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DIREITO DO CONSUMIDOR

1. IMPORTÂNCIA DO TEMA

a) RELAÇÕÕ ES DE CÕMEÉ RCIÕ (CÕNSUMÕ) e:

ECÕNÕMIA
TRABALHÕ
RENDA
TRIBUTÕS, ÕRÇAMENTÕ
SERVIÇÕS PUÉ BLICÕS ESSENCIAIS

b) RELAÇÕÕ ES CÕM ÕUTRAS DISCIPLINAS:

DIREITÕ CÕNSTITUCIÕNAL
EMPRESARIAL
CIVIL e PENAL (crimes)

c) DIREITÕ CÕLETIVÕ ÕU TRANSINDIVIDUAL

d) CDC naã o exclui direitos dos empresaá rios, mas incentiva os que cumprem leis e respeitam o consumidor
(produtos de qualidade, seguros e preços acessíáveis).

2. PRINCÍPIOS E NORMAS CONSTITUCIONAIS DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR.

a) DEFINIÇAÕ Õ DE PRINCIÉPIÕS: vigas mestras, alicerces sobre os quais se constroá i o sistema juríádico;
“supranormas” que agem como regras hierarquicamente superiores aà s proá prias normas positivadas no
conjunto das proposiçoã es escritas;

CDC - Art. 7° Õs direitos previstos neste coá digo naã o excluem outros decorrentes de tratados ou
convençoã es internacionais de que o Brasil seja signataá rio, da legislaçaã o interna ordinaá ria, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem
dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

b) PRINCIÉPIÕS RELACIÕNADÕS AÕ DIREITÕ DÕ CÕNSUMIDÕR:

Soberania – fundamento da Repuá blica (art. 1° CF);

Dignidade da pessoa humana – fundamento da Repuá blica (art. 1° CF); “piso vital míánimo”
(direitos sociais – art. 6° CF, educaçaã o, sauá de, trabalho, moradia, lazer, segurança, prevideê ncia social,
proteçaã o aà maternidade e aà infaê ncia, assisteê ncia aos desamparados)

Liberdade – fundamento da Repuá blica (art. 1°, IV, CF), e princíápio da ordem econoê mica (art. 170
CF): “livre iniciativa”; objetivo fundamental da República: sociedade livre, justa e solidaá ria (art. 3° CF);
liberdade de açaã o, do empresaá rio empreender e do consumidor agir e escolher (o que nem sempre eá
possíável, pois naã o tem controle dos meios de produçaã o); o Estado deve fiscalizar pois haá situaçoã es de
necessidade (comer, beber, usar de transporte, etc.), intervindo para garantia da dignidade da pessoa
humana;

Justiça - objetivo fundamental da República: sociedade livre, justa e solidaá ria (art. 3° CF);
justiça real (realidade social concreta na busca da paz e harmonia social – bem comum);
respeito ao ordenamento juríádico (segurança juríádica), com uso da equidade (atenuar os rigores
do texto normativo; justo, correçaã o da justiça legal, justiça no caso concreto);
mandamentos dos advogados: “Teu dever é lutar pelo direito, mas no dia em que
encontrares o direito em conflito com a justiça, luta pela justiça”;
pobreza - objetivo fundamental da República: erradicar a pobreza e a marginalizaçaã o e reduzir
as desigualdades sociais e regionais (art. 3° CF); isso deve ser considerado na interpretaçaã o do CDC;

Solidariedade - art. 3° CF (objetivos fundamentais da Repuá blica: sociedade livre, justa e


SÕLIDAÉ RIA); somatoá ria dos indivíáduos, cuja dignidade se garante;

Isonomia (ou igualdade) - art. 5° caput da CF e art. 3°, IV; igualdade de todos perante a lei, sem
distinçaã o de qualquer natureza; Aristoá teles: “dar tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais,
na medida dessa desigualdade”; cabe aà lei discriminar situaçoã es de tratamento diferenciado (idoso,
menor, pessoas portadoras de deficieê ncia, etc.);
eá o conjunto que poderaá designar o cumprimento ou naã o da violaçaã o da norma constitucional;
CDC reconhece a vulnerabilidade do consumidor, tendo fundamento no art. 5°, XXXII, 170, V;
turista: em tese naã o eá protegido pela norma (CF fala em brasileiro ou estrangeiro residente no
paíás); tratados internacionais promovem a proteçaã o; turismo gera divisas ao paíás; conceito de “residente”
eá amplo na espeá cie para abranger os que temporariamente estejam no territoá rio nacional;

Direito à vida - art. 5° CF; protege ateá contra pena de morte; vida digna e com qualidade (sauá de);
ex: fumar em lugar fechado;

Direito à intimidade, vida privada, honra e imagem - art. 5°, X, CF; proteçaã o contra praá ticas
abusivas; cobrança de díávida; uso indevido da imagem;

Princípios gerais da atividade econômica - art. 170 e paraá grafos CF; devem ser interpretados
em consonaê ncia com demais princíápios (dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e
valores sociais da livre iniciativa, construçaã o sociedade livre, justa, solidaá ria, erradicaçaã o da pobreza,
promoçaã o do bem comum sem preconceitos, isonomia sem distinçoã es)
Art. 170. A ordem econoê mica, fundada na valorizaçaã o do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existeê ncia digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princíápios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboraçaã o e prestaçaã o; (Redaçaã o dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - reduçaã o das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituíádas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administraçaã o no Paíás. (Redaçaã o dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Paraá grafo uá nico. EÉ assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorizaçaã o de oá rgaã os puá blicos, salvo nos casos previstos em lei.

Exige-se que o regime capitalista esteja fundado na dignidade da pessoa humana, nos valores
sociais e na cidadania, gerando, portanto ‘responsabilidade social’.
Õ consumidor naã o tem acesso aos meios de produçaã o, portanto possui hipossuficieê ncia teá cnica,
merecendo proteçaã o. A livre concorreê ncia implica em fornecer produtos melhores (qualidade) e mais
baratos (preço) que o concorrente, como forma a dar alguma opçaã o ao consumidor.
Õ empresaá rio tem direito ao lucro, mas assume tambeá m os riscos, pois se tiver prejuíázo a
responsabilidade eá sua, naã o devendo ser repassado ao consumidor.

Princípio da Eficiência – art. 37, “caput”, e art. 175, IV, da CF, direcionado aos serviços puá blicos
em termos de adequaçaã o e eficieê ncia (que funciona):

Art. 37. A administraçaã o puá blica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uniaã o, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municíápios obedeceraá aos princíápios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficieê ncia e, tambeá m, ao seguinte:

Art. 175. Incumbe ao Poder Puá blico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessaã o ou
permissaã o, sempre atraveá s de licitaçaã o, a prestaçaã o de serviços puá blicos.

...

IV - a obrigaçaã o de manter serviço adequado.

Informação (direito de informar e de ser informado – art. 5°, LXXII), com limites (situações
de sigilo)
A informaçaã o estaá ligada ao princíápio da moralidade, ou seja, naã o se pode faltar com a verdade
daquilo que se informa, seja por afirmaçaã o, seja por omissaã o.

Publicidade ou propaganda - podem ser usados como sinoê nimos;


propaganda (origem): coisas que devem ser propagadas; propagaçaã o de princíápios, ideá ias,
conhecimentos ou teorias;
publicidade (origem) qualidade daquilo que eá puá blico ou do que eá feito em puá blico;
publicidade e verdade: naã o se pode faltar com a verdade daquilo que se anuncia, seja por açaã o ou
omissaã o, em razaã o respeito a valores eá ticos;
art. 220, § 3°, II, e § 4°, CF: publicidade produtos, praá tica e serviços no capíátulo da comunicaçaã o
social, com regra especial para anuá ncios de bebidas alcooá licas, agrotoá xicos, medicamentos e terapias;

3. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

a) É lei principiológica, atende comando constitucional (art. 48 ADCT/CF) e concretiza princíápios e


garantias constitucionais, incluindo cláusulas pétreas (art. 5°, XXXII: “o Estado promoveraá , na forma da
lei, a defesa do consumidor”);

b) Regime capitalista, mas com limitaçoã es (dignidade humana; valoriza o trabalho, livre iniciativa e a
defesa do consumidor - art. 170, V, CF);

c) Art. 1° CDC – ordem puá blica e interesse social, regulamentando CF;

Art. 1° Õ presente coá digo estabelece normas de proteçaã o e defesa do consumidor, de ordem puá blica e
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituiçaã o Federal e art. 48 de
suas Disposiçoã es Transitoá rias.

d) Pressupostos para a Interpretaçaã o do CDC:

sistema de produção massificado; teoria do risco (do produto, serviços) levou ao surgimento da
responsabilidade objetiva (sem culpa); deve-se privilegiar o coletivo e o difuso;
subsistema próprio, com princípios constitucionais; meá todo de interpretaçaã o “loá gico-
sistemaá tico” e “teleoloá gico” (finalidade da norma, que permite entender seus princíápios e finalidades);
é norma de ordem pública e de interesse social (art. 1° CDC), geral e principiológica;
se houver leis que confrontem com suas disposiçoã es, eá o CDC que deve prevalecer;

4. OS PRINCÍPIOS DA LEI 8078/90 E OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR.

4.1. Objetivo e Princípios – art. 4°:

Art. 4º A Políática Nacional das Relaçoã es de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito aà sua dignidade, sauá de e segurança, a proteçaã o de seus
interesses econoê micos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transpareê ncia e harmonia das
relaçoã es de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redaçaã o dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

II - açaã o governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

a) por iniciativa direta;

b) por incentivos aà criaçaã o e desenvolvimento de associaçoã es representativas;

c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

d) pela garantia dos produtos e serviços com padroã es adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.

III - harmonizaçaã o dos interesses dos participantes das relaçoã es de consumo e compatibilizaçaã o da
proteçaã o do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econoê mico e tecnoloá gico, de modo a
viabilizar os princíápios nos quais se funda a ordem econoê mica (art. 170, da Constituiçaã o Federal), sempre
com base na boa-feá e equilíábrio nas relaçoã es entre consumidores e fornecedores;

IV - educaçaã o e informaçaã o de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com
vistas aà melhoria do mercado de consumo;

V - incentivo aà criaçaã o pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança


de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de soluçaã o de conflitos de consumo;

VI - coibiçaã o e repressaã o eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive


a concorreê ncia desleal e utilizaçaã o indevida de inventos e criaçoã es industriais das marcas e nomes
comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuíázos aos consumidores;

VII - racionalizaçaã o e melhoria dos serviços puá blicos;

VIII - estudo constante das modificaçoã es do mercado de consumo.

4.2. Direitos Básicos do Consumidor – arts. 6° e 7°:

Art. 6º Saã o direitos baá sicos do consumidor:

I - a proteçaã o da vida, sauá de e segurança contra os riscos provocados por praá ticas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educaçaã o e divulgaçaã o sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contrataçoã es;

III - a informaçaã o adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificaçaã o correta
de quantidade, caracteríásticas, composiçaã o, qualidade, TRIBUTÕS INCIDENTES (acreá scimo Lei
12741/12) e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteçaã o contra a publicidade enganosa e abusiva, meá todos comerciais coercitivos ou desleais,
bem como contra praá ticas e claá usulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificaçaã o das claá usulas contratuais que estabeleçam prestaçoã es desproporcionais ou sua
revisaã o em razaã o de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevençaã o e reparaçaã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos oá rgaã os judiciaá rios e administrativos com vistas aà prevençaã o ou reparaçaã o de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteçaã o Juríádica, administrativa e
teá cnica aos necessitados;

VIII - a facilitaçaã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversaã o do oê nus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a criteá rio do juiz, for verossíámil a alegaçaã o ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinaá rias de experieê ncias;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestaçaã o dos serviços puá blicos em geral.

Art. 7° Õs direitos previstos neste coá digo naã o excluem outros decorrentes de tratados ou convençoã es
internacionais de que o Brasil seja signataá rio, da legislaçaã o interna ordinaá ria, de regulamentos expedidos
pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do
direito, analogia, costumes e equidade.

Paraá grafo uá nico. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparaçaã o dos danos previstos nas normas de consumo.

