NATAL

2005
XADREZ

NÍVEL ELEMENTAR

NATAL
2005
 ERA UMA VEZ...

Não se sabe exactamente onde surgiu o xadrez, pois
há pessoas que defendem que apareceu pela primeira
vez no Egipto, outras que nasceu na China, etc. O
que se sabe ao certo é que o jogo é oriundo do
Oriente.
Ora, segundo uma lenda, a invenção do
jogo do xadrez (chaturanga) pertence a
um brâmane indiano, chamado Sissa, que
viveu no princípio do século V d.C.
Nesse tempo havia na Índia um rei que
teria encarregado Sissa de inventar um
jogo, que não apenas o pudesse distrair
a si e à sua corte, como ainda fosse uma
actividade intelectual para exercitar a
mente.
Sissa meteu mãos à obra e inventou o chaturanga; o
rei, que ficou muito satisfeito com a nova distracção,
resolveu recompensar o inventor. Para tal, chamou-
o e disse-lhe que, como prova da sua satisfação, lhe
aquilo que lhe pedisse. Perante a oferta, o modesto
Sissa pediu então que o rei lhe fornecesse a
quantidade de trigo que se obteria colocando 1grão
de trigo na primeira casa do tabuleiro, 2 na segunda,
4 na terceira, e assim sucessivamente, duplicando o
número de grãos até à sexagésima quarta casa.
O rei, perplexo pelo modesto pedido do seu súbdito,
disse logo que sim, mas o seu tesoureiro, que sabia
mais de contas do que ele, provou ao seu senhor que,
para satisfazer o pedido de Sissa, era necessário que
os seus domínios abrangessem 16 384 cidades, tendo
cada uma 1 080 celeiros, em cada um dos quais
houvesse 174 762 medidas de trigo, e em
cada medida 32 768 grãos.
Depois de feitas as contas, chegou-se à
conclusão que a quantidade pedida eram
18 445 744 073 709 551 515 grãos de trigo,
o equivalente à quantidade produzida
actualmente em todo o planeta, mas
durante centenas de anos.
O xadrez é um jogo bastante popular em
todo o mundo, podendo ser jogado de
um modo recreativo ou competitivo
(frente a frente, “às cegas”, por correspondência
postal ou via e-mail, contra o computador); mas mais
do que um jogo, e parafraseando o grande mestre
russo Anatoly Karpov, “o xadrez é tudo: arte,
ciência e desporto”.
Desde a sua origem até hoje, este jogo que era o jogo
dos reis, e se tornou no rei dos jogos, tem atraído, e
tem dado momentos de prazer a muitas pessoas
como Beethoven, Enid Blyton, Bono, Marlon Brando,
Madonna, Charlie Chaplin, Che Guevara, Catherine
Deneuve, Freud, Bill Gates, etc., etc., sem falar de
todos os outros que actualmente o praticam ou
praticaram ao longo dos séculos.

sempre sem nos importarmos com as muitas vezes

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 5
O Xadrez joga-se num tabuleiro por meio do No início da partida, cada jogador tem à sua dispo-
movimento de peças. sição 16 peças: um conduzirá as peças brancas, e
o outro as pretas.
O tabuleiro tem 64 casas alternadamente brancas e
pretas, e é colocado de tal modo que, à direita de cada As peças são:
jogador, se encontre um quadrado branco.

1 rei rei 1
1 dama dama 1
2 torres torres 2
2 bispos bispos 2
2 cavalos cavalos 2
8 peões peões 8

A posição inicial das peças sobre o tabuleiro é a seguinte:

PRETAS

BRANCAS

Os dois jogadores executam os lances alternadamente. Cabe àquele que jogar com brancas dar início à partida.
 REI
O Rei é a peça mais alta e a peça-chave do jogo,
cujo objectivo é fazer com que o adversário seja
derrotado. E como tal, existe desde o seu apareci-
mento, algures no Oriente.
Pode movimentar-se em todas as direcções, mas ape-
nas uma casa (desde que não esteja sob influência
de peça inimiga ou ocupada); tem ainda a particula-
ridade de, em conjunto com uma das torres, entrar
num lance chamado roque (o único lance em que se
podem movimentar duas peças em simultâneo).
Sua Magestade, o Rei, é a mais importante de todas
as peças, sendo a única indispensável em qualquer
partida de xadrez. Sendo o objectivo do jogo dar
mate ao rei adversário, um vez isso conseguido, o
jogo termina.
Embora no início da partida ele desempenhe um
papel meramente defensivo, porém no final, quan-
do a maioria das forças já foi eliminada, o rei pode
assumir um papel decisivo.
O rei pode atacar qualquer peça adversária, excepto
a dama; embora a possa capturar, nunca a pode
ameaçar.
A sua importânica foi sempre historicamente reco-
nhecida, tendo permanecidos alterados, por mais de
doze séculos, o seu modo de movimentação, os seus
poderes e as suas funções.
O nome da peça em algumas línguas:
interlíngua rege
espanhol rey
italiano rege
francês roi
inglês king
alemão König
DAMA
A Dama, também chamada Rainha, é a mais pode-
rosa das peças num jogo de xadrez, e a mais valiosa
a seguir ao rei.
No início de uma partida ambos os jogadores têm
uma dama, situada em posição central na casa da
sua cor, ao lado do rei.
Movimenta-se em todas as direcções, tal como o
rei, mas sem limite do número de casas (no caso de
estarem desocupadas), e o seu movimento pode ser
comparado à movimentação dos bispos e torres (daí
o seu poder), podendo portanto mover-se em linha,
coluna e/ou diagonal.
Originalmente, a dama não existia no jogo do xa-
drez; em seu lugar os jogadores primitivos usavam
uma peça conhecida por “mantri”, palavra que em
sânscrito significa conselheiro. Existem duas teori-
as para explicar a sua entrada em jogo: 1) uma que
afirma que nos lugares e épocas em que as mulheres
não gozavam de estatuto social, não existiam da-
mas no tabuleiro, figurando no seu lugar o conse-
lheiro ou primeiro-ministro. Quando a civilização
começou a dar reconhecimento social às mulheres,
surge então a Dama que, inicilamente, dispunha de
poderes muito limitados, mas, à medida que a im-
portância social da mulher aumentava, a peça passa
a ver os seus poderess acrescidos – de acordo com
a sua condição de Magestade; 2) e a outra, que sus-
tenta que nos tempos medievais o xadrez era enca-
rado como uma batalha real entre dois reinos inimi-
gos, representados no jogo por Suas Magestades, o
Rei e a Rainha, os nobres e os soldados ou peões.
No Tibete, o seu lugar é ocupado pela figura de um
tigre.
int. regina
esp. dama
ital. donna
fr. reine
ing. queen
al. Dame

O Rei é a única peça que se mantém em luta, ao
lado das suas forças, até o combate terminar. O
seu aprisionamento representa a vitória do
exército adversário.
O rei pode deslocar-se em todas as direcções,
apenas uma casa de cada vez, para todos os
quadrados não atacados por peça inimiga.
7
A Dama desempenha o papel de estratega,
dirigindo e conduzindo as forças em operações.
Tem grande valor, dada a sua extraordinária
mobilidade e pelo amplo domínio que pode
exercer em todo o campo de batalha.
A dama pode mover-se, tantas casas quantas
quiser, ao longo da coluna, da linha ou da diagonal
sobre as quais está colocada.
 TORRE
A Torre (por vezes também chamada Castelo) é,
devido ao seu grande poder de mobilidade, consi-
derada uma peça maior; no início da partida cada
um dos jogadores recebe um par de torres, que co-
loca nos cantos do tabuleiro.
O seu movimento efectua-se em linhas e colunas,
para a frente e/ou para trás, tantas casas quantas as
que se encontrarem livres.
A torre exerce uma grande influência quando colo-
cada em linhas e/ou colunas abertas e deve, para se
aproveitar a sua máxima eficiência contra o adver-
sário, trabalhar em conjunto com a outra.
Como a torre está relacionada com o rei no lance
chmado “roque”, é aconselhável a apenas movê-la
quando se estiver seguro do lado para o qual se vai
rocar. Devido à sua posição inicial, ela só começa a
desempenhar a dua função a partir do desenvolvi-
mento das outras peças (meio-jogo).
Originalmente, a torre moderna era representada,
nos países marítimos, por um navio; no exército in-
diano primitivo, por uma carreta; e, entre os árabes,
por um pássaro mítico de duas cabeças que podia
capturar um elefante e levá-lo nas suas poderosas
garras. Os italianos consideravam a torre como uma
fortaleza ou castelo onde o rei se poderia refugiar
em segurança quando algum perigo o ameaçasse –
ideia subjacente ao roque ou “encastelamento”.
int. turre
esp. turre
ital. torre
fr. tour
ing. rook
al. Turm
BISPO
Peça menor de que cada jogador recebe um par no
início de uma partida de xadrez, colocando-a ao la-
dos dos cavalos, entre o rei (bispo do rei) e a dama
(bispo da dama), ficando assim cada um com influ-
ência sobre uma diagonal de cor diferente.
O seu movimento efectua-se em diagonal (branca
ou preta, consoante a sua posição original) e pode
aí percorrer, em qualquer direcção, tantas casas
quantas as que se encontrarem livres, nunca entran-
do em confronto com o outro. Um par de bispos é,
nas mãos de um jogador hábil, uma poderosa arma
ofensiva e defensiva.
Historicamente, o bispo era representado, na litera-
tura em sânscrito sobre o jogo de xadrez, como um
elefante – não apenas por os bispos serem desco-
nhecidos nesse tempo, mas também porque os es-
quadrões de elefantes eram elementos essenciais nos
exércitos da Índia, na antiguidade.
Depois, no jogo medieval, foi substituído por um
bobo, tendo apenas aparecido sobre o tabuleiro de
xadrez no tempo da Europa católica – onde o pre-
lado se tornou um importante conselheiro para o
rei. Alguns historiadores associam as duas presas
de um elefante à mitra episcopal, tendo sido estabe-
lecido o seu desenho actual em 1849, quando
Howard Staunton projectou as peças modernas, uti-
lizadas actualmente em muitos países do mundo.
int. episcopo
esp. alfil
ital. alfiere
fr. fou
ing. bishop
al. Läufer

