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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Reforço de solos moles com geossintéticos


José Orlando Avesani Neto
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, São Paulo, Brasil,
avesani@ipt.br e
Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo – EESC/USP, São Carlos, Brasil

Benedito de Souza Bueno


Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo – EESC/USP, São Carlos,
Brasil, bsbueno@sc.usp.br

RESUMO: A construção de aterros sobre solos moles, como para obras rodoviárias e ferroviárias,
demanda cuidados especiais. Várias são as opções passíveis de serem adotadas, contudo em todas,
precauções devem ser tomados. Diversas soluções clássicas são empregáveis, como substituição,
total ou de parte, por material de maior resistência, adensamento da camada e construção de aterro
estaqueado. Todavia, recentemente soluções não tradicionais estão sendo utilizadas com ganho
técnico, financeiro e de prazo. Compõem estas soluções os geossintéticos como geogrelhas e
geotêxteis em reforços basais e aterros sobre estacas; geodrenos em aceleração de adensamento e
geocélulas em aumento da capacidade de carga. O presente trabalho explora as principais
características das soluções de reforços de solos moles com diferentes tipos de geossintéticos,
apontando suas vantagens e desvantagens uns em relação aos outros. Dentre as soluções citadas
neste artigo, destaca-se o aumento da capacidade de carga com uso de geocélulas, o reforço planar
com geogrelhas e geotêxteis, a inclusão de fibras aleatórias e a associação de algumas técnicas.

PALAVRAS-CHAVE: Reforço de solo, Geossintéticos, Geocélula, Reforço planar, Fibras


aleatórias, Solos moles.

1 INTRODUÇÃO características com francas vantagens sobre


outros materiais geossintéticos e “tradicionais”.
Os materiais inconsolidados tidos como “solos Portanto, o presente artigo aborda uma
moles” constituem um dos maiores desafios na descrição do atual estado da arte dos problemas
engenharia geotécnica para algumas e soluções técnicas relacionados a solos moles,
construções como aterros, estradas rodoviárias e focando e comparando algumas soluções com
ferroviárias, pátios e silos entre outros. geosintéticos utilizadas para transpor este
Dificuldades envolvidas como falta de suporte obstáculo da engenharia geotécnica.
da fundação, trabalhabilidade, excessos de
recalques e pressões neutras geradas complicam
as execuções e a qualidade das construções 2 SOLUÇÕES CONVENCIONAIS
durante sua vida útil exigindo dos projetos
novas técnicas de abordagem do problema. O leque de soluções plausíveis de utilização em
Muitas soluções “clássicas” são empregadas, aterros sobre solos moles é relativamente
algumas em excessivas ocasiões, na tentativa de amplo. Existem diversas alternativas para se
contornar o problema. Ampliando os leques de vencer uma região de baixa capacidade de
possibilidades, e em muitos casos fornecendo suporte, e a escolha da melhor entre elas
situações com desempenho superior, os depende intimamente de diversos fatores como
geossintéticos começaram a ser empregados aplicabilidade da técnica no local, oferta de
como alternativas. Dentre estes, a geocélula, material específico, equipamentos necessários e
que ainda possui uma aplicação pouco praticada mão de obra qualificada, afinidade dos
nesta área, é um material que possui envolvidos com as técnicas, prazo e,

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principalmente, custo. carregamento superior aquele que atuará


