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INTRODUÇÃO

Nesta apostila. Abordaremos alguns assuntos muito importantes na história do nosso Brasil.
Falaremos sobre alguns conflitos internacionais como a participação do Exército Brasileiro na 1ª e 2ª
Guerras Mundiais, as causas da guerra e suas conseqüências para o Brasil e o mundo.
Falaremos também sobre os conflitos ideológicos e a participação do Exército Brasileiro na
Intentona de 1935 e a Revolução Democrática de 1964; e da participação do Brasil nas missões de paz
internacional, citaremos missões já cumpridas pelo Exército Brasileiro e missões em andamento.

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I GUERRA MUNDIAL (1914 – 1918)

ANTECEDENTES DO CONFLITO

O assassínio do Arquiduque Francisco-Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, a 28 de


junho de 1914, em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, motivou a explosão de um processo que
se vinha formando na península balcânica desde o princípio do século e no qual estavam envolvidos
também conflitos de interesses entre grandes potências européias. O crime foi atribuído a uma conjura
urdida na Sérvia, à qual a Áustria então enviou um ultimato em 23 de julho, fazendo exigências
descabidas e ofensiva à sua condição de Estado livre e soberano. Não obstante, inclinava-se o governo
sérvio a aceitar algumas das condições impostas, quando o ambiente se tumultuou com a intervenção
de outros governos aparentemente interessados na questão em razão da vigência de tratados que
mantinham com os litigantes.
No dia 26 de julho, a Áustria, mudando bruscamente sua atitude conciliatória, declarou guerra
à Sérvia, precipitando os acontecimentos. No dia seguinte, a Rússia mobilizou em parte os seus
exércitos, como resposta aos movimentos das forças austríacas na fronteira da Galícia, e a Alemanha
exigiu do governo de Moscou o fim da mobilização e dos preparativos militares. A 1º de agosto, os
alemães iniciaram o estado de beligerância contra os russos. Dois dias depois estendeu-se à França, a
pretexto de que aviões franceses haviam lançado bombas sobre Nuremberg e Carlsruhe. Com a
violação da neutralidade do Luxemburgo e da Bélgica no dia 4 pelas tropas alemãs em marcha para a
França, a Inglaterra também entrou no conflito. O quadro da guerra ficou assim definido: de um lado a
Alemanha e a Áustria; de outro a Rússia, a França, a Inglaterra, a Bélgica, a Sérvia, o Montenegro e o
Japão.
As operações militares desenrolaram-se em terra, no mar e pela primeira vez, no ar, em
território belga, e estenderam-se pela França, pela Europa oriental, pela Ásia Menor e pelo Extremo
Oriente, até que em abril de 1917 os Estados Unidos da América, reagindo à campanha submarina
indiscriminada dos germânicos contra os navios de nações neutras, entraram na guerra com o peso de
sua riqueza, de sua atividade, de sua organização e de seu prestígio.

O BRASIL E O CONFLITO

Fiel à Convenção de Haia, o governo brasileiro estabelecera sua conduta de nação neutra. Esta
situação estabelecia para nós o direito de sermos respeitados pelas potências em guerra. Nosso país
mantinha com os povos teutônicos cordiais relações iniciadas ainda no período colonial. O primeiro ato
diplomático fora assinado em 8 de abril de 1815 – um tratado de aliança entre Portugal e Prússia. Já
independente, firmara o Brasil em 1827 com esse país um tratado de comércio. A 29 de novembro de
1890 reconhecia a Alemanha a República brasileira. Finalmente, estabelecera-se uma convenção postal
em 1910.
Uma proclamação alemã que restringia a liberdade marítima dos países neutros sensibilizou a
opinião pública brasileira e propiciou a decisão de dar apoio à causa aliada.
Cada vez mais se complicavam os problemas oriundos da guerra. Embora partidário da
neutralidade absoluta, o Presidente Wenceslau Braz não podia permanecer indiferente quando se
multiplicavam as provas de intervenção subreptícia da Alemanha, com violações dos portos nacionais

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para reabastecimento de cruzadores disfarçados em navios mercantes, incentivo a greves operárias e
tentativas de mobilização das colônias povoadas por elementos de origem germânica.

ROMPIMENTO DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS E DECLARAÇÃO DE GUERRA DO


BRASIL.

No dia 3 de abril de 1917, o Brasil foi atingido inopinadamente por uma agressão, quando às
23:30 horas, navegando no Canal da Mancha a cerca de 10 milhas de costa ocidental da França, o navio
mercante brasileiro Paraná, de 6 mil toneladas, pertencente à Companhia Comércio e Navegação, foi
torpedeado e posto a pique. Na ocasião o navio ia em marcha reduzida, com todas as luzes
regularmente acesas, ostentando em lugar iluminado e bem visível o nome de nosso país, com a
bandeira nacional e o distintivo da empresa proprietária içados, como é de praxe entre os navios
neutros. Depois do torpedeamento ainda foram disparados cinco tiros de canhão sobre a embarcação.
Nossas relações diplomáticas com a Alemanha foram interrompidas a 11 de abril, porém
mantida a neutralidade. A fim de evitar qualquer dúvida, o governo brasileiro, em nota enviada a todos
os países, caracterizou sua linha de ação:
“(...) Se até agora a relativa falta de reciprocidade por parte das repúblicas americanas tirava à
doutrina de Monroe o seu verdadeiro caráter, permitindo uma interpenetração menos fundada das
prerrogativas de sua soberania, os acontecimentos atuais, colocando o Brasil, ainda agora, ao lado dos
Estados Unidos, em momento crítico da história do mundo, continuam a dar à nossa política externa
uma feição prática de solidariedade continental, política, aliás, que foi também a do antigo regime, toda
vez que tem estado em causa qualquer das demais nações irmãs e amigas do continente americano.
(...)·"
Outros navios mercantes nacionais foram torpedeados, como o Tijuca, o Macau, o Acari, o
Guaíba e o Tupi, o que levou o Congresso, de pleno acordo com o Executivo, a reconhecer pelo
Decreto nº 3.361, de 26 de outubro de 1917, o estado de guerra entre a Alemanha e o Brasil. Enfatizou-
se a colaboração do Brasil com os Aliados. Votaram-se imediatamente medidas que decorriam da nova
situação.
Além das circunstâncias materiais que forçaram o curso da política do Brasil, antigas normas
diplomáticas, muitas ditadas por Rio Branco, aconselhavam o governo a agir dessa maneira. Integrava-
se o nosso país, com essa atitude histórica, ao lado dos que já vinham se batendo por dias melhores
para a humanidade. Rui Barbosa foi um dos que enfatizou a necessidade de definição do governo
brasileiro diante das agressões sofridas. Em um de seus discursos afirmou: "A luta, inicialmente,
circunscrita entre os impérios centrais e um certo número de Estados europeus, perde o seu caráter
primitivo para assumir o aspecto de um conflito declarado entre os princípios da democracia moderna e
os princípios da velha autocracia condenada."

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA GUERRA.

Com a autorização do Congresso Nacional, o Presidente Wenceslau Braz abriu os portos


brasileiros aos navios de guerra das nações aliadas. O Brasil assumiu também o encargo de com a nossa
Esquadra, patrulhar o Atlântico Sul, diminuindo os encargos das Marinhas amigas. Essa colaboração,
entretanto, era limitada, face às necessidades de guerra e às nossas possibilidades. Sabia-se que os
meios de transporte marítimo constituíam naquela ocasião um dos problemas vitais para os nossos
aliados. Agindo dessa forma, livre e espontaneamente, quis o Brasil patentear, em ato inequívoco, o

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propósito franco e leal de dar não só solidariedade moral, mas também oferecer a participação material
naquilo que se afigurava de grande utilidade para eles – o auxílio em meios de transporte marítimo.
Por outro lado, enquanto uma parte de nossa Marinha realizava o patrulhamento da orla
marítima, durante dois anos, aproximadamente, a Divisão Naval em Operações de Guerra seguia, em 7
de maio de 1918, para os mares europeus para incorporar-se à Esquadra britânica em Gibraltar. Em 9 de
agosto atingiu Freetown, permanecendo 14 dias neste porto, quando então os homens começaram a
adoecer com o vírus da gripe espanhola. No dia 26 a Divisão entrou no porto de Dacar, nele
permanecendo até 3 de novembro. A força naval era comandada pelo Contra-Almirante Pedro Max
Fernando de Frontin e integrada pelos seguintes vasos de guerra: cruzadores Rio Grande do Sul
(capitânia) e Bahia: contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina: tender
Belmonte; rebocador de alto mar Laurindo Pitta.
Com isso, no campo militar, realizava-se o primeiro esforço naval fora de águas sul-
americanas. Além dessa participação, o Brasil enviou um grupo de aviadores navais que, partindo para
a Inglaterra em janeiro de 1918, ali começou treinamento intensivo, participando, a seguir, de missões
de combate, juntamente com os pilotos ingleses da Royal Air Force. O grupo era constituído de um
capitão-tenente e sete tenentes da Marinha de Guerra e do Tenente Aliatar de Araújo Martins, do
Exército.
Ademais, aviadores brasileiros serviram em unidades francesas e britânicas, tendo muitos
deles perdido a vida. Não se deve esquecer que oficiais de nosso Exército foram incorporados a vários
regimentos franceses da linha de frente, onde muitos se distinguiram em combate, entre os quais o Gen
José Pessoal Cavalcante de Albuquerque que, ainda tenente, comandou um pelotão do 4º Regimento de
Dragões do Exército francês. Muitos tiveram os nomes citados em ordens do dia e foram agraciados
com condecorações aliadas.
Mobilizou-se também um grupamento médico com a finalidade de instalar um hospital para
tratamento de feridos de guerra na França.

MISSÃO MÉDICA

Fig. 1 - A Missão Médica despede-se do Presidente Wenceslau Braz, no Palácio do Cadete.

A Missão Médica especial era chefiada pelo Dr. Nabuco Gouveia e orientada pelo General
Napoleão Aché; operaria subordinada ao comando único dos exércitos aliados. A Missão partiu com 86

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médicos, a 18 de agosto de 1918. Em Paris, incorporaram-se mais seis médicos, que nesta cidade se
encontravam em caráter particular, no Hospital Franco-Brasileiro mantido pela colônia brasileira
daquela cidade. Com exceção de cinco médicos do Exército e cinco outros da Marinha de Guerra, todos
os demais eram civis convocados e comissionados em diversos postos. Integravam-na ainda 17
acadêmicos de medicina e 16 outros elementos, entre farmacêuticos, pessoal de intendência, de
secretaria e contínuos, além de 30 praças do Exército indicados para constituir a guarda do Hospital
Brasileiro instalado na capital francesa, na rua Vaugirard, para atender os feridos evacuados da frente
de batalha.
Com a epidemia de gripe que assolava a França, todos os planos para o aproveitamento de
nossa Missão Médica foram mudados radicalmente. O governo francês receava que a epidemia
atingisse a retaguarda e desta forma ficassem sem apoio as frentes de batalha, o que evidentemente
causaria o colapso da resistência aliada. A França convocara 700 médicos para combater a doença no
interior do país. Os brasileiros seguiriam o mesmo destino dos médicos franceses.
A Missão Médica foi extinta em fevereiro de 1919; o Hospital ainda atuou por seis meses sob
a responsabilidade dos brasileiros. Nesta oportunidade, o governo brasileiro doou as instalações e
material para a Escola de Medicina da Universidade de Paris.

ARMISTÍCIO

Depois de fulminante contra-ofensiva dos exércitos aliados conduzidos pelo Marechal


Ferdinand Foch, os alemães foram recalcados até a fronteira da França e dos Flandres belgas. A
Alemanha, que enfrentava sérias dissensões internas, teve de render se e assinar o Armistício (acordo
que suspende temporariamente uma guerra) a 11 de novembro de 1918.
O Brasil havia cooperado para a vitória final. Após o armistício, o governo ordenou o regresso
da Divisão Naval, da Missão Médica e dos demais elementos deslocados para a Europa e que em sua
totalidade haviam sido voluntários, desmobilizando-os em seguida.
Embora modesto em quantidade, o nosso concurso à causa aliada foi bastante significativo.
Externamente o Brasil, pela primeira vez em sua história, lutou ao lado das nações mais poderosas do
mundo, revelando a capacidade de atuar em pé de igualdade com elas. Internamente houve uma
melhoria na imagem das Forças Armadas e ampliou-se a idéia de nação armada e de cidadão-soldado,
no sentido da proclamação que Olavo Bilac fizera em 1915.
"A caserna é uma escola. Sendo soldados, sereis cidadãos."

II GUERRA MUNDIAL (1939 – 1945)

CAUSAS DA II GUERRA MUNDIAL

A extensão geográfica de nosso território (quinto maior do mundo) e sua posição geopolítica
debruçada sobre o Oceano Atlântico, com uma costa de quase 8.000 km, não nos permitiram manter
ilesa nossa soberania e nos conservarmos ausentes de participação nos dois últimos grandes conflitos
bélicos que abalaram o mundo.

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Na 1ª Grande Guerra (1914-1918) após o afundamento de três navios mercantes brasileiros
pelos submarinos alemães, decidiu o governo de Wenceslau Brás transformar nossa declaração de
neutralidade em estado de guerra.
Preparou-se a Nação para honrar a posição drástica assumida, para a qual em espírito estava
estimulada graças, principalmente, à pregação veemente que vinha fazendo Ruy Barbosa em defesa da
causa aliada. Uma divisão naval, uma missão médica e um grupo de oficiais do Exército e da Aviação
Militar, esta recém-criada, partiram para o front a fim de marcar a nossa presença no teatro de
operações. Pequena contribuição bélica mas bela afirmação de adesão às democracias aliadas e de
repudio às agressões sofridas.
Por ocasião da 2ª Guerra Mundial o Brasil foi atingido mais profundamente pela violência
bélica dos submarinos dos poderes nazi-facistas. Nossa participação no conflito bélico foi precedida da
tomada pelo Governo brasileiro de medidas no campo diplomático visando a honrar o compromisso
assumido por ocasião da III Reunião de Consulta dos Ministros de Relações Exteriores das Repúblicas
Americanas, realizada no Rio de Janeiro e encerrada a 28 de janeiro de 1942. Nessa oportunidade,
cumprindo o acordo firmado com as nações do Continente, o Brasil rompeu relações diplomáticas com
as potências do Eixo: Alemanha, Itália e Japão.

