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Aprovada por:
___________________________________________________________
Prof. Anna Laura Lopes da Silva Nunes, Ph. D.
__________________________________________________________
Prof. Alberto Sampaio Ferraz Jardim Sayão, Ph. D.
__________________________________________________________
Prof. Milton Assis Kanji, D.Sc.
__________________________________________________________
Prof. Franklin da Silva Antunes, D.Sc.
__________________________________________________________
Prof. Willy Alvarenga Lacerda, Ph. D.
__________________________________________________________
Prof. Maurício Ehrlich, D.Sc.
ii
Dedico este trabalho a
minha esposa Roberta
pelo amor e incentivo.
iii
AGRADECIMENTOS
No momento em que o presente trabalho chega à sua etapa final, não poderia
deixar de agradecer à pessoas e instituições que, de uma forma ou de outra, me
auxiliaram ou contribuiram em alguma fase do mesmo.
À Prof. Anna Laura Lopes da Silva Nunes, pela dedicação demonstrada, pela
competência e pelo incentivo nas horas difíceis, demonstrados ao longo da orientação
do trabalho. Meus sinceros agradecimentos pela amizade, paciência e apoio em todos
os momentos.
Ao Prof. Alberto Sampaio Ferraz Jardim Sayão, pela confiança depositada desde o
início, pelas críticas, pelo incentivo e pela amizade.
Aos amigos Thiago Proto, Alexandre Saré, Fernanda Springer e André Lima, da
PUC-Rio, pela amizade e pelo apoio durante todas as etapas por que passamos
durante a execução das obras. A vocês, meus sinceros agradecimentos.
Aos amigos Marcos, Rodrigo, Mariluce, Leonardo, Rosane, Tatiana, Marcelo Rios
e a todos do laboratório, pela amizade e pelo apoio durante todas as etapas por que
passamos durante o curso. A vocês meus sinceros agradecimentos.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Janeiro/2006
A técnica de solo grampeado vem sendo cada vez mais utilizada em obras de
estabilização de taludes. Este trabalho apresenta o mapeamento geológico-geotécnico
de duas escavações grampeadas em solo residual de gnaisse no Morro do Palácio,
Praia de Boa Viagem, município de Niterói/RJ. O mapeamento da área de estudo
considerou as características geométricas das descontinuidades, tais como,
orientação, persistência, abertura, grau de rugosidade e espaçamento. Foram
realizados ensaios de rampa (Tilt Test) no laboratório, para obtenção dos parâmetros
de resistência das juntas. Analisou-se também os tipos de solo do perfil de alteração
da escavação através dos boletins de perfuração de grampos, observando-se uma
grande variabilidade dos materiais. Foram coletadas amostras para a identificação dos
tipos de material e das espessuras das camadas ao longo do grampo. Dados de
sondagens e dos boletins de perfuração dos grampos foram utilizados para a
construção de mapas em três dimensões da área das obras de grampeamento.
Procurou-se comparar os dados de ensaios de arrancamento com as observações
posteriores na exumação dos grampos e com a geologia do local. A análise de
resultados de ensaios de arrancamento dos grampos executados ao longo da
escavação, além de algumas exumações, possibilitou confirmar a influência da
geologia e dos diferentes níveis de alteração de solo e rocha identificados nos mapas
tridimensionais construídos para a área de estudo.
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
January/2006
The use of the soil nailing technique has been frequently used in slope
stabilization projects. This thesis emphasizes the benefits of producing a 3D map of the
geological discontinuities in the slope of the Morro do Palácio, Praia da Boa Viagem,
district of Niterói, RJ. This was the site of a 40m high soil nailing program excavation in
gnaissic residual soil. For mapping the slope, the attitudes of the discontinuities and of
the slope face were measured at pre-defined intervals. A comphreensive research
program has been carried out at this site, including a series of pull-out tests and
subsequent exhumation of test nails. A comparison was made among local geological
features, the pull-out behavior and the visual characteristics of exhumed nails. The
research program also included a series of tilt tests for obtaining the residual strength
of specimens of rock joints. During the soil perforation for the nail installation, a large
variability of material types and thicknesses could be observed. Samples were
collected for soil classification and the of the layers along the nails. Individual nail
perforation profiles were produced for aiding in the construction of the three
dimensional map of the area. Analysis of the pull-out results (qs values) corroborates
the influence of the geology and of the different alteration levels related to the
heterogeneity of the lithologies found in that area. Materials with a low alteration
degree were noted to corresponded to large values of qs.
vi
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................ 001
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 004
2.1: Movimentos de Massa......................................................................... 004
2.1.1: Classificação dos Movimentos de massa................................ 006
2.2: Causas de Instabilização ................................................................... 015
2.2.1: Condicionantes Geológicos..................................................... 016
2.2.2: Condicionantes do Solo .......................................................... 020
2.2.3: Condicionantes Hidrológicos.................................................... 027
2.2.4: Condicionantes Relativos à Vegetação................................... 029
2.3: Técnicas de Estabilização.................................................................. 031
2.3.1: Controle de Águas Subsuperficiais.......................................... 031
2.3.2: Cortina Atirantada ................................................................... 032
2.3.3: Estruturas em solos reforçados com Geossintéticos............... 032
2.3.4: Terra Armada........................................................................... 033
2.3.5: Muros de Gravidade................................................................. 033
2.3.6: Solo Grampeado...................................................................... 034
2.4: Histórico de Casos............................................................................ 037
2.4.1: Casos Internacionais................................................................. 037
2.4.2: Casos Brasileiros...................................................................... 039
3 - ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICOS DA ÁREA DE ESTUDO 042
3.1: Geologia Regional............................................................................. 042
3.1.1: O Arcabouço Tectônico Regional do Sudeste Brasileiro......... 043
3.1.2: O Complexo Paraíba do Sul.................................................... 047
3.1.3: Tectônica do Complexo Paraíba do Sul................................... 053
3.1.4: Geomorfologia.......................................................................... 053
3.2: Propriedades Geotécnicas de Solos Residuais de Gnaisse........ 056
3.3: Características Específicas da Área .............................................. 058
3.3.1: Geologia Local......................................................................... 058
3.3.2: Geomorfologia do Local........................................................... 062
3.3.3: Caracterização Geotécnica...................................................... 063
4 – CONDICIONANTES DO TALUDE GRAMPEADO E MODELAGEM 3D.............. 067
4.1: Introdução......................................................................................... 067
vii
4.2: Mapeamento Geológico-Geotécnico............................................... 067
4.3: Perfis Geológico-Geotécnicos......................................................... 079
4.4: Modelos Geológico-Geotécnicos Tridimensionais....................... 081
4.5: Validação dos Modelos Geológico-Geotécnicos 3D..................... 100
5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................................................ 110
5.1: Conclusões........................................................................................ 110
5.2: Sugestões para Pesquisas Futuras................................................ 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 113
viii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2:
CAPÍTULO 3:
CAPÍTULO 4:
Figura 4.1 – Localização das obras Museu 1 e Museu 2 (Fotodo autor)..................... 068
Figura 4.2 – Mapa Geológico da área das obras Museu 1 e Museu 2, Niterói/RJ...... 070
Figura 4.3 - Cruzamento de fraturas subverticais com as fraturas suborizontais........ 071
ix
Figura 4.4 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F1........... 071
Figura 4.5 - Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F2............ 072
Figura 4.6 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F3........... 072
Figura 4.7 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F4........... 073
Figura 4.8 - Entrecruzamento das famílias de faturas das obras Museu 1 e 2............ 073
Figura 4.9 – Vista geral da área das obras Museu 1 e Museu 2 (Foto aérea –
074
Escala 1:8.000)...........................................................................................................
Figura 4.10 – Análise estrutural das falhas mapeadas na obra Museu 02.................. 075
Figura 4.11 - Equipamento de ensaio de rampa (Tilt Test).......................................... 076
Figura 4.12 – Vista lateral do equipamento (adaptado de AGUIAR, 2003)................. 076
Figura 4.13 – Ensaio de rampa na junta do bloco de granada-biotita gnaisse (Foto
077
do autor)......................................................................................................................
Figura 4.14 – Localização dos perfis geológico-geotécnicos das Obras Museu 1 e
082
Museu 2.......................................................................................................................
Figura 4.15 – Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 1 – Seção M1-M1’............ 083
Figura 4.16 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção A-A’.................. 084
Figura 4.17 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção B-B’.................. 085
Figura 4.18 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção C-C’.................. 086
Figura 4.19 – Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção D-D’................. 087
Figura 4.20 - Perfil Geológico-Geotécnico – Obra Museu 2 – Seção E-E’.................. 088
Figura 4.21 – Localização dos modelos tridimensionais da obra Museu 1 (Foto do
089
autor)............................................................................................................................
Figura 4.22 – Localização dos modelos tridimensionais da obra Museu 2 (Foto:
090
PROTO SILVA, 2005)..................................................................................................
Figura 4.23 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D da Face C – Museu 1...................... 091
Figura 4.24 – Perfis Geológico-Geotécnicos longitudinais das colunas A e B de
092
grampos da Face C – Museu 1....................................................................................
Figura 4.25 - Modelo Geológico-Geotécnico 3D da Face G – Museu ........................ 093
Figura 4.26 - Perfis Geológico-Geotécnicos longitudinais das colunas A e B de
094
grampos da Face G – Museu 1....................................................................................
Figura 4.27 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 1 – Museu 2.................. 095
Figura 4.28 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 2 – Museu 2................... 096
Figura 4.29 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 3 – Museu 2................... 097
Figura 4.30 – Modelo Geológico-Geotécnico 3D do Talude 4 – Museu 2................... 098
Figura 4.31 – Perfil Geológico-Geotécnico longitudinal na seção de grampos
099
instrumentados – Museu 2...........................................................................................
x
Figura 4.32 - Perfil Geológico-Geotécnico longitudinal na seção de grampos não
100
instrumentados – Museu 2..........................................................................................
