Para se analisar a relação entre os tratados internacionais e a negação
do holocausto se faz necessário uma pesquisa no decorrer do tempo sobre acontecimentos históricos e sociais influentes. O primeiro deles é o holocausto ocorrido sobre o povo judeu entre 1941 e 1945, que foi uma prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de governo nazista de Adolf Hitler. Segundo a ideologia nazista, a Alemanha deveria superar todos os entraves que impediam a formação de uma nação composta por seres superiores. Segundo essa mesma idéia, o povo legitimamente alemão era descendente dos arianos, um antigo povo que – segundo os etnólogos europeus do século XIX – tinham pele branca e deram origem à civilização européia. Com o fim da segunda guerra mundial surgiu a necessidade de se criar uma corte internacional direcionada a reprimir certas modalidades de crimes internacionais no intuito de punir as atrocidades cometidas durante a guerra. A definição de crimes internacionais é aquela que contempla a ideia de atos praticados por Estados ou indivíduos, e que violam princípios e regras que protegem valores aos quais a humanidade atribui grande importância. O Tribunal de Nuremberg serviu a fim de julgar os crimes de cometidos pelos nazistas, uma série de julgamentos foi realizada na cidade alemã de Nuremberg, entre 1945 e 1949. Ficaram estabelecidos três categorias de crimes pelas quais os acusados seriam julgados: crimes contra a paz (planejamento e engajamento em atividades de guerra que descumprissem acordos internacionais), crimes de guerra(como tratamento impróprio a civis e prisioneiros de guerra) e crimes contra a humanidade (assassinato, escravização, deportação e perseguição a civis com base em motivos políticos, religiosos ou raciais). Ficou ainda decidido que tanto militares quanto civis poderiam ser acusados de tais crimes. Polêmicos na época, os julgamentos de Nuremberg são hoje compreendidos como um marco no direito internacional e no estabelecimento de uma Corte Internacional permanente. Logo depois, foi criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual representou reivindicações universalmente válidas, independentemente do fato de serem reconhecidas ou não pelas leis. Neste sentido, os direitos humanos são inseparáveis dos seres humanos, e existem até contextos mais degradados nos quais se verificam as piores violações. Mesmo o mais miserável dos indivíduos, aquele que foi desprovido de todo o resto, não pode ser destituído dos direitos humanos. A característica revolucionária dos direitos humanos é que eles são igualmente válidos para todos, e não somente para poderosos ou ricos. Os oprimidos do mundo todo sempre têm a possibilidade de recorrer aos direitos humanos, precisamente porque são humanos. É um documento marco na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, por meio da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos. Um fato que antecede a criação da declaração universal dos direitos humanos e que houve baseamento foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. É documento elaborado durante a Revolução Francesa de 1789, e que iria refletir a partir de sua divulgação, um ideal de âmbito universal, ou seja, o de liberdade, igualdade e fraternidade humanas, acima dos interesses de qualquer particular. Posteriormente o TPI foi criado em 1998 por meio do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é parte, tendo sido incorporado pelo Decreto 4.388, de 25/09/2002. A Corte iniciou suas atividades em 2003, é sediada na Haia (Holanda) e tem personalidade jurídica de Direito Internacional Público. Nos termos do Estatuto de Roma (art. 1), é uma instituição permanente. Possui 18 juízes, eleitos entre nacionais dos Estados-partes, para um mandato não renovável de 9 anos.
Assim dispõe o artigo 1º do Estatuto de Roma:
“É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal
Internacional ("o Tribunal"). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto.”
O art. 5º do Estatuto elenca os crimes de jurisdição da corte, in verbis:
“A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes: a) O crime de genocídio; b) Crimes contra a humanidade; c) Crimes de guerra; d) O crime de agressão. 2. O Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao crime de agressão desde que, nos termos dos artigos 121 e 123, seja aprovada uma disposição em que se defina o crime e se enunciem as condições em que o Tribunal terá competência relativamente a este crime. Tal disposição deve ser compatível com as disposições pertinentes da Carta das Nações Unidas.” O TPI não é órgão da ONU, mas faz parte do Sistema das Nações Unidas, enviando relatos anuais à Assembleia Geral (AG) da ONU e possuindo relações com o CS abaixo descritas. A corte penal internacional exerce sua jurisdição sobre pessoas que praticam crimes graves e de transcendência internacional, sempre atuando complementarmente às jurisdições internas. Ou seja, o Tribunal pode exercer sua jurisdição apenas quando esgotadas, ou falhas, as instâncias internas dos Estados-partes.
Um fato curioso no Brasil que tem um Projeto de Lei de nº 987/2007
para instituir pena a quem negar ocorrência do Holocausto ou de outros crimes contra a humanidade, com a finalidade de incentivar ou induzir a prática de atos discriminatórios ou de segregação racial.
A União Européia aprovou uma lei que tornará o ato de negar a
existência do Holocausto punível por prisão, mas também dará aos 27 países membros do bloco a opção de não adotar a lei, caso tal proibição não conste de suas próprias leis. Alguns países condenam penalmente a negação do holocausto como Alemanha, Austria, França, Bélgica, a Polônia, o Canadá e a Suíça. Entre os países que não qualificam a negação do Holocausto como um crime em seu código penal, podemos destacar a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. A negação do holocausto é um ponto de vista adotada por certas pessoas, porém é alvo de muitas críticas, devido ao fato do holocausto no contexto histórico como foi exercido e a sua carga axiológica. Vai contra toda instituição ou documento normativo supracitados acima que visam evitar os exageros cometidos contra a pessoa humana em um modo geral.