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Resumo

O actual interesse pelas famílias a partir do enfoque psicoeducação, insere-se


num modelo de tratamento das perturbações familiares de uma forma global e
apoia-se num leque de investigações que valorizam a influência, a importância do
ambiente que rodeia o paciente sobre a evolução de qualquer patologia, bem
como, o resultado produzido pela aplicação de modelos de tratamento que
envolvam directa e activamente os familiares.

Neste sentido, refere Minuchin (1982), que a família é uma unidade social que
desenvolve sequências de papéis fundamentais para o desenvolvimento
psicológico do indivíduo, procurando marcar diferenças no contexto dos
parâmetros de diferenças culturais, com raízes universais.

Tal é a importância atribuída a família no processo de desenvolvimento de cada


um dos seus membros, que graças a sua organização de apoio, protecção, limites e
socialização de cada elemento que compõe o conceito de família, que tem sempre
proposta capacidades de Auto perpetuação.

Uma vez favorecidas as mudanças a família tende, a maior parte das vezes, a
preservar o processo de mudança, pois as experiencias consideram-se qualificadas
no seio da mesma, permanecendo na vida do grupo.

Com este artigo, pretendemos fazer uma reflexão sobre a influência que os
modelos de intervenção psicoeducacionais de Leff e Faloon tiveram para o
desenvolvimento de estratégias actualmente aplicadas a abordagem sistémica,
como contributos valiosos para mudança terapêutica dos integrantes dos sistemas
e subsistemas familiares.

Palavras Chave:Terapia Familiar; Psicoeducação; Intervenções familiares.

Abstract

The current interest in families from the psychoeducational approach, part of a


treatment model of family disruption on a global basis and is supported by a range
of investigations that value the influence, the importance of the environment that
surrounds the patient on the evolution of any pathology, as well as the result
produced by the application of treatment involving directly and actively family
members.

In this sense, refers Minuchin (1982), that the family is a social unit that
develops sequences of key roles for the psychological development of the
individual, seeking to mark differences within the parameters of cultural
differences with universal roots.

Such is the importance attributed to family in the process of developing each


of its members, through their support organization, protection, limits and
socialization of each element that makes up the concept of family that always has
proposed capacities for Self perpetuation.

Once the changes favored tends family, most of times, to preserve the change
process, because the experiments considered to be classified within the same, the
remaining life of the group.

With this article, we intend to reflect on the influence of models of


psychoeducational intervention Leff Faloon and played for the development of
strategies currently applied as a systemic approach to be valuable in therapeutic
change of members of family systems and subsystems.

Keywords: Family Therapy, Psychoeducation, family interventions.

2 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon


Introdução

É sabido que as famílias muito motivadas para a mudança frequentemente estão


dispostas a seguir as instruções ou directrizes do terapeuta que os acompanhe em
terapia.

Para que a terapia familiar atinja resultados eficazes é de grande importância que,
todo o terapeuta familiar utilize uma linha de abordagem ao longo do processo
terapêutico, razão pela qual, a maioria destes, faz recurso a conceitos oriundos de
diversas escolas da terapia familiar (Barker, 2000, p.221).

De acordo com Barker (2000, p.229), a abordagem sistémica «centrada nos


problemas», a terapia estrutural e a «terapia de resolução de problemas» de Haley,
são métodos directos, para resolver os problemas familiares, cada um deles
requerendo que o terapeuta avalie a situação familiar e a conceptualize de acordo
com um modelo familiar relevante do funcionamento familiar.

Carter e MacGoldrick (1989), cit, por Barker, postulam que é facto observado que
seja um caso raro que as famílias se desenvolvam de forma tranquila e
completamente previsível, uma vez que evolução das famílias pode ser afectada
por morte de elementos, separação ou divorcio dos cônjuges, o nascimento tardio
de um ou mais filhos após os outros estarem crescidos, a chegada de novas
crianças a uma família reconstituída, doença crónica, contratempos financeiros,
migração para uma nova cultura, desastres naturais, serviço militar, guerra e
muitas outras circunstâncias.

Logo, a terapia familiar pode, muitas vezes, ajudar a lidar com situações como as
enunciadas e, fortuitamente o terapeuta familiar pode encaminhar a família para
um outro tipo de ajuda, como por exemplo, um serviço de aconselhamento de
crédito ou um grupo de auto-ajuda, acções estas que, apoiam não só o
desenvolvimento familiar como a melhoria do seu funcionamento, no momento.

Partindo desta perspectiva, podemos dizer que, sempre que a família se apresente
para tratamento, há que considerar duas áreas principais: Uma, é a fase evolutiva
da família e a outra é a sua estrutura e forma de funcionamento, já que muitos dos

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problemas clínicos com os quais as famílias se apresentam estão directamente
relacionados com as dificuldades na transição de uma fase de evolução para a
outra (Barker, 2000, p.31).

Nestes casos, deve haver da parte do terapeuta ponderação na forma como o


processo de desenvolvimento pode ser desobstruído ou fomentado. Uma das
questões que pode ajudar, neste sentido, é saber se haverá barreiras de percurso,
quer no contexto social da família, quer dentro da própria família, que possam ser
removidas pelos meios ao dispor do terapeuta.