4.3. Princípios do CDC – art. 4° e outros:

Dignidade;

Proteção à vida, saúde e segurança;

Proteção e necessidade – art. 1° CDC caraá ter protecionista e de interesse social; ex: alimentos,
medicamentos; liberdade de agir e escolher;

Transparência – publicidade, verdade, dever de informar;

Harmonia – relacionado isonomia, solidariedade, princíápios gerais da atividade econoê mica;

Vulnerabilidade – parte fraca; meios de produçaã o saã o monopoá lio dos fornecedores; consumidor
soá tem como optar pelo que estaá no mercado;

Liberdade de escolha – liberdade de açaã o (CF) e vulnerabilidade;


Intervenção do Estado – produtos e serviços essenciais; garantir qualidade e adequaçaã o; ligado aà
dignidade da pessoa humana, isonomia etc.;

Boa-fé - harmonizaçaã o da relaçaã o de consumo; ligado aà isonomia e solidariedade; boa-feá objetiva


(honestidade e lealdade); equilíábrio;

Igualdade nas contratações – isonomia; naã o se pode fazer distinçaã o entre consumidores;
mesmas condiçoã es a todos consumidores; admite-se certos privileá gios para os que necessitam proteçaã o
especial (idosos, gestantes, crianças);

Dever de Informar – transpareê ncia, informaçoã es adequadas (claras e precisas), caracteríásticas,


qualidades, riscos, preços etc.;

Proteção contra publicidade enganosa ou abusiva – publicidade eá instrumento para


apresentaçaã o e/ou venda;

Proibição de práticas abusivas - doutrina do abuso do direito; nulidade das claá usulas
contratuais abusivas;

Princípio da conservação – manteá m contrato, excluindo-se claá usulas abusivas (prestaçoã es


desproporcionais e casos revisaã o fatos supervenientes);

Prevenção e reparação de danos materiais e morais – impede claá usula que restrinja o valor da
indenizaçaã o (deve ser integral, completa); acesso aà justiça (direitos individuais, coletivos e difusos);

Acesso à Justiça – ligado ao anterior;

Assistência Judiciária – gratuidade em relaçaã o a custas e despesas processuais; depende


declaraçaã o nesse sentido (sob pena responder em deá cuplo);

Assistência jurídica – advogado (defensor puá blico) gratuito, desde que comprovada situaçaã o de
careê ncia de recursos; inclui PRÕCÕN, MP etc.; Juizado Especial Cíável dispensa advogado ateá 20 salaá rios
míánimos;

Adequada e eficaz prestação de serviços públicos – decorre princíápio da eficieê ncia da CF


(cumprir sua finalidade na realidade concreta – eficiente eá aquilo que funciona);

Responsabilidade solidária (além de ser objetiva) – art. 7°, paraá grafo uá nico, CDC; consumidor
pode escolher a quem acionar, um ou todos (litisconsoá rcio facultativo);

5. A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO.

5.1. A relação jurídica de consumo.


5.1.1. Elementos:
a) num dos polos da relaçaã o o consumidor,
b) no outro, o fornecedor;
c) ambos transacionando produtos e serviços;
Õbs.: Coá digo Civil exige partes capazes, objeto líácito e forma prescrita ou naã o defesa em lei;

5.1.2. Conceito de consumidor (art. 2°, 17 e 29 CDC):

Art. 2° Consumidor eá toda pessoa fíásica ou juríádica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinataá rio final.
Paraá grafo uá nico. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminaá veis, que
haja intervindo nas relaçoã es de consumo.

Art. 17. Para os efeitos desta Seçaã o, equiparam-se aos consumidores todas as víátimas do evento.

Art. 29. Para os fins deste Capíátulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determinaá veis ou naã o, expostas aà s praá ticas nele previstas.

a) conceito de consumidor passa pelo consumidor “individual”, concreto, ao do “tipo ideal ou


abstrato” (difuso), tratando-se do que presumivelmente exista, ainda que naã o possa ser determinado;

b) toda pessoa física (natural) ou jurídica:


b1) que adquire (obteá m, seja a tíátulo oneroso ou gratuito: amostra graá tis, estacionamento
gratuito shopping, pois cobrança acontece de forma indireta, ainda que de outros consumidores)
b2) ou utiliza (consome; ex.: um compra cerveja e serve aos amigos em sua casa; quem
consome tambeá m seraá consumidor)
b3) como destinatário final (naã o o que adquire como intermediaá rio do ciclo de produçaã o,
como exemplo a pessoa fíásica ou juríádica que compra calças para revendeê -las);

c) quadro ilustrativo (vide paá g. 73 e segs. Curso de Direito do Consumidor:

d) “toda vez que o produto e/ou o serviço puderem ser utilizados como bem de consumo, incide
na relaçaã o as regras do CDC”; exemplos: caneta adquirida por um estudante, ou professor que presta
serviço, aá gua, eletricidade, dinheiro emprestado por um banco, porque tais bens saã o utilizados tanto por
consumidores como por fornecedores;

e) coletividade de pessoas: art. 2°, p. uá nico; incluem massa falida, condomíánio, sociedade de fato;
f) determináveis ou não: art. 29; reclamem ou naã o; conceito difuso de consumidor; ampliaçaã o do
conceito de consumidor; pessoas expostas aà s praá ticas comerciais;
g) consumidor por equiparação - vítimas do evento (art. 17): ex.: queda de aviaã o, todos os
passageiros (consumidores do serviço) saã o atingidos pelo evento danoso (acidente de consumo), se cai
em aá rea residencial, tambeá m seraã o os que sofrerem danos aà integridade fíásica ou ao patrimoê nio (que naã o
tinham participado da relaçaã o de consumo), equiparadas à figura de consumidor;

5.1.3. Conceito de fornecedor (art. 3° CDC):

Art. 3° Fornecedor eá toda pessoa fíásica ou juríádica, puá blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produçaã o, montagem, criaçaã o,
construçaã o, transformaçaã o, importaçaã o, exportaçaã o, distribuiçaã o ou comercializaçaã o de produtos ou
prestaçaã o de serviços.

a) conceito amplo: todas as pessoas capazes (fíásicas ou juríádicas), aleá m dos entes desprovidos de
personalidade (massa falida, condomíánio, sociedades de fato); pessoas juríádicas puá blicas ou privadas,
nacionais ou estrangeiras, com sede ou naã o no Paíás, as S.A., as LTDA., sociedades civis, com ou sem fins
lucrativos, fundaçoã es, sociedades de economia mista, empresas puá blicas, autarquias, oá rgaã os da
Administraçaã o direta;

b) atividade e relação jurídica de consumo: típica, regular, rotineira ou eventual


b1) ex.: aluno que soá no Natal revende roupas eá eventual;
b2) naã o eá tíápica a venda de ativos de uma empresa, para renovar por outros (ex.: computador
usado, sendo regulado pela legislaçaã o comum civil ou comercial, salvo se passar a fazer rotineiramente
com o fim de lucro);
b3) o mesmo quando uma pessoa fíásica vende seu automoá vel usado (naã o haá relaçaã o de consumo,
pois naã o eá fornecedor; ao contraá rio, se passa a comprar e revender rotineiramente, haveraá relaçaã o de
consumo);

c) pessoa física: mesmo profissional liberal eá fornecedor (mas responsabilidade eá subjetiva,


com culpa); qualquer pessoa que exerça atividade rotineira ou eventual de venda de produtos; tambeá m
inclui-se quem presta serviços, mesmo sem serem liberais: eletricista, encanador, etc.;

d) fornecedor é gênero, sendo que o CDC preveê espécies como: fabricante, produtor, construtor,
importador e comerciante;

5.1.3. Conceito de Produto (art. 3°, § 1°, CDC):

§ 1° Produto eá qualquer bem, moá vel ou imoá vel, material ou imaterial.

a) diverge da terminologia do Coá d. Civil de (“bem ou coisa”);

b) eá conceito universal e amplo;


c) moá vel ou imoá vel: mesmo sentido do Coá d. Civil;
d) material e imaterial: ideá ia eá que naã o escape nenhuma situaçaã o; imaterial pode ser muá tuo,
aplicaçaã o em renda fixa, cauçaã o de tíátulos etc.;
e) durável eá o que naã o se extingue com o uso, dura, leva tempo para desgastar; mas naã o eá eterno;
descartaá vel tambeá m seria duraá vel, pois naã o se enquadra como naã o duraá vel;
f) não durável eá o que se acaba com o uso; naã o tem durabilidade; usado ele se extingue ou ao
menos vai-se extinguindo; alimentos, remeá dios, cosmeá ticos; extinção imediata: bebida; ingestaã o;
extinção consumativa sequencial: sabonete (vai se extinguindo enquanto eá usado);
g) produtos “in natura”, naã o sofrem qualquer processo de industrializaçaã o ou transformaçaã o:
hortifrutigranjeiros, graã os, cereais, vegetais em geral, legumes, verduras, carnes, aves, peixes etc.
h) produto gratuito ou “amostra grátis” (tambeá m ao serviço): submetido a todos exigeê ncias
legais de qualidade, garantia, durabilidade, proteçaã o contra víácio, defeitos etc.;

5.1.4. Conceito de Serviço (art. 3°, § 2°, CDC):

§ 2° Serviço eá qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneraçaã o, inclusive as


de natureza bancaá ria, financeira, de creá dito e securitaá ria, salvo as decorrentes das relaçoã es de caraá ter
trabalhista.

a) conceito de serviço: conceito geneá rico; exemplificativo (“qualquer”); serviço eá qualquer


atividade fornecida ou prestada no mercado de consumo, mediante remuneração;
b) serviço bancaá rio, financeiro, de creá dito, securitaá rio etc.: tentou-se reconhecer a
inconstitucionalidade do CDC ao referir-se a esses serviços, tentando excluir a aplicaçaã o de suas normas
protecionistas; Suá mula STJ quanto aà aplicaçaã o do CDC a esses serviços; o STF rejeitou a ADIN proposta,
mantendo-se a aplicaçaã o do CDC;
c) serviços não duráveis: transporte, diversoã es puá blicas, hospedagem;
d) serviços duráveis: continuidade no tempo (serviços educacionais, planos de sauá de etc) ou
deixarem como resultado um produto (pintura de uma casa, instalaçaã o de um carpete, colocaçaã o de um
boxe);
e) não se vende produto sem serviço: a todo produto vendido haá um serviço prestado, como do
vendedor (atender o consumidor, trazer produtos para prova, visualizaçaã o, receber pagamento etc.); jaá na
prestaçaã o do serviço de consulta médica, por exemplo, há apenas serviço;
f) CDC exclui serviços de caráter trabalhista (normas proá prias e outra natureza);
g) exigência de remuneração: ex. meá dico que atende pessoa que estaá passando mal na rua (naã o eá
relaçaã o de consumo); entretanto, sempre que custo estiver embutido no serviço, aplica-se o CDC, como no
estacionamento gratuito de um shopping, pois preço estaá embutido em outros preços, mesmo que
consumidor naã o venha a consumir, pois os demais consumidores estaraã o pagando pelo serviço;
h) Serviços Públicos; conf. art. 3° e 22 CDC serviços saã o PRIVADÕS e PUÉ BLICÕS; prestados direta
ou indiretamente (concessionaá rias, permissionaá rias); exigem o CDC que sejam “adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contíánuos”;
h1) Serviços Essenciais (Lei de Greve – Lei 7783/89, art. 10): “Saã o considerados serviços
ou atividades essenciais: I – tratamento e abastecimento de aá gua, produçaã o e distribuiçaã o de energia
eleá trica, gaá s e combustíáveis; II – assisteê ncia meá dica e hospitalar; III – distribuiçaã o e comercializaçaã o de
medicamentos e alimentos; IV – funeraá rios; V – transporte coletivo; VI – captaçaã o e tratamento de esgoto
e lixo; VII – telecomunicaçoã es; VIII – guarda, uso e controle de substaê ncias radioativas, equipamentos e
materiais nucleares; IX – processamento de dados ligados a serviços essenciais; X – controle de traá fego
aeá reo; XI – compensaçaã o bancaá ria.”;
h2) nenhum desses serviços pode ser interrompido; CDC eá claro, taxativo e naã o abre
exceçoã es: os serviços essenciais saã o contínuos (decorre da proá pria CF: dignidade da pessoa humana,
garantia de segurança e vida, que deve ser sadia e de qualidade, do qual decorre direito aà sauá de etc.);
h3) Lei 8987 (art. 6°, § 3°, I) admite interrupçaã o do serviço puá blico em situaçaã o de
emergeê ncia por motivo de ‘ordem teá cnica ou de segurança das instalaçoã es’; constitucionalidade duvidosa,
pois isso aponta para ineficieê ncia e inadequaçaã o; isso naã o elide a responsabilidade objetiva prevista no
CDC em caso de interrupçaã o;
h4) inadimplência do consumidor: posiçoã es divergentes; RIZZATTÕ aponta que serviços
essenciais naã o podem ser interrompidos pela auseê ncia de pagamento, como aá gua e energia eleá trica; haá
vaá rios fundamentos, inclusive constitucionais jaá citados (dignidade, sauá de, vida com qualidade e
equilíábrio, gera maiores oê nus com a famíália que adoecer em virtude da situaçaã o; oê nus do serviço poderia
ser distribuíádo com aqueles que tem condiçoã es de efetuar o pagamento); falta de pagamento poderia
implicar cobrança e pedido de corte, desde que haja prova de que consumidor tem recursos e estaá agindo
de maá -feá ;
h5) preço: serviço puá blico envolve tarifa, que diverge do preço privado; com ou sem
pagamento o serviço deve ser prestado, ainda que pelas concessionaá rias; ex.: taxa de lixo, quer pague ou
naã o deve haver a coleta; a cobrança naã o pode ser abusiva (art. 42 e 71 CDC), nem haver corte para forçar
o pagamento, sob pena de caracterizar crime art. 71, conforme acima;
h6) Serviço Público: serviço ou produto? AÉ gua e energia eleá trica saã o produtos, mas
integram o serviço prestado (como no caso da tinta do serviço de pintura a cola da instalaçaã o do carpete);
h7) Consumidor ou contribuinte? Haá quem entenda que a figura do consumidor naã o se
mistura com a de contribuinte; para alguns quando haá pagamento direto (remuneraçaã o) a figura eá de
consumo em relaçaã o ao serviço puá blico, sendo que naã o havendo remuneraçaã o naã o se aplicaria o CDC; a
discussaã o eá relevante em relaçaã o aà ACP, pois o MP tem legitimidade ativa para defesa do consumidor, mas
naã o do contribuinte; RIZZATTÕ entende que, havendo ou naã o pagamento direto pelo serviço puá blico,
aplica-se o CDC, pois haá situaçoã es como apontado que o serviço eá cobrado por via indireta, como acontece
com os serviços puá blicos bancados pela tributaçaã o em geral; entretanto, haá necessidade de, quando
houver a relaçaã o do administrado-contribuinte, de aplicar outras leis do sistema constitucional aplicaá veis
no que for compatíável com o subsistema do CDC;
h8) Responsabilidade do prestador do serviço público. Art. 22 preveê o oá bvio,
responsabilidade por víácio e defeito (de qualidade) dos serviços puá blicos, que eá objetiva (art. 37 CF);
alguns insistem em tentar naã o aplicar o CDC em relaçaã o aos serviços puá blicos; o prestador do serviço
puá blico estaá submetido exatamente a todas as normas que recaem sobre o prestador do serviço privado;
aplica-se o art. 20 em relaçaã o (víácio de qualidade) e tambeá m direito a perdas e danos (danos materiais –
emergentes e lucros cessantes – e morais); tambeá m estaá obrigado ao dever de informar, naã o praticar atos
abusivos, naã o fazer propaganda enganosa, dar orçamento, reparar todos os danos causados etc.

