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Universidade do Sul de Santa Catarina.

Gestão e sustentabilidade

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Universidade do Sul de Santa Catarina.

Gestão e sustentabilidade

Unisul Virtual

Palhoça, 2017

Pagina 2

Copyright © Unisul Virtual 2013

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem
a prévia autorização desta instituição.

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul


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Livro Didático

Professor Conteudista
Jorge Luiz de Lima

Designer Instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra
Projeto Gráfco e Capa
Equipe Unisul Virtual

Diagramação
Fernanda Vieira Fernandes

Revisão Ortográfica
Diane Dal Mago

ISBN
978-85-506-0216-5
e-ISBN
978-85-506-0217-2

L71
Lima, Jorge Luiz de
Gestão e sustentabilidade: livro didático / Jorge Luiz de Lima ; design instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra. 2. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2017.
106 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografa.
ISBN 978-85-506-0216-5
e-ISBN 978-85-506-0217-2

1. Gestão ambiental. 2. Conservação da natureza. 3. Biossegurança. 4.


Bioética I. Coimbra, Elizete Aparecida De Marco. III. Título.

CDD (21. ed.) 363.7

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

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Jorge Luiz de Lima

Gestão e Sustentabilidade

Livro didático
2ª edição

Designer instrucional
Elizete Aparecida De Marco Coimbra

Unisul Virtual
Palhoça, 2017

Pagina 4 - Em branco

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Sumário

Introdução - 7

Capítulo 1
Gestão, sustentabilidade e ética - 9

Capítulo 2
Gestão regulatória da cadeia produtiva - 31

Capítulo 3
Gestão de resíduos sólidos - 53

Capítulo 4
Biossegurança e bioética em organismos geneticamente modificados - 83

Considerações Finais - 95
Referências - 97

Sobre o Professor Conteudista - 105

Pagina 6 -Em branco

Pagina 7

Introdução

A compreensão do meio ambiente passa por diferentes caminhos, entre os quais


a observação de que seus elementos estão permeados em todas as áreas. A
terminologia do meio ambiente pode estar associada ao meio físico e social das
relações de trabalho, entre outras. No mesmo sentido é o complexo conceito de
sustentabilidade tratado em capítulo próprio. Dessa forma, não é possível a
interpretação isolada desses conceitos, pois um conceito limitado que não leve
à formação de conhecimento de muitos aspectos envolvidos nesses conceitos
poderia prejudicar a visão do intérprete.

Essa é a proposta apresentada na presente obra, ou seja, fazer com que o leitor
consiga ter uma visão do todo, materializada em capítulos que demonstram a
interferência no meio ambiente e na gestão da sustentabilidade, por meio de sua
formação legal e social, incidindo sobre as ações de entes públicos e privados.
Consagrado constitucionalmente, o direito ambiental trouxe uma nova forma de
entendimento acerca da reunião de textos normativos, colocando-os em um eixo
de direcionamento que anteriormente não havia sido dado, pois sequer tinha sido
tratado em âmbito constitucional. Apesar da existência de determinados
regramentos anteriores à Constituição de 1988, não é outra senão essa que
perfaz o indicativo do rumo a ser seguido.

Os capítulos desta obra demonstram que determinadas ações dos indivíduos ou


entes públicos ou privados podem refletir tanto positiva como negativamente no
coletivo, o que nos leva a essa integração do ordenamento jurídico.
O meio ambiente e a gestão da sustentabilidade não são apenas garantias para
o hoje, mas sim um indicativo do amanhã, buscando a continuidade da espécie
humana.

Ao nos depararmos com determinadas situações, que possam ser mais


lenientes, permissivas e menos restritivas aos controles socioambientais,
surgem os questionamentos sobre como ficará a sociedade no futuro próximo,
sempre no sentido de avançar nos processos de construção de um bem-estar
social, sem que nos seja permitida a retroação que busque degradar o meio
ambiente. Assim, não nos é permitido retroagir em normas mais duras, mas
somente avançar nesse recrudescimento, sem nos abstermos da função social.

É função do conjunto de regramentos que tratam do meio ambiente garantir que


os processos desenvolvidos no âmbito social conduzam à interpretação e
aplicação do caráter difuso do direito ambiental.

Pagina 8

Isso mesmo, enquanto direito ele tem caráter difuso, pois atinge indistintamente
a coletividade, seja de maneira direta ou indireta.

Nesta mesma direção, o leitor poderá perceber que inclusive os tentáculos do


conjunto de normas que tratam da gestão da sustentabilidade e do meio
ambiente alcançam não somente aquilo que nos é visível, mas também o que
não nos é perceptível de forma geral. Tais normas interferem em vários outros
aspectos da vida em sociedade, como, por exemplo, quando regula em matéria
consumerista a necessidade de indicação de transgenia em produtos
alimentares. Quando esferas distintas se cruzam, como nesse exemplo, uma
determinada norma está interferindo em processos de educação ambiental e de
gestão da sustentabilidade, realizando uma interação entre normas distintas.

Assim, a visão holística que nos é trazida nesta obra contempla diversos
aspectos da vida em sociedade, tais como gestão de recursos hídricos,
biodiversidade, ecossistemas, gestão de florestas, entre outros, temas que são
abordados necessariamente nesta obra.

Essa é a forma pela qual a gestão, sustentabilidade e o meio ambiente integram-


se e interagem, ou seja, é pela percepção de que a interferência em um dos
planos de atuação do meio ambiente fará com que possivelmente tenha-se o
desequilíbrio em outro plano. Podemos perceber claramente esses aspectos
pelas mazelas enfrentadas corriqueiramente nos meios urbano ou rural, tais
como enchente ocupação irregular do solo, contaminação de mananciais, entre
outros.

Essa obra não se presta a esgotar os temas nela abordados, mas sim de chamar
a atenção do leitor, em assuntos diferenciados, formulados por diferentes
autores, de que esses temas estão postos em sociedade e devem ser discutidos
por toda a coletividade e não apenas por aqueles que editam e operacionalizam
as normas que regulam nosso dia a dia.

