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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como escopo analisar o Imposto sobre


Grandes Fortunas previsto no artigo 153, inciso VII, da Constituição Federal, a fim
de ponderar sua (in) viabilidade na ordem jurídica nacional contemporânea. O IGF
(Imposto sobre Grandes Fortunas) é de competência da União, que pode instituí-lo
por meio de lei complementar, entretanto, até o momento ainda não houve a
publicação de lei que o regulamentasse.
Além disso, é imprescindível examinar as consequências positivas e
negativas da ausência de instituição do tributo, bem como os posicionamentos
doutrinários e seus fundamentos que sugerem a instituição ou não do imposto.
Do mesmo modo, será feita uma análise do instituto do Imposto sobre
Grandes Fortunas, conceituando-o, indicando sua origem e destacando os princípios
básicos do direito tributário que podem ser aplicados ao caso.
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2 IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS

2.1 CONCEITO

O Imposto sobre Grandes Fortunas é de competência privativa da


União, porém, ainda não foi regulamentado, tendo em vista que o conceito de
grande fortuna provoca inúmeras discussões doutrinárias, sendo um conceito
subjetivo porque pode ter dimensões diferentes para cada um que o analisa, levando
em consideração a sua condição financeira.
Insta ressaltar o Projeto de Lei Complementar n. 277/2008, o qual
definiu como grande fortuna o patrimônio com valor superior a R$ 2.000.000,00 (dois
milhões de reais) provocando imensa discussão na Assembleia Nacional
Constituinte. Pois, para alguns constituintes a regulamentação desse imposto
atingirá os meios de produção, refletindo de forma indireta na classe média e baixa.
Assim, diante das incontáveis controvérsias até o presente momento
não foi definido o conceito de grande fortuna. Alguns doutrinadores afirmam que
somente não houve essa definição em razão das influências dos afortunados em
face dos políticos, outros sustentam que a ausência de definição decorre dos
possíveis reflexos às classes mais desfavorecidas, também há aqueles que
defendem que a regulamentação do IGF poderá incentivar de forma positiva no
sistema nacional financeiro.

2.2 PRINCÍPIOS RELEVANTES

Preliminarmente, é relevante destacar o princípio da capacidade


contributiva que institui o tributo conforme a possibilidade contributiva de cada
contribuinte, com previsão no art. 145, § 1º, da Constituição Federal. O principal
objetivo desse princípio é a equidade na tributação, sendo que a maior tributação
deve recair sobre aqueles que têm capacidade contributiva elevada. Segundo o
professor Roland Hamilton Marquardt Neto “trata-se de forma igual os iguais e de
forma desigual os desiguais”.
O Imposto sobre Grandes Fortunas é um imposto pessoal que
consagra o princípio da capacidade contributiva, pois recai somente sobre aqueles
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que têm uma situação econômica abastada, alguns doutrinadores chamam a


regulamentação desse tributo de “justiça social”.
Também se aplica ao Imposto sobre Grandes Fortunas o princípio da
anterioridade, o qual é uma limitação ao tributo prevista no art. 150, inciso II, alínea
“b”, da Constituição Federal. Por esse princípio, em regra, o tributo somente pode
ser cobrado no exercício seguinte após sua majoração ou criação, protege o
contribuinte para que ele possa hipoteticamente organizar seu orçamento.
Desse modo, eventual instituição de Imposto sobre Grandes Fortunas
deverá respeitar o princípio da anterioridade, ou seja, será instituído em um
exercício financeiro e cobrado no subsequente.

2.3 POSICIONAMENTOS FAVORÁVEIS À INSTITUIÇÃO DO TRIBUTO

O Imposto sobre Grandes Fortunas vem sendo objeto de debate e


controvérsia doutrinária a respeito de sua regulamentação, gerando dúvidas quanto
sua finalidade e o real alcance social do referido tributo.
A posição favorável à edificação do tributo parte do princípio afirmativo
de que o presente imposto foi criado objetivando a diminuição da desigualdade
social revertendo a arrecadação dos que mais embolsam, em beneficio de medidas
que contribuam para um melhor e mais rápido desenvolvimento da sociedade, sendo
forma de amenizar uma concentração excessiva de renda nas mãos de poucos.
Um grande ponto de conflito quanto ao estabelecimento do tributo é
sua questão política, porém, seus defensores logo ressaltam a falta de interesse
político em sua regulamentação, e mais, os parlamentares, com subsídios de
elevado valor seriam automaticamente tributados pelo Imposto sobre Grandes
Fortunas, não havendo desse modo, impedimentos políticos.
Segundo Amir Khair, o tributo deve atrair mais capital para o Estado
com a descentralização monetária que pode gerar, aumentando a oferta e demanda
de produtos e serviços pela população em geral, seria uma forma de gerar maior
equilíbrio tributário, aliviando a tributação, mas mantendo a arrecadação pública.
Defende ainda, que o imposto poderia ser cobrado de forma
progressiva, com nível mínimo de isenção e com alíquotas menores sobre o valor
declarado no próprio Imposto de Renda, que exceda ao valor de isenção.
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Conforme estatísticas atualizadas em 2017, o Brasil é um dos países


