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Fiódor Dostoiévski

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Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski[nota 1][nota 2] (Moscou/Moscovo, Fiódor Dostoiévski
30 de outubro de 1821 - São Petersburgo, 28 de janeiro de
1881)[1][2][3][4][nota 3] foi um escritor, filósofo e jornalista do Império
Russo. É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da
história, bem como um dos maiores "psicólogos" que já existiram (na
acepção mais ampla do termo, como investigadores da psiquê).[5][6][7]

Após o término de sua formação acadêmica como engenheiro,


Dostoiévski trabalhou integralmente como escritor, produzindo
romances, novelas, contos, memórias, escritos jornalísticos e escritos
críticos. Além disso, atuou como editor em revistas próprias, como
preceptor e participou de atividades políticas. Suas obras mais
importantes foram as literárias, onde abordou, entre outros temas, o
significado do sofrimento e da culpa, o livre-arbítrio, o cristianismo, o
racionalismo, o niilismo, a pobreza, a violência, o assassinato, o Fiódor Dostoiévski, fotografado em 1879, aos 58 anos
altruísmo, além de analisartranstornos mentais, muitas vezes ligados à de idade
humilhação, ao isolamento, ao sadismo, ao masoquismo e ao suicídio. Nome Фёдор Миха́ йлович
Pela retratação filosófica e psicológica profunda e atemporal dessas completo Достое́ вский
questões, seus escritos são comumente chamados de romances Nascimento 30 de outubro de 1821
filosóficos e romances psicológicos.[7][8] Moscou, Império Russo
Morte 28 de janeiro de 1881 (59 anos)
Dostoiévski logrou atingir certo sucesso já com seu primeiro romance, São Petersburgo, Império
Gente Pobre, o qual foi imediatamente elogiado e protegido pelo mais Russo
importante crítico literário russo da primeira metade do século XIX, Nacionalidade russa
Vissarion Belinski.[9] Já seu segundo romance, O Duplo - obra hoje Cônjuge Maria Dmitriévna (1857-1864)
muita famosa, tendo sido reinterpretada literária e Anna Dostoiévskaia (1867-1881)
cinematograficamente -, recebeu criticas muito negativas, inclusive do Ocupação Escritor
seu antigo protetor, críticas que acabaram por destruir o Influências
reconhecimento que Dostoiévski começava a adquirir como escritor. Lista
Apenas após seu retorno da prisão na Sibéria - Dostoiévski foi preso Vladimir Soloviov
por tramar contra o Czar -, repetiria o escritor seu sucesso inicial com Victor Hugo
a semi-biográfica obra Recordações da Casa dos Mortos, a qual trata Charles Dickens
dos anos que passou na prisão. Mais tarde sua fama aumentaria Nikolai Gógol
drasticamente graças a obras como Crime e Castigo, O Idiota e Os Miguel de Cervantes
Demônios.[10] Foi entretanto já próximo da morte que Dostoiévski Honoré de Balzac
consolidou-se um dos maiores escritores de todos os tempos com sua E.T.A. Hoffmann
Johann Wolfgang von Goethe
obra-prima Os Irmãos Karamazov.[11]
Friedrich Schiller
A influência de Dostoiévski é ímpar: ele influenciou diretamente a Edgar Allan Poe
Literatura, a Filosofia, a Psicologia e a Teologia. Sob sua influência William Shakespeare
Aleksandr Pushkin
direta foram produzidas várias obras literárias e cinematográficas. Foi
Leo Tolstoy
também reconhecido como precursor dos seguintes movimentos:
nietzscheanismo, psicanálise, expressionismo, surrealismo, teologia da Influenciados
crise e existencialismo.[12][6][13] O reconhecimento popular também é Lista
imenso: é mundialmente conhecido, possui diversas estátuas, selos e Sigmund Freud
moedas em sua homenagem e até hoje celebra-se em São Petesburgo o Albert Camus
"Dia Dostoiévski".[14] Jean-Paul Sartre
Friedrich Nietzsche
Mikhail Bakhtin
Nelson Rodrigues
Índice Leo Tolstoy
Vida Principais Notas do Subterrâneo
Primeiros anos trabalhos Crime e Castigo
Início da carreira literária O Idiota
Exílio na Sibéria Os Demônios
Detenção, julgamento e falsa execução
Os Irmãos Karamazov
Sibéria
Exército e primeiro casamento Religião Cristianismo ortodoxo
A conversão de Dostoiévski Assinatura
Carreira literária pós-exílio
Regresso e contexto sociopolítico
O reinício em São Petersburgo
As grandes obras I: Notas do Subterrâneo, Crime
e Castigo e O Jogador
As grandes obras II: O Idiota e Os Demônios
Obra prima e morte
Obra
Influências e controvérsias
Temas
Estilo e estética
Personagens-tipo
Posição política
Niilismo
Relação entre Intelligentsia e povo
Nacionalismo e imperialismo
Conservadorismo
Influência
Literatura
Filosofia
Psicanálise
Religião
Outros
Obras influenciadas por Dostoiévski
Lista de obras
Romances
Novelas e contos
Não-ficção
Notas
Referências
Bibliografia citada
Obras completas
Fontes secundárias
Estudos
Artigos científicos
Introduções, prefácios e comentários
Documentos
Sítios virtuais
Ligações externas
Sociedades e organizações
Bibliografia on-line

Vida

Primeiros anos
Fiódor Dostoiévski, filho de Mikhail Dostoiévski e Maria Dostoevskaia,[15] nasceu em
Moscou no dia 30 de outubro de 1821.[1][2][3] Ao contrário de outros grandes escritores
russos da época - como Gogol, Turgueniev e Tolstoi -, seus pais não eram abastados
financeiramente:[16] seu pai era médico militar e sua mãe dona de casa - a profissão de
médico era pouca valorizada financeiramente na época -.[17] Mesmo com dificuldades
financeiras, a família possuía seis serviçais, os quais, segundo o irmão de Dostoiévski,
Andrei, serviam para manter o status social perdido da família, tendo em vista que o
pai de Dostoiévski possuía um passado relativamente nobre, passado que abandonou Pai e mãe de Dostoiévski
por vontade própria.[17]

Além da educação religiosa no cristianismo ortodoxo,[18] Dostoiévski e seus irmãos estudavam literatura e outros estudos de
[19]
humanidades desde muito cedo, sempre por influência dos pais.

Os pais de Dostoiévski morreram quando o escritor ainda era muito jovem: a mãe morreu no ano de 1836[20] e há suspeitas de que o
pai foi assassinado no início de junho de 1839 pelos próprios servos de sua propriedade rural em Daravói. A tese de assassinato é
hoje muito questionada.[21]

Início da carreira literária


Na Academia Militar de Engenharia de São Petersburgo, além das matérias militares essenciais e
de engenharia, Dostoiévski também estudou a obra de Victor Hugo, Honoré de Balzac, George
Sand e Eugène Sue, uma vez que a academia tinha um bom programa de literatura, focado
principalmente na produção francesa.[22] Nesta época, foi também muito influenciado pelo poeta
romântico alemão Friedrich Schiller.[23]

A partir de agosto de 1841, Dostoiévski passou a morar fora da escola de engenharia, dividindo
apartamentos com conhecidos[24] e com o irmão Andrei.[25] Nesta época escreveu - segundo
relatos de um seu conhecido com o qual dividia o apartamento - partes de duas peças românticas,
as quais não sobreviveram ao tempo e cujos títulos eram: Mary Stuart e Boris Godunov.[26]
Termina o curso de engenharia em 1843.[25]

Fiódor Dostoiévski Em 1845 começa a escrever sua primeira obra, o romance epistolar Gente Pobre,[27] trabalho que
Por Kostyantyn Trutovsky, iria fornecer-lhe êxitos da crítica literária, uma vez que Belinski, o mais influente crítico da
1847 literatura russa,[28] acreditou e fez acreditar ser Dostoiévski a mais nova revelação do cenário
literário do país: Belinski estava extasiado com o movimento realista na Europa e considerou o
romance de Dostoiévski como a primeira tentativa do gênero na Rússia.[29] O livro foi publicado no Almanaque de Petesburgo no
ano de 1846.[30]

