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RESUMO: A construção de aterros sobre solos moles, como para obras rodoviárias e ferroviárias,
demanda cuidados especiais. Várias são as opções passíveis de serem adotadas, contudo em todas,
precauções devem ser tomados. Diversas soluções clássicas são empregáveis, como substituição,
total ou de parte, por material de maior resistência, adensamento da camada e construção de aterro
estaqueado. Todavia, recentemente soluções não tradicionais estão sendo utilizadas com ganho
técnico, financeiro e de prazo. Compõem estas soluções os geossintéticos como geogrelhas e
geotêxteis em reforços basais e aterros sobre estacas; geodrenos em aceleração de adensamento e
geocélulas em aumento da capacidade de carga. O presente trabalho explora as principais
características das soluções de reforços de solos moles com diferentes tipos de geossintéticos,
apontando suas vantagens e desvantagens uns em relação aos outros. Dentre as soluções citadas
neste artigo, destaca-se o aumento da capacidade de carga com uso de geocélulas, o reforço planar
com geogrelhas e geotêxteis, a inclusão de fibras aleatórias e a associação de algumas técnicas.
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
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material granular até uma profundidade com empregam-se principalmente geogrelhas nas
maior resistência e compactados por vibração. bases dos aterros para absorver seus
A vantagem deste método é que além de carregamentos e transferi-los para as estacas
trabalhar como estaca transferindo as cargas do com maiores diâmetros ou com capitéis em suas
aterro a uma fundação mais competente, as extremidades.
colunas igualmente trabalham como drenos Uma alternativa a construções pesadas é a
verticais reduzindo as distâncias de drenagem e utilização de materiais leves de forma a reduzir
acelerando os recalques. Alternativamente às os carregamentos sobre o solo mole até uma
colunas granulares, podem-se utilizar paredes pressão aceitável (Avesani Neto, 2008). Dentre
de pedra em forma de valas. os materiais mais utilizados para tal, o EPS
Independente da técnica utilizada é (poliestireno expandido – expanded
importante a previsão do monitoramento do polystyrene), conhecido popularmente como
aterro bem como do solo de fundação. Isopor® no Brasil, é o que reúne as melhores
características para desempenhar esta função
geotécnica. Com peso específico para esta
3 SOLUÇÕES COM GEOSSINTÉTICOS função variando entre 10 e 30 kg/m³ e
resistências e módulos relativamente elevados,
A utilização de geossintéticos na engenharia com valores semelhantes a solos compactos, o
geotécnica é crescente. Mais especificamente EPS é utilizado em blocos com dimensões entre
em melhoria de solos e aterros sobre solos 1 e 2 m, denominado geoexpandido ou
moles estes materiais compreendem diversas geofoam, de forma a compor um aterro como
soluções igualmente viáveis se comparadas um “Lego”. Alguns cuidados como impedir o
àquelas expostas no item anterior, ou até contato do material com produtos
melhor. hidrocarbonetos, cuidados com puncionamento,
Os drenos verticais compostos por colunas evitar o contato com água (devido a sua
de areia de 15 a 45 cm de diâmetros e absorção e perda dos efeitos de aterro leve)
espaçados de 1 a 4,5 m são largamente devem ser tomados. Detalhes construtivos e
substituídos por geodrenos com dimensões propriedades podem ser encontrados em
típicas de 0,5 x 10,0 cm em uma malha mais Sandroni (2006) e Avesani Neto (2008). Outros
densa de furos (de 1 a 3 m) e com instalação materiais podem ser aplicados alternativamente
muito mais veloz - até 2.000 m/dia para cada como aterros leves, como pneus (picados ou
equipamento (Sandroni, 2006). inteiros), tubulações de concreto, plásticos e
Um aperfeiçoamento do método das colunas aço, argila expandida e até engradados de
granulares é seu encamisamento com geotêxtil, cerveja (Aoki, 1993; Sandroni, 2006; Avesani
o qual fornece um confinamento radial para o Neto, 2008).