A Torre representa as antigas fortalezas móveis
que transportavam as tropas do rei, semelhantes
aos carros de assalto dos nossos dias. Tanto dentro
das fileiras inimigas como à distância, fazem sentir
o seu grande poder ofensivo.
A torre, no seu movimento, pode ocupar qualquer
das casas da coluna ou linha.
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Dado o papel preponderante que o clero exercia
antigamente, o Bispo era um fiel seguidor do Rei,
dando-lhe o seu conselho e a sua protecção
espiritual e fazendo normalmente parte do seu
Estado-Maior, durante as batalhas.
O bispo pode deslocar-se pelas diagonais, tantas
casas quantas quiser.
 CAVALO
O Cavalo, tal como o Bispo, é uma peça menor de
que cada jogador recebe um par no início de uma
partida de xadrez, mas colocando-a na mesma linha
ao lado das torres.
O seu movimento é bastante peculiar já que é a úni-
ca peça que se pode movimentar por cima de ou-
tras, devido ao seu movimento em “L” e tem rece-
bido, na literatura xadrezística, denominações como
“o acrobata do tabuleiro”, “o terror do tabuleiro”,
“o espantalho do principiante”, “o saltador”, “o cu-
ringa”, etc.
A sua deslocação processa-se movendo-se duas ca-
sas ao longo da mesma coluna ou linha e depois
para a casa à direita ou à esquerda (indo parar sem-
pre a uma casa de cor oposta à casa de onde par-
tiu).
Um das suas vantagens é poder atacar uma peça
adversária sem se expor a ser tomado por ela, o que
obriga a que o jogador da peça atacada, se a não
quiser perder, a retire ou tome o cavalo e, portanto,
a nunca poder interpor qualquer outra peça entre
elas. Uma outra particularidade prende-se com o
facto de ser a única peça que se pode movimentar,
no início da partida, sem que haja movimento de
peões.
Originalmente, o cavalo era representado de corpo
inteiro, tendo sido depois dada ênfase, na Idade
Média, ao cavaleiro; os seus poderes e movimentos
foram mantidos nos últimos doze séculos.
int. cavallo
esp. caballo
ital. cavallo
fr. cavalier
ing. knight
al. Springer
PEÃO
O Peão é a menor e, teoricamente, a peça menos
valiosa no jogo do xadrez. No íncio de uma partida
cada um dos jogadores tem oito peões, sendo cada
um colocado em cada uma das casas da segunda
linha. Cada um deles recebe o nome da peça ante a
qual se encontra no início do jogo: peão de rei, de
dama, de torre (de rei/dama), de bispo (de rei/dama)
e cavalo (de rei/dama).
O seu movimento é realizado somente para a fren-
te, nunca para trás. Pode, aquando do seu primeiro
movimento, avançar duas casas (ou uma), passan-
do a partir daí, a poder mover-se apenas uma casa
(para uma casa desocupada, evidentemente).
O seu modo de captura processa-se em diagonal,
vindo a ocupar o lugar da peça tomada, em geral,
havendo contudo um modo particular de o peão to-
mar um outro peão que não se encontra na posição
onde este último vai parar – a chamada “tomada
(captura) à passagem”. Este lance processa-se do
seguinte modo: quando um dos peões alcança a
quinta linha e o adversário joga também um peão,
para o lado dele (para a quinta linha, portanto), este
pode ser tomado em diagonal (daí a expressão “à
passagem”), movendo-se o peão que captura, não
para a posição do peão tomadado, mas para a casa
anterior da mesma coluna.
Uma das grandes vantagens do peão (não observável
nas outras peças) é que pode, ao atingir a última
linha, ser “promovido”, i.e., ser substiutído por qual-
quer peça da mesma cor (o que pode levar a que
numa partida existam mais do que duas damas, por
exemplo). Talvez devido a esta particularidade e ao
papel que poderá desempenhar no controlo do cen-
tro, assim como nos finais-de-partida, houve um
grande mestre que designou esta humilde peça como
“a alma do jogo”.
A palavra “peão” vem do latim pes (pé), com o sen-
tido de soldado a pé.
int. pedon
esp. peón
ital. pedone
fr. pion
ing. pawn
al. Bauer