À Gente Pobre seguiu o romance O Duplo, publicado em 1846,[31] e os seguintes contos: Senhor Prokhartchin, publicado no volume
de outubro de 1846 da revista Notas da Pátria,[32] dois contos escritos em 1846: Romance em Nove Cartas e Polzunkov,[33] A
Senhoria, escrito entre 1846-47,[34] Coração Fraco, escrito em 1848,[35] três contos escritos entre 1847-48: O Ladrão Honesto, Uma
Árvore de Natal e uma Boda, A mulher alheia e o marido debaixo da cama[36] e Noites Brancas[37] e, ainda, o conto Netochka
Nezvanova, cuja última parte foi publicada no volume de maio da Notas da pátria no ano de 1849, sem, entretanto, conter o nome de
Dostoiévski, uma vez que ele tinha sido preso em 23 de abril.[38] Estas obras não tiveram o êxito esperado e sofreram críticas muito
negativas, inclusive de Bielínski.[39]

Nesta época,[40] desde que terminou o curso na academia militar até sua prisão, Dostoiévski entrou em contato com alguns grupos da
Intelligentsia russa, sendo os principais do qual participou o Círculo Petrashevski[41] e o Círculo Palm-Durov.[42] O primeiro era
dedicado à discussão sobre literatura e humanidades em geral, centrado nas obras da biblioteca de obras proibidas de
Petrashevski,[43] obras que, segundo os registros da sociedade, Dostoiévski consultou em várias ocasiões.[44] O segundo, o Círculo
Palm-Durov, foi formado a partir do Círculo Petrashevski e servia de fachada para radicais revolucionários, incluindo
Dostoiévski,[45] o qual foi preso muito por conta de suas atividades neste círculo,[45] em que pese as acusações terem sido
direcionadas apenas ao círculo principal de Petrashevski, uma vez que o Círculo Palm-Durov não chegou a ser descoberto pelas
autoridades.[46]

“ Mais do que um sósia, era o seu duplo, o desdobramento dêle mesmo.



—Dostoiévski[47]

Exílio na Sibéria

Detenção, julgamento e falsa execução


Dostoiévski foi detido na noite de 22-23 de abril de 1849 por participar do Círculo
Petrashevski sob acusação de conspirar contra o czar Nicolau I.[48][6] O czar
mostrou-se, depois das revoluções de 1848 na Europa, vigoroso contra qualquer
organização clandestina que pudesse pôr em risco seu reinado.[49][6] Apesar do
Círculo Petrashevski não ser em si nem clandestino nem revolucionário, como
chegou a conclusão o relatório oficial,[50] existiam vários grupos menores orbitanto
ao seu redor e alguns de seus membros eram de fato revolucionários, como era o
caso de Dostoiévski.[51] A ordem de detenção foi emitida baseada nos relatórios da
chancelaria imperial russa da época, mais conhecida como "polícia secreta", A falsa execução do Círculo
realizados em conjunto com o Ministério dos Assuntos Internos, após mais de um Petrashevski
ano de investigação.[52] A principal acusação contra Dostoiévski foi de ter lido em
público passagens de uma carta semi-aberta de Vissarion Belínski ao escritor Nikolai Gogol, na qual o escritor foi criticado por suas
visões políticas e sociais conservadoras. Dostoiévski leu esta carta tanto no Círculo Petrashevski quanto no Círculo Palm-Durov,
além de ter ajudado a disseminá-la.[53]

Por conta do processo, Dostoiévski passou oito meses na Fortaleza de São Pedro e São Paulo, onde trabalhou escrevendo várias notas
para diferentes obras.[54] As notas não sobreviveram e a única obra concluída desta época foiO Pequeno Herói.[55] Nestes oito meses
continuaram as investigações do Círculo Petrashevski, as quais foram finalizadas apenas em 17 de setembro de 1849, quando foram
enviadas ao czar, o qual ordenou a abertura de um tribunal misto (civil e militar) para julgar, sob leis militares, 28 acusados. Destes,
15, incluindo Dostoiévski, foram condenados no dia 16 de novembro à pena de morte por fuzilamento.

Após diversos recursos, Nicolau I perdoou muitos dos sentenciados à morte. Dostoiévski foi então condenado a oito anos de
trabalhos forçados, pena reduzida para quatro anos seguida de serviço militar por tempo indeterminado.[56] Mesmo assim, em 22 de
dezembro os prisioneiros foram transferidos e levados ao lugar da suposta execução, a Praça Semenovski, onde suas sentenças de
morte foram lidas publicamente.[57] Três membros do grupo - Petrashevski, Mombelli e Grigoriev - foram amarrados aos postes em
frente ao pelotão de fuzilamento. Dostoiévski era um dos três próximos [58] e neste momento de aguardo disse a Nikolai Spetchniev,
[59]
o qual se encontrava atrás: -"Nós estaremos com Cristo", o revolucionário respondeu -"Um pouco de poeira".
Antes do comando para o fuzilamento, entretanto, chegou uma ordem do czar para que a pena fosse comutada para prisão com
trabalhos forçados. Soube-se depois, que a ordem havia sido assinada há dias, mas que o czar exigira a falsa execução - através do
Príncipe Michkin de O Idiota, Dostoiévski oferece uma descrição desta experiência de quase morte -.[60] Dostoiévski, então, recebeu
os grilhões e partiu para a Sibéria poucos dias depois.[61] É comumente aceito e afirmado pelo próprio Dostoiévski, que após a
simulação da execução ele passou a apreciar a vida de uma maneira muito diferente da anterior, iniciando um processo de
transformação existencial, literária e política, que estaria terminada quando de seu retorno a São Petersburgo, 10 anos depois.[6]
[62][63]

“ - Nós estaremos com Cristo. - Um pouco de poeira.



—Dostoiévski, Spechniev.[59]

Sibéria
Dostoiévski foi primeiramente enviado a uma prisão localizada em
Tobolsk, onde os presos eram redistribuidos para diversos campos de
trabalho a fim de cumprirem suas penas de trabalho forçado
(chamado sistema Katorga). Fato curioso, foi que em Tobolsk,
Dostoiévski encontrou muitos dezembristas, diversos dos quais
estavam acompanhados de suas esposas, as quais se exilavam
espontaneamente para acompanhar seus maridos. Foram elas que
forneceram a Dostoiévski, e aos outros prisioneiros recém chegados,
Prisioneiros em Katorga seus exemplares do Novo Testamento, o único livro permitido na
Por Aleksander Sochaczewski prisão.[64]

Dostoiévski foi, então, encaminhado para uma prisão em Omsk,


centro administrativo da Sibéria, onde cumpriu por quatro anos a sentença de trabalhos forçados. Esta prisão estava em péssima
condições, tendo Dostoiévski escrito em carta ao irmão, que o local deveria ter sido demolido anos atrás.[65] Na prisão em Omsk era
possível, apesar de difícil, conseguir outro tipo de literatura além do Novo estamento.
T [66]

Um dos fatos que tiveram mais impacto em Dostoiévski nesta época foi descobrir que na prisão, em que pese diluídas as diferenças
de classe, os servos não aceitavam as antigas (de fora da prisão) classes superiores como camaradas, como iguais.[67] Dostoiévski
conta como os camponeses zombavam dos intelectuais por sua falta de destreza física nos trabalhos[68] e quando Dostoiévski, sem
querer, acabou se juntando a um protesto contra a má qualidade da comida da prisão, os prisioneiros não o aceitaram e o expulsaram,
, não pertencendo, assim, à manifestação.[69]
uma vez que Dostoiévski podia comprar reforço alimentar

Foi na prisão da Sibéria que Dostoiévski sofreu seu primeiro ataque de epilepsia, doença que o acompanharia pelo resto da vida e que
também atinge vários de seus personagens, como o Príncipe Míchkin de O Idiota, Kiríllov de Os Demônios e Smerdiákov de Os
Irmãos Karamazov. As cartas que Dostoiévski enviou ao irmão deixam claro que os ataques epilépticos iniciaram na Sibéria, em que
[70]
pese ele já ter apresentado problemas nervosos antes disso.

[71]
Em fevereiro de 1854, Dostoiévski deixou a prisão na Sibéria para cumprir pena de serviço militar por tempo indeterminado.

Exército e primeiro casamento


Após libertado da prisão de Omsk, Dostoiévski foi mandado para cumprir pena servindo no exército russo em seu Sétimo Batalhão
do Corpo Militar da Sibéria por tempo indeterminado,[72] permanecendo por quatro anos na fortaleza de Semipalatinsk, no
Cazaquistão.[6]
Neste período, apaixonou-se por Maria Dmitriévna, mulher casada e mãe de um filho chamado
Pável Issáiev (Pasha), do qual Dostoiévski era tutor.[73] Ela sofria de tuberculose.[74] Quando
Maria Dmitriévna mudou-se com seu marido e filho para Kuinetsk, ambos trocaram cartas
semanalmente e uma destas cartas ainda sobrevive.[75] Em agosto de 1855, morreu Alexander
Ivanovich Isaev, marido de Maria Dmitriévna[76] e como em novembro de 1855 Dostoiévski foi
promovido,[76] ele pediu a amada em casamento. Não sem muitas idas e vindas (inclusive um
caso com outro homem)[77] Maria Dmitriévna aceita, em dezembro de 1856, se casar com
[78]
Dostoiévski e em 7 de fevereiro de 1857 ocorreu a cerimônia.

