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Artigo de Revisão

ANÁLISE DOS TERMOS “CLASSIFICAÇÃO E ARRANJO” NA LITERATURA


ARQUIVÍSTICA BRASILEIRA

Bianca Ferreira Hernandez


Bacharel em Arquivologia
biancafhz@gmail.com
Recebido em 21/06/16
Aceito em 03/08/16
Graziela Martins de Medeiros
Professora do DCI- UFSC
Doutoranda do PPGCI-UFSC
graziela.m@ufsc.br

Resumo

Este artigo objetiva analisar os termos classificação e arranjo e os conceitos a


eles atribuídos na literatura arquivística brasileira, contribuindo para o avanço
da temática do campo arquivístico. Verifica aspectos e características mais
frequentes nas definições de classificação e arranjo de obras brasileiras, o que
permite identificar as convergências e divergências apresentadas entre os
autores. A pesquisa é qualiquantitiva e exploratória e compreende a análise de
18 obras brasileiras, que cobrem o período de 1989 a 2012. A análise dos
aspectos contidos nas definições de classificação inclue os seguintes
elementos: termos, natureza do processo, ações e fundamentos da
classificação. A análise das características considera princípios arquivísticos,
níveis e critérios de classificação, instrumentos e fases do ciclo de vida
documental em que os processo arquivísticos ocorrem. Conclui que a
classificação e o arranjo possuem mais pontos de convergência do que
divergência entre si, na visão dos autores brasileiros.

Palavras-chave: Classificação arquivística. Arranjo. Terminologia arquivística.

1 INTRODUÇÃO próprias, cabendo aos profissionais


desenvolver reflexões teórico-
Um dos desafios para as organizações metodológicas sobre as suas funções e seu
no que concerne à manutenção dos seus objeto de estudo, o documento
arquivos é possibilitar que o volume de arquivístico.
informação acumulada ao longo da sua Convém destacar entre as funções
atividade diária seja acessível para o arquivísticas a serem estudadas por esses
cumprimento de demandas profissionais aquela que contém a essência
administrativas, burocráticas e legais. do fazer arquivístico: a classificação.
Nesse sentido, a Arquivologia surge para Sousa (2007) toma por classificação
dar subsídio técnico-científico à gestão arquivística a ação de construir esquemas
documental. para agrupar documentos a partir de
Atualmente, a ciência arquivística princípios. O objeto a classificar, e,
encontra-se em processo de consolidação e portanto, objeto da Arquivologia, é,
busca por identidade e terminologia segundo o mesmo autor, o conjunto de

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informações salvaguardadas em um os conceitos atribuídos a estes na literatura


sistema orgânico-funcional de informação arquivística brasileira. Para tanto, verifica
social, individualizadas entre si pelo modo aspectos e características mais frequentes
como são produzidas e pelas funções a nas definições de classificação e arranjo de
partir das quais os documentos são obras brasileiras; e, com base na análise
gerados. realizada, trata de identificar pontos de
Desde que apareceu na literatura convergência e divergência entre os
especializada, a classificação teve autores.
reconhecida a sua importância. Autores De acordo com Sousa (2007), a
como Sousa (2002; 2006), Lopes (2009) e classificação arquivística não possui na
Ribeiro (2013) consideram-na uma função literatura especializada um instrumental
matricial para o fazer arquivístico, isto é, teórico-metodológico consolidado, sendo
uma atividade fundamental que precede necessário, dessa forma, a construção de
todas as outras operações arquivísticas e na um novo marco referencial para a área a
qual as outras operações se ancoram. Pret partir de reflexões derivadas da
e Cordeiro (2015) ainda acrescentam que a investigação das problemáticas em
classificação é responsável por representar classificação arquivística. Além disso, o
o contexto de produção e uso dos aperfeiçoamento da terminologia
documentos, mantendo o vínculo arquivística, por sua vez, compreende um
arquivístico, ou seja, explicitando a relação esforço no sentido da identificação do
entre eles. significado dos termos, assim como o
No cenário arquivístico brasileiro, à proposto neste artigo.
semelhança do que ocorreu na literatura Logo, esse artigo tenciona contribuir
internacional, passou-se a utilizar dois para ampliar a discussão em torno da
termos para se referir a classificação de classificação, além de favorecer o
documentos, cada qual em uma fase de entendimento do tema entre os
tratamento documental. A classificação profissionais da comunidade arquivística,
propriamente dita seria realizada nos tendo em vista que esses são alguns dos
arquivos correntes, ou seja, na fase em que elementos que levarão, numa perspectiva a
o conjunto de documentos possui valor longo prazo, à consolidação da disciplina.
primário e, portanto, é consultado
frequentemente (ARQUIVO 2 A CLASSIFICAÇÃO E O
NACIONAL, 2005). O arranjo, por outro ARRANJO NA LITERATURA
lado, seria realizado nos arquivos ARQUIVÍSTICA INTERNACIONAL
permanentes ou históricos, isto é, na fase
em que os documentos são preservados em A classificação arquivística aparece na
caráter definitivo (ARQUIVO literatura pela primeira vez no século
NACIONAL, 2005). XVII, notadamente com o último volume
Não obstante, autores como Gonçalves da obra De Re Diplomatica, de Jean
(1998) defendem que os fins para se Mabillon. O método de Mabillon se
proceder à classificação e ao arranjo e o ocupava de investigar os fatos e eventos
trabalho técnico desempenhado pelos aos quais os documentos estariam
arquivistas para as duas operações são relacionados, embora ainda não abordasse
muito semelhantes, ao passo em que noções de organização (SOUSA, 2006).
questiona se seria conveniente manter duas No mesmo século, como destaca Sousa
denominações para operações tão (2006), os italianos passaram a utilizar-se
próximas. Esta é também a indagação que de um instrumento de classificação ao qual
ensejou o presente artigo, cujo objetivo é chamaram titolario, elaborado a partir das
analisar os termos classificação e arranjo e funções de uma instituição e que se

