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CONDICIONANTES GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS DE ESCAVAÇÃO GRAMPEADA

EM SOLO RESIDUAL DE GNAISSE

Alexander Magno Borges Gomes da Silva

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
CIVIL.

Aprovada por:

___________________________________________________________
Prof. Anna Laura Lopes da Silva Nunes, Ph. D.

__________________________________________________________
Prof. Alberto Sampaio Ferraz Jardim Sayão, Ph. D.

__________________________________________________________
Prof. Milton Assis Kanji, D.Sc.

__________________________________________________________
Prof. Franklin da Silva Antunes, D.Sc.

__________________________________________________________
Prof. Willy Alvarenga Lacerda, Ph. D.

__________________________________________________________
Prof. Maurício Ehrlich, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


JANEIRO DE 2006
GOMES DA SILVA, ALEXANDER MAGNO BORGES
Condicionantes Geológico-Geotécnicos de
Escavação Grampeada em Solo Residual de
Gnaisse [Rio de Janeiro] 2006
XIII, 126 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2006)
Dissertação - Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Mapeamento Geológico-Geotécnico
2. Escavação Grampeada
3. Solo Residual
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

ii
Dedico este trabalho a
minha esposa Roberta
pelo amor e incentivo.

iii
AGRADECIMENTOS

No momento em que o presente trabalho chega à sua etapa final, não poderia
deixar de agradecer à pessoas e instituições que, de uma forma ou de outra, me
auxiliaram ou contribuiram em alguma fase do mesmo.

À Prof. Anna Laura Lopes da Silva Nunes, pela dedicação demonstrada, pela
competência e pelo incentivo nas horas difíceis, demonstrados ao longo da orientação
do trabalho. Meus sinceros agradecimentos pela amizade, paciência e apoio em todos
os momentos.

Ao Prof. Alberto Sampaio Ferraz Jardim Sayão, pela confiança depositada desde o
início, pelas críticas, pelo incentivo e pela amizade.

Ao Prof. Franklin da PUC-Rio, pela inestimável ajuda durante o curso. Muito


Obrigado.

A todos os professores que contribuíram para meu aprendizado e me fizeram


capaz de chegar até aqui.

Ao meu amigo Marcelo Aldaher Magalhães (Marcelinho), pelo companheirismo


durante o curso e pela ajuda durante os ensaios de campo e na exumação dos
grampos.

Aos amigos Thiago Proto, Alexandre Saré, Fernanda Springer e André Lima, da
PUC-Rio, pela amizade e pelo apoio durante todas as etapas por que passamos
durante a execução das obras. A vocês, meus sinceros agradecimentos.

Ao amigo Paulo Henrique Dias e à Empresa SEEL (Serviços Especiais de


Engenharia LTDA), por disponibilizar a área das obras para o mapeamento geológico-
geotécnico, fundamental para a realização desta pesquisa. Muito obrigado pelos
conselhos, pela ajuda financeira à pesquisa e pelo empréstimo da bússola.

Aos amigos Marcos, Rodrigo, Mariluce, Leonardo, Rosane, Tatiana, Marcelo Rios
e a todos do laboratório, pela amizade e pelo apoio durante todas as etapas por que
passamos durante o curso. A vocês meus sinceros agradecimentos.

iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

CONDICIONANTES GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS DE ESCAVAÇÃO


GRAMPEADA EM SOLO RESIDUAL DE GNAISSE

Alexander Magno Borges Gomes da Silva

Janeiro/2006

Orientadores: Anna Laura Lopes da Silva Nunes


Alberto Sampaio Ferraz Jardim Sayão

Programa: Engenharia Civil

A técnica de solo grampeado vem sendo cada vez mais utilizada em obras de
estabilização de taludes. Este trabalho apresenta o mapeamento geológico-geotécnico
de duas escavações grampeadas em solo residual de gnaisse no Morro do Palácio,
Praia de Boa Viagem, município de Niterói/RJ. O mapeamento da área de estudo
considerou as características geométricas das descontinuidades, tais como,
orientação, persistência, abertura, grau de rugosidade e espaçamento. Foram
realizados ensaios de rampa (Tilt Test) no laboratório, para obtenção dos parâmetros
de resistência das juntas. Analisou-se também os tipos de solo do perfil de alteração
da escavação através dos boletins de perfuração de grampos, observando-se uma
grande variabilidade dos materiais. Foram coletadas amostras para a identificação dos
tipos de material e das espessuras das camadas ao longo do grampo. Dados de
sondagens e dos boletins de perfuração dos grampos foram utilizados para a
construção de mapas em três dimensões da área das obras de grampeamento.
Procurou-se comparar os dados de ensaios de arrancamento com as observações
posteriores na exumação dos grampos e com a geologia do local. A análise de
resultados de ensaios de arrancamento dos grampos executados ao longo da
escavação, além de algumas exumações, possibilitou confirmar a influência da
geologia e dos diferentes níveis de alteração de solo e rocha identificados nos mapas
tridimensionais construídos para a área de estudo.

v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

GEOLOGICAL-GEOTECNICAL FACTORS OF A NAILED EXCAVATION IN


RESIDUAL GNEISSIC SOIL

Alexander Magno Borges Gomes da Silva

January/2006

Advisors: Anna Laura Lopes da Silva Nunes


Alberto Sampaio Ferraz Jardim Sayão

Department: Civil Engineering

The use of the soil nailing technique has been frequently used in slope
stabilization projects. This thesis emphasizes the benefits of producing a 3D map of the
geological discontinuities in the slope of the Morro do Palácio, Praia da Boa Viagem,
district of Niterói, RJ. This was the site of a 40m high soil nailing program excavation in
gnaissic residual soil. For mapping the slope, the attitudes of the discontinuities and of
the slope face were measured at pre-defined intervals. A comphreensive research
program has been carried out at this site, including a series of pull-out tests and
subsequent exhumation of test nails. A comparison was made among local geological
features, the pull-out behavior and the visual characteristics of exhumed nails. The
research program also included a series of tilt tests for obtaining the residual strength
of specimens of rock joints. During the soil perforation for the nail installation, a large
variability of material types and thicknesses could be observed. Samples were
collected for soil classification and the of the layers along the nails. Individual nail
perforation profiles were produced for aiding in the construction of the three
dimensional map of the area. Analysis of the pull-out results (qs values) corroborates
the influence of the geology and of the different alteration levels related to the
heterogeneity of the lithologies found in that area. Materials with a low alteration
degree were noted to corresponded to large values of qs.

vi
SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................ 001
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 004
2.1: Movimentos de Massa......................................................................... 004
2.1.1: Classificação dos Movimentos de massa................................ 006
2.2: Causas de Instabilização ................................................................... 015
2.2.1: Condicionantes Geológicos..................................................... 016
2.2.2: Condicionantes do Solo .......................................................... 020
2.2.3: Condicionantes Hidrológicos.................................................... 027
2.2.4: Condicionantes Relativos à Vegetação................................... 029
2.3: Técnicas de Estabilização.................................................................. 031
2.3.1: Controle de Águas Subsuperficiais.......................................... 031
2.3.2: Cortina Atirantada ................................................................... 032
2.3.3: Estruturas em solos reforçados com Geossintéticos............... 032
2.3.4: Terra Armada........................................................................... 033
2.3.5: Muros de Gravidade................................................................. 033
2.3.6: Solo Grampeado...................................................................... 034
2.4: Histórico de Casos............................................................................ 037
2.4.1: Casos Internacionais................................................................. 037
2.4.2: Casos Brasileiros...................................................................... 039
3 - ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICOS DA ÁREA DE ESTUDO 042
3.1: Geologia Regional............................................................................. 042
3.1.1: O Arcabouço Tectônico Regional do Sudeste Brasileiro......... 043
3.1.2: O Complexo Paraíba do Sul.................................................... 047
3.1.3: Tectônica do Complexo Paraíba do Sul................................... 053
3.1.4: Geomorfologia.......................................................................... 053
3.2: Propriedades Geotécnicas de Solos Residuais de Gnaisse........ 056
3.3: Características Específicas da Área .............................................. 058
3.3.1: Geologia Local......................................................................... 058
3.3.2: Geomorfologia do Local........................................................... 062
3.3.3: Caracterização Geotécnica...................................................... 063
4 – CONDICIONANTES DO TALUDE GRAMPEADO E MODELAGEM 3D.............. 067
4.1: Introdução......................................................................................... 067

vii
4.2: Mapeamento Geológico-Geotécnico............................................... 067
4.3: Perfis Geológico-Geotécnicos......................................................... 079
4.4: Modelos Geológico-Geotécnicos Tridimensionais....................... 081
4.5: Validação dos Modelos Geológico-Geotécnicos 3D..................... 100
5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................................................ 110
5.1: Conclusões........................................................................................ 110
5.2: Sugestões para Pesquisas Futuras................................................ 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 113

viii
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2:

Figura 2.1 - Tipologia dos escorregamentos significativos ocorridos no Estado do


015
Rio de Janeiro (adaptado de SILVA et al., 2001).........................................................
Figura 2.2 - Contenção de talude do emboque de túnel (adaptado de ORTIGÃO et
034
al., 1993)......................................................................................................................
Figura 2.3 - Fases de construção de uma parede de solo grampeado (adaptado de
036
CLOUTERRE, 1993)....................................................................................................
Figura 2.4 – Exemplo de escavação estabilizada com técnica de solo grampeado.... 037

CAPÍTULO 3:

Figura 3.1 – Províncias Estruturais Brasileiras (SILVA et al., 2001)............................ 043


Figura 3.2 – Domínios Tectono-magmáticos do Estado do Rio de Janeiro e Áreas
046
adjacentes (SILVA et al., 2001)...................................................................................
Figura 3.3 – Detalhe do cupinzeiro na face do talude da obra Museu 02................... 060
Figura 3.4 – Detalhe do extravasamento de nata na face oposta do talude da obra
061
Museu 2.......................................................................................................................
Figura 3.5 – Observação visual-táctil do material recolhido durante as perfurações
063
(Foto: SRINGER, 2006)...............................................................................................
Figura 3.6 – Curva granulométrica da amostra de solo residual maduro do Museu
063
01 (SPRINGER, 2006).................................................................................................
Figura 3.7 – Perfil de solo encontrado no talude da obra Museu 2 (Foto: PROTO
064
SILVA, 2005)................................................................................................................
Figura 3.8 – Envoltórias de resistência de Mohr-Coulomb para os ensaios de
066
cisalhamento direto do solo do Museu 1 (adaptado de SPRINGER, 2006)................

CAPÍTULO 4:

Figura 4.1 – Localização das obras Museu 1 e Museu 2 (Fotodo autor)..................... 068
Figura 4.2 – Mapa Geológico da área das obras Museu 1 e Museu 2, Niterói/RJ...... 070
Figura 4.3 - Cruzamento de fraturas subverticais com as fraturas suborizontais........ 071

ix
Figura 4.4 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F1........... 071
Figura 4.5 - Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F2............ 072
Figura 4.6 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F3........... 072
Figura 4.7 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F4........... 073
Figura 4.8 - Entrecruzamento das famílias de faturas das obras Museu 1 e 2............ 073
Figura 4.9 – Vista geral da área das obras Museu 1 e Museu 2 (Foto aérea –
074
Escala 1:8.000)...........................................................................................................
Figura 4.10 – Análise estrutural das falhas mapeadas na obra Museu 02.................. 075
Figura 4.11 - Equipamento de ensaio de rampa (Tilt Test).......................................... 076
Figura 4.12 – Vista lateral do equipamento (adaptado de AGUIAR, 2003)................. 076
Figura 4.13 – Ensaio de rampa na junta do bloco de granada-biotita gnaisse (Foto
077
do autor)......................................................................................................................
Figura 4.14 – Localização dos perfis geológico-geotécnicos das Obras Museu 1 e
082
Museu 2.......................................................................................................................
Figura 4.15 – Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 1 – Seção M1-M1’............ 083
Figura 4.16 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção A-A’.................. 084
Figura 4.17 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção B-B’.................. 085
Figura 4.18 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção C-C’.................. 086
Figura 4.19 – Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção D-D’................. 087
Figura 4.20 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção E-E’.................. 088
Figura 4.21 – Localização dos modelos tridimensionais da obra Museu 1 (Foto do
089
autor)............................................................................................................................
Figura 4.22 – Localização dos modelos tridimensionais da obra Museu 2 (Foto:
090
PROTO SILVA, 2005)..................................................................................................
Figura 4.23 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D da Face C – Museu 1...................... 091
Figura 4.24 – Perfis Geológico-Geotécnicos longitudinais das colunas A e B de
092
grampos da Face C – Museu 1....................................................................................
Figura 4.25 - Modelo Geológico-Geotécnico 3D da Face G – Museu ........................ 093
Figura 4.26 - Perfis Geológico-Geotécnicos longitudinais das colunas A e B de
094
grampos da Face G – Museu 1....................................................................................
Figura 4.27 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 1 – Museu 2.................. 095
Figura 4.28 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 2 – Museu 2................... 096
Figura 4.29 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 3 – Museu 2................... 097
Figura 4.30 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 4 – Museu 2................... 098
Figura 4.31 – Perfil Geológico-Geotécnico longitudinal na seção de grampos
099
instrumentados – Museu 2...........................................................................................

x
Figura 4.32 - Perfil Geológico-Geotécnico longitudinal na seção de grampos não
100
instrumentados – Museu 2..........................................................................................
Figura 4.33 – Montagem do ensaio de arrancamento dos grampos (Foto do autor)... 101
Figura 4.34 - Curvas típicas de distribuição de carga ao longo do comprimento do
105
grampo (PROTO SILVA, 2005)...................................................................................
Figura 4.35 - Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibra de polipropileno
105
da bateria 1 (MAGALHÃES, 2005)..............................................................................
Figura 4.36 - Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibras de polipropileno
106
da bateria 2 (MAGALHÃES, 2005)..............................................................................

xi
LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2:

Tabela 2.1 - Classificação dos movimentos de encostas (VARNES, 1978)............... 008


Tabela 2.2 - Características dos principais grandes grupos de processos de
014
escorregamento (AUGUSTO FILHO, 1992)................................................................
Tabela 2.3 - Descrições dos acidentes geotécnicos observados nas encostas do
015
município do Rio de Janeiro (GEORIO, 2000).............................................................
Tabela 2.4 - Classificação dos escorregamentos quanto às condições de
015
amolgamento (GEORIO, 2000)....................................................................................
Tabela 2.5 - Classificação dos escorregamentos quanto às condições de drenagem
016
(GEORIO, 2000)..........................................................................................................
Tabela 2.6 - Classificação dos escorregamentos quanto ao tipo de movimento
016
(GEORIO, 2000)..........................................................................................................
Tabela 2.7 - Agentes e causas dos escorregamentos (GUIDICINI e NIEBLE, 1976). 017
Tabela 2.8 - Fatores deflagradores dos movimentos de encosta (VARNES, 1978).... 018
Tabela 2.9 - Classificação de juntas em função da rugosidade e ângulos de atrito
021
(ROBERTS, 1977).......................................................................................................
Tabela 2.10 - Propriedades de resistência ao corte dos maciços de solo e rochosos
021
(HOEK e BRAY,1977).................................................................................................
Tabela 2.11 - Classificação da persistência de uma descontinuidade (ISMR, 1981).. 022
Tabela 2.12 - Classificação da abertura das descontinuidades (ISMR, 1981)............ 023
Tabela 2.13 - Classificação do espaçamento médio das descontinuidades (ISMR,
023
1981)............................................................................................................................
Tabela 2.14 – Perfil de intemperismo para regiões tropicais ..................................... 026
Tabela 2.15 - Classificação de rochas quanto ao grau de intemperismo
027
(GEOLOGICAL SOCIETY, 1977)................................................................................
Tabela 2.16 - Perfil de intemperismo em kinzigito da Avenida Niemeyer (GEORIO,
029
2000)............................................................................................................................
Tabela 2.17 - Variação do microfraturamento do Kinzigito com a evolução do
029
intemperismo (MARQUES, 1998)................................................................................
Tabela 2.18 - Principais mudanças mineralógicas do kinzigito com o avanço do
030
intemperismo (BARROSO et al., 1996).......................................................................

xii
CAPÍTULO 3:

Tabela 3.1 – Mapa geológico de parte das cidades de Niterói e Rio de Janeiro
050
(adaptado de SILVA et al., 2001)................................................................................
Tabela 3.2 - Resultado da condutividade hidráulica em solos residuais (MORAES et
057
al., 2002)......................................................................................................................
Tabela 3.3 – Granulometria ao longo do grampo M1-19 (adaptado de SPRINGER,
064
2006)............................................................................................................................
Tabela 3.4 – Granulometria ao longo do grampo M-20 (adaptado de SPRINGER,
064
2006)............................................................................................................................
Tabela 3.5 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização......................... 065
Tabela 3.6 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto em amostras do
066
Museu 2 (PROTO SILVA, 2005)..................................................................................

CAPÍTULO 4:

Tabela 4.1 - Resultados dos ensaios de rampa realizados em amostras das obras
078
Museu 1 e 2.................................................................................................................
Tabela 4.2 - Características das descontinuidades do talude.................................... 079
Tabela 4.3 – Sondagens na obra Museu 1.................................................................. 080
Tabela 4.4 – Sondagens na obra Museu 2.................................................................. 080
Tabela 4.5 - Etapas de executivas para a instalação dos grampos............................ 081
Tabela 4.6 - Resumo dos resultados de ensaios de arrancamento nas obras Museu
103
01 e Museu 02 (SPRINGER, 2005).............................................................................
Tabela 4.7 - Resumo dos resultados de ensaios de arrancamento na obra Museu 2 103
(PROTO SILVA, 2005).................................................................................................
Tabela 4.8 - Resumo dos resultados dos ensaios de arrancamento na obra Museu
107
02 (MAGALHÃES, 2005).............................................................................................
Tabela 4.9 – Perfil de intemperismo proposto para a área das obras Museu 1 e
108
Museu 2......................................................................................................................
Tabela 4.10 - Exumação dos Grampos de Polipropileno na Obra Museu 2 (Fotos do
110
Autor)...........................................................................................................................

xiii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Ocupações urbanas em encostas foram bastante comuns na Europa da Idade Média.


Neste período, a busca de sítios de implantação que propiciassem segurança, do
ponto de vista militar, valorizava, dentre outros, os topos de colinas ou de montanhas.
A partir destes locais estratégicos, a defesa era facilitada, a visão de eventuais
movimentos inimigos era completa e o acesso ficava dificultado aos invasores. Desde
o período colonial, o Brasil apresenta também inúmeras ocupações urbanas em
encostas. Herança da não distante Idade Média, a tradição de escolha de sítios
elevados, para implantação urbana, desembarcou com os portugueses.

No procedimento de investigação de estruturas geológicas dos maciços rochosos, a


meta principal é identificar e destacar as características que devem ser consideradas
no projeto de uma obra de engenharia civil. Na prática, quando um maciço rochoso
íntegro e homogêneo é encontrado, a principal preocupação deve recair sobre as
feições geológicas, ou descontinuidades. Estas representam linhas de fraqueza e de
percolação preferencial no interior das massas rochosas, ocasionada pelo
intemperismo diferencial.

Este trabalho tem como finalidade identificar os condicionantes geológico-geotécnicos


que podem interferir no desempenho de uma escavação grampeada em solo residual
de gnaisse. As investigações envolveram furos de sondagem, análise dos boletins de
perfuração para a instalação dos grampos, mapeamento e determinação das
características das descontinuidades, visando a construção de modelos geológico-
geotécnicos tridimensionais da área grampeada. Os modelos assim desenvolvidos
foram corroborados através da análise e comparação de resultados de ensaios de
rampa em laboratório, ensaios de arrancamento de grampos no campo e dados
relativos à exumação de alguns grampos ensaiados.

A área em estudo encontra-se no município de Niterói, Bairro da Boa Viagem. A


geologia é marcada pela grande diversidade de rochas dentro de uma estreita faixa de
terreno, causada por um sistema de falhamentos de direção NE-SW. Intercalam-se
gnaisses aluminosos granadíferos e kinzigíticos, quartzito e gnaisse calcissilicático,
além de veios de pegmatito, sobrepostos às rochas pré-cambrianas que formam o
embasamento da Baía da Guanabara. As rochas, na área do estudo, foram alteradas,
formando um espesso pacote de solo residual.

1
A área está inserida em uma unidade morfoestrutural representativa dos terrenos
colinosos de baixa amplitude de relevo, localizados a leste da Baía de Guanabara e
compreendidos entre as planícies costeiras e baixadas fluviomarinhas e a escarpa da
Serra do Mar. A área pesquisada sofreu retaludamento, utilizando-se da técnica de
solo grampeado para a contenção do talude.

Os mecanismos de instabilização de taludes dependem da geologia, das estruturas


presentes no solo/rocha, do nível de intemperismo, da geomorfologia e da presença
de água. Este trabalho tem como finalidade identificar os principais agentes
condicionantes que interferem no desempenho das escavações
grampeadas.executadas no talude de solo residual de gnaisse O trabalho inclui a
realização do mapeamento geológico das descontinuidades da área. Foram
determinadas características geométricas e estruturais, tais como, orientação,
persistência, espaçamento, abertura, grau de rugosidade e presença ou não de
material de preenchimento das juntas. Foram executados ensaios de rampa (tilt test)
para a determinação do ângulo de atrito, os quais foram comparados com os
resultados de ensaios de cisalhamento direto obtidos por outros pesquisadores na
mesma área.

O mapeamento do talude, permitiu a construção de mapas geológicos detalhados das


escavações grampeadas.

As informações dos boletins de perfuração para a instalação dos grampos no talude,


juntamente com a análise das características mineralógicas e texturais dos materiais
provenientes dos furos e os dados dos perfis de sondagem e das observações in situ
da geologia e do solo permitiram desenvolver mapas geológico-geotécnicos em três
dimensões da área de estudo. A comparação de resultados de ensaios de
arrancamento de grampos ao longo do talude e algumas exumações de grampos
ensaiados corroboram os componentes identificados nos mapas tridimensionais.

Na estruturação desta tese, o Capítulo 1 é o de introdução e o Capítulo 2 apresenta


uma revisão bibliográfica sobre os movimentos de massa e suas classificações, as
técnicas de estabilização mais utilizadas e alguns casos históricos referentes a
instabilização de encostas.

2
No Capítulo 3 são apresentados os aspectos geológico-geomorfológicos regionais e
da área do estudo, caracterizando as principais unidades geológicas e
geomorfológicas.

O Capítulo 4 apresenta a caracterização dos condicionantes geológico-geotécnicas do


talude grampeado, os dados de sondagens e boletins de perfuração dos grampos,
além dos resultados dos ensaios de rampa das juntas, ensaios de arrancamento e
exumação de grampos. São descritos os procedimentos utilizados para a construção
dos perfis, mapas e modelos geológico-geotécnicos tridimensionais da área de estudo.
Também reporta a corroboração das características dos modelos 3D com os
resultados de ensaios de arrancamento e exumação de grampos.

Finalmente no Capítulo 5 encontram-se as conclusões e sugestões para pesquisas


futuras.

3
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo é apresentado um relato sobre os movimentos de massa, seus


conceitos, as classificações mais utilizadas, as causas da instabilização e técnicas de
estabilização, além de apresentar diversos casos de rupturas condicionados pelas
características geológicas, geomorfológicas e geotécnicas, ocorridos no cenário
mundial e no Brasil.

2.1 – MOVIMENTOS DE MASSA

A superfície do planeta Terra sofre constantes transformações, envolvendo tanto a


dinâmica natural como a antrópica que caracterizam a paisagem. Em escala
geológica, essas transformações sofrem influências dos processos naturais
associados aos movimentos epirogenéticos e orogenéticos. Esses processos podem
ser intensificados pelas atividades humanas.

Os movimentos de massa fazem parte da dinâmica da paisagem. Destacam-se como


um dos principais processos geomorfológicos responsáveis pela evolução do relevo,
sobretudo em áreas montanhosas. Remobilizam os materiais ao longo das encostas,
em direção às planícies, e promovem, juntamente com os processos erosivos, o recuo
das encostas e a formação de rampas coluviais. Entretanto, quando ocorrem em áreas
ocupadas, podem se tornar um problema, causando mortes e prejuízos materiais. A
classificação é complexa, pois pode haver uma grande variedade de materiais e
processos envolvidos. Devem ser levados em conta parâmetros como: velocidade e
geometria, mecanismo do movimento, características dos materiais, padrão e
quantidade de fluxo de água.

As análises de movimentos de massa consistem em identificar as causas e as


conseqüências dos processos condicionantes, no sentido de elaborar medidas
mitigadoras que contemplem a gênese e/ou evolução.

ANTOINE (1992) divide os movimentos de massa em movimentos preparatórios


(deflexão, subsidências e abatimento com dilatância) e movimentos verdadeiros
(desmoronamentos, escorregamentos propriamente ditos, escoamentos e movimentos
complexos ou generalizados), enfocando os mecanismos geológicos que influenciam
nos movimentos.

4
De acordo com FERNANDES et al. (2001), os movimentos de massas são
condicionados por uma complexa relação entre fatores geomorfológicos, com
destaque para morfologia e morfometria da encosta; fatores geológicos-geotécnicos,
englobando as características litoestruturais, fraturas subverticais e falhamentos
tectônicos; fatores hidrológico-climáticos, com ênfase sobre as poropressões positivas,
umidade do solo; fatores pedológicos, com destaque para as propriedades físicas,
morfológicas (densidade, porosidade, etc.) e hidráulicas do solo (condutividade
hidráulica saturada e não saturada); além do elemento humano, principal agente para
deflagração dos deslizamentos, devido à quebra do equilíbrio dinâmico entre os
condicionantes, acelerando a dinâmica dos processos.

O fator clima possivelmente constitui-se no principal condicionante para os


deslizamentos, devido ao aumento da saturação dos solos e a conseqüente perda de
estabilidade do maciço. FIORI (1995) afirma que os movimentos de massa são
fenômenos de modelagem da superfície terrestre estritamente ligados a condições
climáticas úmidas, ao intenso processo de intemperismo das rochas e à força
gravitacional.

Após os eventos chuvosos, o processo de infiltração efetua-se com a água chegando


à superfície do terreno, atravessando a vegetação direta ou indiretamente, e
penetrando no solo. A água continuará infiltrando até a capacidade de infiltração ser
atingida, isto é, até a total saturação do solo. A partir do instante em que todos os
poros existentes entre os grãos estiverem preenchidos, haverá a obstrução da entrada
de água, que passará a escoar superficialmente ou subsuperficialmente (COELHO
NETTO, 1994).