Na noite de núpcias, Dostoiévski sofreu uma violenta crise de epilepsia, quando recebeu pela
primeira o diagnóstico médico de tal doença.[79] Aproximadamente um ano depois, em meandros Maria Dostoevskaya
de janeiro de 1858, Dostoiévski entrou oficialmente com pedido de aposentadoria do exército, a (1824-1864)
fim de receber tratamento médico.

Já no início de 1859, Dostoiévski conseguiu ser dispensado do exército para tratar da saúde, sob a condição de não residir nem em
São Petersburgo, nem em Moscou. Escolheu mudar-se para Tver, meio caminho entre as duas cidades proibidas. No início de julho
[80]
de 1859 inicia sua viagem para sua nova residência.

A conversão de Dostoiévski
Por conversão de Dostoiévskientende-se a mudança radical de convicções existenciais, religiosas,
morais e políticas pelas quais passou Dostoiévski no período entre sua detenção e seu retorno a
São Petersburgo, conversão afirmada pelo próprio autor.[81]

Segundo o próprio Dostoiévski, o momento exato da conversão foi durante as festividades de


Páscoa do segundo ano que passara na Sibéria: após assistir a uma extremamente violenta, e para
ele insuportável, festividade dos servos na prisão, Dostoiévski lembrou-se do caso do servo Marei
(servo de seu pai), o qual teria ocorrido quando ele ainda era criança. O servo Marei teria tratado
Dostoiévski com extremo amor paternal, quando este, com oito anos, estava desesperado de medo
por acreditar ter ouvido uivos de lobos na propriedade da família. Esta lembrança modificou o
modo como ele vinha compreendendo os servos desde que chegou ao presídio - com muito rancor
,
Dostoiévski em uniforme por não ser aceito como um igual -: depois desta experiência e lembrança, como por um milagre,
(1858) o rancor desapareceu.[82]

Colocando de forma mais completa o significado da citada conversão, pode-se dizer que
Dostoiévski começou com uma crença socialista ingênua de que poderia liderar os servos como um igual - crença que sustinha antes
da condenação -, passou por uma posição de extrema repulsa em relação aos servos da prisão - causada pelo fato dos servos não o
aceitarem como igual - e chegou, finalmente, a ter fé na moral dos servos (cristianismo ortodoxo), do povo russo, não mais, porém,
como movimento político, mas como seres humanos capazes de infinito amor[83] e, como qualquer ser humano, do infinito mal.[84]
[85]
Trata-se de amor cristão, o que mostra que a conversão também foi religiosa.

Carreira literária pós-exílio

Regresso e contexto sociopolítico


O reinício de Dostoiévski como escritor ocorre, de fato, antes mesmo de ser liberado do exército, isto é, logo após começar a receber
seu ordenado como oficial (março de 1857) e de ser restituído de seus direitos civís - incluindo o direito de publicação (maio de
1857) -, quando então publicou seu único texto já completo na época, aquele escrito enquanto detido para investigação: O Pequeno
Herói.[86] Entre 1857 e 1859 escreveu ainda dois contos cômicos: O Sonho do Tio e Aldeia de Stiepantchikov e Seus Habitantes, não
obtendo nenhum deles sucesso.[87][88]
No final de dezembro de 1859, regressou finalmente com sua família (sua esposa e o
enteado) a São Petersburgo.[89] O retorno não foi dos mais fáceis, tendo em vista que
sua longa ausência não só o afastou dos antigos contatos de São Petersburgo, como
também de toda a produção cultural russa, incluindo a literatura e o jornalismo, uma vez
[90]
que o acesso aos livros era bem difícil durante o tempo em que cumpriu pena.

A situação política que encontrou em São Petersburgo não foi conflituosa: uma vez que
os impulsos revolucionários dos literatos e de Dostoiévski tinham como principal
finalidade a libertação dos servos da Rússia e na medida em que Alexandre II, czar que
assumiu o trono em 1855,[91] estava determinado a libertá-los, tanto aInteligência Russa
como Dostoiévski estavam favoráveis ao czar.[92] No caso de Dostoiévski, também
sabemos que sua conversão, a qual o impulssionou contrariamente ao socialismo,
tornavam o czar e sua política ainda mais simpáticos (v. seção A conversão de
Dostoiévski deste artigo). A abolição da servidão veio de direito em 16 de fevereiro de
Alexandre II, czar da Rússia
1861,[93] entretanto a trégua não durou muito, uma vez que a forma da libertação não
parecia favorecer muito os servos.[94]

Na época do retorno de Dostoiévski a São Petersburgo, isto é, no início dos ano 1860, os escritores mais aclamados eram
Tchernitchevski e Dobroliubov.[95] Ambos, assim como a maioria dos pensadores da época, acreditavam em uma ética utilitarista e
tinham uma visão inocente da ciência e do racionalismo, assim como da possibilidade deles de desvendarem e responderem, por si
mesmos, todas as questões humanas.[92]

O reinício em São Petersburgo


A primeira obra publicada por Dostoiévski após seu retorno a São Petersburgo foi a
autobiográfica e de enorme sucesso Recordações da Casa dos Mortos, esta obra foi
baseada em suas experiências como prisioneiro,[6] [96] inaugurando este gênero literário
russo.[97] A obra chegou a ser considerada por Liev Tolstói como o melhor livro de toda
a literatura moderna.[98] Ela foi publicada no revistaO Mundo Russo (Russkii Mir): seus
dois primeiros capítulos foram publicados em 1860 e republicados no início de 1861,
seguidos de três capítulos publicados semanalmente, quando a publicação foi então
interrompida e nunca mais retomada.[99] Muito tempo depois, em 1922, foi encontrado e
publicado um capítulo esquecido das Recordações da Casa dos Mortos, o qual tinha
sido escrito para reveter uma censura governamental feita à obra, porém, uma vez que a
obra acabou publicada sem este capítulo, ele ficou esquecido nos arquivos do
Mikhail Dostoiévski, irmão de governo.[100] Este capítulo esquecido continha, pela primeira vez nos escritos de
Fiódor Dostoiévski, ca. 1864 Dostoiévski, aquilo que seria um dos temas de suas grandes obras: a liberdade humana
como bem supremo, contraposta, p.ex., a uma suposta supressão total das necessidades
vitais do ser humano pela utopia socialista.[101]

Em 8 de julho de 1860, Mikhail, irmão de Dostoiévski, foi autorizado a publicar a revista literária Tempo (Vremia), da qual seria
editor juntamente com Dostoiévski, esta revista foi muito bem sucedida.[102] A posição política defendida pelos editores de Tempo
era a fusão mediadora de ocidentalismo e eslavofilia,[103] podendo por isso ser entendida como a principal referência de um novo
movimento no cenário literário russo, oPochvennichestvo, cujos os principais membros, além do próprio Dostoiévski, era Strakhov e
Grigoriev.[104] O movimento potchvennitchestvo acreditava que a questão mais emergencial a ser tratada pelos escritores era a
síntese cultural pacífica entre os "bem educados" e a massa russa, entre ocidentalismo e eslavofilia, e não uma revolução violenta
guiada por intelectuais educados na cultura europeia, a qual teria como finalidade impor ao povo russo um ideal de vida
iluminista.[105] Na revista Tempo, além de suas próprias ficções, Dostoiévski também publicava traduções, resenhas, comentários e
alguns estudos,[106] incluindo, p.ex., um estudo sobreEdgar Allan Poe.[107]
Desde a autorização para a publicação de Tempo, enquanto Mikhail terminava os preparos burocráticos para publicação da revista,
Dostoiévski escrevia seu primeiro romance pós-Sibéria, o romance em folhetim Humilhados e Ofendidos, o qual também foi
agraciado com grande sucesso.[6] O romance começou a ser publicado desde o primeiro volume de Tempo, em janeiro de 1861,
continuando por vários dos seus números.[102] Esse romance, segundo Joseph Frank, teria inaugurado um estilo melodramático que
Dostoiévski usaria mais tarde em suas grandes obras.[108] Segundo Frank, portanto, nesta época Dostoiévski funda o estilo[108] e o
tema[101] de suas grandes obras: a dramatização da contraposição entre liberdade e racionalidade. Neste período, Dostoiévski
, ex membro do círculoPalm-Durov.[109]
também começou a frequentar o círculo literário que se encontrava na casa de Miliukov