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subdividia de acordo com a hierarquia de [...]agregar os documentos por fundos, isto


funções. Paralelamente, segundo Sousa é, reunir todos os títulos [documentos]
(2006), e estendendo-se até o século XIX, provenientes de um corpo, de um
os espanhóis também passaram a teorizar estabeleci-me nto, de uma família ou
de um indivíduo, e dispor segundo uma
sobre a classificação de fundos, muito
determinada ordem os diferentes
embora a prática só viesse a ser executada fundos. [...] os documentos que apenas
posteriormente. têm relações com o estabelecimento, um
Couture e Rousseau (1998) escrevem corpo ou uma família não devem ser
que a Revolução Francesa concedeu ao confundidos com o fundo desse
documento, enquanto papel jurídico, um estabelecimento, desse corpo ou dessa
status sinalizador do poder popular e deu família (DUCHEIN, 1977, p. 73, apud
um novo impulso à Arquivologia. Em ROUSSEAU; COUTURE, 1998, p.80).
1789, foi criada uma instituição voltada
para a guarda dos arquivos, o Archives Rousseau e Couture (1998) atribuem ao
Nationales de France, denotando a princípio da Proveniência a fórmula que
compreensão da importância do arquivo no permite uniformizar a classificação,
governo e propriamente da informação respeitando as especificidades de cada
nele contida. Segundo Sousa (2006), na fundo. Para eles, a partir do século XIX
criação desta Instituição foram reunidos passam a surgir vários manuais de
documentos de proveniências diversas, Arquivística, concebidos por profissionais
seguindo critérios metódico-cronológicos, reconhecidos ou associações, que
situação em que se percebeu impossível a representam uma etapa na constituição da
tarefa de determinar a origem dos Arquivologia enquanto disciplina
documentos, “ficando tudo profundamente científica (ROUSSEAU; COUTURE,
misturado e disperso” (DUCHEIN, 1986, 1998).
p.15 apud SOUSA, 2006, p.124). Em 1898, Muller, Feith e Fruin
O princípio de classificaçãooutrora publicam a obra que ficaria conhecida
aplicado não era outro senão o da como Manual dos Arquivistas Holandeses,
pertinência, de acordo com o qual, “sem o qual se trata, em concordância com
terem em conta o local de criação, os Sousa (2006), do primeiro registro teórico-
arquivos deveriam ser entregues ao serviço metodológico do tratamento de arquivos
dos arquivos com jurisdição arquivística na Europa. Os arquivistas holandeses
sobre o território ao qual se reporta o seu postularam naquele ano que o sistema de
conteúdo” (COUTURE; ROUSSEAU, arranjodeveriaconsiderar o respeito à sua
1998, p.193). proveniência.Omanual valorizavaum
Em um segundo momento da história da método de arranjo pautado na acumulação
classificação arquivística, conforme Sousa natural dos documentos.
(2006), tem início com a elaboração do O norte-americano Theodore
Princípio de Respeito aos fundos ou Schellenberg foi o primeiro a pensar em
Princípio da Proveniência. Este princípio é uma Arquivística universal, isto é, que
atribuído ao chefe da Seção Administrativa trata de todo o arquivo, seja corrente,
dos Arquivos Departamentais do intermediário ou permanente. Conforme
Ministério do Interior Francês, o Lopes (2009), Schellenberg permaneceu
historiador Natalis de Wailly, o qual teria no limite entre as correntes tradicional e o
inspirado o ministro da tutela Duchâtel a Records Management. Com maior
promulgar uma circular em 24 de abril de intensidade nos Estados Unidos, refletindo
1841 que propunha: “a tradição pragmática do mundo
anglofônico da América do Norte”
(LOPES, 2009, p.133), o Records

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Management é uma corrente centrada nos La organización em um archivo no es