Representa o corpo montado do exército. Se não
pode mostrar todo o seu poder ofensivo, quando
não dispõe de espaço, revela contudo, uma
temível capacidade de ataque em campo aberto.
O lance de cavalo compõe-se de dois movi-
mentos: primeiro, desloca-se uma casa ao longo
da coluna ou linha em que se encontra; depois
afastando-se do quadrado de onde partiu, desloca-
se em diagonal, também uma casa.
11
Sendo as peças mais simples e modestas do exér-
cito, sempre na linha de fogo, unidos formam uma
muralha. É-lhes vedado recuar mas em contra-
partida gozam do privilégio de se transformarem
em qualquer outra figura, salvo o Rei, ao chegar
ao último reduto do inimigo.
O peão pode mover-se num só sentido: para a
frente.
No seu primeiro lance, tem a possibilidade de
avançar duas casas ou somente uma; nos lances
seguintes pode avançar uma única casa.
 XADREZ

Jorge Luis Borges

No seu grave recanto, os jogadores

Deslocam os peões. O tabuleiro
Tem-nos até à alva no altaneiro
Âmbito em que se odeiam duas cores.

Dentro irradiam mágicos rigores

As formas: torre homérica, ligeiro
Cavalo, alta rainha, rei postreiro,
Oblíquo bispo e peões agressores.

Quando os jogadores se houverem ido.

Quando o tempo os tiver já consumido,
Nem por isso terá cessado o rito.

A leste ateou-se uma tal guerra

Que hoje se propaga a toda a terra.
Como o outro, este jogo é infinito.

Com excepção do cavalo, as peças, ao moverem-
se, não podem atravessar um casa ocupada por ou-
tra peça.
A torre tem os seus movimentos limitados pelo bispo,
cavalo e rei.
O cavalo pode saltar sobre outras peças, quer sejam
da mesma cor, quer sejam inimigas.
13
Uma peça que ataque a casa ocupada por peça ini-
miga pode capturar (ou tomar) essa peça, que é
retirada do tabuleiro, colocando-se no seu lugar a
que efectuou a captura.
O peão é a única peça que captura de modo diferen-
te daquele que se move: para tomar uma peça ini-
miga avança, em diagonal, para uma das duas casas
mais próximas.
 XEQUE, MATE E PATE