De um modo geral, os possíveis caminhos a durante o tempo de vida útil da obra. Desta
trilhar estão agrupados basicamente dentro de forma, há uma consolidação da camada de solo
cinco grupos de atuação: mole, cuja resistência sofre um acréscimo e os
recalques primários – e até secundários – são
• Desvio; antecipados. Este processo pode ser associado
• Convivência com o problema; com outra técnica de tratamento que é a
• Remoção; utilização de drenos verticais que auxilia na
• Tratamento; aceleração dos recalques encurtando as
• Construção. distâncias de drenagem. Este método, associado
ao aterro de sobrecarga temporário, é indicado
A mudança do traçado ou a escolha de outra para camadas muito espessas de solo mole, ou
área para a construção seria um exemplo de quando o coeficiente de adensamento é muito
evitar o problema, embora em certos casos não baixo, reduzindo os tempos necessários para o
possa ser praticada, além de não ser considerada adensamento (Almeida et al. 2002). Outro
uma solução de engenharia. método de tratamento do maciço é a construção
Um exemplo de convivência com o do aterro por etapas não ultrapassando a altura
problema seria a utilização de um aterro de crítica em cada fase e permitindo o
conquista - ou aterro de ponta – muito adensamento e, conseqüentemente, o ganho de
empregada em fases de construção e resistência do solo mole de fundação para a
operacionais, sem alterar as características da próxima etapa, de forma a permitir, no final da
fundação de solo mole, convivendo-se com os construção, um aterro com altura superior à
problemas de estabilidade e recalque crítica inicial. Assim como no aterro de
provenientes da baixa capacidade de suporte do sobrecarga temporário, a utilização de drenos
terreno natural. O custo inicial desta solução é verticais auxilia no processo de adensamento
relativamente reduzido, porém, as necessidades reduzem os tempos necessários.
de manutenção periódica são elevadas e Um outro procedimento que pode ser inserido
cuidados específicos na construção devem ser no tratamento é a utilização de bermas de
tomados evitando maiores ondulações no leito e equilíbrio, que consistem em aterros laterais
rupturas localizadas (Massad, 2003 e Sandroni, com alturas específicas que trabalham como
2006). contrapeso ao aterro principal, fornecendo
A técnica de remoção, total ou parcial, da maior estabilidade contra a ruptura geral.
camada de solo mole é a mais antiga e usual Somado aos métodos de tratamento já
forma de atuação em situações de camadas expostos, citam-se o pré-carregamento a vácuo
pouco espessas de solo mole (Almeida e e a eletro-osmose, entretanto com menor
Marques, 2004). Sua maior vantagem é evitar aplicação no cenário brasileiro principalmente
completamente os problemas inerentes ao solo devido ao alto custo (Almeida, 1996).
de baixa capacidade. Entretanto, é atualmente Quando a maioria destas técnicas não é
de difícil viabilidade em grandes cidades por viável é necessário realizar aterros estaqueados
falta de local adequado para a disposição deste que são construções que suportem e transfiram
material, em função de condicionantes o peso do aterro para uma fundação capaz de
ambientais recentes (Almeida et al. 2008), além resistir às cargas. Para tal, utiliza-se uma
de em alguns casos gerar um custo proibitivo à plataforma rígida de concreto armado em forma
obra. de laje apoiada em estacas cravadas até uma
O tratamento do solo mole de fundação é profundidade com resistência suficiente.
constituído por artifícios construtivos visando a Outra alternativa que envolve a construção
melhora geotécnica do solo de fundação, são as colunas de granulares que consistem em
principalmente pela consolidação. Um exemplo furos pré-espaçados – de 1 a 2,5 m - e com
é a técnica do aterro de sobrecarga temporário, diâmetros predeterminados – variando entre 70
em que o solo mole de fundação sofre um e 90 cm - preenchidos com pedras, britas ou

