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Rio de Janeiro
Dezembro de 2012
ANÁLISE TÉRMICA EM ESTRUTURAS DE TANQUES DE ARMAZENAMENTO
DE ETANOL EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Fernando Luiz Bastos Ribeiro, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Alexandre Landesmann, D.Sc.
________________________________________________
Prof. José Renato Mendes de Sousa, D.Sc.
_______________________________________________
Prof. Eduardus Aloysius Bernardus Koenders, Ph.D.
iii
Dedicatória
iv
Agradecimentos
Ao colega Júlio César Silva, aluno de doutorado da COPPE, pela grande ajuda
na elaboração deste trabalho.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Dezembro/2012
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
December/2012
vii
SUMÁRIO
viii
3.3.1.1 Radiação ...................................................................................................41
3.3.1.2 Convecção .................................................................................................42
3.3.1.3 Condução ..................................................................................................43
ANEXO A ....................................................................................................................... 91
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2-3 Incêndios ocorridos no ano de 2011 e suas causas (GODDARD, 2011). .... 11
Figura 3-1: Esquema da transferência de calor por radiação (COSTA, 2008). .............. 41
Figura 4-1: (a)Vista 3D do modelo e arranjo geométrico; (b) vista superior e (c) corte
lateral. ............................................................................................................................. 48
Figura 4-3: Pontos de monitoração do fluxo de radiação entre os tanques alvo e fonte. 51
Figura 4-5: Sistema de dilúvio posicionado acima dos tanques, representado pelos
pontos em azul. ............................................................................................................... 52
Figura 4-6: Sistema de dilúvio ativado no tanque alvo e tanque fonte em chamas. ....... 52
Figura 4-9: Evolução do incêndio para o cenário 3 com vento incidente de leste, em
diferentes instantes de tempo (chama visível a partir de 80 kW/m³). ............................ 57
Figura 4-10: Evolução do incêndio para o cenário 4 com vento incidente de leste, em
diferentes instantes de tempo (chama visível a partir de 80 kW/m³).. ........................... 57
x
Figura 4-12: Propagação da fumaça, para o cenário 2 de calmaria. ............................... 59
Figura 4-17: Temperatura do gás no entorno dos tanques para os cenários 1 (a) e 2 (b).
........................................................................................................................................ 63
Figura 4-20: Temperatura do gás próxima ao tanque alvo (a) cenário 3 e (b) cenário 4
em t=229 s. ..................................................................................................................... 65
Figura 4-21: Vetores velocidade do fluido nas simulações com vento. ......................... 67
Figura 4-22: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 1. .................................................................................................. 68
Figura 4-23: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 2. .................................................................................................. 69
Figura 4-24: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 3. .................................................................................................. 69
Figura 4-25: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 4. .................................................................................................. 70
xi
Figura 4-29: Temperatura na superfície adiabática no instante em que ocorre a maior
temperatura (279ºC) lida pelos pontos de monitoração aos 141s de simulação para as
condições do cenário 4. .................................................................................................. 74
xii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2-2 Informações relevantes sobre o etanol utilizadas nas simulações de incêndio.
.......................................................................................................................................... 8
Tabela 2-3 Radiação térmica e efeito correspondente (HAAG e ALE, 2005). .............. 27
Tabela 3-1 Valores do coeficiente de transferência de calor por convecção (EN 1992-1-
1:2002). ........................................................................................................................... 43
Tabela 4-3 Pontos de monitoração do fluxo de radiação entre os tanques fonte e alvo,
nas simulações de incêndio. ........................................................................................... 50
Tabela 4-5 Número de processadores utilizado por simulação e tempo total de CPU. .. 54
xiii
LISTA DE SÍMBOLOS
Letras Romanas
Fi fator de vista
g vetor gravidade
H entalpia
k condutividade térmica
p pressão
''
qcon fluxo de calor por condução
''
qconv fluxo de calor por convecção
''
qinc radiação incidente
''
qrad fluxo de calor por radiação
''
qtot fluxo de calor líquido total
xiv
Sa salinidade
t tempo
T temperatura
Tg temperatura do gás
Ts temperatura na superfície
u vetor velocidade
ug velocidade do gás
W peso molecular
Z fração de mistura
Letras Gregas
ε emissividade
κ coeficiente de absorção
constante de Stephan-Boltzmann
xv
CAPÍTULO 1 - Introdução
1.1 Motivação
1
No Brasil, toda a gasolina, seja ou não para uso automotivo, contém de 20% a
25% de etanol anidro (0,4% de água, em volume). O percentual exato varia, conforme
decisões políticas e econômicas governamentais. Praticamente todos os postos de
combustíveis do país oferecem etanol hidratado puro (4% de água, em volume) para
carros a álcool e modelos flex. Atualmente, quase 90% dos carros fabricados no Brasil
possuem tecnologia flex (UNICA, 2012).
1 Nota: E85 – Combustível composto por 85% de etanol e 15% de gasolina. A utilização dessa substância
nos automóveis contribui para reduzir o lançamento de gases poluentes na atmosfera, visto que a
combustão do E85 emite menos metano, dióxido de carbono e óxido nitroso (CERQUEIRA, 2012).
2
sendo adotadas na indústria a fim de minimizar acidentes em tanques de armazenamento
de etanol.
Outro ponto que merece atenção é que, segundo alguns institutos de pesquisa, o
etanol vem sendo encarado e administrado de modo semelhante à gasolina. Tal atitude
representa um erro, dado que estes combustíveis apresentam propriedades químicas,
comportamento de queima, extinção, dentre outras características completamente
distintas.
3
1.3 Estrutura da dissertação
4
CAPÍTULO 2 - Revisão Bibliográfica
5
combustível inflamável em uma faixa de temperatura entre 12 e 40ºC, enquanto que a
temperatura da gasolina deve estar abaixo de -20ºC para a formação nos limites
estequiométricos de inflamabilidade, i.e., à medida que a temperatura ultrapassa -20ºC,
rapidamente a gasolina evapora gerando assim uma mistura rica que não é facilmente
ignitada. Misturas de etanol têm uma faixa de inflamabilidade que varia do etanol puro
à gasolina, dependendo de sua composição específica. Como resultado, a possibilidade
de condições inflamáveis em um tanque de armazenamento, e, assim, o risco de ignição,
é maior para o etanol do que para a gasolina.