O xeque é a jogada em que o rei adversário é ataca- Xeque perpétuo

do ou ameaçado directamente. Embora não seja
obrigatório declará-lo, por cortesia (quase) todos
os jogadores o fazem, pronunciando “xeque”. Este
hábito vem já desde os tempos do xadrez persa, pois
era cortês que o jogador chamasse a atenção do Xá
(Rei) quando este se encontrava em perigo.
Quando um rei se encontra sob xeque, o seu pos-
suidor deve retirá-lo imediatamente dessa situação
– dever conhecido como “regra prioritária” –; caso
contrário, a partida terá chegado ao fim. Para isso,
deve defendê-lo segundo as três opções descritas
na página seguinte; deve notar-se que um rei nunca
poderá dar xeque ao rei adversário. Entre os
xadrezistas há um velho ditado que diz: “dá xeque
sempre que puderes, pois poderá ser mate!”.
Existem diversos tipos de xeque, sendo o mais im-
portante, sem dúvida, o xeque-mate.
Xeque-mate
Ataque directo sob o rei, do qual não haja escapa-
tória possível. Numa situação destas, o rei adversá-
rio não possui nenhuma opção de defesa e, portan-
to, está perdido.
O termo “xeque-mate”, ou simplesmente, “mate”,
tem o significado de ameça (“xeque”) e anúncio do
fim do jogo (“mate”). O mate pode resultar de: 1)
falta de mobilidade do rei; 2) exaustão de forças,
etc.
Série de xeques sem fim. Um jogador sem possibili-
dades de vencer a partida poderá evitar a derrota,
em certos casos, dando xeque ao rei adversário de
modo a que este só poderá escapar em direcção a
um local onde vai ficar exposto novamente a xeque
no lance seguinte. De acordo com as Leis do Xa-
drez a tripla repetição de uma posição qualquer ter-
mina a partida com empate.
Pate
O “pate”, também conhecido por “rei afogado”, é a
situação particular em que o rei, embora não estan-
do sob xeque, ao mover-se fica debaixo de ameaça
directa de peças do adversário (este caso só é váli-
do quando o jogador que se encontra nessa posição
ou não tem mais peças ou não as pode mover, como
se poderá ver pelo exemplo da página 17).
Historicamente foram atribuídos diveros significa-
dos a uma partida que terminasse nesta situação: na
Arábia e em Espanha o “pate” era considerado um
tipo inferior de vitória para o condutor das peças
brancas enquanto em Inglaterra se passava o con-
trário; em França, o jogador das pretas perdia o di-
reito ao lance; e em Itália a partida era anulada. A
regra que vigora hoje (empate) foi introduzida em
Inglaterra por J. Sarratt em 1808.

Xeque descoberto
Também chamado por alguns “xeque encoberto”, é
a posição em que o rei é posto em xeque pela movi-
mentação de uma peça que obstruía a peça que dá
xeque.

Xeque duplo
Xeque dado simultaneamente por duas peças, ha-
vendo apenas uma defesa possível: a movimenta-
ção do rei

Xeque na famíla
Expressão usada para designar o lance em que um
cavalo dá xeque e, simultanemante, ataca um grupo
de peças
 15

O rei está em xeque quando a casa que ocupa é

atacada por peça inimiga.

Mate de rei e dois bispos contra rei.

O rei deve ser retirado de xeque no lance imediata- O rei preto não tem casas de fuga e não há possibi-
mente seguinte. lidade de interpor qualquer peça ou de capturar a
torre (mate).

