Pero Vaz de Caminho: A pele deles é parda e um pouco
avermelhada. Têm rostos e narizes bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem se preocupam em cobrir ou deixar de cobrir suas vergonhas mais do se que preocupariam em mostrar o rosto. E a esse respeito são bastante inocentes. Ambos traziam o lábio inferior furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, fino na ponta como um furador... Os cabelos deles são lisos. E os usavam cortados e raspados até acima das orelhas. E um deles trazia como uma cabeleira feita de penas amarelas que lhe cobria toda a cabeça até a nuca... Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, eles se tornaria, logo cristãos, visto que não aparentam ter nem conhecer crença alguma. Portanto, se os degredados que vão ficar aqui aprenderem bem a sua fala e só entenderem, não duvido que eles, de acordo com a santa intenção de Vossa Alteza, se tornem cristãos e passem a crer na nossa santa fé. Isso há de agradar a Nosso Senhor, porque certamente essa gente é boa e de bela simplicidade. E poderá ser facilmente impressa neles qualquer marca que lhes quiserem dar, já que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens. E creio que não foi sem razão o fato de Ele nos ter trazido até aqui.
Padre José De Anchieta:
Oh que pão, Oh que Comida,
Oh que divino Manjar
Se nos dá no Santo altar cada dia.
Filho da Virgem Maria
Que Deus padre cá mandou E por nós na cruz passou Crua morte.
E para que nos conforte
Se deixou no Sacramento Para dar-nos com aumento Sua graça. Gregório De Matos: À cidade da Bahia “A cada canto um grande conselheiro. que nos quer governar cabana, e vinha, não sabem governar sua cozinha, e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres, posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres, e eis aqui a cidade da Bahia.”
Cláudio Manuel da Costa:
Trecho do poema Vila Rica, Canto VII
O conceito, que pede a autoridade,
Necessária se faz uma igualdade De razão e discurso; quem duvida, Que de um cego furor corre impelida A fanática ideia desta gente? Que a todos falta um condutor prudente Que os dirija ao acerto? Quem ignora Que um monstruoso corpo se devora A si mesmo, e converte em seu estrago O que pensa e medita? Ao brando afago Talvez venha ceder: e quando abuse Da brandura, e obstinados se recuse A render ao meu Rei toda a obediência, Então porei em prática a violência; Farei que as armas e o valor contestem O bárbaro atentado; e que detestem A preço do seu sangue a torpe ideia. Tomás Antônio Gonzaga: Porém se os justos céus, por fins ocultos, em tão tirano mal me não socorrem; verás então, que os sábios, bem como vivem, morrem.
Eu tenho um coração maior que o mundo,
tu, formosa Marília, bem o sabes: um coração..., e basta, onde tu mesma cabes.