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CONTRATOS
4º SEMESTRE - RESUMO
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
Princípios tradicionais Princípios modernos
1. Da autonomia da vontade 5. Da função social do contrato
2. Da obrigatoriedade dos contratos 6. Da boa-fé objetiva
3. Do consensualismo
7. Do equilíbrio econômico dos contratos
4. Da relatividade dos efeitos do contrato
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Contratos Marcelo Soldi
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Contratos Marcelo Soldi
Importância prática
a) Exceção de contrato não cumprido (Art. 476). “Exceptico non rite adimplet contractus”: dispõe que
o contratante quando houver ordem de cumprimento das prestações e que tiver de fazer sua
prestação em primeiro lugar poderá excepcionalmente se recusar a adimplir desde que depois de
concluído o contrato alguma mudança no patrimônio ou condição econômica do outro indique que
este poderá não ser capaz de cumprir com sua prestação.
a. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprir sua obrigação, pode
exigir o implemento do contrato.
b. Não é admitida nos contratos unilaterais
c. Somente nos contratos em que as prestações são simultâneas / exigíveis
d. Só se pode opor essa exceção quando a lei ou o contrato não disser a quem cabe cumprir
primeiro a obrigação
e. Cláusula “solve et repote” – importa numa renúncia à utilização da exceção de contrato não
cumprido. É muito utilizada nos contratos administrativos para proteger a administração.
Nas relações de consumo, deve ser evitada porque coloca o consumidor em desvantagem
exagerada.
b) Cláusula resolutória tácita (Art. 475). Todo contrato bilateral contém, de forma implícita, uma
cláusula resolutiva tácita. Será expressa se o acordo estabelecer a revogação do contrato pelo
inadimplemento (Art. 474).
O contratante pontual pode, ante o inadimplemento do outro, tomar três atitudes:
a. Permanecer inerte e defender-se, caso acionado, com a exceção de contrato não cumprido.
b. Pleitear a resolução do contrato.
c. Exigir o cumprimento.
Oneroso: é o contrato em que ambas as partes tem vantagens que correspondem a sacrifícios. Em
geral, é bilateral. Exemplo de oneroso unilateral: o mútuo feneratício (empréstimo com juros).
Gratuito: só uma parte aufere vantagens. Exemplo: doação pública.
Paritárias: ambas as partes tem o mesmo peso para escolher as cláusulas do contrato.
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Contratos Marcelo Soldi
Adesão: as partes não tem liberdade. Uma delas impõe as cláusulas contratuais e a outra meramente as
aceita.
Instantânea: num único momento, de forma única. Exemplo: execução à vista, compra e venda a
vista).
Diferida: num único momento, mas diferido no tempo (postergado). Exemplo: pagamento daqui 30
dias.
Trato sucessivo: em diversos momentos, durante um tempo. Se prolonga no tempo.
Solene: precisa de uma forma especial para ser celebrado (Art. 108).
Não solene: não precisa de forma especial (Art. 107).
Preliminar (ou pré-contrato): é confundido com negócios preliminares. São convenções que
objetivam a realização de um contrato definitivo, gerando deveres ou obrigações a uma ou ambas as
partes. Quando tem por objeto a compra e venda de um imóvel, ele se chama “compromisso de compra
e venda”.
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São contratos ligados por uma função econômica, mas que existem por si só. Eles só tem sentido juntos.
Exemplo: contrato do posto de gasolina que fornece as bombas de gasolina (comodato), ligado ao contrato de
fornecimento de gasolina (econômico). Ou então contrato que fornece as bebidas, e também as geladeiras com
a marca.
1. Consensualismo
É o primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. A regra geral é que basta o
consentimento para se formar um contrato. O consentimento pode se dar de três formas diferentes:
2. Fases do contrato
Ainda não há contrato e não existem em todos os contratos. É uma fase caracterizada por sondagens,
conversações, estudos e debates. São documentos, minutas de contrato, que não obriga, porém servem como
base para o contrato futuro. Elas existem geralmente em contratos mais complexos e não traduzem uma
vontade definitiva. Qualquer das partes pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder
por perdas e danos. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção, com a falsa
manifestação de interesse, de causar dano ao outro contraente, levando-o, por exemplo, a perder outro negócio
ou realizando despesas.
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Contratos Marcelo Soldi
A oferta já é uma proposta e ela obriga, ela pode ser exigida. É a primeira fase obrigatória de um contrato. É
uma declaração unilateral do proponente dirigida à pessoa com a qual pretende celebrar um contrato e que
deve conter, em princípio, os elementos essenciais do negócio jurídico.