6
Incêndio ocorrido em 26/07/2009. Local: Cambria, EUA (SCHILL, 2012)
(a)
7
O etanol, também conhecido como álcool etílico, é um líquido altamente
inflamável. Esse líquido pode acumular carga estática por fluxo ou agitação, seus
vapores são mais pesados do que o ar e podem propagar-se para longas distâncias até
fontes de ignição e inflamarem-se. Além disso, o etanol líquido, por não ser miscível em
água, é capaz de flutuar nesta, podendo deslocar-se por grandes distâncias e espalhar o
fogo. A decomposição sob altas temperaturas produz gases tóxicos. A Tabela 2-1
apresenta as propriedades físico-químicas do etanol retiradas da Ficha de Informação de
Segurança de Produto Químico (FISPQ) da empresa BRASKEM (2009). A Tabela 2-2
apresenta outras informações relevantes sobre o etanol, que são utilizadas como dado de
entrada para as simulações de incêndio.
Aspecto
Estado físico: Líquido límpido.
Cor: Incolor
Odor: Característico
Temperaturas características
Ponto de fusão: - 114,4 ºC
Ebulição: 78,4 ºC
Características de inflamabilidade
Ponto de fulgor: 13 ºC
Temperatura de autoignição: 363 ºC
Características de explosividade
Limites de explosividade no ar
- Inferior (LIE): 3,3 %
- Superior (LSE): 19,0 %
Pressão de vapor: 40 mmHg @ 19 ºC
Massa volumétrica (densidade)
Densidade de vapor (ar = 1). 1,59
Densidade relativa (água = 1): 0,789 g/cm3 @ 20 ºC
Fórmula química: CH3CH2OH
Peso molecular: 46
Tabela 2-2 Informações relevantes sobre o etanol utilizadas nas simulações de incêndio.
Calor de combustão (kJ/kg) 26800
Calor específico (J/(kg.K)) 2840
Condutividade térmica (W/m/K) 0,18
Calor de reação (kJ/kg) 855
8
2.2 Acidentes e eventos de risco
Foram relatados, em todo mundo desde a década de 50, cerca de 480 incêndios
em tanques de armazenamento de produtos inflamáveis e combustíveis. A maior causa
desses eventos, o que corresponde a aproximadamente 30 % das ocorrências, é
relacionada a descargas atmosférica. Uma retrospectiva dos incêndios em tanques de
armazenamento em indústrias de petróleo entre 1951 e 2003 (PERSSON e
LONNERMARK, 2004) contabilizou:
9
(a) 15 a 20 incêndios em tanques reportados a cada ano, variando de um simples
incêndio em um flange de vedação até incêndios que atingem todo o parque
de tancagem;
(b) 160 incêndios foram causados por descargas atmosféricas.
10
02/06/2011, Tanque de combustível em Pembrokeshire, UK. Causa:
07/06/2011, Refinaria em Beaumont, Texas. Causa: Manutenção
Manutenção
19/05/2011, Tanque de óleo em Kansas, EUA. Causa: descarga atmosférica 27/04/2011 Tanque de resíduos em Oklahoma, USA. Causa: descarga
atmosférica
04/04/2011, Texas, EUA. Causa: descarga atmosférica 02/04/2011, Tanque de óleo no centro de Java. Causa: desconhecida
31/03/2011, Tanque de óleo em Mississippi, EUA. Causa: Desconhecida 24/03/2011, Tanque de óleo de aviação em Miami, EUA. Causa: Falha em
uma bomba
Figura 2-3 Incêndios ocorridos no ano de 2011 e suas causas (GODDARD, 2011).
11
Os principais riscos associados aos tanques de armazenamento, que contenham
líquidos inflamáveis, são incêndio e explosão (CHANG e LIN, 2006). Incêndios ou
explosões são prováveis de ocorrer quando vapores ou líquidos são liberados em áreas
onde pode haver uma fonte de ignição, ou quando a fonte de ignição é introduzida numa
região que possa conter uma atmosfera inflamável. A dimensão do risco de incêndio ou
explosão depende da temperatura do líquido, da quantidade de superfície exposta, do
tempo de exposição, e do movimento de ar sobre a superfície.
12
2.3 Projeto de um parque de tancagem
13
instalações de grande escala de armazenamento. Além disso, as distâncias de separação
não são capazes de dar a proteção total em caso de incêndio ou explosão envolvendo o
tanque, mas deve permitir tempo suficiente para que os usuários sejam evacuados, desde
que haja adequado meio de escape. As distâncias de separação também devem
possibilitar tempo suficiente para procedimentos adicionais de combate a incêndios e de
emergência a serem mobilizados.
14
seja muito mais baixa. O objetivo do estudo de BEYLER (2004) foi revelar e
compreender o comportamento de um tanque de aço quando exposto a um incêndio
adjacente, considerando-se as deformações térmicas do costado.
15
(a)
(b)
Cargas elétricas
(c)
(d)
16
A Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho
(FUNDACENTRO) preparou um relatório de análise de acidente para um sinistro
ocorrido em abril de 2007 em Araucária no Paraná, no qual a fonte de ignição foram as
cargas eletrostáticas mencionadas. Segundo informações obtidas pelos responsáveis
pela investigação do acidente, estavam sendo executadas obras na bacia de contenção de
tanques, os quais armazenavam álcool etílico, quando um desses tanques com
capacidade de 311.000 litros e contendo cerca de 10% de produto explodiu. Um
segundo tanque também veio a explodir posteriormente. Esse acidente provocou 4
mortes e 2 feridos. O primeiro tanque rompeu na base projetando-se com teto e costado,
liberando o produto incendiado que atingiu os trabalhadores vitimados. A explosão do
segundo tanque ocorreu devido ao aquecimento dos vapores em seu interior provocado
pelo incêndio no tanque próximo.
