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8 SÉRIE 9 ANO
ENSINO FUNDAMENTAL II
Caderno do Professor
Volume 4
GEOGRAFIA
Ciências Humanas
MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR
GEOGRAFIA
ENSINO ENSINO MÉDIO –– 81aa SÉRIE/9
FUNDAMENTAL SÉRIE o ANO
VOLUME 4
a
1 edição revista
Área de Ciências Humanas Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio Editorial: Ana C. S. Pelegrini, Cíntia Leitão,
Filosofia: Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Mariana
Ferreira. de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto Góis, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Natália
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Priscila Risso,
Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Luís Prati. Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Rodolfo
Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati. Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita e
Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula Tatiana F. Souza.
História: Cynthia Moreira Marcucci e Maria
Margarete dos Santos. Vieira Costa, André Henrique Ghelfi Rufino,
Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca
Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Maria
Almeida, Sérgio Roberto Cardoso e Tony Shigueki Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael Aparecida Acunzo Forli e Maria Magalhães
Nakatani. Plana Simões e Rui Buosi. de Alencastro.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país, desde que mantida a integridade da obra
e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos*deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei nº- 9.610/98.
* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos
Autorais.
Caderno do professor: geografia, ensino fundamental - 8a série, volume 4 / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini;
equipe, Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo, Sérgio Adas. São Paulo: SEE, 2013.
ISBN 978-85-7849-411-7
1. Geografia 2. Ensino Fundamental 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Inês. II. Silva, Angela Corrêa da. III. Oliva, Jaime Tadeu. IV. Guimarães,
Raul Borges. V. Araujo, Regina. VI. Adas, Sérgio. VII. Título.
CDU: 373.3:91
* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográficas.
Todos esses endereços eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
* As fotografias da agência Abblestock/Jupiter publicadas no material são de propriedade da Getty Images.
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de terceiros e mantêm as características dos originais, no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos elementos cartográficos
(escala, legenda e rosa dos ventos).
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores na reedição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que per-
mitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de
todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os
professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.
Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.
Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.
Bom trabalho!
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
Situações de Aprendizagem 12
Considerações finais 63
Série/Ano: 8a/9o
Volume: 4
As redes de ilegalidade
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A participação dos alunos nas aulas dialó- A realização de exercícios, tanto com ques-
gicas e nos trabalhos em grupo deve se cons- tões abertas quanto de múltipla escolha, deve
tituir, como sempre, item-chave de avaliação. ser considerada peça importante do processo
Para garantir uma participação produtiva, é ensino-aprendizagem. Nesse momento, o pro-
indispensável uma boa orientação, que deve fessor conseguirá perceber em que medida os
integrar a aprendizagem de diversas habilida- conteúdos desenvolvidos fizeram diferença
des, tais como a capacidade de expressão oral para cada um dos alunos e o que deverá ser
e escrita, o trabalho coletivo, a capacidade de retomado ou redirecionado para se atingir os
organização e o espírito de cooperação. objetivos propostos.
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Conteúdos: cidade; urbano; espaço relacional; isolamento geográfico; conexão; trocas e vínculos entre
escalas geográficas diferentes; cidades globais; redes geográficas.
Estratégias: uso e problematização da cartografia como forma de apresentação das cidades; construção
de quadro de características das cidades voltadas para as relações com outras escalas; aplicação do qua-
dro em situações concretas; proposição de exercício cartográfico para a localização das cidades globais;
exposição da relação consumo-cidade; exposição e interpretação cartográfica sobre a expansão de uma
rede mundial símbolo do consumo urbano; aulas dialógicas.
Avaliação: observação e interpretação dos mapas; processo de construção participativa de quadros ana-
líticos; aplicação em grupo de quadro analítico em situações concretas.
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Embora pareça muito óbvio e banal, lan- Após questionar os estudantes sobre o que
çar para uma classe de estudantes a questão é cidade, você deve registrar as respostas na
sobre o que é uma cidade pode ser muito in- lousa por intermédio de palavras-chave que
teressante. Algumas surpresas podem surgir. certamente vão aparecer (talvez seja preciso
A despeito da familiaridade com essa con- algum exemplo inicial). É provável que apare-
figuração espacial, é comum encontrarmos çam palavras e expressões como: concentração,
dificuldade para discursar a respeito. Sobre aglomeração, muita gente junta, lugar que tem
a cidade, vive-se o mesmo impasse que o fi- muitas coisas, lugar que tem confusão etc.
lósofo católico Santo Agostinho (354-430)
mencionava quando o tema era o tempo. Di- O que propomos na sequência é que você
zia ele algo assim: “O tempo... se não me comente as palavras e as expressões, chamando
perguntam sei o que é, mas se me pergun- a atenção para o fato de que, na maioria delas,
tam... já não sei mais”. há um componente espacial: concentração,
muita gente e objetos em direção a um cen-
Normalmente, esse tipo de situação ocorre tro, a um único ponto do espaço; aglomeração
quando estamos diante de fenômenos que, de tem o mesmo sentido; muita gente junta, lugar
tão presentes em nossas vidas, não são mais que tem muitas coisas são formas comuns de se
alvo de nossa atenção, porque evidentemente referir a aglomeração e a concentração; lugar
já o conhecemos. Isso ocorre com o tempo, que tem confusão já é uma afirmação que ava-
com o espaço, com o rural, com o urbano lia o ajuntamento no espaço como algo difícil
e com a cidade, por exemplo. Mas o que sa- de ordenar, logo, a bagunça.
bemos? Como sondagem inicial, sugerimos
que você faça esse teste com seus alunos e Vale chamar a atenção dos estudantes
cheque o que eles sabem e como discursam para o fato de que concentração, aglomera-
sobre esse fenômeno geográfico complexo ção e ajuntamento são formas espaciais, ma-
que é a cidade. neiras de se construir espaços, que diminuem
a distância entre as pessoas e os objetos, e
E por que isso é importante? Porque, ape- que são conceitos opostos à expansão, à dis-
sar de imersos nessa configuração espacial persão e ao espalhamento, que são ocorrên-
que é a cidade, muito dos seus sentidos e de cias espaciais que aumentam as distâncias
sua força em nossa vida escapam de nossas entre as pessoas e os objetos. Uma questão
consciências. Como a Geografia é uma dis- pode ficar para reflexão dos estudantes: Não
ciplina que volta sua atenção às lógicas es- será essa forma espacial, a concentração, a
paciais que percorrem nossas sociedades, ela essência da cidade?
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Após a sondagem inicial, esta Situação de Seguramente, eles mencionarão as várias bo-
Aprendizagem prossegue com algo bem sim- linhas pretas que representam o conjunto das ci-
ples: a observação atenta do mapa do Estado dades. A única diferença é a cidade de São Paulo,
de São Paulo, com suas principais cidades que recebe destaque ao ser representada por uma
assinaladas (Figura 1). bolinha preta com um círculo em volta. Talvez os
alunos percebam que a maior concentração des-
Para iniciar esta etapa, você pode pergun- sas bolinhas acontece nas proximidades da capi-
tar se todos reconhecem o mapa. Espera-se tal e elas se dispersam em direção ao interior.
que a resposta seja afirmativa. Aliás, essa
familiaridade é importante para a argumen- A seguir, apresente alguns dados sobre o
tação que virá depois. Na sequência, enfati- Estado de São Paulo, referentes ao que está
zando que o principal aspecto a ser observado representado no mapa (Figura 1), conforme o
Geo_8a_4bi_m001
são as cidades, você pode perguntar o que texto a seguir.
