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AULA 1

CONTABILIDADE GERENCIAL

Profª Neusa Higa


CONVERSA INICIAL

Esta aula foi construída com o intuito de mostrar um pouco da


contabilidade sob a ótica gerencial, mas para isso é necessário que saibamos ou
relembremos alguns fatos importantes que foram os pontos primordiais da
contabilidade que marcaram o início da convergência às normas internacionais.
Para tanto, nossa contextualização aborda um pouco desse histórico e servirá
de ponto de partida para que iniciemos os nossos tópicos, de maneira que
maximize nosso tempo, que é um dos fatores importantes desta aula, tendo em
vista o tempo que temos para abordar este assunto tão extenso, que é a
contabilidade gerencial.
Nesta aula, serão abordados cinco temas, selecionados com base na
visão que temos da necessidade de conhecimentos dos docentes e profissionais
de contabilidade e que acreditamos que já tenham um conhecimento nesta área,
portanto pretende-se aqui agregar e ampliar seus conhecimentos.
Os assuntos que abordaremos serão:

 Tema 1 – Introdução à contabilidade gerencial.


 Tema 2 – Diferenças entre a contabilidade gerencial e contabilidade
financeira.
 Tema 3 – Gestão estratégica.
 Tema 4 – Contabilidade gerencial e sistema de informação.
 Tema 5 – Contabilidade gerencial como ferramenta de decisão.

CONTEXTUALIZANDO

A Lei n. 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976 – Lei das Sociedades por


Ações, alterada principalmente pela Lei n. 11.638/07, de 28 de dezembro de
2007, inseriu o Brasil na conversão às normas internacionais de contabilidade.

Essa conversão nos remete a perceber que por si só ela não existiria, pois
seria necessário um processo mais intenso para que a nossa contabilidade se
aproximasse das normas de outros países, ou seja, mantendo suas
características e adequando a de outros países. Esse processo é conhecido
como harmonização.

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Uma vez harmonizada a contabilidade, era necessária uma padronização,
ou seja, criar um único modelo para que a contabilidade pudesse ser lida e
entendida em todos os países convergidos.
Com base nesses processos, a convergência propriamente dita, utilizando
a teoria de (Hendriksen; Van Breda, 2012, p. 29), é possível afirmar que, em
relação à contabilidade, “muitos a consideram como a linguagem dos negócios.
Considera-se, neste caso, analogamente, como ‘linguagem pragmática’, que é o
estudo do efeito da linguagem. A semântica é o estudo do significado da
linguagem, e a sintaxe é o estudo da lógica ou gramática da linguagem”
(Hendriksen; Van Breda, 2012, p. 29).
Assim, podemos associar a convergência no sentido literal da linguagem,
pois é necessário que haja a análise de qual efeito, qual significado e qual lógica
a convergência acarretará aos usuários.

O International Financial Reporting Standards (IFRS), é emitido


pelo International Accounting Standards Board – IASB cujo
objetivo é “desenvolver com base em princípios claramente
articulados, um conjunto único de pronunciamentos contábeis de
alta qualidade, compreensíveis e aceitáveis globalmente” (IFRS,
2011).

O CPC foi instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade, Res. 1.055


de 07/10/2005, que no seu Art. 3º, determina os objetivos de estudo, preparo e a
emissão dos procedimentos contábeis.
A pesquisa é um dos pontos primordiais da ampliação de conteúdo, pois,
pela extensão dos conteúdos, em apenas alguns minutos de aula pode-se
perceber o quão profundo é o conteúdo a respeito. Pode-se dizer que essa é
apenas uma explanação do conteúdo com o intuito de levar o leitor em busca de
mais informações, pois, dessa forma, além de conhecer o assunto, ele terá a
oportunidade de buscar visões ou opiniões diferentes, associando vários
autores, analisando ponto de vistas e julgando aquele que mais se adapta à sua
maneira de interpretar o conteúdo.
Portanto, busque conhecer mais sobre os mecanismos reguladores da
contabilidade e suas aplicações na contabilidade gerencial. Você pode acessar
as leis e os autores citados, bem outros que não foram mencionados, pois
encontrará um vasto material a respeito dos assuntos abordados nesta aula.

