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Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal

PJe - Processo Judicial Eletrônico

31/10/2018

Número: 0602949-17.2018.6.07.0000
Classe: APURAÇÃO DE ELEIÇÃO
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Relatoria Desembargador DANIEL PAES RIBEIRO
Última distribuição : 02/10/2018
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Apuração/Totalização de Votos
Objeto do processo: Comissão apuradora das Eleições Gerais de 2018
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL
(INTERESSADO)
Dr Gutemberg (TERCEIRO INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
PARTIDO DA REPUBLICA NO DISTRITO FEDERAL - PR/DF PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
(TERCEIRO INTERESSADO) VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
JOSE CLAUDIO BONINA (TERCEIRO INTERESSADO) VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
mobilizar pra mudar 33-PMN / 36-PTC (TERCEIRO VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
WELLINGTON LUIZ DE SOUZA SILVA (TERCEIRO VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO - PMDB-DF VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
(TERCEIRO INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
LUSIMAR TORRES ARRUDA (TERCEIRO INTERESSADO) VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
LAERTE RODRIGUES DE BESSA (TERCEIRO VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
MARCOS PACCO RIBEIRO COELHO (TERCEIRO VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
LUZIA DE LOURDES MOREIRA DE PAULA (TERCEIRO VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
RODRIGO FRANCELINO ALVES (TERCEIRO VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
SUSTENTABILIDADE E TRABALHO 12-PDT / 43-PV VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
(TERCEIRO INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
ANDERSON MEDINA BORGES (TERCEIRO INTERESSADO) VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
UNIDOS PELO DF 1 10-PRB / 19-PODE / 23-PPS / 77- VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
SOLIDARIEDADE / 20-PSC / 55-PSD (TERCEIRO PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
INTERESSADO)
PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO - DIRETORIO VINICIUS PRADINES COELHO RIBEIRO (ADVOGADO)
REGIONAL NO DF (TERCEIRO INTERESSADO) PAULO GOYAZ ALVES DA SILVA (ADVOGADO)
Ministério Público Eleitoral DF (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
14813 31/10/2018 18:11 Parecer da Procuradoria Parecer da Procuradoria
4
Ministério Público Federal
Procuradoria Regional Eleitoral no Distrito Federal

Parecer nº 495/2018/JJGP/PRE/DF
Apuração Eleitoral nº: 0602949-17.2018.6.07.0000
Reclamantes : Marcos Gutemberg Filho e outros
Relator(a) : Desembargador Eleitoral Daniel Paes Ribeiro

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Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal,

1. Trata-se de reclamações contra o Relatório Geral de Apuração das


Eleições Gerais de 2018 no Distrito Federal apresentadas por Marcos Gutemberg Fialho,
Partido da República, José Cláudio Bonina, Lusimar Torres Arruda, Coligação Mobilizar Para
Mudar – PMN/PTC, Wellington Luiz de Souza Silva, Movimento Democrático Brasileiro,
Luzia de Lourdes Moreira de Paula, Partido Socialista Brasileiro (id. 95784), Laerte
Rodrigues de Bessa, Coligação União e Força – PSDB/PR/DEM, Marcos Pacco Ribeiro
Coelho, Partido Podemos (id. 95800).
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Em preliminar, os reclamantes/candidatos aduzem sua legitimidade, afirmando que,


embora os partidos políticos e coligações tivessem logrado obter quociente partidário, não foram
eleitos. Nesse particular, afirmam seu interesse em preservar o mandato eletivo e asseveram a
inconstitucionalidade do § 1º do art. 200 do Código Eleitoral que limita a partidos políticos a
legitimação para apresentar reclamações à apuração eleitoral, por violação ao disposto no art.
5º, incs. XXXIV, alínea a (direito de petição), e XXXV (princípio da inafastabilidade da jurisdição),
da Constituição.
Após suscitar também a inconstitucionalidade do § 2º do art. 109 do Código Eleitoral
e do art. 10 da Resolução TSE n. 23.554/2017, com a redação conferida pelo art. 3º da Lei n.
13.488/2017, os reclamantes argumentam que a distribuição dos lugares não preenchidos do