arquivos ativos e semi-ativos, consistindo otra cosa que traducir a um fondo
em um “conjunto de regras práticas, por documental el estado primigenio de
vezes muito eficazes, mas que não suproducción, evolucióny crecimiento.
possuem fundamentos científicos Afecta tanto a los documentos
ensímismos (clasificación) como a
rigorosos, abrindo porta à improvisação”
lainformación que
(LOPES, 2009, p.132). contienen(ordenación). La primera
A teoria de Schellenberg popularizou os estabelece larelación entre los
termos classificação e arranjo para se documentos yla segunda favorece
referir às operações de classificação nos sulocalización. [...]Clasificary
arquivos correntes e permanentes, Ordenarson dos operaciones dentro de
respectivamente, haja vista que, segundo o una más amplia que podemos
autor, era necessário o uso de diferentes llamarOrganización, perfectamente
terminologias para diferentes usos dados diferenciadas y esenciales, en aras a
aos documentos nessas fases (SOUSA, laconservación de los documentos, de
2002, 2006). uma parte, e indispensables para
inventariar y catalogar, de outra
O italiano Elio Lodolini, embora fiel à
(HERRERA, 1991, p.261).
Arquivística Tradicional (LOPES, 2009),
também é adepto da diferenciação dos Logo, a organização para Herrera
termos, à semelhança de Schellenberg. (1991) é uma operação que passa pela
Segundo Lodolini (1993) nos arquivos classificação e ordenação: a classificação
correntes é feita a chamada disposição envolve separar elementos e estabelecer
originária essencialmente cronológica ou classes ou grupos para agrupá-los e a
por assuntos, enquanto que, a disposição ordenação estaria relacionada à reunião
nos arquivos permanentes, que até o século dos elementos de um grupo de acordo com
XVIII era predominantemente uma ordem.
cronológica, após a administração Pode-se ainda relacionar a operação que
Napoleônica passou a ser regrada pelo Herrera (1991) chama de reclassificação
quadro de classificação funcional titolario. àquela denominada por Schellenberg
Segundo Sousa (2006), para Lodolini a (2004) de arranjo. Sendo assim, a visão da
disposição dos documentos nos arquivos representante espanhola da Arquivística
correntes cabe ao órgão produtor, sobre a dinâmica da classificação ao longo
enquanto que a disposição nos arquivos do ciclo de vida documental se assemelha
permanentes cabe - essa sim - ao à do norte-americano, embora os termos
arquivista. utilizados pelos autores não sejam os
Para a autora espanhola Heredia mesmos para se referirem às operações
Herrera (1991), é feito um uso executadas.
indiscriminado pelos profissionais dos Em pesquisa publicada na revista
termos classificação e ordenação para se Archivum sobre os métodos de
referirem à mesma operação de ordenar ou classificação arquivística utilizados desde
dispor em classes, atribuindo-se a 1800 por diversos países, Szedö (1964
confusão à simultaneidade com que apud SOUSA, 2006) constatou a
ocorrem. A autora encabeçou na década de predominância da existência de
1980 a defesa da substituição do termo intervenções diferenciadas nas diferentes
classificação por organização, o que idades documentais. Segundo o
revela, segundo ela, um esforço para pesquisador, os arquivos na fase corrente
desvencilhar-se do termo classificação, eram, de forma geral, classificados por
este consagrado pela biblioteconomia, e assunto e ordenados internamente pela
também para diferenciá-lo de ordenação. cronologia, nomes de pessoas ou

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geográficos, além de ser comum a ciclo de vida documental funcione de


utilização instrumentos de classificação. forma integrada. Para o autor, os termos
Por sua vez, no que diz respeito aos constituem-se em fases de um único
arquivos permanentes, foi constatado que processo.
os arquivos utilizavam uma classificação Com base nos pressupostos
que priorizava a proveniência e, em apresentados, acredita-se que é possível
segundo lugar, um método sistemático, e encontrar na literatura arquivística
para ordenação interna priorizavam-se os diferentes usos dos termos classificação e
critérios de ordenação cronológico, arranjo, que podem estar relacionados a
tipológico, alfabético e geográfico. diferentes correntes arquivísticas.
Os livros de Rousseau e Couture
marcam na década de 1980 a inauguração 3 PROCEDIMENTOS
da corrente Arquivística Integrada, METODOLÓGICOS
apresentada como uma síntese das
correntes anteriores, como aponta Lopes A pesquisa é exploratória, pois tem
(2009). Os canadenses não só acreditam no como característica principal a
tratamento de todas as fases documentais – interpretação de fenômenos de
fizera Schellenberg (LOPES, 2009) – caracterização (LAKATOS; MARCONI,
como também apresentam o tratamento 2003). Ademais, considerando que utiliza
global dos arquivos, isto é, a preocupação a estatística para verificar a frequência de
com o ciclo completo de vida dos ocorrência desses fenômenos, pode ser
documentos de forma a entender as fases caracterizada como qualiquantitativa.
documentais de forma integrada e Para a seleção da amostra, utilizou-se a
interdependentes. publicação “A produção científica da
Desenvolvida no âmbito universitário, Arquivologia em classificação, descrição e
na encruzilhada cultural envolvendo o recuperação: o estado da arte”, editada pela
“pragmatismo de origem inglesa e [...] Associação dos Arquivistas Brasileiros
inquieta racionalidade e espírito (AAB). Na referida obra, Sousa e Araújo
especulativo de origem francesa” (LOPES, Júnior (2013) procuram municiar
2009, p.144), a Arquivística Integrada foi pesquisadores com uma fonte para
definida como aquela capaz de “intervir de discussão dos temas classificação,
forma unificada e contínua nos descrição e recuperação. Os autores
documentos desde a sua criação, e até antes indicam referências bibliográficas
desta, até a sua eliminação ou durante a sua representativas do estado da arte de cada
conservação permanente” (ROUSSEAU; uma dessas funções arquivísticas,
COUTURE, 1998, p.260). A implantação coletadas em fontes de informação
da Arquivística Integrada é ainda impressas e eletrônicas dos principais
considerada recente por Lopes (2009), periódicos de Ciência da Informação no
muito embora ela tenha demonstrado Brasil e no banco de teses da Coordenação
consistência e adequação às questões de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
contemporâneas enfrentadas pelos Superior (CAPES).
arquivistas. No que diz respeito à classificação,
Mais recentemente, influenciados por foram apontadas na obra 40 referências,
esta corrente, autores como Sousa (2006) das quais 20 são brasileiras, produzidas
passaram a defender que a distinção entre entre os anos de 1989 a 2012. Após análise
classificação e arranjo só reforça a ideia de preliminar e descartando-se obras
quebra entre arquivos correntes e inacessíveis, chegou-se a uma amostra de
permanentes, isto é, desconsidera que o 18 publicações, apresentadas no Quadro 1.

