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PROJETO DE CONCEPÇÃO DE RESERVATÓRIOS PARA

CONTROLE DE CHEIAS COM MÚLTIPLOS USOS NA REGIÃO


METROPOLITANA DE SÃO PAULO – BAIRRO DE SANTANA

Alexandre Minoru U. Hiramatsu


Caio Alvieri Gamino
Samuel Almeida Ferreira

RESUMO

O problema das enchentes em São Paulo é antigo e se deve principalmente a urbanização não
planejada e a ocupação de áreas de várzea, que concentram as vazões rapidamente nos córregos urbanos
durante as chuvas. Os parques alagáveis são obras que aparecem como opções viáveis do ponto de vista de
planejamento no controle de cheias e urbanismo na cidade, e acumulam a função de lazer para a população
fora do período de chuvas. Neste artigo, analisamos a aplicação de um anfiteatro e dois reservatórios no
Parque da Juventude do ponto de vista do controle de vazão e drenagem urbana.

Palavras-chave: parques alagáveis, enchentes, controle de cheias.

INTRODUÇÃO galerias e canais de drenagem, cujo objetivo


principal é promover o esgotamento das águas
O processo de urbanização das bacias excedentes de chuva o mais rápido possível. Este
hidrográficas provoca diversas alterações no conceito de drenagem aponta um sério problema,
processo natural de drenagem e, pois reduz significativamente o tempo de
consequentemente, favorece a ocorrência de concentração da bacia, aumentando os picos de
inundações com maior frequência. Dentre as cheia nos canais de drenagem, um exemplo gráfico
alterações provocadas pela ocupação urbana, é apresentado na figura 1.
pode-se citar como as mais relevantes: a Atualmente, os reservatórios de detenção
impermeabilização do solo, o transporte das águas vêm sendo cada vez mais utilizados como forma
excedentes de chuva por galerias e canais artificiais de controle dos excessos de águas pluviais. O
e o aumento da produção de resíduos sólidos. Com objetivo destas estruturas é armazenar
o aumento da impermeabilização do solo, sua temporariamente o volume de escoamento
capacidade de infiltração fica prejudicada, e com superficial excedente, resultado da diminuição da
isso há um aumento do volume de água que escoa capacidade drenante, devido as
na superfície. Os sistemas convencionais de impermeabilizações de áreas urbanas.
drenagem urbana preveem a utilização de sarjetas,

Figura 1 - Hidrograma em áreas urbanizadas e não urbanizadas.


Sul e Rua Darzan (número 26 da figura 2). Para tal
fim, utilizaremos uma área do Parque da Juventude
e o Córrego Carandiru como armazenamento e
escoamento da vazão.

Figura 3 - Principais pontos de alagamento.


Figura 2 - Efeitos da Urbanização
O Parque da Juventude se localiza no
As enchentes em São Paulo datam de mais bairro de Santana, na Zona Norte de São Paulo, e
de 100 anos atrás e são motivadas pela urbanização tem função recreativa e educacional, pois abriga
não planejada e a ocupação de áreas de várzea. complexos esportivos, a Biblioteca de São Paulo e
Dentre os principais pontos de alagamento de São a Etec Parque da Juventude (figura 2). Todo o
Paulo de acordo com estudos da CGE e CET, parque está contido dentro da sub-bacia do
escolhemos um para analisar e propor uma solução Córrego do Carandiru, que é um afluênte do Tietê
amortizadora: o cruzamento das Av. Cruzeiro do (figura 3).

Figura 4 - Vista superior do Parque.


Média mensal histórica
300

200

mm
100

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Mês

Gráfico 1 - Média mensal.

