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1. IMPORTÂNCIA DO TEMA
ECÕNÕMIA
TRABALHÕ
RENDA
TRIBUTÕS, ÕRÇAMENTÕ
SERVIÇÕS PUÉ BLICÕS ESSENCIAIS
DIREITÕ CÕNSTITUCIÕNAL
EMPRESARIAL
CIVIL e PENAL (crimes)
d) CDC naã o exclui direitos dos empresaá rios, mas incentiva os que cumprem leis e respeitam o consumidor
(produtos de qualidade, seguros e preços acessíáveis).
a) DEFINIÇAÕ Õ DE PRINCIÉPIÕS: vigas mestras, alicerces sobre os quais se constroá i o sistema juríádico;
“supranormas” que agem como regras hierarquicamente superiores aà s proá prias normas positivadas no
conjunto das proposiçoã es escritas;
CDC - Art. 7° Õs direitos previstos neste coá digo naã o excluem outros decorrentes de tratados ou
convençoã es internacionais de que o Brasil seja signataá rio, da legislaçaã o interna ordinaá ria, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem
dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
Dignidade da pessoa humana – fundamento da Repuá blica (art. 1° CF); “piso vital míánimo”
(direitos sociais – art. 6° CF, educaçaã o, sauá de, trabalho, moradia, lazer, segurança, prevideê ncia social,
proteçaã o aà maternidade e aà infaê ncia, assisteê ncia aos desamparados)
Liberdade – fundamento da Repuá blica (art. 1°, IV, CF), e princíápio da ordem econoê mica (art. 170
CF): “livre iniciativa”; objetivo fundamental da República: sociedade livre, justa e solidaá ria (art. 3° CF);
liberdade de açaã o, do empresaá rio empreender e do consumidor agir e escolher (o que nem sempre eá
possíável, pois naã o tem controle dos meios de produçaã o); o Estado deve fiscalizar pois haá situaçoã es de
necessidade (comer, beber, usar de transporte, etc.), intervindo para garantia da dignidade da pessoa
humana;
Justiça - objetivo fundamental da República: sociedade livre, justa e solidaá ria (art. 3° CF);
justiça real (realidade social concreta na busca da paz e harmonia social – bem comum);
respeito ao ordenamento juríádico (segurança juríádica), com uso da equidade (atenuar os rigores
do texto normativo; justo, correçaã o da justiça legal, justiça no caso concreto);
mandamentos dos advogados: “Teu dever é lutar pelo direito, mas no dia em que
encontrares o direito em conflito com a justiça, luta pela justiça”;
pobreza - objetivo fundamental da República: erradicar a pobreza e a marginalizaçaã o e reduzir
as desigualdades sociais e regionais (art. 3° CF); isso deve ser considerado na interpretaçaã o do CDC;
Isonomia (ou igualdade) - art. 5° caput da CF e art. 3°, IV; igualdade de todos perante a lei, sem
distinçaã o de qualquer natureza; Aristoá teles: “dar tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais,
na medida dessa desigualdade”; cabe aà lei discriminar situaçoã es de tratamento diferenciado (idoso,
menor, pessoas portadoras de deficieê ncia, etc.);
eá o conjunto que poderaá designar o cumprimento ou naã o da violaçaã o da norma constitucional;
CDC reconhece a vulnerabilidade do consumidor, tendo fundamento no art. 5°, XXXII, 170, V;
turista: em tese naã o eá protegido pela norma (CF fala em brasileiro ou estrangeiro residente no
paíás); tratados internacionais promovem a proteçaã o; turismo gera divisas ao paíás; conceito de “residente”
eá amplo na espeá cie para abranger os que temporariamente estejam no territoá rio nacional;
Direito à vida - art. 5° CF; protege ateá contra pena de morte; vida digna e com qualidade (sauá de);
ex: fumar em lugar fechado;
Direito à intimidade, vida privada, honra e imagem - art. 5°, X, CF; proteçaã o contra praá ticas
abusivas; cobrança de díávida; uso indevido da imagem;
Princípios gerais da atividade econômica - art. 170 e paraá grafos CF; devem ser interpretados
em consonaê ncia com demais princíápios (dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e
valores sociais da livre iniciativa, construçaã o sociedade livre, justa, solidaá ria, erradicaçaã o da pobreza,
promoçaã o do bem comum sem preconceitos, isonomia sem distinçoã es)
Art. 170. A ordem econoê mica, fundada na valorizaçaã o do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existeê ncia digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princíápios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboraçaã o e prestaçaã o; (Redaçaã o dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - reduçaã o das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituíádas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administraçaã o no Paíás. (Redaçaã o dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Paraá grafo uá nico. EÉ assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorizaçaã o de oá rgaã os puá blicos, salvo nos casos previstos em lei.
Exige-se que o regime capitalista esteja fundado na dignidade da pessoa humana, nos valores
sociais e na cidadania, gerando, portanto ‘responsabilidade social’.
Õ consumidor naã o tem acesso aos meios de produçaã o, portanto possui hipossuficieê ncia teá cnica,
merecendo proteçaã o. A livre concorreê ncia implica em fornecer produtos melhores (qualidade) e mais
baratos (preço) que o concorrente, como forma a dar alguma opçaã o ao consumidor.
Õ empresaá rio tem direito ao lucro, mas assume tambeá m os riscos, pois se tiver prejuíázo a
responsabilidade eá sua, naã o devendo ser repassado ao consumidor.
Princípio da Eficiência – art. 37, “caput”, e art. 175, IV, da CF, direcionado aos serviços puá blicos
em termos de adequaçaã o e eficieê ncia (que funciona):
Art. 37. A administraçaã o puá blica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uniaã o, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municíápios obedeceraá aos princíápios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficieê ncia e, tambeá m, ao seguinte:
Art. 175. Incumbe ao Poder Puá blico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessaã o ou
permissaã o, sempre atraveá s de licitaçaã o, a prestaçaã o de serviços puá blicos.
...
Informação (direito de informar e de ser informado – art. 5°, LXXII), com limites (situações
de sigilo)
A informaçaã o estaá ligada ao princíápio da moralidade, ou seja, naã o se pode faltar com a verdade
daquilo que se informa, seja por afirmaçaã o, seja por omissaã o.
b) Regime capitalista, mas com limitaçoã es (dignidade humana; valoriza o trabalho, livre iniciativa e a
defesa do consumidor - art. 170, V, CF);
Art. 1° Õ presente coá digo estabelece normas de proteçaã o e defesa do consumidor, de ordem puá blica e
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituiçaã o Federal e art. 48 de
suas Disposiçoã es Transitoá rias.
sistema de produção massificado; teoria do risco (do produto, serviços) levou ao surgimento da
responsabilidade objetiva (sem culpa); deve-se privilegiar o coletivo e o difuso;
subsistema próprio, com princípios constitucionais; meá todo de interpretaçaã o “loá gico-
sistemaá tico” e “teleoloá gico” (finalidade da norma, que permite entender seus princíápios e finalidades);
é norma de ordem pública e de interesse social (art. 1° CDC), geral e principiológica;
se houver leis que confrontem com suas disposiçoã es, eá o CDC que deve prevalecer;
Art. 4º A Políática Nacional das Relaçoã es de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito aà sua dignidade, sauá de e segurança, a proteçaã o de seus
interesses econoê micos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transpareê ncia e harmonia das
relaçoã es de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redaçaã o dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
d) pela garantia dos produtos e serviços com padroã es adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.
III - harmonizaçaã o dos interesses dos participantes das relaçoã es de consumo e compatibilizaçaã o da
proteçaã o do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econoê mico e tecnoloá gico, de modo a
viabilizar os princíápios nos quais se funda a ordem econoê mica (art. 170, da Constituiçaã o Federal), sempre
com base na boa-feá e equilíábrio nas relaçoã es entre consumidores e fornecedores;
IV - educaçaã o e informaçaã o de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com
vistas aà melhoria do mercado de consumo;
I - a proteçaã o da vida, sauá de e segurança contra os riscos provocados por praá ticas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educaçaã o e divulgaçaã o sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contrataçoã es;
III - a informaçaã o adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificaçaã o correta
de quantidade, caracteríásticas, composiçaã o, qualidade, TRIBUTÕS INCIDENTES (acreá scimo Lei
12741/12) e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteçaã o contra a publicidade enganosa e abusiva, meá todos comerciais coercitivos ou desleais,
bem como contra praá ticas e claá usulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificaçaã o das claá usulas contratuais que estabeleçam prestaçoã es desproporcionais ou sua
revisaã o em razaã o de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VII - o acesso aos oá rgaã os judiciaá rios e administrativos com vistas aà prevençaã o ou reparaçaã o de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteçaã o Juríádica, administrativa e
teá cnica aos necessitados;
VIII - a facilitaçaã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversaã o do oê nus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a criteá rio do juiz, for verossíámil a alegaçaã o ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinaá rias de experieê ncias;
IX - (Vetado);
Art. 7° Õs direitos previstos neste coá digo naã o excluem outros decorrentes de tratados ou convençoã es
internacionais de que o Brasil seja signataá rio, da legislaçaã o interna ordinaá ria, de regulamentos expedidos
pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do
direito, analogia, costumes e equidade.