Votuporanga
Franca
São José Barretos
MATO GROSSO
do Rio Preto
DO SUL
MINAS GERAIS
Araçatuba Catanduva Ribeirão
Preto
Presidente
Venceslau Tupã Pirassununga
São Carlos
Marília
Presidente
Prudente Bauru Rio Claro Araras RIO DE
Piracicaba Americana JANEIRO
Assis
Botucatu Aparecida Guaratinguetá
Ourinhos Campinas Pindamonhangaba
Avaré
Jundiaí São José Taubaté
Itu dos Campos
São Ubatuba
Sorocaba Santo André
Itapetininga Paulo
PARANÁ Mogi das Cruzes
São Bernardo do Campo
Santos
Capão Bonito
OCEANO
ATLÂNTICO N
0 240 km
Figura 1 – Estado de São Paulo: cidades mais importantes. Fonte: Organizado por Jaime Tadeu Oliva especialmente para o
São Paulo faz escola.
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Desde 1997, o Estado de São Paulo possui 645 municípios. O município é uma unidade política e
administrativa, interna aos territórios dos Estados brasileiros. No interior de cada município, define-se o
que é a área urbana. Em geral, é a área sede do município, ou seja, a cidade propriamente dita. Somados
todos os habitantes das áreas urbanas dos 645 municípios, chegamos ao volume da população urbana
do Estado de São Paulo: em 2005, foram contabilizados 37 milhões de habitantes residindo em áreas
urbanas (93,7% do total). Logo, a população rural correspondia a apenas 6,3% da população.
Há regiões do Estado cuja concentração urbana é tão elevada que a população urbana de municípios
vizinhos compõe um único espaço urbano de escala local. É o caso da capital e dos municípios vizinhos
que, somados, formam uma das maiores metrópoles do mundo. No Estado de São Paulo, visando a
ações administrativas, foram oficializadas três regiões metropolitanas: São Paulo, Baixada Santista e
Campinas. Ainda em 2005, a região metropolitana de São Paulo concentrava, sozinha, 47,9% da popula-
ção paulista – a melhor expressão da concentração populacional dessa região é o número de habitantes
por quilômetro quadrado: 2 376,2 hab./km2. Por sua vez, a região metropolitana de Campinas respondia por
14,6% da população paulista, e a maioria absoluta da população dessa região era urbana. Logo, 62,5% da
população do Estado se concentrava em apenas dois núcleos espaciais, quase inteiramente urbanos.
Evidentemente, essas duas áreas possuem um enorme dinamismo econômico. Há outros núcleos
menores, também dinâmicos, que vêm se tornando importantes polos de concentração, como São José
dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Seguindo essa lógica de concentração
demográfica em poucos núcleos, na maior parte do território do Estado serão encontradas baixas den-
sidades demográficas. Por exemplo: na região administrativa de Registro, no sul do Estado, a densidade
demográfica, em 2005, era de 23,6 hab./km2.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola com base nos dados do Atlas Seade da Economia Paulista. Disponível
em: <http://www.seade.gov.br/produtos/atlasecon/intro/cap2_intro.pdf>. Acesso em: 17 maio 2013.
Após a leitura desse texto, você pode vin- mostrando um processo impressionante de
cular o que foi trabalhado na sondagem inicial aglomeração da população em algumas pou-
com os dados demográficos do Estado de São cas cidades, como os exemplos das metrópoles
Paulo. Aproveite ainda para conceituar popu- de São Paulo e de Campinas demonstram?
lação absoluta e densidade demográfica.
Diante da evidência dos dados e informa-
Se cidade é concentração, aglomeração, ções, talvez seja adequado aferir seus efeitos
ajuntamento de gente e de objetos, o que as in- junto à turma toda. Na verdade, o que se es-
formações expostas no texto evidenciam? Es- pera aqui não é simplesmente que eles tenham
tão mostrando um processo de concentração acesso à visão da estrutura espacial e social
das pessoas nas cidades? Mais que isso: estão do Estado de São Paulo. O que se pretende
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A Geografia não mapeava os espaços internos das cidades, reduzia-os a bolinhas pretas em mapas de
outra escala, como o do Estado de São Paulo.
Os mapas da Geografia são dominantemente de escala geográfica regional, nacional ou mundial,
quer dizer, são mapas em que a maior parte da representação diz respeito aos vazios demográficos, já
que nessas escalas as cidades viram bolinhas.
Raramente se vê numa aula de Geografia, em atlas geográficos escolares e nos livros didáticos mapas
dos espaços internos das cidades.
A questão não é referente apenas aos mapas, pois, na Geografia, as cidades não despertaram a aten-
ção que mereciam.
Os espaços humanos mais complexos – centros geradores e comandantes da economia e da cultura moder-
nas e espaços de moradia da maioria da população – são negligenciados pela Geografia e pela Cartografia.
Assim, nega-se aos estudantes o acesso direto às realidades geográficas que lhes são mais imediatas.
Mas, antes de chegar a essas reflexões crí- de São Paulo ou Campinas: tamanho da
ticas, seria interessante que você propiciasse população; recursos econômicos (indús-
aos alunos um percurso que lhes sensibilize. tria, comércio, serviços); recursos culturais
Temos algumas sugestões. (universidades, artes); instituições políticas
e estatais etc. Você deve ajustar o que eles
ff Pergunte se o mapa do Estado de São Paulo concluírem. A ideia aqui é que os estudan-
dá a eles alguma ideia ou visão da realidade tes vislumbrem o mundo que as bolinhas
revelada pelos dados do texto A população do mapa não conseguem representar (até
urbana do Estado de São Paulo. Isso per- porque não é esse o objetivo do mapa).
mitirá que os alunos sintam a inadequação
do mapa do Estado para a expressão dessa Depois desse exercício, pode-se apresen-
realidade espacial em que se quer ressaltar tar os mapas das duas áreas metropolitanas
os espaços humanos. mais importantes do Estado: a de São Paulo
(Figura 2), que está entre as maiores aglo-
ff Peça que, em grupo, listem as caracterís- merações do mundo de escala local, e a de
ticas de uma área metropolitana como a Campinas (Figura 3).