6. QUALIDADE E SEGURANÇA DOS PRODUTOS E SERVIÇOS.

Art. 8° Õs produtos e serviços colocados no mercado de consumo naã o acarretaraã o riscos aà sauá de ou
segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíáveis em decorreê ncia de sua
natureza e fruiçaã o, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipoá tese, a dar as informaçoã es necessaá rias
e adequadas a seu respeito.

Paraá grafo uá nico. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informaçoã es a
que se refere este artigo, atraveá s de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.

Art. 9° Õ fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos aà sauá de ou segurança


deveraá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem
prejuíázo da adoçaã o de outras medidas cabíáveis em cada caso concreto.

Art. 10. Õ fornecedor naã o poderaá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade aà sauá de ou segurança.

§ 1° Õ fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente aà sua introduçaã o no mercado de


consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deveraá comunicar o fato imediatamente
aà s autoridades competentes e aos consumidores, mediante anuá ncios publicitaá rios.

§ 2° Õs anuá ncios publicitaá rios a que se refere o paraá grafo anterior seraã o veiculados na imprensa,
raá dio e televisaã o, aà s expensas do fornecedor do produto ou serviço.

§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços aà sauá de ou


segurança dos consumidores, a Uniaã o, os Estados, o Distrito Federal e os Municíápios deveraã o informaá -los
a respeito.

6.1. Problemas de redaçaã o do CDC. Haá certa contradiçaã o (arts. 8, 9° e 10); art. 9° acaba aceitando
produtos e serviços potencialmente nocivos.
6.2. Art. 8° CDC. Devem as duas proposiçoã es serem interpretadas em conjunto, sem o que naã o haveria
como permitir a venda de cigarros.

6.3. Risco normal e previsível.

a) ex.: liquidificador, sem uso normal e previsíável causa seá rios riscos;
b) tem-se por base um conhecimento-padrão existente no mercado; esse conhecimento eá tanto
o usual, adquirido no senso comum, quanto o formal, adquirido nos cursos de formaçaã o;
c) um automoá vel exige conhecimento por curso de formaçaã o, naã o se admitindo que qualquer pessoa
faça uso direto dele sem habilitaçaã o.
6.4. Informações necessárias e adequadas.
a) obrigaçaã o dos fornecedores;
b) a informaçaã o eá elemento inerente ao produto ou serviço, bem como a maneira como deve ser
fornecida (correta, clara, precisa, ostensiva e no vernaá culo;
c) deve-se informar sobre os riscos que naã o saã o normais e previsíáveis em decorreê ncia da natureza e
fruiçaã o dos produtos e serviços; ex: faca e automoá vel (seraá preciso informar que o uso da faca contra o
corpo pode causar seá rias lesoã es? Se a pessoa se cortar o fornecedor seraá responsabilizado pela falta de
informaçaã o?);
d) se o uso e funcionamento do produto e do serviço for de conhecimento-padrão do consumidor
(normal e previsível) o fornecedor naã o precisa dar a informaçaã o; mas se o produto for novo e
desconhecido do consumidor o fornecedor deve exaustivamente apresentar todas as informaçoã es
quanto aos riscos aà sauá de e segurança daquele (ex.: triturador novo, cujo manuseio ainda naã o eá do
conhecimento-padraã o);
6.5. Proibição de fumar.
a) a Lei 9294/96 fez restriçoã es aà publicidade de produtos fumíágeros, bebidas alcooá licas,
medicamentos e terapias, proibindo o uso dos cigarros e afins em algumas situaçoã es: recintos coletivos,
privados ou puá blicos, salvo aá reas especíáficas e isoladas do restante do ambiente; aeronaves (por decisaã o
judicial estaá proibido independentemente do tempo de voê o); a Lei 12546/11 alterou dispositivos e
excluiu “fumoá dromos”;
b) a Lei Estadual 13.541/09 eá mais restritiva em relaçaã o aà proibiçaã o de fumar em recintos puá blicos e
privados;
6.6. Impressos.
a) Art. 8° CDC: obrigaçaã o do fabricante de fornecer as informaçoã es em impressos que devem
acompanhar o produto;
b) designaçaã o eá exemplificativa: no caso do importador cabe a ele fornecer as informaçoã es ou fazer a
traduçaã o das que jaá existirem; a auseê ncia constitui crime (art. 63).
6.7. Potencialidade de nocividade e periculosidade.
a) Art. 9°: permissaã o de fabricaçaã o e venda, desde que sejam “potencialmente” nocivos ou perigosos
(se houver “alto grau” de nocividade e periculosidade haveraá proibiçaã o de venda – art. 10);
b) a norma eá vaga e de difíácil interpretaçaã o, dependendo do caso concreto; o conceito eá vago (do que
se chama “zona de penumbra”).
6.8. Informações cabais. No caso do art. 9° a lei acaba exigindo informaçoã es especiais, aleá m das
regularmente exigidas.
6.9. Responsabilidade objetiva. Art. 10: “sabe ou devia saber”; se sabe que eá alto o grau de nocividade
ou periculosidade age com dolo; se devia saber eá porque agiu com culpa (negligeê ncia, imprudeê ncia e
imperíácia); isso vale para fins penais (art. 64); na aá rea cíável a responsabilidade eá sempre objetiva,
independentemente de prova do dolo ou culpa (salvo na situaçaã o dos profissionais liberais).

7. O “RECALL”.
7.1. Art. 10, §1°. A norma pretende que o fornecedor impeça ou procure impedir, ainda que tardiamente,
que o consumidor sofra algum dano ou perda em funçaã o de víácio que o produto ou serviço tenham
apresentado apoá s a comercializaçaã o.
7.2. Tem em vista as produçoã es em seá rie (defeitos que podem comprometer um lote de produtos com os
mesmos componentes que apresentaram tais defeitos).
7.3. Modos de efetuar o “recall”.
a) Art. 10, § 2°. Fornecedor deve utilizar todos os meios de comunicaçaã o disponíáveis (com despesas
por sua conta), mas naã o soá , eá preciso interpretaçaã o extensiva, para envolver correspondeê ncia, telegrama,
telefonema, mensageiros observando-se o cadastro das vendas realizadas, ou seja, obriga o fornecedor
a encontrar o consumidor por todos os meios possíveis.
b) e se o consumidor não for encontrado? A responsabilidade eá objetiva; o “recall” naã o afasta a
responsabilidade do fornecedor, na hipoá tese de o chamado naã o chegar ao consumidor e o produto
apresentar defeito; salvo hipoteticamente quando demonstrado que a culpa eá exclusiva do consumidor
(arts. 12, § 3°, III, 14, § 3°, II) ou culpa concorrente do consumidor, caso ele receba o chamado e o
negligencie.

8. A TEORIA DO RISCO DO NEGÓCIO: A BASE DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

8.1. Õs negoá cios implicam risco:


a) a CF garante livre iniciativa para atividade econoê mica (capitalismo), sendo que uma das
caracteríásticas eá o risco (sujeito ao sucesso ou fracasso);
b) deve-se avaliar aspectos de produçaã o, distribuiçaã o, expectativa consumidores, qualidade
produtos, preços, impostos, propaganda (“a propaganda eá a alma do negoá cio”);

8.2. Risco/custo/benefíácio:
a) deve-se considerar o binoê mio custo-benefício e a variaá vel relacionada ao risco, que inclui
previsaã o do CDC de produtos e serviços voltados para a adequação, finalidade, proteção à saúde,
segurança e durabilidade, complementado pela informação;
b) resume-se no termo QUALIDADE, sem o que naã o haá respeito aos direitos básicos do
consumidor (risco/custo/benefíácio, ligado aà produçaã o em seá rie);

8.3. Produçaã o em seá rie (sociedades de massa – produçaã o massificada) decorre da Revolução Industrial:
a) aglomeraçaã o de pessoas, aumento da complexidade e necessidade social;
b) permite diminuição de custos e aumento do lucro;
c) maior incremento com surgimento roboá tica, telefonia por sateá lite, transaçoã es eletroê nicas,
computaçaã o etc.

8.4. Caracteríástica da produçaã o em seá rie: víácio e defeito.


a) em produçaã o em seá rie eá impossíável assegurar que naã o haveraá víácio/defeito;
b) resultado isento de víácio/defeito demandaria aumento excessivo de custo, inviabilizando preço
e o proá prio negoá cio;
d) envolve inuá meros componentes fíásicos e milhares de maã os humanas que os manuseiam direta
ou indiretamente (a falha é inexorável);
e) mesmo em setores mais desenvolvidos eá impossíável evitar víácio (ex. 0,1% de lote 100.000
produtos, resulta em 100 produtos com víácio/defeito).

8.5. Õ CDC controla o resultado da produçaã o.


a) o víácio/defeito envolve, portanto, o produto e o serviço (independente da vontade do
produtor);
b) o víácio/defeito eá do produto e do serviço – e naã o do fornecedor;
c) fornecedor soá eá considerado na medida em que responde pelo ressarcimento dos prejuízos;
d) a receita e o patrimoê nio devem arcar com os prejuíázos.

8.6. A receita e o patrimoê nio devem arcar com os prejuíázos.


a) a receita abarca “todos” os produtos e serviços sem víácio/defeito quanto os que possuem
víácio/defeito;
b) decorre do princíápio da igualdade (tanto os que compraram sem víácio/defeito, como os que
apresentaram esses defeitos merecem o mesmo tratamento);
c) 100 pessoas que compraram com víácio/defeito, pelo mesmo preço, merecem mesmo
tratamento dos 99.900 consumidores que tiveram direitos e garantias assegurados;

8.7. Auseê ncia de culpa.


a) tais pressupostos implicam na responsabilidade objetiva;
b) decorre da dificuldade de provar a culpa do fornecedor; negligente eá aquele que causa dano
por omissaã o (motorista naã o coloca oá leo no freio do automoá vel); imprudente causa dano por açaã o
(motorista que passa sinal vermelho e causa danos); imperito eá o profissional que naã o age com a destreza
dele se espera (meá dico que deixa pedaço de gaze no corpo paciente);
c) muitas vezes realmente não há culpa, pois decorre da produçaã o em massa ou seá rie;
d) sem a responsabilidade objetiva o consumidor acabaria lesado;
e) mesmo com todos os cuidados e profissionais qualificados, ainda assim haveraá produtos
viciados/defeituosos;
f) na sistemaá tica anterior do Coá digo Civil o consumidor não conseguia provar culpa do
fornecedor (o risco do negoá cio era do consumidor, pois poderia pagar e ficar sem o dinheiro quando
comprasse produto com víácio/defeito);
g) agora com o CDC o risco integral do negócio é do fornecedor.

8.8. Fato do produto e do serviço (Seçaã o II do Capíátulo IV - arts. 12 a 17):


a) a norma eá dirigida ao fato do produto ou serviço em si;
b) a responsabilidade de indenizar nasce do nexo de causalidade entre o fato envolvendo o
produto e/ou serviço e o dano efetivo.
9. A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.

9.1. A reparaçaã o integral:


a) o dever de indenizar surge do “fato do produto ou serviço causador do acidente de consumo”;
b) a responsabilidade civil eá objetiva, oriundo do risco integral da atividade econoê mica;
c) saã o indenizaá veis: danos materiais (patrimoniais), morais (afeta a paz interior da pessoa
lesada; atinge seus sentimentos, o decoro, o ego, a honra, tudo que causa dor e sofrimento), estéticos e à
imagem;
c1) os materiais compreendem: danos emergentes (perda patrimonial efetivamente ocorrida) e
lucros cessantes (tudo aquilo que o lesado deixou de auferir com renda líáquida, em virtude do dano;
quanto deixou de faturar);
c2) exemplos: acidente de automoá vel por defeito no freio; ingestaã o de remeá dio mal produzido;
consumo alimentos deteriorados; serviço hospitalar mal realizado; acidentes de transporte.

