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RESUMO: Este artigo busca refletir sobre o papel da educação dos negros no discurso
abolicionista de André Rebouças e Joaquim Nabuco entre 1871-1881. O processo de abolição
do trabalho escravo no que tange à sua forma influenciou a estrutura societária dos brasileiros.
Dentre os pilares dessa estrutura, a organização educacional, foi um dos mais afetados.
Assim, é possível encontrar relevante preocupação com a educação dos negros libertos e para
com o “povo” de forma geral, inserido no discurso dos abolicionistas. Para tanto, recorremos
à análise das principais obras relacionadas à Nabuco e Rebouças, entre estas destacamos
“Diário e notas autobiográficas” e “Agricultura Nacional. Estudos econômicos, propaganda
abolicionista e democrática” de Rebouças, “O abolicionismo”, „Campanha Abolicionista no
Recife” e “Discursos parlamentares” de Nabuco entre outras. Para tanto, encaminhamos o
artigo sob a perspectiva específica de ambos abolicionistas, identificando qual era o
direcionamento da educação “Instrução pública” na concepção de cada um. Este estudo leva
pensar a história da educação, identificando aspectos da abolição dos escravos e seu acesso a
“educação”, percebendo a importância das idéias dos dois abolicionistas, conforme um
pensamento reformista propondo idéias de progresso, afirmando a necessidade da extinção
total do cativeiro, e a instrução levada a todos os brasileiros. As idéias dos abolicionistas
trabalhadas neste artigo mostram a luta dos mesmos para que se mudasse o quadro de
desigualdade do Brasil.
PALAVARAS CHAVES: Abolicionismo. Educação. Escravidão. Cidadania. Instrução
Pública.
1. INTRODUÇÃO
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Graduada em História, pela Universidade Estadual do Paraná -UNESPAR campus Paranavaí, no ano de 2013.
Mestranda no Programa de pós-graduação Strictu Sensu em formação docente interdisciplinar –PPIFOR na
Universidade Estadual do Paraná –UNESPAR campus Paranavaí.
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Professor orientador Doutor em História pela Universidade Federal do Paraná, Membro do Colegiado do Curso
de História da UNESPAR campus de Paranavaí.
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educacional, eixo para o desenvolvimento do homem, enquanto ser ontológico social foi um
dos mais afetados. Assim, é possível encontrar relevante preocupação com a educação dos
negros libertos e para com o “povo” de forma geral, inserido no discurso dos abolicionistas
André Rebouças e Joaquim Nabuco. Tratam-se de intelectuais responsáveis por pensar e
reivindicar projetos voltados para a educação dos negros libertos que se tornavam
trabalhadores livres.
Um dos grandes momentos das lutas abolicionistas se encontra com a lei de número 2040,
de 28 de setembro de 1871. De acordo com Wlamyra R. de Albuquerque e Walter Fraga Filho
(2006) a lei conhecida como Lei do Ventre Livre estabelecia que todos os filhos nascidos de
escravas a partir de então seriam livres. Sua estrutura se encontrava da seguinte forma, até os
oito anos a criança nascida livre ficava sob os cuidados do senhor, após esta idade o mesmo
poderia optar entre entrega-las ao governo ou permanecer com a criança até os vinte e um
anos se utilizando da sua mão de obra. Vale lembrarmos que o contexto histórico que o Brasil
estava inserido, levou o governo imperial a realizar mudanças na mão de obra escrava, o que
resultou na Lei do Ventre Livre dentre outras. De certa forma o objetivo maior das leis
emancipacionistas era realizar a transição gradual do trabalho escravo. Porém, também
proporcionaram algum acesso a uma formação instrucional.
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A atuação dos abolicionistas se fazia por meio de escritos em jornais, em praças e nos
parlamentos; os discursos nos permitem compreender de forma clara suas posições, em
relação a diversos aspectos que envolvem a libertação do escravo. O objetivo deste trabalho é
abordar, a educação dos negros presentes em falas dos abolicionistas André Rebouças e
Joaquim Nabuco, a partir de uma perspectiva educacional. E estes intelectuais se fazem
necessários para pensar as reformas sociais de 1871-1881, que colaboraram na reconstrução
da nação bem como de uma possível educação aos negros libertos.