Claramente, os meses de janeiro,


fevereiro e dezembro são os mais chuvosos do ano,
Figura 5 - Esquema da sub-bacia. logo analisamos os gráficos com dados de chuva
diários desses meses no mesmo intervalo.
De acordo com moradores, o principal
motivo dessa reincidencia de alagamentos nesse Média histórica diária de Janeiro
cruzamento é o desnível da rua nesse cruzamento,
o que provoca o acumulo de lixo no sistema de 200
drenagem que também está mal dimensionado para
este ponto (ESTADÃO, 2010). O problema é 150
mm por dia

grave a ponto de as ruas ficarem intransitáveis em


diversos dias durante o período de chuvas de 100
acordo com a CGE.
50
Dentre as soluções possíveis estão
piscinões, reservatórios cobertos e os parques 0
alagáveis. Os parques alagáveis tem um conceito de 0 1000 2000
lazer, de forma que ele pode ser utilizado
puramente para entretenimento fora do peródo de Número de pontos de medição diária
chuvas. Em outros locais, é possível que ele seja
utilizado também no período úmido como piscina,
mas o problema dos resíduos sólidos não permite Gráfico 2 - Média diária de janeiro.
essa alternativa em São Paulo. Dessa forma, foi
decidido que utilizariamos as soluções de
reservatórios cobertos associadas à estrutura
alagada (no caso o anfiteatro).
Média histórica diária de Fevereiro
METODOLOGIA 200
mm por dia

Primeiramente, analisamos as séries de 150


chuva do ponto de medição do Mirante de Santana 100
como base para saber qual a intensidade histórica
média de chuvas no ponto e definir o volume de 50
armazenamento. Os dados coletados vão de 1936 0
até 2004 e a média mensal está descrita a seguir. 0 1000 2000
Número de pontos de medição diária

Gráfico 3 - Média diária de fevereiro.


Area Sub-Bacia a montante 6058415
Média histórica diária de
Dezembro Area alagável 240000
VOLUME m³
150
Volume sub-bacia total 881680
mm por dia

100 Volume sub-bacia a montante 727010


50 Volume área alagável 28800
0 Tabela 2 - Dimensionamento dos reservatórios.
0 1000 2000
Número de pontos de medição RESERVATÓRIOS m
diária Altura reservatórios 7.5
Raio 18
Volume instalado m³
Gráfico 4 - Média diária de dezembro.
Reservatórios
De acordo com os gráficos, decidimos cilindricos 15.268
adotar o valor de 120 mm como parâmetro para o Reservatório
dimensionamento, de forma que a amortização retangular 15.000
seja satisfatória. Outros dados que foram supostos TOTAL 30.268
nessa parte são as dimensões do reservatórios e
anfiteatro. Em seguida, definimos a localização e
forma do projeto conceitual das áreas alagáveis,
Tabela 1 - Dados gerais da bacia. que são de um anfiteatro trapezoidal e dois
reservatórios cilindrícos na parte do parque
DADOS adjacente a Av. Gen. Ataliba Leonel. A parte
Máximo índice pluviométrico referente ao parque cultural é a de implantação
das novas estruturas (Figura 6).
diário (mm) 120
ÁREAS m²
Area Sub-Bacia total 7347333

Figura 6- Esquema de divisão de áreas do parque.


Resultados
Os reservatórios serão do tipo off-line, que Os reservatórios fechados foram
são reservatórios que não entram em pensados numa situação de longo prazo, onde não
funcionamento para todo e qualquer evento, mas há uma necessidade imediata da construção dos
sim para determinados eventos, como cheias. O mesmos, pois a vazão a ser amortizada pode
reservatório off-line possui o sistema de by-pass, aumentar ao longo dos anos junto a urbanização
onde a função deste é desviar a vazão do intensa da região.
reservatório, caso ela não ultrapasse a capacidade O projeto do anfiteatro será misto, assim
do mesmo. Assim, se um determinado evento de aproveitando o volume disponível para reserva de
vazão supere a capacidade de projeto, ela é escoada água. A ideia de praça alagável foi usada nessas
pelo by-pass sem entrar no reservatório. Quando o partes do projeto. Onde no evento de cheias o
evento de cheia acontece, o by-pass entra em anfiteatro será inundado, servindo de reservatório.
funcionamento e começa a verter a vazão excessiva Assim este anfiteatro ficará fechado em uma
para o reservatório. Assim sendo, não será pequena parcela de dias do ano, nos meses de
armazenado todo o volume de chuva escoada, chuvas intensas. A figura a seguir ilustra o que foi
assim necessitando de um volume menor a ser descrito acima.
reservado.
A alocação dos reservatórios no parque foi
escolhida de acordo com o espaço disponível e a
facilidade de adução até o córrego, assim sendo a
região mostrada a seguir (Figura 6) define a
localização.