Ela deve ser clara e objetiva, e deve descrever os pontos principais do contrato. Vincula o proponente, que só
ficará liberado com negativa do oblato (é a pessoa a quem é dirigida a proposta) e decurso do prazo estipulado
na oferta (Art. 427).
O próprio ofertante pode ressaltar que a proposta não é obrigatória (Art. 427, § 2º);
Se houver as cláusulas “não vale como proposta”, “sujeita à confirmação” e “apenas para divulgação”.
Aceitação
A proposta é dirigida a uma pessoa ou a um grupo de pessoas. Essa oferta pode ocorrer na presença do oblato
ou não. É o ato de aderência à proposta feita, e deve ser pura e simples.
A aceitação sob condições ou com novos elementos ou fora do prazo equivale à nova proposta.
Sem prazo: à uma pessoa determinada – se não for aceita imediatamente, ela deixa de ser obrigatória.
Com prazo: decorrido o prazo, desobriga-se o preponente.
É aquele em que a proposta e a aceitação ocorrem diretamente entre as partes ou seus representantes.
Exemplo: por telefone ou meio semelhante. No caso do telefone, de acordo com o CDC, pode-se desistir no
prazo de 7 dias (prazo de reflexão).
É aquele em que as partes se manifestam por intermédio de um mensageiro ou outra forma de correspondência
(intercâmbio de documentos). Exemplos: carta, telegrama, fax, e-mail.
No Brasil, os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos a partir do momento em que a aceitação é expedida
(teoria da expedição) (Art. 434). Exceções:
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Desistência
O proponente pode desistir, mas deve fazer chegar ao oblato a desistência antes ou concomitante com a
proposta.
Proposta
Sem prazo – desobriga-se se tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta a seu
conhecimento.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS
Vícios redibitórios são defeitos ocultos que tornam a coisa imprestável para o uso a que se destina, ou que
diminua o seu valor (Art. 441). Exemplo: relógio que não funciona. O contrato deve ser comutativo, oneroso e
bilateral, portanto não cabe nas doações puras.
Fundamento
Princípio da garantia: todo alienante deve assegurar ao adquirente o uso da coisa para os fins a que se destina.
Requisitos
Tem que existir um defeito oculto. Para o CDC, o defeito aparente também é defeito.
Tem que ser desconhecido do adquirente.
Tem que ser grave – de forma que, se tivesse conhecimento, não teria contratado.
O defeito deve existir ao tempo da transmissão – ou seja, não pode ser superveniente.
Tem que ser decorrente de um contrato comutativo ou de doação com encargo.
A coisa em hasta pública (leilão) não pode reclamar vício redibitório.
Efeitos
Uma vez constatado o vício, o adquirente tem duas alternativas, as ações edilícias (Art. 442):
Ação redibitória: rejeita-se a coisa, rescindindo o contrato e pleiteando a devolução do preço pago.
Ação estimatória ou “quanti minoris”: conservá-la, malgrado o defeito, reclamando, porém,
abatimento no preço.
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Prazos
Cláusula de garantia
É possível que a garantia possa ser diminuída, ampliada ou renunciada, desde que não haja ofensa à função
social ou à boa fé. Exemplo: se houver vício redibitório, indenizo apenas a metade.
EVICÇÃO
Evicção é a perda judicial (por sentença) de um bem pelo adquirente, em consequência da reivindicação feita
por um terceiro, estranho ao contrato, mas que é seu verdadeiro dono, possuidor ou que possui direito sobre a
coisa, sendo responsável o alienante posto que a causa jurídica da perda era prévia ao contrato.
Terceiro (evictor)
Pode-se voltar contra o alienante para ser ressarcido do
Alienante Adquirente (evicto) prejuízo: restituição do preço, despesas contratuais e custas
judiciais.
Fundamentação
O princípio da garantia: o alienante tem o dever de garantir o uso e gozo da coisa. É um defeito do direito
transmitido e não do bem (é essa a principal diferença do vício redibitório).
O alienante será obrigado a resguardar o adquirente dos riscos da perda da coisa por terceiro, por força de
determinação judicial que fique reconhecido que aquele não era o legítimo titular do direito que convencionou
transmitir.
Requisitos
Cláusula
A garantia de evicção independe de cláusula. Pode haver reforço, diminuição ou exclusão de garantia, mas
mesmo com essa cláusula de exclusão, se a evicção se der, o adquirente tem direito a recobrar (exclui demais
despesas) o preço que pagou, se não soube do risco da evicção (não teve ciência da existência de ação de
reinvindicação em andamento), ou, dele informado, não o assumiu (Art. 449).
