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ARTIGO CIENTÍFICO

Os efeitos dos polifenóis: catequinas e flavonóides da Camellia sinensis no


envelhecimento cutâneo e no metabolismo dos lipídeos.

Raquel Salomoni de Sá1 – Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da


Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Taise Kethin Turella2 – Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da


Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Janine Maria Pereira Ramos Bettega3 – Mestre em Biotecnologia, Professora do


Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI,
Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Contatos:
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gauchinha_quel@hotmail.com
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tai_bc@hotmail.com
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janine_mpr@yahoo.com.br

RESUMO

Camellia sinensis popularmente conhecida como chá verde, chá preto, chá-da-índia e
“green tea” é nativa do sudeste asiático, cultivada atualmente em mais de trinta países
em todo o mundo. Atualmente, a Camellia sinensis tem sido usada em dietas
alimentares, sob a forma de chás ou extratos, mas também tem sido usada topicamente
através de extratos incorporados em cremes, géis, loções e outras formas farmacêuticas;
pois seus componentes químicos majoritários, os polifenóis (principalmente flavonóides
e catequinas) apresentam uma série de atividades biológicas, incluindo antioxidante,
quimioprotetora, antiinflamatória, anticarcinogênica, lipolítica, entre outras. O seguinte
estudo tem por objetivo compilar informações científicas sobre a planta com relação aos
efeitos no envelhecimento cutâneo e no metabolismo dos lipídios, as quais aumentaram
a popularidade da Caméllia sisnensis, especialmente na área da Cosmetologia e
Estética. Diversos e numerosos são os estudos científicos que comprovam a maioria das
atividades atribuídas à Caméllia sinensis, muitos deles realizados, in vitro ou in vivo,
em animais ou seres humanos, utilizando o chá ou frações extrativas obtidas das folhas.
É notória, porém, a falta de padronização quanto à forma de utilização tanto
popularmente quanto em estudos científicos, dificultando a comparação entre esses
estudos, uma vez que a atividade biológica da planta está diretamente ligada à qualidade
e quantidade dos princípios ativos presentes no material vegetal.
Palavras-chave: Polifenóis, envelhecimento cutâneo, metabolismo lipídico,
Camellia sinensis.
INTRODUÇÃO

Camellia sinensis é uma das principais plantas utilizadas atualmente, pertencente


à família Theaceae, gênero Camellia e espécie sinensis (SCHMITZ, et al., 2005).
Popularmente, a planta é conhecida como chá-da-índia, chá verde, chá preto ou “green
tea”. Originária do sudeste asiático, a Camellia sinensis é cultivada em mais de 30
países em todo o mundo há mais de 50 anos. No Brasil, o arbusto é cultivado
principalmente na região do Vale do Ribeira no estado de São Paulo, onde é utilizado
para fazer chá preto (BLANCO, 2007).
Camellia sinensis é uma planta perene, do tipo arbustiva. Seu cultivo se dá
preferencialmente por meio de estacas. A estaca para reprodução deve possuir uma
folha desenvolvida e sua respectiva gema auxiliar com três a quatro centímetros
(BLANCO, 2007). A planta apresenta folhas simples, alternas, inteiras, com margem
serreada e textura coreácea (LORENZI; MATOS, 2002 in DUARTE; MENARIM,
2006). As flores são pequenas, brancas, geralmente com quatro a cinco pétalas e
aparecem nas axilas das folhas em grupos de dois, três ou quatro. O fruto é uma cápsula
com dois ou três centímetros de diâmetro (BLANCO, 2007).

Figura 1. Flores e folhas de Camellia sinensis.