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material granular até uma profundidade com empregam-se principalmente geogrelhas nas
maior resistência e compactados por vibração. bases dos aterros para absorver seus
A vantagem deste método é que além de carregamentos e transferi-los para as estacas
trabalhar como estaca transferindo as cargas do com maiores diâmetros ou com capitéis em suas
aterro a uma fundação mais competente, as extremidades.
colunas igualmente trabalham como drenos Uma alternativa a construções pesadas é a
verticais reduzindo as distâncias de drenagem e utilização de materiais leves de forma a reduzir
acelerando os recalques. Alternativamente às os carregamentos sobre o solo mole até uma
colunas granulares, podem-se utilizar paredes pressão aceitável (Avesani Neto, 2008). Dentre
de pedra em forma de valas. os materiais mais utilizados para tal, o EPS
Independente da técnica utilizada é (poliestireno expandido – expanded
importante a previsão do monitoramento do polystyrene), conhecido popularmente como
aterro bem como do solo de fundação. Isopor® no Brasil, é o que reúne as melhores
características para desempenhar esta função
geotécnica. Com peso específico para esta
3 SOLUÇÕES COM GEOSSINTÉTICOS função variando entre 10 e 30 kg/m³ e
resistências e módulos relativamente elevados,
A utilização de geossintéticos na engenharia com valores semelhantes a solos compactos, o
geotécnica é crescente. Mais especificamente EPS é utilizado em blocos com dimensões entre
em melhoria de solos e aterros sobre solos 1 e 2 m, denominado geoexpandido ou
moles estes materiais compreendem diversas geofoam, de forma a compor um aterro como
soluções igualmente viáveis se comparadas um “Lego”. Alguns cuidados como impedir o
àquelas expostas no item anterior, ou até contato do material com produtos
melhor. hidrocarbonetos, cuidados com puncionamento,
Os drenos verticais compostos por colunas evitar o contato com água (devido a sua
de areia de 15 a 45 cm de diâmetros e absorção e perda dos efeitos de aterro leve)
espaçados de 1 a 4,5 m são largamente devem ser tomados. Detalhes construtivos e
substituídos por geodrenos com dimensões propriedades podem ser encontrados em
típicas de 0,5 x 10,0 cm em uma malha mais Sandroni (2006) e Avesani Neto (2008). Outros
densa de furos (de 1 a 3 m) e com instalação materiais podem ser aplicados alternativamente
muito mais veloz - até 2.000 m/dia para cada como aterros leves, como pneus (picados ou
equipamento (Sandroni, 2006). inteiros), tubulações de concreto, plásticos e
Um aperfeiçoamento do método das colunas aço, argila expandida e até engradados de
granulares é seu encamisamento com geotêxtil, cerveja (Aoki, 1993; Sandroni, 2006; Avesani
o qual fornece um confinamento radial para o Neto, 2008).
material granular de preenchimento evitando Por fim, a aplicação mais corriqueira de
seu rompimento, aumentando de forma geossintéticos em obras de aterros sobre solos
significativa a capacidade de carga das colunas moles é a sua utilização como reforço basal que
e reduzindo os deslocamentos. Além disto, o é a disposição de algum geossintético com
geotêxtil não compromete a capacidade elevada resistência à tração (geotêxteis tecido e
drenante das colunas e promove uma filtração não tecido e geogrelha, por exemplo) na base
do solo mole. do aterro permitindo um aumento da
Outra técnica que aperfeiçoa os aterros estabilidade, uma construção mais acelerada e a
estaqueados rígidos é a utilização de aterros utilização de taludes mais íngremes. O
estaqueados com plataformas flexíveis de benefício da utilização de algum geossintético
geossintéticos como geotêxteis e geogrelhas. na base do aterro surge na mobilização de sua
Utilizando-se do mesmo princípio de transferir resistência à tração contra os possíveis
as cargas do aterro para um ponto da fundação mecanismos de instabilização do aterro: ruptura
mais profundo com o auxílio de estacas (ou jet generalizada envolvendo aterro, reforço e solo
gount, ou até mesmo sobre colunas granulares), de fundação; ruptura no interior do aterro na

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interface aterro/geossintético/solo de fundação;


e expulsão do solo mole de fundação no qual o
reforço tende a uniformizar o afundamento da Remoção
base do aterro no solo mole (Palmeira e parcial
Ortigão, 2004). Esta solução permite uma maior
velocidade de construção do aterro e resulta em
pouca intervenção na construção devido a
grande facilidade de execução. Contudo, os Aterro de
recalques e deformações gerados no corpo do sobrecarga
aterro podem inviabilizar a aplicação.
Um resumo com as possíveis soluções de
intervenções em obras de aterros sobre solos
moles é exibido na Tabela 1, cujo conteúdo foi Drenos
elaborado com o auxílio de informações verticais
contidas nos seguintes trabalhos: Almeida et al.
(2008); Massad (2003); Sandroni (2006); e
Almeida (1996).
Construção
Tratamento
por etapas
3.1 Comparação de Soluções com
Geossintéticos

Uma outra solução que poderia ser inserida no Bermas de


grupo do reforço basal é a utilização de uma equilíbrio
camada de geocélula na base do aterro. O
sistema de confinamento celular da geocélula
melhora o desempenho da distribuição dos
carregamentos e da deformação. Quando se Pré-
carregamento
compara um reforço planar com o sistema
a vácuo
celular, nota-se uma rigidez significativamente
maior e a não necessidade de deformação
inicial para suportar a carga de projeto quando
da utilização da geocélula. Aterro
estaqueado
Tabela 1. Diferentes métodos e técnicas de soluções para
aterros sobre solos moles.
Método Técnica Ilustração
Colunas
Mudança da
Desvio - granulares
área