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TEMA 1 – CONTABILIDADE GERENCIAL

Antes de adentrarmos na contabilidade gerencial, é preciso deixar claro o


que é situação econômica e situação financeira. A primeira refere-se à
mensuração em relação ao total do patrimônio, ao passo que a segunda
mensura a capacidade que a empresa tem de cumprir seus compromissos
financeiros. Logo, uma empresa ou pessoa pode ter uma boa situação
econômica, mas pode não ter uma boa situação financeira ou vice-versa.

“Criar valor por meio de valores” é o lema da contabilidade Gerencial


de hoje. Isso significa que os contadores gerenciais devem manter um
compromisso inabalável com valores éticos ao usarem seus
conhecimentos e habilidades para influenciar decisões que criam valor
para as partes interessadas nas organizações. Essas habilidades
incluem a gestão de riscos, a implementação de estratégias por meio
de planejamento, orçamento e previsões e o suporte à tomada de
decisões. Os contadores gerenciais são parceiros estratégicos que
compreendem os aspectos financeiros e operacionais do negócio. Eles
divulgam e analisam não somente medidas financeiras, mas medidas
não financeiras dos desempenhos de processos e sócios corporativos.
Pense nesta responsabilidade em termos de lucros (demonstrações
contábeis), processos (foco na satisfação do cliente), pessoas
(aprendizagem e satisfação dos funcionários) e do planeta (gestão
ambiental e sustentabilidade). (Garrison; Noreen; Brewer, 2013, p. 11)

Conforme a Associação Nacional de Contadores dos Estados Unidos,


relatório número 1, citado por Padoveze, 2012, p. 11,

Contabilidade Gerencial é o processo de identificação, mensuração,


acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de
informações financeiras utilizadas pela administração para
planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização e para
assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos.

A contabilidade gerencial nos remete a refletir sobre o lado econômico da


empresa, ou seja, como a empresa gerencia suas atividades para gerar seu
lucro. Assim, a situação econômica de uma empresa pode ser verificada pelo
patrimônio líquido e a situação financeira pode ser verificada pelas suas
disponibilidades imediatas para fazer frente às suas despesas.
Os principais aspectos da contabilidade gerencial, de acordo com
Padoveze (2012, p. 12), são os seguintes:

A contabilidade gerencial tem como foco o processo de tomada de


decisão dos usuários internos, ou seja, deve atender todas as pessoas
dentro da empresa, em qualquer nível hierárquico, que necessitam da
informação contábil para tomar decisões em suas respectivas áreas.
A contabilidade gerencial é mais analítica, mais detalhada que a
contabilidade Financeira. A contabilidade financeira apresenta seus
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relatórios para os usuários externos em formatos sintéticos, em
grandes números, como, por exemplo, o balanço patrimonial
A contabilidade gerencial parte das informações existentes na
contabilidade financeira e faz os complementos necessários para o uso
dos gestores. Não tem modelos específicos de relatórios. As
informações contábeis gerenciais devem ser apresentadas em
relatórios desenvolvidos para cada tomada de decisão e adaptados
para o perfil do usuário do relatório.

Logo, o processo de tomada de decisões é o resultado da análise da


contabilidade gerencial, que, por sua vez, lança mão das informações da
contabilidade financeira, da contabilidade de custos e de todas as informações
demonstradas nos relatórios contábeis da empresa. Padoveze (2010) ensina
que a contabilidade gerencial é ação, e não técnicas específicas de
contabilidade.
O usuário da contabilidade gerencial é o interno, que, utilizando os
relatórios, os apontamentos e as ferramentas adequadas, possibilita a
comparabilidade de desempenho entre exercícios, elaboração de orçamentos e
o controle de custos da empresa tais como: preço dos produtos ou serviços,
ponto de equilíbrio da empresa, entre outros, assim como pode apresentar as
metas e os objetivos da empresa.