Fonte: William C. Welch

Existem algumas variedades disponíveis de Camellia sinensis, de acordo com a


preparação diferencial das suas folhas após a colheita. Folhas recém coletadas e
imediatamente estabilizadas caracterizam-se como chá-verde e, quando submetidas à
fermentação rápida ou prolongada constituem o tipo oolong e o chá-preto,
respectivamente (RADOMINSKI, 2007). O processo fermentativo favorece a oxidação
enzimática dos polifenóis presentes no vegetal, conferindo menor adstringência e
coloração mais intensa ao material vegetal (SIMONETTI, 1990 in DUARTE,
MENARIM, 2006). Quanto menor a fermentação, maior a quantidade de catequinas,
principalmente de epigalocatequina-galato. Por isto, a maioria dos estudos é realizada
com os chás verdes e oolong. (RADOMINSKI, 2007).
De acordo com Mukhtar (2000) o chá é uma das bebidas mais apreciadas e
consumidas no mundo inteiro, chegando a um consumo per capita de 120 mL/dia. O
chá preto é consumido primariamente em alguns países asiáticos, enquanto que o chá
verde é consumido primariamente no Japão, China Índia e em poucos países do norte da
África e meio Oeste. A produção e o consumo do chá oolong é restrito ao sudoeste da
China e Taiwan. Segundo Schmitz et al., (2005), o chá preto é responsável por 75% do
chá consumido no mundo e o chá verde, por apenas 22%. Suas ricas substâncias
despertaram um grande interesse na indústria da saúde, da beleza e da classe científica,
que têm pesquisado suas propriedades medicinais, por seus diversos benefícios.
A composição das folhas de Camellia sinensis depende de uma variedade de
fatores, incluindo o clima, estação do ano, práticas de cultivo, variedade e idade da
planta. A composição química do chá verde é semelhante à composição da folha. De um
modo geral, o chá verde contém uma quantidade aproximada de 30% dos compostos
fenólicos do peso seco das folhas (MUKHTAR, 2000).
Popularmente, a Camellia sinensis tem sido usada em dietas alimentares, pois
seus componentes químicos majoritários, os flavonóides e catequinas apresentam uma
série de atividades biológicas, como antioxidante, quimioprotetora, antiinflamatória e
anticarcinogênica (SCHMITZ et al., 2005).
A composição química de Camellia sinensis tem sido amplamente investigada.
Seus diferentes grupos de compostos constituem-se principalmente em polifenóis
(LIANG et al., 2001; PUNYASIRI et al., 2004; PETERSON et al., 2005 in DUARTE;
MENARIM, 2006), dentre os quais os flavonóides, (AHERNE; O’BRIEN, 2002 in
MATSUBARA; RODRIGUEZ-AMAYA, 2006), e as catequinas. A classe das
catequinas presentes no chá verde inclui: a epicatequina (EC), epigtalocatequina (EGC),
galato-3-epicatequina (ECG), galato-3-epigalocatequina (ECGC) (SCHMITZ et. al.,
2005). A classe dos flavonóides é subdividida em: flavonas, flavononas, isoflavonas,
flavonóis e antocianinas (AHRENE, 2002; HOLLMAN, 2000 in MATSUBARA;
RODRIGUEZ-AMAYA, 2006). Outros compostos encontrados na Camellia sinensis
são: vitamina C, vitamina B (B1 e B2), vitamina K, minerais, bases púricas, como a
cafeína e carotenóides, e outros (BLANCO, 2007).

A parte mais utilizada da Camellia sinensis para extração dos princípios ativos
são seus botões e suas folhas, pois possuem cerca de 30% de compostos polifenólicos,
cuja principal propriedade é a de antioxidante (SIMÕES et al., 2004). Diversas são as
formas de utilização da planta, que vão desde o chá, até extratos aquosos,
hidroalcoólicos, glicólicos e outros, geralmente incorporados em diferentes formas
farmacêuticas, utilizadas tanto através da via oral, quanto via tópica. Henning et al.,
(2004), avaliaram a absorção de flavonóides quando polifenóis de Camellia sinensis
foram administrados através da via oral em indivíduos sadios sob a forma de chá ou de
extrato encapsulado. A atividade antioxidante medida no plasma dos indivíduos foi
maior no grupo suplementado com cápsulas de chá verde, em comparação com os
grupos que receberam chá verde ou chá preto. A quantidade de 3-galato-
epigalocatequina no plasma foi similar nos três grupos.