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Ocorre a estipulação em favor de terceiro quando o contrato se pactuar que o beneficio dele decorrente no
todo ou em parte reverta em favor de terceiro que lhe seja totalmente estranho. Exemplos: seguro de vida,
fiança bancária.
É uma exceção do princípio da relatividade dos efeitos do contrato, pois gera direito à pessoa certa ou
determinável (nomeação futura – pessoa a nascer, sociedade a formar, etc), porém estranha à pactuação.
Requisitos
Os mesmos de validade do negócio jurídico (sujeito capaz, objeto lícito, pessoa determinada e forma
prescrita em lei);
Existência de um terceiro;
Aquisição pelo terceiro de um direito a um benefício.
Partes
Pode se dar ao gosto dos contratantes, salvo se houver adesão do beneficiário (terceiro manifesta o propósito
de aceitar o benefício). O estipulante pode substituir o terceiro designado no contrato, independente de sua
anuência e da do outro contratante.
Cumprimento da obrigação
O terceiro tem a faculdade de exigir a obrigação diretamente contra o promitente devedor. Somente pode ser
afastada pela pactuação expressa dos contratantes, reservando-a ao estipulante (Art. 436, § ú).
Como é “ato de liberalidade”, não pode o terceiro exigir do estipulante que cumpra a sua contraprestação
perante o promitente para quer nasça o direito próprio dele.
Recurso de terceiro:
Se o terceiro recusar o proveito da estipulação, esta pode reverter-se em benefício do estipulante ou de outrem.
Incidência prática
Seguro de vida;
Fiança bancária
Transporte de mercadoria;
Compra e venda (obrigação do vendedor de transmitir a propriedade para nome de terceiro)
Locação (quando o aluguel deve ser pago para terceiro beneficiário).
Doação
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O contrato com pessoa a declarar é uma espécie de contrato em que uma pessoa (estipulante) contrata por si
com outra pessoa promitente reservando-se o direito de nomear outra pessoa como parte contratante.
A nomeação de terceiro deve ser realizada no prazo de 5 dias da conclusão do contrato, se outro prazo não
tiver sido convencionado (Art. 468). O terceiro tem que “aceitar”. Se não fizer ou não aceitar, o contrato
subsiste entre as partes originárias.
Geralmente se dá por razões de ordem fiscais, para ocultar a identidade do verdadeiro destinatário (compra e
venda de imóvel para vizinhos, leilão).
EXTINÇÃO DO CONTRATO
O contrato nasce com o mútuo consentimento e o consenso. Durante o desenvolvimento, pode haver
vicissitudes que venham a se converter em vícios. Pode haver um desequilíbrio econômico, justificado pela
onerosidade excessiva. Termina, normalmente, pelo adimplemento (o modo normal de extinção), ou então,
pelo inadimplemento.
Nulidade – ele necessariamente será extinto nos seguintes casos (Art. 166):
quando celebrado por absolutamente incapaz;
se o objeto for ilícito, impossível ou indeterminável;
se o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
se não revestir a forma prescrita em lei;
for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática.
Cláusula resolutiva ou expressa.
Direito de arrependimento:
quando prevista arras penitenciárias – as arras (ou sinal) terão função unicamente indenizatória.
Se quem as deu, se arrepender, fica como indenização para a outra parte. Se quem as recebeu,
se arrepender, devolve elas, mais o equivalente (Art. 420).
nos casos em que a venda foi realizada fora do estabelecimento empresarial (tem o prazo de 7
dias para se arrepender). (Art. 49, CDC).
quando as partes estipularem previamente o direito de arrependimento, mas quem se
arrependeu deve pagar uma multa.
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- inexecução voluntária;
Resolução: inadimplemento do contrato por: - inexecução involuntária;
- onerosidade excessiva
Requisitos: - precisa ser comutativo (ou seja, as prestações devem ser certas ou determinadas), de
execução continuada ou diferida.
- alteração radical das condições econômicas no momento da execução do contrato, em
confronto com as do momento de formação.
- tem que gerar onerosidade excessiva para uma das partes e benefícios exagerados para
a outra.
- imprevisibilidade e extraordinariedade daquela modificação.
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Contratos Marcelo Soldi
Resilição bilateral (distrato) – pela vontade de ambos. Aplicam-se as mesmas normas e formas de
contrato (Art. 420). Subsistem as prestações já devidas.