Figura 4.33 – Montagem do ensaio de arrancamento dos grampos (Foto do autor)... 101
Figura 4.34 - Curvas típicas de distribuição de carga ao longo do comprimento do
105
grampo (PROTO SILVA, 2005)...................................................................................
Figura 4.35 - Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibra de polipropileno
105
da bateria 1 (MAGALHÃES, 2005)..............................................................................
Figura 4.36 - Curvas carga-deslocamento dos grampos com fibras de polipropileno
106
da bateria 2 (MAGALHÃES, 2005)..............................................................................
xi
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2:
xii
CAPÍTULO 3:
Tabela 3.1 – Mapa geológico de parte das cidades de Niterói e Rio de Janeiro
050
(adaptado de SILVA et al., 2001)................................................................................
Tabela 3.2 - Resultado da condutividade hidráulica em solos residuais (MORAES et
057
al., 2002)......................................................................................................................
Tabela 3.3 – Granulometria ao longo do grampo M1-19 (adaptado de SPRINGER,
064
2006)............................................................................................................................
Tabela 3.4 – Granulometria ao longo do grampo M-20 (adaptado de SPRINGER,
064
2006)............................................................................................................................
Tabela 3.5 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização......................... 065
Tabela 3.6 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto em amostras do
066
Museu 2 (PROTO SILVA, 2005)..................................................................................
CAPÍTULO 4:
Tabela 4.1 - Resultados dos ensaios de rampa realizados em amostras das obras
078
Museu 1 e 2.................................................................................................................
Tabela 4.2 - Características das descontinuidades do talude.................................... 079
Tabela 4.3 – Sondagens na obra Museu 1.................................................................. 080
Tabela 4.4 – Sondagens na obra Museu 2.................................................................. 080
Tabela 4.5 - Etapas de executivas para a instalação dos grampos............................ 081
Tabela 4.6 - Resumo dos resultados de ensaios de arrancamento nas obras Museu
103
01 e Museu 02 (SPRINGER, 2005).............................................................................
Tabela 4.7 - Resumo dos resultados de ensaios de arrancamento na obra Museu 2 103
(PROTO SILVA, 2005).................................................................................................
Tabela 4.8 - Resumo dos resultados dos ensaios de arrancamento na obra Museu
107
02 (MAGALHÃES, 2005).............................................................................................
Tabela 4.9 – Perfil de intemperismo proposto para a área das obras Museu 1 e
108
Museu 2......................................................................................................................
Tabela 4.10 - Exumação dos Grampos de Polipropileno na Obra Museu 2 (Fotos do
110
Autor)...........................................................................................................................
xiii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1
A área está inserida em uma unidade morfoestrutural representativa dos terrenos
colinosos de baixa amplitude de relevo, localizados a leste da Baía de Guanabara e
compreendidos entre as planícies costeiras e baixadas fluviomarinhas e a escarpa da
Serra do Mar. A área pesquisada sofreu retaludamento, utilizando-se da técnica de
solo grampeado para a contenção do talude.
2
No Capítulo 3 são apresentados os aspectos geológico-geomorfológicos regionais e
da área do estudo, caracterizando as principais unidades geológicas e
geomorfológicas.
3
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
De acordo com FERNANDES et al. (2001), os movimentos de massas são
condicionados por uma complexa relação entre fatores geomorfológicos, com
destaque para morfologia e morfometria da encosta; fatores geológicos-geotécnicos,
englobando as características litoestruturais, fraturas subverticais e falhamentos
tectônicos; fatores hidrológico-climáticos, com ênfase sobre as poropressões positivas,
umidade do solo; fatores pedológicos, com destaque para as propriedades físicas,
morfológicas (densidade, porosidade, etc.) e hidráulicas do solo (condutividade
hidráulica saturada e não saturada); além do elemento humano, principal agente para
deflagração dos deslizamentos, devido à quebra do equilíbrio dinâmico entre os
condicionantes, acelerando a dinâmica dos processos.
5
2.1.1 – CLASSIFICAÇÕES DE MOVIMENTO DE MASSA
A proposta de VARNES (1958), que se refere somente aos movimentos mais rápidos,
inclui o modo de deformação como um novo parâmetro e apresenta maior refinamento
no que diz respeito aos tipos de materiais. Além disso, classifica alguns movimentos
como complexos (combinações de dois ou mais tipos), reconhecendo assim a
dificuldade em se estabelecer limites rígidos entre um tipo de movimento e outro.
6
• Natureza do material instabilizado (solo, rocha, detritos e depósitos);
• Textura, estrutura e grau de saturação do maciço;
• Geometria das massas movimentadas;
• Tipo de deformação do movimento.
(iv) Quedas (rock fall, debris-fall) – são movimentos de blocos e fragmentos de rochas,
a partir de afloramentos verticais e salientes, em queda livre ou pelo salto e rolamento
ao longo de planos inclinados, com declividades altas, sem a presença de uma
superfície de deslizamento. Estes movimentos apresentam velocidades muito altas, da
ordem de metros por segundo.
7
VARNES (1978) e CRUDEN e VARNES (1996) propõem uma classificação onde
qualquer movimento de massa pode ser classificado e descrito pelo tipo de movimento
e pelo material (Tabela 2.1). Esta classificação tem sido adotada pela IAEG
(Associação Internacional de Geologia de Engenharia).
8
Uma das normas americanas (CALIFORNIA ADMINISTRATIVE CODE, 1997)
descreve os fatores que afetam o potencial de deslizamento, de acordo com as
condições geológicas, as características de drenagem, o gradiente e a configuração
da encosta, além da remoção da vegetação. O objetivo desta norma é formular as
diretrizes para cada deslizamento, ou seja, cada categoria foi desenvolvida
principalmente pelas experiências de campo, sendo as recomendações feitas pelos
geólogos da Divisão de Minas e Geologia da Califórnia.
9
Tabela 2.2 - Características dos principais grandes grupos de processos de escorregamento
(AUGUSTO FILHO, 1992).
Processos Características do movimento, material e geometria
Vários planos de deslocamento (internos);
Velocidades de muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes com a
Rastejo ou fluência profundidade;
(creep) Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes;
Solo, depósitos, rocha alterada/fraturada;
Geometria indefinida.
Poucos planos de deslocamento (externos);
Velocidades médias (m/h) a altas (m/s);
Pequenos a grandes volumes de material;
Geometria e materiais variáveis:
Escorregamentos • Planares – solos pouco espessos, solos e rochas com um plano
(slides) de fraqueza;
• Circulares - solos espessos homogêneos e rochas muito
fraturadas;
• Cunha – solos e rochas com dois planos de fraqueza.
Ausência de planos de deslocamento;
Movimento tipo queda livre ou em plano inclinado;
Rolamento de matacão e/ou tombamento;
Quedas Velocidade muito alta (m/s);
(falls) Material rochoso;
Pequeno a médio volume;
Geometria variável: lascas, placas, blocos, etc.
Muitas superfícies de deslocamento (internas e externas à massa);
Movimento semelhante ao de um líquido viscoso;
Desenvolvimento ao longo das calhas naturais de drenagem (ou
Corridas talvegue);
(flows) Velocidade média a altas;
Mobilização de solo, rocha, detritos e água;
Grande volume de material;
Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas.
10
Existem ainda outras classificações de escorregamentos: quanto às condições de
amolgamento do solo (Tabela 2.4), quanto às condições de drenagem (Tabela 2.5), ou
quanto à forma ou tipo do movimento (Tabela 2.6).
A instabilização de encostas pode ser causada por eventos extremos, tais como
chuvas fortes ou prolongadas, terremotos, erupções vulcânicas e derretimento de
geleiras. Na maior parte dos casos, a chuva é o principal agente deflagrador do
movimento de massa.
11
Tabela 2.6 - Classificação dos escorregamentos quanto ao tipo de movimento (GEORIO, 2000).
2 – Tombamentos (toppling): rotação com basculamento de placas de material rochoso; causado pela
ação da gravidade ou poropressão em fissuras
12
mergulho destas estruturas condicionam o surgimento de descontinuidades mecânicas
e hidráulicas, as quais contribuem decisivamente na deflagração de movimentos. A
granulometria, porosidade, permeabilidade, resistência ao cisalhamento, entre outros,
determinam a estabilidade natural do maciço e também são responsáveis pelo
surgimento das descontinuidades.
13
Os agentes efetivos são o conjunto de elementos diretamente responsáveis pelo
desencadeamento do movimento de massa. Os agentes efetivos são ainda
subdivididos em preparatórios e imediatos, considerando-se sua forma de atuação no
período que antecede à ruptura. As causas são definidas em internas, externas e
intermediárias, com relação ao talude.
14
(v) Características do uso e ocupação, incluindo cobertura vegetal e as diferentes
formas de intervenção antrópica das encostas, como cortes, aterros,
concentração de água pluvial e servida.
80
70
60
Freqüência (%)
50
40 Até 1996
1997
30
1998
20 1999
10
0
Co
De
Co
De
Co
Q
De
De
ue
ue
rr
sl
m
sl
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sl
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Co
du
lo
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Re
al
o
lú
vi
si
o
du
al
15
2.2.1 – CONDICIONANTES GEOLÓGICOS
HOEK e BRAY (1977) classificam vinte e quatro grupos de valores das duas
propriedades de resistência ao cisalhamento dos maciços rochosos e de solo (coesão
e ângulo de atrito), descrevendo a respectiva composição e estrutura, de forma
compatível com os dados de observação de taludes, como mostra a Tabela 2.10.
16
Tabela 2.9 - Classificação de juntas em função da rugosidade e ângulos de atrito
(ROBERTS, 1977).
