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AURORA ano V número 7 - JANEIRO DE 2011 ISSN: 1982-8004 www.marilia.unesp.

br/aurora

DIREITO À SAÚDE E PATENTES


FARMACÊUTICAS –
O acesso a medicamentos como preocupação global para o
desenvolvimento

ANA CRISTINA COSTA BARRETOi

Resumo: As transformações globais ocorridas na modernidade têm provocado o surgimento


de novos desafios e a necessidade de busca por novas perspectivas na participação dos atores
no sistema internacional. A inclusão de novos temas dentro do sistema multilateral de
comércio é fundamental para que a busca pelo bem-estar do homem tome papel central nas
discussões, e o desenvolvimento sustentável seja alcançado a partir do respeito e do
equilíbrio entre ser humano e mercado. Em razão da transversalidade dos direitos humanos e
da relevância que tem o sistema internacional dos direitos humanos nos processos de tomada
de decisão e na articulação política no âmbito internacional, a discussão sobre a relação entre
a propriedade intelectual e tais direitos é atual e necessária. Este artigo pretende analisar a
proteção da propriedade intelectual no âmbito do comércio internacional e da possível
relação conflituosa entre a tutela deste direito e a garantia de valores humanos relevantes,
particularmente no que tange ao direito à saúde. Será realizado um exame da proteção da
propriedade intelectual no comércio internacional, em seguida será analisada a garantia dos
direitos humanos no que se refere à sua formação e estrutura, em especial ao direito à saúde.
Por fim, serão destacados os principais desafios e perspectivas da relação entre direitos
humanos e propriedade intelectual, especificamente acerca do direito ao acesso a
medicamentos.
Palavras-chave: propriedade intelectual, patente farmacêutica, direito à saúde,
medicamentos, desenvolvimento.

Abstract: Global transformations have occurred in modern times have led to the emergence
of new challenges and the need to search for new perspectives on stakeholder participation
in the international system. The inclusion of new topics within the multilateral trading system
is fundamental to the quest for the welfare of man take a central role in the discussions, and
sustainable development be achieved based on respect and balance between humans and the
market. Due to the transversality of human rights and the relevance that has the international
system of human rights in the processes of decision making and policy coordination at the
international level, the discussion on the relationship between intellectual property rights and
such is current and necessary. This article analyzes the protection of intellectual property in
international trade and the possible conflicting relationship between the tutelage of
international law and guarantee of human values relevant, particularly regarding the right to
health. There will be a review of intellectual property protection in international trade, then
we will analyze the human rights guarantees in relation to their formation and structure,
particularly the right to health. Finally, we will highlight the main challenges and perspectives
of the relationship between human rights and intellectual property, specifically about the
right to access to medicines.
Keywords: intellectual property, pharmaceutical patent, right to health, medicine,
development.

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INTRODUÇÃO saúde, particularmente no que se refere ao


acesso a medicamentos.