9.2. Consumidores equiparados.


a) art. 2°, 18 e 29 - víátimas de acidentes de consumo (consumidor equiparado – todos os
atingidos pelo evento tem o mesmo direito do consumidor diretamente afetado);
b) pode envolver familiares do consumidor direto (nos casos de oá bito) e familiares do terceiro –
consumidor equiparado (tambeá m em caso de oá bito), incluindo danos materiais e morais.

10. Vício (arts. 18 a 20) e Defeito (arts. 12 a 14): distinção.

Haá certa confusaã o no CDC entre esses conceitos, havendo primeiro definiçaã o de defeito, mas para
entender este eá preciso primeiro conhecer o significado de víácio.
10.1. Vício.
a) apesar de lembrar do víácio redibitoá rio do direito civil, com ele naã o se confunde, pois tem regra
proá pria no CDC;
b) trata-se das características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou
serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam
o valor;
c) tambeá m entre a disparidade havida em relaçaã o aà s indicaçoã es constantes do recipiente,
embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitaá ria;
d) ex.: problemas que fazem que produto naã o funcione adequadamente (liquidificador que naã o
gira) ou funcione mal (tv sem som; automoá vel que morre a toda hora); diminua o valor do produto (risco
na lataria do automoá vel, mancha no terno); naã o estejam de acordo com informaçaã o (produto com 400 ml,
quando indica 500 ml; com 4,8 kg quando indica 5 Kg); serviços com funcionamento insuficiente
(desentupimento de banheiro, que alaga no dia seguinte; carpete que descola rapidamente).
e) podem ser aparentes (de faá cil constataçaã o) ou ocultos (soá aparece algum ou muito tempo apoá s
uso, por estarem inacessíáveis ao consumidor; naã o podem ser detectados na utilizaçaã o ordinaá ria).

Código Civil: Dos Vícios Redibitórios

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por víácios ou
defeitos ocultos, que a tornem improá pria ao uso a que eá destinada, ou lhe diminuam o valor.

Paraá grafo uá nico. EÉ aplicaá vel a disposiçaã o deste artigo aà s doaçoã es onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.

Art. 443. Se o alienante conhecia o víácio ou defeito da coisa, restituiraá o que recebeu com perdas e
danos; se o naã o conhecia, taã o-somente restituiraá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienataá rio,
se perecer por víácio oculto, jaá existente ao tempo da tradiçaã o.

Art. 445. Õ adquirente decai do direito de obter a redibiçaã o ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for moá vel, e de um ano se for imoá vel, contado da entrega efetiva; se jaá estava na
posse, o prazo conta-se da alienaçaã o, reduzido aà metade.

§ 1o Quando o víácio, por sua natureza, soá puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-aá do
momento em que dele tiver cieê ncia, ateá o prazo maá ximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens
moá veis; e de um ano, para os imoá veis.

§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por víácios ocultos seraã o os


estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no paraá grafo
antecedente se naã o houver regras disciplinando a mateá ria.

Art. 446. Naã o correraã o os prazos do artigo antecedente na constaê ncia de claá usula de garantia; mas o
adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob
pena de decadeê ncia.

10.2. Defeito (CDC trata como “fato do produto ou do serviço” – art. 12)
a) o defeito pressupoã e o víácio; haá víácio sem defeito, mas naã o haá defeito sem víácio; o víácio eá
inerente, intríánseco ao produto ou serviço em si;
b) o defeito eá o víácio acrescido de um problema extra, alguma coisa extríánseca ao produto ou
serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mal funcionamento, o naã o-funcionamento, a
quantidade errada, a perda do valor pago;
c) o defeito tem ligaçaã o com o víácio, mas, em termos de dano causado ao consumidor, é mais
devastador;
d) o vício atinge o produto ou serviço, não a pessoa do consumidor; o defeito vai além do
produto ou serviço e atinge o consumidor em seu patrimônio jurídico mais amplo (seja moral,
material, estético ou da imagem); assim, soá se fala em acidente de consumo na hipoá tese de DEFEITÕ;

10.3. Exemplos da distinçaã o entre víácio e defeito:


a) 2 consumidores compram e saem com automoá veis ÕK; um deles, logo apoá s, percebe que estaá
sem freio, reduz as marchas e para o carro em segurança (isso eá víácio); o outro, naã o consegue parar o
automoá vel e causa acidente com terceiros (isso eá defeito);
b) um consumidor compra creme de leite e ao abrir percebe que o produto estaá embolorado (eá
víácio); outro compra e naã o percebe, faz um strogonoff e serve para famíália, que acaba hospitalizada, com
infecçaã o estomacal (eá defeito).

11. Os vícios dos produtos. Art. 18 e segs. CDC.

SEÇAÕ Õ III
Da Responsabilidade por Víácio do Produto e do Serviço

Art. 18. Õs fornecedores de produtos de consumo duraá veis ou naã o duraá veis respondem
solidariamente pelos víácios de qualidade ou quantidade que os tornem improá prios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicaçoã es constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitaá ria, respeitadas as variaçoã es decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituiçaã o das partes viciadas.
§ 1° Naã o sendo o víácio sanado no prazo maá ximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e aà sua escolha:
I - a substituiçaã o do produto por outro da mesma espeá cie, em perfeitas condiçoã es de uso;
II - a restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuíázo de eventuais
perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderaã o as partes convencionar a reduçaã o ou ampliaçaã o do prazo previsto no paraá grafo anterior,
naã o podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesaã o, a claá usula
de prazo deveraá ser convencionada em separado, por meio de manifestaçaã o expressa do consumidor.
§ 3° Õ consumidor poderaá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em
razaã o da extensaã o do víácio, a substituiçaã o das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
caracteríásticas do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e naã o sendo possíável
a substituiçaã o do bem, poderaá haver substituiçaã o por outro de espeá cie, marca ou modelo diversos,
mediante complementaçaã o ou restituiçaã o de eventual diferença de preço, sem prejuíázo do disposto nos
incisos II e III do § 1° deste artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, seraá responsaá vel perante o consumidor o
fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
§ 6° Saã o improá prios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados,
nocivos aà vida ou aà sauá de, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de
fabricaçaã o, distribuiçaã o ou apresentaçaã o;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Art. 19. Õs fornecedores respondem solidariamente pelos víácios de quantidade do produto sempre
que, respeitadas as variaçoã es decorrentes de sua natureza, seu conteuá do líáquido for inferior aà s indicaçoã es
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitaá ria, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e aà sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementaçaã o do peso ou medida;
III - a substituiçaã o do produto por outro da mesma espeá cie, marca ou modelo, sem os aludidos víácios;
IV - a restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuíázo de eventuais
perdas e danos.
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.
§ 2° Õ fornecedor imediato seraá responsaá vel quando fizer a pesagem ou a mediçaã o e o instrumento
utilizado naã o estiver aferido segundo os padroã es oficiais.
Art. 20. Õ fornecedor de serviços responde pelos víácios de qualidade que os tornem improá prios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as
indicaçoã es constantes da oferta ou mensagem publicitaá ria, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e aà sua escolha:
I - a reexecuçaã o dos serviços, sem custo adicional e quando cabíável;
II - a restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuíázo de eventuais
perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecuçaã o dos serviços poderaá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor.
§ 2° Saã o improá prios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se
esperam, bem como aqueles que naã o atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparaçaã o de qualquer produto
considerar-se-aá implíácita a obrigaçaã o do fornecedor de empregar componentes de reposiçaã o originais
adequados e novos, ou que mantenham as especificaçoã es teá cnicas do fabricante, salvo, quanto a estes
uá ltimos, autorizaçaã o em contraá rio do consumidor.
Art. 22. Õs oá rgaã os puá blicos, por si ou suas empresas, concessionaá rias, permissionaá rias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, saã o obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contíánuos.
Paraá grafo uá nico. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigaçoã es referidas neste
artigo, seraã o as pessoas juríádicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste coá digo.
Art. 23. A ignoraê ncia do fornecedor sobre os víácios de qualidade por inadequaçaã o dos produtos e
serviços naã o o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequaçaã o do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneraçaã o contratual do fornecedor.
Art. 25. EÉ vedada a estipulaçaã o contratual de claá usula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigaçaã o de indenizar prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsaá vel pela causaçaã o do dano, todos responderaã o solidariamente pela
reparaçaã o prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, saã o
responsaá veis solidaá rios seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporaçaã o.

11.1. Espeá cies de víácios:


a) aparente (ou de faá cil constataçaã o);
b) oculto (soá aparece algum ou muito tempo apoá s uso, por estarem inacessíáveis ao consumidor;
naã o podem ser detectados na utilizaçaã o ordinaá ria).

11.2. Responsabilidade: “fornecedores” (art. 18, caput), termo geneá rico (todos os partíácipes do ciclo de
produçaã o); respondem solidariamente. Ex.: dois consumidores compram liquidificadores na mesma
loja; um leva para casa, funciona e a paá quebra o vidro e atinge o consumidor (eá defeito); o outro ao ligar
naã o funciona (eá víácio); no caso do defeito deverá ser acionado o fabricante pelos danos causados;
no caso do vício, pode trocar na loja que fez a venda ou diretamente no fabricante.

11.3. Rol exemplificativo do art. 18: “assim como”, em conjugaçaã o com art. 18, § 6°, III (“os produtos que,
por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam”). A publicidade e informação
tambeá m podem causar víácio (ou defeito).
11.3.1. Vício de qualidade eá aquele que:
a) torne o produto impróprio ao consumo a que se destina (enlatado embolorado, podre – ainda naã o
ingerido); carnes, aves, peixes, com coloraçaã o improá pria, cheiro forte etc);
b) torne o produto inadequado ao consumo a que se destina (veíáculo com problema eleá trico,
eletrodomeá sticos em geral com avarias, tv que naã o sintoniza algum canal etc.);
c) diminua o valor do produto (automoá vel com amassado na lataria, risco, estofado furado etc);
d) esteja em desacordo com o contido:
d1) no recipiente (lata, pote, garrafa etc)
d2) na embalagem (caixa, saco etc.)
d3) no roá tulo (estampado no recipiente ou embalagem)
d4) na mensagem publicitaá ria
d5) na apresentaçaã o (no balcaã o, na vitrine, na prateleira etc)
d6) na oferta e informaçaã o em geral (dada verbalmente pelo telefone, pessoalmente, no folheto, livreto
etc)

11.3.2. Prazo de validade. EÉ garantia dupla face:


a) garante ao consumidor que o produto ateá a data marcada encontra-se em condiçoã es adequadas de
consumo;
b) garante ao fabricante, produtor, importador ou comerciante que, apoá s a data marcada, o risco do
consumo do produto eá do consumidor.
Decorre a proibiçaã o de comercializaçaã o de produtos fora do prazo de validade.

11.4. Variaçoã es decorrentes da natureza do produto.


Art. 18, caput, “respeitadas as variações decorrentes de sua natureza...” (ex.: tinta na parede que fica
mais clara ou escura; alface que perde o frescor, murchando, e todos os alimentos in natura que sofrem
essas variaçoã es naturais); naã o envolve situaçoã es decorrentes de uso (questaã o de garantia), mas da
proá pria natureza (naã o se enquadra: faca que perde o corte, pneu que desgasta).