Embora seja um pouco difícil, na década, tem sido possível acompanhar a


investida de estudiosos em diversas áreas das ciências sociais, na ânsia de
compreender o comportamento do homem, em geral, e, sobretudo, os traços de
comportamentos desviantes. Refira-se, por exemplo, as formas de organização
social que os jovens adoptam (gangs), o bulling, a manipulação, a criação de
jogos de diversão violentos, as balbúrdias em festas, o vandalismo, o alto
consumo de álcool e drogas, entre outros. Com efeito, comm base nas descrições
de perturbações de conduta do CID-10 (Organização Mundial de Saúde [OMS],
1993) e do DSM-IV (APA, 1995), seleccionaram-se os comportamentos
agressivos considerados mais relevantes.

Deste modo, de entre os referidos comportamentos se incluem os seguintes:


destruir algo que não lhe pertence, importunar os outros, roubar, praticar
contravenção, enganar, manipular, mentir, usar nomes falsos, violação de regras,
ludibriar, fingir, desrespeitar a segurança própria, desrespeitar a segurança alheia,
demonstrar indiferença pela consequência de seus atos, culpar as vítimas, atos de
coação para obter favorecimento, não se arrepender, crueldade/agressão,
minimizar consequências danosas de suas ações, incapacidade de tolerar o tédio,
baixa tolerância à frustração, auto-suficiência, fazer fofoca, irresponsabilidade
persistente, ser provocativo e desafiador, manter relação sexual com menor de
idade, fugir, violar regras, brigas excessivas, ataques de birra, irritabilidade
persistente, impulsividade, não possuir simpatia e uso de substância danosa.

Por conseguinte, a manipulação é rotulada como um comportamento agressivo


relevante. Ela, segundo o Dicionário Enciclopédico da Psicologia, é vista como
um conjunto de técnicas que permitem modificar as atitudes ou comportamentos
4 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon
de uma pessoa independentemente da sua vontade. A investigação sobre a
manipulação pode ter muito a oferecer para a compreensão desta realidade que é a
de se estarrodeado de manipuladores, podendo assim contribuir para a detecção
dos disfarces que os manipuladores assumem face ao “capuchinho vermelho”.

A manipulação abrange varias práticas baseadas em fenómenos descritos pela


psicologia social e da delinquência. Todavia, podem distinguir –se dois grande
grupos de técnicas manipuladoras:

1- As técnicas assentes na persuasãoque se exercem directamente sobre as


atitudes e as personalidades dos indivíduos;

2- As técnicas comportamentais que permitem arrancar comportamentos que


as pessoas não teriam emitido espontaneamente.

A pessoa é tentada a ser manipulada quando se lhe sugere ou lhe é dito o que
tem que fazer, de tal forma que seja prejudicada, quando percebe ameaça ou sente
medo. Quando alguém faz algo contra sua vontade, seus princípios, valores ou
metas, está sendo manipulado, sendo aproveitado para benefício de outrem. A
questão é especialmente preocupante quando se sente medo, culpa ou vergonha.

Apesar das inúmeras variáveis que confirmam as explicações sobre a origem


dos comportamentos desviantes, as quais podem ir da perspectiva
sociodemográfica, personalística à psicossocial - a família, entendida na dinâmica
funcional, ainda é alvo de preocupação reflexiva e empírica por parte dos
pesquisadores e leigos que pretendem encontrar, a partir dela, a origem das
condutas tangenciadoras das normas sociais em adolescentes, jovens e adultos.De
fato, a relação familiar tem revelado muita importância na sua inter e intra-relação
com a vida do homem e isso abrange mesmo a fase da adolescência, momento em
que o jovem manifesta uma expressiva necessidade de autonomia frente aos laços
familiares e às exigências dos pais. Parece, pois, que para os jovens, o valor da
família, não é dissolvido com facilidade, bem como o seguimento de uma norma
socializada através da conduta e atitude das pessoas responsáveis pela transmissão
do comportamento socialmente desejável.

Hussmann &Chiale (2010), referem na sua obra que, embora todos nós
manipulemos de vez em quando, existe uma manipulação positiva, ou seja,

5 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon


inocente, sempre que se trate de um benefício lógico ou que uma finalidade a
justifique. Não é mau manipular em certas ocasiões, do mesmo modo que não é
pecado dizer uma mentira piedosa, porquanto, em certas situações, é mesmo
necessário fazê-lo.

Porém, existe uma outra manipulação que consiste em manobras perniciosas e


destrutivas por parte de manipuladores que, sem exagero, pudemos apelidar de
profissionais.Por esse facto, as autoras aceitaram o desafio de reflectir e revelar os
disfarces destes manipuladores perigosos, que são os que elaboram grandes
estruturas sobre argumentos falaciosos e as mantêm juntamente com a culpa que
criam das suas vítimas.

Como nos apercebemos que estamos sob a influência de um manipulador

Hussmann e Chalie (2010) referem que não é fácil apercebermo-nos que


estamos sob influência de um manipulador, mas que, entretanto, devemos estar
bem vigilantes aos indícios de manipulação. Na verdade, existem muitas pessoas
que frequentam diversos consultórios médicos e psicológicos, procurando por
ajudas alternativas para a supressão de dores, quando é muito provável que a
origem das mesmas se deva a possibilidade de estarem sob a influência de uma
pessoa manipuladora. E isso se deve ao facto do contato prolongado ou
permanente com um manipulador ser fortemente estressante e muito perigoso.

