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Escola Secundária de Leal da Câmara

C u r s o E FA - N í v e l S e c u n d á r i o
2009/10

Área de Competência: Cultura, Língua e Comunicação


Núcleo Gerador: 3 – Saúde
Competências: Interpretar e comunicar conteúdos com objectivos de prevenção na adopção de cuidados básicos
de saúde, em contexto doméstico.
DR 1: Contexto privado. Tema: Cuidados básicos.

Formando: _______________________________ Nº_______ Turma:_____ Data:___/___/_____

Ficha de trabalho nº 01 (continuação)

Actividade: “O impacto do stress na saúde dos indivíduos”

Introdução: Stress, é o inferno para toda a gente: atormenta-nos a cabeça, inflama-nos a noite, dá-nos
cabo do equilíbrio. Mas nem sempre foi assim. Outrora, o seu propósito era salvar-nos. Assim, “Para um
mamífero normal, o stress consiste em 3 minutos na savana, após os quais, ou acaba tudo, ou acabam com
ele” – afirmam. O que outrora nos ajudou a sobreviver, tornou-se agora o flagelo das nossas vidas. Hoje
em dia, as descobertas científicas - de campo e em laboratório – mostram que o stress não é um estado de
espírito, mas algo mensurável e perigoso. Há quem afirme que “Não se trata de um conceito abstracto.
Não é algo acerca do qual talvez um dia se deva fazer alguma coisa. É preciso fazer alguma coisa já hoje”
Em alguns dos sítios mais inesperados, os cientistas estão a revelar até que ponto o stress pode ser letal.
“O stress crónico pode fazer algo tão pouco subtil e grotesco como matar células cerebrais”- afirmam. O
impacto do stress pode encontrar-se bem dentro de nós: retraindo-nos o cérebro, acrescentando-nos
gordura à barriga e até desenrolando os nossos cromossomas. Stress – salvador, tirano, praga: vamos
revelar o seu rosto!
 Todos nós temos uma relação pessoal com o stress mas poucos sabem como este funciona dentro de nós ou
compreendem como o ataque violento do mundo moderno pode causar-nos stress a ponto de causar-nos a morte. E
são menos ainda aqueles que sabem o que fazer acerca disso.
 Ao longo das últimas três décadas, o neurobiólogo Robert Sapolsky, da Universidade de Stanford, tem feito
avanços na nossa compreensão do stress. Investigou a forma como tem o stress tem impacto no nosso corpo e como
a nossa posição social nos torna mais ou menos vulneráveis a este. O seu principal estudo tem vindo a ser realizado
no Quénia e pretende, através da análise e compreensão do impacto do stress na saúde dos símios, retirar ilações
para a saúde humana. Ora, os babuínos causam stress uns aos outros e sentem-se stressados devido a um tumulto
social e psicológico inventado pela sua espécie, pelo que são um modelo perfeito da doença ocidentalizada
relacionada com o stress. Para investigar o preço que o stress tem cobrado ao corpo dos babuínos a nível celular,
Sapolsky anestesia-os, recolhe sangue e mede os níveis hormonais implicados na resposta ao stress – analisa a
adrenalina e os glicocorticóides.
Cultura, Língua e Comunicação Formadora: Marina Santos pp.1/4
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Ora, o stress é importante para a sobrevivência dos animais e pode resumir-se ao facto de existir alguém muito
decidido em comer outrem ou esse querer comer outro. O organismo entra em alerta: a pressão sanguínea tem de
subir para fornecer a energia necessária para a acção; é preciso „desligar‟ toadas as funções não necessárias no
momento, bem como activar os sistemas necessários à tarefa (perseguir ou fugir). Mas, logo a seguir à perseguição,
a resposta ao stress é desactivada. Contrariamente, os seres humanos parecem não conseguir „desligar‟, pois
activamos exactamente a mesma resposta ao stress por estados puramente psicológicos e, ao mantermos esse
estado, ficamos banhados num „banho corrosivo de hormonas‟. Ironicamente, passado algum tempo a resposta ao
stress é mais prejudicial do que o próprio factor de stress, pois estamos a ceder a um qualquer disparate
psicológico. O stress é a forma que o corpo tem de fazer face a um desafio. Assim, obtemos a quantidade exacta de
stress e chamamos-lhe estimulação, pois o objectivo é ter o tipo certo de stress – curto, moderado e transitório,