TEMA 2 – DIFERENÇA ENTRE CONTABILIDADE GERENCIAL E


CONTABILIDADE FINANCEIRA

Conforme relatamos anteriormente, a contabilidade gerencial é destinada


ao usuário interno e utiliza as informações constantes na contabilidade
financeira, possibilitando a interpretação dos resultados da empresa, que é um
dos objetivos profícuos da contabilidade.
Vejamos os significados, de acordo com Atkinson et al. (2000, p. 36 – 37):
Contabilidade gerencial – a informação produzida é direcionada aos
usuários internos, que são os funcionários e administradores, contendo
informações que sirvam de suporte para a tomada de decisão, seja de cunho
operacional ou de investimentos. É uma contabilidade que atende ao interesse
dos gestores, cujo procedimento é definido pela empresa de acordo com a
necessidade.
Contabilidade financeira – tem incumbência da produção de
demonstrativos financeiros para os stakeholders da organização. Os padrões e
as normas são preestabelecidos por meio da legislação fiscal, regulamentações,

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princípios, resoluções etc. A Lei n. 6.404/76 também determina a forma de
elaboração dos relatórios contábeis que devem ser seguidos.

2.1 Informação gerencial contábil

A informação gerencial utiliza-se de dados da contabilidade financeira e


também de todo o processo operacional da empresa, tais como: dados
financeiros e operacionais sobre atividades, processos, unidades operacionais,
produtos, serviços e clientes da empresa (por exemplo, o custo calculado de um
produto, de uma atividade, ou de um departamento, relativo a um período de
tempo recente).
A contabilidade deixou de ser um mero cumprimento às normas e padrões
predeterminados e passou a ser uma ferramenta gerencial que fornece
informações necessárias e úteis aos gestores.
A contabilidade gerencial tornou-se, ao longo do tempo, uma ferramenta
importantíssima que tem a finalidade de auxiliar os gestores no processo de
tomada de decisão. Assim, no meio da grande competitividade do mercado, as
empresas investem em informações para o aperfeiçoamento dos processos de
controle para que os gestores tenham uma ampla visão e segurança no
processo decisório.
Entende-se desta forma que a contabilidade financeira tem o foco nas
exigências fiscais, ao passo que a contabilidade gerencial está focada na gestão
da empresa, mas cada uma tem a sua utilidade e apresentam características
diferenciadas devido ao seu público-alvo.
Atkinson et al. (2000, p. 38) assevera que:

As informações geradas pela contabilidade gerencial podem auxiliar os


funcionários a aprenderem como fazer o seguinte:
1. Melhorar a qualidade das operações.
2. Reduzir os custos operacionais
3. Aumentar a adequação das operações às necessidades dos
clientes.

À contabilidade gerencial cabe a elaboração de relatórios conforme as


necessidades dos administradores, na maioria das vezes utilizando como fonte
de informações os dados fornecidos nos relatórios elaborados pela contabilidade
financeira, mas que são transformadas numa linguagem mais clara, concisa e
consistente para o administrador analisar e interpretar os relatórios gerenciais.

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Essa transformação de números em relatórios gerenciais deve-se à
necessidade de informações contábeis úteis para a administração, por meio de
gráficos, planilhas e softwares especiais para a gestão.
Horngren (1986, p. 516) observa a importância do papel do contador no
processo de tomada de decisões esclarecendo que “muitos gerentes querem
que o contador ofereça sugestões sobre uma decisão, mesmo que a decisão
final sempre pertença ao executivo operacional”.