Nesta conformidade, o stress é um estímulo que nos agride emocional e/ou


fisicamente, é a resposta fisiológica, psicológica e comportamental de um
indivíduo que procura adaptar-se e reajustar-se à pressões, tanto de origem externa
como interna. O stress provoca alterações químicas no corpo e pode ser
proveniente de qualquer situação ou pensamento que faça a pessoa sentir-se
receosa, frustrada, furiosa ou ansiosa.Estas reacções não são nocivas de imediato,
mas, sempre que a situação se prolonga no tempo, tornam-se perniciosas para a
saúde em geral, visto que o corpo se mantem num estado de alerta permanente.

Deste modo, o estadode stress aumenta o desgaste fisiológico que conduz à


fadiga e/ou dano físico. Logo, estando a capacidade do corpo em se recuperar e
defender,seriamente comprometida, começam a manifestar-se as diversas
perturbações psicossomáticas.Em consequência disso,podem surgir sintomas

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psíquicos e/ou físicos que abranjam um vasto espectro, indo de um estado de
angústia à uma depressão ou de uma simples dor de cabeça à uma doença grave.

As autoras referem que, para determinar se uma pessoa se encontra sob a


influencia de um manipulador, podemos utilizar o índice ou o teste de auto-
avaliação. O mesmo contribui para a tomada de consciência e deve circunscrever-
se a um provável manipulador de cada vez, ou seja, deverá responder as perguntas
dos quatro passos tendo em mente uma única pessoa. Assim, a pontuação alta
significaria a necessidade de recorrer a uma ajuda terapéutica.

Entretanto, é importante esclarecer que este teste, embora possa ser usado de
modo retrospectivo (caso se deseje comparar dois momentos de uma história de
vida), está concebido para avaliar o «aqui e o agora». Contudo, o teste de auto-
avaliação é composto por quatro passos:

- O 1º passo define se entre os sentimentos gerais, se encontram alguns que


possa assinalar uma certa tendência ou vulnerabilidade a influência de um
provável manipulador.

- O 2º passo procura identificar o manipulador a partir dos sentimentos


particulares que experimenta a pessoa vulnerável.

- O 3º passo consiste em identificar os ataques que recebe do suposto


manipulador, pensando na sua relação com a pessoa.

- O 4º passo consiste em pensar nas possíveis consequências para a saúde física


da pessoa supostamente manipulada.

Findos os quatro passos do teste de auto-avaliação, se se obtiver uma


pontuação alta em pelo menos dos três passos anteriores e se sofre de alguns
sintomas físicos referidos, então é bem possivel que se esteja sob a influência de
pelo menos um manipulador.

Hussemann e Chiale aconselham, portanto, a não minimizar as consequências


desta relação patológica entre manipulador e manipulado, uma vez que uma
vítima levada a situação extrema pode morrer ou matar.

Características do perfil da pessoa manipuladora

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As autoras apresentam na sua obra uma série de características particulares que
permitem caracterizar um indivíduo manipulador, entre as quais se dstacam as
seguintes:

1. Utilizam múltiplas camuflagens para confundirem as suas vítimas.


2. Alguns são facilmente irritáveis, com reacções excessivas perante
qualquer circunstancia que os incomode, podendo chegar a ser violentos.
3. São regra geral, imprevisíveis. Nunca se sabe o que os irrita e como vão
agir em seguida.
4. Libertam-se das suas responsabilidades, conseguindo transferi-las para os
outros e chamam-lhes a atenção quando os resultados não são os que
esperavam.
5. São muito eficientes a conseguir atingir o seu fim a custa de outras
pessoas.
6. Os seus comportamentos, opiniões e sentimentos podem variar de acordo
com as pessoas ou situações em questão.
7. São muito permissivos consigo mesmos e intolerantes para com os
demais. As regras existem para serem cumpridas.
8. Criticam constantemente tudo e todos. Duvidam das qualidades,
competências e personalidade dos outros. Criticam abertamente ou pela
calada, não tolerando os erros dos outros, dando-os a entender que eles
devem ser perfeitos.
9. O que é diferente assusta-os, porque os afasta dos padrões conhecidos,
dentro dos quais se sentem seguros para poder exercer com eficácia e
controle.
10. Para atenuar as suas próprias inseguranças, desvalorizam e julgam.
Acham-se possuidores de um poder especial que os torna sábios e
infalíveis, induzem os outros a fazerem coisas que estes não fariam se
agissem deacordo com as suas convicções.
11. As suas exigências são imperativas, podendo mesmo chegar a «forçar»
razões lógicas para cumprir os seus propósitos, utilizam pseudoverdades
universais para satisfazer as suas necessidades, como, por exemplo, a
caridade, a tolerância ou o perdão.