[110] Nesta
Em 7 de junho de 1862 partiu Dostoiévski para sua primeira viagem pela Europa (Alemanha, Bélgica, França e Inglaterra).
viagem, ele jogou roleta pela primeira vez, adquirindo um vício que o acompanharia por quase toda a vida, apesar de praticado
apenas durante viagens.[111] Também foi nesta viagem que Dostoiévski visitou o Palácio de Cristal, símbolo dos avanços
[112] Já no final de 1862, após seu retorno da
tecnológicos europeus, o qual será usado pelo autor em alguns de seus textos posteriores.
Europa, Dostoiévski publicou Uma História Desagradável e depois, como a última importante obra publicada na revista Tempo,
erão,[113] obra que retratava e comentava sua viagem à Europa do ano anterior
publicou Notas de Inverno sobre Impressões de V .[114]

Em maio de 1863 a autorização de funcionamento da revista foi cancelada pelo governo sob falsa acusação de apoio à revolta
polonesa.[115] Então, em abril de 1864, Dostoiévski e seu irmão Mikhail iniciaram a edição de uma segunda revista literária, a Época
(Epokha), seguindo a mesma orientação política e editorial que sua antecessora, a Tempo.[116] Na Época, Dostoiévski publicaria suas
Notas do Subterrâneo, dando início às suas grandes obras.[117]

As grandes obras I: Notas do Subterrâneo, Crime e Castigo e O Jogador


Notas do Subterrâneo, texto que abre o período das grandes obras de Dostoiévski, foi
escrito em um momento extremamente difícil para o autor, uma vez que a saúde de sua
esposa, Maria Dmitrievna, por conta de sua tuberculose, havia piorado muito, vindo ela
a falecer em 12 de abril de 1864.[118] Se não bastasse a morte da esposa, Dostoiévski
[119] Em Notas do
perdeu seu irmão Milkhail logo em seguida, no dia 9 de julho de 1864.
Subterrâneo, Dostoiévski retratou a necessidade humana insuperável de liberdade,
podendo ele fazer qualquer coisa para mantê-la, inclusive o masoquismo.[120] Nesta
época, também escreveu alguns artigos e o conto O Crocodilo,[121] texto inacabado que
compôs o último número da revista Época, que fechou por problemas financeiros em
março de 1865.[122][123]

Após o fechamento da Época, da morte da primeira mulher e do seu irmão (sempre ao


seu lado na edição das revistas), Dostoiévski entrou em uma nova fase de sua vida: ele Anna Dostoiévskaia,1871 -
não mais procurou se inserir no agitado movimento político/literário russo, mas, ao Segunda esposa de Dostoiévski
contrário, se isolou a fim de escrever seus romances de forma mais tranquila.[124]
Apesar de afastado das obrigações burocráticas e sociais das revistas, entretanto, por causa das dívidas e do seu vício em jogos, não
alcançou a tranquiliade que desejava.[125] Foram nestes seis anos de isolamento social que ele escreveu as obras primas Crime e
Castigo, O Idiota e Os Demónios, além de obras menores comoO Jogador e O Eterno Marido.[124]

Planejado inicialmente para ser um simples conto, Crime e Castigo se tornou um romance de peso, uma das obras mais importantes
do autor.[126] Seus primeiros dois capítulos foram publicados, respectivamente, nos números de janeiro e fevereiro de 1865 da revista
O Mensageiro Russo, adquirindo grande fama e muita crítica.[126] Um curioso fato, que teria aumentado em muito o interesse geral
pela obra, foi o assassinato de um agiota e seu criado visando o roubo do seu apartamento cometido por um estudante chamado A.M.
Danilov em 12 de janeiro de 1866. Este episódio era muito semelhante ao enredo do romance de Dostoiévski[127] e o sucesso dos
dois primeiros capítulos trouxe à revista O Mensageiro Russo nada menos que 500 novos assinantes.[128] Esse fato, entretanto, não
aliviou a tensão entre o escritor e seus editores, os quais continuaram demandando diversas correções dos textos apresentados por
Dostoiévski, além de apressarem constantemente a finalização do romance, recomendando a Dostoiévski, inclusive, a contratação de
uma estenógrafa para ajudá-lo com um romance que deveria ser entregue antes mesmo de Crime e Castigo, e o qual Dostoiévski nem
mesmo havia começado, o romance O Jogador . O manuscrito de O Jogador foi entregue ao editor no dia 29 de outubro de 1866,
dentro do prazo combinado, portanto.[129][130]

A contratada como estenógrafa foi Anna Grigorievna Snitkina (futura Anna Dostoievskaia)[131] com quem Dostoiévski se casou pela
segunda vez,[132] quando Anna tinha vinte anos.[133] Não devemos confundir a esposa de Dostoiévski com a também conhecida sua
Anna Korvin-Krukovskaia: esta escreveu dois textos para a revista Época sob o pseudônimo de Iury Orbelov, denominados Um
sonho e Mikhail[134] e, apesar de ter sido pedida em casamento por Dostoiévski, recusou o pedido.
[134]

Após o casamento, para fugir da pressão dos credores entre outros problemas, o casal resolveu viajar pela Europa e partiram em abril
de 1867. A viagem estava programada para durar alguns meses, mas acabou durando quatro anos.[135] Eles residiram em
Dresden,[136] Genebra,[137] Vevey,[138], Milão,[139] Florença[139] e novamente em Dresden.[140] Durante a viagem, Dostoiévski
jogou muito na roleta e acabou perdendo algumas vezes o seu próprio dinheiro, assim como o de sua mulher, a qual tinha pago os
custos iniciais da viagem, uma vez que Dostoiévski estava muito endividado na época.[134] Em Geneva, no dia 5 de março de 1868,
nasceu a primeira filha do casal, Sônia[141][142][143] ou Sofia.[144][nota 4] Sônia morreu pouco tempo depois, em 12 de maio de 1868,
[138]
por causa de um gripe e foi enterrada no dia 24 de maio.

“ Finalmente robei seus últimos pertences e os perdi no jogo.



—Dostoiévski.[145]

As grandes obras II: O Idiota e Os Demônios


Nos meses de outubro e novembro de 1867, Dostoiévski já estava elaborando rascunhos
para sua próxima grande obra, O Idiota.[146] A história da composição deste romance
está bem registrada nos três cadernos de notas deixados pelo escritor, cadernos que
demonstram a grande dificuldade e intensidade com que o autor trabalhou em seu
perssonagem principal, Príncipe Mitchkin. [147] O Idiota foi publicado na revista O
mensageiro russo, sendo que seus primeiros capítulos foram publicados em janeiro de
1868[139] e o último em dezembro de 1869.[148] A obra é considerada a mais original de
Dostoiévski,[149] expondo, em sua máxima força, a compreensão do autor sobre o "Tipo
Dom Quixote" (ver seção abaixo), isto é, o tipo cristão, o ideal existencial de
Dostoiévski.[150]

Já na primeira semana de dezembro de 1869, Dostoiévski terminou de escrever o conto


O Eterno Marido, o qual foi considerado, mesmo tendo sido escrito exclusivamente por
Retrato de Fiódor Dostoiévski
questões financeiras,[151] "o mais bem acabado conto de Dostoiévski",[152] esse texto
Por Vassilij Grigorovič Perov, 1872
foi publicado no início de 1870 pela revista russa Dawn.[151] Nesta época, Dostoiévski
já possuía rascunhos para uma gigantesca obra em resposta a Guerra e Paz de Lev
Tolstoy, a obra não escrita A vida de um grande pecador.[153] Estas notas dariam origem a três romances de Dostoiévski: Os
Demônios, O Adolescente e Os Irmãos Karamazov:[154] A mudança de rumo ocorreu logo após a publicação de "O Eterno Marido",
entre dezembro de 1869 e fevereiro de 1870, quando Dostoiévski deixou de desenvolver "A vida de um grande pecador" para iniciar
a elaboração dos rascunhos para Os Demônios.[155] O fato que desencadeou a mudança de rumo foi o assassinato de um estudante
chamado Ivan Ivanov em Moscou pelo grupo revolucionário secreto liderado por Sergei Netchaev, ao qual Ivan Ivanov
pertencia.[156]

