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Encontro A SOCIALIZAÇÃO DA DANÇA NA ESCOLA

Revista de Psicologia
Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 Um caminho para encantar a educação infantil

RESUMO
Mara Lúcia de Castro
Universidade Gama Filho - UGF O objetivo do estudo foi demonstrar o perfil de socialização da dança
maracastro24@yahoo.com.br em crianças de ambos os sexos, com idade entre 5 e 6 anos, praticantes
de dança escolar, em uma escola de João Monlevade, MG. Pesquisa
descritiva, com uma amostra de n= 115 crianças. Na coleta de dados
Rafaela Liberali foram aplicados questionários (pré e pós projeto de dança) sobre perfil
afetivo-social e as variáveis medidas pelos questionários são: interesse,
Universidade Gama Filho - UGF
motivação, socialização, participação, inclusão e auto-estima.
rafascampeche@ig.com.br Avaliando os dados prevaleceu que ambos os sexos gostaram de ter
aula de dança, de trabalhar em grupo, de se apresentar dançando e
100% das meninas e 89,1% dos meninos gostaram muito da dança na
Maria Ines Artaxo escola. As crianças da educação infantil são receptivas ao trabalho com
Universidade Gama Filho - UGF dança, pois o mesmo vem acompanhado de elementos encantadores
inesartaxo@gmail.com (ludicidade, musicalidade, socialização e movimento), sendo estes
capazes de contribuir para uma infância mais feliz e saudável.

Maria Cristina Mutarelli Palavras-Chave: dança; educação infantil; educação física; socialização; auto-
estima; prazer; arte
Universidade Gama Filho - UGF
crismutarelli@hotmail.com

ABSTRACT

The objective was to demonstrate the effects of dance in the


socialization of children of both sexes, ages 5 and 6 years alongside
practitioners of dance in a school in João Monlevade, MG. A descriptive
study with a sample of 115 kids. To gather data, questionnaires were
applied (pre and post project dance) on affective and social profile and
the variables measured by questionnaires were: interest, motivation,
socialization, participation, inclusion and self-esteem. Evaluating the
data prevailed that both sexes liked to have dance classes, liked to work
in a dance group and overall 100% of girls and 89.1% of the boys really
liked to have dance classes in school. Children in kindergarten are
receptive to work with dance, because it comes with charming features
(playfulness, musicality, expression and movement), which are able to
contribute to a happier and healthier childhood.

Keywords: dancing; child rearing; physical education and training;


socialization; self concept; pleasure; art.

Anhanguera Educacional Ltda.


Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@aesapar.com
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigos Originais
Recebido em: 19/07/2011
Avaliado em: 19/10/2011
Publicação: 1 de junho de 2012 37
38 A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil

1. INTRODUÇÃO

Sendo uma das artes mais antiga e considerada a primeira manifestação de expressão da
humanidade a dança é usada para representar os sentimentos mais íntimos do homem e
vem evoluindo com a humanidade e a transformação do mundo. Cercada de vida,
movimento, significado e expressão, ela surge na escola como um caminho facilitador do
desenvolvimento integral do aluno (PENNA, 2008; GOMES, 2007; NANNI, 2005;
VERDERI, 1998; SILVEIRA; LEVANDOSKI; CARDOSO, 2008; FERREIRA, 2009).

A dança na escola busca o desenvolvimento da criatividade e da imaginação,


através do espaço para criação do próprio aluno, das reflexões e vivências sobre vários
tipos de dança e do caráter educativo, cultural, artístico, lúdico, espetacular e simbólico.
Na Educação infantil, deve-se realizar atividades que promovam a socialização e a
realização de movimentos rítmicos e expressivos, nas crianças de 4 a 5 anos de idade
(STRAZZACAPPA, 2001; MEIRELLES, 2010; LIMA, 2009; BRASIL,1998).

O caminho para maturidade adulta começa na infância. Valores, crenças a


autodescoberta corporal se constroem a partir desta fase, sendo assim, os estímulos tátil,
visual, auditivo, afetivo, cognitivo e motor, desenvolvidos pela dança, são fundamentais
para a formação e integração social das crianças (VERDERI, 1999; GOMES, 2007;
TREVISAN, 2006).