Fig. 1 - A bordo do Gen. Mann, os pracinhas a caminho da Itália.

Esta atitude diplomática do Governo brasileiro, assumida em nome da solidariedade do


Continente Americano ante à ameaça nazinipo-fascista provocou uma reação violenta do Governo de
Berlim. Em 15 de junho de 1942, Adolph Hitler, em reunião com o Almirante Reader, decidiu
desencadear uma ofensiva submarina contra a navegação marítima nas costas brasileiras. Para esta
missão foi destacada uma flotilha de submarinos sendo 8 de 500 toneladas e 2 de 700 toneladas.
Partindo da costa da França ocupada, essa fIotilha foi reabastecida já próximo à nossa costa pelo
submarino-tanque U-460.
Em seguida, começou a ação corsária dos submarinos alemães e, possivelmente, alguns
italianos do governo fascista de Benito Mussolini. Em dois dias, de 15 a 17 de agosto de 1942, cinco
navios mercantes brasileiros foram torpedeados e afundados, a poucas milhas de nossa costa.
Seguiram-se outros ataques que afundaram 31 barcos mercantes brasileiros. Era a guerra não declarada,
era a violência, a pretexto de responder a um ato diplomático de rompimento de relações.

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Era o Brasil, em 1942, um país já mais expressivo na balança do poder do que o Brasil de 1917.
Nossa resposta teria que ser mais forte, como foi. Reagindo às agressões militares sofridas o Governo
brasileiro, a 22 de agosto de 1942 declarou guerra à Alemanha e Itália. A Nota Ministerial comunicando
a Declaração de Guerra aos governos de Berlim e Roma foi firmada pelo Embaixador Oswaldo Aranha,
Ministro de Relações Exteriores.
Em seguida, o governo de Getúlio Vargas decretou estado de guerra em todo o território
nacional e foi determinada a mobilização geral do país.
Vou apresentar um resumo do que significou o esforço de guerra realizado pelo nosso país por ocasião
da 2ª Guerra Mundial, particularmente no tocante à participação de nossas Forças Armadas nas
operações militares.

A PREPARAÇÃO DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

Pensou-se, inicialmente, em formar uma Força Expedicionária constituída por um Corpo-de-


Exército, a três Divisões de Infantaria, com efetivo aproximado de 60.000 homens. A 1ª Divisão de
Infantaria Expedicionária - 1ª DIE seria constituída com unidades da 1ª Região Militar (Rio de Janeiro),
2ª RM (São Paulo) e 4ª RM (Minas Gerais), com previsão de que as seguintes seriam formadas no
Nordeste e no Sul.
Somente quase um ano depois de declarada a guerra foi emitido o primeiro ato de efetiva
criação da força expedicionária - a Portaria Ministerial nº 47-44, de 9 de agosto de 1943, que
estabeleceu as primeiras normas gerais de estruturação da 1ª DIE, e, no mesmo dia, o Ministro da
Guerra, General João Eurico Gaspar Dutra, formalmente, convidou o General-de-Divisão João Baptista
Mascarenhas de Moraes para comandá-la, convite imediatamente aceito.
Grande-unidade básica da Força Terrestre, a Divisão de Infantaria era, na organização
americana daquele tempo, constituída, essencialmente, por três regimentos de infantaria, formados,
cada um, por três batalhões, igualmente integrados por três companhias de fuzileiros. A essa
organização rigidamente ternária correspondiam os indispensáveis apoios de artilharia e engenharia,
capazes de incrementar a potência de fogo e a capacidade de movimento da infantaria. Na composição
da 1ª DIE adotou-se critério mais político do que militar, pois em vez de adaptar-se, como um todo,
umas das divisões já existentes, preferiu-se formar uma mescla de unidades aquarteladas no Rio, em
São Paulo, Minas Gerais e em Mato Grosso. Assim, o 1º Regimento de Infantaria - 1º RI - tinha sede no
Rio, o 2º em Caçapava (SP) e o 3º em São João DeI Rei (MG). Dos três grupos de obuses auto-
rebocados, de 105 mm, destinados ao apoio direto de cada regimento, dois se formaram no Rio e o
terceiro em Quitaúna, São Paulo. O grupo de artilharia pesada, destinado preferentemente às ações de
conjunto da Divisão formar-se-ia pela transformação do Grupo-Escola de Artilharia, estacionado em
Deodoro, no Rio de Janeiro. E o 9º Batalhão de Engenharia foi organizado em Aquidauana, . Mato
Grosso. Cumpre, porém, notar que a 1ª DIE não foi integrada, apenas, por cariocas, paulistas, mineiros
e mato-grossenses, pois, para manter o efetivo de cerca de 25.000 homens que compuseram a 1ª DIE e
seus órgãos complementares, foram convocados brasileiros de toda a parte, havendo passado por
exigente inspeção de saúde contingente muitas vezes maior.
Os últimos meses de 1943 foram utilizados na tomada de inúmeras providências,
principalmente movimentação de oficiais da ativa, convocação de oficiais da reserva e reservistas,
transformação de efetivos e adaptação da instrução militar aos métodos e processos preconizados pela
doutrina militar do Exército dos Estados Unidos, com a ajuda de um grupo de oficiais norte-americanos
e o envio de oficiais brasileiros para estágios intensivos no exército aliado.

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Fig.2 - Roosevelt e Getúlio, atrás, de chapéu, durante o encontro de Natal, em fevereiro de 1943.
Em princípios de dezembro de 1943, antes mesmo de ser nomeado Comandante, o general
Mascarenhas de Moraes acompanhado de brilhante comitiva de oficiais brasileiros e americanos,
visitou o norte da África e a Itália, onde se deteve nas frentes de combate. Lá estavam a seu lado, entre
outros, o General Anor Teixeira dos Santos, o Coronel Médico Emanuel Porto, o Tenente-Coronel
Ademar de Queiroz, o Major Aguinaldo Senna Campos, e os Coronéis Aviadores Vasco Secco e Nelson
Lavanère-Wanderley. Entre os americanos, havia o Capitão Vernon Walters, um extraordinário
poliglota que, depois da guerra, ficaria famoso por suas "missões silenciosas", a serviço dos Estados
Unidos, em diversos países, inclusive no Brasil, a que se ligou de forma extremamente afetiva. Com
essa proveitosa viagem se definia o teatro de operações onde os brasileiros iriam operar.
Iniciando, em janeiro de 1944, sua ação de comando, Mascarenhas providenciou a concentração
de todas as unidades da 1ª DIE na área do Rio de Janeiro, utilizando-se de aquartelamentos já existentes
e de acantonamentos preparados para esse fim.
Na segunda quinzena de março se ultima a concentração. Constatada a inexistência de
especialistas para um gama enorme de funções militares previstas na organização americana, fazem-se
convocações especiais e cursos de emergência no Centro de Instrução Especializada, então criado para
atender as necessidades da FEB. De abril a julho, intensificou-se a preparação militar, realizada com
uma série de restrições, inclusive por carência do material bélico com que iria combater. A 24 de maio
de 1944, a 1ª DIE realizava um grande desfile pelo centro da cidade, em uma espécie de despedida,
posto que já havia sido alertada sobre a possibilidade de viagem para além-mar, na segunda quinzena
de junho, de um primeiro escalão de tropas.
Para assegurar o sigilo do embarque, o estado-maior da 1ª DIE preparou um plano de manobras,
em que durante o provável período de chegada do transporte de guerra, a Divisão, subdividida em três
grupamentos táticos, formados à base de cada um dos regimentos, partiria para as regiões de Santa
Cruz, Nova Iguaçu e Recreio dos Bandeirantes, áreas destinadas a seus respectivos exercícios. Na noite
de 29 para 30 de junho, os grupamentos 1 e 3 seguiram para seus destinos, mas o segundo, formado à
base do 6º RI, dos paulistas de Caçapava, seguia, de trem, para a área do Cais do Porto. Na noite de 30
de junho, o Presidente Vargas despedia-se dos expedicionários a bordo do "General Mann" que, na
manhã do dia 2 de julho, zarpava com destino a Nápoles na Itália, escoltado, até Gibraltar, por navios
de guerra nacionais e norte-americanos. Os outros dois terços da 1ª DIE, os grupamentos táticos

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formados à base do 1º e 11º RI viajaram para o teatro de operações, a 22 de setembro de 1944, no
"General Mann" e no "General Meigs", respectivamente, constituindo o que se chamou o 2º e o 3º
escalões de embarque. Outros dois escalões, o 4º e o 5º, seguiram, a 23 de novembro de 1944 e a 8 de
fevereiro de 1945, conduzindo as duas partes do Depósito de Pessoal da FEB, unidade de
recompletamento de pessoal indispensável em campanha.
Somente na Itália puderam os três grupamentos táticos da 1ª DIE receber o equipamento bélico
com que iriam lutar e realizar seu adestramento final. Chegando a Nápoles a 16 de julho, o 1º Escalão
dirigiu-se, inicialmente, para o estacionamento de Agnaro, no subúrbio napolitano de Bagnoli,
deslocando-se, entre 1 e 5 de agosto, para a região de Tarquínia, onde foi incorporado ao V Exército
norte-americano, e daí para Vada, para submeter-se a intenso treinamento final.
Os grupamentos táticos formados pelo 1º e 11º RI chegaram a Nápoles no dia 6 de outubro e aí
prosseguiram viagem, também por via marítima, até Livorno, em 55 LCI, embarcações de
desembarque adequadas a operações de invasão. Essa viagem, extremamente penosa devido a forte
tormenta, teria levantado a suspeita, nos serviços de informações alemães, de que se tratasse de uma
nova operação de desembarque, destinada ao sul da França ou mesmo ao golfo de Gênova. De Livorno,
a parte maior da 1ª DIE seguiu, em caminhões, para o estacionamento da Quinta Reale de San Rossore,
perto de Pisa, e daí para a área de Filétole, a fim de ultimar seu adestramento.
A 19 de agosto, depois de assistir à invasão do sul da França, o Primeiro-Ministro Winston Churchill
visitou tropas do V Exército, em Cecina, onde, identificando soldados brasileiros, referiu-se
elogiosamente à participação do Brasil na guerra.

O TEATRO DO MEDITERRÂNEO

Ao chegar à Itália, em julho de 1944, o 1º escalão da FEB se incorporara ao V Exército,


comandado pelo General Mark Clark, no final da ofensiva que, desde a queda de Roma, se fazia no
encalço de um inimigo em retirada para o norte. Depois da tomada de Livorno, Pisa e Siena, o V
Exército perdera o VI Corpo Americano e o Corpo Expedicionário Francês, levados para a invasão do
sul da França, no rumo da Provença. Desfalcado o V Exército de algumas de suas melhores tropas, a 1ª
DIE chegava em hora crítica, de extrema escassez de efetivos. Chegava na hora em que as operações na
península italiana deixavam de ser as principais do Teatro de Operações do Mediterrâneo, pois estava
claro que a sorte da guerra seria decidida na França, já invadida pelo sul. Ao V e VIII Exércitos, norte-
americano e britânico, do lado do Tirreno e do lado do Adriático, cumpria fixar as forças alemãs que
ainda combatiam na Itália e impedi-las de reforçar as frentes principais, cumprindo esclarecer que os
efetivos em confronto já não eram desiguais e que o propósito de "fixar" pressupõe a permanência da
atitude ofensiva.
Foi nesse quadro que a FEB participou das ações a seguir relatadas. Para melhor compreensão
do que foi a luta dos nossos pracinhas, deve-se preliminarmente afirmar que a carência de recursos
humanos na frente italiana depois da transferência de experientes tropas para o sul da França e o
imperativo de nossa permanência na frente de combate impuseram-se operações difíceis, em terreno e
clima ingratos, e, não raro, com mínimas possibilidades de êxito. Sempre em ação guarnecendo setores
acima das possibilidades de seus meios, jamais atacando com a Divisão inteira na potencialidade de
seus três regimentos de infantaria, antes fazendo prodígios, conseguindo dispor de atacantes com o
sacrifício e o risco dos defensores, o comando brasileiro não se poderia permitir veleidades de brilho
operacional, e teria de ser o que foi: bom senso antes, equilíbrio e poupança sempre, nunca
bonapartismo e aventura. Daí o dizer-se que, para nós, a Campanha da Itália, sobre ser uma guerra de

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montanha, foi uma guerra de Sargentos, de Tenentes e de Capitães. E daí ter sido o soldado, o nosso
querido e anônimo pracinha, o seu herói maior.
Também uma palavra preliminar sobre o direto acompanhamento das operações pela nossa
imprensa, no trabalho de seus correspondentes de guerra. Para melhor compreender sua atuação é
preciso ter em vista, além das limitações já assinaladas, que não tínhamos qualquer experiência nesse
tipo de função, para a qual ninguém se prepara antecipadamente, e que, por outro lado, não havia, de
parte de nossas tropas, a necessária capacidade para integrar, os correspondentes ao conjunto, corno se
eles também fossem combatentes. O êxito de homens como Joel Silveira, Rubem Braga, Egydio
Squeff, José Barreto Leite e Raul Brandão resultou, assim, tão-somente, de seu talento jornalístico e
literário, de sua sensibilidade e de seu valor humano, e, acima de tudo, da total consagração à causa por
que lutávamos. Em verdade, foram mais cronistas do que correspondentes de guerra.
Há que dizer-se, ainda, que o noticiário de guerra é sempre mais farto na guerra de movimento,
quando há avanços significativos a assinalar, desbordamentos e cercos, quedas de cidades, grande
número de prisioneiros, situações em que geralmente não é tão penosa a vida do combatente. Ao
contrário, quando as frentes se estabilizam e não andam, diante de posições fortificadas, nos entreveros
das patrulhas de combate, geralmente não há notícias a publicar nos jornais. E, no entanto, o dever bem
cumprido no posto defensivo, que ninguém sequer veio a saber, ou o sacrifício do avião bombardeiro,
atingido em silêncio, no fragor dos arrebentamentos de suas próprias bombas, pode ter feito pela causa
comum o mesmo que o espetacular avanço de uma coluna blindada.