Em 26 de setembro de 1870, enquanto escrevia Os Demônios, nasceu a segunda filha do casal, Liubov, [157] e em 8 de junho de
1871,[158] com o livro ainda pela metade, Dostoiévski retornou à Rússia.[159] Na viagem de retorno apostou pela última vez na
roleta.[160] Já em São Petersburgo, onde residiu após o retorno, nasceu, no dia 16 de julho de 1871, o terceiro filho do casal,
Fiódor.[161] Procurando tranquilidade para criar os filhos, a família se mudou para Staraia na primavera de 1872.[161] Os últimos
capítulos de Os Demônios foram publicados no volume de novembro e dezembro de 1872 da revista O Mensageiro Russo, tendo sido
publicado em forma de livro no ano seguinte,[162] editorado pelo próprio Dostoiévski e sua esposa.[163]

Outra atividade editorial de Dostoiévski foi seu envolvimento com a revista russa O cidadão, da qual se tornou editor em 1 de janeiro
de 1873.[164] Nesta revista escreveu sua famosa coluna Diário de um escritor,[165] a qual se tornaria uma publicação separada.
Durante as atividades de editoração, no início de 1874, Dostoiévski começou a adoecer, início do que seria sua efisema
pulmonar,[166] deixando a edição da revista em abril[166] e partindo em junho para Bad Ems na Alemanha, visando tratamento
médico.[167] Em Diário de um escritor, encontrava o público uma síntese das posições políticas do seu tempo encarnadas em
personagens vividamente criados por Dostoiévski.[168] Nestes textos, entretanto, é possível encontrar apenas uma obra ficcional
completa, o conto Bobok.[169]

Dostoiévski retornou a Staraia já melhor de saúde no dia 1 agosto de 1873, iniciando imediatamente seus trabalhos em O
Adolescente,[170] obra que publicou na popular revista Notas da Pátria,[171] tendo a última parte do romance sido publicada no
inverno de 1875.[172] A obra não foi bem recebida nem pela crítica da época nem pela atual.[173] Nesta mesma época, mais
precisamente em 10 de agosto de 1875, nasceu o quarto filho do casal, Aleixo (em alusão Santo
a Aleixo, "o homem de Deus").[172]

A fim de gerenciar a retomada do Diário de um Escritor (de 1876 a 1877),[174] agora de forma autônoma,[175] Dostoiévski e sua
família voltaram para São Petersburgo em meados de setembro de 1875.[176] Sua nova publicação chegou a ser o periódico mais
influente até então visto na Rússia[177] e com o qual Dostoiévski alcançou uma fama nunca antes experimentada.[178] Também é
digno de nota os contos publicados neste periódico: em fevereiro de 1976 publicou O Mujique Marei,[179] em novembro de 1876
publicou Uma Criatura Gentil[180] e em abril de 1877 publicouO Sonho de um Homem Ridículo.[181] O último número de Diário de
um Escritor desta época foi publicado em dezembro de 1877.[182]

“ Se alguém me provar que Cristo está fora da verdade, e que na realidade a


verdade está fora de Cristo, então eu preferiria ficar com Cristo a ficar com a
verdade. ”
—Dostoiévski.[183]

Obra prima e morte


Pouco antes de começar a escrever sua obra prima, Os Irmãos Karamazov, ocorreram dois fatos
importantes na vida de Dostoiévski: em fevereiro de 1878 o escritor aceitou convite do czar
Alexandre II para ser tutor em conversas informais dos seus filhos mais novos, Sergei e Paulo,
[184] e em 16 maio de 1878 morreu seu filho Aleksei (Aliosha).
[185]

Os primeiros rascunhos de Os Irmãos Karamazov foram escritos em abril de 1878[186] e a


publicação de sua primeira parcela ocorreu no dia 1 de fevereiro de 1879 pela revista "O
mensageiro russo",[187] elas fizeram sucesso imediato.[188] Em 7 de novembro ele terminou a
última parte de Os Irmãos Karamazov e enviou para o editor.[189] Em 9 de dezembro do mesmo
ano foi publicada a versão em dois volumes de Os Irmãos Karamazov, cuja venda nos primeiros Dostoiévski em seu leito
dias foi da metade das 3000 cópias impresas.[190] Ainda antes de terminar os Irmãos Karamazov, de morte Por I. N.
em agosto de 1880, Dostoiévski havia reativado o seu Diário de Escritor,[191] publicação que Kramskoy
[192]
durou até a morte do autor, seu último volume foi publicado em janeiro de 1881.

Fatos marcantes desta época foram: o atentado, em abril de 1879, contra o czar por Alexander Soloviev e[193] a participação de
Dostoiévski, entre 5 e 9 de junho de 1880,[194] na inauguração do monumento a Alexandre Pushkin em Moscou, onde proferiu um
discurso memorável sobre o destino daRússia no mundo.[191]
Após três dias de cama, porém sem dor, morreu em 28 de janeiro de 1881[4] de uma hemorragia pulmonar associada com
enfisema.[195] Uma procissão fúnebre foi organizada com representantes de diversos grupos sociais, uma grande multidão
(aproximadamente 30 000) seguiu o corpo,[196] o qual foi velado na Igreja do Espírito Santo.[197]

“ [...] tomai sôbre vossos ombros os pecados humanos, e tornai-vos responsáveis


por êles. ”
—Dostoiévski.[198]

Obra

Influências e controvérsias
Jesus Cristo — Provavelmente a maior influência nos trabalhos de Dostoiévski foi a pessoa, o símbolo, de Cristo
tal como contado pelaBíblia e através da interpretaçãoortodoxa. Dostoiévski nunca deixou de ser cristão e teve
intenso contato com o texto bíblico na prisão, onde apenas este texto era permitido. [66] Comentando um de seus
textos, afrmou que o que ele queria dizer era a "impossibilidade de se viver sem Cristo". [199] Além do mais, muitas
de suas obras contêm reflexões sobre o cristianismo e inclusive apologia, como é o caso de O Idiota, o tipo cristão
perfeito,[200] o mito do Grande Inquisidor em Os Irmãos Karamazov, entre outros.
Victor Hugo — Dostoiévski conhecia muito bem as obras de V itor Hugo e sua obra O Último Dia de um Condenado
à Morte teria influenciado o autor russo no seu realismo fantástico. Segundo Dostoiévski, em referencia a obra
citada, apesar de um condenado a morte não poder escrever um diário, foi exatamente este elemento fantástico
que tornou possível a descrição realista por V itor Hugo da mente de um condenado.[201]
Friedrich Schiller — Dostoiévski entrou em contato com Schiler , ainda quando jóvem quando seu pai lhe
apresentou Os Bandoleiros, e em 1840 ajudou seu irmão, Michail, a traduzir parte da mesma obra para o russo.
Esta obra teria, futuramente, grande influência emOs Irmãos Karamazov.[202]
Tolstói — Dostoiévski considerava Tolstói um grande escritor, ao ponto de desejar escrever um imenso romanceA(
vida de um grande pecador) para fazer frente a sua obra prima,Guerra e Paz.[153] Dostoiévski também debate e
critica, em Diário de um Escritor, as posições políticas de Tolstoí, assim como sua obra Anna Karenina.[203]
Dostoiévski se comparava muitas vezes com o Tlstói também no que se refere as condições financeiras: enquanto
Tolstói teria possibilidade financeira de escrever calmamente e publicar no tempo correto, Dostoiévski, ao contrário,
precisava escrever por dinheiro, deixando assim as obras menos bem acabadas. [204]

Pushkin — Um vez que Puskin tinha sido muito lido na Rússia e, por isso mesmo, muito criticado pelos
revolucionários da época de Dostoiévski, este último defendeu o poeta contra o que ele considerava a denegrição
da arte pelo utilitarismo.[205] A defesa ocorreu publicamente quando da leitura pública por Dostoiévski em Moscou
durantes os Festivais Pushkin, os quais ocorreram entre 5 e 9 de junho de 1880. [194]

Turgueniev — A controvérsia entre Dostoiévski e Turgenev não iniciou, mas ficou clara e acentuada, durante os
festivais dedicados a Pushkin, na medida em que ambos falaram publicamente e defenderam posições diferentes
em relação ao lugar do poeta na literatura russa, refletindo a contraposição mais ampla entre ocidentalismo e
eslavofilia[206]: enquanto Turgenev colocava Pushkin comoum introdutor da cultura europeia na Russia, mas que
não chegava, mesmo assim, a se comparar aos europeus. [207] Dostoiévski idolatrava Pushkin como a maior
manifestação do espírito russo, totalmente original em relação a europa. [208]

Gradovski — Gradovski, apesar de aceitar a tese dostoievskiana de que ainteligentsia russa não se aproximava
do povo para aprender com ele, mas para ensiná-lo sobre a cultura europeia, alerta que sem este aprendizado
europeu o cristianismo sozinho nunca teria libertado osservos russos (política libertária, com a qual Dostoiévski
concordava e tinha sido preso por defendê-la). Em contrapartida, Dostoiévski alegou que teriam sido muito mais os
eslavófilos que os ocidentalistas, aqueles que contribuíram com a libertação dos servos e que, caso o cristianismo
tivesse sido levado à perfeição, teria sim libertado os servos. [209]