Em certos casos a resilição assume a feição de: - revogação: a lei concede tal direito nos contratos
de mandato e doação, independentemente de aviso
Obs: todos não requerem pronunciamento prévio, desde que manifestada pela própria pessoa
judicial! que praticou o ato.
- renúncia: é o ato pelo qual o contratante notifica o
outro de não mais pretender exercer o seu direito –
contratos de mandato.
- resgate: é o ato de liberar alguma coisa de uma
obrigação a que estava vinculada – resgate de
hipoteca.
Morte de um dos contratantes: só acarreta a dissolução do contrato se este for personalíssimo, em razão da
impossibilidade de cumprimento. Os efeitos são “ex nunq” – subsistem as prestações já cumpridas. Se não for
personalíssimo, a obrigação é transmitida para os herdeiros.
É o contrato em que uma das partes (vendedor) obriga-se a transferir o domínio de uma coisa e a outra
(comprador) a pagar-lhe o preço em dinheiro (Art. 481).
Classificação
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Elementos de contrato
Vendedor:
transferir o domínio da coisa (móvel se dá pela tradição, imóvel se dá pela outorga do
instrumento apto ao registro da nova titulariedade – em regra, escritura pública). O
descumprimento desse dever dá ao comprador o direito de optar entre a entrega da coisa
(execução específica) a resolução do contrato mais perdas e danos.
despesas de tradição, se as partes não convencionarem de modo diverso;
débito atinentes à coisa, até a tradição, salvo convenção em contrário
responsabilidade por vícios;
responsabilidade por evicção.
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Comprador:
pagar em dinheiro: à vista, salvo convenção em contrário. Não tento as partes estipulado a
venda a crédito, não é exigível a coisa antes da entrega do preço. O descumprimento dá o
vendedor o direito de optar pela resolução do contrato ou pela cobrança judicial mais perdas e
danos.
pagamento em despesas de escritura e registro, salvo se convencionarem a repartição ou
assunção pelo vendedor.
Vendas condicionais: as obrigações das partes ficam sujeitas ao implemento de condição suspensiva
ou resolutiva. Exemplo: compra e venda de carro se entrar no curso de pós-graduação (condição
resolutiva). O contrato constitui-se desde logo, vinculando as partes. Realizada a condição, deve
entregar o carro e o outro pagar o preço. Se não passar, desfaz-se o vínculo contratual, liberando-se as
partes de suas obrigações.
Venda a contento do comprador: a coisa é apreciada subjetivamente. O contrato torna-se
exigível quando ela for do agrado do comprador e se desconstituí no caso x. Exemplo: compra
e venda de tela pintada por artista famoso.
Venda sujeita à prova: a avaliação é objetiva. Opera a condição, tornando exigíveis as
obrigações sempre que a coisa vendida corresponder ao padrão descrito pelo vendedor.
Exemplo: vinho no restaurante.
Retrovenda: trata-se de pacto pertinente à compra e venda de imóvel em virtude do qual é ortorgada
ao vendedor a opção de recomprar o bem no prazo assinalado em contrato, se no máximo 3 anos,
mediante a restituição do preço, reembolso de despesas autorizadas e indenização de benfeitorias
necessárias. A cláusula pode ser executada em juízo.
Preempção: o comprador se obriga a dar preferência ao vendedor na hipótese de revenda do bem
adquirido (não pode ultrapassar o prazo de 180 dias se móvel, e 2 anos se imóvel), sob pena de perdas
e danos se não notificar o contratante.
Reserva de domínio: é cláusula de garantia, em que o vendedor continua a titularizar a propriedade da
coisa, enquanto o comprador exerce desde logo a posse. Quando inteiramente adimplida a obrigação
de pagar o preço, resolve-se a propriedade do vendedor sobre a coisa vendida, passando a titularizá-la
o comprador; ou o vendedor adquire a titularidade plena do bem, caso o comprador não cumpra a
obrigação.
Se dá para bens móveis, vendidos não à vista, por instrumento escrito e registro no domicílio do
comprador. Para execução, deve o vendedor constituir em mora o comprador mediante interpelação.
Até a tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor e os do preço por conta do comprador (Art.
492).
Venda “ad mensuram”: é aquela que se determina a área do imóvel vendido estipulando-se o preço
por medida de extensão. A especificação da área é que determinará o preço (Art. 500).