Quadro 1 – características da contabilidade financeira e gerencial

Contabilidade financeira Contabilidade gerencial


Clientela Externa: Acionistas, credores, Interna: Funcionários, administradores,
autoridades tributárias executivos
Propósito Reportar o desempenho passado Informar decisões internas tomadas pelos
às partes externas; contratos com funcionários e gerentes; feedback e
proprietários e credores controle sobre desempenho operacional;
contratos com proprietários e credores
Data Histórica, atrasada Atual, orientada para o futuro
Restrições Regulamentada: dirigida por Desregulamentada: sistema e
regras e princípios contábeis e informações determinadas pela
por autoridades governamentais administração para satisfazer a
necessidades estratégicas e
operacionais.
Tipo Somente para a mensuração Mensuração física e operacional dos
de financeira processos, tecnologia, fornecedores e
informação competidores.
Natureza Objetiva, auditável, confiável, Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor,
da consistente, precisa. válida, relevante, acurada
Informação
Escopo Muito agregada; reporta toda a Desagregada; informa as decisões e
empresa ações locais
Fonte: Atkinson et al., 2000, p. 38.

Dessa forma, podemos observar que a contabilidade gerencial não tem


regra especial ou específica. Os relatórios são elaborados de acordo com a
necessidade da informação que deverá ser incorporada aos modelos dos
processos de decisão da empresa.

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TEMA 3 – GESTÃO ESTRATÉGICA

O planejamento estratégico é um processo que formula objetivos para


selecionar e executar programas, levando em consideração as condições do
ambiente interno e externo.
De acordo com Pereira (2001a, p. 59),

O planejamento estratégico contempla o estabelecimento de cenários,


a análise das variáveis do ambiente externo (identificação das
oportunidades e ameaças) e do ambiente interno da empresa
(identificação de seus pontos fortes e fracos) e a determinação das
diretrizes estratégicas.

A gestão estratégica, por sua vez, é o gerenciamento dos recursos de


uma empresa, para alcançar os seus objetivos. O gerenciamento da empresa é
baseado nos planos estratégicos que perpassam por toda a estrutura
organizacional.
Sobre o planejamento e a gestão estratégica, ilustraremos com um estudo
de caso aplicado na obra: Contabilidade em Processo – da escrituração à
controladoria dos autores: (Higa; Altoé, 2015, p. 215 – 218). Leia atentamente o
caso a seguir e, na sequência, responda às questões que seguem.

Fábula dos porcos assados


Certa vez, ocorreu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos,
que foram assados pelo fogo. Os homens, que até então os comiam crus,
experimentaram a carne assada e acharam-na deliciosa. A partir daí, toda vez
que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque. O tempo passou, e
o sistema de assar porcos continuou basicamente o mesmo.
Mas as coisas nem sempre funcionavam bem: às vezes os animais
ficavam queimados demais ou parcialmente crus. As causas do fracasso do
sistema, segundo os especialistas, eram dos porcos, que não permaneciam
onde deveriam, ou a inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou,
ainda, as árvores, excessivamente verdes, ou a umidade da terra ou o serviço
de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a
quantidade das chuvas.
As causas eram, como se vê, difíceis de determinar – na verdade, o
sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande
estrutura: havia maquinário diversificado, indivíduos dedicados a acender o fogo
e especialistas em ventos – os anemotécnicos. Havia um diretor-geral de

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Assamento e Alimentação Assada, um diretor de Técnicas Ígneas, um
administrador-geral de Reflorestamento, uma Comissão de Treinamento
Profissional em Porcologia, um Instituto Superior de Cultura e Técnicas
Alimentícias e o Bureau Orientador de Reforma Igneo – operativas.
Eram milhares de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que
logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a
importação das melhores árvores e sementes, fogo mais potente etc. Havia
grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de
mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno.
Um dia, um incendiador chamado João Bom-Senso resolveu dizer que o
problema era fácil de ser resolvido – bastava, primeiramente, matar o porco
escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o então
sobre uma armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor – e não as
chamas – assasse a carne.
Tendo sido informado sobre as ideias do funcionário, o diretor-geral de
Assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete e disse-lhe: “Tudo o que o senhor
propõe está correto, mas não funciona na prática. O que o senhor faria, por
exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? E com
os acendedores de diversas especialidades? E os especialistas em sementes,
em árvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas
máquinas purificadoras de ar?
E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano têm trabalhado no
Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução
resolver tudo? Heim?”
“Não sei”, disse João, encabulado.
“O senhor percebe agora que a sua ideia não vem ao encontro daquilo de
que necessitamos? O senhor não vê que, se tudo fosse tão simples, nossos
especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo? ”
“O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente
convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas,
sem chamas? O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros de
bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos e nem têm folhas para dar
sombra? E o que fazer com nossos engenheiros em porcopirotecnia? Vamos,
diga-me! ”.
“Não sei, senhor. ”