Através do trabalho com dança na Educação Infantil, a educação do movimento


contribui para o desenvolvimento das funções intelectuais e pode oferecer o despertar e a
construção da disciplina e da responsabilidade. O saber ser, fazer, conhecer e conviver,
primeiros passos na educação de todo indivíduo, deve iniciar-se na Dança Educativa
(SCARPATO, 2001; SANTOS; LUCAREVSKI; SILVA 2005; BRASIL, 1998; OSSONA, 1988).

O objetivo do estudo foi demonstrar o perfil de socialização da dança em crianças


de ambos os sexos, com idade entre 5 e 6 anos, praticantes de dança escolar, em uma
escola de João Monlevade, MG.

2. MÉTODOLOGIA

A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa experimental (LIBERALI, 2011), que


verificou a relação de causa e efeito, no caso a socialização das crianças em participar do
projeto de dança. A instituição pesquisada é uma escola que atende o ensino infantil (1º e
2º períodos), oferece turmas em dois turnos, matutino e vespertino, sendo dois módulos

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de Educação Física semanal, com professor especializado. A responsável pela escola


autorizou a pesquisa mediante a assinatura de uma declaração.

A população do estudo corresponde a N= 315 crianças matriculadas na escola.


Destes foram selecionados uma amostra de n= 115 crianças, por atender alguns critérios
de inclusão: estar no 2º Período da Educação Infantil, estudarem no turno matutino e os
pais terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido permitindo a
participação na pesquisa como voluntário.

No que refere aos aspectos éticos, as avaliações não tinham nenhum dado que
identificasse os indivíduos e que lhe causasse constrangimento ao responder. Além disso,
foram incluídas no estudo as crianças que aceitaram participar voluntariamente, após
obtenção de consentimento verbal dos participantes e uma autorização por escrito dos
responsáveis. Dessa forma, os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki e na
Resolução nº 196 de 10 de Outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde foram
respeitados em todo o processo de realização desta pesquisa.

Para a coleta de dados foi aplicado um questionário adaptado, sobre perfil


afetivo-social proposto por Penna (2008) e Scarpato (2001), que media o interesse,
motivação, socialização, participação, inclusão e auto-estima. O questionário foi
organizado por meio de quatro perguntas de múltipla escolha em cada e as opções de
resposta acompanhadas de carinhas expressivas, para melhor compreensão das crianças
onde as crianças faziam um x em cima do desenho que representa a sua resposta (carinha
feliz, carinha triste).

Em primeiro lugar, foi enviada aos pais uma carta, explicando o Projeto de Dança
e o objetivo da pesquisa; depois através do Termo de Consentimento foi pego a
autorização. Após as crianças preencheram o questionário. Este instrumento foi
respondido individualmente, com a orientação da professora de educação física, pois as
crianças ainda não são alfabetizadas. Foi realizado a partir daí o Projeto Encantando
“Turma da Mônica” e depois da socialização do mesmo para a comunidade escolar foi
aplicado novamente o questionário.

Desenho experimental

01 X 02

š 01 = medidas do pré - teste


(aplicação do questionário antes do projeto de dança)
š 02 = medidas do pós - teste
(aplicação do questionário após o projeto de dança)

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x = Projeto Encantando – Turma da Mônica: foram desenvolvidas atividades


objetivando o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo- social das crianças, com
duração de 18 aulas, distribuídas com: - vídeo com clipes e historinhas da turma; - desfile
dos personagens; - cartazes com fotos e biografias (Maurício de Sousa, Mônica, Cebolinha,
Chico Bento, Rosinha, Magali, Cascão), que foram apresentados no desenrolar das aulas e
depois expostos no corredor da escola; - vivências de várias atividades de dança (circular,
dirigida, livre, estátua, espelho, improvisação, pequenos grupos, duplas, ritmo com
instrumentos, habilidades com materiais etc.), através do repertório de 10 músicas da
Turma da Mônica; - montagem de coreografias (as músicas trabalhadas foram
distribuídas entre as salas para montagem do espetáculo); - ensaios (enquanto um grupo
ensaiava uma parte da coreografia o outro participava de atividades diversificadas:
revistinhas, desenho dos personagens, cópia de listas dos nomes dos personagens etc.); -
ensaio geral; - socialização do projeto para a Comunidade Escolar – “Espetáculo de
Dança” (todo o figurino e acessórios foram providenciados pela Escola e a apresentação
ocorreu no horário normal de aula para que todas as crianças tivessem oportunidade de
participar).

