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• Instrumentos de gestão territorial regulados pelo DL nº 380/99 de 22 de Setembro com
as alterações introduzidas pelo DL nº 310/2003 de 10 de Dezembro.
• Qual o porquê da referência às políticas de ordenamento do território e de urbanismo no
âmbito desta unidade curricular?
• R: Não é possível ter boas políticas ambientais sem um prudente ordenamento do
território, razão pela qual grande parte da doutrina entende que existe uma influência
recíproca tão grande que as duas realidades se tocam por diversas vezes. Isto porque:
o Se houver uma má ocupação dos solos poderão existir repercussões ambientais
negativas, como por exemplo, a redução da permeabilidade dos solos devido a
excessiva construção sobre estes. Todavia o contrário também é verdadeiro: se
existir um eficiente ordenamento do território, o ambiente poderá sair a ganhar.
o Numa perspectiva contrária, poderemos também afirmar que se permitirmos o
não cumprimento das regras ambientais e o exercício de actividades nocivas
para o ambiente, tal situação terá também um impacto negativo para o
ordenamento do território.
• O ordenamento do território é uma disciplina jurídica muito recente tendo surgido
apenas quando a intervenção sobre os solos se começou a tornar mais agressiva. Coloca‐
se a questão sobre o motivo pelo qual tal disciplina não ter surgido antes.
• Tal justifica‐se devido a uma óptica de necessidade inerente a qualquer disciplina
jurídica, pois o Direito só deve intervir apenas quando seja necessário, nunca antes
disso, tutelando juridicamente as relações sociais apenas quando estas careçam dessa
mesma tutela.
• Princípios inerentes ao ordenamento do território:
o Princípio da regulamentação – é necessário que haja disciplina na intervenção
sobre o solo. Esta deve ser preferencialmente fixada através de regulamentos
que devem ter preferência sobre os demais actos normativos.
Porquê? (1) Pois existem especificidades nos regulamentos que os
tornam mais eficazes relativamente aos demais actos normativos. Estes
são elaborados por autoridades administrativas com competência
legislativa aproximando‐os assim dos actos administrativos. Como
vantagens têm‐se o facto de as normas daí emanadas serem menos
gerais e menos abstractas1 (atendendo à especificidade de cada região)
e o seu conteúdo ser mais perceptível. (2) Outro motivo reside no facto
de a AP se encontrar mais vinculada (não nos esqueçamos que as
autarquias locais têm também poder regulamentar, podendo o
regulamento pode ter assim uma base de incidência autárquica) e o
1 Note‐se que os actos normativos hierarquicamente superiores (Leis, DL’ s etc.), por ter uma
maior generalidade e abstracção, poriam em causa a igualdade de tratamento entre regiões pois
teriam de tratar de forma igual o que é diferente. Por exemplo: PDM de Vila Real não pode ser
igual ao PDM de Lisboa. Uma intervenção por intermédio de lei não conseguiria acautelar
simultaneamente os interesses dos dois concelhos.
instrumento de regulamentação do ordenamento de território
aproxima‐se mais da realidade de cada região em concreto.
o Princípio da programação/planificação2‐ este princípio pretende combater o
“casuísmo”: a AP anuncia previamente o que pode ser feito no solo, não
dependendo tal anúncio do pedido dos particulares. Consiste, em suma, numa
planificação antecipada do que pode ou não ser feito no solo 3, sabendo o
particular em antemão as características de cada terreno que eventualmente
planeie adquirir. Acrescente‐se ainda que tal planificação traz maior segurança
ao particular que planeie intervir no solo pois tem sempre como saber para que
propósito poderá este ser utilizado, não sendo este “apanhado de surpresa”.
o Princípio da procedimentalização ‐ A AP, neste contexto actua através de um
procedimento administrativo, permitindo‐se assim, até se chegar à decisão
administrativa, a intervenção dos interessados. Assim, poderão os particulares
intervir no procedimento, não sendo deixados de parte do mesmo, havendo, por
conseguinte, uma visão participada do mesmo. Tal visão participada tem como
corolário igualmente a repartição da responsabilidade.
• Espécies de planos (conferir com DL nº 380/99 de 22 de Setembro)
• Nacionais (PNOT’ s) – Planos de ordenamento do território de extensão nacional,
albergando todo o território nacional.
• Regionais (PROT’ s) – Planos de dimensão regional (ex: PROT da região de LVT4).
