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Referência completa:
ACEVEDO, Claudia Rosa; NOHARA, Jouliana Jordan. Como fazer monografias: TCC,
dissertações e teses. São Paulo: Atlas, 2013.
CONCEITOS PRELIMINARES
PESQUISA CIENTÍFICA
A pesquisa científica diz respeito a procedimentos voltados a responder uma questão,
problema ou dúvida. Toda pesquisa deve ser objetiva. Ela não pode ser subjetiva nem pessoal, mas
reconhecível e passível de ser aceita por várias pessoas. Ela não trata de opiniões pessoais. O
caráter, portanto, tem de ser universal e não pessoal. O foco de uma pesquisa científica deve ser a
realidade empírica, ou seja, tudo o que existe e que pode ser posto à prova (idem, p.6).
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TEORIA
Teoria é tudo o que se sabe a respeito de algo vindo da realidade empírica. A teoria resume
e explica fatos; apresenta relações entre fatos; classifica; sistematiza; seleciona; indica lacunas,
prevê novos fatos e relações e orienta novas hipóteses. A teoria deve existir em toda e qualquer
pesquisa científica, que é cumulativa e progressiva, que sempre aumenta a quantidade e a
qualidade do conhecimento armazenado (p.12).
A ciência representa o mundo por intermédio de teorias verificáveis e certificadas por
diferentes pesquisadores. Teorias são sempre melhoradas ou adaptadas. As teorias já existentes
precedem as observações da realidade, favorecendo novas investigações. Constructos são
conceitos inventados; construções mentais da realidade. Música clássica, por exemplo, é uma
construção mental cuja explicação depende de uma série de considerações e pontos de vista
mutáveis (p.13).
Teorias elaboram possíveis relações entre constructos. Elas podem ser reputadas (aceitas)
ou refutadas (recusadas) (p.14-15).
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Rever a bibliografia implica em considerar trabalhos anteriores sobre o mesmo assunto
ou campo do conhecimento. As autoras tentam separar teoria de revisão bibliográfica, mas ambas
são, em essência, teoria: conhecimento acumulado sobre algo. Cabe ao pesquisador decidir se
apresenta a teoria separada da revisão bibliográfica. Contudo, juntá-las é bem mais fácil e prático
(p.15).
PROBLEMAS E HIPÓTESES
Problema é a pergunta central da pesquisa. Hipóteses são explicações preliminares a
serem testadas cientificamente. Ambos, problemas e hipóteses servem para direcionar a pesquisa.
Sem problema e sem hipóteses uma pesquisa não tem como ser iniciada (p.16).
LEIS
Leis nascem da comprovação de hipóteses. Leis são enunciados que descrevem
regularidades. Para se tornar lei, a hipótese deve ter alcance geral, deve ser confirmada e validada
empiricamente e pertencer a alguma corrente teórica. Leis predizem fenômenos ou pelo menos
devem ter essa capacidade (p.17).
MÉTODO CIENTÍFICO
O método científico é composto por regras e procedimentos pelos quais o conhecimento
científico se dá. O método científico “é a lógica da justificação” ou recusa de hipóteses, leis e
teorias (p.18).
PROJETO DE PESQUISA
O projeto é o planejamento da pesquisa; é a primeira instância validadora da pesquisa.
Nenhuma monografia científica se torna monografia sem antes ter passado pela etapa de projeto.
O projeto é a primeira instância de validação na construção do conhecimento (p.21-22).
