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AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA MÚSICA NO SÉCULO 20 E OS NOVOS PRINCÍPIOS PARA

A EDUCAÇÃO

O século 20 foi marcado por profundas mudanças musicais, as quais


influenciaram muito as ideias dos educadores John Paynter, George Self, Murray Schafer
e Boris Porena que vamos estudar a seguir.

Eles diferem da primeira geração principalmente no que diz respeito ao uso da


música de sua própria época. Enquanto os primeiros inovaram na forma, mas
permaneceram utilizando a música do século 19, John Paynter, George Self, Murray
Schafer e Boris Porena acreditaram na importância de uma educação musical que
privilegiasse a música contemporânea e todas as experiências advindas das
composições do século 20.

Não pretendemos abordar aqui todas as experiências da música


contemporânea, mas podemos dizer que a música do século 20 possui diversos estilos
e vertentes composicionais, pautados principalmente na experimentação: música
impressionista, música atonal, música dodecafônica, música aleatória, nacionalismo,
neoclassicismo, música concreta, música eletroacústica e música minimalista são apenas
alguns deles. Esse pensamento na educação musical estava amparado pela filosofia
vigente de uma educação nova, que transgredia muitos parâmetros da educação
tradicional. Podemos dizer que essa nova educação se baseava em experiências que
estimulassem a descoberta da natureza, a criatividade da criança, a liberdade de
expressão, a espontaneidade, em contraposição à rigidez, à memorização de conteúdos,
à valorização do acesso à música apenas para os mais talentosos, por exemplo
(MATEIRO, 2012).

Em áreas como o ensino de artes e das ciências, algumas experiências nesse


sentido já começavam a ser desenvolvidas. Assim, os educadores musicais após 1950
sentiram a necessidade de envolver a experiência no ensino de Música. Um fato que
poderia explicar esse interesse era o de que a maioria desses educadores era formada
por compositores que seguiam algumas tendências da nova estética da música
contemporânea Portanto, atente-se à escuta consciente proposta por cada educador
musical aqui apresentado, lembrando de que nenhum deles propõe alguma espécie de
método, justamente pelo caráter experimental de suas ideias. Busque conhecer seus
projetos e propostas, e, principalmente, sua filosofia para novos princípios em educação
musical!

A CRIATIVIDADE MUSICAL PARA JOHN PAYNTER E GEORGE SELF

Biografia de John Paynter

O compositor e educador musical John Paynter nasceu em Londres, na Inglaterra,


em 17 de julho de 1931. Durante sua vida, atuou como professor de Música em escolas
da Inglaterra e como docente na Universidade de York. Na educação, iniciou como
professor de classe e professor de Música em uma escola de Ensino Fundamental e,
posteriormente, também deu aulas no Ensino Médio.

As experiências que teve nas escolas e em centros de formação docente onde


atuou o levou, junto com seu colega Peter Aston, a escrever seu primeiro livro, com
projetos que já privilegiavam a criatividade em sala de aula. Esse primeiro livro recebeu
o nome de Sound and Silence: Classroom Projects in Creative Music (em português, Som
e silêncio: projetos de música criativa para a sala de aula) e continha exemplos de
projetos desenvolvidos por eles em sala de aula, além de discussão do papel do estudo
da música na educação (MATEIRO, 2012).

Ao longo de sua vida, Paynter publicou diversos outros livros, nos quais abordou
principalmente a prática criativa no ensino de Música, com uso da estética da música
contemporânea. Além desse tema, Paynter envolveu a dança e o teatro em seus
projetos de ensino. O educador desenvolveu diversos materiais didáticos para
professores, alguns direcionados a alunos de Música no Ensino Médio e acompanhados
por gravações de trechos musicais.

Paynter foi também responsável por um importante projeto de ensino de Música


para o Ensino Médio, desenvolvido durante dez anos em escolas inglesas. Além de
docente na Universidade de York desde 1969, o educador musical foi editor geral da
Cambridge University Press durante muitos anos, onde trabalhou juntamente com Keith
Swanwick, na edição do British Journal of Music Education. Nos anos 1990, ganhou
projeção internacional graças às traduções de seus livros, artigos, programas para rádio
e televisão, realizados em diversas línguas. Nesse período, também desenvolveu um
importante e longo projeto na Itália, com professores de escolas e professores de
instrumentos, atuando como professor e pesquisador. Foi homenageado por sua
contribuição à divulgação e estudo da música contemporânea e por sua colaboração à
educação musical na Inglaterra.