Pagina 9

Capítulo 1

Gestão, sustentabilidade e ética.

O grande desafio da vida moderna é compreender como os seres humanos


estão vivendo atualmente e como estarão vivendo em um futuro próximo. Certas
perguntas como: “Teremos água no futuro?”, ou ainda, “Como conseguiremos
nos locomover?”, e também “Quanto aumentará a temperatura da Terra?”
pairam na mente da maioria das pessoas e, em especial, dos cientistas. “Quem
saberá responder essas questões”? Elas são decorrentes da preocupação dos
seres humanos, pois verificamos aumento na temperatura da Terra ano após
ano, grandes estiagens, derretimento das calotas polares, impossibilidade de
locomoção nos grandes e médios centros urbanos, redução na produção de
alimentos, entre outras preocupações.
A partir desses questionamentos, a gestão e a sustentabilidade passam a ser
objetos de estudo.

Assim, analisando esses pontos poderemos conhecer melhor a nós mesmos e


o meio no qual vivemos, para encontrarmos as soluções locais, que trarão
reflexos globais. Essa é a proposta do presente estudo.

Os diversos conceitos contemplados neste livro, ainda que destaque a gestão e


sustentabilidade, possuem subdivisões na apreciação do conceito de gestão ou
no conceito de sustentabilidade, que nos ajudarão a encontrar algumas
respostas ou, ainda, possibilitar novos questionamentos.

Pagina 10

Seção 1

Gestão

A gestão é entendida como um instrumento de efetivação, como ato de gerir,


administrar. Temos como tema central aqui especificamente a gestão ambiental
em toda a sua complexidade, e nesse contexto, dando especial atenção para as
técnicas a serem aplicadas nesse gerenciamento.

De acordo com Medeiros; Giordano, e Reis, (2012, p.376) Gestão Ambiental é o


“[...] resultado da necessidade de adequação a essa nova forma de pensar em
desenvolvimento e produção de bens de consumo, circunscrita pelo
desenvolvimento sustentável”.

A gestão pode ser dividida em suas técnicas como:


- suporte;
- análise global;
- custos;
- reestruturação.
Analisando o primeiro ponto que é o suporte ou técnica de suporte como uma
abordagem do problema da gestão de questões ambientais e de
sustentabilidade, tais como produção e consumo. A solução deverá levar em
consideração, sob o ponto de vista de quem se confronta com a realidade fática,
a escolha de uma fonte de pesquisa, seja empírica ou científica, de modo que
não possa gerar qualquer interferência interpretativa, devendo essa fonte estar
clara para quem possa vir utilizá-la como técnica de suporte. Essa fonte deve ser
proposta e contraposta com todas as suas variações, para que o analista-
observador possa escolher a melhor ferramenta de gestão. Isso se aplica aos
demais fatores que não são apenas a produção e o consumo, mas também
poluições, consumo de água, ocupação de solo, entre outros.

Por sua vez, a análise global do problema e das possíveis variantes permite ao
gestor, ou pretenso gestor, formar grupos multidisciplinares de profissionais que
lhe deem suporte como um corpo técnico, para, primeiramente, buscar casos
semelhantes e as soluções que tiveram efetividade, ou seja, que foram aplicadas
e estabelecer os critérios que serão utilizados, no caso a ser solucionado, por
exclusão de hipóteses.

Outro critério a ser analisado é o dos custos, considerando sempre o custo total
projetado, o custo dimensionado aplicado especificamente à técnica de gestão
ambiental a ser introduzida para cada situação.

Pagina 11

A gestão não é simples, pois ela é um processo em constante mutação, dinâmica


e variável, conforme lembra Almeida (2014, p.17), na medida que as técnicas
mencionadas não são estáticas, mas servem de indicativo à gestão ambiental:

Inicio de citação

Nesse sentido a abordagem sistêmica é uma das maneiras de se compreender


os sistemas naturais. No contexto de interferência humana no ambiente, essa
abordagem pode servir como meio de previsão de mudanças, avaliação de
sensibilidade dos sistemas naturais e de determinação dos pontos de
interferência e dos limiares de sistema que poderão ser modificados através de
impactos ambientais. Consequentemente, neste sentido pode-se aplicar o
conhecimento ecológico ao planejamento e gestão ambiental.

Fim de citação

Somente é possível aplicar a gestão, ou seja, a administração, naquilo que se


conhece. O conhecimento nos permite uma visão global sobre a situação a ser
analisada, possibilitando planejar os passos que devem ser dados para uma
gestão efetiva e duradoura.

1.1 Sustentabilidade e ética

Em uma visão reducionista do conceito de sustentabilidade, Ferreira (2004, p.


1902) indica essa como Qualidade de sustentável. Isso, de fato, não subsidia a
compreensão adequada do conceito de sustentabilidade.

O conceito de sustentabilidade, se é que é possível se definir um conceito, foi


mencionado em 1987, por meio do Relatório Brundtland, ou “Nosso futuro
comum”, em que se fez uma avaliação prévia do decênio de mudanças
propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU), na Conferência de
Estocolmo, de 1972, sobre meio ambiente. O referido documento traz uma visão
crítica sobre o desenvolvimento humano, principalmente nos países
desenvolvidos daquela época. Temas como o aquecimento global,
desenvolvimento industrial, ecossistemas, produção e consumo, agricultura,
silvicultura, água, energia, florestas, entre outros, foram abordados em
comissões temáticas.

Sustentabilidade não é um conceito que possa ser traduzido em uma palavra ou


expressão, mas, sobretudo, é uma visão holística de mundo, na qual se
estabelece em que estágio está o ser humano e em qual estágio ele estará em
um futuro próximo ou a longo prazo.
A sustentabilidade pode ser compreendida em diversas dimensões, como a
antropocêntrica, a geocêntrica e a teocêntrica.