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sistema eleitoral proporcional não deve contemplar os partidos políticos/coligações que não
obtiveram quociente eleitoral.
Asseveram ainda que, na referida distribuição, não foi observada a decisão liminar
proferida na ADI 5420 pelo Excelso Pretório.
Há também Reclamação apresentada por Rodrigo Francelino Alves, Partido Verde,
Coligação Sustentabilidade e Trabalho – PDT/PV (id. 95825) em que sustentam (i) a

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legitimidade para a reclamação e (ii) a inconstitucionalidade das Leis n. 13.165/2015 e
13.488/2017 que alteraram a sistemática de distribuição de vagas da representação
proporcional regida pelo Código Eleitoral, matéria essa que seria reservada à lei complementar,
de sorte que somente os candidatos mais votados deveriam ser declarados eleitos.
Há, por fim, Reclamação ajuizada por Anderson Medina Borges (id. 95828), que
repisa os fundamentos da primeira (id. 95784).
O Partido Novo requereu seu ingresso no feito na qualidade de amicus curiae (id.
98203), ao que os reclamantes defenderam o indeferimento do pedido (id. 103136).
Informação da Coordenadora de Partidos Políticos e Gestão da Informação dessa c.
Corte Regional Eleitoral apresenta conferência dos cálculos do sistema eleitoral proporcional
que definiram os candidatos eleitos aos cargos de deputado federal e deputado distrital,
esclarecendo que tais cálculos são realizados pelo Sistema de Totalização desenvolvido pelo
eg. TSE (id. 117785 e 133084).
Os autos foram encaminhados a esta Procuradoria Regional Eleitoral para parecer.
É o breve relatório.

2. Em preliminar, cumpre observar que somente partidos políticos e coligações


detém legitimidade para a propositura de reclamação em face do relatório de apuração eleitoral,
consoante disposto no art. 200, § 1º, do Código Eleitoral c.c. art. 225, § 1º, da Resolução TSE n.
23.554/2017.
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A norma em comento visa conferir celeridade e racionalidade ao procedimento de


apuração eleitoral, não se vislumbrando, por isso, incompatibilidade com o texto constitucional,
na medida em que os entes partidários canalizam os interesses de seus filiados, disputantes a
cargo público-eletivo, no que pertine à correção do resultado do pleito e, pois, ao acesso
legítimo ao poder.
Por tal razão, os reclamantes Marcos Gutemberg Filho, José Cláudio Bonina,
Lusimar Torres Arruda, Wellington Luiz de Souza Silva, Luzia de Lourdes Moreira de Paula,
Laerte Rodrigues de Bessa, Marcos Pacco Ribeiro Coelho, Rodrigo Francelino Alves e Anderson
Medina Borges devem ser excluídos do polo ativo da vertente relação processual.
2.1. Deve ser observado também que, durante o processo eleitoral (que se encerra

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com a diplomação dos eleitos), partidos políticos que celebrarem coligação não possuem
legitimidade para atuação isolada, salvo quando questionar a validade desses organismos
temporários, ex vi do art. 6º, § 4º, da Lei n. 9.504/97.
Resta inviabilizada, portanto, a reclamação singular ao resultado da apuração
eleitoral por partidos políticos coligados, por faltar-lhes a necessária legitimação processual
ativa (TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 15060, Acórdão de, Relator(a) Min. Néri da Silveira,

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Publicação: DJ – Diário de justiça, Data 29/08/1997, Página 40312).
Justifica-se, assim, a exclusão do feito das entidades Partido Verde e Partido
Podemos, que, nas eleições para o cargo de deputado distrital, reuniram-se nas coligações
Sustentabilidade e Trabalho – PDT/PV e Unidos Pelo DF 1 –
PRB/PODE/PPS/Solidariedade/PSC/PSD.
3. No que pertine ao ingresso no feito pelo Partido Novo na qualidade de amicus
curiae, importa considerar que o art. 5º da Resolução TSE n. 23.478/2016 veda categoricamente
a aplicação do instituto aos feitos eleitorais. Em igual sentido, vide:

QUESTÃO DE ORDEM. PETIÇÃO. PARTIDOS POLÍTICOS. DEPUTADO


FEDERAL INTEGRANTE DA COMISSÃO DE IMPEACHMENT DA CÂMARA DE
DEPUTADOS. AMICUS CURIAE. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO
ELETIVO. PRETENSÃO DE VELAR PELA LISURA DO PROCESSO
DEMOCRÁTICO E DE AMPLIAR O DEBATE DA MATÉRIA. OBJETIVO
COMUM A TODAS AS LEGENDAS, POR FORÇA DE LEI, BEM COMO DOS
DEMAIS DEPUTADOS FEDERAIS INTEGRANTES DA COMISSÃO POLÍTICA
DA CÂMARA DE DEPUTADOS. EXTRAORDINARIEDADE DA INTERVENÇÃO
E CELERIDADE PROCESSUAL COMPROMETIDAS. INDEFERIMENTO.
(Petição nº 12333, Acórdão, Relator(a) Min. Maria Thereza de Assis Moura,
Publicação: DJE – Diário de justiça eletrônico, Tomo 107, Data 06/06/2016,
Página 15)

[...]
AGRAVO REGIMENTAL. PEDIDO DE INTERVENÇÃO. AMICUS CURIAE.
INDEFERIMENTO.
1. A intervenção de terceiros deve se dar, em caráter excepcional, com

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observância das regras que disciplinam a matéria, a fim de não prolongar a


demanda. Hipótese em que se mostra inviável a admissão do requerente, na
condição de amicus curiae, porquanto não se fizeram presentes as
circunstâncias que autorizam o pedido.
2. Agravo regimental interposto por Francisco Rocha Pires Filho desprovido.
(Agravo de Instrumento nº 41223, Acórdão, Relator(a) Min. Maria Thereza de
Assis Moura, Publicação: DJE – Diário de justiça eletrônico, Tomo 196, Data
15/10/2015, Página 89)

Por isso, pugna-se pela inadmissão, no feito, do Partido Novo na figura do amicus
curiae.
4. Cumpre esclarecer que a Lei n. 4.737/1965, que instituiu o Código Eleitoral, foi
recepcionada pela vigente ordem constitucional como lei complementar apenas e tão somente

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naquilo que dispuser acerca da organização e competência da Justiça Eleitoral, ante o disposto
no art. 121 da Constituição, a ver:

DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. MANDADO DE SEGURANÇA


IMPETRADO PELO PARTIDO DOS DEMOCRATAS – DEM CONTRA ATO DO
PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. NATUREZA JURÍDICA E
EFEITOS DA DECISÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL – TSE NA
CONSULTA N. 1.398/2007. NATUREZA E TITULARIDADE DO MANDATO