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Quadro 1: Obras de autores brasileiros consideradas referência em termo de estado da arte da


classificação e arranjo
N. AUTOR TÍTULO DA OBRA ANO TIPO
Construção discursiva em
Arquivística: uma análise do
Dissertação de
BARROS, Thiago percurso histórico e
1 2010 Mestrado em Ciência
Henrique Bragatto conceitual da disciplina por
da Informação
meio dos conceitos de
classificação e descrição.
BELLOTTO, Heloisa Arquivos Permanentes:
2 2004 Livro
Liberalli Tratamento Documental
Classificação, temporalidade
e destinação de documentos
BRASIL. ARQUIVO
3 de arquivo relativos as 2001 Livro
NACIONAL
atividades-meio da
Administração Pública
A classificação dos arquivos Artigo do periódico
4 DUCROT, Ariane 1998
pessoais e familiares “Estudos Históricos”
A normalização dos
instrumentos de gestão
arquivística no Brasil: um Dissertação de
5 FARIA, Wadson Silva estudo da influência das 2006 Mestrado em Ciência
resoluções do Conarq na da Informação
organização dos arquivos da
Justiça Eleitoral Brasileira.
A aplicação da
ArquivísticaIntegrada Dissertação de
GARCIA, Olga Maria
6 considerando os 2000 Mestrado em
Correa
desdobramentos do processo a Administração
partir da classificação
Como classificar e ordenar
7 GONÇALVES, Janice. 1998 Livro
documentos de arquivo
KICH, Artigo do periódico
Arranjo e descrição
TassiaraJaquelineFanck; “Perspectivas em
8 arquivística em processos 2011
KONRAD, Glaucia Vieira Ciência da
judiciais
Ramos Informação”
Classificação e avaliação de
OLIVEIRA, Maria Izabel documentos: normalização Artigo do periódico
9 2007
de dos procedimentos técnicos “Acervo”
de gestão de documentos
Plano de classificação de
Artigo do periódico
RIOS, Elaine Rosa; documentos arquivísticos e a
“Perspectivas em
10 CORDEIRO, Rosa Inês teoria da classificação: uma 2010
Ciência da
Novais interlocução entre domínios
Informação”
do conhecimento.
A história administrativa
serve como subsídio para a Artigo do periódico
11 RONCAGLIO, Cynthia 2012
organização da informação “Acervo”
arquivística ou vice-versa?
Ontologias como domínio
Dissertação de
SANTOS, Silvana conceitual e planos de
12 2010 Mestrado em Ciência
Aparecida Silva dos classificação arquivística: um
da Informação
estudo de caso sobre

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instituições federais de ensino


superior.
A classificação e a avaliação
Artigo do periódico
de documentos: análise de sua
SCHÄFER, Murilo Billig; “Perspectivas em
13 aplicação em um sistema de 2012
LIMA, Eliseudos Santos Ciência da
gestão de documentos
Informação”
arquivísticos digitais.
Classificação Arquivística:
SOUSA, Renato Tarciso Tese de Doutorado
14 trajetória e apropriação de um 2005
Barbosa de em História Social
conceito.
A classificação como função Capítulo do Livro
SOUSA, Renato Tarciso
15 matricial do que-fazer 2007 “Arquivística: Temas
Barbosa de
arquivístico contemporâneos”
As bases do processo
SOUSA, Renato Tarciso classificatório em
16 2002 Livro
Barbosa de Arquivística: um debate
metodológico.
Capítulo do Livro
“Organização e
SOUSA, Renato Tarciso Os princípios arquivísticos e o representação do
17 2003
Barbosa de conceito de classificação conhecimento na
perspectiva da Ciência
da Informação”
Artigo do periódico
“Arquivo: boletim
18 TESSITORE, Viviane Arranjo: estrutura ou função? 1989
histórico e
informativo”
Fonte: adaptado de Sousa e Araújo Júnior (2013).

De posse das obras, elencou-se: a) aspectos d) Fundamentos que seriam tomados


contidos nas próprias definições de como base para proceder a essas operações,
classificação e arranjo; e b) características identificados pelo uso de conjunções que
atribuídas à classificação e ao arranjo. exprimem conformidade (como “de acordo
Com relação aos aspectos, convencionou- com”, “segundo” e “conforme”), como
se que para esta pesquisa seriam: também por outros elementos que indicassem
a) A existência de termos alternativos se tratar de base para as operações, como a
ao uso dos termos classificação e arranjo, ou expressão “com base em”.
seja, que os retomam, numa relação de Da mesma forma, características a serem
anaforismo para evitar a repetição de analisadas foram previamente definidas,
palavras; como, por exemplo, quando os como as seguintes:
autores se referiram à classificação e ao a) Princípios arquivísticos associados a
arranjo como uma “operação”, um estas operações; que se constituem “nos
“processo”, uma “ação”, etc.; fundamentos que possibilitam o
b) Se a classificação ou o arranjo foram desenvolvimento das proposições relativas a
categorizadas como um processo intelectual, esse objeto [de estudo da Arquivologia] com
técnico ou ambos; uma maior coerência e segurança”
c) Ações a que a classificação e o arranjo (RODRIGUES, 2004, p.19), em outras
estariam relacionados, indicadas por verbos e palavras as bases sobre as quais se ancora a
substantivos derivados de verbo, como por disciplina Arquivística;
exemplo, o verbo “organizar” e o substantivo b) Níveis de classificação ou arranjo; que
derivado de verbo “organização”; podem ser entendidos como “conjuntos