A s transformações globais ocorridas nos


últimos tempos têm provocado o
surgimento de novos desafios e a
necessidade de busca por novas perspectivas na
participação dos Estados e da sociedade no
Primeiramente, será realizado um exame
do sistema internacional da proteção da
propriedade intelectual no comércio
internacional, em seguida será analisada a
garantia dos direitos humanos no que se refere,
sistema internacional. Projetos políticos para especificamente, ao direito à saúde. Por fim,
uma nova ordem mundial apresentam serão destacados os principais desafios e
expectativas pelo desenvolvimento de uma perspectivas da relação entre direitos humanos
ordem mundial fundamentada no direito e propriedade intelectual, principalmente acerca
internacional, no auto-governo e no respeito do direito ao acesso a medicamentos.
aos direitos humanos universais.
É exatamente pelo fato de ocorrerem 1. A PROPRIEDADE INTELECTUAL:
essas transformações no sistema internacional, COMPREENSÃO INICIAL
que uma mudança de mentalidade acerca da
relevância dos Direitos Humanos na economia Os “bens intelectuais” e os “produtos
global parece ser urgente e necessária, pois se da mente” formam o conceito de propriedade
vislumbra a conscientização, em nível global, de intelectual que, abrange a idéia de proteção
que a responsabilidade pelo desenvolvimento pública para idéias, invenções e expressão
da ordem mundial deve ser partilhada com criativa provenientes na maioria dos casos da
coerência entre os Direitos Humanos, o atividade privada (SHERWOOD, 1992). A
comércio e a política. globalização da economia das últimas décadas e
Levando-se, portanto, em consideração o progresso tecnológico provocou o
a transversalidade dos direitos humanos e sua surgimento de novos métodos de estudo, de
relevância nos processos de tomada de decisão técnicas de criação e, desde então, as idéias e os
e na articulação política no âmbito conhecimentos constituem uma parte cada vez
internacional, a discussão sobre a relação entre mais importante do comércio internacional.
a propriedade intelectual e tais direitos pode ser Porém, se o por um lado deve ser
vista como atual e necessária, não só para a garantido o valor comercial dos produtos
compreensão do impacto dos regimes de oriundos da criatividade humana, por outro, às
proteção da propriedade intelectual sobre os sociedades deve ser assegurado o direito de
direitos sociais, econômicos e culturais, como usufruto dos avanços tecnológicos que
também para definir em que medida os direitos proporcionam a melhoria da qualidade de vida.
do homem podem contribuir para a proteção Os direitos de Propriedade Intelectual, por esta
do direito à propriedade intelectual. razão, têm assumido um papel de grande
Partindo desta compreensão, existe a importância a partir da compreensão de que a
possibilidade de ser medido o alcance da função proteção de tais direitos pode ser considerada
social da propriedade intelectual a fim de um importante instrumento para o
identificar os principais desafios e perspectivas desenvolvimento econômico. Assim, os direitos
da relação entre os direitos humanos e a de propriedade intelectual são compreendidos
propriedade intelectual. como “o conjunto de princípios e de regras que
Assim, este artigo pretende apresentar regulam a aquisição, o uso, o exercício e a perda
uma análise da proteção da propriedade de direitos e interesses sobre ativos intangíveis
intelectual no âmbito do comércio internacional diferenciadores que são suscetíveis de utilização
e de uma possível relação conflituosa entre a no comércio” (PIMENTEL, in: BULHÕES,
tutela deste direito e a garantia de valores 2008).
humanos relevantes, tais como o direito à No entanto, as disputas políticas que
envolvem as discussões acerca da propriedade

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intelectual, no âmbito internacional, têm sido TRIPS1 (1994) e d) os Tratados de Livre


caracterizadas pela inexistência de solução para Comércio regionais e bilaterais.
determinadas questões, entre as quais: a Durante esta evolução ocorreram
demarcação dos objetos e limites de proteção; a mudanças no padrão de proteção da PI que
composição dos interesses de empresas podem ser percebidas em três momentos
criadoras e detentores dos direitos de historicamente delimitados:
Propriedade Intelectual com os interesses da • No período da criação das
sociedade; o equilíbrio entre os países Convenções da União de Paris (CUP) e da
desenvolvidos que dominam o conhecimento e União de Berna (CUB), marcado pela
usam mecanismos de proteção, e aqueles que criação da Organização Mundial de
necessitam gerar desenvolvimento para Propriedade Intelectual e pela liberdade dos
diminuir a pobreza e melhorar a qualidade de países determinarem qual matéria seria
vida de sua população. O sistema internacional patenteável;
de propriedade intelectual, por este motivo, • No período da assinatura do
passa por um processo de transformação que Acordo TRIPS, caracterizado pela inserção
reflete as mudanças ocorridas no do tema de propriedade intelectual no
desenvolvimento econômico e tecnológico dos âmbito do comércio internacional, e pela
países e na dinâmica do comércio internacional. obrigação de proteção da propriedade
Todos os Estados membros da OMC, intelectual em todos campos tecnológicos
por exemplo, independentemente de seus abrangendo, inclusive, as patentes para
estágios de desenvolvimento e contextos sociais produtos e processos farmacêuticos;
e econômicos, estão obrigados a reconhecer as • No período pós-TRIPS,
patentes em todos os campos tecnológicos. Tal definido pela negociação e assinatura de
obrigatoriedade deu início às discussões sobre a tratados de livre comércio bilaterais e
patente de produtos e processos farmacêuticos regionais, nos quais constava um capítulo
e acarretou um amplo debate internacional sobre propriedade intelectual e, dispositivos
acerca do potencial impacto negativo sobre o mais restritivos do que os previstos no
acesso a medicamentos, principalmente nos Acordo TRIPS.
países em desenvolvimento e nos menos Pode-se considerar que um novo
desenvolvidos. sistema econômico global surgiu após a II
Antes, porém, de ser analisada a Guerra Mundial provocando a criação de novas
relação existente entre a PI e o direito humano organizações de caráter internacional que,
à saúde, necessário se faz melhor compreender através de acordos multilaterais, mediavam as
as questões que envolvem as discussões sobre a relações comerciais entre as nações. Em 1947,
propriedade intelectual, conhecer sua evolução foi assinado o GATT, acordo comercial de
e suas particularidades. caráter provisório que deveria vigorar até a
criação de uma Organização Internacional do
1.1. O Comércio (OIC)2 e que se constitui em um
DESENVOLVIMENTO DO marco para as negociações multilaterais, com
SISTEMA INTERNACIONAL DA vistas a diminuir barreiras para o comércio
PROPRIEDADE INTELECTUAL internacional.
A OMC começou a funcionar em
No processo de evolução do sistema 1995 e pode ser considerada “como principal
internacional de propriedade intelectual (PI), a instituição de caráter multilateral dotada de
construção deste sistema foi fundamentada nos competência para regulamentar o comércio
seguintes marcos legais: a) a Convenção da
União de Paris - CUP (1883), b) a Convenção 1 TRIPs (Trade Related Aspects of Intellectual Property
da União de Berna (CUB) (1886), c) o Acordo Rights) em português leia-se Acordo sobre Aspectos dos
Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio
2 Deveria ser órgão da ONU criado para substituir o GATT