Paraá grafo uá nico. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparaçaã o dos danos previstos nas normas de consumo.
Dignidade;
Proteção e necessidade – art. 1° CDC caraá ter protecionista e de interesse social; ex: alimentos,
medicamentos; liberdade de agir e escolher;
Vulnerabilidade – parte fraca; meios de produçaã o saã o monopoá lio dos fornecedores; consumidor
soá tem como optar pelo que estaá no mercado;
Igualdade nas contratações – isonomia; naã o se pode fazer distinçaã o entre consumidores;
mesmas condiçoã es a todos consumidores; admite-se certos privileá gios para os que necessitam proteçaã o
especial (idosos, gestantes, crianças);
Proibição de práticas abusivas - doutrina do abuso do direito; nulidade das claá usulas
contratuais abusivas;
Prevenção e reparação de danos materiais e morais – impede claá usula que restrinja o valor da
indenizaçaã o (deve ser integral, completa); acesso aà justiça (direitos individuais, coletivos e difusos);
Assistência jurídica – advogado (defensor puá blico) gratuito, desde que comprovada situaçaã o de
careê ncia de recursos; inclui PRÕCÕN, MP etc.; Juizado Especial Cíável dispensa advogado ateá 20 salaá rios
míánimos;
Responsabilidade solidária (além de ser objetiva) – art. 7°, paraá grafo uá nico, CDC; consumidor
pode escolher a quem acionar, um ou todos (litisconsoá rcio facultativo);
Art. 2° Consumidor eá toda pessoa fíásica ou juríádica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinataá rio final.
Paraá grafo uá nico. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminaá veis, que
haja intervindo nas relaçoã es de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seçaã o, equiparam-se aos consumidores todas as víátimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capíátulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determinaá veis ou naã o, expostas aà s praá ticas nele previstas.
d) “toda vez que o produto e/ou o serviço puderem ser utilizados como bem de consumo, incide
na relaçaã o as regras do CDC”; exemplos: caneta adquirida por um estudante, ou professor que presta
serviço, aá gua, eletricidade, dinheiro emprestado por um banco, porque tais bens saã o utilizados tanto por
consumidores como por fornecedores;
e) coletividade de pessoas: art. 2°, p. uá nico; incluem massa falida, condomíánio, sociedade de fato;
f) determináveis ou não: art. 29; reclamem ou naã o; conceito difuso de consumidor; ampliaçaã o do
conceito de consumidor; pessoas expostas aà s praá ticas comerciais;
g) consumidor por equiparação - vítimas do evento (art. 17): ex.: queda de aviaã o, todos os
passageiros (consumidores do serviço) saã o atingidos pelo evento danoso (acidente de consumo), se cai
em aá rea residencial, tambeá m seraã o os que sofrerem danos aà integridade fíásica ou ao patrimoê nio (que naã o
tinham participado da relaçaã o de consumo), equiparadas à figura de consumidor;
Art. 3° Fornecedor eá toda pessoa fíásica ou juríádica, puá blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produçaã o, montagem, criaçaã o,
construçaã o, transformaçaã o, importaçaã o, exportaçaã o, distribuiçaã o ou comercializaçaã o de produtos ou
prestaçaã o de serviços.
a) conceito amplo: todas as pessoas capazes (fíásicas ou juríádicas), aleá m dos entes desprovidos de
personalidade (massa falida, condomíánio, sociedades de fato); pessoas juríádicas puá blicas ou privadas,
nacionais ou estrangeiras, com sede ou naã o no Paíás, as S.A., as LTDA., sociedades civis, com ou sem fins
lucrativos, fundaçoã es, sociedades de economia mista, empresas puá blicas, autarquias, oá rgaã os da
Administraçaã o direta;
d) fornecedor é gênero, sendo que o CDC preveê espécies como: fabricante, produtor, construtor,
importador e comerciante;
Art. 8° Õs produtos e serviços colocados no mercado de consumo naã o acarretaraã o riscos aà sauá de ou
segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíáveis em decorreê ncia de sua
natureza e fruiçaã o, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipoá tese, a dar as informaçoã es necessaá rias
e adequadas a seu respeito.
Paraá grafo uá nico. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informaçoã es a
que se refere este artigo, atraveá s de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.
Art. 10. Õ fornecedor naã o poderaá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade aà sauá de ou segurança.
§ 2° Õs anuá ncios publicitaá rios a que se refere o paraá grafo anterior seraã o veiculados na imprensa,
raá dio e televisaã o, aà s expensas do fornecedor do produto ou serviço.
6.1. Problemas de redaçaã o do CDC. Haá certa contradiçaã o (arts. 8, 9° e 10); art. 9° acaba aceitando
produtos e serviços potencialmente nocivos.
6.2. Art. 8° CDC. Devem as duas proposiçoã es serem interpretadas em conjunto, sem o que naã o haveria
como permitir a venda de cigarros.
a) ex.: liquidificador, sem uso normal e previsíável causa seá rios riscos;
b) tem-se por base um conhecimento-padrão existente no mercado; esse conhecimento eá tanto
o usual, adquirido no senso comum, quanto o formal, adquirido nos cursos de formaçaã o;
c) um automoá vel exige conhecimento por curso de formaçaã o, naã o se admitindo que qualquer pessoa
faça uso direto dele sem habilitaçaã o.
6.4. Informações necessárias e adequadas.
a) obrigaçaã o dos fornecedores;
b) a informaçaã o eá elemento inerente ao produto ou serviço, bem como a maneira como deve ser
fornecida (correta, clara, precisa, ostensiva e no vernaá culo;
c) deve-se informar sobre os riscos que naã o saã o normais e previsíáveis em decorreê ncia da natureza e
fruiçaã o dos produtos e serviços; ex: faca e automoá vel (seraá preciso informar que o uso da faca contra o
corpo pode causar seá rias lesoã es? Se a pessoa se cortar o fornecedor seraá responsabilizado pela falta de
informaçaã o?);
d) se o uso e funcionamento do produto e do serviço for de conhecimento-padrão do consumidor
(normal e previsível) o fornecedor naã o precisa dar a informaçaã o; mas se o produto for novo e
desconhecido do consumidor o fornecedor deve exaustivamente apresentar todas as informaçoã es
quanto aos riscos aà sauá de e segurança daquele (ex.: triturador novo, cujo manuseio ainda naã o eá do
conhecimento-padraã o);
6.5. Proibição de fumar.
a) a Lei 9294/96 fez restriçoã es aà publicidade de produtos fumíágeros, bebidas alcooá licas,
medicamentos e terapias, proibindo o uso dos cigarros e afins em algumas situaçoã es: recintos coletivos,
privados ou puá blicos, salvo aá reas especíáficas e isoladas do restante do ambiente; aeronaves (por decisaã o
judicial estaá proibido independentemente do tempo de voê o); a Lei 12546/11 alterou dispositivos e
excluiu “fumoá dromos”;
b) a Lei Estadual 13.541/09 eá mais restritiva em relaçaã o aà proibiçaã o de fumar em recintos puá blicos e
privados;
6.6. Impressos.
a) Art. 8° CDC: obrigaçaã o do fabricante de fornecer as informaçoã es em impressos que devem
acompanhar o produto;
b) designaçaã o eá exemplificativa: no caso do importador cabe a ele fornecer as informaçoã es ou fazer a
traduçaã o das que jaá existirem; a auseê ncia constitui crime (art. 63).