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formados a partir das divisões operadas no situações, entendeu-se que embora não se
interior do conjunto documental (fundo), isto estivesse lidando com o produto intelectual do
é, os cortes feitos na estrutura” (SOUSA, autor, tratava-se do entendimento
2007, p.87); compartilhado que este fazia do conceito de
c) Critérios de classificação ou arranjo; classificação ou arranjo, sendo assim, a
que são “a qualidade ou o atributo escolhido citação foi considerada comose do autor em
para servir de base à classificação” (SOUSA, questão fosse.
2007, p.97);
d) Instrumento ou produto gerado; 4 RESULTADOSE DISCUSSÃO
que consiste, para esta pesquisa, na tradução
da classificação ou do arranjo para um Apresenta-se a análise dos aspectos
esquema representativo da hierarquia dos presentes nas definições de classificação e
níveis de classificação ou arranjo; e a arranjo, seguidos das características. Alerta-
e) Fase do ciclo de vida documental; se que o "total" apresentado nas tabelas se
conforme a teoria das três idades, em que a refere à quantidade de vezes que o aspecto ou
operação deveria acontecer: corrente, a característica analisada é tratada nos 18
intermediária ou permanente. artigos da análise, sendo portanto, diferente
Vale reafirmar que estes critérios foram em cada tabela.
escolhidos para a análise tendo em vista
serem identificados como atributos usados 4.1 Aspectos presentes nas definições de
pelos próprios autores nas obras consultadas classificação e arranjo
ao conceituarem as duas operações.
Verificou-se que os autores nem sempre Os termos alternativos utilizados nas
apresentam suas definições ou características, definições para retomar classificação e
mas citam obras de terceiros. Nessas arranjo são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1: Termos alternativos usados para retomar classificação e arranjo


TERMOS CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
ALTERNATI QUANTIDAD QUANTIDAD QUANTIDAD QUANTIDAD
VOS E (REAL) E (%) E (REAL) E (%)
Ação 5 13,16% 0 0,00%
Atividade 3 7,89% 2 6,67%
Ato 4 10,53% 0 0,00%
Conjunto de
3 7,89% 0 0,00%
regras
Efeito 3 7,89% 0 0,00%
Função 3 7,89% 2 6,67%
Operação 5 13,16% 9 30,00%
Processo 8 21,05% 11 36,66%
Resultado 0 0,00% 3 10,00%
Outros termos
com incidência
4 10,53% 3 10,00%
igual ou menor
a1
TOTAL 38 100,00% 30 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

É possível perceber que tanto a pela maior parte dos autores que utilizaram
classificação como o arranjo são considerados termos alternativos como um processo (por

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21,05% em classificação e 36,66% em em seus conceitos a ideia de que há um


arranjo) e, em menor escala, como uma caminho que se deve percorrer, tomando-se
operação (13,16% em classificação e 30% em determinadas providências para se alcançar a
arranjo). Tanto operação quanto processo são um estado preterido.
palavras sinônimas que podem ser entendidas Em relação ao critério de categorização em
como um conjunto de medidas para chegar-se intelectual, técnico ou ambos, elaborou-se a
a um objetivo definido, ou seja, a tabela 2.
classificação e o arranjo possuem imbuídos

Tabela 2: Categorização da classificação e do arranjo em intelectual, técnico ou ambos


CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
ASPECTO QUANTIDAD QUANTIDAD QUANTIDAD QUANTIDAD
E (REAL) E (%) E (REAL) E (%)
Intelectual 7 53,85% 2 28,57%
Técnico/material/
1 7,69% 2 28,57%
Físico
Ambos 5 38,46% 3 42,86%
TOTAL 13 100,00% 7 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

Há que se verificar que, na tabela 2 em menor escala, por intelectual e técnica


algumas palavras-chave com o mesmo (38,46%). Em relação ao arranjo, trata-se de
sentido foram reunidas em uma mesma uma operação considerada possuidora de
categoria, como a palavra técnico, que é ambos os aspectos (42,85%). Há que se
semanticamente equivalente nas definições convir, portanto, que as duas operações
analisadas às palavras físico e material. Este possuem, na visão da maioria dos autores,pelo
mesmo artifício de reunir palavras menos um caráter intelectual inerente,
semanticamente equivalentes foi aplicado às estando associada, por vezes, também ao
tabelas 3 a 9 para facilitar a interpretação dos caráter técnico.
dados. As ações associadas aos termos,
Depreende-se da tabela 2 que a percebidas com base nos verbos utilizados e
classificação foi considerada uma operação nos substantivos derivados de verbos, são
essencialmente intelectual (53,84%), seguida, apresentados na tabela 3.