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internacional e promover a sua liberalização” maior liberdade para definir suas políticas em
(BULZICO, 2006). Após sua criação, o relação ao reconhecimento das patentes para
comércio internacional baseou-se no produtos de determinados setores. O Acordo
multilateralismo econômico, isto é, na atuação TRIPS, portanto, transformou o cenário
em conjunto dos Estados, em um ordenamento internacional relativo à cobertura patentária, em
jurídico internacional antecipadamente razão do aumento do alvo da matéria
negociado e na existência de uma organização patenteável para as áreas da saúde e da nutrição.
responsável pelo correto emprego dessas
normas. 1.2. O ACORDO TRIPS E
Na década de 1980, os EUA lideram AS PATENTES FARMACÊUTICAS
os países desenvolvidos nas discussões políticas
acerca da criação de um sistema mundial de O Acordo TRIPS pode ser
proteção da propriedade intelectual, uma vez compreendido a partir de duas características
que a proteção máxima do monopólio do importantes. A primeira se baseia no fato de ter
conhecimento técnico assegura um este acordo estabelecido regras sobre os direitos
enriquecimento contínuo aos países detentores de propriedade intelectual, já que determinou
deste conhecimento. Isto significa dizer que, a padrões mínimos de proteção a todas as formas
garantia dos direitos de propriedade intelectual de propriedade intelectual, definiu o objeto a
em nível global mantém estabelecida a relação ser protegido, os direitos conferidos aos
desigual entre os países produtores de alta detentores das patentes, e suas exceções. Tais
tecnologia (desenvolvidos) e os demais países regras, é bom destacar, são mais rígidas do que
consumidores (em desenvolvimento). aquelas vigentes na ocasião nos países
Por esta razão, apesar de a negociação desenvolvidos.
das normas ter como base a conjugação de O Acordo TRIPS, se caracteriza
vontades, uma grande pressão por parte dos também por não reconhecer a liberdade de cada
países desenvolvidos foi feita para que os temas país signatário de adotar uma estrutura
relacionados à propriedade intelectual e ao legislativa que beneficie o seu desenvolvimento
comércio fossem incluídos no GATT a partir tecnológico, uma vez que deixou pouca
da Rodada Uruguai de negociações, uma vez flexibilidade para instituição de regimes de
que “atendendo aos interesses das indústrias norte- propriedade intelectual internos, reduzindo as
americanas de computadores, softwares, microeletrônica, margens de manobra dos governos que
produtos químicos, produtos farmacêuticos e pretendiam acelerar o acesso a novas
biotecnologia, os Estados Unidos pleitearam a inclusão tecnologias em busca de uma melhoria no
do tema de propriedade intelectual, serviços e padrão de vida de seus cidadãos.
investimentos na Rodada Uruguai” (CHAVES, Neste acordo, “os Estados-Membros
OLIVEIRA, HASENCLEVER, MELO, 2007). se propõem, mediante a incorporação de
Essa Rodada culminou com a padrões mínimos de proteção administrativa e
assinatura de diversos acordos multilaterais, judicial da propriedade intelectual, contra-
dentre eles o Acordo TRIPS considerado um arrestando, sob pena de sanções, a pirataria, a
de três acordos multilaterais que formam a contrafação e o roubo, a harmonizar e
estrutura fundamental da OMC. equilibrar os direitos do titular da patente com a
Em que se pese a relevância da CUP e imperiosidade de difundir e facilitar o acesso ao
da CUB, é o Acordo TRIPS que interessa ao conhecimento e transferir tecnologia”
tema abordado neste artigo, pois até a chegada (CHAVES, OLIVEIRA, HASENCLEVER,
deste acordo muitos países não ofereciam MELO, 2007).
proteção patentária para medicamentos ou Destarte, a assinatura do acordo
produtos agrícolas, porquanto, em obrigou todos os membros da OMC a
conformidade com os direitos garantidos pela outorgarem uma proteção mínima aos direitos
CUP, os países em desenvolvimento tinham da propriedade intelectual, inclusive a patente