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Alguém, em sã consciência, poderia entender que uma grande cidade teria uma população composta
apenas por pessoas nascidas em seu território? Como se poderia reunir num espaço concentrado, de distân-
cias reduzidas, cerca de 18,8 milhões de pessoas, como no caso da RM de São Paulo (dados de 2007)? Ainda
mais considerando que, há 50 anos, essa população não ultrapassava 4 milhões de habitantes. O que explica
essa multiplicação acelerada da população? A migração de pessoas de outras partes do Estado de São Paulo,
do Brasil e do mundo é a principal fonte do povoamento de uma grande cidade. Antes de tudo, toda grande
cidade é uma concentração de migrantes e imigrantes que, em geral, não perdem o vínculo com suas loca-
lidades de origem (no mínimo se correspondem). Isso, por si só, já significa ligações da cidade com outras
sociedades e outros espaços. Já significa a formação de redes sociais, inerentes a qualquer grande cidade.
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Figura 3 – Campinas: região metropolitana. Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico – IGC e Emplasa/DIF/CIE – Coordenadoria
de Informações Estatísticas. Elaboração: Emplasa, 2002.
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Trabalhado esse exemplo, você pode orga- populacional baseada em migração e imigra-
nizar os estudantes em pequenos grupos e en- ção. Além de identificar os elementos, os alunos
carregar cada um deles para encontrar três devem explicitar como cada um deles se articula
elementos de uma grande cidade (talvez seja com espaços que ultrapassam o espaço local. O
conveniente manter-se no exemplo de São quadro a seguir exemplifica algumas possibili-
Paulo) que comprovem sua abertura para o dades que podem compor o inventário dessas
mundo, como no caso citado da composição características que constituem a grande cidade.
3. Tamanho da Os grandes volumes populacionais das grandes cidades sustentam negócios lo-
população (II) cais, que se tornam poderosos e se estendem para outras cidades, até ao exterior.
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Numa cidade que sedia grandes negócios, com atividades culturais e cien-
tíficas de importância, com infraestrutura de circulação de bens materiais e
13. Sistema de
imateriais, é natural a circulação de muitos visitantes de fora, ou seja, turistas.
hospedagem
A estrutura de hotéis, por exemplo, torna-se um equipamento presente nas
grandes cidades.
Listados 15 pontos que ajudam a abrir um pouco a caixa-preta das cidades, em especial das gran-
des cidades. Podem-se acrescentar vários outros ou organizá-los de diversas formas. Eles servem de
exemplo dos elementos geográficos de uma grande cidade que exercem seu papel muito além do
espaço local, da escala local.
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Voltando à atividade sugerida aos estu- paulista, assim como algumas das principais
dantes, quais foram os resultados que cada lideranças saíram dessa cidade (que vai além
grupo obteve? De posse dos resultados, você do município de São Paulo). Os interesses
pode montar o quadro. Eliminando as repe- formados nessa cidade costumam ter força
tições e tendo como referência o quadro de política no quadro nacional. A proposta é
exemplos apresentado anteriormente, deba- que os alunos apliquem as ideias desenvol-
tendo e ajustando o que os alunos levantaram, vidas num quadro real. Não importa tanto o
a ideia é que se feche o quadro do inventário resultado a que vão chegar, pois o precioso,
dos elementos geográficos das cidades. No nesta atividade, é esse exercício de reflexão,
momento seguinte, esse quadro pode ser observação e construção de um produto. Você,
enriquecido com fatos concretos. Você pode mais do que ninguém, sabe das deficiências de
devolver aos grupos três itens do inventário informações que os alunos podem ter e sa-
(no quadro referência são 15) e pedir que berá ajudar os estudantes a buscar elementos
eles pensem diretamente numa cidade real para realizar o exercício.
– no caso, São Paulo será a mais adequada.
Desse modo: Como conclusão dessa etapa, um tema
pode ser apresentado para uma breve redação
o item ↔ São Paulo = ? dos estudantes, depois de eles terem termi-
nado o trabalho em grupo:
Vejamos dois exemplos:
Faz sentido afirmar que as cidades, em es-
Exemplo 1: Item 12 (Atividades artísticas) ↔ pecial as maiores, são espaços relacionais por
São Paulo = a cidade sedia uma mostra in- excelência? Por quê?
ternacional de cinema anual de muito pres-
tígio e festivais de música de vários gêneros; Em resumo, esta etapa da Situação de
tem uma estrutura razoável de salas de ci- Aprendizagem estruturou-se em seis mo-
nema e de espetáculos e recebe espetáculos mentos:
e artistas do Brasil e do mundo rotineira-
mente; tem museus e exposições bem visita- 1. Exercício cartográfico de observação de
dos, inclusive recebe público que viaja com três mapas de escalas distintas: um de es-
esse objetivo etc. cala regional (do Estado) e dois de escala
urbana (não municipal, pois, no caso das
Exemplo 2: Item 15 (Poder político) ↔ São grandes cidades, costumam ser de escala
Paulo = a cidade não é a capital do Brasil, mas inferior ao fenômeno urbano).
é a maior e a mais influente cidade do país.
Alguns dos principais partidos que atuam na 2. Questionamentos e sugestões de reflexões
política nacional têm origem na metrópole com o intuito de mostrar a inadequação
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tamanho é inteiramente decisivo. Uma cidade catalogá-la como uma metrópole, embora me-
como Londres, em 2007, contava com uma nor e menos influente que São Paulo. Outros
população de cerca de 8,6 milhões de habi- centros urbanos do Estado não chegam a essa
tantes (cf. Institut National de la Statistique et condição, mas poderá se notar a presença de
des Études Économiques, 2009), ou seja, bem alguns elementos metropolitanos em algumas
menor que São Paulo, mas ela levaria vanta- delas: São José dos Campos, Ribeirão Preto e
gem em vários itens do inventário construído, São José do Rio Preto, por exemplo.
se comparada à capital paulista.
E olhando para o mundo? Vamos lembrar
Com o objetivo de caracterizar a condi- uma expressão que está sendo muito utilizada
ção das cidades quanto à sua capacidade de desde os anos 1990: cidades globais (ou mun-
influenciar e se articular com outros espaços e diais). Como o próprio nome diz, são aquelas
outras sociedades, os estudiosos do fenômeno cujas influências têm escala mundial de fato.
urbano têm procurado classificá-las. Nesse Mais até: seriam os lugares mais estratégicos
esforço, vários termos vêm sendo emprega- da globalização, os principais lugares da rede
dos: metrópoles; megalópoles (megapólis e de relações econômicas que forjam a globali-
gigapólis); cidades mundiais ou globais; arqui- zação. Nos anos 1990, admitia-se que apenas
pélago megalopolitano mundial; entre outros. três metrópoles chegavam a tanto: Tóquio,
Nova Iorque e Londres. Hoje, já se admite que
Todos esses termos referem-se a cidades há outras que podem ser consideradas cida-
ou reunião de cidades (espaços urbanos) que des mundiais. E São Paulo? Ainda, segundo
têm a capacidade de se inserir em escalas mais esse modo de classificar as cidades, não teria
elevadas e, no limite, na escala mundial. A de- alcance global, mas teria forte alcance regional
finição de metrópole mais comum diz respeito ou zonal.