Extratos preparados a partir de folhas de Camellia sinensis são utilizados em


todo o mundo através da via oral, conforme exemplificado no estudo acima, mas
também são muito utilizados em várias indústrias farmacêuticas e cosméticas, inclusive
as popularmente conhecidas, incorporados nas mais diversas formas farmacêuticas,
incluindo cremes, loções, géis e outros, misturados ou não a outros princípios ativos. É
importante salientar que os extratos vegetais devem ser padronizados com relação à
qualidade e quantidade de seus princípios ativos.

O grupo de polifenóis encontrados abundantemente na Camellia sinensis inclui


as catequinas e os flavonóides, que possuem ação direta nas desordens estéticas como
envelhecimento cutâneo intrínseco e extrínseco, ocasionado pela ação dos radicais livres
e pelo processo inflamatório induzido no metabolismo do ácido araquidônico e lipólise.

O objetivo deste trabalho de pesquisa é abordar a ação dos polifenóis presentes


na Camellia sinensis: catequinas e flavonóides na prevenção do envelhecimento cutâneo
e no metabolismo dos lipídios.
DESENVOLVIMENTO

Envelhecimento Cutâneo

O envelhecimento cutâneo é caracterizado, dentre outras, pela ação dos radicais


livres, que, por sua vez, aceleram diversas modificações na estrutura da pele. Radicais
livres são moléculas que apresentam um elétron altamente reativo não-emparelhado na
sua camada de valência externa. Nas células aeróbias, uma porção do oxigênio
consumido sofre redução durante seus processos metabólicos, formando as chamadas
espécies reativas de oxigênio (EROs) ou, mais comumente, radicais livres. Estes
compostos incluem o ânion superóxido (O2·), radical hidroxil (HO·), radical hidroperoxil
(HO2·), peróxido de hidrogênio (H2O2) e óxido nítrico (NO·). As EROs têm papel na
lesão tecidual em processos patológicos. Suas fontes dentro dos sistemas biológicos
incluem a enzima xantina oxidase, os leucócitos ativados, a cadeia transportadora de
elétrons das mitocôndrias, os metabólitos da degradação do ácido araquidônico e os
produtos da auto-oxidação das catecolaminas (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 1999).
Segundo Saffari, (2004) in Manfredini, (2004), as EROs são subprodutos do
metabolismo da mitocôndria, da ativação de células inflamatórias entre outros. Elas
também podem ser formadas devido à ação química e física a agentes como radiação ,
UVA e H2O2. Quando ocorre um aumento dos radicais livres ou uma diminuição da
capacidade antioxidante do organismo, estes são capazes de lesar componentes
celulares, como membranas, DNA, e outros compostos orgânicos, modificando sua
estrutura e função e gerando o estresse oxidativo (CADENAS; DAVIES, 2000; in
PUJOL et al., 2007). O corpo humano possui processos antioxidantes naturais, ou seja,
capazes de neutralizar tais radicais livres, porém, quando estes são produzidos em
excesso, o organismo não consegue neutralizá-los, necessitando de alimentos ou
substâncias com capacidade antioxidante (VARALDO, 2007).

Segundo Peyrefitte et al., (1998), é preciso distinguir o envelhecimento natural e


o envelhecimento actínico, ou seja, causado pelo sol.
Na epiderme, as modificações associadas ao envelhecimento fisiológico são
causadas: (1) pela diminuição dos queratinócitos, cuja renovação é mais lenta havendo
uma diminuição da espessura da epiderme; (2) pela diminuição de melanócitos que
levam à redução da proteção contra os raios ultra-violeta (UV) e (3) a regressão no
número de células de Langerhans, que são responsáveis pelo controle imunitário.
Modificações na derme são citadas por Peyrefitte et al., (1998), incluindo (1) a redução
do número de fibroblastos e de sua capacidade de síntese, levando a modificações das
macromoléculas da matriz extracelular; (2) dissociação dos feixes de colágeno; (3)
diminuição da síntese de glicosaminoglicanos; (4) diminuição do número de fibras
elásticas e de seu diâmetro; e (5) diminuição dos vasos sanguíneos e conseqüente
lentidão na circulação, o que é caracterizado pelo aspecto pálido da pele.