Os taludes ou encostas naturais são definidos como superfícies inclinadas de maciços


terrosos, rochosos ou mistos (solo e rocha), originados de processos geológicos e
geomorfológicos diversos. O termo encosta é mais empregado em estudos de caráter
regional. Talude de corte é entendido como um talude originado de escavações
antrópicas. Talude artificial refere-se ao declive de aterros construídos a partir de
materiais de diferentes granulometrias e origens, incluindo rejeitos industriais, urbanos
ou de mineração.

5
2.1.1 – CLASSIFICAÇÕES DE MOVIMENTO DE MASSA

Engenheiros e geólogos, preocupados com a identificação de deslizamentos e a


avaliação do risco, desenvolveram diversos sistemas de classificação descritivos.

A primeira classificação de ampla aceitação para movimentos de massa, e que serviu


de base para muitos trabalhos posteriores, foi proposta por SHARPE (1938), citado
por BLOOM (1991). Esta classificação teve por base os seguintes parâmetros:
velocidade do movimento, tipo de material (rocha ou solo) e quantidade de água e gelo
contidos na massa. Os movimentos são divididos em duas categorias principais: fluxos
ou corridas (flows) e escorregamentos (slides), sendo que estas categorias
subdividem-se em várias outras. Todas as propostas posteriores foram, de alguma
forma, influenciadas pelo trabalho pioneiro de Sharpe. Entre elas estão as
classificações elaboradas por VARNES (1958, 1975) e por HUTCHINSON (1968).

A proposta de VARNES (1958), que se refere somente aos movimentos mais rápidos,
inclui o modo de deformação como um novo parâmetro e apresenta maior refinamento
no que diz respeito aos tipos de materiais. Além disso, classifica alguns movimentos
como complexos (combinações de dois ou mais tipos), reconhecendo assim a
dificuldade em se estabelecer limites rígidos entre um tipo de movimento e outro.

HUTCHINSON (1968) também utiliza o modo de deformação como parâmetro e


procura englobar todos os tipos de materiais envolvidos. Sua classificação inclui o
rastejo (creep), os escorregamentos (landslides) e os movimentos ligados
especificamente ao congelamento e degelo da superfície. Segundo SELBY (1990),
esta é a classificação mais completa.

COATES (1977) considera escorregamento como uma categoria de movimento de


massa que engloba queda, escorregamento e escoamento, sem considerar o
fenômeno de rastejo. Já os trabalhos de VARNES (1958, 1978), GUIDICINI e NIEBLE
(1976), TURNES e SCHUSTER (1996) destacam-se na análise dos importantes
aspectos dos sistemas classificatórios de movimentos de massa.

De maneira geral, as classificações modernas baseiam-se na combinação dos


seguintes critérios básicos:

• Velocidade, direção e recorrência dos deslocamentos;

6
• Natureza do material instabilizado (solo, rocha, detritos e depósitos);
• Textura, estrutura e grau de saturação do maciço;
• Geometria das massas movimentadas;
• Tipo de deformação do movimento.

O movimento de massa admite diferentes classificações a partir das diferentes


características do movimento gravitacional do regolito. As principais características
são o tipo e a velocidade do movimento, a natureza do material envolvido e a
quantidade de água presente no material em movimento. De uma forma simplificada,
os movimentos gravitacionais do regolito associados a encostas podem ser assim
classificados:

(i) Rastejo (talus-creep, soil-creep, rock-creep) – é o movimento mais lento do regolito.


Dependendo do material em movimento, fala-se em rastejo de tálus, rastejo de solo ou
rastejo de rocha. A velocidade do rastejo, medida em milímetros por ano, é maior na
superfície e diminui gradualmente até zero com a profundidade;

(ii) Escorregamentos (landslides, rock-slide, debri-slide, slump) – as condições


essenciais para o escorregamento são a falta de estabilidade da frente das encostas e
a existência de superfícies de deslizamento. Tais condições ocasionam movimentos
rápidos e de curta duração, com velocidades medidas em metros por hora ou metros
por minuto, com planos de ruptura bem definidos entre o material deslizado e o não
movimentado;

(iii) Corridas de Massa (earth-flow, mud-flow, debris-flow) – se o solo e/ou o regolito, já


sujeitos ao rastejo, estão saturados de água, a massa encharcada poderá mover-se
encosta abaixo alguns centímetros ou decímetros por hora ou dia. A saturação da
massa de solo, causada por chuvas de intensidade elevada, pode leva-lá a comportar-
se como um fluido viscoso com deslocamentos rápidos (velocidades de metros por
segundo), ao longo das linhas de drenagem ou talvegue na forma de avalanches;

(iv) Quedas (rock fall, debris-fall) – são movimentos de blocos e fragmentos de rochas,
a partir de afloramentos verticais e salientes, em queda livre ou pelo salto e rolamento
ao longo de planos inclinados, com declividades altas, sem a presença de uma
superfície de deslizamento. Estes movimentos apresentam velocidades muito altas, da
ordem de metros por segundo.

7
VARNES (1978) e CRUDEN e VARNES (1996) propõem uma classificação onde
qualquer movimento de massa pode ser classificado e descrito pelo tipo de movimento
e pelo material (Tabela 2.1). Esta classificação tem sido adotada pela IAEG
(Associação Internacional de Geologia de Engenharia).

Tabela 2.1 - Classificação dos movimentos de encostas segundo VARNES (1978).


Tipo de material
Tipo de movimento Solos
Rocha
Grosseiro Fino
Quedas de rocha de detritos de terra
Tombamentos de rocha de detritos de terra
Abatimento Abatimento de Abatimento
Rotacionais de rocha ou detritos ou de terra ou
Escorregamentos ou de blocos de blocos de de blocos de
Translacionais rochosos detritos terra
Expansões laterais de rocha de detritos de terra
de rocha de detritos de terra
Corridas/escoamentos
(rastejo) (Rastejo de solo)
Complexos: combinação de dois ou mais dos principais tipos de movimentos

CRUDEN (1990) define genericamente as instabilizações como escorregamentos, ou


movimentos de massa, rocha, solo e detritos, encosta abaixo.

LEROUEIL et al. (1996) propõem uma classificação para movimentos de taludes


utilizando parâmetros geomorfológicos e aspectos relacionados à mecânica dos solos
e das rochas. Para esses autores, o comportamento geomecânico dos materiais não
pode ser descrito adequadamente com apenas três tipos de classes de materiais,
como na classificação proposta por VARNES (1978), sendo necessárias nove classes
de materiais.

SUMMERFIELD (1997) dividiu os movimentos de massa em seis tipos: rastejo (creep),


corrida (flow), deslizamento (slide), espraiamento (heave), queda (fall) e subsidência.

É possível notar diferenças significativas entre as várias classificações analisadas. Isto


se deve, sobretudo à falta de um critério único. Cada autor atribui maior importância a
um determinado parâmetro, seja a velocidade, os materiais envolvidos ou o modo de
deformação. Entretanto, nota-se que alguns tipos genéricos de movimentos de massa
estão presentes na maior parte das classificações. São eles: o rastejo (creep), as
corridas (flows), os escorregamentos (slides) e as quedas de blocos (rockfalls).

8
Uma das normas americanas (CALIFORNIA ADMINISTRATIVE CODE, 1997)
descreve os fatores que afetam o potencial de deslizamento, de acordo com as
condições geológicas, as características de drenagem, o gradiente e a configuração
da encosta, além da remoção da vegetação. O objetivo desta norma é formular as
diretrizes para cada deslizamento, ou seja, cada categoria foi desenvolvida
principalmente pelas experiências de campo, sendo as recomendações feitas pelos
geólogos da Divisão de Minas e Geologia da Califórnia.

Segundo o CALIFORNIA ADMINISTRATIVE CODE (1997), a terminologia de


deslizamento de terra, descrita aqui, inclui os deslizamentos (translacional/rotacional),
os fluxos de terra, os deslizamentos de detritos e os fluxos de detritos. Muitos
deslizamentos são, na realidade, movimentos complexos, sujeitos a mais de um tipo
de processo.

As classificações brasileiras foram também influenciadas pelo trabalho de SHARPE


(1938). A primeira delas, elaborada por FREIRE em 1965, divide os movimentos em
escoamentos (rastejo e corridas), escorregamentos (rotacionais e translacionais),
subsidências e desabamentos (WOLLE, 1980). Esta proposta foi adaptada por
GUIDICINI e NIEBLE em 1976 e simplificada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas
de São Paulo - IPT (1991).

Em função dos eventos chuvosos de 1966 e 1967 ocorridos na cidade do Rio de


Janeiro, BARATA (1969) considerou cinco tipos de movimentos de massa: queda,
rolamento, fluxo, escorregamentos e complexos.

COSTA NUNES (1969) classifica os movimentos como erosão lenta e rápida e


deslocamento de solo correspondendo a queda, escorregamentos e escoamentos.

AUGUSTO FILHO (1992) ajustou a classificação dos movimentos de VARNES (1978),


às características dos principais grupos de processos de escorregamento no Brasil
(Tabela 2.2).

A GEORIO (2000) estabeleceu uma classificação própria para um melhor ajuste às


descrições dos acidentes geotécnicos mais usuais nas encostas do Rio de Janeiro.
Esta classificação reuniu 13 tipos de acidentes geotécnicos, incluindo as rupturas de
estruturas de contenção, os processos erosivos superficiais e assoreamentos (Tabela
2.3).

9
Tabela 2.2 - Características dos principais grandes grupos de processos de escorregamento
(AUGUSTO FILHO, 1992).
Processos Características do movimento, material e geometria
Vários planos de deslocamento (internos);
Velocidades de muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes com a
Rastejo ou fluência profundidade;
(creep) Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes;
Solo, depósitos, rocha alterada/fraturada;
Geometria indefinida.
Poucos planos de deslocamento (externos);
Velocidades médias (m/h) a altas (m/s);
Pequenos a grandes volumes de material;
Geometria e materiais variáveis:
Escorregamentos • Planares – solos pouco espessos, solos e rochas com um plano
(slides) de fraqueza;
• Circulares - solos espessos homogêneos e rochas muito
fraturadas;
• Cunha – solos e rochas com dois planos de fraqueza.
Ausência de planos de deslocamento;
Movimento tipo queda livre ou em plano inclinado;
Rolamento de matacão e/ou tombamento;
Quedas Velocidade muito alta (m/s);
(falls) Material rochoso;
Pequeno a médio volume;
Geometria variável: lascas, placas, blocos, etc.
Muitas superfícies de deslocamento (internas e externas à massa);
Movimento semelhante ao de um líquido viscoso;
Desenvolvimento ao longo das calhas naturais de drenagem (ou
Corridas talvegue);
(flows) Velocidade média a altas;
Mobilização de solo, rocha, detritos e água;
Grande volume de material;
Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas.

Tabela 2.3 - Descrições dos acidentes geotécnicos observados nas encostas do


município do Rio de Janeiro (GEORIO, 2000).
Tipos de Acidente
Escorregamento de solo
Taludes de Corte Escorregamento de solo/rocha
Escorregamento de rocha
Ruptura de Aterro
Escorregamento de solo
Encosta Natural Escorregamento de solo/rocha
Escorregamento de rocha
Queda/rolamento de blocos ou lascas rochosas
Escorregamento de Tálus
Ruptura de estruturas de contenção
Escorregamento de lixo/entulho
Corridas.
Processos erosivos/assoreamento

10
Existem ainda outras classificações de escorregamentos: quanto às condições de
amolgamento do solo (Tabela 2.4), quanto às condições de drenagem (Tabela 2.5), ou
quanto à forma ou tipo do movimento (Tabela 2.6).

Tabela 2.4 - Classificação dos escorregamentos quanto às condições de amolgamento


(GEORIO, 2000).

Ocorrem em geral em material indeformado, com parâmetros de


Escorregamentos virgens resistência associados à condição de pico da curva tensão-
deformação
Escorregamentos Ocorrem com material amolgado, em superfícies preexistentes, que
reativados sofreram escorregamentos anteriores. A resistência do material tende
para a condição residual

NUNES et al. (1979) dividiram os deslizamentos nas encostas cariocas em:

(i) Movimentos de lascas e blocos rochosos imersos em solo residual;


(ii) Movimentos envolvendo predominantemente solo residual com planos de
ruptura sobre superfícies de rocha;
(iii) Movimentos envolvendo rocha alterada e materiais coluvionares, devido a
chuvas excepcionais.

Tabela 2.5 - Classificação dos escorregamentos quanto às condições de drenagem (GEORIO,


2000).

Poropressão associada a fluxo permanente no material.


Condições drenadas (longo prazo) Dissipação total das poropressões geradas pelo
cisalhamento
Condições parcialmente drenadas Parte da poropressão gerada pelo cisalhamento é
(prazo intermediário) dissipada
Materiais com baixo valor de coeficiente de adensamento.
Condições não drenadas (curto prazo) Geração de excessos de poropressão associados ao
cisalhamento do material

A instabilização de encostas pode ser causada por eventos extremos, tais como
chuvas fortes ou prolongadas, terremotos, erupções vulcânicas e derretimento de
geleiras. Na maior parte dos casos, a chuva é o principal agente deflagrador do
movimento de massa.

11
Tabela 2.6 - Classificação dos escorregamentos quanto ao tipo de movimento (GEORIO, 2000).

1 – Quedas (falls): decorrentes da ação da gravidade, ocorrem com velocidades elevadas

2 – Tombamentos (toppling): rotação com basculamento de placas de material rochoso; causado pela
ação da gravidade ou poropressão em fissuras

3.1 – Rotacionais: em geral 3.1.1 – Simples: uma superfície de


ocorrem com materiais ruptura, rasa ou profunda
homogêneos; massa
3.1.2 – Sucessivos: mais de uma
instável é considerada
superfície de ruptura; podem ser
rígida
3 – Escorregamentos progressivos ou retrogressivos
(slides): movimentos com
superfícies de ruptura bem 3.2 – Translacionais: superfície de ruptura plana, relacionada com
definidas zonas de fraqueza (falhas, contato solo/rocha, estratificação);
movimento contínuo
3.3 – Compostas: ocorrem em taludes naturais de solos não
homogêneos, com superfícies de ruptura não lineares
4.1.1 – Rasos: profundidade da massa
4.1 – Lentos (creep): em movimento inferior a 5m
também denominados 4.1.2 – Profundos: profundidade da
fluência, ocorrem em massa em movimento superior a 5m
materiais com 4.1.3 – Progressivos: movimentos com
comportamento plástico; aceleração gradual com o tempo
movimentos contínuos sem 4.1.4 – Pós-ruptura: a massa
superfície de ruptura permanece em movimento após o
definida, sob tensões totais escorregamento; movimentos usuais
4 – Escoamentos (flows): constantes em tálus e materiais coluvionares
movimentos contínuos de
4.2.1 – Corridas de terra (flow slides):
solos, rochas e/ou detritos
4.2 – Rápidos (corridas): colapso de estruturas fofas de solos
com zona de ruptura bem
em forma de língua com arenosos e siltosos, com acréscimo de
definida; material com
espalhamento na base; poropressão devido a vibrações ou
comportamento viscoso
usuais em taludes suaves; saturação
material com 4.2.2 – Corrida de lama (mudflow):
comportamento de fluido movimentos rápidos em solos moles
pouco viscoso e sob sensitivos
condições não drenadas 4.2.3 – Corrida de detritos (debris flow):
avalanches de grandes volumes de
massas de blocos de rocha, solo e
detritos vegetais
5 – Complexos: envolvem
vários tipos de
- -
movimentos; comuns em
encostas íngremes

A deflagração pode também estar relacionada às condições que antecedem o evento


pluviométrico extremo. Há maior probabilidade de ocorrência de movimentos quando
um forte aguaceiro é precedido por um período de vários dias consecutivos de chuva,
que aumentam o grau de saturação do solo.

Os movimentos de massa estão também associados a fatores como estrutura


geológica, características dos materiais envolvidos, morfologia do terreno (declividade,
tipo de modelado e forma das encostas) e formas de uso da terra. A estrutura
geológica é regida pelas falhas, fraturas, bandamentos e foliações. A direção e o

12
mergulho destas estruturas condicionam o surgimento de descontinuidades mecânicas
e hidráulicas, as quais contribuem decisivamente na deflagração de movimentos. A
granulometria, porosidade, permeabilidade, resistência ao cisalhamento, entre outros,
determinam a estabilidade natural do maciço e também são responsáveis pelo
surgimento das descontinuidades.

A morfologia do terreno é um dos principais fatores que condicionam a ocorrência de


movimentos. A declividade favorece o deslocamento de massas de solo e blocos de
rocha ao longo das encostas pelo efeito da gravidade. Entretanto, nem sempre os
movimentos ocorrem nas áreas mais íngremes, devido às variações de tipo de
cobertura vegetal e ao fato dos terrenos mais íngremes geralmente serem constituídos
por afloramentos rochosos.

A forma das encostas é também um fator importante. Encostas retilíneas representam


as regiões de maior risco, por apresentarem uma declividade relativamente constante
ao longo de seu perfil, o que facilita o rápido deslocamento dos materiais superficiais.
Além disso, a forma das encostas atua indiretamente, gerando zonas de convergência
e divergência dos fluxos de água superficiais e subsuperficiais.

Segundo GUIDICINI e NIEBLE (1976), os agentes deflagradores da instabilização são


subdivididos em predisponentes e efetivos. Os agentes predisponentes são o conjunto
de condições geológicas, geométricas e ambientais do movimento de massa (Tabela
2.7).

Tabela 2.7 - Agentes e causas dos escorregamentos (GUIDICINI e NIEBLE, 1976).


Agentes Causas
Efetivos
Predisponentes Internas Externas Intermediárias
Preparatórios Imediatos
Complexo Pluviosidade, Chuvas Efeito das Mudanças na Elevação do nível
geológico, erosão pela intensas, oscilações geometria do piezométrico em
complexo água e vento, fusão do térmicas; sistema; massas
morfológico, congelamento gelo e redução dos efeitos de homogêneas;
complexo e degelo, neves, parâmetros vibrações; elevação da coluna
climato- variação da erosão, de mudanças de água em
hidrológico, temperatura, terremoto, resistência naturais na descontinuidades;
gravidade, dissolução ondas, por inclinação das rebaixamento
calor solar, tipo química, ação vento intemperismo camadas rápido do lençol
de vegetação de fontes e ação do freático; erosão
mananciais, homem subterrânea
oscilação do retrogressiva
freático, (piping); diminuição
antrópica do efeito de coesão
aparente

13
Os agentes efetivos são o conjunto de elementos diretamente responsáveis pelo
desencadeamento do movimento de massa. Os agentes efetivos são ainda
subdivididos em preparatórios e imediatos, considerando-se sua forma de atuação no
período que antecede à ruptura. As causas são definidas em internas, externas e
intermediárias, com relação ao talude.

VARNES (1978) discute os principais condicionantes e mecanismos de deflagração


dos escorregamentos, reconhecendo os fatores que aumentam as solicitações e os
que diminuem a resistência dos terrenos, com os respectivos fenômenos naturais e
antrópicos a que estão associados (Tabela 2.8).

Tabela 2.8 - Fatores deflagradores dos movimentos de encosta (VARNES, 1978).


Ação Fatores Fenômenos naturais/antrópicos
Erosão, escorregamentos
Remoção de massa (lateral ou da Cortes
base) Peso da água de chuva, neve, granizo
Acúmulo natural de material
Peso da vegetação
Sobrecarga
Construção de estruturas, aterros
Aumento da solicitação Terremotos, ondas, vulcões
Solicitações dinâmicas
Explosões, tráfego, sismos induzidos
Água em trincas, congelamento,
Pressões laterais
material expansivo
Características Textura, Características geomecânicas do
inerentes ao estrutura, material, estado de tensões iniciais
material geometria
Mudanças ou Mudanças nas Intemperismo, redução da coesão ou
fatores características do coeficiente de atrito
variáveis do material Elevação do nível d’água
Redução da resistência Enfraquecimento devido ao rastejo
progressivo, ação das raízes de
Outras causas
árvores e orifícios criados por animais

Em resumo, os principais condicionantes dos escorregamentos e processos correlatos


na dinâmica ambiental do sudeste brasileiro são:

(i) Características climáticas, com destaque para o regime pluviométrico;


(ii) Características e distribuição dos materiais que compõem o substrato das
encostas, abrangendo solos, rochas, depósitos e estruturas geológicas, tais
como xistosidade e fraturas;
(iii) Características geomorfológicas, com destaque para inclinação, amplitude e
forma do perfil das encostas (retilíneo, convexo e côncavo);
(iv) Regime das águas de superfície e subterrâneas;

14
(v) Características do uso e ocupação, incluindo cobertura vegetal e as diferentes
formas de intervenção antrópica das encostas, como cortes, aterros,
concentração de água pluvial e servida.

A Figura 2.1 mostra a tipologia dos escorregamentos mais significativos ocorridos no


Estado do Rio de Janeiro. Dentre os escorregamentos simples, o tipo de movimento
mais comum é representado pelos deslizamentos, sendo que a absoluta maioria deles,
são deslizamentos de solo residual (SILVA et al., 2001).

80

70

60
Freqüência (%)

50

40 Até 1996
1997
30
1998
20 1999

10

0
Co
De

Co
De

Co
Q

De

De
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rr
sl

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sl

sl

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Co
du

lo

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Re
al

o

vi
si

o
du
al

Figura 2.1 - Tipologia dos escorregamentos significativos ocorridos no Estado do Rio


de Janeiro (adaptado de SILVA et al., 2001).

2.2 – CAUSAS DE INSTABILIZAÇÃO

Os principais fatores que favorecem a instabilização de uma encosta são os


condicionantes geológicos, os tipos e as características do solo, águas superficiais e
subterrâneas e o tipo de vegetação.

15
2.2.1 – CONDICIONANTES GEOLÓGICOS

A estabilidade de maciços rochosos depende, em grande parte, da presença de


descontinuidades nas rochas. As descontinuidades mais comuns, presentes em todas
os maciços rochosos, são representadas por juntas, falhas, contatos litológicos, planos
de acamamento, laminação, planos de foliação, zonas de cisalhamento, fendas de
tração, veios, diques, orientação espacial das descontinuidades e camadas, além das
foliações metamórficas. O produto resultante é um agregado descontínuo de blocos,
com formas geométricas irregulares, alternadas com zonas de rochas intemperizadas
em graus variáveis, e com propriedades físicas muito diferentes, quando comparadas
com a mesma massa de rocha intacta.

Uma descontinuidade é considerada como sendo um plano de fraqueza na rocha, por


meio da qual o material rochoso é estruturalmente descontínuo e apresenta uma
resistência ao cisalhamento reduzida, dependendo da espessura e da natureza do
preenchimento das descontinuidades. Em função disto, é necessário levar em conta
diversos fatores relativos às descontinuidades, tais como: abertura, espaçamento,
orientação, rugosidade, persistência, grau de alteração e presença de água.

A orientação espacial de cada descontinuidade é expressa em termos de direção e


mergulho. A influência da orientação de descontinuidades na resistência de um maciço
rochoso é bem evidenciada em deslizamentos de blocos de rocha em vertentes ou
taludes, ao longo de uma ou mais descontinuidades.

A rugosidade das paredes de uma descontinuidade é uma característica importante


que afeta a resistência ao cisalhamento, especialmente no caso de juntas não
preenchidas. A ondulação e a rugosidade foram definidas por DEERE et al. (1967)
como irregularidades de primeira e segunda ordens, respectivamente, com base em
suas magnitudes relativas. ROBERTS (1977) sugere correlações entre a rugosidade
dessas descontinuidades e os valores de ângulos de atrito, como indica a Tabela 2.9.

HOEK e BRAY (1977) classificam vinte e quatro grupos de valores das duas
propriedades de resistência ao cisalhamento dos maciços rochosos e de solo (coesão
e ângulo de atrito), descrevendo a respectiva composição e estrutura, de forma
compatível com os dados de observação de taludes, como mostra a Tabela 2.10.

16
Tabela 2.9 - Classificação de juntas em função da rugosidade e ângulos de atrito
(ROBERTS, 1977).

Ângulo de Atrito
Classes de
Rugosidade
juntas Tensões normais Tensões normais altas
baixas (σ<20 kPa) (σ >20 kPa)
Controlado pelo Controlado pelo
1 Preenchimento argiloso
preenchimento preenchimento
2 Junta lisa 31o a 40º 29º a 30º
3 Junta pouco rugosa 38o a 47º 32º a 33º
Junta rugosa com
4 40o a 50º 36º
degraus
5 Junto muito rugosa > 50º 42º

Tabela 2.10 - Propriedades de resistência ao corte dos maciços de solo e rochosos


(HOEK e BRAY,1977).
frágeis e apreciável

enrocamentos com
maciços rochosos

material argiloso)
remodelado com

blocos limpos de
Ø 1 (Resistência

arredondadas e

com pequeno
Ø 3 (Solo não

Ø 4 (Maciços
remoldado e
conteúdo de

conteúdo de

rochosos ou
Ø 2 (Material

rocha dura)
cisalhadas)
residual de
superfícies

partículas

argilas)

C6 (Maciços rochosos
duros e não pertubados,
C6, Ø 1 C6, Ø 2 C6, Ø 3 C6, Ø 4 sem descontinuidades
importantes mergulhando
dentro do talude).
400

C5 (Maciços rochosos
duros e não pertubados,
C5, Ø 1 C5, Ø 2 C5, Ø 3 C5, Ø 4 sem juntas mergulhando
Coesão (kPa)

para dentro do talude).


300

C4 (Maciços rochosos não


pertubados, com poucas
C4, Ø 1 C4, Ø 2 C4, Ø 3 C4, Ø 4 juntas mergulhando para
dentro do talude).
200

C3 (Maciços rochosos
brandos ou rochas duras
C3, Ø 1 C3, Ø 2 C3, Ø 3 C3, Ø 4 compartimentadas por
detonações ou excesso de
carregamento).
100

C2 (Rocha branda alterada


C2, Ø 1 C2, Ø 2 C2, Ø 3 C2, Ø 4 ou descontinuidades em
rocha dura)
40

C1 (Solos argilosos e
C1, Ø 1 C1, Ø 2 C1, Ø 3 C1, Ø 4 arenosos)
0 15 25 35 50
Ângulo de atrito (graus)

17
As Tabelas 2.9 e 2.10 permitem comparar e validar os valores de c e Ø obtidos para
taludes em solo e em rocha e servem para estimar os parâmetros de resistência de
maciços pouco conhecidos, ou para análises de estabilidade expeditas.