à sua capacidade de comandar territórios, so-
ciedades e negócios para além de seu próprio Mas essa forma de classificar isoladamente
território. cidades é bem discutível. Talvez o ideal fosse
apenas verificar se a cidade propicia o acesso
São Paulo corresponderia a essa situação? cotidiano de sua população e de suas rela-
Eis uma ótima questão para você lançar para ções à escala mundial. E isso São Paulo pro-
a turma. Os estudantes já exercitaram bem as porciona de forma evidente. Nesse caso, seria
características dessa cidade, mas agora elas uma cidade global. Não somente porque in-
serão confrontadas com o conceito de metró- fluencia, mas porque recebe a influência e
pole. São Paulo é, sem dúvida nenhuma, uma pertence à rede geográfica da globalização.
grande metrópole. E as outras cidades avaliadas
pelos estudantes? Se fosse Campinas, certa- Você pode destacar nesse caso algo muito
mente seriam encontradas características para importante: São Paulo é uma cidade global e
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SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
AS CIDADES: CRIAÇÃO E IRRADIAÇÃO DO CONSUMO
As configurações urbanas reúnem, na dis- comando, das ciências, das diversas faces da
tância mínima, um número máximo de pes- cultura, da política. Entre as práticas moder-
soas e recursos. Além da imensa massa de nas, uma que tem um peso importante em
relações que se estabelecem entre os habitan- nossas vidas e uma complexidade de múlti-
tes e os recursos de um espaço urbano, a vida plos significados é o consumo. O local funda-
na cidade permite relações em outras escalas mental do consumo é a cidade. Não somente
geográficas, com outros espaços e sociedades. o ato em si, mas também no que diz respeito
Esta última situação ocorre de forma muito à sua invenção e à invenção das necessidades.
eficiente nas metrópoles. Aliás, é por isso que
uma cidade chega à condição de metrópole. Nesta Situação de Aprendizagem, o tra-
balho principal será com dois aspectos do
Não é por acaso que o fundamental da fenômeno consumo: a criação do consumo e
vida humana no mundo moderno se orienta das novas necessidades nas cidades; a sua irri-
por criações que têm origem nas cidades. Es- gação para o mundo a partir das cidades que
ses são os casos da criação econômica e seu participam das redes sociais de escala global.
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Estratégias: destacar o espaço urbano, por meio de aulas dialógicas, como ingrediente de um modo de
vida que necessariamente promove o consumo; construir, para posterior análise, um mapa que permita
visualizar a expansão de redes mundiais de consumo; propor reflexões e organização de resultados por
meio de trabalho coletivo.
Recursos: textos; roteiro orientador para construção cartográfica; atlas; mapa mudo.
Avaliação: participação nas discussões e reflexões de classe; participação no trabalho em grupo de cons-
trução de representação cartográfica.
Frutas, legumes, verduras e alguns cereais vinham das hortas que as famílias cultivavam. Carnes, ovos e
leite eram obtidos com a criação doméstica de porcos, vacas, cabras e aves. As mulheres preparavam pães,
compotas, queijos, linguiças e alimentos em conserva. A elas cabia a tarefa de costurar e tecer. Os homens
dedicavam-se à lavoura, aos trabalhos de marcenaria e à construção das casas, por exemplo. A vida em famí-
lia e o trabalho não se distinguiam. Trabalhar não era uma atividade separada, que se realizava fora de casa.
As famílias dirigiam-se às feiras e aos mercados urbanos para vender seus excedentes e comprar certos bens.
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O importante geógrafo brasileiro Milton Santos dizia que a difusão das novas formas de con-
sumo é um dos principais fatores para explicar a geografia atual dos lugares. Isso parece ter toda
pertinência ao examinar-se o caso da cidade de São Paulo. A irradiação de um modelo de consumo
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ff O consumo como lazer emana da força cultural (de marketing) desses novos estabelecimentos (em
especial, dos shoppings). A bem-humorada frase “Shopping center é a praia do paulista” tem, de fato,
uma força interpretativa sobre os novos espaços e os novos modos de vida dessa cidade. Pesquisas
diversas mostram que muitos dos frequentadores de shoppings vão a essas localidades, antes de tudo,
em busca de lazer. Trata-se de um lugar de consumo e de um consumo do lugar.
ff O modelo de consumo implantado, que fez parte da reestruturação de São Paulo, contribui para o
estabelecimento de outra ordem na circulação geográfica das pessoas e das mercadorias na cidade.
Os grandes estabelecimentos comerciais procuram se localizar às margens das grandes avenidas, vias
expressas e rodovias – quando isso não é possível, localizam-se no interior do núcleo denso.
ff O acesso fundamental a esses locais é por meio do automóvel particular; logo, as instalações desses
negócios são cercadas por imensos estacionamentos. Eles polarizam boa parte do abastecimento dos
segmentos sociais que possuem renda regular. Essas características combinadas resultam no aumen-
to da circulação interna da cidade, o que vai ocasionar uma elevação de gastos com o sistema viário
e uma ampliação dos congestionamentos. Pode-se afirmar que uma parte expressiva da circulação
diária nessa metrópole é uma circulação de consumo.
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da paisagem urbana que lhes é familiar (in- primeiras a querer informar sobre sua força
cluindo os shoppings centers), a presença de mundial e, por esta razão, mantêm sites que
algumas dessas redes que atuam na escala oferecem boa parte das informações necessá-
mundial. rias para compor a pesquisa. E não somente
na internet, mas também por meio de outros
Identificadas as redes, o segundo passo é materiais.
realizar uma pesquisa sobre sua história e sua
estrutura geográfica. No que diz respeito à his- Isso quer dizer também que, além das pró-
tória, o importante é verificar a origem – em prias empresas, muitos estudiosos e muitas
que país surgiu, em qual cidade e como e para publicações (inclusive livros didáticos) organi-
onde iniciou sua expansão geográfica. Quanto zam dados sobre essas empresas. Informações
à sua estrutura geográfica, interessa o pre- como as sugeridas estão disponíveis para essa
sente da distribuição: em que localidades se atividade e para realizá-la basta colocar nos
encontram seus negócios, em que quantidade buscadores da internet os nomes das marcas
e desde quando. dessas redes e as informações vão surgir. Ou,
nas próprias lojas, haverá quem forneça mate-
Tudo isso pode parecer muito difícil de rial ou informe os caminhos para se obter as in-
obter, mas esse pensamento é equivocado. Faz formações. Se houver dificuldades você deverá
parte da lógica desses negócios procurar forta- intervir e, quem sabe, conforme a situação, for-
lecer sua imagem, realçando o tempo todo seu necer um “pacote de dados”. O ideal é que os
caráter mundial, o que pode ser expresso com alunos tenham os meios, encontrem as fontes e
slogans publicitários tal como: “...finalmente, levantem os dados.
chegou ao Brasil o produto X, que já era objeto
de consumo das principais cidades do mundo (ou Segunda fase – a representação
das sociedades mais modernas.)”. O fato de ser cartográfica
mundial, de ser objeto de consumo de outras
cidades, acrescenta desejo de consumir nas po- Nesta fase, sugerimos que cada grupo pro-
pulações de cidades que ainda não têm acesso duza uma representação cartográfica a partir
ao bem de consumo, e as redes mundiais desses dos dados e informações coletados. Propomos,
negócios sabem como se promover e despertar num primeiro momento, que cada grupo esco-
grande interesse. Não é incomum aglomera- lha apenas uma rede de bens de consumo ur-
ções e filas para experimentar, por exemplo, um banos para fazer a atividade; não há problema
alimento fast-food “mundialmente conhecido”, se houver repetição, o que importa é garantir
recém-introduzido numa cidade. que haja trabalho autônomo e sem cópias.