17
A proteção passiva pode ser definida como sendo um conjunto de medidas e de
critérios de projeto cuja aplicação tem a finalidade de evitar, isolar, ou retardar a ação
do fogo ou calor excessivo independentemente da ação de usuários ou equipamentos. O
sistema de proteção passiva contra incêndio pode ser definido também como sistema de
prevenção, pois considera medidas de controle e segurança que minimizem a ocorrência
de incêndio e a área de abrangência deste evento. Portanto, pode-se afirmar que a
proteção passiva possui uma grande vantagem sobre a proteção ativa, pois é menos
dependente tanto dos equipamentos quanto de fatores humanos, que são (ambos)
passíveis de falhas. Desta forma, a proteção passiva é menos vulnerável a falhas no
controle de emergência. O objetivo da aplicação da proteção passiva é proporcionar
uma maior eficiência ao combate e propagação do incêndio, eliminando diversos fatores
de contingência existentes nos sistemas ativos, que possibilitam prejuízos de grandes
proporções como perdas humanas e patrimoniais, além de exigir investimento e custo
operacional altíssimos (OLIVEIRA, 1993).
O sistema de proteção passiva pode ser utilizado em vários casos, mas o seu uso
em elementos estruturais a fim de evitar o colapso dos mesmos durante o incêndio é o
mais comum. Como exemplo de proteção passiva utilizada em parques de tancagem
está o distanciamento entre tanques que é prescrito por norma ABNT NBR7820:1983.
Pode ser necessária proteção contra incêndios, em condições de armazenamento menos
ideais, principalmente, quando se é inviável obedecer às distâncias de separação
adequadas (HSE, 2009). Medidas de proteção contra incêndio podem ser fornecidas por:
18
a área aonde o fogo irá se espalhar e, com isto pode-se “ganhar tempo” enquanto os
recursos materiais e humanos são mobilizados para o controle da emergência. Ou seja, a
proteção passiva, em função do desenvolvimento dos materiais e métodos de utilização
não leva necessariamente à substituição completa da proteção ativa, mas induz uma
racionalização e/ou otimização dos dois sistemas (HSE, 2008).
O sistema de dilúvio pode operar orientado para baixo, e.g., posicionado na parte
frontal do tanque ou orientado para a superfície a ser blindada, a partir de uma dada
angulação. Para verificar a eficiência desses dois tipos de blindagem, BUCHLIN (2005)
realizou modelagens, experiências de laboratório e testes de campo para ambas as
configurações e, como resultado, obteve um fator de atenuação de 50-75% para a
cortina vertical, contra 90% nos casos em que é possível a sobreposição dos sprays
(BUCHLIN, 2005).
19
Como já mencionado, o sistema de dilúvio é utilizado para reduzir a temperatura
do tanque e assim aumentar o tempo de resistência ao fogo até que a brigada de
incêndio comece a atuar. No entanto, o estudo realizado por PENTA (2004) revela que
os sistemas de dilúvio instalados em tanques de gás liquefeito de petróleo (GLP) não
são tão eficientes durante incêndios quanto deveriam. Sistemas de água de dilúvio são
projetados para imergir totalmente uma estrutura submetida ao fogo com fluxo contínuo
de água de resfriamento. Para que funcionem corretamente, eles devem rapidamente
inundar toda a superfície externa do tanque e mantê-la molhada até que a brigada de
incêndio chegue para debelar as chamas. As áreas que fiquem secas durante esse tempo
de chegada da brigada estarão suscetíveis à deformação e ruptura, dado que a
temperatura externa pode subir a 1093ºC em apenas 5 minutos.
20
2.5 Combate a incêndio de etanol
21
2.6 Principais pesquisas e informações sobre o tema.
22
De acordo com LIU (2011), o papel da carga térmica na falha estrutural tem sido
quase ignorado na pesquisa ou práticas de desenho industrial de tanques. O referido
autor desenvolveu um estudo a fim de:
23
2.7 Principais normas nacionais e internacionais sobre o tema
a) Normas Americanas
b) Normas Inglesas
c) Normas Europeias
24
PrEN 14015-1:2000 apresenta especificação para o projeto e construção de
planta vertical, cilíndrica, enterrada, acima do nível do solo, tanques metálicos soldados
para armazenamento de líquidos a temperatura ambiente e acima desta - Parte 1:
Tanques metálicos .
1: Disposições gerais;
3: Sistemas de tubulações;
5: Operações;
Das partes apresentadas acima, vale ressaltar a parte 7 desta norma a qual
norteou o dimensionamento da vazão necessária para o resfriamento dos tanques
verticais atmosféricos e posicionamento do sistema de dilúvio considerado no presente
estudo.
25
cobertura, e algumas destas tornaram-se influentes dentro da indústria e tem a
classificação de Normas não oficiais.
Em que:
26
Tabela 2-3 Radiação térmica e efeito correspondente (HAAG e ALE, 2005).
27
CAPÍTULO 3 - Metodologia de Análise
28
As equações de Navier Stokes são equações diferenciais parciais (EDP) que
descrevem a conservação de massa, momentum e energia para o escoamento de fluidos
Newtonianos. Foram denominadas assim após Claude-Louis Navier e George Gabriel
Stokes desenvolverem um conjunto de equações que descreveriam o movimento das
substâncias fluidas, tais como líquidos e gases. Tais equações permitem determinar os
campos de velocidade e de pressão no escoamento e estabelecem que mudanças no
momento e aceleração de uma partícula fluída são simplesmente o produto (resultado)
das mudanças na pressão e forças viscosas dissipativas (similar a fricção) atuando
dentro do fluido. Esta força viscosa se origina na interação molecular. Uma análise
detalhada das tendências atuais de modelagem de incêndios utilizando CFD pode ser
encontrada nos trabalhos de NOVOZHILOV (2001), como também em KUMAR e
COX (2002).
