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TRIBUNAL MARÍTIMO

PT/MDG PROCESSO Nº 31.607/17


ACÓRDÃO

Lancha “HIBISCO”. Naufrágio, seguido pela morte de dois tripulantes e


danos materiais pelo desaparecimento da embarcação, sem ocorrência de
danos ambientais. Causa não apurada. Arquivamento.

Vistos e relatados os presentes autos.


Tratam os autos do inquérito instaurado pela Delegacia da Capitania dos
Portos em São Francisco do Sul, a fim de apurar as causas e responsabilidades acerca do
naufrágio da lancha “HIBISCO”, ocorrido no dia 25 de novembro de 2016, por volta das
17h, no trajeto entre a Praia da Enseada e a Ilha da Paz, Município de São Francisco do
Sul, SC.
Dos depoimentos colhidos e documentos acostados extrai-se que, na data
citada acima, a Delegacia da Capitania dos Portos em São Francisco do Sul recebeu
ligação telefônica do SD Cassiano Alexandro, Bombeiro Militar de São Francisco do Sul,
informando sobre o desaparecimento de uma embarcação de alumínio do tipo bateira,
medindo cinco metros de comprimento, na cor branca, com cobertura azul, com o nome
de “HIBISCO”, de propriedade de direito do Sr. Amarildo Fernandes Ferreira, no
momento com dois tripulantes à bordo, sendo eles o ARA Adriano Weiss, condutor e
proprietário de fato, e outro tripulante, o Sr. Valdir Soares da Silva, conhecido pelo
apelido de “PARANÁ”.
Logo após receber as informações do SD Cassiano Alexandro foi recebida a
ligação da Sra. Cláudia Cristina Ramos, esposa do Sr. Adriano, informando que em 25 de
novembro de 2016, os pescadores suspenderam com a embarcação “HIBISCO” da praia
da Enseada, por volta das 17h e pescariam nas proximidades da Ilha da Paz e Monoboia,
Município de São Francisco do Sul, SC, distante quatro milhas náuticas do ponto de
partida, sendo que até aquele presente momento não haviam retornado.
Em seguida, a citada Delegacia manteve contato com a Praticagem São
Francisco e com a TRANSPETRO, informando sobre o ocorrido e solicitando apoio nas
buscas. Os militares que guarnecem o Farol Ilha da Paz foram orientados a realizarem
chamadas no canal 16 VHF relatando o desaparecimento.
Em 27 de novembro de 2016, cerca de 01h, tripulantes de uma embarcação
da TRANSPETRO informaram que teriam avistado uma embarcação com as
características que coincidiam com as da embarcação desaparecida que estaria pescando
nas proximidades da Monoboia, às 8h do dia 26/11/2016, e que em seguida, esta
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embarcação teria tomado o rumo em direção à Ilha da Paz.
Nesse mesmo dia, a Equipe SAR da Delegacia da Capitania dos Portos em
São Francisco do Sul, composta por oito militares a bordo da ECSR-G760 “MERO”,
suspendeu às 7h, a fim de iniciar as buscas na área do Farol da Ilha da Paz, Monoboia e
Ilhas Tamboretes. Chegando nestas áreas, foi enviada uma equipe SAR, composta de dois
militares, por terra para realizar varreduras nas praias da região. Logo após, foi
incorporada às buscas uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina com
uma embarcação ECSR-P.
Às 13h a equipe SAR que atuava por terra se encontrou com os familiares
dos desaparecidos na praia da Enseada, para que fosse realizado o reconhecimento dos
objetos encontrados no mar. O Sr. Jonatas de Souza de 25 anos, genro do Sr. Adriano
Weiss, um dos desaparecidos, reconheceu o tanque de combustível como sendo da
embarcação desaparecida, em virtude do mesmo ter realizado pequeno reparo no tanque
daquela embarcação.
As buscas continuaram até o dia 07 de dezembro, sem êxito. Em 16 de
dezembro de 2016, às 15h30min, populares que estavam na Praia da Fortaleza em
Paranaguá, PR, relataram à Polícia, que haviam encontrado um cadáver. Em diligências
os policiais visualizaram um cadáver já em acelerado estado de decomposição, trajando
bermuda e uma camiseta, e no bolso da bermuda foi localizada uma carteira com
documentos e cartões bancários pertencentes ao Sr. Valdir Soares da Silva, que mais
tarde foi identificado como sendo de um dos tripulantes da lancha que estava
desaparecida de nome “HIBISCO”. O outro tripulante, Sr. Adriano Weiss até o presente
momento, permanece desaparecido.
Documentação de praxe anexada.
O Laudo de Exame Pericial Indireto (fls. 79/87) descreveu a sequência dos
acontecimentos e relatou que não teve poluição hídrica, porém houve acidentes pessoais
com o Sr. Adriano Weiss, com quarenta e seis anos de idade, habilitado na categoria de
Arrais Amador (ARA) e o Sr. Valdir Soares da Silva, com quarenta e sete anos de idade,
passageiro. Ambos do sexo masculino e tripulantes da lancha “HIBISCO”. O primeiro
até o presente momento se encontra desaparecido e o segundo foi a óbito por causa
indeterminada, conforme consta na Certidão de Óbito matricula nº 0843760155 2016 4
00159 063 0032097 31, atestada pelo Dr. Maurílio dos Santos, CRM nº 10860 e danos
materiais, porque houve o desaparecimento da lancha “HIBISCO” durante o trajeto
realizado entre a Praia da Enseada, monoboia e Ilha da Paz, em uma posição
indeterminada. Concluiu, portanto, que a causa determinante do desaparecimento da
lancha “HIBISCO” foi em razão de seu condutor suspender com a referida lancha no