A FASE INICIAL DAS OPERAÇÕES

Como o grupamento tático formado pelo 6º RI houvesse chegado à Itália quase três meses antes
da maior parte da 1ª DIE, tornou-se impositivo fazer a FEB atuar, inicialmente, com apenas um terço
de sua força operacional. O grupamento passou a chamar-se Destacamento FEB, sob o comando do
General-de-Brigada Euclydes Zenóbio da Costa, diretamente subordinado ao 4º Corpo-de-Exército
norte-americano.
Na noite de 15 para 16 de setembro, substituindo um batalhão americano que perdera o contato
com o inimigo, o Destacamento FEB inicia suas operações em clima de marcha para o combate.
Embora começássemos a operar em fase extremamente favorável, diante de inimigo rarefeito e em
retirada, devíamos atuar, em uma larga frente, a cavaleiro do divisor de águas entre o mar Tirreno e o
rio Serchio, em terreno acidentado e rochoso, em que teríamos de reencontrar o contato com o inimigo
a fim de garantir segurança ao flanco oeste do V Exército.
Atuando com muita prudência e certa lentidão, devido ao compreensível nervosismo de
combatentes estreantes, os dois batalhões de 1º escalão, o 1º e o 2º do 6º RI, atingiram na jornada de 16
de setembro de 1944 a linha Monte Comunale - Il Monte, tendo se apossado de pequenas localidades,
chamadas Massarosa, Bozzano e Quiesa, inquietados apenas por esporádicos fogos de artilharia
inimiga. Atuando com espírito ofensivo e, aos poucos, ganhando velocidade, a tropa brasileira foi
avançando para o norte, sem maiores dificuldades, até obter seu primeiro êxito de alguma expressão ao
apossar-se, a 18 de setembro, da cidadezinha de Camaiore, de cerca de 5.000 habitantes, sob forte
oposição de fogos de artilharia e morteiros, e levando de roldão pequenas resistências. Avançara sobre
Camaiore um destacamento especial, formado por pelotões de fuzileiros e metralhadoras, de
reconhecimento e de carros de combate norte-americanos, comandado pelo Capitão Ernani Ayrosa da
Silva.

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Na jornada do dia 20, nas ações de estreitamento do contato, fizemos os primeiros prisioneiros e
sofremos nossas baixas iniciais. Depois de perdermos cerca de seis dias diante do Monte Prano,
tomamos posse da elevação e começamos a infletir para o vale do rio Serchio, que bem se prestava à
ação retardadora realizada pelos alemães. Seguiu-se, já na nova zona de ação, a captura das localidades
de Fornachi, Barga e Gallicano e, afinal, o ataque a San Quirico e Lama di Sotto, realizado na jornada
de 30 de outubro, e cuja posse por nossas forças constituíra uma ameaça a Castelnuovo di Garfagnana,
por onde passava uma transversal rodoviária de importância vital para a movimentação das reservas.
Depois do ataque difícil mas bem sucedido, sofremos, na madrugada de 31 de outubro, poderoso
contra-ataque, empreendido por forças especiais. Extenuados pelas longas marchas em terreno
montanhoso e já tendo se habituado a enfrentar adversários sempre em retirada, nossos homens não
tomaram as medidas de segurança necessárias à consolidação de posições recentemente conquistadas,
sendo surpreendidos pela aparição de soldados alemães que ainda não tinham visto, pois se tratava de
combatentes de elite, reservados para as ações de contra-ataque. Além de cedermos terreno, voltando às
posições iniciais de onde partíramos, tivemos a lamentar a primeira perda em nosso quadro de oficiais,
com a morte do Tenente José Maria Pinto Duarte. Terminavam ali as operações do Destacamento FEB,
nas quais tivemos 290 baixas e conseguimos o saldo positivo de 40 km de vitoriosos avanços, de 208
prisioneiros capturados e de uma experiência que haveria de servir-nos para o resto da campanha.

NO VALE DO RIO PEQUENO

No dia 30 de outubro de 1944, o General Mark Clark, reunido no Passo de Futa (40 km ao Sul
de Bolonha), discutiu com os seus comandantes de corpos-de-exército e divisões a situação do V
Exército e as futuras operações. Tendo em vista as enormes dificuldades que vinha encontrando,
especialmente na frente do II Corpo, pela fraqueza de seus efetivos diante da reação ainda vigorosa do
inimigo, resolvera suspender temporariamente a investida sobre Bolonha, reajustar o dispositivo geral
de suas forças de forma a descansar as divisões do II Corpo, retirar a divisão brasileira do vale do rio
Serchio e levá-la para o vale do pequeno rio Reno, a cavaleiro da estrada 64. Pretendendo retomar a
ofensiva ainda em dezembro, antes da chegada do inverno, atribuía ao IV Corpo, a que pertencíamos, o
encargo de realizar operações preliminares para melhorar as condições de partida da ofensiva geral.
Para cumprir as novas missões, o General Mascarenhas assumiu o comando de todas as tropas
de sua Divisão, a 1 de novembro, desfazendo, então, o Destacamento FEB que, entre os dias 4 e 9,
trocou a frente de combate de Castelnuovo di Garfagnana pelo setor situado entre os rios Reno e
Panaro.
Plantada nos contrafortes da cordilheira, entre o paredão das montanhas e a costa do Adriático, a
cidade de Bolonha é a grande porta de acesso à riquíssima planície do Pó e caminho para o Passo de
Brenner, na fronteira com a Áustria. Conquistar Bolonha era vencer a batalha da Itália. As forças
aliadas procuravam investir sobre aquele importante nó rodoferroviário por três direções: a leste, a rota
9, a cargo dos ingleses do VIII Exército, investindo-o frontalmente; e, por oeste, o V Exército com o II
e o IV Corpos, respectivamente, a cavaleiro das estradas 65 e 64. Havia já três meses que americanos e
ingleses acometiam Bolonha inutilmente, suportando rigorosos contra-ataques e sofrendo as mais
severas perdas. Esse era o quadro da frente italiana quando a FEB começou a atuar totalmente reunida:
ataques dizimados, divisões inteiras necessitando de descanso; frio, lama e sangue, desalento e dor.
As posições brasileiras no rio Reno, por onde corria a rota 64, ficavam nas encostas de um arco
de elevações, em cujas partes dominantes os alemães possuíam posições fortificadas: Belvedere,
Gorgolesco, Monte Castelo, Della Torracia, Torre di Nerone, Soprassasso. Oblíquas em relação à

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estrada, as elevações descortinavam e dominavam todos os nossos movimentos, sendo necessário
manter geradoras de fumaça em permanente funcionamento para proteger-nos das vistas e dos fogos do
adversário. Nessa privilegiada situação topográfica e tática, em que o Monte Castelo era a parte mais
sensível, funcionando como uma espécie de charneira, combatia a aguerrida 232ª Divisão de Infantaria
Alemã.
Guarnecendo uma frente que variou entre 15 e 20 km de largura, já de si bastante para a defesa
por uma só divisão, teríamos também que atuar ofensivamente, não só para melhorar as condições de
partida da futura ofensiva, mas também para aliviar a frente de Bolonha, onde as perdas aliadas eram
alarmantes. Tratava-se de faze-lo pressionando o adversário em outras partes da frente, forçando-o a
retirar alguns meios, que combatiam na defesa da grande cidade, para os setores ameaçados. Impunha-
se, pois, atacar as posições fortificadas do inimigo em nosso setor; atacar incessantemente, em um
pedaço daquela frente extensíssima que também devíamos defender. Atacar do sopé para o cume
fortificado, ainda sem a necessária experiência de combate; realizando ações frontais, sem meios
suficientes; sem o apoio de blindados, pouco próprios para o combate na montanha e que se atolariam
no lodo daqueles dias; na lama e no frio, arrastando-se sob o castigo de pesados capotões e enormes
galochas; e sem a ajuda e o conforto da aviação, ausente daqueles terríveis céus de novembro e
dezembro de 1944. Cada soldado brasileiro tombado nas encostas do Monte Castelo poupava o sangue
de muitos combatentes de Bolonha e permitia a recuperação de tantos outros que, desde a Sicília, ou
mesmo o Norte da África, vinham pagando o seu tributo.

Fig. 3 - Pilotos do último contingente do 1º Grupo de Caça rumam para a frente

Chegara a nossa vez de participar diretamente da luta pela causa da liberdade.


No quadro dessa defensiva agressiva, atacamos Monte Castelo quatro vezes - a 24, a 25 e 29 de
novembro e a 12 de dezembro - e quatro vezes fracassamos, por insuficiência de meios para aquela
larga frente e por terem sido ataques frontais a posições fortificadas. Tendo em vista as peculiaridades
da situação, a Divisão, ao invés de empregar centralizadamente os seus regimentos, acionava
diretamente os seus batalhões.
Assim é que, a 24 e 25 de novembro, um batalhão do 6º RI atacou juntamente com a Task Force
45 norte-americana; no dia 29, o grupamento de ataque estava formado por um batalhão de cada
regimento; e, a 12 de dezembro, operamos com dois batalhões do 1º RI e dois do 11º RI. Por duas vezes
o soldado brasileiro chegou quase a dominar o morro sinistro, mas não conseguiu firmar-se nas
posições conquistadas. De ataque para ataque crescia a soma de nossas perdas e sacrifícios e, também,
de nosso heroísmo e valia. Monte Castelo não caíra, mas a missão estava sendo bem cumprida, pois,
pressionados no vale do Reno, os alemães traziam, apressadamente, da área de Bolonha para a nossa
frente, a 114ª Divisão Ligeira. O preço dessa contribuição era o grande passivo de mortos e feridos, a
crescente fama da inexpugnabilidade de Monte Castelo e o visível declínio do poder combativo e do

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estado moral de nossa tropa. Em um dos batalhões do 1º RI que não conseguira firmar-se nas posições
conquistadas, surgira uma questão disciplinar entre um comandante de companhia e seu comandante de
batalhão, que o processaria pelo "não cumprimento do dever em presença do inimigo". Esse estado de
espírito chegou a contagiar e a alastrar-se a outras unidades. Substituído o batalhão do 1º RI por um
outro do 11º, este não resistiu, emocionalmente, ao assédio de uma patrulha de combate alemã, em sua
primeira noite na frente de operações, de 2 para 3 de dezembro; foi acometido pelo pânico e abandonou
suas posições, reocupadas, na manhã seguinte, por um batalhão do já experimentado 6º RI. Diante do
ocorrido com o 1º e o 11º RI, o General Mascarenhas decidiu afastar três de seus capitães, e, em
decisão exemplar, fazer a unidade que sofrera pânico participar do próximo ataque a Monte Castelo.
Isso aconteceu a 12 de dezembro, quando o ataque uma vez mais fracassou, por diversas circunstâncias,
apesar do bom desempenho da tropa.
Os comandos brasileiro e americano bem souberam compreender o desgaste de nossas tropas
que, em circunstâncias normais, seriam retiradas da frente, a fim de preparar-se, à retaguarda, para as
futuras missões. Mas isso não poderia se passar com a única Divisão brasileira, porque seria retirar o
Brasil do campo da luta. Com a chegada do inverno, estabilizaram-se as operações, devendo a 1ª DIE
defender seu setor mantendo agressivo contato com o inimigo. Foi a fase vivida de 13 de dezembro a
18 de fevereiro, de extraordinária importância para os destinos da FEB. Era a pausa de que
necessitavam os comandos para reorganizar e instruir. Era a hora dos Capitães, inexcedíveis em seu
papel de verdadeiros condutores da tropa. Eles puderam realizar, afinal, na própria frente de combate,
nossa verdadeira preparação para a guerra, que não se concretizara nas áreas de treinamento da Itália e
muito menos no Brasil. Nas longas vigílias geladas, repelindo investidas, suportando o castigo da
experimentada artilharia alemã ou indo, em patrulhas, às posições inimigas, nosso soldado acreditou
em si mesmo e esperou sua hora de avançar. Forjava-se, ali, o instrumento de combate que nos levaria
aos melhores dias e à vitória final.
Tão logo melhoraram as condições climáticas, decidiu o comando da IV Corpo retomar a
ofensiva para apossar-se do arco montanhoso que dominava a rota 64, que de Pistóia ia a Bolonha por
Vergato. Seria uma operação preliminar de outra, de ampla envergadura, a ser desfechada, quando
viesse a primavera.
O nome do plano do IV Corpo, "Encore", que, se sabe, em francês, significa ainda, bem revela
as marcas deixadas pelos sucessivos ataques fracassados. A ação ofensiva seria iniciada pelo ataque de
flanco da 10ª Divisão de Montanha sobre a crista Belvedere - Gorgolesco - Della Torracia, devendo a 1ª
DIE atacar, em um segundo tempo, sobre Monte Castelo - La Serra, empregando, pela primeira vez,
todo um regimento, o 1º RI, a quem caberia o esforço principal, coberto o flanco direito pelo 2º
batalhão do 11º RI. A 10ª Divisão de Montanha fora especialmente preparada para a guerra de
montanha: era integrada por montanheses, estava equipada com material especializado e realizara seu
adestramento nos Montes Rochosos americanos. Além disso, sua iniciação na realidade da guerra fora
realizada de forma lenta e gradual, com uma adequada inoculação do combate feita ao lado de nossa 1ª
DIE, participando de patrulhas durante o inverno. Eram, assim, duas tropas extremamente solidárias e
confiantes, uma na outra.
A 10ª Divisão de Montanha iniciou seu ataque na noite do dia 19 de fevereiro e na manhã
seguinte conquistou o Monte Belvedere surpreendendo totalmente os alemães, que, no entanto,
reagiram vigorosamente à tomada de Gorgolesco, com poderosos contra-ataques. O ataque brasileiro
iria processar-se, desta feita, em conjunção com poderosas forças aliadas, em direções convergentes e
com apoio de blindados norte-americanos, e de aviação, inclusive do nosso Grupo de Caça. Na noite de
20 de fevereiro, o 1º batalhão do 1º RI, o mesmo que tivera problemas depois do ataque do dia 29 de

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novembro, ultrapassou tropa norte-americana em Mazzancana, e, juntamente, com o 3º/1º RI, à sua
direita, lançou-se sobre o Monte Castelo, enquanto o 2º/11º RI avançava em direção a Abetaia,
cobrindo o flanco do ataque principal. Diante da obstinada reação inimiga, muitas foram as alternativas
da luta na jornada de 21 de fevereiro, caracterizadas pelas dificuldades encontradas pelo 1º Batalhão
com o atraso inicial da 10ª Divisão da Montanha violentamente contra-atacada pelos defensores do
Monte Della T orracia devido a naturais flutuações da frente de combate. Ao final da tarde, o 1º RI,
principalmente por intermédio de seu 1º Batalhão, dominava inteiramente o Monte Castelo, encerrando
o capítulo que mais marcara a sensibilidade dos soldados brasileiros durante toda a campanha. De
posse dos Montes Castelo e Della Caselina, nossas tropas prosseguiram seu avanço, cabendo ao 2º/1º
RI o êxito maior, com o ataque e conquista de La Serra na noite do dia 23, vindo a alcançar, na jornada
do dia 25, ao lado do 2º/11º RI, a linha Roncovecchio-Senevegli que caracterizava, para nós, o fim da
1ª fase do Plano "Encore".