PESSOAL ENVOLVIDO
Desde a etapa de projeto, várias pessoas terão sido envolvidas na construção da futura
pesquisa, a iniciar pelos professores responsáveis pelas três disciplinas que são pré-requisitos para
o TCC, até chegar ao pretendido orientador, que com toda certeza vai propor que o projeto seja
reformulado em algum nível. Iniciada a pesquisa, além do orientador haverá o coordenador do
TCC, que tem a atribuição de zelar pelo cumprimento de todo o regulamento. O coordenador pode
ser consultado sobre qualquer assunto pertinente ao TCC, inclusive sobre sua escrita e execução,
opinando e sugerindo, se julgar que deve (ainda que alguns professores não gostem muito dessa
“intromissão”). Finalmente, haverá mais dois professores convidados a integrar as bancas de
qualificação e defesa. Ao todo, oito pessoas (estudante + sete professores) estarão envolvidas em
cada trabalho e, de certa forma, serão responsáveis pelo resultado final. É por isso que uma
pesquisa não tem como apenas expressar opiniões pessoais de alguém. Ela é sempre fruto de
muitas cabeças pensantes (informações adicionadas pelo professor).
PARTES DO PROJETO
Todo projeto tem de conter um problema (dúvida, questionamento, fio condutor) posto
de forma clara e objetiva, uma fundamentação teórica básica e uma explanação metodológica que
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explique como o trabalho será desenvolvido na prática, ao longo do tempo disponível. O projeto
de pesquisa é o esboço sobre o qual se construirá a monografia científica. Desta forma, o texto do
projeto nunca é descartado, mas sim aprimorado e complementado até se transformar na
monografia (p.22).
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PARTES DE UM TRABALHO CIENTÍFICO
Toda monografia científica é dividida em três grandes partes: pré-textual, textual e pós-
textual. Antes de tudo vem a capa, que em nosso TCC deve estar presente apenas na versão final,
com encadernação rígida e lombada também impressa (ver apostila específica) (p.23).
Essas grandes partes obrigatoriamente devem conter:
Parte pré-textual: folha de rosto – resumo – sumário.
Parte textual: introdução – desenvolvimento – conclusão (considerações finais). Aqui está
o miolo do trabalho, com divisão em capítulos ou seções numeradas.
Parte pós-textual: referências (p.24).
Todas essas partes devem estar “amarradas” em torno do problema central, que é o fio
condutor da pesquisa. Esse foco é obrigatório, deve ser único, redigido com clareza e mantido ao
longo de todo o trabalho (p.24-25).
Em toda monografia científica a discussão deve considerar tanto as pesquisas anteriores
feitas sobre tema correlato como a fundamentação teórica a respeito do assunto (p.26).
Para testar se o foco está sendo mantido ao longo de cada parágrafo deve-se perguntar:
- O trecho contribui para responder ao problema central? (p.27)
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Da mesma forma, todas as seções (capítulos ou partes) devem contribuir com a solução
da pergunta central. Caso contrário, haverá perda de foco; haverá partes supérfluas que não
contribuem para a pesquisa e devem ser omitidas (p.29).
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A INTRODUÇÃO
O PROBLEMA – O QUÊ?
O problema deve ser anunciado de forma interrogativa e com a máxima clareza. Sem isso,
a pesquisa não tem futuro; sequer pode ser iniciada (p.37-38).
Devem ser evitadas questões sobre como fazer algo, pois que escapam do domínio da
ciência. Evitem-se, também, expressar juízos de valor, pois que não podem ser verificados
empiricamente. Evitem-se, ainda, casos particulares, pois à ciência interessam apenas
generalizações. Casos particulares só são pertinentes com o objetivo de explicarem fenômenos
gerais (p.38).
DEFINIÇÃO DE TERMOS
É necessário definir termos sempre que houver risco de dúvida ou má interpretação de
termos técnicos, termos especiais ou conceitos. No caso de uma pesquisa que envolva termos
próprios da linguagem musical, pode-se considerar que ela só será lida por pessoas que conheçam
o essencial dessa linguagem. Assim, não será necessário definir os termos de uso mais corrente e
de mais amplo conhecimento. Cabe aí usar o bom-senso (p.42).