6.7. Potencialidade de nocividade e periculosidade.
a) Art. 9°: permissaã o de fabricaçaã o e venda, desde que sejam “potencialmente” nocivos ou perigosos
(se houver “alto grau” de nocividade e periculosidade haveraá proibiçaã o de venda – art. 10);
b) a norma eá vaga e de difíácil interpretaçaã o, dependendo do caso concreto; o conceito eá vago (do que
se chama “zona de penumbra”).
6.8. Informações cabais. No caso do art. 9° a lei acaba exigindo informaçoã es especiais, aleá m das
regularmente exigidas.
6.9. Responsabilidade objetiva. Art. 10: “sabe ou devia saber”; se sabe que eá alto o grau de nocividade
ou periculosidade age com dolo; se devia saber eá porque agiu com culpa (negligeê ncia, imprudeê ncia e
imperíácia); isso vale para fins penais (art. 64); na aá rea cíável a responsabilidade eá sempre objetiva,
independentemente de prova do dolo ou culpa (salvo na situaçaã o dos profissionais liberais).
7. O “RECALL”.
7.1. Art. 10, §1°. A norma pretende que o fornecedor impeça ou procure impedir, ainda que tardiamente,
que o consumidor sofra algum dano ou perda em funçaã o de víácio que o produto ou serviço tenham
apresentado apoá s a comercializaçaã o.
7.2. Tem em vista as produçoã es em seá rie (defeitos que podem comprometer um lote de produtos com os
mesmos componentes que apresentaram tais defeitos).
7.3. Modos de efetuar o “recall”.
a) Art. 10, § 2°. Fornecedor deve utilizar todos os meios de comunicaçaã o disponíáveis (com despesas
por sua conta), mas naã o soá , eá preciso interpretaçaã o extensiva, para envolver correspondeê ncia, telegrama,
telefonema, mensageiros observando-se o cadastro das vendas realizadas, ou seja, obriga o fornecedor
a encontrar o consumidor por todos os meios possíveis.
b) e se o consumidor não for encontrado? A responsabilidade eá objetiva; o “recall” naã o afasta a
responsabilidade do fornecedor, na hipoá tese de o chamado naã o chegar ao consumidor e o produto
apresentar defeito; salvo hipoteticamente quando demonstrado que a culpa eá exclusiva do consumidor
(arts. 12, § 3°, III, 14, § 3°, II) ou culpa concorrente do consumidor, caso ele receba o chamado e o
negligencie.
8.2. Risco/custo/benefíácio:
a) deve-se considerar o binoê mio custo-benefício e a variaá vel relacionada ao risco, que inclui
previsaã o do CDC de produtos e serviços voltados para a adequação, finalidade, proteção à saúde,
segurança e durabilidade, complementado pela informação;
b) resume-se no termo QUALIDADE, sem o que naã o haá respeito aos direitos básicos do
consumidor (risco/custo/benefíácio, ligado aà produçaã o em seá rie);
8.3. Produçaã o em seá rie (sociedades de massa – produçaã o massificada) decorre da Revolução Industrial:
a) aglomeraçaã o de pessoas, aumento da complexidade e necessidade social;
b) permite diminuição de custos e aumento do lucro;
c) maior incremento com surgimento roboá tica, telefonia por sateá lite, transaçoã es eletroê nicas,
computaçaã o etc.
Haá certa confusaã o no CDC entre esses conceitos, havendo primeiro definiçaã o de defeito, mas para
entender este eá preciso primeiro conhecer o significado de víácio.
10.1. Vício.
a) apesar de lembrar do víácio redibitoá rio do direito civil, com ele naã o se confunde, pois tem regra
proá pria no CDC;
b) trata-se das características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou
serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam
o valor;
c) tambeá m entre a disparidade havida em relaçaã o aà s indicaçoã es constantes do recipiente,
embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitaá ria;
d) ex.: problemas que fazem que produto naã o funcione adequadamente (liquidificador que naã o
gira) ou funcione mal (tv sem som; automoá vel que morre a toda hora); diminua o valor do produto (risco
na lataria do automoá vel, mancha no terno); naã o estejam de acordo com informaçaã o (produto com 400 ml,
quando indica 500 ml; com 4,8 kg quando indica 5 Kg); serviços com funcionamento insuficiente
(desentupimento de banheiro, que alaga no dia seguinte; carpete que descola rapidamente).
e) podem ser aparentes (de faá cil constataçaã o) ou ocultos (soá aparece algum ou muito tempo apoá s
uso, por estarem inacessíáveis ao consumidor; naã o podem ser detectados na utilizaçaã o ordinaá ria).
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por víácios ou
defeitos ocultos, que a tornem improá pria ao uso a que eá destinada, ou lhe diminuam o valor.
Paraá grafo uá nico. EÉ aplicaá vel a disposiçaã o deste artigo aà s doaçoã es onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.
Art. 443. Se o alienante conhecia o víácio ou defeito da coisa, restituiraá o que recebeu com perdas e
danos; se o naã o conhecia, taã o-somente restituiraá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienataá rio,
se perecer por víácio oculto, jaá existente ao tempo da tradiçaã o.
Art. 445. Õ adquirente decai do direito de obter a redibiçaã o ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for moá vel, e de um ano se for imoá vel, contado da entrega efetiva; se jaá estava na
posse, o prazo conta-se da alienaçaã o, reduzido aà metade.
§ 1o Quando o víácio, por sua natureza, soá puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-aá do
momento em que dele tiver cieê ncia, ateá o prazo maá ximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens
moá veis; e de um ano, para os imoá veis.
Art. 446. Naã o correraã o os prazos do artigo antecedente na constaê ncia de claá usula de garantia; mas o
adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob
pena de decadeê ncia.
10.2. Defeito (CDC trata como “fato do produto ou do serviço” – art. 12)
a) o defeito pressupoã e o víácio; haá víácio sem defeito, mas naã o haá defeito sem víácio; o víácio eá
inerente, intríánseco ao produto ou serviço em si;
b) o defeito eá o víácio acrescido de um problema extra, alguma coisa extríánseca ao produto ou
serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mal funcionamento, o naã o-funcionamento, a
quantidade errada, a perda do valor pago;
c) o defeito tem ligaçaã o com o víácio, mas, em termos de dano causado ao consumidor, é mais
devastador;
d) o vício atinge o produto ou serviço, não a pessoa do consumidor; o defeito vai além do
produto ou serviço e atinge o consumidor em seu patrimônio jurídico mais amplo (seja moral,
material, estético ou da imagem); assim, soá se fala em acidente de consumo na hipoá tese de DEFEITÕ;
SEÇAÕ Õ III
Da Responsabilidade por Víácio do Produto e do Serviço
Art. 18. Õs fornecedores de produtos de consumo duraá veis ou naã o duraá veis respondem
solidariamente pelos víácios de qualidade ou quantidade que os tornem improá prios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicaçoã es constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitaá ria, respeitadas as variaçoã es decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituiçaã o das partes viciadas.
§ 1° Naã o sendo o víácio sanado no prazo maá ximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e aà sua escolha:
I - a substituiçaã o do produto por outro da mesma espeá cie, em perfeitas condiçoã es de uso;
II - a restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuíázo de eventuais
perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderaã o as partes convencionar a reduçaã o ou ampliaçaã o do prazo previsto no paraá grafo anterior,
naã o podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesaã o, a claá usula
de prazo deveraá ser convencionada em separado, por meio de manifestaçaã o expressa do consumidor.
§ 3° Õ consumidor poderaá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em
razaã o da extensaã o do víácio, a substituiçaã o das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
caracteríásticas do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e naã o sendo possíável
a substituiçaã o do bem, poderaá haver substituiçaã o por outro de espeá cie, marca ou modelo diversos,
mediante complementaçaã o ou restituiçaã o de eventual diferença de preço, sem prejuíázo do disposto nos
incisos II e III do § 1° deste artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, seraá responsaá vel perante o consumidor o
fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
§ 6° Saã o improá prios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados,
nocivos aà vida ou aà sauá de, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de
fabricaçaã o, distribuiçaã o ou apresentaçaã o;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Art. 19. Õs fornecedores respondem solidariamente pelos víácios de quantidade do produto sempre
que, respeitadas as variaçoã es decorrentes de sua natureza, seu conteuá do líáquido for inferior aà s indicaçoã es
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitaá ria, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e aà sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementaçaã o do peso ou medida;
III - a substituiçaã o do produto por outro da mesma espeá cie, marca ou modelo, sem os aludidos víácios;
IV - a restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuíázo de eventuais
perdas e danos.