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“Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia
dizendo por aí que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério do que o
senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa
sua ideia – isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. ”
João Bom-Senso, coitado, não falou mais um “a”. Sem despedir-se, meio
atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça
para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Por isso é que até hoje
se diz, quando há reuniões de Reforma e Melhoramentos, que falta o Bom-
Senso.
(Higa; Altoé, 2015, p. 215-218.)*
*(Obs.: o texto original de autoria desconhecida, circulou entre os alunos de pós-

graduação, em Piracicaba-SP no ano de 1981)

Conforme vocês puderam perceber, o caso acima ilustra o que não pode
ocorrer no planejamento estratégico.
Acerca desse assunto, relacione a “Fábula dos porcos assados” ao
planejamento estratégico elaborado por sua empresa.

Resolução
A “Fábula dos porcos assados” retrata uma situação que pode ocorrer no
cenário empresarial. Muitas organizações desperdiçam tempo e dinheiro em
processos como os relatados acima. No entanto, os problemas devem ser
observados sob outra perspectiva, verificando se realmente temos uma melhoria
significativa ou se estamos dando importância para algo que não faz sentido. No
planejamento estratégico, é importante refletir sobre os indicadores relevantes
da entidade, e não na eficácia do “incêndio da floresta”. Assim, devemos
mensurar o que realmente faz sentido, para que possamos potencializar os
resultados organizacionais e consequentemente atrair novos clientes e
acionistas.
(Higa; Altoé, 2015, p. 215-218.)

A empresa tem à sua disposição recursos humanos e físicos, cujos


gerenciamentos estão a cargo e responsabilidade dos administradores, que são
auxiliados pelo: planejamento, organização, direção e controle, com o foco nos
resultados.

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TEMA 4 – CONTABILIDADE GERENCIAL E SISTEMA DE INFORMAÇÃO

A interpretação de resultados é um dos objetivos primordiais da


Contabilidade gerencial. Segundo Anthony (1974), “a Contabilidade deverá
preocupar-se em gerar informações úteis à administração, atendendo às
necessidades dos gestores”.
Partindo-se da ideia de que a contabilidade gerencial fornece informações
para que haja o planejamento e controle das operações para a tomada de
decisões, ela necessita de entendimento dos sistemas de informações à sua
disposição para que, dessa forma, tenha condições de fornecer informações
precisas. Para isso, a contabilidade gerencial lança mão de instrumentos que
auxiliam a correta interpretação dos resultados informados pela contabilidade
financeira, tais como, entre outros:

a. A análise e interpretação dos demonstrativos contábeis;


b. Indicadores financeiros e não financeiros
c. Benchmarking
d. Planejamento estratégico
e. Balanced score card

O sistema de informações transforma a contabilidade numa ferramenta de


ação, tornando-a em um poderoso instrumento gerencial.
De acordo com Iudícibus (1980, citado por Nakagawa, 1993 p. 74), a
contabilidade é:
Objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a
prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza
econômica, financeira, física e de produtividade, com relação a
entidade de objeto de contabilização. O objetivo principal da
contabilidade, portanto, é permitir a cada grupo principal de usuário a
avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido
estático bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras. Em
ambas as avaliações, todavia as demonstrações contábeis constituirão
elementos necessários, mas não suficientes.