A persistência de uma descontinuidade corresponde à sua extensão ou comprimento,


tendo influência na resistência ao cisalhamento dos maciços rochosos. O
comprimento médio de um sistema (ou família) de descontinuidades pode ser descrito
conforme a Tabela 2.11.

Tabela 2.11 - Classificação da persistência de uma descontinuidade (ISMR, 1981).

Classe Comprimento
Persistência muito pequena < 1,0 m
Persistência pequena 1,0 – 3,0 m
Persistência média 3,0 – 10,0 m
Persistência grande 10,0 – 20,0 m
Persistência muito grande > 20,0 m

As aberturas das juntas são expressas em termos da distância média do afastamento


dos blocos adjacentes ou do espaço entre as paredes das juntas. As juntas podem ser
abertas ou fechadas, preenchidas ou não. Nas juntas abertas, pode ocorrer
percolação de água, alteração e preenchimento, com profunda influência na
resistência ao cisalhamento do maciço rochoso.

A caracterização do preenchimento deve considerar, além da espessura, a descrição


da natureza e de seus constituintes, granulometria, mineralogia, textura, cor, e outras
informações importantes. O material de preenchimento pode ser argila, silte, areia, ou
material mais grosseiro, resultante de fragmentação ao longo do plano de ruptura.
Porém, em geral, apresentam baixa resistência ao cisalhamento, com ângulos de atrito
da ordem de 8 a 15º. A abertura e/ou espessura do preenchimento médio das
descontinuidades podem ser classificadas segundo a Tabela 2.12.

Segundo FIORI et al. (2001), o espaçamento ou freqüência das descontinuidades é


determinado em termos de distância entre as descontinuidades, sendo as distâncias
tomadas geralmente ao longo de linhas de varredura. A freqüência das
descontinuidades afeta a qualidade ou resistência do maciço rochoso como um todo,
ou seja, maciços com espaçamento muito pequeno adquirem um comportamento mais
próximo ao de materiais granulares (enrocamento). Por outro lado, quando o
espaçamento é grande, o comportamento do maciço rochoso é fortemente
influenciado pelas propriedades da rocha intacta.

18
Tabela 2.12 - Classificação da abertura das descontinuidades (ISMR, 1981).
Classe Abertura Grupo
Muito estreita < 0,1 mm
Feições
Estreita 0,1 – 0,25 mm
fechadas
Parcialmente estreita 0,25 – 0,5 mm
Aberta 0,5 – 2,5 mm
Feições
Moderadamente aberta 2,5 mm – 10 mm
entreabertas
Larga > 10 mm
Muito larga 1 – 10 cm
Extremamente larga 10 – 100 cm Feições abertas
Cavernosa > 1m

O espaçamento das descontinuidades tem grande influência na permeabilidade do


maciço rochoso e nas características da percolação. Geralmente, a condutividade
hidráulica de um sistema de descontinuidades é inversamente proporcional ao
espaçamento. O espaçamento das descontinuidades não é constante por toda a
extensão do maciço rochoso e, sim, irregular ou aleatório, podendo apresentar uma
distribuição em agrupamento.

LANA (2000) afirma que famílias de baixa freqüência podem definir mecanismos de
ruptura localizados, ou seja, até mesmo as descontinuidades aleatórias podem formar
blocos potencialmente instáveis em taludes. A Tabela 2.13 apresenta uma
classificação descritiva do espaçamento médio entre as descontinuidades proposta
pela ISMR (1981)

Tabela 2.13 - Classificação do espaçamento médio das descontinuidades (ISMR, 1981).


Classe Espaçamento (mm)
Extremamente pequeno < 20
Muito pequeno 20 – 60
Pequeno 60 – 200
Moderado 200 – 600
Grande 600 – 2000
Muito grande 2000 – 6000
Extremamente grande > 6000

FLINN (1958) definiu a presença da orientação preferencial das atitudes dos pólos, a
partir da comparação entre diagramas de densidade de pólos e modelos de diagramas
aleatórios de pólos, utilizando testes de hipóteses. MAHTAB et al. (1972) apresentam
método de definição das famílias de descontinuidades, onde o critério utilizado para
identificar as famílias é baseado na distribuição de Poisson.

19
GROSSMANN (1988) apresenta um método de classificação das descontinuidades
em famílias, baseado no conceito da distância angular entre as superfícies das
descontinuidades. Essa distância define se as descontinuidades pertencem à mesma
família e é baseada também na distribuição de Poisson. O método admite que a
distância angular é função do número de atitudes de descontinuidades medidas,
podendo ser muito pequeno e gerar um grande número de famílias.

2.2.2 – CONDICIONANTES DO SOLO

Com o advento da Pedologia, ciência fundamentada inicialmente na Rússia por


DOKUCHAIEV em 1880, o solo deixou de ser considerado como um corpo inerte, que
reflete unicamente a composição da rocha que o originou, para ser identificado como
um material que evoluiu no tempo, por meio da alteração das rochas e de processos
pedogenéticos, comandados por agentes físicos, químicos e biológicos (ANTUNES e
SALOMÃO, 1998).

O solo foi definido por JOFF em 1949 (ROSE et al., 1979), como um corpo natural de
constituintes orgânicos e minerais, diferenciados em horizontes de espessuras
variáveis, que diferem entre si na morfologia, composição física, propriedades e
composição química e características biológicas. Os solos são organizados em
camadas que diferem entre si, e também do material original, tanto nas propriedades
quanto na composição. As camadas individuais são denominadas horizontes de solo e
sua espessura pode variar desde centímetros até metros. O conjunto desses
horizontes constitui o perfil de solo.

Segundo ANTUNES e SALOMÃO (1998), dependendo dos objetivos e do enfoque


científico, tem-se interpretado o solo de maneiras diversas como um produto do
intemperismo físico e químico das rochas (Geologia); como um material escavável,
que perde sua resistência quando em contato com a água (Engenharia Civil); ou como
uma camada superficial de terra arável, possuidora de vida microbiana (Agronomia).
Nos problemas de engenharia, as rochas de resistência muito baixa que se
apresentam muito intemperizadas, são tratadas como solo, para efeito da
caracterização física e da obtenção dos parâmetros de resistência. Para efeitos de
engenharia, TERZAGHI e PECK (1962), definem o solo como agregado natural de
grãos minerais que podem ser separados por meios suaves, tais como a agitação em
água.

20
Estudos sobre solos constatam que sua origem e evolução sofrem a influência de
cinco fatores:

(i) Clima, condicionando principalmente a ação da água da chuva e temperatura;


(ii) Materiais de origem, condicionando a circulação interna da água e a
composição e conteúdo mineral;
(iii) Organismos, vegetais e animais, interferindo no microclima, formando
elementos orgânicos e minerais, e modificando as características físicas e
químicas;
(iv) Relevo, interferindo na dinâmica da água, no microclima e nos processos de
erosão e sedimentação;
(v) Tempo, transcorrido sob ação dos demais fatores.

O principal perfil de intemperismo, reconhecido pela literatura internacional e utilizado


para rochas graníticas e gnáissicas, é o de DEERE e PATTON (1971). O perfil
completo de intemperização de um granito ou gnaisse apresenta, de um modo geral,
três zonas principais:

(i) Solos residuais (zona I) – nesta zona distinguem-se duas subdivisões. Uma
camada superior (solo residual maduro – zona IA), mais antiga e em elevado
estado de intemperização, não apresentando vestígios da rocha de origem.
Abaixo desta camada, há uma zona de solo, com grau de intemperização
menor, que ainda mantém as estruturas da rocha original (solo residual jovem –
zona IB);
(ii) Rocha alterada (zona II) – esta zona pode ser subdividida, embora com limites
não bem definidos, em uma zona superior, de rocha muito alterada, e outra
inferior de rocha pouco alterada;
(iii) Rocha sã.

Ainda, segundo Derre e Patton, a seqüência de camadas de baixa permeabilidade


(IA), e de média a alta permeabilidade (IIB), possibilita o desenvolvimento de um lençol
artesiano na zona de solo residual jovem, sendo este um aspecto importante na
instabilidade dos taludes residuais.

No Brasil, nas últimas décadas, as pesquisas sobre intemperismo resultaram em um


perfil de intemperismo típico para regiões tropicais (VAZ, 1996), bastante utilizado para

21
vários tipos de rocha e de clima, assim como o proposto por WOLLE em 1985 (Tabela
2.14).

A alteração das rochas ocorre através dos intemperismos físico (desagregação) e


químico (decomposição) das rochas. Em países de clima tropical e úmido, a
decomposição é predominante, desenvolvendo pacotes espessos de solos residuais.
Os solos residuais jovens, apesar da decomposição, exibem relíquias preservadas das
descontinuidades herdadas da rocha de origem.

Tabela 2.14 – Perfil de intemperismo para regiões tropicais .


VAZ, 1996
Perfil de WOLLE, 1985
Classificação Classes Comportamento Processos
intemperismo
Solo
vegetal Solo Superficial
(SV)
SOLO RESIDUAL

Homogêneo
S1 Pedológicos
Solo isotrópico
eluvial Solo Maduro
(SE)

Solo de
alteração Heterogêneo
S2 Solo Saprolítico
saprolito anisotrópico
(SAS)
Intemperismo
Rocha Químico
alterada
R3 Saprolito
mole
(RAM)

Rocha
ROCHA

alterada Dependente do Intemperismo


R2 Rocha Alterada
dura Tipo de rocha Físico
(RAD)

Rocha Incipientes
sã R1 ou Rocha Sã
(RS) ausentes

O material proveniente da desagregação da rocha poderá permanecer no local em que


se desenvolveu, ou ser transportado para outra posição. Assim, pode-se identificar a
existência de duas grandes categorias de substrato pedogenético:

22
(i) Residual ou autóctone, formado no local, diretamente da desagregação da
rocha subjacente ao perfil do solo;
(ii) Transportado ou alóctone que, dependendo do agente responsável pelo
transporte, pode receber as seguintes denominações:
ƒ Coluvionar: ação da gravidade;
ƒ Aluvionar: ação de águas correntes;
ƒ Glacial: ação de geleiras;
ƒ Eólico: ação do vento.

Portanto, estas denominações, quando aplicadas ao substrato pedogenético, são


apropriadas apenas para se referirem à formação e disposição dos materiais
originários. No entanto, alguns autores, também as aplicam aos solos que se
desenvolveram por intemperismo, a partir desses depósitos (por exemplo: solos
glaciais, aluviais, eólicos ou residuais).

A alteração compreende também mudanças na composição química ou mineralógica


de uma rocha, produzidas pela ação de fluidos hidrotermais. Uma forma típica desse
tipo de alteração é a caulinização ou mineralização. Uma classificação descritiva do
grau de intemperismo ou da alteração do material rochoso é proposta na Tabela 2.15.

Tabela 2.15 - Classificação de rochas quanto ao grau de intemperismo (GEOLOGICAL


SOCIETY, 1977).
Classe Descrição Grau
Rocha fresca ou sã Sem evidências de material de alteração IA
Descoloramento ao longo das maiores superfícies
Rocha muito pouco alterada de descontinuidades IB

Descoloramento indicando alteração da rocha e das


descontinuidades. Todas as rochas podem estar um
Rocha pouco alterada pouco enfraquecidas em relação em relação ao II
estado fresco
Menos da metade da rocha apresenta-se
Rocha moderadamente decomposta, formando solo. Rocha fresca ou
descolorida ocorre sob a forma de corpos III
alterada
relativamente contínuos ou em blocos
Mais da metade da rocha apresenta-se decomposta,
formando solo. Rocha fresca ou descolorida ocorre
Rocha muito alterada sob a forma de corpos relativamente contínuos ou IV
em blocos

Rocha completamente Toda a rocha é decomposta. A estrutura da rocha


original ainda está presente em grande parte V
alterada
Toda a rocha é convertida em solo. A estrutura e a
Solo residual textura da rocha original estão destruídas. O solo VI
não sofreu transporte significativo

23
Segundo VARGAS (1971), a principal característica de um solo tropical é a
heterogeneidade, tanto a nível estrutural quanto mineralógico. Por isso, a definição de
parâmetros a serem utilizados em projetos geotécnicos, que sejam representativos
dos materiais que compõem o maciço, nem sempre é uma tarefa simples,
especialmente quando estes parâmetros dizem respeito à resistência.

A Tabela 2.16 apresenta um típico exemplo de perfil de intemperismo do kinzigito,


localizado na Avenida Niemeyer, Rio de Janeiro (GEORIO, 2000). Estes perfis de
alteração demonstram que a ação intempérica produz materiais extremamente
diferentes, mesmo para rochas idênticas, em função da localização na encosta, do
estágio de alteração e das descontinuidades estruturais. Estes fatores influenciam a
circulação da água em subsuperfície e, conseqüentemente, o avanço da frente de
alteração em profundidade. A variação do microfraturamento ao longo do perfil de
alteração do kinzigito é muito importante. Verifica-se uma variação gradativa das
fraturas ao longo do perfil de alteração do kinzigito, aliada a um aumento da abertura e
da oxidação das fissuras.

Tabela 2.16 - Perfil de intemperismo em kinzigito da Avenida Niemeyer (GEORIO, 2000)


Nível de alteração Espessura
Nível de alteração Características principais
correspondente (m)
Formado por quartzo, feldspato potássico
(microclina) e plagioclásio (oligoclásio), biotita
(de sã a levemente alterada), granada,
muscovita, sillimanita, óxidos e hidróxidos de
R0 Nível I 10,0 ferro, pirita, hematita, zircão, cordierita e
epidoto. Fraturas preenchidas por
argilominerais e óxidos de ferro. Aspecto são
em amostras de mão. Em lâmina notam-se
evidências de alteração incipiente
Formado por quartzo, biotita sã e alterada
(com sinais de esfoliação), microclina, anortita
subordinada, sillimanita, ilmenita, magnetita,
R1 Nível II 2,0 hematita, pirita, zircão e argilominerais.
Cordierita totalmente alterada para
argilomineral. Aumento da porosidade
produzida por fraturamento
Amostra cinza amarelada, com grande
concentração de óxidos de ferro e manganês.
R2 Nível III 2,0 Biotita sã e alterada (com sinais de esfoliação
e preenchimento das lamelas por
argilominerais)
Amostra friável, cor avermelhada, composta
por quartzo, óxido de ferro e alumínio,
R3 Nível IV 6,0 feldspato (em menor quantidade e tamanho,
principalmente nas bordas de fraturas) e
biotita. Estrutura de rocha ainda preservada
SP (1 a 4) Nível V 30,0 Solos residuais

24
Nem todos as classes de intemperismo são necessariamente encontradas em um
mesmo maciço rochoso, pois são geralmente relacionadas à porosidade e à presença
de descontinuidades abertas na rocha (FIORI et al., 2001).

MARQUES (1998) afirma que não há um perfil de intemperismo para o biotita gnaisse
e para o kinzigito, mas sim uma “zona de alteração” controlada pela presença de
estruturas geológicas, por onde percolam as águas de subsuperfície, que determinam
a distribuição espacial dos níveis de alteração identificados para estas rochas. Ainda,
segundo Marques, essas transformações têm grande influência no comportamento
geotécnico da rocha ao longo de perfis de alteração (Tabela 2.17). A espessura de um
perfil de solo residual depende da intensidade dos processos associados ao
intemperismo. Portanto, fatores relacionados ao clima (rocha matriz, topografia e
tempo transcorrido) são os principais responsáveis pelo desenvolvimento do perfil.

Tabela 2.17 - Variação do microfraturamento do Kinzigito com a evolução do


intemperismo (MARQUES, 1998).

Nível de alteração Características


Fraturas intragranulares mais comuns, com fraturas trans e intergranulares
Nível I subordinadas, pouco oxidadas e pouco abertas.
Fraturas trans e intergranulares mais comuns com intergranulares subordinadas,
Nível II oxidadas e pouco abertas.
Fraturas trans e intergranulares mais comuns com intergranulares subordinadas,
Nível II oxidadas e pouco abertas.

Nível IV Fraturas intra, inter e transgranulares igualmente presentes, bastante oxidadas.


Fraturas inter e transgranulares são as mais comuns, com aberturas de até 2,0
Nível V mm.

Segundo MOREIRA (1974), nos solos residuais, a variação singular do grau de


intemperismo, devido à profundidade e as estruturas da rocha original, conduz a
variações, em todas as direções, das propriedades geotécnicas do solo. Ao longo do
perfil do solo, podem-se distinguir zonas com diferentes graus de intemperismo e,
portanto, com diferentes propriedades.

BARROSO et al. (1996) apresentam as principais mudanças mineralógicas ocorridas


com os gnaisses da série superior (kinzigito) com o avanço do intemperismo (Tabela
2.18).

25
Tabela 2.18 - Principais mudanças mineralógicas do kinzigito com o avanço do
intemperismo (BARROSO et al., 1996).

Nível de alteração Características


Os minerais mantêm o brilho, a cor e a dureza originais. Não é possível arrancar
Nível I grãos da matriz da rocha. Para quebrá-la são necessários vários golpes com o
martelo.
A rocha apresenta sinais de alteração incipiente. Alguns feldspatos apresentam
Nível II perda de brilho. As biotitas e granadas aparecem algo oxidadas. Este estágio
apresenta fraturas pouco oxidadas, em direções variadas.
Os feldspatos apresentam-se superficialmente argilizados, e é possível riscá-los
através do canivete com relativa facilidade. As biotitas e granadas apresentam-se
Nível III com oxidação acentuada. É possível a retirada de vários grãos da matriz e escavá-
las localmente com o auxílio do canivete. A matriz apresenta-se levemente
oxidada.
A argilização dos feldspatos é tão intensa que confere uma grande friabilidade à
matriz da rocha. É possível a retirada de grãos da matriz sem dificuldade. Algumas
Nível IV porções da rocha podem ser escavadas com as mãos. Contudo, há também
porções não escarificáveis devido à ocorrência de cimentação por óxido de ferro,
oriundo da intemperização das biotitas e granadas.

Nas regiões tropicais, estes fatores encontram-se otimizados, pois temperaturas


elevadas, associadas a chuvas intensas, favorecem o intemperismo químico
(BARATA,1981). Como conseqüência, é comum encontrar perfis de solos residuais
profundos nestas regiões, podendo alcançar espessuras da ordem de 100 metros de
espessura. Os taludes em solos residuais rompem geralmente ao longo de feições
geológicas herdadas da rocha matriz. Observa-se que as análises de estabilidade,
com base em parâmetros de laboratório, e sem incluir as referidas feições, podem
indicar que o talude seja estável.

Não existe uma terminologia universalmente aceita para descrever as várias classes
de solos residuais. Termos como “solo saprolítico”; “saprolito” ou “solo residual jovem”
são, muitas vezes, utilizados para descrever o mesmo material. Outras vezes, termos
como “solos residuais tropicais” são estendidos a materiais com características
nitidamente diferentes, tais como solo laterítico, residual maduro e solo saprolítico.

A mineralogia do perfil será função do tipo de rocha matriz e do grau de intemperismo.


Na fração grossa, predominam quartzo, feldspato e as micas como os minerais mais
comuns. Na fração argila, o argilomineral predominante é a caolinita e óxidos,
especialmente nas camadas superficiais. Algumas rochas podem conter minerais
argílicos expansivos, que persistirão nas camadas menos desenvolvidas do solo

26
(residual jovem), podendo provocar expansão quando o solo é submetido ao alívio de
tensão e umedecimento.

Em gnaisses, os horizontes de solo residual jovem tendem a ser não plásticos.


Todavia, os solos micáceos, com pouca quantidade de argila, podem apresentar
plasticidade, induzindo um “índice de atividade”, fictício. A resistência ao cisalhamento
de um perfil de solo, obtida de ensaios de cisalhamento direto inundados, apresenta
uma tendência de aumento com a profundidade, à medida que o índice de vazios
diminui (SOUZA NETO et al., 2001).

2.2.3 – CONDICIONANTES HIDROLÓGICOS

As águas superficiais, formadas pelo conjunto de rios, lagoas, gelo e neve,


representam apenas 0,0002% do volume de água do planeta (UEHARA et al., 1998).
É importante ressaltar que as águas de superfície realizam o trabalho mais intenso de
desgaste das formas de relevo, além dos trabalhos de transporte e deposição de
sedimentos, originando deltas, planícies aluviais, etc.

A solução de problemas de engenharia, que envolvem o comportamento das águas


superficiais, pode ter maior eficiência quando se leva em conta a Geologia de
Engenharia. Não se pode deixar de contemplar os fatores antrópicos que alteram
significativamente o comportamento das águas superficiais, através da análise das
diversas formas de uso do solo e das condições de infiltração e de escoamento.

GUIDICINI e IWASA (1977), observaram que os deslizamentos na região Sudeste do


Brasil, onde chuvas pesadas resultantes de frentes frias polares, geralmente ocorrem
após eventos de intensidade que varia entre 12% e 18% de chuva anual. Se a
intensidade ultrapassar 20%, resulta em eventos catastróficos.

Em taludes de Hong Kong, BRAND et al. (1982) sugeriu que intensidades de chuva
acima de 70 mm/hora podem ativar deslizamentos. O aumento das conseqüências de
um deslizamento é uma função direta do aumento da intensidade e da duração da
chuva.

A água subterrânea também tem uma influência significativa na estabilidade dos


taludes. Seu efeito mais importante está, sem dúvida, no aumento da poropressão do
maciço rochoso, levando à redução dos níveis de pressão efetiva. A força que a água

27
exerce durante o escoamento pode causar instabilidade, alterando a resistência e a
deformabilidade dos maciços. Taludes naturais ou escavados podem ter a estabilidade
comprometida pela força de percolação da água em função de gradientes elevados.

As pressões da água subterrânea são em geral o fator principal em problemas de


estabilidade de taludes. A compreensão do papel da água subterrânea é, portanto
uma exigência essencial para qualquer geometria de talude (HOEK e BRAY, 1981;
BROWN, 1982). O monitoramento das pressões da água subterrânea por meio de
piezômetros é uma forma segura de estabelecer a contribuição da água subterrânea e
para conferir efetivamente as medidas de drenagem (BROWN, 1982).

TERZAGHI (1950) afirma que a água que percola no interior de um talude exerce, em
virtude de sua viscosidade, uma pressão sobre as partículas de solo, conhecida como
pressão de percolação. Esta pressão atua na direção do fluxo e sua intensidade
cresce proporcionalmente influenciando à velocidade de percolação. A presença de
água pode reduzir a resistência das rochas intactas, bem como das descontinuidades
causadas por processos de alteração, saturação e erosão do material de
preenchimento.

Em resumo, a pressão da água pode agir no sentido de desestabilizar as vertentes ao


reduzir as forças resistentes aos escorregamentos e ao aumentar as forças
desencadeadoras do movimento.

LACERDA (1989) afirma que o surgimento de poropressões elevadas em uma


camada de solo, em ciclos anuais ou semestrais, quando da ocorrência de chuvas
intensas, pode provocar a ruptura por fadiga. Após vários períodos de chuva, a
envoltória de resistência inicial do solo tende para uma envoltória de resistência
reduzida. O número de ciclos necessários para atingir a ruptura será tanto menor
quanto mais propenso for o solo à fadiga.

Segundo FIORI et al. (2001), existem dois extremos no comportamento da água


subterrânea nos maciços, um ocorrendo em solos porosos, conglomerados ou em
rochas intensamente fraturadas, e o outro extremo, em maciços rochosos muito pouco
fraturados. No maciço rochoso, com famílias de descontinuidades numerosas e muito
pouco espaçadas, a água comporta-se como em solos porosos. O grau de
conectividade entre os vazios é elevado e as variações do nível freático são graduais,
ocorrendo somente em grandes áreas. Por outro lado, em maciços rochosos pouco

28
fraturados, com poucas famílias de descontinuidades e, especialmente, onde o
espaçamento das descontinuidades é grande, a pressão da água varia
consideravelmente de uma descontinuidade a outra ou de local para local. Os níveis
freáticos erráticos podem surgir onde diques, falhas ou camadas com ângulo de
mergulho elevado atuam como aquicludes (barreiras geológicas). A percolação de
água por meio dos maciços rochosos resulta do fluxo através das descontinuidades.

Detalhes geológicos aparentemente pouco significativos podem ter efeitos apreciáveis


sobre a distribuição de pressões da água nas descontinuidades e, conseqüentemente,
sobre a estabilidade do talude (PATTON e DEERE, 1971). A determinação do nível do
lençol freático, do caminho preferencial de percolação e da pressão da água, pelo
menos de forma aproximada pode prever problemas de estabilidade ou dificuldades na
construção.

Segundo BARROSO e BARROSO (1996), o comportamento hidrogeológico nas


regiões de vertentes é bastante variável e de difícil definição, em função da variação
da geometria das encostas, da diversidade de situações geológicas existentes (capas
de colúvio sobre rocha, solo residual sobre rocha, depósito de tálus, maciço rochoso
fraturado e com diferentes morfologias de perfis de alteração) e da intervenção
antrópica (impermeabilização da superfície do terreno e retirada da vegetação).

2.2.4 – CONDICIONANTES REALATIVOS À VEGETAÇÃO

A vegetação é um dos fatores que contribuem para a evolução natural das encostas
ao longo do tempo geológico. A cobertura vegetal tanto pode ser natural (primitiva ou
secundária) quanto artificial. Em todos os casos, a cobertura exerce uma ação, maior
ou menor, de proteção contra as intempéries. PRANDINI et al. (1982) admitem que o
escoamento superficial seja, de fato, desprezível nas condições de florestas densas e
que a cobertura vegetal também dificulta a penetração profunda da água no maciço.

GRAY et al. (1982) assinalam que, em relação à cobertura vegetal, são atribuídos
efeitos favoráveis e desfavoráveis quanto à estabilidade das encostas. A longo prazo,
a retirada da cobertura vegetal é indiscutivelmente um fator importante de
instabilização.