Com o propósito de aplicar as técnicas acima, o volume de fluido que está sendo
simulado é dividido em vários volumes menores ou células, que juntos formam uma
malha computacional. Assim, o modelo usa um algoritmo numérico para aplicar as
equações de NS na malha computacional e resolve as equações em instantes de tempo
consecutivos discretos.
29
suprir esta demanda com um custo razoável. Neste trabalho, a implementação paralela
do modelo foi utilizada em um Cluster, onde cada nó é composto por um Core2duo
2.66GHz 1333MHz com 8GB de RAM com uma rede homogênea de 1Gbps.
30
3.2 Fire Dynamic Simulator (FDS)
Este item fornece uma breve descrição do FDS com base nas informações
apresentadas previamente e contidas nos Guias do Usuário e de Referência Técnica, que
acompanham o programa.
31
Os resultados das simulações com FDS podem ser visualizadas utilizado o
Smokeview (SMV). Conforme MCGRATTAN et al. (2009), o SMV é um aplicativo que
produz imagens e animações dos resultados gerados pelo FDS. Este programa
acompanha o pacote de instalação do FDS disponibilizado pelo NIST e produz
resultados eficientes quanto à visualização da fumaça e do fogo, conforme os dados da
simulação do FDS. A animação produzida pelo SMV é tridimensional e demonstra todo
o modelo físico que o usuário inseriu no arquivo de entrada do FDS. Vale ressaltar, que
existem aplicações produzidas por terceiros para facilitar a entrada de dados no FDS e a
importação de arquivos de CAD. Pode-se destacar o programa Blender, que fornece
uma interface gráfica ao usuário para inserir a geometria, bem como, os dados de
entrada do FDS.
Conservação de Massa
.( u ) mb''' (Eq 3-1)
t
32
Conservação do Movimento
( u )
. uu p g fb . ij (Eq 3-2)
t
( H ) Dp
. Hu q ''' qb''' .q '' (Eq 3-3)
t Dt
RT
p (Eq 3-4)
W
HRR) por unidade de volume, q '' é o vetor fluxo de calor, é a taxa de dissipação, R é a
33
A ponderação entre os efeitos difusivos – com o aprimoramento do método dos
volumes finitos (MVF), no qual as equações aproximadas são obtidas através de
balanços de conservação da propriedade envolvida no volume elementar – e
convectivos, que passaram a empregar a outras funções de interpolação para permitir o
tratamento adequado dos termos convectivos não lineares, possibilitaram um expressivo
avanço do MEF na área de escoamento de fluidos (MALISKA, 1995).
Na prática, isso nem sempre é possível, já que algumas salas podem ser não-
retangulares, possuírem tetos inclinados, etc. Objetos que não satisfaçam a malha
retilínea podem ser representados a partir da quebra destes em numerosos pequenos
obstáculos retangulares. O resultado é uma superfície chamada de “dente de serra" ou
sawtooth que é uma característica opcional do FDS que diminui o efeito de "dente de
serra" nas superfícies e evita que vorticidade sejam geradas nos cantos. Isto atenua o
campo de escoamento na região da superfície, impedindo arrasto adicional devido aos
múltiplos cantos afiados. Este recurso foi utilizado na construção dos tanques deste
estudo.
34
computacional, o modelo DNS não é muito utilizado para resolver problemas de grande
escala por razões práticas.
A opção padrão do FDS assume que a combustão ocorre em uma única etapa de
reação:
35
Deve-se notar que, na equação acima, o S no lado direito representa a fumaça
formada durante a reação do combustível com o oxigênio. Esta reação de única etapa
torna-se menos precisa na predição de produtos de combustão se o compartimento
incendiado for ventilado.
A reação de única etapa assume que, para cada molécula de combustível de uma
quantidade fixa de CO2, H2O e CO são produzidos e permanecem na pluma sem que
ocorra qualquer reação adicional. Para abordar a ventilação com maior precisão, uma
segunda etapa de reação é resolvida pelo FDS. Se uma quantidade suficiente de
oxigênio estiver disponível, CO2 é produzido na segunda etapa da reação.
36
''
qtot qrad
''
qcon
''
(Eq 3-6)
''
qrad (qinc
''
Ts4 ) (Eq 3-7)
''
Onde qinc é a radiação incidente, σ é a constante de Stefan Boltzmann, e Ts é a
temperatura na superfície. A emissividade, ε, é a propriedade do material da superfície.
Esta pode ser medida, mas, na maioria dos casos de material estrutural expostos a
incêndio, pode ser assumido como sendo igual a 0,8 (WICKSTROM et al., 2007).
''
qinc i Fi Ti 4 (Eq 3-8)
''
qconv hc .(Tg Ts ) ( Eq 3-9)
37
Das deduções acima, tem-se a equação 3-10, em que o fluxo de calor total
líquido de uma superfície pode ser expresso como:
''
qtot (qinc
''
Ts4 ) h(Tg Ts ) ( Eq 3-10)
(qinc
''
TAST
4
) h(Tg TAST ) 0 ( Eq 3-11)
38
3.2.7 Processamento em paralelo
39
processo de atomização ter sido concluído. Em segundo lugar, a introdução de todas as
gotículas em um único ponto no espaço (e, portanto, em uma única célula
computacional) leva a grande probabilidade de instabilidades numéricas.
40
Independente do cenário de incêndio, a transferência de calor da atmosfera
quente para um elemento estrutural de um compartimento é governada pelas leis da
transferência de calor por convecção, radiação e condução.
3.3.1.1 Radiação
radiação absorvida
''
qrad . .[(Tg 273)4 (Ts 273)4 ] (Eq 3-12)
41
Em que:
''
qrad = fluxo de calor radiante absorvido pela superfície por unidade de área;
Tg = temperatura da gás.
3.3.1.2 Convecção
O fluxo de calor por convecção é calculado pela equação 3-13, desenvolvida por
Isaac Newton em 1701.