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de produtos farmacêuticos (p.ex.: transição (ex-economias socialistas) – até


medicamentos), fossem eles de países janeiro 2000; e finalmente, d) países com menor
desenvolvidos ou em desenvolvimento. Por desenvolvimento (development countries) – até
esta razão, sob o ponto de vista da indústria janeiro de 2001” (SENHORAS, 2007).
farmacêutica internacional, a ampliação da Devido à esta obrigatoriedade, o
cobertura proteção da patentária foi um dos Acordo TRIPS provocou uma uniformização
maiores resultados do TRIPS, pois os titulares das legislações nacionais de propriedade
das patentes passaram a ter a possibilidade de intelectual sem, no entanto, considerar as
manter altos os preços dos medicamentos diferenças de desenvolvimento tecnológico
patenteados, deixando-os, assim, fora do existentes entre os países membros da OMC. É
alcance de muitas pessoas, principalmente das bom ressaltar o fato de que a OMC possui,
mais pobres. através de seu Órgão de Solução de
A patenteabilidade dos produtos Controvérsias (OSC), mecanismos para
farmacêuticos acordada durante a Rodada penalizar seus membros que não cumprirem as
Uruguai, afirma Amaral Júnior, “elevou o preço regras estabelecidas nos acordos, fazendo com
dos medicamentos no mercado internacional que todos os seus Estados-membros tenham a
afetando uma parcela considerável da obrigação de reconhecer as patentes em todos
população; em conseqüência, o direito à saúde os campos tecnológicos, independentemente
ficou gravemente prejudicado, já que diversos dos aspectos sociais e econômicos que
grupos sociais não logram obter acesso aos envolviam tais patentes (BERMUDEZ,
medicamentos de que necessitam”(AMARAL EPSZTEJN, OLIVEIRA, HASENCLEVER,
JÚNIOR, 2005). 2000).
Diante de tal complicador, a A repercussão das regras do Acordo
Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu TRIPS sobre os custos, portanto, afeta o acesso
que seus Estados-membros aplicassem nas suas a medicamentos a preços acessíveis, que
leis de propriedade industrial todas as constitui um elemento fundamental do direito à
flexibilizações contidas no Acordo TRIPS saúde e do direito à vida, uma vez que faz
visando a garantia da proteção à saúde pública nascer direitos de exclusividade para as
e, por esta razão, para que o acordo passasse a empresas farmacêuticas e, conseqüentemente,
vigorar no âmbito nacional, cada um dos países favorece ao aumento de preços dos
membros da OMC deveria realizar um processo medicamentos comprados pelos Estados.
de “internalização” de suas regras, na tentativa Os problemas gerados pela dificuldade
de minimizar, por exemplo, o potencial impacto de acesso a medicamentos necessitam de uma
negativo no acesso a medicamentos por parte solução e passam a ser prioridade global, pois
dos países não desenvolvidos. regras muito rigorosas sobre a propriedade
Desta forma, as obrigações contidas intelectual podem minar a obrigação dos
no Acordo TRIPS se aplicam igualmente a Estados de respeitar, proteger e promover o
todos os países membros da OMC, direito à saúde e à vida, ao afetarem sua
destinatários deste acordo, no entanto, às capacidade de reduzir o custo de
nações em desenvolvimento foi concedido medicamentos.
período para a implementação das mudanças Ocorre, porém, que a conclusão da
em suas legislações nacionais. “As provisões do agenda da Rodada Uruguai, em se tratando da
Acordo entraram em vigor no início de 1996, liberalização e abertura dos mercados, não
prevendo tratamento especial para os países em produziu os resultados previstos, haja vista ter
desenvolvimento com relação ao prazo para sua sido evidenciado um aumento das
implementação. Os prazos estabelecidos foram desigualdades entre e dentro dos países. Por
os seguintes: a) países desenvolvidos – até esta razão, os questionamentos acerca das
janeiro de 1996; b) países em desenvolvimento implicações do Acordo TRIPS sobre a saúde
– até janeiro de 2000; c) economias em pública levaram os países em desenvolvimento

