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Uso Múltiplo do Cerrado

Docente: Túlio

Araticum – Annona crassiflora Mart.

Emannuelly Ap. Amaral dos Santos


Engenharia Florestal
Montes Claros – MG
2018
1. A espécie

A Annona crassiflora Mart., conhecida como araticum, pertence à família


Annonaceae e é nativa do bioma Cerrado, estando presente nas fisionomias
cerradão, cerrado denso, cerrado típico, cerrado ralo e campo rupestre, se
estendendo de São Paulo ao Pará.
A espécie pioneira, possui porte arbóreo, tronco tortuoso, sementes
numerosas, pequenas e ortodoxas; folhas decíduas, inteiras, alternas dísticas e
sem estípulas, com flores formadas em ramos novos, solitárias e com seis pétalas
carnosas. Seus frutos são carnosos e formados por um aglomerado de utrículos.
O araticunzeiro floresce entre os meses de setembro e novembro, onde se
inicia a formação dos frutos e a maturação deste, de fevereiro a abril. A produção
estimada, é de 400 frutos/há. A queda das folhas ocorre em setembro, podendo o
botão floral surgir antes das novas folhas.
A semente possui intensa dormência, fator que possibilita a germinação
apenas na estação chuvosa. Experimentos usando o ácido giberélico como
tratamento da dormência, têm sido eficazes, diminuindo a germinação de 200 dias
para 36 dias (Melo, 1993).
Por possuir frutos carnosos e atrativos para animais, sua dispersão é feita
principalmente por mamíferos e aves. A técnica de propagação recomendada,
principalmente para uso em recuperação de áreas degradadas, é mudas de
semeadura em sementeiras, que depois de repicadas em sacos plástico, devem
ser plantadas em covas 60x60cm, durante a estação chuvosa. A espécie não exige
solos férteis e tolera solos ácidos, característicos do Cerrado, mas precisa de solos
profundos e bem drenados, para um melhor desenvolvimento.

2. Usos econômicos

A exploração da espécie é essencialmente extrativista, principalmente pelo


seu uso alimentício. É explorada por pequenas industrias e muito comercializada
em feiras livres in natura ou na forma de geleias, doces, sucos, licores, etc. O
interesse alimentício, está no valor nutricional e no sabor doce e característico.
O fruto se comparados com outros, é considerado uma boa fonte de fibras
dietéticas. A polpa é rica em lipídeos, com presença do ácido linolênico, essencial
na alimentação. Além de teores de ferro, provitamina A, carotenoides, hidratos de
carbono, cálcio, fósforo e vitamina C, em quantidades mais altas que algumas frutas
cultivadas, como manga, banana d’água e maçã.
O araticum possui semente rica em óleo, aproximadamente 45% do peso
seco. O óleo, possui coloração amarelada e cheiro agradável, além de
propriedades antioxidantes, pela presença de ácidos graxos e fito esteróis. Assim,
gera um grande potencial para o mercado de óleos finos. O maior empecilho são
os altos teores de alcaloides, que pode ser combatido pelos processos de refino.
Na medicina popular, as folhas de A. crassiflora é muito utilizada no combate
a diarreia e parasitas do couro cabeludo, além de indutor de menstruação. Estudos
de isolados orgânicos das sementes, identificaram substâncias bioativas
denominadas crassiflorin e araticulin, com atividade citotóxica para células
tumorais, pesticida, antimicrobiana e antiparasitária. Todos esses indicadores,
favorecem um futuro promissor para a espécie na farmacologia.

3. Recomendações

O araticum apresenta peculiaridades positivas para que se torne uma fruteira


cultivada. Dentre eles, pode-se destacar os frutos já serem explorados por
pequenas indústrias de doces, sorvetes e outros produtos alimentícios; apresenta
boa produção de polpa e facilidade de uso em despolpadoras já existentes para
outras frutas; tolera armazenagem, por ser ortodoxa; muito usada na medicina
popular e possuir estudos sobre.
Assim, o melhor aproveitamento da espécie e supervalorização de seus
usos, depende de pesquisas mais aprofundadas sobre alguns aspectos. Podendo
citar processos de refino do óleo, para uma menor concentração de alcaloides;
análises mais precisas dos efeitos medicinais; técnicas de pós-colheita e
conservação, pois os frutos são altamente perecíveis, o que dificulta a
comercialização.
A produção irregular, com anos de alta e de baixa produtividade, os meios
de propagação vegetativa e a superação de dormência das sementes, além das
pragas e doenças, advindas do ataque por broca-do-fruto (Cerconota anonella) e
da semente (Bephratelloides pomorum), merecem atenção dos estudos, pois esses
fatores dificultam a produção de mudas e frutos em grande escala.
Enfim, a A. crassiflora é uma espécie formidável do Cerrado, que com mais
estudos pode ser tornar altamente produtiva e econômica. Sendo importante para
produção de alimento, óleo e medicamentos. Caracterizando mais um ponto para
a conservação do bioma, devido à grande variedade e importância de sua flora.

4. Referências

ALMEIDA, S.P. SILVA, J.A.; RIBEIRO, J.F. Aproveitamento alimentar de


espécies nativas dos cerrados: araticum, baru, cagaita e jatobá. Planaltina:
EMBRAPA-CPAC, 1987. 83p. (EMBRAPA-CPAC. Documentos, 26).
Annona in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB117092>.
Acesso em: 12 Set. 2018;
MELO, J. T. de; AGOSTINI-COSTA, T. da S. Espécies Nativas da Flora Brasileira
de Valor Econômico Atual ou Potencial. Brasília. 2016.
SANTOS, L.P.; BOAVENTURA, M.A.D.; SUN, N.J.; CASSADY, J.M.; OLIVEIRA,
A.B. Araticulin, a bis-tetrahydrofuran polyketide from Annona crassiflora seeds.
Phytochemistry, 42(3), 705-707, 1996.
SILVA, J.A.; SILVA. D.B.; JUNQUEIRA, N.T.V.; ANDRADE, L.R.M. Frutas nativas
dos cerrados. Planaltina: Embrapa-CPAC/Brasília: Embrapa-SPI, 1994.
TELLES, M.P.C.; VALVA, F.D.; BANDEIRA, L.F.; COELHO, A.S.G. Caracterização
genética de populações naturais de araticunzeiro (Annona crassiflora Mart. -
Annonaceae) no Estado de Goiás. Revista Brasileira de Botânica, 26(1), 123-
129, 2003.
VIEIRA, R. F.; CAMILLO, J.; CORADIN, L. Espécies Nativas da Flora Brasileira
de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região
Centro-Oeste. Brasília: MMA, 2016.

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