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Para finalizar a seção de introdução, ou capítulo introdutório à pesquisa, apresenta-se
como o trabalho é dividido, descrevendo-se brevemente o que conterá cada parte, capítulo ou
seção. O exemplo colocado pelas autoras nesta página indica a bibliografia (referências) como um
capítulo de pesquisa. Contudo, sendo uma parte pós-textual, as referências não devem conter
numeração, pois não são um capítulo da pesquisa.
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REVISÃO DA LITERATURA
Ainda que o capítulo destinado à teoria possa ser subdividido, as autoras recomendam
apresentar a teoria sobre o assunto e a revisão de trabalhos anteriores numa única seção do trabalho.
Na teoria relacionam-se as leis máximas de determinada área do conhecimento, leis que servem
de balizas gerais. Na revisão da bibliografia relacionam-se outros estudos que trataram de
problemática semelhante àquela então escolhida (p.47).
As teorias são amplas e “podem explicar diferentes fenômenos”. A revisão de trabalhos
anteriores trata de considerar outras pesquisas que analisaram fenômenos específicos que estejam
diretamente relacionados à nova pesquisa. Levando em conta que pode haver várias teorias para
explicar um mesmo fenômeno, cabe ao pesquisador escolher aquela que ele achar mais
conveniente. Da mesma forma, pelo menos num trabalho de conclusão de curso, não há o
compromisso de buscar tudo o que existe sobre o fenômeno, cabendo ao pesquisar e seu orientador
selecionar um elenco apenas suficiente de trabalhos anteriores (p.48).
A ciência é sempre um trabalho de conjunto no qual pesquisas mais recentes se apoiam
em pesquisas já realizadas que lhes dão apoio, sustentação; tudo com o objetivo de “buscar
melhores explicações para o mundo”. O caráter evolutivo da ciência e a crítica a trabalhos
anteriores só é possível quando se conhece muito bem o assunto. Por isso, toda pesquisa deve
demonstrar conhecimento sobre o que já foi escrito por outros pesquisadores. Só assim é possível
a superação e a busca por melhores explicações para algo (p.49).
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AS REFERÊNCIAS
Levando em conta que toda a seção de revisão da literatura tratará de trabalhos
preexistentes, é necessário deixar claro para o leitor quem são os autores desses trabalhos. Essa
“prestação de contas” não é apenas um protocolo acadêmico, mera indicação do que foi lido.
Referenciar os autores e suas obras é essencial para que o leitor interessado em algum trabalho
específico possa encontra-lo e lê-lo na íntegra. A revisão da literatura fornece ao leitor o “estado
da arte” em determinado campo de estudo. Rever a literatura ajuda a encontrar novos problemas,
propor novas hipóteses e a selecionar métodos e técnicas de pesquisa (p.49).
Rever trabalhos anteriores implica em responder às seguintes perguntas:
(1) O que já foi relatado sobre o fenômeno?
(2) Quais teorias foram selecionadas?
(3) Quais lacunas ainda podem ser preenchidas?
(4) Quais escolhas metodológicas podem ser feitas?
(5) Quais conceitos e definições já se construíram sobre o fenômeno?
Apoiar-se firmemente em trabalhos já realizados facilita na hora de convencer a
comunidade científica de que foram feitas as melhores escolhas metodológicas.
OPINIÕES PESSOAIS
Durante a revisão da literatura não cabem opiniões pessoais sobre o objeto investigado.
Os autores podem se colocar um pouco mais “pessoalmente” apenas nos capítulos de discussão e
considerações finais (“conclusão”).
TIPOS DE CITAÇÕES
Os autores pesquisados podem ser citados literalmente ou serem parafraseados. No
primeiro caso, também chamado de “citação direta”, trechos de determinadas obras são transcritas
literalmente, palavra por palavra. No segundo caso, parafrasear significa compreender as ideias e
reescrevê-las com as próprias palavras. As autoras recomendam utilizar mais este segundo
procedimento, pois o excesso de transcrições literais deixa o texto cansativo, além de indicar que
o autor da pesquisa é muito preguiçoso. Em ambos, contudo, é obrigatório fazer as referências de
acordo com as normas acadêmicas. Caso contrário, estará se plagiando alguém.