11.5. O problema do prazo para o saneamento do vício.


Críática ao prazo do art. 18, § 1°, do CPC (30 dias para sanar o víácio), por ser muito longo, mas tratou com
um prazo uá nico uma mais variada gama de tipos de relaçoã es de consumo. Õs fornecedores mais seá rios
adotam prazos menores para soluçaã o.
11.5.1. Prazo de 30 dias.
Preveê a norma que “naã o sendo o víácio sanado no prazo de 30 dias pode o consumidor exigir...”, dando as
alternativas do consumidor perante o fornecedor. Õ fornecedor tem 30 dias para sanar o víácio, sem
qualquer oê nus; soá apoá s o prazo de 30 dias eá que surgiraã o os oê nus, caso naã o sanado o problema.
Essa situaçaã o eá muitas vezes injusta ao consumidor (ex. Rizzato Nunes: pessoa sonha DVD novo, guarda
dinheiro para naã o fazer prestaçaã o, compra, avisa a famíália, loca filme, instala o aparelho e naã o funciona;
levando ao lojista, assisteê ncia teá cnica ou fabricante, teraá que aguardar ateá 30 dias para soluçaã o do víácio).
Esse prazo surge dentro do períáodo de garantia do produto.
10.5.1.1. Problemas com o prazo. Ex.: veíáculo modelo novo que acaba gerando problemas; consumidor
compra e acaba levando o veíáculo vaá rias vezes para o conserto, cada vez ficando alguns dias, sem soluçaã o
por muito tempo, ateá que enfim o problema eá resolvido, superando-se os 30 dias na soma dos diferentes
períáodos.
11.5.1.2. Como contar os 30 dias. Rizzatto entende que naã o se pode reabrir a cada chamado o prazo de
30 dias para sanar o víácio (recontagem do prazo), pois isso poderia levar o fornecedor a naã o prestar o
serviço de conserto com eficieê ncia. Isso decorre da interpretaçaã o teleoloá gica e porque o art. permite que
o consumidor exija a soluçaã o definitiva. Os 30 dias são o limite máximo, podendo-se somar os prazos
mais curtos em que o produto ficou para o conserto. Soá se os vícios forem diferentes eá que se
poderia exceder os 30 dias, mas com os limites da interpretaçaã o do art. 18, § 3°.
11.5.2. Prazo de garantia. Õ direito a sanar o víácio existe soá dentro do períáodo de garantia. Ex.: veíáculo
com 3 anos de uso e mais de 70.000 Km rodados, em caso de pane no motor a responsabilidade seraá do
consumidor. Mas a garantia naã o existe somente para produtos novos. Ex. carro bem rodado, mas dentro
da garantia de um ano – sem limite de quilometragem; produto muito usado com víácio oculto, cujo prazo
de reclamaçaã o nem sequer se iniciou; comercializaçaã o de produtos usados, com prazo de garantia
contratual, incidindo de qualquer forma a garantia legal, mesmo sendo usado (ex. comerciante que vende
veíáculo usado, deve garantir funcionamento por 90 dias; pelo mesmo motivo de a lei conferir garantia aos
produtos novos: o consumidor entrega seu dinheiro, portanto tem de receber o produto funcionando).
11.5.3. Desgaste do produto. No exemplo acima, naã o se consideram os problemas com desgaste; veíáculo
usado pode ser vendido com pneu desgastado, lonas dos freios gastas, motor consumindo mais oá leo, sem
que isso seja considerado víácio. Õ víácio deve ser daqueles que naã o decorram do desgaste (ex.: 3 dias apoá s
a compra o motor funde).
11.5.4. Direitos do consumidor após os 30 dias. Art. 18, § 1°, I, II e III (vide texto).
11.5.4.1. Proibiçaã o de oposiçaã o. Naã o pode o fornecedor se opor aà escolha pelo consumidor das
alternativas postas. Õ fornecedor tem 30 dias para sanar, restando ao consumidor esperar; poreá m,
superado o prazo, o consumidor adquire, no dia seguinte, integralmente, as prerrogativas previstas.
11.5.4.2. Substituição do produto da mesma espécie, obviamente em perfeitas condiçoã es de uso; a
norma disse menor do que deveria, incluindo marca e modelo, em perfeitas condiçoã es de uso; eá preciso
que se avalie com cuidado essa alternativa, pois se o outro produto tambeá m apresentar víácio, reabre-se o
prazo de 30 dias para sanar o víácio; com a troca os prazos para ambos os lados começam a fluir
novamente; soá naã o haveraá emissaã o de nota fiscal de compra e venda (a nota fiscal será de troca); o risco
eá do consumidor, como se estivesse adquirindo o produto novo. Caso naã o tenha o produto para
substituiçaã o, aplica-se o art. 18, § 4° (fazer leitura).
11.5.4.3. Medida Judicial. Se fornecedor negar substituiçaã o, caberaá medida judicial, com pedido de
obrigaçaã o de fazer, podendo haver antecipaçaã o de tutela, com imposiçaã o de multa diaá ria para forçar o
cumprimento ou busca e apreensaã o. A prova cabe ao consumidor, com a possibilidade da inversaã o do
oê nus da prova. Õ produto viciado seraá colocado aà disposiçaã o do fornecedor ou depositado em Juíázo.
11.5.4.4. Restituição da quantia paga mais perdas e danos. Envolve atualizaçaã o monetaá ria, podendo
envolver perdas e danos (materiais – emergentes, lucros cessantes – e morais), com responsabilidade
objetiva, com prova do dano, nexo de causalidade entre dano e a auseê ncia ou incompletude do serviço
que manteve o produto viciado, com extinçaã o do prazo de 30 dias.
11.5.4.5. Defesa do Fornecedor (art. 14, § 3°, aplica-se na espeá cie). Pode provar que naã o haá víácio (oê nus da
prova eá seu). Não pode alegar culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (inciso II), pois ficou com
produto para consertaá -lo e naã o o fez; o produto estava sob sua guarda, naã o havendo como provar que o
conserto naã o se fez por culpa do consumidor ou terceiro.
11.5.4.6. Abatimento proporcional do preço. Tambeá m depende anaá lise consumidor, que prefere ficar
produto, com devoluçaã o parte valor pago ou deixar de pagar alguma prestaçaã o ainda pendente. Depende
do caso concreto e valores envolvidos. Ex. víácio esteá tico que naã o impede funcionamento ou que o
consumidor possa consertar com terceiros. Numa açaã o judicial, as alternativas processuais naã o saã o muito
favoraá veis, dependente de andamento processual e períácia. Naã o havendo composiçaã o eá melhor optar
pelas alternativas anteriores, com normas mais eficientes.
11.5.4.7. A indenização por perdas e danos também se aplica às demais hipóteses, troca do produto
ou abatimento do preço, pela interpretaçaã o loá gico-sistemaá tica, sem o que caberia ao consumidor sempre
optar pela devoluçaã o do preço para poder postular indenizaçaã o.
11.5.5. Escolha do fornecedor a ser acionado. Cabe ao consumidor escolher a quem acionar para o
conserto: assistência técnica, na fábrica ou loja em que a adquiriu. Esse fornecedor eá quem
responderaá : consertando, trocando; devolvendo preço, oferecendo abatimento do preço, aleá m da
indenizaçaã o por perdas e danos. A responsabilidade é solidária dos fornecedores. Poderaá haver
direito de regresso e contratos entre eles prevendo a participaçaã o de cada qual nos gastos com víácios e
indenizaçoã es aos consumidores.

11.6. Diminuição e aumento de prazo.


11.6.1. O limite mínimo. Art. 18, § 2°. Possibilidade de reduçaã o do prazo de 30 dias para sanar víácio para
7 dias. Autor entende que esse prazo pode ser menor ainda, bem como prever troca imediata ou
restituiçaã o do valor, como muitos fornecedores jaá fazem. Entende-se, pois, ser inoá cuo o limite míánimo
previsto (7 dias), pois pode haver prazo menor, com conserto em menor prazo ou substituiçaã o imediata.
11.6.2. O aumento do prazo. Estaá previsto que os 30 dias podem aumentar para 180 dias. Entende-se
abusivo e com interpretaçoã es equivocadas. Essa claá usula deve ser expressa e em separado, mas pode
gerar problemas ao consumidor.
11.7. Garantias sem prazo.
11.7.1. Uso imediato das prerrogativas, sempre que incidir o § 3° do art. 18, em qualquer uma das
hipoá teses (aleá m das perdas e danos):
a) em razaã o da extensaã o do víácio, a substituiçaã o das partes viciadas:
a1) pode comprometer a qualidade do produto (queima circuito eletroê nico do microcomputador);
a2) pode comprometer as caracteríásticas do produto (veíáculo importado, com rodas originais que
se partiram, naã o havendo peças de reposiçaã o);
a3) diminua o valor do produto (automoá vel cujo motor fundiu);
b) quando se tratar de produto essencial (surgindo o víácio, impossíável sanaá -lo: frutas passadas, enlatados
embolorados, remeá dios e alimentos com prazo de validade vencido; aves, peixes e carnes com
caracteríásticas improá prias).

11.8. Produtos “in natura”. § 5°, art. 18. Saã o os que naã o sofrem industrializaçaã o; direto dos produtores
(hortas, pomares, pastos, granjas). Saã o os hortifrutigranjeiros, os graã os, cereais, vegetais em geral,
legumes, verduras, carnes, aves, peixes etc. Inclui-se tambeá m os escolhidos, preá -lavados e empacotados,
sem processo de transformaçaã o ou industrializaçaã o.
Refere-se a produtos essenciais. Naã o aplica-se o prazo de 30 dias. Õ uso das prerrogativas eá imediato,
diretamente com o fornecedor imediato OU o produtor identificado, à sua escolha. A solidariedade
se manteá m, podendo acionar quaisquer deles ou ambos.

11.9. Os vícios de quantidade. Art. 19 CDC. A responsabilidade eá do fornecedor, termo geneá rico (todos
partíácipes do ciclo de produçaã o), havendo solidariedade entre eles. Õcorre sempre que houver perda,
prejuíázo ao consumidor, entre a quantidade prevista e efetivamente existente.
Quantidade refere-se a medidas em geral, naã o soá “conteuá do líáquido”.
É rol exemplificativo, podendo haver divergeê ncia em relaçaã o aà apresentaçaã o do produto (ex.: art. 31), na
oferta e informaçaã o em geral (feirante grita quantidade e preço), estipulada em contrato (metragem uá til
de aá rea construíáda), o pedido verbal (ou escrito) do comerciante (ex.: pedido 300 g de queijo fatiado
numa padaria).
Havendo diferentes fontes de indicação quanto à quantidade, prevalece a mais vantajosa ao
consumidor (ex.: construtora faz anuá ncio no jornal do preço e metragem de 150 m2, mais a aá rea da
garagem; ao fazer contato e pagar sinal, a proposta consta aá rea uá til de 155 m2; na escritura puá blica
consta aá rea de 160 m2; depois verifica que imoá vel tem 140 m2; a diferença a ele devida deve levar em
conta os 160 m2).
Naã o haá víácio de quantidade, “respeitadas as variações decorrentes de sua natureza” (sempre desde
que naã o afete a qualidade do produto; ex.: dentes de alho que murcham com o tempo, perdendo massa e
peso; combustíáveis líáquidos evaporam, como gaá s, gasolina).
Não há o prazo de 30 dias para solução, que deve ser imediata, aplicando-se art. 18, § 4° (conf. art. 19,
§ 1°).
Hipoá teses para soluçaã o do víácio de quantidade: vide incisos I a IV do art. 19. EÉ possíável em qualquer das
hipoá teses aplicar-se “sem prejuíázo de eventuais perdas e danos” (art. 19, IV), mas desde que mantido o
equilíábrio na relaçaã o juríádica. Naã o faz sentido pensar em perdas e danos se o consumidor conseguir de
imediato “complementar o peso ou medida faltante” ou “substituir o produto por outro em condiçoã es
adequadas”. Soá poderaá reclamar perdas e danos se ao exercer as prerrogativas dos incisos I, II e III, o
fornecedor negar-se a atendeê -lo, ou naã o conseguir efetivar tais alternativas por impossibilidade material.
Aplica-se: responsabilidade objetiva, solidariedade e inversão ônus da prova se aplicam, se bem que
em princíápio o oê nus eá do consumidor.
Defesa do fornecedor. Aplica-se o art. 12, § 3° e todas suas hipoá teses (aleá m do art. 14, § 3°, para
serviços).

12. Os vícios dos Serviços.


Atentar para tudo quanto falado em relação a vicio de qualidade e quantidade.
11.1. Apesar do CDC tratar de víácios de qualidade e quantidade em relaçaã o aos produtos, tratou no art. 20
somente em relaçaã o aos víácios de qualidade; aplicam-se, entretanto, aos vícios de quantidade (pois
podem existir em relaçaã o aos serviços), por interpretaçaã o extensiva.
12.2. Õ responsaá vel eá o “fornecedor”, diferente da redaçaã o dos víácios dos produtos que indica
“fornecedores”; significa que se refere ao fornecedor direto dos serviços prestados;
12.3. A norma deveria apontar para “prestador do serviço”, jaá que este termo seria espeá cie de
“fornecedor”, como saã o fabricante, construtor, produtor, importador e comerciante.
12.4. Solidariedade. Aplica-se na hipoá tese, envolvendo todos que direta ou indiretamente participaram
do ciclo de produçaã o dos produtos utilizados para o serviço (ex.: instalador de carpetes que usa cola,
Banco que se utiliza do correio para remeter o talaã o de cheques, funileiro que pinta o carro com certa
tinta). Haá serviços que saã o compostos de outros serviços ou produtos, implicando solidariedade de
que todos que participarem do ciclo (ex. envolvendo outros serviços: adm. de cartoã es, que envolve
bancos que fazem cobrança, correios que remetem faturas, serviços telefoê nicos para atendimento das
pessoas; ex. envolvendo produtos: serviço conserto de automoá veis, com trocas de peças, assisteê ncia
teá cnica e conserto de eletrodomeá sticos, serviços de pintura, instalaçaã o eleá trica, nestes uá ltimos casos
quando envolver a entrega do produto).
12.5. Vícios de qualidade. Saã o os que tornem os serviços ‘improá prios ao consumo ou lhes diminuam o
valor”, assim como aqueles “decorrentes da disparidade com as indicaçoã es constantes da oferta ou
mensagem publicitaá ria”; rol exemplificativo (ex: naã o soá oferta, mas tambeá m apresentaçaã o, informaçaã o e
publicidade – art. 30 e 31 CDC).
12.5.1. Vício de qualidade do serviço é aquele que:
a) torne o serviço impróprio ao consumo a que se destina; impede o uso do serviço (ex.: serviço de freio
que impede que o veíáculo possa ser freado);
b) torne o serviço inadequado ao consumo a que se destina; o serviço pode ser utilizado, mas com
eficieê ncia reduzida (ex.: lançamento indevido no cartaã o de creá dito, que naã o impede seu uso);
c) diminua o valor do serviço prestado (ex. serviço funilaria mal feito);
d) esteja em desacordo com o contido:
d1) na mensagem publicitaá ria (TV, raá dio, jornal, revista, mala direta etc);
d2) na apresentaçaã o (no balcaã o, no cartaz etc);
d3) na oferta e informaçaã o em geral (dada verbalmente por telefone, pessoalmente, em folheto, livreto
etc.);
d4) no contrato.
12.5.2. Víácio aparente (perceptíáveis de imediato) e oculto (naã o perceptíáveis de imediato, demorando
algum ou muito tempo para ser constatado).