Ângulo de Atrito
Classes de
Rugosidade
juntas Tensões normais Tensões normais altas
baixas (σ<20 kPa) (σ >20 kPa)
Controlado pelo Controlado pelo
1 Preenchimento argiloso
preenchimento preenchimento
2 Junta lisa 31o a 40º 29º a 30º
3 Junta pouco rugosa 38o a 47º 32º a 33º
Junta rugosa com
4 40o a 50º 36º
degraus
5 Junto muito rugosa > 50º 42º
enrocamentos com
maciços rochosos
material argiloso)
remodelado com
blocos limpos de
Ø 1 (Resistência
arredondadas e
com pequeno
Ø 3 (Solo não
Ø 4 (Maciços
remoldado e
conteúdo de
conteúdo de
rochosos ou
Ø 2 (Material
rocha dura)
cisalhadas)
residual de
superfícies
partículas
argilas)
C6 (Maciços rochosos
duros e não pertubados,
C6, Ø 1 C6, Ø 2 C6, Ø 3 C6, Ø 4 sem descontinuidades
importantes mergulhando
dentro do talude).
400
C5 (Maciços rochosos
duros e não pertubados,
C5, Ø 1 C5, Ø 2 C5, Ø 3 C5, Ø 4 sem juntas mergulhando
Coesão (kPa)
C3 (Maciços rochosos
brandos ou rochas duras
C3, Ø 1 C3, Ø 2 C3, Ø 3 C3, Ø 4 compartimentadas por
detonações ou excesso de
carregamento).
100
C1 (Solos argilosos e
C1, Ø 1 C1, Ø 2 C1, Ø 3 C1, Ø 4 arenosos)
0 15 25 35 50
Ângulo de atrito (graus)
17
As Tabelas 2.9 e 2.10 permitem comparar e validar os valores de c e Ø obtidos para
taludes em solo e em rocha e servem para estimar os parâmetros de resistência de
maciços pouco conhecidos, ou para análises de estabilidade expeditas.
Classe Comprimento
Persistência muito pequena < 1,0 m
Persistência pequena 1,0 – 3,0 m
Persistência média 3,0 – 10,0 m
Persistência grande 10,0 – 20,0 m
Persistência muito grande > 20,0 m
18
Tabela 2.12 - Classificação da abertura das descontinuidades (ISMR, 1981).
Classe Abertura Grupo
Muito estreita < 0,1 mm
Feições
Estreita 0,1 – 0,25 mm
fechadas
Parcialmente estreita 0,25 – 0,5 mm
Aberta 0,5 – 2,5 mm
Feições
Moderadamente aberta 2,5 mm – 10 mm
entreabertas
Larga > 10 mm
Muito larga 1 – 10 cm
Extremamente larga 10 – 100 cm Feições abertas
Cavernosa > 1m
LANA (2000) afirma que famílias de baixa freqüência podem definir mecanismos de
ruptura localizados, ou seja, até mesmo as descontinuidades aleatórias podem formar
blocos potencialmente instáveis em taludes. A Tabela 2.13 apresenta uma
classificação descritiva do espaçamento médio entre as descontinuidades proposta
pela ISMR (1981)
FLINN (1958) definiu a presença da orientação preferencial das atitudes dos pólos, a
partir da comparação entre diagramas de densidade de pólos e modelos de diagramas
aleatórios de pólos, utilizando testes de hipóteses. MAHTAB et al. (1972) apresentam
método de definição das famílias de descontinuidades, onde o critério utilizado para
identificar as famílias é baseado na distribuição de Poisson.
19
GROSSMANN (1988) apresenta um método de classificação das descontinuidades
em famílias, baseado no conceito da distância angular entre as superfícies das
descontinuidades. Essa distância define se as descontinuidades pertencem à mesma
família e é baseada também na distribuição de Poisson. O método admite que a
distância angular é função do número de atitudes de descontinuidades medidas,
podendo ser muito pequeno e gerar um grande número de famílias.
O solo foi definido por JOFF em 1949 (ROSE et al., 1979), como um corpo natural de
constituintes orgânicos e minerais, diferenciados em horizontes de espessuras
variáveis, que diferem entre si na morfologia, composição física, propriedades e
composição química e características biológicas. Os solos são organizados em
camadas que diferem entre si, e também do material original, tanto nas propriedades
quanto na composição. As camadas individuais são denominadas horizontes de solo e
sua espessura pode variar desde centímetros até metros. O conjunto desses
horizontes constitui o perfil de solo.
20
Estudos sobre solos constatam que sua origem e evolução sofrem a influência de
cinco fatores:
(i) Solos residuais (zona I) – nesta zona distinguem-se duas subdivisões. Uma
camada superior (solo residual maduro – zona IA), mais antiga e em elevado
estado de intemperização, não apresentando vestígios da rocha de origem.
Abaixo desta camada, há uma zona de solo, com grau de intemperização
menor, que ainda mantém as estruturas da rocha original (solo residual jovem –
zona IB);
(ii) Rocha alterada (zona II) – esta zona pode ser subdividida, embora com limites
não bem definidos, em uma zona superior, de rocha muito alterada, e outra
inferior de rocha pouco alterada;
(iii) Rocha sã.
21
vários tipos de rocha e de clima, assim como o proposto por WOLLE em 1985 (Tabela
2.14).
Homogêneo
S1 Pedológicos
Solo isotrópico
eluvial Solo Maduro
(SE)
Solo de
alteração Heterogêneo
S2 Solo Saprolítico
saprolito anisotrópico
(SAS)
Intemperismo
Rocha Químico
alterada
R3 Saprolito
mole
(RAM)
Rocha
ROCHA
Rocha Incipientes
sã R1 ou Rocha Sã
(RS) ausentes
22
(i) Residual ou autóctone, formado no local, diretamente da desagregação da
rocha subjacente ao perfil do solo;
(ii) Transportado ou alóctone que, dependendo do agente responsável pelo
transporte, pode receber as seguintes denominações:
Coluvionar: ação da gravidade;
Aluvionar: ação de águas correntes;
Glacial: ação de geleiras;
Eólico: ação do vento.
23
Segundo VARGAS (1971), a principal característica de um solo tropical é a
heterogeneidade, tanto a nível estrutural quanto mineralógico. Por isso, a definição de
parâmetros a serem utilizados em projetos geotécnicos, que sejam representativos
dos materiais que compõem o maciço, nem sempre é uma tarefa simples,
especialmente quando estes parâmetros dizem respeito à resistência.
24
Nem todos as classes de intemperismo são necessariamente encontradas em um
mesmo maciço rochoso, pois são geralmente relacionadas à porosidade e à presença
de descontinuidades abertas na rocha (FIORI et al., 2001).
MARQUES (1998) afirma que não há um perfil de intemperismo para o biotita gnaisse
e para o kinzigito, mas sim uma “zona de alteração” controlada pela presença de
estruturas geológicas, por onde percolam as águas de subsuperfície, que determinam
a distribuição espacial dos níveis de alteração identificados para estas rochas. Ainda,
segundo Marques, essas transformações têm grande influência no comportamento
geotécnico da rocha ao longo de perfis de alteração (Tabela 2.17). A espessura de um
perfil de solo residual depende da intensidade dos processos associados ao
intemperismo. Portanto, fatores relacionados ao clima (rocha matriz, topografia e
tempo transcorrido) são os principais responsáveis pelo desenvolvimento do perfil.
25
Tabela 2.18 - Principais mudanças mineralógicas do kinzigito com o avanço do
intemperismo (BARROSO et al., 1996).
Não existe uma terminologia universalmente aceita para descrever as várias classes
de solos residuais. Termos como “solo saprolítico”; “saprolito” ou “solo residual jovem”
são, muitas vezes, utilizados para descrever o mesmo material. Outras vezes, termos
como “solos residuais tropicais” são estendidos a materiais com características
nitidamente diferentes, tais como solo laterítico, residual maduro e solo saprolítico.
26
(residual jovem), podendo provocar expansão quando o solo é submetido ao alívio de
tensão e umedecimento.
Em taludes de Hong Kong, BRAND et al. (1982) sugeriu que intensidades de chuva
acima de 70 mm/hora podem ativar deslizamentos. O aumento das conseqüências de
um deslizamento é uma função direta do aumento da intensidade e da duração da
chuva.
27
exerce durante o escoamento pode causar instabilidade, alterando a resistência e a
deformabilidade dos maciços. Taludes naturais ou escavados podem ter a estabilidade
comprometida pela força de percolação da água em função de gradientes elevados.
TERZAGHI (1950) afirma que a água que percola no interior de um talude exerce, em
virtude de sua viscosidade, uma pressão sobre as partículas de solo, conhecida como
pressão de percolação. Esta pressão atua na direção do fluxo e sua intensidade
cresce proporcionalmente influenciando à velocidade de percolação. A presença de
água pode reduzir a resistência das rochas intactas, bem como das descontinuidades
causadas por processos de alteração, saturação e erosão do material de
preenchimento.
28
fraturados, com poucas famílias de descontinuidades e, especialmente, onde o
espaçamento das descontinuidades é grande, a pressão da água varia
consideravelmente de uma descontinuidade a outra ou de local para local. Os níveis
freáticos erráticos podem surgir onde diques, falhas ou camadas com ângulo de
mergulho elevado atuam como aquicludes (barreiras geológicas). A percolação de
água por meio dos maciços rochosos resulta do fluxo através das descontinuidades.
A vegetação é um dos fatores que contribuem para a evolução natural das encostas
ao longo do tempo geológico. A cobertura vegetal tanto pode ser natural (primitiva ou
secundária) quanto artificial. Em todos os casos, a cobertura exerce uma ação, maior
ou menor, de proteção contra as intempéries. PRANDINI et al. (1982) admitem que o
escoamento superficial seja, de fato, desprezível nas condições de florestas densas e
que a cobertura vegetal também dificulta a penetração profunda da água no maciço.
GRAY et al. (1982) assinalam que, em relação à cobertura vegetal, são atribuídos
efeitos favoráveis e desfavoráveis quanto à estabilidade das encostas. A longo prazo,
a retirada da cobertura vegetal é indiscutivelmente um fator importante de
instabilização.