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12. A mentira é um dos principais recursos e podem chegar a ameaçar com
chantagem explícita ou encapotada.
13. Carecem de empatia. Não tem em conta as necessidades, exigências ou
desejos dos outros, embora proclamem o contrário.
14. Não expressam claramente os seus pedidos, necessidades, sentimentos ou
opiniões; pretendem que os outros adivinhem o que eles querem ou aquilo
de que precisam, desprezam os sentimentos, os pontos de vista dos
outrose respondem geralmente de modo confuso.
15. Acham que os outros têm obrigação de saber tudo e de responder
imediatamente às suas perguntas sem dar o tempo necessário para
pensarem na resposta.
16. Dissimulam os erros e nunca os admitem, mesmo que todas as provas
apontem contra si. Não admitem críticas de qualquer tipo.
17. Sempre que necessário vitimizam-se utilizando, para tal, uma imagem de
solidão ou de pobreza exagerada, a fim de gerar compaixão.
18. Podem ser muito sedutores. Dotados de grande intuição costumam
descobrir rapidamente qual o tipo de sedução mais eficaz na conquista de
cada vitima.
19. Armadilham as suas vítimas produzindo nelas uma sensação de mal-estar
e de asfixia pela falta liberdade.

Deste modo, são várias as características através das quais podemos identificar o
perfil de um manipulador, uma vez que especialista em camuflagens e que se
oculta em disfarces diferentes intercambiáveis. É importante dizer que o
manipulador não tem disfarces específico, ou seja, o manipulador pode trocar tal
disfarce de acordo com a sua necessidade.

Diferentes tipos de Manipuladores

Na verdade, também não é fácil estabelecer o limite entre algumas destas


categorias, como por exemplo, entre o sedutor e o simpático ou entre o doente e
desamparado. Assim, Hussmann e Chiale identificam os seguintes tipos de
manipuladores: o dominador despótico, o irresponsável, o simpático, o
manipulador low profile, o profeta, o sedutor, ogeneroso, o culto, o explosivo, o
desamparado, o dependente, o doente e o intriguista.

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Perfil do manipulador

Quanto ao perfil do manipulador, Hussmann e Chiale consideram que o


manipulador não tem confiança em si próprio, sendo extremamente inseguro.
Actua como alguém perante o naufrágio e, perante o pavor de se afogar, agarra-se
desesperamente a quem está ao seu alcance, arrastando o outro para o destino
final. Este utiliza a manipulação como meio de conservação ou de sobrevivência,
pois este é um mecanismo que se automatizou com a formação da personalidade.

Um dos aspectos considerados pelas autoras é o de que uma das razões deste
comportamento desviante talvez seja o facto do manipulador não ter sido desejado
pela família de origem e, ao ser afastado, ter lutado pelo seu lugar. Para o
conseguir, afirmam, imitou a postura da pessoa que ele considerava mais poderosa
no seu ambiente afectivo, o pai, por exemplo, e que provavelmente não levava em
conta os desejos e necessidade dos outros.

Segundo Peter e Thomas Luckmann, (cit. por Hussmann e Chalie, 2010), todos os
indivíduos nascem de uma estrutura social objectiva, isto é, a que lhe calhou a
sorte, não escolhem nem afamília em que nascem, nem as figuras significativas de
vinculação, nem a classe social a que pertencem. Tudo isto lhe é imposto sem
possibilidade de eleição e como não escolhem identificam-se com eles quase de
modo automático.A socialização primária dá-se no seio familiar e com uma forte
carga afectiva. Por isso, existe a identificação, sendo ela a mais importante em
todo o processo.

Soares (2009 p.162), citando Main (1990) e Mikulincer, et al., (2003), afirma que
o bebé está equipado com mecanismos comunicacionais, alguns de natureza
emocional, para sinalizar a figura parental e suas necessidades e para procurar
estabelecer a proximidade em caso de perigo ou ameaça ao bem estar. A procura
de proximidade à figura de vinculação é a estratégia primária da vinculação. Uma
mãe que não descodifica bem a vontade do filho é aquela que dá o peito quando
ele quer brincar ou lhe muda as fraldas quando ele chora de fome. A necessidade e
o desejo do filho não são satisfeitos devido a uma interpretação errada.

O manipulador já adulto, longe de abandonar este mecanismo, tenta controlar os


pensamentos e sentimentos com características que ele inveja ou considera de

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valor no intuito de se apropriar delas.Para poder manobrar socialmente, tem de
reprimir os seus sentimentos que são, regra geral, de uma profunda raiva. Em
consequência as emoções reprimidas intensificam-se e transforma-se numa
energia praticamente incontrolável, tão destrutiva como um Tsunami.

Outra constatação feita pelas autoras é que, muitas pessoas apesar de se


preocuparem e de manterem vínculos afectivos com aqueles que lhe são mais
próximos – mulher, mãe, filhos – têm muita dificuldade de aceitar que os outros
sejam senhores de desejos próprios, autónomos e independentes dos seus. É-lhes
impossível conciliar duas ou mais vontades porque para eles, tal facto significa o
aniquilar do seu próprio desejo. No âmbito das relações afectivas só há um único
desejo: o do manipulador.

Hussmann & Chiale sustentam na sua obra que sempre que alguém admite só
existir um lugar ou que só um desejo pode ser satisfeito, está a dar entrada a uma
violenta dinâmica. Tal padrão vinculativo encontra raízes na infância,
provavelmente na impossibilidade de descodificar o temperamento de uma mãe
que sentindo a vontade do filho como ameaçadora e que a viveu como destruidora
da sua vontade.

Porque será que todas as situações em que não seja impossível integrar duas
vontades são violentas?