12.6. Apesar de naã o haver refereê ncia quanto ao serviço, aplica-se o art. 18 quanto aà s “variações
decorrentes de sua natureza”, pois podem ocorrer variaçoã es naturais, que naã o chegam a ser víácios, em
especial quando oferecidos com um misto de produtos (ex.: pintura parede, que com o passar do tempo
pode escurecer ou clarear); tambeá m naã o haá víácio com o desgaste natural pelo uso (ex. freio do veíáculo que
com o tempo naã o funciona taã o bem).

12.7. Cessação do problema. Naã o haá previsaã o de prazo, como para o produto (30 dias), implicando
escolha do consumidor, desde logo, “alternativamente e aà sua escolha”, sem motivaçaã o, a saber:
a) reexecuçaã o quando possíável, sem custo adicional; haá situaçoã es que a reexecuçaã o parcial eá suficiente;
b) restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de perdas e dano
(analisada em cada caso); tambeá m aqui pode haver restituiçaã o de parte do valor, pois nem sempre todo o
serviço estaá comprometido (ex.: uma parede de toda a casa mal pintada);
c) abatimento proporcional do preço.

12.8. ÕÔ nus da prova eá do consumidor, mas pode haver inversaã o. Prestador do serviço pode valer-se art.
14, § 3° para sua defesa.

12.9. Reexecuçaã o via terceiros. Art. 20, § 1°. A escolha eá do fornecedor ou consumidor? Soá pode ser do
consumidor, que pode escolher algueá m de confiança para reexecuçaã o do serviço, exatamente porque
perdeu a confiança no que prestou o serviço improá prio ou inadequado (ex.: se serviço de colocaçaã o de
proá tese dentaá ria causou dor e problemas na gengiva, como confiar no mesmo dentista para reexecuçaã o e
confiar que naã o passaraá pelos mesmos problemas).

12.10. Medidas Judiciais. Se prestador se recusa a resolver o problema, cabe açaã o de obrigaçaã o de fazer,
com antecipaçaã o de tutela, com multa diaá ria ou refazimento do serviço por terceiros.

12.11. Vícios de quantidade dos serviços. Apesar de naã o haver refereê ncia no art. 20, aplica-se por
interpretaçaã o extensiva o art. 19, para abranger tambeá m o víácio de quantidade dos serviços. E para
definir o que seja, usa-se da analogia o mesmo art. 19 e tudo quanto visto anteriormente: eá toda e
qualquer prestaçaã o de serviço em quantidade diversa (para menos) daquela paga pelo consumidor,
independentemente do tipo de medida (estacionamento de veíáculo e locaçaã o de automoá vel: por hora,
períáodo, dias, semanas, meses), observando-o o contido na: mensagem publicitaá ria (TV, raá dio, jornal,
revista, mala direta etc.); na apresentaçaã o (no calçaã o, no cartaz etc); na oferta e informaçaã o em geral
(dada verbalmente pelo telefone, pessoalmente, no folheto, livreto etc.); no contrato. Havendo
divergências nos diferentes meios de oferta, aplica-se a que for mais favorável ao consumidor.

12.12. Garantia. No caso de víácio de quantidade, aplica-se por analogia os arts. 19 e 20, tendo direito o
consumidor ao: abatimento proporcional do preço; execuçaã o do serviço na parte faltante; restituiçaã o da
parte da quantia jaá paga pelo serviço naã o prestado. Fica para a escolha do consumidor, sem necessidade
de justificativa.

13. O Fato do Produto: os acidentes de consumo/defeitos e sua responsabilidade.

Art. 12. Õ fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,


independentemente da existeê ncia de culpa, pela reparaçaã o dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricaçaã o, construçaã o, montagem, foá rmulas, manipulaçaã o, apresentaçaã o
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informaçoã es insuficientes ou inadequadas sobre
sua utilizaçaã o e riscos.
§ 1° Õ produto eá defeituoso quando naã o oferece a segurança que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideraçaã o as circunstaê ncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentaçaã o;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a eá poca em que foi colocado em circulaçaã o.
§ 2º Õ produto naã o eá considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido
colocado no mercado.
§ 3° Õ fabricante, o construtor, o produtor ou importador soá naã o seraá responsabilizado quando
provar:
I - que naã o colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 13. Õ comerciante eá igualmente responsaá vel, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador naã o puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificaçaã o clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
III - naã o conservar adequadamente os produtos perecíáveis.
Paraá grafo uá nico. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderaá exercer o direito de
regresso contra os demais responsaá veis, segundo sua participaçaã o na causaçaã o do evento danoso.
Art. 14. Õ fornecedor de serviços responde, independentemente da existeê ncia de culpa, pela
reparaçaã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos aà prestaçaã o dos serviços, bem
como por informaçoã es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçaã o e riscos.
§ 1° Õ serviço eá defeituoso quando naã o fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideraçaã o as circunstaê ncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a eá poca em que foi fornecido.
§ 2º Õ serviço naã o eá considerado defeituoso pela adoçaã o de novas teá cnicas.
§ 3° Õ fornecedor de serviços soá naã o seraá responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais seraá apurada mediante a verificaçaã o de
culpa.
Art. 15. (Vetado).
Art. 16. (Vetado).
Art. 17. Para os efeitos desta Seçaã o, equiparam-se aos consumidores todas as víátimas do evento.

13.1. Definição:
a) defeito pressupoã e víácio;
b) defeito eá tudo aquilo que gera dano aleá m do víácio; dano extríánseco; “acidente de consumo”
(termo muitas vezes improá prio – ex. inclusaã o indevida no SPC, eá defeito do serviço, mas naã o “acidente”);
c) CDC usa expressaã o “fato” do produto, ligado aà ideia de acontecimento.
13.2. Responsável:
a) art. 12 faz refereê ncia aà s diferentes espeá cies de “fornecedor” (nesse caso naã o usa o termo
geneá rico);
b) a açaã o deve dirigir-se ao responsaá vel pelo defeito: fabricante, produtor, construtor, importador;
limita a escolha do consumidor;
c) ex.: duas pessoas compram veíáculos; para um ocorre víácio (pode acionar qualquer fornecedor);
para outro gera defeito, devendo acionar o ressarcimento junto aà montadora (fabricante).

13.3. Extensão do defeito, abrange: projeto, fabricaçaã o, construçaã o, montagem, foá rmulas, manipulaçaã o,
apresentaçaã o, acondicionamento, aleá m do oferecimento de informaçoã es insuficientes ou inadequadas
sobre o risco e a utilizaçaã o do produto. Elenco exemplificativo.
a) ex. oferta e publicidade causadoras do dano: corretor apresenta apto. padraã o, consumidor gosta
da decoraçaã o e posiçaã o dos moá veis, sendo explicado que isso decorre do desenho do projeto; construtora
decorou apto. ardilosamente com moá veis sob encomenda, parecendo que a aá rea uá til era maior, quando
naã o era; depois que consumidor compra e recebe o imoá vel tempos apoá s, verifica que naã o cabem os
moá veis, exceto se mandar fazer, o que custa mais caro; isso acarreta prejuíázos materiais, aleá m de morais,
por ter que conviver em espaço menor do que realmente esperava ser;
b) ex. informaçaã o causadora do dano (insuficiente ou inexistente); ex.: produto insere inscriçaã o
“diet” (mas continha baixo teor de açuá car); consumidor diabeá tico compra, consome, passa mal e quase
morre;

13.4. Solidariedade. Em um produto insere-se diversos componentes, incluindo peças, equipamentos,


projetos, embalagem, transporte e informaçaã o adequada. A norma indica o responsaá vel direto para
responder pelos danos, mas isso naã o exclui os demais envolvidos indiretamente (ex. veíáculo com
amortecedor que gera acidente; pode-se acionar montadora e fabricante do amortecedor; na praá tica
talvez seja melhor acionar a montadora, que por via de regresso vai acionar o fabricante). Vide art. 7°, 25,
§ 1° e 2°.

13.5. O comerciante. Foi excluíáda sua responsabilidade, salvo no caso do art. 13; tambeá m naã o consta o
distribuidor, que eventualmente poderaá ser responsabilizado como prestador de serviço (ex. guarda do
produto ou pelo transporte).

13.6. O importador. EÉ responsaá vel, pois deve zelar pela segurança dos produtos que faz entrar no
territoá rio brasileiro; se preciso for deve fazer testes e exames periciais para ter certeza da qualidade do
que vende (desde a composiçaã o ateá a informaçaã o).

13.7. A autorização governamental para produtos naã o exclui a responsabilidade; quando muito o oá rgaã o
e o ente estatal podem ser responsaá veis solidaá rios pelo dano; com ou sem atestado do oá rgaã o publico
referente aà qualidade do produto, com ou sem carimbos ou selos de qualidade conferidos por entidades
privadas, a responsabilidade permanece.

13.8. Síántese graá fica (vide paá g. 283):

13.9. A prova do dano, do nexo de causalidade e indicação do responsável pelo produto: eá do


consumidor, mas pode valer-se da inversaã o do oê nus da prova.

13.10. Excludentes do nexo de causalidade.


a) art. 12, § 3° (confirma a responsabilidade objetiva, que eá do risco integral); adveá rbio “soá ”: as
hipoá teses saã o taxativas (naã o exemplificativas);
b) caso fortuito e força maior naã o excluem responsabilidade (o que demonstra a teoria do risco
integral);
c) naã o responde pelo dano quando (art. 12, § 3°, III):
c1) provar culpa “exclusiva” do consumidor (culpa concorrente naã o exclui); oê nus da
prova eá do fabricante e etc.;
c2) culpa exclusiva de terceiro “auteê ntico”, estranho aà relaçaã o entre consumidor e
agente produtor (se empregado, preposto, representante autoê nomo, naã o eá culpa de terceiro, respondendo
mesmo assim); ônus da prova é do fabricante e etc. (ex.: foi terceiro que causou a colisaã o do veíáculo,
naã o problema no sistema de freio).

13.11. Desconstituição do direito do consumidor. Quando produtor provar a inexistência do defeito


apresentado pelo consumidor (art. 12, § 3°, II).

13.12. Ilegitimidade de parte. Quando produtor provar que não colocou o produto no mercado (art.
12, § 3°, I - ex. produtos falsificados).
13.13. Responsabilidade do comerciante. Vide art. 13. Mesma responsabilidade do importador. Deve
zelar pelo que compra para revender. Trata-se de regra de solidariedade (art. 13, paraá grafo uá nico)
quando:
a) fabricante etc naã o puderem ser identificados (ex. produtos a granel, hortifrutigranjeiros, nas
feiras e supermercados, adquiridos de atacadista, naã o se podendo identificar a origem exata; prato
servido em restaurante, que usa diferentes produtos, naã o havendo como identificar origem de todos);
aqui naã o haá obrigatoriedade de informaçaã o quanto aà origem;
b) produto sem identificaçaã o do fabricante etc.; aqui eá possíável essa identificaçaã o, mas o
comerciante naã o o faz, passando a responder pelo defeito; elemento essencial da informaçaã o foi omitido
(infringido art. 31);
c) naã o promover a conservaçaã o adequada dos produtos perecíáveis (ex. supermercado que naã o
refrigera corretamente o queijo fresco; da padaria que deixa o iogurte fora do refrigerador);

13.14. O Fato do Serviço: os acidentes de consumo/defeitos e sua responsabilidade.

13.14.1. Vide o que jaá visto no anteriormente, vaá lido para o fato do serviço, inclusive distinçaã o entre víácio
e defeito (ex.: dois consumidores pagam suas faturas de cartoã es de creá dito; por problemas operacionais
os pagamentos naã o saã o registrados pela administradora de cartoã es; ambos saã o negativados, sem saberem
dos fatos; o primeiro faz contato para aumento do seu limite, recebe a informaçaã o do deá bito, comprova o
pagamento e o problema eá sanado: trata-se de vício; o outro consumidor, Joseá , vai a uma almoço de
negoá cios com seu patraã o e um provaá vel novo cliente a ser conquistado; Joseá eá diretor financeiro,
responsaá vel pela administraçaã o das contas da empresa; ao final do almoço Joseá pede a conta e entrega
seu cartaã o para pagamento; o garçom retorna e informa que o cartaã o naã o foi aceito, Joseá insiste e pede
para fazer contato com a administradora; o garçom passa a incumbeê ncia ao “maitre”, que retorna e
informa que a transaçaã o naã o foi aceita porque haá atraso no pagamento; Joseá tenta protestar e iniciar uma
explicaçaã o, mas o presidente da empresa, temendo maiores estragos, entrega seu proá prio cartaã o, dizendo
para Joseá resolver o problema outra hora: eá defeito, com evidente dano moral).