Tabela 3: Ações relacionadas à classificação e ao arranjo


CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
QUANTID QUANTID
AÇÕES QUANTID QUANTID
ADE ADE
ADE (%) ADE (%)
(REAL) (REAL)
Acondicionar/
0 0,00% 4 5,71%
Armazenar/acomodar documentos
Agrupar/reagrupar/
11 9,73% 7 10,00%
juntar/unir artigos semelhantes
Analisar conteúdo/assunto dos
4 3,54% 2 2,86%
documentos
Distribuir/
classificar/estabelecer/restabelecer/col 20 17,70% 10 14,29%
ocar/dispor em classes
Dar número de identificação/ 9 7,97% 2 2,86%

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Identificar documentos
Dar ordem/ordenar documentos 5 4,42% 10 14,29%
Dividir/ separar artigos diferentes 13 11,50% 0 0,00%
Eleger/escolher/
Selecionar categoria de assunto ou 6 5,31% 0 0,00%
classe
Obedecer/seguir/
0 0,00% 8 11,43%
Respeitar classificação ou origem
Organizar/
7 6,20% 13 18,57%
Reorganizar documentos
Refletir/representar organização ou
4 3,54% 6 8,57%
estrutura
Ações com incidência igual ou menor
34 30,09% 8 11,43%
a3
TOTAL 113 100,00% 70 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

Pode-se fazer a inferência, a partir da de ordenar (14,29%) e obedecer a uma ordem


tabela 3, de que nas obras pesquisadas é ou classificação prévia (11,43%), o mesmo
comum associara classificação e o arranjo à não é feito com tamanha frequência para a
ação de unir artigos semelhantes, que aparece classificação (4,42% e 0%, respectivamente,
em 9,73% do total de ações relacionadas à para essas ações consideradas no âmbito da
classificação e 10% do total de arranjo. classificação).
Também pode-se relacionar ambos os termos Cabe destacar que 11,43% do total de
à ação de distribuir em classes, que aparece ações citadas para o arranjo concordam em
em 17,70% do total de ações sobre respeitar uma classificação prévia. Infere-se
classificação e 14,29% em se tratando de que estes números possam estar relacionados
arranjo; e à ação de organizar documentos, àqueles autores que são partidários de que o
presente em 6,20% do total de ações citadas arranjo é uma reclassificação realizada nos
sobre classificação e 18,57% em arranjo. arquivos permanentes, ou seja, um ajuste feito
No entanto, enquanto algumas referências após o recolhimento, como é o caso de
associam a classificação às ações de Bellotto (2004), Ducrot (1998), autores que
identificar documentos (7,97%) e separar que citaram Schellenberg (2004), dentre
artigos diferentes (11,50%), o mesmo não é outros analisados.
feito com tanta frequência em relação ao Em relação ao critério fundamento para a
arranjo (que para essas ações apresenta, classificação e o arranjo, elaborou-se a tabela
respectivamente, as porcentagens de 2,86%, e 4.
0%); e enquanto o arranjo é associado à ação

Tabela 4: Fundamentos para a classificação e arranjo


CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
FUNDAMENTO QUANTIDA QUANTIDA QUANTIDA QUANTIDA
DE (REAL) DE (%) DE (REAL) DE (%)
Caracteres comuns e
5 17,86% 0 0,00%
diferenciadores
Uma proposta de hierarquização
2 7,14% 0 0,00%
das informações
Um plano de classificação, código
de classificação ou quadro de
4 14,29% 3 15,00%
arranjo; “um plano” previamente
adotado

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Artigo de Revisão

As estruturas organizacionais,
funções e atividades da
organização/produtor e a realidade 6 21,43% 2 10,00%
institucional/imagem do sistema de
classificação mais adequado
Uma unidade de ordem / critérios
cronológicos, geográficos, 3 10,71% 3 15,00%
temáticos
Princípios arquivísticos /
4 14,29% 10 50,00%
proveniência / ordem original
Outros princípios com incidência
4 14,29% 2 10,00%
igual ou menor a 1
TOTAL 28 100,00% 20 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

Conclui-se da tabela 4 que 50% dos e que a classificação toma por base a
autores que escreveram sobrea existência de organização, aproxima a visão dos autores ao
fundamentos para o arranjo consideraram pensamento de Schellenberg (2004).
fundamental a observância dos princípios Conforme indicado no referencial teórico, o
arquivísticos, citando a proveniência e/ou a autor acredita que a classificação deve ser
ordem original como referência. No que diz feita nos departamentos com base nas funções
respeito à classificação, os resultados não para as quais os documentos são produzidos e
foram tão acentuados para este fundamento que, na passagem para o arquivamento
(14,29%). Para a classificação, a observância intermediário e permanente, teria início o
das estruturas organizacionais, funções, trabalho do arquivista, este por sua vez
atividades e a realidade institucional foram o fundamentado na proveniência.
fundamento mais citado, ocorrendo em
21,43% dos casos, seguido de caracteres 4.2 Características que compõem os
comuns e diferenciadores, com 17,86%, e, em conceitos de classificação e arranjo
terceiro lugar, os princípios arquivísticos,
com 14,29% de representatividade. Os princípios que são relacionados à
O fato de que a observância dos princípios classificação e ao arranjo estão sistematizados
esteja mais associada, na visão dos autores na na tabela 5.
pesquisados, ao arranjo do que à classificação

Tabela 5: Princípios de base para a classificação e arranjo


CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
PRINCÍPIOS QUANTIDA QUANTIDA QUANTIDA QUANTIDAD
DE (REAL) DE (%) DE (REAL) E (%)
Respect des fonds/proveniência 7 53,84% 7 50,00%
Ordem original/Princípio de
3 23,08% 7 50,00%
estrutura
Organicidade 3 23,08% 0 0,00%
TOTAL 13 100,00% 14 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

A tabela 5 traz a compreensão de que, em arranjo, 50% estão voltados ao respect des
se tratando de princípios relacionados à fonds/proveniência e 50% à ordem
classificação, 53,84% estão voltados ao original/princípio de estrutura. É possível,
respect des fonds/proveniência. No que diz portanto, inferir que a proveniência é o
respeito aos princípios relacionados ao princípio considerado pela maior parte dos

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autores como prioritário para ambas as Em se tratando do critério nível de


operações. classificação e arranjo, tem-se a tabela 6.