No Rio de Janeiro, PENHA (1988) considera que a cobertura florestal atua também
como um agente limitador das áreas afetadas por escorregamentos, através do efeito
29
frenador e dissipador de energia das massas deslocadas, restringindo as áreas
afetadas e minimizando os danos em terrenos situados a jusante. As encostas sofrem,
com freqüência, escorregamentos. O fato é conseqüência da própria dinâmica de
evolução das encostas, onde massas de solo avolumam-se continuamente devido à
ação do intemperismo sobre as rochas, atingindo espessuras críticas para a
estabilidade. As florestas desempenham importante papel na proteção do solo e o
desmatamento ou abertura de clareiras pode promover, não só a erosão, mas também
escorregamentos.
WU (1995) verificou, a partir de ensaios em raízes mortas que, após quatro anos do
corte das árvores, a resistência decai para cerca de 15 a 20% da resistência das
raízes de árvores vivas. Este fato ajuda a explicar o aumento da freqüência dos
deslizamentos de solo que ocorrem em seguida à remoção da vegetação. O emprego
da análise da estabilidade de vertentes antes e depois do desmatamento pode indicar,
com mais segurança, as zonas de risco e sugerir a melhor forma de remediar o
problema.
30
generalizados das encostas. Entretanto, há também, casos observados de grandes
escorregamentos, deflagrados por chuvas violentas, em regiões cobertas por florestas.
BROWN e SHEN (1975) referem-se a quatro modos pelos quais a vegetação exerce
influência sobre a estabilidade:
31
2.3.2 – CORTINA ATIRANTADA
(ii) Grau de interação entre solo e reforço, caracterizado pela adesão e ângulo
de atrito de interface;
32
No dimensionamento de estruturas reforçadas é recomendável que o ângulo de atrito
de pico do solo seja dividido por um fator de redução, tendo em vista os diferentes
níveis de deformação necessários para a ruptura do solo e do reforço. A durabilidade
dos geossintéticos é um fator fundamental no projeto de obras permanentes, devendo-
se evitar ambientes agressivos (muito ácido ou muito básico).
O processo de solo reforçado, conhecido como terra armada (terré armeé), foi
desenvolvida pelo engenheiro francês Henry Vidal na década de 60. Consiste,
basicamente, na introdução de tiras metálicas em solo compactado, sendo as tiras
ligadas a painéis de concreto na face do maciço.
(ii) Tiras metálicas: peças lineares e flexíveis, que trabalham à tração e devem
apresentar resistência à corrosão.
33
2.3.6 – SOLO GRAMPEADO
A técnica de solo grampeado vem sendo utilizada como reforço do solo desde meados
da década de 1970. As origens do solo grampeado remontam à técnica NATM (New
Austrian Tunneling Method) para a construção de túneis. A técnica "terre clouée" foi
denominada pelos franceses e "soil nailing" pelos ingleses. No Brasil é conhecida pelo
nome de solo grampeado ou solo pregado.
No entanto, ORTIGÃO et al. (1993) afirmam que a técnica de solo grampeado foi
empregada pela primeira vez no Brasil, em São Paulo, em 1970, nos emboques de
túnel no Sistema Cantareira (Figura 2.2). Nos últimos dez anos as aplicações se
multiplicaram no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas
Gerais (ZIRLIS et al., 1992 e ORTIGÃO et al., 1993).
34
existente, inicia-se a execução da primeira linha de chumbadores, aplicação do
revestimento de concreto projetado, execução da drenagem, e assim sucessivamente,
até o fundo da escavação. Se o talude já estiver cortado, pode-se trabalhar de forma
ascendente ou descendente, de acordo com a conveniência da obra.
A principal desvantagem da técnica de solo grampeado são os deslocamentos do
maciço permitidos pela flexibilidade da estrutura. Além disto, a técnica não é adequada
para escavações que não se suportem com pelo menos 1,0 m de altura e em
escavações em materiais não coesivos (areia seca ou submersa).
(iii) Revestimento da face, com concreto projetado, reforçado por uma malha
de aço ou com a instalação de painéis pré-moldados.
35
Figura 2.3 - Fases de construção de uma parede de solo grampeado (adaptado de
CLOUTERRE, 1993).
A parede reforçada deve ser provida de drenos, para escoar a água que infiltra para
fora da estrutura. Em áreas sujeitas a fluxos hidráulicos internos de água, é apropriada
a instalação de drenagem, tais como drenos suborizontais, para o escoamento da
água ou, ainda, a instalação na face do talude de geomembranas, antes do
revestimento da parede.
36
Figura 2.4 – Exemplo de escavação estabilizada com técnica de solo grampeado (Foto
do autor).
37
Langarone, matando cerca de 2.500 pessoas. A estrutura de concreto da
barragem não foi danificada (LONDE, 1965);
9 Deslizamento de um corte de estrada na região de Cereixal (Espanha) em local
com intercalação de xistos e arenitos com declividade de 55º e espaçamento
das juntas de 1,0 m. O talude foi escavado com ângulo de 62º, incitando a
ruptura planar do material (WEI et al., 1986);
9 Rompimento da represa Saint Francis, com 55 metros de altura e 183 metros
de largura, encravada no San Francisquito Canyon (cerca de 70 km de Los
Angeles), causando uma onda de 20 m de altura, que varreu a região a jusante
em 1928. A fundação da represa foi construída sobre xistos de mica laminados
e conglomerado. O contato entre os dois tipos de rocha localizava-se ao longo
de uma falha. A ruptura ocorreu perto da falha e foi devida principalmente ao
piping do conglomerado pelo fluxo da água (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Acidente da Barragem de Malpasset (França), ocorrido em 1959, construída
sobre um mica-xisto intensamente fraturado e preenchido por argilominerais. A
causa mais provável para o acidente foi a presença de um plano de
deslizamento, com inclinação desfavorável, além da grande deformabilidade da
rocha de fundação (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Ruptura da seção central da Barragem de Austin (Texas, EUA), construída em
1893. As fundações foram executadas sobre argila e folhelhos pouco
resistentes e friáveis, os quais eram atravessados por uma zona de falha. O
fluxo de água provocou a erosão nos estratos mais fracos, causando a ruptura
da estrutura em 1900 (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Rupturas do Canal do Panamá durante a escavação do Corte de Gaillard entre
1884 e 1912. As rochas encontradas no anfiteatro são xisto, arenito, diques
basálticos, aglomerados vulcânicos e tufos vulcânicos, com a presença de
numerosas fraturas e falhas. Os deslizamentos foram causados pelo intenso
fraturamento das rochas. Além disto, havia a depressão, em sinclinal, da seção
de Culebra, com 1,6 km de largura ao nível do canal. Esta depressão está
preenchida com uma argila arenosa da Formação Cucaracha, estruturalmente
fraca, e responsável pela repetição da maioria dos deslizamentos que
interferiram seriamente na construção do canal (LEGET e HATHEWAY, 1988);
9 Deslizamento ocorrido durante o corte do talude San Antolín, para a construção
da estrada UM-8 (Espanha). A rocha local é um quartzito, com direção de 160º
e mergulho de 80º na parte superior do talude, diminuindo para 60º na parte
mais baixa do talude. Há uma falha, visível na parte superior do talude. Sobre a
falha, a rocha apresenta descontinuidades bem espaçadas. Abaixo da zona da
38
falha, o espaçamento entre as descontinuidades é inferior a 1,0 m, e há
algumas camadas intercaladas de xistos. A transição entre estas duas zonas
resulta da orientação desfavorável das descontinuidades, que favoreceu os
deslizamentos durante a escavação (ODA et al., 1993);
9 Ruptura do talude El Haya, correspondente ao corte de uma seção da estrada
UM-8 que liga Santader para Bilbau (Espanha). Durante o corte do talude de
declividade de 55º, houve um deslizamento de 1.000 m3 de rochas calcáreas a
partir da crista e ao longo das juntas transversais (ODA et al., 1993);
9 Avalanches de rochas com volume de 100.000 m3 e blocos de rocha com mais
de 1,0 m3 no Vale de Yosemite (Califórnia, EUA), causados pela penetração
das raízes, expandindo as juntas e favorecendo as quedas das placas e blocos
de granito (WIECZOREK et al., 1995).
AMARAL et al. (1993) apresentam um relato sobre gastos no total de 7,1 milhões de
dólares associados à execução de obras de contenção nas encostas do Rio de
Janeiro, no período de 1988 a 1991.
39
9 1953-2002: Escorregamentos ocorridos no talude Ponteio na BR-356, Belo
Horizonte, em função da disposição das descontinuidades, favorecendo a
ocorrência de rupturas em cunha, percolação da água seguida de erosão,
rupturas planares e tombamentos (PARIZZI et al., 2004);
9 1956: Escorregamento de rocha na encosta do morro Santa Terezinha, Santos
(SP), causado pela pressão da água da chuva nas fraturas do talude rochoso,
possivelmente abalado pelas explosões prévias da pedreira em operação
(VARGAS, 1999);
9 1966: Escorregamento na encosta do Morro do Urubu, Rio de Janeiro,
condicionado pela formação de lençol artesiano propiciado pela existência de
solo residual arenoso subjacente ao tálus argiloso (MOREIRA, 1974);
9 1970: Escorregamentos de blocos rochosos no km 44,7 da Via Anchieta, São
Paulo, devido ao efeito da percolação da água de chuva nas fraturas da rocha
(VARGAS, 1999);
9 1975-1999: Deslizamentos na estrada da Grota Funda (Rio de Janeiro),
condicionados por complexos sistemas de juntas persistentes, mal espaçadas
e abertas presentes nos seis grupos eram distintos de rochas: granitos,
migmatitos, anfibolitos, gnaisse, rochas alcalinas e olivina basaltos, que
constituem o maciço da Pedra Branca. (AMARAL, 2004);
40
da percolação da água por caminhos preferenciais, tais como, contatos
solo/rocha, camadas alternadas e fraturadas da rocha e veios de pegmatito
(RAMOS, 1991);
41
CAPÍTULO 3 – ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICOS DA ÁREA DE
ESTUDO
A área estudada situa-se no estado do Rio de Janeiro, Região Sudeste do país e, está
geotectonicamente contida na Província Mantiqueira, uma das províncias estruturais
definidas por ALMEIDA (1981). Ela cobre uma área de 700.000 km² e representa a
mais complexa província estrutural afetada pelo Ciclo Orogênico neoproterozóico -
cambriano (Brasiliano) na América do Sul.