Como compositor, escreveu obras para diferentes formações musicais, incluindo


orquestras, música de câmara (piano solo, piano a oito mãos, quarteto de cordas,
instrumentos de metal e órgão), além de obra coral, muitas delas com estreia realizada
na década de 1970 – por exemplo, as obras God´s Grandeur, para soprano solo, coros,
coro a capela, instrumentos de metal e órgão (1974), a peça orquestral Galaxies (1977)
e a ópera religiosa The Voyage of St. Brendan (1979). Segundo Mateiro (2012), os
principais livros escritos por Paynter abordando sua proposta pedagógica são: Sound
and Silence (1970), Hear and Now (1972) e Sound and Structure (1992). Além disso, o
educador escreveu diversos artigos, alguns com coautoria, que também apresentam a
fundamentação teórica de suas ideias. A maioria desses trabalhos encontra-se em
publicações de periódicos como o International Journal of Music Education, British
Journal of Music Education e beQuadro. John Frederick Paynter morreu em primeiro de
julho de 2010.

Fundamentos teóricos de John Paynter

Os principais fundamentos da teoria de John Paynter estão relacionados a um


trabalho em educação musical intimamente ligado ao uso da criatividade e da
sonoridade e estética da música contemporânea.

Ao contrário dos educadores musicais da primeira metade do século 20, Paynter


defendia a exploração sonora pautada na música desse século, não privilegiando
somente a música do passado. Assim como outros educadores musicais, Paynter não se
considera criador de um novo método de educação musical, mas, em alguns de seus
livros, há propostas de atividades e práticas. Essas práticas são voltadas para o uso em
escolas, tanto de Ensino Fundamental como Ensino Médio, abrangendo também a
formação e orientação de professores. Os procedimentos propostos por Paynter não
privilegiam as práticas ligadas à reprodução e ao conhecimento da música e da
linguagem musical tradicional, por meio de aprendizagem e repetição de obras musicais
de diferentes épocas, tal como já pudemos estudar ao tratar dos educadores musicais
da primeira geração.

Para Paynter, a educação musical no século 20 deveria propiciar a


experimentação, a busca de uma liberdade, explorando materiais sonoros inerentes às
mudanças ocorridas na música desse próprio século. Nessa proposta, o aluno deve ter a
oportunidade de conhecer, escutar e explorar novos sons e, a partir dessa experiência,
utilizá-los em propostas criativas, organizando-os e construindo suas próprias música.

Segundo ele, a grande marca do século foi a valorização da experiência individual


e de escolas estéticas baseadas na experiência do sujeito, e não na manutenção das
tradições. Segundo Mateiro (2012) e Fonterrada (2005), a fundamentação da proposta
pedagógica de John Paynter pode ser encontrada, inicialmente, em três de seus livros:
Sound and Silence (1970), que aparece na Figura 2, Hear and Now (1972), e Sound and
Structure (1992).

No livro Sound and Silence (Som e Slêncio, 1970), Paynter apresenta trinta e seis
projetos, sendo a maioria deles relacionada à música do século 20. Esses projetos de
atividades e experimentações foram desenvolvidos por Paynter e Aston para o trabalho
com estudantes de Ensino Fundamental e Médio, além de alunos de centros de
formação docente e universidade.

As atividades não são divididas em sequências e sim em projetos, que podem ser
realizados em qualquer ordem e com tempo de duração que depende da complexidade.
A maioria dos projetos desse livro é direcionada para instrumentos, com temas que
inspiram a criação musical, com uso do piano, palavras, notas, modos e sequências,
música e números. O livro também possui projetos voltados a estudantes adolescentes,
com uso da música vocal e a criação melódica e harmônica. Os autores também
apresentam, nesse livro, seus “pensamentos e crenças” em educação, fundamentados,
principalmente, no papel do professor como educador que estimula o uso da
“curiosidade, imaginação e criação” das crianças e adolescentes (MATEIRO, 2012, p.
260-261).
No livro Hear and Now (Ouvir aqui e agora, 1972), Paynter propõe a utilização da
música contemporânea e seus elementos na escola, com participação ativa de
professores e alunos para uma prática musical que promove a exploração sonora e a
expressão, a partir de imaginação e criatividade. O livro traz sugestões de gravações de
compositores do século 20, instrumentos e partituras que podem ser executadas em
sala de aula, usando voz, movimentos corporais e diversos instrumentos,
principalmente percussão.

Em Sound and Structure (Som e estrutura, 1992), Paynter apresenta quatro


procedimentos que estariam no centro da atividade musical: sons da música, ideias
musicais, pensando e fazendo e modelos de tempo. Os projetos apresentados são
divididos dentro dessas linhas de trabalho, fundamentados em práticas que privilegiam
a composição, a execução e a escuta. Nesse livro, o educador também apresenta
discussão acerca do papel da arte no currículo escolar, buscando justificar o papel da
Música e sua presença nas escolas (FONTERRADA, 2005).