Convivênci Construção
Aterro de
a com o
conquista
problema Aterros leves

Remoção
Remoção
total
Reforço
basal

Dash et al. (2004) realizaram ensaios

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comparativos do desempenho de três sistemas: uma ruptura para deformações próximas de 5%


fibras aleatórias, reforço planar e reforço e 15% da largura da sapata, respectivamente.
celular, em uma areia de rio mal graduada com Contudo, para os casos de geocélula sozinha e
pesos específicos variando de 14,3 a 17,4 adicionada ao reforço basal nenhuma ruptura
kN/m³. fica evidente até o final do ensaio (45% de
Foram utilizadas fibras aleatórias de deformação) e com comportamento
polipropileno em uma camada de areia de praticamente linear após uma deformação acima
espessura igual a 7B e largura de 12B (largura B de 20%.
da sapata igual a 100 mm) sobre o solo mole. A
proporção de fibras misturadas no solo foi de
0,10% de peso.
O reforço planar foi composto por camadas
geogrelhas biaxiais de polipropileno com
abertura de 35 x 35 mm, resistência à tração
igual a 20 kN/m, deformação na ruptura de 23%
e módulos secante a 5% e 10% respectivamente
de 160 e 125 kN/m. Foram utilizadas seis
camadas de reforço planar equiespaçadas de
0,3B e com largura de 8B, valores escolhidos de
acordo com estudos de outros autores que
determinaram valores ótimos para cada Figura 1. Capacidade de carga de diferentes formas de
parâmetro. reforço de solo para diferentes valores de deformação na
A camada de geocélula era composta pela sapata (Dash et al. 2004).
mesma geogrelha do reforço planar e tinha
altura de 2,75B, largura do reforço e da célula
de 8B e 1,2B e profundidade de 0,1B.
Além do ensaio de controle – solo não
reforçado – foi realizada uma quarta variação
do solo reforçado composta por reforço de
geocélula com adição de reforço basal de
geogrelha como base de comparação.
Apresentam-se na Figura 1 os resultados dos
ensaios de capacidade de carga com os solos
reforçados e não reforçado. As observações
destes ensaios são quantificadas pelo fator de
melhora da capacidade de carga If (razão da
pressão aplicada no solo com o reforço de
Figura 2. Fator de melhora da capacidade de carga de
geocélula (q) para um determinado valor de diferentes formas de reforço de solo para diferentes
deslocamento pela pressão aplicada no solo não valores de deformação na sapata (Dash et al. 2004).
reforçado (q0) para o mesmo deslocamento)
para cada caso e resumidas na Figura 2. Ainda das Figuras, obtém-se que a
Destas Figuras nota-se que para pequenas capacidade de carga última do solo com fibras
deformações todas as formas de reforços aleatórias é quase 2 vezes superior ao do solo
possuem o mesmo desempenho, sendo todas não reforçado (If = 2), é 4 vezes maior no caso
sensivelmente superior ao solo não reforçado. do reforço planar (If = 4) e superior a 8 em
Porém, com o aumento da deformação, os ambos os reforços com geocélula (If ~ 9).
reforços que contém a geocélula produzem uma Segundo os autores, as sensíveis melhoras de
melhor performance ao sistema. Pode-se desempenho dos reforços que contém a
claramente observar também que, para os geocélula se devem a dois fatores ligados a sua
reforços de fibras aleatórias e planar, ocorreu estrutura celular que fazem com que a camada