A análise descritiva dos dados serviu para caracterizar a amostra, com a


distribuição de frequência (n e %). Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste
x2 = qui – quadrado de independência: partição: l x c. O nível de significância adotado foi
p <0,05. O programa utilizado foi o SPSS versão 15.0.

3. RESULTADOS

Participaram do estudo 115 crianças praticantes de dança, com idades entre 5 e 6 anos,
divididos em dois grupos de 52,2% (60) meninas e 47,8% (55) meninos.

Na análise do perfil do questionamento sobre a prática da dança na escola no


início das aulas (momento pré), o teste de qui-quadrado demonstrou diferenças
estatisticamente significativas entre os sexos, relatando dois grupos heterogêneos. Mas em
ambos os sexos, prevaleceu que gostariam de ter aula de dança como conteúdo da
educação física, de trabalhar em grupo e de se apresentar, como demonstrado na Tabela 1.

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Tabela 1. Valores do questionamento sobre a prática da dança na escola momento pré, estratificado por sexo.
G G± NGM
P
(n) % (n) % (n) %
Você gostaria de participar de
uma aula de educação física que 0,05**
tenha dança como conteúdo?**
Fem (54) 90,01% (05) 8,33% (01) 1,66%
Mas (44) 80,82% (06) 10,09% (05) 9,09%
Total (98) 85,22% (11) 9,57% (06) 5,21%
Você gostaria de trabalhar em
grupo com os colegas durante 0,02**
as aulas de dança?**
Fem (41) 68,37% (14) 23,3% (05) 8,33%
Mas (38) 69,1% (09) 16,4% (08) 14,5%
Total (79) 68,7% (23) 20% (13) 11,3%
Você gostaria de se apresentar
dançando para outras pessoas 0,01**
assistirem?**
Fem (51) 85,07% (02) 3,33% (07) 11,6%
Mas (40) 72,7% (06) 10,9% (09) 16,4%
Total (91) 79,2% (08) 6,9% (16) 13,9%
X2= P≤0,05 (p = ** resultados estatisticamente significativos; % = porcentagem, G = gostaria, G ± = gostaria mais ou menos,
NGM = não gostaria muito) – Teste qui quadrado de independência: partição l x c. (Feminino x masculino x categorias).

Tabela 2. Valores do questionamento sobre a prática da dança na escola momento pós, estratificado por sexo.
G G± NGM
p
(n) % (n) % (n) %
Como você se sentiu ao participar de
aulas de educação física que tinham 0,00**
dança como conteúdo?**
Fem (58) 96,67% (02) 3,33% -
Mas (48) 87,19% (06) 10,9% (01) 1,91%
Total (106) 92,18% (08) 6,95% (01) 0,87%
Como você se sentiu trabalhando em
grupo com os seus colegas durante as 0,00**
aulas de dança?**
Fem (48) 80,04% (11) 18,3% (01) 1,66%
Mas (38) 69,1% (11) 20% (06) 10,9%
Total (86) 74,79% (22) 19,13% (07) 6,08%
Como você se sentiu ao se apresentar
dançando para outras pessoas 0,00**
assistirem?**
Fem (53) 88,4% (07) 11,6% -
Mas (46) 83,69% (08) 14,5% (01) 1,81%
Total (99) 86,10% (15) 13,04% (01) 0,86%
X2= P≤0,05 (p = ** resultados estatisticamente significativos; % = porcentagem, G = gostei, G ± = gostei mais ou menos, NGM
= não gostei muito) – Teste qui quadrado de independência: partição l x c. (Feminino x masculino x categorias).

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Na análise do questionamento sobre a prática da dança na escola após o período


de aula (momento pós), observa-se que o projeto de dança foi positivo, pois ambos os
sexos relataram que gostaram de ter aula de dança, de trabalhar em grupo e de se
apresentar, diferenças estatisticamente significativas entre os sexos, como demonstrado na
Tabela 2.

No início das aulas de dança (momento pré) foi questionado aos alunos se
gostariam de participar de um projeto de dança na escola e no momento pós, se eles
gostaram de ter participado. Apesar do teste de qui-quadrado demonstrar diferenças
estatisticamente significativas, relatando respostas heterogêneas, observa-se que ambos os
sexos gostaram de ter participado da dança na escola, observado na Figura 1.

(momento pré: G = gostaria, G ± = gostaria mais ou menos, NGM = não gostaria muito
momento pós: G = gostei, G ± = gostei mais ou menos, NGM = não gostei muito).
Figura 1. Valores percentuais do momento pré (se gostariam de participar de um projeto de dança na escola)
e no momento pós (se gostaram de participar da dança na escola).
Teste do qui quadrado de independência: partição l x c.