''
qconv hc .(Tg Ts ) (Eq 3-13)
Em que:
''
qconv = fluxo de calor por convecção absorvido pela superfície por unidade de área;
42
O coeficiente hc depende da velocidade das massas de gases, da temperatura, da
natureza dos gases, do tipo e tamanho da superfície exposta ao calor. Tal valor não é de
fácil medição, é determinado empiricamente e é apropriado às curvas nominais para
modelagens numéricas, conforme apresentado na Tabela 3-1 (COSTA, 2008)..
Tabela 3-1 Valores do coeficiente de transferência de calor por convecção (EN 1992-1-
1:2002).
Superfícies do Material hc
Curva de aquecimento
elemento combustível [W/m²/ºC]
Celulósicos ISO 834:1975 25
Hidrocarbonetos Curva “H’ 50
Superfície exposta Celulósicos Incêndio externo 25
Curvas naturais (modelos
- 35
simplificados)
4*
Superfície não-exposta - 20ºC
9**
Nota: *se o efeito da radiação for considerado separadamente;
**se o efeito da radiação está incluso na convecção; nesse caso, qrad 0
''
3.3.1.3 Condução
''
qcon k.(T ) (Eq 3-14)
Em que:
''
qcon = fluxo de calor por condução do elemento por unidade de área;
k = condutividade térmica;
43
T
k . 2 (T ) q .c. (Eq 3-15)
t
Em que:
T = temperatura do material;
t = tempo.
44
Figura 3-2: Esquema da determinação das temperaturas externa e interna da chapa
devido à transferência de calor entre os meios.
1 1
Texterna (qtot
''
( ) TAST )
h1 (TAST h1 )(TAST h1 )
2
(Eq 3-16)
1
Tint erna qtot
''
Tf (Eq 3-17)
h2
Em que:
T f = temperatura do fluido
45
CAPÍTULO 4 - ESTUDO DE CASO
46
m/s. Tal velocidade foi selecionada por representar uma velocidade moderada que
estaria entre uma condição de calmaria e uma mais extrema. Neste cenário, quando da
ocorrência do incêndio, o sistema de resfriamento por dilúvio não é acionado.
Finalmente, no cenário 4, o sistema de dilúvio é acionado - tal como no cenário 2 –
porém, considera-se a contribuição do vento utilizada no cenário 3.
47
Tanque alvo = A
Tanque fonte = F
A
F
(a)
A F
(b)
30 m
A F
(c)
Figura 4-1: (a)Vista 3D do modelo e arranjo geométrico; (b) vista superior e (c)
corte lateral.
48
4.2.2 Pontos de monitoração
49
A
Região Monitorada
9
z
y
x
1
A análise entre tanques tem por objetivo verificar o nível de radiação ao qual, os
usuários presentes no parque de tancagem estão sujeitos em caso de incêndio, bem
como, a viabilidade da equipe de combate a incêndio em se aproximar do tanque em
chamas com segurança. Para tal, foram posicionados nove pontos de monitoração
equidistantes de 3 metros entre o tanque fonte e o tanque alvo, a uma elevação de 1.75
m, que corresponde à altura média do ser humano (IBGE, 2009). A Tabela 4-3
apresenta a posição destes que são indicados na Figura 4-3.
Tabela 4-3 Pontos de monitoração do fluxo de radiação entre os tanques fonte e alvo,
nas simulações de incêndio.
50
(A) (F)
Região
Monitorada
10 18
Figura 4-3: Pontos de monitoração do fluxo de radiação entre os tanques alvo e fonte.
51
Defletor
Braço de armação
Orifício
Sistema de dilúvio
A
F
Figura 4-6: Sistema de dilúvio ativado no tanque alvo e tanque fonte em chamas.
52
4.2.4 Modelagem computacional
Vale ressaltar que o domínio computacional considerado não foi expandido para
além dos limites dos tanques, principalmente nos cenários de vento, devido a análise
estar focada na região central do tanque alvo, na face voltada para a região do incêndio,
regiões distantes de pelo menos 15 metros da fronteira. Além disso, considerou-se a
fronteira como open boundaries no FDS, o que representa o livre fluxo do fluido.
53
Verifica-se, nos cenários 2 e 4, que mesmo contando com o mesmo número de
processadores rodando em paralelo, o tempo de CPU é oito vezes maior, quando a
condição de vento é considerada. Isso se deve, pois, um maior número de variáveis que
representam a ventilação passam a ser resolvidas em cada um dos 5 milhões de volumes
de controle considerados. Ao passo que, o tempo de processamento das simulações que
consideram a atuação do sistema de dilúvio, apesar de também apresentarem aumento
do tempo de processamento, não é significativamente representativo. Esta diferença se
explica pelo cálculo das equações, referentes ao dilúvio, serem resolvidas localmente,
nos volumes de controle localizados no entorno dos tanques, onde estão posicionados os
aspersores, e não em todo o domínio computacional tal como presenciado na condição
de vento.
Tabela 4-5 Número de processadores utilizado por simulação e tempo total de CPU.
54
menos de 10 segundo da ignição ocorre o flashover, que por definição representa: “uma
fase transitória do desenvolvimento do incêndio em compartimento durante o qual as
superfícies expostas à radiação térmica atingem a sua temperatura de ignição mais ou
menos simultaneamente. Sendo assim, o fogo se propaga rapidamente por todo o
espaço, culminando na participação de todo o compartimento" (NFPA 921, 2004). No
caso proposto, o flashover (inflamação generalizada) representa o ponto onde todo o
combustível pode entrar em combustão, assumindo-se que o incêndio está “fora de
controle”.
Quanto ao flashover desses cenários, verifica-se que este ocorre quase que
instantaneamente, em menos de 5 segundos do início do incêndio. Essa ação mais
rápida, se comparada aos cenários 1 e 2, se deve a contribuição da ação do vento que
favorece a queima do combustível.