É PREFERÍVEL PARAFRASEAR
É sempre melhor fazer paráfrases, escrever com as próprias palavras, porque, primeiro,
treina-se redação; segundo, garante-se que o conhecimento trazido de outros autores foi realmente
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REFERÊNCIAS CURTAS
Nestas páginas as autoras apresentam exemplos de revisão de literatura. Note-se que todas
as referências são abreviadas e feitas de duas maneiras. Quando o autor não é citado no parágrafo
usa-se (ARAÚJO, 2004), por exemplo. Quando ele é citado, como na página 61: “...para Elias e
Scotson (2000), o processo...”, coloca-se entre parênteses apenas o ano da publicação e,
eventualmente, a página.
Em resumo:
Quando o nome do autor não aparece na discussão, referencia-se (FULANO, 1998).
Quando o autor é citado na discussão, referencia-se apenas o ano (1998).
Note-se que em nenhum momento dos exemplos aparecem referências completas, apenas
abreviadas. Algumas normas técnicas e professores exigem que se façam referências completas
em notas de rodapé ao menos na primeira vez em que determinado autor é citado. Alguns
professores gostam que sempre se façam referências completas em nota de rodapé, deixando o
aspecto gráfico confuso e carregado.
-Por que isso é desaconselhável?
-Primeiro, porque polui o texto, sempre desviando a atenção do leitor para notas de
rodapé. Segundo, não há o mínimo sentido e lógica em se fazerem referências completas no miolo
da pesquisa, pois essas referências obrigatoriamente aparecerão todas na página de referências, ao
final do trabalho, tornando-se redundante colocá-las duas vezes ao longo de uma pesquisa.
Outro motivo para se evitar notas de rodapé é o fato de que nem sempre o editor de texto
vai fazer isso corretamente. Pelo contrário, pode dar muita dor de cabeça e o risco de o texto ficar
visualmente poluído, sem padrão. Assim, melhor evitar nota de rodapé (p.51-63).
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HIPÓTESES DA PESQUISA
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MÉTODO
NÍVEIS DE PESQUISA
Para as autoras há três níveis (ou estágios) de pesquisa científica. São os níveis
exploratório, descritivo e explicativo. Pela maneira como isso é colocado, de início não fica muito
claro se as autoras se referem a tipos de pesquisas ou a etapas lógicas do trabalho científico (p.70).
Entende-se que uma pesquisa exploratória não é exatamente uma pesquisa científica, mas
um levantamento prévio para se conhecer bem um fenômeno, eleger problema e hipóteses para
posterior pesquisa explicativa. Ou seja, é uma das “fases” de uma pesquisa. Da mesma forma, uma
pesquisa descritiva não se presta a explicar fenômenos, apenas descrevê-los, quantificá-los ou
compreender relações entre conceitos envolvidos no fenômeno, servindo de base para o
prosseguimento das análises. É a pesquisa explicativa, também chamada investigativa, que vai dar
real contribuição no sentido de explicar como as coisas são.
Depois de ler com atenção as páginas 69 a 72, pode-se concluir que esses três níveis
devem estar presentes numa pesquisa explicativa (investigativa) como partes sequenciais do
raciocínio lógico-científico. Isto fica claro quando se observa o esquema à página 70, que mostra
os tópicos integrantes do capítulo de métodos. Os “níveis de pesquisa” ali aparecem como o
primeiro tópico. Nada impede, porém, como já adiantado pelas autoras, que haja pesquisas
(monografias) apenas exploratórias e descritivas, desde que expliquem isso desde o início e
justifiquem suas razões de ser e seus objetivos. Contudo, isso não deixa de ser meio estranho,
pouco lógico (p.71).
