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A Educação Infantil na

BNCC: discussão que precisa


sair do papel
"Ainda que existam discordâncias sobre os conteúdos
da versão final da Base, o diálogo com o material será
valioso para os profissionais da área replanejarem
suas ações tendo como ponto de partida direitos de
aprendizagem comuns a todas as crianças", afirma
Beatriz Abuchaim

Todos Pela Educação


15 Dezembro 2017 | 10h50

Contemplada na Meta 1 do Plano Nacional de Educação, a Educação


Infantil previa a universalização do acesso à Pré-escola até 2016 e
estabelece que 50% da população de 0 a 3 anos deve estar matriculada
na creche até 2024. Os números atuais revelam avanços no percentual
de matrículas para as duas faixas etárias. Em 2005, 72% de crianças de
4 a 5 anos estavam na Pré-escola, subindo para 90% em 2015; no caso
das crianças de 0 a 3 anos, o acesso à creche praticamente dobrou em
dez anos, de 16% em 2005 para 30% em 2015. Essa meta é valiosa,
uma vez que reafirma o direito das crianças à Educação Infantil, já
anunciado na Constituição de 1988. No entanto, quando a preocupação
fica voltada basicamente para o acesso das crianças a essa etapa, há o
risco de se deixar em segundo plano a discussão sobre a qualidade do
atendimento.

Na Educação Infantil, a qualidade está relacionada à promoção de


experiências que possibilitem o bem-estar físico e emocional das
crianças, o desenvolvimento de habilidades dos mais diversos tipos
(sociais, motoras, artísticas, linguísticas, entre outras) e aprendizagens
significativas, que integrem o patrimônio intelectual e cultural da
humanidade com os saberes cotidianos das crianças. Isso pode ser
alcançado pelo trabalho de profissionais bem formados que levem em
consideração os interesses das crianças em suas ações, mas com
intencionalidade pedagógica, tendo clareza do que as crianças devem
aprender nos cinco primeiros anos de vida.

Nesse sentido, a inclusão da modalidade na Base Nacional Comum


Curricular (BNCC) é essencial. Para que as instituições escolares que
ofertam a Educação Infantil prezem pela qualidade, elas necessitam de
parâmetros a partir dos quais seus currículos possam ser desenhados.
Por mais que possam existir discordâncias sobre os conteúdos da
versão final da Base, será valioso para os profissionais da área o diálogo
com o material, no sentido de replanejarem suas ações tendo como
ponto de partida direitos de aprendizagem comuns para todas as
crianças brasileiras.
Além disso, é interessante consultar as experiências de outros países
com currículos para a Primeira Infância. Estudo realizado
pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e pelo Centro de
Implementación de Políticas Públicas para la Equidad y el
Crecimiento(CIPPEC) foram analisados os desafios enfrentados por
sete países (Argentina, Canadá, Chile, Escócia, Nova Zelândia,
Singapura e Suécia) em relação aos currículos para a Educação Infantil.
A pesquisa está disponível para consulta aqui. Em comum a todas as
experiências estudadas, foram descritos processos participativos
durante a elaboração dos documentos e/ou em sua apropriação por
gestores e professores, que facilitaram o entendimento do documento.
Diante disso, a Base Nacional para a Educação Infantil deve seguir o
mesmo percurso no Brasil. Na fase de implementação, será
fundamental que Estados e municípios criem espaços de discussão
para a elaboração de seus currículos, com ampla participação da
comunidade na etapa. Esses documentos locais deverão contemplar a
essência da proposta da Base ao mesmo tempo em que considerem as
especificidades de cada contexto. Cabe o alerta de que essa discussão
não poderá ficar no papel. Junto com a construção dos currículos
locais, deverão ser pensadas estratégias, em termos de infraestrutura e
de processos pedagógicos, para tornar o texto factível, pois só isso
garantirá a almejada qualidade no atendimento das unidades de
Educação Infantil.
**Beatriz Abuchaim é psicóloga, doutora em Educação e coordenadora
de Educação Infantil na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal
* Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, organização parceira do
movimento Todos Pela Educação no Observatório do PNE

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