42
3.1.1 – O ARCABOUÇO TECTÔNICO REGIONAL DO SUDESTE BRASILEIRO
43
Para ALKMIM et al. (1993), estas faixas bordejam a denominada Placa
Sanfranciscana, cuja porção interna seria composta pelas rochas arqueanas e
paleoproterozóicas do Cráton do São Francisco e suas coberturas sedimentares
neoproterozóicas, que compõem o Grupo Bambuí.
A Faixa Ribeira, segundo ALMEIDA et al. (1973), constitui uma entidade geotectônica
do Neoproterozóico. O Estado do Rio de Janeiro localiza-se na porção interna deste
cinturão. Então, a compartimentação tectônica dos terrenos que compõem a geologia
deste estado está vinculada à evolução tectono-metamórfica da "Faixa Ribeira".
HEILBRON et al. (1999) considera esta evolução orogênica como a mais nova no
cenário das colagens brasilianas/pan-africanas do segmento crustal considerado e foi
responsável pela deformação, metamorfismo, magmatismo e articulação dos diversos
terrenos.
44
O Cinturão Paraíba ou Faixa Ribeira (ALMEIDA et al., 1973), no Estado do Rio de
Janeiro, compreende um segmento com orientação NE-SW deformado e
metamorfizado no Neoproterozóico, sendo constituído por rochas ígneas e
metamórficas de alto grau de metamorfismo que bordejam a extremidade SE do
Cráton do São Francisco (TROWN et al., 2000).
A área pesquisada faz parte do Domínio Serra do Mar, que ocupa a região centro-
oriental, correspondendo geograficamente à "Microplaca" Serra do Mar (CAMPOS
NETO, 2000). É composta por uma sucessão de arcos magmáticos com polaridade
temporal e composicional de W para E. São eles: (i) arco primitivo do tipo TTG
(associações plutônicas de tonalitos, trondhjemitos e granodioritos) a W (Arco Rio
Negro - 630-500 Ma); (ii) arco mais evoluído, do tipo cordilheirano maduro, mais a E
(Arco Serra dos Órgãos - 570-560 Ma) e (iii) um arco sincolisional, na parte mais
oriental, caracterizado por magmatismo crustal (Arco Rio de Janeiro - 560 Ma).
45
Figura 3.2 – Domínios Tectono-magmáticos do Estado do Rio de Janeiro e Áreas
adjacentes (SILVA et al., 2001)
O Domínio Paraíba do Sul ocupa uma extensa faixa de orientação nordeste em toda a
porção centro-norte e ocidental do estado, subparalela ao corredor de cisalhamento do
rio Paraíba do Sul. É constituído por gnaisses kinzigíticos, xistos, quartzitos e
mármores do Complexo Paraíba do Sul, metamorfizados nas fácies anfibolito e
granulito, intercalados tectonicamente em rochas paleoproterozóicas representadas
46
por ortogranulitos e ortognaisses tonalíticos do Complexo Juiz de Fora, e ortognaisses
graníticos a granodioríticos da Suíte Quirino. Na cidade do Rio de Janeiro e
adjacências é reconhecida a Zona de Cisalhamento Dúctil de Niterói, entre outras que
afetam os diferentes gnaisses, milonitizando-os em espessas e extensas faixas de
direção NE-SW a ENE-WSW (HIPPERTT, 1990).
LIMA et al. (1981) empregaram pela primeira vez o termo Complexo Paraíba do Sul
para designar o conjunto de gnaisses granadíferos e kinzigitos da região costeira, do
Vale do Rio Doce ao Rio de Janeiro. Segundo SILVA et al. (2001), litotipos
anteriormente designados de leptinitos, leucognaisses, gnaisses facoidais e parte dos
migmatitos, entre outros termos, foram mapeados como granitóides do tipo-S.
A área pesquisada está inserida no Complexo Embu, suíte intrusiva Serra dos Órgãos.
As rochas mais características deste complexo são gnaisses e migmatitos com bandas
micáceas xistosas e bandas gnáissicas ou de mobilizados neossomáticos. As bandas
xistosas são negras, formadas essencialmente de biotita, com quantidade reduzida de
muscovita, quartzo e feldspato reforçando o caráter xistoso da rocha. As bandas
gnáissicas são de composição, textura e estrutura variadas, normalmente de
granulação média a fina, devido à recristalização. Ocorrem, também, numerosas
lentes, de até vários metros, de rochas calcossilicáticas e de anfibolito. As primeiras
são granoblásticas finas e de cor verde ou branca e os anfibolitos são de granulação
fina, pretos, maciços ou foliados. Ainda no âmbito do complexo, são conhecidas várias
lentes de rochas quartzíticas e alguns corpos de metabásicas. Essas litologias atestam
a presença de metassedimentos no complexo.
A Suíte Intrusiva Serra dos Órgãos foi reconhecida pela primeira vez por LAMEGO
(1936) que a definiu como "um típico batólito intruso sob as camadas da crosta
47
arqueana, no primitivo diastrofismo que denominamos brasílico", definindo então, um
ciclo orogênico. Identificou, do mesmo modo, uma auréola de migmatitos e gnaisses
graníticos bordejando o mesmo.
FONSECA et al. (1998) identificaram três fases de dobramentos nessas rochas, sendo
a primeira fase responsável pela marcante trama cataclástica dos gnaisses facoidais,
transformando-os em um quase milonito-gnaisse, com orientação NE-SW. No Estado
do Rio de Janeiro, o Complexo Costeiro é representado por tipos variados de gnaisses
(bandados, facoidais, etc.), granitóides e migmatitos, com intercalações de quartzitos,
mármores e rochas calcissilicáticas. Também incluem gnaisses kinzigíticos e
charnockíticos, semelhantes aos que constituem as faixas alongadas segundo a
direção NE nas regiões do Rio de Janeiro e Niterói.
Nos gnaisses facoidais, os blastos de K-feldspato estão envoltos por uma matriz à
base de plagioclásio, quartzo e biotita, sob a forma de finos e ondulantes níveis que
bordejam os megaporfiroblastos com até 15 cm de eixo maior. Nestes níveis, é comum
a presença de fitas de quartzo, perpendiculares aos planos de foliação da rocha, que
geralmente têm coloração cinza claro a rosada. É bastante comum a presença de
inclusão de vários tipos de rochas (calcossilicáticas, leptinitos, granitos, kinzigitos,
biotita gnaisses e charnockitos), sendo mais freqüentes pequenas lentes de um biotita
gnaisse fino. Macroscopicamente, podem ocorrer aglomerados de plagioclásio que
48
assumem forma de pequenos facóides confundíveis com os pórfiros de k-feldspato.
Tais plagioclásios mostram um caráter mais cálcico.
Segundo SILVA et al. (2001), foram definidas duas faixas principais de ocorrência do
complexo. Na primeira faixa, distinguem-se três unidades informais: São Fidélis, Italva
e Itaperuna. A outra faixa, designada de Lumiar-Rio Bonito, está situada na região da
Serra do Mar e contém litotipos aqui agrupados na unidade São Fidélis.
A área pesquisada está inserida na Unidade São Fidélis, que representa a maior parte
da área de ocorrência do Complexo Paraíba do Sul, sendo constituída essencialmente
por metassedimentos detríticos, pelito-grauvaqueanos: granada-biotita-(sillimanita)
gnaisses quartzo-feldspáticos (metagrauvacas), com ocorrência generalizada de
bolsões e veios de leucossomas graníticos derivados de fusão parcial in situ e injeções
(SILVA et al., 2001). Variedades portadoras de cordierita e sillimanita (kinzigitos),
comumente apresentando horizontes de xistos grafitosos, exibem contatos
transicionais com os granada-biotita gnaisses. De ocorrência mais restrita, por vezes
são observadas intercalações de quartzitos, rochas metacarbonáticas e
calcossilicáticas, além de anfibolitos e concentrações manganesíferas (Tabela 3.1).
49
Tabela 3.1 – Mapa geológico de parte das cidades de Niterói e Rio de Janeiro
(adaptado de SILVA et al., 2001).
Unidades Descrição
Complexo Paraíba do Sul – Unidade São Fidélis: constituído por
granada-biotita-sillimanita gnaisse quartzo feldspático
MNps (metagrauvaca), com veios injetados de composição granítica.
Apresenta intercalações de gnaisses calcissilicáticos, quartzitos e
kinzigito
Depósitos praiais eólicos, marinhos e/ou lagunares: constituído
por areias quartzosas esbranquiçadas, finas a médias, bem
Qphm
selecionadas, apresentado estratificações cruzadas de pequeno
porte
Suíte Rio de Janeiro: constituído por granitóides foliados e
Nγ2r
ortognaisses peraluminosos de derivação crustal (granito tipo-S)
50
constituintes menores. O quartzo é lenticular e a biotita é de uma variedade rica em
titânio. Quando presente, o ortoclásio é mais abundante que a microclina, o
plagioclásio tem a composição de oligoclásio e a magnetita é o principal mineral
acessório.
51
corpos de mármores, anfibólio gnaisses e biotita gnaisses, e os protólitos devem
corresponder a sedimentos carbonáticos contendo abundantes impurezas
siliciclásticas.