Fig. 4 - Na maca, o transporte de um pracinha ferido num dos assaltos a Monte Castelo.

Tendo em vista facilitar a continuação do avanço da 10ª Divisão de Montanha na direção de


Castel D'Aiano, a 1ª DIE reajustou seu dispositivo, tomando a si a responsabilidade de manter um setor
subdividido em duas frentes. a fim de proporcionar, no centro, um corredor para a atuação da 10ª, cujo
impetuoso avanço pelo divisor entre o Reno e o Panaro nos imporia a continuada cobertura dos flancos
da Divisão Americana, operações de limpeza no vale do Marano e sucessivos reajustamentos do
dispositivo. A leste, no vale do Reno, competia à 1ª DIE apoderar-se de ponto forte alemão localizado
no Monte Soprassasso, um saliente de pedra, enquistado em nossas linhas, que, no inverno, infernizara
a vida dos brasileiros, e Castelnuovo di Vergato, que também dominava a rota 64. A manobra realizada
pela 1ª DIE, taticamente brilhante, consistiu no isolamento do ponto forte de Soprassasso e na
convergência de dois ataques sobre Castelnuovo: o principal desbordava o saliente pelo flanco oeste,
audaciosa e surpreendente investida do 6º RI ao longo das cristas, enquanto os 1º e 2º batalhões do 11º
RI realizavam a fixação frontal do inimigo. Castelnuovo completava, assim, a 5 de março, o papel de
Monte Castelo nessa ofensiva limitada que permitira ao IV Corpo conquistar alturas, observatórios e
boas linhas de partida, indispensáveis à grande ofensiva da Primavera.
Terminadas as operações do Plano "Encore", o IV Corpo reajustou seu dispositivo, tendo a 1ª
DIE sido substituída por tropas americanas no eixo da estrada 64 e assumido responsabilidades de
extenso setor, compreendido entre Capella di Ronchidos e Sassomolare, com vistas sobre o vale do
Panaro e tendo em frente o baluarte de Montese, importante nó de estradas e elevações. Aí. vivemos, de
6 de março a 14 de abril, um período de defensiva agressiva, caracterizado por intensa atividade de
patrulhas e pelo elevado moral da tropa brasileira, já então formada por combatentes aguerridos e
experimentados. Em uma dessas patrulhas, tivemos a lamentar a perda do 3º Sargento Max Wolff Filho,
do 1º/11º RI, que, em ações . anteriores, já se havia consagrado como um dos maiores heróis da FEB e

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merecido a promoção ao oficialato por ato de bravura, a primeira então concedida. O Sargento Wolff
morreu à frente de seus homens, comandando um pelotão que realizava uma patrulha de
reconhecimento e combate, episódio narrado, brilhantemente, pelo jornalista Joel Silveira, um dos
feitos mais relevantes de nossos correspondentes de guerra.
A Ofensiva da Primavera, na Itália, começaria, a 10 de abril, com uma ação preliminar, do VIII
Exército, para limpar a planície existente a leste do Bolonha. O ataque principal, a cargo do V Exército,
previsto para iniciar-se no dia 12, mas retardado pelo mau tempo para 14, desembocaria das montanhas
e capturaria ou isolaria Bolonha. De posse de Bolonha, os dois exércitos cercariam todas as forças do
sul do rio Pó, transporiam o rio e conquistariam Verona.
No âmbito do V Exército, o esforço principal caberia ao nosso IV Corpo, com a 10ª Divisão de
Montanha irrompendo pelo divisor entre os rios Reno e Panaro, tendo à direita a 1ª Divisão Blindada,
que, pela estrada 64, avançaria sobre Bolonha, e, à esquerda, a 1ª DIE, a quem competiria cobrir o
flanco da 10ª e estar preparada para perseguir o inimigo em retirada.
A participação da 1ª DIE a 14 de abril, dia inicial da ofensiva, compreendeu uma fase inicial,
com o lançamento de fortes patrulhas destinadas a capturar a linha Casone - II Cerro-Possessione-Cota
745, e uma segunda fase, de ataque propriamente dito, que pretendia romper a posição inimiga e
conquistar a região de Montese-Cota 888-Montelo. O esforço principal coube ao 11º RI, em seus 3º e 1º
batalhões em 1ºescalão, coberto, à direita, pelo 1º RI.
Coube a uma das companhias do 1º Batalhão do 11º RI, aquele que vivera o episódio do pânico
na noite de 2 para 3 de dezembro, o audacioso feito de assaltar Montese, levando o êxito a todo no
nosso dispositivo de ataque, naquele terrível primeiro dia de ofensiva, em que os resultados alcançados
pelos brasileiros foram bem mais favoráveis que os das outras Divisões do IV Corpo.

Fig. 5 - Montese foi conquistada. As tropas vitoriosas fazem uma pausa na pequena cidade semi-
destruída.

Registre-se, a propósito, fato bem comprovador do senso de humor dos brasileiros. Havendo, no
tempo da guerra, um samba popular com um verso que dizia "Laurindo desceu o morro chorando", o
batalhão do pânico passou a ser conhecido, em toda a FEB, como o "Laurindo". Pois bem, ao apossar-
se de Montese, depois do mais difícil e sangrento combate da campanha da FEB, os soldados daquele
batalhão exclamavam, em desabafo e desagravo, que o "Laurindo" tinha subido o morro.

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A notável tomada de Montese custou caro aos nossos combatentes, pois, temendo que Montese
fosse a chave da ofensiva, e cuidando ver nos carros de combate norte-americanos, que apoiavam a
ação da FEB, o próprio desembocar da Divisão Blindada, o nazista desfechou sobre Montese
conquistada a maior concentração de artilharia desde a cabeça-de-ponte de Anzio. E livres desse
castigo, argumento reservado para opor-se ao esforço principal, e que afinal nos coube como preço de
haver chegado a Montese, lá se foram, nos dias seguintes, a Montanha e a Blindada, irresistíveis, para o
vale do Pó, enquanto mais dura e sangrenta se tornava a luta nas alturas em volta de Montese,
Montebufone, Serreto e Paravento.
O sucesso do ataque da Montanha e da Blindada, a partir de 16 de abril, acarretou a ruptura das
posições inimigas e abriu caminho para a retomada do livre movimento, nas direções de Zocca e do
médio Panaro. Iria iniciar-se a grande perseguição empreendida pelo IV Corpo. Rompida a frente, o
comando da 1ª DIE, na tarde de 19 de abril, lançou o 1º Esquadrão de Reconhecimento, a nossa
cavalaria mecanizada, primeiro para o vale do rio Panaro e, depois de conquistada a cidade de Zocca,
para o além-norte desse importante nó rodoviário.
Ao amanhecer do dia 22 de abril, a 1ª DIE recebia as missões de avançar, sobre o vale do rio Pó,
na direção noroeste; cobrir o flanco do IV Corpo e bloquear a retirada dos alemães, dos Apeninos para
o norte e nordeste. Era a FEB de repente espalhada pelas estradas e cidades do mapa do norte da Itália,
depois de haver disputado durante meses, com sofrimento e sangue, cada palmo do chão lamacento ou
gelado do Monte Castelo.
Considerando que a 1ª DIE, ao contrário das outras divisões, não era totalmente motorizada e
que o IV Corpo não tinha como suprir suas necessidades de transportes, o General Mascarenhas decidiu
aproveitar as viaturas orgânicas da artilharia divisionária no transporte das tropas de infantaria. Com o
Esquadrão de Reconhecimento realizando a missão típica de cavalaria mecanizada e a infantaria bem
impulsionada pelo comando da 1ª DIE, a 23 alcançou-se o rio Serchio; a 24 e 25 o rio Enza; a 26 e 27 a
região de Colecchio; e finalmente, a 28, Fornovo di Taro, onde se travou um pequeno combate,
resultado no feito espetacular da rendição da 148ª DI alemã, de remanescentes da 90ª Divisão Panzer e
da Divisão Bersaglieri Itália, no dia 29 de abril de 1945. As glórias maiores desse episódio couberam
ao Esquadrão de Reconhecimento e ao 6º RI. Aquele pequeno esquadrão de cavalaria detectou o
inimigo em Collechio e, audaciosamente, exigiu sua rendição, até que o comandante do 6º RI, como
vanguarda da 1ª DIE, antes de desferir o ataque final a Fornovo di Taro, enviou um ultimatum ao
comando alemão para que se rendesse incondicionalmente ao comando das tropas regulares do
Exército Brasileiro, que estavam prontas para atacar mas que desejavam poupar inúteis sacrifícios. Na
noite do dia 29, o chefe do Estado-Maior da 148 chegava ao posto de comando brasileiro para os
entendimentos finais da rendição de quase 15.000 homens com todo o equipamento de suas divisões.
Nesse feito espetacular, os soldados do 6º RI reviam os adversários que haviam infligido seu primeiro
revés, no terrível contra-ataque da madrugada de 30 de outubro, melancólicos remanescentes do
famoso "Afrika Korps" de Rommel.
Ao tempo em que o avanço da 1º DIE cercava o inimigo, que procurava se retirar para o norte,
na vasta área compreendida entre os Apeninos e o mar Tirreno, unidades do IV Corpo. aprofundaram,
na jornada de 25 de abril, sua cabeça-de-ponte no rio Pó e se lançaram na direção de Verona. Os êxitos
do IV Corpo resultaram no recrudescimento das atividades dos "partigiani", os "maquis" italianos, que
deflagraram a insurreição final, e, nos últimos dias de abril e primeiros de maio, levaram o terror às
cidades do norte da Itália, principalmente a Milão, na impiedosa caça aos fascistas, culminando na
eliminação do próprio Mussolini.

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Nos últimos dias de abril, enquanto o 6º RI ainda estava às voltas com os problemas da rendição
das divisões inimigas, o restante da 1º DIE ocupava a região de Alessandria e daí se lançava para o
norte e noroeste articulado em grupamentos táticos. O GT 1, substituindo tropas da 34ª DI americana,
ocupou Piacenza e Castelvetro. O GT 11, precedido pelo Esquadrão de Reconhecimento, chegou a
Turim. no dia 2 de maio, encontrando-a convulsionada pelo terror desencadeado pelos "partigiani", e se
lançou, no mesmo dia, à ligação, em Susa, na fronteira franco-italiana, com a 27ª Divisão do Exército
Francês.
O fim da guerra na Itália, a 2 de maio, lá os encontrou. Nesse ponto, o mais na vanguarda de
todas as forças brasileiras, estavam os soldados daquela companhia do 1º/11º RI, que mais sofrera a
noite do pânico em difícil momento da campanha, os "Laurindos" que haviam aprendido a subir o
morro. Espalhados pelo mapa do norte da Itália, todos os combatentes da FEB sentiam haver bem
cumprido o mandato que o povo lhes confiara para o desagravo de nossos navios afundados e das vidas
perdidas no mar.

OCUPAÇÃO MILITAR E RETORNO AO BRASIL

Cessadas as hostilidades, a 1ª DIE participou da ocupação militar até 20 de junho, com o GT 1


em Piacenza, o GT 6 em Tortona-Voghera e o GT 11 em Salvatore, Alessandria e Solero.
A 4 de maio, o General Truscott, que sucedera Mark Clark no comando do V Exército, ofereceu
um almoço, em Verona, aos seus generais comandantes, em regozijo pela vitória. No dia 7, em Milão,
foi a vez do General Mark Clark, que terminou a campanha como comandante do XV Grupo de
Exércitos, reunir-se com os mais altos chefes militares aliados.
No dia 11 de maio, a FEB fez rezar, na Catedral de Alessandria, solene missa em homenagem
aos combatentes tombados no cumprimento do dever. Também em Alessandria realizou-se, no dia 13,
um grande almoço de congraçamento da FEB e, a 19, na Praça Garibaldi, a cerimônia militar de
entrega de condecorações brasileiras e americanas aos nossos heróis, com as presenças dos
comandantes do V Exército e do IV Corpo, General Willis Crittenberg.
Terminada a missão de ocupação militar, a 1ª DIE deslocou-se para a área de Francolise, onde
estacionou aguardando o embarque de regresso ao Brasil. O General Mascarenhas regressou da Itália,
em avião americano, chegando ao Rio de Janeiro em 11 de julho de 1945.
O 1º escalão de retorno, comandado pelo General Zenóbio da Costa, e formado pelo GT 6, o
mesmo que compusera o Destacamento FEB, chegou ao Rio de Janeiro, a bordo do "General Meigs", a
18 de julho de 1945, e foi recebido com a maior manifestação cívico-popular de toda a nossa história.
Desfilou, pelas principais ruas da antiga capital, por entre a multidão entusiasmada. Especialmente
convidados, participaram dessa extraordinária consagração dos nossos combatentes os Generais Mark
Clark, Willis Crittenberg e um grupo de soldados da 10ª Divisão de Montanha.
O GT 1 chegou no "Mariposa" a 22 de agosto, o GT 11 no "General Meigs" a 19 de setembro, e
o Depósito de Pessoal retornou pelo "Duque de Caxias" e pelo "James Parker", que chegaram ao Rio a
22 de agosto e 3 de outubro.