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LEGISLATIVO. OS PARTIDOS POLÍTICOS E OS ELEITOS NO SISTEMA
REPRESENTATIVO PROPORCIONAL. FIDELIDADE PARTIDÁRIA. EFEITOS
DA DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA PELO ELEITO: PERDA DO DIREITO DE
CONTINUAR A EXERCER O MANDATO ELETIVO. DISTINÇÃO ENTRE
SANÇÃO POR ILÍCITO E SACRIFÍCIO DO DIREITO POR PRÁTICA LÍCITA E
JURIDICAMENTE CONSEQÜENTE. IMPERTINÊNCIA DA INVOCAÇÃO DO
ART. 55 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DIREITO DO IMPETRANTE DE
MANTER O NÚMERO DE CADEIRAS OBTIDAS NA CÂMARA DOS
DEPUTADOS NAS ELEIÇÕES. DIREITO À AMPLA DEFESA DO
PARLAMENTAR QUE SE DESFILIE DO PARTIDO POLÍTICO. PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA JURÍDICA E MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA MUDANÇA DE
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL: MARCO TEMPORAL FIXADO EM
27.3.2007. MANDADO DE SEGURANÇA CONHECIDO E PARCIALMENTE
CONCEDIDO.
[...]
4. O Código Eleitoral, recepcionado como lei material complementar na
parte que disciplina a organização e a competência da Justiça Eleitoral
(art. 121 da Constituição de 1988), estabelece, no inciso XII do art. 23, entre
as competências privativas do Tribunal Superior Eleitoral – TSE “responder,
sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade
com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político”. A expressão
“matéria eleitoral” garante ao TSE a titularidade da competência para se
manifestar em todas as consultas que tenham como fundamento matéria
eleitoral, independente do instrumento normativo no qual esteja incluído.
[...]
(MS 26604, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em
04/10/2007, DJe-187 DIVULG 02-10-2008 PUBLIC 03-10-2008 EMENT VOL-
02335-02 PP-00135 RTJ VOL-00206-02 PP-00626)

De sorte que todas as demais disposições do Código Eleitoral, isto é, aquelas que
sobrepujam a organicidade e competência dessa Justiça Especializada (por exemplo, o
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alistamento, as eleições e sistemas eleitorais, os atos preparatórios, os recursos e crimes


eleitorais etc.) podem ser objeto do processo legislativo ordinário.
Portanto, deve ser rejeitada a arguição de inconstitucionalidade das Leis n.
13.165/2015 e 13.488/2017, no que alteraram o regime jurídico da representação eleitoral
proporcional, disciplinada pelo art. 105 e seguintes do Código Eleitoral, suscitada pela Coligação
Sustentabilidade e Trabalho (id. 95825).
5. Acerca da arguição incidental de inconstitucionalidade do art. 3º da Lei
13.488/2017, que deu nova redação ao § 2º do art. 109 do Código Eleitoral para autorizar a
participação de todos os partidos políticos e coligações na distribuição dos lugares não
preenchidos do sistema proporcional, cumpre observar que o Diretório Nacional do Partido

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Democratas ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade, tombada com o n. 5947, perante o
Excelso Pretório para a mesma finalidade.
O pedido de medida cautelar não fora apreciado, aplicando-se ali o disposto no art.
12 da Lei n. 9.868/1999. De sorte que o comando normativo é plenamente eficaz nas eleições
do ano em curso.
Mas ainda que tivesse sido suspensa a vigência do dispositivo legal ou, nesses

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autos, declarada incidentalmente sua inconstitucionalidade, importa reconhecer que dessa
decisão emanariam efeitos concretos somente a partir do próximo pleito, por se tratar de regra
conformadora do processo eleitoral. É o que informam o princípio da segurança jurídica e a
regra da anualidade eleitoral (CF, art. 16). Senão, vejamos a jurisprudência da c. Suprema
Corte, in verbis:
[...]
MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA ELEITORAL. SEGURANÇA
JURÍDICA. ANTERIORIDADE ELEITORAL. NECESSIDADE DE AJUSTE DOS
EFEITOS DA DECISÃO.
Mudanças radicais na interpretação da Constituição devem ser acompanhadas
da devida e cuidadosa reflexão sobre suas consequências, tendo em vista o
postulado da segurança jurídica. Não só a Corte Constitucional, mas também o
Tribunal que exerce o papel de órgão de cúpula da Justiça Eleitoral devem
adotar tais cautelas por ocasião das chamadas viragens jurisprudenciais na
interpretação dos preceitos constitucionais que dizem respeito aos direitos
políticos e ao processo eleitoral. Não se pode deixar de considerar o peculiar
caráter normativo dos atos judiciais emanados do Tribunal Superior Eleitoral,
que regem todo o processo eleitoral. Mudanças na jurisprudência eleitoral,
portanto, têm efeitos normativos diretos sobre os pleitos eleitorais, com sérias
repercussões sobre os direitos fundamentais dos cidadãos (eleitores e
candidatos) e partidos políticos.
No âmbito eleitoral, a segurança jurídica assume a sua face de princípio da
confiança para proteger a estabilização das expectativas de todos aqueles que
de alguma forma participam dos prélios eleitorais. A importância fundamental do
princípio da segurança jurídica para o regular transcurso dos processos
eleitorais está plasmada no princípio da anterioridade eleitoral positivado no art.
16 da Constituição.
O Supremo Tribunal Federal fixou a interpretação desse artigo 16, entendendo-o
como uma garantia constitucional (1) do devido processo legal eleitoral, (2) da
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igualdade de chances e (3) das minorias (RE 633.703).