Segundo Laura Gutman cit. por Hussmann e Chiale (2010), na sua obra Crianza.
Violencias invisibles e adicciones, a violência emocional, enquanto fenómeno
individual e colectivo, é precisamente a impossibilidade de fazer conviver duas
vontades num mesmo campo emocional, o que acontece com o manipulador. Se a
vontade do outro tenta tornar-se presente, a do manipulador deveria recuar ou
afastar-se um pouco para deixar um espaço que pudesse ser partilhado, mas ele
não está não está emocionalmente preparado para partilhar: simplesmente porque
o manipulador tudo quer para si.

Podemos exemplificar com os filmes de Billy Elliot e Claro-escuro, como uma


das evidências da realidade emocional na infância, a qual tiveram muito
provavelmente de ceder perante a vontade de um adulto. Com efeito, a criança
pode também sentir-se confusa no momento em que se apercebe da ideia de que

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àúnica possibilidade de satisfazer um desejo próprio passa por o fazer à custa do
desejo do outro, instala-se, então, um estado de alerta em tudo semelhante à um
campo de batalha: «É a tua vontade ou a minha». Daí resulta que qualquer invasão
no campo da vontade própria é vivida como perigosa para a sua existência.

É necessário, portanto, controlaros pensamentos, sentimentos ou acções daquele


que é considerado o «invasor». Para o manipulador esta é uma batalha que tem de
ganhar.

As situações abaixo descritas devem ser tidas em atenção, para melhor nos
precavermos dos manipuladores, a saber:

1. Que o manipulador acha que sabe tudo: Todo o território lhe pertence, não
reconhecendo por isso a alteridade, a existência do outro. Uma vez que para
partilhar precisa do outro, ele não partilha, para ele há apenas um olhar e um
lugar para um desejo, que obviamente são os seus, não aceitando outras
posturas. Mesmo no campo emocional, ele acha que sabe mais dos
sentimentos da outra pessoa do que ela própria, adoptando esta conduta com
todos os que o rodeiam, sendo mais grave quando envolve os filhos, porque
levar uma criança a duvidar das próprias percepções, dizendo que não sente o
que sente é muito perigoso para a integridade emocional e para a sua saúde
psíquica.

2. Que o manipulador carece de empatia: O manipulador não é capaz de pôr-se


no lugar dos outros, não se identificando com elesporque não o aprendeu com
a sua família nuclear, razão pela qual fica privado da possibilidade de se sentir
seguro. Por esta fragilidade não partilha a intimidade, pois produz nele medo
de vida ou de morte. Apesar de que de forma cautelosa acreditar-se que o
manipulador tem um funcionamento social «adequado», a sua desconfiança
torna-o incapaz de relacionar-se de modo cooperativo. Não nos esqueçamos de
que muitas manipulações/abusos ocorrem dentro de quatro paredes.

3. Que a percepção que a maior parte dos manipuladores tem de si mesmo é


consciente e nestes casos rondam a perversão. Outros, porém, realmente
fazem-no inconscientemente, não guardam registos das suas manipulações e,

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por conseguinte, ficam surpreendidos ou zangados sempre que alguém os
chama a atenção sobre o facto. Atenção porque o ser ou não consciente de tais
actos, não desvaloriza o cuidado em relação a protecção que devemos ter
perante eles, não dando espaço a manipulação, pois trata-se de um terreno
onde se joga a saúde e muitas vezes a própria vida.

O Modus operandi do Manipulador

O manipulador evita dar informações íntimas e pessoais, embora esteja


sempre ansioso em conhecer a intimidade dos outros. Ele sabe que as pessoas
detentoras de maior informação têm poder, o que para si é significativo pois
permite-lhe ocultar as suas inseguranças de base sentindo-se poderoso.

Outrossim, atua desvalorizando os outros, com a ilusão de ser superior aos


que o rodeiam; utiliza a projecção como mecanismo de defesa – acusando os
outros dos aspectos que rejeita em si próprio, projectandoa sua frustração sobre a
vitima escolhida como se fosse um ecrã, portadora de um ódio intenso, percebe-a
como um monstro destruidor, controlando para se proteger e atacar, antecipando a
sua maléfica intenção; mente, mesmo que de modo indirecto, provocando mal-
entendidos para mais tarde usá-los a seu favor; opta por insinuar, seja por palavras
ou através de silêncios.

O manipulador utiliza técnicas que deixam a pessoa manipulada


confundida e com muito poucas possibilidades de defesa. Outro dos seus
comportamentos é o de induzir a vítima a tomar decisões contra a sua vontade,
devido a sua falta de empatia e de consideração pelos desejos e necessidades
alheias. Ele evita o confronto, pois o seu estilo mutável no comportamento,
opiniões e sentimentos, faz com que assuma responsabilidades pelos seus actos e
nem pelas consequências.

Entre outras atrocidades, as atuações do manipulador têm um denominador


comum: o uso distorcido da comunicação.

A Comunicação Manipuladora

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Da abordagem acima referida, depreendemos que outra característica do
manipulador assenta no uso atípico que faz da comunicação, não expressando de
modo claro e directo as suas necessidades, opiniões, sentimentos ou pedidos.
Entre outras constatações abordadas, nota-se que a comunicação verbal é escassa,
indirecta, comunicando apenas discordância, desaprovação, desvalorização
através da crítica, da ironia, insinuações, enviando mensagens aos seus
interlocutores e fazendo com que os outros sintam que fazem mal as coisas.

Porém, a violência subjacente é perceptível, ainda que não verbalmente


expressa, tornando-se num gerador de angústia. Quando ausente e impotente,
influencia a sua vítima com a expressão ou o olhar, recorrendo as palavras para
exprimir toda a violência destruidora contida até aquele momento.