Figura 8 - Projeto Conceitual do Anfiteatro

O projeto de concepção dos reservatórios


foi pensado de acordo com a necessidade de uma
área cultural no parque, como um anfiteatro
Figura 9 - Corte do Anfiteatro Inundável
aberto, e duas praças para eventos e apresentações
de artistas de rua. Como mostrado a seguir na
Figura 6. Para que não haja esforços de empuxo
sob a arquibancada do anfiteatro, deverão ser feitos
canais sob os degraus para equalizar o nível d’água,
haverá a necessidade de diversos deles para
viabilizar este feito. A imagem a seguir demostra de
forma simplificada esse projeto.

Figura 7 - Planta do Parque da Juventude feita em Figura 10 - Detalhe do equalizador do nivel d'água
SketchUp.
Após a cessão da chuva, o volume de água das tubulações por resíduos sólidos seja alvo de
do reservatório será transportado para o córrego manutenção constante.
através de um sistema de uma tubulação de
descarga sob o reservatório através de bombas de BIBLIOGRAFIA
sucção, alocadas na casa de máquinas próximo ao
córrego. DAEE. Dados de série histórica da estação E3-
007. Disponível em:
<http://www.hidrologia.daee.sp.gov.br/>.
Acesso em 07/11/2016.

ESTADÃO. Água, ratos e muita sujeira, 2010.


Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/sp-
das-enchentes/agua-ratos-e-muita-sujeira/>.
Acesso em 07/11/2016.

FCTH. Mapa hidrográfico com bacias do


Figura 11 - Sistema de descarga até o córrego município de São Paulo. Disponível em:
<http://www.aguaspluviais.inf.br/Mapas/Mapa_
O projeto prevê também dois possíveis hidrografico_com_bacias.pdf>. Acesso em
reservatórios cobertos, onde a construção do 07/11/2016.
primeiro será necessária a curto prazo, porém o
segundo poderá ser feito ao longo de anos, se INMET. Dados das estações automática e
houver necessidade.
convencional do Mirante de Santana. Disponível
Esses reservatórios serão fechados porém
serão utilizados como praças culturais para em:
eventos menores ou apresentações menos <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=
significativas. Elas foram prevista para um home/page&page=rede_estacoes_auto_graf>.
período de retorno maior, visando a necessidade Acesso em 07/11/2016.
futura. Tais reservatórios serão interligados ao
anfiteatro, utilizando o mesmo sistema de by-pass PREFEITURA DE SÃO PAULO. Manual de
sendo assim, atuando de forma independente um Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais,
do outro.
2012. Disponível em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secreta
rias/upload/desenvolvimento_urbano/arquivos/
manual-drenagem_v1.pdf >. Acesso em
07/11/2016.

PREFEITURA DE SÃO PAULO. Obras de


Drenagem em São Paulo, 2016. Disponível em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secreta
Figura 12 - Corte do reservatório cilíndrico. rias/infraestrutura/obras_de_drenagem/corregos
/index.php?p=20003>. Acesso em 07/11/2016.
Conclusões

Em suma, para viabilizar o projeto, é


necessário um estudo mais aprofundado da
capacidade da bacia e da rede de drenagem na
região, pois não foram encontrados dados
suficientes de cota do Córrego do Carandiru, do
parque e das regiões adjacentes, dos esquemas de
rede de drenagem e as estimativas podem não
corresponder totalmente com a realidade. Por
outro lado, o projeto demonstra capacidade para
sanar o problema de cheias constantes na região
por meio do amortecimento, aumentando o
período de retorno do alagamento, desde que
alguns dos problemas atuais como o entupimento

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