Em razão do caráter especialmente peculiar dos atos judiciais emanados do
Tribunal Superior Eleitoral, os quais regem normativamente todo o processo
eleitoral, é razoável concluir que a Constituição também alberga uma norma,
ainda que implícita, que traduz o postulado da segurança jurídica como princípio
da anterioridade ou anualidade em relação à alteração da jurisprudência do
TSE.
Assim, as decisões do Tribunal Superior Eleitoral que, no curso do pleito
eleitoral (ou logo após o seu encerramento), impliquem mudança de
jurisprudência (e dessa forma repercutam sobre a segurança jurídica), não
têm aplicabilidade imediata ao caso concreto e somente terão eficácia
sobre outros casos no pleito eleitoral posterior.
[...]
(RE 637485, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
01/08/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO
DJe-095 DIVULG 20-05-2013 PUBLIC 21-05-2013)

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5.1. Por outro lado, concessa maxima venia, tem-se que não viola a Constituição a
norma que autoriza a participação de todos os partidos políticos e coligações na distribuição dos
chamados restos eleitorais ou lugares não preenchidos do sistema proporcional, mesmo
aqueles que não obtiveram quociente eleitoral.
Bem ao contrário, aludida regra reforça a democracia, incrementa a

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representatividade do eleito e promove a pluralidade na efetiva participação no poder político-
estatal.
Deveras, em essência, o sistema eleitoral proporcional visa a conferir
representatividade democrática aos diversos pensamentos e tendências existentes no meio
social, distribuindo as vagas existentes no Parlamento entre os variados grupos e associações
partidárias, tornando equitativo o acesso ao poder político.
E atende a esse ideal a permissão para que todos os entes partidários disputem a
distribuição dos restos eleitorais ou vagas não preenchidas, tenham ou não ultrapassado o
quociente eleitoral, porquanto viabiliza a mais ampla participação política dos cidadãos por meio
de representantes que, malgrado componham os quadros de partidos políticos de menor
densidade, tenham auferido votação nominal expressiva.
Assim, o critério de divisão dos restos eleitorais adotado pela Lei n. 13.488/2017 é
justo e democrático, porquanto amplia a representação parlamentar e promove acesso
igualitário de grupos minoritários no processo político decisório, conferindo substanciação, pois,
ao princípio do pluralismo político insculpido no art. 1º, V, da Constituição.
Não há que se falar também em ofensa ao sistema de representação proporcional
previsto no art. 45 da Lei Maior, que não se ocupou de disciplinar as eleições proporcionais,
conforme bem esclareceu o Ínclito Ministro Carlos Velloso no RE 140.386 (DJ 20/04/2001), a
ver:

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Número do documento: 18103118111245700000000145225
Ministério Público Federal
Procuradoria Regional Eleitoral no Distrito Federal