Dessa forma, pode-se dizer que a contabilidade em si é considerada um


sistema de informação.
Para o processo de administração, conforme Padoveze (2010), a
informação contábil deve ser útil e desejável, mas para a excelência empresarial,
além disso, ela não pode custar mais do que pode valer para a administração da
entidade.
Vamos entender então as definições.

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4.1 Sistema

Kroenke (2012, p. 15) define sistema como “um grupo de itens que
interagem entre si ou que sejam independentes, formando um todo unificado,
com objetivos comuns”. Em outras palavras, o sistema é provido de entradas e
saídas, em que a entrada recebe as informações (dados) e promove a saída
(informação desejada).

4.2 Sistema de informação

Padoveze (2010, p. 48) define sistema de informação como um “conjunto


de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo
uma sequência lógica para processamento dos dados e tradução das
informações”. Para que a informação seja necessária, ela tem que ser útil aos
consumidores e usuários.

4.3 Necessidade de informação

A necessidade da informação e o apoio ao contador e ao sistema são


peças importantes para o sucesso empresarial. Padoveze (2010, p. 51) entende
que “a necessidade da informação, aliada ao absoluto respaldo ao contador e ao
seu sistema, é o elemento vital para o sucesso de um sistema de informação
contábil”. Assim, o sistema de informação é um conjunto articulado de dados que
dá condições por meio das informações primárias processadas e fornece
resultados em relatórios necessários à tomada de decisão.

4.4 Planejamento e controle

Para a produção dos relatórios que satisfaçam as necessidades do


usuário é necessário o planejamento, pois para a elaboração desses relatórios, é
preciso saber qual é o conhecimento contábil do usuário e, a partir daí, construir
os relatórios adequados para diferentes níveis de usuários, pois de nada
adiantarão relatórios que não possam ser interpretados de forma correta pelo
usuário. De acordo com Jiambalvo (2009, p. 3):

Planejamento é uma atividade fundamental em qualquer empresa. Um


plano comunica os objetivos da empresa aos empregados e auxilia na
coordenação de várias funções, como as vendas e a produção. O
plano também especifica os recursos necessários para se alcançarem
os objetivos da empresa.
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Só assim poderá haver o controle, pois este depende daquilo que é aceito
e entendido. De acordo com Jiambalvo (2009, p. 3), “Consegue-se o controle de
uma organização avaliando o desempenho dos gerentes e as operações pelas
quais eles são responsáveis. A distinção entre avaliar gerentes e avaliar as
operações que eles controlam é importante”.
A avaliação de desempenho dos gerentes leva à recompensa ou à
punição e serve de motivação em atuar em nível mais elevado. Já a avaliação
das operações serve para avaliar a necessidade de mudança, seja de expansão,
contração ou motivação.
Verifica-se que os controles estão diretamente ligados ao planejamento,
pois, para que os objetivos sejam alcançados, é necessário que o planejamento
tenha por base: a determinação de metas e a adoção de decisões que auxiliam
no atingimento das metas.

TEMA 5 – CONTABILIDADE GERENCIAL COMO FERRAMENTA DE DECISÃO

As atividades diárias de uma empresa alimentam a contabilidade, por isso


ela pode ser considerada como um sistema de informação, pois, ao longo do
período, vai colhendo as informações que servirão de base à gestão eficiente da
empresa. Portanto, a contabilidade, conforme já relatamos, é um sistema de
informação necessário à gestão.
A contabilidade, sob a ótica de ferramenta gerencial, tem a finalidade de
auxiliar os gestores no processo decisório. Conforme já vimos, a contabilidade
gerencial advém da contabilidade financeira, pois é esta que fornece elementos
necessário para a construção daquela.
Por isso, cabe ao profissional contábil prover ao administrador a
contabilidade financeira, transformando-a em uma ferramenta gerencial
indispensável ao sucesso empresarial.
Quanto à aplicação da contabilidade na empresa, remete ao fornecimento
de informações aos seus usuários sobre os aspectos de natureza econômica,
financeira e física do patrimônio e as suas mutações, em suas diversas formas
de apresentação, seja por demonstrativos contábeis exigidos, seja por controles
por meio de relatórios, pareceres, planilhas etc.