DELINEAMENTOS DE PESQUISA
A seção de métodos deve incluir o “desenho” geral da pesquisa, indicando qual será o
procedimento básico dentre um leque de métodos existentes. Em lugar de “método”, as autoras
preferem usar o termo “delineamento” para definir esses procedimentos para coleta e análise de
dados numa pesquisa. A seguir, vai a relação desses “delineamentos” (métodos) (p.72).
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Este procedimento corresponde à revisão da literatura (livros e trabalhos científicos -
monografias e artigos publicados), monografias artigos com vistas a se construir os referenciais
teóricos da pesquisa. Na verdade, esse levantamento é obrigatório em toda pesquisa científica, de
modo que não se trata de um método, mas de um procedimento inicial.
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LEVANTAMENTOS EM ARQUIVOS
Este procedimento busca informações não bibliográficas que possam ser úteis à pesquisa.
Hemerotecas, por exemplo, arquivam jornais de notícias, revistas (magazines) antigas e periódicos
de todo tipo. Outras fontes de dados são cartórios, arquivos governamentais, arquivos de dados
demográficos, de instituições públicas ou privadas, museus, fundações, arquivos de áudio, cinema,
vídeo etc. Como no item anterior, aqui não se trata de método, mas de uma fonte de dados (p.73).
PESQUISA EXPERIMENTAL
Este método de pesquisa implica em manipular e controlar variáveis com vistas a
responder à questão central. Escolhas aleatória são importantes neste método, pois aumenta a
isenção do pesquisador e aumenta a credibilidade dos resultados. Controlar, aqui, significa
delimitar, restringir e isolar eventos. Este tipo de método é bastante empregado nas ciências
biológicas, em experimentos laboratoriais que permitam controle total do ambiente. Nos métodos
não experimentais o pesquisador trabalha com os dados como eles se encontram no mundo (p.74-
75).
LEVANTAMENTOS
Este método implica em envolver grande número de pessoas e analisar dados
quantitativamente, mas sem grande profundidade no estudo do fenômeno investigado.
Levantamentos podem gerar análises tanto descritivas quanto explicativas. Pesquisas sociais se
valem desse método de estudo, principalmente.
ESTUDO DE CASO
Implica em análise detida e aprofundada sobre um ou mais eventos e planejamentos
prévios para tanto. O estudo de caso detém-se em eventos do momento presente e procura explicar
como e porque determinado evento ocorre. Este método não é experimental, pois não se
manipulam as variáveis independentes. Estudo de caso é basicamente qualitativo e pode servir
tanto para explorar como para descrever e explicar fenômenos. Este método gera generalizações
analíticas. Por lidar com poucos fenômenos localizados e envolvendo poucas pessoas, o estudo de
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caso se assemelha à pesquisa experimental, que também usa poucas amostras para gerar suas
generalizações e leis.
O estudo de caso se detém em analisar em profundidade unidades dentro de sistemas mais
amplos. Os estudos de casos enfatizam interpretações em determinados contextos, pois
representam pontos de vista diferentes e às vezes conflitantes presentes em determinada situação
social. O estudo de caso se aplica a estudos descritivos e exploratórios com o fim de compreender
muito bem a manifestação geral de um problema. Aplica-se, também, a estudos que possam
promover um conhecimento implícito para fazer generalizações e desenvolver e desenvolver novas
ideias e novos significados.
As técnicas de levantamento para estudo de caso comportam relatos de experiências do
pesquisador sobre o tema de estudo (experiência vicária); relatórios com análise de determinado
fato; observação, entrevista e outras fontes de dados.
O estudo de caso se presta a estudos qualitativos e naturalísticos (sem intervenção ou
controle por parte do pesquisador). Implica em cuidadosa análise de conteúdo, requerendo
considerável habilidade do pesquisador. Caso contrário, há o risco de apenas de juntarem dados
mal explorados ou conclusões irrelevantes (p.75-76).
ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE
Neste método, as entrevistas são individuais e é dada maior liberdade de expressão ao
entrevistado. As questões podem ser totalmente estruturadas de antemão (com perguntas
fechadas), mas também podem ser semiestruturadas, valendo-se de pontos de discussão em vez de
questionários. Neste método e no anterior, o entrevistado sabe do propósito da investigação.
PESQUISAS PROJETIVAS
Neste caso de entrevistas orais o entrevistado desconhece o objetivo da pesquisa, sendo
encorajados a se expor livremente sobre algo. Este método demanda mais tempo na aplicação e
análise dos resultados e requer grande experiência dos entrevistadores e conhecimentos de
psicologia ou psicanálise.
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OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA
Apesar de também preocupado em registrar comportamentos, neste método o pesquisador
sabe de antemão os aspectos que serão analisados e a situação pode ser tanto de laboratório quanto
natural (p.78).
SURVEY
Este método é de natureza quantitativa. Usa quantidade significativa de amostras e
geralmente emprega cálculos estatísticos, mas não probabilísticos. Tem caráter de mapeamento
geral (panorâmico) de uma situação, em dado momento, sendo ideal para estudar grandes
populações. A coleta de dados ocorre só uma vez durante o estudo. Podem ser empregados
questionários abertos ou fechados. Survey é o oposto do estudo de caso.
PESQUISA DOCUMENTAL
Este é um método que examina materiais de várias naturezas que ainda não receberam
tratamento analítico ou que podem ser reexaminados na busca por interpretações novas e/ou
complementares ao que já se sabe. A pesquisa documental é um método vantajoso e pertinente no
estudo de pessoas às quais o pesquisador não tem acesso físico, por não estarem mais vivas ou por
estarem distantes ou inacessíveis. A coleta de dados se dá por levantamento em materiais escritos,
estatísticos ou mesmo elementos iconográficos (sinais, grafismos, imagens, fotografias, filmes
etc.). Os conteúdos são então analisados com base em codificação, classificação e categorização.
Uma limitação ocorre quando os muitos documentos utilizados não foram produzidos
com o propósito de fornecer informações com vistas à investigação social, o que possibilita vários
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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Nesta modalidade de pesquisa as fontes de dados são basicamente trabalhos publicados
(livros e artigos científicos) oriundos principalmente da grande área de humanidades. Neste
método, fundamentação teórica e fonte de dados podem se confundir, cada qual assumindo as
mesmas funções. Teoria e fontes são comparadas e têm seus conteúdos cruzados, contribuindo
para responder ao problema. Trata-se de pesquisa unicamente qualitativa, argumentativa. Em
geral, não ocorre experimentação nem coleta de dados para além dos livros consultados. A
pesquisa bibliográfica se aplica especialmente aos vários ramos da história, filosofia, direito e
letras, por exemplo. A maior limitação da pesquisa bibliográfica é que os resultados não podem
ser postos à prova como nas ciências empíricas, baseando-se o pesquisador apenas em seu poder
de demonstração, argumentação e retórica. A grande dificuldade desse método é que o pesquisador
necessita dominar profundamente um vasto acervo bibliográfico para levar adiante sua tese e
convencer a comunidade acadêmica. Um mesmo problema envolve múltiplas “soluções”.
PESQUISA-AÇÃO
É um tipo de pesquisa que envolve a ação dos pesquisadores e dos grupos de interesse
por intermédio do contato direto com o campo em que está sendo desenvolvido o estudo. Trata-se
de um tipo de pesquisa social mais flexível, de caráter psicológico de campo, cujo objetivo é uma
mudança de ordem psicossocial. A pesquisa-ação se aplica em pesquisas sociais e em estudos de
caso; em pesquisas exploratórias e investigativas. É um método adequado para aliviar situações
marcadas por relações de desigualdade entre patrão e empregado, homem e mulher, professor e
aluno etc. com o objetivo de solucionar problemas práticos. Não se trata, portanto, de unicamente
fazer ciência, mas de intervir diretamente no mundo.
