Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
RESUMO:
O presente artigo apresenta relatos de experiência do Estágio Supervisionado, realizado na Escola
Básica Melvin Jones em uma turma do segundo ano do ensino fundamental. A proposta deste projeto
teve como foco desenvolver a prática de conjunto com ênfase na leitura de partitura analógica,
utilizando instrumentos de percussão. Entre os autores citados neste texto estão (PAIVA, 2004),
(SWANWICK 2003), (PIAGET, 1970) e (FRANÇA, 2002) por possuírem material científico sobre o
ensino da música e também sobre percussão. As aulas foram planejadas de modo a instruir os alunos
sobre a execução de cada instrumento de percussão, possibilitando a criação e leitura de partituras
alternativas. Este trabalho desenvolveu a música através da prática instrumental, valorizando sua
beleza como expressão artística e incentivando sua apreciação e prática, ao mesmo tempo que
proporcionou aos alunos a experiência de fazer parte de um grupo de percussão que realizou uma
apresentação para um público.
INTRODUÇÃO
O projeto deste semestre visou desenvolver habilidades rítmicas por meio da prática
em instrumentos de percussão, e a composição de partituras analógicas, explorando a
capacidade criadora em uma turma do 2º ano do ensino fundamental. A proposta dos
acadêmicos para este semestre de estágio consistiu na formação de uma banda de percussão
onde seriam explorados alguns ritmos propostos nas partituras analógicas, composta pelos
alunos juntamente com os professores.
As aulas foram planejadas levando em consideração que nenhum dos alunos havia
frequentado aulas de música, portando não possuíam experiência com elementos básicos da
música como, por exemplo, o ritmo. Tendo isso em vista foi necessário apresentar cada um
dos instrumentos usados, e como manuseá-los, uma vez que o resultado dos alunos, na
maioria das vezes, tenha sido de grande satisfação.
1
Acadêmico do 7º período do Curso de Licenciatura em Música da Univali.
2
Acadêmico do 7º período do Curso de Licenciatura em Música da Univali.
3
Professora Orientadora da disciplina de estágio supervisionado: Pesquisa da prática pedagógica do 7º período
do Curso de Licenciatura em Música da Univali.
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
METODOLOGIA
Por ser uma pesquisa qualitativa onde os resultados obtidos não são através de fatores
numéricos, e sim sendo interpretados e contextualizados a coleta de dados obtidos se deu por
5
meio da análise da prática pedagógica, utilizando também vídeos, imagens e análise dos
relatórios. Segundo Minayo:
As aulas foram realizadas com uma turma do segundo ano do ensino fundamental,
com duração de 1 hora e 30 minutos. Ficaram divididas em três unidades: a primeira unidade
teve o conteúdo voltado para a introdução dos instrumentos de percussão e em seus aspectos
técnicos como postura, como segurar, onde bater e como produzir sons diferentes de cada
instrumento, tudo para proporcionar uma boa execução durante a prática musical. Na segunda
unidade procurou-se primeiramente desenvolver um entrosamento entre os alunos no que diz
respeito à prática de conjunto, para em seguida construir um repertório e futuramente preparar
uma apresentação. Durante esta segunda unidade, propusemos a atividade de criar símbolos
para uma notação musical alternativa, que deveria ser lida pelos alunos conforme a regência
de um estagiário. A terceira e última unidade consistiu em organizar as peças que tiveram o
melhor resultado durante o semestre, ensaiá-las e por fim realizar uma apresentação.