 Natureza econômica – São exemplos da dimensão econômica: capital,


patrimônio e fluxos de receitas e despesas. Envolvem o patrimônio da
empresa.

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 Natureza financeira – São exemplos da dimensão financeira: capital de
giro e fluxos de caixa. Envolvem recursos financeiros da empresa.
 Natureza física – Envolve a mensuração de natureza física como:
quantidades geradas de produtos e serviços.

De acordo com a estrutura conceitual básica da contabilidade –


Deliberação CVM n. 29 de 05/02/86:

As informações de natureza econômica e financeira, ainda assim,


constituem o núcleo central da Contabilidade. O sistema de
informação, todavia, deveria ser capaz de, com mínimo custo, suprir as
dimensões físicas e de produtividade. Na evidenciação principal
(demonstrações contábeis publicadas), todavia, as dimensões físicas e
de produtividade consideram-se acessórias.

A estrutura conceitual básica da contabilidade representa um estudo


sobre a estrutura para elaboração das demonstrações contábeis. A Lei n.
6.404/76 alterada pela Lei n. 11.638/07, conhecida como a Lei das Sociedades
Anônimas, estabelece em seu Artigo 176:

as demonstrações financeiras que deverão exprimir com clareza a


situação do patrimônio da sociedade e as mutações ocorridas no
exercício. São as demonstrações:
I – Balanço Patrimonial
II – Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados
III – Demonstração do resultado do exercício; e
IV – Demonstração dos fluxos de caixa; e
V – Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Brasil,
1976)

Essas demonstrações obrigatórias compõem a contabilidade financeira,


cujos dados são transformados para a contabilidade gerencial, conforme já
exposto anteriormente.

A Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a


tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos,
mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em
forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira
para a tomada de decisões. (Iudícibus; Marion, 2009, p. 1)

Como se pode perceber, a contabilidade gerencial é uma poderosa


ferramenta na tomada de decisão, pois utiliza-se de registros contábeis efetivos
da contabilidade financeira, que fornecem informações para a construção de
relatórios que auxiliarão os gestores nas tomadas de decisão que buscam a
estabilidade da empresa no mundo competitivo. São os relatórios contábeis, a
base de análise econômico financeiro da empresa, a gestão de capital de giro e
alavancagem, além do planejamento do caixa e do lucro.

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5.1 Demonstrações gerenciais básicas

Dentre as diversas demonstrações contábeis exigidas para a


contabilidade financeira, (Bazzi, 2015), “considera as demonstrações básicas
para a contabilidade gerencial que é o Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)”.
Embora estude-se exaustivamente na contabilidade financeira, vamos
relembrar um pouco sobre as duas demonstrações.

5.2 Balanço patrimonial

De acordo com Martins et al. (2013, p. 2), “O balanço tem por finalidade
apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data,
representando, portanto, uma posição estática”. Assim, é a demonstração
estática do patrimônio que evidencia, em um determinado momento, tudo que a
empresa tem de bens, direitos e obrigações. Os bens e direitos representam o
ativo, que são as aplicações dos recursos da empresa enquanto que as
obrigações representam o passivo da empresa e são as origens ou fontes de
recursos que financiam o ativo. Ainda de acordo com Martins et al. (2013, p. 3),
“O Pronunciamento Técnico 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis,
que segue o padrão internacional, não estabelece ordem ou formato para
apresentação das contas do balanço patrimonial, mas determina que seja
observada a legislação brasileira”.