Neste método, o levantamento de dados se dá pelo envolvimento ativo do pesquisador na
situação que está investigando. Dá-se a partir do relacionamento entre as pessoas envolvidas no
problema e o pesquisador. Técnicas mais específicas são a dinâmica de grupo, a entrevista
individual ou coletiva, questionário, observação participante, história de vida, sociodrama e análise
de conteúdo. Por isso, envolve algo grau de argumentação e interpretação. Devido à sua natureza
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unicamente qualitativa, a pesquisa-ação pode ser criticada por carecer de objetividade. Além disso,
pode refletir muito a subjetividade do pesquisador, fugindo do campo da ciência mais ortodoxa.
Enquadram-se bem neste método de pesquisa os memoriais de arranjo e composição que
são realizados em nosso departamento.
PESQUISA PARTICIPANTE
Nesta modalidade de pesquisa há interação entre o pesquisador e as situações
investigadas. A comunidade participa da análise de sua própria realidade com objetivo de
promover transformações sociais em benefício de si própria. O foco dessa pesquisa geralmente
está em suprir carências especialmente de operários, camponeses, agricultores e nativos. Detém-
se ainda na relação entre dirigentes e dirigidos, na investigação de grupos sociais desfavorecidos,
temas político-pedagógicos, pesquisas em educação e demais estudos cujo objetivo seja a mudança
social.
Os levantamentos de dados são feitos mediante questionários, observações participantes,
entrevistas, diálogos com grupos e observação de resultados. A pesquisa participante exige
bastante rigor de quem investiga, devendo este dominar técnicas de estudo-ação que permitam
apreender a complexa realidade dos fenômenos sem distorcê-la. Por se voltar à ação e às
necessidades básicas de indivíduos, a técnica de pesquisa participante distingue ciência popular e
ciência dominante, sendo, portanto, mais ideológica do que científica.
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INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Instrumentos de coleta de dados são os meios pelos quais o pesquisador vai se comunicar
com o “mundo real” para colher elementos, dados e informações qualitativas ou quantitativas úteis
e pertinentes ao trabalho científico.
As autoras mencionam apenas formulários e questionários como procedimentos de
coletas de dados, mas eles não são os únicos meios. Pesquisas bibliográficas ou que se baseiem
em análise musical, por exemplo, não usarão entrevistas. Cada área e modalidade de pesquisa
buscará os instrumentos de coleta mais adequados.
No caso de questionários, na seção de metodologia é necessário especificar como a coleta
foi realizada, quem a fez, o tempo e o local utilizados, se o contato com os entrevistados foi
presencial ou à distância etc. Também é essencial fazer-se um pré-teste para verificar se as
perguntas são compreensíveis e feitas com objetividade e correção gramatical, se os termos e
conceitos estão postos com clareza e bem explicados, se as alternativas (se houver) estão
completas, se a sequência das questões é adequada e se alguma pergunta deixou de ser respondida
pela maioria dos entrevistados. A partir do pré-teste aprimora-se o questionário para a aplicação
definitiva (p.79-80).
conglomerados, não-probabilística por conveniência, por conveniência, por cotas, por tráfego e
autogerada. Depois de escolhida a melhor forma de “fatiar” o mundo real, deve-se ver qual dessas
amostragens mais bem se encaixa em determinada pesquisa, nomear essa amostragem e explicá-
la em detalhes.
Em resumo: qualquer que seja a forma de se acercar do mundo para obter informações
empíricas, é obrigatório especificar como isso foi feito e justificar cada escolha. Se for possível
enquadrá-la num modelo já existente, melhor ainda (p.82-83).