55
t=0s t=1s (ignição do combustível)
t=3s t=4s
t=13s t=34s
t=46s t=53s
Figura 4-7: Evolução do incêndio para o cenário 1 de calmaria, em diferentes
instantes do incêndio (chama visível a partir de 80 kW/m³).
t=34s t=46s
t=53s
56
t=0s t=1s (ignição do combustível)
t=7s t=8s
t=13s
t=34s
t=46s t=53s
Figura 4-9: Evolução do incêndio para o cenário 3 com vento incidente de leste,
em diferentes instantes de tempo (chama visível a partir de 80 kW/m³).
t=34s t=46s
t=53s
Figura 4-10: Evolução do incêndio para o cenário 4 com vento incidente de
leste, em diferentes instantes de tempo (chama visível a partir de 80 kW/m³)..
57
4.3.2 Propagação de fumaça
t=1s t=3s
t=4s t=7s
t=34s t=46s
t=53s
Figura 4-11: Propagação da fumaça, em diferentes instantes de tempo, para o
cenário 1 de calmaria.
58
t=34s t=46s
t=53s
Figura 4-12: Propagação da fumaça, para o cenário 2 de calmaria.
t=1s t=3s
t=4s t=7s
t=8s t=13s
t=34s t=46s
t=53s
Figura 4-13: Evolução da fumaça, em diferentes instantes de tempo, para o
cenário 3, de vento.
59
t=34s t=46s
t=53s
Figura 4-14: Evolução da fumaça, em diferentes instantes de tempo, para os
cenário 4, de vento.
A Figura 4-19 apesenta o resultado para o cenário 4, tal como apresentado para o
cenário 2, i.e., não é mostrada a atuação do sistema de diluvio para fins de visualização
da redução da temperatura do gás apesar de estar operante durante a simulação.
Observa-se que o acionamento do dilúvio no tanque fonte reduz a temperatura do gás no
entorno do costado do tanque alvo, como pode ser constatado na Figura 4-20 (b), na
qual em 229 segundos de simulação, a temperatura próxima ao tanque alvo não
ultrapassa 35ºC enquanto que na ausência do sistema de dilúvio esta chega à 70ºC.
Entretanto, este não reduz significativamente a temperatura da chama no tanque fonte.
Assim como observado no cenário 2, a temperatura do gás próximo ao costado do
tanque fonte é maior, em aproximadamente 20ºC, que a obtida para os casos sem
dilúvio. Neste caso, além do calor carreado pelas partículas liberadas pelos aspersores, a
ação do campo de vento direciona a pluma de temperatura para uma elevação mais
baixa, favorecendo o incremento de temperatura para a troca térmica com o ar mais
“frio” da região, o que acarreta na elevação de temperatura próxima ao tanque fonte.
Esse efeito é, portanto, menos representativo no cenário sem dilúvio, pois, apesar do
campo de vento tender a baixar a chama na direção do piso, não há a contribuição das
partículas liberadas pelos aspersores que trazem grande quantidade de líquido aquecido.
61
Tg (ºC)
t=6s
t=13s
t=36s
t=57s
t=185s
Figura 4-15: Evolução da temperatura do gás devido ao cenário 1 de calmaria.
Tg (ºC)
t=36s
t=57s
t=185s
62
Temperatura do gás de aproximadamente 27ºC
Tg (ºC)
63
Tg (ºC)
t=4s
t=6s
t=13s
t=57s
t=185s
Figura 4-18: Evolução da temperatura do gás devido ao cenário 3, de vento.
Tg (ºC)
t=57s
t=185s
64
Temperatura do gás de aproximadamente 70ºC
Tg (ºC)
65
4.3.4 Velocidade do fluido
66
Vel
(m/s)
t= 3s (a)
67
4.3.5 Temperatura na superfície adiabática
400 T2
360 T3
320
280 T4
240 T5
200
T6
160
120 T7
80 T8
40
0 T9
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
Tempo de simulação (s)
Figura 4-22: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 1.
68
600
Condição de calmaria com atuação do dilúvio
560
520
480 T1
440
Temperatura (ºC)
400 T2
360
T3
320
280 T4
240
200 T5
160 T6
120
80 T7
40 T8
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 T9
Tempo de simulação (s)
Figura 4-23: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 2.
600
Vento de 5m/s e sem atuação do dilúvio
560
520
480
440 T1
Temperatura (ºC)
400 T2
360
T3
320
280 T4
240 T5
200
T6
160
120 T7
80 T8
40
0 T9
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
Tempo de simulação (s)
Figura 4-24: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 3.
69
Vento de 5m/s e atuação do dilúvio
600
560
520
480 T1
440 T2
Temperatura (ºC)
400
360 T3
320 T4
280
240 T5
200 T6
160
120 T7
80 T8
40
T9
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
Tempo de simulação (s)
Figura 4-25: Temperatura nos 9 pontos posicionados na face do tanque alvo para as
condições do cenário 4.
70
Tabela 4-7 Resultados da máxima temperatura na superfície adiabática do tanque alvo
devido às condições de cada cenário simulado.
71
aferida na face do tanque alvo fica em torno de 163ºC e ocorre aos 111 segundos de
simulação.
c
Figura 4-26: Temperatura superior a de autoignição do etanol na superfície adiabática
para as condições do cenário 1.
72
Figura 4-27: Temperatura na superfície adiabática no instante em que ocorre a maior
temperatura lida (111s) para as condições do cenário 2.
73
Figura 4-29: Temperatura na superfície adiabática no instante em que ocorre a maior
temperatura (279ºC) lida pelos pontos de monitoração aos 141s de simulação para as
condições do cenário 4.
74
Entretanto, a temperatura na superfície adiabática na face do tanque alvo não é a
temperatura da chapa de aço, pois, ao incidir na face do tanque, ocorre a transferência
de calor entre a chapa de aço e o fluido existente no interior deste, que pode ser: o ar no
caso de tanque totalmente ou parcialmente vazio ou, ainda, líquido, que neste caso trata-
se de etanol.