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.
§ 2° Õ fornecedor imediato seraá responsaá vel quando fizer a pesagem ou a mediçaã o e o instrumento
utilizado naã o estiver aferido segundo os padroã es oficiais.
Art. 20. Õ fornecedor de serviços responde pelos víácios de qualidade que os tornem improá prios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as
indicaçoã es constantes da oferta ou mensagem publicitaá ria, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e aà sua escolha:
I - a reexecuçaã o dos serviços, sem custo adicional e quando cabíável;
II - a restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuíázo de eventuais
perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecuçaã o dos serviços poderaá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor.
§ 2° Saã o improá prios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se
esperam, bem como aqueles que naã o atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparaçaã o de qualquer produto
considerar-se-aá implíácita a obrigaçaã o do fornecedor de empregar componentes de reposiçaã o originais
adequados e novos, ou que mantenham as especificaçoã es teá cnicas do fabricante, salvo, quanto a estes
uá ltimos, autorizaçaã o em contraá rio do consumidor.
Art. 22. Õs oá rgaã os puá blicos, por si ou suas empresas, concessionaá rias, permissionaá rias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, saã o obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contíánuos.
Paraá grafo uá nico. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigaçoã es referidas neste
artigo, seraã o as pessoas juríádicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste coá digo.
Art. 23. A ignoraê ncia do fornecedor sobre os víácios de qualidade por inadequaçaã o dos produtos e
serviços naã o o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequaçaã o do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneraçaã o contratual do fornecedor.
Art. 25. EÉ vedada a estipulaçaã o contratual de claá usula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigaçaã o de indenizar prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsaá vel pela causaçaã o do dano, todos responderaã o solidariamente pela
reparaçaã o prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, saã o
responsaá veis solidaá rios seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporaçaã o.
11.2. Responsabilidade: “fornecedores” (art. 18, caput), termo geneá rico (todos os partíácipes do ciclo de
produçaã o); respondem solidariamente. Ex.: dois consumidores compram liquidificadores na mesma
loja; um leva para casa, funciona e a paá quebra o vidro e atinge o consumidor (eá defeito); o outro ao ligar
naã o funciona (eá víácio); no caso do defeito deverá ser acionado o fabricante pelos danos causados;
no caso do vício, pode trocar na loja que fez a venda ou diretamente no fabricante.
11.3. Rol exemplificativo do art. 18: “assim como”, em conjugaçaã o com art. 18, § 6°, III (“os produtos que,
por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam”). A publicidade e informação
tambeá m podem causar víácio (ou defeito).
11.3.1. Vício de qualidade eá aquele que:
a) torne o produto impróprio ao consumo a que se destina (enlatado embolorado, podre – ainda naã o
ingerido); carnes, aves, peixes, com coloraçaã o improá pria, cheiro forte etc);
b) torne o produto inadequado ao consumo a que se destina (veíáculo com problema eleá trico,
eletrodomeá sticos em geral com avarias, tv que naã o sintoniza algum canal etc.);
c) diminua o valor do produto (automoá vel com amassado na lataria, risco, estofado furado etc);
d) esteja em desacordo com o contido:
d1) no recipiente (lata, pote, garrafa etc)
d2) na embalagem (caixa, saco etc.)
d3) no roá tulo (estampado no recipiente ou embalagem)
d4) na mensagem publicitaá ria
d5) na apresentaçaã o (no balcaã o, na vitrine, na prateleira etc)
d6) na oferta e informaçaã o em geral (dada verbalmente pelo telefone, pessoalmente, no folheto, livreto
etc)
11.8. Produtos “in natura”. § 5°, art. 18. Saã o os que naã o sofrem industrializaçaã o; direto dos produtores
(hortas, pomares, pastos, granjas). Saã o os hortifrutigranjeiros, os graã os, cereais, vegetais em geral,
legumes, verduras, carnes, aves, peixes etc. Inclui-se tambeá m os escolhidos, preá -lavados e empacotados,
sem processo de transformaçaã o ou industrializaçaã o.
Refere-se a produtos essenciais. Naã o aplica-se o prazo de 30 dias. Õ uso das prerrogativas eá imediato,
diretamente com o fornecedor imediato OU o produtor identificado, à sua escolha. A solidariedade
se manteá m, podendo acionar quaisquer deles ou ambos.
11.9. Os vícios de quantidade. Art. 19 CDC. A responsabilidade eá do fornecedor, termo geneá rico (todos
partíácipes do ciclo de produçaã o), havendo solidariedade entre eles. Õcorre sempre que houver perda,
prejuíázo ao consumidor, entre a quantidade prevista e efetivamente existente.
Quantidade refere-se a medidas em geral, naã o soá “conteuá do líáquido”.
É rol exemplificativo, podendo haver divergeê ncia em relaçaã o aà apresentaçaã o do produto (ex.: art. 31), na
oferta e informaçaã o em geral (feirante grita quantidade e preço), estipulada em contrato (metragem uá til
de aá rea construíáda), o pedido verbal (ou escrito) do comerciante (ex.: pedido 300 g de queijo fatiado
numa padaria).
Havendo diferentes fontes de indicação quanto à quantidade, prevalece a mais vantajosa ao
consumidor (ex.: construtora faz anuá ncio no jornal do preço e metragem de 150 m2, mais a aá rea da
garagem; ao fazer contato e pagar sinal, a proposta consta aá rea uá til de 155 m2; na escritura puá blica
consta aá rea de 160 m2; depois verifica que imoá vel tem 140 m2; a diferença a ele devida deve levar em
conta os 160 m2).
Naã o haá víácio de quantidade, “respeitadas as variações decorrentes de sua natureza” (sempre desde
que naã o afete a qualidade do produto; ex.: dentes de alho que murcham com o tempo, perdendo massa e
peso; combustíáveis líáquidos evaporam, como gaá s, gasolina).
Não há o prazo de 30 dias para solução, que deve ser imediata, aplicando-se art. 18, § 4° (conf. art. 19,
§ 1°).
Hipoá teses para soluçaã o do víácio de quantidade: vide incisos I a IV do art. 19. EÉ possíável em qualquer das
hipoá teses aplicar-se “sem prejuíázo de eventuais perdas e danos” (art. 19, IV), mas desde que mantido o
equilíábrio na relaçaã o juríádica. Naã o faz sentido pensar em perdas e danos se o consumidor conseguir de
imediato “complementar o peso ou medida faltante” ou “substituir o produto por outro em condiçoã es
adequadas”. Soá poderaá reclamar perdas e danos se ao exercer as prerrogativas dos incisos I, II e III, o
fornecedor negar-se a atendeê -lo, ou naã o conseguir efetivar tais alternativas por impossibilidade material.
Aplica-se: responsabilidade objetiva, solidariedade e inversão ônus da prova se aplicam, se bem que
em princíápio o oê nus eá do consumidor.
Defesa do fornecedor. Aplica-se o art. 12, § 3° e todas suas hipoá teses (aleá m do art. 14, § 3°, para
serviços).
12.6. Apesar de naã o haver refereê ncia quanto ao serviço, aplica-se o art. 18 quanto aà s “variações
decorrentes de sua natureza”, pois podem ocorrer variaçoã es naturais, que naã o chegam a ser víácios, em
especial quando oferecidos com um misto de produtos (ex.: pintura parede, que com o passar do tempo
pode escurecer ou clarear); tambeá m naã o haá víácio com o desgaste natural pelo uso (ex. freio do veíáculo que
com o tempo naã o funciona taã o bem).
12.7. Cessação do problema. Naã o haá previsaã o de prazo, como para o produto (30 dias), implicando
escolha do consumidor, desde logo, “alternativamente e aà sua escolha”, sem motivaçaã o, a saber:
a) reexecuçaã o quando possíável, sem custo adicional; haá situaçoã es que a reexecuçaã o parcial eá suficiente;
b) restituiçaã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de perdas e dano
(analisada em cada caso); tambeá m aqui pode haver restituiçaã o de parte do valor, pois nem sempre todo o
serviço estaá comprometido (ex.: uma parede de toda a casa mal pintada);
c) abatimento proporcional do preço.
12.8. ÕÔ nus da prova eá do consumidor, mas pode haver inversaã o. Prestador do serviço pode valer-se art.
14, § 3° para sua defesa.