com a pior distribuição de renda do mundo, onde 1% da população brasileira detém
28% da renda total do país, sendo maior até do que a média mundial.
Somando-se a isso, a crise econômica vivida pelo país desde 2014, e a
crise hídrica que assombra 917 municípios nacionais em 2018, todos fatores que
contribuem para um aumento tributário inviável para uma população que carece de
recursos, é necessário aumentar a arrecadação dos cofres públicos de maneira que
não prejudique a população, pelo contrário, alivie-a, surgindo o Imposto sobre
Grandes Fortunas, como fiel alternativa.
É fato que grandes concentrações de riqueza em uma pequena parcela
da população, geram respostas sociais desagradáveis ao Estado e principalmente a
própria razão social. Com a progressiva diminuição dessas centralizações, os
doutrinadores favoráveis acreditam no alcance da tão sonhada justiça social (dando
sentido extrafiscal ao Imposto sobre Grandes Fortunas), onde não exista um abismo
tão exorbitante entre classes.
Os recursos gerados pelo tributo poderiam ser investidos em obras
públicas, infraestrutura, educação, saúde, destinado às populações mais carentes,
de forma que não prejudicaria aos detentores de grandes riquezas, apenas
contribuindo a distribuição igualitária.

2.4 POSICIONAMENTOS CONTRÁRIOS À INSTITUIÇÃO DO TRIBUTO

Em que pese os bons argumentos favoráveis apresentados pela


doutrina, há uma corrente contrária ao estabelecimento do Imposto sobre Grandes
Fortunas, utilizando como base fática o fracasso da implementação de tal imposto
em outros países, bem como a ineficácia do determinado tributo.
Países europeus como Áustria, Dinamarca e Noruega, que possuem o
tributo em vigor, arrecadam menos de 1% da receita tributária com o mesmo, não
justificando os gastos para sua efetivação e manutenção, principalmente em um país
em desenvolvimento como o Brasil, os custos seriam elevados.
Ao mesmo passo, a maior distribuição de renda apresentada pela
defesa, fica duvidosa, já que os números apresentados não são encorajadores.
Além disso, haveria segundo os contrários, menor incentivo a construção de
poupanças, sendo todo o capital investido na produção que seria isenta de tal
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imposto, um meio de burlar o principio da igualdade, favorecendo grandes


produtores e empresários, contribuindo ainda de forma negativa para o
desenvolvimento econômico.
Outro fato negativo a aplicação do imposto seria o risco econômico por
ele posto, afinal, seria um incentivo a população nacional imigrar o patrimônio
adquirido para outros países, além da provável diminuição de investimento em bens,
sendo muito mais interessante utilizar o patrimônio em atividades de produção ou
em nome de terceiros, uma verdadeira tragédia para o mercado de imóveis.
Pode-se confundir pelos argumentos favoráveis, a falsa ideia de que a
única classe afetada pelo presente imposto seria a dos grandes possuidores de
capital, entretanto, classe média e principalmente a população carente, seriam
igualmente afetadas pela perda de capital intermediário, o congelamento de
poupanças e o aumento de carga tributária refletido em empregador e empregado.
Para o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, seria mais eficaz o
aumento do Imposto de Renda em face da implantação do Imposto sobre Grandes
Fortunas, sob argumento de que aquele tem maior êxito na arrecadação de pessoas
com maior porte financeiro.
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3 CONCLUSÃO

O Imposto sobre Grandes Fortunas certamente abrange amplo espaço


de discussão a respeito de sua real eficácia, ambos os lados apresentam bom
argumentos por seus doutrinadores. Transcorre que, devido aos estudos realizados
a respeito do assunto, nota-se maior consistência doutrinária contrária a
consolidação do referente tributo.
A cobrança do citado imposto notoriamente traria um risco iminente a
economia nacional, contas poupanças perderiam sua atratividade, sendo de maior
valia investir o capital no todo, para evitar a tributação. Em outro ponto, o
investimento em bens, terras e posses físicas daria lugar a produção e serviços,
deixando o capital sempre em movimento.
Além disso, conclui-se que as populações carentes acabariam por ser
as mais afetadas por tal imposto, o excesso de carga tributária em grandes
empresas, refletiria em seus empregados. A classe média da mesma forma, seria
fortemente afetada com a diminuição do capital entre classes.
Abraham Lincoln, 16º presidente dos estados Unidos relatou a seguinte
frase, “Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos”. Para ele, uma demasiada
alta tributação dos ricos atinge principalmente a população mais pobre, pois reduz o
capital intermediário entre as classes, desestimula a poupança e diminui os
investimentos, tendo como consequência a diminuição de empregos.
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REFERÊNCIAS

BARBOSA, M. F. S. e FREITAS, P. M. B. Imposto sobre grandes fortunas. 2015.


Disponível em <http://revista.projuriscursos.com.br/index.php/revista-projuris/article/
view/35/32>. Acesso em 02/05/2018.

ALVARENGA, Fabiana Cristina da Silveira. A Incidência do Imposto sobre Grandes


Fortunas a partir de uma perspectiva voltada a um sistema tributário equilibrado.
Disponível em:
<https://www.conpedi.org.br/publicacoes/9105o6b2/l44qq457/d20hxyiaj82jqWn3.pdf.
>. Acesso em 09/05/2018.

COUTINHO ELOI, Pilar de Souza e Paula e LOPES, Yara Almeida. A não


regulamentação do IGF e os entraves que o rodeiam: Um estudo sobre o porquê da
não normatização dessa espécie tributária. 2016. Disponível em: <
revista.univem.edu.br/emtempo/article/view/1694/476>. Acesso em 05/05/2018.

CORSATTO, Olavo Nery. Imposto sobre Grandes Fortunas. 2000. Disponível em: <
www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/581/r146-06.pdf> . Acesso em:
01/05/2018.

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