Atitudes do Manipulador

1- É Hipersensível: Não aceita os seus erros.


2- É Repetitivo: tudo para se sentir seguro pensando que não eliminara os
sentimentos de inferioridade.
3- É Hipercrítico: critica os outros para que não reparem nas suas próprias
falhas.
4- É Tendencioso a culpabilizar: projectando o seu sentimento de fraqueza ou
inferioridade para culpar os outro pelos seus erros.
5- Receia a concorrência: Não participando nas situações em que a sua
vulnerabilidade possa ser visível.
6- Sente-se pressionado: achando que ninguém gosta dele, pensa que tudo o
que o outro faz tem o intuito de agredi-lo.

Atitudes da Vitima de Manipulação

1. Autocritica e excessiva: deficiente baixa auto-estima.


2. É cronicamente indeciso: medo exagerado de se enganar.
3. É Hipercomplacente: nunca diz não, com receio de desagradar o
interlocutor ou fazer com que perrca a opinião a seu respeito.

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4. É perfeccionista e auto-exigente: quando os resultados não estão a altura
das suas expectativas.

Hussmann e Chaile (2010) sublinham que tanto o manipulador como o


manipulado podem sentir impotentes e incompetentes em termos de segurança.
Tal afirmação reside no facto de ambos serem emocionalmente carentes por terem
sofrido privações semelhantes, tendo seguido caminhos diferentes para solucionar
o seu problema, apesar da insegurança ser uma realidade para ambos. Um e outro
vivem realidades psicológicas distintas, pois aprenderam a manusear o poder de
maneiras opostas na tentativa de solucionar o seu problema.

Constataram também que o que leva o manipulador a manipular, é o poder


expresso sob a forma de controlo e domínio, ou seja, o «poder sobre». Este
modelo foi certamente assimilado, dizem, tendo como base as formas que os
adultos utilizaram com ela durante a infância.

Alice Miller, cit. por Hussmann e Chaile, no seu livro Por su próprio bien,
afirmam que um método toxico de educação é o que controla as condutas da
criança através do abuso e do poder sobre ela. Ora, sendo a criança indefesa,
provoca um dano psicológico de tal intensidade que a profunda dor que sofreu,
não havendo uma elaboração posterior adequada, a criança, futuro adulto, será
levada aprocurar perpetuar o abuso do poder, transformando-se em abusador.

Mantendo o mecanismo de «tornar activo em mim o que sofri passivamente» e


a ilusão do poder do manipulador só se mantém enquanto existir outra pessoa
sobre a qual possa exercê –lo, não aceitando a fraqueza nem o afecto das outras
pessoas, pois são qualidades que por não possuir inveja e revive como sinónimo
de fraqueza, algo que se não pode permitir nessa batalha durante a qual entende-se
jogar «a vida».

John Bowlby (1969) ao postular a Teoria do Apego, sugeriu que os padrões


interpessoais observados por uma pessoa em sua vida adulta são o resultado
directo da qualidade do apego que terá a pessoa experienciado com seus pais ou
cuidadores ao longo de sua infância. Os laços vinculativos que se constroem
muito cedo desde os primeiros anos de vida da criança, tendem a estruturar

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ulteriormente as relações entre pais e filhos (Van Yzendoorn, 1992, cit. por Claes
2007, p.179).

Por esta razão, a qualidade das interacções precoces, os processos de afecto


entre a criança e os pais, são factores cujo papel no desenvolvimento da criança,
foram estudados por Spitz, em crianças em condições de carência afectiva,
vivendo em lares.

Noutra situação, uma criança com apego inseguro ou um distúrbio anexo não
tem as habilidades necessárias para construir relacionamentos significativos. No
entanto, com as ferramentas certas, e uma boa dose de tempo, esforço, paciência e
amor, é possível tratar e reparar as dificuldades de fixação.

Os prognósticos feitos pela criança (…), relativos ao modo provável das


figuras de apego, não são extrapolações de experiências vividas pela criança,
relativas ao modo como as figuras se comportaram no passado, ou talvez ainda se
estejam a comportar quando a elas se dirigem (Claes, 2010).Entretanto, sejam
quais forem as contribuições das tendências genéticas e dos traumas físicos para
as variações da personalidade, não deixam de mostrar-se substanciais as
contribuições do ambiente familiar.

Nesta conformidade, há necessidade de refletirmos sobre o estilo de afecto que


cada figura de apego deverá adoptar com a criança, uma vez que as crianças com
um estilo de afecto inseguro tendem a ter expectativas negativas relativamente aos
outros, o que poderia favorecer comportamentos de agressividade reaccional a
represálias de um mundo exterior percebido como hostil (Michel & Ouakil, 2009)
e daí apresentarem comportamentos estranhos, desorientados e abertamente em
conflito com a figura parental. Para Bowlby, o bom senso pode sugerir que uma
pessoa actuaria com base em modelos únicos de cada uma das figuras de apego e
de si própria,

São várias as experiencias que podem justificar esta vivência do cuidador como
fonte de ameaça, tais como experiencias prévias de maus tratos, em que a figura
de vinculação apresenta comportamentos manifestamente ameaçadores ou
perturbadores, ou situações menos óbvias em que a figura vinculadora é

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maltratante, mas parece ficar assustada quando o sistema de vinculação da criança
é activado (Main & Hess, 1990) citado por Soares.