12.9. Reexecuçaã o via terceiros. Art. 20, § 1°. A escolha eá do fornecedor ou consumidor? Soá pode ser do
consumidor, que pode escolher algueá m de confiança para reexecuçaã o do serviço, exatamente porque
perdeu a confiança no que prestou o serviço improá prio ou inadequado (ex.: se serviço de colocaçaã o de
proá tese dentaá ria causou dor e problemas na gengiva, como confiar no mesmo dentista para reexecuçaã o e
confiar que naã o passaraá pelos mesmos problemas).
12.10. Medidas Judiciais. Se prestador se recusa a resolver o problema, cabe açaã o de obrigaçaã o de fazer,
com antecipaçaã o de tutela, com multa diaá ria ou refazimento do serviço por terceiros.
12.11. Vícios de quantidade dos serviços. Apesar de naã o haver refereê ncia no art. 20, aplica-se por
interpretaçaã o extensiva o art. 19, para abranger tambeá m o víácio de quantidade dos serviços. E para
definir o que seja, usa-se da analogia o mesmo art. 19 e tudo quanto visto anteriormente: eá toda e
qualquer prestaçaã o de serviço em quantidade diversa (para menos) daquela paga pelo consumidor,
independentemente do tipo de medida (estacionamento de veíáculo e locaçaã o de automoá vel: por hora,
períáodo, dias, semanas, meses), observando-o o contido na: mensagem publicitaá ria (TV, raá dio, jornal,
revista, mala direta etc.); na apresentaçaã o (no calçaã o, no cartaz etc); na oferta e informaçaã o em geral
(dada verbalmente pelo telefone, pessoalmente, no folheto, livreto etc.); no contrato. Havendo
divergências nos diferentes meios de oferta, aplica-se a que for mais favorável ao consumidor.
12.12. Garantia. No caso de víácio de quantidade, aplica-se por analogia os arts. 19 e 20, tendo direito o
consumidor ao: abatimento proporcional do preço; execuçaã o do serviço na parte faltante; restituiçaã o da
parte da quantia jaá paga pelo serviço naã o prestado. Fica para a escolha do consumidor, sem necessidade
de justificativa.
13.1. Definição:
a) defeito pressupoã e víácio;
b) defeito eá tudo aquilo que gera dano aleá m do víácio; dano extríánseco; “acidente de consumo”
(termo muitas vezes improá prio – ex. inclusaã o indevida no SPC, eá defeito do serviço, mas naã o “acidente”);
c) CDC usa expressaã o “fato” do produto, ligado aà ideia de acontecimento.
13.2. Responsável:
a) art. 12 faz refereê ncia aà s diferentes espeá cies de “fornecedor” (nesse caso naã o usa o termo
geneá rico);
b) a açaã o deve dirigir-se ao responsaá vel pelo defeito: fabricante, produtor, construtor, importador;
limita a escolha do consumidor;
c) ex.: duas pessoas compram veíáculos; para um ocorre víácio (pode acionar qualquer fornecedor);
para outro gera defeito, devendo acionar o ressarcimento junto aà montadora (fabricante).
13.3. Extensão do defeito, abrange: projeto, fabricaçaã o, construçaã o, montagem, foá rmulas, manipulaçaã o,
apresentaçaã o, acondicionamento, aleá m do oferecimento de informaçoã es insuficientes ou inadequadas
sobre o risco e a utilizaçaã o do produto. Elenco exemplificativo.
a) ex. oferta e publicidade causadoras do dano: corretor apresenta apto. padraã o, consumidor gosta
da decoraçaã o e posiçaã o dos moá veis, sendo explicado que isso decorre do desenho do projeto; construtora
decorou apto. ardilosamente com moá veis sob encomenda, parecendo que a aá rea uá til era maior, quando
naã o era; depois que consumidor compra e recebe o imoá vel tempos apoá s, verifica que naã o cabem os
moá veis, exceto se mandar fazer, o que custa mais caro; isso acarreta prejuíázos materiais, aleá m de morais,
por ter que conviver em espaço menor do que realmente esperava ser;
b) ex. informaçaã o causadora do dano (insuficiente ou inexistente); ex.: produto insere inscriçaã o
“diet” (mas continha baixo teor de açuá car); consumidor diabeá tico compra, consome, passa mal e quase
morre;
13.5. O comerciante. Foi excluíáda sua responsabilidade, salvo no caso do art. 13; tambeá m naã o consta o
distribuidor, que eventualmente poderaá ser responsabilizado como prestador de serviço (ex. guarda do
produto ou pelo transporte).
13.6. O importador. EÉ responsaá vel, pois deve zelar pela segurança dos produtos que faz entrar no
territoá rio brasileiro; se preciso for deve fazer testes e exames periciais para ter certeza da qualidade do
que vende (desde a composiçaã o ateá a informaçaã o).
13.7. A autorização governamental para produtos naã o exclui a responsabilidade; quando muito o oá rgaã o
e o ente estatal podem ser responsaá veis solidaá rios pelo dano; com ou sem atestado do oá rgaã o publico
referente aà qualidade do produto, com ou sem carimbos ou selos de qualidade conferidos por entidades
privadas, a responsabilidade permanece.
13.12. Ilegitimidade de parte. Quando produtor provar que não colocou o produto no mercado (art.
12, § 3°, I - ex. produtos falsificados).
13.13. Responsabilidade do comerciante. Vide art. 13. Mesma responsabilidade do importador. Deve
zelar pelo que compra para revender. Trata-se de regra de solidariedade (art. 13, paraá grafo uá nico)
quando:
a) fabricante etc naã o puderem ser identificados (ex. produtos a granel, hortifrutigranjeiros, nas
feiras e supermercados, adquiridos de atacadista, naã o se podendo identificar a origem exata; prato
servido em restaurante, que usa diferentes produtos, naã o havendo como identificar origem de todos);
aqui naã o haá obrigatoriedade de informaçaã o quanto aà origem;
b) produto sem identificaçaã o do fabricante etc.; aqui eá possíável essa identificaçaã o, mas o
comerciante naã o o faz, passando a responder pelo defeito; elemento essencial da informaçaã o foi omitido
(infringido art. 31);
c) naã o promover a conservaçaã o adequada dos produtos perecíáveis (ex. supermercado que naã o
refrigera corretamente o queijo fresco; da padaria que deixa o iogurte fora do refrigerador);
13.14.1. Vide o que jaá visto no anteriormente, vaá lido para o fato do serviço, inclusive distinçaã o entre víácio
e defeito (ex.: dois consumidores pagam suas faturas de cartoã es de creá dito; por problemas operacionais
os pagamentos naã o saã o registrados pela administradora de cartoã es; ambos saã o negativados, sem saberem
dos fatos; o primeiro faz contato para aumento do seu limite, recebe a informaçaã o do deá bito, comprova o
pagamento e o problema eá sanado: trata-se de vício; o outro consumidor, Joseá , vai a uma almoço de
negoá cios com seu patraã o e um provaá vel novo cliente a ser conquistado; Joseá eá diretor financeiro,
responsaá vel pela administraçaã o das contas da empresa; ao final do almoço Joseá pede a conta e entrega
seu cartaã o para pagamento; o garçom retorna e informa que o cartaã o naã o foi aceito, Joseá insiste e pede
para fazer contato com a administradora; o garçom passa a incumbeê ncia ao “maitre”, que retorna e
informa que a transaçaã o naã o foi aceita porque haá atraso no pagamento; Joseá tenta protestar e iniciar uma
explicaçaã o, mas o presidente da empresa, temendo maiores estragos, entrega seu proá prio cartaã o, dizendo
para Joseá resolver o problema outra hora: eá defeito, com evidente dano moral).
13.14.2. Prestador do serviço. Art. 14 aponta para “fornecedor de serviço”; o adequado seria
“prestador de serviço” (fornecedor eá geê nero, do qual prestador eá espeá cie). A responsabilidade
também é objetiva pelos defeitos relativos aos serviços prestados e pelas informações insuficientes
ou inadequadas sobre a fruição e os riscos, incluindo oferta e publicidade relativa ao serviço (arts.
30, 31, 36 e 37).
13.14.3. Solidariedade. Haá serviços prestados de maneira direta e praticamente pura (consulta meá dica,
ensino, cabeleireiro). Haá outros que saã o compostos (administraçaã o de cartaã o de creá dito envolve bancos,
correios, atendimento por serviço telefoê nico). Õutros saã o compostos por serviços e utilizaçaã o de
produtos (naã o haá o serviço sem o produto: conserto automoá veis, conserto eletrodomeá sticos etc.). Nesses
casos todos saã o responsaá veis solidaá rios, embora seja mais faá cil acionar o prestador do serviço direto.