Pagina 12

No primeiro caso, ou seja, a dimensão antropocêntrica, apenas e somente esse


deve ser sujeito de saciedade de suas necessidades, sem uma preocupação
com os recursos naturais e seu esgotamento. Não há preocupação com o que
ocorrerá com o ambiente natural.

No viés da dimensão geocêntrica, a preservação dos recursos é o foco, sem que


haja uma possibilidade de utilização em larga escala dos recursos naturais.
Preservação plena ou restrita ao extrativismo de subsistência.

E a dimensão teocêntrica em que se tem um olhar de que “Deus proverá”. Não


se discute aqui a opção religiosa, mas sim o entendimento de alguns povos, que
a utilização dos recursos naturais será provida exclusivamente por um Deus e
não pela participação do homem no processo de conservação, preservação e
utilização racional dos recursos.

Nenhuma das três dimensões isoladamente apresenta uma visão adequada,


mas é conjunção de todos os entendimentos, analisados sistematicamente, que
poderá fazer com que a compreensão do pensar global e agir local dará
efetividade ao sistema de sustentação de todas as formas de vida existentes.

- O que importa para a compreensão da sustentabilidade é a finalidade que se


quer dar ou buscar para as gerações futuras. A definição de tais finalidades será
pautada pela legislação interna e pelos tratados e convenções internacionais
ratificados pelas nações.

Ramiro et. al (2015, p. 27) destaca, preponderantemente, por teoria filosófica, o


seguinte:

Inicio de citação
Se entendermos por desenvolvimento sustentável um modelo econômico,
político, social, cultural e ambiental, pautado pelo equilíbrio, capaz de suprir
necessidades razoáveis das gerações atuais, sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades, então
perceberemos que tal concepção ganha seu influxo mais vigoroso a partir da
tentativa filosófica de Hans Jonas de reconduzir à autorchheia nossa delirante
civilização tecnológica, pois esta se desdobra, em termos de filosofa prática, em
postura crítica do estilo de desenvolvimento tradicionalmente adotado, quando
se constata que este tem sido ecologicamente predatório na utilização dos
recursos naturais, socialmente injusto, como geração de pobreza exclusão, e
politicamente inapto a perceber todas as consequências da dialética entre
inovação tecnológica e necessidade compulsória de seu aproveitamento
industrial em larga escala, sem perceber que, tornada força produtiva, a ciência
e a tecnologia transformam-se, ao mesmo tempo, em condição de possibilidade
sócio-política e cultural para a manutenção e reprodução de um modelo de
desenvolvimento pautado por relações econômico-jurídicas sumamente
problemáticas.

Fim de citação

Pagina 13

Não menos importante do que tratar a sustentabilidade sob suas diversas formas
de compreensão e do sistema complexo, público e privado, material e imaterial,
de conservação e preservação, político e político-administrativo, de visão ou de
gestão, é fazer com que aqueles que decidem os rumos da vida no planeta
estejam pautados por critérios éticos.

Nesse sentido, a ética é elemento essencial a estar presente nos processos


decisórios. Segundo Ramiro et. al. (2015, p. 55):

Inicio de citação
Os excessos de “poder” e de “querer” do ser humano geram, cada vez mais,
desconforto para seus semelhantes, isso devido, justamente, à falta de ética por
parte daqueles mais privilegiados e que, em regra, detêm as patentes e
financiam as descobertas de novas tecnologias. Diante disso, novas formas de
poder exigem novas normas éticas.

Fim de citação

Os critérios de moral e ética possuem uma linha muito tênue de acordo com os
interesses envolvidos. Enquanto a moral possui uma compreensão restritiva sob
o aspecto do observador da norma, a ética traz uma visão restritiva desse,
aplicada à coletividade que fará o “julgamento” de suas condutas.

A proposta dessa nova ética indicada por Ramiro et al. (2015) não apresenta
contraposição com o entendimento ético tradicional, mas vem a ampliar a visão
que se possa ter sobre esse entendimento, pois as questões ambientais e de
vida em sociedade são indissociáveis do processo de construção ética. A ética
necessita ser um fundamento do pensamento e do agir humano, para que o
interesse individual, local ou de grupos não prejudique a convivência em
sociedade ou em coletividade, sob pena de impactar o desenvolvimento
sustentável humano.

Pagina 14

Seção 2

Sustentabilidade das florestas e as unidades de conservação

Ao estudarmos a sustentabilidade, faz-se necessário conhecer os conceitos


legais de conservação e preservação ambiental, pois são meios de
compreensão e análise utilizados na verificação dos limites a serem adotados
quando é necessária a ocupação humana de áreas e desenvolvimento
empresarial.
O Art. 2° da Lei número 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza e dá outras providências, faz a referida
conceituação dos institutos de preservação e conservação, conforme segue:

Inicio de citação

Art. 2° Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:


[...]
2- conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza,
compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a
restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o
maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e
garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;
[...]
5 - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a
proteção em longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da
manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas
naturais;
(BRASIL, 2000, grifo nosso).

Fim de citação

Esses conceitos-guia apontam o direcionamento não apenas às Unidades de


conservação, mas também os empresta à gestão de florestas, solo e outros
recursos naturais.

A própria Lei número 11.428/2006 também carrega em seu texto os referidos


conceitos, os quais definem, inclusive, regimes jurídicos aplicáveis em cada
situação que se queira utilizar área de floresta ou próxima dessa.

Tais conceitos impactam diretamente no interesse de empreender do particular


e estão dispostos de forma bastante clara e concisa.
Pagina 15

Para Oliveira (2013), essa caracterização da determinação dos conceitos de


concessão de uso de bem público, como florestas por exemplo, está nas mãos
do poder público, que, conforme mencionado, pode proibir ou restringir o
particular em sua intenção de ocupar o espaço ou empreender. No sentido lato,
a concessão pode ser conceituada como “atos que, em determinados casos
concretos, constituem em favor de determinadas pessoas, uma nova condição
jurídica ou um novo direito subjetivo”. (OLIVEIRA, 2013, p. 142).