No Rio de Janeiro, PENHA (1988) considera que a cobertura florestal atua também
como um agente limitador das áreas afetadas por escorregamentos, através do efeito

29
frenador e dissipador de energia das massas deslocadas, restringindo as áreas
afetadas e minimizando os danos em terrenos situados a jusante. As encostas sofrem,
com freqüência, escorregamentos. O fato é conseqüência da própria dinâmica de
evolução das encostas, onde massas de solo avolumam-se continuamente devido à
ação do intemperismo sobre as rochas, atingindo espessuras críticas para a
estabilidade. As florestas desempenham importante papel na proteção do solo e o
desmatamento ou abertura de clareiras pode promover, não só a erosão, mas também
escorregamentos.

O desmatamento é um tipo de uso do solo que efetivamente contribui para o


incremento na freqüência de deslizamentos nas encostas (DUNNE, 1975; KELLER,
1982).

Para avaliar a contribuição na resistência ao cisalhamento do solo pelas raízes, é


necessário considerar a interação solo-raiz. De acordo com WALDRON et al. (1981),
em um sistema solo-raiz, as raízes podem ser tratadas como se fossem elementos
flexíveis e elásticos, de resistências relativamente elevadas, inseridas no solo de
forma a aumentar a resistência contra eventuais escorregamentos nas encostas.

Os processos de instabilização de taludes e encostas tendem a se acelerar algum


tempo após o desmatamento. Logo em seguida à retirada das árvores, existe um
acréscimo na estabilidade das encostas, devido à eliminação dos efeitos negativos
como sobrecarga, efeito alavanca, etc. Contudo, este acréscimo de estabilidade tende
a se perder com o tempo, com o apodrecimento das raízes e a eliminação do efeito de
redistribuição de água de chuva (WOLLE, 1986).

WU (1995) verificou, a partir de ensaios em raízes mortas que, após quatro anos do
corte das árvores, a resistência decai para cerca de 15 a 20% da resistência das
raízes de árvores vivas. Este fato ajuda a explicar o aumento da freqüência dos
deslizamentos de solo que ocorrem em seguida à remoção da vegetação. O emprego
da análise da estabilidade de vertentes antes e depois do desmatamento pode indicar,
com mais segurança, as zonas de risco e sugerir a melhor forma de remediar o
problema.

Segundo VARGAS (1999), os efeitos do desflorestamento sobre a estabilidade dos


taludes das encostas naturais é uma questão muito discutível. Não há dúvida sobre a
evidência da degradação da cobertura vegetal coincidir com escorregamentos

30
generalizados das encostas. Entretanto, há também, casos observados de grandes
escorregamentos, deflagrados por chuvas violentas, em regiões cobertas por florestas.

BROWN e SHEN (1975) referem-se a quatro modos pelos quais a vegetação exerce
influência sobre a estabilidade:

(i) Aumento da resistência do solo causada pelas raízes;


(ii) Sobrecarga devido ao peso da vegetação;
(iii) Aumento de tensão de cisalhamento no talude, devido à ação do vento
sobre as árvores;
(iv) Modificação do solo e do nível da água subterrânea pelas alterações
sofridas pela cobertura vegetal.

Além disto, a geologia, a morfologia do talude e as características do solo podem


influenciar a vegetação, como também a distribuição dos deslizamentos de solo.

2.3 – TÉCNICAS DE ESTABILIZAÇÃO

A seguir, apresenta-se, uma breve revisão sobre as técnicas de estabilização mais


comuns de taludes, além de um breve histórico sobre estabilizações realizadas no
Brasil.

2.3.1 – CONTROLE DE ÁGUAS SUBSUPERFICIAIS

As escavações de taludes, tanto em rocha como em solo, comumente atingem o


lençol freático, acarretando com isso a necessidade de remoção das águas
subterrâneas, além das pluviais, para permitir a execução das obras. Algumas das
principais técnicas de controle e drenagem são:

(i) Abertura de valetas ou cavas a céu aberto;

(ii) Drenos suborizontais;

(iii) Poços-ponteira (wellpoint);

(iv) Galerias de drenagem.

31
2.3.2 – CORTINA ATIRANTADA

São estruturas de contenção de paramento vertical ou quase vertical, feitas de


concreto armado, e que são ancorados no maciço através de tirantes protendidos. No
caso de cortes, a execução é feita a partir do topo, executando-se a obra por
patamares. Um novo patamar só é iniciado, quando o anterior já está com os tirantes
protendidos e as placas, em concreto, executadas.

Este tipo de estrutura é muito empregado em obras rodoviárias para a contenção de


cortes e aterros. Os tirantes têm por objetivo ancorar a face da cortina na massa de
solo. A força de protensão é transferida então para uma parte mais resistente do
maciço de solo por meio de barras, cordoalhas ou fios.

2.3.3 – ESTRUTURAS EM SOLOS REFORÇADOS COM GEOSSINTÉTICOS

Os geossintéticos compreendem um conjunto de materiais poliméricos, sendo


utilizados em obras de engenharia civil, particularmente as geotécnicas e de proteção
ambiental. Os polímeros mais comumente utilizados na fabricação destes materiais
são o polipropileno, o polietileno e o poliéster. Os tipos de geossintéticos mais
comumente utilizados como reforço são os geotêxteis, as geogrelhas e as tiras.

Na utilização de geossintéticos como elementos de reforço em aterros com taludes


íngremes ou em estruturas de contenção, os requisitos básicos necessários são:

(i) Resistência aos esforços de instalação;

(ii) Grau de interação entre solo e reforço, caracterizado pela adesão e ângulo
de atrito de interface;

(iii) Resistência e rigidez à tração;

(iv) Resistência à fluência adequada;

(v) Durabilidade compatível com a vida útil da obra.

32
No dimensionamento de estruturas reforçadas é recomendável que o ângulo de atrito
de pico do solo seja dividido por um fator de redução, tendo em vista os diferentes
níveis de deformação necessários para a ruptura do solo e do reforço. A durabilidade
dos geossintéticos é um fator fundamental no projeto de obras permanentes, devendo-
se evitar ambientes agressivos (muito ácido ou muito básico).

2.3.4 – TERRA ARMADA

O processo de solo reforçado, conhecido como terra armada (terré armeé), foi
desenvolvida pelo engenheiro francês Henry Vidal na década de 60. Consiste,
basicamente, na introdução de tiras metálicas em solo compactado, sendo as tiras
ligadas a painéis de concreto na face do maciço.

A terra armada tem dois componentes básicos, a saber:

(i) Volume armado: maciço de solo que envolve as tiras metálicas;

(ii) Tiras metálicas: peças lineares e flexíveis, que trabalham à tração e devem
apresentar resistência à corrosão.

As tiras de reforço são, em geral, de aço galvanizado, com dimensões iguais a 50 ou


100 mm de largura, com 5 mm de espessura. Em ambientes agressivos, devem ser
usados componentes metálicos de aço inoxidável, com as mesmas características de
resistência do aço galvanizado.

2.3.5 – MUROS DE GRAVIDADE

Nestas estruturas, a reação ao empuxo do solo é proporcionada pelo peso do muro e


pelo atrito em sua fundação. Os muros de gravidade devem ser considerados somente
para pequenas alturas, devido a aspectos econômicos advindos das suas dimensões
em grandes alturas. Podem ser de alvenaria, pedra, concreto simples ou ciclópico. De
forma geral, são feitos em formato trapezoidal. Entretanto, variações nas dimensões
podem ser adotadas, tomando como base o formato trapezoidal.

33
2.3.6 – SOLO GRAMPEADO

A técnica de solo grampeado vem sendo utilizada como reforço do solo desde meados
da década de 1970. As origens do solo grampeado remontam à técnica NATM (New
Austrian Tunneling Method) para a construção de túneis. A técnica "terre clouée" foi
denominada pelos franceses e "soil nailing" pelos ingleses. No Brasil é conhecida pelo
nome de solo grampeado ou solo pregado.

De acordo com BRUCE e JEWELL (1987), o primeiro registro da utilização de solo


grampeado ocorreu em um talude ferroviário na França, em 1972.

No entanto, ORTIGÃO et al. (1993) afirmam que a técnica de solo grampeado foi
empregada pela primeira vez no Brasil, em São Paulo, em 1970, nos emboques de
túnel no Sistema Cantareira (Figura 2.2). Nos últimos dez anos as aplicações se
multiplicaram no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas
Gerais (ZIRLIS et al., 1992 e ORTIGÃO et al., 1993).

Figura 2.2 - Contenção de talude do emboque de túnel (adaptado de ORTIGÃO et al.,


1993).

As principais características do solo grampeado são a rapidez de execução, o baixo


custo e a flexibilidade, quando comparadas a outros tipos de obras de contenção. A
técnica tem aplicação na estabilização de taludes de corte instáveis; taludes existentes
com estabilidade insatisfatória ou taludes rompidos. A partir do corte executado ou

34
existente, inicia-se a execução da primeira linha de chumbadores, aplicação do
revestimento de concreto projetado, execução da drenagem, e assim sucessivamente,
até o fundo da escavação. Se o talude já estiver cortado, pode-se trabalhar de forma
ascendente ou descendente, de acordo com a conveniência da obra.
A principal desvantagem da técnica de solo grampeado são os deslocamentos do
maciço permitidos pela flexibilidade da estrutura. Além disto, a técnica não é adequada
para escavações que não se suportem com pelo menos 1,0 m de altura e em
escavações em materiais não coesivos (areia seca ou submersa).

Durante a escavação do talude, o solo grampeado é sujeito ao descarregamento


lateral. O principal elemento de interação solo-grampo é, a resistência ao cisalhamento
mobilizada no contato entre os dois materiais.

A construção do solo grampeado é realizada em ciclos de 3 fases sucessivas, em


geral do topo para a base (Figura 2.3):

(i) Escavação de bancada com altura mínima de 1 m com comprimento


dependente do tipo de solo a ser estabilizado;

(ii) Introdução de grampos suborizontais no solo com espaçamentos horizontal


e vertical pré-calculados;

(iii) Revestimento da face, com concreto projetado, reforçado por uma malha
de aço ou com a instalação de painéis pré-moldados.

Segundo CLOUTERRE (1993), a construção do reforço em solo grampeado, envolve o


reforço de uma área escavada (encosta, por exemplo) com o uso de grampos
passivos que trabalham essencialmente por tração. Os grampos podem ser barras de
aço, barras sintéticas ou micro-estacas, de seção cilíndrica ou retangular. São
instalados, normalmente paralelos um ao outro e suborizontais, de forma a introduzir
esforços resistentes de tração e cisalhamento. Um dos parâmetros mais importantes
para o projeto de um talude reforçado por grampos é a resistência ao cisalhamento
(qs) na interface solo-grampo. CLOUTERRE (1993) recomenda que o valor de qs seja
determinado diretamente a partir de ensaios de arrancamento no campo.

35
Figura 2.3 - Fases de construção de uma parede de solo grampeado (adaptado de
CLOUTERRE, 1993).

A altura máxima a ser escavada em cada etapa depende do tipo de terreno e da


inclinação da face da escavação, que deverá ser estável durante a fase crítica que
ocorre entre a escavação, instalação do reforço e aplicação do revestimento de
concreto projetado. O material a ser escavado deve apresentar uma coesão efetiva
mínima de 10 kPa, do contrário não se pode executar a escavação (ORTIGÃO et al.,
1993). Usando este método, e trabalhando do topo para baixo, o talude reforçado é
construído gradualmente. A técnica de solo grampeado pode ser utilizada em taludes
verticais, inclinados, ou em bancadas, como ilustrado na Figura 2.4.

No caso do reforço com concreto projetado, o cálculo da espessura do revestimento


da parede depende, principalmente, do plano das faces dos grampos. Entretanto, o
volume atual de concreto projetado utilizado é freqüentemente mais alto.

A parede reforçada deve ser provida de drenos, para escoar a água que infiltra para
fora da estrutura. Em áreas sujeitas a fluxos hidráulicos internos de água, é apropriada
a instalação de drenagem, tais como drenos suborizontais, para o escoamento da
água ou, ainda, a instalação na face do talude de geomembranas, antes do
revestimento da parede.

36
Figura 2.4 – Exemplo de escavação estabilizada com técnica de solo grampeado (Foto
do autor).

2.4 – HISTÓRICO DE CASOS

Os primeiros estudos sobre escorregamentos remontam há mais de 2.000 anos, em


países como China e Japão. BRABB (1991) estima em milhares de mortes e bilhões
de dólares de prejuízos por ano, relacionados à deflagração de escorregamentos no
mundo inteiro.

2.4.1 – CASOS INTERNACIONAIS

No cenário internacional são inúmeros os casos reportando ruptura de taludes. Entre


eles, destacam-se algumas rupturas condicionadas por características geológicas,
geomorfológicas e/ou geotécnicas:

9 Acidente na região da barragem de Vajont (Itália), em 1963, durante o


enchimento do reservatório. A submersão progressiva dos taludes do
reservatório causou um deslizamento de 240 milhões de m3 do maciço rochoso
da encosta do Monte Toc, na ombreira esquerda, gerando uma onda de
dezenas de metros de altura que galgou a barragem e inundou a cidade de

37
Langarone, matando cerca de 2.500 pessoas. A estrutura de concreto da
barragem não foi danificada (LONDE, 1965);
9 Deslizamento de um corte de estrada na região de Cereixal (Espanha) em local
com intercalação de xistos e arenitos com declividade de 55º e espaçamento
das juntas de 1,0 m. O talude foi escavado com ângulo de 62º, incitando a
ruptura planar do material (WEI et al., 1986);
9 Rompimento da represa Saint Francis, com 55 metros de altura e 183 metros
de largura, encravada no San Francisquito Canyon (cerca de 70 km de Los
Angeles), causando uma onda de 20 m de altura, que varreu a região a jusante
em 1928. A fundação da represa foi construída sobre xistos de mica laminados
e conglomerado. O contato entre os dois tipos de rocha localizava-se ao longo
de uma falha. A ruptura ocorreu perto da falha e foi devida principalmente ao
piping do conglomerado pelo fluxo da água (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Acidente da Barragem de Malpasset (França), ocorrido em 1959, construída
sobre um mica-xisto intensamente fraturado e preenchido por argilominerais. A
causa mais provável para o acidente foi a presença de um plano de
deslizamento, com inclinação desfavorável, além da grande deformabilidade da
rocha de fundação (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Ruptura da seção central da Barragem de Austin (Texas, EUA), construída em
1893. As fundações foram executadas sobre argila e folhelhos pouco
resistentes e friáveis, os quais eram atravessados por uma zona de falha. O
fluxo de água provocou a erosão nos estratos mais fracos, causando a ruptura
da estrutura em 1900 (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Rupturas do Canal do Panamá durante a escavação do Corte de Gaillard entre
1884 e 1912. As rochas encontradas no anfiteatro são xisto, arenito, diques
basálticos, aglomerados vulcânicos e tufos vulcânicos, com a presença de
numerosas fraturas e falhas. Os deslizamentos foram causados pelo intenso
fraturamento das rochas. Além disto, havia a depressão, em sinclinal, da seção
de Culebra, com 1,6 km de largura ao nível do canal. Esta depressão está
preenchida com uma argila arenosa da Formação Cucaracha, estruturalmente
fraca, e responsável pela repetição da maioria dos deslizamentos que
interferiram seriamente na construção do canal (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Deslizamento ocorrido durante o corte do talude San Antolín, para a construção
da estrada UM-8 (Espanha). A rocha local é um quartzito, com direção de 160º
e mergulho de 80º na parte superior do talude, diminuindo para 60º na parte
mais baixa do talude. Há uma falha, visível na parte superior do talude. Sobre a
falha, a rocha apresenta descontinuidades bem espaçadas. Abaixo da zona da

38
falha, o espaçamento entre as descontinuidades é inferior a 1,0 m, e há
algumas camadas intercaladas de xistos. A transição entre estas duas zonas
resulta da orientação desfavorável das descontinuidades, que favoreceu os
deslizamentos durante a escavação (ODA et al., 1993);
9 Ruptura do talude El Haya, correspondente ao corte de uma seção da estrada
UM-8 que liga Santader para Bilbau (Espanha). Durante o corte do talude de
declividade de 55º, houve um deslizamento de 1.000 m3 de rochas calcáreas a
partir da crista e ao longo das juntas transversais (ODA et al., 1993);
9 Avalanches de rochas com volume de 100.000 m3 e blocos de rocha com mais
de 1,0 m3 no Vale de Yosemite (Califórnia, EUA), causados pela penetração
das raízes, expandindo as juntas e favorecendo as quedas das placas e blocos
de granito (WIECZOREK et al., 1995).

2.4.2 – CASOS BRASILEIROS

Os movimentos em encostas têm grande impacto na ocupação das cidades,


principalmente para aquelas que se encontram encravadas nos flancos de serras e
montanhas. No Brasil, várias são as cidades e zonas metropolitanas que apresentam
histórico de ocorrência de movimentos de massa, com vítimas fatais e danos materiais
decorrentes.

No Brasil, existem relatos tratando de escorregamentos nas encostas de Salvador


(BA), datados da época colonial (1671). Segundo AUGUSTO FILHO (1994), os
movimentos em taludes e encostas têm causado, principalmente nas últimas duas
décadas, acidentes em várias cidades brasileiras, muitas vezes com mais de uma
dezena de vítimas fatais.

AMARAL et al. (1993) apresentam um relato sobre gastos no total de 7,1 milhões de
dólares associados à execução de obras de contenção nas encostas do Rio de
Janeiro, no período de 1988 a 1991.

A literatura reporta diversos casos de ruptura condicionados a fatores geológicos,


geomorfológicos e geotécnicos. Alguns exemplos podem ser apresentados:

39
9 1953-2002: Escorregamentos ocorridos no talude Ponteio na BR-356, Belo
Horizonte, em função da disposição das descontinuidades, favorecendo a
ocorrência de rupturas em cunha, percolação da água seguida de erosão,
rupturas planares e tombamentos (PARIZZI et al., 2004);
9 1956: Escorregamento de rocha na encosta do morro Santa Terezinha, Santos
(SP), causado pela pressão da água da chuva nas fraturas do talude rochoso,
possivelmente abalado pelas explosões prévias da pedreira em operação
(VARGAS, 1999);
9 1966: Escorregamento na encosta do Morro do Urubu, Rio de Janeiro,
condicionado pela formação de lençol artesiano propiciado pela existência de
solo residual arenoso subjacente ao tálus argiloso (MOREIRA, 1974);
9 1970: Escorregamentos de blocos rochosos no km 44,7 da Via Anchieta, São
Paulo, devido ao efeito da percolação da água de chuva nas fraturas da rocha
(VARGAS, 1999);
9 1975-1999: Deslizamentos na estrada da Grota Funda (Rio de Janeiro),
condicionados por complexos sistemas de juntas persistentes, mal espaçadas
e abertas presentes nos seis grupos eram distintos de rochas: granitos,
migmatitos, anfibolitos, gnaisse, rochas alcalinas e olivina basaltos, que
constituem o maciço da Pedra Branca. (AMARAL, 2004);

9 1978: Escorregamento do talude de corte da Rodovia Washington Luiz (SP-


310) devido ao fraturamento no corpo alterado do sill de diabásio, e no plano
suborizontal pela ocorrência de brecha argilosa saturada (com lençol
suspenso) acompanhando o contato inferior arenito/diabásio (IPT, 1979);
9 1981: Deslizamento na encosta do Morro do Imperador, Juiz de Fora/MG,
constituída de tálus/colúvio sobre rocha gnáissica fraturada. O principal
condicionante da movimentação do solo era a infiltração no encontro
tálus/escarpa e a percolação no contato solo/rocha (FONSECA et al., 1982);
9 1981: Ruptura gradual da cortina construída no km 34 da rodovia Taubaté-
Campos do Jordão, São Paulo, devido à instabilidade da massa de tálus
assentada sobre rocha gnáissica, atravessada por diques e sills de diabásio.
Estes funcionavam como barreiras à percolação de água, propiciando a
formação de lençol d’água suspenso, condicionando a ruptura (PEDROSA et
al., 1982);
9 1988: Escorregamento de solo residual gnáissico da encosta do Licurgo, no
Rio de Janeiro, condicionado pela fluência do solo ao longo da superfície de
escorregamento. A principal causa foi a variação das poropressões, decorrente

40
da percolação da água por caminhos preferenciais, tais como, contatos
solo/rocha, camadas alternadas e fraturadas da rocha e veios de pegmatito
(RAMOS, 1991);

9 1988: Escorregamentos na Estrada do Soberbo, Rio de Janeiro, condicionados


à elevação dos níveis piezométricos provocada pelo barramento subterrâneo
formado por uma família de diques verticais de diabásio em um maciço
rochoso gnáissico (AVELAR, 1996);
9 1995: Escorregamento reativado próximo da Clínica Santa Genoveva, no Rio
de Janeiro, deflagrado pelo deslocamento de matacão rochoso formado pela
conjunção de três planos de fraturamento, pouco alterado e sem
preenchimento (AMARAL, 1995);

9 1996: Corrida de detritos do Quitite, na Cidade do Rio de Janeiro, devido à


existência de fortes condicionantes geológicos. A presença de um dique
gabróico condicionou, estruturalmente, o caminho do escorregamento,
funcionando como “pista” para que a corrida de detritos se propagasse
(AMARAL, 1996);
9 2001: Acidente durante a fase de escavação das estruturas do vertedouro da
Usina Hidrelétrica Itapebi (Bahia), representado pelo deslizamento de material
rochoso de grandes proporções, determinado pela ocorrência de feições pré-
cisalhadas do biotita-xisto (COSTA, 2003);

9 2001: Escorregamento do talude da RS 470 (Rio Grande do Sul), devido ao


encharcamento da massa de colúvio provocado por infiltração e escoamento
superficial de água decorrente de afloramentos nos contatos das camadas de
basalto (PERAZZOLO, 2003).

Os casos retratados acima têm o objetivo de mostrar a importância do


conhecimento geológico e da análise geomecânica dos maciços, para a prevenção
de deslizamentos e de rupturas durante a realização de obras civis.

41
CAPÍTULO 3 – ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICOS DA ÁREA DE
ESTUDO

Este capítulo apresenta as características geológicas e geomorfológicas mais


relevantes da área estudada. São descritos os aspectos em escala regional e local e
apontados os potenciais condicionantes geológico-geotécnicos da escavação
grampeada em solo residual de gnaisse em Niterói.

3.1 – GEOLOGIA REGIONAL

A área estudada situa-se no estado do Rio de Janeiro, Região Sudeste do país e, está
geotectonicamente contida na Província Mantiqueira, uma das províncias estruturais
definidas por ALMEIDA (1981). Ela cobre uma área de 700.000 km² e representa a
mais complexa província estrutural afetada pelo Ciclo Orogênico neoproterozóico -
cambriano (Brasiliano) na América do Sul.

A província estende-se do paralelo 33º S, no Uruguai, até o sul da Bahia, no paralelo


15º S, por cerca de 3.000 km de extensão e com largura média de 200 km. Está
disposta paralelamente à costa brasileira, junto às margens orientais dos crátons Rio
de La Plata e São Francisco. A Província Mantiqueira representa uma entidade
geotectônica com franca orientação nordeste instalada ao final do Neoproterozóico e
início do paleozóico, constituindo, juntamente com a Faixa Brasília, a Cunha de
Guaxupé e os metassedimentos da Faixa Alto Rio Grande, que formam o arcabouço
geotectônico do Sudeste Brasileiro.

A evolução tectônica dos terrenos pré-cambrianos aflorantes no Estado do Rio de


Janeiro tem sido, há décadas objeto, de numerosos estudos e intensas discussões no
meio acadêmico. Diversos trabalhos de cunho regional postulam que as
características tectono-termais da província são resultantes de processos de
subducção, seguido de uma ou mais colisões no Neoproterozóico, quando da
aglutinação ou colagem do Gonduana Ocidental (MACHADO et al., 1996).

42
3.1.1 – O ARCABOUÇO TECTÔNICO REGIONAL DO SUDESTE BRASILEIRO

O arcabouço geotectônico da Região Sudeste do Brasil é formado por um núcleo


estável no Neoproterozóico, designado de Cráton do São Francisco (ALMEIDA 1977,
1981). Ele é circundado por orógenos instalados no Neoproterozóico, durante a
Orogênese Brasiliana/Pan-Africana, cuja estabilização desempenhou importante papel
na aglutinação deste setor no Gonduana (FUCK et al., 1993). Esses orógenos foram
inicialmente designados de Faixa Brasília a oeste, Faixa Araçuaí a leste e Faixa
Ribeira a sul-sudeste (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Províncias Estruturais Brasileiras (SILVA et al., 2001).

43
Para ALKMIM et al. (1993), estas faixas bordejam a denominada Placa
Sanfranciscana, cuja porção interna seria composta pelas rochas arqueanas e
paleoproterozóicas do Cráton do São Francisco e suas coberturas sedimentares
neoproterozóicas, que compõem o Grupo Bambuí.

A Faixa Brasília estende-se por aproximadamente 1.500 km na direção norte-sul,


bordejando o Cráton do São Francisco. É composta por um arranjo de nappes
transportadas para leste e sudeste (VALERIANO et al., 1998), durante a colisão dos
crátons Amazônico e São Francisco (BRITO NEVES e CORDANI, 1991). Nappes são
descritas como uma unidade rochosa tabular deslocada, por grandes distâncias, sobre
superfície predominantemente horizontal.

FUCK et al. (1993) afirmam que a identificação de associações petrotectônicas de


fundo oceânico sugere que esta colisão teria sido o ápice do processo de
convergência experimentado pelas citadas massas cratônicas, envolvendo o consumo
de litosfera oceânica em uma zona de subducção com provável mergulho para oeste.

Na concepção original de ALMEIDA (1977), a Faixa Araçuaí estende-se pelo limite


oriental do cráton do São Francisco também com orientação norte-sul. É limitada a
norte pelo próprio cráton do São Francisco e a sul por uma inflexão para a direção
nordeste-sudoeste que constitui o trend regional da Faixa Ribeira. O padrão tectônico
da faixa sugere empurrões com vergência para oeste, em direção ao cráton do São
Francisco, no período de 650 a 550 Ma (UHLEIN et al., 1999).

PEDROSA-SOARES et al. (1992) sugeriram a oceanização das margens continentais


na "Faixa Araçuaí". Estes autores afirmam que essa inversão estaria associada à
subducção da crosta oceânica para leste.