perdendo um pouco do controlo mas mantendo um contexto de segurança.
Mas, para os babuínos, o controlo não é uma opção. A violência desenvolve-se em cascata e, dado que um dos
principais elementos do stress é a falta de controlo e de previsibilidade, isso é muito stressante para os indivíduos
que estão mais abaixo na hierarquia. Uma das primeiras revelações deste estudo foi a relação existente entre os
níveis de stress e a posição hierárquica dos babuínos. Há uma estrutura política altamente hierarquizada, em que
os machos mais agressivos e astutos obtêm todas as regalias e escravizam os demais.
A partir da recolha de sangue, Sapolsky fez duas grandes descobertas: 1) o estatuto de um babuíno determina o
nível das hormonas do stress no seu organismo (pelo que um súbdito teria níveis mais elevados; 2) os indivíduos
das classes mais desfavorecidas têm um ritmo cardíaco e a pressão mais elevadas. Basicamente, um babuíno
stressado e enfermiço inserido num bando típico tem pressão sanguínea elevada; níveis altos de hormonas de stress;
um sistema imunitário que funciona mal; um sistema reprodutor mais propenso a deixar de funcionar; e uma
química cerebral semelhante à dos humanos com depressão clínica. Poderiam estas descobertas ser generalizadas
aos seres humanos?
 Um outro estudo foi desenvolvido por Sir Michael Mormot na Grã-Bretanha e monitorizou a saúde de 28.000
pessoas ao longo de 40 anos. Denominado „Whitehall‟, um bastião da função pública britânica onde todos os
empregos obedecem a uma hierarquia rígida, pelo que era o campo perfeito para o estudo da possível ligação entre
o estatuto e o stress no Homem. Concluiu que quanto menor é o estatuto social, maior é o risco de doença coronária
e de outras doenças, bem como maior o risco de morte prematura.
 Há 30 anos, a úlcera gástrica era a única doença relacionada com o stress e pedia-se ao doente para mudar de
atitude. Mas, ao início dos anos 80, os cientistas identificaram uma bactéria que causava a úlcera e trataram-na com
comprimidos. Porém, uns anos mais tarde, descobriram que 2/3 da população mundial tem essa bactéria, de onde a
questão: por que é que só algumas desenvolviam úlceras? Afinal, o stress suprime a capacidade que o corpo tem de
começar a reparar a parede do estômago quando esta começa a apodrecer por causa da bactéria. O stress pode afinal
debilitar o sistema imunitário.
 Uma outra investigação, realizada na Carolina do Norte numa colónia de símios em cativeiro, pela doutora Carol
Schively mostrou que o stress causa problemas de saúde a nível das artérias coronárias. A artéria de um
subordinado tinha muito mais arteriosclerose acumulada no interior do que a de um macho dominante. O stress
social e psicológico dos indivíduos pode obstruir as artérias, restringir o fluxo sanguíneo e pôr em risco a saúde do
coração.
 Sapolsky descobriu ainda que exposição ao stress crónico e às hormonas pode matar algumas células
cerebrais.Com o seu mentor, Bruce MacEwen, levara a cabo uma investigação laboratorial nos anos 80, sujeitando
alguns ratos ao stress crónico. A análise aos neurónios cerebrais dos ratos stressados mostrou que os „ramos‟
(axónios) eram muito mais pequenos na área do hipocampo – ligado às funções da aprendizagem e da memória.
Assim, o stress afecta o cérebro de duas maneiras: 1) o stress crónico pode alterar circuitos neuronais, a ponto de
não nos lembrarmos daquilo de que precisamos; 2) pode fazer-nos esquecer aquilo que sabemos – torna-nos
„estúpidos‟.
 Para além de afectar a nossa saúde, o stress pode fazer-nos sentir infelizes. A doutora Schivelly começou por
estudar o prazer e suspeitava que existia uma relação entre o estatuto social, o prazer e o stress. Tal como o stress, o
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prazer está ligado à neuroquímica do cérebro: quando um neurotransmissor (a dopamina) é libertado no cérebro,
liga-se aos receptores, sinalizando prazer. Com a ajuda de um scanner PET, visualizou o cérebro dos símios e
descobriu que o cérebro dos subordinados é mais „preguiçoso‟, pois há menos ligações aos receptores numa
