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Introdução p.4
Prefácio p.8
Gregório Baremblitt
1
Todas as citações em língua estrangeira foram traduzidas pelo autor ao português.
visualização à ação política: os agenciamentos psicopolíticos. Elabora uma nova tipologia
tripartite que explica as práticas políticas de forma que vai além das ideologias, dicotomias de
classe, ou de esquerda e direita políticas.
O capítulo 6, “Microfascismos e neoconservadorismos”, discute um dos fenômenos que
mais assombra o planeta na atualidade: o retorno e intensificação dos fascismos e
conservadorismos. A partir de uma leitura micropolítica do fascismo, em sua dimensão
molecular, analisa sua governamentalidade, pautada no ódio ao outro, que se consolida nos
fundamentalismos e extremismos políticos.
O capítulo 7, “Estado, políticas públicas e neocolonização”, analisa outro tema bastante
atual, que são as novas configurações do Estado e suas formas de governo. Versa sobre dois
modelos de Estado, em transição devido à intensificação do capitalismo. Também aborda as
políticas públicas como equipamentos de efetivação de sua razão governamental e que
fortalecem o fenômeno denominado de neocolonização.
O capítulo 8, “Movimentos Sociais Nômades”, visa desenvolver uma concepção
esquizoanalítica de movimentos sociais, articulada ao conceito de máquina de guerra. Sua
atualização faz com que os movimentos sociais assumam características singulares, muito
distintas das práticas políticas de Estado ou de partidos. Finaliza ao intensificar seu diferencial
de forças, que não somente conforma outro modo de funcionamento aos movimentos
coletivos, bem como direciona à constituição de uma Utopia Ativa na forma de uma Ecosofia
que pode instaurar um outro mundo possível.
Na esquizoanálise estas temáticas não aparecem com essa categorização. Contudo, optei
por organizar os capítulos dessa maneira para aproximar as categorias utilizadas às reflexões
psicossociais correntes e por fins de didatismo. Esta transdução também expressa traços
estilísticos do próprio autor e a forma com que se apropria da obra de Deleuze e Guattari. Por
mais que o livro tenha certa linearidade, cada capítulo corresponde a problemáticas distintas e
pode ser lido isoladamente, de acordo com os interesses do leitor. Por exemplo, aqueles que
pretendem consultar apenas o tema dos processos de subjetivação, podem ler o capítulo 2 e os
tópicos 3.6 e 4.5. O tema das Instituições, os tópicos 3.4, 3.5 e 4.4. O tema do Estado, o
capítulo 7 e os tópicos 3.3 e 8.1. O tema do Capitalismo, o capítulo 4 e o tópico 7.2. O tema
dos movimentos sociais, o capítulo 8 etc.
Este livro pode ser utilizado como uma introdução à esquizoanálise, embora não busque
ficar somente em sua reprodução, ou numa suposta exatidão de seus enunciados. Da mesma
forma que este pensamento crítico incita a insurgência e a transformação, não deve ficar
limitado a conceitos e proposições reconhecidos e legitimados. Deve se repensar e
reconfigurar-se a partir dos acontecimentos do fora e do presente, que impelem que suas
enunciações se extrapolem e assumam novas conformações e efeitos. Nem a própria
esquizoanálise deve ficar incólume às forças do pensar, deve transpassar as fronteiras. Por
isso que suas teorias são agenciadas aos problemas do presente, a uma crítica do
contemporâneo, transversalizando o campo filosófico às problemáticas psicopolíticas, na qual
se distende e se propõe outros conceitos, como os de agenciamentos psicopolíticos,
movimentos sociais nômades e linhas de luta.
Esta obra oferece elementos que expressam que a esquizoanálise é, ou fundamenta, uma
Psicologia Política, ou melhor, uma Psicologia Política Crítica, comprometida com o
fomento das potências insurgentes, sempre direcionadas à variação contínua, à transformação
e o projeto da autonomia. E, como qualquer outra produção, é muito mais coletiva do que
individual. Gera-se num campo de intersecção de diversas linhas, pensamentos e debates: é
um agenciamento coletivo de enunciação. É uma composição que atravessa leituras, estudos
teóricos e reflexões resultantes de pesquisas com diversos militantes políticos e participação
política anterior em movimentos sociais. Parte de uma reorganização de distintos escritos ao
longo de minha trajetória2 e do meu projeto de pesquisa “Psicologia Social e Esquizoanálise:
crítica, política e intervenção social” na Universidade Federal de Goiás (UFG). Deriva-se
também de meu histórico de aulas assistidas e proferidas, discussões empreendidas,
orientações realizadas, oficinas e dispositivos vivenciados e coordenados. Muitos mestres
influenciaram, direta ou indiretamente, esta obra. De vários nomearei apenas alguns, aos quais
sou extremamente agradecido, por mais que talvez não se reconheçam neste livro: Gregório
Baremblitt, Maria Inês Assumpção Fernandes, Heliana Conde Rodrigues, Félix Vázquez,
Salvador Sandoval, José Manuel Sabucedo e Gregório Kazi. Também agradeço aos alunos
das disciplinas “Psicologia, política e subjetividade: debates contemporâneos”, do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia da UFG, e dos “Seminários optativos”, do Programa de
Mestrado em Psicologia Social da Universidade Pontifícia Bolivariana (Medellín/Colômbia),
com os quais pude ao longo de 2016/2017 apresentar, debater e desenvolver estas reflexões.
2
Cito os meus textos que serviram de base para este livro na parte final das referências bibliográficas. Ressalta-
se que os tópicos 1.2 e 1.3 são uma ampliação de Hur (2016b); os tópicos 3.4. e 4.4. são uma reformulação de
Hur (2015b) e o capítulo 5 é uma reelaboração de Hur (2016a).