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Fig. 6 - Nas ruínas de um edifício, em Zocca, pracinhas buscam alemães escondidos.
Preocupado com as possíveis consequências da presença da Força Expedicionária Brasileira,
vitoriosa e prestigiada, na estrutura de tempo de paz do Exército Brasileiro, assim como suas eventuais
repercussões políticas, cuidou logo o Governo de providenciar sua imediata dissolução. Isso aconteceu
antes mesmo de seu retorno. Pelo Aviso Ministerial 217-184, de 6 de julho de 1945, o Ministro da
Guerra determinou que as unidades da FEB ficassem, desde sua chegada ao Rio de Janeiro,
subordinadas ao general comandante da 1ª Região Militar. Assim, à medida que desembarcaram, os
integrantes das unidades expedicionárias foram tomando novos destinos, retornando às atividades do
tempo de paz, adaptadas algumas unidades e desincorporados os reservistas.
Da Força Expedicionária Brasileira, ficaram sua legenda e seu espírito; seus mortos em Pistóia,
e, depois no Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial; seus ex-combatentes, para sempre
marcados pela guerra; e seu comandante, General Mascarenhas de Moraes, enquanto viveu, que
dedicou o resto de sua existência a escrever sua história, a cuidar de seus mortos e a ajudar a
reintegração dos "pracinhas" à vida Normal, num exemplo, de desambição, de desprendimento e de
fidelidade a seus homens, sem paralelo entre chefes militares vitoriosos na guerra, em qualquer outro
tempo ou país.

O VALOR DA PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA

A participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial foi reconhecida por estadistas, como Roosevelt e
Churchill, e por chefes militares, como Marshall, Mark Clark e Crittenberg. Se o Brasil houvesse
formado ao lado das potências do Eixo e dado aos nazi-fascistas o apoio de seus recursos naturais e de
suas áreas estratégicas, possivelmente se teria aberto em nosso território uma outra frente de operações
e, de certo, teriam sido imensamente maiores as dificuldades enfrentadas pelos aliados.
Em 2 anos, 8 meses e meio de guerra declarada, a presença do Brasil no conflito foi de extraordinária
importância, pela cessão de seu território ao livre trânsito das forças aliadas, que tiveram no Nordeste o
trampolim para o salto sobre o Norte da África, em uma época em que a autonomia dos meios aéreos e
navais estava muito longe de ser o que hoje é. Acrescente-se a essa contribuição de ordem estratégica
os recursos materiais postos à disposição, sobretudo o cristal de rocha, então indispensável para os
instrumentos de comunicação.

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Fig. 7 - No seu posto de observação, o general Mascarenhas acompanha o ataque a Montese.
Extraordinária foi a participação de nossa Marinha de Guerra na proteção do tráfego marítimo
no Atlântico Sul, assim como a ajuda de nossa iniciante Força Aérea Brasileira na vigilância de nosso
litoral.
Ininterruptamente empenhada em combate durante 227 dias, a Força Expedicionária Brasileira
muito contribuiu para derrotar as forças nazistas na península, avançando mais de quatrocentos
quilômetros, libertando meia centena de vilas e cidades e aprisionando mais de vinte mil combatentes
inimigos. Foi também expressiva a participação da Força Aérea Brasileira, através do 1º Grupo de
Aviação de Caça. Em seis meses de sua direta participação em operações de guerra, cumpriu 445
missões, voou 6144 horas, lançou 4442 bombas, tendo destruído 2 aviões, 13 locomotivas, 1304
transportes motorizados, 250 vagões e carros-tanque, 8 carros blindados, 25 pontes, 85 posições de
artilharia, 31 depósitos de combustíveis e munições e 3 refinarias. Dos 48 oficiais que realizaram
missões de guerra, teve 16 baixas, sendo 5 abatidos pela artilharia antiaérea, 8 saltaram de pára-quedas
em território inimigo e 3 faleceram em acidentes.
Sintetizando essa admirável campanha, ficaram os nomes inapagáveis dos combates vitoriosos -
Monte Castelo, Castelnuovo e Montese - e do cerco e rendição final - Colecchio e Fornovo di Taro.
Monte Castelo, a 21 de fevereiro, é a vitória do valor moral, da tenacidade e da constância dos
nossos "pracinhas", vingando o sacrifício de quatro tentativas fracassadas e quebrando o tabu do
baluarte que já parecia ser inexpugnável.
Castelnuovo, a 5 de março, é o combate de maior expressão tática, hábil manobra de isolamento
do ponto forte de Soprassasso e de convergência de dois ataques sobre o lugarejo.
Cabe a Montese, a 14 de abril, ter sido o mais sangrento e o de maior valia no âmbito geral da ofensiva,
pela terrível reação oposta pelos nazistas e por abrir-se, naquele maciço, uma das portas que levariam à
terminação da guerra na Itália.
Fornovo, a 29 de abril, é a consagração da manobra estratégica e a colheita final da tenacidade e
do silencioso heroismo, dos sofrimentos e das angústias, de mais de sete meses de continuada luta.

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Fig. 8 – Volta dos pracinhas ao Brasil.

AS CONSEQUENCIAS PARA O BRASIL

As grandes transformações operadas no Brasil depois de 1945 têm suas sementes em nosso
esforço de guerra, na contribuição estratégica do Nordeste brasileiro para a vitória aliada, e no sangue
de marinheiros, aviadores e soldados sacrificados no cumprimento do dever.
Nossa participação no conflito e especialmente o envio da FEB contribuíram para o
restabelecimento da liberdade de imprensa; para integração nacional, pela completa eliminação das
minorias nazi-fascistas; para a queda da ditadura e conseqüente retomada de nossa evolução
democrática.
Nossa colaboração para a vitória aliada ensejou a oportunidade histórica para a realização.do
grande projeto siderúrgico de Volta Redonda - alicerce do surto de industrialização e da iniciação de
irreversível processo de desenvolvimento nacional.

20
Fig. 9 - Habitantes de Massarosa, primeira cidade ocupada pela FEB, saudam os pracinhas.

“Combatendo, de igual para igual, com os melhores soldados do mundo, e assistindo, de perto, aos
dramas de outros povos, o homem brasileiro aprendeu a confiar em suas próprias possibilidades e na
valia de sua fraternidade, de sua democracia vivencial e da maneira brasileira de ser e de viver”

FATOS MARCANTES NO DECORRER DA GUERRA

1939
1 de setembro
Tropas alemãs invadem a Polônia, dando início à II Guerra Mundial.
3 de setembro
A Grã-Bretanha e a França declaram guerra à Alemanha. No Rio, o Governo brasileiro declara sua neutralidade em relação
ao conflito.
3 de outubro
Reunidos no Panamá, os chanceleres dos países americanos reafirmam os princípios da solidariedade continental e traçam
as normas que regularão a observância da neutralidade dos Estados americanos face ao conflito europeu. Uma das
resoluções estabelece uma zona de segurança marítima no Continente.
13 de dezembro
Navios de guerra britânicos e o couraçado de bolso alemão Graf Spee travam uma batalha naval ao largo do litoral do
Uruguai. O barco alemão é afundado por sua tripulação após deixar o porto de Montevidéu.
22 de dezembro
As nações americanas protestam junto aos governos alemão e britânico pela violação das águas da zona de segurança com
o combate entre o Graf Spee e as belonaves britânicas.

1940
14 de janeiro
O Governo britânico não reconhece a inviolabilidade das águas na zona de segurança estabelecida pelos Estados
americanos.
14 de fevereiro
O Governo alemão rejeita a resolução do Panamá sobre a zona de segurança marítima continental.
10 de junho
O conflito se amplia. A Itália declara guerra à França e à Grã-Bretanha.
11 de junho
O Brasil, neutro, encarrega-se dos interesses italianos na Grã-Bretanha e colônias.
Julho
Reunidos em Havana, os chanceleres dos países americanos aprovam uma declaração considerando que "todo atentado de
um Estado não americano contra a integridade ou a inviolabilidade do território e contra a soberania ou independência
política de um Estado americano será considerado como um ato de agressão contra os Estados que assinam esta
Declaração" .
11 de outubro
Os britânicos apreendem no porto de Gibraltar o navio mercante brasileiro Siqueira Campos, sob o pretexto de ter a bordo,
não coberto por certificado de navegação, mercadorias de procedência alemã.
27 de novembro
Autoridades navais britânicas retiram de bordo do navio mercante brasileiro Buarque, alegando tratar-se de contrabando de
guerra, 38 caixas e 32 fardos.
1 de dezembro
Navio mercante britânico armado (cruzador auxiliar) detém o navio mercante brasileiro Itapé retira de bordo 22
passageiros de nacionalidade alemã.
3 de dezembro
O Governo brasileiro protesta contra o episódio do Itapé.
7 de dezembro
O Governo brasileiro protesta junto ao Governo britânico contra a apreensão do Buarque.
30 de dezembro
O Governo britânico libera o Buarque, pondo fim satisfatoriamente ao incidente.

21
1941
18 de janeiro
O navio mercante francês Mendoza é capturado em águas da zona de segurança, em frente ao litoral brasileiro, por um
cruzador auxiliar britânico.
22 de janeiro
Protesto do Governo brasileiro contra a apreensão do Mendoza.
11 de março
O Presidente Roosevelt, dos Estados Unidos, aprova o Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamento), instrumento
pelo qual os Estados Unidos poderão fornecer ajuda econômica e material aos países em guerra com a Alemanha.
22 de março
O navio mercante brasileiro Taubaté é atacado por um avião alemão no Mediterrâneo. O Brasil tem seu primeiro morto na
guerra, o conferente do navio José Francisco Fraga. Outros 13 tripulantes ficam feridos.
6 de abril
Alemanha ataca a Iugoslávia e a Grécia.
27 de maio
O Presidente Roosevelt faz uma proclamação declarando o estado de emergência nacional.
13 de junho.
Um submarino alemão pára, a tiros de canhão, o navio mercante brasileiro Siqueira Campos, e só o libera após vistoriá-l o
e fotografar documentos de bordo.
22 de junho
A Alemanha ataca a União Soviética.
14 de agosto
O Presidente Roosevelt e o Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha, Winston Churchill, assinam a Carta do Atlântico.
24 de novembro
O Governo norte-americano anuncia a ocupação da Guiana Holandesa, de acordo com a Holanda e o Brasil.
7 de dezembro
Os japoneses atacam a base norte-americana de Pearl Harbour, no Havaí. A guerra se generaliza. Itália e Alemanha
declaram guerra aos Estados Unidos no dia 11. Cuba é o primeiro país do Continente a declarar guerra aos inimigos dos
Estados Unidos.

1942
28 de janeiro
Encerra-se no Rio de Janeiro a 3ª Reunião de Consultas dos Ministros do Exterior das Repúblicas Americanas, aprovando
resolusão recomendando o rompimento de relações dos Estados americanos com os países do Eixo. No discurso de
encerramento, o Chanceler brasileiro Oswaldo Aranha anuncia o rompimento de relações diplomáticas do Brasil com a
Alemanha, a Itália e o Japão.
16 de fevereiro
O navio mercante brasileiro Buarque é torpedeado e afundado nas proximidades de Norfolk, nos Estados Unidos. Um
passageiro morre.
18 de fevereiro
O navio a vapor Olinda é torpedeado e afundado ao largo da costa do Estado de Virgínia, nos Estados Unidos.
7 de março
O navio mercante brasileiro Arabutan é torpedeado e afundado ao largo da costa da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
O enfermeiro de bordo morre.
9 de março
O vapor brasileiro Cairu é torpedeado e afundado ao longo da costa dos Estados Unidos. Um passageiro morre.
1 de maio
O navio brasileiro Parnaíba é torpedeado e afundado próximo a Trinidad.
24 de maio
O navio brasileiro Gonçalves Dias é torpedeado e afundado ao Sul de Haiti, no Mar das Caraíbas. Seis homens morrem.
1 de junho
O navio brasileiro Alegrete é torpedeado e afundado entre as ilhas de Santa Lúcia e São Vicente.
26 de junho
O navio mercante brasileiro Pedrinhas é torpedeado e afundado nas costas de Porto Rico.
26 de julho
O navio mercante brasileiro Tamandaré é torpedeado e afundado. Quatro homens morrem.
28 de julho
O navio brasileiro Barbacena é torpedeado e afundado próximo a Port of Spain. O mesmo ocorre com o navio brasileiro
Piave, onde
18 homens morrem, além de seu comandante.
15 a 21 de agosto
A 20 milhas da costa do Estado de Sergipe são torpedeados e afundados os vapores brasileiros Baependi, Aníbal Benévolo,

22
Araraquara, Itagipe e Araras. Muitos mortos, inclusive crianças.
22 de agosto
O Governo brasileiro comunica à Alemanha e à Itália que "ante o inegável ato de guerra contra o país", com o afundamento
dos cinco navios na costa de Sergipe, foi criada "uma situação de beligerância que somos forçados a reconhecer na defesa
da nossa dignidade, da nossa soberania e da nossa segurança e da América".
31 de agosto
O Governo brasileiro declara o estado de guerra em todo o território nacional.
16 de setembro
O Governo brasileiro ordena a mobilização geral em todo o território nacional.
27 de setembro
O vapor brasileiro Lajes é torpedeado e afundado a 75 milhas da costa paraense, na altura da cidade de Salinas. O mesmo
ocorre com o vapor brasileiro Osório. Um homem morre.

1943
9 de janeiro
O Brasil declara sua adesão à Organização das Nações Unidas e à Carta do Atlântico.
20 de janeiro
A Comissão Mista de Defesa Brasil-Estados Unidos se reúne para estudar a Recomendação nº 14, com o objetivo de
organizar a defesa das Regiões Norte e Nordeste do Brasil.
26 de janeiro
O Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, apresenta ao Presidente da República uma exposição de motivos,
acompanhada de observações do Estado-Maior do Exército, admitindo a participação de uma força expedicionária brasileira
fora do Continente.
29 de janeiro
Encontram-se em Natal Roosevelt e Vargas.
2 de fevereiro
Descoberta uma organização brasileira de quinta-coluna chefiada pelo espião nazista Niels Cristian Christensen.
9 de fevereiro
É preso no Rio de Janeiro um grupo de espionagem chefiado por Albrecht Gustav Engels.
18 de fevereiro
O navio brasileiro Brasilóide é torpedeado e afundado a cerca de cinco milhas da costa entre Maceió e Salvador. Oito
pessoas ficam feridas.
2 de março
O navio brasileiro Afonso Pena é torpedeado e afundado no litoral da Bahia. No processo há controvérsia: morreram 92 ou
94 passageiros e 30, 32 ou 34 tripulantes.
11 de março
O Almirante Beauregard, chefe da Missão Naval norte-americana, envia ao Ministro da Aeronáutica, Salgado Filho,
memorando sobre a participação da Força Aérea Brasileira na guerra.
15 de março
Getúlio aprova o memorando do General Dutra sobre as medidas para a criação do Corpo Expedicionário Brasileiro. É o
primeiro passo para o surgimento da FEB.
17 de março
O Capitão-Tenente Valim de Vasconcelos, comandante do Jaguaribe, em serviço de comboio, ataca e avaria um submarino
alemão, que a tripulação afunda.
24 de março
O Brigadeiro Eduardo Gomes conferencia com o General Eisenhower em Argel.
31 de março
The New York Times informa, em manchete, que o Brasil enviará força expedicionária para o exterior.
8 de junho
É aberto o voluntariado na Armada brasileira.
17 de junho
É aberto o voluntariado para o Exército Brasileiro.
30 de junho
O navio brasileiro Tutóia é torpedeado e afundado na altura de Juréia, ao norte de Iguape, no litoral de São Paulo. Sete
pessoas morrem inclusive o comandante.
4 de julho
O navio brasileiro Pelotaslóide é torpedeado e afundado na foz do Rio Pará. Cinco pessoas morrem e cinco ficam feridas.
10 de julho
Tropas aliadas invadem a Sicília sob o comando do General Eisenhower.
25 de julho
Mussolini é forçado a renunciar ao cargo de Primeiro-Ministro da Itália. O Marechal Pietro Badoglio é nomeado Primeiro-
Ministro.