O sistema de conservação, regeneração e proteção das florestas está


fundamentado tanto na referida Lei número 11.428/2006 quanto no
popularmente conhecido Código Florestal, que tem abrangência para além da
própria floresta, sendo essa a Lei número 12.651/2012, a qual será tratada em
tópico próprio.

A Lei número 11.428/2006 declara, em seu Art. 7°, traz 4 objetivos muito claros
assim descritos:

Inicio da citação

Art. 7°. A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica far-se-ão dentro de


condições que assegurem:

1 - a manutenção e a recuperação da biodiversidade, vegetação, fauna e regime


hídrico do Bioma Mata Atlântica para as presentes e futuras gerações;

2 - o estímulo à pesquisa, à difusão de tecnologias de manejo sustentável da


vegetação e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
recuperação e manutenção dos ecossistemas;

3 - o fomento de atividades públicas e privadas compatíveis com a manutenção


do equilíbrio ecológico;
4 - o disciplinamento da ocupação rural e urbana, de forma a harmonizar o
crescimento econômico com a manutenção do equilíbrio ecológico. (BRASIL,
2006).

Fim da citação

Esses objetivos norteiam as demais ações tidas na proteção de florestas,


ocupação do solo, desenvolvimento econômico sustentável e equilíbrio
ecológico.

Toda a construção tida no sentido de fomentar a conservação e preservação das


florestas, no bioma mata atlântica ou outros biomas, está positivamente
contaminado por essa legislação, principalmente no que tange à supressão da
vegetação em estágio de regeneração, seja ela primária ou secundária,
conforme descrito no Art. 14, que age como um freio, dando contrapesos entre
desenvolvimento e conservação, conforme demonstrado a seguir:

Pagina 16

Inicio de citação

Art. 14. A supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado


de regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública,
sendo que a vegetação secundária em estágio médio de regeneração poderá
ser suprimida nos casos de utilidade pública e interesse social, em todos os
casos devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo
próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto, ressalvado o disposto no inciso 1 do art. 30 e nos parágrafos 1º e 2º
do art. 31 desta Lei.
(BRASIL, 2006).

Fim de citação
Tais caminhos nos conduzem ao entendimento que a conservação é necessária,
mas ela caminha incontinente com o desenvolvimento sustentável,
inviabilizando, pelo menos sob o aspecto legal, a ocupação desenfreada de
áreas, obrigando, ainda, o poder público a estimular às populações que já
ocupam tais áreas a nelas permanecer, sem permitir novas ocupações,
mantendo-se daquilo que é extraído do meio em que estão inseridas, por meio
de incentivos econômicos.

Não há outra forma de repensar o sistema de conservação e preservação de


florestas, biomas e unidades de conservação, que não seja pelo viés do
desenvolvimento sustentável, da manutenção das populações lá existentes, mas
fazendo com que essas, além de fiscalizar o ambiente em que vivem, possam
receber valores para manter esses ambientes, na forma determinada pelo poder
público, ora para conservar/preservar, ora para permitir a ocupação na forma
prevista.

É necessário também mencionar a Lei número 11.284/2006, que trata da gestão


de florestas públicas e seu uso, da “proteção dos ecossistemas, do solo, da
água, da biodiversidade e valores culturais, além da garantia de condições
estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na
conservação e na recuperação das florestas”. (Art. 2°, 1 e 8 respectivamente).

O arcabouço legal é o primeiro passo nessa necessária visão sobre os sistemas


de florestas, e que nos traz a observação sobre o nosso entorno e a devida
preocupação com nossa geração, de nossos sucessores e dos sucessores
desses.

2.1 Gestão hídrica

Ao tratarmos de gestão e sustentabilidade, inevitavelmente devemos abordar a


gestão híbrida, pois é elemento essencial para a existência e desenvolvimento
da vida neste planeta. Sobre a gestão dos recursos hídricos, é importante
destacar a Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei número 9.433/97 - que
define a água, como um recurso finito, dotado de valor econômico e público,
conforme artigo a seguir:

Pagina 17

Inicio de citação

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes


fundamentos:
1 - a água é um bem de domínio público;
2 - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
(BRASIL, 1997).

Fim de citação

Assim, essa introdução pragmática da legislação já coloca em segundo plano a


possibilidade de uma visão restritiva do recurso hídrico no uso pelo particular.
Os recursos hídricos que perpassam ou estão armazenados em propriedades
privadas não pertencem ao particular, mas sim à coletividade.

A visão sobre a utilização do recurso hídrico em determinada região ou em


específica bacia hidrográfica deve ser integrada, garantindo que os usos desse
recurso hídrico não fiquem adstritas a uns poucos, mas que possa chegar tanto
àqueles que possuem melhores condições de vida quanto àqueles que são
desfavorecidos, sendo que para esses a atenção deve ser ainda mais especial,
para que se possa atingir parte do denominado mínimo existencial ambiental.

Ao tratar das competências, a Constituição da República Federativa do Brasil de


1988 determina quais bens pertencem a cada ente federativo, indicados nos
Arts. 20 e 26, sendo residual aos municípios, utilizando o elemento natural água
como fator determinante de tais competências.

Granziera destaca a água como um elemento indistinto de todos, ou seja, indica


seu caráter difuso, assim referenciado:
Inicio de citação

Após a edição da Lei 9.433/97, caíram por terra quaisquer dúvidas que
pudessem restar acerca da publicitação dos recursos hídrico no Brasil. O Art. 1°,
inciso 1, da Lei das Águas, tornou definitiva a condição pública das águas no
Brasil, fixando que “a água é um bem de domínio público”. (GRANZIERA, 2006,
p. 91).

Fim de citação

Assim como no texto constitucional do Art. 225, caput, a Política Nacional de


Recursos Hídricos também visa a garantir à atual e às futuras gerações um meio
ambiente desenvolvido, mas equilibrado, sendo que essa coloca tal fator como
um de seus objetivos, indicando tal protagonismo à disponibilidade de água, seja
ela de rios, lagos, lagoas, olhos d’água, cursos d’água, reservatórios naturais e
artificiais, entre outros.