A Faixa Ribeira, segundo ALMEIDA et al. (1973), constitui uma entidade geotectônica
do Neoproterozóico. O Estado do Rio de Janeiro localiza-se na porção interna deste
cinturão. Então, a compartimentação tectônica dos terrenos que compõem a geologia
deste estado está vinculada à evolução tectono-metamórfica da "Faixa Ribeira".
HEILBRON et al. (1999) considera esta evolução orogênica como a mais nova no
cenário das colagens brasilianas/pan-africanas do segmento crustal considerado e foi
responsável pela deformação, metamorfismo, magmatismo e articulação dos diversos
terrenos.

44
O Cinturão Paraíba ou Faixa Ribeira (ALMEIDA et al., 1973), no Estado do Rio de
Janeiro, compreende um segmento com orientação NE-SW deformado e
metamorfizado no Neoproterozóico, sendo constituído por rochas ígneas e
metamórficas de alto grau de metamorfismo que bordejam a extremidade SE do
Cráton do São Francisco (TROWN et al., 2000).

A feição estrutural mais expressiva da Faixa Ribeira, corresponde a zonas de


cisalhamento dúcteis em escala regional, com disposição subparalela ao trend (termo
genérico para a direção de ocorrência de uma feição geológica de qualquer dimensão
ou natureza) geral do cinturão, visíveis em mapas geológicos em diferentes escalas,
fotos aéreas e imagens de satélite (MACHADO et al., 1993 b ). Segundo DEHLER et
al. (2002), estas zonas de cisalhamento são de baixo e alto ângulo de mergulho e
estão, associadas à expressivas faixas de milonitos.

Um considerável avanço para o entendimento da evolução tectônica local foi a


caracterização de dois eventos orogênicos sucessivos. No âmbito da "Faixa Ribeira",
foi a caracterização da Orogênese Brasiliana I (> 600 Milhões de anos (Ma)) na porção
oriental do estado e a Orogênese Rio Doce (cerca de 560 Ma) na porção litorânea
(FIGUEIREDO e CAMPOS NETO, 1993). A esses dois orógenos, mais recentemente,
somou-se a Orogênese Búzios (cerca de 520 Ma) caracterizada por SCHMITT et al.
(1999).

Todos os domínios sofreram efeitos das orogêneses neoproterozóicas, caracterizadas


pelo metamorfismo e fusão parcial das rochas supracrustais e intracrustais, pela
deformação contracional de baixo e alto ângulo de mergulho, seguida de cisalhamento
transcorrente de expressão regional, e pela colocação de diversos corpos granitóides
de dimensões variadas (Figura 3.2).

A área pesquisada faz parte do Domínio Serra do Mar, que ocupa a região centro-
oriental, correspondendo geograficamente à "Microplaca" Serra do Mar (CAMPOS
NETO, 2000). É composta por uma sucessão de arcos magmáticos com polaridade
temporal e composicional de W para E. São eles: (i) arco primitivo do tipo TTG
(associações plutônicas de tonalitos, trondhjemitos e granodioritos) a W (Arco Rio
Negro - 630-500 Ma); (ii) arco mais evoluído, do tipo cordilheirano maduro, mais a E
(Arco Serra dos Órgãos - 570-560 Ma) e (iii) um arco sincolisional, na parte mais
oriental, caracterizado por magmatismo crustal (Arco Rio de Janeiro - 560 Ma).

45
Figura 3.2 – Domínios Tectono-magmáticos do Estado do Rio de Janeiro e Áreas
adjacentes (SILVA et al., 2001)

Além da sucessão de arcos, o domínio é ainda caracterizado por supracrustais que


sofreram metamorfismo de baixa pressão/alta temperatura, na fácies anfibolito, com
abundante fusão parcial in situ (Complexo Paraíba do Sul). Essa unidade está exposta
ao longo de todo o Domínio. Na sua porção sudeste, as rochas que integram o
chamado Domínio Região dos Lagos também sofreram cavalgamento, com vergência
de topo para NW. Além disto, esse domínio apresenta um expressivo número de
plútons pós-tectônicos, circunscritos, de idade cambriana.

O Domínio Paraíba do Sul ocupa uma extensa faixa de orientação nordeste em toda a
porção centro-norte e ocidental do estado, subparalela ao corredor de cisalhamento do
rio Paraíba do Sul. É constituído por gnaisses kinzigíticos, xistos, quartzitos e
mármores do Complexo Paraíba do Sul, metamorfizados nas fácies anfibolito e
granulito, intercalados tectonicamente em rochas paleoproterozóicas representadas

46
por ortogranulitos e ortognaisses tonalíticos do Complexo Juiz de Fora, e ortognaisses
graníticos a granodioríticos da Suíte Quirino. Na cidade do Rio de Janeiro e
adjacências é reconhecida a Zona de Cisalhamento Dúctil de Niterói, entre outras que
afetam os diferentes gnaisses, milonitizando-os em espessas e extensas faixas de
direção NE-SW a ENE-WSW (HIPPERTT, 1990).

3.1.2 – O COMPLEXO PARAÍBA DO SUL

LIMA et al. (1981) empregaram pela primeira vez o termo Complexo Paraíba do Sul
para designar o conjunto de gnaisses granadíferos e kinzigitos da região costeira, do
Vale do Rio Doce ao Rio de Janeiro. Segundo SILVA et al. (2001), litotipos
anteriormente designados de leptinitos, leucognaisses, gnaisses facoidais e parte dos
migmatitos, entre outros termos, foram mapeados como granitóides do tipo-S.

A área pesquisada está inserida no Complexo Embu, suíte intrusiva Serra dos Órgãos.
As rochas mais características deste complexo são gnaisses e migmatitos com bandas
micáceas xistosas e bandas gnáissicas ou de mobilizados neossomáticos. As bandas
xistosas são negras, formadas essencialmente de biotita, com quantidade reduzida de
muscovita, quartzo e feldspato reforçando o caráter xistoso da rocha. As bandas
gnáissicas são de composição, textura e estrutura variadas, normalmente de
granulação média a fina, devido à recristalização. Ocorrem, também, numerosas
lentes, de até vários metros, de rochas calcossilicáticas e de anfibolito. As primeiras
são granoblásticas finas e de cor verde ou branca e os anfibolitos são de granulação
fina, pretos, maciços ou foliados. Ainda no âmbito do complexo, são conhecidas várias
lentes de rochas quartzíticas e alguns corpos de metabásicas. Essas litologias atestam
a presença de metassedimentos no complexo.

Rochas consideradas como metabasitos são de tonalidade esverdeada e granulação


muito fina, constituídas geralmente por plagioclásio, hornblenda, biotita e,
acessoriamente, por minerais opacos, apatita e óxido de ferro. As calcossilicatadas,
em geral, são rochas constituídas quase que exclusivamente por diopsídio, em cristais
hipidioblásticos bem desenvolvidos, com plagioclásio intersticial, formando um
mosaico granoblástico. Os quartzitos apresentam-se maciços ou pouco foliados, com
granulação variando de fina a média e coloração cinza-esbranquiçado.

A Suíte Intrusiva Serra dos Órgãos foi reconhecida pela primeira vez por LAMEGO
(1936) que a definiu como "um típico batólito intruso sob as camadas da crosta

47
arqueana, no primitivo diastrofismo que denominamos brasílico", definindo então, um
ciclo orogênico. Identificou, do mesmo modo, uma auréola de migmatitos e gnaisses
graníticos bordejando o mesmo.

Os gnaisses facoidais são as rochas dessa suíte, encontrada na área pesquisada e,


acham-se bem expostos em algumas áreas do município de Niterói (Serra do
Malheiro, Serra da Tiririca e Serra do Cala Boca). Esses gnaisses apresentam-se
deformados, com estrutura típica augen, caracterizada pelos facóides de K-feldspato
bem deformados, cuja orientação imprime uma foliação à rocha. Esta é evidenciada
também pela disposição subparalela das folhas de biotita e dos grãos alongados de
quartzo. Na região de Niterói, são comuns os núcleos métricos de coloração
esverdeada e composição charnockítica.

LAMEGO (1948) caracterizou, na cidade do Rio de Janeiro, duas fases de deformação


dos gnaisses. Reconheceu uma fase mais evidente, que consistiria de grandes dobras
com planos axiais mergulhando para norte ou para sul. Essas dobras afetaram uma
deformação anterior, representada por grandes dobras reviradas, com planos axiais de
mergulho variável, em geral de baixo ângulo.

FONSECA et al. (1998) identificaram três fases de dobramentos nessas rochas, sendo
a primeira fase responsável pela marcante trama cataclástica dos gnaisses facoidais,
transformando-os em um quase milonito-gnaisse, com orientação NE-SW. No Estado
do Rio de Janeiro, o Complexo Costeiro é representado por tipos variados de gnaisses
(bandados, facoidais, etc.), granitóides e migmatitos, com intercalações de quartzitos,
mármores e rochas calcissilicáticas. Também incluem gnaisses kinzigíticos e
charnockíticos, semelhantes aos que constituem as faixas alongadas segundo a
direção NE nas regiões do Rio de Janeiro e Niterói.

Nos gnaisses facoidais, os blastos de K-feldspato estão envoltos por uma matriz à
base de plagioclásio, quartzo e biotita, sob a forma de finos e ondulantes níveis que
bordejam os megaporfiroblastos com até 15 cm de eixo maior. Nestes níveis, é comum
a presença de fitas de quartzo, perpendiculares aos planos de foliação da rocha, que
geralmente têm coloração cinza claro a rosada. É bastante comum a presença de
inclusão de vários tipos de rochas (calcossilicáticas, leptinitos, granitos, kinzigitos,
biotita gnaisses e charnockitos), sendo mais freqüentes pequenas lentes de um biotita
gnaisse fino. Macroscopicamente, podem ocorrer aglomerados de plagioclásio que

48
assumem forma de pequenos facóides confundíveis com os pórfiros de k-feldspato.
Tais plagioclásios mostram um caráter mais cálcico.

Segundo FONSECA et al. (1998), a área pesquisada encontra-se inserida na Unidade


Gnaisse Facoidal, formadas por migmatito-diatexito de estrutura oftálmica, dada por
abundantes porfiroblastos de feldspatos (rosa e cinza), contornados por uma matriz
essencialmente composta de quartzo, biotita e plagioclásio. Apresentam ainda
granada-biotita-quartzo-k-feldspato-plagioclásio gnaisses, com textura porfiroblástica e
foliação marcante. A granulação é grosseira, com cor rosada a cinza claro. Lentes de
biotita gnaisses, leptinitos, metabasitos, rocha calcossilicática e gnaisses kinzigíticos.
Enclaves sob a forma de manchas esverdeadas de composição charnoquítica.

Segundo SILVA et al. (2001), foram definidas duas faixas principais de ocorrência do
complexo. Na primeira faixa, distinguem-se três unidades informais: São Fidélis, Italva
e Itaperuna. A outra faixa, designada de Lumiar-Rio Bonito, está situada na região da
Serra do Mar e contém litotipos aqui agrupados na unidade São Fidélis.

A área pesquisada está inserida na Unidade São Fidélis, que representa a maior parte
da área de ocorrência do Complexo Paraíba do Sul, sendo constituída essencialmente
por metassedimentos detríticos, pelito-grauvaqueanos: granada-biotita-(sillimanita)
gnaisses quartzo-feldspáticos (metagrauvacas), com ocorrência generalizada de
bolsões e veios de leucossomas graníticos derivados de fusão parcial in situ e injeções
(SILVA et al., 2001). Variedades portadoras de cordierita e sillimanita (kinzigitos),
comumente apresentando horizontes de xistos grafitosos, exibem contatos
transicionais com os granada-biotita gnaisses. De ocorrência mais restrita, por vezes
são observadas intercalações de quartzitos, rochas metacarbonáticas e
calcossilicáticas, além de anfibolitos e concentrações manganesíferas (Tabela 3.1).

Os paragnaisses quartzo-feldspáticos são compostos predominantemente de quartzo,


feldspato (plagioclásio) e biotita, com percentagens variadas de granada, e são os de
distribuição mais ampla no interior do Complexo Paraíba do Sul. Devido ao notável
paralelismo entre as bandas de paleossoma (biotita-plagioclásio gnaisse) e o
neossoma (quartzo-feldspáticos), sucessivamente alternadas, qualquer que seja a
origem ou forma particular do último, essas estruturas migmatíticas adquirem uma
óbvia conotação sintectônica.

49
Tabela 3.1 – Mapa geológico de parte das cidades de Niterói e Rio de Janeiro
(adaptado de SILVA et al., 2001).
Unidades Descrição
Complexo Paraíba do Sul – Unidade São Fidélis: constituído por
granada-biotita-sillimanita gnaisse quartzo feldspático
MNps (metagrauvaca), com veios injetados de composição granítica.
Apresenta intercalações de gnaisses calcissilicáticos, quartzitos e
kinzigito
Depósitos praiais eólicos, marinhos e/ou lagunares: constituído
por areias quartzosas esbranquiçadas, finas a médias, bem
Qphm
selecionadas, apresentado estratificações cruzadas de pequeno
porte
Suíte Rio de Janeiro: constituído por granitóides foliados e
Nγ2r
ortognaisses peraluminosos de derivação crustal (granito tipo-S)

As estruturas sedimentares comumente preservadas correspondem aos bandamentos


primários e refletem variações nas proporções relativas de areia, argila e carbonatos.
Os porfiroclastos são abundantes, milimétricos, com forma sigmoidais, estirados ou
arredondados, e constituídos de feldspato translúcido ou branco, na maioria das
vezes, plagioclásio. O quartzo também aparece estirado, muitas vezes formando
níveis descontínuos.

GROSSI SAD e DUTRA (1988) apresentam a mesma conclusão, com base em


análises litogeoquímicas dos kinzigitos. O posicionamento intermediário entre os
campos dos folhelhos e das grauvacas é sugestivo de sedimentos originalmente
arenosos, mas com um grau relativamente baixo de maturidade textural. Os kinzigitos
são rochas de cor cinza, granulação fina a média, com uma textura blastomilonítica a
milonítica ao longo das zonas de cisalhamento. Os gnaisses estão manchados por
porfiroclastos de feldspato e por abundantes cristais de granada. Grafita e sillimanita
fibrosa ou prismática fazem parte da assembléia mineral, embora ocorram como

50
constituintes menores. O quartzo é lenticular e a biotita é de uma variedade rica em
titânio. Quando presente, o ortoclásio é mais abundante que a microclina, o
plagioclásio tem a composição de oligoclásio e a magnetita é o principal mineral
acessório.

Segundo MACHADO (1997) os gnaisses kinzigíticos deveriam corresponder na


realidade a granitos do tipo-S gnaissificados. Os granitos tipo-S são granitos com faixa
pequena de SiO2 e, em sua maioria, ricos em biotita. Têm origem a partir de rochas
sedimentares, que por sua vez são produtos de intemperismo de rochas preexistentes.
Individualmente, os corpos graníticos possuem extensão entre 50 e 110 km e largura
entre 3 e 6 km. Na região de Niterói, esta largura pode atingir até 8 km e foi designada
de Suíte Rio de Janeiro. Esta suíte, descrita como granito tipo-S, contém granada,
muscovita e biotita de granulação grossa, texturas granoblástica e porfirítica (augen),
com forte foliação transcorrente.

Muitos desses granitos foram descritos anteriormente como gnaisses kinzigíticos,


contendo enclaves de origem metassedimentar (calcissicáticas, quartzitos, biotita
gnaisses e anfibolitos) deformados, os quais conferem muitas vezes, em escala de
afloramento, uma estrutura gnáissica a estas rochas. Deste modo, os dados
geológicos e geocronológicos disponíveis até então sugerem a presença de intensa
fusão parcial de metassedimentos, associada à geração regional de granitos do tipo-S
no Neoproterozóico, cujas idades devem situar-se ao redor de 590 a 580 Ma, ou até
mais novas (TUPINAMBÁ, 1999). Os modelos tectônicos regionais vinculam estas
rochas à fase colisional brasiliana, com a geração do magma granítico sendo
relacionado a fusão parcial de metassedimentos.

Segundo MACHADO et al. (2002), os batólitos graníticos do tipo-S foram gerados


após a fase de máximo espessamento crustal (tardi-colisional), como resultado da
fusão parcial de rochas predominantemente metassedimentares. A colocação deste
magmatismo teria sido controlada por zonas de cisalhamento dúcteis de alto e baixo
ângulo, como por exemplo, a Zona de Cisalhamento Dúctil de Niterói (HIPPERTT,
1990). Neste caso, as deformações presentes nestas rochas podem ser atribuídas em
parte ao regime tectônico responsável pela exumação da faixa e, em parte pela
reativação destas estruturas ocorrida ao final do ciclo Brasiliano (≈ 570 Ma).

MACHADO FILHO et al. (1983) identificaram que as rochas calcissilicáticas constituem


numerosas e pequenas lentes e boudins. Ocorrem intercaladas ou associadas aos

51
corpos de mármores, anfibólio gnaisses e biotita gnaisses, e os protólitos devem
corresponder a sedimentos carbonáticos contendo abundantes impurezas
siliciclásticas.

GROSSI SAD e DUTRA (1988) sugeriram composições originais intermediárias entre


rochas pelíticas/argilosas/carbonáticas e grauvacas. São de coloração esverdeada a
esbranquiçada, de granulação fina, aspecto sacaroidal e estrutura maciça ou bem
foliada a bandada. A mineralogia básica compreende quartzo, plagioclásio, carbonato,
diopsídio, esfeno e apatita. Algumas variedades podem conter microclina, anfibólio,
minerais opacos, epidoto, escapolita, brucita, biotita e clorita, além de granada, zircão
e pirita.

Os quartzitos constituem corpos descontínuos, intercalados nos gnaisses devido ao


dobramento regional. Segundo GROSSI SAD e DUTRA (1988), os corpos de quartzito
são delgados, quase sempre com espessuras aparentes inferiores a 20 m. São rochas
fraturadas de granulação fina a grossa, coloração cinza esbranquiçado a amarelado e
de brilho vítreo. Por vezes, exibem passagens gradacionais ricas em micas (quartzo
xistos) ou em feldspatos (gnaisses quartzosos), exemplificando variações laterais e
verticais de fácies. Representam os metassedimentos da série com excesso de sílica
e contêm teores variáveis de micas (biotita, muscovita e/ou sericita), feldspatos
(microclina e plagioclásio, freqüentemente caulinizados), sillimanita (fibrosa ou
prismática), granada e magnetita, além de zircão, rutilo e apatita como minerais
acessórios. Os grãos de quartzo apresentam contornos angulosos, xenoblásticos e
estão imbricados, formando um mosaico de contatos nítidos.

De acordo com SILVA e FERRARI (1976), os anfibolitos são rochas freqüentemente


encontradas no interior do Complexo Paraíba do Sul, apresentando o desenvolvimento
nítido de uma estrutura planar (xistosidade). Ocorrem intercalados nos gnaisses,
mormente concordantes com a estrutura bandada dos mesmos, bem como nos corpos
lenticulares de rochas carbonáticas. As espessuras dos anfibolitos são variáveis desde
alguns poucos centímetros até várias dezenas de metros, mas comumente são
decimétricas. Os anfibolitos apresentam uma cor cinza médio a escuro, com
tonalidade esverdeada e uma granulação fina a média. São formadas por associações
mineralógicas comumente representadas por anfibólio (hornblenda), plagioclásio
(andesina), biotita e algum quartzo. Os constituintes acessórios são a apatita, titanita e
zirconita, e entre os produtos de alteração ocorrem carbonato, epidoto, sericita e
clorita.

52
3.1.3 – TECTÔNICA DO COMPLEXO PARAÍBA DO SUL

Segundo SILVA et al. (2001), durante a orogênese brasiliana um regime de


cisalhamento tangencial associado à colisão continental impôs uma estruturação
regional de direção NE-SW. As foliações geradas pela deformação tangencial exibem
dobramentos superpostos, abertos a fechados de amplitudes métricas a
decaquilométricas e com eixos de direção NE-SW.

Ainda, segundo SILVA et al. (2001), o arcabouço estrutural definido durante o Orógeno
Brasiliano foi completado com deformações impressas durante um regime
compressivo transcorrente, novamente simples e dúctil. A mais importante zona de
cisalhamento de alto ângulo, com até 10 km de largura de rochas miloníticas, e
contínua por mais de 300 km segundo a direção NE-SW, está situada, mormente no
vale do rio Paraíba do Sul e atravessa todo o estado. A partir dessa zona principal são
observadas inúmeras zonas de cisalhamento secundárias e assintóticas, que
demonstram a movimentação dextral dos blocos crustais e se ramificam em feixes
para NNE e SSW. Toda a extensão exposta do Complexo do Paraíba do Sul indica
condições metamórficas da fácies anfibolito alto a granulito. Em estreita associação
com a tectônica transpressiva, ocorreu uma fusão parcial in situ, que produziu
volumosos magmatismos sincolisionais tipo-S, e tipo-C (charnockitos).

A estabilidade da associação cordierita-sillimanita nas rochas metapelíticas, permite


considerar o metamorfismo operante no cinturão como de alta temperatura/baixa
pressão.

A datação de zircões detríticos de quartzitos, pelo método U/Pb, realizada por


VALLADARES et al. (1997), determinaram uma idade de 1,5 - 1,6 Bilhões de anos
(Ga) que sugere uma idade máxima mesoproterozóica para a abertura dessa bacia. A
idade máxima de sedimentação seria em torno de 2,0 a 2,3 Ga, ou seja, os
metassedimentos teriam se originado por erosão de rochas com idades compatíveis
àquelas que compõem o embasamento da faixa.

3.1.4 – GEOMORFOLOGIA

A notável diversificação do cenário geomorfológico do estado do Rio de Janeiro deve


ser compreendida através de uma interação singular entre os aspetos tectônicos e

53
climáticos, que delinearam a atual morfologia. O registro de imponentes
escarpamentos com desnivelamentos, por vezes da ordem de 2.000 m, alternados
com depressões e bacias sedimentares tafrogênicas, reflete uma influência marcante
da tectônica na compartimentação do relevo do estado (SILVA et al., 2001).

ALMEIDA (1976) afirma que essa tectônica exerceu o rifteamento continental do bordo
sudeste do Brasil, com maior intensidade entre o Cretáceo e o Terciário Inferior, mas
com reflexos em uma neotectônica recente, registrados até o Quaternário.

Segundo SILVA et al. (2001) duas superfícies de erosão podem ser observadas no
estado em escala regional. A primeira, representada por importantes zonas
planálticas, tais como todo o reverso da serra dos Órgãos e da Serra da Bocaina,
estaria associada à Superfície Sul-Americana (KING, 1956); Pd3 (BIGARELLA et al.,
1965) ou Superfície Cimeira (AB’SABER, 1972), de idade eocênica a paleocênica. A
segunda, representada pelas depressões interplanálticas e pelas superfícies
aplainadas junto às baixadas, estariam associadas à Superfície Velhas (KING, 1956);
Pd1 (BIGARELLA et al., 1965) ou Superfície Interplanáltica (AB’SABER, 1972), de
idade pleistocênica inferior a pliocênica.

O município de Niterói situa-se no bordo S-SE do recôncavo da Baía da Guanabara. É


caracterizado pela presença marcante de maciços de rochas gnáissicas, intercaladas
por sedimentos aluviais, quando interiores, e marinhos e flúvio-marinhos, quando nas
faixas litorâneas. O condicionamento estrutural da morfologia, promove um
direcionamento NE-SW da seqüência de serras e morros alongados e dos
correspondentes vales paralelos. No município de Niterói, a drenagem pode ser
dividida em duas faixas de domínio, conforme o sentido do fluxo, uma para SW e outra
para N-NE, face ao controle estrutural e a existência de um divisor de águas que corta
o município na direção média aproximada SE-NW.

O Estado do Rio de Janeiro pode ser compartimentado em duas unidades


morfoestruturais: o Cinturão Orogênico do Atlântico e as Bacias Sedimentares
Cenozóicas. O Cinturão Orogênico do Atlântico pode ser subdividido nas seguintes
unidades morfoestruturais: Maciços Costeiros e Interiores; Maciços Alcalinos
Intrusivos; Superfícies Aplainadas nas Baixadas Litorâneas; escarpas Serranas;
Planaltos Litorâneos; escarpas Serranas; Planaltos Residuais; Depressões
Interplanálticas; Depressões Interplanálticas com Alinhamentos Serranos Escalonados
(SILVA et al., 2001).

54
HEILBRON (1995) afirma que a unidade morfoestrutural Cinturão Orogênico do
Atlântico compreende um conjunto diversificado de rochas metamórficas e ígneas de
idade pré-cambriana a eopaleozóica.

Essas rochas, incluídas na Faixa de Dobramentos Ribeira, foram submetidas a


diferentes ciclos orogênicos, culminando, no final do Paleozóico, com o Evento
Brasiliano. Após um longo período de estabilidade tectônica no Paleozóico e início do
Mesozóico, esses terrenos sofreram uma tectônica extensional associada à reativação
Wealdeniana, a partir do Jurássico (ALMEIDA, 1967). Essa tectônica extensional
prolongou-se pelo Terciário, gerando uma série de falhamentos normais, que
produziram os maciços costeiros e as escarpas serranas (ALMEIDA, 1976). Segundo
este autor, entre o Cretáceo e o Terciário Inferior, ocorreu um evento de magmatismo
alcalino, associado à abertura do Atlântico.

Segundo SILVA et al. (2001), a área pesquisada está inserida na Unidade


Morfoestrutural Superfícies Aplainadas nas Baixadas Litorâneas que, representa os
terrenos colinosos de baixa amplitude de relevo, localizados a leste da Baía de
Guanabara e compreendidos entre as planícies costeiras e baixadas fluviomarinhas e
a escarpa da Serra do Mar.

Essa unidade é constituída por um relevo suave e uniforme de colinas amplas, baixas
e niveladas, apresentando vertentes convexas, muito suaves, e topos arredondados.
Sua densidade de drenagem é baixa a média e o padrão é dendrítico. Próximo à
baixada da Guanabara, essa drenagem torna-se imperfeita, com padrão de canal
divagante, devido ao lençol freático subaflorante.

Essa morfologia, segundo KING (1956), decorre de processos de aplainamento


gerados durante o Terciário Superior, correlacionados à superfície de erosão Velhas
ou ao pediplano Pd1, dissecados durante o Pleistoceno em níveis de pedimentos (P2
e P1) em cotas mais baixas.

A unidade apresenta baixo potencial de vulnerabilidade a eventos de erosão e


movimentos de massa, devido às altitudes modestas e ao gradiente suave do relevo
colinoso dominante.