52
3.1.3 – TECTÔNICA DO COMPLEXO PARAÍBA DO SUL
Ainda, segundo SILVA et al. (2001), o arcabouço estrutural definido durante o Orógeno
Brasiliano foi completado com deformações impressas durante um regime
compressivo transcorrente, novamente simples e dúctil. A mais importante zona de
cisalhamento de alto ângulo, com até 10 km de largura de rochas miloníticas, e
contínua por mais de 300 km segundo a direção NE-SW, está situada, mormente no
vale do rio Paraíba do Sul e atravessa todo o estado. A partir dessa zona principal são
observadas inúmeras zonas de cisalhamento secundárias e assintóticas, que
demonstram a movimentação dextral dos blocos crustais e se ramificam em feixes
para NNE e SSW. Toda a extensão exposta do Complexo do Paraíba do Sul indica
condições metamórficas da fácies anfibolito alto a granulito. Em estreita associação
com a tectônica transpressiva, ocorreu uma fusão parcial in situ, que produziu
volumosos magmatismos sincolisionais tipo-S, e tipo-C (charnockitos).
3.1.4 – GEOMORFOLOGIA
53
climáticos, que delinearam a atual morfologia. O registro de imponentes
escarpamentos com desnivelamentos, por vezes da ordem de 2.000 m, alternados
com depressões e bacias sedimentares tafrogênicas, reflete uma influência marcante
da tectônica na compartimentação do relevo do estado (SILVA et al., 2001).
ALMEIDA (1976) afirma que essa tectônica exerceu o rifteamento continental do bordo
sudeste do Brasil, com maior intensidade entre o Cretáceo e o Terciário Inferior, mas
com reflexos em uma neotectônica recente, registrados até o Quaternário.
Segundo SILVA et al. (2001) duas superfícies de erosão podem ser observadas no
estado em escala regional. A primeira, representada por importantes zonas
planálticas, tais como todo o reverso da serra dos Órgãos e da Serra da Bocaina,
estaria associada à Superfície Sul-Americana (KING, 1956); Pd3 (BIGARELLA et al.,
1965) ou Superfície Cimeira (AB’SABER, 1972), de idade eocênica a paleocênica. A
segunda, representada pelas depressões interplanálticas e pelas superfícies
aplainadas junto às baixadas, estariam associadas à Superfície Velhas (KING, 1956);
Pd1 (BIGARELLA et al., 1965) ou Superfície Interplanáltica (AB’SABER, 1972), de
idade pleistocênica inferior a pliocênica.
54
HEILBRON (1995) afirma que a unidade morfoestrutural Cinturão Orogênico do
Atlântico compreende um conjunto diversificado de rochas metamórficas e ígneas de
idade pré-cambriana a eopaleozóica.
Essa unidade é constituída por um relevo suave e uniforme de colinas amplas, baixas
e niveladas, apresentando vertentes convexas, muito suaves, e topos arredondados.
Sua densidade de drenagem é baixa a média e o padrão é dendrítico. Próximo à
baixada da Guanabara, essa drenagem torna-se imperfeita, com padrão de canal
divagante, devido ao lençol freático subaflorante.
55
3.2 – PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS DE SOLOS RESIDUAIS DE GNAISSE
56
Segundo MORAES et al. (2002), a condutividade hidráulica em solos residuais na
condição saturada derivados de gnaisses (biotita gnaisses e gnaisse migmatítico) no
Estado do Rio de Janeiro apresenta uma magnitude de 10-4 cm/s, independente da
direção da amostragem em relação à orientação preferencial dos grãos. As classes de
permeabilidade tanto nas amostras retiradas paralelamente e perpendicularmente à
xistosidade (para cada horizonte) não mostram variações significativas em seus
valores (Tabela 3.2).
57
presença do hidróxido de ferro e com alguma muscovita. Os biotita gnaisses ainda
podem conter enclaves de kinzigitos e charnockitos. Os solos residuais derivados dos
biotita gnaisses constituem-se de areia fina a média, argilo-siltosa, de plasticidade
baixa a média, por vezes alto, formando espessos pacotes de solo. As ocorrências de
escorregamentos em solo no Município concentram-se nessa unidade, principalmente
quando há ocupação por favelas na sub-região do centro ou cortes sem controle na
região de Icaraí e Boa Viagem.
A área de interesse está dentro de uma zona de falha característica de uma tectônica
tangencial, que produziu vários estilos de dobras e foliações associadas, que evoluiu
para uma tectônica direcional expressa através de extensas zonas de cisalhamento
dúctil-rúptil de direção NE-SW que recortam o Estado do Rio de Janeiro.
58
Na cidade do Rio de Janeiro e adjacências, é reconhecida a Zona de Cisalhamento
Dúctil de Niterói, entre outras que afetam os diferentes gnaisses, milonitizando-os em
espessas e extensas faixas de direção NE-SW a ENE-WSW. Embora estas faixas
produzam uma marcante foliação tectônica, processos de silicificação observados em
alguns trechos enrijecem a rocha afetada pela deformação. A foliação das rochas na
área de exposição é verticalizada ao longo do eixo do cinturão móvel (± 88º), com
mergulhos suaves para NW. O mapa geológico pode ser observado no Anexo 1. A
alteração das rochas com essa configuração geológico-estrutural produziu solos de
coesão moderada e com várias descontinuidades, que facilitam o surgimento de
processos erosivos nas partes mais íngremes desse talude.
59
aproximadamente 10,0 cm de perfuração de vazio sem nenhum recolhimento de
material levantaram suspeitas em relação à extensão do cupinzeiro. Sabe-se que a
partir do ninho, os cupins cavam túneis muito compridos com vários canais, para irem
buscar alimento. Por isso, o foco principal dos cupins pode estar a 200 ou 300 metros
do local onde se encontram os seus orifícios de saída.
60
talude que estava sendo escavado (Figura 3.4). No mapeamento geológico em
conjunto com a realização dos outros furos, nas linhas subseqüentes, não foi
observada a continuidade desse cupinzeiro nas seções escavadas.
61
A Unidade Colinas e Maciços Costeiros caracteriza-se por ser uma área de topografia
deprimida, com reduzidos valores altimétricos em relação a outras unidades, refletindo
uma estrutura fraturada e dobrada. As colinas apresentam forma convexa, onde
predominam sedimentos areno-siltosos e/ou areno-argilosos, observando-se muitas
vezes concentrações ferruginosas.
62
Figura 3.5 – Observação visual-táctil do material recolhido durante as perfurações
(Foto: SRINGER, 2006)
63
Tabela 3.3 – Granulometria ao longo do grampo M1-19 (adaptado de SPRINGER,
2006)
Posição ao Longo do Grampo 0,0m 0,5m 1,0m 1,5m 2,0m 2,5m 3,0m 3,5m 4,0m
Pedregulho Grosso (%) 0,00 0,00 36,86 4,20 28,36 0,00 0,00 0,00 0,00
Pedregulho Médio (%) 0,04 0,03 13,47 8,98 14,61 0,09 0,02 6,90 1,20
Pedregulho Fino (%) 0,34 0,22 13,56 14,79 12,72 0,92 0,56 5,12 3,38
Areia Grossa (%) 6,59 14,76 20,36 37,87 18,12 4,03 4,99 13,24 16,24
Areia Média (%) 20,69 20,89 8,84 18,88 10,16 18,14 16,89 16,40 22,96
Areia Fina (%) 26,61 24,84 2,57 5,46 5,93 19,24 18,82 18,80 18,34
Silte (%) 30,86 21,26 2,12 4,99 5,98 34,39 39,05 30,85 24,03
Argila (%) 14,88 18,00 2,21 4,83 4,12 23,19 19,67 8,70 13,85
Classificação SUCS SC CL - - - ML CL SC -
Posição ao Longo do Grampo 0,0m 0,5m 1,0m 1,5m 2,0m 2,5m 3,0m 3,5m 4,0m
Pedregulho Grosso (%) 0,00 0,00 10,17 3,17 41,42 0,00 0,00 0,00 0,00
Pedregulho Médio (%) 0,00 0,00 8,93 6,28 10,13 0,02 0,10 2,55 0,37
Pedregulho Fino (%) 0,00 0,08 11,15 22,50 15,68 1,58 1,17 3,77 1,25
Areia Grossa (%) 5,12 8,97 31,77 40,49 15,00 15,39 11,21 18,00 11,75
Areia Média (%) 26,57 18,31 20,96 16,04 7,44 20,07 18,82 15,73 26,68
Areia Fina (%) 17,55 24,70 6,59 4,51 3,28 13,84 16,66 18,41 25,21
Silte (%) 31,42 27,44 5,10 3,65 3,46 27,94 32,85 27,60 24,56
Argila (%) 19,35 20,51 5,32 3,37 3,58 21,16 19,20 13,96 10,18
Classificação SUCS CL CL - - - CL CL CL -
PROTO SILVA (2005) caracterizou o solo do Museu 2 (Figura 3.7) em dois tipos
distintos: argila arenosa de baixa plasticidade (CL) e areia argilosa (SC).
Figura 3.7 – Perfil de solo encontrado no talude da obra Museu 2 (Foto: PROTO
SILVA, 2005)
64
Os resultados obtidos por esses autores, para os solos encontrados no talude do
Morro do Palácio corroboram as observações realizadas no material in situ, ou seja, os
solos formados pelo intemperismo, a partir de rochas gnáissicas, podem ser
classificados como silte argilo-arenoso e areno-argiloso.
65
Na obra Museu 1, SPRINGER (2006) obteve valor de 19 kPa para a coesão e de 32º
para o ângulo de atrito para corpos, em corpos prova com a umidade natural. Para os
corpos de prova submersos obteve-se coesão nula e 31º para o ângulo de atrito
(Figura 3.8).