Há três processos para anular o ataque: deslocação

do rei para casa não dominada por peça inimiga;
interposição de uma peça entre o rei e a peça que dá
xeque; captura da peça atacante. Mate de rei e torre contra rei.
 CAMPEÃS E CAMPEÕES
Para chegar ao título de campeão (ainda que de uma
pequena Associação ou Núcleo), um jogador de xa-
drez tem de vencer muitas partidas.
Começando como aprendiz, é através do estudo e
da prática que o jogador diligente evolui e se torna,
primeiro, Mestre, e a seguir Grande Mestre. Este
último título foi introduzido em 1907, tendo sido o
título de “Grande Mestre de Xadrez” conferido pela
primeira vez em 1914 pelo czar da Rússia aos cinco
finalistas do Torneio de São Petersburgo: Lasker,
Alekhine, Capablanca, Tarrasch e Marshall. Para se
obter este grau é preciso alcançar um determinado
número de pontos (ELO) no “ranking” mundial.
O título de campeão mundial aparece apenas no séc.
XIX (“Torneio da Grande Exposição de Londres”,
1851, em que os mestres aí reunidos disputaram pela
primeira vez um “Torneio Internacional de Mes-
tres”), tendo então Anderssen alcançado a primeira
posição e, simultaneamente, o título de campeão da
Europa – embora também se considerem campeões
mundiais jogadores que viveram antes dessa data.
Em 1993, Garry Kasparov entra em ruptura com a
FIDE (Fédération Internationale des Échecs/ World
Chess Federation), e cria então nessa altura a PCA
(Professional Chess Association), que também atri-
bui o título de campeão do mundo de xadrez (aos
seus associados), o que faz com que a partir desse
ano haja dois campeões mundiais masculinos.
LISTA DE CAMPEÃS E CAMPEÕES DO MUNDO
SENHORAS
VERA MENCHIK (URSS) ................................. 1927-1944
LUDMILLA RUDENKO (URSS) ........................ 1950-1953
ELIZABETA BYKOVA (URSS) ........................... 1953-1956
OLGA RUBTSOVA (URSS) ................................ 1956-1958
ELIZABETA BYKOVA (URSS) ........................... 1958-1962
NONA GAPRINDASHVILI (URSS) .................... 1962-1978
MAYA CHIBURDANIDZE (URSS) ...................... 1978-1991
XIE JUN (CHINA) ........................................... 1991-1996
ZSUZSA POLGÁR (HUNG) .............................. 1996-1999
XIE JUN (CHINA) ........................................... 1999-2001
ZHU CHEN ..................................................... 2001-2004
ANTOANETA STEFANOVA (BULG) ........... 2004-presente
HOMENS
RUY LÓPEZ (ES) ..................................... 1570-1575
LEONARDO DA CURTI (IT) ........................ 1575-1587
GIOACHINO GRECO (IT) ........................... 1622-1634
FRANÇOIS-ANDRÉ PHILIDOR (FR) .............. 1745-1795
LOUIS-CHARLES LA BOURDONNAIS (FR) .... 1834-1840
HOWARD STAUNTON (UK) ........................ 1841-1851
ADOLF ANDERSSEN (D)........................... 1851-1858
PAUL CHARLES MORPHY (US) .................. 1858-1863
Título oficial
WILHELM STEINITZ (CZ) .......................... 1866-1894
EMMAUEL LASKER (D) ............................ 1894-1921
JOSÉ RAÚL CAPABLANCA (CUBA) ............. 1921-1927
ALEXANDRER ALEKHINE (URSS) ................ 1927-1935
MAX EUWE (NL)..................................... 1935-1937
ALEXANDER ALEKHINE (URSS) ................. 1937-1946
MIKHAIL BOTVINNIK (URSS) ..................... 1948-1957
VASSILY SMYSLOV (URSS) ....................... 1957-1958
MIKHAIL BOTVINNIK (URSS) ..................... 1958-1960
MIKHAIL TAHL (LET) ............................... 1960-1961
MIKHAIL BOTVINNIK (URSS) ..................... 1961-1963
TIGRAN PETROSIAN (URSS) ....................... 1963-1969
BORIS SPASSKY (URSS) ............................ 1969-1972
BOBBY FISCHER (USA) ............................. 1972-1975
ANATOLY KARPOV (URSS) ........................ 1975-1985
GARRY KASPAROV (AZERB) ...................... 1985-1993
A PARTIR DE 1993
Campeões “clássicos – (FIDE)”
ANATOLY KARPOV (URSS) ........................ 1993-1999
ALEXANDER KHALIFMAN (URSS) ............... 1999-2000
VISWANATHAN ANAND (IND) .................... 2000-2002
RUSLAN PONOMARIOV (UKR) .................... 2002-2004
RUSTAM KASIMDZHANOV (USBEK) ............ 2004-2005
VESELIN TOPALOV (BULG) .................. 2005-presente
Campeões “PCA”
GARRY KASPAROV (AZERB) ...................... 1993-2000
VLADIMIR KRAMNIK (URSS) ................ 2000-presente
 17
Ganha-se uma partida de xadrez: Uma partida está empatada:

a) atacando o rei adversário de tal modo que este a) quando um dos jogadores não pode executar
não possa ser retirado de xeque; diz-se então que nenhum lance legal, e o seu rei não está em xe-
ao rei foi dado mate; que (rei afogado);

b) no caso do adversário abandonar. b) quando a mesma posição aparece pela terceira

vez consecutiva, cabendo ao mesmo jogador exe-
cutar o lance;

c) depois de se realizarem 50 lances sem que te-

nham sido efectuados qualquer captura ou mo-
vimento de peão;

d) em caso de acordo mútuo.