Nikolai Gogol — Gógol é citado diversas vezes emO Idiota, sendo um de seus personagens, o Podkolióssin,
modelo para o personagem-tipo de Dostoiévski de mesmo nome. [210]

Temas
Joseph Frank considera que o tema mais característico e marcante das obras de Dostoiévski é a descrição das consequencias
psicológicas da assunção de determinadas ideias (ideologias), como é o caso, entre vários outros, do homem doente, o Homem do
Subsolo (Notas do Subterrâneo) ao assumir a ideologiadeterminista.[211]
Neste sentido ainda, no período pós-siberiano, o tema recorrente de Dostoiévski foi aquele por ele mesmo chamado de "conflito entre
ideias e coração"[212] ou entre razão e fé cristã.[213] Este tema foi nomeado por Joseph Frank de "crítica da ideologia" e explicado
como a contraposição entre as ideias europeias da época, principalmente o socialismo, e a moral cristã ortodoxa viseral do povo
russo, servos principalmente.[214] Trata-se, portanto, de tematizar sua própria conversão (v. A conversão de Dostoiévskineste mesmo
artigo). Este tema também pode ser descrito como a defesa da liberdade enquanto o bem humano supremo,[215] i.e., a contraposição
entre as leis de Cristo e as leis do ego.[216] Outro modo de denominar o mesmo tema, um modo mais sintético, é afirmar que no
período pós-sibéria, mais especificamente a partir de Notas do Subterrâneo, o tema central de Dostoiévski é a superação do
niilismo.[217]

Dostoiévski tinha por tema, diferentemente dos outros escritores que descreviam o círculo da família moldados na tradição e nas
"belas formas", o caos familiar, a humilhação, o sadismo, o masoquismo, a ganância, a doença etc.[6] Essencialmente um escritor de
mitos (e às vezes comparado por isso a Herman Melville), criou um trabalho com uma enorme vitalidade e de um poder quase
hipnótico, caracterizado por cenas febris e dramáticas, onde os personagens apresentam comportamento escandaloso, e atmosferas
explosivas, envolvidas em diálogos socráticos apaixonados, a busca deDeus, do mal e do sofrimento dos inocentes.[6]

Reinhold Niebuhr atribui a Dostoiévski um "universalimo ético" pelo qual o escritor defenderia e pregaria o destino da Rússia como
[218]
o lugar de onde partiria o reino do bem e da justiça na terra.

Estilo e estética
Ao contrário do estilo utilizado na prosa da época, Dostoiévski não se fixava muito em uma descrição fotográfica dos personagens e
do âmbiente em que estavam, concentrando-se mais no enredo. Este fato teria contribuído, segundo Joseph Frank, para a má recepção
por parte da crítica da época de muitos textos de Dostoiévski.[219] Este estilo - grande atenção para os elementos do enredo em prol
da descrição fotográfica - utilizou Dostoiévski em todos os seus grandes romances, fato que trouxe uma certa homogeneidade
estilística a estas obras. Os elementos comuns foram enumeradas por Joseph Frank da seguinte maneira: a) um enredo de ação
extremamente rápido e condensado - muitos elementos ocorrendo em um breve espaço de tempo -; b) viradas inesperdas e abruptas;
c) personagens que são caracterizados mais pelos seus diálogos que pelas suas descrições fotográficas; e d) clímax ocorrendo entre
diversas cenas tumultuosas.[220]

Estudiosos como Mikhail Bakhtin têm caracterizado o trabalho de Dostoiévski como diferente de outros romancistas, ele parece não
aspirar por uma visão única e vai além da descrição sob diferentes ângulos, caracterizando-o como romance polifônico. Dostoiévski
engenhou romances cheios de força dramática em que os personagens e os opostos pontos de vista são realizados livremente, em
violenta dinâmica.[221]

Em relação ao narrador, segundo Joseph Frank, a partir de Crime e Castigo Dostoiévski acentua uma tradição provinda de Jane
Austen de aproximar o ponto de vista do narrador ao ponto de vista do personagem principal, inclusive com técnicas de mudanças de
tempo, retratação de memórias do personagem, entre outras.[222] Este estilo seria continuado por Henry James, Joseph Conrad,
Virginia Woolf e James Joyce, estes dois últimos inaugurando a técnica dofluxo de consciência.[222]

O próprio Dostoiévski chama seu estilo de realismo fantástico (não confundir com o movimento literário sul americano), indicando
que suas obras dramatizam aspectos da realidade, a fim de, no presente, retratar o passado e as possibilidades futuras. É o caso do
Homem do Subsolo: fantástico porque improvável do exato modo como descrito, real porque possível, e, sobretudo real-fantástico
porque consequência do processo histórico de ocidentalização da Rússia e projeção no futuro na medida em que profetiza um tipo
Rebocadores do Volga. [223]
existencial. Estas explicações de Dostoiévski são fornecidas, sobretudo, quando de sua análise da pintura

“ O que é mais belo, Shakespeare ou botas, Rafael ou petróleo?



—Dostoiévski.[224]

Personagens-tipo
É do próprio Dostoiévski a afirmação do uso de personagens-tipo como estratégia literária: no início da quarta parte de O Idiota, em
uma meta narrativa pelo autor mesmo designada de "crítica jornalística",[225] ele cita o tipo Podkolióssin como um dos mais difíceis
de serem retratados na literatura.[226] Os personagens-tipo encontrados nas obras de Dostoiévski são:

Tipo Dom Quixote


São cristãos humildes e modestos. Neste tipo enquadram-se: Príncipe Michkin, Sonia Marmeládova, Aliocha Karamazov, Aliocha
Valkovski, Coronel Rostanev (Aldeia de Stiepantchikov e Seus Habitantes) e Aleksei Valkovski (Humilhados e Ofendidos).[227][228]
Dostoiévski trabalhou o tipoDom Quixote mais ampla e detalhadamente através doPríncipe Michkin em O Idiota.[200]

O tipo Dom Quixote é para Dostoiévski o mais perfeito exemplo moral de cristão.[229] Uma tal comparação entre Dom Quixote e
Cristo não ocorre pela primeira vez com Dostoiévski: também Kierkegaard, Turgueniev, o próprio Cervantes com Dom Quixote,
Charles Dickens com Pickwick, e Voltaire com Pangloss estabeleceram tais paralelos.[230][229][231] Diferentemente do que ocorre
com Dom Quixote, Sr. Pickwick e Pangloss, entretanto, Dostoiévski não utiliza a comédia para conseguir a identificação do leitor
com seu personagem, ele utiliza a idiotia ou inocência: oPríncipe Michkin é um inocente idiota.[231]

Tipo Cleópatra.
São cínicos e libertinos. Neste tipo enquadram-se Cleópatra (Notas do Subterrâneo), Svidrigáilov (Crime e Castigo), Fiódor
Karamazov (Irmãos Karamazov), Stavroguin (Os Demônios), Príncipe Valkorski(Humilhados e Ofendidos).[232][233] O tipo
Cleópatra ilustra o sadismo amoroso e erótico.[234]

Tipo Homem do subsolo


Neste tipo enquadram-se Homem do subsolo (Notas do Subterrânero)[235], Mr. Golyadkin (O Duplo),[236] Jovem esposa (Uma
Criatura Gentil).[235] O tipo Homem do subsolo caracteriza o sofredor em busca de ser amado, busca que se transforma em perversão
.[235]
(sadismo), por causa do egoísmo e da impossibilidade de amar

Tipo Niilista
Neste tipo são retratados principalmente jovens com ideias europeias revolucionárias, possuindo como princípio máximo de ação o
interesse próprio - princípio sistematizado sob o título de Utilitarismo -.[237] Exemplos são: a) em O Idiota temos Antíp Burdóvskii,
Vladmímir Doktorénko, Keller e Ippolít Tieriéntiev.[210]

Tipo Podkolióssin
Neste tipo enquadram-se as pessoas absolutamente comuns. Dostoiévski reconhece como antecessores deste tipo tanto Podkolióssin
de Gogol como Georges Dandin de Molière. Em O Idiota são exemplos deste tipos os personagens: Varvára Ardaliónovna Ptítsina,
Sr. Ptítsin e Gavrìl Ardaliónovitch.[210]