180
160 Envoltória solo natural
Tensão Cisalhante (kPa)
Ø = 32°
140
c = 19,0 kPa
120
100
80
60
40 Envoltória solo submerso
Ø = 31°
20 c = 0 kPa
0
0 50 100 225
66
CAPÍTULO 4 – CONDICIONANTES DO TALUDE GRAMPEADO E MODELAGEM 3D
4.1 – INTRODUÇÃO
67
Museu 1 Museu 2
Na região inferior do talude pode ser observada a presença de rocha alterada, onde
foram mapeadas as descontinuidades e retiradas as amostras para o ensaio de
rampa.
68
Na descrição geomecânica, a caracterização do grau de alteração do maciço baseou-
se nas recomendações da ISRM (1981). O maciço mapeado enquadra-se na categoria
rocha totalmente alterada (solo residual), sem identificação de nível freático durante
todo o período de escavação.
69
COPPE/UFRJ - PUC/RIO - SEEL.
LEGENDA LITOLÓGICA:
55
50
SP-03
45
SP-02
40 12º NW
SP-02
35
SP-01
SIMBOLOGIA:
F- 01
20º SP-03
SP-07 Tráfeg o Perm a nente
A
IR
RE
P-3
PE
SP-04
M
Obra
GE
M use
u 01
R
P-4
MA
Merg ulho
AL MIR
NA
SP-01
ANT
E Obr
A
BEN a Mu
RU
JA MIM seu
02 SP-05
SOD Conta to Inferid o Fa lha a proxim a da c om
RÉ P-2
m erg ulho sup osto
F- 02
PRA
IA DA B GEÓLOGO:
OA
VIAG ALEXANDER MAGNO
EM
MAPA GEOLÓGICO-ESTRUTURAL
ESCALA: 1/200
BAÍA DE GUANABARA
COPPE/UFRJ
PUC/RIO
SEEL.
70
Figura 4.3 - Cruzamento de fraturas subverticais com as fraturas suborizontais (Foto
do autor).
Figura 4.4 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F1.
71
50 mm com, uma freqüência de 8 a 10 fraturas por metro e rugosidade classificada
como ondulada rugosa.
O sistema F3 (Figuras 4.6) é definido por fraturas com orientação WNW-ESE, atitude
média de N75oW (direção) e 120SW (mergulho). O espaçamento médio é de 150 mm,
com uma freqüência de 5 fraturas por metro e rugosidade classificada como ondulada
rugosa.
O sistema de fraturas F4 (Figuras 4.7) é muito bem desenvolvido, com planos bem
regulares e espaçamento médio de 80 mm. A orientação destas estruturas é ENE-
WSW e a direção varia em torno de 800 a 870, com mergulho variando entre 80 e 100
para NW e rugosidade classificada como ondulada rugosa.
72
Figura 4.7 – Diagrama de pólos (a) e de rosetas (b) da família de fraturas F4
Figura 4.7 - Entrecruzamento das famílias de faturas das obras Museu 1 e 2 (Foto do
autor).
73
Em algumas descontinuidades foram observadas superfícies com forte oxidação e
paredes planas rugosas. A persistência apresenta uma variação reduzida na encosta,
sendo em geral da ordem de 3 a 10 m. Em alguns poucos casos foi constatada uma
persistência alta de até 20 m. Em termos de abertura, o valor observado foi sempre
menor do que 5 mm, para todas as famílias de descontinuidades. As
descontinuidades, em geral, não se apresentam preenchidas. Quando presente, o
material de preenchimento é localizado e corresponde ao quartzo e calcita.
FALHA 2
FALHA 1
Figura 4.9 – Vista geral da área das obras Museu 1 e Museu 2 (Foto aérea – Escala
1:8.000)
74
Na área das rochas metassedimentares, o cruzamento das fraturas subverticais e
suborizontais com a falha N70ºE favorece a instabilização do terreno na parte mais
alterada do talude. A interseção das duas falhas favorece uma possível ruptura em
cunha do talude na área da obra Museu 2 (Figura 4.10), porém o ângulo de interseção
das falhas é menor que o ângulo de atrito das juntas (35o), indicando a estabilidade
desse setor da obra.
Figura 4.10 – Análise estrutural das falhas mapeadas na obra Museu 02.
75
O basculamento da rampa é realizado por uma talha mecânica, fixada no centro do
pórtico, com capacidade máxima de 10 kN. A inclinação da rampa foi monitorada por
medidores de ângulo com resolução de 0,5º.
76
O procedimento do ensaio de plano inclinado é simples e rápido, consistindo em
acionar manualmente a talha, de forma a promover uma inclinação gradativa do
conjunto até ocorrer o deslizamento da junta.
77
Os ensaios 7, 10 e 13 não foram realizados, devido a danos nas amostras durante o
transporte dos blocos para o laboratório. A análise de todas as amostras ensaiadas
indicam um valor médio para o ângulo de atrito de rampa das juntas de 35,3º. Os
resultados dos ensaios de rampa estão reunidos na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Resultados dos ensaios de rampa em amostras das obras Museu 1 e 2.
78
A Tabela 4.2 apresenta as características das descontinuidades presentes no maciço
rochoso, de acordo com os parâmetros de descrição quantitativa indicados pela ISRM
(1981): atitude, espaçamento, persistência, abertura, presença de material de
preenchimento e rugosidade através do coeficiente de rugosidade da junta JRC, além
das características espaciais das descontinuidades.
Ângulo de
Direção/
Espaçamento Persistência Abertura Atrito de
Descontinuidade* Mergulho JRC
(mm) (m) (mm) Rampa
(graus)
(graus)
Foliação S1 N60E/12NW - - - 35 6-8
Fratura F1 N5W/85ENE 30 7 1,0
44 8-10
Fratura F2 N10E/89ESE 50 8 1,2
Fratura F3 N75W/12SW 150 5 1,3
49 10-12
Fratura F4 N80E/10NW 80 8 5,0
Observação: * As descontinuidades apresentavam-se sem preenchimento e secas
Os ângulos de atrito de rampa, apresentados na Tabela 4.2, foram obtidos a partir dos
resultados de ensaios de rampa realizados em blocos amostrados na área da
pesquisa. Os valores de rugosidade foram obtidos através da análise dos planos de
descontinuidades dos blocos ensaiados, segundo as recomendações de BARTON et
al. (1974). O perfil geométrico das fraturas enquadra-se no tipo ondulada rugosa.
Nas sondagens realizadas na obra Museu 2, apenas os furos SP-05 e SP-06 não
acusaram uma camada superficial de aterro, com espessura média de 0,40m. Nesses
furos, como nos demais, o solo residual é constituído por misturas silto-argilosas ou
argilo-siltosas, às vezes com presença de pedregulhos, de coloração variável, desde o
branco ao marrom escuro. A cota das sondagens é relativa ao nível do mar.
79
Tabela 4.3 – Sondagens na obra Museu 1.
COTA PROFUNDIDADE
SONDAGEM DESCRIÇÃO DO TIPO DE SOLO
(m) (m)
Silte argiloso com areia fina a grossa, poucos pedregulhos, marrom 0,0 a 1,45
SP - 01 43,80
Silte argiloso com areia fina e média, amarela 1,45 a 12,10
Silte muito arenoso, marrom 0,0 a 1,00
Silte muito arenoso de cor variegada 1,0 a 1,25
Areia grossa amarela 1,25 a 4,17
Trecho perfurado com barrilete (corte) 4,17 a 6,35
SP - 02 56,00 Areia siltosa, marrom contendo pedregulhos 6,35 a 7,78
Silte argiloso com areia fina e média de cor variegada 7,78 a 9,23
Areia siltosa, amarela (Trecho perfurado com barrilete) 9,23 a 11,07
Areia siltosa, amarela. 11,07 a 16,08
Silte argiloso com areia fina a grossa, amarela 16,08 a 17,07
Camada superficial com restos vegetais, cinza 0,0 a 1,00
Argila siltosa com areia média e grossa, amarela 1,00 a 1,45
Argila siltosa com areia fina e média, marrom 1,45 a 2,45
Argila siltosa com areia fina a grossa, poucos pedregulhos, marrom 2,45 a 3,45
SP - 03 64,30
Silte argiloso com areia fina e média, marrom 3,45 a 5,45
Silte argiloso com areia fina e média, cor variegada 5,45 a 8,45
Silte argiloso com areia fina e média, vermelha 8,45 a 19,00
Argila siltosa com areia fina e média, marrom 19,00 a 22,0
80
impenetrável à percussão (SP-05), ou profundidades compatíveis com o objetivo das
mesmas.
Os dados das sondagens foram utilizados para a construção dos perfis geológico-
geotécnicos segundo as seções definidas na Figura 4.14.
1 - Escavação
81
COPPE/UFRJ - PUC/RIO - SEEL.
55
50
M1’
SP-03
45
SP-02
40 C’
B’ A’
SP-02
35
SP-01
SIMBOLOGIA:
M1
D’ F- 01
E’ SP-07
SP-03 Tráfeg o Perm a nente
E
A
IR
RE
P-3
PE
SP-04
M
Obra
GE
Mus B
eu 0
AR
P-4 1
M
IR
SP-06
NA
AV. A SP-01
A
LM D
RU
IRAN A
Obr
TE B aM
ENJA useu SP-05
M IM 0 2
SOD C
RÉ P-2
F- 02
PRAI
A DA GEÓLOGO:
BOA
VIAG ALEXANDER MAGNO
EM
PERFIS GEOLÓGICOS-GEOTÉCNICOS
MUSEU 01 E MUSEU 02
ESCALA: 1/200
BAÍA DE GUANABARA
COPPE/UFRJ
PUC/RIO
SEEL.
82
M1 M1’
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
CAMADA VEGETAL
AREIA GROSSA.