Pagina 18

Nesse sentido, o Art. 2º declara:

Inicio de citação

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

1 - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água,


em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; (BRASIL, 1997).

Fim de citação

A proteção da água passa pela proteção necessária dos mananciais,


nascedouros e afluentes das mais diversas formas de existência deste recurso.
Tanto o planeta quanto o ser humano são preponderantemente formados por
água, sendo essa necessária e fundamental à nossa existência.

O planejamento do uso tem necessariamente que conter etapas essenciais, tais


como:

- diagnóstico dos recursos hídricos;


- análise do desenvolvimento social e ocupação do solo;
- apuração da quantidade, qualidade e disponibilidade do recurso hídrico em
cada região;
- metas de uso racional e melhora de quantidade e qualidade do recurso hídrico;
- medidas educacionais de racionalização e uso;
- prioridades de outorga;
- critérios de cobrança pelo uso;
- estudo de restrições locais e regionais em áreas que visem à preservação do
recurso e suas fontes. Todos estes tópicos possuem correlação com o disposto
no Art. 7° da referida legislação.

Rosengrant et. al. (1995 apud Tundisi e Tundisi, 2011, p. 171) defendem que:

Inicio de citação

Uma auditoria ambiental que promova essa visão integrada e estratégica pode
ser efetiva, pois estabelece compromissos reais entre gestores e pesquisadores
para obtenção de resultados práticos com cronogramas definidos. A interação
entre pesquisa e gerenciamento deve operar em períodos curtos e em períodos
de longa duração (cinco anos), permitindo construir bases sólidas de atuação
conjunta.

Fim de citação

Pagina 19
Além da Política Nacional de Recursos Hídricos, a classificação dos corpos
d’água se dá por meio da Resolução número 357 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), que preambularmente ressalta a referida legislação,
“considerando o art. 9°, inciso 1, da Lei número 9.433, de 8 de janeiro de 1997,
que instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos, e demais normas
aplicáveis à matéria.” (BRASIL, 1997).

A Resolução número 357 do CONAMA também faz uma classificação das águas
em doces, salinas, salobras, e os padrões de qualidade dessas. Contudo, a
classificação da água para consumo humano se dá por meio de definição do
Ministério da Saúde, por meio da Portaria Ministério da Saúde (MS) número
2.914/11, que dispõe sobre o seguinte:

Inicio de citação

Art. 1º. Esta Portaria dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância


da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

Art. 2º. Esta Portaria se aplica à água destinada ao consumo humano


proveniente de sistema e solução alternativa de abastecimento de água.

Parágrafo único. As disposições desta Portaria não se aplicam à água mineral


natural, à água natural e às águas adicionadas de sais, destinadas ao consumo
humano após o envasamento, e a outras águas utilizadas como matéria-prima
para elaboração de produtos, conforme Resolução (RDC) número 274, de 22 de
setembro de 2005, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA).

Art. 3º. Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por
meio de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve
ser objeto de controle e vigilância da qualidade da água.

Art. 4º. Toda água destinada ao consumo humano proveniente de solução


alternativa individual de abastecimento de água, independentemente da forma
de acesso da população, está sujeita à vigilância da qualidade da água.
(BRASIL, 2011).

Fim de citação

Esse conjunto de regulamentos e leis é o que rege, a priori, a classificação,


padrões e consumo de água no Brasil, sem prejuízo de outros dispositivos.

Dessa forma, verificados os fundamentos e definidos os objetivos sobre os quais


serão fundados os planos de gestão de recursos hídricos é que as ações
poderão ser justapostas. Apenas com ações locais e pensamento global a
gestão se tornará efetiva.

Pagina 20

Seção 3

Aspectos ambientais relevantes

Nesta seção, abordaremos a questão legal pertinente a temas como meio


ambiente, sustentabilidade, fauna, flora, florestas, água, consumo e produção,
entre outros elementos que subsidiarão seu entendimento e sua visão holística
sobre gestão e sustentabilidade.

3.1 Fauna

O tema fauna, além da própria Lei número 9.605/98, que trata dos crimes
ambientais, mas que não é objeto do presente estudo, possui a especificidade
dos crimes contra a fauna, contudo, para o referido tema da fauna, neste
capítulo, devemos verificar a Lei número 9.197/67, que cuida especificamente
da proteção dessas. Os animais possuem uma proteção especial por essa
legislação, contudo, os animais não são tratados como sujeito de direito, mas
sim como objeto de direito, sendo essa parte importante na sustentabilidade do
planeta.
Disciplina o Art. 1°, da Lei número 9.197/67 que os animais silvestres são
propriedade do Estado, e sendo uma propriedade são objeto de direito e não
sujeitos de direito, uma vez que esse último não é passível de apropriação:

Inicio de citação

Art. 1º. Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu


desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a
fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são
propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição,
destruição, caça ou apanha. (BRASIL, 1967).

Fim de citação

Dantas (2015), ao analisar o caso trazido ao Supremo Tribunal Federal (STF),


no RE n. 153.531-8/SC, a qual tratada da referida “farra do boi”, aponta a
existência de colisão de dispositivos ambientais constitucionais, ao entender que
não se estaria, no caso, tratando da espécie como maus-tratos aos animais, mas
sim de manifestação cultural, o que, respeitando-se a visão do autor, pode ser
interpretada sob um segundo aspecto, o dos maus-tratos, caso fossem
considerados os animais como sujeitos de direito:

Inicio de citação

Certamente um dos casos mais rumorosos envolvendo colisão entre o direito


fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e outro princípio
constitucional foi aquele julgado pelo STF, em recurso extraordinário, pelo qual
se pretendeu coibir a prática da denominada farra do boi, manifestação cultural
trazida ao Brasil pelos açorianos e historicamente praticada no litoral de Estado
de Santa Catarina. (DANTAS, 2015, p. 149).