• Municipais (PMOT’ s) – abrangem uma extensão municipal (por exemplo: PMOT de
Matosinhos). Dentro destes distinguimos:
o Planos Diretor Municipal (PDM)
o Planos de Urbanização (PU) – respeitam a uma zona dentro do concelho (são
mais pormenorizados que os PDM’ s.
o Planos de Pormenor (PP) – destinam‐se a zonas mais concretas do que a
urbanização, são os planos mais concretos.
A Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, alterada pela Lei n.º 54/2007, de 31 de Agosto, estabelece as bases da
política de ordenamento do território e de urbanismo.
considerados em conjunto.
3 Uma questão jurídica interessante levantada a propósito desta situação é a do “ius aedificandi”,
ou direito de construir, que consiste em saber se o mesmo integra ou não o direito de
propriedade. De uma forma muito resumida, diremos que entende a maioria da doutrina que, só
a partir da licença administrativa é que tal direito integra o direito de propriedade, sendo até
esse momento apenas uma expectativa jurídica.
4 Lisboa e Vale do Tejo.
nacional, na perspectiva da sua valorização, designadamente no espaço europeu, tendo como finalidade
o desenvolvimento económico, social e cultural integrado, harmonioso e sustentável do País, das
diferentes regiões e aglomerados urbanos.
- A melhoria das condições de vida e de trabalho das populações, no respeito pelos valores culturais,
ambientais e paisagísticos;
- A preservação e defesa dos solos com aptidão natural ou aproveitados para actividades agrícolas,
pecuárias ou florestais, restringindo-se a sua afectação a outras utilizações aos casos em que tal for
comprovadamente necessário;
- A adequação dos níveis de densificação urbana, impedindo a degradação da qualidade de vida, bem
como o desequilíbrio da organização económica e social;
- A rentabilização das infra-estruturas, evitando a extensão desnecessária das redes e dos perímetros
urbanos e racionalizando o aproveitamento das áreas intersticiais;
- Os recursos hídricos, as zonas ribeirinhas, a orla costeira, as florestas e outros locais com interesse
particular para a conservação da natureza constituem objecto de protecção compatível com a normal
fruição pelas populações das suas pontencialidades específicas;
- As paisagens resultantes da actuação humana, caracterizadas pela diversidade, pela harmonia e pelos
sistemas sócio-culturais que suportam, são protegidas e valorizadas;
Caracterização do sistema
- O âmbito nacional, que define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço nacional,
estabelecendo as directizes a considerar no ordenamento regional e municipal e a compatibilização
entre os diversos instrumentos de política sectorial com incidência territorial, instituindo, quando
necessário, os instrumentos de natureza especial;
- O âmbito regional, que define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço regional em estreita
articulação com as políticas nacionais de desenvolvimento económico e social, estabelecendo as
directrizes orientadoras do ordenamento municipal;
- O âmbito municipal, que define, de acordo com as directrizes de âmbito nacional e regional e com
opções próprias de desenvolvimento estratégico, o regime de uso do solo e a respectiva programação.
O sistema de gestão territorial concretiza a interacção coordenada dos seus diversos âmbitos, através de
um conjunto coerente e racional de instrumentos de gestão territorial.
- Os planos regionais de ordenamento do território que, de acordo com as directrizes definidas a nível
nacional e tendo em conta a evolução demográfica e as perspectivas de desenvolvimento económico,
social e cultural, estabelecem as orientações para o ordenamento do território regional e definem as
redes regionais de infra-estruturas e transportes, constituindo o quadro de referência para a elaboração
dos planos municipais de ordenamento do território, devendo ser acompanhados de um esquema
representando o modelo territorial proposto;
- Os planos intermunicipais de ordenamento do território, que são de elaboração facultativa, visam a
articulação estratégica entre áreas territoriais que, pela sua interdependência, necessitam de
coordenação integrada.
- O plano director municipal, que, com base na estratégia de desenvolvimento local, estabelece a
estrutura espacial, a classificação básica do solo, bem como parâmetros de ocupação, considerando a
implantação dos equipamentos sociais, e desenvolve a qualificação dos solos urbano e rural;
- O plano de pormenor, que define com detalhe o uso de qualquer área delimitada do território
municipal.
São instrumentos de política sectorial os planos com incidência territorial da responsabilidade dos
diversos sectores da administração central, nomeadamente nos domínios dos transportes, das
comunicações, da energia e recursos geológicos, da educação e da formação, da cultura, da saúde, da
habitação, do turismo, da agricultura, do comércio e indústria, das florestas e do ambiente.
- A elaboração dos planos sectoriais vise a necessária compatibilização com os planos regionais de
ordenamento do território, relativamente aos quais tenham incidência espacial.