No envelhecimento fotoinduzido, a epiderme torna-se mais espessa, às vezes


abrigando lesões pré-cancerosas ou cancerosas podendo aparecer zonas
hiperpigmentadas ou hipopigmentadas devido à diminuição do número de melanócitos e
anomalias em sua distribuição (PEYREFITTE et al., 1998). Na derme, as modificações
provocadas pelo envelhecimento fotoinduzido ocorrem através da diminuição e
alterações nas atividades dos fibroblastos, de alterações nas estruturas do colágeno e as
fibras elásticas, que se encontram em maior número e mais espessas, tornando-se
anormais. A esta alteração nas fibras elásticas dá-se o nome de elastose solar
(PEYREFITTE et al., 1998).

A capacidade dos polifenóis vegetais em atuar como antioxidantes no sistema


biológico já foi reconhecida desde os anos trinta (BENTHSATH, 1936 in
MANFREDIDI, 2004). Estudos realizados demonstraram que os polifenóis presentes na
Camellia sinensis apresentam bioatividades importantes em certas patologias como:
diabete mellitus, cardiopatias, infecções virais, inflamações e em doenças degenerativas,
como o câncer e o envelhecimento (HAN, 2004 in MANFREDINI, 2004).

Propriedades Antioxidantes

Os flavonóides e as catequinas são os principais componentes químicos


terapêuticos da Camellia sinensis, sendo potentes antioxidantes, seqüestrantes de
radicais livres, quelantes de metais e inibidores da peroxidação (SCHMITZ et al.,
2005). As catequinas presentes na planta são poderosos antioxidantes inibindo os danos
causados ao DNA pelas EROs, a imunossupressão e a inflamação cutânea induzida
pelos raios UV (ALEXIS, JONES, STILLER, 1999 in GUARATINI et al., 2007).

A atividade antioxidante das catequinas deve-se ao mecanismo de transferência


de elétrons destas para as EROs, estabilizando essas substâncias. Skrzydlewska et al.,
(2002), estudaram um sistema in vitro contendo substâncias geradoras de radicais livres
que causariam lesão ao DNA. Foram utilizadas catequinas como seqüestrantes dos
radicais livres e dentre as catequinas presentes na planta, a EGCG foi o composto mais
efetivo como antioxidante na proteção do DNA.

Segundo Schmitz (2007), a Camellia sinensis tem ação de seqüestrar o óxido


nítrico e de inibir a ação da enzima produtora deste óxido. Derivados de
epigalocatequina (EGC) foram os mais eficientes na atuação como seqüestrantes de
radicais livres. Lin; Lin (1997) mediram o efeito da EGCG na produção de óxido nítrico
por macrófagos peritoneais de ratos. Os resultados sugerem que a EGCG bloqueou a
produção de óxido nítrico, pois impediu a ligação do fator nuclear KB com a enzima
óxido nítrico sintase.

Propriedades Antiinflamatórias

A inflamação é um conjunto de alterações complexas seqüenciais que ocorrem


no tecido decorrente da resposta a uma lesão. A inflamação pode estar associada à
resposta imune contra um microrganismo estranho, podendo ser aguda ou crônica. A
inflamação aguda refere-se à resposta inicial, através da liberação de mediadores
químicos como histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas e leucotrienos. Em
geral, precede o desenvolvimento da resposta imune, resultando no aumento do fluxo
sanguíneo local e da permeabilidade dos capilares venosos, o que permite que grandes
quantidades de líquido e proteínas sejam transportadas da circulação para o tecido, o
que caracteriza o edema (KATZUNG, 1998).

Segundo Silva et al., (2002), muitos dos efeitos antiinflamatórios atribuídos aos
flavonóides e compostos fenólicos, interferem no metabolismo final do ácido
araquidônico. Os produtos da ação das enzimas cicloxigenase e lipoxigenase são as
prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos, também denominados eicosanóides. Esses
compostos são agentes homeostáticos, envolvidos na manutenção da integridade de
vários sistemas biológicos, incluindo o sistema inflamatório e cardiovascular. O ácido
araquidônico é um constituinte dos fosfolipídios de membrana e, por isso, a síntese dos
eicosanóides inicia-se com a liberação deste ácido graxo, através de hidrólise, catalisada
por enzimas fosfolipases específicas (GUYTON; HALL, 1997).