material granular de preenchimento evitando Por fim, a aplicação mais corriqueira de
seu rompimento, aumentando de forma geossintéticos em obras de aterros sobre solos
significativa a capacidade de carga das colunas moles é a sua utilização como reforço basal que
e reduzindo os deslocamentos. Além disto, o é a disposição de algum geossintético com
geotêxtil não compromete a capacidade elevada resistência à tração (geotêxteis tecido e
drenante das colunas e promove uma filtração não tecido e geogrelha, por exemplo) na base
do solo mole. do aterro permitindo um aumento da
Outra técnica que aperfeiçoa os aterros estabilidade, uma construção mais acelerada e a
estaqueados rígidos é a utilização de aterros utilização de taludes mais íngremes. O
estaqueados com plataformas flexíveis de benefício da utilização de algum geossintético
geossintéticos como geotêxteis e geogrelhas. na base do aterro surge na mobilização de sua
Utilizando-se do mesmo princípio de transferir resistência à tração contra os possíveis
as cargas do aterro para um ponto da fundação mecanismos de instabilização do aterro: ruptura
mais profundo com o auxílio de estacas (ou jet generalizada envolvendo aterro, reforço e solo
gount, ou até mesmo sobre colunas granulares), de fundação; ruptura no interior do aterro na
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grande melhora tanto das capacidades de solo abaixo do reforço (Zhou e Wen, 2008).
suporte como na redução dos deslocamentos,
sendo que a geocélula obteve o melhor Com ensaios triaxiais de laboratório,
desempenho com uma diminuição deste de 45% Khedkar e Mandal (2009) verificaram a
para uma pressão aplicada de 80 kPa). eficiência de reforços planares e celulares e a
influência de variações no número de camadas
e na altura das células, este no caso das
geocélulas. As amostras consistiram de
cilindros com proporção 2:1 (altura de 150 mm
e diâmetro de 75 mm) de solo arenoso mal
graduado.
Os reforços planares consistiram em
duas variações: uma e duas camadas, ambas
equiespaçadas. O material utilizado nas
inclusões foi chapas de alumínio com 1 mm de
espessura.
Os reforços celulares consistiram do mesmo
Figura 4. Relação entre as máximas pressões aplicadas e material e nas mesmas variações de camada do
correspondentes deslocamentos medidos nos ensaios
(Zhou e Wen, 2008). planar, contudo, com alterações nas alturas das
células com valores de 3, 10, 20, 30, 40 e 50
Os autores, valendo-se de células de pressão mm. Ensaios com amostras não reforçadas
abaixo dos reforços e das medidas das pressões foram feitos para referência. A Figura 6 exibe,
aplicadas na superfície, obtiveram a eficiência de forma esquemática, as variações de ensaios
de absorção das tensões de cada sistema realizadas.
ensaiado e compararam os resultados, de acordo
com o exibido na Figura 5. Desta conclui-se
que as tensões medidas no solo de fundação, no
caso não reforçado, são sensivelmente
superiores àquelas medidas quando havia uma
camada de reforço, especialmente no caso da
geocélula que desempenhou uma redução das
pressões da ordem de 60%. Além disto, de
acordo com os autores, diferente dos outros Figura 6. Configurações ensaiadas: a) amostra não
sistemas, o celular exibiu uma tendência linear reforçada; b) reforços com uma camada; c) reforços com
de redução das pressões na fundação com o duas camadas (Khedkar e Mandal, 2009).
aumento destas na superfície devido ao efeito
laje proveniente da camada de geocélula que Resumindo os resultados obtidos pelos
fornece um espraiamento das tensões na autores, as envoltórias e os parâmetros de
camada subjacente de solo. resistência para cada tipo de reforço e variação
do ensaio, exibidos na Figura 7 e na Tabela 2.
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