Tudo isso quer dizer o quê? Que essas É insuperável o valor da visualização
redes de negócios em escala global são as cartográfica para que se possa vislumbrar
33
34
seja o caso de colocar um círculo na posição as quantidades que eles representam; as tonali-
de algumas cidades com volume expressivo dades de cores e os tempos que elas representam;
de unidades. Nesse caso, use uma cor dife- as cores diferentes e os fenômenos diferentes que
rente da dos círculos colocados nos países. eles representam (unidades no país e unidades
Tudo isso precisa, posteriormente, ser orga- em cidade). A seguir, no quadro, sintetizamos
nizado na legenda: os tamanhos de círculos e a proposta de organização dos dados:
O mapa feito pelos alunos permitirá uma poderão ser feitas sobre a força de irradiação
visualização do fenômeno sob vários pon- do consumo que certas cidades (e certas redes)
tos de vista. Além da configuração da rede possuem. Logicamente, você é quem avaliará
(articulação, pontos mais densos, áreas mais o grau de auxílio necessário para que os alu-
antigas, áreas mais novas, velocidade de ex- nos realizem a leitura do mapa.
pansão da rede), algumas outras observações
35
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
AS REDES TURÍSTICAS: O CONSUMO DOS ESPAÇOS URBANOS
36
Conteúdos: o que é turismo; o que é lazer; cotidiano e lugar; espaços turísticos; fluxos turísticos globais
e regionais.
Estratégias: confrontar, numa situação real, personagens semelhantes, mas de essência distinta: o turista
e um praticante de lazer; construir um quadro teórico que faça distinção entre turismo e lazer; aplicar
esse quadro teórico num caso desafiante; problematizar a questão dos efeitos do turismo; observar e
interpretar uma representação cartográfica de fluxos turísticos no mundo.
Etapa prévia – Sondagem inicial e possibilidade, mas certamente você terá como
sensibilização narrar situações mais vivas e concretas para
seus estudantes. Eis a sugestão:
O fenômeno turístico é muito conhecido
no mundo contemporâneo, em especial em Imagine, numa grande cidade, uma loca-
certas áreas do Brasil. Seguramente, os estu- lidade muito conhecida, onde se encontra um
dantes percebem o turismo, se não de forma monumento (uma igreja muito antiga, uma
direta, ao menos de forma indireta, pois a grande torre, uma estátua importante, um mu-
prática turística é bem presente nos meios de seu etc.) ou então uma localidade que é muito
comunicação, por exemplo. É sempre muito conhecida por ter sido palco de um grande
produtivo iniciar uma Situação de Aprendi- acontecimento (um ponto onde se declarou
zagem verificando o modo como os alunos a independência de um país, por exemplo).
percebem os fenômenos que serão estudados. Áreas assim são atrações e, por isso, recebem
Mas nem sempre se consegue bons resultados muitos visitantes que nelas exploram todos os
se a verificação não for estimulante. detalhes, tiram fotografias etc.
Por isso, sugerimos que narre uma situa- Nesse ponto, deve-se perguntar: Esses vi-
ção possível na vida real e, a partir dela, rea- sitantes podem ser todos caracterizados como
lize a verificação. Apresentamos a seguir uma turistas? Todos estão praticando o turismo?
37
38
Se a diferença não estava no que faziam, então e reconstruir essa possibilidade, mesmo ad-
estava nas condições em que faziam? mitindo que, inicialmente, os resultados não
serão ideais. Para não desperdiçar a participa-
O importante é que esse diálogo com o ção que houver sobre a definição do turismo
estudante o coloque numa posição de aten- e sobre sua distinção em relação à prática do
ção, concentração e reflexão. Todos sabemos lazer, sugerimos que você trabalhe com um
o quanto isso é precioso no desenvolvimento quadro similar ao da Figura 5 e estimule os
intelectual dos alunos, mas é preciso reinvestir alunos para que o ajudem a preenchê-lo:
Para que a definição seja bem precisa, Assim, pode-se utilizar a contextualização
é necessário fixar dois conceitos-chave: co- da Organização Mundial do Turismo (2001)
tidiano ↔ lugar. Um elemento que compõe o para complementar a caracterização:
cotidiano de qualquer pessoa é o lugar, o lugar
geográfico. Lugar é o quadro geográfico de vida, ff Turismo: viagem de mais de 24 horas para
no qual a distância não impede que as relações fora do lugar;
do dia a dia (moradia, trabalho, escola, lazer, re-
lações pessoais) se realizem. O que não podemos ff Excursão: viagem de menos de 24 horas
realizar no dia a dia, porque é muito longe para para fora do lugar;
nós, está fora de nosso lugar. Uma frase resume
essa conceituação: o lugar é o tamanho geográfico ff Lazer: visita a um ponto turístico ou de
de nosso cotidiano. Ele representa a escala local. lazer feita por um morador do lugar.
39
40
Figura 6 – Distinção de diferentes tipos de lugares turísticos. Fonte: Elaborado por Jaime Tadeu Oliva com base nos dados de
KNAFOU, Rémy; STOCK, Mathis. Tourisme. In: LÉVY, Jacques; LUSSAULT, Michel. Dictionnaire de la Géographie et de
l’espace des sociétes. Paris: Belin, 2003. p. 933.
Pelo quadro, pode-se classificar os lu- para os estudantes e pedir que eles deem
gares turísticos que funcionam articulada- exemplos à medida que forem compreen-
mente. Vale a pena defini-los rapidamente dendo os termos.
41
ff Infraestrutura turística: Lugar pouco conhecido em nosso território, mas muito comum em paí-
ses turísticos. Por exemplo, nas escaladas e trilhas em regiões montanhosas existem lugares que
apoiam o turismo, até com serviços de hospedagem. Não mora ninguém nesses lugares, não são
eles a atração, mas foram construídos como parte necessária das redes espaciais do turismo.
Aeroportos em lugares afastados por vezes cumprem esse papel. São portas de entrada para áreas
exploradas por certas práticas turísticas. Vale também, nesse caso, procurar outros exemplos de
situações desse gênero.
ff Estação turística: Esse gênero de lugar turístico já é mais familiar. Estrutura-se em áreas po-
voadas, pequenas cidades em geral, com grande capacidade de hospedagem para o período da
estação turística. Suas atrações vinculam-se às estações do ano. Esse é o exemplo dos pequenos
povoados em regiões montanhosas que lotam de turistas na estação do inverno, ou, então, das
pequenas cidades litorâneas que se transformam no verão. Sem o turismo, são áreas urbanas
sem a diversidade de atividades e recursos de uma grande cidade. Certamente, muitos exemplos
de estações turísticas poderão ser lembrados por você, e os próprios alunos também saberão
exemplificar esse tipo de espaço. Um exemplo bem conhecido de São Paulo: Campos do Jordão,
estação turística de inverno.
ff Cidade turística: São as cidades que recebem muitos turistas, mas têm uma vida ampla e diversi-
ficada para além dessa atividade. São centros urbanos plenos, que exercem todas as funções das
áreas metropolitanas e são visitadas inclusive por isso. Entre eles, estão os principais destinos dos
turistas do mundo e exemplos não faltam: Paris, Londres, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Salvador,
Sydney, Barcelona e muitas outras cidades.