55
3.2 – PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS DE SOLOS RESIDUAIS DE GNAISSE

A literatura reporta diversos relatos de ensaios geotécnicos para obtenção do ângulo


de atrito (pico e residual) e coesão para solos residuais gnáissicos. Alguns exemplos
podem ser apresentados:

9 Os parâmetros de resistência obtidos por SILVEIRA e LACERDA (1993) para o


solo residual gnáissico da encosta do Soberbo (RJ) em ensaios de compressão
triaxial para esse solo foram: coesão de 25 kPa e ângulo de atrito de 28º.
9 AZAMBUJA et al. (2001) obtiveram para o solo residual gnáissico da cidade de
Porto Alegre nos ensaios de cisalhamento direto, um ângulo de atrito de 20º e
valores de coesão variando entre 4 e 8 kPa.
9 FEIJÓ et al. (2001), no ensaio de cisalhamento direto, obtiveram para o solo
residual gnáissico localizado em Jacarepaguá (RJ), um valor de ângulo de
atrito de 42º e coesão igual a 16 kPa.
9 BERNADES et al. (2005) obteve para o solo residual de gnaisse na cidade de
Porto Alegre, em ensaios de cisalhamento direto, valores de ângulo de atrito
variando entre 24º e 30º e coesão entre 10 kPa e 16 kPa.
9 Nos ensaios realizados no equipamento de cisalhamento em anel por
FONSECA et al. (2005) no solo residual saprolítico micáceo na concavidade de
Três Barras (Bananal/SP), obtiveram valores para o ângulo de atrito residual
variando entre 11º e 27º.
9 MARCHI et al. (2005) obtiveram para o solo residual de gnaisse no município
de Ponte Nova (MG) valores de ângulo de atrito residual variando entre 24º e
38º e de coesão entre 13 e 15 kPa.
9 Os parâmetros de resistência obtidos por SPRINGER (2006) para o solo
residual gnáissico da encosta localizada na Rua Fagundes Varela (Niterói/RJ)
em ensaios de cisalhamento direto para esse solo foram: coesão de 15 kPa e
ângulo de atrito de 23º.

Os casos retratados acima têm o objetivo de mostrar a importância do conhecimento


dos parâmetros de resistência dos maciços constituídos de solo residual gnáissico,
para a prevenção de deslizamentos e de rupturas durante a realização de obras civis
e, também como base de referência e de comparação com os resultados dos ensaios
de cisalhamento direto realizados, por outros pesquisadores, na área das obras Museu
1 e Museu 2.

56
Segundo MORAES et al. (2002), a condutividade hidráulica em solos residuais na
condição saturada derivados de gnaisses (biotita gnaisses e gnaisse migmatítico) no
Estado do Rio de Janeiro apresenta uma magnitude de 10-4 cm/s, independente da
direção da amostragem em relação à orientação preferencial dos grãos. As classes de
permeabilidade tanto nas amostras retiradas paralelamente e perpendicularmente à
xistosidade (para cada horizonte) não mostram variações significativas em seus
valores (Tabela 3.2).

Tabela 3.2 - Resultado da condutividade hidráulica em solos residuais (MORAES et


al., 2002)
Condutividade Classe de
Amostras Direção
Hidráulica (cm/s) Permeabilidade
Paralela 7.3 * 10-4
Biotita gnaisse 1 Moderada
Perpendicular 6.8 * 10-4
Paralela 13.5 * 10-4
Biotita gnaisse 2 Moderada
Perpendicular 9.0 * 10-4
Gnaisse Paralela 2.7 *10-4
Moderadamente lenta
migmatítico 1 Perpendicular 4.6 *10-4
Gnaisse Paralela 2.4 * 10-4
Moderadamente lenta
migmatítico 2 Perpendicular 2.7 * 10-4
Gnaisse Paralela 38.8 * 10-4
Rápida
migmatítico 3 Perpendicular 16.7 * 10-4

3.3 – CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DA ÁREA

3.3.1 – GEOLOGIA LOCAL

A área abrangida pelo município de Niterói tem o seu embasamento constituído de


rochas gnáissicas pré-cambrianas que se manifestam numa sucessão de serras ou
morros alongados na direção NE. Com exceção das ocorrências de biotita gnaisses
existentes numa faixa estreita e descontínua separando as baixadas do Centro e
Icaraí/Santa Rosa, os demais tipos litológicos são textural e mineralogicamente
semelhantes (augen gnaisses).

Os biotita gnaisses apresentam-se profundamente alterados e os seus contatos com o


gnaisse facoidal são em planos de falhamento muito deformados e brechados e com
interdigitações. Constitui-se de granada, quartzo, plagioclásio de matriz fina. Mostram
intercalações concordantes de quartzitos, grosseiros, recristalizados, amarelados pela

57
presença do hidróxido de ferro e com alguma muscovita. Os biotita gnaisses ainda
podem conter enclaves de kinzigitos e charnockitos. Os solos residuais derivados dos
biotita gnaisses constituem-se de areia fina a média, argilo-siltosa, de plasticidade
baixa a média, por vezes alto, formando espessos pacotes de solo. As ocorrências de
escorregamentos em solo no Município concentram-se nessa unidade, principalmente
quando há ocupação por favelas na sub-região do centro ou cortes sem controle na
região de Icaraí e Boa Viagem.

O estudo foi realizado no bairro de Boa Viagem, município de Niterói. A área de


interesse tem geologia marcada por grande diversidade de rochas, causada por um
sistema de falhamentos de direção NE-SW, e forte mergulho para SE. Intercalam-se
kinzigitos, quartzitos, anfibolitos, granada-biotita gnaisses, gnaisse calcissilicáticos,
além de veios de pegmatito, sobrepostos às rochas pré-cambrianas que formam o
embasamento da Baía da Guanabara. As rochas, na área do estudo, encontram-se
alteradas, formando um espesso pacote de solo residual.

Trata-se de um projeto de uma contenção em solo grampeado para a implantação de


prédios de apartamentos. O talude com altura aproximada de 45 m e cerca de 50 m de
extensão, será escavado com inclinação variada ao longo do corte, de acordo com os
projetistas em solo residual gnáissico silto-areno-argiloso. Durante o mapeamento
realizado na área de interesse, observou-se a presença de rochas gnáissicas de
granulação fina a grossa e coloração variando de cinza ao vermelho. Também ocorre
contato transicional entre o granada biotita gnaisse e o kinzigito (variedades com
sillimanita e cordierita). A metagrauvaca pode ser descrita como uma cunha encaixada
entre o gnaisse facoidal e ao sistema de falhamentos descrito acima.

Os quartzitos constituem corpos descontínuos, intercalados nos gnaisses devido ao


dobramento regional. São rochas de granulação fina a grossa, coloração cinza
esbranquiçada a amarelada, fraturadas e de brilho vítreo. São rochas
metassedimentares com excesso de sílica e contêm teores variáveis de biotita,
feldspatos freqüentemente caulinizados, sillimanita, granada e magnetita, além de
zircão, rutilo e apatita como minerais acessórios.

A área de interesse está dentro de uma zona de falha característica de uma tectônica
tangencial, que produziu vários estilos de dobras e foliações associadas, que evoluiu
para uma tectônica direcional expressa através de extensas zonas de cisalhamento
dúctil-rúptil de direção NE-SW que recortam o Estado do Rio de Janeiro.

58
Na cidade do Rio de Janeiro e adjacências, é reconhecida a Zona de Cisalhamento
Dúctil de Niterói, entre outras que afetam os diferentes gnaisses, milonitizando-os em
espessas e extensas faixas de direção NE-SW a ENE-WSW. Embora estas faixas
produzam uma marcante foliação tectônica, processos de silicificação observados em
alguns trechos enrijecem a rocha afetada pela deformação. A foliação das rochas na
área de exposição é verticalizada ao longo do eixo do cinturão móvel (± 88º), com
mergulhos suaves para NW. O mapa geológico pode ser observado no Anexo 1. A
alteração das rochas com essa configuração geológico-estrutural produziu solos de
coesão moderada e com várias descontinuidades, que facilitam o surgimento de
processos erosivos nas partes mais íngremes desse talude.

A foliação existente nas rochas do talude apresenta-se verticalizada. Isto favoreceu,


durante o tempo geológico, a percolação da água pela foliação, facilitando a alteração
dessas rochas, até uma profundidade de 15 metros (Classe IV, segundo a
GEOLOGICAL SOCIETY, 1977).

As zonas de alteração com gradações de rocha sã para rocha muito decomposta ao


longo de descontinuidades dispõem-se perpendicularmente à orientação das
descontinuidades, podendo não guardar relações com a topografia. A argilização dos
feldspatos é tão intensa que confere uma grande friabilidade à matriz da rocha. É
possível a retirada de grãos da matriz sem dificuldades. Algumas porções da rocha
podem ser escavadas com as mãos. Contudo, há também porções não escaváveis,
devido à ocorrência de cimentação por óxido de ferro, oriundo da intemperização das
biotitas e granadas. Em determinadas áreas, pode-se verificar um espesso pacote de
material de alteração entre as foliações da rocha.

Na zona das rochas metassedimentares, verifica-se que a rocha está profundamente


alterada devido ao cruzamento entre as fraturas subverticais da falha e o acamamento
suborizontal das rochas, deixando o terreno instável na parte mais alterada.

No decorrer do mapeamento, foi observada a presença de um cupinzeiro no talude


superior do Museu 2, não sendo possível avaliar sua extensão territorial (Figura 3.3).
Durante a realização do furo para a instalação do grampo AR-01, localizado na obra
Museu 02, na cota de 35 m, com 4,0 m de profundidade, observou-se que, em toda a
extensão do furo, o material recolhido foi caracterizado como um material argiloso
homogêneo, às vezes com fragmentos de blocos de quartzo partidos pela perfuratriz e
pedaços de raízes. A pouca recuperação de material, representada por trechos de

59
aproximadamente 10,0 cm de perfuração de vazio sem nenhum recolhimento de
material levantaram suspeitas em relação à extensão do cupinzeiro. Sabe-se que a
partir do ninho, os cupins cavam túneis muito compridos com vários canais, para irem
buscar alimento. Por isso, o foco principal dos cupins pode estar a 200 ou 300 metros
do local onde se encontram os seus orifícios de saída.

Figura 3.3 – Detalhe do cupinzeiro na face do talude da obra Museu 02 (Foto do


autor).

Os cupinzeiros podem ser subterrâneos, nas árvores, ao nível do solo ou em locais


onde tenham uma certa proteção. Na geotecnia, as raízes da vegetação integram o
solo para produzir um material composto, onde as raízes atuam como fibras de
resistência relativamente alta, embebidas em uma matriz de menor resistência à
tração.

A resistência ao cisalhamento do solo sofre acréscimo pela presença das raízes,


porém os cupins alimentam-se das raízes, construindo desta forma túneis e galerias.
Esses túneis podem ter "roubado" a nata de cimento, durante a injeção dos grampos
AR 01. Vale ressaltar que, durante a injeção de nata em um dos grampos da linha
superior, houve perda de material, evidenciado pelo fluxo de nata na face oposta ao

60
talude que estava sendo escavado (Figura 3.4). No mapeamento geológico em
conjunto com a realização dos outros furos, nas linhas subseqüentes, não foi
observada a continuidade desse cupinzeiro nas seções escavadas.

Figura 3.4 – Detalhe do extravasamento de nata na face oposta do talude do Museu 2


(Foto do autor).

3.3.2 – GEOMORFOLOGIA DO LOCAL

Em termos geomorfológicos, a área pesquisada está inserida no Domínio das Faixas


de Dobramentos Remobilizados - Unidade Colinas e maciços Costeiros que,
caracterizam-se pelas evidências de movimentos crustais, com marcas de falhas,
deslocamentos de blocos e falhamentos transversos, impondo nítido controle
estrutural sobre a morfologia atual. Este controle estrutural pode ser evidenciado pela
observação das extensas linhas de falha, escarpas de grandes dimensões e relevos
alinhados, coincidindo com os dobramentos originais e/ou falhamentos mais recentes,
que por sua vez atuaram sobre antigas falhas. Os processos morfoclimáticos que têm
submetido todo o conjunto não obliteraram os traços das estruturas primárias.

61
A Unidade Colinas e Maciços Costeiros caracteriza-se por ser uma área de topografia
deprimida, com reduzidos valores altimétricos em relação a outras unidades, refletindo
uma estrutura fraturada e dobrada. As colinas apresentam forma convexa, onde
predominam sedimentos areno-siltosos e/ou areno-argilosos, observando-se muitas
vezes concentrações ferruginosas.

3.3.3 – CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA

Para a identificação dos solos encontrados no talude do Morro do Palácio, PROTO


SILVA (2005) e SPRINGER (2006) realizaram ensaios de caracterização do solo (NBR
6457), incluindo os ensaios granulométricos (NBR 7181), densidade real dos grãos
(NBR 6508) e índices de consistência (Limite de liquidez – NBR 6459 e Limite de
plasticidade – NBR 7180). Todos os ensaios foram realizados seguindo as normas da
ABNT.

Devido à grande diversidade litológica do local, os solos residuais encontrados na área


são muito heterogêneos, mas podem ser classificados táctil-visualmente em dois tipos
principais: silte argilo-arenoso e areno-argiloso (Figura 3.5).

Para validar esses resultados, foram realizados em laboratório os ensaios


granulométricos dos solos, utilizando amostras dos blocos coletados no Museu 1 e no
Museu 2.

A Figura 3.6 apresenta a curva granulométrica do solo residual maduro do Museu 1.


Observa-se que a distribuição granulométrica confirma o tipo areno-argiloso do solo.
Os resultados são apresentados nas Tabelas 3.3 e 3.4, respectivamente.

A verificação do solo residual maduro do Museu 1 foi realizada através de análises de


distribuição granulométrica de amostras coletadas ao longo de 2 grampos exumados
após ensaio de arrancamento (M1-19 e M1-20).

62
Figura 3.5 – Observação visual-táctil do material recolhido durante as perfurações
(Foto: SRINGER, 2006)

Figura 3.6 – Curva granulométrica da amostra de solo residual maduro do Museu 01


(SPRINGER, 2006)

63
Tabela 3.3 – Granulometria ao longo do grampo M1-19 (adaptado de SPRINGER,
2006)

Posição ao Longo do Grampo 0,0m 0,5m 1,0m 1,5m 2,0m 2,5m 3,0m 3,5m 4,0m
Pedregulho Grosso (%) 0,00 0,00 36,86 4,20 28,36 0,00 0,00 0,00 0,00
Pedregulho Médio (%) 0,04 0,03 13,47 8,98 14,61 0,09 0,02 6,90 1,20
Pedregulho Fino (%) 0,34 0,22 13,56 14,79 12,72 0,92 0,56 5,12 3,38
Areia Grossa (%) 6,59 14,76 20,36 37,87 18,12 4,03 4,99 13,24 16,24
Areia Média (%) 20,69 20,89 8,84 18,88 10,16 18,14 16,89 16,40 22,96
Areia Fina (%) 26,61 24,84 2,57 5,46 5,93 19,24 18,82 18,80 18,34
Silte (%) 30,86 21,26 2,12 4,99 5,98 34,39 39,05 30,85 24,03
Argila (%) 14,88 18,00 2,21 4,83 4,12 23,19 19,67 8,70 13,85
Classificação SUCS SC CL - - - ML CL SC -

Tabela 3.4 – Granulometria ao longo do grampo M-20 (adaptado de SPRINGER,


2006)

Posição ao Longo do Grampo 0,0m 0,5m 1,0m 1,5m 2,0m 2,5m 3,0m 3,5m 4,0m
Pedregulho Grosso (%) 0,00 0,00 10,17 3,17 41,42 0,00 0,00 0,00 0,00
Pedregulho Médio (%) 0,00 0,00 8,93 6,28 10,13 0,02 0,10 2,55 0,37
Pedregulho Fino (%) 0,00 0,08 11,15 22,50 15,68 1,58 1,17 3,77 1,25
Areia Grossa (%) 5,12 8,97 31,77 40,49 15,00 15,39 11,21 18,00 11,75
Areia Média (%) 26,57 18,31 20,96 16,04 7,44 20,07 18,82 15,73 26,68
Areia Fina (%) 17,55 24,70 6,59 4,51 3,28 13,84 16,66 18,41 25,21
Silte (%) 31,42 27,44 5,10 3,65 3,46 27,94 32,85 27,60 24,56
Argila (%) 19,35 20,51 5,32 3,37 3,58 21,16 19,20 13,96 10,18
Classificação SUCS CL CL - - - CL CL CL -

PROTO SILVA (2005) caracterizou o solo do Museu 2 (Figura 3.7) em dois tipos
distintos: argila arenosa de baixa plasticidade (CL) e areia argilosa (SC).

Figura 3.7 – Perfil de solo encontrado no talude da obra Museu 2 (Foto: PROTO
SILVA, 2005)

64
Os resultados obtidos por esses autores, para os solos encontrados no talude do
Morro do Palácio corroboram as observações realizadas no material in situ, ou seja, os
solos formados pelo intemperismo, a partir de rochas gnáissicas, podem ser
classificados como silte argilo-arenoso e areno-argiloso.

PROTO SILVA (2005), LIMA (2006) e SPRINGER (2005) realizaram ensaios de


caracterização nos materiais coletados durante a exumação de alguns de grampos de
arrancamento (M1-19 e M1-20) e nos blocos retirados à frente dos grampos de
arrancamento das obras Museu 1 e Museu 2. Os resultados estão reunidos na Tabela
3.5, que contém o teor de umidade (w), densidade real dos grãos (Gs), limites de
plasticidade (LP) e de liquidez (LL), e o índice de plasticidade (IP).

Tabela 3.5 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização

Amostra Obra Cota (m) w (%) Gs LL (%) LP (%) IP (%) Referência


M01 56,00 17,78 2,71 47,40 33,30 14,10
M02 56,00 16,19 2,92 46,90 28,60 18,30
M03 52,00 15,60 2,72 39,10 22,80 16,40
M04 52,00 18,19 2,72 44,80 23,60 21,20 LIMA, 2006
M05 52,00 18,57 2,62 42,90 25,40 17,50
Museu
M06 29,00 5,88 2,70 33,00 22,90 10,00
01
B2M 56,00 15,85 2,72 45,70 33,20 12,60
Grampo
31,40 - 2,65 32,39 22,18 10,21
19 SPRINGER,
Grampo 2006
31,40 - 2,67 30,88 19,69 11,18
20
1e2
35,00 14,50 2,68 30,10 15,30 14,80
(AR 01)
3e4
25,00 15,20 2,69 33,20 17,50 15,80
(AR 02) Museu PROTO
5e6 02 SILVA, 2005
21,00 15,80 2,73 38,10 24,70 13,40
(AR 03)
7e8
17,50 17,10 2,71 35,90 23,70 11,50
(AR 04)

Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados em amostras de solo residual


gnáissico, retirados do talude do Morro do Palácio. Os blocos foram retirados
mantendo a estrutura da rocha de origem. As camadas de solo apresentam-se
razoavelmente bem distribuídas ao longo do perfil do terreno, intercalando camadas
muito resistentes, com outras de resistência mais baixa. As camadas de baixa
resistência apresentam-se, em geral, laminadas e facilmente destacáveis ao longo
desses planos (solo cinza argilo-arenoso).

65
Na obra Museu 1, SPRINGER (2006) obteve valor de 19 kPa para a coesão e de 32º
para o ângulo de atrito para corpos, em corpos prova com a umidade natural. Para os
corpos de prova submersos obteve-se coesão nula e 31º para o ângulo de atrito
(Figura 3.8).

180
160 Envoltória solo natural
Tensão Cisalhante (kPa)

Ø = 32°
140
c = 19,0 kPa
120
100
80
60
40 Envoltória solo submerso
Ø = 31°
20 c = 0 kPa
0
0 50 100 225

Tensão Normal (kPa)

Figura 3.8 – Envoltórias de resistência de Mohr-Coulomb para os ensaios de


cisalhamento direto do solo do Museu 1 (adaptado de SPRINGER, 2006).

PROTO SILVA (2005) reportou os resultados obtidos dos ensaios de cisalhamento


direto realizados nas amostras de solo em umidade natural retiradas da obra Museu 2
(Tabela 3.6).

Tabela 3.6 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto em amostras do Museu 2


(PROTO SILVA, 2005).
Parâmetros de Resistência
Solo Blocos Grampos
c (kPa) Ø (o)
1e2 AR 01 36 29
Solo 1
3e4 AR 02 69 36
5e6 AR 03 61 36
Solo 2
7e8 AR 04 51 36

66
CAPÍTULO 4 – CONDICIONANTES DO TALUDE GRAMPEADO E MODELAGEM 3D

4.1 – INTRODUÇÃO

O conhecimento prévio das condições geológico-geotécnicas dos terrenos auxilia o


projeto e a construção de obras civis. O mapeamento é um método de investigação
que procura identificar tais condições, caracterizando as diferentes unidades presentes
na área e permitindo uma previsão do comportamento mecânico sob diferentes
solicitações.

Este capítulo apresenta um modelo geológico-geotécnico tridimensional da área de


estudo, construído a partir do mapeamento das litologias aflorantes e das
descontinuidades, além de dados de sondagens SPT realizadas no local e dos dados
de boletins das perfurações para a instalação dos grampos no talude.

Apesar de rústicas, as informações destes boletins de obra permitiram a construção do


modelo 3D da área de estudo. As estruturas e tipos de solos identificados no modelo
foram corroborados através da análise dos valores de resistência ao arrancamento
obtidos de ensaios executados nos grampos da obra (PROTO SILVA, 2005 e
SPRINGER, 2006). A exumação de grampos não convencionais, realizada por
MAGALHÃES (2005) na área de estudo, também evidenciou os condicionantes
geológicos e a variedade de solos previstos no modelo 3D desenvolvido nesta
pesquisa.

4.2 – MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

O mapeamento geológico-geotécnico do presente trabalho foi efetuado ao longo da


face norte da encosta do Morro do Palácio, com altura aproximada de 45 m e extensão
de cerca de 50 m. Nesta área, localizam-se as obras de solo grampeado denominadas
Museu 1 e Museu 2, devido à proximidade do Museu de Arte Contemporânea, MAC de
Niterói, Rio de Janeiro (Figura 4.1).

67
Museu 1 Museu 2

Praia de Boa Viagem, Niterói

Figura 4.1 – Localização das obras Museu 1 e Museu 2 (Fotodo autor)

Em termos litológicos, verificou-se que o maciço é constituído por rochas da Unidade


São Fidélis, sendo constituída por gnaisse kinzigítico (granada-sillimanita gnaisses
quartzo-feldspáticos), exibindo contatos transicionais com o granada-biotita gnaisse.

No local, encontram-se, também, intercalações de quartzitos e de gnaisse


calcissilicático, além de veios de pegmatito, com direções variando de E-W a NE-SW e
com mergulhos variando de N a NW, respectivamente.

As rochas metamórficas encontradas na área apresentam-se alteradas, formando um


espesso pacote de solo residual. Podem ser diferenciados dois tipos de solo: na parte
superior do talude um solo residual maduro, caracterizado por uma argila arenosa
avermelhada e, na parte inferior do talude, um solo residual jovem, caracterizado por
um material areno-argiloso de coloração um pouco mais clara.

Na região inferior do talude pode ser observada a presença de rocha alterada, onde
foram mapeadas as descontinuidades e retiradas as amostras para o ensaio de
rampa.

68
Na descrição geomecânica, a caracterização do grau de alteração do maciço baseou-
se nas recomendações da ISRM (1981). O maciço mapeado enquadra-se na categoria
rocha totalmente alterada (solo residual), sem identificação de nível freático durante
todo o período de escavação.

Durante o mapeamento realizado na área das obras Museu 1 e 2, procurou-se analisar


a evolução tectônica regional para auxiliar no entendimento das estruturas geológicas.

Conforme apresentado no Capítulo 3, reconhecem-se, regionalmente, importantes


zonas de cisalhamento de empurrão, com vergência de topo para noroeste. Essas
zonas de cisalhamento estariam associadas às fases de deformação contínuas,
concomitantes ao metamorfismo regional (HEILBRON, 1995). Este processo evolutivo
seria resultado de convergência e colisão de massas continentais no Neoproterozóico
(MACHADO, 1997), com subducção do tipo-A para sudeste, com posterior
cavalgamento (dobramento) das rochas. A zona de subducção do tipo A refere-se ao
processo que supostamente ocorre no flanco continental dos cinturões orogênicos. Isto
pode ter desenvolvido, em um momento dúctil, a foliação regional e, posteriormente,
em um momento rúptil, as falhas (transcorrentes e normais) e as fraturas.

As duas famílias de falhas mapeadas na área podem ser caracterizadas como


normais, apresentando mergulhos elevados. Os contatos entre as litologias ocorrem
segundo os planos da foliação. Após uma longa inatividade tectônica, no Cenozóico
formou-se o graben da Guanabara, caracterizado por blocos com mergulho para NW,
limitados por falhas de direção N-NE.

A Figura 4.2 apresenta o mapa geológico resultante do mapeamento dos tipos


litológicos e falhas encontradas no Morro do Palácio, especificamente nas obras
Museu 1 e Museu 2.

Além do bandamento metamórfico, um sistema de descontinuidades formado por


quatro famílias de fraturas foi mapeado nas áreas Museu 1 e Museu 2. As famílias F1
e F2 (subverticais) e as famílias F3 e F4 (suborizontais) aparecem ocasionalmente em
alguns setores. Estas quatro famílias estão presentes, tanto nos granada-biotita
gnaisses quanto nos quartzitos, sendo mais marcantes nos quartzitos (Figura 4.3). O
talude apresenta direção aproximada ao do bandamento metamórfico, ou seja,
N60oE/12oNW.