5.3 Demonstração do resultado do exercício

A Lei n. 6.404/76 e suas alterações determina que o demonstrativo deve


ser apresentado na forma dedutiva, demonstrando receitas, despesas, ganhos e
perdas e evidenciando a formação do resultado líquido do período pelo regime
de competência. De acordo com Martins et al. (2013), a lei define com clareza o
conceito de lucro pela demonstração do resultado do exercício e explica que:

De fato, o lucro ou prejuízo líquido apurado nessa demonstração é o


que se pode chamar de lucro dos acionistas, pois, além dos itens
normais, já se deduzem como despesas o Imposto de Renda e as
participações sobre os lucros a outros que não os acionistas, de forma
que o lucro líquido demonstrado é o valor final a ser adicionado ao
patrimônio líquido da empresa que, em última análise, pertence aos
acionistas, ou é distribuído como dividendo. (Martins et. al, 2013, p. 4).

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Assim, a demonstração do resultado do exercício é uma demonstração
financeira e dinâmica da contabilidade, cujo foco é a compilação dos fatos
contábeis, a qual demonstra o resultado positivo ou negativo das operações
financeiras no período.

FINALIZANDO

Diante dos assuntos abordados nesta aula, reflita: a) pode-se dizer que a
contabilidade está dividida em contabilidade financeira e contabilidade gerencial.
Como é feita essa divisão?; b) como podem ser compreendidos os sistemas de
informação?; c) quais são as relações de ativo e passivo com as origens e
aplicações de recursos?
É bem importante lembrar que estamos inseridos no mundo baseado em
informações, que são relevantes em nossas vidas em qualquer sentido. A
contabilidade gerencial é desenvolvida basicamente em informações, e devemos
estar sempre atentos ao acompanhamento das constantes atualizações. Para
tanto, hoje temos diversas formas de pesquisa em que temos a oportunidade de
explorar e expandir nossos conhecimentos. Procure acompanhar as NBCTs,
Resoluções CFC e demais sites relacionados à contabilidade. Também é muito
importante pesquisarmos o Manual de contabilidade societária e o Manual de
contabilidade aplicada ao setor público, pois são procedimentos e normas
diferentes, mas que poderão ser necessários a qualquer momento na profissão
de um contador.
No decorrer desta aula, vimos a contabilidade gerencial como ferramenta
de decisão e a importância da contabilidade financeira, que, além de atender à
legislação pertinente, fornece importantes informações para a construção dos
relatórios gerenciais, que serão estudadas ao longo deste módulo. Foi feito um
breve relato acerca das demonstrações contábeis que são bases para a
contabilidade gerencial, em forma de recapitulação, pois esses relatórios são
exaustivamente estudados dentro da contabilidade financeira, e agora a
adaptação para a contabilidade gerencial. Abordou-se a respeito das diferenças
da contabilidade financeira e gerencial, bem como a forma como se relacionam
entre si, com o objetivo de construir relatórios gerenciais para proporcionar aos
gestores subsídios para a correta tomada de decisão.

016
REFERÊNCIAS

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017
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018
RESPOSTAS

a) Entende-se que a contabilidade financeira é externa, pelo fato de as


informações estarem direcionadas aos usuários externos, tais como:
governo, bancos, fornecedores etc. É baseada nas exigências legais,
que determinam a obrigatoriedade das informações nos relatórios
contábeis de forma estruturada. As informações contidas nos relatórios
da contabilidade financeira são transformadas em informações para a
tomada de decisões. Desta transformação nasce a contabilidade
gerencial, que, de acordo com Padoveze (2012, p. 11), “É o processo de
identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação,
interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela
administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma
organização e para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus
recursos”.
b) Entre as várias compreensões acerca do assunto, pode ser
compreendido como conjunto de mecanismos interrelacionados que são
processados e distribui a informação para controle e tomada de decisão
dentro de uma organização.
c) Ativo representa as aplicações dos recursos e o passivo, as origens dos
recursos, ou seja, de onde saem os recursos para financiar as
aplicações, que são o ativo.

019

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