Posição política

Niilismo
No final de 1962 a posição de Dostoiévski, e de sua revista Tempo, por conta dos constantes ataques aos radicais niilistas, já fora
entendida por um colaborador, Pomialovski, como reacionária. A esta "acusação" que teria respond
ido Dostoiévski, segundo tradução
de Joseph Frank: -"O nosso jornal é reacionário? Não, nem mesmo aos olhos de nossos inimigos." Frank afirma, entretanto, que a
posição de Dostoiévski não pode ser entendida como reacionária, na medida em que continuava confrontando o governo.[238] Na
mesma época, 1962-1963 a revista literária O Contemporâneo afirmava que Tempo padecia por não escolher posição.[239] No
entanto,mesmo nesta época a opinião geral não podia deixar de reconhecer que Dostoiévski era progressista, principalmente quando
se olhava obras comoRecordações da Casa dos Mortos.[240]

Segundo Joseph Frank, pode-se dizer que a matriz teórica dos niilistas russos era uma mistura de: utilitarismo inglês, socialismo
utópico frances, ateísmo feuerbachniano, materialismo mecânicista e determinismo.[93] A esse movimento se contrapôs Dostoiévski
desde seu retorno da Sibéria até seu último romance, Os Irmãos Karamazov: a estratégia artística usada por Dostoiévski em Notas do
Subterrâneo, Crime e Castigo e Os Demônios para combater o niilismo foi a apresentação de como absurda era a vida de personagens
[241] (v. Frank[242])
que defendiam as teses niilistas do ponto de visa moral e psicológico.

Relação entre Intelligentsia e povo


Em Notas de Inverno sobre Impressões de Verão Dostoiévski afirma que os burgueses franceses não precisavam temer nem a classe
trabalhadora, nem os comunistas e nem os socialistas, pois nenhum grupo ocidental era de fato contrário ao espírito burguês.[243]
Para Dostoiévski, o convencimento racional almejado pelo socialismo ocidental nunca poderia mitigar a vontade que o homem possui
de liberdade, portanto, uma comunhão constrangida nunca seria possível, só seria possível uma em que o indivíduo livremente
[244]
resolve-se pela fraternidade. Em outros termos, apenas uma ética cristã poderia chegar ao socialismo e não uma ética utilitarista.

“ [...] não vão para aprender com o povo, mas para intruí-los, instruí-los
arrogantemente, com desprezo: um passatempo puramente aristocrático. ”
—Dostoiévski. [245]

Nacionalismo e imperialismo
Embora criticasse a servidão, Dostoiévski era cético quanto à criação de uma Constituição, acreditando ser um conceito não
relacionado à história da Rússia. Ele descreveu isso como um mero "governo de cavalheiros" e acreditava que "uma Constituição
simplesmente escravizaria o povo". Ele defendeu mudanças sociais, por exemplo, o fim do sistema feudal e enfraquecimento das
divisões entre o campesinato e as classes abastadas. Seu ideal era uma Rússia utópica e cristianizada, de forma que "se todos fossem
giria ... Se fossem cristãos, tudo se resolveria".[246]
cristãos ativos, nenhum questionamento social sur

Dostoiévski acreditava no povo russo. Era nacionalista uma vez que, para ele, a palavra nova adviria da Rússia para o mundo.[247]
Neste sentido, era contra os defensores da independência cultural da Ucrânia), em outras palavras, era imperialista[248] e apoiava o
czar (apesar de sempre ter sido a favor da liberação dosservos, v. seção acima Detenção, julgamento e falsa execução).[249]

O seu nacionalismo não o torna apenas contrário à causa ucraniana, mas, também, contrário a qualquer causa que, em sua
perspectiva, possa ser contra a nação imperial russa, como é o caso da causa judaica.[250] Sua posição em relação aos judeus não foi
sempre contrária: a revista Tempo, da qual era editor, defendeu mais de uma vez a causa judaica em nome do amor cristão.[251] Esta
dicotomia volta a se repetir em um artigo publicado em Diários de um Escritor no mês demarço de 1877, uma vez que, Dostoiévski,
ao mesmo tempo que considerava os judeus como "um estado dentro do estado" e, portanto, prejudicial à nação russa,[252] defendia a
extensção total ds direitos civis para eles.[253]

Sua alternativa à estruturação racional da sociedade, ao niilismo, é a sociedade construída a partir do amor entre os seres humanos, o
amor cristão (o cristianismo que estaria enraizado no povo russo, i.e. o ortodoxo).[254] Ou ainda, como resumiria Josef Bohatec:
, que era, em todo caso, um imperialismo.[255]
Dostoiévski defendia um imperialismo do amor

Conservadorismo
O local de melhor apreensão da posição política de Dostoiévski é o mito O Grande Inquisidor (parte da obra Os Irmãos Karamazov),
onde o escritor se coloca, ao mesmo tempo, contra as ideias socialistas, mais especificamente contra o socialismo científico (posição
que o fez ser visto como conservador)[256], e contra a Igreja Católica, entendendo que ambos são frutos do niilismo i.e., do
iluminismo europeu (v. também ocidentalismo).[257] Dostoiévski representa o niilismo socialista e católico através da imágem da
terceira Tentação de Cristo, uma vez que ambos estariam atrás deo poder mundano em troca do pão diário.[258] O que não significa,
em hipótese alguma, que Dostoiévski era contra a igualdade social, lembrando que ele foi inclusive preso por defendê-la (v. neste
artigo a seção Exílio na Sibéria): ele era contra uma igualdade social construída a partir do racionalismo europeu: para ele, a fonte
moral da igualdade já se encontrava na Rússia antes mesmo do iluminismo, i.e. no cristianismo ortodoxo.[259] Dostoiévski parece
mesmo nunca ter largado o sonho dos socialistas utópicos ao qual se identificou quando jóvem, como é possível conferir em O Sonho
de um Homem Ridículo.[260]


“ Quando se tornaram criminosos, inventaram a justiça e promulgaram para si
mesmos códigos a fim de mantê-la, e para a execução dos códigos, usavam a
guilhotina. ”
—Dostoiévski.[261]

Influência

Literatura
Sobre Dostoiévski, James Joyce escreveu que "...é o homem que mais que qualquer outro, criou a
prosa moderna, e intensificou-a para o que é no momento atual. Foi o seu poder explosivo que
quebrou o romance vitoriano...".[262]

Na visão do crítico literário Otto Maria Carpeaux: "Dostoiévski é, se não o maior, decerto o mais
poderoso escritor do século 19; ou do século 20, pois a sua obra constitui o marco entre dois
séculos da literatura. Literariamente, tudo o que é pré-dostoievskiano é pré-histórico; ninguém
[263]
escapa à sua influência subjugadora, nem sequer os mais contrários".

Monumento a Dostoiévski em
Filosofia Moscou

Existencialismo francês

Jean-Paul Sartre classifica Dostoiévski como o ponto de partida do movimento filosófico


conhecido como existencialismo, pelos questionamentos apresentados no livro Os Irmãos
Karamazov: "Dostoievski escreveu: — 'Se Deus não existe, tudo é permitido'. Eis o ponto de
partida do existencialismo."[264] Já para Walter Kaufmann Dostoiévski foi o principal precursor
do existencialismo devido principalmente ao seu livro Notas do Subterrâneo,[265] uma vez que,
para Dostoiévski, a guerra seria a revolta do povo contra aideia de que a razão orienta tudo.[265]

Já Albert Camus tem as Notas do Subterrâneo e personagens como Raskolnikov (Crime e


Castigo), e Kirillov (Os Demônios) como referência,[266] lugares onde Dostoiévski defende a
liberdade como uma necessidade psicologico-moral de todo indivíduo.[267] Albert Camus chegou
a afirmar que "O verdadeiro profeta do século XIX foi Dostoiévski, não Karl Marx".[268][269] A
Monumento a Dostoiévski em
relação entre niilismo, história/política e psicologia/suicídio, tal como abordada por Dostoiévski Homburg
principalmente em Os Demônios, foi uma influência central no pensamento de Camus, tendo o
[269][270][268][271]
mesmo chegado a adaptar tal livro para o teatro no fim de sua vida.