A propriedade apresentada pelos flavonóides em inibir tanto a via da


cicloxigenase quanto da lipoxigenase no metabolismo do ácido araquidônico pode
contribuir para propriedades antiinflamatórias. O efeito antiinflamatório de polifenóis
incluindo aqueles encontrados na Camellia sinensis é explicado, em parte, pelo seu
efeito inibitório sobre o metabolismo do ácido araquidônico. Esses constituintes
responsáveis pelas propriedades antiinflamatórias e fortalecimento de capilares, incluem
as catequinas e a rutina (TIJUBURG et al., 1997 in SILVA et al., 2002). Estudos
mostraram que catequinas e flavonóides inibiram três aspectos da função de neutrófilos
humanos in vitro, que são importantes nos processos inflamatórios: a liberação de
enzimas lisossomais, a resposta à quimioluminescência e a produção de radicais livres
(O´REILLY et al., 2000 in SILVA et al., 2002).

Outra ação dos flavonóides está relacionada com a ação do ácido araquidônico
dos fosfolipídeos, presentes nas membranas celulares, por ação da fosfolipase A2. Os
flavonóides inibem a síntese de eicosanóides por meio da inibição da atividade das
enzimas lipoxigenase e cicloxigenase e pela inibição da peroxidação não enzimática de
ácidos graxos poliinsaturados, que também atuam na atividade dessas oxigenases
(KISELLA, 1991 in SILVA et al., 2002).

Segundo Scharffetter-Kochanek, (2000) in Guaratini et al., (2007), as radiações


UVA induzem reações celulares, sendo os melanócitos e os fibroblastos particularmente
susceptíveis, enquanto que as radiações UVB são responsáveis pelos danos imediatos da
radiação solar, devido a sua alta energia. Os raios UVB são responsáveis, ainda, pela
diminuição de sistemas antioxidantes cutâneo, bem como pelo aumento de sistemas
oxidantes, por diversos mecanismos, alterando assim o balanço redox celular e,
conseqüentemente a homeostasia cutânea (YAMAMOTO, 2001; YASUI, 2001, in
GUARATINI et al., 2007).
A primeira resposta observada na pele após a exposição ao sol é a inflamação,
caracterizada por eritema, edema, calor, e pela elevação dos níveis de prostaglandinas.
Células especializadas, como neutrófilos são recrutados e estimulados, gerando uma
série de espécies reativas de oxigênio (CLYDESDALE, 2001; HRUZA, 1993 in
GUARATINI et at., 2007). Como resultado, ocorre uma alteração no sistema
imunológico, diminuindo sua capacidade de eliminar células alteradas, devido às
mudanças na produção de citocinas pelos queratinócitos e outras células cutâneas,
alterações na expressão de moléculas de adesão e perda de funções celulares
(KRUTMANN, 1995 in GUARATINI et al., 2007).

A exposição de queratinócitos humanos a radiações UVB induz da produção


intracelular de peróxido de hidrogênio (estresse oxidativo) e as vias de ativação das
proteínas quinases e fosforilação oxidativa. Katiyar et al., (2001), demonstraram que o
pré-tratamento dos queratinócitos in vitro com EGCG, derivada do chá verde, inibiu
tanto a produção de H2O2 quanto a via de fosforilação nestas células.

Outro estudo, conduzido por Katiyar et al., (2001), investigou os efeitos tópicos
da aplicação EGCG na pele humana antes da irradiação de raios UV, através de
experimentos imunohistoquímicos, da avaliação de marcadores do estresse oxidativo e
enzimas antioxidantes. Os resultados indicam que a aplicação de EGCG (em mg por
cm2 de pele) antes da exposição à radiação UV, diminuiu em quatro vezes a dose
mínima de eritema, inibiu a infiltração de leucócitos inflamatórios e diminuiu a
produção de H2O2 e óxido nítrico, tanto na derme quanto na epiderme, de forma tempo-
dependente.