13.14.5. Aplicam-se regras quanto aà desconstituição da responsabilidade (art. 14, § 3°); prova do
dano e do nexo de causalidade; excludentes de responsabilização taxativas; impossibilidade de
invocar caso fortuito e força maior; culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro; desconstituição
do direito do consumidor.
A CF e o CDC garante a indenizaçaã o pelos danos materiais e morais pela violaçaã o dos direitos.
14.1. Dano material. EÉ a composiçaã o em dinheiro visando a reposiçaã o do status quo ante, envolvendo
valor efetivamente perdido (dano emergente) e a receita que se deixou de auferir (lucros cessantes). Õ
ressarcimento deve ser integral, naã o sendo permitido que haja claá usulas restringindo essa indenizaçaã o.
14.2. Dano moral. EÉ aquele que afeta a paz interior de cada um; atinge o sentimento, o decoro, o ego, a
honra, enfim, tudo aquilo que naã o tem valor econoê mico, mas que lhe causa dor e sofrimento (dor fíásica ou
psicoloá gica). Uma imagem denegrida, um nome manchado, a perda de um ente querido ou a reduçaã o da
capacidade laborativa em decorreê ncia de um acidente, traduz-se numa dor íántima. A CF criou condiçoã es
para indenizaçaã o por danos morais, que a doutrina e jurisprudeê ncia rejeitavam (salvo casos
excepcionais), embora prevista em legislaçaã o infraconstitucional. Um problema eá a fixaçaã o do valor a
indenizar, jaá que a dor fíásica ou psicoloá gica naã o eá passíável de valoraçaã o.
14.3. Criteá rios para fixaçaã o da indenizaçaã o do dano moral. Com base nos princíápios da inviolabilidade da
dignidade da pessoa humana, o respeito aà vida, garantia aà incolumidade fíásica e psíáquica, com sadia
qualidade de vida e princíápio da isonomia, eá possíável fixar alguns paraê metros para determinaçaã o da
indenizaçaã o (vide paá g. 324 e segs.):
a) a natureza especíáfica da ofensa sofrida;
b) a intensidade real, concreta, efetiva do sofrimento do consumidor ofendido;
c) a repercussaã o da ofensa no meio social em que vive o consumidor ofendido;
d) a existeê ncia de dolo – maá -feá – por parte do ofensor, na praá tica do ato danoso e o grau de sua culpa;
e) a situaçaã o econoê mica do ofensor;
f) a capacidade e a possibilidade real e efetiva do ofensor voltar a praticar e/ou vir a ser responsabilizado
pelo mesmo fato danoso;
g) a praá tica anterior do ofensor relativa ao mesmo fato danoso, ou seja, se ele jaá cometeu a mesma falta;
h) as praá ticas atenuantes realizadas pelo ofensor visando diminuir a dor do ofendido;
i) necessidade de puniçaã o.
14.4. Indenizaçaã o do dano estético. Õ aspecto esteá tico compoã e a imagem-retrato do indivíáduo. Tem-se
por esteá tico o elemento externo na configuraçaã o fíásica. Embora naã o se confunda, haá ligaçaã o com o dano
moral. Õ dano esteá tico produz dor, anguá stia, humilhaçaã o, desgosto, vergonha, ou seja, em geral haá dano
moral. Haá situações em que o dano estético não gera dano moral (ex.: mulher sofre tiro e cicatriz gera
“covinha”, dando-lhe ainda mais charme); pode haver dano esteá tico que modifica a estrutura fíásica,
corrigindo um defeito preexistente, tambeá m sem dano moral (pessoa com dentes estragados, perdendo-
os em acidente, levando a colocaçaã o de uma dentadura, melhorando seu aspecto); haá tambeá m hipoá tese de
lesaã o esteá tica sem qualquer diminuiçaã o da imagem fíásica do indivíáduo, mas com dano moral (cicatriz na
sola do peá ). Na praá tica muitas vezes a indenizaçaã o envolve danos esteá ticos e morais, embora distintos.
14.5. Dano à imagem. Haá tambeá m confusoã es na praá tica entre dano moral e aà imagem. Em geral o dano aà
imagem leva ao dano moral, mas pode haver situaçoã es de dano aà imagem, sem correspondente dano
moral.
a) ex.: pessoa negativada por serviço de proteçaã o ao creá dito, que naã o chega a sofrer dano moral, abalo
psicoloá gico, mas houve dano aà imagem – imagem-retrato de algueá m na sociedade; nas hipoá teses quando
percebe a situaçaã o e acabara cancelando o registro, sem maiores consequü eê ncias;
b) ex.: revista utiliza sem autorizaçaã o de fotografia de uma pessoa conhecida para fazer sua publicidade,
sendo ela enaltecida e elogiada, sem nenhum dano moral e aà imagem, objetivamente falando, mas gera
indenizaçaã o pelo uso indevido da imagem.
Para a indenizaçaã o utiliza-se os paraê metros indicados em relaçaã o ao dano moral, aleá m do benefíácio que o
infrator dele auferiu (ex.: tiragem da revista e seu preço de capa, preço cobrado para inserçaã o de
publicidade do tamanho da foto utilizada etc).
14.6. Pessoa juríádica. Naã o sofre violaçaã o aà honra e intimidade, nem sofre dano moral (naã o sente dor), nem
dano esteá tico.
Pode sofrer dano aà imagem:
a) imagem-retrato que envolve nome, marca, logotipo, produtos, serviços, sinais, letras e síámbolos que o
representem; ex: uso indevido do nome sem autorizaçaã o;
b) imagem-atributo (reputaçaã o no meio social), no caso de atitude que denigra seu bom nome ou
reputaçaã o;
Tambeá m pode sofrer dano aà privacidade (divulgaçaã o de segredo industrial, foá rmula privada etc).
Sofreraá “dano moral” soá de “forma figurativa”.
A indenizaçaã o envolve danos emergentes e lucros cessantes. Utilizam-se os mesmos paraê metros vistos
antes para fixaçaã o do dano moral da pessoa fíásica, com alguns ajustes; assim, acrescentam-se os seguintes
paraê metros: a) intensidade real, concreta, efetiva do ato lesivo praticado; b) repercussaã o da ofensa, no
meio comercial, mercado e clientela especíáfica da ofendida; c) praá ticas atenuantes realizadas pelo ofensor
visando diminuir os danos do ofendido.
15.1. Por que esse profissional foi excluíádo do sistema geral? Haá vaá rias possibilidades:
a) Teraá sido pela caracteríástica “intuitu personae” dos serviços prestados pelo profissional liberal?
Essa caracteríástica eá importante (como entre cliente e psicoá logo), mas nem sempre ela acontece, como
quando um advogado eá contratado e presta serviço a grupo de pessoas, sendo que a maioria sequer o
conhece. Haá relaçaã o que envolve essa caracteríástica e outras naã o.
b) Seraá que a responsabilidade subjetiva tem relaçaã o com o tipo de atividade da profissaã o liberal,
caracterizada – naã o totalmente, como se veraá – como de meio e naã o como de fim?
Õ profissional naã o assegura o fim de sua proá pria atividade, naã o porque naã o queira, mas porque naã o pode
(psiquiatra afirmar que cliente obteraá a cura; advogado afirmar que cliente vai ganhar processo); o que se
pode fazer eá apresentar um percentual de eê xito (70, 80%). Mas haá atividades que saã o de fim (dentista que
examina radiografia e resolve extrair dente; advogado contratado para elaborar contrato de locaçaã o;
arquiteto contratado para planta da casa). Õ profissional liberal desenvolve tanto atividade-meio quanto
atividade-fim.
c) Õu seraá porque a atividade do profissional liberal eá diversa daquelas outras desenvolvidas no mercado,
que pressupoã e – como vimos – caá lculo de custo na relaçaã o com risco e benefíácio e produçaã o em seá rie?
Haá profissionais que naã o exploram atividade dentro do padraã o de produçaã o em massa, sem avaliar
risco/custo/benefíácio, mas haá os que exploram. Meá dicos passam da atividade liberal para clíánicas e
hospitais, planos de sauá de, cooperativas, passando portanto a serviços em massa. Isso modifica, por
exemplo, a forma de publicidade (vedada aos advogados e algumas categorias de profissionais liberais).
d) Por conta disso, cabe a indagaçaã o: o profissional liberal, se constituir sua atividade por meio de pessoa
juríádica profissional, soá por isso, perde esse privileá gio legal? Õu depende, nesse caso, do tipo de atividade
e da maneira como ela eá explorada?