Tabela 6: Níveis atribuídos à classificação e ao arranjo


CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
NÍVEIS QUANTIDADE QUANTIDA QUANTIDADE QUANTIDA
(REAL) DE (%) (REAL) DE (%)
Fundo > Grupo > série OU
Fundo > Grupo ou Seção >
Subgrupo ou Subseção >
1 8,33% 3 25,00%
Série > Subsérie > Pasta >
Documento OU
Fundo > Série
Classe > Subclasse > Grupo
> Subgrupo OU Classe >
Subclasse OU Classe > 5 41,67% 1 8,33%
Subclasse > Divisões
inferiores
Categoria > Classe > Divisão
> Subdivisão OU Categoria 3 25,00% 0 0,00%
> Classe > Subclasse
Série > Subsérie >Sub-
subsérie> Dossiê OU Série >
Subsérie > Dossiê OU Série 1 8,33% 4 33,33%
> Unidade de arquivamento
>DocumentoOU Série
Grupo ou Seção > Subgrupo
2 16,67% 2 16,67%
ou Subseção > Série
Arquivo ou Acervo > Fundo
ou coleção > Grupo ou Seção
0 0,00% 2 16,67%
> Série > Dossiê ou processo
> item
TOTAL 12 100,00% 12 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

Entende-se que entre os níveis de baixa foram aqueles iniciados no Fundo,


classificação citados nas obras pesquisadas, seguido de Grupo e séries inferiores (25%) e
as maiores ocorrências (41,67%) foram aqueles iniciados em Série, seguidos ou não
aquelas que traziam no maior nível a Classe, de subsérie e níveis inferiores (33,33%).
seguida da Subclasse e níveis menores não Para a análise dos critérios de
mencionados ou citados como Grupo e classificação e arranjo, foi elaborada a tabela
Subgrupo. No que diz respeito ao arranjo, os 7.
níveis mais citados, ainda que com frequência
Organizacional / Estrutural/
12 32,43% 1
Tabela 7: Critérios que regem as operações de
por estrutura
classificação e arranjo Por assunto/ por classes /
6 16,22% 0
CLASSIFICAÇÃO matérias ARRANJO
CRITÉRIOS QUANTIDADE QUANTIDA QUANTIDADE QUANTIDA
Tipo Documental 1 2,70% 0
(REAL) DE Estrutural-funcional
(%) (REAL) DE1(%) 2,70% 0
ional/ por funções/ por TOTAL 37 100,00% 3
17 45,95% 2 66,67%
atividade Fonte: elaboração própria (2016)

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Há que se fazer uma ressalva funcional e organizacional, daí o porquê de se


relacionada à categoria “por assunto/por apresentarem desta forma na tabela 7.
classes/matérias”, por vezes podendo ser A tabela 7 permite compreender os
entendida por alguns estudiosos como critérios funcional/por funções/por atividade
associada à função ou à própria estrutura, e organizacional/estrutural como principais
devido a"assunto" se tratar de uma palavra critérios utilizados, tanto em matéria de
que em sentido amplotambém designa o classificação (respectivamente equivalente a
próprio conteúdo.Nas obras analisadas, “por 45,95% e 32,43% do total de critérios citados)
assunto/por classes/matérias” além de terem como em de arranjo (equivalente a 66,67% e
sido apresentadas como palavras sinônimas 33,33%).
entre si, foram entendidas em sentito estrito, Para análise dos principais instrumentos
como uma categoria à parte das categorias usados nas operações de classificação e
arranjo, procedeu-se à elaboração da tabela 8.

Tabela 8: Instrumentos e produtos citados derivados das operações de classificação e arranjo


CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
INSTRUMENTO QUANTIDAD QUANTIDAD QUANTIDAD QUANTIDAD
E (REAL) E (%) E (REAL) E (%)
Quadro geral de classificação
3 10,34% 0 0,00%
/ Quadro de classificação
Código de classificação 5 17,24% 0 0,00%
Quadro de arranjo 1 3,45% 5 83,33%
Plano de classificação 15 51,72% 0 0,00%
Esquema de classificação 2 6,90% 0 0,00%
Instrumentos com incidência
3 10,34% 1 16,67%
igual ou menor a 1
TOTAL 29 100,00% 6 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

A Tabela 8 leva-nos a interpretar que o “tabela”, foram descartadas pelo autor


plano de classificação é o instrumento mais porque, segundo ele, as acepções do
citado dentre aqueles que dizem respeito à dicionário não definiam o instrumento que se
classificação (51,72%), enquanto o quadro de deseja nomear. Naquelas circunstâncias,
arranjo é o principal instrumento citado dentre Sousa (2007) concluiu que a palavra que
os que tratam de arranjo (83,33%). melhor representa o instrumento, literal e
Quanto a esta questão, cabe ressaltar o conceitualmente, é “plano”, e, conforme o
levantamento feito por Sousa (2007) dos autor, deveria estar associada tanto à
nomes usados na literatura especializada para classificação quanto ao arranjo.
se referir aos produtos de classificação e Seguindo com a análise, a próxima etapa
arranjo, não se limitando a autores brasileiros consistiu em verificar a fase do ciclo de vida
como fez-se aqui. O autor se deparou com documental em que ocorrem as operações de
diferentes designações e confrontou-as com o classificação e arranjo, de forma que os
dicionário. Algumas delas, como “quadro” e resultados foram compilados na tabela 9.

