) loga (b/c)

(c) loga b2 + loga c7

(d) logb c

Exercício VI.7 Determine o domínio das funções:

(a) f (x) = log( 3 − x)(x + 2)

(b) f (x) = logx (x2 + x − 2)

Exercício VI.8 Para cada função abaixo mostre que ela é bijetora, ache a inversa e esboce
o gráfico da função e sua inversa.

(a) f (x) = x2 + 4x − 5 e g(x) = 2x − 3

(b) f (x) = x2 + 2 e g(x) = x2 − 1



(c) f (x) = x e g(x) = x2 − 3x − 4

(d) f (x) = 1 − x e g(x) = x − 1

Exercício VI.9 Sendo loga b = 5 e loga c = 8 calcule:

(a) loga (b2 c3 )

(b) loga (b/c)

(c) logb c

(d) loga 1

Exercício VI.10 Considere que a população de bactérias de uma amostra satisfaz a função
f (t) = 2000 · 1.02t, onde t representa o tempo em horas. Determime se as afirmações
abaixo são verdadeiras ou falsas e justifique suas respostas.
Nesta amostra temos uma taxa de crescimento de 10, 2%.
Após cinco horas a população terá crescido mais de 10 %.
Para que a população seja o dobro da população inicial é necessário pelo menos 36 horas.
VI.4 Exercícios 47

Exercício VI.11 Sendo loga b = 5 e a8 = c calcule:

(a) a3

(b) a13

(c) loga b4

(d) loga (b/c)


VII — Noções de Trigonometria

Quando uma abelha encontra um campo de flores, ao retornar para a coméia ela deve passar
a informação as demais abelhas. Para isto ela realiza uma dança, que traduzida passa duas
informações. Uma delas é a direção, que pode ser traduzida pelo ângulo que a direção tem
em relação ao sol. A segunda é a distância que o campo está da coméia.

Este exemplo mostra um tipo de problema que usamos o conceito de ângulo. O mesmo con-
ceito foi usado por Eratóstenes, ( viveu entre 276 a.C. e 194 a.C) para medir a circunferência
da terra (pesquise sobre o assunto).

Consideremos uma circunferência de centro em (0,0) e raio um e um ponto P1 = (x1 , y1 )


sobre ela.
50 Noções de Trigonometria

A distância de P1 a origem O é a mesma de P2 a origem O. O que diferencia os dois pontos


é o ângulo formado entre a reta que liga o ponto a origem. (β para P1 e γ para P2 ). As
coordenadas x1 e y1 dependem do valor do ângulo β, tanto que quando aumentamos o valor
do ângulo para γ notamos que a coordenada x1 passa para x2 , diminuindo o valor e y1 passa
para y2 aumentando o valor. Isto mostra que as coordenadas estão relacionadas com o valor
do ângulo. Esta relação é dada por duas funções, seno e cosseno. As coordenadas x1 = cos β
e x2 cos γ, enquanto y1 = sen β e y2 sen γ.

Um ângulo pode ser medido em:

1
Graus: Um grau corresponde a do círculo trigonométrico.
360

1
Grados: Um grado corresponde a do círculo trigonométrico.
400

Radianos: O círculo trigonométrico mede 2π radianos, que representa o comprimento do


círculo dividido pelo raio. Esta proporção permanece constante, para para qualquer
círculo.

Usaremos o radiano como medida de ângulo. Para alguns ângulos, temos o valor exato
de seu seno e cosseno, como mostra a figura abaixo.
VII.1 Triângulos Retângulos 51

VII.1 Triângulos Retângulos


Dizemos que um triângulo é retângulo, quando um de seus ângulos interno é um ângulo
reto, ou seja, vale 90o . Na figura abaixo temos um retângulo reto, no vértice B.