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a adotarem a Declaração de Doha (2001) sobre recentes, surgidos a partir do pós-guerra em


o Acordo TRIPS e a Saúde Pública, como resposta às brutalidades e aos horrores do
forma de demonstrar a preocupação sobre os nazismo.
possíveis efeitos dos preços dos medicamentos Esta visão atualizada é um reflexo do
patenteados e sobre as implicações em relação à “esforço de reconstrução dos direitos humanos,
saúde pública em geral. como paradigma e referencial ético a orientar a
A Declaração de Doha, na verdade, ordem internacional contemporânea. Com
não provocou mudanças no Acordo TRIPS, efeito, no momento em que vige a lógica da
mas foi um importante instrumento político destruição, em que é cruelmente abolido o valor
dos países em desenvolvimento e dos menos da pessoa humana, torna-se necessária a
desenvolvidos, para a implementação de todas reconstrução dos direitos humanos, como
as flexibilidades previstas no acordo que paradigma ética capaz de restaurar a lógica do
estavam relacionadas com a proteção à saúde razoável.”(PIOVESAN, 2006).
pública. A reconstrução vem demonstrar o
Ocorre que, “apesar de a Declaração entendimento de que a proteção dos direitos
de Doha ter fortalecido internacionalmente a humanos não é somente uma responsabilidade
liberdade dos países em incorporar do Estado, mas uma preocupação e um
flexibilidades de interesse para a saúde, a interesse internacional. Segundo Flávia
decisão de 30 de agosto de 2003 e sua posterior Piovesan, “esta concepção inovadora aponta a
emenda ao Acordo TRIPS vêm sendo duas importantes conseqüências: 1a) a revisão
fortemente questionadas quanto à sua concreta da noção tradicional de soberania absoluta do
possibilidade de contribuir para a promoção de Estado, que passa a sofrer um processo de
políticas de acesso a medicamentos” relativização, na medida em que são admitidas
(CHAVES, OLIVEIRA, HASENCLEVER, intervenções no plano nacional em prol da
MELO, 2007). E esta questão está diretamente proteção dos direitos humanos; (...) 2a) a
relacionada à garantia do direito à saúde e será cristalização da idéia de que o indivíduo deve
discutida a diante. ter direitos protegidos na esfera internacional,
na condição de sujeito de direito” (PIOVESAN,
2. O DIREITO À 2006).
SAÚDE E O ACESSO A Partindo desta noção de reconstrução,
MEDICAMENTOS uma análise crítica da relação existente entre o
2.1. OS DIREITOS comércio internacional, os direitos humanos e a
HUMANOS NA ATUALIDADE possibilidade de desenvolvimento, leva à
constatação da necessidade de reflexão acerca
Os direitos humanos compõem uma do modo mais apropriado de enfatizar os
“racionalidade de resistência” (FLORES, 2003) aspectos positivos e eliminar os negativos,
pelo fato de traduzirem processos que abrem e oriundos desta relação, a fim de que seja
solidificam os espaços de luta pela proteção da possível garantir que o objetivo maior seja a
dignidade humana. Para Carlos Santiago Niño, busca pelo desenvolvimento humano
“os direitos humanos são uma construção sustentável baseado na promoção e na proteção
consciente vocacionada a assegurar a dignidade dos direitos humanos.
humana e a evitar sofrimentos, em face da Este equilíbrio entre a dinâmica do
persistente brutalidade humana” (NIÑO, 1991). comércio internacional e a realização dos
Esta compreensão conceitual dos direitos humanos é sobretudo imperativo, uma
direitos humanos apresenta um ponto de vista vez que “a absoluta promoção do aumento do
contemporâneo, introduzido pela Declaração comércio internacional em detrimento do
Universal de 1948, oriundo de uma respeito e da proteção dos direitos humanos e
internacionalização dos direitos humanos do desenvolvimento humanos sustentável tende
promovida por movimentos historicamente a agravar as complexidades de se assegurar um

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regime mais amplo e verdadeiramente universal direito ao desenvolvimento; o conflito entre o