Õ profissional liberal que constitui sociedade profissional (sociedade de advogados) para melhor
organizaçaã o fiscal de receitas e despesas, sem deixar de ser profissional liberal, naã o perde essa
caracteríástica. Entretanto, se a empresa eá de massa e se vale do profissional liberal, naã o pode invocar a
responsabilidade subjetiva deste uá ltimo, respondendo objetivamente (meá dico que presta serviço no
hospital; hospital responde objetivamente, meá dico responde, por via de regresso, em relaçaã o ao hospital,
soá por culpa);
e) Pergunta-se, entaã o, afinal: quem – ou o que – eá um profissional liberal?
Caminhos para sua identificaçaã o: a) caracterizaçaã o tradicional; b) dela extrai-se elementos para fixar os
paraê metros de caracterizaçaã o desse tipo de profissional. Õs claá ssicos saã o: advogado, meá dico, dentista,
contador, psicoá logo, etc. As caracteríásticas do trabalho desse profissional saã o: autonomia profissional,
com decisoã es tomadas por conta proá pria, sem subordinaçaã o; prestaçaã o do serviço feita pessoalmente,
pelo menos nos seus aspectos mais relevantes e principais; feitura de suas proá prias regras de
atendimento profissional, o que ele repassa ao cliente, tudo dentro do permitido pelas leis e em especial
da legislaçaã o de sua categoria profissional. Ainda haá necessidade de melhor formaçaã o jurisprudencial
para entender se caberia incluir profissoã es como cabelereiro, sapateiro, costureira, pertencer ou naã o a
profissão regulamentada.
f) Ao final de tudo, deve-se perguntar ainda, se a exceçaã o legal vale apenas para defeito ou tambeá m para
víácio, na medida em que a regra naã o surge no art. 20, que trata do víácio do serviço, mas na norma que
cuida do defeito apenas.
Por força da interpretaçaã o sistemaá tica deve concluir-se que tanto para víácio, como para defeito, haá
necessidade da responsabilidade subjetiva do profissional liberal.
RESUMÕ: responsabilidade subjetiva do profissional liberal: independe do fato de o serviço ser prestado
“intuitu personae”, firmado na confiança pessoal ou naã o; independe de a atividade ser meio ou fim;
independe de haver ou naã o constituíádo sociedade profissional (se for tíápica de massa, seraá objetiva); a
prerrogativa da responsabilidade subjetiva é pessoal, naã o gerando benefíácio ao que assume risco,
com caá lculo de custo-benefíácio e oferta de massa, elementos tíápicos do explorador do mercado de
consumo.
15.2. Õ oê nus da prova. EÉ sempre de quem alega, no caso, do consumidor. Pode haver inversaã o oê nus prova,
envolvendo prova do dano, do nexo de causalidade entre o dano e o serviço, com indicaçaã o do
profissional responsaá vel; depois, deve haver prova da culpa do profissional liberal, pois a
responsabilidade nesse caso naã o eá objetiva.
Art. 21 do CDC. A norma envolve prestador de serviços que faz consertos (concessionaá rias de veíáculos ao
fazer reparos mecaê nicos, eleá tricos, de lataria etc.; assisteê ncias teá cnicas de eletrodomeá sticos e
eletroeletroê nicos etc.).
Resumo – na reparaçaã o de produtos:
a) o prestador do serviço tem sempre de se utilizar de componentes dentro das especificaçoã es teá cnicas
do fabricante;
b) tais componentes, se forem novos, naã o precisam de autorizaçaã o do consumidor para ser utilizados;
c) se estiverem dentro do contido nas letras “a” e “b” anteriores, as peças podem ser originais ou naã o
originais, mesmo sem a autorizaçaã o do consumidor;
d) para a utilizaçaã o de peças ou componentes de reposiçaã o usados ou recondicionados, eá necessaá ria a
autorizaçaã o do consumidor (pode ser verbal, mas naã o se aconselha, pois pode implicar em eventual
responsabilidade do fornecedor em relaçaã o ao aspecto de prova – aconselha-se que conste do proá prio
orçamento).
Art. 24. A garantia legal de adequaçaã o do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneraçaã o contratual do fornecedor.
Art. 25. EÉ vedada a estipulaçaã o contratual de claá usula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigaçaã o de indenizar prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsaá vel pela causaçaã o do dano, todos responderaã o solidariamente pela
reparaçaã o prevista nesta e nas seçoã es anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, saã o
responsaá veis solidaá rios seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporaçaã o.
SEÇAÕ Õ IV
Da Decadeê ncia e da Prescriçaã o
Art. 26. Õ direito de reclamar pelos víácios aparentes ou de faá cil constataçaã o caduca em:
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do teá rmino
da execuçaã o dos serviços.
II - (Vetado).
§ 3° Tratando-se de víácio oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado
o defeito.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensaã o aà reparaçaã o pelos danos causados por fato do produto
ou do serviço prevista na Seçaã o II deste Capíátulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.
Art. 24 regula a GARANTIA LEGAL de ADEQUAÇAÕ Õ (QUALIDADE PARA ATINGIMENTÕ DÕ FIM A QUE SE
DESTINA; SEGURANÇA PARA NAÕ Õ CAUSAR DANÕS, DURABILIDADE E DESEMPENHÕ) DÕS PRÕDUTÕS E
SERVIÇÕS.
Independe de qualquer manifestaçaã o do fornecedor, que estaá proibido de DESÕNERAR-SE em relaçaã o a
ela (art. 25).
17.1. Prazo de garantia. Para entender o prazo de garantia legal, deve-se fazer interpretaçaã o loá gico-
sistemaá tica entre arts. 24 e 26. Haá tambeá m a garantia contratual ou “garantia de faá brica” (art. 50), que
pode ser ampliada.
17.1. Garantia legal. Art. 24 preveê “garantia legal de adequaçaã o do produto ou serviço”. Havendo víácio
aplicam-se os arts. 18 a 20, mas haá prazo determinado para reclamar (art. 26): 30 dias produtos e
serviços não duráveis (produto naã o duraá vel eá aquele que se extingue ou se vai extinguindo com a
utilizaçaã o; serviço naã o duraá vel eá o que se extingue uma vez prestado); 90 dias produtos e serviços
duráveis (produto que naã o se extingue com o uso; leva tempo para se desgastar; serviço duraá vel e o que
tem continuidade no tempo).
17.1.2. Início da contagem do prazo: entrega efetiva do produto ou teá rmino da execuçaã o dos serviços
(art. 26, § 1°). EÉ garantia tambeá m ao fornecedor, equilibrando a relaçaã o de consumo. Õ prazo naã o eá muito
longo, tanto que muitos produtos oferecem garantia contratual muito superior (ateá como estrateá gia de
venda). Esse prazo ocorre para víácios APARENTES ou de FAÉ CIL CÕNSTATAÇAÕ Õ; na hipoá tese de víácio
oculto, o prazo para reclamar da garantia legal somente tem iníácio quando de seu surgimento.
17.2. Vício de fácil constatação e vício oculto. Art. 26. Aparente eá o víácio de “faá cil constataçaã o” (ex.: TV
que naã o sintoniza canais). Õculto seraá quando simultaneamente “naã o puder ser verificado no mero exame
do produto ou serviço” e “ainda naã o estiver provocando a impropriedade ou inadequaçaã o ou diminuiçaã o
do valor do produto ou serviço”. Naã o seraá oculto o víácio facilmente constatado mas naã o percebido pelo
consumidor (risco na lataria do veíáculo), nem quando o consumidor naã o sabe o motivo do naã o
funcionamento (parabrisa que naã o funciona, mas naã o sabendo exatamente o que ocorre internamente).
Ex. víácio oculto: veíáculo leve trinca barra de direçaã o; apoá s meses de uso a barra quebra.