Principais aspectos da proposta de John Paynter

Ênfase no processo criativo para a aprendizagem musical O educador musical


acreditava na capacidade de todas as pessoas para o fazer musical e defendia que esse
fazer musical deveria ter caráter criativo nas aulas de Música. Para isso, valorizava a
experimentação, com foco na pesquisa e descoberta sonora que propiciasse subsídio
para a composição musical dos alunos. Desse modo, os alunos poderiam se reconhecer
como agentes musicais, e não somente reprodutores de uma música tradicional já
existente.

Utilização da estética e das inovações da música contemporânea Ao contrário


de alguns educadores musicais do início do século, Paynter não utiliza somente a música
tradicional e seus elementos para o ensino de Música.

Sua principal colaboração está justamente em utilizar-se da estética da música


contemporânea nas aulas de Música, promovendo valores que se alinhavam às ideias
pedagógicas do século 20, com a busca da expressão individual, a liberdade artística e
novas descobertas no fazer artístico. Educação musical nas escolas, para crianças e
adolescentes.
Como professor, Paynter desempenhou um importante papel na valorização da
música nas escolas inglesas, questionando o papel da arte da escola e atuando na
formação de um currículo em Música na Inglaterra.

Alguns dos projetos que elaborou e participou chamavam-se Music in the


secondary school curriculum (A música no currículo do Ensino Médio) e Music Education
of Young Children (A educação musical de crianças pequenas), apoiados por importantes
órgãos de desenvolvimento do currículo escolar na Inglaterra. Esses projetos geraram
debates e discussões que ajudaram na elaboração de mudanças educacionais, assim
como colocaram em evidência o papel da Música no currículo escolar.

Composição, execução e escuta musical

Paynter acreditava na capacidade de invenção musical de seus alunos, crianças


e adolescentes, partindo da experimentação para a elaboração de composições
musicais. A ênfase de seu trabalho está na criatividade aliada à pesquisa e à descoberta
da música contemporânea. O educador sugere três direções para a realização desse
trabalho.

A composição é fruto de uma pesquisa sonora, na qual os alunos têm a


oportunidade de reconhecer tanto o som de instrumentos musicais como de qualquer
outro objeto cotidiano. Após essa descoberta inicial, o aluno é estimulado a organizar
esses sons, de modo que possa realizar uma composição musical de fato, ampliando seu
potencial criativo.

Além disso, o educador propõe a execução e apresenta partituras de


composições preestabelecidas, com elementos contemporâneos, inclusive com grafia
musical diferente da notação tradicional. Dessa forma, os estudantes também entram
em contato com as novas ideias de compositores da "nova música".

Para que os alunos conheçam bem esse repertório, familiarizando-se com essa
nova sonoridade, Paynter propõe uma escuta consciente e dirigida, focada
principalmente no repertório dos principais compositores da música contemporânea.
Integração da música com outras áreas Pensando na educação integral do ser humano,
Paynter não enxergava somente a música como arte fundamental para o currículo
escolar; ele também debatia o papel das artes e seu lugar nessa formação na escola. O
educador não desejava a primazia da música no ensino, mas sim um fazer criativo em
todas as artes e mesmo na aprendizagem dos outros conteúdos escolares, utilizando-se
dos elementos libertários da imaginação, exploração de materiais e experimentação
individual, tal qual o trabalho de artistas contemporâneos. Isso poderia ocorrer
integrando a música às outras áreas artísticas ou mesmo à linguagem, à matemática ou
a outras áreas, por meio de projetos integrados.

Prática de ensino musical pensada por projetos, gerando integração em rede,


não linear

Com a proposta de trabalhar com projetos, Paynter foge da linearidade da


aprendizagem e não acredita na elaboração de métodos para o ensino de Música. Seu
ideal de educação musical, segundo Fonterrada (2005, p. 175), alinha-se ao
"procedimento em rede, típico dos modos de conhecer da contemporaneidade".

GEORGE SELF

O compositor e educador musical inglês George Self apresenta muitas


semelhanças com as propostas de John Paynter.

Self também foi professor de Música em escolas inglesas e defendia a educação


musical nas escolas, bem como um trabalho criativo voltado para a música do presente
– no caso, a música contemporânea.