Diversas atividades musicais e canções foram utilizadas durante as aulas, servindo de
base para explorar alguns conteúdos musicais importantes para um bom resultado sonoro de
todo o grupo como, marcar a pulsação das canções com palmas, tocar em diversas
intensidades e responder aos gestos de regência.
mais ouviam e gostavam. No geral as respostas variaram entre funk, sertanejo universitário,
pagode e música gospel. Na sequência foram apresentados alguns dos instrumentos de
percussão que seriam utilizados durante as próximas aulas como o agogô, o triângulo, bongô,
caxixi, pandeiro, tamborim entre outros. Junto da apresentação dos instrumentos foi feita uma
pequena demonstração do som de cada instrumento e de como deveria ser segurado
corretamente para tocá-lo. Dando continuidade à aula, realizada após, uma atividade de
percepção sonora onde os alunos deveriam fazer silêncio por um determinado tempo para que
pudessem prestar atenção nos diversos sons que rodeavam a sala, tanto dentro da escola
quanto fora. Após a atividade os alunos foram questionados sobre quais sons conseguiram
perceber durante o momento de silêncio, as respostas foram que ouviram crianças gritando,
caminhões nas ruas, pássaros cantando, ar condicionado, apito no ginásio de esportes entre
outros.
Na finalização da aula, os estagiários propuseram uma atividade prática com a sala
dividia em dois grupos. O primeiro grupo deveria, com as mãos fechadas, bater levemente na
mesa fazendo um som grave em um ritmo demonstrado pelos acadêmicos. Enquanto o outro
grupo deveria bater com a palma da mão na mesa fazendo um som agudo em outro ritmo
também demonstrado pelos acadêmicos. Sendo assim possível perceber a junção de duas
células rítmicas repetidas que formaram um único “groove”.
A realização desta aula diagnóstica teve como principal objetivo ter conhecimento do
nível de envolvimento dos alunos com a música. A turma na qual foi proposta está aula já
havia realizado algumas atividades musicais antes, o que deve ser levado em consideração
para o planejamento e desenvolvimento do projeto deste semestre. É sempre importante
aplicar uma metodologia de ensino da música que de alguma forma faça parte do dia a dia dos
alunos em algum nível. Ter conhecimento do gosto musical dos alunos ajuda no julgamento
do que deve ser trabalhado em sala de aula e de como isso deve se relacionar com os
conteúdos musicais e a prática. A partir dos gêneros e instrumentos musicais comuns aos
alunos, é possível propor variações e maneiras diferentes de sua execução, expandindo seus
conhecimentos musicais a partir de assuntos já conhecidos.
[...] auxiliar crianças, adolescentes e jovens no processo de apropriação,
transmissão e criação de práticas músico-culturais como parte da construção
de sua cidadania. O objetivo primeiro da educação musical é facilitar o
acesso à multiplicidade de manifestações musicais da nossa cultura, bem
como possibilitar a compreensão de manifestações musicais de culturas mais
distantes. Além disso, o trabalho com música envolve a construção de
identidades culturais de nossas crianças, adolescentes e jovens e o
desenvolvimento de habilidades interpessoais. Nesse sentido, é importante
que a educação musical escolar, seja ela ministrada pelo professor
7
A atividade final desta primeira unidade foi desenvolver a percepção rítmica dos
alunos de forma que conseguissem rapidamente compreender um pequeno padrão rítmico
tocado por um acadêmico, e em seguida reproduzi-lo em algum instrumento, respeitando a
intensidade e o andamento no qual executado. Conforme o resultado desta atividade de
imitação rítmica, o padrão rítmico tocado ia ficando mais complexo. Após a imitação ser
realizada diversas vezes o acadêmico tocava um último padrão rítmico crescente e terminava
com uma batida forte para finalizar a seção de imitação.
que se movimentam pela partitura, produzindo assim um som grave, médio ou agudo. As
pausas também foram propostas, e outras dinâmicas, como tocar o instrumento com a mão
imitando a chuva, e uma batida única para todo o grupo.
Os instrumentos usados para esta atividade foram: Tamborim, Bongô, Reco-reco,
Chocalho, Caxixi, Agogô e Pandeiro, os quais tiveram sua execução demonstrada por um
estagiário para que os alunos tivessem a oportunidade de aprender a técnica correta para toca-
los.
O processo se desenvolveu positivamente, os alunos compreenderam as atividades
com facilidade e poucos alunos tiveram dificuldade em compreender o que foi proposto, as
dificuldades eram mais por questões de atenção do que propriamente manuseio do
instrumento ou falta de compreensão rítmica. A maioria da turma, tocava à primeira vista os
exercícios propostos, reproduzindo todas as dinâmicas (intensidade das ondas, formas
diferentes de tocar o instrumento percussivo).