[…] Abrindo o debate, esclareça-se que a Constituição estabelece que a eleição


dos representantes do povo, na Câmara dos Deputados, faz-se pelo sistema
proporcional (C.F., art. 45). Para o Senado Federal, a eleição far-se-á pelo
sistema majoritário (C.F., art. 46). Para o Poder Executivo – Presidente e Vice-
Presidente da República – a eleição obedecerá, também, o princípio majoritário,
observando-se, entretanto, a maioria absoluta de votos, não computados os em
branco e os nulos, realizando-se, se necessário, nova eleição, num segundo
turno (C.F., art. 77, §§). Quer dizer, a Constituição Federal distinguiu os dois
princípios, o proporcional e o majoritário.
No que toca às eleições proporcionais, a Constituição não adiantou regras. Isto
quer dizer que deixou por conta da lei discipliná-las. Não tenho dúvida em
afirmar, portanto, que as normas postas no Código Eleitoral, que disciplinam e
regulamentam o princípio proporcional, foram recepcionadas pela Constituição,
a começar pelo artigo 84, que estabelece que “a eleição para a Câmara dos
Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara Municipais obedecerá ao
princípio da representação proporcional, na forma desta lei”. […]

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Distinguindo a Constituição os princípios proporcional e majoritário, e, quanto ao
primeiro, não tendo adiantado princípios ou regras, recepcionou a Constituição
as normas insertas na lei ordinária que o disciplinam. [...]

Portanto, por promover o equilíbrio entre o resultado das urnas e a representação


democrática, ideia motriz do sistema eleitoral proporcional, a arguição incidental de
inconstitucionalidade do art. 3º da Lei n. 13.488/2017 deve ser igualmente rejeitada.

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6. No mérito, cumpre observar que os cálculos realizados pelo Sistema de
Totalização desenvolvido pelo eg. TSE para a distribuição das cadeiras da Câmara dos
Deputados e na Câmara Legislativa do Distrito Federal atenderam ao disposto nos arts. 108 e
109 do Código Eleitoral, reproduzido pelo art. 7º e seguintes da Resolução TSE n. 23.554/2017,
conforme informes da Sra. Coordenadora de Partidos Políticos e Gestão da Informação desta c.
Corte Regional Eleitoral nas certidões id. 117785 e 133084.
Por esses informes resulta clara a participação de todos os partidos políticos na
divisão dos restos eleitorais no sistema de médias previsto no art. 109, § 2º do Código Eleitoral.
Verifica-se também o efetivo cumprimento da decisão liminar proferida pelo d.
Ministro Relator da ADI 5420/DF, na medida em que houve real distribuição das vagas
remanescentes entre todos os partidos políticos e coligações, e não somente para a agremiação
que, no primeiro cálculo da sobra, obteve a maior média, distorção essa que se pretendia
expungir.
Portanto, atendidas as disposições constitucionais e legais, encontra-se regular o
relatório de apuração das eleições.

7. Ante o exposto, esta Procuradoria Regional Eleitoral em preliminar, pugna pela


exclusão do polo ativo deste processo: i) dos candidatos Marcos Gutemberg Filho, José Cláudio
Bonina, Lusimar Torres Arruda, Wellington Luiz de Souza Silva, Luzia de Lourdes Moreira de
Paula, Laerte Rodrigues de Bessa, Marcos Pacco Ribeiro Coelho, Rodrigo Francelino Alves e

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Procurador Regional da República – Processo: 0602949-17.2018.6.07.0000
Procuradoria Regional da República – 1ª Região – www.prr1.mpf.mp.br
SAS quadra 05 bloco E lote 08 – Brasília/DF – CEP 70.070-911
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Ministério Público Federal
Procuradoria Regional Eleitoral no Distrito Federal

Anderson Medina Borges; ii) dos Partido Verde e Partido Podemos.


Ainda em preliminar, pugna pelo indeferimento do ingresso do Partido Novo como
amicus curiae.
No mérito, manifesta-se pela improcedência das reclamações apresentadas e pela
aprovação do relatório da Comissão Apuradora desse eg. TRE/DF, nos termos do art. 200, §
2º, do Código Eleitoral.

Brasília, 31 de outubro de 2018.

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José Jairo Gomes
Procurador Regional Eleitoral

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