42
O bem que se compra com a prática turística é o direito de visitação a um espaço. Por isso, tornou-se
comum dizer que o turismo é uma forma de consumo do espaço. Apesar de o turista estar em perfeita
consonância com nosso mundo e com tudo que nele se criou (em especial, a mobilidade), são fortes as
contestações ao turismo e às suas práticas. Como diz Rémy Knafou (1996), um importante estudioso do
assunto, o turista é um nômade, seus espaços são temporários, mas ele precisa agir como cidadão de
pleno direito, apropriar-se daquele espaço, o que pode fazer com que o morador local não o veja com
boa vontade. Além disso, o turismo é condenado porque destruiria o meio ambiente e sobrecarregaria os
locais com excesso de pessoas. Tudo isso inviabilizaria o turismo sustentável. Seria o turismo um devorador
do próprio recurso que lhe deu origem, por exemplo, uma bela paisagem? Qual o papel das administrações
político-administrativas e das sociedades dos lugares turísticos para evitar que isso aconteça?
Muitos críticos do turismo estranham um mundo que aumenta de modo impressionante as rela-
ções entre pessoas de lugares distantes. Entendem o turismo como um destruidor das peculiaridades
locais. A despeito das condenações, a atividade continuará e se multiplicará. Isso é evidente em razão
das condições de vida que o mundo moderno promove. Com relação a conter a degradação promovi-
da pelo turismo, é evidente que, quanto menos depender do turismo, menos risco corre o lugar. Uma
grande cidade suporta mais a multiplicação dos negócios turísticos que um lugar muito dependente
do turismo, que acaba não tendo força para controlar a degradação. E, certamente, há o que contro-
lar, há o que combater. Muitas situações são condenáveis, mas elas não são suficientes para justificar
a crítica intolerante ao turismo e ao turista.
Referência
KNAFOU, Rémy. Turismo e território: por uma abordagem científica do turismo. In: RODRIGUES, Adyr A. B. Turismo
e Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 62-74.
Depois da leitura, que se deu após um tra- O resultado obtido com as redações deve
balho de domínio conceitual do fenômeno servir para definir os ajustes necessários a
turístico (o que aumenta a capacidade leitora serem feitos, mas também serve para medir
e crítica do aluno), solicite aos estudantes a participação e os efeitos das estratégias.
que escrevam um texto a respeito, de prefe- Em Geografia, é comum que as tarefas pe-
rência sem consulta e individualmente. Peça didas aos alunos sejam muito fragmentadas,
a eles que caracterizem e pensem o fenômeno muito vinculadas a informações isoladas, daí
turístico no mundo contemporâneo e também a virtude dessa proposta, que estimula re-
que incluam comentários sobre a presença ou flexões mais completas, mais organizadas e
não de práticas turísticas nas realidades geo- do conjunto. Por intermédio de fragmentos
gráficas em que vivem. dispersos e aleatórios, não se desenvolvem as
43
44
45
12 7 372 894
América 47
do Norte
Nordeste Asiático
602
1 88
Caribe 4 915 3
e América 603
Central EUROPA Oceania
E CEI* 34 Sudeste Asiático
48
06
60
9 731
18
América
do Sul * Comunidade dos Estados Independentes:
83
África do Oeste
25
7 775
América
do Norte
62
114 7
32
65
2
Europa do Norte
6 73
5
3 46
Figura 7 – Mundo: destinações do turismo internacional, 2005. Fonte: DURAND, M.-F. et al. Atlas de la mondialisation. Édition 2008.
Paris: Presses de Sciences Po, 2008. p. 27.
46 48
39
Nordeste
AMÉRICAS 6 44 Asiático
7
1 10
2 90
9 559
3
7 775
América
do Norte
62
114 7
32
65
2
Europa do Norte Geografia - 8a série/9o ano - Volume 4
6 73
5
3 46
Europa Central ÁSIA
Europa do Oeste e do Leste E PACÍFICO
Europa do Sul
2 82
3 6 149
Oriente Médio
48
39
Nordeste
AMÉRICAS 6 44 Asiático
7
1 10
2 90
1
9 559
Europa do Norte 3 Oceania
Europa Europa Central Sudeste Asiático
30 do Oeste e do Leste
9
27
2 624
Ásia do Sul
Europa do Sul
906
6 919 Oriente Médio
76
10
784
África MÉDIO
no interior da região do Norte
65
Benoît MARTIN, dezembro de 2006
1 57 15 8
9
entre as regiões
ÁFRICA
13
291
Estão representados apenas os fluxos superiores
a 500 000 turistas internacionais.
47
5. A mesma situação de primazia das cidades Principalmente apoiado nas redes de cida-
europeias repete-se nos outros destinos tu- des, o turismo intercontinental movimenta
rísticos? mais de 100 milhões de pessoas anualmente
(pode-se chegar aos números exatos soman-
A América do Norte, que é um destino de do-se o que as setas representam). Isso, adi-
muitos turistas europeus, asiáticos e sul-ame- cionado ao turismo dentro dos continentes
ricanos, tem várias atrações turísticas, mas (cerca de 600 milhões), demonstra quanto
as principais também são suas cidades e suas no mundo contemporâneo as relações huma-
instalações urbanas, com destaque para Nova nas estão se estreitando e quanto os espaços
Iorque e os parques temáticos localizados em estão se transformando em espaços de todos.
Orlando e em Los Angeles, por exemplo. Por enquanto, os números da movimentação
turística representam 10% da população
6. Por que as cidades atraem mais turistas que mundial, mas todas as tendências indicam
as outras localidades que também têm atra- que esse processo de “consumo dos espaços”
ções turísticas? mal se iniciou.
48
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
UM MUNDO MAIS FLUIDO: OS CAMINHOS GEOGRÁFICOS
DAS REDES ILEGAIS
Conteúdos: globalização; redes de ilegalidade; fronteiras; controles; empresa global; crime global; vanta-
gens comparativas; Estado nacional; paraísos fiscais.
Estratégias: ativar conhecimentos prévios relativos às redes de ilegalidade; apresentar um panorama das
vantagens dos negócios que atuam em escala global, em comparação com os que atuam em escala local
(empresa global e crime global); apresentar texto que define “paraíso fiscal”; expor e propor interpretação
de representação cartográfica dos paraísos fiscais; aulas dialógicas.
Avaliação: participação nas reflexões sugeridas em sala de aula; observação e interpretação de um mapa.