69
COPPE/UFRJ - PUC/RIO - SEEL.

DECLINAÇÃO MAGNÉTICA EM 1993


65 70 AV. ALMIRANTE BENJAMIM SODRÉ,
NM NQ NG
PRAIA DE BOA VIAGEM - NITERÓI
RIO DE JANEIRO
21º 10’
75
43’ 49”
X
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
60
MORRO DO PALÁCIO

LEGENDA LITOLÓGICA:

55

50

SP-03

45

SP-02

40 12º NW

SP-02
35
SP-01
SIMBOLOGIA:
F- 01
20º SP-03
SP-07 Tráfeg o Perm a nente
A
IR
RE

P-3
PE

SP-04
M

Obra
GE

M use
u 01
R

P-4
MA

Foliaç ã o Vertic al/ Conta to Definido


SP-06
AV.
IR

Merg ulho
AL MIR
NA

SP-01
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A

BEN a Mu
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JA MIM seu
02 SP-05
SOD Conta to Inferid o Fa lha a proxim a da c om
RÉ P-2
m erg ulho sup osto

F- 02

PRA
IA DA B GEÓLOGO:
OA
VIAG ALEXANDER MAGNO
EM
MAPA GEOLÓGICO-ESTRUTURAL

ESCALA: 1/200
BAÍA DE GUANABARA
COPPE/UFRJ
PUC/RIO
SEEL.

70
Figura 4.3 - Cruzamento de fraturas subverticais com as fraturas suborizontais (Foto
do autor).

O sistema de fraturas denominado F1 (Figura 4.4) possui orientação NNW-SSE, com


atitude média de N5oW. O mergulho varia entre 85º e 900 ENE. As fraturas desta
família possuem espaçamento médio de 30 mm, com uma freqüência de 7 fraturas por
metro e rugosidade classificada como ondulada rugosa.

Figura 4.4 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F1.

O sistema de fraturas denominado F2 (Figura 4.5) possui orientação NNE-SSW, com


atitude média de N10oE (direção) e 89º ESE (mergulho). O espaçamento médio é de

71
50 mm com, uma freqüência de 8 a 10 fraturas por metro e rugosidade classificada
como ondulada rugosa.

Figura 4.5 - Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F2

O sistema F3 (Figuras 4.6) é definido por fraturas com orientação WNW-ESE, atitude
média de N75oW (direção) e 120SW (mergulho). O espaçamento médio é de 150 mm,
com uma freqüência de 5 fraturas por metro e rugosidade classificada como ondulada
rugosa.

O sistema de fraturas F4 (Figuras 4.7) é muito bem desenvolvido, com planos bem
regulares e espaçamento médio de 80 mm. A orientação destas estruturas é ENE-
WSW e a direção varia em torno de 800 a 870, com mergulho variando entre 80 e 100
para NW e rugosidade classificada como ondulada rugosa.

Figura 4.6 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F3

72
Figura 4.7 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F4

O entrecruzamento das famílias de faturas com atitudes diferentes promove uma


fragmentação deste trecho do talude em poliedros de geometria variada, com
dimensões de aproximadamente 5 a 20 cm (Figura 4.8).

Figura 4.7 - Entrecruzamento das famílias de faturas das obras Museu 1 e 2 (Foto do
autor).

73
Em algumas descontinuidades foram observadas superfícies com forte oxidação e
paredes planas rugosas. A persistência apresenta uma variação reduzida na encosta,
sendo em geral da ordem de 3 a 10 m. Em alguns poucos casos foi constatada uma
persistência alta de até 20 m. Em termos de abertura, o valor observado foi sempre
menor do que 5 mm, para todas as famílias de descontinuidades. As
descontinuidades, em geral, não se apresentam preenchidas. Quando presente, o
material de preenchimento é localizado e corresponde ao quartzo e calcita.

O entendimento adequado das estruturas geológicas é fundamental para a definição


dos mecanismos condicionantes de uma eventual ruptura da encosta do Morro do
Palácio. Em conseqüência, foram realizadas análises de estabilidade estrutural a partir
das projeções esterográficas (DIPS 5.05, 2000), para identificar os planos potenciais
de ruptura. Foram detectadas duas possíveis superfícies de ruptura, delimitadas pelo
cruzamento das duas falhas.

As falhas foram mapeadas através da interpretação fotogeológica da área, com base


em fotos aéreas na escala 1:8.000 e nas informações obtidas nos perfis geológico-
geotécnicos desenvolvidos a partir dos dados das sondagens. Portanto, a direção das
falhas é aproximada e o mergulho é suposto. A atitude da Falha 1 é N70oE/75oSE e da
Falha 2 é N25oW/72ONE (Figura 4.9).

FALHA 2

FALHA 1

Figura 4.9 – Vista geral da área das obras Museu 1 e Museu 2 (Foto aérea – Escala
1:8.000)

74
Na área das rochas metassedimentares, o cruzamento das fraturas subverticais e
suborizontais com a falha N70ºE favorece a instabilização do terreno na parte mais
alterada do talude. A interseção das duas falhas favorece uma possível ruptura em
cunha do talude na área da obra Museu 2 (Figura 4.10), porém o ângulo de interseção
das falhas é menor que o ângulo de atrito das juntas (35o), indicando a estabilidade
desse setor da obra.

Figura 4.10 – Análise estrutural das falhas mapeadas na obra Museu 02.

Em relação às características geomecânicas das descontinuidades, foram realizados


ensaios de rampa (Tilt Test) para determinação do ângulo de atrito de rampa. O
ensaio de rampa é basicamente um ensaio de cisalhamento direto, executado em um
plano com inclinação variável, sob baixas tensões normais.

Os parâmetros de resistência das juntas dos taludes foram determinados no


equipamento de plano inclinado da PUC-Rio. O equipamento é composto por uma
estrutura de reação, fabricada com perfis de aço soldados, formando uma base de 2,5
m de comprimento por 1,4 m de largura, e um pórtico de 2,5 m de altura (AGUIAR,
2003). A rampa de ensaio é uma placa de aço, com dimensões de 1,1 m de largura
por 1,3 m de comprimento, acoplada à estrutura através de duas dobradiças (Figuras
4.11 e 4.12).

75
O basculamento da rampa é realizado por uma talha mecânica, fixada no centro do
pórtico, com capacidade máxima de 10 kN. A inclinação da rampa foi monitorada por
medidores de ângulo com resolução de 0,5º.

Figura 4.11 - Equipamento de ensaio de rampa -Tilt Test (Foto do autor).

Figura 4.12 – Vista lateral do equipamento (adaptado de AGUIAR, 2003).

76
O procedimento do ensaio de plano inclinado é simples e rápido, consistindo em
acionar manualmente a talha, de forma a promover uma inclinação gradativa do
conjunto até ocorrer o deslizamento da junta.

Durante o ensaio, monitora-se o início do deslocamento e o ângulo de deslizamento


do bloco superior da junta. O ensaio é realizado sob baixo valor de tensão normal,
resultante do peso do bloco superior da junta. Desta forma, o ângulo de deslizamento
corresponde ao ângulo de atrito de rampa, considerado como ângulo de atrito residual
das juntas descrito por BARTON e CHOUBEY (1977).

Foram coletados e ensaiados 15 blocos de rocha gnáissica levemente alteradas, de


cor variegada (Figura 4.13), sendo 08 blocos de gnaisse bandado e 07 formados pela
intercalação de gnaisse bandado e quartzito. As juntas das amostras não continham
preenchimento, porém apresentavam-se levemente alteradas. Em alguns casos,
notou-se a presença de raízes na junta e/ou a ocorrência de materiais arenosos e
siltosos. Utilizando a classificação da ISRM (1981) para a rugosidade, chega-se a um
JRC médio entre 6 e 8.

Figura 4.13 – Ensaio de rampa na junta do bloco de granada-biotita gnaisse (Foto do


autor).

77
Os ensaios 7, 10 e 13 não foram realizados, devido a danos nas amostras durante o
transporte dos blocos para o laboratório. A análise de todas as amostras ensaiadas
indicam um valor médio para o ângulo de atrito de rampa das juntas de 35,3º. Os
resultados dos ensaios de rampa estão reunidos na Tabela 4.1.

Este valor se aproxima do determinado em ensaios de cisalhamento direto das


amostras de solo areno-argiloso do Museu 2 igual a 36,4º, executados por PROTO
SILVA (2005).

Tabela 4.1 - Resultados dos ensaios de rampa em amostras das obras Museu 1 e 2.

Ensaio Cota Coeficiente de Ângulo de Atrito de Plano


Litotipo
no. (m) rugosidade (JRC) Rampa (graus) ensaiado
Intercalação de biotita Foliação
01 38,00 6-8 38
gnaisse e quartzito (S1)
Foliação
02 Biotita gnaisse 38,00 6-8 36
(S1)
Fratura
03 Kinzigito 37,00 8-10 48 suborizontal
(F3)
Intercalação de biotita Foliação
04 36,00 6-8 30
gnaisse e quartzito (S1)
Foliação
05 Biotita gnaisse 35,00 6-8 40
(S1)
Fratura
06 Kinzigito 35,00 10-12 46 suborizontal
(F3)
Fratura
08 Kinzigito 34,50 8-10 44 subvertical
(F1)
Intercalação de biotita Foliação
09 34,00 6-8 30
gnaisse e quartzito (S1)
Intercalação de biotita Foliação
11 31,00 4-6 35
gnaisse e quartzito (S1)
Fratura
12 Quartzito 30,00 8-10 47 subvertical
(F2)
Fratura
14 Quartzito 30,00 6-8 44 subvertical
(F2)
Foliação
15 Biotita gnaisse 29,50 6-8 38
(S1)
Fratura
16 Kinzigito 29,50 10-12 53 suborizontal
(F3)
Fratura
17 Quartzito 29,00 6-8 44 subvertical
(F1)
Fratura
18 Kinzigito 29,00 10-12 50 suborizontal
(F4)

78
A Tabela 4.2 apresenta as características das descontinuidades presentes no maciço
rochoso, de acordo com os parâmetros de descrição quantitativa indicados pela ISRM
(1981): atitude, espaçamento, persistência, abertura, presença de material de
preenchimento e rugosidade através do coeficiente de rugosidade da junta JRC, além
das características espaciais das descontinuidades.

Tabela 4.2 - Características das descontinuidades do talude.

Ângulo de
Direção/
Espaçamento Persistência Abertura Atrito de
Descontinuidade* Mergulho JRC
(mm) (m) (mm) Rampa
(graus)
(graus)
Foliação S1 N60E/12NW - - - 35 6-8
Fratura F1 N5W/85ENE 30 7 1,0
44 8-10
Fratura F2 N10E/89ESE 50 8 1,2
Fratura F3 N75W/12SW 150 5 1,3
49 10-12
Fratura F4 N80E/10NW 80 8 5,0
Observação: * As descontinuidades apresentavam-se sem preenchimento e secas

Os ângulos de atrito de rampa, apresentados na Tabela 4.2, foram obtidos a partir dos
resultados de ensaios de rampa realizados em blocos amostrados na área da
pesquisa. Os valores de rugosidade foram obtidos através da análise dos planos de
descontinuidades dos blocos ensaiados, segundo as recomendações de BARTON et
al. (1974). O perfil geométrico das fraturas enquadra-se no tipo ondulada rugosa.

4.3 – PERFIS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS

Os perfis geológico-geotécnicos foram construídos através dos dados de sondagens


na área de estudo identificadas na Figura 4.14. Na obra Museu 1, as sondagens SP-
01 a SP-03 foram executadas pela CONTEMAT (2003). Na obra Museu 2, as
sondagens SP-01 a SP-07 foram de responsabilidade da GEOLOGUS (2004). As
Tabelas 4.3 e 4.4 apresentam os resultados das sondagens no Museu 1 e Museu 2,
respectivamente.

Nas sondagens realizadas na obra Museu 2, apenas os furos SP-05 e SP-06 não
acusaram uma camada superficial de aterro, com espessura média de 0,40m. Nesses
furos, como nos demais, o solo residual é constituído por misturas silto-argilosas ou
argilo-siltosas, às vezes com presença de pedregulhos, de coloração variável, desde o
branco ao marrom escuro. A cota das sondagens é relativa ao nível do mar.

79
Tabela 4.3 – Sondagens na obra Museu 1.
COTA PROFUNDIDADE
SONDAGEM DESCRIÇÃO DO TIPO DE SOLO
(m) (m)
Silte argiloso com areia fina a grossa, poucos pedregulhos, marrom 0,0 a 1,45
SP - 01 43,80
Silte argiloso com areia fina e média, amarela 1,45 a 12,10
Silte muito arenoso, marrom 0,0 a 1,00
Silte muito arenoso de cor variegada 1,0 a 1,25
Areia grossa amarela 1,25 a 4,17
Trecho perfurado com barrilete (corte) 4,17 a 6,35
SP - 02 56,00 Areia siltosa, marrom contendo pedregulhos 6,35 a 7,78
Silte argiloso com areia fina e média de cor variegada 7,78 a 9,23
Areia siltosa, amarela (Trecho perfurado com barrilete) 9,23 a 11,07
Areia siltosa, amarela. 11,07 a 16,08
Silte argiloso com areia fina a grossa, amarela 16,08 a 17,07
Camada superficial com restos vegetais, cinza 0,0 a 1,00
Argila siltosa com areia média e grossa, amarela 1,00 a 1,45
Argila siltosa com areia fina e média, marrom 1,45 a 2,45
Argila siltosa com areia fina a grossa, poucos pedregulhos, marrom 2,45 a 3,45
SP - 03 64,30
Silte argiloso com areia fina e média, marrom 3,45 a 5,45
Silte argiloso com areia fina e média, cor variegada 5,45 a 8,45
Silte argiloso com areia fina e média, vermelha 8,45 a 19,00
Argila siltosa com areia fina e média, marrom 19,00 a 22,0

Tabela 4.4 – Sondagens na obra Museu 2.


COTA PROFUNDIDADE
SONDAGEM TIPO DE SOLO
(m) (m)
Aterro 0,0 a 0,40
Solo residual maduro, argilo-siltoso, amarelo 0,40 a 1,70
Solo residual jovem, argilo-siltoso, marrom claro 1,70 a 7,00
SP - 01 31,11
Solo residual jovem, silto-argiloso, roxo 7,00 a 18,00
Solo residual jovem, silto-argiloso, cinza claro 18,00 a 25,00
Solo residual jovem, silto-areno-argiloso fino, marrom claro 25,00 a 30,05
Aterro 0,0 a 0,30
Solo residual, argilo-siltoso, vermelho amarelado 0,30 a 2,60
SP - 02 37,98
Solo residual, silto-argiloso, vermelho 2,60 a 15,50
Solo residual jovem, silto-argiloso, bege claro 15,50 a 35,10
Solo residual jovem, silto-argiloso, marrom claro 0,0 a 15,10
SP - 03 29,25
Solo residual jovem, silto-argiloso, marrom claro, poucos pedregulhos 15,10 a 25,00
Aterro. 0,0 a 0,20
Solo residual jovem, silto-argiloso, bege claro, poucos pedregulhos 0,20 a 5,00
SP - 04 26,93 Solo residual jovem, silto-argiloso, marrom 5,00 a 8,00
Solo residual jovem, silto-argiloso, bege claro, poucos pedregulhos 8,00 a 23,00
Solo residual jovem, silto-arenoso, vermelho 23,00 a 24,15
SP - 05 22,33 Solo residual jovem, argilo-siltoso, marrom escuro 0,0 a 9,80
Solo residual jovem, argilo-siltoso, branco 0,0 a 12,0
SP - 06 25,63
Solo residual jovem, argilo-siltoso, bege escuro 12,0 a 23,0
Aterro 0,0 a 0,30
Solo residual jovem, silto-argiloso, rosa/marrom 0,30 a 5,00
Solo residual jovem, argiloso, marrom/branco 5,0 a 5,90
SP - 07 36,05 Solo residual jovem, silto-argiloso, marrom 5,90 a 10,50
Solo residual jovem, silto-argiloso, bege claro, poucos pedregulhos 10,50 a 17,00
Solo residual jovem, silto-argiloso, marrom claro 17,00 a 20,50
Solo residual jovem, silto-argiloso, branco, poucos pedregulhos 20,50 a 32,45

A camada de solo residual apresentou um NSPT crescente com a profundidade,


variando de 20 a cerca de 120. As sondagens se estenderam até atingir o

80
impenetrável à percussão (SP-05), ou profundidades compatíveis com o objetivo das
mesmas.

Os dados das sondagens foram utilizados para a construção dos perfis geológico-
geotécnicos segundo as seções definidas na Figura 4.14.

As Figuras 4.15 a 4.20 apresentam os perfis geológico geotécnicos do Museu 1 e


Museu 2.

4.4 – MODELOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS TRIDIMENSIONAIS

Após a escavação de cada nível do talude, os furos são executados através da


perfuração do talude; as barras de aço dos grampos são inseridos nos furos,
finalmente preenchidos com injeção da nata de cimento (Tabela 4.5)

Tabela 4.5 - Etapas de executivas para a instalação dos grampos

2 - Perfuração e instalação dos


grampos

3 - Injeção de argamassa nas


perfurações

1 - Escavação

81
COPPE/UFRJ - PUC/RIO - SEEL.

DECLINAÇÃO MAGNÉTICA EM 1993


65 70 AV. ALMIRANTE BENJAMIM SODRÉ,
NM NQ NG PRAIA DE BOA VIAGEM - NITERÓI
RIO DE JANEIRO
21º 10’
75
43’ 49”
X
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
60
MORRO DO PALÁCIO

55

50

M1’
SP-03

45

SP-02

40 C’
B’ A’
SP-02
35
SP-01
SIMBOLOGIA:
M1
D’ F- 01
E’ SP-07
SP-03 Tráfeg o Perm a nente
E

A
IR
RE
P-3

PE
SP-04

M
Obra

GE
Mus B
eu 0

AR
P-4 1

M
IR
SP-06

NA
AV. A SP-01

A
LM D

RU
IRAN A
Obr
TE B aM
ENJA useu SP-05
M IM 0 2
SOD C
RÉ P-2

F- 02

PRAI
A DA GEÓLOGO:
BOA
VIAG ALEXANDER MAGNO
EM
PERFIS GEOLÓGICOS-GEOTÉCNICOS
MUSEU 01 E MUSEU 02
ESCALA: 1/200
BAÍA DE GUANABARA
COPPE/UFRJ
PUC/RIO
SEEL.

82
M1 M1’
PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

CAMADA VEGETAL

SILTE ARGILOSO COM AREIA FINA A GROSSA,


MARROM.

SILTE ARGILOSO COM AREIA FINA A


GROSSA, AMARELO.
N SILTE ARGILOSO, COM AREIA FINA A
GROSSA COM PEDREGULHOS, MARROM.

SILTE ARENOSO, COR VARIEGADA.

AREIA GROSSA.

AREIA SILTOSA, MARROM.

ARGILA SILTOSA COM AREIA FINA A


MEDIA, MARROM AVERMELHADO.

SILTE ARGILOSO COM AREIA FINA A


MEDIA, VERMELHO.

SIMBOLOGIA

Cota da Sondagens
Sondagem (m)

Nível Original Geometria do Talude


do Terreno após a escavação

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 01 - PERFIL M1 - M1’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

83
A A`

PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

ATERRO

SOLO RESIDUAL MADURO, ARGILO-ARENOSO,


AMARELO

SOLO RESIDUAL JOVEM, SILTO-ARGILOSO,


CINZA CLARO

SOLO RESIDUAL JOVEM, SILTO-ARENOSO,


MARROM CLARO

SOLO RESIDUAL, SILTO-ARGILOSO,


VERMELHO

SOLO RESIDUAL JOVEM, SILTO-ARGILOSO,


ROSA

SOLO RESIDUAL, ARGILO-SILTOSO,


VERMELHO-AMARELADO

SIMBOLOGIA

Cota da Sondagens
Sondagem (m)

Nível Original Falha


do Terreno

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL AA’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

84
B B`

PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

ATERRO

SOLO RESIDUAL MADURO, ARGILO-ARENOSO,


AMARELO.

SOLO RESIDUAL JOVEM, ROSA.

SOLO RESIDUAL JOVEM, SILTO-ARENO-


ARGILOSO, MARROM CLARO.
SOLO RESIDUAL, ARGILO-SILTOSO,
VERMELHO AMARELADO.

SOLO RESIDUAL , SILTO-ARGILOSO,


VERMELHO.

SIMBOLOGIA

Cota da Sondagens
Sondagem (m)

Falha
Nível Original
do Terreno

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL BB’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

85
C C`

PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

ATERRO

SOLO RESIDUAL JOVEM, SILTO-ARENO-


ARGILOSO, MARROM CLARO.
SOLO RESIDUAL, ARGILO-SILTOSO,
VERMELHO AMARELADO.

SOLO RESIDUAL , SILTO-ARGILOSO,


VERMELHO.

SOLO RESIDUAL , SILTO-ARGILOSO,


MARROM ESCURO.

SOLO RESIDUAL JOVEM , ARGILO-SILTOSO,


BRANCO.

SIMBOLOGIA

Cota da Sondagens
Sondagem (m)

Falha
Nível Original
do Terreno

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL CC’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

86
D D`

PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

SOLO RESIDUAL JOVEM, SILTO-ARENO-


ARGILOSO, MARROM CLARO.

SOLO RESIDUAL , SILTO-ARGILOSO,


MARROM ESCURO.

SOLO RESIDUAL JOVEM , ARGILO-SILTOSO,


BRANCO.

SIMBOLOGIA

Cota da
Sondagem (m) Sondagens

Nível Original Falha


do Terreno

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL DD’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

87
E E`

PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

ATERRO

SOLO RESIDUAL JOVEM, SILTO-ARENO-


ARGILOSO, MARROM CLARO.

SOLO RESIDUAL , SILTO-ARGILOSO,


MARROM ESCURO.

SOLO RESIDUAL JOVEM , ARGILO-SILTOSO,


BRANCO.

SIMBOLOGIA

Cota da Sondagens
Sondagem (m)

Nível Original Falha


do Terreno

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL EE`
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

88
A execução dos furos para a instalação dos grampos é acompanhada pelo sondador
que descreve qualitativamente os materiais perfurados em função da profundidade. A
descrição de cada furo é registrada no boletim de perfuração da obra.

No Museu 1 e Museu 2 foram realizadas 770 perfurações, as quais foram registradas


nos boletins. Além disto, cerca de 50% das perfurações (385) foram acompanhados na
boca do furo para melhor entendimento dos materiais que compõem o talude. Coletou-
se também amostras de solo da perfuração, visando a sua identificação. A localização
dos modelos tridimensionais pode ser observada nas figuras 4.21 e 4.221. Essas
informações associadas ao mapeamento geológico e dados das sondagens foram
essenciais para a elaboração dos modelos geológico-geotécnicos tridimensionais da
área.

Talude Superior – Face C

Talude Inferior – Face G

Figura 4.21 – Localização dos modelos tridimensionais da obra Museu 1 (Foto do


autor)

89
Talude 1

Talude 2

Talude 3

Talude 4

Figura 4.22 – Localização dos modelos tridimensionais da obra Museu 2 (Foto:


PROTO SILVA, 2005)

As figuras 4.23 e 4.24 apresentam o modelo 3D do talude superior (Face C) do Museu


1 e um exemplo do perfil longitudinal ao longo das colunas de grampos A e B,
respectivamente.

Analogamente, as Figuras 4.25 e 4.26 apresentam o modelo 3D do talude inferior


(Face G) do Museu 1 com o perfil longitudinal ao longo das colunas A e B de grampos.

Os modelos geológico-geotécnicos 3D dos taludes 1, 2, 3 e 4 do Museu 2 são


apresentados nas Figuras 4.27, 4.28, 4,29 e 4.30, respectivamente.

Os perfis longitudinais ao longo das seções de grampos instrumentados e não


instrumentados do Museu 2 encontram-se,’ respectivamente, nas Figuras 4.31 e 4.32.

90
PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA:

SIMBOLOGIA:

Foliação Vertical/
Mergulho

Contato Definido Contato Inferido

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

Figura 4.23 - Modelo Geológico-Geotécnico 3D MODELO GEOLÓGICO 3-D


TALUDE SUPERIOR
da Face C - Museu 1 FACE C - MUSEU 01
ESCALA HORIZONTAL = 1/220
ESCALA VERTICAL = 1/220

91 COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

91
N FACE C COPPE - UFRJ
PUC-RIO
COLUNA A INSTRUMENTADA SEEL.
Grampo C 07 (24,00 m ) 53,00 m
Cota 52,00 m MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ

PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
Gram po C 37 (21,00 m )
Cota 48,00 m
LEGENDA:

Gra m po C 67 (21,00 m )
Cota 44,00 m

39,00 m

FACE C
53,00 m COLUNA B INSTRUMENTADA SIMBOLOGIA:
Gram po C 09 (24,00 m )
Cota 52,00 m

Grampos

Grampo C 39 (21,00 m )
Cota 48,00 m
Foliação / Mergulho

Grampo C 69 (21,00 m )
Cota 44,00 m

Contato Definido Contato Inferido Falha

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO
39,00 m

92
PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA:

C 112 C 114
C 157 C 159

M1-16/17
M1-15 M1-18

10º NW
M1-19
39.00 m
37.90 m M1-20 SIMBOLOGIA:

C 112 (G 07) C 114 (G 09)


Foliação Vertical/
Mergulho
34.00 m

M1-15 M1-18
33.35 m Cota (m)
M1-16/17

C 157 (G 54) C 159 (G 56)

Contato Definido Contato Inferido


31.40 m

M1-19 M1-20

29.00 m
GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

MODELO GEOLÓGICO 3-D


TALUDE INFERIOR
FACE G - MUSEU 01
ESCALA HORIZONTAL = 1/200
ESCALA VERTICAL = 1/128

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

93
COPPE - UFRJ
N PUC-RIO
FACE G SEEL.

39.00 m
COLUNA A INSTRUMENTADA MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ
Gra m po C 112 (G07/18,00 m )
Cota - 38,00 m
PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA:

Gra m po C 157 (G 54/15,00 m )


Cota - 33,35 m

29,00 m

FACE G SIMBOLOGIA:

COLUNA B INSTRUMENTADA
39,00 m
Grampos
Gra m po C 114 (G 09/18,00 m )
Cota - 38,00 m

Foliação / Mergulho

Gra m po C 159 (G 56/15,00 m )


Cota - 33,35 m
Contato Definido Contato Inferido Falha

GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO

29,00 m

94
PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA:

Gr M-24

Gr M-25

12º NW

Gr 35B

42,00 m Gr 35C

SIMBOLOGIA:

Foliação Vertical/
Mergulho

38,50 m

Gr M-24 Gr 35B Gr 35C


Gr M-25

Contato Inferido Falha


Contato Definido

35,96 m

GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO

MAPA GEOLÓGICO 3-D


TALUDE 01 - MUSEU 02
ESCALA HORIZONTAL(X) = 1/100
ESCALA VERTICAL (Y) = 1/100
ESCALA DOS GRAMPOS (Z) = 1/50

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

95
PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

N
AR 01-I
AR 01-NI

12º NW

36,00 m

34,50 m
SIMBOLOGIA:

AR 01 AR 01
Instrumentado Não Instrumentado

Foliação Vertical/
Mergulho

Contato Definido Contato Inferido Falha

28,96 m

GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO

MAPA GEOLÓGICO 3-D


TALUDE 02 - MUSEU 02
ESCALA HORIZONTAL (X) = 1/100
ESCALA VERTICAL (Y) = 1/100
ESCALA DOS GRAMPOS (Z) = 1/50

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

96
PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

N AR 02-I AR 02-NII AR 03-I AR 03-NII

12º NW

27,00 m

SIMBOLOGIA:

27,65 m

Foliação Vertical/
AR 02 AR 02 Mergulho
Instrumentado Não Instrumentado

Grampo Cota (m)

21,96 m

Contato Definido Contato Inferido Falha

AR 03 AR 03
20,46 m Instrumentado Não Instrumentado

GEÓLOGO

ALEXANDER MAGNO

MAPA GEOLÓGICO 3-D


TALUDE 03 - MUSEU 02
ESCALA HORIZONTAL (X) = 1/130
ESCALA VERTICAL (Y) = 1/150
ESCALA DOS GRAMPOS (Z) = 1/50

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

97
AR 04 I AR 04 NI PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

LEGENDA LITOLÓGICA:

12º NW

21,00 m

SIMBOLOGIA:

17,50 m AR 04
INSTRUMENTADO
Foliação Vertical/
Mergulho
AR 04
NÃO INSTRUMENTADO

Grampo Cota (m)

Contato Definido Contato Inferido Falha

11,25 m

GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO

MAPA GEOLÓGICO 3-D


TALUDE 04 - MUSEU 02

ESCALA HORIZONTAL (X) = 1/100


ESCALA VERTICAL (Y) = 1/134
ESCALA DOS GRAMPOS (Z) = 1/100

COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.