Assim, uma criança desprezada tende não apenas a sentir-se não querida pelos
pais, como ainda a crer que é essencialmente por todos é indesejada; tal é a
sensação que a ausência de respostas por parte do cuidador poderá também
originar a desorganização do bebé. Reciprocamente, uma criança muito amada
pode crer confiando que todas as pessoas a acharão digna de sua afeição.O valor
da primeira relação objectal está no facto de auxiliar na criação dos sentimentos
de confiança e criatividade da criança, momento em que a figura materna deve
agir como facilitadora desse processo.

É evidente que o modo como os sujeitos percepcionam a qualidade das práticas


e dos estilos parentais dos seus progenitores reveste-se de extrema importância
para o estudo da influência da vinculação com o surgimento de perturbações na
idade adulta, dai que seja importante distinguir claramente os conceitos de estilos
e práticas parentais.

Por um lado, os estilos parentais referem-se a um padrão de comportamento


parental demonstrado dentro de um clima emocional, que é constituído não só
pelas práticas parentais, mas também por outros aspectos da interacção pais-
filhos, como por exemplo o tom de voz e a linguagem corporal (Darling &
Steinberg, 1993).

Michel e Ouakil referem que podem igualmente acontecer sintomas de


desligamento relacional na perturbação reaccional do afecto, nas experiencias
psicóticas, breves das personalidades Boderline, nas perturbações dissociativas da
identidade, como a amnésia dissociativa, fuga dissociativa, despersonalização e
personalidades múltiplas, que têm como uma super representação nas vitimas de
experiências traumáticas precoces.

A literatura diz-nos também que quanto maior é a confiança tida pelo indivíduo
na disponibilidade da sua (s) figura (s) de vinculação, menor será a probabilidade
de ele ter medo ou ansiedade, pois sente-se efectivamente mais seguro.

Devemos ter em conta que os pais são, habitualmente, as nossas primeiras


figuras de vinculação e também a base de todas as nossas vinculações futuras. Os

17 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon


resultados dessa investigação sugerem que a insegurança da vinculação pode mais
facilmente contribuir para o desenvolvimento dos comportamentos desviantes,
delinquentes e criminais nas idades adolescente, jovem e adulta facilmente
apercepção de competência social por parte dos sujeitos.

Assim, os indivíduos com uma vinculação insegura consideram-se a si mesmo


como menos competentes socialmente do que os indivíduos com uma vinculação
segura e mais propensosa manifestação de actos delituosos (Faria, 2008). Crianças
com vinculação segura têm geralmente relações interpessoais mais profundas e
mutualistas, são mais empáticas, participam mais em actividades de grupo e têm
melhores competências de liderança (Faria, 2008).

No que diz respeito à vinculação insegura, estes indivíduos são habitualmente


considerados hostis, manipuladores e muito ansiosos (Sroufe et al., 2005; Kobak
& Sceery, 1988). Em relação ao pensamento do próprio, os indivíduos que
tiveram uma vinculação segura referem menos sentimentos de solidão e níveis
mais elevados de suporte social, quando comparados com os indivíduos de
vinculação insegura.

Estratégias e Tácticas de preservação

Na sua obra, as autoras esclarecem que ao falarmos de estratégias de


preservação, inicialmente devemos entende-las como o conjunto de acções
conducentes a alcançar um determinado fim. É, portanto, preciso diferenciar dois
tipos de vínculos: os vínculos pré-determinados ou laços de sangue e os vínculos
de escolha – amigos, cônjuge, entre outros.

Porêm, do ponto de vista da manipulação, nenhum dos dois apresenta


diferenças nas táticas de preservação a empregar, já que os vínculos pré-
determinados parecem de impossível ruptura, sendo que por vezes não há outra
alternativa que não as de as enfrentar, pelo que tomam-se as mesmas decisões e
pelos mesmos motivos do que perante os vínculos de escolha.

Os laços de sangue - pais, filhos, irmãos, - não oferecem imunidade nem


segurança quando há manipulações e abusos idênticos aos que ocorrem nas
relações alvo de uma escolha. Os sentimentos e os preconceitos podem perpetuar
as relações, mas quando está em risco a integridade física de uma pessoa a única

18 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon


solução para preservar é a distância. Por exemplo, hospitais acolhem com
frequência vítimas correndo perigo de maus-tratos por um pai ou por outro
elemento da família; esquadras policiais reportando fuga de crianças de suas casas
devido ao inferno e uma convivência abusiva, entre outros.

No segundo caso, ou seja por escolha, consideram que ninguém tem o direito
de decidi sobre os sentimentos de outrem, porém, nos casos em que a se encontra
também em risco a vida e a integridade psíquica ou emocional da pessoa
manipulada, separação é inevitavelmente a única saída, pois não há nada que dita
que deve continuar a suportar irremediavelmente as investidas do manipulador.

Em outros casos, poderá haver escolhas de vida que possam assentar na


manutenção da relação, pelos pares envolvidos pressupondo um trabalho contínuo
de modificação, através da aprendizagem de novos modelos de interacção, sem
descurar o respeito pela própria pessoa e recordando que vincular-se não é
submeter-se.