A autora Maria Alice Rezende de Carvalho (1998), expõe que André Rebouças
Cursou o ensino elementar, e junto a seu irmão se preparou para concursos na área militar.
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Rebouças via como ponto principal, o investimento em educação, para que assim a
população viesse alcançar o progresso:
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Ao expor a fala “dar instrução aos brasileiros” nos é perceptível que Rebouças se
tratava de um intelectual cuja concepção de nação que incorporava os negros, estava à frente
de seu tempo. Pois o cenário político agia na contra mão da sensatez proposta pelo
abolicionista.
Uma lei falha e manca, triste e arrastadamente executada, e mais nada! Nas
arcas do tesouro 4,000: 000$ do fundo de emancipação, por qualquer
pretexto fiscal! Quatro mil homens ainda escravos por qualquer relaxação
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administrativa! Até hoje (1874, três anos depois) nem a mínima providência
sobre a educação dos ingênuos e dos emancipados! (REBOUÇAS, 1938,
p.190).
Carvalho (1998) aponta que a visita feita à Europa, a viagem à América do Norte
trouxeram grandes contribuições para o senso crítico de Rebouças. O contato com um país
que se baseava na modernização e educação, contribuiu para atuação de seus ideias e projetos
que implicava o futuro do Brasil como nação. A leitura de André Rebouças sobre o país
norte-americano,se voltava para uma sociedade sem privilégios no qual o trabalho é que
proporciona a ascensão social. Segundo ele, o Brasil deveria se voltar para esse caminho,
buscando aperfeiçoamento material, moral e principalmente o intelectual.
O abolicionista nunca deixou seu lado técnico, devido a sua formação almejava
sempre a modernização. Demonstrava em suas falas que a atenção deveria se direcionar para
o trabalho e a educação. A mudança, a libertação dos escravos e a instrução dos mesmos,
permitia o engenheiro e o abolicionista, pensar a ampliação da efetividade da educação
brasileira.
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em Recife, Pernambuco. Teve grande
participação na vida política desde sua juventude. Em todos seus mandatos, teve desde o
início a defesa ao abolicionismo, expressando em seus discursos uma infinidade de temas que
proporciona o entendimento da visão deste abolicionista sobre questões relacionadas ao seu
ideal de nação moderna.
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A obra “Um Estadista do Império” foi publicada em 1886, sendo apresentada a vida de
seu pai o senador Nabuco de Araújo junto a uma análise de questões econômicas e sociais do
Brasil. Nabuco se tornou um dos grandes representantes do abolicionismo. Protagonizando
fatos que contribuíram na luta contra a escravidão. O abolicionista também foi representante
do país em importantes atividades diplomáticas, como o cargo de embaixador do Brasil em
Washington.
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A liberdade sem o trabalho não pode salvar este país da bancarrota social da
escravidão, nem merece o nome de liberdade; é a escravidão da miséria. O
trabalho sem a instrução técnica e sem a educação moral do operário não
pode abrir um horizonte à nação brasileira. (NABUCO, [1884] 2014, p.65).
O abolicionista, pensava um projeto que envolvesse o negro, pois para ele somente a
inserção dessas populações na sociedade brasileira levaria a acabar com aspectos ocasionados
pela escravidão,era preciso ter fim, não só o cativeiro, mas apagar os efeitos produzidos pela
escravidão. Nabuco afirma que:
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Para Nabuco a libertação dos escravos era importante na luta abolicionista, porém não
era o fim, e sim o começo para se pensar um projeto de formação do país em novos moldes.
Somente a libertação não iria retirar as desigualdades e mesmo os preconceitos gerados por
três séculos de permanência da escravidão. Sendo necessário se pensar a inclusão do ex-
escravo como elemento social, direcionando a país a modernização.
Mesmo tendo um pensamento reformista, vale lembrar que Nabuco não desejava o fim
da escravidão de forma radical e sim gradual, pacífica de acordo com as leis, e as reformas
sociais pensadas pelo abolicionista também deveriam também ocorrer por meio destas.
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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
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5. REFERÊNCIAS
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