O lado oposto ao ângulo reto é chamado de hipotenusa, enquanto que os outros lados
são chamados de catetos. O lados, se relacional, pelo famoso Teorema de Pitágoras, A soma
52 Noções de Trigonometria

dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Considerando a nossa figura
temos que b2 = a2 + c2 .
Três propriedades relacionam as medidas dos lados e as dos ângulos de um triângulo
retângulo. Com relação ao ângulo γ temos:
c a c
sen γ = , cos γ = , tan γ =
b b a
Com relação ao ângulo β temos:
a c a
sen β = , cos β = , tan β =
b b c

VII.2 Função Seno


A função f : R → R tal que f (x) = sen x associa o valor de x, em radianos, com o
π √
valor do seno do ângulo correspondente. Ex. sen = 2. Algumas propriedades da função
4
devem ser observadas:

P.1 A imagem da função seno é o intervalo [−1, 1], isto é −1 6 sen x 6 1 para todo x real,
como pode ser visto no círculo trigonométrico.

P.2 A função é 2π-periódica, isto é, sen x = sen (x + 2π).

P.3 A função é ímpar, isto é, sen (−x) = − sen x

Graficamente temos:

VII.3 Função Cosseno


A função f : R → R tal que f (x) = cos x associa o valor de x, em radianos, com o valor
π √
do cosseno do ângulo correspondente. Ex. cos = 3. Algumas propriedades da função
6
devem ser observadas:

P.1 A imagem da função cosseno é o intervalo [−1, 1], isto é −1 6 cos x 6 1 para todo x
real, como pode ser visto no círculo trigonométrico.

P.2 A função é 2π-periódica, isto é, cos x = cos(x + 2π).


VII.4 Função Tangente 53

P.3 A função é par, isto é, cos(−x) = cos x

Graficamente temos:

VII.4 Função Tangente


sen x
A função f : R → R tal que f (x) = = tan x é chamada de tangente de x. O valor da
cos x
tangente de um ângulo representa o valor da reta tangente ao círculo trigonométrico, em
(1,0).

Algumas propriedades da função devem ser observadas:


π
 
P.1 O domínio da função é D = x ∈ R | x 6= + kπ, k ∈ Z , ou seja ela não é definida
2
nos pontos onde o cosseno se anula.

P.2 A imagem da função cosseno é R, isto é −∞ 6 tan x 6 ∞ para todo x real, como pode
ser visto no círculo trigonométrico.

P.3 A função é π-periódica, isto é, tan x = tan(x + π).

P.4 A função é ímpar, isto é, tan(−x) = − tan x


54 Noções de Trigonometria

Graficamente temos:

Relações Trigonométricas
Apresentamos algumas relações trigonométricas, que envolve a função seno e cosseno.

(R.1) sen 2 x + cos2 x = 1

(R.2) sen x = cos(x − π/2)

(R.3) sen (a ± b) = sen a cos b ± sen b cos a

(R.4) cos(a ± b) = cos a cos b ∓ sen a sen b

Observe a inversão do sinal na relação (R.4).

Leitura Complementar
Complementação ao conteúdo e exercícios extras podem ser encontrados em:

• Giordano, Weir Hass; Thomas, George B., Cálculo 1 Vol 1 (2012), Editora
Pearson Education - Br.

VII.5 Exercícios
Exercício VII.1 Calcule os ângulos internos de um triângulo retângulo cujos os catetos são
a = 9 e c = 12.

Exercício VII.2 Um observador vê um prédio, construído num terreno plano, sob um ângulo
de 60 . Afastando-se do edifício mais 30 metros, passa a ver o edifício sob ângulo de 45o .
o

Qual é a altura do prédio?


VII.5 Exercícios 55

Exercício VII.3 Calcule os lados os lados de um triângulo retângulo, sabendo que a hipo-
tenusa vale 3 e um dos ângulos internos mede 30o . e c = 12.

Exercício VII.4 Imagine que você necessita fazer a medição da Torre de TV. Como pode-
ríamos fazer isto, usando um transferidor, régua e caneta?

Exercício VII.5 Esboce o gráfico das funções abaixo. Em cada caso analise a periodicidade
da função.

(a) f (x) = sen (2x)

(b) f (x) = 2 sen x

(c) f (x) = cos(x/2)

(d) f (x) = 2 + cos(x)

Exercício VII.6 Usando as relações trigonométricas e os ângulos conhecidos, calcule:


π
 
(a) sen
12

 
(b) cos
12

 
(c) sen
12
π
 
(d) tan
12

Das könnte Ihnen auch gefallen