4. DISCUSSÃO

Considerada a arte do movimento, a dança proporciona uma ampla consciência corporal


em relação ao mundo durante a sua prática, contribui para o desenvolvimento das
funções intelectuais como: criatividade, curiosidade, observação, raciocínio, exploração,
atenção, memorização, poder de crítica e entendimento qualitativo de situações, sendo
que os valores humanos como cooperação, ética e respeito aos colegas, às diferenças e às
opiniões divergentes, são bem trabalhados, através da relação consigo mesmo, com os
outros e o mundo, levando o indivíduo a vivenciar o corpo em todas as suas dimensões
(VERDERI, 1998; CAVASIN, 2003; GARIBA, 2005; SANTOS; LUCAREVSKI; SILVA, 2005;
SCARPATO, 2007).

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O ensino da dança deve ser levado em conta pela educação escolar, pois a mesma
tem uma amplitude que envolve de forma integral o físico, o psíquico, o intelecto e o
emocional, sendo um conhecimento que pode estar presente em várias ações pedagógicas
dialogando com os conhecimentos de outras áreas, através de uma dança educativa,
criativa e recreativa, que tem como papel permitir a vivência de possibilidades infinitas do
movimento e não a criação de dançarinos profissionais, integrando a habilidade corporal
e criativa do aluno com o conhecimento intelectual (FERREIRA, 2009; BEZERRA, 2008;
SILVEIRA; LEVANDOSKI; CARDOSO, 2008; LIMA, 2009; OSSOMA, 1988; GOMES,
2007).

Em relação aos dados obtidos o presente estudo no pré-teste, em ambos os sexos,


prevaleceu que gostariam de ter aula de dança como conteúdo da educação física, de
trabalhar em grupo e de se apresentar dançando. Estes dados podem ser colaborados por
Brasil (2004) que descreve que na educação, o trabalho com a arte é imprescindível,
considerando que a mesma é capaz de alargar e aprofundar o conhecimento do ser
humano, possibilitando-lhe maior compreensão da realidade e maior participação social.
Esse resultado comparado ao estudo realizado com professores de educação física de
escolas da cidade de Porteirinha, MG, por Silva, Alves e Ribeiro, (2010) que constatou que
62,5% dos professores, ensinam a dança com o objetivo de trabalhar expressão corporal,
coordenação motora, psicomotricidade, dinamismo, autocontrole, autoconhecimento,
interação e também pelo prazer de proporcionar a dança aos alunos, vem de encontro
com o interesse das crianças em praticar a dança.

Um ambiente físico e social onde as crianças sintam-se estimuladas e seguras


para se arriscar e vencer desafios deve ser favorecido pelas instituições de educação
infantil (MATTOS; NEIRA 2002). A constante busca da alegria e do prazer em se
movimentar através de movimentos ritmados e compassados, que desenvolve de forma
criativa as diferentes funções mímicas e pantomímicas, é sem dúvida a melhor
caracterização para a dança e seus movimentos (KUNZ, 1994). Com tudo, na vida das
crianças, tanto a formação artística quanto a integração social promovida pela dança, é
fundamental (TREVISAN, 2006).

Pierezan et al. (2008) afirmam que de forma lúdica a dança desenvolve as


capacidades físicas e intelectuais da criança, sendo que as atividades dirigidas a elas
devem favorecer a sensação de alegria. Por dar suporte para que as crianças desenvolvam
sua personalidade e cresçam na natureza artística, a dança deve ser incluída na educação
em geral.

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Para evitar exclusões entre meninos e meninas, o professor de educação física


deve quebrar paradigmas e adaptar as aulas para todos os alunos, articulando idéias
sobre sexualidade, esporte e dança (CAPRI, 2009). Se por um lado, as crenças,
significados, valores, atitudes e comportamentos adquiridos fora da escola, bagagem
prévia do estudante, limitam o poder de intervenção da escola, não se pode esquecer que
é possível criar propostas político-pedagógicas que vinculem a cultura escolar e as
aprendizagens de origem externa à escolaridade, pois na escola também se constrói
cultura (SOUSA; ALTMANN, 1999).