Propriedades no metabolismo dos lipídios

Os adipócitos são células diferenciadas, que contribuem com a homeostase e


com a regulação dos fluxos de energia corporal. Realizam o armazenamento de energia
na forma de triacilgliceróis, quando a ingestão de substratos energéticos é maior que o
gasto energético (lipogênese), e liberam energia na forma de ácidos graxos, nos
períodos da privação alimentar (lipólise). Esses processos são precisamente controlados
por mecanismos neurais, hormonais e humorais (VIEIRA, et al., 2005).

A oxidação dos ácidos graxos de cadeia longa em acetil-coenzima A (acetil-


CoA) é uma via central de energia nos animais, em muitos protistas e em algumas
bactérias. Os elétrons removidos durante a oxidação dos ácidos graxos, passam através
da cadeia respiratória mitocondrial e a energia assim liberada é empregada na síntese de
ATP. O produto desta oxidação até dióxido de carbono (CO2) através do ciclo do ácido
cítrico (também chamado de ciclo de Krebs), resulta na conservação de mais energia.
As células que obtêm energia da oxidação de ácidos graxos podem obter esses mesmos
ácidos graxos a partir de: gorduras presentes na alimentação, gorduras armazenadas nas
células na forma de gotículas gordurosas e gorduras recém-sintetizadas em um órgão
para serem exportadas para outro (LEHNINGER et al., 1995).

Estudos in vitro realizados em animais, sobre a oxidação lipídica, revelaram que


certas catequinas são cerca de dez vezes mais eficazes como antioxidantes, em
comparação à vitamina E. Os flavonóides inibem a peroxidação lipídica, in vitro, nos
estágios iniciais, por atuar como antioxidante, eliminando ânion superóxido e radicais
hidroxilas. Tem sido proposto que flavonóides interrompem a reação em cadeia dos
radicais livres, doando átomos de hidrogênio ao radical peroxila, formando um radical
de flavonóide. O radical flavonóide, então, reage com o radical livre, terminando, assim,
a propagação da reação em cadeia (NO; SAMMAN, 1996 in SILVA, 2002). As
catequinas existentes na Camellia sinensis poderão reduzir a taxa do colesterol e em
particular, do colesterol LDL, quando administrada uma dieta rica em gorduras aos
animais experimentais (SABU, 2002; SAFFARI, 2004 in MANFREDINI, 2004).

De acordo com Varaldo, (2007), a Camellia sinensis atua como antioxidante


inibindo os níveis de leptina no sangue, uma enzima que favorece a absorção de
gordura. To, (2006) in Radominski, (2007), demonstrou a redução do perfil lipídico no
controle de glicemia em ratos com síndrome metabólica dieta-induzida, utilizando
extratos de Camellia sinensis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atual preocupação com a saúde, beleza e qualidade de vida vem atraindo um


público cada vez mais interessado no consumo de produtos de origem natural, não só
para o tratamento de doenças e do envelhecimento, mas principalmente visando a
prevenção. As plantas possuem uma variedade enorme de propriedades, que vem de
encontro com essa necessidade, sendo que o chá verde é uma das plantas mais utilizadas
na atualidade.

As catequinas e os flavonóides presentes na Camellia sinensis têm demonstrado


atividades como antioxidante, atiinflamatória e lipolítica, comprovadas através de
estudos científicos realizados por vários autores merecendo, porém, mais investigações
in vivo. É importante não só conhecer a ação de seus polifenóis, mas também estudar os
mecanismos envolvidos nestas atividades biológicas. Conclui-se que estão disponíveis
diversos estudos comprovando as ações da Camellia sinensis, porém, ainda é notória a
falta de padronização da sua forma de utilização, especialmente com relação à qualidade
e quantidade de seus princípios ativos.
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VIEIRA, A.; RASCHCOWETZKI, A. M.; PEREIRA, I. S.; NOBRE, J. Q. A.;


MARQUES, L. B.; SILVA. T. Regulação do Peso Corporal. Universidade Federal de
Santa Catarina, 2005.

Figura::::By Dr. William C. Welch Professor and Landscape Horticulturist Texas A&M
University, College Station, Texas:
http://aggiehorticulture.tamu.edu/extension/newsletters/hortupdate/jan01/art10jan.html

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