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de geocélula atue como uma laje: o com a utilização da geocélula impediu-se


encapsulamento e confinamento fornecido ao completamente o levantamento do solo e a
solo de forma mais eficiente que o reforço rotação da sapata. De fato, após uma
planar, conferindo ao sistema um corpo mais deformação próxima de 15% na sapata, pouco
rígido capaz de redistribuir melhor os recalque/levantamento na superfície foi
carregamentos provenientes da sapata; e devido observado. De acordo com os autores, esta
aos elementos verticais da geocélula observação pode ser fundamentada na melhor
(transversal a direção de aplicação de carga da capacidade de distribuição dos carregamentos
sapata) que ativam a resistência ao atrito na oferecida pela camada de geocélula e em sua
interface com o solo. Além disto, há uma maior rigidez. No caso da adição do reforço
parcela da resistência passiva deste e a basal em relação à geocélula sozinha, a melhora
interconexão entre os elementos que promove determinada pode ser considerada apenas
uma ancoragem eficiente contra os marginal.
carregamentos e deformações impostas. Em
contraste, no reforço planar foi observado
grandes deformações de recalque resultantes do
arrancamento das ancoragens laterais da
geogrelha quando o solo subjacente rompeu,
iniciando todo um sistema de rupturas.
Por fim, no caso das fibras aleatórias foi
observado pelas Figuras que este tipo de reforço
é o que possui um melhor desempenho a
baixíssimas deformações devido a não
necessidade de grandes deslocamentos para sua
mobilização. Entretanto, as fibras aleatórias são
proeminente apenas na cunha ativada pela Figura 3. Comparação das deformações na superfície em
sapata. As inclusões localizadas fora desta zona diferentes formas de reforço de solo para diferentes
provavelmente ficaram sem ou com pouca valores de deformação na sapata (Dash et al. 2004).
ativação de sua resistência, não contribuindo
para a melhora da capacidade de suporte. Não Em ensaios de laboratório com modelo
obstante, as pequenas dimensões das fibras reduzido, Zhou e Wen (2008) estudaram e
conduzem, ainda, a deficiências de ancoragem, compararam a eficiência na melhora da
impedindo uma maior mobilização de sua capacidade de carga de reforços planares e
resistência devido a pequenas rupturas de celulares. O solo de fundação utilizado foi uma
arrancamentos localizados (Dash et al. 2004). argila mole e o no reforço uma areia. Para a
Complementando a análise, a Figura 3 exibe aplicação das cargas foi usado um saco de ar.
as deformações na superfície para diferentes O reforço celular consistiu de uma camada
valores de deformação na sapata em cada caso de geocélula com altura e largura da célula,
de reforço ensaiado. Ressalta-se no gráfico que respectivamente, de 200 mm e 40 mm e com
as linhas contínuas representam as deformações resistência à tração das tiras 21,4 kN/m.
no lado direito da placa atuadora, enquanto as O reforço planar tinha duas variações, a
linhas pontilhadas exibem as deformações do primeira com apenas uma camada e a segunda
lado esquerdo, ambas a uma distância igual a com duas camadas de geogrelha. A abertura da
2,5B (250 mm) do centro da sapata. Desta malha a geogrelha era de 50 mm e sua
observa-se que, nos casos do solo não resistência à tração era igual a 29,2 kN/m.
reforçado, das fibras aleatórias e do reforço Na Figura 4 visualizar-se a comparação entre
planar, ocorreu levantamento da superfície e as máximas pressões aplicadas e os referentes
rotação da sapata de forma significante – deslocamentos medidos para cada situação de
denunciado pela grande diferença entre as reforço e solo não reforçado. Nota-se desta que
linhas contínuas e pontilhadas. Por outro lado, ambas as formas de reforço exibiram uma