SIMBOLOGIA
Cota da Sondagens
Sondagem (m)
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 01 - PERFIL M1 - M1’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
83
A A`
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
ATERRO
SIMBOLOGIA
Cota da Sondagens
Sondagem (m)
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL AA’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
84
B B`
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
ATERRO
SIMBOLOGIA
Cota da Sondagens
Sondagem (m)
Falha
Nível Original
do Terreno
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL BB’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
85
C C`
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
ATERRO
SIMBOLOGIA
Cota da Sondagens
Sondagem (m)
Falha
Nível Original
do Terreno
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL CC’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
86
D D`
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
SIMBOLOGIA
Cota da
Sondagem (m) Sondagens
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL DD’
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
87
E E`
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
ATERRO
SIMBOLOGIA
Cota da Sondagens
Sondagem (m)
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
PERFIL GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
MUSEU 02 - PERFIL EE`
ESCALA HORIZONTAL: 1/100
ESCALA VERTICAL: 1/125
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
88
A execução dos furos para a instalação dos grampos é acompanhada pelo sondador
que descreve qualitativamente os materiais perfurados em função da profundidade. A
descrição de cada furo é registrada no boletim de perfuração da obra.
89
Talude 1
Talude 2
Talude 3
Talude 4
90
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA:
SIMBOLOGIA:
Foliação Vertical/
Mergulho
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
91 COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
91
N FACE C COPPE - UFRJ
PUC-RIO
COLUNA A INSTRUMENTADA SEEL.
Grampo C 07 (24,00 m ) 53,00 m
Cota 52,00 m MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
Gram po C 37 (21,00 m )
Cota 48,00 m
LEGENDA:
Gra m po C 67 (21,00 m )
Cota 44,00 m
39,00 m
FACE C
53,00 m COLUNA B INSTRUMENTADA SIMBOLOGIA:
Gram po C 09 (24,00 m )
Cota 52,00 m
Grampos
Grampo C 39 (21,00 m )
Cota 48,00 m
Foliação / Mergulho
Grampo C 69 (21,00 m )
Cota 44,00 m
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
39,00 m
92
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA:
C 112 C 114
C 157 C 159
M1-16/17
M1-15 M1-18
10º NW
M1-19
39.00 m
37.90 m M1-20 SIMBOLOGIA:
M1-15 M1-18
33.35 m Cota (m)
M1-16/17
M1-19 M1-20
29.00 m
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
93
COPPE - UFRJ
N PUC-RIO
FACE G SEEL.
39.00 m
COLUNA A INSTRUMENTADA MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ
Gra m po C 112 (G07/18,00 m )
Cota - 38,00 m
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA:
29,00 m
FACE G SIMBOLOGIA:
COLUNA B INSTRUMENTADA
39,00 m
Grampos
Gra m po C 114 (G 09/18,00 m )
Cota - 38,00 m
Foliação / Mergulho
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
29,00 m
94
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA:
Gr M-24
Gr M-25
12º NW
Gr 35B
42,00 m Gr 35C
SIMBOLOGIA:
Foliação Vertical/
Mergulho
38,50 m
35,96 m
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
95
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
N
AR 01-I
AR 01-NI
12º NW
36,00 m
34,50 m
SIMBOLOGIA:
AR 01 AR 01
Instrumentado Não Instrumentado
Foliação Vertical/
Mergulho
28,96 m
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
96
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
12º NW
27,00 m
SIMBOLOGIA:
27,65 m
Foliação Vertical/
AR 02 AR 02 Mergulho
Instrumentado Não Instrumentado
21,96 m
AR 03 AR 03
20,46 m Instrumentado Não Instrumentado
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
97
AR 04 I AR 04 NI PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
LEGENDA LITOLÓGICA:
12º NW
21,00 m
SIMBOLOGIA:
17,50 m AR 04
INSTRUMENTADO
Foliação Vertical/
Mergulho
AR 04
NÃO INSTRUMENTADO
11,25 m
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
COPPE - UFRJ
PUC/RJ
SEEL.
98
COPPE - UFRJ
PUC-RIO
SEEL.
N
MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ
PROJETO:
MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
42,00 m
LEGENDA LITOLÓGICA:
Grampo AR 01 - α = 11º
Cota 34,50 m
SIMBOLOGIA:
G ra m p os
Fo lia çã o / Me rgulho
Grampo AR 02 - α = 11º SIMBOLOGIA:
Cota 27,65 m
Grampo AR 03 - α = 11º
Conta to De finid o Tra ç o d e Fa lha
Cota 21,96 m
Grampo AR 04 - α = 11º
Cota 17,50 m
GEÓLOGO
ALEXANDER MAGNO
11,25 m
99
COPPE - UFRJ
PUC-RIO
SEEL.
N
MORRO DO PALÁCIO - PRAIA DA BOA VIAGEM
NITERÓI - RJ
PROJETO:
42,00 m
LEGENDA LITOLÓGICA:
Grampo AR 01 - α = 11º
Cota 34,50 m
SIMBOLOGIA:
Grampo AR 02 - α = 11º
Cota 27,65 m
Co ntato Definido
Grampo AR 03 - α = 11º
Cota 21,96 m
FIGURA:
Grampo AR 04 - α = 11º
Cota17,50 m
GEÓLOGO
11,25 m
ALEXANDER MAGNO
100
Os perfis geológico-geotécnicos tridimensionais da obra Museu 1, apresentam na face
superior (Face C) um solo mais homogêno, caracterizado por material areno-argiloso,
representativo de um solo residual maduro, passando gradativamente, na face inferior
(Face G), para um perfil de solo caracterizado por material silto-argilo-arenoso
representativo de um solo residual jovem
101
Figura 4.33 – Montagem do ensaio de arrancamento dos grampos (Foto do autor)
Todas as perfurações para a instalação dos grampos foram realizadas com uma
sonda rotativa e com fluxo de ar comprimido. Durante a sondagem, foram identificadas
as litologias presentes, que foram posteriormente confirmadas com a exumação de
alguns grampos.
102
nítido aumento da resistência ao arrancamento quando o ensaio AR 01, em argila
arenosa, foi comparado com os ensaios em areia argilosa (Tabela 4.7).
Tabela 4.6 - Resumo dos resultados de ensaios de arrancamento nas obras Museu 01
e Museu 02 (SPRINGER, 2005).
103
Na Tabela 4.7, nota-se que o grampo não instrumentado AR01 não atingiu a ruptura.
Durante a execução da obra, foi detectado um grande nicho de cupins no solo, na
zona do ensaio não instrumentado. Por recomendações dos projetistas, foi injetada
nata de cimento em toda esta zona afetada, para preenchimento dos vazios. Essa
injeção gerou uma zona de alta resistência na região deste ensaio, explicando o
porquê de não se atingir a ruptura do grampo.
104
140
120
Carga no grampo (kN)
100
80
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Comprimento dos grampos (m)
Figura 4.34 - Curvas típicas de distribuição de carga ao longo do comprimento do
grampo (PROTO SILVA, 2005).
120
100
80 P11
Carga (kN)
P12
60 P13
P14
P15
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Deslocamento do Extensômetro (mm)
105
A bateria 1 foi realizada em um perfil de alteração muito similar ao dos ensaios
realizados por PROTO SILVA (2005) na mesma obra (Figura 4.36). O ensaio P 14 foi
realizado no contato entre o solo residual maduro (menor resistência) e o solo residual
jovem (maior resistência). Este ensaio confirmou a diferença dos valores de
resistência ao arrancamento entre os materiais, provocada pelo nível de alteração do
material.
A bateria 2 foi realizada em outro setor da obra Museu 2, na área formada pelo
encontro dos dois sistemas de falhas. Esta bateria foi, portanto realizada numa área
que apresenta uma grande heterogeneidade de materiais. Esses materiais foram
caracterizados como saprolito ou rocha muito alterada, apresentando todas as
relíquias da rocha original, além dos contatos entre os diferentes tipos litológicos. Os
diferentes níveis de alteração ao longo do comprimento do grampo, foram constatados
após a exumação dos mesmos.
160
140
120
100 P21
Carga (kN)
P22
80 P23
P24
60 P25
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Deslocamento do Extensômetro (mm)
106
Tabela 4.8 - Resumo dos resultados dos ensaios de arrancamento na obra Museu 02
(MAGALHÃES, 2005).
107
Tabela 4.9 – Perfil de intemperismo proposto para a área das obras Museu 1 e Museu
2
Solo Superficial
Solo Maduro
Solo Saprolítico
Rocha Alterada
Sem Informação
Rocha Sã
disponível
108
Alguns grampos de polipropileno ensaiados por MAGALHÃES (2005) também foram
cuidadosamente exumados, com o objetivo de se verificar as características dos
grampos e solos circundantes. A Tabela 4.10 ilustra os 5 grampos exumados e
identificam os solos circundantes a cada um deles.
Grampo P21
Grampo P22
Grampo P 23
109
Tabela 4.10 (continuação) – Exumação dos Grampos de Polipropileno na Obra Museu
2 (Fotos do autor).
0,0 - 1,0 m 1,0 - 2,0 m 2,0 - 3,0 m 3,0 - 4,0 m
Grampo P24
Grampo P25
Nas estruturas reliqueares das rochas não foram observadas cavidades na matriz da
rocha durante a pressão de injeção/re-injeção. Os grampos exumados exibiram
camada fina de solo agregada ao longo do perímetro. Esta camada corresponde ao
solo circundante, representando com fidelidade os diversos tipos de material
encontrados ao longo do comprimento do grampo.
110
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1 – CONCLUSÕES
Em relação ao mapeamento:
2. Descontinuidades identificadas:
111
3. JRC = 6 a 8, espaçamento de 30 a 150 mm, persistência de 5 a 8 fraturas por
metro e abertura de 1 a 5 mm (ISRM, 1981);
4. Com isso pode-se afirmar que quanto menor o grau de alteração do material,
maior a resistência ao arrancamento do grampo;
5.2 – SUGESTÕES
112
Estas questões estão neste item sugeridas sob a forma de novas pesquisas a serem
realizadas no futuro. São elas:
113
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