17.3. Produtos usados. Teraá garantia, desde que constitua relaçaã o de consumo, com mesmos prazos.
Deve-se considerar que um produto usado “naã o tem as mesmas propriedades, nem funciona como um
novo”. Entaã o a garantia deve ser avaliada de acordo com o produto (se compra veíáculo usado, naã o pode
esperar que pneus naã o estejam desgastados, assim como demais componentes; se compra tv usada, naã o
pode esperar nitidez e brilho de uma nova). Daíá a importaê ncia de se inserir no contrato as caracteríásticas
reais do produto usado (naã o basta expressaã o “no estado”). Aplica-se tambeá m a questaã o do víácio oculto
(ex. veíáculo novo repassado a terceiro, quando víácio oculto se manifesta, retroagindo a responsabilidade
da montadora).
17.4. Oferta de garantia. Quando se oferece prazos de garantia de 30, 60 ou 90 dias para produtos
duraá veis, estaá sendo ampliado o prazo para reclamar. Assim, findo esse prazo, conta-se o prazo legal.
17.5. Õ oá bvio da qualidade, finalidade e adequaçaã o. A norma apresenta aspecto de certa forma
desnecessaá rio para ampliar o entendimento de que o produto deve atender o fim ao qual se destina. Nos
EUA existe sistema do “money-back”, onde consumidor pode devolver produto, sem justificativa, desde
que naã o fique satisfeito plenamente. Õ princíápio eá de que, se o consumidor paga pelo bem, se daá seu
dinheiro, tem de ficar absolutamente satisfeito; ateá porque o risco disso eá do fornecedor.
17.6. Vedada a exoneração do fornecedor. Naã o pode o fornecedor negar a garantia legal, pois seria o
mesmo que afirmar que “naã o se responsabiliza pelo funcionamento do produto ou do serviço”, o que seria
um absurdo.
17.7. Garantia contratual. Art. 50. EÉ complementar aà garantia legal, conferida mediante termo escrito,
mas naã o obrigatoá ria. Deve ser escrita a garantia contratual e interpreta-se contra o “fornecedor-
estipulante” em caso de duá vida. Õ art. 50 refere-se aà garantia no manual de instruçoã es (que eá
obrigatoá rio), enquanto a garantia contratual eá facultativa.
18.1. Õ regime tradicional. Exame e distinçaã o entre decadeê ncia e prescriçaã o comporta discussoã es
doutrinaá rias e posiçoã es diferentes. Decorre do princíápio “dormientibus non succurit jus”. Prazos
decadenciais na tradiçaã o juríádica naã o se interrompem, nem se suspendem, o que acontece com prazos
prescricionais. Na interrupçaã o o prazo volta a correr do termo inicial; recomeça a ser contado. Na
suspensaã o, o prazo fica parado, ateá cessaçaã o dos efeitos da causa de suspensaã o, recomeçando de onde
parou. Para o CDC a situação é diferente.
18.2. Novo modelo. CDC usou verbo “obstar” (obstaculizaçaã o) – art. 26, § 2°; as causa naã o saã o nem
suspensivas nem interruptivas; a reclamação formulada no prazo tem efeito constitutivo do direito
consequente do consumidor.
18.3. Víácio de faá cil constataçaã o; produto ou serviço duraá vel e naã o duraá vel (art. 26); prazo de 30 e 90 dias
para exercíácio do direito, sem o que opera-se a decadência. Iníácio do prazo eá da entrega efetiva ou
prestaçaã o do serviço. Garantia complementar (art. 50), no sentido mais beneá fico ao consumidor: havendo
um termo final de garantia, o que acontece eá que o prazo para reclamar continua o mesmo, mas o dies a
quo eá postergado para o final do tempo de garantia contratual (se haá garantia de 180 dias, esse prazo eá de
adequaçaã o do produto; se apresentar víácio, teraá 30 ou 90 dias apoá s o teá rmino da garantia para reclamar);
se fornecedor não dá prazo, 30 ou 90 dias correm do dia da aquisição ou término do serviço.
18.4. A obstaculizaçaã o da decadeê ncia. Art. 26, § 2°. Naã o se trata de suspensaã o ou interrupçaã o. Assim, os
prazos do art. 26 saã o para constituiçaã o do direito material. A partir daí, não resolvido o problema, o
prazo de ação será do art. 27, por analogia (responsabilidade por fato do produto ou do serviço).
Diversas teorias a respeito. Assim, feita a reclamaçaã o pelo consumidor, abre-se o prazo de 30 dias para
soluçaã o do problema em caso de produtos duraá veis (naã o resolvido, o prazo seraá de 5 anos para propor a
açaã o); nas situaçoã es em que eá possíável a exigeê ncia de imediato para sanar o víácio, o consumidor pode
fixar prazo para soluçaã o, findo o qual passa a poder exercer seu direito subsequü ente; se consumidor naã o
fixar prazo, deve entender-se que fornecedor deve prestar resposta em 24 horas, sem o que o direito do
consumidor fica constituíádo.
18.5. A reclamaçaã o do consumidor.
Pode ser verbal, pessoalmente ou por telefone. Problema eá de prova, recomendando-se que seja escrita;
entrega mediante protocolo, Cartoá rio Tíátulo e Documentos, carta com A.R. Deve-se respeitar o uso dos
S.A.C., determinando-se a inversaã o do oê nus da prova.
Pode ser perante órgão de defesa do consumidor (PRÕCÕN). Õ inciso II, paraá grafo 2°, do art. 26 previa
nesse sentido, mas foi vetado. RIZZATTÕ entende que eá cabíável esse tipo de reclamaçaã o para obstar
decadeê ncia, pois razoã es de veto foram equivocadas.
A data da obstaculizaçaã o eá do dia da apresentaçaã o da reclamaçaã o ao oá rgaã o puá blico.
A reclamação pode ser feita perante qualquer pessoa da empresa (ou recebida pelo correio) . A
norma naã o eá processual e naã o haá rigor ligado aà legitimidade passiva. Quando o consumidor compra o
produto ou serviço, naã o eá atendido pelo soá cio, dono, representante legal; logo, na hora de reclamar vale a
formulaçaã o feita perante qualquer dos seus empregados.
A resposta ao consumidor deve ser transmitida de “forma inequíávoca”; se positiva, o consumidor estaá
garantido; se negativa, cessa o efeito obstaculizador no momento em que o consumidor toma cieê ncia da
resposta; se resposta vier pelo oá rgaã o puá blico de defesa do consumidor, deve ser considerada vaá lida a data
em que o consumidor dela tomou cieê ncia no oá rgaã o.
18.6. A instauraçaã o do Inqueá rito Civil. Art. 26, § 2°, III. Carece de interpretaçaã o extensiva, para reconhecer
que a decadeê ncia fica obstada “da data da apresentaçaã o da reclamaçaã o junto ao Ministeá rio Puá blico”. Isso
porque entre o recebimento da reclamaçaã o e instauraçaã o do IC pode demandar algum tempo, talvez ateá
superior ao prazo decadencial, em razaã o da anaá lise e colheita de informaçoã es preliminares quanto aà
necessidade ou naã o de instauraçaã o. Ainda, pode chegar-se aà conclusaã o de naã o ser caso de instaurar o IC,
em razaã o de mero direito individual do consumidor.
18.7. Prescrição. Regulada pelo art. 27, relacionado aos defeitos, que geram dano material (dano
emergente e/ou lucros cessantes) e/ou moral. Aplica-se tambeá m a qualquer situaçaã o relativa a relaçaã o
juríádica de consumo.
Õ CDC reduziu o prazo do Direito Civil que era 20 anos. Novo Coá digo Civil (2002) reduziu o prazo para 3
anos para reparaçaã o civil (art. 206, § 3°, V), mas no regime do CDC manteá m o prazo previsto no CDC de 5
anos.
18.8. Início da contagem do prazo. Art. 27 determina a partir do conhecimento do dano e conhecimento
de sua autoria. Pode acontecer de sofrer danos e depois de algum tempo conseguir identificar o
responsaá vel pelo produto. EÉ da conjugaçaã o dos dois elementos que se pode considerar iniciado o curso do
prazo prescricional.
18.9. As causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescriçaã o. Õ par. UÉ nico do art. 27 foi vetado
(embora de forma incorreta); de qualquer forma aplicam-se as situaçoã es previstas no CC, isso porque o
art. 7° do CDC permite aplicaçaã o de normas que naã o sejam com ele incompatíáveis, aplicando-se o CC no
que se refere aà s disposiçoã es gerais sobre prescriçaã o (arts. 189 a 196 do CC), bem como as causas que
impedem ou suspendem a prescriçaã o quando compatíáveis (art. 197 a 201 do CC) ou interrompem (arts.
202 a 204 do CC).