de respeito, proteção e promoção dos direitos processo de globalização econômica e a
humanos” (OLIVEIRA, 2005) proteção dos direitos econômicos, sociais e
Tais complexidades têm como culturais.
catalisador o fato de no cenário internacional Em se tratando da discussão aqui
existir uma linha divisória entre os sistemas de exposta, há estreita relação entre o direito ao
proteção dos direitos humanos e as acesso a medicamento (direito à saúde) e as
organizações internacionais de caráter questões que envolvem os desafios acima
econômico, pois, apesar dos avanços dos mencionados. Isto se dá porque, diante das
sistemas regionais de direitos humanos, tais diferenças existentes, há a necessidade que os
direitos ainda se encontram marginalmente Estados adotem medidas voltadas à criação de
situados na construção da ordem internacional políticas de desenvolvimento internacional que
econômica (OLIVEIRA, 2005). facilitem e consolidem a plena realização do
No entanto, já é perceptível a direito a uma repartição eqüitativa referente ao
consciência de que estes assuntos não podem bem estar social e econômico mundial. Para
continuar a ser analisados separadamente Joseph E. Stiglitz: “desenvolvimento significa
(OLIVEIRA, 2005), pois o setor econômico transformação social, com a melhoria das
tem influência direta nas ações e nas políticas condições de vida das populações mais pobres,
públicas, dentro e fora dos Estados, que visam assegurando a todos uma oportunidade de
à efetivação dos Direitos Humanos. Da mesma sucesso e acesso à saúde e à educação”
forma que no mercado é sentida a influência da (STIGLITZ, in: PIOVESAN, 2007).
democracia e dos Direitos Humanos, uma vez Os direitos econômicos, sociais e
que o pressuposto basilar das relações culturais, dentre os quais faz parte o direito à
econômicas é a necessidade de que ao ser saúde, devem ser considerados autênticos e
humano sejam garantidas condições dignas de verdadeiros direitos fundamentais, sendo,
sobrevivência, de opinião, de participação, de portanto, acionáveis, exigíveis, que demandam
trabalho, de liberdade, de igualdade e de séria e responsável observância, e devendo ser
segurança (LAMY, 2010). reivindicados como direitos e não como
Apesar disso, vários são os desafios caridade, generosidade ou compaixão.
dos direitos humanos na ordem internacional Nos últimos tempos, o direito à saúde
contemporânea, entre eles, por exemplo, o têm se consolidado a ponto de ser um
dilema existente entre as assimetrias globais e o indicativo de que “se esta tendência se
direito ao desenvolvimento, e o conflito entre o mantiver, será necessário migrar de discussões
processo de globalização econômica e a genéricas sobre o tema para a análise de direitos
proteção dos direitos econômicos, sociais e específicos, em relação a setores, agentes e
culturais. assuntos igualmente pontuais” (HUNT,
O que caracteriza a concepção KHOSLA/2008), haja vista que “as declarações
contemporânea dos direitos humanos, gerais sobre empresas do setor farmacêutico e
portanto, é o universalismo, quando os direitos econômicos, sociais e culturais
compreende o homem como ser único, dotado constituem a base indispensável para um exame
de dignidade e, por isso, titular de direitos, e a mais detalhado de assuntos específicos sobre o
indivisibilidade, ao considerar que há direito à saúde” (HUNT, KHOSLA/2008).
interdependência entre os direitos civis e É exatamente o direito ao acesso à
políticos e os direitos sociais, econômicos e saúde que fundamenta a discussão proposta,
culturais. pois a garantia de tal direito esta diretamente
Apesar disso, vários são os desafios relacionada com o acesso a medicamentos e
dos direitos humanos na ordem internacional esta questão, por sua vez, às implicações
contemporânea, entre eles, por exemplo, o relativas à proteção da propriedade intelectual.
dilema existente entre as assimetrias globais e o

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2.2. O DIREITO e que estes sejam disponibilizados em


HUMANO À SAÚDE: A GARANTIA quantidades suficientes. Para tanto, necessário
DO ACESSO A MEDICAMENTOS se faz a utilização, por exemplo, de alguns dos
mecanismos de flexibilização da propriedade
Aproximadamente dois bilhões de intelectual, previstos no Acordo sobre Aspectos
pessoas não têm garantido o acesso a dos Direitos de Propriedade Intelectual
medicamentos essenciais (OMS, 2004). Além relacionados ao comércio (TRIPS).
das barreiras impostas ao acesso a Assegurar a disponibilidade de
medicamentos, a desigualdade deste acesso medicamentos a partir da flexibilização da
continua sendo a característica mais evidente do propriedade intelectual é um dos caminhos para
setor farmacêutico mundial, pois as políticas, garantir o acesso a medicamentos porque “as
regras e instituições que definem o suprimento patentes afetam a promoção da saúde pública,
dos medicamentos, em âmbito nacional e principalmente através do impacto no acesso a
internacional, são os principais responsáveis medicamentos. As patentes de medicamentos
pelas privações e pela desigualdade extrema que concedem direitos exclusivos aos titulares
(HUNT, KHOSLA/2008). Devido a esta das mesmas permitem que se cobre ágio sobre
evidente disparidade a aquisição dos e acima dos custos marginais de produção, o
medicamentos essenciais se torna cada vez mais que torna os medicamentos patenteados mais
complicada, principalmente, para aqueles que caros e acessíveis a menos clientes em
mais precisam deles, prejudicando a garantia do comparação com produtos similares
direito à saúde. produzidos em ambiente competitivo”
Devido a esta evidente disparidade a (NWOBIKE, 2006)
aquisição dos medicamentos essenciais se torna Ora, o que se percebe é a necessidade
cada vez mais complicada, principalmente, para de ser discutida a responsabilidade das
aqueles que mais precisam deles, prejudicando a empresas farmacêuticas nas questões relativas
garantia do direito à saúde. Necessário se faz, ao acesso a medicamentos, pois, mesmo que a
então, que sejam elaboradas políticas e indústria farmacêutica justifique as patentes
estruturas alternativas que promovam sobre medicamentos e o alto preço em razão
mudanças factíveis e que levem em dos altos custos da pesquisa e do
consideração, não apenas as obrigações desenvolvimento dos produtos farmacêuticos,
estabelecidas nos documentos internacionais de deve ser levado em conta que não é
direitos humanos, mas também a compreensão propriamente o custo do medicamento que
de que a garantia do acesso a medicamentos é deve ficar em evidência, mas os excessivos
um dever jurídico e ético. lucros proporcionados às empresas
Ora, tanto a prevenção, como o farmacêuticas.
tratamento e o controle médico de uma doença E a delimitação das responsabilidades
são características essenciais do direito à saúde. das indústrias farmacêuticas somente será
No entanto, se a obtenção dos medicamentos realizada quando, entre outras ações, o Estado
não é considerada, igualmente, uma parte conservar “para si tanto a responsabilidade
indispensável deste direito, não há como tais residual de regular de maneira apropriada os
características serem preservadas, já que a sistemas de saúde e medicamentos” (HUNT,
garantia da saúde depende também do acesso a KHOSLA/2008), como a de “garantir o bem-
medicamentos. Uma análise do direito à saúde estar dos grupos mais desfavorecidos sob sua
implica, portanto, na busca pela compreensão e jurisdição” (HUNT, KHOSLA/2008).
pelo bom emprego deste direito em políticas, Para tanto, os Estados possuem a
programas e projetos de saúde. obrigação de tomar as medidas necessárias,
Percebe-se, então, que um dos deveres isoladamente ou por meio da assistência e
do Estado é o de assegurar que tais ações cooperação internacionais, a fim de garantir a
garantam o acesso aos medicamentos existentes implementação integral de vários direitos, entre