23
31 de julho
O navio brasileiro Bagé é torpedeado e afundado no litoral de Sergipe. Morrem 20 tripulantes, inclusive o comandante, e
oito passageiros. Três aviões brasileiros afundam um submarino alemão no litoral do Rio de Janeiro.
9 de agosto
Eurico Dutra convida o General Mascarenhas de Moraes para comandar uma das divisões que çonstituirão o Corpo
Expedicionário Brasileiro. É criada a FEB, então constituída pela 1º Divisão de Infantaria Expedicionária e Orgãos-Não-
Divisionários (1ª DIE), pela Portaria ministerial nº 47/44.
10 de agosto
Mascarenhas de Moraes telegrafa ao General Eurico Dutra aceitando o comando.
12 de agosto
O General Eurico Dutra parte em missão para os Estados Unidos, onde tratará da colaboração militar brasileira com os
Aliados.
3 de setembro
O 8º Exército britânico desembarca na Península Itálica, iniciando a segunda frente de luta na Europa.
É assinado o armistício entre a Itália e os Aliados.
8 de setembro
Eisenhower anuncia a rendição incondicional das Forças Armadas italianas.
Em informe bienal ao Departamento de Guerra, O General Marshall declara ser o Brasil vitalmente importante para a
defesa dos Estados Unidos, pois oferece o ponto de contato mais próximo do Continente com o teatro de operações
europeu.
26 de setembro
O navio brasileiro Itapagé é torpedeado e afundado cerca de sete a oito milhas do litoral alagoano, do local Lagoa Azeda.
Morrem 18 tripulantes e nove passageiros.
Também o veleiro brasileiro Cisne Branco é torpedeado e afundado. Viajava de Belém para Fernando de Noronha, mas não
se tem notícia das coordenadas onde se encontrava. Quatro homens morrem.
1 de outubro
Os Aliados ocupam Nápoles.
20 de outubro
Início da inspeção de saúde nos oficiais do Exército que participarão da FEB.
O QG do General Mascarenhas de Moraes passa a ter autonomia administrativa.
23 de outubro
O navio brasileiro Campos é torpedeado e afundado a cinco milhas ao sul de Alcatrazes, no Estado de São Paulo. Morrem
12 pessoas.
28 de novembro
Roosevelt, Churchill e Stálin conferenciam em Teerã.
6 de dezembro
Mascarenhas de Moraes parte para Argel chefiando uma missão militar.
17 de dezembro
O General Maurício Cardoso é nomeado Chefe do Estado-Maior do Exército.
18 de dezembro
Pelo Decreto-Lei nº 6.123, o Governo cria o 1º Grupo de Aviação de Caça. E o Decreto de 27 de dezembro do mesmo ano
classifica como seu comandante o Major-Aviador Nero Moura.
19 de dezembro
Mascarenhas de Moraes e a missão brasileira chegam a Nápoles.

1944
3 de janeiro
O 1º Grupo de Aviação de Caça, sob o comando do Major Nero Moura, decola rumo ao teatro de operações na Europa via
Estados Unidos, onde fará estágio de treinamento em Orlando, na Flórida.
5 de janeiro
O Ministro da Guerra autoriza a abertura do voluntariado para o Corpo Expedicionário.
9 de janeiro
O Chefe do Estado-Maior da 4º Esquadra norteamericana, Capitão C. E. Braine, comunica à imprensa o afundamento de um
navio alemão, que transportava contrabando de guerra do Japão para a Alemanha, nas costas pernambucanas.
Participaram da operação unidades brasileiras e norte-americanas, inclusive aviação. A tripulação aprisionada era de 145
homens, alemães e italianos.
11 de janeiro
Desligados da Diretoria Geral das Armas, para constituírem o QG do General Mascarenhas de Moraes, os Tenentes-Coronéis
Amaury Kruel, Humberto de Alencar Castelo Branco e Luís Braga.
1 de fevereiro
O General Osvaldo Cordeiro de Farias assume o comando da Artilharia Divisionária.
16 de fevereiro

24
The New York Times anuncia o afundamento de 18 submarinos do Eixo, em águas brasileiras, por forças aeronavais
brasileiras e norteamericanas.
25 de fevereiro
Troca de prisioneiros brasileiros, entre os quais o Embaixador na França, Sousa Dantas, internados no campo de
concentração de Godensberg, na Alemanha, por prisioneiros alemães no Brasil, tendo agido como intermediários os
Embaixadores da Espanha
e Portugal.
13 de março
Segue para os Estados Unidos mais um grupo de aviadores brasileiros para estágio de treinamento. Aprovados pelo
Presidente da República os Decretos-Lei nº 6.224 e 6.225, de 24 de janeiro, que instituíram o imposto sobre lucros
extraordinários e a junta de ajuste desses lucros.
31 de março
Soldados da Infantaria da FEB fazem o primeiro desfile no Rio de Janeiro sob o comando do General Zenóbio da Costa.
10 de maio
Constituição do 1º Escalão da FEB.
17 de maio
O General Mascarenhas de Moraes é nomeado comandante do 1º Escalão da FEB, cumulativamente com as funções de
comandante da 1ª DIE.
20 de maio
A Artilharia Divisionária, sob o comando do General Osvaldo Cordeiro de Farias, faz uma demonstração de tiro real no
campo de instrução de Gericinó.
24 de maio
Toda a 1ª DIE desfila no Centro do Rio de Janeiro, na Avenida Rio Branco.
6 de junho
Vasco Leitão da Cunha vai a Nápoles, onde estabelece contato com o QG aliado, providenciando sobre a próxima chegada
da FEB. Na ocasião, conferencia com Robert Murphy, representante pessoal de Roosevelt. Os aliados invadem a Normandia.
29 de junho
O General Mascarenhas de Moraes e o 1º Escalão da FEB embarcam no transporte de guerra norte-americano Gen W. A.
Mann.
30 de junho
Getúlio Vargas se despede do 1º Escalão da FEB a bordo do Gen Mann.
2 de julho
Partida do 1º Escalão da FEB, com um total de 5 mil 81 homens, sendo 295 oficiais, 4 mil 769 praças e 17 de diversos
serviços.
16 de julho
O navio-transporte Vidal de Negreiros é torpedeado por um submarino alemão.
O 1º Escalão da FEB, tendo à frente o General Mascarenhas de Moraes, desembarca em Nápoles.
2 de agosto
O General Mascarenhas de Moraes é recebido pelo Papa Pio XII.
5 de agosto
O 1º Escalão da FEB é incorporado ao 5º Exército norte-americano.
8 de agosto
O General Zenóbio da Costa é recebido pelo Papa Pio XII.
9 de agosto
Os Generais Mascarenhas de Moraes e Zenóbio da Costa conferenciam com o Comandante do 5º Exército, General Mark
Clark, no QG em Cecina.
18 de agosto
O 1º Escalao da FEB se transfere para Vada.
10 de setembro
O 1º Grupo de Caça parte dos Estados Unidos, a bordo do navio francês Colombie, com destino à Itália.
14 de setembro
O destacamento da FEB (unidade tática), sob o comando do General Euclides Zenóbio da Costa, substitui o Task Force 45
norteamericano, em uma frente de nove quilômetros.
15 de setembro
A tropa brasileira começa a participar das operações de guerra. Tem o seu batismo de fogo.
16 de setembro
A FEB ocupa Massarosa, Monte Comunale e Monte.
18 de setembro
A FEB ocupa Camaiore.
22 de setembro
Partida do Rio de Janeiro dos 2º e 3º Escalões da FEB, nos transportes norte-americanos General Mann e General Meiggs.
No 2º Escalão havia 5 mil 133 homens, sendo 356 oficiais, 4 mil 757 soldados e 10 elementos diversos, sob o comando do
General Osvaldo Cordeiro de Farias. No 3º Escalão, 5 mil 243 homens, dos quais 316 oficiais, 4 mil 922 pracinhas e cinco

25
elementos diversos, sob o comando do General Olímpio Falconiere da Cunha.
24 de setembro
O General Eurico Dutra desembarca em Nápoles.
26 de setembro
A FEB ocupa Monte Prano.
30 de setembro
A FEB conquista Lama di Sotto.
1 de outubro
A FEB ocupa Fornaci.
6 de outubro
Os 2º e 3º Escalões da FEB aportam em Nápoles.
O 1º Grupo de Caça desembarca em Livorno, porto a oeste da Itália, integrando-se à Força Aérea Aliada no Mediterrâneo.
11 de outubro
A FEB conquista Barga.
16 de outubro
O Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, passa em revista a tropa expedicionária estacionada em Pisa.
A FEB ocupa Galiciano e Barga.
30 de outubro
A FEB conquista Lama di Sotto, Lama di Sopra, Pradescello, Pian de los Rios, Collo e San Chirico.
06 de novembro
A FEB dá início às suas missões de guerra.
O primeiro oficial brasileiro abatido foi o Segundo-Tenente Aviador John Richardson Cordeiro e Silva, atingido pela artilharia
antiaérea nazista na zona de Bolonha.
8 de novembro
O Marechal Alexander visita o QG da FEB em Porreta-Terme.
23 de novembro
O 4º Escalão da FEB parte do Rio de Janeiro. Compunha-se de 4 mil 722 homens, sendo 280 oficiais, 4 mil 396 praças e 46
diversos.
24 de novembro
Primeiro ataque da FEB a Monte Castelo.
25 de novembro
Segundo ataque da FEB a Monte Castelo.
29 de novembro
Terceiro ataque da FEB a Monte Castelo.
7 de dezembro
O 4º Escalão da FEB chega a Nápoles.
12 de dezembro
Quarto ataque da FEB a Monte Castelo.

1945
4 de fevereiro
Conferência de Yalta: Roosevelt, Churchill e Stálin.
8 de fevereiro
Reunião do IV Corpo de Exército em Lucca para a exposição do Plano Encore e apresentação à FEB da 10ª Divisão de
Montanha norte-americana.
O 5º Escalão da FEB parte do Rio de Janeiro a bordo do Gen Meiggs. Eram 5 mil 128 homens, sendo 247 oficiais, 4 mil 835
praças e 46 diversos.
21 de fevereiro
A FEB conquista o Monte Castelo.
22 de fevereiro
Chega a Nápoles o 5º Escalão da FEB.
5 de março
A FEB ocupa Castelnuovo.
8 de março
Assinada a Ata de Chapultepec, no México.
30 de março
O Brasil estabelece relações diplomáticas com a União Soviética.
12 de abril
Morte de Franklin Roosevelt.
Harry Truman é o novo Presidente dos Estados Unidos.
14 de abril
A FEB toma Montese.

26
21 de abril
A FEB conquista Zocca e Montalto.
25 de abril
Início da Conferência de São Francisco, com a presença de 50 países. O Embaixador Leão Veloso é o chefe da delegação
brasileira.
27 de abril
Benito Mussolini é preso pelos partigiani italianos em Dongo, às margens do Lago de Como.
O Major H. Cordeiro Oest inicia os primeiros contatos com a 148ª D.I. Alemã para a rendição incondicional.
28 de abril
A FEB ocupa Collechio.
Início da rendição da 148ª D.I. Alemã.
29 de abril
Os soviéticos entram em Berlim.
Os parlamentares da 148ª D.I. Alemã se apresentam ao General Mascarenhas de Moraes, em Ponte Scodogna. Durante
todo o dia prosseguiu a rendição da tropa, acompanhada de copioso material bélico.
O Brasil fez 14 mil 779 prisioneiros, além de 4 mil cavalos, mais de 1 mil 500 viaturas, 80 canhões de diversos calibres,
grande quantidade de munição etc.
30 de abril
Hitler se suicida em Berlim.
1 de maio
O Almirante Dõenitz assume o Comando na Alemanha.
A FEB ocupa Turim.
2 de maio
Rendição incondicional dos alemães na Itália. Berlim é conquistada pelas tropas soviéticas do Marechal Zhukov.
7 de maio
Os militares alemães assinam a rendição incondicional.
8 de maio
Dia da Vitória na Europa: cessam todas as hostilidades.
10 de maio
Término da última batalha, a de Praga.
30 de maio
O 1º RI desfila em Piacenza, sob o comando do Coronel Caiado de Castro.
4 de junho
O cruzador Bahia afunda em conseqüência de uma explosão a bordo.
6 de junho
Aprovado o preâmbulo da Carta de São Francisco.
O Brasil declara guerra ao Japão.
25 de junho
Instalada a conferência para julgar os crimes de guerra.
26 de junho
Assinada a Carta das Nações Unidas.
6 de julho
O 1º Escalão da FEB parte de Nápoles para o Brasil.
11 de julho
O General Mascarenhas de Moraes chega ao Rio de Janeiro.
16 de julho
Os Generais Mark Clark e Crittenberger chegam ao Rio de Janeiro.
Teste da primeira bomba atômica, no Estado do Novo México, Estados Unidos.
17 de julho
Inicia-se a Conferência de Potsdam: Truman, Churchill e Stálin.
18 de julho
O 1º Escalão da FEB desembarca no Rio de Janeiro.
26 de julho
Clement Attlee, do Partido Trabalhista é o novo Primeiro-Ministro da Inglaterra.
6 de agosto
A bomba atômica explode sobre Hiroxima (dia 5 nos Estados Unidos).
8 de agosto
A União Soviética declara guerra ao Japão.
9 de agosto
Uma bomba atômica, mais poderosa que a anterior, explode em Nagasaki.
14 de agosto
Rendição incondicional do Japão.