49
50
As redes de ilegalidade globais: haveria também para as atividades ilegais vantagens em ter uma atuação
global? Por exemplo: uma organização criminosa que trafica drogas obtém lucros vendendo seus pro-
dutos na Europa e nos Estados Unidos. Digamos que as drogas são produzidas na América do Sul ou
na Ásia, e que o dinheiro obtido com os lucros seja depositado em países que possuem uma “fiscaliza-
ção frouxa” no seu sistema bancário. Muitos países estão interessados em atrair capitais e, com isso,
podem relaxar o controle da origem do dinheiro. Os que controlam as redes da ilegalidade em escala
global sabem explorar essas situações. “Purificar” esse dinheiro “sujo” (que tem origem, por exemplo,
na venda de drogas) não é tão difícil. Essa é uma operação que, do ponto de vista geográfico, pode
ser chamada de global? Obter lucros com o crime num país e usar o dinheiro advindo dessa atividade
na mesma localidade sempre foi um problema para os grupos criminosos. Porém, no mundo globali-
zado a diminuição dos controles para circulação financeira, o afrouxamento das fronteiras e a busca
incessante de muitos países pobres por mais capital não acabam fazendo com que o dinheiro sujo tenha
maiores chances de circular com cara de limpo?
51
Paraísos fiscais são regiões que, muitas vezes, têm o status de Estado nacional e que aceitam o
ingresso de recursos financeiros de origem desconhecida, quer dizer, sem que o dono desse dinheiro
precise declarar como o dinheiro foi obtido. Além disso, protege-se a identidade do dono dos recursos
e garante-se o sigilo bancário absoluto. Nesse sentido, um lucro obtido com tráfico de armas ou de
drogas pode ser depositado no banco e aplicado, e ninguém vai incomodar o dono do dinheiro
de origem criminosa.
52
Outra característica de um paraíso fiscal é que eles são lugares que facilitam a abertura de empresas.
Uma empresa pode se instalar num paraíso fiscal e todos os recursos que por ali circularem não serão
tributados. Como muitos usam os paraísos fiscais para lavar dinheiro “sujo”, por exemplo, usando lucros
de aplicação de dinheiro advindo da droga para abrir uma empresa, que depois vai atuar legalmente, esses
paraísos terminam sendo lugares onde não “há pecados”. Tudo vale. Nos paraísos fiscais, há uma grande
rejeição em se aceitar controles ditados pelas regras do direito internacional, que, por exemplo, tentam
coibir a lavagem de dinheiro – como as medidas contra o crime mundial propostas no encontro do G-20
em 2009, que incluíram a necessidade de regulação das transações realizadas nos paraísos fiscais.
O próximo passo é trabalhar o mapa da Fi- importância deles por meio de uma relação
gura 8 com os estudantes e pedir a eles que o visual de ordenação ou de quantidade. Não
observem atentamente. Qual é a função deste há representação das movimentações finan-
mapa? Ele mostra a localização dos paraísos ceiras de cada um deles, que certamente são
fiscais. Ele não mostra, por exemplo, qual é a diferenciadas.
Figura 8 – Mundo: paraísos fiscais. Fonte: DURAND, M.-F. et al. Atlas de la mondialisation. Édition 2008. Paris: Presses de
Sciences Po, 2008. p. 67.
53
Porque no paraíso fiscal as operações são 3. Observando-se o mapa, seria justo atribuir a
secretas. Se não houvesse sigilo, se todos condição de paraíso fiscal apenas às localida-
soubessem para onde vai o dinheiro dos des pequenas e sem muitos recursos econômi-
traficantes, quais os negócios legais que são cos, em áreas mais pobres do mundo, como o
abertos com esse dinheiro, isso enfraque- Caribe, na América Central? Por quê?
ceria os paraísos fiscais e as organizações
criminosas em suas operações no mundo. A segunda maior concentração de paraísos
As transações ilícitas (os “pecados”) se- fiscais que o mapa nos mostra é na Europa.
riam reveladas, e a expulsão do “paraíso”, São áreas de pequena extensão, espécies
mais eminente. de recortes que ficaram fora da divisão
territorial dos principais países europeus.
2. Se o mapa apenas assinala os paraísos fiscais Encontram-se num continente rico e ser-
sem diferenciá-los segundo sua importância, vem de algum modo para que muitos milio-
não seria melhor listá-los em uma tabela? nários europeus, por exemplo, mudem para
esses paraísos para fugir de impostos nos
Numa tabela, se faria uma relação dos luga- seus países de origem. São paraísos fiscais
res considerados paraísos fiscais. No mapa, tanto quanto os outros e também mais ou
pode-se ver a distribuição geográfica desses menos fora do controle das leis interna-
lugares. E aí, algumas coisas podem intrigar. cionais. Logo, servem de apoio às redes de
Por exemplo: por que ocorre a concentração ilegalidade.
54
1. Uma cidade, em especial uma grande cida- suas regiões. Assim, uma cidade já influente
de, representa o contrário do isolamento fica ainda mais influente. São Paulo enquadra-
geográfico. Ela estabelece muitas articula- -se nessas condições, não apenas por ser grande,
ções com outros espaços e termina esten- mas por conta de uma série de outras virtudes
dendo sua influência por vastos territórios. que a articula à escala mundial. Há outras cida-
Dê exemplos de como isso acontece. des grandes no mundo que não têm tanta articu-
lação com a rede mundial de cidades.
Isso acontece de diversas maneiras e em
vários campos da vida social. As cidades 3. O modo de vida urbano estimula o consu-
reúnem muitas atividades e poder econô- mo de muitos bens. O que é correto afirmar
mico, muito poder político e muito poder a esse respeito?
cultural. Termina, em razão disso, sendo
sede de meios de comunicação e de meios a) A forma de organização do espaço da
de informação. Seus negócios vão longe, cidade favorece a realização de ativida-
suas informações também. Seus hábitos e des agrícolas e a criação de animais.
práticas culturais são diversos e eles são ir-
radiados pelas televisões, pelo cinema, pela b) O tempo das pessoas na vida urbana
imprensa ou pelos turistas para outras cida- permite a confecção de roupas em casa,
des e áreas do mundo. no entanto, ninguém mais se interessa
por essa atividade.
2. A cidade de São Paulo é uma das maiores
metrópoles do mundo. Segundo o Censo de c) O modo de vida urbano permite que o
2010, sua população é de cerca de 11,3 mi- lugar de trabalho e o lugar de moradia
lhões de habitantes. Isso faz dela uma cidade sejam o mesmo, havendo mais espaço
global? Justifique. e tempo para a produção dos bens
domésticos.
O que faz uma cidade ser global é sua articu-
lação com outras escalas, chegando à escala d) As atividades urbanas estão ligadas
mundial. Seus negócios, suas influências per- aos serviços, ao comércio e à indústria;
correm a escala global. Os negócios de escala logo, a produção de alimentos está no
global procuram se situar também em cidades campo, e os habitantes têm de adquirir
estratégicas, capazes de muita influência em esses bens.