Os alunos gostavam das aulas, talvez por ser uma atividade diferente das demais (que
já estão acostumados), sendo assim, prestavam atenção com facilidade e aproveitavam as
atividades para aprender e se divertirem. Em comparação com a partitura tradicional, as
analógicas são mais didáticas para a introdução dos alunos na música, por motivo da
tradicional ser mais complexa no seu entendimento, assim compreende-se que as partituras
não tradicionais podem ser um conteúdo interessante para a preparação dos alunos à chegada
as partituras tradicionais.
Um fator muito importante é a liberdade, os alunos se sentiam livres para fazer do jeito
deles, dentro de algumas regras feitas para as atividades funcionarem. Com essa liberdade
conseguiam fazer as atividades sem pressão, e nitidamente faziam com mais qualidade e
vontade.
Outra consideração a ser feita é que a prática não é uma atividade isolada, para praticar
música em conjunto precisa ter um entendimento entre as partes, de acordo com Swanwick
“[...] muitos educadores musicais certamente acreditam que compor, tocar e escutar são
atividades que se reforçam mutuamente (SWANWICK, 2003, p. 95)”. Os estagiários focaram
nas explicações dos detalhes que acontecem em uma prática em grupo, por exemplo, o
respeito entre os colegas, quando a partitura indica apenas aquele timbre a ser executado,
consequentemente se mantém o resto em silêncio.
Ao iniciar a terceira e última unidade, e a aula reservada para o ensaio geral da
apresentação dos trabalhos realizados durante o semestre, os estagiários tiveram uma breve
conversa com os alunos a respeito do porquê organizar e realizar um evento como este, e
11
como deveríamos nos portar nesta situação. Foi exigida disciplina e concentração para a
realização do ensaio, enfatizando que o desempenho da turma no mesmo seria de extrema
importância para o resultado da apresentação.
Foram revisadas as atividades que fariam parte da apresentação, sendo elas a atividade
de imitação, a canção Maria Fumaça, brevemente trabalhada em algumas aulas e a leitura de
partitura alternativa. Após a breve revisão, foi proposta a execução das três peças uma seguida
da outra, simulando a performance final.
No dia da apresentação, pouco tempo antes da performance ser iniciada, os estagiários
relembraram os alunos dos significados dos símbolos que seriam utilizados na execução da
leitura de partitura alternativa, tendo em vista que o resultado da execução desta peça tenha
sido ineficiente no ensaio geral. Em seguida os alunos saíram da sala e se dirigiram até o lugar
onde iria acontecer a apresentação. Após os alunos serem organizados na formação
previamente estabelecida, um estagiário apresentou a turma e descreveu o cronograma da
apresentação com as três peças que seriam executadas. A primeira peça era a canção da Maria
Fumaça seguida da atividade de imitação rítmica. Para finalizar a apresentação os alunos e a
plateia foram encaminhados para uma sala onde havia um quadro branco, no qual escrita a
partitura alternativa para a execução da última peça. A partitura lida pelos alunos como no
ensaio sob a regência de um estagiário, assim finalizando a apresentação.
A realização deste ensaio serviu como um momento de organização e fixação das
peças desenvolvidas durante o semestre, mas principalmente como uma simulação da
apresentação final. Foram estabelecidas algumas regras para possibilitar a prática de um
ensaio geral e de uma apresentação bem organizadas, como prestar atenção aos sinais de
regência do estagiário para iniciar e terminar as peças, fazer completo silêncio antes de iniciar
uma peça e cantar com certa intensidade que possibilite a audição de toda a plateia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na finalização deste trabalho de estágio, foi possível perceber a evolução dos alunos
tanto em questões musicais, como na coordenação motora para a execução dos instrumentos,
em relação às propostas e regência dos estagiários, e até mesmo nas relações sociais. Como
professor é necessário estabelecer objetivos, e ao longo das atividades entender possíveis
dificuldades dos alunos, sempre com um certo nível de adaptabilidade em sua metodologia,
para assim facilitar o desenvolvimento da turma.