determinada área do cérebro e, portanto, menos dopamina é libertada. Estes vêem o mundo menos „colorido‟ pois
sentem menos prazer.
 Nos seres humanos, o problema não é apenas ser inferior ou pobre, mas sentir-se inferior ou pobre. Um médico
sabe que nas zonas onde as pessoas são mais desfavorecidas, a esperança de vida é menor, pois estão sempre alerta
e levam uma vida muito stressante. O número elevado de homicídios e de outros problemas sociais tem igualmente
peso na saúde pública.
 Descobriu-se ainda uma ligação entre o stress e o aumento de peso, bem como que o stress molda o modo como
a gordura se distribui no corpo. A gordura que se acumula à volta do abdómen é muito nefasta para a saúde dos
indivíduos.
 “O inverno da fome” na Holanda foi objecto de estudo pela investigadora Tessa Roseboom , a qual chegou a uma
conclusão surpreendente: os fetos dessas mulheres sofreram e ainda sofrem as consequências disso, 60 anos depois.
Os indivíduos concebidos durante esse período de guerra têm um risco mais elevado de doença cardiovascular, têm
mais hipercolesterolemia, são mais sensíveis ao stress e geralmente uma saúde mais precárias. A estrutura cerebral
e a química do organismo destes indivíduos alterou-se, possivelmente devido à exposição precoce ao stress.
 Sapolsky descobriu ainda que o stress pode acelerar a diminuição dos telómeros ( as extremidades dos
cromossomas que nos protegem do desgaste do organismo). Os subordinados têm telómeros mais curtos. Mas e nos
humanos? Num estudo efectuado em mães de crianças deficientes (que sofrem de muito stress crónico), a Doutora
Elizabeth Blackburn descobriu que os telómeros diminuem mais quando alguém é sujeito ao stress e está
relacionado com o número de anos que passa sob stress. Esse estudo foi alargado pela psicóloga Elissa Epel e
descobriu-se que por cada ano que passam a cuidar de uma criança com doença crónica, envelhecem seis anos. Mas
há esperança. a enzima „telómerase‟ poderá reparar os telómeros. As sessões semanais de encontro destas mães
poderão ter efeitos terapêuticos, dado o apoio emocional, o humor e o riso, mas também a compaixão. Quais são,
afinal, os ingredientes para a saúde e a longevidade?
 Há 20 anos, o grupo de babuínos de Keererok que Sapolsky estudou sofreu uma calamidade: carne contaminada
exterminou quase metade dos machos, morrendo sobretudo os mais agressivos e pouco sociáveis. O bando foi
transformado, pois havia o dobro das fêmeas e os machos que sobreviveram eram mais amigáveis, tendo-se tornado
um bando sem stress, com baixos níveis de agressividade e altos níveis de socialização.
Conclusão: Mas nós pertencemos a múltiplas hierarquias, o que pode minimizar os efeitos do stress.
Portanto, um antídoto para o stress poderá ser encontrarmos um lugar onde detenhamos o controlo. Tal
como as condições onde as pessoas vivem e trabalham também são vitais para a sua saúde. A receita para
o stress daqueles que não estão no topo da hierarquia deverá passar por mais envolvimento no trabalho,
mais voto nas decisões e mais recompensas pela quantidade de esforço aplicado nas tarefas. Como criar
uma sociedade melhor? A lição dos babuínos é a de que não deveremos morder em alguém quando
tivemos um dia mau; não pôr alguém de parte por um qualquer motivo; os laços familiares são
extremamente importantes. E uma das melhores formas de sociabilidade é dar, em vez de receber. Além
disso, se eles conseguiram, numa única geração, transformar o que supostamente são sistemas sociais
paradigmáticos, nós não temos desculpa para não melhorarmos.

Cultura, Língua e Comunicação Formadora: Marina Santos pp.3/4


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Tarefa nº 3
3. a) Exponha as principais descobertas de Sapolsky sobre os efeitos do stress nos babuínos.
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3. b) Indique e explique outros efeitos do stress sobre o organismo humano.
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3.c) O que poderemos fazer para melhorar a nossa qualidade de vida? Justifique.
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Cultura, Língua e Comunicação Formadora: Marina Santos pp.4/4

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