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Tabela 9: Fase do ciclo de vida documental em que ocorrem as operações de classificação e


arranjo
CLASSIFICAÇÃO ARRANJO
FASE EM QUE É
QUANTIDAD QUANTIDA QUANTIDAD QUANTIDAD
REALIZADO
E (REAL) DE (%) E (REAL) E (%)
Corrente / Administrativo /
Junto à produção / Primeira 7 50,00% 0 0,00%
Idade
Corrente e Intermediário 2 14,29% 0 0,00%
Intermediária 0 0,00% 0 0,00%
Permanente / Histórico /
1 7,14% 10 83,33%
Terceira Idade
Independente de fase /
4 28,57% 2 16,67%
Corrente a Permanente
TOTAL 14 100,00% 12 100,00%
Fonte: elaboração própria (2016)

Tem-se, portanto, que entre as fases Compreende-se que em relação à fase do


citadas para a classificação, o arquivo ciclo de vida documental em que a operação é
corrente é o mais citado (50%) e, em menor realizada, a maioria dos autores brasileiros
escala, foi identificado que em 28,57% das pesquisados ainda segue a ideia cristalizada
ocorrências a classificação independe da fase pelas correntes tradicional e o Records
do ciclo de vida documental. No que se refere Management de que a classificação deveria
ao arranjo, 83,33% recomendam a realização ocorrer no arquivo corrente e o arranjo no
desta operação no arquivo permanente, arquivo permanente, existindo uma minoria
enquanto 16,67% entendem que a operação para a qual a realização dessas operações não
independe de uma fase específica. estaria ligada a uma fase em específico

5 CONSIDERAÇOES FINAIS

A presente pesquisa se consistiu em um (2004), o qual se soube, transitou entre a


estudo exploratório, que analisou os termos Arquivística Tradicional e o Records
classificação e arranjo e os conceitos Management.
atribuídos a eles na literatura arquivística Concluiu-se como pontos de convergência,
nacional. Foram analisadas 18 obras, das que aproximam a classificação do arranjo, o
quais foram extraídos aspectos constantes nas fato de ambos os conceitos serem
definições de classificação e arranjo, bem considerados na maior parte das definições
como características atribuídas à classificação analisadas como um processo ou uma
e arranjo. operação e estarem principalmente
Há que se ressaltar uma predominância das relacionados às ações de unir artigos
citações de terceiros sobre a produção semelhantes e classificar/dispor documentos
intelectual própria dos autores brasileiros em classes. As duas operações são
pesquisados, o que se pode depreender que consideradas na maior parte dos autores como
seja uma característica de uma ciência ainda uma operação intelectual, enquanto que para
em desenvolvimento e discussão. Foi possível uma menor parcela, intelectual e técnico. O
verificar que há autores brasileiros princípio que rege tanto a classificação como
reproduzindo conceitos de todas as correntes o arranjo, é notadamente o da proveniência,
arquivísticas, apesar de haver uma pequena seguido do princípio da ordem original; e os
inclinação em direção ao pensamento do critérios mais utilizados por ambas as
clássico e bastante citado Schellenberg operações são o funcional/organizacional.

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Como pontos de divergência, que plano de classificação é o instrumento mais


distanciam os conceitos entre si, observou-se citado e, para o arranjo, é o quadro de arranjo.
que, em se tratando do fundamento para cada Por fim, ainda há desacordo na fase em que as
operação, consideraram-se majoritários para operações são realizadas, uma vez que a
o arranjo os princípios arquivísticos, enquanto classificação estaria mais ligada ao arquivo
para a classificação seria a observância das corrente, enquanto o arranjo, ao permanente.
estruturas organizacionais, funções, Concluiu-se que a classificação e o arranjo
atividades e a realidade institucional. Em possuem mais pontos de convergência do que
relação aos níveis de classificação e arranjo, divergência entre si e que as semelhanças
notou-se que há a predileção por considerar constatadas são qualidades fundamentais para
na classificação a Classe como primeira as operações, enquanto que parte das
divisão, seguida da Subclasse e níveis divergências são meramente terminológicas.
inferiores e, no caso do arranjo, o Fundo como Em outras palavras, as diferenças encontradas
primeira divisão, seguida do Grupo e Séries entre classificação e arranjo são mais
inferiores ou a Série, seguida ou não de terminológicas do que conceituais, sendo as
Subsérie e níveis inferiores. Notou-se operações consideradas semelhantes em sua
diferença também no instrumento/produto essência.
gerado, uma vez que para a classificação o

ANALYSIS OF TERMS CLASSIFICATION AND ARRANGEMENT IN LITERATURE


ARCHIVE BRAZILIAN

Abstract

This article aims to analyze the terms classification and arrangement and
concepts attributed to them in the Brazilian archival literature, contributing
to the advancement of the theme of the archival science. Checks more
frequently aspects and features in classification and arrangement definitions
of Brazilian works, allowing to identify the convergences and divergences
between the authors presented. The research is exploratory, quantitative and
qualitative and includes the analysis of 18 brazilian works, covering the
period 1989 to 2012. The analysis of the aspects contained in the classification
definitions include the following: terms, process nature, actions and
classification fundamentals. The analysis of the characteristics considered
archival principles, levels and classification criteria, instruments and stages
of the document life cycle in which the archival process occur. We conclude
that the classification and arrangement have more points of convergence than
divergence between them, in the view of Brazilian authors.

Keywords: Classification. Arrangement. Archival terminology.

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