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DADOS NUMÉRICOS REFERENTES À FEB

Efetivo total da FEB ............................................................................................... 25.334


Prisioneiros capturados ........................................................................................... 20.573
Integrantes da FEB aprisionados pelos inimigos ......................................................... 35
Mortos da FEB ........................................................................................................ 457
Feridos no Teatro de Operações ............................................................................... 2.722
Extraviados ainda não recuperados (dos quais 10 enterrados como desconhecidos)....... 23

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ASSUNTO:
2. Missões de Paz Internacional

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
a. Descrever a participação do Brasil nas missões de paz.
b. Compreender as conseqüências da participação nas missões de paz para o Exército
Brasileiro e para o Brasil.
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GENERALIDADES

Baseada nos preceitos do artigo 4º da Constituição Federal, a participação brasileira em missões


de paz só ocorre após o atendimento de algumas imposições, cuja principal é a aceitação, por parte dos
países ou das facções envolvidas no conflito, da presença de observadores ou tropas estrangeiras em
seu território.
Essa conduta da política externa brasileira vem sendo adotada há longo tempo. Assim, a
primeira participação do Exército Brasileiro ocorreu em 1947, quando observadores militares foram
enviados para os Balcãs. Durante as décadas de 50 e 60, viria a participar com efetivos maiores,
integrando forças internacionais de paz, sob a égide da ONU no Oriente Médio e da OEA no Caribe. A
mais longa missão foi no Oriente Médio (UNEF) e durou de 1957 a 1967, com a participação de 600
homens, em média, que se revezaram em 20 contingentes.
Nas décadas seguintes, foram bastante reduzidas as missões, até reiniciarem em 1989, quando
inúmeras foram abertas. Em 1994, foram enviadas tropas (uma companhia) para auxiliar a manutenção
da paz em Moçambique. Em setembro de 1995, o Exército enviou para Angola um contingente
composto por mais de mil homens (um batalhão, uma companhia de engenharia e um posto de saúde).
Nos últimos anos, militares brasileiros vêm prestando serviços às Nações Unidas, como observadores,
na África, na América Central, na Europa, e na Ásia, e cooperando para a solução pacífica do conflito
fronteiriço entre o Equador e o Peru.
A par do excelente desempenho demonstrado pelas tropas e pelos observadores brasileiros em
missões no exterior, o Exército tem participado de exercícios conjuntos com outros países.

28
A participação em missões de paz vem trazendo crescente prestígio à política externa e ao
Exército Brasileiro, aumentando a projeção nacional no cenário mundial.

O EXÉRCITO BRASILEIRO NAS MISSÕES DE PAZ

O Brasil, há muito tempo, vem contribuindo com o esforço de organismos internacionais de


paz, quer pelo envio de observadores militares desarmados, quer pela inserção de tropas levemente
armadas nas áreas conflagradas. Os objetivos têm sido monitorar o cessar-fogo entre as partes
envolvidas e desenvolver as melhores condições para o pleno restabelecimento da paz regional.
O Brasil considera que as Operações de Paz são instrumentos úteis para solucionar conflitos e
ajudam a promover negociações político - diplomáticas, mas não podem substituí-las; a solução
definitiva sempre dependerá da vontade política das partes. Exercício Forças Unidas – O exercício
inicialmente denominado Forças Unidas foi estruturado num quadro de Força de Paz, realizado numa
situação hipotética e com auxílio de computadores. No decorrer do exercício, são simulados incidentes
que envolvem a tropa, civis e demais participantes na questão. Nos primeiros dias são realizados
seminários com diferentes temas sobre assuntos correlatos com a ONU e Operações de Manutenção da
Paz. O exercício é patrocinado pelo Comando Sul do Exército dos Estados Unidos da América (EUA).

Fig. 1 – Bandeira do Brasil e da ONU.

Em 1997, o exercício foi realizado na Escola de Comando do Estado-Maior do Exército


(ECEME). O Exército Brasileiro realizou toda a coordenação, planejamento e desenvolvimento do
evento, baseado na experiência vivida em Angola.
Em 1999 o exercício passou a ser chamado SUR 99, e foi realizado na capital boliviana segundo
uma situação planejada pelo Comando Sul do Exército dos EUA.
Em substituição ao exercício Forças Unidas, que passou a ser bianual, em 2000 foi realizado um
simpósio de Forças de Paz em Santiago do Chile.
Operação Cruzeiro do Sul – Em 1996, foi criado um exercício denominado Operação Cruzeiro
do Sul, por iniciativa da Argentina, com os objetivos de proporcionar um maior entrosamento entre os
integrantes de uma Força de Paz Combinada (F Paz Cbn) e desenvolver o planejamento de estado-
maior nos níveis grande unidade (GU) e unidade (U), reforçando os laços de amizade no contexto do
MERCOSUL. Em 1997, contando com a participação do Uruguai, o exercício foi realizado no Brasil,
com a presença de tropa no terreno. Em 1998, o exercício foi de quadros, realizado na Argentina, com a
inclusão do Paraguai.

29
Em 1999, foi realizado no Brasil, e constou de seminários com o objetivo de trocar experiências
relativas às operações de manutenções de paz e planejamento nos níveis GU e U. Pode-se observar a
diferença entre o SUR 99 e a Operação Cruzeiro do Sul: o primeiro constitui comando de brigada e o
segundo comando regional, de acordo com o desdobramento das Forças da ONU em Angola. No ano
2000 o exercício foi de posto de comando com incidentes.
Exercício de Apoio Humanitário – Ainda em 1998, por ocasião de uma conferência bilateral de
estados-maiores entre os Exércitos do Brasil e da Argentina, foi estabelecido que seria realizado,
anualmente e por revezamento, um exercício combinado de apoio humanitário às comunidades por
ocasião de desastres naturais.
Em 1999, o exercício denominado Operação Iguaçu – I foi realizado na cidade de Posadas, na
Argentina, contando com a presença de militares do 2º Regimento de Cavalaria Mecanizado e do
estado-maior da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, explorado sob o tema de um alagamento
generalizado na fronteira comum, operacionalizando a assistência humanitária.
Seminários – Nos anos de 1997 e 1998, o Exército participou de seminários de assuntos
relacionados com Operações de Manutenção da Paz, na América do Sul e Grã-Bretanha.
Em 1999, foi realizado um intercâmbio de especialistas em operação de manutenção de paz com o
Exército dos Estados Unidos da América. Foram discutidos temas como desminagem, relacionamento
com as organizações não-governamentais (ONG) e conceitos doutrinários.
O preparo da tropa – Uma situação real – O COTER é responsável pelo preparo das tropas que
se destinam às missões de manutenção da paz. São tomadas como referências de preparo as Diretrizes
da ONU e os Programas Padrão de Instrução, entre outros documentos. O tempo previsto é de cerca de
três meses, dividido em instrução individual (quadros, cabos e soldados) e adestramento.
Em nível internacional – A tendência aponta para a concessão, pela ONU, de mandatos para que
organismos regionais conduzam operações de manutenção de paz, com o provável aumento de missões
delegadas para coalizões de estados-membros, como foi o caso da missão junto à INTERFET; ou para
organismos regionais, com a conseqüente diminuição do controle das operações por parte das Nações
Unidas.
Em curto e médio prazos, pode-se dizer que, em razão do seu alto custo e das dificuldades de
atingir resultados definitivos, as missões de paz da ONU, envolvendo emprego de tropa, deverão
diminuir. Por outro lado, as missões de emprego individual – observadores militares – por enquanto,
não deverão sofrer redução.
As Nações Unidas, por sua universalidade, legitimidade e experiência de mais de 50 anos em
missões congêneres, devem continuar, quando possível, a conduzir as operações de manutenção de paz.
O emprego de forças militares em Operações de Paz continuará a ser uma constante nos
próximos anos. O Brasil poderá ser convocado a dar sua parcela de contribuição.

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS QUE AS MISSÕES DE PAZ TRAZEM AO BRASIL

A participação do Brasil em missões de paz caracteriza-se como um instrumento muito útil da


política externa. Além de representar o cumprimento com suas obrigações em nível mundial na matéria,
contribui para estreitar as relações com países de particular interesse para política externa brasileira.
É importante enfatizar que o Brasil pode se orgulhar de sua participação nas operações
internacionais, pois projeta, favoravelmente, a sua imagem, colhendo significativos dividendos internos
e externos, ratificando sua posição de importante ator no cenário mundial e conquistando o espaço que
lhe é devido no âmbito das relações exteriores.

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A presença do General-de-Divisão Augusto Heleno Ribeiro Pereira no comando do componente
militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), iniciada em 2004,
confirma a confiança que os organismos internacionais depositam no Exército Brasileiro.

Fig. 2 – Despedida da família.

Decorrente da eficiência de seus quadros na participação em missões de paz, coube a vários


militares da Força Terrestre – abaixo citados - o desempenho de diversos cargos de comando e chefia,
que dignificaram, ainda mais, a participação brasileira nos diversos processos de paz de países amigos:

1. Em Suez, na Força de Emergência das Nações Unidas I (UNEF I), coube o comando
operacional da missão, no 1º semestre de 1964, ao General-de-Divisão Carlos Paiva Chaves e, em 1965
e 1966, ao General-de-Brigada Syseno Sarmento.
2. Na República Dominicana, na Força Interamericana de Paz (FIP), os Generais-de-Exército
Hugo Panasco Alvim e Álvaro da Silva Braga exerceram o comando unificado da missão em 1965 e
1966.
3. Em Angola, nas Missões de Verificação das Nações Unidas em Angola I e II (UNAVEM I e
II), o General-de-Brigada Péricles Ferreira Gomes chefiou o grupo de observadores em 1989 e 1990.
4. Em Moçambique, na Missão das Nações Unidas em Moçambique (ONUMOZ), a chefia da
componente militar coube, em 1993 e 1994, ao General-de-Divisão Lélio Gonçalves Rodrigues da
Silva.

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5. Na Ex-Iuguslávia, na Força de Proteção das Nações Unidas na Antiga Iugoslávia
(UNPROFOR), o General-de-Brigada Newton Bonumá dos Santos chefiou os observadores militares
em 1994 e 1995.
6. No Equador e no Peru, na Missão de Observadores Militares no Equador e no Peru
(MOMEP), entre 1995 e 1999 a coordenação-geral coube sempre a oficiais-generais brasileiros:

- Gen Div Cândido Vargas de Freire;


- Gen Div Francisco Stuart Campbell Pamplona;
- Gen Div Marcelo Rufino dos Santos;
- Gen Div Francisco Roberto de Albuquerque;
- Gen Div Licinio Nunes de Miranda Filho;
- Gen Div Gilberto Fernando Alfama Bandeira;
- Gen Div Luiz Seldon da Silva Muniz;
- Gen Div Sérgio Pedro Coelho de Lima;
- Gen Div Plínio Abreu Coelho; e
- Gen Div Cláudio Barbosa de Figueiredo.

7. No Timor Leste, na Administração Transitória das Nações Unidas no Timor Leste


(UNTAET), o General-de-Brigada Sérgio Lineu Vasconcelos Rosário chefiou os observadores militares
em 2001 e 2002.

MISSÕES DE PAZ JÁ CONCLUÍDAS PELO EXÉRCITO BRASILEIRO

DOMERP

Missão de Representante Especial do Secretário-Geral da ONU na República Dominicana.


Estabelecida de maio de 1965 a outubro de 1966, tinha por missão observar a situação e relatar
infrações do cessar-fogo entre duas facções contrárias na República Dominicana. O Brasil enviou um
observador militar para a DOMREP.

A FORÇA INTERAMERICANA DE PAZ – FIP

A Força Interamericana de Paz (FIP) foi estabelecida por resolução da Organização dos Estados
Americanos (OEA), de 6 de maio de 1965, para colaborar na restauração da normalidade na República
Dominicana. O País encontrava-se abalado pela instalação de quase completo caos social. No
cumprimento de seu mandato, a FIP deveria garantir a segurança dos habitantes, a inviolabilidade dos
direitos humanos e estabelecer um clima de paz e conciliação, que permitissem o funcionamento das
instituições democráticas.
Para atender a resolução da OEA, o Brasil organizou o Destacamento Brasileiro da Força Armada
Interamericana (FAIBRÁS), com um Batalhão do Exército e um Grupamento de Fuzileiros Navais.
A 29 de maio, o General-de-Exército Hugo Panasco Alvim assumiu o Comando Unificado da
FIP. A estrutura da missão era a seguinte:

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A Brigada Latino-Americana enquadrou os contingentes da América Latina. Era comandada
pelo Coronel Carlos de Meira Mattos, por designação da FIP. Subordinados operacionalmente à
Brigada estavam o Batalhão do Exército Brasileiro e o Batalhão Fraternidade, organizado como se
segue:

Durante um ano e quatro meses, o FAIBRÁS executou suas atribuições na República


Dominicana, contando com um contingente de cerca de 1.200 homens, que sofreu três revezamentos.

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Fig. 3 – Embarque dos soldados brasileiros.

Fig. 4 – PBCE montado pelo Exército Brasileiro.

Fig. 5 – Exército Brasileiro em marcha (desfile).

MINUGUA - MISSÃO DE VERIFICAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NA GUATEMALA.

Estabelecida desde novembro de 1994, a MINUGUA conduziu trabalhos de verificação e


reconstrução das instituições em todo o País. O Brasil participou dessa missão desde o início, com o
envio de oficiais de ligação e observadores policiais. A operação de manutenção da paz, inserida na
missão civil humanitária, foi estabelecida em janeiro de 1997.
A função de verificação incluía a observação do cessar-fogo entre o governo da Guatemala e a
Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca (URNG), a separação de forças e a desmobilização da

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guerrilha. Na oportunidade, o Brasil contribuiu com 18 observadores militares, inclusive o subchefe da
missão.

Fig. 6 – Militar brasileiro pronto para mais uma jornada de trabalho.

Fig. 7 – Viatura da ONU usada pelo EB na missão.