Fundamentos teóricos de George Self

Seu princípio era de que os alunos poderiam passar por experiências musicais
criativas, diferentes de um treinamento musical que os fizesse tocar ou cantar somente
músicas prontas, que necessitam de habilidades técnicas específicas, como a técnica
instrumental ou a leitura correta da partitura.

Segundo Self, era triste pensar que, na pintura e na literatura, as crianças


podiam usar seu potencial criativo, enquanto, na aprendizagem musical, as atividades
eram geralmente voltadas apenas para o ouvir e o interpretar. Esse educador musical
propõe, fundamentalmente, uma ampliação das experiências sonoro-musicais dos
alunos, e não um afastamento completo da música ocidental tradicional. Para isso,
pretende estimular os alunos a ouvir essa "nova música", explorando novos sons,
improvisando, compondo suas próprias músicas e inventando partituras que fossem
condizentes com os sons utilizados.

Nesse sentido, a notação musical tradicional e sua grafia não são suficientes para
representar composições que também privilegiam diferentes sonoridades, bem como
organizações rítmicas irregulares ou alturas indefinidas.

Na obra de vários compositores contemporâneos, aparecem partituras com a


chamada grafia não convencional. Dada a imprecisão de alguns símbolos, cada
interpretação apresentará diferentes sonoridades, pois as possibilidades interpretativas
são livres e variáveis. Essa notação pode chegar à total aleatoriedade, dando liberdade
interpretativa completa ao intérprete, tal como na obra December 1952, do americano
Earle Brown. Observe a Figura 3: Figura 3 Partitura de December 1952, de Earle Brown.
George Self, então, apresenta algumas possibilidades de novos símbolos para a notação
musical.

Essa diferente grafia musical pode ser vista em um de seus livros de peças
musicais, intitulado New sounds in class: a contemporary approach to music (em
português, Novos sons em sala de aula: uma abordagem contemporânea de música), de
1967.

Principais aspectos da proposta de George Self

Organizações rítmicas irregulares Self propõe trabalhar com as organizações


rítmicas irregulares, características da música contemporânea, não se enquadrando
apenas na regularidade da pulsação.

Exploração sonora

O educador musical acredita que os alunos precisam conhecer uma grande


variedade de sons, suas características e possibilidades, classificando-os por diversos
parâmetros, não somente a altura, o timbre ou o modo de tocar.

Os instrumentos de percussão, com altura determinada e indeterminada, são


bastante utilizados em sua proposta, além de outros instrumentos, incluindo os que
podem ser feitos pelos próprios alunos. Ele divide os instrumentos por sua característica
de duração do som: os que produzem sons curtos, sons que se extinguem gradualmente
ou sons que podem ser sustentados (FONTERRADA, 2005).

Mudanças na notação musical Para George Self, a partitura musical deve


acompanhar a sonoridade daquilo que é improvisado e explorado pelos alunos. Dadas
as limitações da notação tradicional para esse tipo de experimentação, Self propõe
alguns novos símbolos. Uma notação mais simples que indica algumas durações ou
modos de tocar, podendo ser criados novos símbolos, que serão interpretados
conforme as escolhas do grupo, dando margem a diferentes versões da mesma peça.

Propostas a serem realizadas em grupo

Por se tratar de um ensino musical em sala de aula, Self propõe que as atividades
sejam realizadas coletivamente, seja as explorações sonoras, as criações musicais ou a
interpretação das partituras de seus livros.

Sua obra é preferencialmente de material composicional dedicado a crianças e


jovens. Suas principais publicações são: New sounds in class: a contemporary approach
to music (Novos sons em sala de aula: uma abordagem contemporânea de música), de
1967, para vários agrupamentos musicais; Make a new sound (Faça um novo som), de
1976; Shriek (grito agudo), para diversas formações de flauta doce; The Evening drawns
in (A noite chega), para voz solo, coral, piano e percussão; Zodiac (Zodíaco), para jovens
instrumentistas; Warwick, para percussão, flauta doce soprano e piano, entre outras.

Utilização das propostas de John Paynter e George Self no Brasil

Esses dois autores são mais conhecidos no Brasil por meio de textos como artigos
e capítulos de livros que se dedicam às abordagens em educação musical do que por
seus próprios livros e propostas, uma vez que nenhum deles foi traduzido para o
português, além de se encontrarem, em alguns casos, esgotados na língua original.

No entanto, as propostas práticas desses educadores, assim como de outros


contemporâneos, eram divulgadas nas aulas da professora Marisa Fonterrada em São
Paulo, para alunos de Graduação e Pós-Graduação do Instituto de Artes da Unesp.

Nessas aulas, os alunos entravam em contato e interpretavam diversas partituras


e algumas propostas eram realizadas.

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