75
tanque alvo parcialmente cheio de etanol e ar, a temperatura na chapa
apresentada na Tabela 4-8 supera o valor de autoignição do etanol que é de
363ºC. Desta forma, a existência de uma mistura nos limites
estequiométricos de inflamabilidade no interior do tanque poderia ignitar
instantaneamente e provocar o incêndio deste e potencializar de outros
tanques vizinhos, que estejam a 30 metros do tanque fonte. Vale ressaltar,
que o valor de TAST responsável pelo aquecimento do tanque a esta
temperatura crítica é obtido em aproximadamente 3 minutos do início do
incêndio, como apresentado na Figura 4-24, o que demandaria uma ação
imediata da brigada, a fim de extinguir o incêndio no tanque fonte. Verifica-
se, ainda, que a ação do vento potencializa o efeito do incêndio sobre o
tanque alvo se comparado aos resultados obtidos para a condição de
calmaria. Vale ressaltar, que essa discrepância tende a ser mais significativa
quanto maior for a velocidade de vento durante o incêndio, i.e., para
velocidades de vento superiores a simulada (5m/s). Os demais cenários
simulados, independentemente da condição de preenchimento do tanque,
apresentam temperatura abaixo da temperatura de autoignição do etanol, não
oferendo risco de incêndio.
b) Pelo critério HSE (2008) que estipula o valor máximo de 300ºC como a
temperatura que o tanque de aço pode atingir, a fim de evitar o
comprometimento de sua estrutura e possível rompimento, observa-se pela
Tabela 4-8, que valores acima deste critério são atingidos para as condições
dos cenários 1 e 3, parcialmente cheio de etanol e desprovido do sistema de
dilúvio. O cenário 1 atinge a TAST necessária para aquecer o tanque alvo ao
valor de temperatura da Tabela 4-8 em 5 minutos de simulação enquanto que
o cenário 3, em 3 minutos.
c) A temperatura crítica determinada por BEYLER (2004) cujo valor é de
540ºC, não acarretaria problemas de segurança para os tanques nas
condições simuladas. É esperado que em condições mais severas de vento,
i.e., para velocidade de vento superior a 5 m/s que a temperatura do aço
venha a se aproximar deste limite, devido ao predomínio do campo de vento
sobre a direção e inclinação da chama sob o tanque alvo.
d) Dos valores apresentados na Tabela 4-8, verifica-se que todas as
temperaturas obtidas excedem o ponto de fulgor do etanol, que é responsável
76
pela formação de vapores inflamáveis. Tal formação torna os tanques
suscetíveis a um incêndio caso expostos a uma fonte de ignição, como por
exemplo: chama, descarga atmosférica ou mesmo, devido a existência de
carga eletrostática, como mencionado no item 2.3 desta dissertação.
77
Tabela 4-9 Fluxo total de radiação para os cenários simulados.
Resultados de radiação (kW/m²)
Cenário com vento
Ponto de monitoração Cenários de calmaria incidindo de leste com
5m/s
Com Vento sem Vento com
Sem dilúvio
Pontos nº Localização dilúvio dilúvio dilúvio
(cenário 1)
(cenário 2) (cenário 3) (cenário 4)
1 2,47 0,16 19,73 3,26
2 3,47 0,32 21,05 3,49
3 6,12 0,72 23,21 3,89
4 10,74 1,39 26,84 4,59
5 Tanque alvo 14,32 1,91 30,48 5,36
6 14,14 1,85 32,14 5,83
7 11,30 1,51 31,87 5,94
8 9,39 1,23 31,26 5,97
9 8,21 1,06 31,07 6,09
10 4,09 0,72 27,19 5,38
11 4,68 0,86 32,46 7,12
12 5,81 1,14 39,59 9,55
13 Entre tanques 6,81 1,56 47,86 12,49
14 7,26 1,91 53,13 15,09
alvo e fonte
15 5,27 1,74 51,26 16,36
16 3,15 1,03 42,27 15,44
17 1,98 0,73 31,25 13,55
18 0,55 0,44 14,43 7,21
78
que tange o tipo de combustível considerado não considerando assim as particularidades
físico-químicas inerentes de cada composto químico.
79
Figura 4-31: Limites de exposição devido à radiação para as condições de simulação do
cenário 1.
80
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES GERAIS
81
geradoras de cargas eletrostáticas. Os demais cenários de incêndio violam
pelo menos um dos critérios apresentados no capítulo 2.
b) Nos cenários de calmaria sem dilúvio, o limite de exposição de 5 kW/m² -
que acarreta queimaduras graves em caso de exposição superior a 60
segundos - é excedido 12 metros do tanque alvo, já nos cenário sob
influência do vento, independentemente da atuação do dilúvio, tal limite é
violado para qualquer distância considerada entre os tanques.
c) Além disso, o limite de exposição em condição de vento com ou sem
acionamento do sistema de dilúvio é extremo, pois, ultrapassa 12,5 e 37,5
kW/m², podendo levar a morte dos usuários que estejam no entorno do
tanque em chamas.
d) Verifica-se que os tanques devem ser mantidos cheios, devido a melhor troca
térmica entre a chapa e o líquido, durante um incêndio. Tal conclusão ratifica
um dos pontos levantados por LIU (2011) em sua tese, de que para a
segurança dos tanques, estes devem ser mantidos cheios, mesmo que com
água.
Com base nas conclusões obtidas e visando garantir a segurança dos parques de
tancagem de etanol, e de outros combustíveis inflamáveis, recomendações e sugestões
para trabalhos futuros são apresentadas a seguir.
82
Verificar a eficiência da adição de proteção passiva fireproofing no que tange o
aumento do tempo de resistência ao fogo e distância entre tanques, pela redução
de temperatura que atinge o costado;
Obter resultados experimentais que possam melhor avaliar a resposta obtida
pelos modelos numéricos.
Estudo probabilístico para a determinação da distância segura, levando em conta
a frequência anual de velocidades e direções de vento da região geográfica de
interesse.