Fim de citação
Pagina 21

Ainda que nesse caso o tribunal constitucional tenha considerado a


inconstitucionalidade da referida farra do boi, em contraposição, a denominada
vaquejada foi regulamentada pela Lei número 13.364/2016, mesmo que antes
da regulamentação do Congresso Nacional tenha sido feita uma análise de caso
semelhante pelo STF, que considerou os mesmos parâmetros para a vaquejada,
adotados no caso da farra do boi. Não se está aqui a fazer qualquer juízo de
valor entre um caso e outro, mas sim, podemos afirmar que em ambos os casos,
os animais não são sujeitos de direito.

Ilustrativamente, na vizinha Argentina, os animais já são tratados como sujeitos


de direito, como no emblemático caso do chipanzé chamado “Cecília”, que teve
um Habeas Corpus admitido pela Corte Suprema daquele país, sendo removida
da Província de Mendonza para Sorocaba/SP, em decorrência dos maus-tratos
naquele país (1).

No Brasil, ainda é necessário o avanço do entendimento no sentido de que os


animais sejam considerados sujeitos de direito, ainda que tenhamos decisões
isoladas, como no caso mencionado da farra de boi e na criminalização das
rinhas de galo.

3.2 Energia

O homem desde seus primórdios busca as fontes de energia como meio de


manutenção da vida na terra. Para tanto, vem experimentando, ao longo do
tempo, diversas formas de gerar incessantemente a energia que precisa para se
desenvolver e poder alcançar novas descobertas que extrapolam, inclusive, os
limites do planeta Terra.

Muito da produção de energia está ligada aos deslocamentos do homem no


planeta e fora desse, bem como para a produção industrial. Como destaque
poderíamos citar a invenção dos motores industriais no século 19 com a
Revolução Industrial europeia, a criação do automóvel reivindicada pelo alemão
Karl Benz (1844-1929) a produção desses em larga escala, por Henry Ford
(1863-1947).

Várias são as espécies de energia, dividindo-se basicamente em 02 grupos,


conforme mencionado, assim consideradas:

Inicio de nota de rodapé

(1) Estadão. Disponível em:


<http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,primeira-chimpanze
benefciada-com-habeas-corpus-viaja-para-sp,70001726935>. Acesso em: 04
ago. 2017.

Fim de nota de rodapé

Pagina 22

- energia renovável;
- energia não renovável.

As energias não renováveis, além do próprio esgotamento do recurso, também


trazem uma emissão de resíduos atmosféricos que podem impactar de forma
negativa a vida humana, como por exemplo, a emissão excessiva de CO²,
aumento da temperatura da Terra por meio do incremento desses gases na
atmosfera. Por outro lado, as energias renováveis praticamente não deixam
resíduos e não se esgotam ao longo do tempo, dando um maior equilíbrio
sustentável ao planeta.

Como exemplo de energias renováveis, temos a energia solar, eólica, hídrica ou


hidroelétrica, biomassa geotérmica e a energia das marés. No Brasil, são objeto
de regulação a universalização da energia elétrica por meio da Lei número
10.438/02, que busca dar acesso geral à energia elétrica, conforme disposto no
Art. 14, que declara: “No estabelecimento das metas de universalização do uso
da energia elétrica, a Aneel fixará, para cada concessionária e permissionária de
serviço público de distribuição de energia elétrica”. (BRASIL, 2002).

Por sua vez, todas as espécies de energia não renováveis, como o petróleo,
carvão, gás natural e energia nuclear possuem regulação própria de exploração,
uma vez que há um risco eminente nessas de possível poluição de rios,
mananciais, atmosfera, entre outros.

Inicio de citação

Os riscos de contaminação, explosão e morte com os recursos não renováveis


são expressivos e historicamente podem ser comprovados pelo vazamento de
radiação nas usinas nucleares de Fukushima no Japão (2011), Chernobyl na
então União Soviética (1986) ou o vazamento de petróleo do navio Exxon
Valdez, no Alasca (1989).

Fim de citação

A energia nuclear, além do aspecto constitucional, é tratada por meio de duas


leis especificamente, sendo essas a Lei número 6.453/77 e a Lei número
10.308/01. No primeiro caso, o tratamento é dado à responsabilização por danos
e no segundo caso ao sistema de licenciamento, operação, fiscalização, custos,
responsabilidade civil dos rejeitos de radiação.

Pagina 23

Por sua vez, o carvão é regulado por uma lei de 1960, sendo essa a Lei número
3.860/60 e Decreto-Lei número 227/67, que coordena as atividades acerca da
exploração do carvão mineral. As usinas termelétricas no Brasil são movidas por
vários tipos de energia, tais como o próprio carvão mineral, gás natural, vapor
d’água, entre outros, mas por ser uma energia mais “suja”, pois gera resíduo que
necessita ser tratado. Também é mais cara e é utilizada de forma residual às
hidroelétricas.
O petróleo e o gás, por sua vez, são regulados pela Lei número 9.478/97 e tem
como objetivo:

Inicio de citação

Art. 1º As políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de


energia visarão aos seguintes objetivos:

1 - preservar o interesse nacional;

2 - promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os


recursos energéticos;

3 - proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos


produtos;

4 - proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia;

5 - garantir o fornecimento de derivados de petróleo em todo o território nacional,


nos termos do parágrafo 2º do art. 177 da Constituição Federal;

6 - incrementar, em bases econômicas, a utilização do gás natural;

7 - identificar as soluções mais adequadas para o suprimento de energia elétrica


nas diversas regiões do País;

8 - utilizar fontes alternativas de energia, mediante o aproveitamento econômico


dos insumos disponíveis e das tecnologias aplicáveis;

9 - promover a livre concorrência;

10 - atrair investimentos na produção de energia;

11 - ampliar a competitividade do País no mercado internacional.


12 - incrementar, em bases econômicas, sociais e ambientais, a participação dos
biocombustíveis na matriz energética nacional.