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intuito de realizar pescaria nas proximidades da área da monoboia, localizada em área de
mar aberto, conforme consta no extrato da NPCP-SC, sendo que a embarcação
“HIBISCO”, por apresentar características para ser utilizada exclusivamente em área de
navegação interior, de acordo com o estabelecido no seu TIE, se mostrou indefesa ao
navegar em área de mar aberto, se sujeitando a ação impetuosa das ondas que eram de
cerca de 2,5 metros naquele momento e por razões até então desconhecidas ocorreu o
desaparecimento da embarcação “HIBISCO” em um posição indeterminada,
supostamente quando rumava para a Ilha da Paz.
O Encarregado do IAFN (fls. 89/96), após detida análise dos autos, concluiu
que o naufrágio da embarcação se deu em razão do condutor da lancha “HIBISCO”
navegar com uma embarcação de pequeno porte, vindo a infringir as normas e
procedimentos estabelecidos para uma navegação em segurança, denotando a
impropriedade da embarcação para a área de navegação em que era empregada,
colocando em grave risco a embarcação e as vidas dos seus ocupantes, pois a embarcação
suspendeu da Praia da Enseada com dois ocupantes à bordo, com o intuito de realizarem
pescaria na área da Monoboia e Ilha da Paz e durante o suposto trajeto da Monoboia e
Ilha da Paz foi surpreendido pela ação das ondas de cerca de 2,5 metros que se
apresentava naquele momento. Desse modo, responsabilizou pelo acidente o ARA
Adriano Weiss, condutor da lancha “HIBISCO”, por imprudência e negligência, pois
agindo assim assumiu conscientemente um risco que não tardou em materializar-se com
o seu desaparecimento, com o óbito do passageiro Valdir Soares da Silva, assim como
também no desaparecimento da embarcação.
Os autos do inquérito foram encaminhados a este Tribunal e remetidos à
PEM que pugnou pelo arquivamento dos presentes autos, por não restar devidamente
apurada, em face da insuficiência de provas, especialmente a pericial, tendo em vista que
as provas coligidas nos autos se revelaram desprovidas de aptidão a demonstrar de forma
irretorquível as causas e circunstâncias que determinaram o naufrágio da L/M
“HIBISCO” (fls. 103/106).
Publicada nota de arquivamento em 27 de outubro de 2017, o prazo para
manifestações de possíveis interessados transcorreu em branco até o dia 15 de fevereiro
de 2018 (fl. 108).
Assiste razão à D. Procuradoria Especial da Marinha, devendo ser deferido o
requerimento e mandando arquivar os presentes autos, diante dos elementos neles
contidos, considerando o acidente previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54,
como origem indeterminada.
Assim,

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 31.607/2017........................................)
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ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente da navegação: naufrágio, seguido pela morte de dois
tripulantes e danos materiais pelo desaparecimento da embarcação, sem ocorrência de
danos ambientais; b) quanto à causa determinante: não apurada; e c) decisão: mandar
arquivar os autos, conforme promoção da PEM, considerando o acidente da navegação
previsto no art. 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54, como origem indeterminada.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 14 de junho de 2018.

MARCELO DAVID GONÇALVES


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 27 de julho de 2018.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente(T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE
Digitalmente

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Dados: 2018.11.06 14:39:13 -02'00'

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