Avaliando os dados do pós - teste, prevaleceu também que ambos os sexos


gostaram de ter aula de dança, de trabalhar em grupo e de se apresentar dançando.
Scarpato (2007) acredita que o dançar, apreciar e contextualizar a dança deve estar bem
fundamentado na proposta metodológica e nos conteúdos da dança na escola. As
capacidades de se relacionar com o outro, relacionar consigo mesmo e de conhecer sobre o
meio social a qual está inserido pode ser adquirida através do movimento (PENNA, 2008).

Esse resultado condiz com o estudo realizado por Tresca e De Rose Jr. (2000) que
em uma escola da cidade de São Paulo, SP, compararam um grupo de alunos que
vivenciaram aulas de dança e outro que não participou de aulas de dança, durante aulas
de educação física, constatando aspectos de maior ânimo, ludicidade, socialização, auto-
afirmação, perspicácia e crítica, no grupo que vivenciou a dança. Também no estudo de
Falsarella e Amorim (2008) realizado com 46 pais/mães, de meninas entre 06 e 14 anos de
idade, que praticavam aulas dança a um tempo mínimo de seis meses, na cidade de Santa
Rita do Sapucaí, MG, constataram através da pesquisa que os pais das crianças e
adolescentes veem os aspectos motor, cognitivo e afetivo-social melhorados com a prática
da dança; pois todos os resultados demonstram que as pessoas se sentem beneficiadas
positivamente ao vivenciar a dança.

O ato de aprender a fazer movimentos e as apresentações de espetáculos em


festividades na escola, não pode ser o objetivo maior do processo ensino-aprendizagem
da dança na escola, embora as apresentações sejam importantes por fazer parte da cultura
(LIMA, 2009). A dança deve ser descoberta, vivenciada, pensada e sentida, pois ela é
muito mais que sua própria palavra inspira (VERDERI, 1998).

Desse modo, os resultados do presente estudo mostram que as crianças


concordam que a prática da dança na escola é um meio agradável para se desenvolver os
aspectos motores, cognitivos e afetivo-sociais. Questionados se gostariam de participar de
um projeto de dança (pré-teste) e se gostaram da dança na escola (pós-teste), observa se
que 100% das meninas e 89,1% dos meninos gostaram muito da dança na escola. Estes

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valores são similares ao estudo de Penna (2008) realizado em uma escola da cidade de
Osasco, SP, que demonstrou que 85% dos alunos gostaram da dança na escola, diante
disso, constatou que durante o processo de dança na escola, o papel mais importante é do
professor de educação física, pois cabe a ele estabelecer os objetivos de acordo com a
idade e a limitação dos alunos, de forma que além de desfrutar de momentos agradáveis
que a dança trás os alunos possam explorar da melhor forma suas capacidades.

Comparando com o estudo de Ferreira, Villela e Carvalho (2010) realizado com


alunos de um programa de saúde, de escolas públicas e particulares na cidade de Poços
de Caldas, MG, que constatou resultados que sugere que pode haver um benefício
específico da atividade de dança no domínio pessoal, com uma percepção de si mesmo
mais positiva, maior autovalorização e segurança diante das situações do dia a dia,
constatamos, mais uma vez, a importância da dança na escola.

A pesquisa de Meira (2009) vem pra harmonizar todos estes resultados, pois em
estudo realizado com os alunos do projeto de dança, professores e equipe pedagógica de
uma escola municipal de Porto Alegre, RS, constatou-se que a partir do projeto de dança,
a escola passou a ser vista como pólo cultural, os professores veem às atividades de dança
como oportunidade de integração da comunidade escolar, os alunos sentem-se vaidosos e
motivados com as apresentações e que a dança melhora a qualidade de vida e abre
possibilidades para os mesmos.

Acredita - se que a partir do momento que os conteúdos de dança na escola são


trabalhados de uma forma sadia, alegre, vibrante e saudável principalmente com os
meninos, mesmo sabendo das dificuldades, os mesmos são aceitos e apreciados (CAPRI,
2009).

Mesmo entendendo que para a conquista de objetivos que afetam valores e


comportamentos enraizados nos distintos grupos sociais, o ensino escolar é uma alavanca
de potencial limitado, acredita - se que a escola pode contribuir para a possibilidade de
ampliação de espaços para a construção de relações não hierarquizadas entre homens e
mulheres (SOUSA; ALTMANN, 1999).

Uma nova maneira de pensar e fazer dança na área de educação física é o Método
Dança- Educação Física, que busca uma interação entre duas áreas, enquanto processo
educacional (CLARO, 1988).