13.14.2. Prestador do serviço. Art. 14 aponta para “fornecedor de serviço”; o adequado seria
“prestador de serviço” (fornecedor eá geê nero, do qual prestador eá espeá cie). A responsabilidade
também é objetiva pelos defeitos relativos aos serviços prestados e pelas informações insuficientes
ou inadequadas sobre a fruição e os riscos, incluindo oferta e publicidade relativa ao serviço (arts.
30, 31, 36 e 37).

13.14.3. Solidariedade. Haá serviços prestados de maneira direta e praticamente pura (consulta meá dica,
ensino, cabeleireiro). Haá outros que saã o compostos (administraçaã o de cartaã o de creá dito envolve bancos,
correios, atendimento por serviço telefoê nico). Õutros saã o compostos por serviços e utilizaçaã o de
produtos (naã o haá o serviço sem o produto: conserto automoá veis, conserto eletrodomeá sticos etc.). Nesses
casos todos saã o responsaá veis solidaá rios, embora seja mais faá cil acionar o prestador do serviço direto.

13.14.4. Serviços com autorização governamental, tambeá m naã o exclui a responsabilidade.

13.14.5. Aplicam-se regras quanto aà desconstituição da responsabilidade (art. 14, § 3°); prova do
dano e do nexo de causalidade; excludentes de responsabilização taxativas; impossibilidade de
invocar caso fortuito e força maior; culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro; desconstituição
do direito do consumidor.

14. OS DANOS MATERIAIS, MORAIS, ESTÉTICOS E À IMAGEM E OS CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DA


INDENIZAÇÃO CORRESPONDENTE.

A CF e o CDC garante a indenizaçaã o pelos danos materiais e morais pela violaçaã o dos direitos.
14.1. Dano material. EÉ a composiçaã o em dinheiro visando a reposiçaã o do status quo ante, envolvendo
valor efetivamente perdido (dano emergente) e a receita que se deixou de auferir (lucros cessantes). Õ
ressarcimento deve ser integral, naã o sendo permitido que haja claá usulas restringindo essa indenizaçaã o.
14.2. Dano moral. EÉ aquele que afeta a paz interior de cada um; atinge o sentimento, o decoro, o ego, a
honra, enfim, tudo aquilo que naã o tem valor econoê mico, mas que lhe causa dor e sofrimento (dor fíásica ou
psicoloá gica). Uma imagem denegrida, um nome manchado, a perda de um ente querido ou a reduçaã o da
capacidade laborativa em decorreê ncia de um acidente, traduz-se numa dor íántima. A CF criou condiçoã es
para indenizaçaã o por danos morais, que a doutrina e jurisprudeê ncia rejeitavam (salvo casos
excepcionais), embora prevista em legislaçaã o infraconstitucional. Um problema eá a fixaçaã o do valor a
indenizar, jaá que a dor fíásica ou psicoloá gica naã o eá passíável de valoraçaã o.
14.3. Criteá rios para fixaçaã o da indenizaçaã o do dano moral. Com base nos princíápios da inviolabilidade da
dignidade da pessoa humana, o respeito aà vida, garantia aà incolumidade fíásica e psíáquica, com sadia
qualidade de vida e princíápio da isonomia, eá possíável fixar alguns paraê metros para determinaçaã o da
indenizaçaã o (vide paá g. 324 e segs.):
a) a natureza especíáfica da ofensa sofrida;
b) a intensidade real, concreta, efetiva do sofrimento do consumidor ofendido;
c) a repercussaã o da ofensa no meio social em que vive o consumidor ofendido;
d) a existeê ncia de dolo – maá -feá – por parte do ofensor, na praá tica do ato danoso e o grau de sua culpa;
e) a situaçaã o econoê mica do ofensor;
f) a capacidade e a possibilidade real e efetiva do ofensor voltar a praticar e/ou vir a ser responsabilizado
pelo mesmo fato danoso;
g) a praá tica anterior do ofensor relativa ao mesmo fato danoso, ou seja, se ele jaá cometeu a mesma falta;
h) as praá ticas atenuantes realizadas pelo ofensor visando diminuir a dor do ofendido;
i) necessidade de puniçaã o.

14.4. Indenizaçaã o do dano estético. Õ aspecto esteá tico compoã e a imagem-retrato do indivíáduo. Tem-se
por esteá tico o elemento externo na configuraçaã o fíásica. Embora naã o se confunda, haá ligaçaã o com o dano
moral. Õ dano esteá tico produz dor, anguá stia, humilhaçaã o, desgosto, vergonha, ou seja, em geral haá dano
moral. Haá situações em que o dano estético não gera dano moral (ex.: mulher sofre tiro e cicatriz gera
“covinha”, dando-lhe ainda mais charme); pode haver dano esteá tico que modifica a estrutura fíásica,
corrigindo um defeito preexistente, tambeá m sem dano moral (pessoa com dentes estragados, perdendo-
os em acidente, levando a colocaçaã o de uma dentadura, melhorando seu aspecto); haá tambeá m hipoá tese de
lesaã o esteá tica sem qualquer diminuiçaã o da imagem fíásica do indivíáduo, mas com dano moral (cicatriz na
sola do peá ). Na praá tica muitas vezes a indenizaçaã o envolve danos esteá ticos e morais, embora distintos.
14.5. Dano à imagem. Haá tambeá m confusoã es na praá tica entre dano moral e aà imagem. Em geral o dano aà
imagem leva ao dano moral, mas pode haver situaçoã es de dano aà imagem, sem correspondente dano
moral.
a) ex.: pessoa negativada por serviço de proteçaã o ao creá dito, que naã o chega a sofrer dano moral, abalo
psicoloá gico, mas houve dano aà imagem – imagem-retrato de algueá m na sociedade; nas hipoá teses quando
percebe a situaçaã o e acabara cancelando o registro, sem maiores consequü eê ncias;
b) ex.: revista utiliza sem autorizaçaã o de fotografia de uma pessoa conhecida para fazer sua publicidade,
sendo ela enaltecida e elogiada, sem nenhum dano moral e aà imagem, objetivamente falando, mas gera
indenizaçaã o pelo uso indevido da imagem.
Para a indenizaçaã o utiliza-se os paraê metros indicados em relaçaã o ao dano moral, aleá m do benefíácio que o
infrator dele auferiu (ex.: tiragem da revista e seu preço de capa, preço cobrado para inserçaã o de
publicidade do tamanho da foto utilizada etc).

14.6. Pessoa juríádica. Naã o sofre violaçaã o aà honra e intimidade, nem sofre dano moral (naã o sente dor), nem
dano esteá tico.
Pode sofrer dano aà imagem:
a) imagem-retrato que envolve nome, marca, logotipo, produtos, serviços, sinais, letras e síámbolos que o
representem; ex: uso indevido do nome sem autorizaçaã o;
b) imagem-atributo (reputaçaã o no meio social), no caso de atitude que denigra seu bom nome ou
reputaçaã o;
Tambeá m pode sofrer dano aà privacidade (divulgaçaã o de segredo industrial, foá rmula privada etc).
Sofreraá “dano moral” soá de “forma figurativa”.
A indenizaçaã o envolve danos emergentes e lucros cessantes. Utilizam-se os mesmos paraê metros vistos
antes para fixaçaã o do dano moral da pessoa fíásica, com alguns ajustes; assim, acrescentam-se os seguintes
paraê metros: a) intensidade real, concreta, efetiva do ato lesivo praticado; b) repercussaã o da ofensa, no
meio comercial, mercado e clientela especíáfica da ofendida; c) praá ticas atenuantes realizadas pelo ofensor
visando diminuir os danos do ofendido.

15. A RESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS: CULPA.

15.1. Por que esse profissional foi excluíádo do sistema geral? Haá vaá rias possibilidades:
a) Teraá sido pela caracteríástica “intuitu personae” dos serviços prestados pelo profissional liberal?
Essa caracteríástica eá importante (como entre cliente e psicoá logo), mas nem sempre ela acontece, como
quando um advogado eá contratado e presta serviço a grupo de pessoas, sendo que a maioria sequer o
conhece. Haá relaçaã o que envolve essa caracteríástica e outras naã o.
b) Seraá que a responsabilidade subjetiva tem relaçaã o com o tipo de atividade da profissaã o liberal,
caracterizada – naã o totalmente, como se veraá – como de meio e naã o como de fim?
Õ profissional naã o assegura o fim de sua proá pria atividade, naã o porque naã o queira, mas porque naã o pode
(psiquiatra afirmar que cliente obteraá a cura; advogado afirmar que cliente vai ganhar processo); o que se
pode fazer eá apresentar um percentual de eê xito (70, 80%). Mas haá atividades que saã o de fim (dentista que
examina radiografia e resolve extrair dente; advogado contratado para elaborar contrato de locaçaã o;
arquiteto contratado para planta da casa). Õ profissional liberal desenvolve tanto atividade-meio quanto
atividade-fim.
c) Õu seraá porque a atividade do profissional liberal eá diversa daquelas outras desenvolvidas no mercado,
que pressupoã e – como vimos – caá lculo de custo na relaçaã o com risco e benefíácio e produçaã o em seá rie?
Haá profissionais que naã o exploram atividade dentro do padraã o de produçaã o em massa, sem avaliar
risco/custo/benefíácio, mas haá os que exploram. Meá dicos passam da atividade liberal para clíánicas e
hospitais, planos de sauá de, cooperativas, passando portanto a serviços em massa. Isso modifica, por
exemplo, a forma de publicidade (vedada aos advogados e algumas categorias de profissionais liberais).
d) Por conta disso, cabe a indagaçaã o: o profissional liberal, se constituir sua atividade por meio de pessoa
juríádica profissional, soá por isso, perde esse privileá gio legal? Õu depende, nesse caso, do tipo de atividade
e da maneira como ela eá explorada?
Õ profissional liberal que constitui sociedade profissional (sociedade de advogados) para melhor
organizaçaã o fiscal de receitas e despesas, sem deixar de ser profissional liberal, naã o perde essa
caracteríástica. Entretanto, se a empresa eá de massa e se vale do profissional liberal, naã o pode invocar a
responsabilidade subjetiva deste uá ltimo, respondendo objetivamente (meá dico que presta serviço no
hospital; hospital responde objetivamente, meá dico responde, por via de regresso, em relaçaã o ao hospital,
soá por culpa);
e) Pergunta-se, entaã o, afinal: quem – ou o que – eá um profissional liberal?
Caminhos para sua identificaçaã o: a) caracterizaçaã o tradicional; b) dela extrai-se elementos para fixar os
paraê metros de caracterizaçaã o desse tipo de profissional. Õs claá ssicos saã o: advogado, meá dico, dentista,
contador, psicoá logo, etc. As caracteríásticas do trabalho desse profissional saã o: autonomia profissional,
com decisoã es tomadas por conta proá pria, sem subordinaçaã o; prestaçaã o do serviço feita pessoalmente,
pelo menos nos seus aspectos mais relevantes e principais; feitura de suas proá prias regras de
atendimento profissional, o que ele repassa ao cliente, tudo dentro do permitido pelas leis e em especial
da legislaçaã o de sua categoria profissional. Ainda haá necessidade de melhor formaçaã o jurisprudencial
para entender se caberia incluir profissoã es como cabelereiro, sapateiro, costureira, pertencer ou naã o a
profissão regulamentada.
f) Ao final de tudo, deve-se perguntar ainda, se a exceçaã o legal vale apenas para defeito ou tambeá m para
víácio, na medida em que a regra naã o surge no art. 20, que trata do víácio do serviço, mas na norma que
cuida do defeito apenas.
Por força da interpretaçaã o sistemaá tica deve concluir-se que tanto para víácio, como para defeito, haá
necessidade da responsabilidade subjetiva do profissional liberal.
RESUMÕ: responsabilidade subjetiva do profissional liberal: independe do fato de o serviço ser prestado
“intuitu personae”, firmado na confiança pessoal ou naã o; independe de a atividade ser meio ou fim;
independe de haver ou naã o constituíádo sociedade profissional (se for tíápica de massa, seraá objetiva); a
prerrogativa da responsabilidade subjetiva é pessoal, naã o gerando benefíácio ao que assume risco,
com caá lculo de custo-benefíácio e oferta de massa, elementos tíápicos do explorador do mercado de
consumo.
15.2. Õ oê nus da prova. EÉ sempre de quem alega, no caso, do consumidor. Pode haver inversaã o oê nus prova,
envolvendo prova do dano, do nexo de causalidade entre o dano e o serviço, com indicaçaã o do
profissional responsaá vel; depois, deve haver prova da culpa do profissional liberal, pois a
responsabilidade nesse caso naã o eá objetiva.

16. A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE REPARAÇÃO.

Art. 21 do CDC. A norma envolve prestador de serviços que faz consertos (concessionaá rias de veíáculos ao
fazer reparos mecaê nicos, eleá tricos, de lataria etc.; assisteê ncias teá cnicas de eletrodomeá sticos e
eletroeletroê nicos etc.).
Resumo – na reparaçaã o de produtos:
a) o prestador do serviço tem sempre de se utilizar de componentes dentro das especificaçoã es teá cnicas
do fabricante;
b) tais componentes, se forem novos, naã o precisam de autorizaçaã o do consumidor para ser utilizados;
c) se estiverem dentro do contido nas letras “a” e “b” anteriores, as peças podem ser originais ou naã o
originais, mesmo sem a autorizaçaã o do consumidor;
d) para a utilizaçaã o de peças ou componentes de reposiçaã o usados ou recondicionados, eá necessaá ria a
autorizaçaã o do consumidor (pode ser verbal, mas naã o se aconselha, pois pode implicar em eventual
responsabilidade do fornecedor em relaçaã o ao aspecto de prova – aconselha-se que conste do proá prio
orçamento).