Foram satisfatórias as atividades das aulas, mas temos a preocupação de como o aluno
está interpretando estes exercícios, se ele consegue enxergar essa dinâmica em um
instrumento ou em alguma música. Assim focamos em explicar que as propriedades sonoras
estão presentes em toda forma de música, e que elas são utilizadas para vários efeitos e
intenções.
Observamos a importância de explicar o “respeito”, que é essencial em uma prática em
grupo, e trazer à aula conceitos como a prática da gentileza, que deve existir em qualquer
situação em grupo, só assim poderemos nos organizar e obter um resultado bom daquilo que
se está pretendendo fazer.
Perante as dificuldades na execução de algumas atividades, os estagiários conversaram
com outros colegas que também tiveram a mesma dificuldade nesse tema “altura”, com seus
13
alunos. Cabe a nós futuros professores pesquisar e elaborar outras estratégias para conseguir
chegar ao objetivo dessa aprendizagem.
Em todas as atividades propostas percebemos agilidade dos alunos. Deveríamos ter
dificultado as atividades, mas como não sabíamos que iriam compreender e reproduzir de
forma fácil fez-se o que foi planejado. A criança de segunda serie já têm um grande potencial
de entendimento e autonomia. Mesmo sem educação musical ou qual quer experiência com a
música, com atenção e vontade, conseguem fazer as atividades propostas facilmente.
Na segunda unidade, os alunos aprenderam a ler e tocar ao mesmo tempo, um desafio
para sua idade. A importância de enxergar como os alunos conseguiram criar independência
para tocar os instrumentos de percussão e ler a partitura analógica ao mesmo tempo, é algo
para se manifestar. Como não estavam sendo avaliados diretamente e de forma sistemática a e
tradicional, nitidamente conseguíamos ver sua rápida evolução e curtição.
As aulas fluíram de forma positiva, até melhor do que tínhamos planejado. Os alunos
são inteligentes e conseguem aprender com agilidade e rapidez. Conseguimos enxergar a
importância que é, tornar uma atividade lúcida através de exemplos musicais sonoros. Quando
os alunos compreendem como a atividade deve ser feita, o interesse faz com que usem de seu
intelecto, criatividade e vontade para tornar a atividade fluida e divertida.
Poder mostrar algo novo e concreto para os alunos, é essencial na formação e
necessário para o crescimento deles. Apresentar diferentes ambientes proporciona novos
desejos e até sonhos. Trazer significado para aquilo que eles estavam aprendendo o semestre
inteiro, fez com que aceitassem e enxergassem a importância do ensino. Os alunos ficaram
totalmente à vontade com a apresentação. A música percussiva traz liberdade para quem está
aprendendo e quem está ensinando. Eles entenderam que a apresentação não é uma questão de
erro e acerto e qual grupo pontua mais, mas sim poder compartilhar com o público, novas
experiências, novos caminhos, diferentes maneiras de se aprender e de se divertir.
REFERÊNCIAS:
DEL BEN, Luciana; HENTSCHKE, Liane (Org.). Ensino de música: propostas para agir e
pensar em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003.
ELIA e SAMPAIO. O planejador de pesquisa-ação, 3. Ed. Victoria: Universidade Deakin.
2001.
14
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 23ª ed.
Petrópolis: Vozes, 1994.
PAIVA, Rodrigo Gudin. Percussão: Uma abordagem integradora nos processos de ensino e
aprendizagem desses instrumentos. 2004. 151 f. Dissertação (Mestrado em Música) –
Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, SP, 2004.
PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Tradução de Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria
Ribeiro da Silva. São Paulo e Rio de Janeiro: Editora Forense, 1970.
RABAIOLLI, Souza, Aparecida, Maria. A Pedagogia de Jesus. Arapongas: Aleluia, 2016.