98
COPPE - UFRJ
PUC-RIO
SEEL.
N
MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ

PROJETO:

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
42,00 m

LEGENDA LITOLÓGICA:

Grampo 35 B - α = 11º COPPE - UFRJ


Cota 40,50 m PUC-RIO
SEEL.
MORRO DO PALÁC IO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ
1 PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
OBRA 01- FACE C
5
LEGENDA:

Grampo AR 01 - α = 11º
Cota 34,50 m

SIMBOLOGIA:

G ra m p os

Fo lia çã o / Me rgulho
Grampo AR 02 - α = 11º SIMBOLOGIA:
Cota 27,65 m

Traç o de Fratura Conta to Inferido


Foliação / Mergulho Grampos

Grampo AR 03 - α = 11º
Conta to De finid o Tra ç o d e Fa lha
Cota 21,96 m

DESENHADO POR: APROVADO POR:


Contato Inferido
MARC ELO RIOS ALEXANDER MAGNO
FIGURA:

Grampo AR 04 - α = 11º
Cota 17,50 m

Contato Definido Falha

GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
11,25 m

99
COPPE - UFRJ
PUC-RIO
SEEL.

N
MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ

PROJETO:

42,00 m
LEGENDA LITOLÓGICA:

Grampo 35C - α = 11º


Cota 38,50 m

Grampo AR 01 - α = 11º
Cota 34,50 m

SIMBOLOGIA:

Grampo AR 02 - α = 11º
Cota 27,65 m

Foliação / Mergulho Grampos

Co ntato Definido
Grampo AR 03 - α = 11º
Cota 21,96 m

DESENHADO POR: Contato Inferido


MARCELO RIOS

FIGURA:

Grampo AR 04 - α = 11º
Cota17,50 m

Contato Definido Falha

GEÓLOGO
11,25 m
ALEXANDER MAGNO

100
Os perfis geológico-geotécnicos tridimensionais da obra Museu 1, apresentam na face
superior (Face C) um solo mais homogêno, caracterizado por material areno-argiloso,
representativo de um solo residual maduro, passando gradativamente, na face inferior
(Face G), para um perfil de solo caracterizado por material silto-argilo-arenoso
representativo de um solo residual jovem

Os perfis geológico-geotécnicos tridimensionais da obra Museu 2 apresentam, do topo


para a base, uma gradativa modificação das características do solo, ou seja, no talude
1, o solo pode ser caracterizado como areno-argiloso, representando o solo residual
maduro, em contato com o solo residual jovem do talude inferior (Talude 2) Entre os
talude 2 e 3 ocorre uma transição entre o solo residual jovem e o saprolito. Entre os
talude 3 e 4 ocorre uma transição gradual entre o saprolito e a rocha alterada. Neste
perfil não foi alcançado o nível da rocha sã.

4.5 – VALIDAÇÃO DOS MODELOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS 3D

As observações obtidas ao se exumar um grampo são de grande valor, permitindo a


correlação com as condições do solo, com as técnicas de execução e injeção e com a
geometria do grampo (diâmetro).

Como parte das pesquisas, foram realizados 42 ensaios de arrancamento de grampos,


nas obras Museu 1 e Museu 2, sendo que 12 foram exumados durante a escavação
do talude em solo residual e em rocha alterada. Os resultados dos ensaios de
arrancamento e as características dos grampos exumados foram utilizados para
validar os modelos geológico-geotécnicos 3D desenvolvidos.

Os ensaios de arrancamento são realizados em grampos com um trecho livre de 1 m,


seguido de um trecho injetado de 3 m de comprimento. O grampo é tracionado e a
carga de tração deve ser acompanhada por célula de carga ou através da leitura
manométrica da bomba. A Figura 4.33 apresenta o esquema utilizado para a
montagem dos ensaios de arrancamento executados nas obras Museu 1 e 2.
Observam-se os seguintes componentes: Placa de aço de reação, Grade de reação,
Macaco hidráulico, Célula de carga, Placa de aço, Porcas e Extensômetro analógico.
Vale ressaltar que o eixo do macaco e o eixo do grampo devem estar alinhados. O
extensômetro deve também ser alinhado ao eixo do grampo.

101
Figura 4.33 – Montagem do ensaio de arrancamento dos grampos (Foto do autor)

Todas as perfurações para a instalação dos grampos foram realizadas com uma
sonda rotativa e com fluxo de ar comprimido. Durante a sondagem, foram identificadas
as litologias presentes, que foram posteriormente confirmadas com a exumação de
alguns grampos.

SPRINGER (2006) realizou 20 ensaios de arrancamento na obra Museu 1 e 2 ensaios


na obra Museu 2, cujas locações são ilustradas nos modelos das Figuras 4.23, 4.25 e
4.27. Os ensaios foram realizados em grampos com comprimento de 4,0 m, inclinados
de 10º, separados em dois grupos: (i) injetado só com bainha e (ii) re-injetados. Um
resumo dos resultados é apresentado na Tabela 4.6. Os valores obtidos por
SPRINGER (2006) nos ensaios de arrancamento mostram resultados dispersos,
devido à heterogeneidade geológica do perfil de solo encontrado na área: solo residual
maduro (SEM), solo residual jovem (SRJ) e rocha alterada (RA).

PROTO SILVA (2005) realizou 8 ensaios de arrancamento durante a escavação da


obra Museu 2, cujas locações são identificadas nos modelos 3D das Figuras 4.27,
4.28, 4.29 e 4.30. Para cada cota selecionada, o autor executou 2 ensaios, um com
grampo instrumentado com strain gages espaçados de 50 cm, para observar a
distribuição dos carregamentos, e outro com grampo não instrumentado para certificar
o valor da resistência ao arrancamento obtido no primeiro ensaio. Observou-se um

102
nítido aumento da resistência ao arrancamento quando o ensaio AR 01, em argila
arenosa, foi comparado com os ensaios em areia argilosa (Tabela 4.7).

Tabela 4.6 - Resumo dos resultados de ensaios de arrancamento nas obras Museu 01
e Museu 02 (SPRINGER, 2005).

Número do Deslocamento máximo do Carga de Arrancamento


qs (kN/m2) Solo
Grampo grampo (mm) (kN)

[M1-01] 35 14,4 150 SRM


[M1-02] 161 36,4 379 SRM
[M1-03] 07 18,0 187 SRM
[M1-04] 11 19,6 204 SRM
[M1-05] 27 18,4 191 SRM
[M1-06] 19 21,2 220 SRM
[M1-07] 26 20,5 214 SRM
[M1-08] 16 19,6 204 SRM
[M1-09] 66 11,1 116 SRJ
[M1-10] 29 13,1 136 SRJ
[M1-11] 135 9,1 95 SRJ
[M1-12] 154 12,6 131 SRJ
[M1-13] 43 17,6 183 SRJ
[M1-14] 16 17,2 179 SRJ
[M1-15] 17 20,2 198 SRJ
[M1-16] 61 13,8 144 SRJ
[M1-17] 23 17,6 183 RA
[M1-18] 21 17,1 178 RA
[M1-19] 30 17,6 183 SRM
[M1-20] 17 13,2 137 SRM
[M2-01] 172 12 240 SRM
[M2-02] 129 11,23 180 SRM

Tabela 4.7 - Resumo dos resultados de ensaios de arrancamento na obra Museu 2


(PROTO SILVA, 2005).
Número Deslocamento Carga de
qs
do máximo do Arrancamento Solo
(kN/m2)
Grampo grampo (mm) (kN)
119 117,4 166 Argila
AR 01
195 - - Arenosa
130 150,4 216
AR 02
170 168,2 249
130 190,1 269 Areia
AR 03
150 198,3 280 argilosa
175 182,8 258
AR 04
190 185,6 263

103
Na Tabela 4.7, nota-se que o grampo não instrumentado AR01 não atingiu a ruptura.
Durante a execução da obra, foi detectado um grande nicho de cupins no solo, na
zona do ensaio não instrumentado. Por recomendações dos projetistas, foi injetada
nata de cimento em toda esta zona afetada, para preenchimento dos vazios. Essa
injeção gerou uma zona de alta resistência na região deste ensaio, explicando o
porquê de não se atingir a ruptura do grampo.

Os modelos geológico-geotécnicos 3D desenvolvidos com as observações realizadas


durante o mapeamento, em conjunto com os dados das sondagens e das perfurações
para a instalação dos grampos, confirmam o perfil de alteração do talude, reportado
por PROTO SILVA (2005) na obra Museu 2. As observações indicaram que a parte
superior do talude apresenta um solo residual maduro, silto argilo-arenoso, com
relíquias de quartzo de pequeno diâmetro (± 1,0 cm) e nenhum vestígio da rocha
original. Subjacente a este solo maduro, encontra-se um solo residual jovem, silto
areno-argiloso, que ainda exibe as estruturas reliquiares da rocha gnaissica original.
Com o decorrer da escavação, observou-se uma diminuição da ação do intemperismo
ao longo da profundidade, com a identificação de rocha alterada a moderadamente
alterada. Essas diferenças no perfil de intemperismo, onde foram realizados os
ensaios de arrancamento por PROTO SILVA (2005), justificam os diferentes valores
de qs encontrados no programa de ensaios.

A Figura 4.34 ilustra a distribuição de cargas ao longo de um grampo de 3 m de


comprimento injetado durante um ensaio de arrancamento. Este grampo (AR 01) foi
executado em solo residual maduro homogêneo classificado como argila arenosa.
Foram colados cinco strain gages espaçados de 50 cm ao longo do grampo. O
primeiro strain gage situa-se no início do trecho injetado próximo à cabeça do grampo,
enquanto o último se localiza a 50 cm da extremidade oposta do grampo.

PROTO SILVA (2005) confirmou que a distribuição do carregamento ao longo do


grampo é uniforme, do tipo triangular. Para uma determinada carga aplicada, as
deformações são maiores nas seções próximas à cabeça do grampo, ou seja, na
região de aplicação da carga de ensaio. À medida que as seções mais próximas da
extremidade interna são analisadas, observa-se que as deformações diminuem até se
anularem junto à extremidade do grampo. Isto se deve à transferência de carga por
atrito do grampo para o solo circundante homogêneo.

104
140

120
Carga no grampo (kN)
100

80

60

40

20

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Comprimento dos grampos (m)
Figura 4.34 - Curvas típicas de distribuição de carga ao longo do comprimento do
grampo (PROTO SILVA, 2005).

MAGALHÃES (2005) realizou também na obra Museu 2, duas baterias de ensaios de


arrancamento em grampos executados com fibras de polipropileno (sem barra de aço).
O comportamento dos grampos de polipropileno pode ser observado nas Figuras 4.35
e 4.34. Para a bateria 1, ele concluiu que a carga de arrancamento média resistida
pelos grampos reforçados com fibras de polipropileno era igual a 48,1 kN.

120

100

80 P11
Carga (kN)

P12
60 P13
P14
P15
40

20

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Deslocamento do Extensômetro (mm)

Figura 4.35 - Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibra de polipropileno da


bateria 1 (MAGALHÃES, 2005).

105
A bateria 1 foi realizada em um perfil de alteração muito similar ao dos ensaios
realizados por PROTO SILVA (2005) na mesma obra (Figura 4.36). O ensaio P 14 foi
realizado no contato entre o solo residual maduro (menor resistência) e o solo residual
jovem (maior resistência). Este ensaio confirmou a diferença dos valores de
resistência ao arrancamento entre os materiais, provocada pelo nível de alteração do
material.

A bateria 2 foi realizada em outro setor da obra Museu 2, na área formada pelo
encontro dos dois sistemas de falhas. Esta bateria foi, portanto realizada numa área
que apresenta uma grande heterogeneidade de materiais. Esses materiais foram
caracterizados como saprolito ou rocha muito alterada, apresentando todas as
relíquias da rocha original, além dos contatos entre os diferentes tipos litológicos. Os
diferentes níveis de alteração ao longo do comprimento do grampo, foram constatados
após a exumação dos mesmos.

160

140

120

100 P21
Carga (kN)

P22
80 P23
P24
60 P25

40

20

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Deslocamento do Extensômetro (mm)

Figura 4.36 - Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibras de polipropileno da


bateria 2 (MAGALHÃES, 2005).

A heterogeneidade litológica dos níveis de alteração e as diferenças de resistência


estão representadas nos resultados dos ensaios de arrancamento reportados por
MAGALHÃES (2005) e reproduzidos na Tabela 4.8. Verifica-se que o valor médio da
carga de arrancamento para os grampos com fibras de polipropileno foi 118,7 kN. Este
valor é superior aos resultados obtidos na bateria 1, que foi realizada em materiais
mais alterados.

106
Tabela 4.8 - Resumo dos resultados dos ensaios de arrancamento na obra Museu 02
(MAGALHÃES, 2005).

Nome Deslocamento Carga de


Bateria qs
do máximo do ensaio de Arrancamento Solo
no. (kN/m2)
Grampo arrancamento (mm) (kN)
P 11 53,8 56,5 68,48 SRM
P 12 42,2 105,9 128,42 SRM
P 13 01 70,1 46,5 56,39 SRM
P 14 8,1 30,8 37,40 SRM
P 15 51,1 49,7 60,27 SRM
P 21 72,8 130,6 158,39 SRJ
P 22 78,6 151,1 183,21 SRJ
P 23 02 15,2 112,5 136,45 SRJ
P 24 17,1 93,0 112,80 SRJ
P 25 71,9 112,8 136,79 SRJ

Na bateria 2, o grampo P22 atravessou materiais menos alterados formados,


principalmente, por intercalações centimétricas de quartzito e pegmatito. Isto provocou
um aumento da resistência deste grampo. Já o grampo P 24 atravessou uma espessa
camada de material mais alterado e mais argiloso (gnaisse calcissilicático),
apresentando uma redução de qs. Os demais grampos atravessaram materiais
semelhantes, resultando em resistências ao arrancamento similares.

A análise dos resultados de ensaios de arrancamento nas obras Museu 1 e Museu 2


corroboram a influência da geologia e dos diferentes níveis de alteração, relacionados
à heterogeneidade litológica encontrada no local. Menores graus de alteração do
material resultaram em maior dificuldade de arrancamento do grampo, ou seja, em
maior valor de qs.

A Tabela 4.9 apresenta o perfil de intemperismo de gnaisse kinzigítico proposto para


a área das obras Museu 1 e Museu 2. O perfil de intemperismo da área é muito
similar ao perfil de intemperismo proposto por WOLLE (1985). Ao longo do perfil
observa-se uma variação gradativa do perfil de alteração, devido à presença de
descontinuidades ao longo do perfil, que possibilitaram a percolação das águas
subsuperficiais determinando o atual perfil de intemperismo Ao longo do perfil de
intemperismo das obras Museu 1 e Museu 2, observa-se que as mudanças
mineralógicas ocorridas com o avanço do intemperismo são semelhantes às
caracterizações realizadas por BARROSO et al. (1996) para os kinzigítos.

107
Tabela 4.9 – Perfil de intemperismo proposto para a área das obras Museu 1 e Museu
2

Perfil de solo proposto


para a área das obras
Museu 1 e Museu 2

Solo Superficial

Solo Maduro

Solo Saprolítico

Rocha Alterada

Sem Informação
Rocha Sã
disponível

108
Alguns grampos de polipropileno ensaiados por MAGALHÃES (2005) também foram
cuidadosamente exumados, com o objetivo de se verificar as características dos
grampos e solos circundantes. A Tabela 4.10 ilustra os 5 grampos exumados e
identificam os solos circundantes a cada um deles.

Tabela 4.10 - Exumação dos Grampos de Polipropileno na Obra Museu 2 (Fotos do


Autor)

0,0 - 1,0 m 1,0 - 2,0 m 2,0 - 3,0 m 3,0 - 4,0 m

Grampo P21

Silte areno-argiloso, Silte areno-argiloso, Silte areno-argiloso,


Silte areno-argiloso, cinza
cinza esverdeado com cinza esverdeado com cinza esverdeado com
esverdeado com intercalações
intercalações de silte intercalações de silte intercalações de silte
de silte argiloso branco.
argiloso branco. argiloso branco. argiloso branco.
0,0 - 1,0 m 1,0 - 2,0 m 2,0 - 3,0 m 3,0 - 4,0 m

Grampo P22

Silte areno-argiloso, cinza Silte areno-argiloso,


Silte areno-argiloso,
esverdeado com Silte areno-argiloso, vermelho com
vermelho com intercalações
intercalações de silte amarelo. intercalações de silte
de silte argiloso branco.
argiloso branco. argiloso branco.
0,0 - 1,0 m 1,0 - 2,0 m 2,0 - 3,0 m 3,0 - 4,0 m

Grampo P 23

Silte areno-argiloso, Silte areno-argiloso, Silte areno-argiloso, cinza


amarelo cortado por um Silte areno-argiloso, vermelho com esverdeado com
veio de 20 cm de silte amarelo. intercalações de silte intercalações de silte
argiloso branco. argiloso branco. argiloso branco.

109
Tabela 4.10 (continuação) – Exumação dos Grampos de Polipropileno na Obra Museu
2 (Fotos do autor).
0,0 - 1,0 m 1,0 - 2,0 m 2,0 - 3,0 m 3,0 - 4,0 m

Grampo P24

Silte areno-argiloso, Silte areno-argiloso, Intercalação de Silte areno-


cinza esverdeado com vermelho com argiloso, amarelo silte areno-
Silte argiloso branco.
intercalações de silte intercalações de silte argiloso, vermelho e silte
argiloso branco. argiloso branco. argiloso branco.
0,0 - 1,0 m 1,0 - 2,0 m 2,0 - 3,0 m 3,0 - 4,0 m

Grampo P25

Silte areno-argiloso, Silte areno-argiloso, Silte areno-argiloso, cinza


Silte areno-argiloso, cinza esverdeado com cinza esverdeado com esverdeado com
cinza esverdeado. intercalações de silte intercalações de silte intercalações de silte
argiloso branco. argiloso branco. argiloso branco.

Nas estruturas reliqueares das rochas não foram observadas cavidades na matriz da
rocha durante a pressão de injeção/re-injeção. Os grampos exumados exibiram
camada fina de solo agregada ao longo do perímetro. Esta camada corresponde ao
solo circundante, representando com fidelidade os diversos tipos de material
encontrados ao longo do comprimento do grampo.

Durante a exumação dos grampos, não foram observadas cavidades na matriz da


rocha produzidas pela pressão de injeção ou de re-injeção. Os grampos exumados
exibiram um contacto adequado com o solo e as variações de diâmetro eram
geralmente inferiores a 10 mm, ou seja, os diâmetros medidos após a exumação dos
grampos variaram entre -8% e +11% do diâmetro do tamanho original (75 mm).

O mapeamento geológico-geotécnico em conjunto com a análise dos boletins de


perfuração, dos dados das sondagens e da exumação dos grampos das obras Museu
1 e Museu 2, resultou no modelo tridimensional das obras, essencial para a
interpretação e confirmação dos resultados dos ensaios de arrancamento em relação
à geologia da área.

110
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1 – CONCLUSÕES

O presente trabalho teve por objetivo reunir as informações geológico-geotécnicas


disponíveis na área das obras de solo grampeado no Morro do Palácio, em Niterói, RJ,
para a construção de modelos geológico-geotécnicos tridimensionais das obras do
Museu 1 e Museu 2.

Em relação ao mapeamento:

1. Taludes são constituídos por um perfil de intemperismo caracterizado por:

• Rochas da Unidade São Fidélis caracterizados por Gnaisse kinzigítico com


contato com granada biotita gnaisse e intercalações com quartzito e
gnaisse calcissilicático
• Rocha totalmente alterada (ISRM, 1981), formando um espesso pacote de
solo residual, subdividido em:
ƒ maduro caracterizado por material argilo-arenoso
ƒ jovem caracterizado por material areno-argiloso

2. Descontinuidades identificadas:

• Foliação (bandamento metamórfico): N600E/12oNW


• 4 famílias de fraturas:
ƒ F1 e F2 (subverticais)
ƒ F3 e F4 (suborizontais)
• 2 famílias de falhas:
ƒ Falha 1 : N70oE/75oSE
ƒ Falha 2 : N25oW/72oNE

Em relação às características das descontinuidades:

1. Fragmentação em poliedros de geometria variada formando blocos com cerca


de 5 a 20 cm;
2. As descontinuidades não apresentavam material de preenchimento;

111
3. JRC = 6 a 8, espaçamento de 30 a 150 mm, persistência de 5 a 8 fraturas por
metro e abertura de 1 a 5 mm (ISRM, 1981);

4. Os ensaios de rampa indicaram Øresidual = 35o similar ao obtido nos ensaios


de cisalhamento direto das amostras de solo (Øpico=34o) obtido por outros
pesquisadores na área da pesquisa.

Em relação ao modelo geológico-geotécnico 3D e a exumação dos grampos:

1. Construção a partir de perfis de sondagens e boletins de perfuração de


grampos;

2. Indicação dos diversos materiais e descontinuidades em extensão e


profundidade;

3. Validação dos modelos Museu 1 e Museu 2 em função da resistência ao


arrancamento de grampos (40 ensaios) e da exumação de 12 grampos;

4. Com isso pode-se afirmar que quanto menor o grau de alteração do material,
maior a resistência ao arrancamento do grampo;

5. A análise dos resultados corrobora a influência das descontinuidades, dos


diferentes níveis de alteração e da heterogeneidade litológica da área;

6. Durante a exumação dos grampos, não foram observadas cavidades na matriz


da rocha produzidas pela pressão de injeção ou de re-injeção;

7. Os grampos exumados exibiram um contacto adequado com o solo e as


variações de diâmetro eram geralmente inferiores a 10 mm, ou seja, os
diâmetros medidos após a exumação dos grampos variaram entre -8% e +11%
do diâmetro do tamanho original (75 mm).

5.2 – SUGESTÕES

No decorrer deste trabalho, algumas questões surgiram em função da nova


metodologia desenvolvida para a construção do modelo 3D do maciço geotécnico.

112
Estas questões estão neste item sugeridas sob a forma de novas pesquisas a serem
realizadas no futuro. São elas:

(i) Empregar a metodologia de construção do modelo tridimensional em


outras obras de engenharia com diferentes tipos de solos e rochas, além
de graus de intemperismo diversos;

(ii) Verificar a relação entre profundidade de perfis de alteração com a


variação da resistência ao arrancamento de grampos;

(iii) Analisar o comportamento mecânico de grampos em maciços com


descontinuidades do tipo fraturas, falhas, dobras e contactos litológicos
através de simulações numéricas, tais como Elementos Finitos e
Diferenças Finitas;

(iv) Determinar a distribuição de carga ao longo do grampo, instrumentado


com strain gages, inserido em meios descontínuos e homogêneos, tais
como maciços com família de falhas pouco alteradas e reliquiares.

113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1984, Solo – análise


granulométrica. NBR 7181.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1984, Solo – determinação do
limite de liquidez. NBR 6459.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1984, Solo – determinação do
limite de plasticidade. NBR 7180.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1984, Solo – determinação da
densidade real dos grãos. NBR 6508.
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solo-geossintético”. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil,
UFRGS, Porto Alegre, 104 p.
ALKMIM, F.F.; BRITO NEVES, B.B.; ALVES, J.A.C., 1993, “Arcabouço tectônico do
Cráton do São Francisco – uma revisão. In: J.M. DOMINGUEZ & A. MISI (eds.)
O Cráton do São Francisco. Salvador, p. 45-62.
ALMEIDA, F.F.M., 1967, “Origem e evolução da plataforma brasileira”. Boletim 241,
DNPM/DGM, Rio de Janeiro, p. 1-36.
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evolution of the South American cratonic margin south of Amazon river”. In: E. M.
Nairn e F. G. Stehli (eds.) The Ocean Basins and Margins, New York, p. 411-446.
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Anais Academia. Brasileira de Ciências, n. 48 (supl.), p. 15-26.
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p. 349- 364.
ALMEIDA, F. F. M. de, 1981, “O cráton do Paramirim e suas relações com o do São
Francisco”. In: Simpósio do Cráton do São Francisco e suas faixas marginais,
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AMARAL, C. P.; BARROS, W. G.; D’ORSI, R, et al., 1993, “SIG alternativo aplicado ao
gerenciamento de ares de risco geológico no Rio de Janeiro”. In: 7º CBGE, Poços
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114
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and Remediation. In: IX International Symposium on Landslides, Rio de Janeiro.
Balkema, Rotterdam.
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