Art. 24. A garantia legal de adequaçaã o do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneraçaã o contratual do fornecedor.
Art. 25. EÉ vedada a estipulaçaã o contratual de claá usula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigaçaã o de indenizar prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsaá vel pela causaçaã o do dano, todos responderaã o solidariamente pela
reparaçaã o prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, saã o
responsaá veis solidaá rios seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporaçaã o.

SEÇAÕ Õ IV
Da Decadeê ncia e da Prescriçaã o

Art. 26. Õ direito de reclamar pelos víácios aparentes ou de faá cil constataçaã o caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos naã o duraá veis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duraá veis.

§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do teá rmino
da execuçaã o dos serviços.

§ 2° Õbstam a decadeê ncia:

I - a reclamaçaã o comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e


serviços ateá a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequíávoca;

II - (Vetado).

III - a instauraçaã o de inqueá rito civil, ateá seu encerramento.

§ 3° Tratando-se de víácio oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado
o defeito.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensaã o aà reparaçaã o pelos danos causados por fato do produto
ou do serviço prevista na Seçaã o II deste Capíátulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.

Paraá grafo uá nico. (Vetado).

17. A GARANTIA DOS PRODUTOS E SERVIÇOS.

Art. 24 regula a GARANTIA LEGAL de ADEQUAÇAÕ Õ (QUALIDADE PARA ATINGIMENTÕ DÕ FIM A QUE SE
DESTINA; SEGURANÇA PARA NAÕ Õ CAUSAR DANÕS, DURABILIDADE E DESEMPENHÕ) DÕS PRÕDUTÕS E
SERVIÇÕS.
Independe de qualquer manifestaçaã o do fornecedor, que estaá proibido de DESÕNERAR-SE em relaçaã o a
ela (art. 25).

17.1. Prazo de garantia. Para entender o prazo de garantia legal, deve-se fazer interpretaçaã o loá gico-
sistemaá tica entre arts. 24 e 26. Haá tambeá m a garantia contratual ou “garantia de faá brica” (art. 50), que
pode ser ampliada.
17.1. Garantia legal. Art. 24 preveê “garantia legal de adequaçaã o do produto ou serviço”. Havendo víácio
aplicam-se os arts. 18 a 20, mas haá prazo determinado para reclamar (art. 26): 30 dias produtos e
serviços não duráveis (produto naã o duraá vel eá aquele que se extingue ou se vai extinguindo com a
utilizaçaã o; serviço naã o duraá vel eá o que se extingue uma vez prestado); 90 dias produtos e serviços
duráveis (produto que naã o se extingue com o uso; leva tempo para se desgastar; serviço duraá vel e o que
tem continuidade no tempo).
17.1.2. Início da contagem do prazo: entrega efetiva do produto ou teá rmino da execuçaã o dos serviços
(art. 26, § 1°). EÉ garantia tambeá m ao fornecedor, equilibrando a relaçaã o de consumo. Õ prazo naã o eá muito
longo, tanto que muitos produtos oferecem garantia contratual muito superior (ateá como estrateá gia de
venda). Esse prazo ocorre para víácios APARENTES ou de FAÉ CIL CÕNSTATAÇAÕ Õ; na hipoá tese de víácio
oculto, o prazo para reclamar da garantia legal somente tem iníácio quando de seu surgimento.
17.2. Vício de fácil constatação e vício oculto. Art. 26. Aparente eá o víácio de “faá cil constataçaã o” (ex.: TV
que naã o sintoniza canais). Õculto seraá quando simultaneamente “naã o puder ser verificado no mero exame
do produto ou serviço” e “ainda naã o estiver provocando a impropriedade ou inadequaçaã o ou diminuiçaã o
do valor do produto ou serviço”. Naã o seraá oculto o víácio facilmente constatado mas naã o percebido pelo
consumidor (risco na lataria do veíáculo), nem quando o consumidor naã o sabe o motivo do naã o
funcionamento (parabrisa que naã o funciona, mas naã o sabendo exatamente o que ocorre internamente).
Ex. víácio oculto: veíáculo leve trinca barra de direçaã o; apoá s meses de uso a barra quebra.
17.3. Produtos usados. Teraá garantia, desde que constitua relaçaã o de consumo, com mesmos prazos.
Deve-se considerar que um produto usado “naã o tem as mesmas propriedades, nem funciona como um
novo”. Entaã o a garantia deve ser avaliada de acordo com o produto (se compra veíáculo usado, naã o pode
esperar que pneus naã o estejam desgastados, assim como demais componentes; se compra tv usada, naã o
pode esperar nitidez e brilho de uma nova). Daíá a importaê ncia de se inserir no contrato as caracteríásticas
reais do produto usado (naã o basta expressaã o “no estado”). Aplica-se tambeá m a questaã o do víácio oculto
(ex. veíáculo novo repassado a terceiro, quando víácio oculto se manifesta, retroagindo a responsabilidade
da montadora).
17.4. Oferta de garantia. Quando se oferece prazos de garantia de 30, 60 ou 90 dias para produtos
duraá veis, estaá sendo ampliado o prazo para reclamar. Assim, findo esse prazo, conta-se o prazo legal.
17.5. Õ oá bvio da qualidade, finalidade e adequaçaã o. A norma apresenta aspecto de certa forma
desnecessaá rio para ampliar o entendimento de que o produto deve atender o fim ao qual se destina. Nos
EUA existe sistema do “money-back”, onde consumidor pode devolver produto, sem justificativa, desde
que naã o fique satisfeito plenamente. Õ princíápio eá de que, se o consumidor paga pelo bem, se daá seu
dinheiro, tem de ficar absolutamente satisfeito; ateá porque o risco disso eá do fornecedor.
17.6. Vedada a exoneração do fornecedor. Naã o pode o fornecedor negar a garantia legal, pois seria o
mesmo que afirmar que “naã o se responsabiliza pelo funcionamento do produto ou do serviço”, o que seria
um absurdo.
17.7. Garantia contratual. Art. 50. EÉ complementar aà garantia legal, conferida mediante termo escrito,
mas naã o obrigatoá ria. Deve ser escrita a garantia contratual e interpreta-se contra o “fornecedor-
estipulante” em caso de duá vida. Õ art. 50 refere-se aà garantia no manual de instruçoã es (que eá
obrigatoá rio), enquanto a garantia contratual eá facultativa.

18. OS PRAZOS PARA RECLAMAR, A DECADÊNCIA E A PRESCRIÇÃO.

18.1. Õ regime tradicional. Exame e distinçaã o entre decadeê ncia e prescriçaã o comporta discussoã es
doutrinaá rias e posiçoã es diferentes. Decorre do princíápio “dormientibus non succurit jus”. Prazos
decadenciais na tradiçaã o juríádica naã o se interrompem, nem se suspendem, o que acontece com prazos
prescricionais. Na interrupçaã o o prazo volta a correr do termo inicial; recomeça a ser contado. Na
suspensaã o, o prazo fica parado, ateá cessaçaã o dos efeitos da causa de suspensaã o, recomeçando de onde
parou. Para o CDC a situação é diferente.
18.2. Novo modelo. CDC usou verbo “obstar” (obstaculizaçaã o) – art. 26, § 2°; as causa naã o saã o nem
suspensivas nem interruptivas; a reclamação formulada no prazo tem efeito constitutivo do direito
consequente do consumidor.
18.3. Víácio de faá cil constataçaã o; produto ou serviço duraá vel e naã o duraá vel (art. 26); prazo de 30 e 90 dias
para exercíácio do direito, sem o que opera-se a decadência. Iníácio do prazo eá da entrega efetiva ou
prestaçaã o do serviço. Garantia complementar (art. 50), no sentido mais beneá fico ao consumidor: havendo
um termo final de garantia, o que acontece eá que o prazo para reclamar continua o mesmo, mas o dies a
quo eá postergado para o final do tempo de garantia contratual (se haá garantia de 180 dias, esse prazo eá de
adequaçaã o do produto; se apresentar víácio, teraá 30 ou 90 dias apoá s o teá rmino da garantia para reclamar);
se fornecedor não dá prazo, 30 ou 90 dias correm do dia da aquisição ou término do serviço.
18.4. A obstaculizaçaã o da decadeê ncia. Art. 26, § 2°. Naã o se trata de suspensaã o ou interrupçaã o. Assim, os
prazos do art. 26 saã o para constituiçaã o do direito material. A partir daí, não resolvido o problema, o
prazo de ação será do art. 27, por analogia (responsabilidade por fato do produto ou do serviço).
Diversas teorias a respeito. Assim, feita a reclamaçaã o pelo consumidor, abre-se o prazo de 30 dias para
soluçaã o do problema em caso de produtos duraá veis (naã o resolvido, o prazo seraá de 5 anos para propor a
açaã o); nas situaçoã es em que eá possíável a exigeê ncia de imediato para sanar o víácio, o consumidor pode
fixar prazo para soluçaã o, findo o qual passa a poder exercer seu direito subsequü ente; se consumidor naã o
fixar prazo, deve entender-se que fornecedor deve prestar resposta em 24 horas, sem o que o direito do
consumidor fica constituíádo.
18.5. A reclamaçaã o do consumidor.
Pode ser verbal, pessoalmente ou por telefone. Problema eá de prova, recomendando-se que seja escrita;
entrega mediante protocolo, Cartoá rio Tíátulo e Documentos, carta com A.R. Deve-se respeitar o uso dos
S.A.C., determinando-se a inversaã o do oê nus da prova.
Pode ser perante órgão de defesa do consumidor (PRÕCÕN). Õ inciso II, paraá grafo 2°, do art. 26 previa
nesse sentido, mas foi vetado. RIZZATTÕ entende que eá cabíável esse tipo de reclamaçaã o para obstar
decadeê ncia, pois razoã es de veto foram equivocadas.
A data da obstaculizaçaã o eá do dia da apresentaçaã o da reclamaçaã o ao oá rgaã o puá blico.
A reclamação pode ser feita perante qualquer pessoa da empresa (ou recebida pelo correio) . A
norma naã o eá processual e naã o haá rigor ligado aà legitimidade passiva. Quando o consumidor compra o
produto ou serviço, naã o eá atendido pelo soá cio, dono, representante legal; logo, na hora de reclamar vale a
formulaçaã o feita perante qualquer dos seus empregados.
A resposta ao consumidor deve ser transmitida de “forma inequíávoca”; se positiva, o consumidor estaá
garantido; se negativa, cessa o efeito obstaculizador no momento em que o consumidor toma cieê ncia da
resposta; se resposta vier pelo oá rgaã o puá blico de defesa do consumidor, deve ser considerada vaá lida a data
em que o consumidor dela tomou cieê ncia no oá rgaã o.

18.6. A instauraçaã o do Inqueá rito Civil. Art. 26, § 2°, III. Carece de interpretaçaã o extensiva, para reconhecer
que a decadeê ncia fica obstada “da data da apresentaçaã o da reclamaçaã o junto ao Ministeá rio Puá blico”. Isso
porque entre o recebimento da reclamaçaã o e instauraçaã o do IC pode demandar algum tempo, talvez ateá
superior ao prazo decadencial, em razaã o da anaá lise e colheita de informaçoã es preliminares quanto aà
necessidade ou naã o de instauraçaã o. Ainda, pode chegar-se aà conclusaã o de naã o ser caso de instaurar o IC,
em razaã o de mero direito individual do consumidor.
18.7. Prescrição. Regulada pelo art. 27, relacionado aos defeitos, que geram dano material (dano
emergente e/ou lucros cessantes) e/ou moral. Aplica-se tambeá m a qualquer situaçaã o relativa a relaçaã o
juríádica de consumo.
Õ CDC reduziu o prazo do Direito Civil que era 20 anos. Novo Coá digo Civil (2002) reduziu o prazo para 3
anos para reparaçaã o civil (art. 206, § 3°, V), mas no regime do CDC manteá m o prazo previsto no CDC de 5
anos.

18.8. Início da contagem do prazo. Art. 27 determina a partir do conhecimento do dano e conhecimento
de sua autoria. Pode acontecer de sofrer danos e depois de algum tempo conseguir identificar o
responsaá vel pelo produto. EÉ da conjugaçaã o dos dois elementos que se pode considerar iniciado o curso do
prazo prescricional.

18.9. As causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescriçaã o. Õ par. UÉ nico do art. 27 foi vetado
(embora de forma incorreta); de qualquer forma aplicam-se as situaçoã es previstas no CC, isso porque o
art. 7° do CDC permite aplicaçaã o de normas que naã o sejam com ele incompatíáveis, aplicando-se o CC no
que se refere aà s disposiçoã es gerais sobre prescriçaã o (arts. 189 a 196 do CC), bem como as causas que
impedem ou suspendem a prescriçaã o quando compatíáveis (art. 197 a 201 do CC) ou interrompem (arts.
202 a 204 do CC).

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