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eles o direito à saúde, em todo o mundo. E em obstada em virtude de uma concepção


se tratando de medicamentos, caberia aos privatista deste direito que eleja a
Estados mais ricos incentivar os em preponderância incondicional dos direitos do
desenvolvimento a não aceitarem regras de autor em detrimento da implementação dos
propriedade intelectual que ignoram as direitos sociais, como o são, por exemplo, à
flexibilidades incluídas no Acordo TRIPS. saúde, à educação e à
alimentação”(PIOVESAN, 2007).
3. A RESPONSABILIDADE Nem tão pouco pode ser a
DOS DETENTORES DAS PATENTES propriedade intelectual tida como ilimitada e
FARMACÊUTICAS DIANTE DA absoluta, exatamente por ter uma função social
GARANTIA DO DIREITO AO ACESSO A e, por este motivo as normas que a protegem
MEDICAMENTOS devem levar em consideração o impacto nos
direitos humanos. O Acordo TRIPS apresenta
Visando garantir o direito à saúde, esta obrigatoriedade quando estabelece o
talvez seja interessante imaginar a possibilidade objetivo de “contribuir para a promoção da
de que as empresas farmacêuticas passem a ser inovação tecnológica e para a transferência e
consideradas não apenas como transnacionais disseminação de tecnologia, para a vantagem
que objetivam o lucro, mas como empresas mútua dos produtores e usuários do
cujas operações são afetadas diretamente pelos conhecimento tecnológico, e de tal maneira que
princípios dos direitos humanos e que, por esta possa levar ao bem estar econômico e social e
razão têm a responsabilidade de respeitar as ao balanço de direitos e obrigações (artigo 7º)”
normas internacionais de direitos humanos e (PIOVESAN, 2007).
estão sujeitas às conseqüências de sua violação. Com base neste artigo, necessário se
Tal compreensão se baseia, faz buscar obter o equilíbrio entre a garantia
obviamente, no fato de que apesar de ser do dos direitos de propriedade intelectual, decisivo
Estado a responsabilidade primeira da garantia para o crescimento do comércio, e a proteção
do acesso a medicamentos, não há como de valores considerados fundamentais. A
ignorar que esta é uma responsabilidade Constituição Federal de 1988, nos arts. 6º e 196,
compartilhada, pois diversos atores nacionais e garante o acesso à saúde e que tudo dela faz
internacionais possuem um papel inescusável a parte, baseados no princípio da dignidade da
ser cumprido quando se trata do direito à pessoa humana. O art. 5°, XXIII, ainda indica o
saúde. princípio da função social da propriedade, que
As empresas farmacêuticas, sobretudo, considera que toda e qualquer propriedade,
são reconhecidas como fazendo parte deste inclusive a invenção e sua patente, devem
grupo responsável, uma vez que entre as várias atender a função social a que se destinam.
metas estabelecidas nos Objetivos de Assim, se um medicamento é
Desenvolvimento do Milênio há a previsão de destinado a tratar pacientes, isto deve ser
que seja proporcionado “em parceria com realizado sem distinção de poder econômico,
empresas farmacêuticas, o acesso a pois o acesso aos medicamentos deve observar
medicamentos essenciais a um preço razoável o dever ético da salvaguarda da vida e do
em países em desenvolvimento” (HUNT, respeito aos Direitos Humanos, e o
KHOSLA/2008). conhecimento científico, sob a forma da
A proteção ao direito à propriedade propriedade intelectual do inventor, não deve
intelectual não pode inviabilizar, nem ser empecilho à transmissão das novas
comprometer o dever dos Estados de garantir o tecnologias a todos os povos.
respeito, a proteção e a implementação do
direito ao acesso a medicamentos, pelo fato de CONCLUSÃO
ser a propriedade intelectual um produto social
que possui uma função social, “que não pode ser