Nietzsche

Friedrich Nietzsche referiu-se a Dostoiévski como "o único psicólogo, diga-se de passagem, do qual tive algo a aprender: ele está
entre os mais belos golpes de sorte de minha vida, mais até do queStendhal."[272]. Um ano antes de sofrer seu colapso mental (1888),
Nietzsche escreveu: “Conheço apenas um único psicólogo que viveu num mundo onde o Cristianismo é possível, onde um Cristo
pode surgir a qualquer instante… É Dostoievski. Ele adivinhou Cristo: e ele permaneceu sobretudo instintivamente protegido de se
representar esse tipo com a vulgaridade de umRenan.”[273][274]

Psicanálise
Dostoiévski também foi uma grande influência no trabalho de Sigmund Freud, que considerava Os Irmãos Karamazov como o
melhor romance da história.[275] Tal influência, inclusive, é fortemente ressaltada por Ernest Jones, psicanalista biógrafo oficial de
Freud.[276]

“ Ele o matou e eu o incentivei a fazer isso. Quem não deseja a morte do seu próprio
pai?. ”
—Dostoiévski.[277]

Religião
Dostoiévski também tem exercido grande influência no Cristianismo, incluindo Igreja
Ortodoxa Russa, Igreja Católica e Igreja Anglicana. O Papa Francisco ressaltou que as
pessoas devem "ler e reler Dostoiévski",[269] e a encíclica papal Lumen fidei, de 2013,
incorpora trechos de O Idiota escolhidos pelo Papa Bento XVI, a saber: "Na sua obra O
Idiota, Fiódor Mikhailovich Dostoiévski faz o protagonista - o príncipe Myskin - dizer, à
vista do quadro de Cristo morto no sepulcro, pintado por Hans Holbein o Jovem: Cristo morto no sepulcropor Hans
[278] O quatro de que trata o Holbein, o Jovem
'Aquele quadro poderia mesmo fazer perder a fé a alguém.'."
Papa Francisco é aquele intitulado Cristo morto no sepulcro de Hans Holbein, trata-se
de imagem de cristo morto, morto com um mortal, apodrecendo.

“ Êsse quadro... êsse quadro só serve para fazer muita gente perder a fé.

—Dostoiévski[279]

Outros
Albert Einstein escreveu: "Dostoiévski oferece-me mais do que qualquer cientista, mais do que Gauss" ("o mais influente dos
[280]
matemáticos"), descrevendo também o russo como "grande escritor religioso" que explora "o mistério da existência espiritual".

“ Eram noites esclarecedores e assustadoras, líamos Os Demônios e suas notas [...]


líamos, líamos e não podíamos acreditar em nossos olhos:
Não pode ser, como ele pôde saber tudo isso? ”
—Iuri Kariakin[281]

Obras influenciadas por Dostoiévski

Obras literárias

A Metamorfose, de Franz Kafka[282] [283] Demian, de Hermann Hesse[288]


O Processo, de Franz Kafka[284][283] O Estrangeiro, de Albert Camus[289]
Fome, de Knut Hamsun[285] A Náusea, de Jean-Paul Sartre[290]
Mrs Dalloway, de Virginia Woolf[286] Herzog, de Saul Bellow[282]
O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse[287] O Homem Duplicado, de José
Saramago[291]
Obras cinematográficas

São muitas as obras cinematográficas influenciadas diretamente por Dostoiévski, i.e. adaptadas de suas obras, chegando algumas
listas a falar em números como 124 filmes produzidos em 31 países diferentes.[292] As obras influenciadas indiretamente são
impossíveis de serem calculadas. Abaixo encontram-se algumas obras adaptadas diretamente de Dostoiévski a título exemplificativo:

Hakuchi (1951), de Akira Kurosawa[293] La Femme Publique (1984), de Andrzej


Le notti bianche (1957), de Luchino Żuławski[298]
Visconti[294] O Operário (2004), de Brad Anderson[299]
La chinoise (1967), de Jean-Luc Godard[295] O Duplo (2013), de Richard Ayoade[300]
Taxi Driver (1976), de Martin Homem Irracional (2015), de Woody
Scorcese[296][282] Allen[301]
Cisne Negro (2010), de Darren
Aronofsky[297]

Lista de obras

Romances
1864 — Notas do Subterrâneo (Записки из подполья)
1846 — Gente Pobre (Бедные люди)
1866 — Crime e Castigo (Преступление и
1846 — O Duplo (Двойник. Петербургская поэма) наказание)
1848 — Noites Brancas (Белые ночи) 1867 — O Jogador (Игрок)
1849 — Netochka Nezvanova (Неточка Незванова) 1869 — O Idiota (Идиот)
1861 — Humilhados e Ofendidos(Униженные и 1870 — O Eterno Marido (Вечный муж)
оскорбленные)
1872 — Os Demônios (Бесы)
1862 — Recordações da Casa dos Mortos(Записки
из мертвого дома) 1875 — O Adolescente (Подросток)
1881 — Os Irmãos Karamazov (Братья Карамазовы)

Novelas e contos 1848 — Noites Brancas (Белые ночи)


1849 — O Pequeno Herói (Маленький герой)
1846 — Senhor Prokhartchin (Господин Прохарчин)
1859 — O Sonho do Tio (Дядюшкин сон)
1847 — Romance em Nove Cartas(Роман в девяти
письмах) 1859 — Aldeia de Stiepantchikov e Seus Habitantes
(Село Степанчиково и его обитатели)
1847 — A Senhoria (Хозяйка)
1862 — Uma História Desagradável(Скверный
1848 — Polzunkov (Ползунков)
анекдот)
1848 — Coração Fraco (Слабое сердце)
1865 — O Crocodilo (Крокодил)
1848 — O Ladrão Honesto (Честный вор)
1873 — Bobok (Бобок)
1848 — Uma Árvore de Natal e uma Boda(Елка и
1876 — O Mujique Marei (Мужик Марей)
свадьба)
1876 — Uma Criatura Gentil (Кроткая)
1848 — A mulher alheia e o marido debaixo da cama
(Чужая жена и муж под кроватью) 1877 — O Sonho de um Homem Ridículo(Сон
смешного человека)
1848 — Noites Brancas (Белые ночи)

Não-ficção

1863 — Notas de Inverno sobre Impressões de Verão (Зимние заметки о летних впечатлениях)
1873–1878 — Diário de um Escritor (Дневник писателя)

Notas
1. em russo: Фёдор Миха́ йлович Достое́ вский, Fyodor Mikháylovich Dostoyévsky; AFI: [ˈfʲodər mʲɪˈxajləvʲɪtɕ
dəstɐˈjɛfskʲɪj] . A falta de critérios mais definidos para atransliteração do alfabeto cirílico para o latino no idioma
português faz com que diversas variantes da grafia do nome possam ser utilizadas: além de Fiodor Dostoiévski,
pode-se encontrar, também, a versão anglicizada Fyodor Dostoievsky, e híbridos como Dostoiévsky. Para
maiores informações sobre transliteração, ver tambémRomanização do russo. No sistema de WP:RUSSO, seu
nome completo seria transliteradoFiódor Mikháilovitch Dostoévski, mas aqui seu sobrenome será escrito
Dostoiévski, em consistência com a forma mais frequentemente adotada pela mídia lusófona.
2. Todas as datas deste artigo referem-se aocalendário juliano.
3. Segundo a Encyclopædia Britannica h( ttps://www.britannica.com/biography/Fyodor-Dostoyevsky), a qual oferece
ambas as datas, uma outra notação seria: (11 de novembro de 1821 — 09 de fevereiro de 1881) (Morson, 2017)
4. O nome Sofia é antiga forma familiar do nomeSônia, segundo Paulo Bezerra em sua tradução de Crime e Castigo
(pag.35)

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* (Достоевский Ф.М. Письма. Собрание сочинений в 15 томах. СПб.: Наука, 1996.)

** (Dostoiévski F.M. Cartas. Trabalhos coletados em 15 volumes. SPb.: Science, 1996.)

Traduções

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Estudos

Em língua portuguesa
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Pondé, Luiz Felipe (2013).Crítica e Profecia: A Filosofia da Religião Em Dostoiévski
. [S.l.]: LeYa. ISBN 978-
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Em línguas estrangeiras (originais ou traduções)

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Introduções, prefácios e comentários


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Documentos
Papa Francisco. «Carta encíclica Lumen Fidei». Pdf. (em português). Cópia arquivada em 11 de julho de 2017

Sítios virtuais

Em português

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Em outras línguas

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Ligações externas

Sociedades e organizações
Dostoevsky.org (em inglês) Sociedade Internacional Dostoiévski.
Dmd.spb.ru (em russo) Museu Dostoiévski.
Dostojewskij-gesellschaft.de(em alemão) Sociedade alemã Dostoiévski

Bibliografia on-line
Dostoevsky Research Station(em inglês) Página com pesquisas sobre Dostoiévski.
FedorDostoevsky.ru (em russo) . Página com conteúdo amplo.
ilibrary.ru (em russo) Textos completos de obras de Dostoiévski.
magister.msk.ru (em russo) Textos completos de obras de Dostoiévski.
rvb.ru (em russo) Textos completos de obras de Dostoiévski.
Obras de Fiódor Dostoiévskino Projeto Gutenberg

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