13 - garantir o fornecimento de biocombustíveis em todo o território nacional;

14 - incentivar a geração de energia elétrica a partir da biomassa e de


subprodutos da produção de biocombustíveis, em razão do seu caráter limpo,
renovável e complementar à fonte hidráulica;

15 - promover a competitividade do País no mercado internacional de


biocombustíveis;

16 - atrair investimentos em infraestrutura para transporte e estocagem de


biocombustíveis;

17 - fomentar a pesquisa e o desenvolvimento relacionados à energia renovável;


18 - mitigar as emissões de gases causadores de efeito estufa e de poluentes
nos setores de energia e de transportes, inclusive com o uso de biocombustíveis.
(BRASIL, 1997).

Pagina 24

Em todas as formas de exploração de energia, renováveis ou não renováveis, o


desenvolvimento e a comercialização possuem regulamentação específica, por
meio das agências reguladoras, e sua implementação é dada pelas
competências constitucionais determinadas.

3.3 Atmosfera

A atmosfera sofre influências naturais e artificiais que impactam de sobremaneira


a existência da vida em nosso planeta. Destaca-se, no presente estudo, que a
ação humana causa desequilíbrio quando lança elementos químicos em número
maior de concentração daquele que deveria existir em cada uma das regiões, de
acordo com as análises determinadas pelos órgãos ambientais nestas regiões.

Com o objetivo de minimizar a emissão demasiada de elementos químicos na


atmosfera, a Resolução CONAMA número 436/11 estabelece os limites
máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas,
sejam industriais, comerciais ou de serviços.

A referida Resolução CONAMA possui muito mais um critério técnico em seus


anexos, do que efetivamente um texto legal passível de compreensão pelos
leigos em geral, o que, contrariamente possa parecer, é de suma importância
para determinar se alguém (seja pessoa física, jurídica ou representantes legais)
está emitindo poluentes acima do aceitável.

Não menos importante, a referida Resolução CONAMA indica as seguintes


premissas como limitadores de emissão de poluição atmosférica:

Pagina 25

Inicio de citação

Art. 2°. Para o estabelecimento dos limites de emissão de poluentes atmosféricos


foram observadas as seguintes premissas:

1 - o uso do limite de emissões como um dos instrumentos de controle ambiental,


cuja aplicação deve ser associada a critérios de capacidade de suporte do meio
ambiente onde se encontra o empreendimento;

2 - o estabelecimento de limites de emissão deve ter como base tecnologias


ambientalmente adequadas, abrangendo todas as fases, desde a concepção,
instalação, operação e manutenção das unidades bem como o uso de matérias
primas e insumos;
3 - adoção de tecnologias de controle de emissão de poluentes atmosféricos
técnica e economicamente viáveis e acessíveis e já desenvolvidas em escala
que permitam sua aplicação prática;

4 - possibilidade de diferenciação dos limites de emissão, em função do porte,


localização e especificidades das fontes de emissão, bem como das
características, carga e efeitos dos poluentes liberados; e

5 - informações técnicas e mensurações de emissões efetuadas no País bem


como o levantamento bibliográfico do que está sendo praticado no Brasil e no
exterior em termos de fabricação e uso de equipamentos, assim como exigências
dos órgãos ambientais licenciadores. (BRASIL, 2011).

Fim de citação

Essas premissas dão segurança jurídica ao empreendedor que se utilize de


emissões atmosféricas em seu processo de produção, sendo que tais critérios
poderão ser verificados pelo órgão fiscalizador, ao mesmo tempo em que,
atestados por aferição em paralelo pelo empreendedor.

Apesar do tema floresta já ter sido tratado no tópico sobre florestas e unidades
de conservação, a legislação ambiental trouxe como inovação a Lei número
12.651/2012, que vai muito além de tratar do tema florestal apenas.

O tema florestas era tratado anteriormente pela Lei número 4.771/65, legislação
extremamente avançada para a época, a qual foi expressamente revogada pelo
Art. 83 da Lei número 12.651/2012, ainda que alguns de seus dispositivos
pudessem continuar a ser aplicados nos dias atuais.

A nova legislação foi muito além de se preocupar apenas com florestas ou a


preservação de mananciais, pois traz conceitos como utilidade pública e
interesse social, ainda que para fins de aplicação da própria legislação. Não
menos importantes, são conceitos modernos como crédito de carbono (emissões
atmosféricas), área consolidada e Amazônia Legal, todas constantes do Art. 3°.
Pagina 26

A aplicação dessa legislação, diferentemente do que dispunha a Lei número


4.771/65, é aplicável também aos ambientes urbanos e não apenas aos
ambientes rurais.

No ambiente rural, a grande inovação se dá pela instituição do Cadastro


Ambiental Rural (CAR), o qual faz uma radiografa da propriedade rural, conforme
indicado no Art. 29, que declara:

Inicio de citação

Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural – CAR, no âmbito do Sistema


Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público
eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a
finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses
rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento
ambiental e econômico e combate ao desmatamento. (BRASIL, 2012).

Fim de citação

De acordo com Thomé (2013, p. 304) essa legislação inova sob todos os
aspectos, pois transcende a questão florestal, tratando de toda a biodiversidade:

Inicio de citação

A Lei 12.651/12 inova em relação à legislação anterior ao elencar uma série de


princípios a serem observados na implementação do desenvolvimento
sustentável tendo em vista a proteção e o uso das florestas e demais formas de
vegetação. A norma afirma o compromisso do País com a preservação da flora,
da biodiversidade, do solo e dos recursos hídricos e com a integridade do
sistema climático, visando o bem-estar das presentes e futuras gerações.
Fim de citação

Essa lei, que na verdade é um sistema, influência, inclusive, os planos diretores


municipais, os planos de gestão de bacias hidrográficas, os planos de
gerenciamento de resíduos sólidos e o parcelamento de solo urbano.