83
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90
ANEXO A
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 0,26 0,31 0,00020 0,10 0,41 1004,56 120,66 120,46 3,59
2 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1135,97 133,82 133,60 3,24
3 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1151,72 135,40 135,17 3,20
4 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1153,59 135,59 135,36 3,20
5 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1153,81 135,61 135,38 3,19
6 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1153,84 135,61 135,38 3,19
7 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1153,84 135,61 135,38 3,19
8 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1153,84 135,61 135,38 3,19
9 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1153,84 135,61 135,38 3,19
10 0,05 0,21 0,26 0,00020 0,10 0,36 1153,84 135,61 135,38 3,19
91
Cenário 1- Cálculo da temperatura do aço considerando o tanque parcialmente cheio com ar.
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 0,26 0,31 0,00020 0,50 0,81 508,86 274,53 274,43 1,58
2 0,05 0,17 0,22 0,00020 0,50 0,72 575,60 307,91 307,80 1,41
3 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 581,71 310,97 310,86 1,39
4 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 582,25 311,24 311,12 1,39
5 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 582,30 311,26 311,15 1,39
6 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 582,30 311,27 311,15 1,39
7 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 582,30 311,27 311,15 1,39
8 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 582,30 311,27 311,15 1,39
9 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 582,30 311,27 311,15 1,39
10 0,05 0,16 0,21 0,00020 0,50 0,71 582,30 311,27 311,15 1,39
92
Cenário 2- Cálculo da temperatura do aço considerando o tanque cheio de etanol.
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 4,49 4,54 0,00020 0,10 4,64 30,96 23,10 23,10 7,08
2 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,47 23,15 23,15 7,07
3 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
4 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
5 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
6 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
7 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
8 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
9 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
10 0,05 4,41 4,46 0,00020 0,10 4,56 31,48 23,15 23,15 7,07
93
Cenário 2- Cálculo da temperatura do aço considerando o tanque parcialmente cheio com ar.
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 4,49 4,54 0,00020 0,50 5,04 28,50 34,26 34,25 4,78
2 0,05 4,16 4,21 0,00020 0,50 4,71 30,47 35,24 35,24 4,64
3 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,61 35,31 35,30 4,63
4 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,62 35,32 35,31 4,63
5 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,62 35,32 35,31 4,63
6 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,62 35,32 35,31 4,63
7 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,62 35,32 35,31 4,63
8 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,62 35,32 35,31 4,63
9 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,62 35,32 35,31 4,63
10 0,05 4,14 4,19 0,00020 0,50 4,69 30,62 35,32 35,31 4,63
94
Cenário 3- Cálculo da temperatura do aço considerando o tanque cheio de etanol.
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 0,11 0,16 0,00020 0,10 0,26 2220,54 242,50 242,05 2,43
2 0,05 0,08 0,13 0,00020 0,10 0,23 2496,90 270,19 269,69 2,18
3 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2524,60 272,96 272,46 2,16
4 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2527,31 273,24 272,73 2,15
5 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2527,57 273,26 272,76 2,15
6 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2527,60 273,27 272,76 2,15
7 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2527,60 273,27 272,76 2,15
8 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2527,60 273,27 272,76 2,15
9 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2527,60 273,27 272,76 2,15
10 0,05 0,07 0,12 0,00020 0,10 0,22 2527,60 273,27 272,76 2,15
95
Cenário 3- Cálculo da temperatura do aço considerando o tanque parcialmente cheio com ar.
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 0,11 0,16 0,00020 0,50 0,66 865,44 452,89 452,72 1,30
2 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 927,54 483,95 483,77 1,21
3 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,25 485,31 485,13 1,21
4 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,37 485,37 485,18 1,21
5 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,37 485,37 485,19 1,21
6 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,37 485,37 485,19 1,21
7 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,37 485,37 485,19 1,21
8 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,37 485,37 485,19 1,21
9 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,37 485,37 485,19 1,21
10 0,05 0,06 0,11 0,00020 0,50 0,61 930,37 485,37 485,19 1,21
96
Cenário 4- Cálculo da temperatura do aço considerando o tanque cheio de etanol.
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 0,94 0,99 0,00020 0,10 1,10 236,70 43,72 43,67 6,39
2 0,05 0,88 0,93 0,00020 0,10 1,03 252,78 45,33 45,28 6,17
3 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,86 45,44 45,39 6,15
4 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,94 45,44 45,39 6,15
5 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,94 45,45 45,39 6,15
6 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,94 45,45 45,39 6,15
7 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,94 45,45 45,39 6,15
8 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,94 45,45 45,39 6,15
9 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,94 45,45 45,39 6,15
10 0,05 0,87 0,92 0,00020 0,10 1,02 253,94 45,45 45,39 6,15
97
Cenário 4- Cálculo da temperatura do aço considerando o tanque parcialmente cheio com ar.
Passo R1 (Conv) R1 (Rad) R1 (Conv +Rad) R2 (cond) R3 (Conv) Rtotal q" total T1 (ºC) T2 (ºC) Tast/T2
1 0,05 0,94 0,99 0,00020 0,50 1,50 173,38 106,72 106,69 2,62
2 0,05 0,73 0,78 0,00020 0,50 1,28 202,20 121,14 121,10 2,31
3 0,05 0,71 0,76 0,00020 0,50 1,26 206,47 123,27 123,23 2,27
4 0,05 0,70 0,75 0,00020 0,50 1,25 207,09 123,58 123,54 2,26
5 0,05 0,70 0,75 0,00020 0,50 1,25 207,18 123,63 123,59 2,26
6 0,05 0,70 0,75 0,00020 0,50 1,25 207,19 123,64 123,59 2,26
7 0,05 0,70 0,75 0,00020 0,50 1,25 207,19 123,64 123,60 2,26
8 0,05 0,70 0,75 0,00020 0,50 1,25 207,19 123,64 123,60 2,26
9 0,05 0,70 0,75 0,00020 0,50 1,25 207,19 123,64 123,60 2,26
10 0,05 0,70 0,75 0,00020 0,50 1,25 207,19 123,64 123,60 2,26
98