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Necessário se faz, então, que sejam Por fim, a promoção, proteção e


elaboradas políticas e estruturas alternativas que implementação dos direitos humanos, em
promovam mudanças factíveis e que levem em especial do direito à saúde, são ações que estão
consideração, não apenas as obrigações diretamente ligadas à busca pelo
estabelecidas nos documentos internacionais de desenvolvimento, uma vez que a relação entre
direitos humanos, mas também a compreensão direitos humanos e desenvolvimento pode ser
de que a garantia do acesso a medicamentos é percebida a partir da efetivação de um processo
um dever jurídico e ético, não apenas do que compreende o crescimento econômico, a
Estado, mas também das empresas ligadas à redistribuição de recursos, a atuação do Estado,
indústria farmacêutica. a participação em um processo democrático e a
Do mesmo modo há que se reforma e cooperação no âmbito da ordem
reconhecer que os direitos de propriedade internacional.
intelectual não são absolutos, nem superiores, Tais elementos devem estar presentes
aos direitos fundamentais. E por esta razão nas medidas políticas, nos instrumentos
devem ser levados em conta com base na sua jurídicos e nos princípios que definem as ações,
função social, a fim de que percam a os meios e os fins do desenvolvimento.
característica liberal individualista
exclusivamente voltada para a proteção dos REFERÊNCIAS
direitos do autor, e passem a apresentar uma
dimensão social. AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Licença
O direito à saúde, por sua vez, deve Compulsória e Acesso a Medicamentos nos Países em
contribui para o estabelecimento de políticas Desenvolvimento. 2005. Disponível em:
que visem a melhoria no acesso a http://www.deolhonaspatentes.org.br/media/f
medicamentos a partir da análise e do ile/Publicacoes/Alberto_Amaral_portuguese.p
aperfeiçoamento das obrigações dos atores df .Acesso em: 07/10/2010.
envolvidos na implementação dessas políticas,
uma vez que “a raiz do mal não está no modo BERMUDEZ Jaz, EPSZTEJN R, OLIVEIRA
como as empresas fazem negócios, mas como M. A, HASENCLEVER, L. O Acordo TRIPS da
nós as regulamentamos e incentivamos” OMC e a proteção patentária no Brasil: mudanças
(POGGE, 2008). recentes e implicações para a produção local e o acesso da
Desta forma, para que seja alcançado população aos medicamentos. Rio de Janeiro: Escola
o equilíbrio entre a proteção da propriedade Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo
intelectual e o direito social ao acesso a Cruz; 2000.
medicamento, necessário é o ajustamento dos
tratados de natureza comercial em relação aos BULHÕES, Eduardo P. O papel das redes
parâmetros de proteção consagrados nos transnacionais de ONGs no contencioso das patentes
tratados de direitos humanos e a avaliação do farmacêuticas entre Brasil e Estados Unidos.
impacto que tais tratados produzem no campo Dissertação. Porto Alegre: UFRS. 2008
dos direitos humanos.
Está, assim, estabelecido o desafio de BULZICO, Bettina Augusta Amorim.
garantir o pleno direito à saúde, a partir da Evolução da regulamentação internacional da
redefinição do direito à propriedade intelectual propriedade intelectual e os novos rumos para
à luz do ponto de vista contemporâneo dos harmonizar a legislação. Revista Brasileira de
direitos humanos, fundamentando esta nova Direito Internacional - RBDI, Curitiba, v.4, n.4,
acepção na idéia de indivisibilidade, jul./dez.2006. Disponível em:
interdependência e integralidade destes direitos, http://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br.
particularmente em relação ao direito de acesso Acesso em: 13/09/2010
a medicamentos.

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