Esse último, ou seja, o parcelamento do solo urbano, disciplinado pela Lei


número 6.766/79, determina os parâmetros mínimos para que esse possa correr,
conforme Art. 2°, parágrafo 6°:

Inicio de citação

Art. 2º. O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou
desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legislações
estaduais e municipais pertinentes.
[...]
Parágrafo 6° A infraestrutura básica dos parcelamentos situados nas zonas
habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS) consistirá, no
mínimo, de:

1 - vias de circulação;
2 - escoamento das águas pluviais;
3 - rede para o abastecimento de água potável; e
4 - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar.
(BRASIL, 1976).

Fim de citação

Pagina 27

Apenas reafirmando que não é possível uma dissociação dessa lei com aquela
mencionada. O parcelamento do solo deve ser compatível com o chamado “Novo
Código Florestal” de 2012, que vai muito além da esfera florestal, sendo que
maior compatibilidade residiria em chamá-lo de Código Ambiental.
Dessa forma, toda e qualquer alteração do ambiente em que o homem esteja
inserido, deve considerar os mais diversos impactos que possam ser causados,
destacando que a mera existência do homem e suas atitudes, podendo ser as
mais simples, causam impacto ao meio ambiente, cabendo o estudo da
sustentabilidade e sua gestão no gerenciamento dos impactos significantes,
impedindo que interferiram na coletividade.

3.4 Mobilidades urbanas e urbanismo sustentável

Um dos pontos relevantes no que diz respeito à gestão e sustentabilidade é o


problema da mobilidade nos médios e grandes centros urbanos.

A mobilidade urbana estuda formas e alternativas de locomoção dentro de um


território densamente povoado, de modo que possam gerar melhor qualidade de
vida das pessoas que ocupam esses espaços. Dados do Instituto Brasileiro de
Geografa e Estatística (2) (IBGE) têm demonstrado por meio da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que a população brasileira gasta
mais tempo de deslocamento de casa para o trabalho e vice-versa com o passar
dos anos. Isto reflete uma maior densidade populacional, bem como a falta de
estrutura dos centros urbanos e a pouca oferta de modais de transporte
integrado, que desestimulem a utilização individual de veículos.

Inicio de nota de rodapé

(2) Instituto Brasileiro de Geografa e Estatística. Disponível em:


<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadore
sminimos/sinteseindicsociais2014/default_tab_ods.shtm>. Acesso em: 01 ago.
2017.

Fim de nota de rodapé

Pagina 28
Esse não é um problema exclusivamente do Brasil, mas também já possui
reflexos em Londres e Paris, que cobram tributos específicos para as pessoas
que pretendem utilizar automóvel nos centros urbanos e, principalmente, nas
regiões mais movimentadas (3).

Especificamente no Brasil, em decorrência desse problema da mobilidade


urbana, que afeta negativamente a qualidade de vida das pessoas, foi editada a
Lei número 12.587/2012. Pode parecer um contrassenso que uma lei venha
solucionar um problema consolidado, mas a referida legislação tem por objetivo
atingir os planos diretores das cidades. Dessa forma, quem possui isso precisa
se adaptar, já os locais que ainda não possuem e necessitam regularizar tal
situação, precisam incluir as previsões legais ali dispostas.

Tal legislação é descrita em seu Art. 1º como “[...] instrumento da política de


desenvolvimento urbano de que tratam o inciso 20 do art. 21 e o art. 182 da
Constituição Federal, objetivando a integração entre os diferentes modos de
transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no
território do Município”. (BRASIL, 2012).

E ainda, em seu Art. 2º, essa traz seu ponto crucial, tendo como:

Inicio de citação

[...] objetivo contribuir para o acesso universal à cidade, o fomento e a


concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios,
objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por meio do
planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade
Urbana. (BRASIL, 2012).

Fim de citação

Os objetivos e instrumentos de qualquer legislação são os pontos que vinculam


o administrador público na tomada das decisões necessárias para cumprir o que
lhe é determinado, sob pena de violação ao princípio constitucional da legalidade
estrita, disposto no Art. 37 da CRFB/88, sendo que tal violação pode trazer a
sanção constitucional de Improbidade Administrativa ao referido gestor público,
sem prejuízo das demais cominações legais.

A mobilidade urbana é definida no Art. 4º, 2 da Política Nacional de Mobilidade


Urbana, como “condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e
cargas no espaço urbano”. Nessa medida é preocupada com o deslocamento de
pessoas e cargas em território densamente povoado, conforme mencionado.

Inicio da nota de rodapé

(3) Folha de São Paulo. Disponível em:


<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1355699-pedagiourbano-
reduz-em-21-os-carros-no-centro-de-londres.shtml>. Acesso em: 01 ago. 2017.

Fim da nota de rodapé

Pagina 29

A gestão ambiental da sustentabilidade ou a gestão da sustentabilidade é


impactada diretamente pelas questões de mobilidade urbana, pois em sua
grande maioria, os deslocamentos urbanos possuem grandes emissões de CO2
por meio da utilização dos combustíveis fósseis nos veículos automotores
individuais e coletivos, o que aumenta a quantidade de gases e partículas
poluentes na atmosfera, com reflexos na densidade do efeito estufa.

Para que se alcance a acessibilidade de todos os cidadãos a uma mobilidade


urbana de qualidade, é necessário que se dê ênfase ao transporte de massa e
não ao transporte individual, contudo, que seja feito com qualidade para que o
cidadão que habita aquele local seja estimulado a utilizar tal transporte, deixando
seu veículo em casa.

É dever conjunto da União, Estados e municípios, estabelecer ações


programáticas para o aprimoramento dos sistemas de mobilidade urbana.
A mobilidade urbana, assim, está integrada à gestão de sustentabilidade, pois
impacta diretamente na qualidade do ar e na ocupação do solo urbano, enquanto
instrumentos coletivos de mensuração da qualidade de vida, bem como no
tempo e condições que se utiliza para o deslocamento entre o domicílio e o
trabalho como instrumento individual.

Pagina 30 - em branco.

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