MISSÃO DE OBSERVADORES MILITARES DO EQUADOR - PERU (MOMEP)

A Missão de Observadores Militares Equador - Peru (MOMEP) foi criada em 10 de março de


1995 por meio da "Definição de procedimentos acordada entre as partes e os países garantes do
Protocolo do Rio de Janeiro de 1942'', com o objetivo de solucionar o conflito fronteiriço entre o Peru e
Equador. Essa missão teve duração aproximada de quatro anos e quatro meses e foi concluída, com
pleno êxito, em 30 de junho de 1999.
O Brasil teve a participação de 191 militares, entre coordenadores-gerais, observadores
militares e integrantes do Grupo de Apoio.
Após o restabelecimento da paz entre os beligerantes a situação da MOMEP tornou-se
indefinida, particularmente quanto à finalidade e validade da missão. Pelo acordo de paz ficou
estabelecido que a demarcação da fronteira e a desminagem da região ficariam a cargo de Peru e
Equador, que contariam com o apoio dos países garantes e outros que se prontificaram a colaborar com
a difícil tarefa.
A MOMEP cumpriu as missões contidas na Declaração de Procedimentos MOMEP II, as
inerentes ao Acordo de Quito e as relativas à verificação da desminagem, associada à demarcação da
fronteira equatoriana-peruana. Houve uma posição clara e unânime dos embaixadores dos países

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garantes no sentido de que o término da missão da MOMEP coincidisse com a colocação do último
marco fronteiriço, ocorrido em 30 de abril de 1999.
A missão consolidou a imagem do Brasil como uma Nação apreciadora da paz e confiante em
seus meios diplomáticos.

Fig. 8 – Desembarque dos militares prontos para a missão.

MONUA (MISSÃO DE OBSERVAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS EM ANGOLA)

A MONUA foi estabelecida em 30 de junho de 1997 para ajudar as partes em conflito a


consolidar a paz e a reconciliação nacional. Seu mandato previa, ainda, o estabelecimento de condições
para garantir uma estabilidade duradoura, um desenvolvimento democrático e a reconstrução do País.
O Brasil contribuiu, durante todo o mandato da Missão(de julho de 1997 a fevereiro de 1998)
com uma média de quatro Observadores Militares, aproximadamente 20 Observadores Policiais e dois
oficiais que atuaram no Estado-Maior da missão. Em março de 1999, o Brasil passou a ceder uma
unidade médica, composta por 15 militares do Exército, para prestar apoio ao pessoal das Nações
Unidas em Luanda durante o período de encerramento da MONUA.

ONUC ("OPÉRATION DES NATIONS UNIES AU CONGO - UNITED NATIONS OPERATION IN


THE CONGO" OPERAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NO CONGO)

A ONUC foi estabelecida, em julho de 1960, para assegurar a retirada das forças belgas, assistir
ao governo na manutenção da lei e da ordem e prover assistência técnica. A missão foi posteriormente
modificada para incluir a manutenção da integridade territorial e da independência política do Congo,
prevenindo a ocorrência de guerra civil. Deveria, ainda, assegurar a remoção de todos os militares,
paramilitares e assessores que não estivessem sob o comando das Nações Unidas, e de todos os
mercenários. O Brasil cedeu tripulações e pessoal de terra para operar aviões de transporte e
helicópteros, de julho de 1960 a junho de 1964. No total, 179 militares brasileiros participaram da

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missão. Essa Missão foi um marco para a ONU, em termos de responsabilidades assumidas, tamanho
da área de operações e efetivo envolvido - a Força de Paz chegou a 20.000 pessoas. A operação custou
a vida do Secretário-Geral, Dag Hammarskjold (morto em um acidente aéreo na noite de 17 de
setembro de 1961), e deixou a ONU em uma séria crise financeira.

ONUCA ( UNITED NATIONS OBSERVER GROUP IN CENTRAL AMÉRICA - GRUPO DE


OBSERVAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NA AMÉRICA CENTRAL)

A ONUCA foi estabelecida para verificar o cumprimento, por parte dos governos de Costa Rica,
El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua, dos compromissos adotados para pôr fim à ajuda aos
movimentos insurretos e impedir que os territórios desses países fossem utilizados como base para o
lançamento de ataques contra outros estados.
De 1989 a janeiro de 1992, o Brasil contribuiu com 21 observadores militares para o Grupo de
Observação das Nações Unidas na América Central.

ONUMOZ ( UNITED NATIONS OPERATION IN MOZAMBIQUE - OPERAÇÃO DAS NAÇÕES


UNIDAS EM MOÇAMBIQUE )

A ONUMOZ foi estabelecida para implementar o Acordo Geral de Paz, assinado em outubro de
1992, pelo presidente da República de Moçambique e o presidente da Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO). O mandato incluía a verificação do cessar-fogo, a retirada de tropas
estrangeiras, o estabelecimento de corredores de segurança e a verificação do processo eleitoral. De
janeiro de 1993 a dezembro de 1994, o Brasil contribuiu para a missão com um total de 26
observadores militares, 67 observadores policiais, uma unidade médica e uma companhia de infantaria,
composta de 170 militares. O General-de-Divisão Lélio Gonçalves Rodrigues da Silva exerceu o
comando da ONUMOZ de fevereiro de 1993 a fevereiro de 1994.

Fig. 9 – Helicópteros da ONU usados pelo Exército Brasileiro.

ONUSAL (UNITED NATION OBSERVER MISSION IN EL SALVADOR – MISSÃO DE


OBSERVAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS EM EL SALVADOR)

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A ONUSAL foi estabelecida para verificar a implementação dos acordos negociados entre o
governo salvadorenho e a Frente FaraBundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN). Os acordos
incluíam o cessar-fogo, a reforma e redução das forças armadas, a criação de um corpo policial, a
reforma dos sistemas judicial e eleitoral e outros assuntos econômicos e sociais.
De 1991 a 1992, o Brasil contribuiu para a ONUSAL com o total de 67 observadores militares,
15 observadores policiais, uma equipe médica (de abril a maio de 1992).

Fig. 10 – Militares em frente a sede da ONUSAL

Fig. 11 – Missão em andamento

UNAMET / INTERFET / UNTAET - TIMOR LESTE

O Exército Brasileiro tem participado de todas as missões conduzidas pela Organização das
Nações Unidas (ONU) no Timor Leste. Em 1999, enviou quatro oficiais de ligação para compor os
quadros da UNAMET, durante o referendo em que a população local optou pela separação da
Indonésia. Em seguida, participou da INTERFET com um pelotão de Polícia do Exército (PE). Com a
criação da UNTAET, integrou a sua Força de Manutenção da Paz (PKF) com dois pelotões de PE e
participou de seu estado-maior com dois oficiais superiores, além de ter 12 oficiais no grupo de
observadores militares (UNMOG) daquela missão.
Atualmente, as Nações Unidas mantêm uma missão de apoio no país, a UNMISET, em
substituição à UNTAET. O Exército participa da UNMISET com um pelotão de PE (51 homens) e mais
15 militares, entre oficiais e sargentos, distribuídos pelo UNMOG e pelas seções do Estado-Maior da
Força de Paz estacionada no país. As principais tarefas do pelotão têm sido: escolta de comboios;

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controle de trânsito; investigações e perícias em acidentes envolvendo militares da PKF; segurança de
autoridades; e revista de pessoal e veículos nos postos de controle da fronteira.
Os observadores militares, entre outros encargos, monitoram as condições de segurança no
território, apóiam agências internacionais que atuam em favor de refugiados e conduzem as ligações
entre a PKF e as Forças Armadas indonésias na faixa de fronteira.
Ao longo de todo esse tempo, os efetivos brasileiros no Timor Leste têm desempenhado
diversas missões de relevo com muita competência.
Entre outubro de 1999 e meados de 2001, o pelotão de PE baseado em Dili esteve responsável
pela segurança pessoal das principais lideranças político-militares do país, à época empenhadas em
delicado processo de transição para a independência. A chefia e a subchefia do UNMOG, entre outubro
de 2000 e julho de 2002, já estiveram a cargo de um general e um coronel brasileiros.
O contingente brasileiro tem, ainda, em sua permanência no Timor Leste, apoiado o esforço de
reconstrução nacional com a mão amiga que caracteriza a Força verde-oliva. Prova disso é a
recuperação de uma escola, em Dili, depredada e parcialmente destruída durante os trágicos
acontecimentos de setembro de 1999.
O estabelecimento, rebatizado com o nome de "Escola Duque de Caxias" - uma justa
homenagem ao Patrono do Exército Brasileiro - , voltou a funcionar graças ao trabalho de nossos
boinas azuis e é uma das trincheiras do ensino de português no país.

MISSÕES EM ANDAMENTO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

MARMINAS - Missão de Assistência para a Remoção de Minas na América do Sul

Com o objetivo de solucionar o conflito fronteiriço entre o Peru e Equador, foi firmada, em
1995, a "Definição de procedimentos acordada entre as partes e os países garantes do Protocolo do Rio
de Janeiro de 1942''. Sob a supervisão da Missão de Observadores Militares Equador - Peru (MOMEP),
a paz foi restabelecida. Pelo acordo de paz, a demarcação da fronteira e a desminagem da região
ficariam a cargo dos beligerantes, com o apoio dos países garantes e de outros, que se prontificaram a
colaborar com a difícil tarefa. O trabalho de remoção revestia-se de dificuldades devido à grande
quantidade de minas terrestres lançada na região de operações e na linha de fronteira. A maior
concentração encontrava-se na Cordilheira do Condor.
No período de abril de 2002 a abril de 2003, a Missão de Assistência para a Remoção de Minas
na América Central (MARMINCA) apoiou os trabalhos por meio de assistência técnica e capacitação
de militares dos exércitos do Equador e Peru.
Em 01 de maio de 2003, foi criada a Missão de Assistência para a Remoção de Minas na
América do Sul (MARMINAS), para atuar sob a égide da Organização dos Estados Americanos
(OEA), com a assistência técnica da Junta Interamericana de Defesa (JID).
A MARMINAS tem por missão proporcionar, tanto ao Equador quanto ao Peru, treinamento,
assessoria técnica e monitoria das atividades, para a certificação de que as operações de limpeza de
minas são realizadas de acordo com as normas internacionais.
Atualmente, a MARMINAS conta com quatro brasileiros - dois oficiais da arma de Engenharia
do Exército Brasileiro e dois oficiais do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.

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Fig. 12 – Grupamento desarmando minas.

Fig.13 – Mina localizada!

MARMINCA (MISSÃO DE ASSISTÊNCIA PARA A REMOÇÃO DE MINAS NA AMÉRICA


CENTRAL)

A Missão de Assistência para a Remoção de Minas na América Central (MARMINCA) atua sob
a égide da Organização dos Estados Americanos, com assistência técnica da Junta Interamericana de
Defesa (JID). Realiza a preparação de pessoal especializado em trabalhos de supervisão e limpeza de
áreas minadas na Nicarágua e Guatemala. O Exército Brasileiro participa da remoção de minas na
América Central, desde 1994 e, atualmente, mantém o efetivo de 7 militares na MARMINCA.

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Fig. 14 – Cão farejador na procura de minas

Fig. 15 – Militar com o DM 1000 (detector de minas)

ONUCI - OPERAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NA COSTA DO MARFIM

O Conselho de Segurança expediu, em 27 de fevereiro de 2004, com base no Capítulo VII da


Carta das Nações Unidas, a Resolução nº 1528. Nela estabelece a Operação das Nações na Costa do
Marfim (ONUCI), a partir de 4 de abril de 2004, em virtude da situação daquele país constituir uma
ameaça a paz e a segurança internacionais da região.
A UNOCI substituiu a Missão das Nações Unidas na Costa do Marfim (MINUCI), missão
política estabelecida pelo Conselho de Segurança em maio de 2003, com o mandato de facilitar a
implementação do acordo "Linas-Marcoussis", complementando as operações das Forças Francesas e
da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O Brasil participa, desde outubro de 2003, com 5(cinco) militares:
- no Estado-Maior da Força de Paz: 1(um) do Exército;
- como Observadores Militares: 3 (três) do Exército e 1(um) da Marinha.

UNFICYP - UNITED NATIONS PEACE-KEEPING FORCE IN CYPRUS - FORÇA DE


MANUTENÇÃO DA PAZ DAS NAÇÕES UNIDAS NO CHIPRE)

A UNFICYP foi estabelecida em 1964 para evitar o prolongamento de lutas entre as


comunidades greco-cipriota e turco-cipriota e para contribuir para a manutenção e restauração da lei e
ordem no Chipre. O General-de-Divisão Paiva Chaves, então comandante da UNEF, em Suez, foi
designado pelo Secretário-Geral da ONU para implantar a missão.
O Embaixador Carlos Alfredo Bernardes atuou como Representante Especial do Secretário-
Geral da ONU no Chipre, de setembro de 1964 a janeiro 1967. O Brasil só veio a participar do
contingente militar das Nações Unidas em Chipre a partir de 1995, quando dois militares brasileiros
( 01 Cap e 01 St ) passaram a integrar o Batalhão de Infantaria argentino que integra a UNFICYP. Essa
Missão permanece em curso.

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Fig. 16 – Placa agradecendo o apoio militar argentino e brasileiro.

Fig. 17 – Militares partindo para mais um dia de trabalho.

MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NA GUINÉ-BISSAU (UNOGBIS).

O Brasil participa desta missão desde 2004, com um militar na função de Assessor Militar do
Representante Especial do Secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau.

MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO NO HAITI (MINUSTAH)

Considerando que a situação no Haiti ainda constitui ameaça para a paz internacional e a
segurança na região, o CS decidiu estabelecer a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no
Haiti (MINUSTAH), que assumiu a autoridade exercida pela MIF em 01 de junho de 2004. Para o
comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander) foi designado o General Augusto
Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro. O efetivo autorizado para o contingente militar é de
6.700 homens, oriundos dos seguintes países contribuintes: Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá,
Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai.

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Fig. 18 – Despedida dos familiares

Fig. 19 – Embarque da tropa rumo ao Haiti.

43
Fig. 20 – Benção do padre aos militares brasileiros.

Fig. 21 – Comandante da missão apresenta tropa pronta para a autoridade.

BIBLIOGRAFIA

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- O Exército na História do Brasil. Rio de Janeiro: BiBliEx; Salvador: Odebrecht, 1998. 3 vol.
- Editora Abril. Almanaque Abril 2000. São Paulo.
- Editora Abril. Brasil 500 Anos –1930-1999 - Vol 12.
- Internet: www.eb.mil.br
-

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