Uma inferioridade acentuada pode obrigar um jo-

gador a desistir.
Nesta posição, as pretas não esperam que as bran-
cas dêem mate e abandonam a partida.
 VOCABULÁRIO BÁSICO
ala – divisão vertical que se faz do tabuleiro e relativa
às peças que se encontram do lado da dama (ala
da dama) e/ou dorei (ala do rei). É util na notação.
bispo – cada uma das duas peças que os jogadores
recebem no início do jogo. Move-se em diagonal,
nas casas da cor inicial.
casa – cada um dos 64 quadrados que constituem
um tabuleiro de xadrez; é designada por uma letra
e por um algarismo, sendo também conhecida
por escaque. Ver notação.
captura à passagem – lance especial em que um
peão, chegado à quinta linha, pode capturar outro
que se encontre ao seu lado numa das colunas
vizinhas (do francês en passant).
cavalo – cada uma das duas peças que cada jogador
recebe no início do jogo. O seu movimento
descreve um “L”.
dama – a peça mais poderosa do jogo. Move-se em
todas as direcções, tantas casas quantas a que
houver livres. Também chamada rainha.
FIDE – “Federação Internacional de Xadrez”
(Fédération Internationale des Échecs /
International Chess Federation), a entidade
oficial que regulamenta as leis do xadrez a nível
mundial, bem como a atribuição de títulos.
mate – lance de ataque directo ao rei inimigo sem
que este tenha qualquer possibilidade de se
defender.
mestre – título atribuído a uma pessoa que adquire
grande mestria técnica na arte de jogar xadrez.
notação – modo de registar uma partida de xadrez.
Cada casa (escaque) é simbolizada por uma letra
(de a a h e por um algarismo – de 1 a 8).
pate – situação em que o rei, apesar de não se
encontrar em xeque, se coloca nessa posição, o
que leva a que a partida esteja empatada. Também
designado “rei afogado”.
peão – embora aparentemente possua pouco valor,
esta peça é “a alma do jogo”. Pode alcançar a
promoção e tornar-se em qualquer peça, coisa
que não é permitido a mais nenhuma das peças.
Move-se sempre para a frente e captura em
diagonal.
PCA – Iniciais de “Professional Chess Association”,
a associação “paralela” criada pela cisão da FIDE,
em 1993, feita pelo grande mestre russo Garry
Kasparov. Ver também FIDE.
peça/s – em xadrez, chama-se peça à rainha e à torre
(peças maiores), bem como ao bispo e ao cavalo
(peças menores). Genericamente, designa o
conjunto das pedras de xadrez. No início de uma
partida cada um dos jogadores recebe 16 peças
de uma cor: 1 rei, 1 rainha; 2 torres, 2 bispos, 2
cavalos; e 8 peões.
promoção – quando um peão atinge a última linha
o seu possuidor pode trocá-lo por uma das peças
à sua escolha.
rainha – o m.q. dama.
rei – o comandante das tropas, que o adversário
tenta derrotar. Move-se em todas as direcções,
uma casa de cada vez.
roque – lance em que se movem simultaneamente o
rei e a torre, de modo a proteger melhor o rei. Se
for feito na ala da dama chama-se grande roque;
se for na ala do rei, pequeno roque. Só é permitido
sob determindas condições.
tabuleiro – campo de batalha constituído por 64
casas (escaques) em que se desenrola o combate
que tem por objectivo vencer o adversário.
torre – cada uma das duas peças que os jogadores
recebem no início do jogo. Move-se em colunas
e/ou linhas..
xeque – ataque directo ao rei adversário.
xeque-mate – o m.q. mate.

Quando o peão alcança a última linha do tabuleiro,
é trocado imediatamente por dama, torre, bispo ou
cavalo da mesma cor; estra troca designa-se por
promoção do peão.
Um peão atacando o quadrado atravessado por um
peão inimigo que avance duas casas no seu primei-
ro movimeto pode tomar este peão inimigo como
se ele só tivesse avançado uma casa; este tipo de
captura (captura à passagem) só é válido no lance
imediatamente seguinte.
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O roque é o movimento do rei e de uma torre con-
tando como único lance: o rei deixa a sua casa inici-
al e, na mesma linha, vai ocupar a casa mais próxi-
ma da mesma cor; depois, a torre passa sobre o rei,
indo colocar-se ao seu lado.
O roque não pode ser efectuado quando: houver
peça/s entre o rei e a torre do roque; o rei estiver
em xeque; o rei ou a torre que completa o roque
tiverem sido movidos; a casa que o rei (e/ou torre)
atravessar ou a casa de chegada estiverem domina-
das por peça adversária.