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grande melhora tanto das capacidades de solo abaixo do reforço (Zhou e Wen, 2008).
suporte como na redução dos deslocamentos,
sendo que a geocélula obteve o melhor Com ensaios triaxiais de laboratório,
desempenho com uma diminuição deste de 45% Khedkar e Mandal (2009) verificaram a
para uma pressão aplicada de 80 kPa). eficiência de reforços planares e celulares e a
influência de variações no número de camadas
e na altura das células, este no caso das
geocélulas. As amostras consistiram de
cilindros com proporção 2:1 (altura de 150 mm
e diâmetro de 75 mm) de solo arenoso mal
graduado.
Os reforços planares consistiram em
duas variações: uma e duas camadas, ambas
equiespaçadas. O material utilizado nas
inclusões foi chapas de alumínio com 1 mm de
espessura.
Os reforços celulares consistiram do mesmo
Figura 4. Relação entre as máximas pressões aplicadas e material e nas mesmas variações de camada do
correspondentes deslocamentos medidos nos ensaios
(Zhou e Wen, 2008). planar, contudo, com alterações nas alturas das
células com valores de 3, 10, 20, 30, 40 e 50
Os autores, valendo-se de células de pressão mm. Ensaios com amostras não reforçadas
abaixo dos reforços e das medidas das pressões foram feitos para referência. A Figura 6 exibe,
aplicadas na superfície, obtiveram a eficiência de forma esquemática, as variações de ensaios
de absorção das tensões de cada sistema realizadas.
ensaiado e compararam os resultados, de acordo
com o exibido na Figura 5. Desta conclui-se
que as tensões medidas no solo de fundação, no
caso não reforçado, são sensivelmente
superiores àquelas medidas quando havia uma
camada de reforço, especialmente no caso da
geocélula que desempenhou uma redução das
pressões da ordem de 60%. Além disto, de
acordo com os autores, diferente dos outros Figura 6. Configurações ensaiadas: a) amostra não
sistemas, o celular exibiu uma tendência linear reforçada; b) reforços com uma camada; c) reforços com
de redução das pressões na fundação com o duas camadas (Khedkar e Mandal, 2009).
aumento destas na superfície devido ao efeito
laje proveniente da camada de geocélula que Resumindo os resultados obtidos pelos
fornece um espraiamento das tensões na autores, as envoltórias e os parâmetros de
camada subjacente de solo. resistência para cada tipo de reforço e variação
do ensaio, exibidos na Figura 7 e na Tabela 2.

Figura 5. Comparação entre pressão aplicada e medida no

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Cada forma de atuação tem suas


particularidades e vantagens que dependem de
cada situação de aplicação.
Os geossintéticos fornecem, na atualidade,
uma faixa do leque de soluções com algumas
das melhores alternativas no quesito viabilidade
técnica, construtiva e econômica.
Dentre as possibilidades do reforço basal,
inserido na faixa de leque de geossintéticos, a
utilização de geocélulas se mostra a técnica
Figura 7. Envoltórias de resistência para os ensaios de mais promissora com vantagens de desempenho
solo reforçados e não reforçado: a) camada única de tanto da capacidade de suporte como da
reforço; b) duas camadas de reforço (adaptado de
Khedkar e Mandal, 2009).
redução de deslocamentos se comparada com
reforços planares e inclusões aleatórias.
Contudo, entendimento do mecanismo deste
Tabela 2. Parâmetros de resistência para os tipos de tipo de reforço com este material
reforços ensaiados (Khedkar e Mandal, 2009). especificamente se mostram carentes ainda,
Uma camada Duas camadas exigindo maiores estudos e melhores
Altura do caracterizações de seu comportamento.
reforço % %
(mm) c (kPa) φ (°) aumento c (kPa) φ (°) aumento
φ φ
Não AGRADECIMENTOS
0,5 31,4 0 – – –
reforçado
Reforço Os autores agradecem ao IPT pelo apoio
3 34,2 8,7 4,2 34,8 10,8
planar institucional e à EESC pela oportunidade
3 1,2 32,3 2,7 1,2 33,6 6,8 acadêmica.
10 3 33,9 7,9 9,7 36,9 17,5
20 5 34,7 10,4 16,3 37,4 18,8
30 7,3 35,4 12,6 27,9 38 20,7 REFERÊNCIAS
40 8,8 36,7 16,5 37,8 39,8 26,5
50 9,9 37,2 18,2 52 41,7 32,5 Almeida, M.S.S. (1996). Aterros sobre solos moles: da
concepção à avaliação do desempenho. 1ª edição,
Nota-se dos resultados que o reforço em Rio de Janeiro, Editora UFRJ.
forma de célula supera o no plano após uma Almeida, M.S.S. e Marques, M.E.S. (2004). Aterros
sobre camadas espessas de solos muito compressíveis.
altura daquela igual ou superior a 10 mm. Como 2º Congresso Luso-Brasileiro de Geotecnia.
pode ser visto ambos os parâmetros (coesão Almeida, M.S.S., Marques, M.E.S., Miranda, T.C. e
aparente e ângulo de atrito) exibem um Nascimento, C.M.C. (2008). Lowland reclamation in
aumento com a elevação da altura das urban áreas. 9º Congresso Brasileiro de Mecânica
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