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Rosário do Catete
Trata-se de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Estadual contra
JOSÉ LAÉRCIO PASSOS JÚNIOR, por atos em tese ímprobos concernentes na contratação
ilegal do Sr. Ricardo de Paula Breyer sem aprovação em concurso público para a função.
Em síntese, é o relatório.
Pretende o Ministério Público, através desta Ação, que seja o Réu condenado nas
penas previstas no artigo 12, inciso III, da Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa)
pela prática do tipo previsto no artigo 11 da referida Lei por ofensa aos Princípios da
Administração.
Sabe-se que o Poder Público, por imposição da Constituição Federal, está
submetido ao dever de realizar concurso público a fim de contratar funcionários que realizem
todas as funções necessárias ao seu funcionamento.
O Sr. Ricardo de Paula Breyer confessou jamais haver prestado qualquer serviço
junto à Prefeitura em questão e sim que trabalhou para a campanha do então prefeito, réu
neste processo, e, por conta disso, foi contratado para um “suposto cargo de confiança”.
Acrescentou ainda que o José Laércio pediu seus documentos e fez um contrato
para que recebesse pela prefeitura. Assim, assinou o contrato e foi lotado na Secretaria de
Comunicação de Município.
A testemunha Maria Sônia Souza Santos revelou que conheceu Ricardo de Paula
por ter esse trabalhado na campanha como locutor e que nunca o encontrou em nenhum órgão
da Prefeitura.
Além disso, também não se vê nos autos os decretos que declaram situação de
emergência que justificasse a contratação do Sr. Ricardo como servidor temporário, como
requer o réu.
Tal fato, confirmado não só por documentos, como especialmente a confissão dos
fatos pelo Sr. Ricardo de Paula em Juízo, deve ou deveria ser do conhecimento do então
Prefeito Municipal, afinal é o ordenador das despesas e zelador do cumprimento da Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Se, no caso concreto, o Prefeito não conferiu como deveria as folhas de pagamento,
agiu com verdadeiro dolo eventual porquanto não lhe importava se havia alguma contratação
indevida inclusa na folha de pagamentos, demonstrando não se preocupar com o resultado de
sua conduta.
Art. 11º Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
da Administração Pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade as instituições, e notadamente:
Por óbvio, é inerente ao exercício dos cargos públicos, especialmente àqueles que
se propõem a comandar a administração pública como gestor do dinheiro público, observância
à moralidade, probidade, impessoalidade e transparência, tudo em respeito à comunidade que
os elegeu.
Ademais, o fato de não ter o Sr. Ricardo exercido efetiva prestação de serviços à
municipalidade, configurou dano patrimonial ao Município de Rosário do Catete.
A inobservância das regras de legalidade e moralidade dos atos por parte do gestor
da coisa pública, independentemente do valor nominal do patrimônio agredido ou dilapidado,
faz gerar prejuízo incalculável, por criar e reforçar a presunção de que qualquer cidadão
poderá, também, apropriar-se da coisa comum, porque contribuinte e inspirado no modelo
apresentado por um ocupante do cargo executivo mais alto do Município. Por tal motivo
desejou o legislador da lei n.º 8.429/92 alcançar o ato do gestor do bem público,
independentemente da existência de prejuízo causados ao erário, dada a visão moralizadora
dessa, como deixou claro no seu artigo 21, I, da referida Lei.
Diante de tais fundamentos fáticos e legais e das evidências trazidas aos autos
pelos documentos acostados e provas testemunhais, observada a gradação da ilicitude
praticada, ainda a sua repercussão no patrimônio Público imaterial, haja vista a violação de
seus princípios norteadores, para prejuízo moral da comunidade; observado também, o caráter
doutrinador, testemunhal e moralizador que deve ser alcançado por decisões deste jaez,
JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS CONTIDOS NA AÇÃO e declaro, na forma do pedido,
indevidas as contratações e que os réus praticaram os atos de improbidade administrativa
definidos como tal no artigo 11º, V, da Lei 8.429/92, e condeno JOSÉ LAERCIO PASSOS
JUNIOR nas sanções previstas no art. 12, III da referida Lei a: 1) tersuspensos os seus direitos
políticos pelo prazo de 03 (três) anos; 2) perda da função pública que exerçam atualmente; 3)
proibição de, por 03 (três) anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por meio de pessoa jurídica
da qual sejam sócios; 4) condenação do réu Laércio Passos ao pagamento de multa civil no
valor equivalente a 3 vezes o valor de sua última remuneração como prefeito do Município de
Rosário do Catete; e 5) condenação do réu à devolução aos cofres públicos dos valores
percebidos indevidamente pelo Sr. Ricardo de Paula corrigidos pelo IPCA desde a data de seu
pagamento.