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Venda “ad corpus”: alienação do bem imóvel como corpo certo e determinado. O bem é adquirido
pelo conjunto e não em atenção à área declarada (não haver[a complemento de área, nem devolução do
excesso).
Exemplo: A e B celebram compra e venda de terras. No contrato diz ter 1.000 alqueires e na realidade tem
900. B pode reclamar desde que a venda tenha sido “ad mensuram”:
Presunção de venda “ad corpus”: presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa,
quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvando ao
comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio (Art. 500, § 1º).
CONTRATO DE DOAÇÃO
É o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, se obriga a transferir do seu patrimônio bens ou vantagens
para o outro (Art. 538). Os sujeitos são o doador (quem pratica a liberalidade) e o donatário (sem dela se
beneficia). O objeto pode ser qualquer bem corpóreo, móvel ou imóvel. Se não for corpóreo, é cessão gratuita
de direitos.
Forma
A forma, em regra, é por escrito em razão da natureza gratuita da alienação. Se for doação de bem imóvel
superior a 30 salários mínimos, exige-se escritura pública. Se menor, pode ser instrumento particular.
Pode ser oral se o bem for móvel, de pequeno valor e tiver sido entregue ao donatário imediatamente após a
exteriorização do “animus donanti” (vontade de doar) – pequeno valor levado em conta a fortuna do doador
(pode ser um relógio rolex se o doador for rico).
Efeitos
Exoneração do doador por qualquer responsabilidade por vício redibitório ou evicção (salvo no caso
de doação para casamento com pessoa certa e determinada).
Exoneração do pagamento de juros moratórios caso retarde o cumprimento da obrigação, ainda que
dolosamente.
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Doação remuneratória: o donatário presta um serviço ao doador sem que haja um contrato e o
doador deseja espontaneamente remunerar o donatário. Ex: faz um favor, decide remunerá-lo.
Doação meritória: em razão do mérito do donatário: ex: passou em 1º lugar no concurso de
magistratura.
Doação conjuntiva: faz dois ou mais donatários ao mesmo tempo, da mesma coisa.
Doação de todos os bens, sem reservar para si renda suficiente à sua sobrevivência (Art. 548). Não
importa se tem herdeiros ou não. A consequência é a nulidade do contrato.
Doador com “herdeiros necessários”, não
São herdeiros necessários: descendentes,
importando se a doação for pra o herdeiro ou terceiro:
antecedentes, cônjuge (o Código não
só pode doar até metade do que tem (Arts. 1789 e 549).
menciona o companheiro)
Doação inoficiósa: em testamento, não pode
ultrapassar metade do patrimônio. A outra metade é dos herdeiros necessários – ela é nula na
parte excedente.
Doação para descendente ou cônjuge (Art. 544). Enquanto que na compra e venda tinha que pedir a
autorização expressa de todos eles, sob pena de nulidade, na doação não precisa! A doação nesse caso
significa adiantamento de legítima. Porém, na morte do ascendente, o descendente donatário tem que
levar o bem à colação (conferência se todos os descendentes tem a mesma cota – se não, ele vai
adequar e terá que dividir o bem para os herdeiros). Se já tiver vendido o bem, terá que indenizar os
outros com o valor da cota – se houver mais bens, farão a compensação. Se não apresentar o bem na
colação, o donatário estará sonegando e perde o direito à herança (pena de sonegados).
Aceitação
Para o aperfeiçoamento do contrato, exige-se a aceitação pelo donatário (ou representante legal, quando
nascituro ou incapaz). A aceitação deve ser expressa, tácita ou presumida (nos casos em que a doação é
simples e o donatário não a recusou no prazo assinalado).
Na doação de duração – trato sucessivo. O contrato não pode ultrapassar a vida das partes. Morrendo
um deles, finda a liberalidade.
Revogação pelo não cumprimento do encargo (inexecução) ou ingratidão do donatário.
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EMPRÉSTIMO
É o contrato pelo qual uma das partes entrega uma coisa a outra para ser devolvida em mesma espécie, gênero
e quantidade. Ele tem duas espécies: mútuo e comodato.
a) Comodato
É o empréstimo de coisa infungível, em que se confere a possibilidade de usar o bem e devolve-lo na sua
integridade, ao final do contrato. Se aperfeiçoa com a entrega do contrato. É um contrato gratuito, real,
unilateral e, em regra, não solene. Se não for oneroso, será contrato de locação. As partes do comodato é o
comodante e o comodatário.