55
56
apesar de sua posição geográfica privi- controles, necessários para uma nova situa-
legiada em termos de distância. ção mundial. É só verificar a facilidade e a
quantidade de produtos ilegais que circulam
Embora com enorme potencial turístico, a em nosso cotidiano.
América do Sul não tem, nesta atividade, um
10. Sobre os “paraísos fiscais”, é correto afir-
recurso econômico importante. Já na América
mar que:
do Norte o quadro é o oposto, visto que, nessa
área, o turismo é uma importante atividade
econômica, em especial nos Estados Unidos. a) eles protegem o dinheiro sujo, mas nem
todas as organizações criminosas con-
8. A Europa é o continente que tem a maior seguem acessá-los, porque eles estão
movimentação turística do mundo. Será isolados dos grandes mercados.
que essa movimentação tem provocado de-
gradação de seus espaços? b) sua localização dominante na América
Central e no Caribe indica que as or-
O turismo em direção à Europa acontece prin-
ganizações criminosas que usam esses
cipalmente para as grandes cidades, que, por
sua vez, têm a capacidade de absorver um “paraísos” têm suas operações apenas
grande número de turistas sem que isso abale nos EUA.
necessariamente seu funcionamento e suas
condições geográficas. Ao contrário, o turismo c) a localização dos “paraísos” europeus
é uma atividade econômica que revitaliza essas mostra que apenas pequenas ilhas e
cidades, que melhora suas estruturas. Assim, fragmentos de território sem importân-
não necessariamente deve-se aceitar a ideia de
cia exercem essa função.
que o turismo é destruidor de espaços.
9. Num mundo marcado pelo aumento sig- d) em um mundo globalizado, todo inter-
nificativo da circulação de bens de várias conectado, cujas operações podem ser
localidades (países) para outras, muitas realizadas a distância, os “paraísos fis-
das regras de controle, que restringem a cais” fortaleceram-se, pois não importa
presença de produtos estrangeiros, foram tanto sua localização.
afrouxadas. Será que as organizações que
negociam bens ilegais conseguiram, nesse e) existem menos deles na Ásia, porque
contexto, tornar mais eficientes seus negó- nessa região praticamente não existem
cios e suas redes? redes de ilegalidade.
A facilidade de circulação de todos os bens Os paraísos fiscais têm sua função potencia-
favoreceu a circulação de bens ilegais. lizada à medida que as conexões a distância
As organizações criminosas aperfeiçoa- estão bem mais fáceis. Inclusive prisioneiros,
ram seus procedimentos, fortaleceram-se em certas condições, podem operar recursos
e ainda se aproveitam da falta de novos nesses paraísos.
57
58
Situação de
Conteúdos essenciais
Aprendizagem
A. A essência relacional da cidade; a cidade é uma concentração de gente e de recursos,
e viver nela é estar num local muito conectado, que se relaciona com o mundo.
1
B. Cidades (metrópoles, principalmente) permitem se relacionar com o mundo (com a
escala mundial).
A. O modo de vida urbano (o espaço das cidades) obriga uma nova forma de abaste-
cimento das famílias: o consumo; relação cidade ↔ consumo.
2
B. As cidades são espaços de consumo e propagadoras de hábitos de consumo, inclusive
em escala mundial.
A. O turismo é uma prática que envolve viagem, uma saída do lugar e do cotidiano;
turismo é diferente de lazer.
3 B. As práticas turísticas estão mais disseminadas na Europa e na América do Norte, nos
países que têm melhores condições de vida. São eles os que recebem mais turistas e
também os que enviam mais para outras partes do mundo.
A. Redes de ilegalidade tornam-se mais fortes quando atuam em escala global, o que
4 hoje é mais fácil.
Os procedimentos adequados para gerar cristalizando em sua vida escolar, o que faz
novas Situações de Aprendizagem podem ser com que, no presente, a comunicação sobre
buscados e isolados no interior das quatro Si- elementos novos fique interrompida. Nesse
tuações. Eles devem ser despidos dos detalhes, caso, você pode indicar aos alunos várias
para extrair apenas o essencial. O ideal é acom- associações, sempre perguntando o que se
panhar bem de perto os estudantes que têm di- quer ver. Com isso, imediatamente você no-
ficuldades e estão no trabalho de recuperação. tará se o aluno conhece os pontos cardeais, se
Com relação à observação e à interpretação tem noção das coordenadas geográficas, dos
de representações cartográficas, vale repetir o hemisférios (do norte, do sul, do ocidente, do
que já havia sido destacado no Caderno do oriente) e, mais que tudo isso, se ele entende
volume 3 desta série/ano: “No que se refere que num mapa estão representados aspectos
aos exercícios cartográficos, por exemplo, é do mundo. A cada dificuldade que for sur-
comum que o baixo aproveitamento esteja gindo, é necessário explicar com naturalidade,
associado às lacunas anteriores, que tornam superando cada barreira. Não é recomendável
as representações um mistério, um mundo dizer: isso você já deveria saber, pois esse é o
estranho para o estudante. Em razão disso, alarme para acionar todos os bloqueios e en-
muitos bloqueios inconscientes foram se cerrar a comunicação”.
59
KNAFOU, Rémy. Turismo e território: Obra teórica de Jacques Lévy sobre a necessá-
por uma abordagem científica do turismo. ria inclusão do espaço como dimensão social
In: RODRIGUES, Adyr A. B. Turismo e e sobre a necessidade de teorização dessa di-
Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 62-74. mensão espacial.
60
61
Nesse site, há muitos dados sobre a cidade de Revista eletrônica sobre o turismo no Brasil e
Paris, o principal destino turístico do mundo. no mundo.
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Situações de Aprendizagem procura- cotidiano com organizações que operam em
ram contemplar de maneira produtiva e re- escala mundial.
flexiva o tema das novas redes sociais que se
estruturam tendo como base a nova Geogra- Os conteúdos aqui tratados podem ser abor-
fia do mundo. Com esse intuito, trabalhou-se dados de outras formas e necessariamente de-
a natureza relacional das cidades, espaço verão ser ampliados, aprofundados e revistos,
fundamental por sua condição de nos inse- pois eles envolvem realidades muito dinâmicas
rir em várias escalas de relações, como um e ainda pouco conhecidas.
elemento-chave que explica a Geografia con-
temporânea, o que pode ser bem expresso As atividades propostas certamente ganharão
pelo fenômeno da cidade global. em qualidade, consistência e pertinência se conta-
rem com a sua contribuição. Antes de tudo, pela
Tendo essa referência, refletiu-se sobre temas razão óbvia que a produtividade delas (ou não)
pouco presentes na programação tradicional será sentida por você, mas também porque suas
da Geografia escolar: a lógica de expansão próprias elaborações, seus entendimentos, suas
das redes mundiais do consumo urbano; as práticas, em suma, toda a sua experiência deve ser
redes espaciais do turismo e as consequências incorporada ao trabalho. Nenhuma atividade do-
dessa atividade que consome e transforma cente será verdadeira e interessante se ela se basear
espaços; a lógica que aumenta o poder das num material externo que ignore, não dialogue e
redes de ilegalidade, que se inserem em nosso não permita a incorporação da sua experiência.
63