A experimentação artística e a apreciação através da dança estimulam nos


indivíduos os exercícios de imaginação e da criação de formas expressivas, despertando a
consciência estética, com um conjunto de atitudes mais equilibradas diante do mundo,
sendo uma grande contribuição para a área da educação física (BARRETO, 2008).

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46 A socialização da dança na escola: um caminho para encantar a educação infantil

Excelente método capaz de auxiliar na formação pedagógica e capaz de desenvolver em


seus praticantes uma consciência corporal enquanto sujeito transformador no tempo e
espaço, o dançar não pode ser privilégio de alguns (PENNA, 2008).

Dançando, exercitando seu ato crítico, criando a partir de vivências com o


movimento, pode-se aprender o dançar. O movimento corporal por meio do sentir, do
pensar e do agir em movimento de forma intencional, deve ser estudado quando o dançar
for aplicado no contexto da educação física, porque através das ações simples e cotidianas,
surgem novas ações motoras e o repertório corporal dos alunos é ampliado a partir de
estímulos dados pelos professores, surgindo ações não somente motoras, mas corporais,
expressivas e intencionais. Com base na realidade sócio-cultural dos alunos, dos contextos
vividos e temas que possam estimular um dançar significativo para eles, deve acontecer a
inserção da dança como um dos conteúdos da educação física (GOMES, 2007).

O fazer educativo da dança na escola, de forma contextualizada, faz com que a


mesma deixe de ser recurso para apresentações comemorativas e passe a fazer parte do
projeto pedagógico, contribuindo para formação integral dos alunos. Verderi (1999)
afirma que precisa encantar os alunos, necessita reencantar a educação, a educação física.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desta pesquisa são gratificantes à medida que reforçam que a dança na
educação infantil tem um papel muito importante, pois a criança ao vivenciar a dança
estará estimulando e desenvolvendo suas capacidades e habilidades motoras de forma
prazerosa, ao trabalhar em grupo fortalecendo os laços de amizade e vencendo
preconceitos em relação a gênero, raça e classe social e ao se apresentar dançando,
melhorando sua auto-estima, desenvolvendo sua capacidade de superação e educando
suas potencialidades de dançar e de apreciar a arte da dança, através de um processo
criativo e significativo embasado no contexto do universo infantil.

Considerando-se os resultados deste estudo sugere-se que a dança escolar deve


estar presente no currículo da Educação Infantil e que novos estudos devem ser realizados
para que cada vez mais se comprove que a dança na escola, quando aplicada com
metodologia adequada, e principalmente com consciência pedagógica é um caminho
possível, agradável, motivador e encantador para se seguir.

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REFERÊNCIAS
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Mara Lúcia de Castro


Graduação em Educação Física pelo Instituto
Católico de Minas Gerais - Ipatinga/MG e
especialização em Dança e Consciência Corporal
pela Universidade Gama Filho - UGF.

Rafaela Liberali
Graduação em Licenciatura em Educação Física
pela Universidade do Estado de Santa Catarina
(1993). Especialização em Dança Cênica pela
Universidade do Estado de Santa Catarina (2001).
Mestrado em Engenharia de Produção pela
Universidade Federal de Santa Catarina (2002).
Atualmente é professora convidada da
Universidade Gama Filho - UGF, professora do
projeto de dança - Prefeitura Municipal de
Florianópolis Disciplinas ministradas em
especializações Lato Sensu ‘Metodologia da

Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49
Rafaela Liberali, Mara Lúcia de Castro, Maria Ines Artaxo, Maria Cristina Mutarelli 49

Pesquisa, Bioestatística Básica, Expressão


Corporal’.

Maria Ines Artaxo


Educadora Física. Especialização em Ginástica em
aparelhos – São Paulo. Especialização em
psicomotricidade no GAE. Especialização em
danças folclóricas em Cuba. Coordenadora do pós
graduação da Universidade Gama Filho - UGF,
coordenadora do programa de pós graduação de
Dança e Consciência Corporal e Personal Training
do Uni-FMU.

Maria Cristina Mutarelli


Educadora Física. Mestre em Educação
Física/Biodinâmica do Movimento Humano pela
EEFEUSP. Especialista em Reabilitação
Cardiovascular pelo Instituto do Coração
INCOR/FMUSP. Coordenadora do curso Dança e
Consciência Corporal da Universidade Gama Filho
- UGF.

Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 š p. 37-49

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