Nos casos em que muitas pessoas não caem nas armadilhas do manipulador,
pode-se observar e aprender bastante com elas, até mesmo os manipuladores
profissionais podem afastar-se das pessoas insensíveis ao seu poder, capaz de
provocar emoções desestabilizadoras.

É muito difícil o manipulador mudar, portanto, a medida que este muda de


camuflagem ou disfarces, de acordo com a situação em causa o manipulado sem
mudar de estratégia deve sim ir alternando as táticas convenientes a cada caso. Ex:
a relação manipulado/manipulador é semelhante a um par a dançar o tango,
seguindo um código secreto. Assim, o manipulado deve tomar consciência da
necessidade de abdicar da posição que mantinha antes e atuar no sentido de
impedir a manipulação, só depois poderá elaborar uma estratégia de defesa eficaz.

A atitude que o manipulado mantem frente ao manipulador é a única coisa que


resulta para modificar a situação. Não é possível comportar-se da mesma maneira
com um manipulador e com alguém que não o é.Neste sentido, há que aprender a
usar protecções, do mesmo modo que um polícia não vai a uma rixa sem o colete
anti-balas, ou seja, o manipulado encontra-se a mercê da sua própria decisão.

19 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon


Ema adição, a modificação só alcançada mediante uma alteração pessoal,
mudando o comportamento, tomando consciência do uso de táticas auto-
defensivas, pode fazer com que o vínculo que se mantém com o manipulador não
se destrua nem o destrua.

Estas táticas são basicamente as seguintes:

1. Não se justificar;
2. Ser sintético na comunicação;
3. Reservar a informação que mais tarde poderá ser útil para alterar planos ou
projectos próprios;
4. Usar o sentido de humor;
5. Utilizar uma comunicação um pouco precisa;
6. Copiar as frases feitas do manipulador;
7. Utilizar o modo impessoal;
8. Dizer Não sempre que for possivel;
9. Por um ponto final;
10. Procurar evitar discussões;
11. Evitar responder a uma agressão com outra agressão;
12. Não perder a sensatez nem a educação;
13. Pedir sempre que faça perguntas claras;
14. Utilizar a ironia;
15. Ser repetitivo;
16. Aprender a dizer não;
17. Não se deixar espoliar;
18. Não se oferecer como mediador entre o manipulador e outra pessoa;
19. Perante um ataque mantenha a calma;
20. Confiar nas suas próprias decisões;
21. Ser cético perante os elogios e as seduções;
22. Aprender a dar respostas as mentiras do manipulador;
23. Deixar todos os acordos registados;
24. Criar uma frente comum entre as diferentes vítimas;
25. Transformar o negativo em positivo.

20 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon


Conclusões

A sociedade atual e o respectivo ritmo de vida privilegiam o aparecimento de


comportamentos manipulativos, podendo também concorrer o curso dos
comportamentos desviantes e delinquentes.As pessoas acabam por se afastar umas
das outras, contudo não deixam de sentir uma grande necessidade de se
socializarem.

A sociedade desresponsabiliza as pessoas manipuladoras e, na verdade, para


existir um manipulador, tem de haver sempre quem se deixe manipular, estes por
sua vez são aceites sem serem penalizados, por isso eles voltam a manipular.
A leitura desta obra permitiu-nos aprofundar o conhecimentosobre o que é
manipulação. Na perspectiva da várias obras consultadas, obtivemos algumas
explicações para esclarecer e relacionar a influência das atitudes manipuladoras
ante a vida e que recursos pessoais podemosutilizar para evitá-las e, por
conseguinte, contribuirmos para que as novas gerações sejam psicologica e
emocionalmente mais saudáveis.

A vulnerabilidade das pessoas esta associada ao seu percurso vivencial, os


traumas sofridos na infancia, a influencia manipuladora de familiares directos,
terão certamente maior probabilidade de estabelecer vículos com outras pessoas.

Como foi aqui dito, a mudanca de atitude parece ser a única maneira de não
cair nas garras do manipulador, embora reconheçamos que desativar os
mecanismos de manipulação leve o seu tempo, sem espetativas de resultados
imediatosa fim de evitar uma frustraçao.

21 Terapia Familiar psicoeducacional- Modelos de intervenção de Leff e Faloon


Como tal, a intervenção dos psicoterapeutas e psicólogos no acompanhamento
dos pacientes com estas perturbações de vinculação, será certamente uma
necessidade para dar resposta às necessidades das pessoas.

Para terminar, não existem receitas receitas maravilhosas e cada indivíduo terá
de saber qual é o seu ponto-limite. “Cada indivíduo tem um mundo interno
diferente, e o estímulo tem um significado para cada um” (Irvin D. Yalom)

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of the Person: The Minnesota Study of Risk and Adaptation from Birth to
Adulthood. New York: Guilford Publications.

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Mandamentos dos Psicopatas

1- Zelais apenas pelos vossos interesses;


2 - Não honreis a mais ninguém além de vós;
3 - Fazei o mal, mas fingi fazer o bem;
4 - Cobiçai e procurai fazer tudo o que puderdes;
5 - Sede miseráveis;
6 - Sede brutais;
7 - Lograi o próximo toda vez que puderdes;
8 - Matai os vossos inimigos;
9 - Usai a força em vez da bondade ao tratardes com o próximo;
10 - Pensai exclusivamente na guerra.
Maquiável

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