- guarda e conservação da coisa, devendo limitar uso ao estipulado em
contrato
Obrigações do comodatário - usar coisa conforme a sua natureza
- restituir quando solicitado (se não tiver prazo) – porém deve ser com
um prazo razoável de antecedência.
- decurso do prazo;
- pela vontade das partes;
Extingue-se
- descumprimento de obrigação pelo comodatário;
- “urgência” do comodante de utilizar o bem
Consequências: o comodatário responde pela perda da coisa por solo ou por culpa, ou se houver dano à coisa,
após o contratante tiver se constituído em mora.
b) Mútuo
É o empréstimo de coisa fungível, destinada ao seu consumo. Exemplo: o mútuo de dinheiro. As partes são o
mutuante e o mutuário. O mutuário se compromete a devolver ao final do contrato bens do mesmo gênero,
qualidade e quantidade. Ele responde pelos riscos inerentes à perda da coisa.
É um contrato real, unilateral, não solene e gratuito (por convenção). Poderá ser oneroso: exemplo – juros
cobrados são entendidos como remuneração do capital do mutuante pelo uso do seu dinheiro (mútuo
feneraticios).
- fim do prazo estipulado
Extingue-se
- pelo distrato (resilição bilateral, por convenção das partes).
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DEPÓSITO
É o contrato em que o depositário recebe um objeto móvel para guardar até o depositante o reclame.
“Guardar” é a finalidade primordial do contrato, que aperfeiçoa-se com a entrega da coisa ao depositário. A
restituição da coisa é a essência do contrato, o que acarreta a sua temporariedade até que o depositante o
reclame. Em regra, é gratuito, salvo quando há convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou
se o depositário o praticar por profissão. É bilateral, se o depositário cobrar alguma coisa pra cuidar do bem.
Espécies
Obrigação do depositário
guardar e conservar a coisa com cuidado e diligência. Responde por culpa se a coisa perecer ou
deteriorar-se, seja o depósito gratuito ou remunerado. Só se exonera provando caso fortuito ou força
maior.
restituir a coisa, com os frutos e acrescidos quando o exija o depositante. Ainda que o contratante fixe
prazo à restituição, o depositário entregará o depósito logo que seja exigido.
STF. Súmula vinculante nº 25. É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito.
Pacto de São José da Costa Rica. Art. 7º. 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não
limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de
obrigação alimentar.
Com o Pacto de São José da Costa Rica, o depositário infiel não pode mais ser preso.
MANDATO
É o contrato em que alguém recebe de outro poderes para em seu nome praticar atos ou administrar interesses.
Envolve um representante: a representação pode ser legal (os pais) ou judicial (nomeado pelo juiz, e.g. o
síndico na falência), ou convencional (instrumentalizada na procuração).
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É consensual, personalíssimo, gratuito, não solene e unilateral. No decorrer do contrato pode se tornar
bilateral, imperfeito ou impróprio. Pode ser verbal ou escrito. A aceitação pode ser tácita, derivada do
comportamento, exemplo: ele dá início à execução.
Tem que ter confiança. Pode ser revogado pelo mandante ou renunciado pelo mandatário.
Outorgar Receber
Pessoa capaz (instrumento particular); Pessoa capaz;
Relativamente incapaz, desde que assistido Maior de 16 anos e menor de 18 não emancipado
(instrumento público, se “ad negotia” e (o risco é do mandante, não pode arguir perdas e
particular, se “ad judicia”). danos);
Incapazes, se representado por instrumento Não pode arguir incapacidade para anular (não
particular. responde por perdas e danos).
Procuração
É instrumento do mandato. São requisitos: qualificação das partes, natureza e extensão dos poderes. Se o ato
exigir forma pública, o ato deverá ter forma pública (Art. 108).
Procuração “apud acta”: procuração outorgada verbalmente, no momento da realização do ato (em
audiência).
Substabelecimento
Por instrumento particular, com ou sem reservas de poderes. Se não houver autorização, responde pelos
prejuízos por culpa sua ou daquele a quem substabelecera. Também responde por caso fortuito ou força maior
se o substabelecimento era proibido.
Obrigações do mandatário
Obrigações do mandante
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São nulos os atos privados de advogados praticados por pessoas não inscritas na OAB.
Por instrumento público/particular
Urgência: pode atuar sem procuração, mas deverá apresenta-la em 15 dias.
Poderes especiais: - receber citação inicial;
- transigir (fazer acordos);
- receber e dar quitações.
Se renunciar a mandato, ele continuará a representar o mandante, se necessário, durante 10 dias seguintes à
notificação da renúncia.
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