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RESULTADOS
Resultados e discussão podem ser conjugados num único capítulo da pesquisa ou tratados
separadamente. Fica ao critério do pesquisador. As autoras de Como fazer monografias optaram
por separar essas partes. Segundo as autoras, o capítulo de Resultados deve conter, nesta ordem:
Nem toda pesquisa precisa ter um capítulo de resultados. Se não houver trabalho de
campo, não houver experimentos práticos, nem entrevistas, por exemplo, não há porque relatar
“resultados”. Neste caso, vai-se diretamente para a discussão. É o caso de pesquisas bibliográficas
e de análise musical (p.91-92).
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DISCUSSÃO
Fica evidente que as autoras delineiam suas orientações com base em suas áreas de
atuação, que envolvem pesquisas com pessoas e visam à afirmação de grandes leis gerais. Quando
não há pesquisa de campo, nem experimentos em ambientes controlados, por exemplo, as
discussões podem tomar diversos rumos, os mais convenientes para dar conta dos objetivos de
determinada pesquisa e argumentar em favor deles. No entanto, se pensarmos bem, aquilo que é
proposto acima e as perguntas que idealmente devem ser respondidas podem ser adaptadas a todo
e qualquer tipo de pesquisa, de qualquer especialidade.
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Em resumo, não importa qual seja a área do conhecimento, deve sempre haver essa lógica
científica e esse rigor metodológico para que uma pesquisa tenha validade e ampla aceitação.
Absolutamente nada pode escapar a essa lógica e a esse rigor.
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CONCLUSÃO
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MAIS ALGUMAS DICAS SOBRE O CONTEÚDO DO TRABALHO
-As considerações finais não são coerentes com a teoria apresentada; são incompatíveis
com as análises efetuadas; não respondem à pergunta central ou, pelo contrário, extrapolam o que
foi verificado empiricamente (“viajando” demais no assunto; perdendo as bases).
-Pequena contribuição à ciência por nada (ou muito pouco) se agregar de novo ao que já
se sabe; pela incapacidade de estender, aprofundar, enriquecer a discussão ou indicar lacunas no
conhecimento; por apenas replicar estudo anterior sem a adição de melhorias ou novidades.
-Redação confusa, sem a necessária clareza e lógica no discurso; existência de (muitos)
erros ortográficos e gramaticais; organização deficiente dos conteúdos; ausência de lógica na
estruturação do trabalho. Nestes casos, a saída é pedir ajuda a quem domine redação. Verifica-se
que vários professores (talvez a maioria) não indicam aos estudantes os problemas de redação e
de gramática. Daí a necessidade em passar os textos por revisor competente (p.127-129).
RESUMO
O resumo deve ocupar um parágrafo de até dez (10) linhas com espaçamento simples e
sem recuo de parágrafo. O resumo precisa delinear com clareza e muita objetividade tema,
problema, justificativa, objetivos e método. O resumo não pode argumentar, não pode explicar
demais nem conter referências, devendo apenas resumir o essencial. Abaixo, um exemplo de
resumo com as partes ressaltadas em cores diferentes:
DICAS PRÁTICAS
O arquivo digital do projeto é a base que dará origem à monografia. À medida que o
trabalho evolui, novas versões devem ser criadas com “salvar como”, atualizando o nome do
arquivo de acordo com a etapa; atualizando a página de rosto (de “projeto de pesquisa” para
“monografia”), recheando e aprimorando os capítulos. Deve-se fazer assim até chegar às versões
finais (texto para qualificação, defesa e, finalmente, capa dura). Desta maneira, a formatação será
mantida, tornando tudo mais prático e eficiente e haverá cópias de segurança das outras versões.
Passadas as etapas de projeto, o trabalho se torna monografia, segundo o que pede o
regulamento do nosso TCC. Observe-se que o cronograma só deve aparecer nas etapas de projeto;
depois, deve ser omitido. Observe-se que abstract e considerações finais são obrigatórios apenas
nas etapas de defesa e de capa dura. Até lá, não adianta perder tempo com isso. Deve-se estar
sempre atento às normas, usar o bom-senso, a lógica e ser prático.
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